marketing - aiminho - associação empresarial · de um produto e o encargo que resulta da sua...

42

Upload: vanque

Post on 08-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

• Marketing

AIMinhoAssociação Industrial do Minho

CADERNOS TÉCNICOS

2 1. Como entender o marketing

1.1. Introdução .................................................................................................................3

1.2. Conceito de Venda versus Conceito de Marketing....................................................4

1.3. O Marketing Total ou Marketing com Cidadania.....................................................5

1.4. As funções do Marketing..........................................................................................5

1.5. Desafios e tendências do Marketing para o novo milénio ......................................6

2. O Mercado

2.1. O que é um Mercado? ..............................................................................................7

2.2. A estrutura dos Mercados........................................................................................7

2.3. O ciclo de vida de um Mercado ...............................................................................8

2.4. Factores de evolução dos Mercados........................................................................8

2.5. Estudo da concorrência ............................................................................................8

2.6. Comportamentos e atitudes dos Consumidores ....................................................9

3. Segmentação do Mercado

3.1. Caracterizar o Mercado.............................................................................................11

3.2. Caracterização dos Clientes .....................................................................................12

4. Método de previsão

4.1. Ópticas de previsão em marketing ..........................................................................14

4.2. Métodos qualitativos ou subjectivos de previsão...................................................14

4.3. Métodos estatísticos de extrapolação de tendências..............................................15

4.4. Modelos explicativos................................................................................................15

5. Políticas de Produto

5.1. Gestão da Carteira de Produtos................................................................................17

5.2. Gestão de um produto .............................................................................................18

5.3.bnzd,fbnd.fbn

jfbnzfkj20

ÍNDICE

1.1. Introdução

Ainda há quem pense que marketing é fazer publicidade e

vender. Actualmente é preciso entender que o marketing não trata

apenas de como fazer vendas. O marketing representa uma filosofia

de gestão na medida em que inclui objectivos, conceitos, técnicas

e programas de actuação, com impacte em todas as áreas da

empresa e condiciona o comportamento dos indivíduos que integram

uma organização. Em termos gerais pode dizer-se que o marketing

se orienta no sentido de satisfazer necessidades dos consumidores.

O acto de venda ocorre apenas quando o produto já foi produzido.

O marketing começa muito antes da empresa ter o produto apto a

ser vendido. O marketing corresponde ao “trabalho de casa” e

compreende a recolha, compreensão e acesso às necessidades dos

consumidores, mede a sua extensão e intensidade e determina se

existe ou não uma oportunidade rentável de negócio para a empresa.

E o Marketing continua, ao longo de toda a vida de um produto,

tentando encontrar novos consumidores e manter os actuais, através

da melhoria da apresentação e da performance dos produtos e serviços

associados, aprendendo com os resultados obtidos das vendas e

gerindo os atributos responsáveis pela performance.

Se for efectuado um bom trabalho de identificação das

necessidades do consumidor, se forem concebidos produtos de

modo a preencher os valores superiores do consumidor e a sua

promoção e distribuição forem executadas com eficácia, esses

produtos serão facilmente vendidos.

Philip Kotler define marketing “como um processo social e de

gestão pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam,

através da criação e troca recíproca de produtos e valores”.

O ciclo do marketing desenvolve-se de acordo com a figura 1,

onde se identificam quatro estágios característicos deste processo.

NECESSIDADES, DESEJOS E ORDENS

As necessidades resultam de um sentimento de privação

física, social ou individual. Quando uma necessidade não é

satisfeita qualquer pessoa tenderá a fazer uma de duas coisas

– ou procura um objecto que a satisfaça ou tenta reduzir a

necessidade.

Os desejos são a forma como são assumidas as

necessidades humanas através da cultura e da personalidade

individual. Quanto maior for a exposição das pessoas a mais

solicitações, maior é a amplitude do seu interesse e desejo por

novas experiências.

As pessoas têm um limitado número de necessidades, mas

um volume ilimitado de desejos. A sua satisfação é condicionada

pela disponibilidade de recursos financeiros procurando escolher

os produtos que lhes permitam obter a maior satisfação possível,

para o dinheiro de que dispõem. Quando sentem que têm a

capacidade para pagar, os consumidores adquirem poder e os

seus desejos transformam-se em ordens, na procura da sua

satisfação. Os produtos são então vistos como um conjunto de

atributos e benefícios e o consumidor procura escolher o que

melhor preencha os seus desejos e lhe dê maior satisfação global,

face à sua capacidade financeira.

PRODUTOS

Um produto é qualquer coisa que pode ser colocada no

mercado para satisfazer necessidades ou desejos.

O conceito de produto não é limitado a objectos físicos ou mesmo

aos serviços oferecidos juntamente com a venda de produtos tangíveis.

Uma taxa de remuneração de um depósito bancário, um espectáculo

de futebol, ou um determinado museu, são produtos, do mesmo

modo que um computador ou um carro.

Muitos vendedores cometem o erro de atribuírem mais

importância aos produtos físicos que oferecem, do que aos atributos

e benefícios oferecidos por esses produtos. Identificam-se mais

a vender um determinado produto do que a oferecer a solução

para uma necessidade ou um desejo. A importância dos produtos

físicos e intangíveis é ligada não tanto à sua posse, mas aos

benefícios que podem ser retirados dos seus atributos e à satisfação

que provoca. Um produto físico é apenas um meio, um veículo

para satisfazer ou resolver uma necessidade ou um desejo.

1. Como entender o Marketing

Segundo Peter Drucker o objectivo do marketing é “conhecer e compreender as necessidades dos consumidores de

tal forma, que os produtos ou os serviços oferecidos, sejam tão adequados ao seu preenchimento que se vendam por si

próprios”.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

3

1 - necessidadesdesejos e ordens

2 - produtos

3 - valor, satisfaçãoe qualidade

4 - mercadorelação de trocatransacção

conceitode marketing

figura 1

VALOR, SATISFAÇÃO E QUALIDADE

Os consumidores são, normalmente, colocados perante uma

enorme gama de produtos e serviços que podem satisfazer as

suas necessidades.

O seu processo de escolha baseia-se sobretudo na percepção

que têm do valor dos vários produtos e serviços disponibilizados.

O conceito de valor para o cliente representa a diferença entre a

apreciação e importância que o cliente atribui à posse e utilização

de um produto e o encargo que resulta da sua aquisição. Quanto

maior for esta diferença maior é a probabilidade do consumidor

comprar.

Os consumidores nem sempre julgam o valor e o custo de

um produto com rigor e objectividade. Actuam sobretudo com

base na percepção do valor. O cliente tem uma percepção de um

Audi ou de um BMW como carros possuidores de uma performance

superior e por isso estão disponíveis e preparados para pagar um

preço mais elevado do que o seu custo.

A satisfação do consumidor depende da percepção do valor

e da performance do produto disponibilizado em relação às

expectativas que interiorizou para a compra. Se a performance se

manifestar inferior às suas expectativas o cliente fica insatisfeito.

Se, pelo contrário, a performance se ajusta às expectativas ou as

supera, o cliente fica satisfeito.

A satisfação dos clientes está também muito ligada com a

qualidade percepcionada. Em sentido restrito qualidade está

relacionada com a ausência de defeitos. Numa empresa orientada

para o cliente, a qualidade é vista numa perspectiva de satisfação

dos seus clientes.

Uma empresa focada nos clientes, apenas considera que

atingiu a qualidade quando os seus produtos e serviços foram ao

encontro ou excederam as expectativas dos seus clientes. O

objectivo actual da qualidade é atingir a satisfação total dos seus

clientes. A qualidade começa com as necessidades dos clientes

e termina com a sua satisfação consistente, visando a sua

fidelização.

Hoje, o comportamento dos consumidores projecta-se para

além dos aspectos puramente económicos no julgamento de valor

e no processo de escolha. Empresas experientes atribuem grande

importância à percepção, não só da satisfação através do produto,

mas também do local onde os seus clientes querem comprar e

não onde a empresa quer vender.

MERCADO, RELAÇÃO DE TROCA, TRANSACÇÃO

Marketing existe sempre que as pessoas decidem satisfazer

as suas necessidades e desejos através de uma troca, sendo esta

o acto de obter o objecto desejado por alguém oferecendo alguma

coisa como contrapartida. O marketing, obviamente, ocupa-se

com as trocas, o que exige o cumprimento de quatro condições

de base – existirem pelo menos duas partes interessadas na troca,

cada parte ter alguma coisa para oferecer à outra, existir a

possibilidade de comunicação entre as partes e liberdade para se

aceitarem ou não as ofertas.

Enquanto que a troca é o núcleo duro da missão do marketing,

a transacção é a sua unidade de medida. A transacção consiste

na negociação ou comercialização de valores entre duas partes.

Nem todas as transacções têm uma base de troca monetária.

É possível fazer troca de produtos ou, em sentido lato, procurar

uma resposta do mercado para uma oferta que não envolva

contrapartidas financeiras directas. Por exemplo, um candidato

político pretende uma resposta chamada voto à oferta do seu

programa eleitoral. O marketing consiste numa acção orientada

para a obtenção da resposta desejada de um público-alvo para

produtos, serviços ou ideias que se pretendem oferecer.

A transacção deve ser parte de uma relação alargada com o

consumidor que deve persistir para além da acção de curto prazo

traduzida pelo acto de venda. Um dos objectivos do marketing

deve ser tentar construir uma relação de longo prazo com clientes,

fornecedores, distribuidores e representantes. Deve procurar

sedimentar laços económicos e sociais fortes, baseados na

expectativa de fornecer produtos de alta qualidade e bons serviços

a preços justos.

O conceito de troca e relacionamento conduz ao conceito de

mercado. Um mercado compreende um grupo de actuais ou

potenciais consumidores que partilham uma necessidade ou um

desejo particular, que pode ser satisfeito através de troca e

relacionamento com fornecedores. A dimensão do mercado

depende do número de pessoas que evidencia essa necessidade,

tem recursos para assumir a troca e está disposto a oferecer esses

recursos como contrapartida do que deseja.

Originalmente, a noção de mercado assentava num lugar

onde compradores e vendedores se juntavam para trocar os seus

produtos. Os economistas usam o mesmo termo para se referirem

a conjuntos de compradores e vendedores que transaccionam

uma classe particular de produtos, por exemplo o mercado de

cereais ou de metais. Numa visão marketing os vendedores são

apresentados como uma indústria e os compradores como

constituindo o mercado.

1.2. Conceito de Venda versus Conceitode Marketing

Os conceitos de venda e de marketing, como já foi referido, são

muitas vezes confundidos. Todavia as diferenças são significativas.

O conceito de venda assume uma perspectiva de olhar para o

mercado de dentro da empresa para fora. Começa com a fábrica,

focaliza-se sobre os produtos existentes e faz recurso da força de

vendas e da promoção para a obtenção de proveitos. Orienta-se

sobre a conquista do clientes e para a obtenção de vendas a curto

prazo com pouca preocupação sobre quem compra e porquê.

Em contraste, o conceito de marketing assume uma perspectiva

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

4

de fora para dentro da empresa. Começa com uma segmentação

rigorosa do mercado, focaliza-se sobre as necessidades dos clientes,

coordena todas as actividades de marketing que afectem os clientes

e procura obter proveitos através da criação de relações de longo

prazo com os clientes, baseadas no valor para o cliente e na sua

satisfação. A focalização sobre os clientes e sobre o valor para o

cliente é o caminho para vender e ter resultados.

Gerir na óptica do marketing consiste portanto em partir das

características e necessidades do mercado modelado pelas forças

externas do contexto (demográficas, políticas, tecnológicas,

económicas, sociais e culturais), e pelas forças externas do sector

de actividade (fornecedores, produtos substitutos, concorrentes

actuais e futuros), que nele actuam, para fixar objectivos e conceber

estratégias e programas de actuação. Isto para que a empresa

responda às pressões do contexto mais próximo, nomeadamente

a pressão e o jogo de poder que os fornecedores, os concorrentes

e os produtos e serviços substitutos exercem sobre a empresa e

o mercado, de modo a que possa satisfazer as necessidades dos

consumidores e atingir os seus objectivos, desenvolvendo uma

aproximação mais geral e com maiores probabilidades de êxito

a longo prazo do que a óptica de vendas, que ainda hoje prevalece

em muitas empresas.

São necessários muitos anos para se mudar uma estratégia

orientada pelas vendas para uma estratégia orientada pelo

marketing. O alvo é construir a satisfação dos clientes a partir do

interior da empresa como foi afirmado. Contudo, criar um conceito

de marketing não significa que uma empresa deva dar aos

consumidores tudo o que desejam, nem maximizar a sua satisfação.

Significa procurar satisfazer as necessidades dos consumidores

de uma forma rentável para a empresa. O marketing deve procurar

fazer sempre um balanço delicado entre a criação de mais valor

para os clientes e a procura de resultados e proveitos para a

empresa.

1.3. O Marketing Total ou Marketing com Cidadania

O marketing total ou marketing com cidadania é o mais recente

conceito de marketing e defende que compete à organização

determinar as necessidades, desejos e interesses a preencher no

mercado alvo identificado.

A organização deve oferecer a desejada satisfação com maior

eficiência e eficácia do que os seus concorrentes para ser competitiva

e garantir a fidelização mas, em simultâneo, deve ser orientada

para melhorar o bem-estar dos seus clientes e da sociedade em

geral, partilhando uma postura de cidadania.

O conceito de marketing total ou de cidadania orienta a

empresa para praticar um marketing adequado aos problemas

ambientais actuais, para a escassez de recursos, para as questões

que se colocam à economia global e para os problemas relacionados

com a negligência social. Posiciona-se para satisfazer as

necessidades e os desejos individuais, procurando sempre o

melhor para os consumidores e para a sociedade, numa perspectiva

de longo prazo.

De acordo com este novo conceito, o marketing procura gerir

os possíveis conflitos entre os desejos dos consumidores a curto

prazo com o seu bem-estar a médio e longo prazo e desenvolver

nas empresas princípios de responsabilidade social e de ética na

abordagem do mercado.

Como se procura identificar na figura, este novo conceito de

marketing procura balancear três vectores como suporte à definição

das políticas de marketing:

• O proveito das empresas

• Os desejos dos consumidores

• O interesse da sociedade

1.4. As funções do Marketing

As funções de gestão na área de marketing podem agrupar-

-se em três grandes grupos:

FUNÇÕES ESTRATÉGICAS

Inclui a definição dos componentes da estratégia de

marketing e dos mecanismos de gestão que assegurem que o

planeamento de marketing e a implementação das acções de

marketing sejam coerentes com a estratégia definida para a

empresa.

FUNÇÕES OPERACIONAIS

As principais actividades operacionais de marketing são as

seguintes: Gestão dos produtos e serviços que constituem a oferta

da empresa o que compreende a concepção, teste e lançamento

de produtos, o acompanhamento do comportamento dos produtos

no mercado e a gestão dos stocks necessários ao abastecimento

do mercado; Gestão de Mercados, Vendas e Distribuição que inclui

normalmente a gestão da relação da empresa com os clientes e

canais de distribuição, a gestão do processo de encomendas, a

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

5

empresas(proveitos)

consumidores(satisfação dos seus desejos)

conceito de marketing total

sociedade(bem-estar das pessoas)

logística de distribuição e o serviço ao cliente; Comunicação

responsável pela política geral de comunicação e por actividades

como a publicidade e relacionamento com as agências

especializadas, relações públicas, controlo e execução de campanhas

de promoção da marca, da imagem corporativa da empresa e dos

produtos e o marketing directo; e Pricing que trata da fixação das

condições comerciais a praticar no mercado para a transacção

dos produtos e serviços.

Este conjunto de actividades operacionais: produto,

comunicação, distribuição e preço, é designado por marketing-

-mix.

FUNÇÕES DE SUPORTE

Inclui os Estudos de Mercado e o Sistema de Informação

de Marketing vocacionado para a identificação e medição das

necessidades e comportamentos dos mercados, dos clientes

e da concorrência, para a realização de previsões de vendas

e testes de mercado e para a análise de tendências económicas

e sociais.

Engloba ainda o Controle e Planeamento de Marketing

orientado para proporcionar o acompanhamento e avaliação do

desempenho de marketing da empresa face aos objectivos

definidos, nomeadamente para o controlo dos planos de marketing

e para o apuramento e análise de desvios.

1.5. Desafios e tendências do Marketing para o novo milénio

A mudança para o novo milénio irá provocar mudanças

dramáticas na área do marketing. Tal como Peter Drucker

observa “a fórmula aplicada com sucesso por uma empresa na

última década, será provavelmente inaplicável na próxima década”.

O processo de mudança a que se assiste significa que a

aptidão para a mudança irá tornar-se numa vantagem

competitiva para as empresas que a cultivarem. O maior

desenvolvimento do marketing na entrada para este novo

milénio pode ser resumido por duas simples palavras:

conectividade e rede.

Actualmente, todos estamos ligados em rede uns com os

outros no mundo que nos rodeia para a obtenção de coisas que

estão perto ou longe de nós. O processo de ligação assume formas

diferentes e utiliza diversos tipos de suportes.

As tecnologias de ligação em rede e de comunicação estão a

provocar mudanças profundas nas estratégias, técnicas, práticas

de marketing e na redefinição das formas como se comunica com

o mercado, com os clientes, partners e com todo o mundo que

nos envolve. O boom tecnológico veio criar novas capacidades

de intervenção, que permitem:

• Identificar os gostos e as pistas relacionadas com os

padrões de consumo dos clientes, através da utilização de

potentes bases de dados, que possibilitam a criação de novos

produtos e serviços, totalmente costumizados para satisfazer

as suas necessidades individuais;

• Distribuir produtos com maior eficiência e eficácia;

• Comunicar com os consumidores organizados em

grupos alargados ou individualmente, permitindo a

adopção de estratégias do tipo glocal com uma

implantação global e uma actuação totalmente orientada

para os mercados alvo, oferecendo produtos e serviços

adaptados às suas necessidades e desejos específicos;

• E por fim, através do comércio electrónico, dotar o

consumidor com a capacidade para especificar,

encomendar, pagar e receber os produtos que deseja

em menos de 24 horas.

Compete às empresas de sucesso posicionarem-se para

poderem transformar em vantagens competitivas as

potencialidades oferecidas pelo desenvolvimento tecnológico,

criando serviços, produtos, modelos de comunicação e de

ligação com os seus stakeholders, adaptados às novas

realidades tecnológicas e às novas exigências dos

consumidores.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

6

As principais mudanças, que podem ser equacionadas

com a entrada deste novo século, poderão ser sintetizadas

em sete tendências principais:

1.Marketing de Relacionamento*

2.Ênfase na satisfação dos clientes e na sua fidelização

3. Internacionalização e aumento da carteira de clientes

4. Base de dados de Marketing

5. Automação do processo de vendas

6. Desenvolvimento do conceito de marca própria e maior

aproximação do retalho.

7. Comunicação Integrada de Marketing

* Abandono do marketing de venda. Maior contacto com o consumidor,na procura de o integrar cada vez mais na organização, estreitar laços, sabermais sobre sua vida, costumes e particularidades, para poder continuar aoferecer produtos e serviços de qualidade e que estejam direccionados paraa satisfação dos seus desejos e necessidades.

2.1. O que é um Mercado?

A palavra mercado pode ser utilizada em dois sentidos diferentes,

embora complementares. Em sentido restrito, significa “a importância,

a estrutura e as tendências da evolução das vendas de um produto ou

de um serviço”. Neste sentido torna-se necessário ter em devida

conta quatro aspectos fundamentais: uma definição clara do produto

ou serviço em referência; a escolha da unidade de medida (volume,

valor, parque instalado ou vendas); a segmentação escolhida

(segmentos de consumidores, segmentos por produto, mercado

alvo); e a estrutura das vendas (critérios de vendas por produto,

área geográfica, natureza da compra, produtor e marca).

Em sentido lato designa “o conjunto dos públicos susceptíveis de

exercer influência sobre as vendas de um produto”, ou de forma mais

ampla, sobre as actividades de uma organização. Estes públicos

podem ser indivíduos, empresas ou organizações em geral e

compreendem respectivamente os clientes finais, actuais ou

potenciais (compradores, consumidores e utilizadores), os

prescritores ou facilitadores e os distribuidores.

O conjunto integrado dos públicos, formado pelos clientes

finais, prescritores, distribuidores, produtores e da envolvente,

representa o conceito de sistema mercado.

COMPRADORES, CONSUMIDORES E UTILIZADORES

A natureza e as características deste público variam por sector

de actividade. Para os produtos e serviços de grande consumo os

clientes finais são geralmente consumidores individuais ou famílias,

para os produtos e serviços industriais os clientes finais são

empresas ou organizações, para as organizações institucionais,

poderes públicos, administração pública, partidos políticos, causas

sociais, etc., os clientes finais são representados pelos cidadãos,

os eleitores, os doadores potenciais, etc.

Na maior parte dos casos os consumidores/utilizadores e os

compradores de um produto, confundem-se, todavia, muitas vezes,

estas duas categorias não se sobrepõem e sempre que isto acontece

é necessário recolher informações de cada uma das categorias.

OS PRESCRITORES

Entende-se por prescritor a pessoa que determina, de uma

forma indiscutível, o produto ou o serviço ao qual o comprador

tem de se submeter, ou que exerce uma função de aconselhamento

ou recomendação influenciando a sua compra.

Cabe neste conceito o líder de opinião que corresponde a toda

e qualquer pessoa que exerce influência sobre um grupo de indivíduos.

Distinguem-se os líderes de opinião de facto, pessoas que exercem

pela sua experiência, por um dom particular, ou pela sua autoridade

natural, uma determinada influência sobre aqueles que as rodeiam,

dos líderes de opinião no exercício da sua profissão como sejam

os jornalistas, os professores, ou os políticos. Estes últimos são

evidentemente muito mais fáceis de identificar como alvos de

marketing que os referidos em primeiro lugar.

OS DISTRIBUIDORES

Entre os produtores e os consumidores, encontram-se os

canais de distribuição, compostos por diversos agentes

nomeadamente: grossistas, centrais de compras, retalhistas, etc.

Os distribuidores quase nunca são intermediários passivos.

Exercem em geral uma grande influência sobre os consumidores,

quer por escolha própria dos produtos/marcas que vendem, quer

pelos critérios de merchandising e promoção, quer ainda pelo papel

de conselheiros que desempenham por vezes junto dos compradores.

2.2. A estrutura dos Mercados

Diz-se que um determinado mercado é aberto quando não

está estruturado. Um mercado está estruturado quando os

concorrentes têm posições consolidadas. Neste caso é difícil entrar

nestes mercados, por força das múltiplas barreiras de natureza

comercial, tecnológica e financeira existentes.

A noção de custo ou preço de entrada exprime o esforço financeiro

necessário para entrar em determinado mercado. A componente

marketing de custo de entrada corresponde principalmente às despesas

de implantação na distribuição e de comunicação. Quanto mais

importantes são as despesas de comunicação em determinado

mercado, mais elevado é o custo de entrada em publicidade, para

que a marca tenha uma share of voice significativa.

Um mercado diz-se fragmentado ou atomizado quando

numerosas marcas partilham esse mercado, tendo cada uma

delas uma parcela modesta desse mercado.

2. O Mercado

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

7

produtores

prescritores distribuidores

envolventetecnológica

envolventeinstitucional

envolventecultural

envolventedemográfica,

económicae social

consumidorcompradorutilizador

figura 2 o sistema mercado

Por sua vez um mercado é concentrado quando, pelo contrário,

está largamente dominado por um pequeníssimo número de

marcas, ou até uma só marca. Como exemplo aparece o mercado

de canais televisivos: liderado pela TVI e pela SIC.

Um mercado como o dos detergentes é oligopolístico (Procter

& Gamble, Lever, Henkel) mas é fragmentado num grande número

de marcas concorrentes.

2.3. O ciclo de vida de um Mercado

Um produto, uma marca ou um mercado têm um ciclo de

vida que compreende quatro fases – lançamento, desenvolvimento,

maturidade e declínio.

Os ciclos de vida de um produto e do seu mercado não se

confundem.

A maturidade de um mercado reconhece-se por um, ou

vários, dos seguintes sintomas: saturação das necessidades

dos consumidores, perda de elasticidade da procura, excesso

de capacidade de produção, aparecimento de produtos de

substituição, maturidade tecnológica ou sofisticação dos

consumidores. Um mercado maduro não é um mercado

estabilizado. A maturidade pode ser crescente, estável ou

decrescente. As empresas esforçam-se para relançar a procura

nos mercados maduros, através de acções de marketing diversas:

investimentos publicitários e promocionais, inovações marginais

nas fórmulas dos produtos, melhoria da embalagem ou alteração

dos métodos de distribuição.

2.4. Factores de evoluçãodos Mercados

Um mercado é um sistema que evolui no tempo sob o efeito

de variáveis de curto, médio e longo prazo.

De entre os factores que condicionam a evolução dos

mercados a curto e médio prazo, podemos destacar a conjuntura

económica e social, as variações sazonais e as modas. Em

relação aos factores de evolução a longo prazo encontram-se

o tempo, os efeitos da oferta e os efeitos do meio envolvente.

2.5. Estudo da concorrência

Em sentido lato considera-se concorrente de um produto,

outro qualquer produto com o qual o consumidor possa substituir

o primeiro, total ou parcialmente. Esta concorrência pode ser

genérica, inter-produto ou inter-segmento. Esta identificação deve

ser sempre feita numa postura prospectiva pelo que é importante

identificar os concorrentes ainda «emboscados» e calcular o seu

potencial de crescimento. Assim, é necessário identificar os

concorrentes (actuais ou novos) e situar os concorrentes no espaço

concorrencial.

A análise dos concorrentes mais importantes deve considerar

três vectores: a análise do poder, experiência e dinamismo de cada

concorrente; a estratégia de cada concorrente e a capacidade de

reacção dos concorrentes.

O acompanhamento sistemático da concorrência deve conduzir

à criação de um observatório interno permanente para recolher,

tratar e difundir as informações sobre a concorrência e, de uma

forma geral, sobre a evolução dos mercados, das inovações

tecnológicas e dos factores de ambiente, que possam influenciar

significativamente a procura e as próprias condições de

concorrência. Vigiar a concorrência é observar e comparar, através

da recolha de informação, permitindo antecipar o melhor possível

a sua evolução.

2.5.1. Sistema de informação marketing

As informações recolhidas para acompanhamento da

concorrência devem ser divididas em informações de carácter

táctico e estratégico e recaem sobre tipos de informação como

factos e dados objectivos, informações e conselhos de especialistas,

distribuidores e fornecedores, rumores, informações informais ou

boatos e saber/conhecimento.

As fontes de informação podem ser abertas ou fechadas, ou

seja, podem estar acessíveis a todos ou compreender informação

específica ou exclusiva, resultante por exemplo do Marketing

intelligence, actividade que é praticada por grandes grupos a nível

mundial, especialmente no que respeita à oferta. Numerosos

países têm secções económicas nos seus serviços de informação

que trabalham para a indústria. As fontes podem ainda ter origem

interna ou externa parecendo natural e lógico começar por explorar

as fontes internas, envolvendo toda a empresa: vendedores,

compradores, motoristas distribuidores, etc.

2.5.2. Análise e medida da posição concorrencial

A avaliação da posição concorrencial ultrapassa a análise de

marketing em sentido restrito porque para além da posição das

marcas no mercado, da sua imagem e da sua implantação

comercial, devem considerar-se as competências técnicas, a

rentabilidade e a força financeira dos principais concorrentes.

Deverá avaliar-se o peso relativo destes diferentes critérios,

conforme a natureza dos factores de sucesso na actividade

considerada e obter uma informação final ponderada medindo a

posição concorrencial das marcas estudadas.

O indicador mais utilizado para situar a posição concorrencial de

um produto, de uma marca ou de uma empresa é a quota de mercado.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

8

A Quota de Mercado Relativa, em volume ou em valor, é

obtida confrontando a quota de mercado de um produto ou de

uma marca com a do líder.

A quota de mercado relativa é um indicador da estrutura

concorrencial de um mercado e da distância que separa uma dada

empresa ou marca da líder que exprime a força da liderança.

2.6. Comportamentos e atitudesdos Consumidores

2.6.1 Principais informações a recolher sobre os Consumidores

Os estudos de mercado têm por objectivo resolver problemas

de marketing e fundamentar a tomada de decisões, pelo que o

número e a natureza das informações a recolher dependem

inteiramente do problema a resolver. Uma das tarefas essenciais

dos responsáveis de marketing consiste em identificar as

informações que lhes são necessárias para preparar as suas

decisões e realizar os estudos adequados.

As informações descritivas de um público podem ser

classificadas em quatro grandes categorias: características externas

dos consumidores, comportamentos efectivos, atitudes e processos

de decisão de compra.

CARACTERÍSTICAS EXTERNAS DOS CONSUMIDORES

O conhecimento dos consumidores deve começar pela recolha

de informações de base sobre as suas características externas, ou

seja, número e localização geográfica; distribuição em função de

critérios como o sexo, a idade, o nível de instrução, a actividade

profissional, etc., ou quando se trata de empresas, sector de

actividade, dimensão, forma jurídica, etc.

COMPORTAMENTOS EFECTIVOS(de consumo, de compra e de utilização dos média)

A segunda grande categoria de informações descritivas de um

público refere-se aos comportamentos efectivos dos seus membros.

Alguns dos comportamentos efectivos mais frequentemente estudados

são os comportamentos de consumo ou utilização (quem consome,

onde consome, quando consome, o que consome, para que utilizações,

como e quanto se consome), os hábitos e procedimentos de compra

(quem compra, quem prescreve, quando se compra, como se compra

e quem participa no processo de decisão de compra), e o

comportamento de recolha de informação (quais as fontes de

informação utilizadas, quais os hábitos de leitura de imprensa, quais

os hábitos de escuta de rádio e televisão, quais os hábitos de frequência

de exposições, salões e congressos profissionais).

ATITUDES

O conceito de atitude é complexo. Na prática do marketing

designa-se geralmente pelo termo «atitudes» relativas a um

produto, uma marca, uma empresa, um político, etc. aos

conhecimentos, crenças, opiniões e sentimentos de um indivíduo

em relação a esse produto, marca, empresa, ou político.

As atitudes distinguem-se quanto ao seu carácter, revelando

dois estádios de atitudes distintos: atitudes cognitivas identificadas

como a imagem do alvo. As principais atitudes «cognitivas» de um

indivíduo em relação a um produto ou uma marca são o

conhecimento que ele tem da sua existência, a notoriedade e o

conjunto de traços que ele lhe atribui; e atitudes afectivas ou avaliadoras

(julgamento global, preferência, satisfação), sendo que este estádio

das atitudes revela os julgamentos ou apreciações sobre o alvo.

OS PROCESSOS DE DECISÃO DE COMPRA

Sempre que se deseja vender um determinado produto ou

serviço a uma clientela potencial é necessário recolher informação

sobre cinco aspectos principais do comportamento de compra -

as motivações de compra de consumidores, os seus critérios de

escolha entre marcas, o grau de implicação relativamente ao

produto, o grau de premeditação da compra, e as fontes de

informação e de conselho às quais recorrem os consumidores.

2.6.2. A recolha de informação

MÉTODO DAS SONDAGENS

Quando a recolha da informação é feita sobre uma população

muito restrita, é possível proceder a um levantamento por inquérito

exaustivo da informação que caracteriza os comportamentos dos

consumidores, mas quando a dimensão do alvo é grande tem de

se recorrer ao método das sondagens.

Este tipo de acção comporta três decisões principais:

• A definição da unidade de sondagem – pode ser o

indivíduo (informações relativas ao comportamento

dos fumadores), a família (consumo dos produtos de

lazer) ou as empresas industriais e comerciais (mercado

business to business);.

• A dimensão da amostra;

• O método de amostragem ou de escolha dos

indivíduos que farão parte da amostra.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

9

Quota de Mercado = Mercado de um produto, de uma marca, ou de uma empresa

Mercado global

PREPARAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS

Na preparação dos questionários deve-se ter em consideração

a estrutura e dimensão do mesmo. Este factor determinará em

grande parte o número de pessoas que aceitarão responder. Para

limitar a extensão do questionário, é essencial ter definido com

muita precisão o que se procura saber, para que se possam eliminar

todas as questões que não concorrem para a realização do objectivo

da recolha de informação.

A tipologia das perguntas tem igualmente de se adaptar ao

objectivo do questionário. Aqui podemos destacar as perguntas

abertas, fechadas, pré-formatadas e as escalas de atitudes.

Para a realização dos inquéritos podem ser utilizados diversos

métodos. Cada método irá adequar-se ao objecto em causa

apresentando vantagens e inconvenientes. Entre os diferentes

métodos existentes, podemos destacar os inquéritos postais, por

telefone, presenciais (face a face) e por observação.

Em relação à tipologia, os inquéritos por sondagem podem

ser classificados em quatro grandes famílias: Inquéritos aos hábitos

e atitudes, inquéritos repetitivos: barómetros e painéis, estudos

qualitativos (ou «em profundidade»), e testes.

2.6.3. Preparação, realizaçãoe exploração de um estudode mercado

A realização de um estudo de mercado comporta quatro etapas.

1. Formulação do problema e fixação dos objectivos do

estudo de mercado;

2. Definição do plano de pesquisa e de recolha de dados;

3. Implementação do plano, recolha e analise dos dados;

4. Interpretação e e registo dos resultados.

2.6.4. Processos básicos do comportamento dos consumidores

A TEORIA DE MASLOW

Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual

as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis.

A TEORIA DE FREUD

A teoria de Freud estabelece que as motivações serão

responsáveis pela aceitação ou rejeição de produtos ou bens de

consumo. Freud estabelece três instâncias psíquicas responsáveis

pelo comportamento: ID, fonte da energia psíquica dos impulsos

primitivos, EGO, regulador dos impulsos selvagens do ID ligado

ao princípio da realidade, e SUPEREGO, a quem cabe a

representação interna das proibições sociais.

A TEORIA DE HERZBERG

Herzberg desenvolveu uma teoria de dois factores para

distinguir as razões que causam insatisfação (os insatisfatórios)

e aqueles que causam a satisfação (os satisfatórios). Para motivar

uma compra não basta, para Herzberg, que os factores de

insatisfação estejam ausentes. Pelo contrário, os factores de

satisfação devem estar bem presentes.

A TEORIA DE MCGREGOR (X E Y)

A teoria de Mc Gregor é um conjunto de dois extremos opostos

de suposições. Estes conjuntos foram denominados "X" e "Y".

De acordo com a teoria "X" as pessoas são naturalmente

preguiçosas e desmotivadas. O homem médio não gosta do

trabalho, evita-o, ele precisa de ser obrigado, controlado e dirigido.

O homem prefere ser dirigido e tem pouca ambição, busca apenas

a segurança.

A teoria "Y", define as pessoas como seres motivados. O

dispêndio de esforço no trabalho é algo natural. O controle externo

e a ameaça não são meios adequados para se obter trabalho. O

homem exercerá auto-controlo e auto-direcção se suas necessidades

forem satisfeitas.

TEORIA DE JUNG

Jung afirmou que cada indivíduo poderia ser caracterizado

como sendo orientado prioritariamente para seu interior ou para

o exterior. O indivíduo não é totalmente introvertido ou extrovertido.

Algumas vezes a introversão é mais apropriada, noutras a

extroversão é mais adequada, todavia as duas atitudes excluem-

se mutuamente não sendo possível manter simultaneamente

ambas. Nenhuma é melhor que a outra, fazendo-se referencia de

que o mundo precisa dos dois tipos de pessoas.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

10

necessidadesde auto realização

necessidadesde estima

necessidadesde pertença

necessidadesde segurança

necessidadesfisiológicas

3.1. Caracterizar o Mercado

O processo de marketing consiste, para uma organização, em

conhecer os seus públicos para melhor se lhes adaptar e para agir

sobre eles da forma mais eficaz. Qualquer que seja o público

(consumidores, prescritores, clientes, etc.), ele nunca é homogéneo.

É composto por milhares, por vezes milhões, de indivíduos diferentes

uns dos outros, nos seus hábitos, gostos e exigências, pelo que se

exige ao marketing que desenvolva metodologias que permitam

uma actuação eficaz junto dos públicos-alvo da organização.

Existem duas formas extremas de o fazer, mas que só são

aplicáveis em situações pouco frequentes: o marketing de massas

e o marketing individualizado. É entre estas duas abordagens

extremas que se situa a terceira, ou seja, o marketing segmentado.

A análise das características estruturais do mercado de actuação

da empresa e a avaliação do respectivo comportamento evolutivo

deverão ser decompostas em duas etapas. Enquanto na primeira

etapa se procede à caracterização genérica do mercado total, na

segunda etapa procede-se à análise individualizada de cada

submercado.

Erros na etapa de decisão sobre segmentos poderão levar a

empresa a uma má alocação de recursos, oferecendo serviços

pouco valorizados pelos segmentos e perdendo a oportunidade

de ganhar competitividade através da oferta dos serviços mais

valorizados. Alguns dos problemas na identificação de segmentos

baseados na expectativa podem surgir devido a pesquisas de

terreno mal feitas, erros nas análises de dados e inexistência de

segmentos operacionalmente viáveis para a segmentação dos

serviços.

Entretanto, a principal dificuldade da segmentação de mercado

não se encontra no processo de segmentação em si, mas sim na

gestão das políticas diferenciadas de serviço ao cliente a serem

adoptadas para os grupos identificados.

3.1.1. Principais critérios de segmentação

Os critérios de segmentação mais frequentemente utilizados

podem classificar-se em quatro categorias principais: os critérios

demográficos, geográficos, sociais e económicos; os critérios de

personalidade e de «estilo de vida»; os critérios de comportamento

relativamente ao produto e os critérios de atitude psicológica

relativamente ao produto.

Os critérios demográficos, geográficos, sociais e económicos são

frequentemente utilizados porque sendo objectivos, são de mais fácil

utilização. Os critérios de segmentação mais comuns referem-se à

idade, sexo, região, rendimentos ou até mesmo níveis de instrução.

Os critérios de personalidade ou de estilo de vida dizem

respeito às características gerais e estáveis dos indivíduos, mas

situam-se a um nível mais profundo e, por tal, não são tão fáceis

de observar e de medir objectivamente como as características

referidas anteriormente. A utilização destas características como

critérios de segmentação de um mercado é bastante rara.

Nos critérios de comportamento face ao produto pode ser

efectuada a segmentação do mercado em função das quantidades

consumidas. É muitas vezes interessante, para um produtor,

segmentar a sua clientela potencial em função do seu nível de

consumo porque, segundo este nível, as necessidades dos clientes

podem ser diferentes, ou pode ser efectuada a segmentação em

função dos hábitos de utilização. Muitas vezes, considera-se mais

o modo de utilização do que as quantidades consumidas, como

critério de segmentação.

Os critérios de atitudes psicológicas relativamente ao produto

permitem distinguir dois segmentos de fotógrafos profissionais

e amadores, entre os que procuram na fotografia a conservação

de lembranças, ou um meio de expressão artística e performances

técnicas. Do mesmo modo, segmenta-se por vezes o mercado

dos compradores de automóveis em função das suas

necessidades predominantes: os automobilistas “funcionais”,

para quem o automóvel é um meio de deslocação utilitário e

que pretendem sobretudo segurança, economia, fiabilidade e

conforto; os automobilistas “desportivos” que procuram

principalmente vivacidade e performance; e os automobilistas

“sociais”, para quem o carro é sobretudo um meio de expressão

da sua personalidade, um meio de dar aos outros uma certa

imagem deles próprios, e que procuram por isso, segundo os

seus gostos, um carro luxuoso ou sóbrio, original ou clássico,

etc.

SEGMENTAÇÃO MULTICRITÉRIOS

Para segmentar um mercado, não se escolhe apenas um

critério, procede-se sim ao “cruzamento” de diferentes critérios.

Se, por exemplo, segmentarmos o mercado automóvel a partir

do rendimento, da idade, da dimensão da família, da região

habitada, da dimensão da cidade em que habita, da categoria

socioprofissional, dos comportamentos face ao produto e das

atitudes psicológicas de base relativamente ao automóvel e

considerarmos quatro hipóteses distintas em cada um destes

critérios, obteremos 16 384 segmentos distintos, cada um deles

contendo apenas algumas dezenas de automobilistas. E bastará

juntar mais quatro ou cinco critérios para definir mais segmentos

distintos do que automobilistas.

É por isso que, quando se recorre a vários critérios de

segmentação, é necessário, na prática, renunciar à exigência da

homogeneidade perfeita dos segmentos e utilizar métodos de

divisão simples.

3. Segmentação do Mercado

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

11

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

12

3.1.2. Caracterização genérica do mercado total

MERCADO TOTAL

O mercado total pode ser caracterizado pela dimensão total

– quantidades vendidas, taxa de crescimento das unidades vendidas,

volume de vendas, taxa de crescimento das vendas, número total

de consumidores/clientes finais, participação das importações e

das exportações nas vendas totais –, e pelos circuitos de distribuição

– evolução do número total de distribuidores (armazenistas e

retalhistas), repartição das vendas por tipo de distribuidor e

repartição das vendas por região. A obtenção de informação

relativa, por exemplo, aos três últimos anos e a avaliação qualitativa

em termos de comportamento previsional de cada factor será

necessária para a caracterização do mercado.

Esta avaliação é restrita à identificação da tendência em termos

de crescimento, manutenção ou diminuição.

SAZONALIDADE

Para a determinação da sazonalidade, deve ser identificado o

comportamento típico do ciclo sazonal das vendas do sector. O

método próprio para tal consiste em acumular as vendas mensais

durante, por exemplo, cinco anos, e proceder ao cálculo do índice

de sazonalidade.

Pode ser determinado um índice de sazonalidade que será a

razão entre o somatório das vendas mensais acumuladas (preço

do último ano) e o somatório das vendas acumuladas (preço do

último ano).

3.1.3. Caracterização decompostado mercado total

A caracterização decomposta do mercado implica a

identificação dos submercados (designados segmentos

estratégicos) constituintes do mercado total e as unidades de

negócio existentes em cada um desses segmentos estratégicos.

Em termos práticos, e na maioria das circunstâncias, a

decomposição do mercado é de fácil operacionalização, porque

está já instituída e funciona como "norma".

Contudo, caso seja necessário criar ou reformular a

decomposição, do ponto de vista prático, sugere-se a utilização

dos seguintes critérios: tipo de clientes, necessidades genéricas

de compras, tipo de concorrentes, tecnologia e competências

necessárias para disputar o mercado.

A operacionalização desta etapa deve ser repartida em duas

tarefas. Em primeiro lugar procede-se à identificação dos segmentos

estratégicos (submercados) existentes no mercado de actuação

e avalia-se o grau de importância/atractividade de cada um deles,

de acordo com diversos factores (quantidades totais vendidas por

todos os concorrentes, taxa de crescimento das unidades vendidas,

volume total de vendas de todos os concorrentes, taxa de

crescimento das vendas, número total de consumidores/clientes

finais existentes no segmento e taxa média de rentabilidade

económica do segmento). Em segundo lugar procede-se à

caracterização individual de cada segmento estratégico numa

perspectiva quantitativa e qualitativa.

3.2.Caracterização dos Clientes

Actualmente é pacífica a convicção de que o conhecimento

profundo dos clientes se encontra entre os requisitos mais

importantes para a formulação estratégica da empresa em geral

e do marketing em particular. Este facto encontra base de

sustentação na evidência de, tendencialmente, existir uma relação

directa entre os níveis de desempenho da gestão e o grau de

conhecimento dos consumidores que a empresa possui.

Em termos práticos o processo de conhecimento dos clientes

implica a passagem por três etapas: identificação das características,

identificação do valor pretendido e identificação do grau de

satisfação.

A operacionalização sequencial destas três etapas pressupõe

a realização prévia do processo de segmentação através da qual

se procede à decomposição prévia dos clientes por grupos

relativamente homogéneos em função das respectivas

necessidades/conhecimentos.

3.2.1. Processo de segmentação

A concretização do processo de segmentação requer a

realização de dois procedimentos: selecção dos critérios de

segmentação e aplicação desses critérios para a formação dos

segmentos de mercado.

processode

segmentação

processo deanálise dossegmentos

identificaçãodo valor

pretendido

Grau desatisfação

identificação dascaracterísticas

específicas

SELECÇÃO DOS CRITÉRIOS DE SEGMENTAÇÃO

A selecção dos critérios de segmentação a utilizar em cada

empresa está dependente das características do mercado, dos

produtos e dos consumidores. Os requisitos fundamentais dos

critérios estão relacionados com a respectiva pertinência e

mensurabilidade. Os quadros seguintes incluem alguns critérios

generalistas com aplicação, respectivamente, no mercado de

consumo e no mercado industrial.

CRITÉRIOS GENERALISTAS DE SEGMENTAÇÃOAPLICÁVEIS AO MERCADO DE CONSUMO

Geográficos

• Regiões

• Dimensão de localidades

• Temperaturas

• Morfologia

• Local de habitação

Demográficos

• Nacionalidade

• Sexo

• Idade

• Estatura

• Peso

• Dimensão da família

• Composição da família

• Ciclo de vida familiar

Socioeconómicos

• Rendimento

• Categoria socioprofissional

• Nível de instrução

• Zona residencial

• Classe social (resultante da agregação de outros critérios)

Comportamentais

• Convicções religiosas

• Convicções políticas

• Convicções sociais

• Grau de ambição

• Espírito de iniciativa / apatia

• Atitudes de liderança

• Atitudes face à inovação

• Autonomia (dependência / independência)

Atitude de Compra e Consumo

• Frequência de compra

• Níveis de fidelidade

• Montantes de compras

• Tipologia de produtos adquiridos

• Grau de adesão aos produtos

• Benefícios procurados

• Factores situacionais de compra

• Tipo de consumidor

Geográficos

• Países

• Regiões

• Temperaturas

• Morfologia

Características genéricas da actividade dos clientes

• Tipo de actividade

• Dimensão da organização

• Tecnologia utilizada

• Situação financeira

Características da gestão

• Estrutura de poder

• Atitude face ao risco

• Atitude face à inovação

• Organização das compras

• Processo de decisão

Características das compras

• Frequência de compra

• Níveis de fidelidade

• Montantes de compra

• Grau de adesão aos produtos

• Factores situacionais de compra

• Benefícios procurados

A pesquisa dos critérios de segmentação pode ser concretizada

com recurso a várias técnicas. Recorrendo a informação primária,

ou seja, já disponível, pode ser utilizada a pesquisa documental ou

estudos colectivos. Recorrendo a informação secundária, ainda não

disponível, podem ser realizados estudos quantitativos ou qualitativos.

APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE SEGMENTAÇÃO

A selecção das técnicas a utilizar para a constituição dos

segmentos de mercado está dependente da quantidade de critérios

que vierem a ser utilizados.

Nas situações de quantidade reduzida de critérios, a técnica

de segmentação propriamente dita pode ser adequada. Esta

técnica, também conhecida por segmentação em árvore ou em

cascata, consiste em decompor hierarquicamente o universo total

dos clientes em subagrupamentos resultantes de todas as

combinações possíveis para os critérios em presença.

Nos casos de desconhecimento da hierarquia dos critérios e/ou

em presença de grande quantidade de critérios, a técnica anterior

manifesta-se não operacional, sendo aconselhável o recurso aos

métodos tipológicos, também conhecidos por clusters analysis.

Estes procedimentos conhecem ainda utilização reduzida,

mas é notória a sua tendência para rápida disseminação, em

consequência do desenvolvimento dos packages informáticos de

estatística multivariada.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

13

CRITÉRIOS GENERALISTAS DE SEGMENTAÇÃOAPLICÁVEIS AO MERCADO INDUSTRIAL

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

14

4.1. Ópticas da previsão em marketing

A atitude de marketing consiste simultaneamente em se

adaptar ao mercado e em o influenciar. A estas duas vertentes

complementares da atitude de marketing correspondem duas

ópticas distintas de previsão: as relacionadas com a evolução

intrínseca do mercado e as que procuram determinar as suas

reacções, ou respostas prováveis, às acções desenvolvidas pela

empresa. A previsão da evolução «intrínseca» ou «espontânea» do

mercado aplica-se a fenómenos sobre os quais a empresa em

causa não tem e não pode esperar ter uma influência sensível,

mas que, pelo contrário, podem ter consequências importantes

para ela. A previsão das reacções ou respostas do mercado trata-se de

prever respostas prováveis de um público a acções de marketing

encaradas pela empresa.

Claro que uma das ópticas da previsão não exclui a outra.

Muitas vezes, para preparar as suas decisões, um responsável de

marketing deve procurar prever simultaneamente a evolução

espontânea do mercado e as suas respostas prováveis às decisões

da empresa.

4.1.1 Temas, horizontes e métodosde previsão em marketing

a) Temas de previsão

Os temas sobre os quais podem versar as previsões estão

directamente relacionados com a natureza das decisões a tomar.

Podem vir a ser feitas previsões sobre múltiplos aspectos do

mercado. Sem pretender dar uma lista exaustiva dos temas

possíveis da previsão em marketing, podemos classificá-los em

três grandes categorias: previsão sobre o meio envolvente, previsão

sobre o comportamento de certos públicos e a previsão de vendas.

b) Horizontes de previsão

A previsão pode ser feita basicamente em três horizontes:

previsão a curto prazo que vai de alguns dias a alguns meses

(designa-se por curto prazo o período durante o qual os principais

factores susceptíveis de influenciar o mercado são de ordem

conjuntural. São sobretudo factores exógenos relativamente à

empresa, de modo que as previsões a curto prazo se fazem

geralmente numa óptica de evolução espontânea), previsão a

médio prazo, de um a três anos (designa-se por médio prazo o

período durante o qual é provável que o meio envolvente se venha

a modificar de uma forma sensível e onde os principais factores

susceptíveis de influenciar o mercado são as acções da empresa

e dos seus concorrentes) e previsão a longo prazo com um período

de mais de três anos (designa-se por longo prazo o período durante

o qual se poderão produzir transformações profundas no meio

envolvente: inovações tecnológicas revolucionárias, modificações

radicais das estruturas políticas, sociais ou culturais, etc.).

c) Os principais métodos de previsão

Os métodos de previsão utilizados no âmbito do marketing

podem classificar-se em quatro famílias principais: métodos

qualitativos ou subjectivos, métodos estatísticos de extrapolação

de tendências, modelos explicativos e métodos experimentais.

4.2. Métodos qualitativosou subjectivos de previsão

Nem sempre existem os dados históricos ou a turbulência do

passado ou do futuro iminente impede a aplicação ou corrói a

credibilidade dos métodos quantitativos de previsão. Nestes casos,

as previsões de acontecimentos futuros são feitas por métodos

ditos qualitativos, mais subjectivos, por se basearem em opiniões

de peritos, mas igualmente válidos. Para determinadas situações

este tipo de métodos, isolados ou combinados com métodos

quantitativos, permitem responder às necessidades de previsão.

Embora estes métodos não possam ser considerados como

científicos, distinguem-se da simples «intuição», por um lado pela

qualidade das pessoas consultadas e, por outro, pelo carácter

mais formalizado e sistemático do procedimento que essas pessoas

são convidadas a seguir.

OPINIÕES DE PERITOS

O método das opiniões de peritos consiste em perguntar a

pessoas reputadas e competentes num determinado domínio a

sua opinião sobre o que se passará num futuro mais ou menos

próximo. Os peritos podem ser pessoas pertencentes à empresa

ou, mais frequentemente, exteriores a ela. As suas opiniões

baseiam-se por vezes no conhecimento e na experiência que têm

do domínio em questão. Outras vezes, por analogia com os

domínios que conhecem melhor.

MÉTODO DE DELPHI

É um processo de decisão em grupo sobre a probabilidade

de certos eventos ocorrerem. Actualmente é muito utilizado para

previsões sobre a envolvente politica económica, social, etc. e em

marketing e vendas. As opiniões obtidas do trabalho de grupos

podem ser influenciadas de várias formas incluindo posições

dominantes de alguns participantes, magnetismo pessoal, alegados

conhecimentos “especiais” sobre matérias e opiniões marginais.

Esta situação muitas vezes fere a capacidade de ter uma previsão

imparcial sobre determinados temas através do uso de outras

técnicas.

4. Métodos de previsão

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

15

MÉTODOS ANALÍTICOS DE PREVISÃO DAS VENDAS

Para tornar mais fiáveis as previsões subjectivas de vendas

há, muitas vezes, interesse em proceder de um modo analítico

em vez de global. Este método pressupõe a decomposição das

vendas em diversos elementos, sendo cada um objecto de um

prognóstico distinto.

PREVISÕES POR CONSOLIDAÇÃO DAS OPINIÕESDOS VENDEDORES

Um método frequentemente utilizado para prever as vendas

da empresa, consiste em consultar os vendedores. Estes estão

em contacto directo com os clientes, conhecendo melhor os seus

comportamentos actuais e futuros. Este método apenas se aplica

no curto prazo e comporta alguns perigos. Em primeiro lugar

porque as previsões de vendas servem muitas vezes de base aos

objectivos que são fixados aos vendedores que podem, portanto,

ter tendência a minorá-los, para atingir ou ultrapassar os objectivos

mais facilmente. Em segundo lugar, o vendedor conhece bem os

seus clientes, mas tem uma percepção muito menos clara da

conjuntura económica global e da sua evolução. Arrisca-se a ter

uma visão demasiado optimista ou demasiado pessimista da

situação, pois é mais directamente influenciado pelos êxitos ou

pelos fracassos locais do que por uma visão global que lhe permitiria

relativizar os acontecimentos que protagoniza.

INQUÉRITOS SOBRE AS INTENÇÕES DE COMPRA

A evolução do mercado é a resultante do conjunto de

comportamentos dos consumidores individuais. Pode parecer

razoável tentar prever o que fará cada consumidor e adicionar os

resultados. Para isso seria suficiente perguntar aos consumidores

através de um inquérito quais são as suas intenções de compra,

escolha de marca, etc. Este procedimento será tanto mais caro,

quanto maior for o número de consumidores interrogados. No

caso de certos produtos industriais, com poucos compradores

potenciais, poderá ser seguido este caminho.

4.3. Métodos estatísticosde extrapolação de tendências

Uma segunda família de métodos de previsão agrupa os métodos

que têm por principio extrapolar as tendências observadas no

passado. Estes métodos exigem que se disponha de dados precisos

e fiáveis relativamente ao passado e utilizam técnicas estatísticas

mais ou menos sofisticadas. Podem-se reagrupar em três categorias

principais: os métodos de ajustamento ou de alisamento de séries

temporais, os métodos de decomposição de tendências e os modelos

de extrapolação dos comportamentos individuais.

MÉTODOS DE AJUSTAMENTO OU DE ALISAMENTODE SÉRIES TEMPORAIS

Pode-se tentar prever por extrapolação a evolução das vendas

de um produto, por exemplo, caso se tenham verificado características

regulares no passado. A observação e a extrapolação das tendências

pode fazer-se através de métodos puramente gráficos, ou com o

auxílio de diversos métodos estatísticos. Entre estes destacam-se

a extrapolação gráfica, as médias móveis, o alisamento exponencial,

os métodos de regressão línea e a análise das curvas em S.

MÉTODOS DE DECOMPOSIÇÃO DE TENDÊNCIAS

Uma segunda categoria de métodos estatísticos de extrapolação

consiste em decompor os números observados no passado num

certo número de elementos dos quais se analisa e se prevê

separadamente a evolução. Este método, que se aplica nomeadamente

às previsões de vendas a curto prazo, comporta diversas variantes:

a análise das variações sazonais, as vendas de investimento e vendas

de substituição, e as primeiras compras e compras repetitivas.

4.4. Modelos explicativos

O princípio dos modelos explicativos consiste em pôr em

evidência as relações existentes entre o fenómeno que se tenta

prever (por exemplo, as vendas de um produto ou da quota de

mercado detida por uma marca) e certas variáveis independentes,

as quais se pensa terem uma forte influência sobre este fenómeno.

a) Variáveis exógenas e variáveis endógenas – Designam-

-se por variáveis «exógenas» variáveis completamente

independentes da vontade da empresa, como por

exemplo, a dimensão e a estrutura da população, o

rendimento dos lares, a evolução espontânea das

necessidades e hábitos dos consumidores, etc.

Os modelos que só têm em conta as variáveis deste

tipo servem para prever a evolução espontânea do

mercado. As variáveis explicativas que dependem da

vontade da empresa são designadas como variáveis

endógenas (variáveis de acção): preços dos produtos,

montante do orçamento publicitário, número dos seus

vendedores ou dos pontos de venda, etc.

Os modelos que têm em conta as variáveis deste tipo

servem essencialmente para prever as reacções do

mercado a diferentes acções da empresa.

b) Condições de utilização dos modelos explicativos – No

caso de se ter constatado, através de observações

passadas, existirem relações de causa entre as variáveis

explicativas e o fenómeno a explicar, é necessário avaliar

se essas relações de causa verificadas no passado

continuarão válidas no futuro. É o que se chama a hipótese

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

16

de invariabilidade das relações de causa. Esta condição

é geralmente satisfeita quando as variáveis explicativas

consideradas dependem da vontade da empresa.

Pelo contrário, a condição de previsibilidade das variáveis

explicativas é mais difícil de preencher quando se trata de variáveis

independentes da vontade da empresa. Nestes casos, muitas

vezes são escolhidas como variáveis os dados recolhidos pelos

organismos públicos que têm por tarefa prever a sua evolução.

Podem ser variáveis demográficas ou económicas: rendimento

disponível, investimentos públicos, nível de actividade de diversas

indústrias, número de novos casamentos, etc.

Os modelos explicativos utilizados em marketing podem ser

classificados em três categorias principais: os modelos de regressão

de uma ou duas variáveis, e os modelos de variáveis múltiplas

que podem ser de forma econométrica e de forma microanalítica.

ANÁLISE DE REGRESSÃO DE UMA OU DUAS VARIÁVEIS

Estes modelos têm por objectivo explicar um fenómeno como,

por exemplo, as vendas ou a quota de mercado de uma marca,

a partir de apenas uma ou duas variáveis. Quando estas variáveis

são independentes da vontade da empresa (variáveis exógenas)

o modelo tem por objectivo prever a evolução espontânea do

mercado. Quando é uma variável endógena, o objectivo do modelo

é descrever e medir a influência sobre as vendas, por exemplo, de

apenas um aspecto da política de marketing.

a) Análise de regressão vendas/preço – Os modelos

econométricos de elasticidade da procura de um produto

ao seu preço e aos preços dos produtos concorrentes

foram os primeiros utilizados em marketing.

b) Modelos univariáveis de análise de regressão – Com o

mesmo princípio, são por vezes utilizados modelos

univariáveis para prever as reacções do mercado (em termos

de vendas) às variações do número de pontos de vendas

que distribuem o produto, ou às variações do número de

vendedores da empresa, ou ainda às variações do seu

orçamento de comunicação, medido quer em valor absoluto,

quer em valor relativo em relação aos orçamentos dos

concorrentes. Este tipo de modelos pode permitir a uma

empresa prever o efeito sobre as vendas dos seus produtos

por via de uma modificação da sua estratégia de marketing,

incidindo sobre uma variável considerada isoladamente e

mantendo-se todos os outros elementos inalterados.

MODELOS ECONOMÉTRICOS MULTIVARIAVEIS

Os modelos explicativos multivariáveis têm por objectivo

descrever e medir a acção combinada de diversas variáveis que

exercem uma influência sobre as vendas de um produto ou de uma

marca ou sobre o comportamento de compra dos consumidores.

Podemos classificá-los em duas grandes categorias: os modelos

econométricos que tentam explicar globalmente o comportamento

do mercado tomado no seu conjunto e os modelos microanalíticos

que se propõem explicar o comportamento individual de cada

agente de mercado (produtores, retalhistas, consumidores, etc.)

e de onde se deduz, por agregação dos comportamentos

individuais, o comportamento global do mercado.

MODELOS MICROANALÍTICOS

O primeiro modelo microanalítico de análise de mercado foi

proposto por AmstutzI. Estes modelos são frequentemente

designados modelos de simulação. Consistem, por oposição aos

modelos econométricos que descrevem globalmente o

comportamento conjunto de uma população, em descrever

separadamente o comportamento individual de cada um dos seus

membros, para os agregar de seguida.

A construção de um modelo microanalítico comporta diversas

etapas principais. A primeira, consiste em estabelecer a

«macroestrutura» do sistema estudado. A segunda etapa consiste

em descobrir através de inquéritos e de experiências ou, na sua

falta, em imaginar os mecanismos que determinam as atitudes e

os comportamentos de cada um dos agentes retidos. A terceira

etapa consiste em construir um modelo reduzido, imaginário, mas

representativo do conjunto das populações estudadas. A última

etapa consiste em simular, com o auxílio de computador e pela

aplicação das leis do comportamento, formuladas na microestrutura,

o comportamento de cada indivíduo, em diferentes hipóteses.

Esta simulação utiliza muitas vezes procedimento probabilístico,

os factores e influências não considerados explicitamente na

microestrutura do modelo. É assim que se pode, por exemplo,

examinar quais seriam os efeitos do lançamento, por um produtor,

de um novo produto, com um marketing-mix determinado, sobre

o comportamento dos outros produtores, dos grossistas, dos

retalhistas e dos consumidores tomados um a um, e que, agregando

o conjunto destes comportamentos, deduzimos dele os efeitos

sobre as vendas dos diferentes produtores.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

17

5.1. Gestão da Carteira de Produtos

A gestão estratégica da carteira de produtos constitui uma

atenção fundamental de empresas que possuem uma gama muito

alargada de produtos estando ou não presentes em diversos

mercados. Tomando por base o principio que recomenda que

todas as decisões sobre produtos não podem, a médio/longo

prazo, condicionar nem a liquidez da empresa nem os índices de

rentabilidade, a gestão da carteira de produtos tem como principal

finalidade identificar, por um lado, que produtos colocar no merca-

do, bem como definir o respectivo papel estratégico na gama, e,

por outro, facilitar o processo de afectação de recursos entre eles.

Em termos práticos, a gestão estratégica da carteira de produtos

decompõe-se em duas etapas – a avaliação da situação actual e

a tomada de decisões estratégicas.

5.1.1. Política e avaliação da gama

O modelo de gestão da gama foi desenvolvido pelo Boston

Consulting Group (BCG) e, apesar de inicialmente vocacionado

para a selecção de domínios de actividade, a sua concepção é

particularmente adaptada para a gestão da gama. A lógica de

funcionamento adjacente a este modelo radica na convicção de

que os principais factores que influenciam as vendas, a rentabilidade

e a liquidez são a quota de mercado relativa e a taxa de crescimento

do mercado.

CONSTRUÇÃO DA MATRIZ BCG

Para executar esta tarefa é necessário efectuar os seguintes

procedimentos. Em primeiro lugar a definição clara do âmbito de

análise: é fundamental que, independentemente do nível de

desagregação pretendido, apenas sejam incluídos em cada matriz

elementos da mesma gama ou linha de produtos. Em segundo lugar,

a determinação da quota de mercado relativa: o conceito de quota de

mercado relativa pretende medir o poder e a relação de forças detido

por uma empresa face ao seu principal concorrente num determinado

segmento de negócio. Seguidamente é necessária a determinação

da taxa de crescimento do mercado: é a unidade de medida relativa

cuja determinação permite inferir sobre o grau de atractividade do

mercado, bem como a sua penetração. Em quarto lugar cabe efectuar

a representação gráfica da matriz, como se verifica na figura seguinte,

e por último a respectiva interpretação da matriz.

QUOTA DE MERCADO RELATIVA

5. Políticas de Produto

Tipologia Características

Produtos dilemas São produtos com fraca posição no mercado, mas com taxa de crescimento superior à média.

Tendencialmente, esta tipologia é ocupada por produtos recém-chegados ao mercado ou produtos que

perderam recentemente o estatuto de posição dominante. A gestão destes produtos implica dois

requisitos: recursos financeiros para assegurar o seu crescimento e capacidade comercial para eliminar

o diferencial face ao principal concorrente. A evolução natural será a passagem para produtos estrelas

(desejo) ou para pesos mortos (a evitar).

Produtos estrelas Simbolizam produtos com forte posição em mercados com grande dinamismo de crescimento. Pressupõem

a existência de recursos financeiros para assegurar a continuidade de crescimento e combater a concorrência,

que presumivelmente será intensa. O grau de atractividade destes produtos é incrementado quando

conseguem gerar receitas suficientes para contrabalançar os recursos financeiros afectos.

Produtos vacas leiteiras Representam produtos com forte posição em mercados que estão a perder dinamismo. Estes produtos

são por excelência os grandes financiadores da empresa. Tendencialmente apresentam uma estrutura

de custos suavizada, o que aumenta a sua capacidade de gerar riqueza.

Produtos pesos mortos Estes produtos apresentam baixos níveis de atractividade visto possuírem uma posição débil em

mercados pouco atractivos. Os investimentos requeridos são mínimos. A capacidade de gerarem lucro

a curto prazo está dependente sobretudo das quantidades vendidas.

estrelas dilemas

vacas leiteiras pesos mortos

superior a 1 inferior a 1

CARACTERÍSTICAS GENÉRICAS DAS TIPOLOGIAS DA MATRIZ BCG

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

18

CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA GAMA

A gama de produtos é normalmente composta por famílias

ou sub-famílias. Como estes são susceptíveis de responder a uma

necessidade global e idêntica do consumidor, a sua classificação

baseia-se essencialmente, nas necessidades do cliente. Assim

temos, em relação aos bens de consumo, os de

conveniência/comodidade, de compra comparada, de especialidade,

os bens não procurados, de novidade, de moda e os sazonais. Em

relação aos bens industriais, temos os materiais e componentes,

os bens de capital, e os suprimentos e serviços.

DECISÕES ESTRATÉGICAS DA GAMA DE PRODUTOS

Tendo em consideração a avaliação da situação actual, as

decisões estratégicas devem ser desenvolvidas com a definição

das alterações a efectuar em cada quadrante/produto identificado

na matriz BCG, podendo ser seguidas as seguintes estratégias.

Para os produtos dilemas pode ser acelerada a passagem para

produtos estrela e evitar a entrada em pesos mortos, para os

produtos estrela deve ser aumentada a quota de mercado e evitada

a passagem a produtos dilema, para os produtos vacas leiteiras

deve ser prolongada a vida útil nesta fase, e para os produtos

pesos mortos deve-se preparar a sua substituição.

5.1.2 Opções estratégicas

As opções estratégicas, podem também ser concentradas nas

características da gama/linha de produtos, tendo em consideração

o grau de novidade do produto e o grau de novidade do mercado,

podendo esta ser dividida em quatro estratégias distintas.

O aprofundamento do mercado consiste em aumentar o

mercado através da captação de novos clientes e/ou aumentar o

consumo médio dos clientes actuais. Esta opção não tem

repercussões nas manobras estratégicas da carteira de produtos.

O desenvolvimento do produto consiste no lançamento de novos

produtos para os mesmos mercados de actuação. O alargamento

do mercado consiste na canalização dos produtos actuais para

novos mercados. Por último, a diversificação consiste no

lançamento de novos produtos em mercados ainda não

trabalhados.

PAPEL ESTRATÉGICO DE CADA PRODUTO NA GAMA

O desempenho competitivo da empresa aumentará se cada

um dos produtos integrantes das suas gamas tiver uma função

estratégica específica. Desta forma estará mais protegido face a

eventuais acções dos seus concorrentes, bem como valorizará a

sua oferta comercial.

Os papéis estratégicos a desempenhar pelos produtos na

gama são: produtos líderes, produtos geradores de imagem,

produtos de atracção, produtos quase líderes, produtos reguladores,

produtos tácticos e produtos de abrangência.

5.2. Gestão de um produto

Com base nas decisões estratégicas da carteira de produtos,

o passo sequencial consiste em definir as orientações estratégicas

de cada produto ou linha de produtos. Para maior eficácia na

tomada de decisões é aconselhável realizar, antecipadamente,

uma análise da distribuição das vendas por produto e avaliar o

estádio do ciclo de vida.

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DAS VENDAS

A distribuição das vendas pode ser efectuada com recurso à

análise ABC, que radica na repartição dos produtos em três classes

em função da sua importância. A realização desta análise implica

as seguintes operações – recolha das vendas de cada produto,

determinação do peso acumulado das vendas de cada produto,

determinação do peso das vendas de cada produto no total,

determinação do peso acumulado das vendas de cada produto

no total e a representação da curva de concentração. Será necessário

sistematizar a informação para este procedimento. O grau de

concentração, pode ser mensurável através da participação das

vendas dos primeiros 20% de produtos (zona A), dos 50% de

produtos (zona B) e dos restantes produtos (zona C).

5.2.1. Ciclo de vida dos produtos

Não obstante o modelo do ciclo de vida dos produtos poder

ser utilizado como um dos instrumentos de análise da carteira de

produtos, entendemos como mais eficaz a sua utilização enquanto

instrumento de gestão do produto ou linha de produtos.

aprofundamentodo mercado

desenvolvimentodo produto

alargamentodo mercado diversificação

produtosactuais

novosprodutos

no

vos

mer

cad

os

no

vos

mer

cad

os

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

19

Na génese, o modelo do ciclo de vida identifica quatro grandes

etapas na evolução desses produtos: lançamento, crescimento,

maturidade e declínio. A pertinência de utilização deste modelo

é justificada pelo comportamento heterogéneo das vendas, margem

e acções desenvolvidas pelos concorrentes face ao produto ao

longo da sua presença no mercado. Esta constatação recomenda

a tomada de decisões de gestão diferenciadas em cada uma das

fases referidas, sendo que cada etapa resulta da avaliação do

comportamento das vendas ao longo do tempo.

5.2.2. Inovação e lançamento de novosprodutos

Num contexto económico cada vez mais concorrencial, a

inovação-produto, isto é, a pesquisa, o desenvolvimento e o

lançamento de produtos novos, é para as empresas um meio

essencial de conservação e conquista de faixas de mercado.

O QUE É UM NOVO PRODUTO

A novidade de um produto é determinada pela percepção que

têm dele os indivíduos quando confrontados com essa inovação.

Podem distinguir-se três tipos principais de inovações-produto:

os produtos novos sem progresso tecnológico, as novidades

tecnológicas que não trazem alterações significativas no

comportamento dos consumidores e as inovações

«revolucionárias» criadoras de novos comportamentos de

consumo.

AS FONTES DE IDEIAS DE INOVAÇÃO-PRODUTO

A mais importante condição para ter ideias de produtos novos

é adoptar e conservar permanentemente uma atitude mental de

curiosidade e abertura relativamente ao que nos rodeia e estar

sempre atento aos comportamentos, às expectativas e às frustrações

dos consumidores. Quando se tem este estado de espírito, as

fontes de ideias são múltiplas. Entre as fontes de ideias podem-

-se destacar a área técnica e os centros de pesquisa internos das

empresas, a observação exterior, o estudo dos produtos e das

reacções da clientela, os funcionários podem estar na origem de

novos produtos: caixa de ideias, círculos de qualidade, etc., o

«criativo da casa», os vendedores de inovações e os métodos de

criatividade (por exemplo o brainstorming).

5.3. Política de packing

DEFINIÇÃO E COMPONENTES DA EMBALAGEM

Os termos embalagem, acondicionamento e packaging são

praticamente sinónimos, mas será utilizada a designação

embalagem entendendo-se esta como o conjunto de elementos

materiais que, sem fazer parte do próprio produto, são vendidos

com ele, com o fim de permitir ou facilitar a sua protecção,

transporte, armazenagem, apresentação no linear, a sua

identificação e utilização pelos consumidores.

Distinguem-se geralmente três categorias ou níveis de

embalagem.

A primeira, a embalagem primária, é a que contém cada

unidade de consumo do produto e está em contacto directo com

o produto. O segundo chama-se embalagem secundária (ou de

reagrupamento), que agrupa várias unidades de consumo do

produto para fazer uma unidade de venda. O terceiro nível, a

embalagem terciária (ou de manutenção), é a que permite

transportar um certo número de unidades do produto da fábrica

para os pontos de venda.

AS FUNÇÕES DA EMBALAGEM

As funções da embalagem podem ser reagrupadas em duas

grandes categorias: as funções técnicas e as funções de

comunicação.

Como funções técnicas podem-se referir a protecção e

conservação do produto, a comodidade de utilização, a facilidade

de transporte, de armazenagem, de arrumação e de eliminação

e a protecção do ambiente. Em relação às funções de comunicação

é importante salientar o impacto visual (ou função de alerta), o

reconhecimento, a identificação, a expressão do posicionamento,

a informação ao consumidor e o impulso da compra.

TESTES DE EMBALAGEM

Tal como os testes de produto permitem medir as qualidades

intrínsecas do produto, também os testes de embalagem permitem

medir o grau em que esta responde às diferentes funções que se

pretendem que assuma.

Conforme a natureza das performances que se procura medir

há três grandes famílias de testes disponíveis – os testes de

impacto visual, de reconhecimento e de identificação, os look-

-tests e os testes relativos às funções «técnicas».

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

20

5.4. Pricing

O PREÇO É UMA VARIÁVEL PARTICULAR NO MARKETING-MIX

As três outras grandes variáveis do marketing-mix (produto,

distribuição e comunicação) criam valor de utilização ou de

imagem, enquanto a variável preço, para além de também poder

contribuir para a imagem, pretende transformar esse valor em

lucro para a empresa.

O preço distingue-se das outras variáveis do mix ainda noutros

pontos:

• É uma variável completamente abstracta, enquanto

às outras correspondem programas, realizações,

especialistas, até mesmo verdadeiros profissionais

(distribuidores, agências de publicidade, de marketing

directo, de comunicação e relações públicas, etc.);

• Contrariamente às outras variáveis, todas as decisões

sobre o preço podem ter uma aplicação com efeito

imediato. São necessários vários meses para construir

uma campanha de publicidade, diversos anos às vezes

para desenvolver um novo produto ou criar uma rede

de distribuição. Pode-se modificar um preço de modo

instantâneo;

• As vantagens de uma política de preço não são

protegidas, e é possível, a cada instante, ser-se imitado

ou ultrapassado pela concorrência. Contudo, uma

estrutura de custos realmente competitiva permite ter

uma política de preços muito concorrencial, que

desincentiva a guerra de preços, por os concorrentes

não estarem interessados em ter prejuízos no longo

prazo.

O PREÇO É UMA VARIÁVEL ESTRATÉGICA

Fixar o preço de um produto, no momento do seu lançamento,

é uma decisão altamente estratégica: é o posicionamento, a

imagem do produto e todo o seu futuro económico que estão em

jogo. Desta decisão depende a importância do segmento a atingir

e a natureza das reacções da concorrência.

A decisão sobre o preço de lançamento é fundamental, pois

implica toda a política posterior de preço. Não se pode rever

facilmente um preço, se dermos conta de que, após algumas

semanas de venda, nos enganamos. É difícil subir um preço. É

mais fácil diminui-lo, mas isso pode ser irreversível. Uma marca

de luxo que democratize os seus preços pode ser, em seguida,

incapaz de os aumentar, pois a sua imagem terá sido defi-

nitivamente atingida.

OS MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DOS PREÇOS: CUSTOS, PROCURA E CONCORRÊNCIA

Em muitas organizações, a estratégia do preço é determinada

pela estratégia da empresa. Os aspectos que têm a ver directamente

com os especialistas do marketing estão essencialmente no âmbito

da táctica e da promoção das vendas através do preço. Vista sob

este ângulo, a variável preço pode parecer uma das partes menos

apaixonantes da função de um chefe de produto ou de um director

de marketing. Contudo, todas as decisões sobre os preços, quer

sejam tácticas ou estratégicas, partem de um conjunto complexo

de factores, que se podem agrupar à volta de três factores: os

custos, a procura e a concorrência.

Existe o hábito, nas empresas, de repartir os custos por

produtos para fixar o preço de venda, o que parece ser, a priori,

uma sequência completamente lógica.

O marketing introduziu um outro ponto de vista: é preciso

partir da procura, para saber a que preço o consumidor está pronto

a comprar, e em que quantidades. Conhecendo este preço, que

se designa por preço psicológico ou preço de aceitação, calcula-

-se a margem que ele deixa, tendo em conta o preço de custo. Se

esta margem é negativa ou insuficiente, é preciso reduzir o preço

de custo ou renunciar à comercialização do produto.

As duas abordagens, através do custo e através da procura,

não são antagónicas, são complementares, e devem, além disso,

ter em consideração a política de preços da concorrência. Na

prática, as empresas raramente seguem uma abordagem completa.

Elas têm tendência, segundo os casos e o grau de sofisticação da

sua gestão, em fixar os preços a partir de elementos parciais do

preço de custo, a partir do preço do concorrente mais importante,

ou mesmo a partir da ideia, muitas vezes vaga, que têm da sensibili-

dade dos consumidores.

A relação entre os preços e a rentabilidade é difícil de determinar,

pois os preços determinam a rentabilidade, que é função do preço

de custo, ele próprio função das quantidades vendidas, que

dependem do preço.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

21

6.1. Introdução

A definição de uma política de comunicação e marketing tem

por objectivo posicionar a empresa, planear e orientar acções para

a criação de trocas produtivas com a envolvente social. Assim, a

política de comunicação e marketing deve definir as estratégias

e canais para uma comunicação eficiente.

A Comunicação pode ser definida como o conjunto de sinais

emitidos pela empresa em direcção aos seus clientes, aos

distribuidores, aos lÍderes de opinião, aos prescritores e a todos

os outros alvos. A Publicidade é um dos meios para o atingir, mas

não é o único. Existem outros, como as relações públicas, a força

de vendas, o packaging dos produtos, as promoções de vendas,

o merchandising, etc.

Cada instrumento é mais ou menos eficaz, segundo o tipo de

produtos a promover, a natureza do objectivo a atingir, a distribuição

a utilizar ou o orçamento disponível.

Assim, a comunicação surge hoje em dia como um elemento

essencial para a vida e o negócio de qualquer empresa. Mais do

que isso, a comunicação – ou a matéria-prima que lhe dá origem,

a informação – é uma força estruturante da nossa sociedade.

Entramos assim na “sociedade de informação”.

A realidade é que os desenvolvimentos permitidos pelas novas

tecnologias transcenderam em muito o âmbito das mesmas e

criaram as bases de uma verdadeira revolução em tudo comparável

à revolução industrial. Actualmente, cada indivíduo tornou-se no

“centro dos acontecimentos”, ao poder ligar-se à imensa rede de

circulação de informação que nos rodeia (não apenas a internet,

mas também os telemóveis, a televisão digital e os diversos

conteúdos e serviços que circulam nestes suportes) e fazer as

suas próprias escolhas, juntar-se a quem tenha interesses

semelhantes, apresentar ao mundo as suas ideias.

Concluindo, comunicar é, decididamente, (saber) optar.

6.2. O Processo de Informação

Comunicar é tornar comum uma informação, uma ideia, uma

atitude. Para tal, são necessários os quatro elementos apresentados

na figura seguinte:

Na definição da política de comunicação deve-se ter em

consideração quem comunica, a quem, o que comunica, como e

com que resultados. A resposta a estas questões permite um bom

diagnóstico da comunicação da empresa, que será ainda mais

completo se lhe juntarmos o estudo do orçamento de comunicação

e a análise das acções da concorrência.

6.3. Princípios essenciais para uma boa comunicação de marketing

Para uma boa comunicação de marketing deve-se atender a

determinados princípios-chave:

Não querer dizer demais - Quanto mais complexa é a

mensagem emitida menos oportunidades tem de ser

percebida, compreendida e retida pelo receptor;

A repetição e a redundância - É necessário repetir a mesma

mensagem, vezes sem conta, para que ela tenha uma

hipótese de se impor num universo tão concorrencial;

A continuidade e a duração - Todos os grandes exemplos

de comunicação com sucesso têm em comum a

continuidade: o mesmo posicionamento, a mesma

promessa, o mesmo estilo, muitas vezes os mesmos

media e por vezes a mesma agência;

A coerência global - É necessário assegurar a unidade

ou pelos menos a coerência das mensagens emitidas,

que devem ser convergentes ou complementares, e não

contraditórias: a comunicação institucional e as

comunicações de produto devem apoiar-se mutuamente;

A obrigação da verdade - Devem ser respeitados os

princípios de verdade do produto, da empresa e dos

consumidores.

6.4. A Arquitectura da Comunicação

6. Política de Comunicação

o sistema de comunicação

emissor receptormensagem

feed-back

a arquitectura de uma política de comunicação

sistema deidentificação

sistema de auditoriae controlo

sistema decomunicação

comercial

sistema decomunicaçãode pertença

política de nomes e marcassistema de identificação

sonora e visual: logotipoe linha gráfica

comunicação externacomunicação institucional

comunicação financeiracomunicação de recrutamento

comunicação internacomunicação biunívoca

com os colaboradores

estudo da comunicação da empresae da dos seus concorrentes

controlo da eficáciados programas

da notoriedade à imagem e à vendainside/outsidepublicidade “produtos e marcas”promoção do vendasmarketing directomerchandising

inside/outsideatendimento pessoalatendimento telefónico

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

22

PRINCIPAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DA EMPRESA

Vários são os meios de comunicação à disposição da empresa.

De entre aqueles que são controlados internamente destacam-se

a publicidade, seja através da utilização dos mass media ou da

Internet, e a publicidade nos pontos de venda; a comunicação

não publicitária, como é o caso das relações públicas, o sponsoring

e as publicações e sites institucionais; e outros meios de acção

de marketing com forte conteúdo de comunicação como a força

de vendas e o merchandising.

Em relação às fontes não controladas pela empresa destacam-

-se os prescritores, os distribuidores, a imprensa, o passa-palavra

e os news groups na Internet.

6.5. Elaboração de uma estratégiade Comunicação

A COMUNICAÇÃO AO NÍVEL DO MARKETING –AS OPÇÕES DA COMUNICAÇÃO

Privilegiar as despesas de comunicação com os media é

acentuar o esforço pull, é desenvolver uma imagem, ou seja é

apostar numa política a médio e longo prazo. Privilegiar o below

the line, isto é, a promoção, é jogar no curto prazo e no rendimento

imediato, mais do que na notoriedade da imagem.

Uma vez compreendido o objectivo da informação poderemos

constituir o mix de comunicação a utilizar. Cada um dos meios

de comunicação é mais ou menos bem adaptado a diferentes

alvos e a diferentes objectivos.

A COMUNICAÇÃO AO NÍVEL DA EMPRESA

A empresa pode também ser um importante vector de

comunicação: por um lado pela sua aparência exterior (ou sua

«identidade visual»), por outro, através do seu pessoal e dirigentes.

A identidade visual da empresa

A identidade visual da empresa é tudo o que o público, especialmente

os clientes, podem ver dela. Os principais elementos de identidade

visual de uma empresa são os locais e os símbolos gráficos.

• Os locais da empresa: a sua importância como vector de

comunicação é particularmente importante nas empresas de

serviços, como os bancos, que recebem frequentemente os

seus clientes. Nestes casos, a arquitectura exterior dos locais,

a sua arrumação interior, a decoração e o mobiliário têm um

papel importante na formação da imagem da empresa,

sugerindo, conforme o caso, o prestígio, a segurança, a discrição,

a eficácia, o modernismo ou a tradição.

• Os símbolos gráficos: trata-se essencialmente do logotipo,

que se encontra no papel de carta, no packaging, nos camiões de

entrega, etc. Procura-se dar uma coerência e uma atractividade a

todos estes factores de comunicação através das técnicas de

sinalética. Trata-se de construir um «sistema de identificação visual

e sonoro - escolha dos nomes, política de marcas, criação de uma

identidade gráfica: logótipo códigos de cores, linha gráfica, livro

de normas a respeitar, etc.» As decisões acerca da sinalética devem

ser estritamente respeitadas.

Etapas para a elaboração da Estratégia de Comunicação

1. Auditoria de Comunicação

• Diagnóstico sobre os subsistemas de comunicação;

• Hierarquização dos principais problemas de comunicação.

2. Definição de uma política de comunicação

• Esquema director da imagem a médio/longo prazo;

• Definição do papel da comunicação de marketing no sistema

de comunicação da empresa.

3. Da estratégia de Marketing à Estratégia de Comunicação

• Definição do papel da comunicação no marketing-mix;

• Objectivos da Comunicação;

• Alvos da Comunicação;

• Escolha de um conceito de comunicação.

4. Mix da Comunicação

• Ponderação entre os diferentes meios de comunicação a

utilizar;

•Estratégia de comunicação: orçamento global e repartição

de acordo com as técnicas utilizadas.

5. Concepção dos Programas de Comunicação

• Publicidade nos media;

• Comunicação “vencedora”: promoção, marketing directo,

embalagem, merchandizing, etc.;

• Relações públicas, mecenato, relações com a imprensa.

6. Realização dos Programas

7. Medição dos resultados e correcção dos desvios

INVESTIMENTOS DE PROMOÇÃO E OUTROS• marketing directo• patrocínio, Mecenato• relações públicas• salões, feiras, exposições• promoções• internet

nos mediaou

above the line

fora dos mediaou

below the line

INVESTIMENTOS PUBLICITÁRIOS• imprensa• tv• outdoors• rádio• cinema• internet

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

23

7.1. Enquadramento

“Canais de distribuição” é uma das áreas mais importantes

do marketing e de vendas. É também uma das mais complexas.

A área de vendas por meio de canais indirectos é altamente

dinâmica, oferecendo um dos maiores desafios para os profissionais

de marketing e vendas. Os mercados estão em rápida mudança,

fazendo com que oportunidades de negócio surjam tão rapidamente

que a arquitectura do canal de uma empresa pode transformar-

-se completamente em menos de um ano.

Compreender as razões pelas quais muitas estratégias de canais

são bem-sucedidas ou fracassam é vital para se reduzir custos e

ganhar eficiência na implementação de sistemas de vendas indirectas.

7.2. Os Distribuidores

O CONCEITO DE DISTRIBUIÇÃO

O conceito de distribuição pode ser decomposto e interpretado

segundo duas perspectivas distintas – na perspectiva da distribuição

física (aspectos logísticos, transporte, etc.), e na perspectiva das

variáveis que compõem o marketing-mix dos produtores.

A distribuição deverá ser analisada tendo sempre em consideração

as variáveis produto, preço e comunicação, sabendo que qualquer

decisão tomada sobre cada uma das restantes variáveis tem efeitos

directos na distribuição, sendo o inverso também verdadeiro.

FUNÇÕES DOS DISTRIBUIDORES

Independentemente do facto de serem realizadas por

intermediários ou pelos próprios produtores, as funções da

distribuição podem ser divididas em dois tipos principais: a

distribuição física e os serviços.

A decomposição das funções da distribuição permite pôr em

evidência o objecto da distribuição – saber qual a entidade que está

em melhores condições para assegurar essas funções: o próprio

produtor, os armazenistas, os prestadores de serviços (como os

transportadores), os retalhistas ou os próprios consumidores.

As funções dos distribuidores ao nível físico podem dividir-

-se em funções de transporte, armazenamento e manutenção. Ao

nível dos serviços prestados têm como funções a constituição de

uma oferta comercial, a recolha e transmissão de informações, a

venda, o pós-venda e as funções financeiras que facilitam o

pagamento aos clientes.

CARACTERIZAÇÃO DOS DISTRIBUIDORES

Os mecanismos de funcionamento dos intervenientes nos

canais de distribuição assentam sob modelos económicos de

rentabilidade. No entanto, as bases do seu funcionamento regem-

-se pela rentabilidade dos distribuidores e, consequentemente, do

capital investido.

Na realidade, para o produtor, qualquer acção desenvolvida

sobre os preços, os produtos, a política de promoção, de

comunicação, ou serviços, poderá ter repercussão imediata sobre

a rentabilidade da distribuição. No entanto, em função das políticas

que mais interessam a cada canal, os produtores deverão dirigir

prioritariamente as suas acções para uma ou outra variável.

7.3. A remuneração da distribuição

A análise das formas de remuneração dos distribuidores em

função das margens, pode ser caracterizada pela margem – para

desenvolverem as suas funções, os distribuidores necessitam de

uma margem, que serve para cobrir os custos de distribuição física

(custos operacionais), os custos comerciais (marketing, publicidade,

vendas e serviços), os custos financeiros e o lucro do distribuidor;

pela facturação – para tentar controlar as margens, alguns

produtores têm tendência a facturar aos intermediários o preço

de venda ao público (exemplo: electrodomésticos) e, em seguida,

conceder um desconto equivalente à margem desejada. Deve ter-

-se em consideração a Lei da Concorrência que impede os

produtores de fixar preços aos seus distribuidores; e pelos descontos

– para além das margens propriamente ditas, os produtores

podem acordar outro tipo de condições, que se podem dividir em

dois grupos: as condições gerais, que fazem parte das tabelas de

preços, e as condições negociadas com cada distribuidor.

7.4. A selecção de um canal

7.4.1. Tipos de canais

Existem diversas formas de classificar os canais de distribuição

em função da especificidade de cada sector ou das características

de cada negócio.

7. Políticas de Distribuição

grossista retalhista

retalhista

grossista instalador

PRODUTOR CONSUMIDOR

agente importador

retalhista

venda directa

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

24

Uma rápida aproximação às tipificações mais correntes indica-

-nos que os canais podem ser classificados pela respectiva extensão

(curto ou longo), pelo sortido, pela dimensão da superfície de

venda, pelo tipo de organização, pelas margens praticadas, etc.

No entanto, atendendo às necessidades específicas de

condução e gestão dos canais de distribuição, é conveniente

classificá-Ios de acordo com os seguintes critérios.

Locais de venda – A agregação dos canais de distribuição por

locais de venda pode ser decomposta em função da existência ou

da ausência de um ponto de venda (loja) e/ou de contacto directo

com o interlocutor (vendedor).

Métodos de venda – As condicionantes ligadas à modalidade

de entrega do produto ao cliente – ou as vantagens daí resultantes

– constituem um factor a considerar na escolha do canal que mais

interessa à empresa, em função dos métodos de venda com

entrega imediata ou diferida.

Tipos de produtos – A identificação do canal de distribuição

mais adequado à especificidade de cada empresa/negócio pode

ainda ser ponderada com base na tipificação e posicionamento dos

produtos a distribuir. Genericamente, esta agregação é decomposta

em produtos de comodidade, de comparação e de convicção.

Sistemas verticais/horizontais de marketing – A diversificação

das formas de intermediação é consequência da incessante busca

de novos patamares de racionalidade económica no âmbito dos

modelos de gestão dos circuitos de distribuição. Para além dos

circuitos tradicionais, através dos quais produtores, grossistas e

retalhistas negoceiam o melhor possível as condições de venda

e de compra, merecem uma nota de registo as novas formas de

organização decorrentes dos sistemas verticais e horizontais de

marketing.

Sistemas verticais de marketing – Os sistemas verticais de

marketing caracterizam-se por serem circuitos centralizados,

visando reduzir custos de exploração e optimizar a relação com

o mercado. Por definição, os sistemas verticais podem ser

integrados, controlados e contratuais.

Sistemas horizontais de marketing – O objectivo deste tipo de

canais de distribuição é o estabelecimento de alianças provisórias ou

permanentes entre várias empresas que trabalham no mesmo sector

e que possuem vocações idênticas. Estas alianças podem materializar

a colaboração em determinadas funções (exemplo, compras,

transportes) ou até passar pela criação de filiais comuns. É o caso

das cooperativas alimentares de pequenos retalhistas de uma região.

7.4.2.Distribuição directa e indirecta

As funções da distribuição podem ser executadas pelo próprio

produtor (distribuição directa) ou entregues a agentes terceiros

especializados, designados canais de distribuição (distribuição

indirecta). Ao equacionar as vantagens e inconvenientes inerentes

a cada uma daquelas opções, há que considerar as respectivas

vantagens e inconvenientes específicos que sumariamente são

apresentados no quadro abaixo.

Apresentadas as principais condicionantes da distribuição directa

e/ou indirecta, a análise deve então centrar-se na avaliação da

extensão adequada do canal (curto ou longo). Para facilitar esta

análise são apresentados no quadro a seguir os principais factores

condicionantes da extensão do canal, devendo estes factores devem

ser ponderados em função das características de cada empresa.

DIRECTA INDIRECTA

Investimento Exige um investimento Exige menos recursos financeiros,financeiro elevado e de longo prazo o que confere flexibilidade

Controlo Permite um maior controlo Delega funções de vendasobre a venda e o serviço e serviço a terceiros

Conhecimento Produtor conhece melhor os O distribuidor conhece melhor osproduto/mercados seus produtos (imagem de especialista) seus mercados específicos

(mais perto dos clientes)

Recolha de informação Contacto mais estreito com o mercado O distribuir pode constituir umapermite uma melhor recolha de barreira que impede a passagem deinformações sobre o terreno informações sobre o mercado

Recursos Humanos Requer recursos humanos próprios As funções são asseguradaspara assegurar as funções de distribuição pelos recursos humanos de terceiros

VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS OPÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

25

7.5. Preparação Organizacional

Uma empresa que pretende efectuar a selecção de

distribuidores deve, em primeiro lugar, estabelecer com clareza

como serão suas políticas de distribuição e como elas se vão

desenvolver, assim como a forma como estas políticas se relacionam

com as outras políticas comerciais da empresa.

Políticas de produtos – para a maioria dos produtos (bens de

consumo de uso ordinário) é aconselhável que a distribuição seja

a mais abrangente possível. Por outro lado, para produtos de

segmento de mercado alto (artigos de luxo), é mais conveniente

procurar um efeito de imagem e uma adaptação dos canais e

pontos de venda, diferentes desses de carácter volumoso.

Políticas de preços – É necessário identificar os canais de

distribuição que, em condições semelhantes, trabalhem com

margens comerciais mais altas. As modalidades de distribuição,

de acordo com os pontos de venda são três:

1. Aberta ou intensiva – quando o exportador quer

colocar a maior quantidade possível de produtos, em

um número maior de pontos de venda para,

logicamente, conseguir uma alta comunicação com o

mercado consumidor.

2. Selectiva – o exportador reduz o número de

armazenistas para adquirir uma cooperação maior.

3. Direito exclusivo – o exportador opta por um único

comerciante, distribuidor ou armazenista e não permite

a comercialização de outros produtos da mesma família.

CANAL MAIS CURTO CANAL MAIS LONGO

Produtos de valor unitário elevado Produtos de baixo valor unitário

Linha de produtos larga Um único produto a distribuir

Bens industriais Bens de consumo

Produtos tecnicamente complexos Produtos tecnicamente simples

Produtos não perecíveis Produtos perecíveis

Produtos no início do ciclo de vida Produtos no fim do ciclo de vida

Produtos com imagem forte Produtos indiferenciados

Inexistência de intermediários competentes Existência de intermediários competentes

Produtos que necessitam de serviços Produtos que não necessitam de serviços

Concentração (geográfica) dos clientes Dispersão (geográfica) dos clientes

Reduzida frequência de compra Elevada frequência de compra

Pequeno número de clientes Grande número de clientes

Pequeno número de concorrentes Grande número de concorrentes

Produtos fabricados por encomenda Stock de produtos

Prazo de entrega longo Entrega imediata

FACTORES CONDICIONANTES DA EXTENSÃO DO CANAL

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

26

8.1. Organização da força de vendas

8.1.1. As funções da força de vendas

As funções da força de vendas podem ser classificadas face

ao tipo de actividade a desenvolver, segundo os níveis de

desenvolvimento dos clientes e as tarefas específicas a executar.

Segundo os níveis de desenvolvimento dos clientes – segundo

esta orientação, as funções da força de vendas serão diferentes se se

tratar de um cliente potencial (prospecto) ou se for um cliente já

antigo e fiel à empresa. A classificação dos clientes pode assumir

cinco categorias: Prospectos em que as funções da força de vendas

são a sua identificação, a avaliação do seu potencial e a abordagem;

os Adormecidos, em que a força de vendas deverá conquistar, recuperar

e dinamizar; os Ocasionais, em que se deverá fidelizar e dinamizar,

os Bons clientes que deverão ser desenvolvidos e dinamizados; e os

clientes com Interesse Estratégico que devem ser mantidos.

Segundo as tarefas específicas a executar – segundo esta

perspectiva, as funções da força de vendas podem assumir as

seguintes atribuições: Prospecção; Informação e comunicação ao

cliente; Feedback de informações do terreno; Formação dos

distribuidores; Preparação e execução de uma proposta específica

(trabalho sob medida); Apoio/ajuda à revenda; Serviços pós-venda

e Acompanhamento de cobranças.

8.1.2. A capacidade da força de vendas

A dimensão da força de vendas é essencialmente determinada

pelos objectivos do volume de vendas a realizar e, tendo em

consideração as características do produto/serviço, pela incidência

do número de visitas necessárias à concretização desses objectivos.

O número de visitas, por sua vez, é calculado em função do

número de clientes em carteira e em função da frequência das

visitas a efectuar aos clientes, sabendo-se que a frequência de

visitas varia consoante o tipo de produto e/ou serviço (característica

da empresa) e os próprios clientes.

Para além dos aspectos referidos devem-se ter em conta alguns

factores externos à empresa que intervêm no cálculo da dimensão

da força de vendas, tais como, entre outros, a pressão concorrencial,

a eficiência da força de vendas e as tendências do mercado.

8.1.3. A estrutura da força de vendas

De acordo com os modelos de organização mais utilizados,

a estrutura da força de vendas pode ser estabelecida por área

geográfica, por produtos ou por clientes.

A estrutura por área geográfica é a mais simples e a mais

económica. Segundo este critério, o vendedor é responsável pela

venda de todos os produtos a todos os tipos de clientes num

território determinado. A divisão geográfica tem a vantagem de

ser objectiva e de minimizar os custos de deslocação de cada

membro da força de vendas. No entanto, obriga a que o vendedor

seja conhecedor de todos os produtos da empresa.

A organização da força de vendas em função da estrutura dos

produtos revela-se mais apropriada, no caso da gama de produtos

ser mais heterogénea e exigir aos vendedores conhecimentos

técnicos mais específicos.

A estrutura por clientes adquire especial relevância quando

existem vários tipos de clientes com necessidades marcadamente

distintas e comportamentos de compra específicos.

8.1.4. Tipo de contrato de vendedores

A força de vendas pode integrar vendedores cuja relação com

a empresa pode ser caracterizada em função de dois estatutos.

Os vendedores exclusivos (com contrato e vínculo à empresa) e

os vendedores comissionistas. Este estatuto tem a vantagem de

ser mais flexível porque não apresenta custos fixos, apesar de

suscitar dificuldades acrescidas na gestão e controlo da actividade

de vendas.

8. 2. Planear as actividades de venda

Uma das atribuições centrais do gestor de vendas, pelo forte

impacto que tem nos resultados, reside no planeamento da

actividade de vendas.

Quando a equipa já se encontra rodada e em "velocidade de

cruzeiro" o plano das actividades de venda deve ser concebido

até ao momento em que se prepara o plano de acção e o orçamento

do ano subsequente. Para a elaboração do planeamento das

actividades de venda há que equacionar, sucessivamente, a definição

de objectivos face à estratégia estabelecida, o planeamento da

actividade e o controlo periódico da performance dos vendedores.

8.2.1. Definir objectivos

O estabelecimento de objectivos constitui um dos aspectos

mais críticos do planeamento de vendas, porque se traduz na

definição de metas individuais e da equipa que constituem o

referencial central do desempenho na actividade de vendas.

A definição de objectivos facilita ainda, à posteriori, a detecção

de desvios e a consequente análise por área geográfica, por sector,

por tipo de clientes ou por vendedor.

Em muitas empresas a fixação de objectivos está directamente

relacionada com a componente variável da remuneração dos

8. Função Vendas

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

27

vendedores, tendo, por isso, forte repercussão na motivação da

equipa de vendas.

8.2.2.As actividades de vendas

Sobretudo para os clientes cuja vontade de compra não é

possível controlar deve ser efectuado o planeamento da actividade

de venda de um modo mais eficaz. Assim, o esforço de gestão

das equipas de vendas deve incidir nas actividades a montante

da venda, porque estas determinam forçosamente os resultados

alcançados.

A actividade de vendas pode apresentar características diversas.

Algumas delas têm um impacte significativo sobre as vendas na

quase totalidade das empresas, tais como o número de visitas a

realizar, a preparação dos contactos, a elaboração de propostas

e a calendarização dos acompanhamentos a vendedores.

Há, contudo, outro tipo de actividades que são específicas à

natureza de actuação de cada sector, como sejam o número de

telefonemas e de marcação de entrevistas no sector segurador, o

número de demonstrações nos bens de equipamento, o número

de propostas nos equipamentos de escritório, o espaço e a posição

ocupada nas prateleiras das lojas nas empresas produtoras de

bens de grande consumo e o número e valor das retomas no

sector automóvel.

O planeamento das actividades deve ser acompanhado pela

definição de padrões de performance para a equipa de vendas,

para que cada vendedor tenha uma ideia clara do que a empresa

espera dele no âmbito da sua actividade diária.

As actividades de vendas devem ser apoiadas por um sistema

de informação que permita ao vendedor avaliar a sua própria

actividade e, simultaneamente, sirva ao responsável de vendas

para controlar a evolução da actividade diária respectiva. Por outro

lado, o sistema de informação permitirá efectuar a análise do

desempenho regular da equipa e daí retirar conclusões sobre as

medidas a tomar para incrementar os resultados.

Este sistema de informação pode integrar, por exemplo, os

seguintes suportes básicos - plano diário, caracterização de cliente,

check-list de preparação de entrevista, folha de levantamento de

informações sobre a concorrência, folha de planeamento semanal

da actividade e relatório diário da actividade.

Cabe referir que se torna fundamental que o gestor de vendas

avalie continuamente as actividades dos vendedores. De nada

serve estabelecer padrões de performance se em seguida não

existir uma verificação regular.

8.3. Acompanhamento da actividade de vendas

O controlo da actividade de vendas e os múltiplos indicadores

de performance neste domínio são de capital importância.

Para conhecer os pontos fortes e fracos de cada vendedor e,

consequentemente, da equipa de vendas, é necessário efectuar

a avaliação da performance. As vantagens de constituir um sistema

de controlo da actividade de vendas repercutem-se tanto ao nível

do desempenho do vendedor, como no plano da gestão da força

de vendas.

No entanto, para que se possa obter um acompanhamento

eficaz da actividade de vendas, torna-se indispensável ter presentes

dois pressupostos – o ambiente e as condições em que o controlo

irá ser efectuado e os métodos de controlo utilizados.

8.3.1. Pressupostos para um acompanhamento de vendas eficaz

O sucesso de qualquer política de acompanhamento de vendas

passa pela sua aceitação junto da equipa de vendas, pelo que a sua

implementação deve ser cuidada e preparada não só pelos responsáveis

da organização, mas também com o recurso aos próprios

intervenientes, responsáveis pelas vendas e sobretudo vendedores.

8.3.2. Os métodos de acompanhamentoutilizados

O sistema de auto controlo – O acompanhamento efectuado

pelo próprio vendedor, sendo as principais vantagens o aumento

do sentido de responsabilidade e a introdução de maior eficácia

de controlo sobre a actividade/tempo de cada vendedor; e a

elevação da motivação dos vendedores, porque apreciam, em

primeiro lugar, a sua performance.

O sistema de acompanhamento pelo responsável directo –

Consiste numa forma de acompanhamento efectuado pelo

responsável directo através do controlo regular dos seus vendedores,

apercebendo-se, no terreno, da qualidade do seu trabalho. É uma

apreciação sobre a forma de executar as práticas utilizadas, e não

sobre os resultados.

O sistema de acompanhamento por informações – Este sistema

vulgarmente utilizado permite efectuar à posteriori a análise de

informação qualitativa e quantitativa de uma forma sistemática

e objectiva, a fim de servir de base a acções correctivas apropriadas.

O sistema de acompanhamento por parte do responsável directo

através de amostragem – Em situações específicas, esta forma de

controlo deve ser realizada a fim de permitir ao responsável directo

avaliar da concretização ou não das suas directrizes, assumir diversas

formas, como por exemplo, pedir aos vendedores que enviem dos

locais onde se encontram, relatórios por fax ou que os mesmos

efectuem telefonemas periódicos.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

28

9.1.Introdução

O marketing directo surgiu tendo como objecto a venda de

livros. Entretanto, foi alargando o seu âmbito de acção para outras

áreas como a venda de vestuário ou até mesmo de serviços

financeiros. Podemos hoje identificar um conjunto diversificado

de sectores de actividade que recorrem habitualmente ao marketing

directo (governo, editoras, serviços financeiros, retalho), e os

países mais desenvolvidos indicam-nos que muitos mais sectores

utilizarão este meio de comunicação para contactar com os seus

alvos.

O objectivo prioritário das empresas passou a ser, e uma vez

conquistado um cliente, o da sua fidelização, o torná-lo, doravante,

um cliente activo. Para tal é necessário ter um conhecimento mais

preciso de cada um. Torna-se imprescindível comunicar, de forma

cada vez mais personalizada com o cliente, de forma a conhecer

melhor as suas necessidades e as suas preferências, com o

objectivo de, finalmente, se poder oferecer a solução que lhe é

mais adequada. É neste contexto que o marketing one-to-one surge

como o método de marketing mais eficaz, que tende

progressivamente a substituir o marketing de massas.

Na realidade, as características próprias do marketing directo

posicionam-no como «o meio certo» sempre que se pretende

atingir um segmento específico de mercado bem definido. O

marketing directo é selectivo, personalizado, apela à acção e as

campanhas de marketing directo são mensuráveis.

9.2. As principais formas do marketingdirecto

As principais formas do marketing directo são:

• O correio directo (direct mail ou mailing);

• O telemarketing também denominado por marketing

telefónico;

• Direct response advertising (DRA), que consiste em

apresentar produtos, quer numa emissão televisiva,

quer através de anúncios de imprensa, possibilitando

uma resposta/encomenda imediata por telefone.

A venda por correspondência e à distância (VPCD) esteve na

origem do marketing directo. Utiliza, principalmente, as técnicas

do mailing, mas também as do telefone e telemática (videotexto,

Internet e televisão interactiva) e pode apresentar-se de cinco

formas principais - o envio periódico de catálogos, a venda por

clubes, a venda por correspondência ou coup par coup (one-shot),

o comércio electrónico, e o Kiosk marketing.

9.3. As especificidades das técnicas de marketing directo

Apesar de apresentarem algumas diferenças entre elas, as

técnicas de marketing directo evidenciam um certo número de

características comuns:

• São fundamentalmente um meio de comunicação, e

são complementares de outras acções de marketing,

como a distribuição;

• Destinam-se a estabelecer relações directas,

personalizadas e continuadas entre uma empresa e os

seus clientes ou prospects;

• São interactivas, na medida em que permitem uma

comunicação nos dois sentidos;

• Têm sempre por objectivo a obtenção de uma resposta

concreta e imediata;

• São mensuráveis, pelo que permitem tirar conclusões

sobre a sua eficácia e rentabilidade;

• São selectivas, uma vez que se dirigem a um target

bem determinado e pré-definido.

9.4. Legislação

A rápida e crescente evolução das técnicas de marketing directo

tem levantado vários problemas éticos e deu origem a legislação

e códigos de conduta que visam proteger os cidadãos das acções

empreendidas pelas empresas, que nem sempre respeitam os

seus direitos.

A área mais delicada situa-se ao nível da base de dados, por

vezes obtidas de modo ilícito. Assim, foi constituída em 1994 a

Comissão Nacional de Protecção de Dados Pessoais

Informatizados, uma entidade pública independente que tem

como competências controlar o processamento automatizado de

dados pessoais, em rigoroso respeito pelos direitos, liberdades

e garantias dos cidadãos consagradas na Constituição e na Lei

nº 67/98. Qualquer empresa que queira constituir uma base de

dados pessoais, é obrigada a legalizá-la, apresentando uma

proposta junto desta Comissão.

A publicidade domiciliária por via postal, distribuição directa,

telefone e telecópia foi regulamentada recentemente (Lei nº 6/99),

estando a ser adaptadas medidas que restringem a sua utilização

por parte das empresas e organizações.

9.5. Importância crescentedo marketing directo

A abrangência do marketing directo é bastante elevada, tanto

na diversidade dos meios a que recorre, como no número de

empresas que o utilizam, como, ainda, na multiplicidade de

objectivos que serve.

9. Marketing Directo

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

29

Em Portugal, este conceito deixou de ser «uma forma de

vender livros pelo correio» e tornou-se um processo de

comunicação incontestável, ao qual recorrem cada vez mais

organizações de diferentes sectores.

Inicialmente, apenas algumas empresas recorriam às técnicas

de marketing directo, de uma maneira exclusiva, para vender os

seus produtos.

Actualmente, são muitas as empresas que utilizam o marketing

directo complementarmente com outros meios de comunicação

ou de venda. A esta utilização estratégica de diversos meios,

atribui-se geralmente o nome de Integrate Direct Marketing (IDM),

que pretende criar uma estratégia de marketing directo global,

onde a informação em cada um dos meios complementa a dos

outros meios.

9.6. Factores essenciaispara a implementaçãodo marketing directo

9.6.1. A base de dados

Uma base de dados bem desenvolvida é, sem dúvida, um dos

maiores activos de qualquer empresa e uma ferramenta

fundamental para o marketing directo, pois cada cliente que se

ganha representa um investimento que deve ser rentabilizado.

Assim, o conhecimento dos hábitos e comportamentos dos

clientes, passíveis de ser registados numa base de dados, permite

individualizar a comunicação e as ofertas comerciais, tendo como

consequência uma melhor taxa de resposta e uma maior satisfação

do cliente.

Podemos então definir a base de dados como um conjunto

sistematizado de informação, processada informaticamente em

ficheiros, sobre cada cliente ou prospect, organizada de uma forma

sistemática e de acordo com as necessidades específicas de cada

organização

FONTES PARA A CONSTRUÇÃO DAS BASESDE DADOS

Existem duas formas distintas de constituir uma base de

dados: a criação da base própria da empresa e o recurso ao serviço

de terceiros. Relativamente à hipótese da compra da base de dados

existem as seguintes alternativas: a compra de ficheiros externos,

o aluguer, a troca de ficheiros.

Existem ainda outras alternativas para a constituição das bases

de dados: listas em livre acesso (por exemplo as listas telefónicas,

listas de antigos alunos, anuários, associações profissionais, listas

de eleitores, censos, etc.), e os mass-media.

A GESTÃO E A UTILIZAÇÃO DAS BASES DE DADOS

As bases de dados têm por função base a concentração da

informação necessária para despoletar o contacto (nome, morada

e nº de telefone). Esta informação restrita sobre o alvo deve ser

actualizada periodicamente, na medida em que se altera com

frequência e o custo de contactos não conseguidos por mau

endereçamento não é desprezível.

Mas, para além desta função, as bases de dados permitem o

registo de muitas outras informações sobre o perfil, as preferências,

o histórico de contactos, o histórico comercial (frequência de compras,

valor médio de compras, etc.), os gostos, o nível de vida, etc. dos

clientes/prospects, cuja «alimentação» deve ser feita à medida que

essa informação é recolhida, o que vai acontecendo a par do

desenvolvimento do contacto entre a organização e o seu público.

A gestão desta informação permite a progressiva segmentação,

cada vez mais fina, o que possibilita o desenvolvimento de acções

cada vez mais precisas e adequadas e, por consequência,

potencialmente mais certeiras e rentáveis.

9.6.2. Os meios de comunicação utilizados no contactocom o cliente

O Direct Mail – O direct mailing é o principal media do

marketing directo, a ponto de ser por vezes confundido com ele.

A carta é a peça mais importante do mailing, pois tem por objectivo

criar uma relação de confiança com o potencial cliente. Mas uma

boa carta só é lida se o sobrescrito conseguir despertar a curiosidade

do cliente ao mesmo tempo que reforça a credibilidade da empresa.

O sobrescrito deverá ter um papel semelhante ao da

embalagem de um produto em livre-serviço ou à apresentação

pessoal de um vendedor. Para além da carta poderá conter um

folheto que apresenta o produto ou serviço que se pretende

promover de forma mais pormenorizada, podendo conter um

envelope ou postal RSF, sobrescrito selado ou número telefónico

gratuito (número verde), que fomentam a participação em

concursos.

Todas estas peças de um mailing e acções complementares

(concurso, acções de animação) devem suscitar um grande

envolvimento dos clientes potenciais, pelo que a criatividade e a

interactividade são fundamentais na preparação de uma campanha

deste tipo. O tom e o tema da mensagem devem ser comuns a

todas as peças de um mesmo mailing, devendo adaptar-se a

exploração dessa mensagem às características de cada uma das

peças, respeitando o processo da criação publicitária.

O Telemarketing – O telemarketing (marketing directo por

telefone) surge como o meio de marketing directo «mais nobre»,

na medida em que a interactividade é feita em tempo real. Apre-

senta-se como um meio mais oneroso que o mailing, já que envolve

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

30

mais tempo, não está garantido à partida que se fale com o

interlocutor válido na primeira tentativa e exige formação e treino

específico dos operadores. A interactividade permite-lhe obter

resultados mais rápidos do que outros meios de comunicação

que funcionam essencialmente num só sentido.

Mass Media – Além do mailing e do telemarketing, o marketing

directo utiliza vários meios de comunicação. Uns servem unicamente

para constituir o ficheiro (ou seja para recrutar os seus membros), outros

servem, ao mesmo tempo, para recrutar e para expedir mensagens.

O mass media mais utilizado no marketing directo é a imprensa,

nomeadamente as revistas, o que se justifica pelo facto de não serem

media massificados, mas de permitirem uma pré-segmentação. O

objectivo da utilização destes media é, normalmente, o de enriquecer

as bases de dados permitindo maior precisão na segmentação dos

prospects por forma a optimizar as acções de marketing directo. A

utilização destes suportes consiste em neles inserir anúncios

comportando uma oferta específica acompanhada de um cupão-

-resposta que os leitores são convidados a enviar à empresa. A

redacção e a apresentação dos anúncios deste género são muito

diferentes dos anúncios publicitários clássicos, uma vez que têm por

objectivo exercer no leitor uma «passagem à acção», isto é, uma

resposta imediata e concreta, (normalmente o pedido de informações

específicas sobre determinado produto ou serviço, que nos vai permitir

acrescentar prospects ou conhecer os seus interesses e apetência para

determinado tipo de oferta) sendo o copy sempre individualizado.

9.7. A análise da rendibilidade das operações de marketing directo

As operações de marketing directo prestam-se melhor às

análises de rendibilidade do que as de marketing de massa, pois

no marketing directo é sempre possível medir com precisão os

custos e as receitas imputáveis a um media, a uma oferta, a uma

categoria de destinatários, etc.

9.7.1. Os custos

Os principais custos do marketing directo são as despesas de

aquisição de endereços, tais como o aluguer de ficheiros ou a

colocação de anúncios nos mass media, dividindo o montante

destas despesas pelo número de endereços obtidos, calcula-se o

«custo de recrutamento» de um destinatário; os custos de gestão

informática da base de dados; o recrutamento, formação e salários

dos operadores de telemarketing; a concepção (criativa) das peças

a incluir no mailing; a produção gráfica das peças promocionais;

as despesas de envio das mensagens (franquia dos mailings,

duração das chamadas telefónicas, custos de pessoal, tratamento

das respostas, etc.); o preço de custo dos produtos vendidos e as

despesas de expedição, entrega e cobrança destes produtos.

9.7.2. Os cálculos de rendimento

O rendimento de uma operação de recrutamento é o número

de destinatários conquistados após esta operação, relacionado

quer com o custo da operação, quer, no caso de um recrutamento

por mailing, com o número de pessoas abrangida. No primeiro

caso, designa-se por taxa de retorno.

O rendimento de uma oferta específica pode calcular-se quer

pelo número de clientes que adquiriram o produto, quer pelo

número de artigos comprados quer pelo volume de negócios.

9.7.3. Os cálculos de rendibilidade

Com base na comparação entre os custos e as receitas, pode-

-se calcular a rendibilidade de um media, de uma oferta, ou mesmo

a rendibilidade individual, sobre um período de tempo determinado,

de cada um dos destinatários que constam no ficheiro. Tendo em

conta os custos unitários de recrutamento – que podem atingir

vários milhares de escudos – um cliente só se torna rendível após

um certo volume de compras, que pode ser calculado. Tal cálculo

permite identificar os clientes que deverão ser eliminados do ficheiro

ou ser objecto de ofertas menos frequentes ou menos dispendiosas

e determinar as características específicas dos destinatários mais

interessantes, com vista a orientar os posteriores recrutamentos

para as categorias de destinatários que possuam essas características.

9.7.4. Os testes

As empresas que praticam o marketing directo levam a efeito

numerosos testes com vista a prever e aumentar o rendimento

das suas próprias operações ou decidir pelo seu cancelamento.

Estes testes podem ter como objectivo a comparação do rendimento

de vários suportes de imprensa, ou ainda, para um mesmo suporte,

de vários formatos de anúncio, a comparação do rendimento de

várias redacções ou de várias apresentações tipográficas de um

mailing, a comparação do rendimento de diversas frequências de

expedição de um catálogo para destinatários de uma determinada

categoria, e a comparação do rendimento da frequência de contactos

de uma operação de telemarketing, etc.

Em função do custo e da eficácia dos diferentes meios de

venda, é habitual as empresas lançarem campanhas apoiadas em

publicidade de televisão ou imprensa, que, numa primeira vaga,

desencadeiam uma acção de mailing; a acção pode prosseguir

com uma campanha de telemarketing junto dos destinatários que

tiverem uma resposta positiva ao mailing, podendo ainda ser

concluída com a intervenção da força de vendas junto de potenciais

clientes interessados no produto/serviço proposto.

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

31

10.1. Conceito de marca

Uma marca é um nome, um termo, um sinal, símbolo, desenho

ou uma combinação destes conceitos, criada com a intenção de

identificar produtos e serviços de um fornecedor ou grupo de

fornecedores e promover a sua diferenciação dos concorrentes.

Nos últimos anos, verificou-se uma verdadeira moda de marcas

no mundo do marketing e há quem já não consiga imaginar o

marketing senão através da mais-valia ligada às marcas. A marca

acrescenta valor ao produto. Valoriza-o fortemente. Em caso algum,

as políticas de marcas devem negligenciar os seus produtos.

O conceito de marca é transmitido através de quarto níveis

de requisitos: os atributos dos produtos, os benefícios, os valores

e a personalidade que a marca projecta. O papel da marca funciona

também como garantia da segurança dos consumidores, da

verdade do produto e como declaração de responsabilidade do

produtor em relação àquilo que produz.

VALOR DA MARCA

Embora a marca seja a ferramenta do marketing, foram os

financeiros que, nos anos 80, chamaram a atenção para o valor

das marcas e para a necessidade de conceber estratégias de

marcas, a longo prazo. Foi através da reestruturação de grupos

e em situações de venda de marcas que se teve consciência do

seu valor monetário. O valor e peso que as marcas têm no mercado

é muito variável. A maioria são largamente desconhecidas dos

consumidores, outras têm um levado grau de identificação e

consciencialização dos consumidores, outras ainda merecem a

preferência dos consumidores e finalmente algumas conseguem

um elevado nível de lealdade.

Muitas empresas à volta do mundo investem largas somas

de dinheiro cada ano para criar consciência de marca e lealdade

nos consumidores. Marcas poderosas promovem vantagens

competitivas no mercado tornando-se super marcas, através do

reconhecimento instantâneo da maioria da população nos

mercados interno e internacional.

10.2.Os tipos de marca

Existem três categorias principais de marcas: a marca

institucional, a marca produto e a marca umbrella.

a) A marca institucional

É a razão social da empresa, tornada marca da empresa (ou

«corporate brand»).

As utilizações da marca institucional podem apresentar-se

como a marca institucional pura, marca institucional umbrella ou

marca institucional híbrida.

1-marca institucional pura - Não aparece nos produtos da

empresa que são comercializados com marcas próprias.

2-marca institucional umbrella - Esta categoria tem

simultaneamente uma função marketing e institucional.

Neste caso, a marca da empresa identifica as actividades

«corporate» e todos os produtos da empresa.

3-marca institucional híbrida - A marca da empresa identifica

as actividades institucionais (corporate) e uma parte dos

produtos, tendo os outros, marcas próprias.

b) A marca produto

A cada produto corresponde um posicionamento e uma marca

específica. A marca produto é, muitas vezes, uma marca de gama

que pode abarcar variedades e formatos diferentes de produtos.

c) A marca umbrella

Contrariamente à marca produto, que é específica para cada

produto, ou cada gama de produtos, a marca umbrella identifica

várias categorias de produtos muito diferentes.

d) Outros tipos de marcas

Outros tipos de marcas existem, como as marcas derivadas

das marcas produto e das marcas umbrella em que a terminologia

das marcas é muito variada, mas os diferentes tipos de marcas

podem estar, na maioria das vezes, ligadas quer à família das marcas

produto, quer à das marcas umbrella. A marca genérica, como

consequência do seu êxito, uma marca, produto ou umbrella pode

ter uma tal notoriedade, que os consumidores comecem a designar,

pelo seu nome de marca, qualquer tipo de produto que ela identifica,

o que pode ser um risco pela dificuldade de diferenciação. E a

Classificação (label) que é atribuída aos produtos cuja origem,

processo de fabrico e perflrmances resultam de um caderno de

encargos estabelecido por uma organização pública ou profissional.

10.3. Identidade de uma marca

Tal como uma pessoa, uma marca tem uma identidade física

ou formal. Como uma pessoa, ela tem um carácter, uma

personalidade ligada à sua história e aos seus valores fundamentais.

É o que se chama a identidade cultural da marca.

10. Política e Gestão de Marca

EMISSORidentidade

o que a marca é

ESTRATÉGIAposicionamento

como se pretendeque a marca seja

conhecida

RECEPTORimagem

como a marca éidentificadanotoriedade

presença da marca nonosso espírito

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

32

IDENTIDADE FÍSICA DA MARCA

A marca designa-se sob um conjunto de sinais, formas, cores

e mesmo nalguns casos sons.

Todos os sentidos físicos dos consumidores podem e devem

ser aproveitados para centrar a atenção na marca, para facilitar a

sua identificação e para transmitir as promessas feitas ao consumidor.

a) O nome

b) A embalagem e o design do produto

c) Os componentes de marca – Logótipo, jingle,

símbolos, assinatura, grafismo.

IDENTIDADE PSICOLÓGICA DA MARCA:CARÁCTER, TERRITÓRIO E VALORES

Uma marca descreve-se não apenas pelos seus aspectos físicos,

mas também pelo seu carácter, pelo seu território (no caso de uma

pessoa, dir-se-ia pela sua classe social) e pelos seus valores

fundamentais (a sua cultura). O carácter revela os traços salientes da

psicologia da marca. Uma marca deve permanecer simples e constante,

sob pena de confundir a sua imagem. A personalidade de uma marca

não deve ser demasiado complexa, e é inútil querer dar-lhe um grande

número de dimensões psicológicas. Os consumidores farão

rapidamente a triagem, simplificando os excessos. O território de

uma marca é o espaço do mercado ou mercados onde a marca se

pretende legitimar. Os valores culturais fundamentais de uma marca

levam à noção de cultura de empresa, sendo esta representada pelos

valores fundamentais que a caracterizam.

10.4. A notoriedade

A notoriedade mede a memória ou lembrança espontânea ou

assistida de uma marca.

Supõe que o consumidor é capaz de ligar o nome de uma marca

a um produto ou a um domínio maior de actividades da marca.

OS DIFERENTES TIPOS DE NOTORIEDADE

Podem classificar-se em quatro tipos de notoriedade consoante

o grau de reconhecimento.

10.5. A imagem da marca

AS CARACTERÍSTICAS DE UMA IMAGEM DE MARCA

Uma imagem é um conjunto simplificado e relativamente

estável de percepções e de associações mentais ligadas a um

produto, uma empresa, um indivíduo, etc. Em relação à imagem

de marca, traduz-se num conjunto de representações mentais,

pessoais e subjectivas, estáveis, selectivas e simplificadoras.

Entre as características que definem uma imagem de marca,

destacam-se a imagem como conjunto de representações mentais,

estando aqui presentes a dimensão e valor de uma imagem, a imagem

espontânea e a imagem latente e o conteúdo e principais componentes

das representações mentais. A imagem é uma questão pessoal e

subjectiva, é um conjunto de representações mentais válido para um

indivíduo. Pode ser muito diferente de pessoa para pessoa. O que se

mede em marketing é uma imagem média. Procura-se estabelecer

o perfil mais difundido no mercado. Uma imagem é uma representação

relativamente estável, a imagem é a expressão dos conhecimentos

e atitudes dos consumidores relativamente à marca. Sabe-se que as

atitudes são relativamente estáveis. A satisfação ou insatisfação dos

consumidores traduz geralmente sentimentos fugazes, que só afectam

a imagem pela repetição de experiências com o mesmo sentido, ou

quando a sua intensidade é muito forte. Uma imagem é selectiva e

simplificadora, as imagens representam as sínteses que os

consumidores fazem das marcas, para simplificar a sua percepção

de múltiplos produtos, muitas vezes muito próximos, o que facilita

a sua tarefa dos consumidores.

O ESTUDO DA IMAGEM DE MARCA

A análise de uma imagem supõe que, em primeiro lugar, se

identifique o que se vai estudar e o uso que se deve fazer dos dados

recolhidos. Deve ser definido o objecto e o campo de estudo da

imagem (tipo de imagem, objectivo que se persegue, públicos a

estudar), deve-se ter em atenção as fases de um estudo de imagem

(estudo qualitativo e quantitativo), e efectuar a análise dos dados

e a apresentação dos resultados de um estudo de imagem.

10.6. Políticas de marca

ELABORAÇÃO DE UMA ARQUITECTURA DE MARCA PARAO CONJUNTO DE UM PORTFÓLIO DE PRODUTOS

a) Escolha de uma marca umbrella ou de marcas produtos

Foram inventariados dois tipos principais de marcas, sendo

as outras apenas variantes – as marcas umbrella e as marcas

produtos. As vantagens das marcas umbrella apontam para um

custo reduzido pois, por definição, não há necessidade de investir

numa marca para lançar uma nova gama de produto; e para a

marcadesconhecida

notoriedadeespontânea

notoriedadeassistida

ausênciade notoriedade

notoriedadetop of mind

marca cotadaao 1º nível

marca presenteno espírito

marcareconhecida

a pirâmide da notoriedade

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

33

concentração dos investimentos sobre uma só marca permitindo

desenvolver marcas poderosas à escala nacional, europeia, mundial

e os novos produtos comercializados sob uma marca contribuem

para reforçar a sua notoriedade. Como inconvenientes a marca

umbrella dilui a imagem, enquanto as marcas específicas para

cada gama de produtos permitem posicionamentos bem

diferenciados, compromete as extensões de gama, favorece a

contaminação de uma crise pontual ao conjunto dos produtos, e

não permite valorizar o capital marca, aquando da cedência de

uma parte do portfólio de produtos.

b) Marcas globais e marcas locais

Em sentido estrito, uma marca global é uma marca utilizada da

mesma maneira em todos os países do mundo, isto é, com o mesmo

posicionamento, os mesmos produtos e a mesma comunicação.

A lógica económica dos grandes grupos tende para o

desenvolvimento das marcas globais, o que nem sempre é possível.

A marca global implica que a marca e o seu marketing sejam

idênticos em todos os países – mesmo posicionamento, mesmos

produtos, mesma comunicação e mesmos princípios de

distribuição. A marca local existe quando as marcas são muito

específicas e existem poucas vantagens em ter a marca em todo

o lado. É difícil, mesmo impossível, quando as empresas se

desenvolvem externamente comprando marcas nacionais.

Destacam-se ainda a marca «glocal» (global + local) que se

encontra animada por uma estratégia global, mas com importantes

ajustamentos ao plano local e os sistemas híbridos caracterizados

por uma dupla marca – a marca local caucionada por uma marca-

-mãe global.

AS POLÍTICAS DE EVOLUÇÃO DAS MARCAS

a) A extensão da marca

Consiste em utilizar a mesma marca para produtos diferentes.

Tem a vantagem dos produtos abrangidos beneficiarem

imediatamente e sem investimento, da notoriedade e imagem de

marca.

b) As dimensões da extensão da marca

Para além do núcleo identificador da marca, podem ser

identificadas três zonas de extensão: núcleo externo das associações

espontâneas, zona de potencialidades latentes e zona interdita.

c) A revitalização de marcas envelhecidas

Podem apresentar-se dois casos distintos: uma marca em

declínio e uma marca antiga que foi célebre e que está desactivada

há muito. No primeiro caso o diagnóstico é, geralmente, fácil de

estabelecer. A marca não recruta novos consumidores porque a

sua comunicação não soube evoluir, porque o produto não é

actual, porque falhou no desenvolvimento da grande distribuição

moderna, etc. Erro a não cometer é querer rejuvenescer radicalmente

a marca, transformando-a através de uma comunicação

completamente nova. Há o risco de violentar a identidade da

marca, de conquistar poucos consumidores novos e de perder

velhos, que eram os alimentadores da marca e que nunca mais

a reconhecerão. É necessário definir cuidadosamente o núcleo

identificador da marca e não lhe tocar.

10.7. Licenciamento das marcas

O licenciamento das marcas baseia-se na rentabilização da

marca através do desejo de identificação do consumidor com a

imagem e personalidade da mesma. Os licenciadores – detentores

das marcas ou direitos – licenciam a utilização das marcas,

imagens, símbolos, personagens, etc. a terceiros, por períodos e

em condições definidas, para que estes possam rentabilizar, de

alguma forma, a sua actividade ao associarem-se à imagem do

objecto licenciado.

O licenciamento pode desenvolver-se segundo duas fórmulas:

funcionando como extensão da marca, pelo licenciador, a produtos

que sem esta associação seriam completamente indiferenciados,

não existindo uma relação directa entre a marca registada e o

produto do licenciado ou funcionando através da associação da

marca a uma outra marca já existente. Neste caso, há que verificar

se existe uma compatibilidade entre a marca licenciada e os

produtos a que esta será associada. Esta fórmula visa «alavancar»

as vendas de um produto já existente ou facilitar a introdução de

novos produtos no mercado. Em ambos os casos, a marca veicula

uma percepção de acréscimo de valor ao produto a que está

associada na percepção do consumidor.

A EXTENSÃO DA MARCA E OS SEUS EFEITOS

negativaa marca prejudica

a extensão

EXTENSÃODA

MARCA

lamentávelperde-se a

oportunidade decriar uma nova

marca

boaa marca ajuda

a extensão

máa marca fica

danificada porextensões

impensadas

excelentea extensão

valoriza a marca

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

34

11.1. Introdução

O CRM (Customer Relationship Management) é um dos mais

recentes conceitos na evolução das ferramentas capazes de fazer

diferença na disputa implacável entre as empresas por mais

competitividade nos negócios e no seu relacionamento com os

clientes.

Uma iniciativa CRM tem como objectivo criar o melhor

relacionamento possível com o cliente, em todo o seu ciclo de

vida com a empresa, e não apenas na venda. Não é em absoluto

uma ideia nova, uma vez que muitas empresas sempre pretenderam

criar um bom relacionamento com os seus clientes. O que está

a despertar tanto interesse actualmente é a disponibilização de

tecnologias que facilitam esta actividade.

A proposta do CRM é desenvolver um processo contínuo e

evolutivo de conhecimento e comunicação interactiva com os

clientes.

O CRM é um ciclo, onde três etapas básicas são continuamente

activadas. A primeira é o conhecimento do cliente: quem é ele, o

que quer e o que compra.

Para esta etapa, as Tecnologias de Informação (TI) são

fundamentais, principalmente as tecnologias e processos de

Business Intelligence e DataWarehousing. A segunda etapa é o

planeamento de campanhas de marketing e interacção com o

cliente, baseadas no conhecimento obtido na primeira fase. E,

finalmente, a terceira fase, onde são efectivadas as acções de

marketing e vendas. E o ciclo deve repetir-se continuamente,

procurando sempre o aperfeiçoamento do processo.

As TI são a base do CRM. Diversas tecnologias devem ser

integradas, tais como, software de Call_Center, sites Internet, ERP,

Data Warehouse, Data Mining e ferramentas OLAP. Mas, o factor

crítico de sucesso é o desenvolvimento do processo como um

todo.

Um CRM é muito mais que um conjunto de software. Para se

dispor de informações actualizadas sobre clientes é necessário

um Data Warehouse, que não é desenvolvido de um dia para o

outro, e sistemas aplicacionais adequados que permitam uma

visão integrada dos processos de negócios, como os ERPs, que

também não são implementados rapidamente. É também

necessário dispor de sistemas de interacção com os clientes, como

um call center automatizado.

As promessas do CRM são absolutamente cativantes: identificar

quais são os clientes mais valiosos, permitindo criar um

relacionamento intenso com eles, aumento da sua fidelização, e

consequentemente, melhorando os resultados financeiros da

organização.

11.2. Como implementar o CRM

O primeiro alerta: CRM não é uma simples questão de

implementação de tecnologia. Sem tecnologia não se implementa

um CRM com sucesso, mas apenas com tecnologia também não

se chega a lugar nenhum. O sucesso ou fracasso de uma iniciativa

CRM depende principalmente de como as questões relativas a

processos e pessoas serão tratadas no projecto. O CRM transforma

todo o sector de marketing, sua organização, processos de trabalho

e obviamente as pessoas e suas capacidades.

Implementar CRM neste contexto significa redesenhar a

organização, mudando o seu foco de produto para o cliente.

Significa, na prática, transformar pessoas, processos, organização

e tecnologia.

A transição do marketing de massas para o marketing de

relacionamento é muito simples no papel, mas muito difícil na

prática. De uma maneira geral, os sectores de marketing estão

acostumados a desenvolver campanhas sem um foco específico

nos clientes, mas apenas baseados em segmentos simplistas,

como grandes e pequenas contas, classes sócio-económicas,

pessoas físicas ou jurídicas e assim por diante.

Implementar o marketing de relacionamento exige informações

sobre clientes, num nível que não existe hoje na maioria das

organizações, e pessoal de marketing que tenha capacidade para

analisar essas informações. Estes profissionais terão que ter

condições de não só saber desenvolver queries OLAP (e no futuro

usar data miníng), mas principalmente saber interpretar os seus

resultados e aplicá-los.

O foco do CRM é o marketing. Embora a área das TI tenha

um papel importantíssimo, pois deve fornecer a infra-estrutura

de tecnologia (software e hardware), ela não deve ser a patrocinadora

do processo. Quem conhece e pode direccionar a iniciativa CRM

é, sem sombra de dúvida, o sector do marketing.

REQUISITOS PARA UMA BEM SUCEDIDAINICIATIVA DE CRM

Primeiro, dispor das informações adequadas sobre os clientes.

Um CRM pode ser considerado um data mart de marketing, com

informações específicas sobre clientes. Segundo, é necessário um

11. O que é o CRM?

conhecero Cliente

acçõesde marketing

vendas

planeamentomarketing

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

35

projecto CRM bem consistente. Significa centrar na organização,

processos e pessoas de marketing. Significa também integrar

sistemas aplicacionais com o data mart CRM.

QUAL O OBJECTIVO DO CRM

O CRM deve ser visto como um conceito para obter o melhor

relacionamento com os clientes e não como um produto ou uma

tecnologia. O seu objectivo é aumentar, proteger e reter

relacionamentos com os clientes já existentes.

Diversos estudos demonstram que é muito mais caro para

uma empresa obter um novo cliente do que manter um cliente

antigo. Cada vez mais as empresas estão a tomar consciência de

que não adianta fazer grandes despesas com campanhas

publicitárias e de marketing se não for possível reter os clientes

fiéis aos seus produtos/serviços. A estratégia é obter a fidelidade,

fornecer serviços personalizados, adquirir um melhor conhecimento

dos clientes e diferenciar-se da concorrência. Através da melhor

compreensão das necessidades dos clientes é possível a

segmentação do mercado para identificar onde podem ser

construídas relações lucrativas permanentes.

Dentro deste novo paradigma de relacionamento comercial,

tornam-se necessárias algumas actividades: identificar, atrair e

conservar os clientes mais importantes; calcular métricas para

cada cliente: lucro, satisfação, potencial de interrupção do

relacionamento comercial; acompanhar o lucro gerado pelos

clientes; realizar actividades específicas para manter os clientes;

gerir uma série contínua de interacções com os clientes; medir a

relação comercial com os clientes dos diferentes produtos/serviços

ou grupos de produtos/serviços e acompanhar o apoio dado aos

clientes.

O e-Business é um dos principais conceitos que estão a trazer

à tona, neste momento, a discussão sobre CRM. Pode definir-se

o e-Business (seja business-to-consumer ou business-to-business)

como a aplicação de tecnologias para facilitar relações de negócios.

Essas tecnologias, tais como, Web, sistemas de telefonia avançados,

palmtops, computadores hand-held, TV interactiva, quiosques de

auto-serviço e smart-cards, devem ser suportadas por bases de

dados integradas, caII-centers e sistemas transaccionais seguros.

Para a implementação do e-Business são necessários sistemas

que, de forma transparente e confiável, façam interagir diferentes

empresas situadas eventualmente em diferentes fusos horários

e/ou áreas geográficas.

As soluções de e-Business devem poder fornecer um

conhecimento detalhado sobre as necessidades dos utilizadores

e os meios para transformar este conhecimento numa vantagem

competitiva. Entre os principais benefícios estão o aumento de

vendas a menor custo, a satisfação dos clientes e a sua lealdade

efectivada pela maior frequência nas compras. O sucesso da sua

implementação depende de estratégias que criem e sustentem

relacionamentos de negócios electronicamente.

Com os conceitos de CRM e e-Business pretende-se sincronizar

o atendimento com os clientes através de diversos canais de

comunicação utilizando múltiplas tecnologias (sítes na Web, e-

mails, sistema direccionado de chamadas telefónicas, etc.). Assim,

torna-se possível acompanhar as interacções (relacionamentos)

via telefone ou pessoalmente através do seu registo electrónico.

Essas interacções podem ser de diversos tipos, incluindo solicitações

e/ou reclamações. Além das informações de relacionamento, é

fundamental a integração com transacções actuais e passadas,

bem como com as preferências dos utilizadores, obtendo-se assim

uma visão unificada de cada cliente. Trabalhar somente com um

desses subconjuntos de informações não permite a visualização

dos relacionamentos de uma forma global, de modo a serem

utilizadas, de forma vantajosa, em interacções futuras.

11.3. Conceito de Marketing one to one

Complementando os conceitos de CRM e e-Business, temos

o conceito do Marketing one to one ou marketing personalizado,

cujas premissas são:

• Identificar os clientes;

• Diferenciar os clientes em segmentos;

• Interagir de forma diferenciada em função dos

segmentos;

• Customizar progressivamente a interacção.

No relacionamento one to one surge o conceito de

"Comunidades", que podem ser encaradas como segmentos de

mercado e são, normalmente, definidas pela similaridade de

valores de atributos de grupos de clientes. Esses atributos podem

ser: valor do cliente, função na empresa, segmento de negócio,

região, demografia, estilo de vida e dados psicográficos.

Quanto mais se adequarem às necessidades dos utilizadores,

melhor estarão definidas as comunidades. Estas definições de

comunidades (que são colectivamente exclusivas) devem ajudar

a melhor direccionar produtos e conteúdos. O cliente deve

facilmente identificar-se com uma das comunidades. A importância

das comunidades deve estar baseada nos objectivos da empresa

para cada uma delas. Como regra geral, pode dizer-se que a

personalização começa pelo marketing voltado para as

comunidades para, num segundo momento, alcançar o

relacionamento "one to one", ou seja, o relacionamento de uma

empresa com um cliente específico de forma personalizada.

CLENTE SATISFEITO, A BASE PARA A SOBREVIVÊNCIA

Nesta última década, a maioria das empresas reduziu os seus

custos e reestruturou processos e operações para alcançar os

objectivos financeiros pretendidos. Como resultado, estas empresas

desenvolveram um comportamento com uma visão interna para

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

36

a empresa, objectivando a satisfação dos seus accionistas. O corte

nos custos e a reengenharia de processos acabaram por resultar

na perda do foco no cliente, o que começou a mostrar ser um

grande erro. Afinal, o cliente é a fonte dos rendimentos das

empresas. A partir dessa conclusão que hoje parece óbvia, as

empresas passaram a focar-se no atendimento diferenciado do

cliente, como forma de obter sucesso nos seus empreendimentos.

As tácticas de atendimento em tempo real, preciso e principalmente

individualizado, são os principais pontos da estratégia de CRM

(Customer Relationship Management).

AUTO-DIAGNÓSTICO PARA DEFINIÇÃO DO ESFORÇO NECESSÁRIO À IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INICIATIVACRM

Muitas empresas preocupam-se em fazer a sua primeira venda

a um cliente, mas não se esforçam por preservá-lo. Infelizmente,

para elas, existirão muitas oportunidades de o perder para a

concorrência. E cada novo cliente tem um custo de aquisição

bastante alto em relação ao custo de mantê-lo como cliente por

um longo período.

O RESULTADO DE UMA INICIATIVA CRM

O factor chave da implementação do CRM é a diferenciação

dos serviços e benefícios dados aos clientes de acordo com o valor

de cada cliente. Se não se conhecer a rentabilidade de cada cliente,

a empresa poderá estará a desperdiçar recursos valiosos.

No entanto, embora conhecer a rentabilidade individual de

cada cliente seja um bom principio, não é suficiente. O importante

é o que se faz com essa informação. É assim essencial que todos

os participantes na relação com o Cliente utilizem essa informação

de uma forma efectiva e no interesse global da empresa.

O questionário de auto-avaliação abaixo pode mostrar como a sua empresa está preparada para uma iniciativa CRM:

• A sua empresa esforça-se por atrair e manter apenas os clientes mais lucrativos?

• Como é que ela define e avalia um cliente lucrativo?

• Como é que ela identifica os clientes lucrativos?

• Que análises de rendibilidade são efectuadas com relação à base de clientes?

• Que atitudes são tomadas em relação a clientes não lucrativos?

• São medidos e avaliados os custos de aquisição de novos clientes?

• Existem estratégias de marketing diferenciadas para aquisição e retenção de clientes?

• Todos os canais de contacto com os clientes estão adequadamente integrados?

• Como é que a sua empresa define e avalia um cliente fiel? Como é medido o nível de fidelidade da base de clientes?

• Que incentivos a sua empresa oferece para preservar um cliente fiel?

• A empresa conhece os padrões de compra dos seus clientes?

• São sistematicamente efectuadas pesquisas de satisfação na base de clientes?

• A alta administração preocupa-se em avaliar índices de fidelização, custos de aquisição de novos clientes, índices de

rendibilidade e assim por diante?

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

37Erro Fatal Ponto-chave

Todas as funções associadas de CRM – Vendas, marketing, Se não se realizar uma análise prévia do processo de Negócio,

serviço pós venda e gestão – apenas necessitam dificilmente se conseguirá implementar

ser automatizadas, sem necessidade de análise prévia. um efectivo sistema automático de CRM.

A participação da Gestão de Topo na implementação Se não se compreender a orientação estratégica

do CRM, apenas é necessária quando o software estiver da Gestão de topo para o CRM, corre-se o risco

seleccionado e as funcionalidades estiverem a funcionar, de escolher o tipo errado de aplicação. Na maioria

uma vez que se trata de uma compra de software e dos casos de sucesso, o sistema de CRM foi

existem outros quadros mais qualificados para esta abordado como um facilitador do negócio e

selecção que a Gestão de Topo. não como uma mera ferramenta tecnológica.

O CRM a implementar deve responder a todas as O senso comum diz-nos que é impossível

necessidades dos elementos da Empresa. Como tal “agradar a Gregos e Troianos” simultaneamente.

apenas se implementará o sistema de CRM que Automatizar um processo ineficiente é custo desnecessário.

preencha 100 das necessidades da Empresa.

Escolher um dos sistemas de CRM mais vendidos As aplicações não são todas iguais,

no mercado. Trata-se de um sistema de Gestão nem permitem evoluir de acordo

de contactos. com o crescimento do negócio.

Será suficiente implementar apenas as As empresas que assumem que soluções padrão

funcionalidades standard do sistema CRM adquirido. responderam às suas necessidades, tendem

a ficar desapontadas.

A gestão do Projecto apenas deverá ser definida A imposição da utilização de um sistema em que os

na fase de implementação do sistema. utilizadores não participaram na fase inicial de implementação,

tende a ser boicotada.

Uma vez implementado o CRM, os utilizadores do Após a euforia inicial com a introdução de um

sistema reconhecem as vantagens da sua utilização, novo sistema, as pessoas voltam normalmente

e participarão activamente. para as sua rotina habitual, vendo a nova ferramenta tecnológica

como um constrangimento adicional.

Não devemos fazer os Vendedores perderem Esperar que os utilizadores compreendam a utilização

tempo em acções de formação sobre CRM. do novo sistema e o processo de trabalho que lhe está associado

simultaneamente, em paralelo com as suas responsabilidades

habituais, é uma receita para o insucesso.

Os sistemas de CRM não necessitam de Deixar a gestão a longo prazo do sistema de CRM

administração, depois de implementados. para o departamento de TI, pode ser considerado desastroso,

caso exista pessoal a menos, esteja afastado do processo de

Negócio da Empresa, ou possua poucos conhecimentos sobre as

iniciativas de Marketing e de Vendas.

Após a conclusão da implementação do sistema de CRM, Se abandonado, as iniciativas de CRM

a sua gestão deverá ser entregue a outro perderem qualquer tipo de impacto.

elemento que garanta que o sistema cumpra as expectativas.

OS DEZ ERROS FATAIS PARA UMA INICIATIVA DE CRM

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

38

12.1. Introdução

O Plano de Marketing permite detectar as oportunidades,

ameaças, pontos fortes e fracos, permite promover a gestão por

objectivos, basear a tomada de decisão em factos, fixar objectivos

concretos, identificar o que medir, quantifica desvios e a sua

correlação com o processo, quantifica resultados, reduz a

possibilidade de ocorrência de insucessos, cria mecanismos de

controlo e optimização de recursos e consequentemente dos

resultados.

O plano de marketing assume assim uma relevância estratégica

determinante na gestão das oportunidades e ameaças concorrenciais.

Cabe-lhe equacionar a posição competitiva no passado e no presente.

O seu controlo é determinante para o sucesso dos objectivos

pretendidos bem como para os respectivos resultados.

12.2. Estratégia e objectivosde marketing

Tal como qualquer outro objectivo empresarial, os objectivos

de marketing devem constituir uma orientação para a actividade da

empresa e para as pessoas que os definem. Os objectivos devem

ser ambiciosos, mas simultaneamente realistas, concretos e

mensuráveis, definidos no tempo e repartidos por objectivos parciais

fáceis de transmitir e de assimilar e ainda consensuais (se possível).

Uma boa mnemónica para não esquecer os requisitos de uma

boa definição do que é um objectivo é a palavra "DREAM":

• D - Datado

• R - Realizável

• E - Específico

• A - Ambicioso

• M - Mensurável

No âmbito do plano de marketing é possível diferenciar os

objectivos de marketing em objectivos gerais e específicos, sendo

que os objectivos gerais se entendem como aqueles que estão

relacionados com a actividade global de um departamento de

marketing e os objectivos específicos aqueles que concorrem para

os objectivos gerais e estão ligados a cada um dos subplanos ao

nível do produto, preço, distribuição, comunicação e das actividades

de vendas.

A determinação dos objectivos por parte da empresa resulta

da síntese de um conjunto de factores de onde se destacam o

histórico, as informações provenientes do "terreno", a análise

prospectiva dos clientes, a análise prospectiva dos concorrentes

e ainda a vontade dos dirigentes.

Após a definição dos objectivos de marketing, a empresa deve

escolher as estratégias de marketing adequadas à realização desses

objectivos.

As estratégias de marketing podem ser decompostas em três

grandes tipos:

• As estratégias de desenvolvimento que visam

desenvolver a procura global. As estratégias de

desenvolvimento podem ser conseguidas através da

conquista de novos clientes (estratégias extensivas) ou

do aumento de consumo dos clientes actuais

(estratégias intensivas);

• As estratégias concorrenciais que pretendem conquistar

vendas à custa de marcas ou produtos existentes no

mercado. As estratégias concorrenciais são as que têm

maior frequência de ocorrência em mercados abertos,

dado que, normalmente, nestes mercados o crescimento

é conseguido através da conquista de posições à

concorrência;

• As estratégias de fidelização que habitualmente são

paralelas às estratégias anteriores e que, para além de

visarem a expansão das vendas através do esforço de

captação de novos clientes, preconizam a manutenção

do volume de negócios gerado pelos clientes actuais,

evitando assim que estes sejam seduzidos pela

concorrência.

12.3. Plano de marketing

O Plano de Marketing tem por finalidade orientar as estratégias

das empresas e das instituições interessadas em obter maior

eficiência, eficácia e efectividade nas actividades orientadas para

o marketing.

No contexto actual, a busca da conquista e satisfação contínua

do cliente é o factor-chave que mais contribui para o sucesso e

longevidade das empresas. O plano de marketing assume assim

uma relevância estratégica determinante na gestão das

oportunidades e ameaças concorrenciais. Cabe-lhe equacionar a

posição competitiva no passado e no presente. Cabe-lhe identificar

as melhores oportunidades e abordagens comerciais. Cabe-lhe

estabelecer os objectivos e as estratégias futuras para reforçar as

vantagens competitivas, sempre na perspectiva de maximizar a

satisfação do cliente de forma continuada e sustentada. E cabe-

-lhe definir os meios, atribuir responsabilidades e prever os

mecanismos de avaliação dos resultados das actividades

projectadas.

12.3.1. Vantagens e inconvenientesdo Planeamento de Marketing

As vantagens da implementação de um processo de

planeamento de marketing situam-se a diferentes níveis:

• A análise sistemática interna e externa produz uma

12. Estratégia e Plano de Marketing

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

39

melhor compreensão e leitura do contexto em que a

empresa actua;

• A fixação de objectivos conduz a uma mais marcada

orientação para os resultados;

• A articulação das iniciativas planeadas promove um

maior envolvimento das equipas e dos diversos

departamentos;

• Os mecanismos de controlo de resultados facilitam

a detecção e correcção de desvios.

Se é verdade que existem vantagens evidentes na

implementação de um processo de planeamento de marketing,

também é verdade que podem ocorrer erros ou deformações cuja

incidência pode afectar o desempenho da empresa. Pela sua

frequência e nocividade, salientam-se:

• Afastamento do plano de marketing face à realidade

do "terreno";

• Tempo despendido na elaboração do plano por um

elevado número de colaboradores;

• Rigidez do plano de marketing.

Para que o processo de planeamento de marketing tenha

consistência e eficácia, é indispensável que se encontre reunido um

conjunto de requisitos, nomeadamente a fixação de objectivos claros

no plano estratégico, dispor de informação correcta e actualizada

e vontade e motivação dos responsáveis para percorrerem as

diferentes fases demonstrando flexibilidade e um verdadeiro

comprometimento em relação à aplicação do plano de marketing.

12.3.2. Planeamento de marketing estratégico e táctico

O planeamento de marketing deve ser equacionado a dois

níveis: o estratégico e o táctico. A divisão entre estes dois níveis

de planeamento resulta das suas abordagens específicas, dos

instrumentos e técnicas utilizados, dos intervenientes e do seu

período de duração.

A diferenciação entre estes dois níveis de planeamento resulta

ainda do impacte respectivo sobre a evolução da empresa.

No caso do planeamento estratégico, o impacte das suas

medidas, quer incidam num realinhamento dos segmentos de

mercado, quer numa redefinição dos circuitos de distribuição ou

do tipo de comunicação, tem uma repercussão que ultrapassa

aquele que é típico das acções de marketing tácticas, como se

ilustra nos exemplos do quadro anterior.

O plano de marketing estratégico, apesar de apontar para um

TIPOS DE PLANEAMENTO DE MARKETING

Estratégico Táctico

Instrumentos e técnicas - Modelos de Harvard (SWOT) - Instrumentos de marketing-mix que

BCG, McKinsey permitem operacionalizar acções de marketing

- Técnicas de segmentação

e posicionamento

- Instrumentos de marketing-mix

com impacte estratégico

Intervenientes Conduzido pelo director de marketing Conduzido pelo director de marketing envolve

envolve os directores das áreas funcionais todos os colaboradores das áreas de

e os responsáveis de marketing e vendas marketing e de vendas envolvidos nas acções

com responsabilidades estratégicas

(ex.: gestores de produto)

Duração Três a cinco anos Habitualmente um ano

Exemplos de acções de marketing Ex.: Introdução de novas Ex.: Campanha promocional

com âmbito estratégico e promessas publicitárias Ex.: Ajustamento de embalagem

com âmbito táctico Ex.: Definição de um novo Ex.: Alargamento da rede de distribuição

tipo de embalagem

Ex.: Decisão de passar a utilizar terceiros

na rede de assistência

cad

ern

o t

écn

ico

· M

arke

ting

40

ciclo de vida mais longo do que o táctico (entre três a cinco anos

ou mais), deve ser revisto anualmente.

12.3.3. Fases de elaboração do planode marketing

12.3.4. Implementação do planode marketing

ATRIBUIÇÃO DE TAREFAS E RESPONSABILIDADES

Ponderar quem deve, interna ou externamente, pela sua

competência e qualidade de desempenho, executar determinada

tarefa emergente do plano de marketing constitui uma atribuição

crítica do responsável de marketing. Em matéria tão sensível, a

indigitação inadequada de um colaborador interno ou de um

prestador externo de serviços (por exemplo uma agência de

publicidade) pode condenar a qualidade do output final ou do

resultado pretendido.

A selecção deve basear-se na avaliação de indicadores de

desempenho exibidos por um colaborador interno ou externo na

execução de anteriores tarefas similares.

O responsável de marketing deverá ainda examinar três

alternativas possíveis a quem atribuir uma determinada tarefa,

especialmente se a consecução desta produzir forte impacte

potencial nos resultados.

DEFINIÇÃO DE PRAZOS E CRONOGRAMAS

Outra condição fundamental para cumprir os objectivos

sustentados no plano de marketing resulta da meticulosa

coordenação dos prazos de execução de todas as iniciativas e

acções planeadas.

Considerando a acentuada interdependência existente entre

as variáveis do marketing-mix, haverá sempre acções cuja execução

deverá ser precedida por iniciativas noutras frentes. Será o caso

do envio de uma nova tabela de preços aos distribuidores que

poderá recomendar um contacto telefónico subsequente por parte

dos vendedores a fim de esclarecer eventuais dúvidas.

AVALIAÇÃO E CONTROLO

Numa óptica de concretizar o plano de marketing convém

distinguir a etapa de avaliação da etapa de controlo. Apesar de

separadas por uma fronteira difusa, o processo de avaliação visa

identificar a evolução do desempenho de cada uma das variáveis

do mix. Por sua vez, o processo de controlo, comparando a par

e passo a situação real face aos objectivos, configura ainda as

medidas correctivas a introduzir quando da ocorrência de desvios.

O processo de avaliação integra uma componente qualitativa

e outra quantitativa. No plano qualitativo, ainda que não haja

fórmulas universais para aferir do mérito ou demérito do plano

de marketing, há certos princípios básicos a respeitar: o princípio

da coerência que deve ser observado na execução das políticas

subjacentes às variáveis do mix, a necessidade de adaptar as

variáveis do mix ao contexto concorrencial e à situação da própria

empresa, o plano de marketing deverá assentar em vantagens

face à concorrência nem que seja parcialmente, o plano de

marketing deve observar a regra da prudência e segurança sabendo-

se que os múltiplos cenários visados no plano se baseiam em

pressupostos que poderão evoluir de forma distinta dos inicialmente

previstos.

Finalmente, numa perspectiva integrada do mix, os principais

critérios quantitativos a observar na avaliação são o volume de

vendas, as quotas do mercado e os resultados conforme decorre

do quadro seguinte.

O processo de elaboração, implementação e avaliação de um

plano de marketing reparte-se tipicamente pelas seguintes

fases:

• 1ª Fase - Análise interna e externa da empresa para detecção

dos pontos fortes e fracos e das oportunidades e ameaças;

• 2ª Fase - Avaliação competitiva global da empresa;

• 3ª Fase - Escolha das orientações estratégicas da empresa;

• 4ª Fase - Determinação das estratégias e objectivos de

marketing;

• 5ª Fase - Determinação das políticas ao nível das diferentes

variáveis de marketing;

• 6ª Fase - Implementação do plano de marketing;

• 7ª Fase - Avaliação e controlo do plano de marketing.