marisol diliana figueira de barros - contabilidade brasileira vs angolana

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    UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

    CURSO DE GRADUAO EM CINCIAS CONTBEIS

    MARISOL DILIANA FIGUEIRA DE BARROS

    CONTABILIDADE EM ANGOLA E A HARMONIZAO CONTBIL

    EM NVEL MUNDIAL: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS NORMAS

    ADOTADAS NO BRASIL E ANGOLA

    CRICIMA, JULHO DE 2011

  • 1

    MARISOL DILIANA FIGUEIRA DE BARROS

    CONTABILIDADE EM ANGOLA E A HARMONIZAO CONTBIL

    EM NVEL MUNDIAL: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS NORMAS

    ADOTADAS NO BRASIL E ANGOLA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado para obteno do grau de Bacharel no Curso de Cincias Contbeis da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador: Prof. Esp. Edson Cichella

    CRICIMA, JULHO DE 2011

  • 2

    MARISOL DILIANA FIGUEIRA DE BARROS

    CONTABILIDADE EM ANGOLA E A HARMONIZAO CONTBIL

    EM NVEL MUNDIAL: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS NORMAS

    INTERNACIONAIS ADOTADAS NO BRASIL E ANGOLA

    Trabalho de Concluso de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obteno do Grau de Bacharel no Curso de Cincias Contbeis da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Contabilidade Geral.

    Cricima, 4 de Julho de 2011

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________

    Edson Cichella, Prof. Esp., Orientador

    ______________________________________________

    Prof. Esp. Clayton Schueroff - Examinador

    ______________________________________________

    Prof. Esp. Everton Perin - Examinador

  • 3

    Dedico este trabalho, primeiramente

    Deus, meu bem maior, por me

    abenoar, me capacitar e prover

    condies muito alm das minhas

    expectativas.

    Posteriormente, aos meus pais Manuel

    Barros e Emilia Barros, pela vida e

    amor incondicional que me dedicam.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Ao trmino deste trabalho, percebo que devo agradecer a algumas

    pessoas que de alguma forma contriburam para o meu crescimento tanto pessoal

    quanto acadmico e que me deram foras para ultrapassar qualquer barreira que me

    impedisse de atingir os meus objetivos.

    Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus, pois foi Ele quem me

    carregou nos braos durante as fases mais difceis desta jornada, e deu-me

    esperanas para continuar quando tudo parecia perdido. No foi fcil, mas com Ele

    do lado eu posso tudo. Obrigada Pai.

    Meu agradecimento especial aos meus pais, Manuel e Emilia Barros, que

    me educaram e fizeram de mim o que sou hoje. Obrigada por terem concordado que

    eu viesse para o Brasil em busca de um objetivo. Sei que tal como para mim, tanta

    ausncia no foi fcil para vocs, mas vocs sempre me deram fora para continuar,

    mesmo quando diante de tanta saudade, desistir e voltar para casa parecia o melhor

    a ser feito. Mas eu continuei e depois de 4 anos e meio aqui est o resultado. Volto

    para casa com mais um sonho concretizado. A vossa dedicao, amor e apoio foram

    essenciais para esta conquista.

    s minhas irms Suely e Claudia Barros; e ao meu sobrinho Ricardo,

    essa conquista tambm vossa. Vocs so o melhor que Deus me poderia ter dado.

    A famlia Aguiar, em especial a minha para sempre companheira,

    Waldireny Dala, o meu muito obrigada por esses anos que convivemos e por me

    mostrares o que realmente significa a palavra amizade; Manuela Gaspar, minha

    amiga, obrigada por me conduzires at Ele, e por seres a bno que s na minha

    vida; Armanda Ahmed, obrigada pela fora e por todo o carinho, para mim tu s uma

    irm; Elizabeth Santana, meu exemplo de fora e determinao, muito abrigada por

    fazeres parte da minha vida e pela sobrinha linda que me deste; Andr Gonalves,

    meu amigo para todas as horas, obrigada pelas chamadas de ateno quando a

    preguia parecia tomar conta de mim; Catarina e Silvia Victoriano, minha alegria veio

    muitas vezes de vocs; Euclides Chimbulo, que tanto me ajudou com esse trabalho,

    obrigada por dividires tantas vezes o teu conhecimento comigo; e Ferraz Manuel e

    Sandra Victoriano, que mesmo longe esto sempre presente no meu corao.

    Caminhar ao vosso lado foi uma honra para mim.

  • 5

    As minhas amigas em Angola, Yola Guardado e Shirley Gomes. Obrigada

    pelo vosso apoio incondicional.

    turma do curso de Cincias Contbeis 2011/1, por me terem recebido

    com tanto carinho.

    A todos os professores do curso de Cincias Contbeis da Unesc, pelos

    conhecimentos, dedicao e entusiasmo demonstrados ao longo do curso,

    especialmente ao meu orientador, Edson Cichella, por ter encarado comigo esse

    desafio, pela ateno, compreenso, pacincia e por ter acreditado que eu era

    capaz.

    equipe da Siano Rego e Relaes Internacionais que sempre se

    dispuseram para atender as necessidades dos bolseiros angolanos, em especial a

    Paula Donda, sem o teu esforo e profissionalismo eu no teria chegado at aqui.

    E por ltimo, agradeo aquela que me proporcionou a chance de redigir

    esta pgina na histria da minha vida, Sonangol. Mais do que isso, vocs fizerem-

    me acreditar que o amanh pode no ser aquilo que sonhamos, mas se

    experimentado pode se tornar bem prazeroso.

    todos, o meu muito obrigada.

  • 6

    Tudo o que um sonho precisa para ser

    realizado algum que acredite que ele

    possa ser realizado.

    Roberto Shinyashiki

  • 7

    RESUMO

    BARROS, Marisol Diliana Figueira de. Contabilidade em Angola e a Harmonizao Contbil em Nvel Mundial: Estudo Comparativo entre as Normas adotadas no Brasil e em Angola. 2011. 134 p. Orientador (a): Edson Cichella. Trabalho de Concluso do Curso de Cincias Contbeis. Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC. Cricima - SC A histria da contabilidade to antiga quanto a histria da civilizao. Sua origem est relacionada a necessidade do homem de acompanhar e controlar a evoluo de seu patrimnio, sendo que desde a poca primitiva at os dias de hoje a contabilidade evoluiu burocrtica e cientificamente. A contabilidade hoje considerada a linguagem universal dos negcios, no entanto, esta moldada pelo ambiente no qual opera, possuindo cada pas as suas especificaes contbeis. Com a atual competitividade econmica, devido a expanso dos mercados e conseqente globalizao da economia surgiu a necessidade de se utilizar padres contbeis que oferecessem compreensibilidade, relevncia, confiabilidade e comparabilidade as demonstraes contbeis em nvel mundial, proporcionando maior integrao entre os diferentes mercados. Assim, o International Accounting Standards Board (IASB) emitiu um conjunto de normas contbeis denominados International Financial Reporting Standards (IFRS), objetivando a padronizao da elaborao de demonstrativos contbeis que j utilizado em mais de cento e dez pases, estando entre eles Brasil e Angola. No Brasil, com a promulgao das Leis n 11.638/07 e 11.941/09 foram criadas condies legais que permitiram a convergncia das normas contbeis brasileiras s normas internacionais. Estas leis vieram completar um ciclo de mudanas na contabilidade brasileira que comeou com a constituio em 2005 do Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC), que at hoje j emitiu mais de 40 pronunciamentos que se correlacionam as normas emitidas pelo IASB. Considerado como um atrativo plo de investimento estrangeiro, Angola, muito pouco tem feito com relao convergncia das suas normas contbeis com as internacionais. As poucas mudanas existentes aconteceram para as instituies financeiras, com a criao de um novo plano de contas, que incorpora novos critrios contabilidade angolana, como a mensurao pelo valor justo, contabilizao de hedge, avaliao de investimentos pelo mtodo de equivalncia patrimonial e reduo ao valor recupervel de ativos. O presente trabalho objetivou identificar a correlao entre as normas contbeis internacionais, brasileiras e angolanas, bem como dar conhecimento, de forma sinttica, de algumas caractersticas da contabilidade em Angola. A pesquisa de carter exploratrio de abordagem qualitativa com delineamento bibliogrfico e documental. O objetivo geral de mensurar as similaridades e diferenas entre as normas internacionais, brasileiras e angolanas foi alcanado, e serve de base para pesquisas mais aprofundadas do tema que possui grande complexidade e amplitude.

    Palavras-chave: Normas internacionais de contabilidade, normas brasileiras de contabilidade e caractersticas da contabilidade angolana.

  • 8

    LISTA DE ILUSTRAES

    Quadro 1: Evoluo da contabilidade no decorrer do tempo .................................... 23

    Quadro 2: Histrico do processo de convergncia Internacional das normas

    contbeis ..................................................................................................... 25

    Figura 1: Estrutura organizacional do IASC .............................................................. 28

    Quadro 3: Pronunciamentos IAS emitidos pelo IASC ............................................... 32

    Quadro 4: Pronunciamentos IFRS emitidos pelo IASB ............................................. 32

    Quadro 5: Caractersticas qualitativa das demonstraes financeiras ...................... 35

    Quadro 6: Resumo da norma internacional IAS 1 Apresentao das

    demonstraes financeiras .......................................................................... 39

    Quadro 7: Resumo da norma internacional IAS 7 Demonstraes dos fluxos de

    caixa ............................................................................................................ 41

    Figura 2: Representao grfica do fluxo de caixa pelos mtodos direto e indireto .. 42

    Quadro 8: Objetos, instrumentos e riscos de hedge ................................................. 47

    Quadro 9: Operaes de hedge: classificao, aplicao e formas de contabilizao.

    .................................................................................................................... 48

    Figura 3: Valor contbil lquido comparado com o valor recupervel para determinar

    uma perda por impairment, conforme a IAS 36 ........................................... 52

    Quadro 10: Desenvolvimento histrico da contabilidade brasileira ........................... 55

    Quadro 11: Leis que regulam a contabilidade brasileira ........................................... 57

    Quadro 12: Entidades que colaboram com o CFC .................................................... 63

    Quadro 13: Correlao entre os pronunciamentos, interpretaes e orientaes

    emitidas pelo CPC com as normas internacionais de contabilidade ........... 66

    Figura 4: Demonstrao do fluxo de caixa segundo o CPC 03 mtodo direto e

    indireto ......................................................................................................... 74

    Quadro 16: Exemplos de contabilizao de hedge ................................................... 76

    Figura 4: Coligao e controle segundo a legislao societria brasileira ................ 77

    Figura 5: Coligao e controle segundo a CVM ........................................................ 78

    Quadro 17: Histria da contabilidade em Angola ...................................................... 87

    Quadro 18: Princpios contbeis geralmente aceites internacionais, brasileiros e

    angolanos .................................................................................................... 91

    Quadro 19: Estrutura e contedo das demonstraes contbeis angolanas ............ 95

  • 9

    Figura 7: Resultado de negociaes e ajustes ao valor justo no fluxo de caixa ........ 96

    Figura 8: Resultado de negociaes e ajustes ao valor justo no DRE ...................... 97

    Figura 9: Demonstrao das mutaes nos fundos prprios .................................. 100

    Quadro 20: Normas internacionais que no convergem com os padres de

    contabilidade angolana .............................................................................. 102

  • 10

    LISTA DE SIGLAS

    AICPA = American Institute of Certified Accountants - Instituto Americano de

    Contadores Pblicos Certificados

    ABRASCA = Associao Brasileira das Companhias Abertas

    APIMEC = Associao dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de

    Capitais

    BACEN = Banco Central do Brasil

    BM&FBOVESPA = Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros

    BNA = Banco Nacional de Angola

    CFC = Conselho Federal de Contabilidade

    CONTIF = Plano de Contas das Instituies Financeiras

    CPC = Comit de Pronunciamentos Contbeis

    CSLL = Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido

    CVM = Comisso de Valores Mobilirios

    DFC = Demonstrao do Fluxo de Caixa

    DLPA = Demonstrao de Lucros ou Prejuzos Acumulados

    DMPL = Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido

    DRE = Demonstrao do Resultado do Exerccio

    DVA = Demonstrao do Valor Adicionado

    FASB = Financial Accounting Standards Board - rgo que regula as normas

    contbeis americanas

    IAS = International Accounting Standards Normas Internacionais de Contabilidade

    IASC = International Accounting Standards Committee- Comit de padres

    internacionais de Contabilidade

    IASB = International Accounting Standards Board Comit de Normas

    Internacionais de contabilidade

    IBRACON = Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

    IFAC = International Federation of Accounting Committee Federao Internacional

    dos Contadores

    IFRIC = International Financial Reporting Interpretations Committee Comit de

    Interpretaes das IFRS

    IFRS = International Financial Reporting Normas Internacionais de Relato

    Financeiro

  • 11

    IOSCO = International Organization of Securities Commissions Organizao

    Internacional das Comisses de Valores

    PGC = Plano Geral de Contabilidade Angolano

    SAC = Standards Advisory Council Conselho Consultivo de Padres

    SIC = Standing Interpretations Committee Comit Tcnico de Interpretaes

    SEC = Security Exchange Commission rgo Regulador do Mercado Financeiro

    Americano

  • 12

    SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................... 15

    1.1 Tema e Problema ............................................................................................... 15

    1.2 Objetivos da Pesquisa ...................................................................................... 16

    1.3 Justificativa ........................................................................................................ 17

    1.4 Metodologia ....................................................................................................... 18

    2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................. 20

    2.1 Harmonizao Mundial das Normas Contbeis .............................................. 20

    2.1.1 Origem e Evoluo da Contabilidade ........................................................... 21

    2.1.2 Histrico do Processo de Convergncia das Normas Internacionais de

    Contabilidade ........................................................................................................... 24

    2.1.3 rgos Reguladores da Contabilidade em mbito Internacional .............. 26

    2.1.3.1 Comit de Padres de Contabilidade Internacional (IASC) / Comit de

    Normas Internacionais de Contabilidade (IASB) .................................................. 26

    2.1.3.2 Conselho Consultivo de Padres (SAC) ................................................... 28

    2.1.3.3 Comit de Interpretaes das IFRS (IFRIC) .............................................. 29

    2.1.3.4 Federao Internacional de Contadores (IFAC) ....................................... 29

    2.1.3.5 Organizao mundial das Comisses de Valores Mobilirios (IOSCO) . 30

    2.1.4 Pronunciamentos Emitidos ........................................................................... 30

    2.1.4.1 Pronunciamentos (IAS) emitidos pelo IASC ............................................. 31

    2.1.4.2 Pronunciamentos (IFRS) emitidos pelo IASB ........................................... 32

    2.1.5 Estrutura Conceitual para a Elaborao e Apresentao das

    Demonstraes Financeiras ................................................................................... 33

    2.1.5.1 Caractersticas Qualitativas das Demonstraes Financeiras ................ 34

    2.1.6 Apresentao das demonstraes Contbeis ............................................. 36

    2.1.6.1 Apresentao das Demonstraes Financeiras IAS 1 .......................... 36

    2.1.6.2 Demonstrao dos Fluxos de Caixa IAS 7 ............................................. 39

    2.1.7 Valor Justo ...................................................................................................... 42

    2.1.8 Contabilizao de Hedge ............................................................................... 45

    2.1.9 Equivalncia Patrimonial ............................................................................... 48

    2.1.10 Reavaliao dos Ativos ............................................................................... 49

    2.1.11 Reduo ao Valor Recupervel de ativos .................................................. 50

  • 13

    2.2 A Contabilidade e seu Ambiente no Brasil ..................................................... 53

    2.2.1 Breve Histrico da Contabilidade no Brasil ................................................. 54

    2.2.2 Ambiente Legal e Regulamentar da Contabilidade ..................................... 55

    2.2.3 Educao Contbil no Brasil ......................................................................... 57

    2.2.4 Profisso Contbil .......................................................................................... 58

    2.2.5 Princpios Contbeis ...................................................................................... 60

    2.2.4 Harmonizao Contbil .................................................................................. 62

    2.2.4.1 Normas Brasileiras de Contabilidade ........................................................ 67

    2.2.4.2 Convergncia entre algumas Normas Brasileiras de Contabilidade e as

    Normas Internacionais ............................................................................................ 69

    2.2.4.2.1 Estrutura Conceitual para a Elaborao e Apresentao das

    Demonstraes Financeiras ................................................................................... 69

    2.2.4.2.2 Apresentao das Demonstraes Contbeis ...................................... 70

    2.2.4.2.3 Demonstrao do Fluxo de Caixa ........................................................... 72

    2.2.4.2.4 Valor Justo ................................................................................................ 74

    2.2.4.2.5 Contabilizao de Hedge ......................................................................... 75

    2.2.4.2.6 Equivalncia Patrimonial ......................................................................... 76

    2.2.4.2.7 Reavaliao de Ativos .............................................................................. 78

    2.2.4.2.8 Reduo ao Valor Recupervel de Ativos .............................................. 78

    2.3 Contabilidade em Angola ................................................................................. 81

    2.3.1 Evoluo Histrica da Contabilidade em Angola ........................................ 82

    2.3.2 Ambiente legal e regulamentar da Contabilidade Angolana ...................... 87

    2.3.3 Profisso Contbil .......................................................................................... 88

    2.3.4 Plano de Contas ............................................................................................. 89

    2.3.4.1 Plano Geral de Contabilidade ..................................................................... 89

    2.3.4.2 Plano de Contas das Instituies Financeiras (CONTIF) ......................... 90

    2.3.5 Princpios Contbeis ...................................................................................... 90

    2.3.6 Harmonizao Contbil em Angola .............................................................. 92

    2.3.6.1 Recentes Mudanas na Contabilidade Angolana ..................................... 93

    2.3.6.1.1 Estrutura e Contedo das Demonstraes Contbeis .......................... 94

    2.3.6.1.2 Valor Justo ................................................................................................ 95

    2.3.6.1.3 Contabilizao de Hedge ......................................................................... 97

    2.3.6.1.4 Equivalncia Patrimonial ......................................................................... 98

    2.3.6.1.5 Reavaliao de Ativos .............................................................................. 99

  • 14

    2.3.6.1.6 Reduo ao Valor Recupervel de Ativos ............................................ 100

    2.3.6.1.7 Normas Internacionais No Adotadas em Angola ............................... 101

    3 QUADRO SINPTICO COMPARATIVO DAS NORMAS DE CONTABILIDADE

    INTERNACIONAIS, BRASILEIRAS E ANGOLANAS ............................................ 103

    4 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................. 129

    REFERNCIAS ....................................................................................................... 131

    APNDICES ........................................................................................................... 135

    ANEXOS ................................................................................................................. 143

  • 15

    1 INTRODUO

    Neste captulo elenca-se a idia central da pesquisa, que trata da

    Contabilidade em Angola e a Harmonizao Contbil em Nvel Mundial: Estudo

    comparativo entre as normas contbeis adotadas no Brasil e em Angola, buscando-

    se conhecer o problema que a originou, assim como os seus objetivos principal e

    especficos. O captulo tambm discorre sobre a justificativa da elaborao da

    pesquisa e a metodologia usada para sua realizao, conforme as normas

    estabelecidas e reconhecidas cientificamente.

    1.1 Tema e Problema

    A internacionalizao da economia e a perspectiva de um mercado nico

    que se manifesta atravs do surgimento de blocos econmicos continentais e/ou

    regionais tm provocado grande impacto na realidade financeira global, exigindo

    assim uma economia aberta e a prtica de livre comrcio entre pases.

    A globalizao um fenmeno que atinge todos os setores da sociedade,

    um movimento que interfere na ao social, cultural e econmica de todos os

    pases. Por necessidade de manuteno e do desenvolvimento de novas

    oportunidades de negcios, as empresas se inserem cada vez mais no mercado

    internacional atravs de parcerias, participaes societrias, exigindo da

    contabilidade informaes geis e confiveis

    Essas mudanas despertaram, por parte dos rgos internacionais, a

    necessidade de harmonizao das normas contbeis e de divulgao de

    informaes financeiras em funo da relevncia de um maior controle da economia

    globalizada, facilitando a comparao e consistncia dessas informaes em nvel

    mundial e consolidando assim a Contabilidade como linguagem universal dos

    negcios.

    A harmonizao contbil visa a reduo das diferenas entre as prticas

    existentes entre os pases por meio da reconciliao das contas, para permitir a

  • 16

    comparao das informaes contbeis entre esses, respeitando as peculiaridades

    e caractersticas de cada regio. (WEFFORT, 2005).

    Criadas pelo IASB (International Accounting Standards Board), as normas

    internacionais de contabilidade, conhecidas como International Accounting

    Standards (IAS) e International Financial Reporting Standards (IFRS), objetivam dar

    maior transparncia as demonstraes contbeis, proporcionando maior

    comparabilidade para diversas entidades em diferentes pases e fornecendo aos

    seus usurios mais informaes para a tomada de decises.

    Hoje, mais de 110 pases j adotaram o IFRS como padro contbil. No

    Brasil a aprovao da Lei n. 11.638/07 e Lei n 11.941/09 foi um grande passo no

    processo de internacionalizao de suas normas contbeis, padronizando as

    mesmas no que tange a conceitos e apresentao das demonstraes financeiras,

    proporcionando-as maior comparabilidade, transparncia e credibilidade.

    Em Angola, muito pouco foi feito quanto convergncia de suas normas

    contbeis. O Instrutivo n 09/2007 de 19 de Setembro do Banco Nacional de Angola,

    que se refere criao de um novo Plano de Contas para Instituies Financeiras

    (CONTIF) que estivesse de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade

    (IAS/IFRS), foi um dos poucos passos que deu-se rumo mudana, isto porque

    Angola, aps experimentar vrias dcadas de guerra civil, vem, somente agora,

    buscando desenvolver-se economicamente e no evidencia o mesmo quadro de

    relevncia contbil em relao a outros pases, como o Brasil, por exemplo. Porm,

    diante do panorama econmico de ascenso em que o pas se encontra, o pas

    precisa e vem tentando adaptar-se aos novos padres internacionais de gesto.

    Nesse contexto, o presente trabalho se prope a atender o seguinte

    problema de pesquisa: Quais as convergncias e divergncias das normas

    contbeis brasileiras e angolanas s normas internacionais?

    1.2 Objetivos da Pesquisa

    O objetivo geral deste trabalho consiste na identificao e comparao

    das normas internacionais de Contabilidade adotadas em Angola e no Brasil.

  • 17

    No intuito de atender ao objetivo geral da pesquisa, constituem-se os

    seguintes objetivos especficos:

    pesquisar literatura especfica, informaes pertinentes contabilidade

    internacional;

    descrever as principais mudanas introduzidas nas normas contbeis

    brasileiras;

    apresentar informaes relacionadas a contabilidade angolana e

    impacto da harmonizao mundial nas normas contbeis deste pas;

    averiguar as possveis disposies legais aplicadas as recentes

    mudanas na contabilidade em Angola;

    confrontar as normas contbeis internacionais, brasileiras com as

    angolanas.

    1.3 Justificativa

    A contabilidade modifica-se de acordo com cada pas e suas diferenas e

    similaridades com relao s normas, procedimentos e princpios acabam causando

    conflitos nas informaes contbeis de outros pases. As empresas multinacionais,

    ao conquistar novos mercados, influenciaram e foram influenciadas pelas normas

    contbeis dos pases que as recebiam e com a globalizao cada vez maior, tornou-

    se inevitvel que ocorresse uma harmonizao destas normas, bem como nos

    princpios e procedimentos contbeis.

    As Normas Internacionais de Contabilidade IFRS tem a vantagem de

    buscar uma soluo que no beneficie uma nica economia, mas que melhor reflita

    as necessidades do maior nmero de pases. O responsvel pela emisso das

    normas contbeis, o IASB, possui uma estrutura multidisciplinar e um processo de

    emisso de normas, que permite que todos os interessados possam igualmente

    participar na definio desse conjunto de normas.

    No Brasil, a Lei n. 11.638/07, que altera a Lei das Sociedades por Aes,

    criou o acesso para a convergncia aos padres internacionais, alterando conceitos

    e o formato de apresentao das demonstraes financeiras, proporcionando maior

  • 18

    comparabilidade com os demonstrativos elaborados em outros pases, e oferecendo

    maior transparncia e credibilidade aos mesmos.

    Em Angola, com o renascer do desenvolvimento econmico do pas e

    com a crescente internacionalizao dos mercados de bens e servios, o pas

    precisou acompanhar a evoluo contbil registrada em nvel internacional sob pena

    de perda de oportunidade e competitividade. Com esse propsito, o Banco Nacional

    de Angola (BNA) foi pioneiro no pas ao implementar as normas internacionais de

    contabilidade, com a criao de um novo Plano de Contas para as Instituies

    Financeiras (CONTIF).

    No entanto, apesar das recentes mudanas ocorridas nas contabilidades

    Angolana e Brasileira, suas normas contbeis ainda apresentam divergncias em

    relao aos princpios e normas contbeis internacionais.

    Deste modo, este trabalho justifica-se pela atualidade do tema em

    questo, uma vez que existem poucos livros abordando o assunto tanto no Brasil

    como em Angola. Devido extrema importncia do assunto, a pesquisa visa

    descrever quais das normas contbeis internacionais emitidas pelo IASB foram

    adotadas no Brasil e em Angola e fazer um comparativo entre os princpios e

    normas de contabilidade Brasileiras e Angolanas, buscando assim identificar quais

    as convergncias e divergncias contbeis entre os dois pases.

    1.4 Metodologia

    Para a composio e desenvolvimento deste estudo sero utilizados

    alguns procedimentos metodolgicos determinando o alcance dos objetivos

    propostos. Diante disto, quanto aos objetivos, ser realizada pesquisa descritiva,

    que segundo Martins Junior (2008, p. 83), visa descobrir e observar fenmenos

    existentes, situaes presentes e eventos, procurando descrev-los, classific-los,

    compar-los, interpret-los e avali-los, com o objetivo de aclarar situaes para

    idealizar futuros planos e decises.

    Quanto aos procedimentos, ser realizada pesquisa bibliogrfica,

    documental e exploratria.

  • 19

    Para composio do referencial terico deste projeto ser empregada a

    informao bibliogrfica coletada em livros, materiais eletrnicos, legislao e

    peridicos.

    Cervo, Bervian e Silva (2010, p. 60) definem a pesquisa bibliografica

    como a que

    procura explicar um problema a partir de referenciais tericos publicadas em artigos, livros, dissertaes e teses. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos busca-se conhecer e analisar as contribuies culturais ou cientficas do passado sobre um determinado assunto, tema ou problema.

    Ser feita pesquisa documental, pois o trabalho ir valer-se da anlise de

    materiais, como Balano, DRE e Fluxo de Caixa. A pesquisa documental investiga

    os documentos para descrever e comparar usos, costumes, tendncias e diferenas.

    (MARTINS JUNIOR, 2008).

    A pesquisa ter ainda carter exploratrio, pois abordar um assunto

    novo, ainda pouco explorado no pas. Segundo Cervo, Bervian e Silva (2010, p. 63),

    a pequisa esploratria [...] o passo inicial no processo de pesquisa pela

    experincia e um auxlio que traz a formulao de hipteses significativas para

    posteriores pesquisas.

    Quanto abordagem ao problema, este ser de carter qualitativo, pois

    busca descrever sobre a complexidade de determinado assunto. Para Richardson et

    al (1999, p. 80), os estudos que empregam metodologia qualitativa podem

    descrever a complexidade de determinado problema, avaliar a interao de certas

    variveis, compreender e classificar processos dinmicos vividos por grupos

    sociais.

    Com intuito de desenvolver o trabalho sero utilizados os procedimentos

    citados acima em busca dos objetivos destacados.

  • 20

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    A contabilidade considerada a linguagem universal dos negcios, no

    entanto, de acordo com Weffort (2005), esta moldada pelo ambiente no qual

    opera. Da mesma forma que as naes tm diferentes histrias, valores e sistemas

    polticos, elas tambm tm diferentes padres de desenvolvimento contbil.

    Com a evoluo do mercado de capital e do ambiente corporativo

    empresarial em nvel mundial, juntamente com a globalizao da economia e das

    finanas, tornou-se inevitvel que ocorresse uma harmonizao das normas de

    contabilidade em nvel mundial, bem como nos princpios e procedimentos contbeis

    de forma a viabilizar o processo de comparao de informaes entre companhias

    de um mesmo grupo ou de grupos distintos. (OLIVEIRA et al, 2008).

    Neste trabalho apresenta-se os aspectos tericos do tema pesquisado,

    tais como: origem e evoluo do processo de convergncia das normas

    internacionais de contabilidade e a adoo das normas contbeis no Brasil e em

    Angola. Para um maior entendimento do assunto, procurou-se conciliar informaes

    apresentadas por diversos autores, buscando concomitantemente garantir a

    confiabilidade nas informaes passadas, dispondo-as da forma mais clara e

    acessvel possvel.

    2.1 Harmonizao Mundial das Normas Contbeis

    O crescimento da globalizao, e, principalmente, a maior integrao

    entre os diferentes mercados mundiais trouxeram a necessidade da adoo de

    padres contbeis unificados. Seguidas por diversos mercados importantes, as

    normas internacionais de contabilidade comeam a alterar a forma como as

    empresas de todo o mundo emitem suas demonstraes financeiras.

    A harmonizao contbil visa reduo das diferenas entre as prticas

    existentes entre os pases por meio da reconciliao das contas, para permitir a

    comparao das informaes contbeis entre esses, respeitando as peculiaridades

    e caractersticas de cada regio. (WEFFORT, 2005).

  • 21

    O processo de harmonizao contbil busca alcanar uma nova postura

    aplicada contabilidade, onde se procura atingir um senso comum no que diz

    respeito s normas e procedimentos aplicveis elaborao de demonstraes

    financeiras, melhorando desta forma a qualidade das informaes, por intermdio de

    uma moeda comum, uma linguagem e um conjunto de parmetros que permitam o

    mesmo nvel de compreensibilidade e comparabilidade entre diferentes empresas,

    independentemente de qual a sua localizao.

    Assim, com este tpico prope-se explicar minuciosamente como surgiu

    necessidade de se harmonizar as normas contbeis, enfatizando-se algumas

    mudanas contbeis emitidas pelos rgos reguladores da contabilidade

    internacional na tica dos autores pesquisados.

    2.1.1 Origem e Evoluo da Contabilidade

    No h data precisa que determina a origem da Contabilidade, no entanto

    a maioria dos autores afirma que a histria da contabilidade to antiga quanto

    histria da civilizao.

    A Contabilidade nasceu com a civilizao e jamais deixar de existir em decorrncia dela; talvez por isso, seus progressos quase sempre tenham coincidido com aqueles que caracterizaram os da prpria evoluo do ser

    humano. (S, 2007. p.15).

    De acordo com Andrade (2009), a prova da realidade contbil existe

    desde o mundo antigo, h mais de 4000 anos antes de Cristo. Atravessou os tempos

    at a decadncia do Imprio Romano, ao aparecimento dos Brbaros e do

    feudalismo, at aos dias que correm. No entanto, S (2007) ressalta que talvez

    antes disto o homem primitivo, ao inventariar o nmero de instrumentos de caa e

    pesca disponveis, ao contar seus rebanhos, ao contar suas nforas de bebidas, j

    estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade.

    O aperfeioamento da contabilidade ao longos dos anos, est relacionado

    necessidade de registros do comrcio. Surgiu da necessidade do homem

    acompanhar e controlar a evoluo de seu patrimnio; necessidade de controlar

  • 22

    aquilo que possua, gastava ou devia, sempre procurando encontrar numa maneira

    simples de aumentar suas posses. (S, 2009).

    Segundo Melis (1950, apud S, 2007, p. 17), a histria da contabilidade

    divide-se em quatro perodos:

    I. Contabilidade do mundo antigo - perodo que se inicia com a

    civilizao do homem e vai at 1202 da Era Crist;

    II. Contabilidade da era medieval - perodo que vai de 1202 da Era

    Crist at 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et

    Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Pacioli,

    enfatizando que a teoria contbil do dbito e do crdito corresponde a

    teoria dos nmeros positivos e negativos, obra que contribuiu para

    inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano.

    III. Contabilidade do mundo moderno - perodo que vai de 1494 at

    1840, com o aparecimento da Obra "La Contabilit Applicatta alle

    Amministrazioni Private e Pubbliche, da autoria de Franscesco Villa.

    IV. Contabilidade do mundo cientifico - perodo que se inicia em 1840 e

    continua at os dias de hoje.

    Oliveira et al (2008), sem qualquer preocupao com os aspectos

    histricos e cientficos, resumem a evoluo contbil a partir dos seguintes

    acontecimentos:

    POCA ACONTECIMENTO

    Final do

    sculo XV

    poca em que as expedies martimas em forma de joint ventures faziam uso da

    contabilidade para a prestao de contas das receitas e gastos das expedies s

    Amricas, ndia e sia.

    Final do

    sculo XV

    Publicao, em 1494, do Tractatus de computis et scriptus do Frei Luca Pacioli, que

    deu incio ao pensamento cientfico da contabilidade.

    Revoluo

    Industrial

    em 1756

    na

    Inglaterra

    O crescente comrcio em toda a Europa e a expanso do capitalismo propiciaram

    um grande impulso para a profisso do contador e auditor, devido ao surgimento das

    primeiras fbricas com o uso intensivo de capital e com a conseqente necessidade

    de delegao de funes, atividades e atribuio de responsabilidades quanto ao uso

    dos recursos produtivos e comercias.

    Continua

  • 23

    Quadro 1: Evoluo da contabilidade no decorrer do tempo Fonte: Adaptado de Oliveira et al (2008)

    O aparecimento das gigantescas corporaes (corporations, em ingls)

    no incio do sculo XX, aliado ao respeitvel desenvolvimento do mercado de

    capitais e o extraordinrio ritmo de crescimento de alguns pases da Europa e

    Estados Unidos, levaram a contabilidade ao estado que se vive hoje, ou seja, a

    necessidade de adoo de padres unificados entre diferentes pases.

    O simples guarda livros de anos atrs, hoje um dos profissionais mais

    valorizados no mercado internacional. A globalizao mundial colocou-os no centro

    1 Crash, numa traduo livre para portugus, significa falncia.

    Continuao

    1880 Criada da Associao dos Contadores Pblicos Certificados na Inglaterra - Institute

    of Chartered Accoutants in England and Wales.

    1886 Criao nos E.U.A da Associao dos Contadores Pblicos Certificados.

    Inicio do

    sculo XX

    Surgimento das grandes corporaes americanas, tais como a Ford, Dupont e rpida

    expanso do mercado de capitais nos Estados Unidos.

    1929

    Crash1 da Bolsa, devido grande depresso econmica americana, criado o

    Comit May, um grupo de trabalho institudo com a finalidade de estabelecer regras

    de auditoria e contabilidade para as empresas que tivessem suas aes negociadas

    em Bolsas de Valores, tornando obrigatria a auditoria contbil independente de suas

    demonstraes contbeis.

    1930 Surgimento do American Institute of Certified Accountants (AICPA), rgo

    responsvel pelo estabelecimento das normas contbeis e de auditoria.

    1934

    Criao da Security Exchange Commission (SEC) nos Estados Unidos, que

    aumentou a importncia da profisso do contador e do auditor como guardies da

    adoo e transparncia das informaes financeiras das organizaes e sua

    divulgao para o mercado de capitais e toda a sociedade.

    1973

    Criao do FASB Financial Accounting Standards Board Junta de Normas de

    Contabilidade Financeira, com o objetivo de determinar e aperfeioar os

    procedimentos, conceitos e normas contbeis. composta de 7 membros indicados

    pelo AICPA, sendo um rgo independente, reconhecido pelo SEC.

    1991-2000 Globalizao crescente da economia e dos investimentos internacionais.

    2001 Fortalecimento das prticas de governana corporativa e da tentativa para a

    harmonizao dos padres de contabilidade internacional.

    2002 Criao nos Estados Unidos, da Lei SOX que penaliza a falta de tica nas prticas

    contbil.

  • 24

    da tomada de decises, forando-os assim a estarem sempre preocupados em

    acompanhar vigilantemente tudo que vai surgindo de novo na atividade econmica,

    administrativa e tecnologia de informao.

    2.1.2 Histrico do Processo de Convergncia das Normas Internacionais de

    Contabilidade

    A contabilidade usualmente mencionada como a principal linguagem

    dos negcios, no entanto, esse processo de comunicao dificultado devido s

    diferenas internacionais das normas contbeis.

    Com a globalizao da economia e o desenvolvimento dos grupos

    empresariais, essas diferenas foram se tornando cada vez mais notveis, e a

    criao de um padro contbil unificado que facilitasse o processo de anlise de

    investimentos e consolidao de demonstraes financeiras de empresas

    localizadas em diferentes pases tornou-se inevitvel. (PEREZ JUNIOR, 2009).

    A princpio, os rgos responsveis pela internacionalizao das normas

    contbeis pretendiam padroniz-las, no entanto, Niyama (2010) ressalta que tal

    processo no foi possvel, uma vez que a padronizao implicaria na uniformizao

    dos critrios de contabilidade, sem flexibilidade.

    Assim, surgiu a harmonizao que no entendimento de Perez Junior

    (2009), o processo que busca amenizar as diferenas internacionais. Os

    pronunciamentos internacionais so traduzidos e adaptados s caractersticas de

    cada regio, sem, no entanto, perder-se as caractersticas bsicas de cada

    pronunciamento.

    Importante, tambm, para Niyama (2010), definir o que significa

    convergncia. Convergncia , de acordo com o mesmo autor, a aderncia ou

    adoo de uma regra a outra. o processo de implementao das normas

    internacionais em cada pas. o processo que se abordar no decorrer deste

    trabalho.

    Nesse contexto, o quadro 2 descreve, de forma resumida, o histrico do

    processo de convergncia internacional das normas contbeis, conforme a teoria

    assegurada pelos autores Perez Junior (2009) e Szuster, Szuster e Szuster (2009):

  • 25

    ANO ACONTECIMENTO

    1972 Durante o 10 Congresso Mundial dos Contadores, foi proposta a criao de um comit de

    pronunciamentos contbeis internacionais.

    1973

    Foi fundado pelos organismos profissionais de contabilidade da Alemanha, Austrlia,

    Canad, Estados Unidos da Amrica, Frana, Irlanda, Japo, Mxico, Pases baixos e

    Reino Unido, o comit de pronunciamentos contbeis internacionais, denominado IASC

    (International Accounting Standars Committee), com o objetivo de formular e publicar um

    novo padro de normas internacionais de contabilidade que fosse mundialmente aceito.

    1997 O IASC criou o Standing Interpretations Committee (SIC), um comit tcnico responsvel

    pelas dvidas de interpretao por parte dos usurios das publicaes emitidas pelo IASC.

    2001

    Foi criado, o International Accounting Standards Board (IASB), rgo que assumiu as

    responsabilidades tcnicas do IASC. Neste mesmo ano, o Standing Interpretations

    Committee (SIC) passou a chamar-se International Financial Reporting Interpretations

    Committee (IFRIC).

    2002

    O FASB (Financial Accounting Standards Board), rgo norte americano responsvel pela

    emisso dos princpios de contabilidade geralmente aceitos neste pas (USGAAP) e o

    IASB, celebram um acordo (acordo de Norwalk) que estabeleceu o compromisso dos dois

    rgos em harmonizar as normas USGAAP e de IFRS (International Accounting Standards

    ou Normas Internacionais de Contabilidade).

    2004 Em Maro de 2004, muitas das normas IAS/IFRS foram publicadas pelo IASB

    2005

    A partir de 1 de Janeiro de 2005, todas as empresas europias de capital aberto passam a

    adotar obrigatoriamente as normas IFRS para a publicao de suas demonstraes

    financeiras consolidadas.

    2007

    ngela Merkel representando a Unio Europia e George W. Bush representando os

    Estados Unidos assinam o acordo de harmonizao das normas contbeis, com o intuito

    de se criar um modelo de contabilidade internacional.

    2009

    No Brasil, entrada em vigor das normas e padres do IFRS, tornando-se obrigatria para

    todas as empresas de capital aberto e as de capital fechado de mdio e grande porte. Os

    bancos podem passar a exigir as demonstraes financeiras de acordo com o novo padro.

    Quadro 2: Histrico do processo de convergncia Internacional das normas contbeis Fonte: Elaborado pela Autora em abordagem a teoria assegurada por Perez Junior (2009) e Szuster, Szuster e Szuster (2009).

    Atualmente, mais de 110 pases j aderiram ou esto em processo de

    convergncia das normas internacionais de contabilidade. (PEREZ JUNIOR, 2009).

  • 26

    2.1.3 rgos Reguladores da Contabilidade em mbito Internacional

    A busca pela harmonizao contbil internacional tem envolvido

    iniciativas de diversas entidades em nvel global. Abaixo sero elencados alguns dos

    rgos internacionais que no tm medido esforos para que a convergncia

    contbil seja um fenmeno mundial.

    2.1.3.1 Comit de Padres de Contabilidade Internacional (IASC) / Comit de

    Normas Internacionais de Contabilidade (IASB)

    O IASC, Comit de Padres de Contabilidade Internacional ou

    International Accounting Standards Committee, em ingls, foi criado em 1973 pelos

    organismos profissionais de contabilidade de 10 pases (Alemanha, Austrlia,

    Canad, Estados Unidos, Frana, Irlanda, Japo, Mxico, Pases baixos e Reino

    Unido) com o intuito de formular e publicar de forma totalmente independente um

    novo padro de normas contbeis internacionais que pudesse ser mundialmente

    aceito. (SANTOS, SCHMIDT e FERNANDES, 2010).

    Sediado em Londres, o IASC, segundo Oliveira et al (2008), foi criado

    com os seguintes objetivos :

    formular e praticar as normas contbeis de interesse pblico. A serem cumpridas na apresentao das demonstraes contbeis e promover mundialmente sua aceitao e cumprimento;

    trabalhar em geral pela melhoria e harmonizao das regulamentaes, normas contbeis e procedimentos referentes s demonstraes contbeis.

    Os primeiros pronunciamentos contbeis publicados pela IASC foram

    denominados de International Accounting Standard (IAS) ou normas internacionais

    de contabilidade.

    Em abril de 2001, o Comit de Padres de Contabilidade Internacional

    alterou a sua estrutura organizacional e fundou o International Accounting Standards

    Board (IASB) ou Comit de Normas Internacionais de Contabilidade, que passaria a

    ser o rgo responsvel pela definio e emisso de normas internacionais de

  • 27

    contabilidade, enquanto que o antigo IASC, hoje denominado Fundao IASC,

    passaria a responder somente pela superviso ao IASB e a proviso de fundos.

    Essa nova estrutura visou garantir uma maior independncia ao rgo emissor das

    normas. (NIYAMA, 2010).

    Assim, Perez Junior (2009, p. 48), ressalta que de acordo com a sua

    constituio o IASB apresenta como metas:

    desenvolver, no interesse pblico, um conjunto nico de normas contbeis globais de qualidade alta, que seja compreensvel, transparente e que, alm disso, resguarde a comparabilidade das informaes constantes nas demonstraes contbeis, com a finalidade de facilitar o processo de anlise e julgamentos dos participantes dos mercados de capitais ao redor do mundo e dos usurios que tomam decises econmicas;

    promover o uso e a aplicao rigorosa das normas internacionais de contabilidade;

    provocar convergncia de normas nacionais e internacionais de contabilidade, bem como apresentar solues de alta qualidade.

    Atualmente, segundo Perez Junior (2009), todos os pronunciamentos

    contbeis internacionais publicados pelo IASB tm o nome de pronunciamentos

    IFRS (International Financial Reporting Standard). O novo nome escolhido pelo IASB

    demonstrou a vontade de transformar progressivamente os pronunciamentos

    contbeis anteriores (IAS) em novos padres internacionais de reporte financeiro,

    respondendo as expectativas crescentes dos usurios da informao financeira

    (analistas, investidores, instituies, etc).

    Para atender os objetivos a ele propostos, o IASB est inserido, de

    acordo com Lima (2010), numa estrutura composta pelos seguintes rgos (FIG. 1):

    Fundao IASC responsvel pela governana da estrutura da

    qual o IASB faz parte;

    SAC - Conselho Consultivo de Padres, responsvel por

    recomendar as prioridades de trabalho do IASB e inform-lo a

    respeito das implicaes de normas propostas aos usurios e

    elaboradores das demonstraes financeiras;

    IFRIC - Comit de Interpretaes das IFRS que interpreta a

    aplicao das IFRS questes contbeis para as quais no h

    tratamento definido e que provavelmente resultariam em prticas

    divergentes ou no aceitveis, na ausncia e instrues bem

    definidas.

  • 28

    Figura 1: Estrutura organizacional do IASC Fonte: Lima (2010, p. 2)

    Alm das entidades acima descritas, o IASB conta ainda com a

    colaborao dos seguintes rgos: (SANTOS, SCHMIDT e FERNANDES, 2010):

    IFAC - Federao Internacional de Contadores; e

    IOSCO Organizao internacional das Comisses de Valores.

    As funes destes rgos que colaboram com o IASB, encontram-se

    explanadas nos tpicos a seguir.

    2.1.3.2 Conselho Consultivo de Padres (SAC)

    O SAC, Conselho Consultivo de Padres ou Standards Advisory Council,

    em ingls, , de acordo com Schmidt, Santos e Fernandes (2010, p.11), o

    organismo internacional atravs do qual grupos e indivduos que advm de outras

    reas geogrficas onde no esto estabelecidos os curadores do IASB fazem

    recomendaes ou aconselham o IASB.

    Fundao IASC

    SAC Conselho

    Consultivo de Padres

    IASB IFRIC Comit de

    Interpretaes das IFRS

    IFRS

    A

    B

    C

    D

    E F

    H

    A

    G

    [A] Informa [B] Aponta [C] Aconselha tecnicamente [D] Aponta, monitora, revisa a eficcia e financia [E] Informa [F] Aponta [G] Interpreta [H] Emite

  • 29

    Composto por aproximadamente 30 membros, todos eles de regies

    diferentes e com especializao tcnica adequada, o SAC apresenta como

    objetivos:

    recomendar as prioridades de trabalho do IASB;

    informar o IASB a respeito das implicaes de normas propostas

    aos usurios e elaboradores das demonstraes financeiras; e

    fazer outras recomendaes pertinentes ao IASB. (SCHMIDT,

    SANTOS E FERNANDES, 2010).

    Os mesmos autores ressaltam ainda que esse conselho deve reunir-se,

    no mnimo, trs vezes por ano, em assemblias pblicas.

    2.1.3.3 Comit de Interpretaes das IFRS (IFRIC)

    Sucessor do antigo SIC - Comit permanente de Interpretaes (Standing

    Interpretation Committe), o IFRIC - Comit de Interpretaes das IFRS ou

    International Financial Reporting Interpretations Committee, em ingls,

    responsvel por interpretar a aplicao das IFRS questes contbeis para as quais

    no h tratamento definido e que provavelmente resultariam em prticas divergentes

    ou no aceitveis, na ausncia de instrues bem definidas. (LIMA, 2010).

    constitudo por 12 membros, com mandato de trs anos, sendo que seu

    presidente deve ser um membro do IASB. (SCHMIDT, SANTOS E FERNANDES,

    2010).

    2.1.3.4 Federao Internacional de Contadores (IFAC)

    De acordo com Niyama (2010), o IFAC, Federao Internacional de

    Contadores ou International Federation of Accounting Committee, entrou em vigor

    em 1977, com a misso de estreitar o relacionamento da profisso contbil em nvel

    mundial, atendendo demanda de interesse pblico, contribuir para o

    desenvolvimento da economia internacional, estabelecendo e promovendo

  • 30

    aderncia elevada qualidade tcnica dos padres profissionais (alm de buscar a

    convergncia internacional desses padres) e, finalmente, representar a profisso

    em assuntos de interesse pblico.

    De natureza no governamental, sem fins lucrativos e no poltica, o IFAC

    conta com a participao de 159 membros, de 124 pases que totalizam

    aproximadamente 2,5 milhes de contadores. O IBRACON e o CFC fazem parte

    deste total.

    2.1.3.5 Organizao Mundial das Comisses de Valores Mobilirios (IOSCO)

    A IOSCO, International Organization of Securities Commissions, a

    Organizao mundial das CVMS, que segundo NIYAMA (2010, p. 45) tem como

    objetivos:

    Cooperar para a promoo de altos padres de regulamentao do mercado de capitais, de modo a refletir um mercado justo, eficiente e sadio;

    Promover troca de informaes ou outras experincias para o desenvolvimento do mercado de capitais domsticos;

    Estabelecer padres e efetivo monitoramento de transaes internacionais, envolvendo ttulos; e

    Promover a integridade do mercado, mediante uma rigorosa aplicao de padres regulatrios.

    O IOSCO conta com a participao de 114 rgos reguladores (entre eles

    a CVM) e abrange mais de 95% do movimento global do mercado de capitais do

    mundo, segundo o site do IBRACON.

    Notcias publicadas no site do IBRACON antecipam que, a partir de 2012,

    a presidente da CVM, Maria Helena Santana, passar a presidir o comit executivo

    da Organizao Internacional das Comisses de Valores.

    2.1.4 Pronunciamentos Emitidos

    Neste tpico apresentar-se- um resumo dos pronunciamentos emitidos

    tanto pelo IASC como pelo IASB que esto em vigor.

  • 31

    2.1.4.1 Pronunciamentos (IAS) emitidos pelo IASC

    No perodo de 1975 a 2001, o IASC emitiu 41 pronunciamentos IAS dos

    quais 29 esto em vigor.

    O quadro 3 faz meno aos pronunciamentos que esto em vigor:

    IAS INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARS

    IAS 1 Apresentao das demonstraes financeiras

    IAS 2 Estoques

    IAS 7 Demonstraes dos fluxos de caixa

    IAS 8 Polticas contbeis, alteraes nas estimativas contbeis e erros

    IAS 10 Eventos subseqentes data do balano patrimonial

    IAS 11 Contabilizao dos contratos de construo

    IAS 12 Contabilizao do imposto sobre a renda

    IAS 16 Contabilizao do ativo imobilizado

    IAS 17 Contabilizao dos arrendamentos

    IAS 18 Receitas

    IAS 19 Custos de benefcios de aposentadoria

    IAS 20 Contabilizao e divulgao dos subsdios governamentais

    IAS 21 Os efeitos das mudanas em taxas de cmbio estrangeiras

    IAS 23 Custo dos emprstimos obtidos

    IAS 24 Divulgao de partes relacionadas

    IAS 26 Contabilizao e relatrios dos benefcios de aposentadoria

    IAS 27 Demonstraes contbeis consolidadas e contabilidade para investimentos em

    subsidirias

    IAS 28 Contabilizao de investimentos em associadas

    IAS 29 Demonstraes contbeis em economias hiperinflacionrias

    IAS 31 Tratamento contbil de participao em empreendimentos em conjunto Joint

    Ventures

    IAS 32 Instrumentos financeiros: divulgaes e apresentao

    IAS 33 Resultado por ao

    IAS 34 Relatrios financeiros intermedirios

    IAS 36 Reduo do valor recupervel de ativos Impairment

    IAS 37 Provises, passivos e ativos contingentes

    IAS 38 Ativos Intangveis

    Continua

  • 32

    Continuao

    IAS INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARS

    IAS 39 Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensurao

    IAS 40 Investimentos em imveis

    IAS 41 Agricultura

    Quadro 3: Pronunciamentos IAS emitidos pelo IASC Fonte: Adaptado de Perez Junior (2009)

    2.1.4.2 Pronunciamentos (IFRS) emitidos pelo IASB

    Sntese dos pronunciamentos IFRS emitidos a partir de 2002 pelo IASB:

    IFRS- INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS

    IFRS 1 Primeira adoo das normas internacionais de contabilidade

    IFRS 2 Pagamento baseado em aes

    IFRS 3 Concentraes de atividades empresariais combinao de negcios

    IFRS 4 Contratos de seguro

    IFRS 5 Ativos no-correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas

    IFRS 6 Explorao e avaliao de recursos minerais

    IFRS 7 Instrumentos financeiros: Evidenciao

    IFRS 8 Segmentos operacionais

    Quadro 4: Pronunciamentos IFRS emitidos pelo IASB Fonte: Adaptado de Perez Junior (2009)

    At a data de concluso deste trabalho, encontrava-se em discusso a

    norma IFRS 9 - Financial Instruments (instrumentos financeiros) que ir substituir a

    norma IAS 39. Emitido ao final de 2009 este pronunciamento ter vigncia

    obrigatria apenas em 2013.

  • 33

    2.1.5 Estrutura Conceitual para a Elaborao e Apresentao das

    Demonstraes Financeiras

    A estrutura conceitual para a elaborao e apresentao das

    demonstraes financeiras (Framework for the preparation and presentation of

    Financial Statements) foi aprovada pelo conselho do IASC em Abril de 1989 e

    adotada pelo IASB em Abril de 2001.

    Esta estrutura conceitual estabelece, segundo Lage e Weffort (2009, p.2),

    os conceitos que fundamentam a preparao e apresentao das demonstraes contbeis destinadas a usurios externos e tm por finalidade:

    dar suporte ao desenvolvimento de novos pronunciamentos tcnicos e reviso de pronunciamentos existentes;

    promover a harmonizao das regras, padres contbeis e procedimentos;

    dar suporte aos reguladores nacionais no desenvolvimento de regras locais;

    dar suporte aos preparadores de demonstraes financeiras na aplicao das normas internacionais e no tratamento de assuntos que ainda no tiveram sido objetos de normas internacionais;

    auxiliar os auditores independentes a formar sua opinio sobre a conformidade das demonstraes contbeis com as normas internacionais; e

    proporcionar, queles interessados, informaes sobre o enfoque adaptado na formulao dos pronunciamentos tcnicos.

    Aplicvel tanto no setor pblico como no privado, o framework no uma

    norma internacional (IAS ou IFRS), e, portanto, no define procedimentos para

    qualquer questo particular sobre aspectos de mensurao ou divulgao. Ele

    apenas o arcabouo conceitual que dever sustentar a preparao e apresentao

    das demonstraes financeiras, cuidando de aspetos como:

    o objetivo das demonstraes financeiras;

    caractersticas qualitativas da informao financeira;

    definio, reconhecimento e mensurao dos principais elementos

    das demonstraes financeiras (ativos, passivos, receitas e

    despesas); e

    conceitos de capital e manuteno de capital. (LAGE, WEFFORT,

    2009).

  • 34

    Lage e Weffort (2009) esclarecem, ainda, que da expresso conceitual

    pode advir a falsa impresso de uma norma hierarquicamente superior, que

    estabelece diretrizes gerais as demais, e que em caso de conflito com elas,

    prevaleceria. No entanto, no o que acontece. Ainda que a ela caiba orientar

    novos procedimentos e revisar aqueles j em vigor, em caso de conflito com os

    pronunciamentos IAS/IFRS e mesmo com suas interpretaes, prevalecem, em

    ordem de relevncia, primeiro os pronunciamentos e depois as interpretaes.

    No tpico a seguir, abordar-se- as caractersticas qualitativas da

    informao financeira.

    2.1.5.1 Caractersticas Qualitativas das Demonstraes Financeiras

    De acordo com Perez Junior (2009, p. 49), as demonstraes contbeis

    tm como objetivo proporcionar informao acerca da posio financeira, do

    desempenho e das alteraes na posio financeira de uma entidade que seja til a

    um vasto leque de usurios na tomadas de decises econmicas.

    Lage e Weffort (2009) elucidam que para uma demonstrao financeira

    atingir seus objetivos, faz-se necessrio que a mesma seja elaborada e apresentada

    respeitando os pressupostos bsicos e as caractersticas qualitativas das

    demonstraes financeiras definidas pela estrutura conceitual (quadro 5).

    Pre

    ssu

    po

    sto

    s

    bsic

    os

    Regime de

    competncia

    Exige a apropriao em simultneo das receitas e despesas

    no perodo de sua realizao, independentemente do efetivo

    recebimento das receitas ou do pagamento das despesas.

    Continuidade As demonstraes contbeis devem ser preparadas sob o

    pressuposto da continuidade das atividades da entidade

    Cara

    cte

    rsti

    ca

    s

    qu

    alita

    tiva

    s d

    a

    info

    rmao

    co

    nt

    bil

    Compreensibilidade

    As informaes contidas nas demonstraes contbeis

    devem ser de fcil entendimento para os usurios. No

    entanto, presumindo que estes usurios possuam

    conhecimento prvio das atividades econmicas, negcios e

    contabilidade, informaes complexas no devem ser

    excludas das demonstraes sob argumento de difcil

    entendimento para os diversos interessados.

    Continua

  • 35

    Continuao

    Cara

    cte

    rsti

    ca

    s q

    ualita

    tiv

    as d

    a in

    form

    a

    o

    co

    nt

    bil

    Relevncia

    Para serem teis, as informaes devem ser importantes ao

    usurio, ao avaliar os eventos ocorridos, para que o mesmo no

    cometa erros na sua tomada de decises.

    Materialidade

    A relevncia das informaes afetada pela sua natureza e

    materialidade. Uma informao material se omitida ou distorcida,

    puder influenciar as decises econmicas dos usurios, tomadas

    com base nas demonstraes financeiras.

    Confiabilidade

    Para ser til, a informao deve ser confivel, ou seja, deve estar

    livre de erros e distores, e representar adequadamente aquilo a

    que se prope.

    Representao

    adequada

    A confiabilidade da informao contbil depende de sua

    representao adequada, ou seja, ela deve representar

    corretamente as transaes e outros eventos que ela diz

    representar ou que se espere que ela represente.

    Essncia sobre a

    forma

    Para que a informao represente adequadamente aquilo a que ela

    se prope a representar, necessrio que essas transaes sejam

    contabilizadas e apresentadas de acordo com a sua substncia e

    realidade econmica, e no meramente sua forma legal.

    Neutralidade A informao contida nas demonstraes financeiras deve ser

    neutra, isto , imparcial.

    Prudncia

    A informao prudente aquela se preocupa com as estimativas,

    se resguarda, em certas condies de incertezas. Assim no se

    deve superestimar os ativos e receitas nem subestimar os passivos

    e despesas, para que o resultado no seja afetado.

    Integridade

    Uma informao contbil deve ser completa, dentro dos limites de

    materialidade e custos, para ser confivel. Assim uma omisso ou

    distoro pode tornar a informao no confivel e deficiente

    quanto a sua relevncia.

    Comparabilidade

    Os usurios devem ser capazes de comparar as demonstraes

    contbeis da entidade ao longo do tempo, a fim de identificar

    tendncias em sua posio patrimonial e financeira e no seu

    desempenho.

    Quadro 5: Caractersticas qualitativa das demonstraes financeiras Fonte: Elaborado pela Autora com base na teoria assegurada por Lage e Weffort (2009)

  • 36

    2.1.6 Apresentao das Demonstraes Contbeis

    Neste tpico explanar-se- as normas internacionais de contabilidade que

    abordam a apresentao das demonstraes contbeis, como o caso das normas

    IAS 1 e IAS 7.

    2.1.6.1 Apresentao das Demonstraes Financeiras IAS 1

    A norma IAS 1 Disclosure pf Accouting Policies Presentation of

    Financial Statements, Divulgao de Polticas Contbeis Apresentao de

    Relatrios Financeiros define a estrutura, a base para apresentao das

    demonstraes financeiras, buscando assegurar a comparabilidade tanto com as

    demonstraes financeiras de um ano para outro, quanto em relao s

    demonstraes financeiras de outras entidades. Ela estabelece requisitos gerais

    para a apresentao de demonstraes financeiras, diretrizes para a sua estrutura e

    requisitos mnimos para o seu contedo. (CARVALHO, LEMES e COSTA, 2009).

    Farah e Salotti (2009) relatam que a IAS 1 constitui o que h de mais

    importante no processo de normatizao de demonstraes contbeis para

    informao ao usurio externo, visto que esta tem como foco uniformizar as

    demonstraes, indicando quais devem ser apresentadas e como devem ser

    apresentadas, a fim de que os leitores externos possam, sem muito esforo,

    entender a posio patrimonial de uma entidade e suas mutaes ao longo do

    tempo.

    No define, contudo, o reconhecimento, a forma de mensurao e a

    divulgao de algumas transaes especficas e outros acontecimentos, as quais

    so tratadas noutras normas e interpretaes. (DELOITTE, 2009).

    Assim, de acordo com a teoria assegurada pelos autores Carvalho,

    Lemes e Costa (2009), Deloitte (2009) e Farah e Salotti (2009), o quadro abaixo

    apresenta um resumo dos requisitos impostos pelo IAS 1 para a apresentao de

    demonstraes financeiras:

  • 37

    RE

    SU

    MO

    DA

    NO

    RM

    A I

    NT

    ER

    NA

    CIO

    NA

    L IA

    S 1

    A

    PR

    ES

    EN

    TA

    CA

    O D

    AS

    DE

    MO

    NS

    TR

    A

    E

    S

    FIN

    AN

    CE

    IRA

    S

    Um conjunto completo de demonstraes financeiras deve conter:

    - balano patrimonial: divulgao da posio financeira e patrimonial da entidade;

    - demonstrao do resultado abrangente para o perodo: mensurao do desempenho

    da entidade;

    - demonstrao do resultado do exerccio: divulgao do desempenho da entidade em

    determinado perodo;

    - demonstrao das mutaes do patrimnio lquido: divulgao sobre as variaes no

    capital social, reservas, lucros acumulados e outros elementos do patrimnio lquido da

    entidade;

    - demonstrao dos fluxos de caixa: divulgao sobre o caixa gerado e utilizado nas

    atividades operacionais, financiamento e investimento da entidade, e

    - notas explicativas: divulgaes integrantes das demonstraes contbeis que ilustram

    informaes relevantes sobre ativos, passivos, receitas, despesas e outras informaes

    financeiras requeridas nas IFRS.

    A apresentao pelas entidades de outros relatrios como relatrio da administrao,

    demonstrao do valor adicionado e balano social so aceitos, mas esto fora do

    escopo do IAS 1.

    As informaes contbeis devem ser apresentadas de acordo com as seguintes

    caractersticas gerais:

    I - apresentao justa e em conformidade com os IFRS;

    II - pressuposto de continuidade;

    III - regime de competncia;

    IV - consistncia2 de apresentao;

    V materialidade e formatao3;

    VI - no compensao de ativos e passivos; e

    VII - informao comparativa.

    Os administradores so responsveis pela emisso das demonstraes financeiras.

    Continua

    2 A apresentao e a classificao dos itens nas demonstraes devero ser mantidas

    Co de um perodo

    para outro, a menos que reflitam, em determinado perodo, mudanas significativas na natureza das

    operaes da empresa ou reviso de suas demonstraes contbeis, ou ainda quando uma IFRS ou

    interpretao determina mudanas na apresentao.

    3 Os itens a serem apresentados nas demonstraes devem ser formatados segundo a sua

    materialidade e similaridade entre eles. Cada classe material de itens semelhantes deve ser

    apresentada separadamente nas demonstraes financeiras. Os itens de natureza ou funo

    dessemelhante devem ser apresentados separadamente, a menos que sejam imateriais.

  • 38

    Continuao

    RE

    SU

    MO

    DA

    NO

    RM

    A I

    NT

    ER

    NA

    CIO

    NA

    L IA

    S 1

    A

    PR

    ES

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    TA

    O D

    AS

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    MO

    NS

    TR

    A

    E

    S F

    INA

    NC

    EIR

    AS

    As demonstraes contbeis devem apresentar apropriadamente os fluxos de caixa,

    posio e desempenho financeiro de uma entidade. A apresentao apropriada exige a

    representao fidedigna dos efeitos das transaes e outros eventos de acordo com as

    definies e critrios de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas

    estabelecidos no Framework for the Preparation and Presentation of Financial

    Statement.

    A empresa constituda com prazo de durao indeterminado. Quando existirem

    incertezas materiais sobre a capacidade da empresa continuar operando, esse fato

    deve ser divulgado em notas explicativas, e os ativos e passivos da mesma devero ser

    avaliados pelos valores de liquidao.

    No balano patrimonial, exigido que os ativos e passivos sejam classificados em

    correntes (at um ano para a realizao financeira) e no correntes (realizao superior

    a um ano e ativos fixos), exceto quando uma apresentao baseada na liquidez

    proporcionar informao confivel e mais relevante. Quando se aplica essa exceo,

    todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez.

    A norma internacional apresenta muita flexibilidade quanto forma de apresentao

    das demonstraes contbeis. So determinados, de uma forma geral, os conjuntos de

    informaes que devem conter cada uma das demonstraes e o que deve ser

    complementado com evidenciao em notas explicativas, mas no estabelecido um

    modelo especfico para as demonstraes. permitido, por exemplo, qualquer ordem

    de classificao dos itens patrimoniais no ativo e no passivo, desde que proporcione

    informaes compreensveis para o usurio.

    Todos os itens de receitas e de despesas reconhecidos no perodo devem ser includos

    nos resultados, a menos que uma norma ou interpretao exija de outro modo, como

    o caso, por exemplo, do resultado de reavaliao de ativos (IAS 16), ganhos ou perdas

    na converso de informaes contbeis de investimentos no exterior (IAS 21) ou de

    ativos financeiros disponveis para venda (IAS 39).

    A entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesa reconhecidos no

    perodo em uma nica demonstrao do resultado abrangente, ou em duas

    demonstraes: uma demonstrando os componentes de lucro ou prejuzo (uma

    demonstrao de resultado parte) e uma segunda demonstrao comeando com o

    lucro/prejuzo, seguido dos componentes de outro resultado abrangente.

    Os usurios devem ser informados nas notas explicativas sobre as bases de

    mensurao e sobre as polticas contbeis usadas na elaborao das demonstraes

    contbeis. Alm disso, exige-se que sejam evidenciadas as principais fontes de

    incerteza das estimativas na avaliao de ativos e passivos.

    Continua

  • 39

    Continuao R

    ES

    UM

    O D

    A N

    OR

    MA

    IN

    TE

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    ON

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    ES

    FIN

    AN

    CE

    IRA

    S

    Na demonstrao das mutaes no patrimnio lquido (DMPL) a entidade deve

    evidenciar todas as mudanas ocorridas no PL durante o perodo, que incluam:

    I - os resultados do perodo;

    II - cada item de receita e de despesa do perodo que, tal como exigido por outras

    Normas ou Interpretaes, seja reconhecido diretamente no capital prprio, e o total

    destes itens;

    III - receita e despesa total do perodo (calculados como a soma dos itens I e II,

    mostrando separadamente os valores totais atribuveis aos detentores de capital prprio

    da empresa-me e aos interesses minoritrios; e

    IV - para cada componente do patrimnio lquido, os efeitos das alteraes nas polticas

    contbeis e as correes de erros reconhecidas de acordo com o IAS 8.

    Uma entidade cujas demonstraes contbeis esto em conformidade com os IFRS

    deve fazer uma declarao explcita e sem reservas dessa conformidade em notas

    explicativas. No se deve considerar que as demonstraes contbeis cumprem os

    IFRS a menos que cumpram todos os requisitos dos IFRS.

    Quadro 6: Resumo da norma internacional IAS 1 Apresentao das demonstraes financeiras Fonte: Elaborado pela Autora com base na teoria assegurada por Carvalho, Lemes e Costa (2009), Deloitte (2009) e Farah e Salotti (2009)

    2.1.6.2 Demonstrao dos Fluxos de Caixa IAS 7

    A norma IAS 7 define a divulgao de informaes sobre as alteraes

    histricas de caixa e seus equivalentes de uma entidade por meio de uma

    demonstrao dos fluxos de caixa que os classifica em atividades operacionais, de

    investimento e de financiamento. (MELO e SALOTTI, 2009).

    Segundo Perez Junior (2009, p.53),

    a informao acerca dos fluxos de caixa de uma entidade til ao proporcionar aos usurios de demonstraes financeiras uma base para determinar a capacidade de uma entidade para gerar dinheiro e equivalentes e determinar as necessidades da entidade de utilizar esses fluxos de caixa.

    De acordo com o pronunciamento tcnico IAS 7, as empresas devem

    preparar a demonstrao de fluxo de caixa com base nos seguintes requisitos:

  • 40

    Caixa Corresponde o dinheiro em caixa e em depsitos a vista.

    Equivalentes

    de caixa

    So aplicaes ou investimentos a curto prazo, altamente lquidos, que sejam

    prontamente convertveis para quantias conhecidas de dinheiro e que estejam

    sujeitos a um risco insignificante de alteraes de valor.

    Mtodos de

    apresentao

    da

    demonstrao

    de fluxos de

    caixa

    A demonstrao dos fluxos de caixa deve apresentar os fluxos de caixa durante o

    perodo classificados por atividades operacionais, de investimento e de

    financiamento e podes ser divulgada pelos seguintes mtodos (fig. 2):

    a) Mtodo direto, onde as principais classes dos recebimentos e

    pagamentos de caixa so apresentadas pelo valor bruto; ou

    b) Mtodo indireto, pelo qual o resultado do exerccio ajustado pelos

    efeitos de transaes que no foram via caixa, por valores diferidos e

    acumulados que foram pagos no passado ou sero no futuro, e itens de

    receita e despesa associados com os fluxos das atividades de

    investimento e financiamento.

    Apesar do IASB aceitar os dois mtodos, encoraja a adoo do mtodo direto,

    sob a justificativa da superioridade deste em relao ao mtodo indireto quanto a

    capacidade de estimar ou projetar fluxos de caixa futuros.

    Atividades

    operacionais

    Os fluxos de caixa das atividades operacionais so principalmente derivados das

    principais atividades geradoras de receita da entidade. Por isso, elas so

    geralmente conseqncia das operaes e outros acontecimentos que entram na

    determinao dos lucros ou prejuzos da entidade.

    O montante de fluxos de caixa proveniente de atividades operacionais um

    indicador chave da medida em que as operaes da entidade geraram fluxos de

    caixa suficientes para pagar emprstimos, manter a capacidade operacional da

    entidade, pagar dividendos e fazer novos investimentos, sem recurso a fontes

    externas de financiamento.

    Atividades de

    Investimento

    So as atividades que tm como conseqncia alteraes na dimenso e

    composio da situao lquida contribuda e nos emprstimos obtidos pela

    entidade.

    A divulgao separada de fluxos de caixa provenientes das atividades de

    investimento importante porque representam a extenso de gastos feitos

    relativamente aos recursos destinados a gerar rendimentos e fluxos de caixa

    futuros.

    Os fluxos de caixa agregados provenientes de aquisies e de alienaes de

    subsidirias ou de outras unidades empresariais devem ser apresentados

    separadamente e classificados como atividades de investimento.

    Continua

  • 41

    Continuao

    Atividade de

    financiamento

    So as atividades provocam alteraes na dimenso e composio da situao

    lquida contribuda e nos emprstimos obtidos pela empresa.

    A divulgao separada de fluxos de caixa provenientes das atividades de

    financiamento importante, pois pode indicar a capacidade que a empresa tem,

    proveniente de recursos externos, para financiar as necessidades de recursos

    das atividades operacionais e de investimento.

    Fluxos de

    caixa de

    moeda

    estrangeira

    Os fluxos de caixa provenientes de transaes em moeda estrangeira devem ser

    registrados na moeda funcional de uma entidade pela mesma taxa de cmbio da

    data em que ocorreu o fluxo de caixa. Os fluxos de caixa relativos as subsidiria

    no exterior devero ser traduzidos s taxas em vigor na data da transao.

    O efeito das alteraes das taxas de cmbio sobre os saldos caixa e seus

    equivalentes deve ser demonstrado como parte da conciliao das

    movimentaes do saldo.

    Caixa e

    equivalentes

    de caixa

    As empresas devem divulgar os componentes de caixa e seus equivalentes e

    apresentar uma reconciliao das quantias includas na sua demonstrao dos

    fluxos de caixa com os itens equivalentes divulgados no balano.

    Juros e

    dividendos

    Os juros e dividendos recebidos e pagos devem ser divulgados separadamente

    no fluxo de caixa e classificados de maneira consistente de perodo a perodo

    quer como atividade operacional, de investimento ou de financiamento.

    Nas instituies financeiras, os juros pagos e os juros e dividendos recebidos so

    geralmente classificados como fluxos de caixa operacional. Em outras empresas,

    os juros e dividendos recebidos podem ser classificados como fluxo de caixa de

    investimento, sob o ponto de vista de que eles so retornos sobre investimento; e

    os juros pagos podero opcionalmente, ser classificados como fluxo de caixa

    financeiro, considerando-os, como custo para obter financiamento.

    Imposto

    sobre os

    rendimentos

    Os fluxos de caixa provenientes de impostos sobre os rendimentos devem ser

    divulgados separadamente, devendo ser classificados como fluxo de caixa de

    atividades operacionais, a menos que possam ser especificamente identificados

    como atividades de financiamento ou investimento.

    Quadro 7: Resumo da norma internacional IAS 7 Demonstraes dos fluxos de caixa Fonte: Elaborado pela Autora com base na teoria assegurada por Perez Junior (2009)

    A figura a seguir ilustra a representao grfica do fluxo de caixa, tanto

    pelo mtodo direto como pelo indireto:

  • 42

    Figura 2: Representao grfica dos fluxos de caixa pelos mtodos direto e indireto Fonte: Oliveira et al (2008, p. 16)

    Mourad e Paraskevopoulos (2010) afirmam que o mtodo indireto o

    mais comumente usado pela menor complexidade em sua preparao, no entanto,

    do ponto de vista prtico, a preparao do fluxo de caixa pelo mtodo direto

    substancialmente mais onerosa para a entidade porque a gerao de informaes

    financeiras substancialmente maior para o levantamento de caixa pago e caixa

    recebido para as atividades da entidade.

    2.1.7 Valor Justo

    A expresso Valor Justo - ou Fair Value em ingls, muito utilizada nas

    normas internacionais de contabilidade, e seu conceito surgiu como uma alternativa

  • 43

    mensurao do custo histrico4, que, segundo a bibliografia pesquisada, no

    revelava aos usurios das demonstraes contbeis o real valor da entidade

    analisada, proporcionando uma informao intempestiva e irrelevante.

    Para muitos interessados na informao contbil, apesar de mais verificvel, a informao a valores histricos para determinados itens patrimoniais no auxiliava na predio de fluxos de caixa futuros, levando ao surgimento de uma nova corrente que assume que o mtodo de sculos deve ser substitudo pelo mtodo da avaliao econmica dos ativos e das obrigaes, com o objetivo de prover informaes atualizadas nas

    demonstraes financeiras. (PETTERSON ET AL, 2009, p. 246).

    Abordado em vrias normas internacionais, como a IAS 2, IAS 17, IAS 18,

    IAS 21, IAS 32, IAS 39, IAS 41, IFRS 1, IFRS 2, IFRS 3, IFRS 4 e IFRS 5, o valor

    justo constitui para estas, a base fundamental para a mensurao de ativos e

    passivos, apesar de o definirem de maneira diferente.

    Conforme definido no IFRS 2, valor justo is the amount for which an asset

    could be exchanged, a liability settled, or an equity instrument granted could be

    exchanged, between knowledgeable, willing parties in an arms length transaction,

    que numa traduo livre para portugus significa o montante pelo qual um ativo

    pode ser trocado, um passivo liquidado, ou um instrumento de capital prprio pode

    ser trocado, entre partes conhecedoras do assunto e interessadas numa transao

    sem favorecimentos.

    Para os demais procedimentos, IAS 2, IAS 17, IAS 18, IAS 21, IAS 32,

    IAS 39, IAS 41, IFRS 1, IFRS 3, IFRS 4 e IFRS 5, o valor justo conceituado como

    is the amount for which an asset could be exchanged, or a liability settled, between

    knowledgeable, willing parties in an arms length transaction, que de acordo com

    Oliveira, et. al (2008, p.104), pode ser traduzido como o montante pelo qual um

    ativo pode ser transacionado ou um passivo quitado, entre partes conhecedoras do

    assunto e dispostas a negociar numa transao sem favorecimento.

    Nos Estados Unidos, em Setembro de 2006, o Financial Accounting

    Standards Board5 (FASB) publicou o pronunciamento SFAS 157 (Fair Value

    Measurements ou Mensurao de Valor Justo em portugus), para servir como

    4 O custo histrico representa o segundo o dicionrio de contabilidade, o gasto realizado para a

    aquisio de um bem e o uso de um ativo, incluindo todos os gastos para coloc-lo em local e condies de utilizao no processo operacional da empresa. (S e S, 2009). 5 Comit de Normas de Contabilidade Financeira Norte-Americano.

  • 44

    guia de mensurao e divulgao pelo valor justo, enquanto que para o resto do

    mundo, o IASB prepara um pronunciamento, que, at a data de concluso deste

    trabalho, encontrava-se em fase de Exposure Draft (Minuta de Exposio).

    O SFAS 157 uniformizou o conceito de valor justo, definindo-o, segundo

    Pettersson et al (2009, p. 249), como sendo o valor recebido pela venda de um

    ativo ou pago pela transferncia de um passivo pela transferncia de um passivo em

    uma transao independente entre participantes do mercado na data da

    mensurao.

    A literatura apresentada por Pettersson et al (2009), destaca que o

    objetivo da mensurao do valor justo determinar o preo de sada de um ativo ou

    de um passivo (exit price), sendo que este preo calculado tendo em conta:

    os preos observveis em transaes de mercado envolvendo

    ativos ou passivos comparveis (preo de mercado);

    os lucros futuros estimados e descontados a valor presente,

    utilizando um a taxa de juros ajustada ao risco da empresa;

    o valor de entrada do bem (entry price);

    atributos especficos do ativo ou passivo, como por exemplo, sua

    condio ou localizao e restries de venda ou uso na data da

    mensurao.

    Nesse contexto, pode-se dizer que, o valor justo de um ativo, como gado

    numa fazenda, por exemplo, o preo do gado no mercado relevante menos os

    custos inerentes ao transporte do mesmo para o local da transao da venda. J o

    valor justo de uma propriedade de investimento geralmente o seu valor de

    mercado.

    Pettersson et al (2009) ressaltam que princpio, a estratgia do IASB

    seria apresentar o valor justo como a base fundamental para a mensurao de

    ativos e passivos, sendo que os pronunciamentos tcnicos emitidos pelo mesmo

    rgo teriam a misso de aumentar ainda mais extenso das mensuraes com

    base nesse valor. No entanto, aps vrias discusses, constatou-se que para

    determinados ativos e passivos (principalmente ativos destinados a uso e no

    negociao) o custo histrico continua a ser o mtodo mais verificvel. Assim,

    Iudcibus (2009), afirma que os itens do balano suscetveis a avaliao pelo fair

    value so todos os ativos e passivos disponveis para negociao, estando entre

    eles:

  • 45

    derivativos6, ativos financeiros e exigibilidade financeiras

    negociveis;

    determinadas provises e ativos biolgicos;

    imobilizados;

    investimentos ; e

    ativos fixos tangveis e intangveis adquiridos em uma combinao

    de negcios.

    As avaliaes pelo valor justo apresentam vantagens informao como:

    tempestividade, relevncia e comparabilidade; mas desvantagens como:

    fidedignidade e volatilidade. Para Pettersson et al (2009), o fair value traz uma

    informao mais relevante aos seus usurios, embora sua abordagem esteja envolta

    em controvrsias como o fato de que est baseada em critrios de estimativas bem

    subjetivas e os saldos das contas constantes das demonstraes financeiras ficam

    mais volteis.

    Assim, papel do contador informar a entidade quando usar o valor justo

    e como usar.

    2.1.8 Contabilizao de Hedge

    Todo investimento est propenso ao risco. No importa o tipo ou o

    volume, pois mesmo sendo mnimo h sempre um risco para quem investe.

    importante que o investidor saiba que h formas de se proteger e diminuir a

    possibilidade de ser pego de surpresa por algum revs da economia, sendo que

    uma das operaes mais usadas e mais eficientes para proteo de investimento

    o hedge.

    6 Um derivativo um instrumento financeiro ou outro contrato que atende cumulativamente as

    seguintes caractersticas: 1. o seu valor altera-se em resposta mudanas de uma varivel subjacente (taxa de cmbio,

    taxa de juros, preo de um instrumento financeiro, ndice de preos, rating de crdito etc.); 2. no necessrio qualquer desembolso inicial ou o desembolso inicial menor do que seria

    exigido para outros tipos de contratos onde seria esperada uma resposta semelhante s mudanas nos fatores de mercado; e

    3. o instrumento financeiro liquidado numa data futura. (Gobetti et al, 2009)

  • 46

    Tambm conhecido como hedging, que quer dizer proteo, cobertura em

    portugus, o hedge uma operao que visa eliminar ou minimizar os riscos de uma

    negociao. S e S (2009, p. 232) definem-o como sendo

    o fenmeno patrimonial que se caracteriza por uma operao a prazo que permite compensar os riscos de outra operao a prazo, de sentido inverso, quer seja sobre ttulos, divisas ou mercadorias. Operao de cobertura de risco que se realiza cumprindo a funo patrimonial de invulnerabilidade ou proteo da riqueza e que se traduz por compensao. [...]

    O termo hedging caracteriza