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    Cultura material emodernizao pedaggica emPortugal (sculos XIX-XX)MARIA JOO MOGARROUniversidade de Lisboa Instituto de EducaoESE de Portalegre

    Resumen:La modernizacin pedaggica experimen-tada en Portugal en las ltimas dcadas delsiglo XIX y comienzos del siglo XX tuvo suexpresin en los discursos, los proyectos yla legislacin producida por polticos, pe-dagogos, profesores e inspectores. A partirde 1864, propusieron la extensin de lared de centros educativos, la organizacinde los espacios educativos y una nuevaarquitectura de la escuela, as como lanecesidad de contar con mobiliario ade-cuado y material didctico moderno. Laaparicin de la escuela graduada, las pre-ocupaciones higienistas que marcaron eldiscurso mdico y pedaggico a partir de1870, los pupitres adaptados a los cuerposde los alumnos, las colecciones de mate-riales tecnolgicamente avanzados paralos tiempos o la defensa de los mtodosactivos fueron algunos de los temas prin-cipales con que se hicieron las propuestasnacionales para la modernizacin, comosuceda en los pases considerados msdesarrollados. Pero la realidad de las es-cuelas pblicas portuguesas, en general,se mantuvo en una situacin de gran deso-lacin. Sin embargo, la municipalidad deLisboa puso en prctica, en el decurso dela fase de descentralizacin de la educa-cin, varias iniciativas de gran signicado,

    Abstract:The pedagogical modernization seen inthe last decades of the XIXth century andbeginning of the XXth century had itsexpression in Portugal on the discourses,projects and legislation that were produ-ced by politicians, pedagogues, professorsand inspectors. Since 1864, it was defen-ded the expansion of the learning network,the organization of educative spaces anda new scholar architecture, as well as theneed of proper furniture and modern di-dactic material. The beginning of the gra-duated school, the hygienist worries thatare seen in the medical and pedagogicaldiscourse since 1870, the desks adaptedto the scholars bodys, the collections of materials technologically advanced, thedefence of active methods, were some of the mean themes with which the natio-nal proposes of modernization were built.But the reality of the public Portugueseschools, in general, resisted in a state of remarkable desolation. However, the Lis-bon town council put in practice, duringthe phase of decentralization of the educa-tion, a set of initiatives of great signican-ce, which marked the afrmation of thepublic school and the pedagogical moder-nization in Portugal.

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    Rsum:La modernisation pdagogique que se vrie dans les dernires dcades du XIXmesicle et le dbut du XXme sicle a eu son expression au Portugal dans les discours, pro- jets et lgislation quont t produits par politiques, pdagogues, professeurs et inspec-

    teurs. Ds 1864 qua t dfendu lexpansion du rseau denseignement, lorganisationdes espaces ducatifs et une nouvelle architecture scolaire, bien comme la ncessitdun mobilier adquat et matriel didactique moderne. Lapparition de lcole gradue,les proccupations hyginistes qui marquent le discours mdical et pdagogique ds1870, les pupitres adapts au corps des scolaires, les collections de matriaux technolo-giquement avancs, la dfense des mthodes actifs, ont t quelques uns des principauxthmes avec lesquelles sont t construit les propositions nationales de modernisation,comment arriv dans les pays considrs plus dvelopps. Mais la ralit des colesportugaises a rsist dans un tat de dsolation signicative. Par contre, le municipede Lisbonne a concrtis, pendant la phase de dcentralisation de lenseignement, unensemble dinitiatives de grande signication, quont marqu lafrmation de lcolepublique et la modernisation pdagogique au Portugal.Mots cls:Modernisation pdagogique, cole gradue, culture matrielle, Portugal.Resumo:A modernizao pedaggica que se verica nas ltimas dcadas do sculo XIX e noincio do sculo XX teve a sua expresso em Portugal nos discursos, projectos e le-gislao que foram produzidos por polticos, pedagogos, professores e inspectores. Apartir de 1864, foi defendida a expanso da rede de ensino, a organizao dos espaoseducativos e uma nova arquitectura escolar, assim como a necessidade de mobilirioadequado e material didctico moderno. O aparecimento da escola graduada, as pre-ocupaes higienistas que marcam o discurso mdico e pedaggico a partir de 1870, ascarteiras adaptadas ao corpo dos escolares, as coleces de materiais tecnologicamenteavanados, a defesa dos mtodos activos, foram alguns dos principais temas com quese teceram as propostas nacionais de modernizao, a par do que acontecia nos pasesconsiderados mais desenvolvidos. Mas a realidade das escolas portuguesas pblicas, emgeral, resistiu num patamar de assinalvel desolao. No entanto, o municpio de Lisboaconcretizou, durante a fase de descentralizao do ensino, um conjunto de iniciativasde grande signicado, que marcaram a armao da escola pblica e a modernizao

    pedaggica em Portugal.Palavras chave:Modernizao pedaggica, escola graduada, cultura material, Portugal.

    Fecha de recepcin: 23-7-2010.Fecha de aceptacin: 30-7-2010.

    que marcaron la armacin de la escuelapblica y la modernizacin pedaggicaen Portugal.Palabras clave:Modernizacin pedaggica, escuela gra-duada, cultura material, Portugal.

    Key words:Pedagogical modernization, graduatedschool, material culture, Portugal.

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    Cultura escolar, materialidade e modernizao pedaggica

    No processo de renovao da investigao em histria da educao, quese vem registando nas ltimas dcadas, o conceito de cultura escolar de-monstrou possuir fortes potencialidades para a compreenso da escolae dos sistemas educativos, permitindo estudar dimenses ignoradas ataos anos noventa. A partir da contribuio de Dominique Julia, os trabal-hos de Marc Depaepe, Frank Simon, Martin Lawn, Ruiz Berrio, EscolanoBenito, Viao Frago, entre outros, expandiram o universo de estudos exaram um quadro terico e metodolgico para os enquadrar.Neste contexto, a cultura material parte integrante da cultura esco-lar e coloca os espaos educativos, os edifcios escolares, o mobilirio eos materiais de ensino na agenda de investigao, como objecto de estu-do fundamental para a compreenso dos processos educativos e das pr-ticas de ensino. Neste texto, abordam-se estes temas, atravs da anlisedos discursos que pedagogos, intelectuais e polticos produziram sobreeles, assim como os textos regulamentadores que foram publicados pelopoder central para o seu enquadramento. O arco temporal consideradoabrange a segunda metade de oitocentos e as primeiras trs dcadasdo sculo XX, sendo privilegiada a fase de descentralizao do ensino,durante a qual o municpio de Lisboa desenvolveu um projecto de mo-dernizao pedaggica e de armao da escola pblica que se podeconsiderar exemplar, at porque foi caso nico no panorama educativoportugus, na poca. Examina-se tambm o grau de concretizao des-tas ideias e orientaes nas escolas pblicas portuguesas, de forma aperceber o seu impacto sobre o sistema educativo.

    A congurao dos espaos educativos e a arquitectura escolar

    A casa do professor funcionava tradicionalmente como escola, consti-tuindo o lugar educativo para ensinar a ler, escrever e contar, numa pr-tica estrutural que se manteve at ao sculo XIX (Silva, 2002). A dcadade 1860 assistiu emergncia das preocupaes com os espaos edu-cativos, as construes escolares e as condies de ensino, que foramcontempladas pela primeira vez, de forma sistemtica, na Portaria de20 de Julho de 1866, quando a doao de 120 escolas ao Estado, peloConde de Ferreira, tornou urgente regulamentar esta matria.

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    Antes, j o comissrio de estudos de Lisboa, Mariano Ghira, apresen-tara quatro Projectos e modelos para a construo de casas para escolasde instruo primria (1866: 275-284; 1864), com plantas detalhadasdos edifcios e que visavam sensibilizar as juntas de parquia e cmarasmunicipais para este assunto. Estas propostas eram acompanhadas deexplicaes precisas e destacavam os temas que marcariam o discursoocial e pedaggico: a localizao da escola em lugar central, de fcilacesso e com boa ventilao; a necessidade de isolar os alunos, quer delugares insalubres, potencialmente contagiosos, quer de ambientes rui-

    dosos que os distraam do estudo; as formas para arejar o espao escolar,assegurando a circulao do ar, o que era outra preocupao essencialpara criar um ambiente propcio ao amor pelo estudo, pelo asseio, pelaordem, com vista disciplina e sade dos escolares. Ghira antecipavaassim as preocupaes higienistas que passariam a enquadrar e sustentarcienticamente o discurso sobre o espao escolar. Estas casas de escolaincluam a habitao para o professor (na parte posterior) e apresentamgrande simplicidade e ausncia de ornamentao exterior.

    A regulamentao das escolas Conde de Ferreira segue, em larga me-dida, o quadro traado por Mariano Ghira para a construo de umacasa de escola. O critrio do isolamento e das condies higinicas eraacentuado e os edifcios apresentavam linhas simples e clssicas, com afachada principal dominada pela porta, ladeada por duas janelas e enci-mada por um fronto triangular. A escola podia ser de uma ou duas salase destinada aos dois sexos, a um s sexo ou mista (nesta situao e comuma s sala, deveria haver uma separao em madeira amovvel paradelimitar o espao reservado a alunos e a alunas), contemplando-se aexistncia de uma sala mais pequena, destinada a biblioteca, recitaese recepes, assim como ao exerccio de trabalhos de costura pelas alu-nas, no caso da escola de ser frequentada por meninas.

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    Escola Conde de Ferreira, em Sintra, inaugurada em Julho de 1883.Fonte: Beja, 1990: 49.

    Na parte posterior, situava-se a habitao do professor. No caso dea escola ser para os dois sexos, a planta duplicava. O espao escolarainda previa uma rea circundante de 600 a 900 m2, para recreio eprtica de exerccios de ginstica, assim como para o eventual cultivode uma horta pelo professor. As condies que inuenciavam o estado

    fsico e moral das crianas e o estudo sero profusamente regulamen-tadas, como a exposio luz, temperatura, mobilirio, ventilao esanitrios, inspirando-se em legislao francesa (Silva, 2002). O modelouniforme de 1866, a aplicar por todos os municpios, foi depois sujeito apropostas de alterao. No entanto, a sua implementao foi lenta e dif-cil, mesmo na verso inicial, mais simples. Apesar das diculdades, estelegado motivou a regulamentao e normalizao das casas de escolas,inaugurando as polticas pblicas e a arquitectura escolar ocial para oensino elementar, em Portugal.

    A legislao que se seguiu (1871, 1875, 1878, 1880, 1886) tomoucomo referncia a portaria de 1866, embora tenha introduzido, em 1871,recticaes e a exibilizao nas condies que deviam ser observa-das na construo de casas de escola, no sentido da sua simplicao.Pretendia-se, fundamentalmente, reforar a inspeco e o controle sobreas construes escolares, de forma a ordenar, organizar e regular a redeescolar de ensino elementar. Mas a realidade resistia s medidas legis-lativas. No ano lectivo de 1888-89, as inspeces ento realizadas sescolas ociais e particulares revelavam que 2615 (69,5 %) dos edifcios

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    das escolas de instruo primria ocial se encontravam na situaode alugados ou emprestados provisoriamente, enquanto 1145 (30,5 %)desses edifcios tinham sido expressamente construdos ou adaptadospara casas de escolas, sendo que destes os que eram construdos deraiz tinham expresso reduzida (Silva, 2002: 84). As decincias nascondies de ensino eram sublinhadas e chamava-se a ateno que mui-tas escolas portuguesas se situavam no limiar da misria.

    Na dcada de 1890, Portugal vivia um ambiente marcado pelo senti-mento de decadncia que, no campo educativo, era agravado pelos indi-

    cadores estatsticos: a taxa total de analfabetismo era de 79,2% em 1890,a taxa de escolarizao era de 22,1% em 1900 (tomando a percentagemdos alunos inscritos nas escolas primrias em relao populao emidade escolar) (Nvoa, 1987). No entanto, os discursos educativos de-monstram que os intelectuais e pedagogos, assim como os responsveispela poltica educativa, se encontravam bem informados das modernascorrentes da pedagogia, circulavam internacionalmente em eventos dereferncia (congressos, exposies universais) e tinham conscincia danecessidade de interveno para alterar esta situao. Um processo deregenerao impunha-se para o pas e ele devia assentar na difuso dainstruo e em construes escolares que assegurassem o desenvolvi-mento fsico, intelectual e moral das jovens geraes e da populaoem geral.

    Em 1898 foi aberto um concurso pblico para a apresentao de pro- jectos de edifcios destinados a escolas de instruo primria, segundoum programa que havia sido elaborado na Associao de EngenheirosCivis Portugueses. Este programa teve em conta aInspeco Extraordi-nria s Escolas , de 1897, assim como as normas para construes esco-lares que vigoravam na Europa, em particular em Frana. O arquitectoAdes Bermudes ganhou o concurso, tendo sido o nico a apresentarum projecto.

    Condicionadas pela limitada dotao oramental para o plano deconstrues, as escolas Ades Bermudes apresentavam uma entradacom vestirio, uma ou duas salas de aula (sendo estas concebida paraum mximo de 50 alunos cada), ptio para recreio, com uma parte co-berta, habitao do professor, retretes e urinis. O programa prescreviaa total separao dos sexos, mesmo nas escolas mistas. No exterior, asfachadas eram modestas, dominadas pelo campanrio e animadas porum friso em tijoleira que ornamentava a parte superior das janelas e da

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    porta. O campanrio foi um dos smbolos mais signicativos da arqui-tectura escolar deste perodo, recordando aos alunos as horas das aulas.No interior, foi valorizada a habitao do professor, que ocupava a partecentral do edifcio, se este tivesse duas salas, ou uma das extremidadesse fosse de uma s sala, mas com entrada e janelas na fachada principal uma clara dignicao da funo docente. Nas salas de aula aplicaram-se as prescries higinicas que circulavam internacionalmente, comoa iluminao unilateral de esquerda, janelas de caixilhos amovveis, pa-redes revestidas a azulejos na parte inferior, entre outras. As limitaes

    nanceiras levaram ausncia ou desvalorizao de espaos especiali-zados para educao fsica ou trabalhos manuais, assim como se igno-rou a indicao de mobilirio especco.

    Escola Ades Bermudes, em Portalegre, 1901 (posteriormente foi remodelada)Em 1900, o projecto de edifcios escolares apresentado por Ades

    Bermudes obteve aMedalha de Ouro da Seco de Arquitectura Escolar da Exposio Universal de Paris. No entanto, em Portugal foi objecto decrticas, considerando-se que no traduzia todas as prescries higi-nicas e as salas eram pequenas e acanhadas. Ades Bermudes inaugu-rou um novo tipo de escolas, nelas sintetizando a herana das escolas

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    Conde Ferreira e a inuncia da arquitectura escolar francesa, com asnecessrias adaptaes ao limitado oramento. O seu projecto indiciavapragmatismo, em funo da debilidade econmica do pas, mas cavaaqum das salas amplas e rasgadas, dos edifcios slidos, mas sem luxos,que se consideravam imprescindveis para difundir a luz da instruopblica e atrair as crianas escola. As escolas tipo Ades Bermudes fo-ram edicadas pelo pas nos primeiros anos de novecentos e, em muitaslocalidades, foram o primeiro edifcio expressamente construdo parafuncionar como escola.

    O mais interessante projecto de modernizao pedaggica, no Portu-gal de oitocentos, foi desenvolvido pela Cmara Municipal de Lisboa, nafase da descentralizao do ensino elementar (1882-1892). nesta d-cada que um programa de desenvolvimento educativo se arma, tendoTelo Ferreira desempenhado um papel fundamental, quando ocupa opelouro de vereador da instruo na Cmara e desenvolve, com um gru-po pedagogos, professores e polticos um conjunto notvel de iniciativas,em que se destacam: a publicao daFroebel. Revista de instruo pri-mria (1882-1885), o Jardim-de-Infncia da Estrela, a consolidao dasescolas centrais, o Museu Pedaggico Municipal de Lisboa e a EscolaPrimria Superior Rodrigues Sampaio.

    No campo da arquitectura, a legislao de 1866 previa j a existnciade escolas urbanas, com diversas salas de aula, que correspondiam escola graduada ou central, onde vrios professores ensinavam a con-

    juntos de alunos, distribudos por turmas e salas, sendo agrupados emfuno da sua idade e nvel de conhecimentos (Viao, 2003, 1990). Estemodelo organizacional surgiu na dcada de 1870, em Lisboa, por ini-ciativa do pelouro da instruo do municpio de Lisboa e consolidou-seno decnio seguinte, com o processo de descentralizao; viria a ser re-plicado nas principais cidades, constituindo uma referncia na paisagempedaggica portuguesa (Nvoa, 2005; Silva, 2008).

    Como sublinha Carlos Manique da Silva (2008), o novo modelo im-plicava uma nova concepo do espao escolar, pois a escola graduadano pressupunha apenas a construo de novos edifcios escolares, emque se alojavam vrias salas de aula com a mesma forma, dimenses efunes. Este novo tipo de escola implicava outros espaos especiali-zados, como a biblioteca, secretaria, gabinete da direco, sala de re-unies, sala de professores, etc., e uma nova estrutura organizacionalque assentava, principalmente, na gura do director (ou regente), o qual

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    devia conferir unidade de aco escola central e transform-la, naspalavras de Viao (2003, 2005), numa comunidade orgnica.

    Em Abril de 1872, a autarquia de Lisboa assume a responsabilidadede edicar uma escola primria com quatro classes e residncia para to-dos os professores, ou seja, a Escola Central n. 1. Este projecto teve emElias Garcia, ento o vereador da instruo pblica, a gura principal.Ele acreditava estar a promover a difuso dos ideais republicanos coma edicao deste novo tipo de escola, pois ela representava um ensinorenovado, smbolo do projecto de modernizao da instruo pblica

    municipal e da prpria cidade de Lisboa (Silva, 2008). Assim, deveriamser substitudas por estas escolas centrais e graduadas as velhinhas es-colas paroquiais, de classe nica, identicadas com o mundo rural, atradio e o imobilismo. A Escola Central n. 1 foi inaugurada em 20 deDezembro de 1875 e estava destinada ao sexo masculino.

    Planta da Escola Central n. 1 de Lisboa.Fonte:Frobel , n. 5, 1/5/1882.Legenda: A, B, C e D Salas de aula das 1., 2., 3. e 4. classes, respectivamente;E Casas de banho; F Latrinas e urinis; G Vestbulo; I Entrada principal; J Portaria; H Vestirio; K Sala de espera; L Secretaria; M- Biblioteca escolar

    Neste projecto, a sala de espera, a secretaria e a biblioteca assumiamuma grande importncia. Era nestes espaos que o director se movimen-tava, estabelecendo as relaes com o exterior na sala de espera (onde

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    recebia pais, inspectores, autoridades) e articulando a direco da escolacom o sector administrativo. Numa descrio que faz da Escola Centraln. 1, o professor brasileiro Lus Augusto dos Reis, de visita a Portugal ea outros pases da Europa, refere que o gabinete do director tambm asecretaria da escola (Reis, 1892: 64). A biblioteca, de dimenses signi-cativas, integra-se neste bloco autnomo e especializado, simbolizandoas responsabilidades do regente relativamente ao conhecimento, suadifuso e inuncia sobre o projecto da escola (Silva, 2008).

    No seu processo de expanso, a escola graduada pressupunha a

    construo de edifcios especcos, mas os constrangimentos nancei-ros obrigaram o municpio de Lisboa a arrendar imveis para instalara maior parte das escolas centrais.Ao longo da dcada de 1880, osresponsveis pelo pelouro da instruo da Cmara Municipal de Lisboazeram todos os esforos para eliminar a escola paroquial e concentraros alunos nas escolas centrais. A transformao , alis, muito rpida:em 1 de Julho de 1881, data em que ocorre a transferncia de compe-tncias para o municpio, existiam 42 escolas paroquiais no concelho deLisboa, sendo que no ltimo dia do mesmo ano somente 15 se achavamprovidas. No entanto, durante esse tempo o municpio alargou a redede escolas centrais, passando ento a contar com 11 estabelecimentosdesse tipo, dos quais apenas oito entraram em funcionamento (Ferreira,1883). At 1886, o pelouro da instruo criou no concelho de Lisboauma rede de 22 escolas centrais, nmero que ento estabilizou e semanteve constante at ao m do perodo de descentralizao.

    O Jardim de Infncia de Lisboa foi a primeira Escola Infantil froebe-liana em Portugal e outro smbolo desta poltica municipal lisboeta. So-lenemente inaugurado no Passeio da Estrela no dia 21 de Abril de 1882,constituiu o ponto alto das comemoraes do centenrio do nascimentode Frederico Froebel. A necessidade de jardins de infncia j tinha sidoconsagrada anteriormente na legislao de 1878 (reforma de Rodrigues

    Sampaio) e de 1880 (Jos Luciano de Castro) e, por seu lado, o munic-pio de Lisboa tinha a aspirao de criar um jardim de infncia de matrizfroebeliana, que exprimira na altura da celebrao do tricentenrio damorte de Cames, em 1880(Arquivo Municipal de Lisboa , 1880: 315).Um novo impulso seria dado a este assunto por Telo Ferreira, logoque assumiu o pelouro da instruo da Cmara Municipal de Lisboa, em Janeiro de 1882. A primeira escola infantil cou instalada num sbrio eelegantechalet , construdo em madeira, pintado de verde e composto

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    por salas de aula e espaos exteriores cobertos. O edifcio foi projectadopela repartio tcnica da Cmara Municipal de Lisboa e a autoria per-tenceu ao arquitecto Jos Lus Monteiro.

    Esta Escola Froebel inspirava-se no sistema de educao concebidopelo pedagogo alemo, visando o desenvolvimento simultneo das fa-culdades fsicas e intelectuais das crianas. Telo Ferreira expe clara-mente as suas opes: A obra da educao no pode, nem deve adiar-se: - comea na mais tenra idade. () A criana, diz Froebel, umaplanta humana que tem necessidade, primeiro que tudo, de ar e de sol

    para crescer, desenvolver-se e expandir-se. No a tenhais pois enclau-surada em salas, cuja capacidade , muitas vezes, insuciente, ou emptios cercados por todas as partes de grandes muros e habitaes queimpedem a renovao da massa atmosfrica. As edicaes nas quaisse quer reunir um certo nmero de crianas, devem ser rasgadas pornumerosas janelas, am de que se possa renovar o ar muitas vezes pordia; - que sejam completamente desembaraadas para que a luz cheguesem obstculo, e que a atmosfera ambiente receba inuxo o bencodo calor do sol; cercadas de ptios cobertos, sob os quais as crianaspossam brincar com todo o tempo, e pequenos jardins, onde elas votrabalhar ou divertir-se () Foram justamente estes preceitos estabele-cidos pelo heri que hoje festejamos o que me impeliu a aconselhar cmara () que preferisse o Passeio da Estrela para se edicar a primeiraEscola Infantil ! (1882: 3).

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    Fonte:Froebel , n. 1, 21/4/1882.

    O entusiasmo e persistncia que Telo Ferreira colocou na edi-cao da Escola Froebel de Lisboa no pode deixar de se compreender luz dos conhecimentos que adquiriu com a participao, em 1880,

    no Congresso Internacional de Pedagogia, realizado em Bruxelas, tendocontinuado a sua estadia no estrangeiro com visitas a escolas na Blgica,Holanda, Alemanha, ustria, Sua e Frana. Ele tinha a convico deque eram necessrias instituies do tipo froebeliano em Portugal (Fe-rreira, 1883: 141-142 e 256) e esta sua iniciativa inseria-se na realidadeeducativa europeia.

    Em 1892, apresentada uma comunicao ao Congresso Pedaggi-co Hispano-Portugus-Americano, em Madrid, sobre esta escola infan-til, que no est assinada, mas Bernardino Machado, responsvel pelaseco portuguesa, atribui a sua autoria a Carlota Soa de Brito Freire,directora do jardim da Estrela (Machado, 1898: 279). O ensino infantilera apresentado, uma dcada aps o seu incio em Portugal, como umdos aspectos mais signicativos da modernizao pedaggica do pas eda sua capital.

    O edifcio, ainda hoje existente, era constitudo por quatro salas declasse e um salo para exerccios escolares, recreio e refeitrio, pois a se faziam as refeies das crianas, estando mobilado com duas longasmesas, muito baixas e apropriadas sua pequena estatura. Estava aindaequipado com um chafariz para que elas lavassem as mos quando co-

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    miam. As instalaes de apoio incluam o vestbulo, sala de arrumaes,2 gabinetes, retretes e espao exterior cercado (Figueira, 2004: 43).

    Na descrio que o brasileiro Luiz Augusto dos Reis faz da EscolaFroebel de Lisboa, reala que as salas so muito alegres e de um asseioadmirvel, bastante arejadas a prpria casa parece ser toda de vidro,tal a abundncia de portas e de janelas rasgadas at quase ao solo, quenela existem. A sua apreciao entusiasmada conrma as opes deTelo Ferreira quanto localizao e edicao da escola infantil, dezanos antes. por isso particularmente feliz a sua avaliao desta insti-

    tuio: No vi, na Espanha, na Frana e na Blgica, um jardim infantilsuperior ao jardim Froebel daEstrela em Lisboa, quer pelo prdio, querpelo asseio, quer pela ordem e regularidade nos trabalhos. o que sepode desejar de til, de elegante e de belo (Reis, 1892: 83-84).

    Equipamentos e materiais didcticos noprocesso de modernizao pedaggica

    Importa aprofundar as questes relativas aos equipamentos, mobilirioe materiais escolares. Na organizao da escola, os objectos que con-guram a disposio do espao interior e os materiais que so utilizadosnas diversas actividades de ensino, assumem uma funo fundamentalna organizao do estudo e nas orientaes pedaggicas que a moder-nizao do pas reclamava.

    Um dos primeiros documentos sobre mobilirio e equipamento es-colar foi da autoria de Mariano Ghira (1866, 1864), que registou o queuma escola bem equipada devia conter. As bancadas constituram umadas questes mais importantes para Ghira, que referia ser prefervel,caso no existissem carteiras como as que propunha, que houvesse umabanca comprida para escrita (como o modelo adoptado para o ensino

    mtuo, que alis ainda era predominante nas escolas), a qual podia serutilizada por vrios alunos. Mariano Ghira revela preocupaes com apostura corporal dos alunos e a falta generalizada de mobilirio adequa-do. A Portaria de 1866 retoma estas preocupaes, legislando de formaprolixa sobre todos os aspectos da escola e sua organizao. O quadroseguinte sintetiza o contedo destes dois documentos.

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    Quadro 1. Mobilirio e equipamento das escolas

    Mariano Ghira, 1864 Instrues de 20 de Julho de 1866(Beja, 1990, pp. 279-281)

    Estrado e mesa do professor, es-pecicando a sua composio,dimenses e localizao na sala

    Estrado, cadeira e banca para professor, junto a uma dasparedes transversais da sala (estrado com 2 m de largura,30 a 60 cm de altura, com um ou dois degraus)

    Bancadas para os alunos, comcarteira e banco ligados entre sie destinados a 4, 3 ou 2 alunos(apresenta plantas e modelos,com especicaes detalhadas,considerando as de 2 alunosmais vantajosas)

    Refere como situao ideal que cada aluno tenha umacadeira (ou banco) e uma mesa s para si ou, quanto muito,para dois alunos, de forma a estarem os alunos mais cmo-dos e ser possvel manter mais adequadamente a disciplinana sala. Deste modo, o professor podia circular na sala econtrolar melhor os alunos, aproximando-se e intervin-do nas suas actividades. D indicaes precisas para aconstruo de bancos e mesas, apresentando uma Tabelada altura e largura ideais, em funo da idade dos alunos,assim como especica a disposio deste mobilirio nasala de aula.

    Crucixo em frente dos alunos,na parede sobre o estrado

    Busto ou retrato do rei

    Quadro preto Um quadro preto com 1 m de altura e 80 ou mais cmde largura, podendo haver mais quadros mesmo que demenores dimenses

    Exemplares para escrita e cader-nos para escrita e para contas

    Quadros alfabticos e resenha alfabtica do mtodoportugus

    Um mississipi de leitura

    Contador mecnico com 100esferas

    Contador mecnico

    Relgio Um relgio

    Quadro do novo sistema legalde pesos e medidas e modelosdestes mesmos pesos e medidas(metro, litro, kilograma, etc.)

    Quadro do sistema mtricoColeco de traslados, rguasColeco de pesos e medidasUm metro de algibeira (que pode servir de gongrafo)

    Caixa de desenho com transferidor, tira-linhas, um compas-so de medir, outro de reduo e outro com toca-lpis outira-linhas, duplo-decmetro graduado e esquadro

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    Mapa de Portugal Globos para o estudo da geograaUm mapa mundiAs cartas dos continentesO mapa de Portugal e os das colnias

    Um ou dois termmetros

    Esquadro de agrimensor de limbo graduado com agulha eluneta

    Uma coleco dos principais slidos

    Vasos de vidro com amostras de diversos terrenos

    Um esqueleto para o ensino de noes elementares quetoda a gente deve ter em anatomia

    Pote com torneira para guae um copo ou um pcaro demetal

    Um lavatrio Lavatrio, toalhas, etc.

    Cabides numerados, entradada escola, para bons, capas,etc.

    Livros para se emprestarem aosalunos mais pobres

    Uma estante com livros destinados instruo elementar e difuso de conhecimentos teis

    A postura das alunas na reali-zao dos trabalhos de costuratambm lhe mereceu aprecia-o especial, recomendandouma banca comprida, de alturaconveniente, para realizaremas suas tarefas sobre ela e noapenas sobre as almofadas decostura, que eram colocadas so-bre os joelhos e que as obrigavaa permanecerem curvadas.

    Nas escolas de meninas, os utenslios prprios para oslavores do sexo feminino e, se possvel, uma mquina decostura, duas ou trs rodas de ar o linho e outra de ar aseda.

    AsInstrues de 1866 conduziram elaborao de desenhos de me-sas, bancos e carteiras que foram publicados em 1877, com a designaode Modelos de Moblia para Escolas de Instruo Primria , organizadospor ordem da Direco Geral de Instruo Pblica.

    Embora inspirados em modelos estrangeiros, o mobilirio escolar, no-meadamente as carteiras, era construdo por marceneiros e carpinteiros

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    locais, sob encomenda dos municpios e geralmente no respeitava asmedidas e especicaes dos modelos originais (Machado, 2004).

    A legislao posterior (1871, 1896, 1902, 1913, 1919) caracterizou-se por uma concepo minimalista dos equipamentos e materiais, relati-vamente aos dois textos matriciais de 1864 e 1866. Em 1871 apenas secontemplava o estrado, a cadeira e mesa para o professor, os bancos me-sas para os alunos e o quadro negro; os decretos de 1902 e 1913 volta-vam a alargar o leque dos materiais de ensino, com referncias ao bacoou ao contador mecnico, s coleces de pesos e medidas, aos mapas,

    cartas corogrcas e cartas murais diversas e introduziram, como novi-dade, a balana. O regulamento de 1919 contemplou ainda inovaessignicativas, na linha das metodologias activas e da Educao Nova,como as coleces de caracteres mveis, trip com alfabetos e silabriose ainda o museu regional. Contudo, as pssimas condies materiais dasescolas portuguesas manter-se-iam at nal do regime republicano, evi-denciando a grande distncia que existia entre a retrica pedaggica elegislativa e a realidade das escolas, por quase todo o pas (Vasconcelos,1924).

    Lisboa foi a excepo, na fase de descentralizao acima referida. Osdirigentes que ento desenvolveram a poltica educativa no municpioda capital tinham a convico profunda que era nos pases civilizados edesenvolvidos da Europa, para alm das fronteiras nacionais, que se en-contravam os sistemas, modelos e materiais que, adaptados realidadeportuguesa, possibilitariam a edicao de um sistema de ensino con-forme moderna pedagogia. Esta crena alicerou-se nas misses pe-daggicas ao estrangeiro, na participao em congressos pedaggicos eem exposies universais (Lawn, 2009), na actualizao constante pelaleitura dos livros publicados e dos materiais produzidos nos centros decivilizao (Alemanha, Frana, Inglaterra). A revistaFroebel escrevia noseu primeiro nmero: havemos [a]ferir as questes prticas do ensino

    elementar; buscando noutros pases os modelos de edicaes e mobliaescolar [e] havemos publicar as plantas e gravuras de moblia escolar,melhor indicadas pela cincia, acompanhadas de descrio apropriada(1882: 8).

    A moblia escolar constituiu uma das principais preocupaes doshigienistas que, nas ltimas dcadas de oitocentos, consideraram que ahigiene escolar no se devia preocupar apenas com as doenas conta-giosas, mas assumir como uma das preocupaes fundamentais a pre-

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    veno de estados de debilidade ou o seu agravamento. O mobilirioescolar era considerado um dos factores que induziam estes estados ou,quando adequado, um instrumento de salvaguarda dessas situaes. EmOutubro de 1883, Henrique Freire, professor da Casa Pia, apresentouum relatrio nas Conferncias Pedaggicas de Lisboa sobre Moblia eutenslios escolares (Raposo, 1883: 125), onde refere a raridade de tex-tos sobre mobilirio escolar e chama a ateno para as consequnciasde uma moblia desadequada: deformidades, raquitismo e miopia. Emseu apoio, cita vrias teorias de higiene escolar defendidas por autores

    estrangeiros, entre os quais Buisson. O mobilirio escolar devia adaptar-se em funo do corpo do aluno e ter em conta as alteraes que ele iasofrendo ao longo do seu processo de crescimento.

    O modelo de carteira que foi adoptado para os asilos e escolas cen-trais e municipais femininas de Lisboa foi o banco ingls.

    Banco inglsFonte:Froebel , n. 2, 15/5/1882

    Construdo em casquinha ou mogno e ferro fundido, era formado poruma caixa rectangular (1,46 x 0,30 x 0,07 metros) que formava o assento.Era um banco de trs lugares e a caixa era composta por trs gavetas, co-rrespondentes a cada um dos lugares, para os alunos as poderem utilizar.

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    As costas do banco ingls eram formadas por uma tbua com o mesmocomprimento da caixa (e largura de 0,37 metros). Esta tbua rodava emmovimento de charneira sobre dois eixos de ferro, assumindo uma po-sio que lhe permitia servir de mesa (g. 2, com corte perpendicular),para as alunas fazerem os exerccios de escrita, de contabilidade e des-enho. Correspondente a cada lugar, havia nesta tbua um orifcio para otinteiro e, entre cada orifcio, umacanellura para as penas, canetas, etc.Os ps deste banco eram de ferro fundido e assentavam em barras domesmo metal.

    O banco ingls, apresentado na revistaFroebel (que indica ainda asmedidas correspondentes altura), foi modicado pelo Sr. Antnio LuizIgnacio, construtor de moblias escolares, e servia ao duplo m de es-tudos escritos e orais e facilita a melhor lotao das escolas por ocuparum espao menor do que seria para comportar mesas e bancos (F. M.,1882: 15).

    Para as escolas centrais do sexo masculino da cidade de Lisboa, aCmara Municipal escolheu a carteira do sistema Lenoir, com uma mo-dicao assinalvel: as carteiras isoladas deste sistema eram reunidasnuma carteira de dois lugares, com base na opinio de pedagogistasque no vem obstculo na reunio de dois alunos.

    Carteira do sistema LenoirFonte:Froebel , n. 3, 1/6/1882

    A carteira era composta por duas partes, banco e mesa, ligados nump comum. O p comum era em ferro fundido trabalhado e o encosto,o banco e a mesa em madeira de mogno. Registava-se ainda na revistaFroebel que a distncia de uma outra est adaptada s condieshiginicas e compreendia dois lugares, pertencendo a cada um uma

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    caixa de arrecadao colocada no intervalo das duas tbuas que a for-mam [a mesa] (1882: 21). O construtor desta carteira modicada eratambm o Sr. Antnio Luiz Ignacio, que fabricava os bancos ingleses,escolhidos para os asilos e escolas femininas.

    No entanto, foi considerado necessrio justicar esta opo, sublin-hando que a moblia escolar vinha requerendo a ateno de sbios,higienistas e naes, publicando-se muitas teorias e sendo adoptados

    variadssimos modelos de carteiras, bancos, mesas, etc.. No caso domodelo escolhido, com alteraes, registava-se que a carteira do siste-

    ma Lenoir se encontrava entre as carteiras aceites pela medicina e pelapedagogia.Estas justicaes indiciam divergncias sobre a escolha da carteira

    Lenoir. F. Adolfo Coelho, que visitou algumas escolas de Lisboa, consi-derou no seu relatrio que as 12 escolas visitadas (6 do sexo feminino, 6do sexo masculino) estavam todas equipadas com bom mobilirio, masno compreendia que razes levaram a preferir o tipo Lenoir da carteiraa outros mais recomendados pelas autoridades especiais (Coelho, 1883:72). Por seu lado, Luiz Augusto dos Reis refere, em 1892, as carteiras dotipo Lenoir que mobilavam as escolas de Lisboa que visitou e relata queos professores lhe mostraram os inconvenientes de uma modicaoque nelas tinha sido feita: o assento do banco movia-se e, ao levantarem-se os alunos, tambm os assentos se levantavam, provocando grandebarulho quando batiam nas respectivas costas.

    Nas dcadas seguintes, o panorama relativo ao mobilirio degradou-se, mesmo nas escolas da cidade de Lisboa. O mdico escolar do se-gundo bairro de Lisboa, no relatrio das visitas que realizou em 1919 sescolas e no cadastro sanitrio dos edifcios escolares da sua rea, regis-tava que a maioria funcionava em edifcios arrendados, com decientescondies de higiene, e que o mobilirio escolar de que se encontramprovidas quase todas as escolas no obedece aos princpios de higiene

    que devem orientar a sua construo. Precisa de ser urgente e totalmen-te substitudo (Boletim da Inspeco Geral de Sanidade Escolar, 1919;Machado, 2004: 37-38).

    Relativamente aos materiais auxiliares do ensino, F. Adolfo Coelhotraou uma perspectiva animadora em 1883, armando que as escolasque visitara, em Lisboa, comeavam a ter bons ncleos de museus es-colares, sem os quais no seria possvel uma reforma do ensino. Estasescolas possuam as coleces dos materiais necessrios para o ensino

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    do sistema mtrico, das formas geomtricas, bem como cartas parietais.Algumas delas j estavam equipadas com gabinete de fsica. Nas escolashavia tambm os excelentes Museus escolares de Saffray, e de Deyrolle,estampas de histria natural (Coelho, 1883: 73). Por seu lado, Luiz Au-gusto dos Reis tambm descreveu no seu Relatrio de 1892 os materiaisde ensino que encontrou nas escolas de Lisboa:

    Escola Central n. 1: gabinete de fsica; Museu de Saffray para aslies de cousas; 1 piano para os exerccios de canto; trapzios,barras, paralelos e outros utenslios para o ensino da ginstica; 40

    espingardas com baionetas (para o batalho escolar); e anexa escola, havia uma biblioteca pblica. Escola Central n. 2: biblioteca; gabinete de fsica. Escola Central n. 5 e Escola Maria Pia: biblioteca; gabinete de

    fsica; laboratrio de qumica; museu de histria natural; museuescolar; magncos trabalhos escolares de desenho e bordado.

    Escola Central n. 6:instrumentos musicais; peas de artilharia, es-pingardas, baionetas, cornetas, etc.

    Escola paroquial: livros, penas, canetas, papel para desenhos, tinta,lpis, etc.

    Escola Rodrigues Sampaio: O rasgado elogio a esta escola contem-plou principalmente as ocinas; o autor recebeu do director, Adol-fo Coelho, uma coleco de trabalhos manuais feitos pelos alunos,que classicou de magnca:exerccios da ocina de obras deferro; guras de chapa do mesmo metal; peas polidas de ferroe de ao; ligaes de chapas de ferro; exerccios da ocina demadeira; objectos de uso comum; exerccios preliminares de tornode madeira; ferramentas e objectos de uso comum feitos ao torno .

    Nesta descrio surge com nitidez a distncia que separava as escolascentrais da capital (as escolas graduadas) e as suas escolas paroquiais,

    nomeadamente quanto aos materiais que existiam numas e noutras; nasescolas paroquiais, eram apenas os utenslios mais elementares para asactividades de aprendizagem que lhes eram atribudos; nas escolas cen-trais, concentravam-se recursos de qualidade muito superior e signica-tiva diversidade. O papel da Escola Rodrigues Sampaio, que funcionavacomo uma instituio modelo para o ensino prossional, surge de formamuito clara neste retrato das escolas de Lisboa, sendo contemplada comuma descrio pormenorizada das instalaes, programas e outras di-

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    menses da vida escolar. Os trabalhos que F. Adolfo Coelho ofereceu aLuiz Augusto dos Reis, e que ele tanto admirou, seriam depois enviadospara o Pedagogium, o museu pedaggico brasileiro, o mesmo aconte-cendo com a coleco de trabalhos que lhe deram na Escola Froebel.

    O material froebeliano tambm desempenhou um importante papelneste processo de modernizao do ensino e foi F. Adolfo Coelho quepromoveu e controlou a sua aquisio; ele usava, desde 1875 e 1876,material e exerccios (osdons e ocupaes ) froebelianos na educao decrianas (Mogarro & Sanches, 2009: 540-541).

    O reconhecimento da autoridade pedaggica de Adolfo Coelho, no-meadamente sobre o mtodo de Froebel, levaram-no a realizar no Mu-seu pedaggico municipal um curso de pedagogia froebeliana s segun-das e sextas feiras das 3 s 4 horas da tarde, destinado exclusivamente aopessoal da escolaFroebel e s classes infantis () e algumas alunas doscursos dominicais, em Outubro de 1883, uma prtica formativa queprivilegiava na sua aco no Museu Pedaggico Municipal de Lisboa(Sanches, 2010: 24-25; Mogarro, 2003; Gomes, 1986: 41). Luiz Augustodos Reis destaca em 1892 a uniformidade da moblia escolar do Jardimda Estrela, constituda por bancos-carteiras do sistema Froebel, baixos eapropriados idade dos alunos, assim como os mapas e objectos neces-srios ao ensino, que adornavam as paredes e a sala central.

    O Museu Pedaggico Municipal de Lisboa, inaugurado em 1 de Julhode 1883 e dirigido por Adolfo Coelho, inclua na secoConstruo emoblia plantas, alados e modelos de creches, asilos, jardins de infn-cia, escolas maternais, sala de asilo, assim como moblia para a pri-meira infncia, enquanto que no referente aoMaterial para a educaoe o ensino se contemplavam os materiais utilizados na creche, asilo,

    jardim de infncia, sala de asilo, etc. (Terenas, 1883: 121-123), com es-pecial relevo para os materiais froebelianos. Em 1910, F. Adolfo Coelhoescrevia para oNouveau dictionnaire de pdagogie dinstruction primai-

    re, de Buisson, que o governo podia criar ou subsidiar escolas destinadas educao e ensino de crianas entre os quatro e os seis anos, mas demomento, s existe uma escola desta espcie, em Lisboa; foi fundadaem 1882 pela Cmara Municipal (Coelho, 1911).

    A dotao material das escolas com meios actualizados e adequados sua misso no era suciente. Mais uma vez, foi Adolfo Coelho queenunciou a necessidade de estabelecer um programa de reformas, por-que se evidente que um grande progresso foi realizado na parte mate-

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    rial pelas escolas centrais sobre as escolas paroquiais, no h progressosensvel nos mtodos de ensino. Largas reformas so necessrias nessesmtodos e no pessoal, de que uma grande parte indubitavelmente estabaixo da sua misso (Coelho, 1883: 73). O aperfeioamento dos pro-fessores devia ser a misso do Museu Pedaggico Municipal de Lisboa.A fundao do Museu tem tambm de ser perspectivada no contextoda poca, quando ocorria a emergncia e armao da cincia da edu-cao e se pretendia difundir uma cultura pedaggica moderna. O planodo Museu reecte a importncia que os aspectos materiais do ensino

    assumiam nas novas correntes pedaggicas e a necessidade de formaros professores com base nos novos mtodos de ensino, que reclamavamesses mesmos materiais como auxiliares da aco educativa (Mogarro,2003). Com este Museu, Lisboa passava a dispor de uma instituio si-milar que existia nas principais cidades do mundo civilizado (Terenas,1883: 121-123).

    O Museu Pedaggico Municipal sofreu as consequncias negativasda transferncia dos assuntos da instruo pblica dos municpios para atutela do Estado, em 1892. Deixou de ser um museu municipal e passoua designar-se Museu Pedaggico de Lisboa, mas entrou numa fase irre-versvel de decadncia, sendo os seus materiais dispersos por vrias ins-tituies, num processo lento que se arrastou pelos anos seguintes. As-sim desaparecia outra referncia da modernizao pedaggica do pas.

    Concluso

    Os homens que protagonizaram a modernizao do ensino, em Por-tugal, moviam-se em funo de uma matriz pedaggica e cultural quetinha os seus referenciais nos autores mais destacados do seu tempo enas exposies universais e congressos que lhes mostravam, a eles e ao

    mundo, a tecnologia ao servio da educao e as inovaes com quese tecia a modernidade pedaggica. Intelectuais de um pas perifricoe atrasado, pertenciam a redes internacionais por onde circulavam osconhecimentos mais actualizados, que transparecem nos seus discursos,nos projectos e nos textos legais e regulamentares, com referncias spreocupaes higienistas, aos mtodos activos, ao novo mobilirio ematerial didctico.

    O projecto de que eram portadores para a transformao do ensino

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    em Portugal no encontrar correspondncia nas dinmicas de concre-tizao, que caro sempre aqum das suas intenes ou mesmo dasorientaes governamentais. O retrato geral que foi traado das escolasportuguesas apresentou-se persistentemente desolador, entre a segundametade de oitocentos e o nal do regime republicano (1926), apesar dosdiscursos inovadores e de sucessivas medidas legais, que preconizavama renovao do sistema educativo e revelavam uma expressiva actuali-dade.

    No nos debrumos sobre as escolas particulares, em que h alguns

    exemplos muito interessantes, mas que ultrapassariam o recorte temti-co que nos ocupa. A experincia mais signicativa da desejada moder-nizao pedaggica ocorreu em Lisboa, durante o perodo de descentra-lizao do ensino e sob a direco dos homens que dirigiram o pelouroda instruo no municpio da capital. Parte dessas realizaes continua-ram depois de a instruo elementar regressar para a tutela do podercentral, mas o flego inovador de 1882-1892 no teria continuidade. O Jardim Froebel, as escolas centrais de Lisboa, o Museu Pedaggico Mu-nicipal e a Escola Rodrigues Sampaio fazem parte do nosso patrimnioeducativo e so alguns dos smbolos mais signicativos da armao daescola pblica e da modernizao pedaggica deste perodo.

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    Cultura material e modenizao pedaggica em Portugal (sculos XIX-XX)MARIAJOO MOGARRO

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