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Maria Graham foi uma artista inglesa que trabalhou e produziu em vários meios, atuando como pintora, desenhista, escritora e historiadora.TRANSCRIPT
As memórias de uma viajante Maria Graham
Maria Graham foi uma artista inglesa que trabalhou e produziu em vários
meios, atuando como pintora, desenhista, escritora e historiadora. Segundo a
Enciclopédia do Itaú Cultural, Graham nasceu na Inglaterra em 1785, mas há
controvérsias quando a data. Campos (2009, p. 99) afirma que o ano de
nascimento da artista foi o de 1788. Também não há consenso entre a
Enciclopédia e a autora no que se refere ao tempo que Graham passou no
Brasil.
Acredita-se que a primeira visita da artista no Brasil foi em 1821, quando
passou por Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, indo em direção ao Chile; em
1822, após a morte do marido, residiu no Rio de Janeiro, onde permaneceu
até 1823 trabalhando como educadora de Maria da Glória, filha de D. Pedro; de
1824 a 1825 produziu, aproximadamente, 200 telas de ilustrações botânicas do
Rio de Janeiro e de relatos sobre a natureza brasileira.
O tempo que passou na colônia gerou o livro “Diário de uma viagem ao
Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos 1821, 1822, 1823”,
publicado ainda em 1823. A obra contém relatos, gravuras e aquarelas de
Maria Graham e ainda há colaborações do pintor Augustes Earle, que a artista
conheceu em sua estadia no Brasil. Críticos apontam que as imagens de
Graham em seu diário de viagem no Brasil são importantes tanto pelo registro
documental do período, quanto pela qualidade artística.
De acordo com as pesquisas de Campos (2009, p. 101), Maria Graham
interessou-se pelos assuntos do império britânico em todos os lugares em que
esteve e fez críticas ao povo inglês, que desconhecia as características da
natureza brasileira. A artista relatou em seu diário que eles não eram capazes
de “informar onde ficava a bela argila vermelha da qual se faz a única indústria
aqui existente: a cerâmica. Fiquei, enfim, inteiramente desesperada com esses
fazedores de dinheiro destituídos de curiosidade (GRAHAM, 1956, p. 162).
No “Diário de Viagem ao Brasil”, a escritora relata situações políticas,
como o movimento de independência do Brasil em relação a Portugal; os
recursos naturais locais interessantes. Há aquarelas que tem como tema a
sociabilidade urbana, com imagens de escravos realizando tarefas diversas,
como por exemplo carregar água; negras livres com vestimentas e acessórios
de luxo e senhoras portuguesas em trajes sérios e fechados (CAMPOS, 2009,
p. 108). Sobre as condições de vida no Brasil, Graham relatou em carta que o
Rio de Janeiro era uma cidade salubre, onde havia “todas as coisas com as
quais mães e mulheres afetuosas se preocupam” e, por fim, que “lugar tão
miserável é o Rio de Janeiro”.
Em 1836, Maria Graham iniciou sua autobiografia, intitulada de
“Reminiscências”, na qual relatou passagens de sua vida de maneira pessoal e
reflexiva. A artista faleceu na Inglaterra, em 1842.
Roupa de festa, aquarela de Maria Graham. Bahia, 1821-1823.
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Maria de F. H. Relatos de viagem e a obra multifacetada de Maria Graham no Brasil. Sitientibus. Feira de Santana - BA, n. 41, p.99-114, jul./dez. 2009. Disponível em: <http://www2.uefs.br/sitientibus/pdf/41/6_relatos_de_viagem_e_a_obra_de_maria_graham.pdf> Acesso em: 07 jun. 2014. GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia/Editora da Universidade de São Paulo, 1990.
LAGO, Pedro Corrêa. O Miserável Rio de Janeiro de Maria Graham. Revista Piauí, Estadão, São Paulo, out.2011. Disponível em: < http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/questoes-manuscritas/geral/o-miseravel-rio-de-janeiro-de-maria-graham>. Aceso em 07 jun. 20014.
MARIA GRAHAM. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=2674&cd_item=1&cd_idioma=28555>. Acesso em: 03 jun. 2014.