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“Desenvolvimento de Metodologia para a Determinação da Razão Isotópica 87 Sr/ 86 Sr por ICP-MS Um Traçador Natural para Águas de Produção em Reservatórios de Petróleo e Águas Subterrâneas” Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais 2010

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“Desenvolvimento de Metodologia para a Determinação

da Razão Isotópica 87Sr/86Sr por ICP-MS – Um Traçador Natural para

Águas de Produção em Reservatórios de Petróleo e

Águas Subterrâneas”

Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais

2010

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Comissão Nacional de Energia Nuclear

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das

Radiações, Minerais e Materiais

DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA A DETERMINAÇÃO DA RAZÃO

ISOTÓPICA 87Sr/86Sr POR ICP-MS – UM TRAÇADOR NATURAL PARA ÁGUAS DE

PRODUÇÃO EM RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Marcos Eduardo dos Santos

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia

das Radiações, Minerais e Materiais, como requisito parcial à obtenção do Grau

de Mestre.

Área de concentração: Ciência e Tecnologia dos Minerais e Meio Ambiente

Linha de Pesquisa: Aplicações de Radioisótopos no Meio Ambiente

Orientador: Dr. Rubens Martins Moreira

Co-orientadora: Dr ª. Helena Eugênia Leonhardt Palmieri

Belo Horizonte

2010

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Este trabalho é dedicado

À minha mãe que me proporcionou realizar esse sonho e a todos que colaboraram no

desenvolvimento do trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À Secretaria da Pós-Graduação, Roseli, Cerisa e Fulgêncio, pela dedicação e apoio.

Ao pessoal da Biblioteca Virgínia, Nívea e Lenira, pela cooperação e dedicação.

A todos os pesquisadores e funcionários do CDTN, que direta ou indiretamente

contribuíram para realização deste trabalho.

Ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, CNPq, pelo fornecimento da bolsa

e financiamentos concedidos.

Em especial à minha co-orientadora, Drª Helena Eugênia L. Palmieri pela sua dedicação e

interesse em me ajudar a finalizar essa dissertação.

Agradecimentos especiais aos servidos Sr. Geraldo e Olívia pela grande ajuda nos

laboratórios

Agradecimentos também à Amenônia pelo apoio na aquisição dos materiais utilizados na

pesquisa.

Muitos agradecimentos ao meu orientador Rubens Martins Moreira e as minhas colegas da

sala 109 (Gilmara, Jussara, Fernanda, Láuris e Janaína).

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RESUMO

O decaimento radioativo beta (ß-) do 87Rb para o 87Sr é um importante sistema isotópico que tem

sido amplamente aplicado para propostas geocronológicas, em identificação de sistemas de água

subterrânea, interação entre aquíferos e como traçador para os processos de recuperação

secundária em plataforma de petróleo via injeção da água do mar. A razão 87Sr/86Sr presente na

água do mar é constante no mundo, enquanto águas de formação em reservatórios de

hidrocarbonetos tem vários valores e em muitos casos é maior que a água do mar atual. Isto pode

ser a base para um traçador natural apontando para a avaliação do desempenho dos processos de

injeção da água do mar pela avaliação da razão 87Sr/86Sr e o conteúdo total de Sr da água de

formação no reservatório antes da injeção, seguido pelo monitoramento desse valores na água de

produção via espectrometria de massa. Este estudo propôs avaliar a utilização de um

espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) e sistema de quadrupolo,

em função de sua mais disseminada disponibilidade. Para tanto foram coletadas amostras de água

de reservatório de petróleo e de água subterrânea para medir seus conteúdos de Sr e a suas

respectivas razões 87Sr/86Sr. Após o pré-tratamento das amostras, as soluções foram submetidas a

uma etapa de separação do Rb e Sr por troca iônica para evitar interferência isobárica na

determinação da razão isotópica do estrôncio. Para avaliar o método de separação, foram usadas a

resina convencional Dowex AG50WX8-400 e colunas comercias pré-empacotadas com a resina

Sr-spec. O espectrômetro de massa utilizado foi um equipamento Perkin-Elmer ELAN DRC-e. A

precisão requerida para esse propósito de utilização da razão 87Sr/86Sr como traçador natural para

a detecção do “breakthrough” da água de injeção nos poços de produção de reservatórios de

petróleo – uma informação tão somente qualitativa, conquanto altamente valiosa para a gerência

da produção do reservatório - não requer necessariamente uma alta precisão. Desta maneira, o

estudo verificou a capacidade do ICP-MS com sistema de quadrupolo para medir a razão 87Sr/86Sr

nas águas de reservatórios e subterrâneas com menores desvios padrões possíveis. Os resultados

deste trabalho sugerem que a razão 87Sr/86Sr é uma promissora ferramenta como traçador natural

em reservatórios de petróleo e sistemas de água subterrânea.

Palavras-chave:. razão isotópica, estrôncio, traçador natural, espectrometria de massa ICP,

reservatório de petróleo

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ABSTRACT

The radioactive beta (ß-) decay of 87Rb to 87Sr is an important isotope system that has been widely

applied for geochronological purposes and in identifying ground water sources, aquifer

interactions and as a tracer for a secondary recovery process in offshore oilfields via seawater

injection. The 87Sr/86Sr ratio of present-day seawater is constant worldwide, while formation

waters in hydrocarbon reservoirs have diverse values that are in most cases higher than those of

modern seawater. This can be the basis for a natural tracer technique aiming at evaluating the

performance of seawater injection processes in enhanced oil recovery by evaluating the 87Sr/86Sr

ratio and the total Sr content of formation waters in the reservoir prior to injection, followed by

monitoring these values in the produced water as injection proceeds. The objective of this study

was to evaluate the feasibility of using a inductively coupled plasma mass spectrometer (ICP-MS)

with a quadrupole system for this purpose, due to the widespread availability of this class of MS

equipment. Accordingly samples of water from oilfield reservoirs and from groundwater were

collected for measurement of the Sr content and of the 87Sr/86Sr ratio. Following sample pre-

treatment and prior to isotope ratio mesurements, the solutions were submitted to Rb and Sr

separation via cation-exchange to overcome isobaric interferences in the determination of

strontium isotope ratios. Aiming at evaluating this method of separation, both the conventional

Dowex AG50WX8-400 cation-exchange resin and commercial pre-packed columns filled with

“Sr resin” were chosen. A Perkin-Elmer ELAN DRC-e spectrometer has been used for the

measurements. The tests were performed using the Sr isotopic standard reference material NIST

SRM 987 and external correction for mass discrimination. This work describes the methodology

that was be used for the determination of variations in the isotopic composition of Sr in the water

of reservoir and groundwater and presents the results obtained by determination of the 87Sr/86Sr.

The precision required for using this ratio as a natural tracer for the detection of the injection

water breakthrough at the production wells in oil reservoirs – a fundamentally qualitative

information, although a quite valuable one in oil reservoir management – does not necessarily

require high precision. Hence the study checked the applicability of the quadrupole based ICP-MS

measurement the 87Sr/86Sr ratio in the water of reservoir and groundwater with the lowest

achievable standards deviations. The results this study suggest that the 87Sr/86Sr ratio is a

promising tool in oilfield reservoir and groundwater systems.

Keywords: isotope ratio, strontium, natural tracer, ICP mass spectrometry, oil reservoir

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 Modelos de capilares em um poro .............................................................................. 9

FIGURA 2.2 - Técnica do traçador 87Sr/86Sr em um reservatório idealizado ................................ 13

FIGURA 3.1: Representação esquemática de um ICP-MS quadrupolo convencional .................. 18

FIGURA 3.2 – Tocha e a região de interface de um ICP-MS ........................................................ 20

FIGURA 3.3 – Quadrupolo de massa ............................................................................................. 21

FIGURA 3.4 – Multiplicador de elétrons (a) dinodo contínuo e (b) dinodos discretos ................. 23

FIGURA 3.5 –Éter de coroa- 18<O(1,2)terc-butil-ciclohexano.22(1,2)terc-butil-

ciclohexano.22coronante-6> ........................................................................................................... 33

FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros elementos na resina Sr spec versus a

concentração de HNO3 ................................................................................................................... 34

FIGURA 4.1- Laboratório de Espectrometria de Massa com o sistema ELAN DRC-e e o

amostrador automático AS - 10 ...................................................................................................... 35

FIGURA 5.1 – Concentrações de 85Rb e 88Sr nas frações coletadas após eluição em HCl 2,5 M . 51

FIGURA 5.2 – Concentrações de 85Rb e 88Sr nas frações coletadas após eluição em HCl 6 M .... 52

FIGURA 5.3 – Concentração de 85Rb e 88Sr nas frações eluídas em HCl 1,0 M ........................... 53

FIGURA 5.4 - Concentração de 85Rb e 88Sr nas frações eluídas em HCl 1,5 M ............................ 53

FIGURA 5.5 – Concentração de 85Rb e 88Sr nas frações eluídas em HCl 2,0 M ........................... 54

FIGURA 5.6 A e B- Recuperação do Sr após separação da solução do padrão NIST (6,87 µg em

10 mL) e concentração de 85Rb e 88Sr nas frações eluídas em HCl 1,0 M. .................................... 55

FIGURA 5.7- Fluxograma do procedimento de separação do Sr usando resina Sr spec. .............. 57

FIGURA 5.8 – Gráfico das proporções Sr/Rb e suas respectivas razões 87Sr/86Sr ......................... 60

FIGURA 5.9 – Condutividade (mS/cm) das amostras em função da data de coleta. ..................... 64

FIGURA 5.10 - Resultados das razões isotópicas obtidas em função do tempo de coleta das

amostras do poço de produção de Marlin-84.................................................................................. 68

FIGURA 5.11– Gráfico da concentração x tempo da injeção de trítio no poço Mrl-84 ................ 69

FIGURA 5.12 – Evolução dos teores de Sr no poço de produção Marlin-84 ................................ 70

FIGURA 5.13 – Correlação entre o teor de Rb e a razão 87Sr/86Sr................................................. 70

FIGURA 5.14 – Concentração de Rb nas amostras do poço de produção Marlin-84 .................... 71

FIGURA 5.15 – Correlação entre as concentraqções de Sr e Rb nas águas de produção do poço

Marlin 84. ....................................................................................................................................... 71

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LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 - Ocorrência natural dos isótopos (a) rubídio e (b) estrôncio .................................... 6

TABELA 2.2 – Concentração média (mg/Kg) de rubídio, potássio, estrôncio e cálcio em rochas . 7

TABELA 2.3 – Composição dos elemntos na água do mar (Turekian,1968). .............................. 11

TABELA 3.1 – Origem e métodos de correção para diferentes tipos de background e de

contaminação .................................................................................................................................. 29

TABELA 3.2 - Interferências espectrais potencialmente encontradas ao determinar a composição

isotópica do Sr por ICP-MS. M+: íon de interferência isobárica, MX+: íon de interferência

molecular, M2+: íon de interferência de carga dupla ...................................................................... 32

TABELA 4.1- Parâmetros instrumentais e isótopos monitorados ................................................. 41

TABELA 4.2 – Isótopo, concentração, intensidade do pico (cps) e o RSD(%) das intensidades dos

picos de uma curva de calibração para Sr....................................................................................... 42

TABELA 4.3 - Isótopo, concentração, intensidade do pico (cps) e o RSD(%) das intensidades dos

picos de uma curva de calibração para Rb. .................................................................................... 43

TABELA 4.4 – Valores certificados e resultados obtidos para os isótopos de Rb e Sr nas amostras

de referência SRM 1643-e e SLRS-3 com as respectivas taxas de recuperação e os desvios

padrões relativos das intensidades dos isótopos de Sr e Rb monitorados. ..................................... 45

Tabela 4.5 – Medidas de razões isotópicas e respectivos desvios padrões relativos (RSD) obtidas

ao variar o tempo de integração, varreduras por leitura e o número de leituras por replicata. ....... 47

TABELA 4.6- Parâmetros instrumentais e de aquisição para medidas de razões isotópicas ......... 48

TABELA 5.1- Concentrações de Rb e Sr nas frações eluídas em HCL 2,5 e 6 M em colunas de

vidro. ............................................................................................................................................... 51

TABELA 5.2 –Razão isotópica 87Sr/86Sr (n=5) da solução padrão (NIST) sem e após separação

por troca iônica. Valor certificado para 87Sr/86Sr = 0,71034 ± 0,00026 ......................................... 55

TABELA 5.3 –Procedimento analítico para a separação do Sr usando resina Sr spec em amostras

de água ............................................................................................................................................ 56

TABELA 5.4- Descrição das soluções padrões usadas para a otimização da separação do Sr

usando a resina Sr spec e o valor da razão isotópica 87Sr/86Sr obtido com o respectivo desvio

padrão relativo (%). ........................................................................................................................ 59

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TABELA 5.5 - Resultados da recuperação do Sr(%) e da presença do Rb (%) nas soluções após a

separação em resina Sr spec usando o primeiro e segundo passos. ................................................ 60

TABELA 5.6- Parâmetros físico-químicos e concentrações de Rb (μg/L) e Sr (μg/L) nas amostras

analisadas de poços de produção e de água subterrânea ................................................................ 63

TABELA 5.7 – Soluções preparadas com razão de concentração [Sr]/ [Rb] próxima às amostras

reais................................................................................................................................................. 65

TABELA 5.8 - Resultados das medidas das razões isotópicas (n=5) das soluções MP1, MP2,

MP3, MP4 e MP5, valores mínimos, máximos, média os respectivos desvios padrão (σ) e desvios

padrões relativos (RSD %). ............................................................................................................ 65

TABELA 5.9 - Resultados das medidas das razões isotópicas (n=5) das amostras de águas de

poço de produção e subterrâneas, valores mínimos, máximos, média dos respectivos desvios

padrão (σ) e desvios padrões relativos (RSD %). ........................................................................... 67

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ........................................................................................................................ 1

1.1 – Introdução ........................................................................................................................................................... 1

1.2 – Objetivos ............................................................................................................................................................. 3

1.2.1 – Objetivo Geral ............................................................................................................................................. 3

1.2.2 – Objetivos específicos ................................................................................................................................... 3

1.3 – Justificativa ......................................................................................................................................................... 3

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................................ 5

2.1 – Ocorrência e propriedades do rubídio (Rb) e do estrôncio (Sr) ............................................................................ 5

2.2 – Isótopos de estrôncio como traçador natural em reservatórios de petróleo e sistemas de água subterrânea .. 8

2.2.1 - Reservatórios de petróleo........................................................................................................................... 8

2.2.2 – Estudo com traçadores em reservatórios de petróleo................................................................................ 9

2.2.3 – Isótopos de estrôncio como traçador natural em reservatórios de petróleo ........................................... 10

2.2.4 – Traçadores isotópicos em hidrologia subterrânea .................................................................................... 13

2.2.5 – Isótopos de estrôncio e sua utilização em sistemas de água subterrânea e natural ................................ 14

CAPÍTULO 3: ESPECTROMETRIA DE MASSAS COM PLASMA INDUTIVAMENTE ACOPLADO (ICP-MS) ......................... 17

3.1 – Princípio de operação .................................................................................................................................. 17

3.2 - Sistemas de introdução de amostras ............................................................................................................ 18

3.3 – Plasma indutivamente acoplado (ICP) ......................................................................................................... 19

3.4 – Região de interface ...................................................................................................................................... 20

3.5 - Analisadores.................................................................................................................................................. 20

3.6 - Sistema de detecção ..................................................................................................................................... 22

3.7 – Medidas de razão isotópica via ICP-MS........................................................................................................ 24

3.7.1 - Espectrômetros de massas usados em análise isotópica .......................................................................... 25

3.7.2 - Fatores de incerteza na determinação da razão isotópica via ICP-MS...................................................... 26

3.7.3 - Procedimentos de separação do estrôncio (Sr) ........................................................................................ 31

CAPÍTULO 4: MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................................................ 35

4.1 Instrumentação e Infra-Estrutura ........................................................................................................................ 35

4.2 Materiais e reagentes .......................................................................................................................................... 37

4.3 Métodos de análise quantitativa e de medida de razão isotópica usando o ICP-MS ELAN DRC-e ....................... 38

4.3.1 - Determinação quantitativa de Rb e Sr ...................................................................................................... 39

4.3.2 - Método da razão isotópica ....................................................................................................................... 45

4.4 – Otimização dos parâmetros de aquisição do ICP-MS ELAN DRC-e para determinação da razão 87Sr/86Sr ........ 46

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CAPÍTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................................................... 49

5.1 – Otimização da separação do Sr por troca iônica usando a resina Dowex AG50WX8-400 ................................ 49

5.2 – Otimização da separação cromatográfica Rb/Sr usando a resina Sr-spec. ....................................................... 55

5.3 – Determinação da razão 87Sr/86Sr em amostras de água de poço de produção de reservatório de petróleo e

água subterrânea. ...................................................................................................................................................... 61

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES ............................................................................................................................................. 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................................................... 74

ANEXO I – MAPA DA APA CARSTE LAGOA SANTA E REDONDEZAS DE JABOTICATUBAS ............................................. 79

ANEXO II – CURVAS DE CALIBRAÇÃO DOS ISÓTOPOS DO Rb E Sr................................................................................. 81

ANEXO III – CERTIFICADOS DE ANÁLISE DOS PADRÕES, REAGENTES E ÁCIDOS........................................................... 83

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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 – Introdução

Medidas de razão isotópica são importantes em diferentes campos de aplicação tais como,

determinação de isótopos estáveis, investigações da variação de isótopos estáveis na natureza,

determinação de radionuclídeos de longa vida em monitoramento ambiental e em geocronologia

entre outros.

O emprego de isótopos estáveis (naturais) como traçadores de processos ambientais,

geoquímicos e biológicos é considerado como uma técnica nuclear pela Agência Internacional de

Energia Atômica (IAEA), que estimula e tem mesmo financiado o seu emprego. Este trabalho visa

uma aplicação destes isótopos ao processo de produção de petróleo.

Após ter se esgotada a pressão original dos reservatórios de petróleo sobrevém a fase de

produção secundária, na qual são injetados fluidos para deslocar o óleo retido nos poros da rocha

de formação. Para avaliar a eficiência desta produção secundária são utilizados traçadores

solúveis nestes fluidos, que informam sobre o seu comportamento dentro da complexa “caixa

preta” que é o reservatório. De longe o fluido mais comumente injetado é a água e, sendo grande

parte do petróleo produzido em nosso país proveniente da plataforma submarina, é utilizada a

água do mar.

Mecanismos de produção natural de petróleo, ou produção primária, contribuem para extrair

dos reservatórios cerca de 25% do óleo original. Isso significa que cerca de 75% do óleo

inicialmente presente permanece nos poros e fissuras da rocha de formação após ter-se esgotada a

sobrepressão originalmente existente no reservatório (INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY

AGENGY, 2004).

Quando a produção primária de óleo decresce no reservatório por causa da queda da pressão

original, água é usualmente injetada para novamente aumentar a produção de óleo. A água

injetada dentro do poço força o óleo que permanece nas formações/rochas a emergir através de

outros poços de produção próximos ao poço injetor. Esta técnica, comumente chamada

recuperação secundária, contribui para a extração de 35% do óleo original dos reservatórios

(INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY, 2004).

De um modo geral, os traçadores devem possuir as seguintes características: serem estáveis;

estarem bem aderidos à fase de estudo e apresentarem uma densidade próxima à desta. Além

disso, devem apresentar detecção inequívoca e quantificação em concentrações mínimas, serem

atóxicas; não devendo interagir com materiais do meio e nem deixar resíduos; a injeção, a

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detecção e a análise devem ser realizadas sem introdução de perturbações ao sistema em estudo

(MACEDO, 2004 ; BJORNSTAD E MAGGIO, 2000).

Propõe-se utilizar a razão isotópica do estrôncio como um traçador da evolução da injeção de

água.

O método consiste na determinação da razão 87Sr/86Sr tanto na água de formação como na

água de injeção. Após iniciada a injeção esta mesma razão isotópica passará a ser monitorada nos

poços de produção. Estes inicialmente estarão acusando a razão 87Sr/86Sr correspondente à água

de formação.

A chegada da água de injeção ao poço produtor (o “breakthrough” no jargão consagrado em

engenharia de petróleo) será acusada logo que se detectar uma tendência mensurável de variação

da razão 87Sr/86Sr da água de formação para a razão correspondente à água de injeção. Este tempo

é de grande importância para a gestão do reservatório, pois indica o momento a partir do qual a

eficiência do procedimento de recuperação secundária utilizado começa a decrescer, visto que a

água de injeção já varreu o volume do reservatório entre os poços de injeção e produção que é

acessível ao fluido injetado. A partir daí deve-se, portanto acionar outros procedimentos (posto

que o fluido água não é capaz de deslocar todo o petróleo), tais como adição de agentes

tensoativos, vapor, gás carbônico, etc (WHITFORD, 2008). Para que a razão isotópica

eficientemente indique o breakthrough, são necessários distintos valores da razão 87Sr/86Sr nas

águas de injeção e de produção, bem como métodos analíticos capazes de detectar tais diferenças.

O 87Sr é gerado pelo decaimento do 87Rb que comumente está contido nas rochas e

conseqüentemente nas águas de formação que tiveram um longo contato com as mesmas (i.e.: a

idade dos reservatórios). O rubídio acompanha o potássio e o estrôncio acompanha o cálcio, seus

vizinhos de coluna na tabela periódica, nas rochas carbonáceas, que são mais ricas em 86Sr, mas

também nas areníticas (coerência geoquímica). Isto pode ser aproveitado para definir sobre as

origens e trajetórias tanto das águas de formação em reservatórios de petróleo como das águas de

aqüíferos e mesmo de superfície, com base nos processos de contactos água e rocha envolvendo

dissolução ou reações químicas (CLARK E FRITZ, 1997; ADAMS et al., 2005).

Para tanto propõe-se desenvolver uma metodologia para a determinação da razão isotópica

87Sr/86Sr que lhe possibilite atuar como um traçador natural para águas de produção em

reservatórios de petróleo e águas subterrâneas.

A técnica desenvolvida utilizou como ferramenta um Espectrômetro de Massas com um

Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), ELAN DRC-e PerkinElmer SCIEX, disponível no

CDTN. A espectrometria de massa com ionização térmica (TIMS) é considerada como a melhor

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técnica para a determinação da razão isotópica do estrôncio, porque a maioria das aplicações,

como em geocronologia, exige uma precisão correspondente a um desvio padrão relativo (RSD)

da relação 87Sr/86Sr inferior a 0,01%. Em comparação com a técnica TIMS, a precisão que pode

ser obtida com uma técnica de ICP-MS é de RSD ≥ 0,1%.

No entanto, para aplicações em que o nível máximo de precisão não é necessário, o ICP-MS

é uma alternativa atraente relativamente ao TIMS, devido à sua facilidade de operação, à maior

disponibilidade de instrumentos, e à possibilidade de análise de um número muito maior de

amostras (VANHAECKE et al.,1999). Na determinação da razão 87Sr/86Sr, tanto por ICP-MS

como por TIMS, a preparação da amostra é necessária e requer isolamento químico do estrôncio

87Sr já que o seu sinal sofre sobreposição isobárica do sinal do 87Rb inevitavelmente presente na

amostra em função da relação radiogênica entre os dois nuclídeos.

Neste trabalho avaliou-se o desempenho do ICP-MS ELAN DRC-e PerkinElmer SCIEX para

determinação da razão 87Sr/86Sr.

1.2 – Objetivos

1.2.1 – Objetivo Geral

Este trabalho procurou estabelecer , otimizar e avaliar a metodologia para a determinação da

razão 87Sr/86Sr em água de poço de produção em reservatório de petróleo e água subterrânea

utilizando um espectrômetro de massas com plasma indutivamente acoplado.

1.2.2 – Objetivos específicos

● Estabelecimento de metodologia de separação do rubídio do estrôncio por resina de troca

iônica;

● Desenvolver a metodologia analítica para a determinação da razão isotópica 87Sr/86Sr em

água, por análise instrumental ICP-MS.

1.3 – Justificativa

Todas as fontes de águas naturais são “marcadas”, por uma razão isotópica de estrôncio,

87Sr/86Sr, característica. Isto porque o 87Sr está sendo continuamente formado a partir do

decaimento do 87Rb (t1/2 = 48.9 x 109 a) contido em concentrações variáveis em rochas tais como

granitos pré-cambrianos e outras rochas contendo feldspatos e micas que possuem elevadas razões

Rb/Sr (RAHEIM E SMALLEY, 1998), enquanto que o 86Sr é estável e não é gerado por

decaimento de nenhum nuclídeo natural.

Page 16: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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Deste modo, tanto as águas de formação dos reservatórios (resquícios dos antigos

ambientes marinhos nos quais foi formado o petróleo) como as águas provindas da superfície que

neles são injetadas têm razões 87Sr/86Sr que as distinguem. Sendo assim esta assinatura pode ser

usada como um traçador natural, e por já estar naturalmente contido no fluido, não carece ser

produzido, transportado e adicionado à água de injeção. As suas vantagens sobre os traçadores

artificiais, radioativos ou de qualquer outra espécie, são evidentes sobre vários aspectos, tais como

obtenção, simplicidade, segurança, custos e dispensa de equipamentos extras nas congestionadas

plataformas de produção de petróleo.

Page 17: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – Ocorrência e propriedades do rubídio (Rb) e do estrôncio (Sr)

O rubídio é um metal alcalino pertencente ao grupo IA da tabela periódica. Devido a

similaridade do seu raio iônico (1,48 Ǻ) com a do potássio (1,33 Ǻ), o rubídio substitui o potássio

em todos minerais que contêm potássio.. Como conseqüência, o Rb é um elemento disperso na

natureza, presente em quantidades facilmente detectáveis em minerais comuns tais como micas

(muscovita, biotita, flogopita e lepidolita), K-feldspato e certas argilas minerais (FAURE, 1986).

O rubídio tem dois isótopos de ocorrência natural: 85Rb e 87Rb e as características de ambos

estão sumarizadas na TAB 2.1. O isótopo 87Rb é radioativo e decai para 87Sr, estável por emissão

de uma partícula beta negativa (elétron):

_8787 SrRb (1)

O metal alcalino terroso estrôncio tem quatro isótopos estáveis, e, portanto de ocorrência

natural: 84Sr, 86Sr, 87Sr e 88Sr. Somente o 87Sr é radiogênico, produzido pelo decaimento radioativo

de outro isótopo. Assim, sua concentração em minerais tende a aumentar gradualmente com o

passar do tempo, devido ao decaimento beta do radionuclídeo que o gera, o 87Rb que tem uma

meia-vida de 4,88 x 1010

anos.

Conseqüentemente, há duas fontes de 87Sr: i) a síntese nuclear primordial juntamente com

84Sr, 86Sr e 88Sr ii) o processo de decaimento de 87Rb. A razão 87Sr/86Sr, que reflete a proporção

entre as abundâncias isotópicas radiogênica e estável, é o parâmetro utilizado, seja em

investigações geológicas ou de algum outro processo dependendo do tempo, por referir uma

variável temporal a um valor constante. A razão 87Sr/86Sr atual em minerais é uma função da razão

no momento da formação da rocha, e da idade do mineral. A TAB 2.1 sumariza os isótopos de

rubídio e estrôncio e as suas respectivas abundâncias isotópica na natureza.

Page 18: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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Isótopos Massa atômica Abundância Filho(s)

(absoluta) (%) (anos)

(a) Rb 84,911792(3) 72,17(2) (estável) -

86,909186(3) 27,83(2)

83,913426(4) 0,55 – 0,58 (estável) -

85,909265(3) 9,75 – 9,99 (estável) -

(b) Sr 86,908882(3) 6,94 – 7,14 (estável) -

87,905617(3) 82,29 – 82,75 (estável) -

Meia -vida t1/2

85Rb87Rb 4,88(5) 1010 87Sr

84Sr86Sr87Sr88Sr

TABELA 2.1 - Ocorrência natural dos isótopos (a) rubídio e (b) estrôncio.Incertezas sobre o último

dígito indicadas em parênteses: (De Laeter et al, 2003).

O raio iônico do íon Sr 2+ (1,13 Ǻ) é um pouco maior do que o do Ca 2+ (0,99 Ǻ), e assim este

último pode ser substituído pelo primeiro em muitos minerais. O estrôncio é também um elemento

disperso na natureza e ocorre em minerais contendo cálcio, como plagioclásios, apatitas e

carbonato de cálcio, especialmente a aragonita.

Mas esta capacidade dos íons Sr 2+ para substituir íons Ca 2+ é relativamente limitada pelo

fato que os íons de estrôncio ocupam oito posições coordenadas da rede cristalina dos minerais

enquanto que íons Ca2+ podem ser acomodados tanto em seis como em oito posições coordenadas

da rede devido ao seu menor tamanho. O estrôncio é o principal cátion na estroncianita (SrCO3) e

celestita (SrSO4), ambos de ocorrência em certos depósitos hidrotermais e rochas carbonáticas.

As concentrações médias de rubídio, potássio, estrôncio e cálcio em diferentes tipos de

rochas ígneas e sedimentares na TAB. 2.2 ilustram a coerência geoquímica geral de rubídio com

potássio e de estrôncio com cálcio. As concentrações de rubídio alcançam menos de 1 mg/Kg em

rochas ultramáficas, e 170 mg/Kg em rochas graníticas com baixo teor de cálcio. As

concentrações de estrôncio alcançam algumas poucas partes por milhão em rochas ultramáficas e

465 mg/Kg em rochas basálticas e altos valores em rochas carbonáticas do fundo do mar (acima

de 2000 mg/Kg ou mais). Evidentemente, muitas rochas comuns contêm concentrações

apreciáveis de rubídio e estrôncio, da ordem de dezenas e centenas de partes por milhão.

Page 19: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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TABELA 2.2 – Concentração média (mg/Kg) de rubídio, potássio, estrôncio e cálcio em rochas

Concentração média

Tipo de rocha Rb K Sr Ca

Ultramáfica 0,2 40 1 25000

Basáltica 30 8300 465 76000

Granítica

alto teor de Ca

110 25200 440 25300

Granítica

baixo teor de Ca

170 42000 100 5100

Cianito 110 48000 200 18000

Folhelo 140 26600 300 22100

Arenito 60 10700 20 39100

Carbonato 3 2700 610 302300

Carbonato

fundo do mar

10 2900 2000 312400

Argila

fundo do mar

110 25000 180 29000

Fonte: Turekian e Wedepohl, 1961

As rochas ricas em rubídio geralmente têm baixas concentrações de estrôncio e vice-versa.

Entretanto, a razão Rb/Sr de rochas ígneas comum alcança amplos limites: de 0,06 em rochas

basálticas para 1,7 ou mais em rochas graníticas altamente diferenciadas contendo baixas

concentrações de cálcio.

Durante a cristalização parcial do magma, o estrôncio tende a ser concentrado em

plagioclásios, ao passo que o rubídio permanece na fase líquida. Conseqüentemente a razão Rb/Sr

do líquido magmático residual aumenta gradualmente no curso da cristalização progressiva do

magma (FAURE E MENSING, 2005).

Page 20: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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2.2 – Isótopos de estrôncio como traçador natural em reservatórios de petróleo e sistemas de

água subterrânea

2.2.1 - Reservatórios de petróleo

A acumulação de petróleo em reservatórios que ocorreu porque após o processo de sua

geração o mesmo foi transportado por diferenciais de pressão através de formações porosas ou de

falhas (migração) até que seu caminho tenha sido barrado pela existência de algum tipo de

armadilha geológica (rocha impermeável). Assim o petróleo é gerado em uma rocha chamada

fonte, ou geradora, e se desloca para outra chamada rocha reservatório, onde se acumula.

À expulsão do petróleo da rocha onde foi gerado dá-se o nome de migração primária. Ao seu

percurso ao longo de uma rocha porosa e permeável até ser interceptado e contido por uma

armadilha geológica dá-se o nome de migração secundária. A armadilha é produzida por uma

rocha denominada selante, cuja característica principal é sua baixa permeabilidade.

Estas armadilhas ou trapas podem diferentes origens, características e dimensões. O

desenvolvimento de condições para o aprisionamento de petróleo pode ser ditado pela geração de

esforços físicos que vão determinar a formação de elementos arquitetônicos que se transformam

em abrigos para a contenção de fluidos (THOMAS et al, 2001).

A rocha reservatório pode ter diversas origens (porosidade), e estes vazios devem estar

interconectados, conferindo-lhe a característica de permeabilidade (FIG.2.1).

Atendidas as condições de geração, migração, para que se dê a acumulação do petróleo,

existe a necessidade de que alguma barreira se interponha no seu caminho. Esta barreira é

produzida pela rocha selante, cuja característica principal é sua baixa permeabilidade.

Rochas-reservatório são normalmente constituídas por material detrítico de granulometria na

faixa de areia a seixo, representantes de antigos ambientes sedimentares de alta energia,

portadores de espaço poroso onde o petróleo será armazenado e, posteriormente, será extraído.

Tais rochas são geralmente os arenitos, calcarenitos e conglomerados diversos. (MILANI.et al,

2001). O volume total ocupado por uma rocha-reservatório é constituído pelo volume dos

materiais sólidos (grãos, matriz e cimento) e pelo volume dos espaços vazios existentes entre estes

sólidos.

A FIG.2.1 ilustra a porosidade interconectada e a razão da inevitabilidade da retenção

residual de uma fração do petróleo originalmente presente na rocha: o petróleo transitando de A

para B se bifurca em dois capilares que competem para o seu transporte; o trânsito pelo capilar 1

termina antes do trânsito no capilar 2, o fluido expelente (água, etc.) então avança até a saída do

capilar 2 e retém definitivamente a porção de petróleo que por ele ainda estava a transitar.

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FIGURA 2.1 Modelos de capilares em um poro

Tracers Aplications in Oil Field Investigations,IAEA, 2003

2.2.2 – Estudo com traçadores em reservatórios de petróleo

Seguindo a água de injeção com um radionuclídeo ou outro traçador adequado e medindo a

concentração deste nas amostras coletadas nos poços de produção é possível obter a curva de

distribuição de tempos de residência do fluido injetado (concentração versus tempo), que

representa o comportamento dinâmico do fluxo no trecho compreendido entre um poço injetor e

um poço produtor. Muitas das informações evidenciadas pela análise da curva de resposta a uma

injeção de traçador não podem ser obtidas por outras técnicas. Análises detalhadas das curvas de

resposta para poços de produção podem fornecer as seguintes informações (INTERNATIONAL

ATOMIC ENERGY AGENCY, 2004):

i. Detecção de regiões de alta permeabilidade, canais, barreiras e fraturas;

ii. Detecção de comunicações entre camadas;

iii. Avaliação da fração volumétrica do reservatório varrida pela água injetada em cada

poço de produção;

iv. Determinação dos tempos de residência da água injetada no volume do reservatório

por ela varrido;

v. Indicação de diferentes estratificações no reservatório;

vi. Determinação da direção preferencial do fluxo no reservatório.

A razão isotópica do estrôncio medida nas águas dos poços produtores também pode

funcionar como traçador ao acusar e mesmo quantificar outras características dinâmicas dos

reservatórios sob processo de exploração. Uma destas aplicações é a determinação do tempo de

Page 22: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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chegada ao poço produtor (diferente do tempo de residência) da água injetada, chamado tempo de

“breakthrough”, que é o principal tema deste trabalho.

2.2.3 – Isótopos de estrôncio como traçador natural em reservatórios de petróleo

Os oceanos e as bacias que eles ocupam têm importante papel na atividade geológica da

Terra, incluindo a deposição de sedimentos originada nos continentes e transportada pelos rios,

vento e gelo glacial.

A composição química da água do mar é controlada pelo balanço da entrada e saída de cada

elemento. O resultado das concentrações de elementos conservativos é relatado pela salinidade da

água, que é definida como massa total em gramas de material sólido dissolvido contido em um

quilograma de água do mar. A salinidade da água do mar no oceano aberto na costa brasileira é da

ordem de 33‰ a 34‰. A salinidade dos oceanos diminui próximo às costas ou nas regiões

polares como resultado da diluição pela descarga de água fresca pelos rios ou pelo derretimento

de icebergs e geleiras, respectivamente. A TAB.2.3 mostra concentrações dos íons na água do

mar.

Por conseguinte, a concentração de estrôncio padrão da água do mar no Oceano Atlântico

para salinidade de 35‰ é aproximadamente 7,74 mg/L. A salinidade e a concentração de

estrôncio da superfície da água nos oceanos decrescem regionalmente em resposta à diluição por

água de precipitação e pela mistura com água dos rios e derretimento de geleiras. Em sentido

contrário, ambas, a salinidade e concentração de estrôncio, aumentam no caso da perda de água

por evaporação e pela formação de geleiras (FAURE E MENSING, 2005).

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TABELA 2.3 – Composição dos elemntos na água do mar (Turekian,1968).

Íon g.Kg -1

de H2O (35‰)

Cloreto ( Cl ) 19,4

Sódio (Na) 10,8

Enxofre (S) 0,904

Magnésio (Mg) 1,29

Cálcio (Ca) 0,41

Potássio (K) 0,39

Brometo (Br) 0,067

Estrôncio (Sr) 0,0081

Fluoreto (F -) 0,0013

Total 33,27

Numerosas medidas da razão isotópica 87Sr/86Sr em água do oceano tem demonstrado que

esta é constante ao longo dos oceanos de todo mundo, valendo ~0,70920 (relativo para um valor

de 0,71025 para o padrão de Sr NBS 987). Em contraste com a água do mar, águas de reservatório

mostram uma variação na razão isotópica 87Sr/86Sr de entre aproximadamente 0,707 e 0,730

(SMALLEY et al, 1988).

A concentração de estrôncio na água do mar para profundidades maiores que 1500 metros

está relacionada com a salinidade pelas equações (FAURE E MENSING, 2005):

No Oceano Atlântico: [Sr] = (0,221 ± 0,0010) x S (2)

No Oceano Pacífico: [Sr] = (0,220 ± 0,0026) x S (3)

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Onde [Sr] é a concentração de estrôncio (em unidades de mg/L) e S é a salinidade (em unidade de

partes por mil).

Como já foi dito e explicado anteriormente, a razão 87Sr/86Sr da água de formação de

reservatórios é significantemente maior do que a da água do mar. Isto pode ser explorado pelas

técnicas de traçadores. O valor de 87Sr/86Sr a ser considerado como linha de base no uso desta

razão como um traçador da água de injeção é definido a partir da composição isotópica em um

número significativo de amostras coletadas e locais representativos dentro do reservatório durante

a fase pré-injeção de água superficial.

A representação diagramática de um sistema idealizado de injeção é mostrada na FIG. 2.2. O

esquema à esquerda representa um reservatório constituído de três camadas com permeabilidades

semelhantes, nas quais as razões 87Sr/86Sr nas águas de formação são indicadas pelos valores

dentro das caixas. A razão isotópica da água injetada é 0,7092 (significantemente menor do que

nas águas de formação) e W é a razão medida no poço produtor. A variação de W ao longo do

tempo de injeção t (ou, equivalente, ao longo do volume produzido V) é plotada no gráfico abaixo

do esquema do reservatório. No início ela corresponde à média (ponderada pelas vazões) das

razões nas três camadas; até que ocorra o breakthrough (em b), quando então a razão 87Sr/86Sr cai

progressivamente para o valor da água de injeção (em c). As linhas tracejadas indicam os limites

de incerteza na determinação analítica da razão isotópica.

O esquema à direita ilustra a situação em um reservatório confinado entre duas camadas

impermeáveis. Neste caso o valor inicial de W corresponde à razão 87Sr/86Sr na água de formação

do reservatório; até que se dê o breakthrough e o valor W cai para a razão na água de injeção. O

breakthrough ocorre muito mais cedo do que na situação anterior (permeabilidade homogênea nas

três camadas porosas) porque toda a vazão injetada foi concentrada numa seção transversal

correspondente à única camada porosa disponível (supõe-se a mesma vazão de água de injeção

nas duas situações).

Esta apresentação esquemática demonstra como o método do traçador 87Sr/86Sr pode medir

ou evidenciar:

i. o tempo correspondente ao breakthrough;

ii. a existência de camadas com diferentes permeabilidades;

iii. a contribuição de cada uma destas camadas para a composição do petróleo extraído no

poço produtor.

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FIGURA 2.2 - Técnica do traçador 87

Sr/86

Sr em um reservatório idealizado (SMALLEY et

al,1988).

As condições necessárias para a aplicabilidade do método são: a) diferenças significativas

entre as razões isotópicas na água de produção e na(s) água(s) de formação: b) equipamento

analítico com precisão suficiente para distinguir estas diferenças (incertezas menores do que as

variações na razão 87Sr/86Sr, como indicado pela separação entre as linhas tracejadas e as

contínuas nos gráfico da FIG.2.2.

2.2.4 – Traçadores isotópicos em hidrologia subterrânea

Quando se move através do solo ou de rochas, o único espaço disponível para a água é aquele

dos poros ou das fraturas nestes meios. Grandes quantidades de espaços porosos são mais

freqüentes em arenitos e calcários. A quantidade relativa de espaço poroso nas rochas, nos solos

ou em sedimentos é a porosidade, ou seja, a porcentagem do volume total que é ocupada pelos

poros. A porosidade depende do tamanho e da forma dos grãos e de como eles estão empacotados.

Quanto mais aberto o empacotamento das partículas, maior o espaço dos poros entre os grãos. Os

minerais que cimentam os grãos reduzem a porosidade. Quanto menores as partículas e mais

variadas as suas formas, mais firmemente elas se ajustam. A porosidade é mais alta em

sedimentos e rochas sedimentares (10 a 40%) do que em rochas ígneas e metamórficas (até 1a

2%).

A permeabilidade é a capacidade que um sólido tem de deixar que um fluido transite através

de seus poros. Geralmente, a permeabilidade aumenta com o aumento da porosidade. Mas a

permeabilidade também depende da forma dos poros, de quão bem conectados estão e de quão

tortuoso é o caminho que o fluido deve percorrer para passar através do material.

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Se numa camada do solo ou da rocha o espaço dos poros não é completamente preenchido

com água, esta camada é chamada não saturada. Mais abaixo dela está a zona saturada, no qual os

poros do solo ou da rocha estão completamente preenchidos com água. (Nas rochas dos

reservatórios de petróleo os poros podem estar saturados com água, óleo ou gás, ou parcialmente

preenchidos com duas ou mais destas fases).

A região que compreende o espaço em que a água entra na zona saturada denomina-se de

recarga. A recarga é a infiltração da água em qualquer formação superficial seja aquela

proveniente das precipitações ou do degelo da neve. (PRESS, et al.,2006)

São numerosas e diversas as técnicas isotópicas utilizadas para a investigação de águas

subterrâneas dentro da zona saturada. Novas aplicações estão continuamente surgindo e as

técnicas que lhes são apropriadas estão em constante desenvolvimento. Dentre elas podem ser

citadas:

i. Determinação de parâmetros do aqüífero, tais como: porosidade eficaz, permeabilidade,

transmissividade e dispersividade.

ii. Estudo dos parâmetros hidráulicos da água, incluindo: determinação da velocidade

horizontal, sentido do deslocamento e medida de fluxos verticais em piezômetros.

iii. Datação e geocronologia.

iv. Investigação de problemas relacionados com a origem das águas subterrâneas e sua

distribuição dentro dos aqüíferos, tais como: localização de zonas de recarga,

estratificação e história da água, interconexões com águas superficiais ou entre aqüíferos,

tempo de residência e de renovação, etc. (PLATA, 1972).

2.2.5 – Isótopos de estrôncio e sua utilização em sistemas de água subterrânea e natural

A composição isotópica do Sr nas águas naturais é variável e depende da idade e da razão

Rb/Sr das rochas que essas águas percolam ou escoam, bem como da solubilidade relativa dos

diferentes minerais que podem estar em contato com essas águas. A razão 87Sr/86Sr no material em

suspensão dos rios da Amazônia varia entre 0,71319 e 0,75640, enquanto que no material

dissolvido esta razão é mais baixa e varia de 0,708776 a 0,733172 (ALLÉGRE et al, 1996). Isso

pode ser explicado pelo fato do material dissolvido conter uma parte significativa de Sr derivado

de águas pluviais, que possuem razão 87Sr/86Sr mais baixa.

A composição isotópica do Sr em águas pluviais situa-se entre aquela da água do mar e a de

rochas carbonáticas (ALLÉGRE et al, 1996), cujo valor, no éon Fanerozóico (período na escala de

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tempo geológico compreendendo os últimos 545 milhões de anos, a partir de quando existe

abundante vida animal na Terra), tem sido superior a 0,707 (BURKE et al, 1982).

Conforme visto na seção 2.2.3 a razão 87Sr/86Sr média em águas oceânicas é de 0,70920.

Conseqüentemente, os valores da razão 87Sr/86Sr das águas pluviais situam-se, aproximadamente,

entre 0,707 e 0,709. Valores entre 0,70792 e 0,70917 foram obtidos para a razão 87Sr/86Sr de

águas pluviais em Israel (HERUT et al, 1983).

Banner ilustrou a relação entre a razão 87Sr/86Sr das águas superficiais e os diferentes terrenos

que elas drenam. Segundo este autor, a razão 87Sr/86Sr em torno de 0,710 para alguns dos maiores

rios que drenam o sul da América do Norte, seria consistente com a combinação de Sr proveniente

de crosta dos éons Proterozóico (entre 2,5 bilhões e 542 milhões de anos, quando houve o

acúmulo de oxigênio na atmosfera) e Paleozóico (a era do éon Fanerozóico que está

compreendida entre 542 milhões e 245 milhões de anos).

Por sua vez, o valor médio da razão 87Sr/86Sr de 0,711 dos rios canadenses refletiria a

contribuição de crosta mais antiga do escudo Pré-cambriano (uma grande área de rochas ígneas e

metamórficas de alta temperatura que se encontram expostas, formando zonas tectonicamente

estáveis; o Pré-cambriano compreende os éons anteriores ao Fanerozóico). Valores mais baixos de

87Sr/86Sr (0,704-0,708) são encontrados em rios que drenam terrenos vulcânicos do Pacífico, como

Japão e Filipinas, que transportam o estrôncio proveniente do intemperismo de rochas derivadas

do manto em épocas mais recentes.

A variação da razão isotópica de Sr em águas subterrâneas é similar àquela de águas

superficiais. A razão 87Sr/86Sr é uma mistura da composição isotópica do Sr da água de recarga

com a composição isotópica da rocha que a água percola. No entanto, esta variação é bem mais

pronunciada em águas subterrâneas, em conseqüência de mais altas temperatura, pressão e força

iônica destas águas, bem como do longo tempo de percolação e da alta razão entre a superfície

mineral e o volume de água (BANNER, 2004). Nas águas subterrâneas da Austrália foram

encontrados valores da razão 87Sr/86Sr variando entre 0,70446 e 0,71176 (COLLERSON et al,

1988). Os valores mais baixos foram interpretados como uma mistura entre a água de recarga do

aqüífero australiano com rochas ígneas máficas cenozóicas, que possuem assinatura isotópica

juvenil.

A variação na composição isotópica do Sr tem sido usada para determinar a fonte de

estrôncio de um corpo de água em particular, a história geoquímica dessas águas (interação rocha-

água) e o potencial de mistura destas águas (LYONS et al, 1995). Registros dessas aplicações

podem ser encontradas no trabalho de Palmer e Edmond, (1992) que estudaram a composição

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isotópica do estrôncio em diferentes bacias de drenagem, para investigar os mecanismos que

resultam no aumento da razão 87Sr/86Sr nas águas dos rios.

Contudo a cinética das reações químicas e da precipitação de minerais deve ser levada em

conta na interpretação das medições da razão 87Sr/86Sr. Várias fases com diversos conteúdos de

minerais podem alterar a razão 87Sr/86Sr na fase aquosa que as contatou. Os percursos e tempos de

residência pelas diversas rochas também influenciam o valor desta razão isotópica.

Feitas estas ressalvas, compete relevar algumas consideráveis vantagens da análise isotópica

do estrôncio:

i. O estrôncio não sofre fracionamento isotópico apreciável em reações químicas, mudanças

de fase ou processos biológicos. Deste modo as razões isotópicas medidas são bons

indicadores da fonte original do elemento. Além disto, nas determinações analíticas pode-

se usar a razão 87Sr/86Sr, que é constante, como um padrão interno para corrigir algum

eventual fracionamento;

ii. A concentração do estrôncio na atmosfera é muito baixa, por conseguinte não há risco de

contaminação atmosférica e correções para tanto são dispensadas.

Além das aplicações acima citadas, estas propriedades ainda viabilizam as seguintes aplicações da

análise da razão 87Sr/86Sr:

i. Informar sobre a proveniência de águas;

ii. Determinar as proporções de misturas em corpos d'água;

iii. Definir alterações no histórico de drenagem de uma bacia de captação;

iv. Definir os controles atuando sobre as contribuições de corpos hídricos;

v. Rastrear a migração de nutrientes e a existência de reservatórios de nutrientes em

ecossistemas;

vi. Caracterizar e quantificar fontes de salinização de sistemas fluviais;

vii. Identificar rotas preferenciais no interior de sistemas aqüíferos.

Page 29: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

17

CAPÍTULO 3: ESPECTROMETRIA DE MASSAS COM PLASMA INDUTIVAMENTE

ACOPLADO (ICP-MS)

O ICP-MS é uma ferramenta versátil e largamente empregada na identificação de elementos

presentes em diversas amostras. Suas principais aplicações são na geoquímica, área ambiental,

biológica e de alimentos. Desde a sua introdução comercial em 1983, a espectrometria de massas

com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) tem ganhado importância como técnica de

detecção elementar e é uma poderosa ferramenta para a determinação de elementos traço (< 10 -4

g.g-1) e ultra traço (< 10-8 g.g-1). A técnica do ICP-MS também oferece a possibilidade de obter

informações rápidas sobre a composição isotópica dos elementos, ganhando assim grande

importância na análise da razão isotópica (MUYNCK, 2008).

3.1 – Princípio de operação

Em um sistema ICP - espectrometria de massas, o plasma indutivamente acoplado de argônio

(ICP) é utilizado como uma fonte de íons. A amostra sob investigação, na maioria das vezes uma

solução aquosa, é convertida em um aerossol por meio de um sistema adequado de introdução de

amostras e levada para dentro do plasma. A transferência de energia do plasma para amostra

resulta na dessolvatação do aerossol, atomização das moléculas e ionização dos átomos.

Devido ao fato do ICP operar à pressão atmosférica e o espectrômetro de massa (MS) operar

em altas condições de vácuo, uma interface é necessária para o decréscimo da pressão inicial. A

interface permite que somente parte do gás plasma, consistindo de íons, elétrons e partículas

neutras, passe. Depois da interface, um sistema de lentes extrai os íons positivos da amostra e

também deflete os ânions e elétrons. Os nêutrons e as espécies carregadas negativamente extraídas

pela interface são eliminados para fora do equipamento através de uma bomba de vácuo. O feixe

de íons positivos é então focalizado em direção ao espectrômetro de massas, no qual os íons são

separados de acordo com a razão massa/carga (m/z).

Finalmente, os íons que têm uma trajetória estável através do espectrômetro de massas são

detectados, resultando em uma intensidade de sinal que é proporcional à quantidade de íons

registrados e, portanto, à concentração dos elementos na amostra investigada. Na FIG. 3.1 são

mostrados os principais componentes de um ICP-MS– quadrupolo convencional (BECKER &

DIETZE, 1998).

Page 30: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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FIGURA 3.1: Representação esquemática de um ICP-MS quadrupolo convencional

Fonte: (Muynck,2008)

3.2 - Sistemas de introdução de amostras

As amostras podem ser introduzidas no estado sólido, líquido ou gasoso. A introdução mais

utilizada é de amostras líquidas, apresentando vantagens de homogeneidade, facilidade de

manipulação e disponibilidade de solução padrão de calibração.

As amostras líquidas são as mais comumente e facilmente introduzidas no plasma

(MONTASER et al, 1998). As amostras são inicialmente dispersas em um nebulizador

pneumático (PN) na forma de um fino aerossol. Vários tipos de nebulizadores estão disponíveis,

sendo que um dos mais usados é o nebulizador concêntrico que opera com o efeito Bernoulli, tala

qual uma trompa de vácuo. Nebulizadores produzem aerossóis com diâmetros das gotas de até

100 µm, enquanto que somente gotas menores do que 10 µm produzem dessolvatação,

atomização e ionização eficientes no plasma.

Os nebulizadores do tipo ultra-sônico (USN) e microconcêntrico (MCN), que necessitam de

um menor fluxo de solução, também podem ser utilizados. O nebulizador PN tem boa eficiência,

com vantagem de tolerar soluções com maior quantidade de sólidos em suspensão e de ser menos

susceptível a instabilidades. Já o MCN é mais eficiente que o PN e permite aumentar em duas

vezes a sensibilidade para a maioria dos elementos, porém é mais susceptível a variações na

pressão do gás de arraste e à viscosidade da solução.

Em seguida as gotas do aerossol são selecionadas em uma câmara de spray acoplada ao

nebulizador, na qual as gotas com diâmetro maiores são removidas por gravidade e as com

diâmetro de 5 – 10 µm são transportadas para a tocha. Isto não só aumenta a eficiência da

dissociação no plasma como ainda tem o efeito secundário de amortecer pulsos provenientes do

Page 31: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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nebulizador e devidos principalmente à bomba peristáltica usada para a introdução das amostras

no espectrômetro. Desta forma a câmara de spray garante um plasma estável e eficiente.

O sistema de introdução de amostra sólida mais comum é o de Laser Ablation, onde a

amostra é atingida por um feixe de raio laser que vaporiza um determinado volume de amostra.

Um gás de arraste, geralmente Ar, carrega as partículas resultantes até o interior do ICP (SKOOG

et al, 2007).

As técnicas de geração de hidretos permitem introduzir As, Sb, Sn, Hg, Bi, Pb e Se no

espectrômetro na forma de amostras gasosas. Um ataque ácido gera o hidreto volátil (p. ex.

AsH3), que é carreado para a câmara de atomização por um gás inerte (SKOOG et al, 2007).

3.3 – Plasma indutivamente acoplado (ICP)

A fonte de íons no ICP-MS é um plasma indutivamente acoplado (ICP), o qual é uma mistura

de moléculas, átomos, íons e elétrons a altas temperaturas (6000 – 8000 K) (MONTASER et al,

1998). O plasma é gerado na parte final da tocha, usualmente manufaturada em quartzo e consiste

em três tubos concêntricos. Uma representação esquemática é mostrada na Fig.3.2. (MUYNCK,

2008).

O gás argônio passa por todos os tubos, mas em diferentes vazões de fluxo. O gás frio (vazão

de fluxo 10-20 L.min-1) passa nos dois tubos mais externos, mantendo o plasma e agindo como

uma barreira térmica entre o plasma e a tocha, impedindo-a de fundir. O gás auxiliar (vazão de

fluxo 1-1,5 L.min-1) passa entre o tubo mais externo e o mais interno e o gás vindo do nebulizador

(vazão de fluxo 0,8-1,2 L.min-1) passa pelo tubo interno, ou tubo injetor, carreando a amostra na

forma de aerossol gerada pelo sistema de introdução de amostras. Este gás do nebulizador perfura

o plasma, fazendo com que este adquira uma forma toroidal. A energia transferida do plasma para

a amostra em aerossol resulta na dessolvatação do mesmo, na atomização das moléculas e na

ionização/excitação dos átomos.

Page 32: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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FIGURA 3.2 – Tocha e a região de interface de um ICP-MS

Fonte: (Muynck, 2008)

3.4 – Região de interface

O papel da interface consiste em eficientemente transportar os íons do plasma, operando a

pressão atmosférica, para a região do espectrômetro de massas, operando a alto vácuo (HOUK et

al, 1980). A interface consiste de dois cones metálicos, um amostrador e um skimmer, montados

coaxialmente e possuindo pequenos orifícios em seus vértices.

Quando o gás plasma entra no espaço entre os cones (zona de expansão), a amostra

consistindo de íons, elétrons e espécies neutras é expandida devido ao alto vácuo (baixa pressão)

na zona de expansão. A parte central do feixe de amostra deixa a zona de expansão através do

pequeno orifício do skimmer, entrando subseqüentemente em um estágio de alto vácuo. A cada

estágio de vácuo, uma bomba de vácuo bombeia para fora os componentes residuais.

Depois de passar pelos cones da interface, um sistema de lentes deflete a trajetória dos ânions

e elétrons, enquanto somente íons carregados positivamente são focalizados e direcionados para o

analisador de massas.

3.5 - Analisadores

No ICP-MS, os íons que são formados no plasma e extraídos pela interface são separados de

acordo com sua razão massa-carga (m/z). Desde que somente íons carregados positivamente (z =

1) sejam considerados, isto implica na separação de acordo com a massa.

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Os diferentes tipos de espectrômetros de massas podem ser basicamente distinguidos de

acordo com os seus dispositivos de separação de massa (TURNER et al, 1998):

Filtro quadrupolo (90% dos instrumentos),

Espectrômetro de massas de dupla focalização (SF) (≤ 10% dos instrumentos)

Analisador de massa de tempo de vôo (TOF) e de outros tipos (poucos instrumentos).

As características mais importantes de um espectrômetro de massas são: velocidade de

varredura, resolução de massas, ou seja, sua capacidade distinguir picos de massas próximas, e a

sua sensibilidade de abundância.

O quadrupolo atua como um filtro de massas, ou seja, permite que somente íons com uma

determinada razão massa/carga passem através dele e incidam sobre o detector. O quadrupolo faz

isto selecionando uma correta combinação de tensões e radiofreqüências para guiar os íons com a

razão m/z selecionada entre os quatro bastões. Íons que não possuem a razão selecionada são

eliminados e, portanto, não atingem o detector

Um analisador de massas quadrupolar (FIG. 3.3) consiste de quatro hastes cilíndricas

posicionadas nos vértices de um quadrado. As hastes opostas são eletricamente conectadas, de tal

forma que dois pares de eletrodos são formados. A cada par de eletrodos é fornecido uma

combinação de uma corrente direta (DC) e uma voltagem de radiofreqüência (RF). O valor da

voltagem em ambos os pares de eletrodos é a mesma enquanto o sinal é o contrário As tensões DC

e RF podem variar, mas sempre mantendo a mesma relação VDC/ VRF.

FIGURA 3.3 – Quadrupolo de massa

Fonte: Perkin Elmer SCIEX

Em princípio, o potencial de um ICP-MS baseado em quadrupolo não poderia ser

completamente explorado em função da superposição espectral. Para contornar esta limitação,

diferentes técnicas foram desenvolvidas e aplicadas com sucesso. Uma abordagem eficiente para

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refinar a análise por ICP-MS é a combinação de um plasma indutivamente acoplado com campos

eletrostático e magnético (“sector field”). Estes tipos de instrumentos constituem-se

essencialmente numa sequência de dois analisadores, um de setor eletrostático e outro de setor

magnético. O analisador eletrostático consiste de duas placas curvas às quais é aplicada uma

voltagem DC. Ele é usado para compensar a dispersão de energias dos íons de interesse de

maneira que só resta dispersão em massa, a qual é minimizada pelo analisador de setor magnético. 3.6 - Sistema de detecção

Depois de passar por um analisador quadrupolar ou de um de dupla focalização, o feixe de

íons deve ser detectado e medido por um sistema apropriado. A magnitude do sinal a ser

detectado está no intervalo de poucos íons por segundo para componentes a níveis de ultra traço

até 1010 íons por segundo para teores mais altos. Como a carga do elétron é 1,6 10-19 C, a

densidade de íons corresponde a um intervalo de corrente de 10-20 a 10-9 A.

Para cobrir este extenso intervalo dinâmico, uma variedade de detectores é usada. Para baixos

intervalos de sinal (< 106 íons/s) um sistema de contagem de íons (multiplicador de elétrons) é

normalmente empregado, enquanto que para altas taxas de contagem, um detector analógico deve

ser usado (TURNER et al, 1998).

Multiplicador de Elétrons

Quando íons saem do analisador de massa, eles são direcionados para uma superfície

carregada com uma alta voltagem negativa, ocorrendo liberação de elétrons devido ao impacto

resultante. Esses elétrons são então direcionados, aplicando uma voltagem adequada, sobre uma

superfície da qual são liberados elétrons secundários. Um valor de energia de poucos mil volts que

é aplicada nas extremidades da superfície multiplicadora é suficiente para liberar em média 3

elétrons por impacto.

Os elétrons secundários incidem novamente sobre a superfície carregada e depois de

repetidos eventos de impacto um grande número de elétrons terá sido liberado. Um dispositivo

operando dessa maneira é chamado de multiplicador de elétrons secundários (SEM), e o fator de

multiplicação típico obtido é da ordem de 108 (TURNER et al, 1998). A seguir os elétrons são

então direcionados sobre um eletrodo coletor e o pulso resultante é eletronicamente processado

pelo sistema de dados. Há multiplicadores de elétrons estruturados como um dinodo contínuo

(FIG. 3.4 a) ou como vários dinodos discretos (FIG. 3.4 b).

Page 35: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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FIGURA 3.4 – Multiplicador de elétrons (a) dinodo contínuo e (b) dinodos discretos (Muynck,2008)

Detector Analógico

Altas taxas de contagem, ou sinais de grandes intensidades, requerem um detector analógico

porque o multiplicador de elétrons não pode ser usado para taxas acima de 106 íons/s (TURNER

et al., 1998). Isto pode ser resolvido de duas maneiras. Primeiramente, é possível reduzir a tensão

aplicada ao multiplicador de elétrons secundário usado no sistema de contagem de íons, de modo

que o ganho médio seja reduzido de 108 para algo em torno de 103. Desta forma, a corrente de

saída do coletor pode ser usada como uma medida direta da corrente de entrada.

Alternativamente; o feixe de íons pode ser dirigido a um coletor tipo copo de Faraday junto

com um sistema amplificador DC. Este dispositivo pode ser usado para medir diretamente

correntes até o limite inferior de 10-15 A (104 íons/s), assim há uma sobreposição com a escala

superior do sistema de contagem de íons (TURNER et al., 1998).

O coletor de Faraday é extremamente robusto e pode ser usado eficazmente, sem prejuízo do

sistema multiplicador, para medir amostras desconhecidas que possam conter elevadas

concentrações de elementos não especificados. A linearidade é excelente, de modo que as

medidas da razão isotópica podem ser conduzidas com mais exatidão. As desvantagens do

detector de Faraday são a alta constante de tempo, que impossibilita uma leitura rápida, e a uma

menor sensibilidade, a qual resulta em limites de detecção 103 mais elevados do que aqueles

obtidos por detectores multiplicadores.

Sistema de Detecção Dual

Para grandes faixas de intensidade de sinais chegando ao sistema de detecção - incluindo

contagens de background inferiores a 1 contagem/s em espectrômetros de dupla focalização, com

altas contagens para os elementos principais – o modo analógico de um multiplicador de elétrons

secundário pode ser utilizado em vez de um coletor de Faraday.

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Para sinais de baixa intensidade, a saída do pulso normal é registrada no final da cadeia

multiplicadora. No caso de sinais de alta intensidade, um sinal de saída analógico pode ser obtido

em qualquer parte da cadeia multiplicadora. Um sistema automático pode ser usado para

selecionar o apropriado modo de registro, resultando num sistema dual de detecção.

3.7 – Medidas de razão isotópica via ICP-MS

Dos 83 elementos químicos quase três quartos têm dois ou mais isótopos. Devido às

variações na razão isotópica de um número desses elementos, incluindo H, C, N, O e S, temos

hoje, uma vasta pesquisa de isótopos estáveis no campo da geoquímica. Investigações das

variações na composição isotópica desses elementos têm fornecido importantes informações sobre

a origem desses elementos em rochas, minerais e fluidos.

Várias abundâncias isotópicas são constantes na natureza. Como conseqüência, uma

variedade de processos ou fenômenos pode ser estudada utilizando compostos no qual um

elemento em particular mostra uma composição isotópica suficientemente diferente da natural.

Como exemplo, pode-se citar o caso dos radionuclídeos produzidos artificialmente (129I, 236U).

Muitas aplicações de isótopos são baseadas na suposição de que o comportamento dos

diferentes isótopos é quimica e fisicamente idêntico. Isto é um pré-requisito para experimentos

com traçadores e de diluição isotópica, freqüentemente realizados usando ICP-MS. Entretanto

pequenos efeitos isotópicos ou de fracionamento de massa ocorrem em processos naturais ou

industriais. Esses efeitos podem induzir variação isotópica, observada especialmente para os

elementos mais leves como H, C, N, O e S. Estudos da maioria desses elementos são realizados

usando um IR-MS (“isotope ratio- mass spectrometry”).

Com a insuperável precisão obtida na determinação da razão isotópica, inicialmente usando o

espectrômetro de massa de ionização térmica (TI-MS) e depois o espectrômetro de massa ICP–

MS multi-coletor (MC-ICP-MS), variações naturais de composição isotópica têm sido

estabelecidas para um crescente número de elementos pesados, deixando de ser restrita aos

elementos leves.

Adicionalmente, variações na composição isotópica de muitos elementos podem ocorrer

como conseqüência de: decaimento de radionuclídeos de ocorrência natural de meia vida longa

(caso do Rb nesse trabalho), reações nucleares resultantes da interação de raios cósmicos com

gases na atmosfera produzindo principalmente isótopos de meia vida curta, e atividades

antropogênicas. Em algumas amostras de meteoritos, alguns elementos mostram desvios da

composição isotópica natural, desconhecida em amostras terrestres (BIRCK, 2004). Devido às

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variações descritas, a composição isotópica representativa em materiais terrestres normais não

pode ser precisamente definida para alguns elementos como Li, Sr e Pb (De LAETER et al, 2003).

A razão isotópica R de um elemento M, que de fato é a razão de quantidades de isótopos de

massa i e j, é normalmente determinada usando um espectrômetro de massas.

3.7.1 - Espectrômetros de massas usados em análise isotópica

De todas as técnicas analíticas específicas para a determinação de isótopos (espectrometria de

massas, análise por ativação, métodos espectroscópicos e ressonância magnética nuclear (NMR)),

a espectrometria de massas é aquela que tem aplicabilidade ao maior número de isótopos e a mais

potente, pois permite que as abundâncias relativas de diferentes isótopos sejam medidas com alta

precisão e exatidão (MUYNCK, 2008).

A mais relevante distinção entre os equipamentos ICP-MS usados para análise isotópica é o

tipo de sistema de detecção, isto é, instrumentação com um único coletor (SC) ou com um sistema

com um multi-coletor (MC-ICP-MS). Este sistema multi-coletor foi desenvolvido

especificamente para a análise de razão isotópica (REHKÄMPER et al, 2001).

Para a determinação da razão isotópica nos espectrômetros de massas com coletor único os

isótopos de interesse são seqüencialmente detectados, de forma que a precisão obtida é inferior

àquela obtida com um espectrômetro de massa de ionização térmica (TIMS), um modelo tido

como referência para a precisão na determinação de razões isotópicas de elementos pesados

(conquanto trabalhoso e aplicável apenas a um restrito número de elementos com baixos

potenciais de ionização) e que apresenta desvio padrão relativo (RSD) inferior a 0,01%. No

tradicional quadrupolo com coletor único (SC-ICP-Q-MS), a precisão da razão isotópica é

limitada a 0,1-0,5% RSD. Esta precisão inferior pode ser atribuída à instabilidade na formação,

transmissão e detecção dos íons e à seqüencial detecção dos isótopos de interesse. No entanto para

aplicações em investigações ambientais, que requerem uma precisão da ordem >0,05 – 0,1%

RSD, o SC-ICP-Q-MS pode servir, pois precisões da ordem de 0,1% são suficientes para detectar

variações naturais de razões isotópicas em várias situações (HEUMANN et al, 1998; WALCZYK,

2004; VANHAECKE & MOENS, 2004; SKOOG et al, 2007).

Além isso, para determinadas aplicações onde uma alta precisão não é solicitada, o sistema

ICP-MS apresenta importantes vantagens sobre o TIMS, tais como a contínua nebulização da

amostra em solução para dentro do ICP a pressão atmosférica, a grande quantidade de amostras

que podem ser analisados e a alta eficiência de ionização do ICP (HOUK et al, 1980; GRAY,

1986).

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A ocorrência de interferências espectrais limita o campo de aplicação do SC-ICP-Q-MS para

estudos isotópicos. Estas interferências podem ocorrer quando espécies iônicas no analito têm a

mesma razão m/z (SKOOG, 2007), como é o caso da sobreposição isobárica entre 87Rb e 87Sr,

elementos objetos deste trabalho.

Para a solução deste problema duas alternativas são propostas na literatura. Uma delas é a

separação cromatográfica do rubídio do estrôncio (VANHAECKE et al, 1999) antes da injeção no

ICP-MS. A outra seria a utilização de um módulo especial inserido no ICP-MS, uma célula de

reação dinâmica (DRC), que consiste em um quadrupolo adicional dentro de uma câmara, na qual

é inserido um gás capaz de reagir seja com o íon analito ou com os íons interferentes (MOENS et

al, 2001). As diferentes reações entre o gás injetado na célula (G) com o íon analito (A+) e o íon

interferente (I+), resultam na formação de produtos (p. ex: AGm+ e IGn

+, m ≠ n) com massas

distintas que são então detectados em diferentes locais do espectro.

Um trabalho realizado por Vanhaecke e Moens (2001) em estudo geocronológico mostra que

o uso do ELAN DRC ICP-MS permite rápida determinação da razão Rb/Sr. Neste trabalho foi

usado o gás fluoreto de metila (CH3F) como o gás de reação para converter os íons Sr+ em SrF+, e

o Ne como um gás de colisão, evitando deste modo a sobreposição isobárica do 87Rb e 87Sr.

Apesar do equipamento de ICP-MS do CDTN/CNEN possuir uma cela de reação dinâmica

(DRC) não foi possível usá-la para a eliminação da sobreposição isobárica do 87Rb e 87Sr, devido

à impossibilidade de aquisição de um linha para introdução do gás Ne na célula de reação.

3.7.2 - Fatores de incerteza na determinação da razão isotópica via ICP-MS

As exigências de qualidade e as expectativas nas medidas de razão isotópica são

freqüentemente muito altas. Isto implica na necessidade de identificação adequada das diferentes

fontes de incerteza. Apesar dos diferentes fatores envolvidos serem freqüentemente entrelaçados,

uma taxonomia dos mesmos pode ser considerada conforme estejam relacionados coma a precisão

(fatores que contribuem para o ruído do sistema) ou a exatidão (fatores que criam compensação

ou desvios sistemáticos como discriminação de massa, troca na escala de massa, background,

contaminação e tempo morto do detector).

Fontes de ruído

Plasmas indutivamente acoplados (ICP) possuem uma série de fontes de ruídos, comparados

com as fontes de ionização térmica. Diferentes partes do instrumento são responsáveis pela

produção de ruídos: pulsações da bomba peristáltica, variações na eficiência do nebulizador, na

dinâmica de circulação do gás do plasma, na transferência de energia do plasma para o aerossol e

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nas eficiências de extração. Eventos aleatórios também ocorrem em detectores e em suas

eletrônicas associadas.

A contribuição de fontes de ruído em instrumentos de coletor único (SC) pode ser

minimizada selecionando parâmetros de aquisição convenientes tais como aumento no tempo de

medida, tempo de integração por ponto de aquisição, número de pontos de aquisição por pico

espectral, número de varreduras e tempo de ajuste. Também para instrumentos deste tipo, o ruído

pode ser contrabalançado usando uma alta taxa para a discriminação do pico (“peak-hopping”)

visando eliminar ruídos de baixa freqüência do plasma como também usar um sistema de

introdução de amostra o maior possível.

“Peak-hopping” é um modo de aquisição de dados alternativo ao escaneamento contínuo do

espectro de uma amostra ou padrão. É utilizado para uma acurada e eficiente calibração do

espectrômetro e consiste em integrar a intensidade dos sinais somente em picos de massa de

interesse, por períodos de tempo (“dwell-time”) adequados (~10 a 200 ms) usando padrões de

isótopos previamente escolhidos. Literalmente saltando de pico a pico. Desta forma são

estabelecidas correlações precisas entre correntes iônicas e concentrações (MONTASER, 1998).

Mas a maneira mais eficiente superar as fontes de ruído é utilizar um instrumento multi-

coletor ICP-MS. O monitoramento simultâneo de todos os isótopos envolvidos resulta numa

superior precisão de análise isotópica, visto que a influência das flutuações temporais é removida.

Obtêm-se precisões similares àquela fornecidas por um TIMS. Os espectrômetros do tipo multi-

coletor ICP-MS são operados no modo estacionário, ou seja, nem o campo de aceleração nem o

campo magnético sofrem alterações durante a aquisição de dados.

Discriminação de massas

O erro sistemático denominado discriminação de massas ou “mass bias” ocorre quando íons de

diferentes massas são transferidos dentro do ICP-MS com diferentes eficiências, o que é causado

por um fracionamento isotópico devido a efeitos de carga-espaço. Para ilustrar mais

concretamente este efeito pode-se considerar o que ocorre quando uma intensa corrente de íons

Ar+ passa através do sistema de lentes. Após ultrapassar o cone skimmer, a repulsão mútua dos

íons limita o número total de íons que é transmitido pelo sistema de ótica iônica. Como os feixes

de íons consistem de espécies de diferentes massas, resulta que os íons leves são mais

intensamente defletidos do que os pesados, os quais tendem a permanecer na região central do

feixe (TANNER, et al, 1994).

Pode-se ver que disto também resultam fracionamentos isotópicos, ou seja: alterações nas

abundâncias relativas dos isótopos em uma amostra ao serem submetidos a processos físicos e

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químicos. Estes fracionamentos ocorrem nos estágios de geração, separação e detecção dos íons;

são devidos às próprias diferenças de massa e comprometem a exatidão das medidas de razão

isotópica nos espectrômetros. Nem todas as fontes e mecanismos de discriminação de massa em

ICP-MS foram ainda inequivocamente identificados (MUYNCK, 2008).

Tipicamente, a discriminação de massa que ocorre numa instrumentação ICP-MS é

aproximadamente 1% por unidade de massa (em massa 100), independente do tipo de

instrumentação (NIU E HOUK, 1996). Comparado ao TIMS, a discriminação de massa de um

ICP-MS é freqüentemente maior, especialmente para baixos valores de massa. O comportamento

e a magnitude da discriminação de massas através do intervalo de massa para a instrumentação

ICP-MS quadrupolo e o de dupla focalização é bastante similar.

De acordo com VANHAECKE et al, 1999, a correção do efeito de discriminação de massa

para o Sr pode ser feita pela medida de um padrão de razão isotópica com uma composição

isotópica conhecida (padronização externa) ou pode ser realizada pelo monitoramento na própria

amostra da razão 86Sr/88Sr, que é constante na natureza (padronização interna).

Neste trabalho optou-se pela padronização externa usando o material NIST SRM (SrCO3)

como o padrão de razão isotópica para o Sr. A comparação do resultado experimental (87Sr/86Sr)r

da razão isotópica obtida com uma solução do padrão de Sr, preparada a partir do material de

referência SRM (SrCO3), com o correspondente valor certificado (87Sr/86Sr)c desta razão permite o

cálculo do fator de correção (CF) a ser usado para corrigir o efeito de discriminação de massa.

Mudança da escala de massa (Mass scale shift)

No ICP-MS a estabilidade da calibração da escala de massa (massa medida vs. massa

verdadeira) é geralmente limitada pela constância dos potenciais DC e de radiofreqüência (RF)

aplicados ao quadrupolo. As mudanças diária são tipicamente da ordem de 0,10 u.m.a., sem

contar possíveis efeitos da temperatura. Este fator limitante pode ser minimizado pela introdução

de um gerador sólido de RF. Nos equipamentos de dupla focalização a mudança na escala de

massa ocorre como uma conseqüência de, por exemplo, flutuações de temperatura

(VANHAECKE et AL., 2006).

(4)

Page 41: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

29

Background e contaminação

Background é definido como aquela parte da corrente do íon, medida na razão massa-carga

mq/z correspondente ao isótopo sob investigação, que não é originada deste elemento.

Contaminação é definida como aquela parte da corrente iônica, medida em uma determinada

razão massa-carga mq/z (não necessariamente a do elemento sob investigação), que não é

originada deste elemento, mas sim do instrumento ou do procedimento químico utilizado.

O background pode ser contínuo em toda a região espectral de massa devido a, por exemplo,

fótons emitidos pelo ICP e que atingem o multiplicador de elétrons, ou descontínuo devido à

presença de interferentes espectrais. A origem desses interferentes espectrais pode ser interna,

devida à formação de íons e , ou a impurezas presentes no gás argônio (Kr, Xe).

Também pode ser causado por interferentes externos vindos juntos com a amostra como, por

exemplo, o íon ArNa+ na determinação do 63Cu (VANHAECKE et al, 2006).

A contaminação também pode ser instrumental ou externa. A contaminação instrumental

inclui os efeitos de memória que ocorrem no nebulizador, no tubo do nebulizador, na câmara de

spray e/ou na interface. Tais efeitos podem ser causados pela volatilidade dos compostos (caso do

B, Os e Hg) e por algumas características químicas específicas (ex. Pt em solução pode ser

facilmente reduzida em tubos de Teflon e elementos refratários tendem a depositar na interface).

A contaminação externa pode ocorrer em alguma etapa da preparação da amostra: pré-tratamento,

digestão e procedimentos de separação.

Por estas razões é indispensável a preparação de um branco para corrigir o background e a

contaminação instrumentais.Para serem representativos, brancos devem ser preparados (no início

ou em diversas ocasiões durante as sessões de medição) nas mesmas condições das amostras e os

seus sinais (contendo o sinal do interferente) deverão ser subtraídos dos sinais de todas as

amostras subseqüentes. Os softwares dos ICP-MS’s se encarregam de computar e executar estas

correções a partir dos valores medidos nos brancos, mas é imperativo que estes últimos sejam

estáveis e representativos.

Page 42: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

30

TABELA 3.1 – Origem e métodos de correção para diferentes tipos de background e de contaminação

(VANHAECKE et al, 2006).

Tipo Origem Subtração do branco Correção matemática

Contaminação Fontes externas

Contaminação Instrumento

BKG descontínuo Amostra

BKG descontínuo Instrumento

BKG contínuo Fótons e ruídos

eletrônicos

Tempo morto do detector

Quando se usa um multiplicador de elétrons no modo de contagem de pulso e a taxa de

contagens é elevada, pode ocorrer uma acumulação (“empilhamento”) de pulsos levando a um

resultado incorreto da razão isotópica, principalmente para as razões isotópicas que mais diferem

da unidade.

Isto é principalmente devido ao tempo morto do detector, que é o tempo requerido para a

detecção e o processamento eletrônico do pulso do íon, isto é: o intervalo de tempo entre a

chegada de um íon e o instante em que o detector torna-se novamente apto a detectar outro íon. Os

íons que chegarem durante este intervalo não serão acusados e o fluxo iônico registrado será

menor do que o real.

Tipicamente, o intervalo do tempo morto, relatado para instrumentação ICP-MS varia de 15 a

100 ns (VANHAECKE et al., 2006). Se o tempo morto puder ser determinado com exatidão, essa

perda de sinal poderá ser corrigida adequadamente usando a seguinte equação:

Onde N é a taxa real de contagem, No a taxa de contagem observada e o tempo morto do

detector.

Posto que os desvios observados aumentam com as taxas de contagem e as medidas de razões

isotópicas são geralmente realizadas usando altas taxas de contagem para melhorar a precisão

dessa , é evidente que a determinação exata do tempo morto do detector é de grande importância

(5)

Page 43: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

31

para a obtenção de resultados confiáveis. Além disso, a determinação do tempo morto do detector

deve ser feita a intervalos de tempo regulares, pois tem sido observada a alteração deste parâmetro

com a idade do detector e a exposição prévia do mesmo. Um método utilizável para a medição do

tempo morto são descritos por VANHAECKE et al. (2006) e MUYNK, (2008).

3.7.3 - Procedimentos de separação do estrôncio (Sr)

Para a determinação da composição isotópica de um dado elemento com a precisão e a

exatidão requeridas, é importante evitar, ou pelos menos corrigir o máximo possível as

interferências espectrais e não espectrais na matriz da amostra.

As interferências espectrais podem ocorrer quando uma espécie iônica no plasma tem a

mesma razão massa-carga (m/z) que um íon do analito (Skoog, 2007). Este tipo de interferência

representa uma superposição ao sinal, sendo assim também chamado de “interferência aditiva”,

portanto deslocando para cima o intercepto da curva de calibração com o eixo Y.

A matriz de uma amostra contém o analito e outros componentes, que são denominados

concomitantes.

A interferência não espectral refere-se então a uma alteração na intensidade do sinal devida a

um concomitante. Também chamado de “interferência multiplicativa” este tipo de interferência

altera a inclinação da curva de calibração. Esta classe de interferências é basicamente representada

pelos efeitos de memória. A interferência aumenta com as concentrações dos concomitantes

responsáveis e torna-se notável quando estas ultrapassam 500 a 1000 mg.mL-1. Estes efeitos

podem ser minimizados usando soluções mais diluídas, alterando o processo de introdução de

amostra, usando um padrão interno ou separando as espécies responsáveis

Na TABELA 3.2 estão mostradas as possíveis interferências espectrais nos isótopos de Sr,

potencialmente encontradas quando esse elemento é analisado por ICP-MS.

Page 44: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

32

TABELA 3.2 - Interferências espectrais potencialmente encontradas ao determinar a composição isotópica

do Sr por ICP-MS. M+: íon de interferência isobárica, MX+: íon de interferência molecular, M2+: íon de

interferência de carga dupla (Fonte: MUYNCK, 2008).

Como já descrito no item 2.1, o 87Sr é formado pelo decaimento beta do 87Rb. Portanto

rubídio e estrôncio estão co-presentes em amostras de materiais naturais, levando à interferência

isobárica do 87Rb+ sobre o sinal do 87Sr+. Para resolver esta interferência isobárica seria necessário

um espectrômetro de massa com uma resolução de aproximadamente 300 000. Somente uma cela

dinâmica de reação solucionaria esta questão sem ter que fazer uma separação prévia dos dois

isótopos (MOENS et al., 2001).

Portanto, a melhor maneira de resolver as interferências descritas acima é separar o rubídio

do estrôncio antes da análise por ICP-MS. Diversos métodos têm sido propostos para este tipo de

separação: cromatografia por troca catiônica, extração por solvente, extração cromatográfica e

precipitação (MUYNCK, 2008).

Cromatografia de troca catiônica

A técnica mais comumente usada para a separação do Sr envolve a cromatografia de troca

catiônica em meio clorídrico usando a resina AG50W-X8 (DARBYSHIRE E SEWELL, 1997;

ALMEIDA E VASCONCELOS, 2001; VANHAECKE et al, 2001; BARBASTE et al, 2002).

Nesta resina de troca catiônica fortemente ácida o Sr é retido mais que os concomitantes.

Idealmente todo rubídio seria eluído da coluna de troca iônica antes do Sr ser coletado, mas na

prática, e especialmente trabalhando com altas concentrações de rubídio, uma completa separação

de Rb e Sr é difícil de ser conseguida (LATKOCZY et al, 2001).

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33

As resinas deste tipo mais freqüentemente usadas para a separação de íons metálicos são as

50WX8 (resina catiônica fortemente ácida contendo 8% de divinilbenzeno) e 50WX12 (resina

catiônica fortemente ácida contendo 12% de divinilbenzeno) que exibem a forma iônica H+ (DOW

CHEMICAL COMPANY). A escolha da resina mais adequada deve levar em conta sua

seletividade em relação aos cátions desejados na análise e envolvidos na superposição isobárica.

Extração cromatográfica do Sr

Também a extração cromatográfica foi descrita como uma ferramenta para a separação Rb/Sr

(HORWITZ et al, 1991; HORWITZ et al, 1992; PIN & BASSIN, 1992). Nesta técnica uma

solução de éter de coroa em octanol, adsorvida em um substrato inerte, realiza a extração do Sr

em meio nítrico. Esta resina seletiva, comercializada pela Eichrom Environment, conhecida como

Sr spec® , é frequentemente usada em micro quantidades recheadas em micro colunas (< 1 mL de

resina) para purificar o Sr antes da análise de sua razão isotópica.

A resina Sr-spec tem como extratante, o éter de coroa 18<O(1,2)terc-butil-

ciclohexano.22(1,2)terc-butil-ciclohexano.22coronante-6> (FIG. 3.5) dissolvido em 1-octanol,

sendo que esta solução é por sua vez adsorvida em um suporte inerte à base de um polímero

acrílico alifático não polar.

FIGURA 3.5 –Éter de coroa- 18<O(1,2)terc-butil-ciclohexano.22(1,2)terc-butil-ciclohexano.22coronante-

6>.

A concentração de éter de coroa na resina é 1M. Esta resina, cuja capacidade é de 8,9 mg

Sr/mL de resina. Na combinação de concentrações específica do éter de coroa e do álcool reside a

seletividade da resina para o Sr. Além disso, a resina Sr spec possibilita também excelente

separação do Ca do Sr, com recuperação de até 95% do Sr (HORWITZ et al, 1990).

As capacidade de separação do Sr de outros elementos (Na, K, Ca, Rb, Cs, Ba e Pb) na resina

Sr spec em função da concentração de HNO3 são mostradas na FIG. 3.6.

Page 46: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

34

FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros elementos na resina Sr spec versus a

concentração de HNO3

Nessa figura, a variável dependente k' é o fator de capacidade ou volume de retenção, que é o

volume de eluente (medido em múltiplos do volume vazio da coluna) que passa pela coluna no

momento em que é alcançada a concentração máxima no eluato. A razão de distribuição do

analito entre as fases, D, está relacionada com k' pela relação:

onde vm e vs são os volumes das fases móvel e estacionária na coluna, respectivamente. Sendo

assim, pode-se verificar pela FIG. 3.6 que a aptidão da resina para separar o rubídio do estrôncio

(as demais variáveis permanecendo constantes) cresce consideravelmente quando a concentração

do ácido nítrico ultrapassa 1 M.

Para a realização do presente trabalho foram usadas colunas de 2 mL de Sr spec (SR-C50-A)

da Eichrom, com granulometria de 100 a 150 µ. A utilização de pequenas colunas implica numa

redução do volume dos reagentes, diminuindo o custo e o tempo de análise. A separação do Sr

também foi avaliada usando a resina de troca catiônica Dowex AG50WX8-400.

(6)

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35

CAPÍTULO 4: MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Instrumentação e Infra-Estrutura

Sistema ICP-MS

O Espectrômetro de Massa ICP-MS ELAN DRC-e (FIG. 4.1), instalado no laboratório de

Espectrometria de Massa do Serviço de Reator e Técnicas Analíticas (SERTA) do CDTN/CNEN,

foi o sistema utilizado para a determinação da razão isotópica 87Sr/86Sr, bem como para a

determinação da concentração dos elementos de interesse (Rb, Sr, Ca e outros).

FIGURA 4.1- Laboratório de Espectrometria de Massa com o sistema ELAN DRC-e e o

amostrador automático AS - 10– PerkinElmerSCIEX.

O ICP-MS descrito acima apresenta as seguintes características:

Sistema de vácuo com uma única bomba turbomolecular de entrada dupla, apoiada por

uma bomba de vácuo convencional. Uma segunda bomba é usada para manter o vácuo na

interface;

Uma célula de reação dinâmica (DRC), para uso com diferentes tipos de gases, exceto

amônia, que pode ser acionada, quando necessário;

Sistema de introdução de amostras com um nebulizador do tipo Meinhard acoplado a uma

bomba peristáltica e câmara ciclônica em quartzo;

Tocha e o sistema de alinhamento instalados em um design desmontável que incorpora

uma tocha em quartzo com um injetor de amostra, fabricado em alumina, quartzo ou

safira, totalmente substituível;

Page 48: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

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Gerador de radiofreqüência (RF) de 40 MHz completamente automatizado e controlado

via computador, podendo ser operado no intervalo de 500-1600 Watts, próprio para

análises de diferentes tipos de matrizes;

Interface com cones amostrador e skimmer, de níquel ou platina dependendo da aplicação.

Nesse trabalho foram utilizados cones de níquel. O cone amostrador, com orifício de 1,1

mm de diâmetro e o cone skimmer, com orifício de 0,9 mm de diâmetro são fabricados

com estes diâmetros com a finalidade de maximizar a estabilidade do sinal e minimizar

entupimento durante a análise de amostras contendo grande quantidade de sólidos

dissolvidos;

Design do sistema de lentes com um disco (shadow stop) localizado entre os cones e as

lentes cilíndricas. Este dispositivo impede fótons e materiais não ionizados emitidos do

plasma de alcançarem o analisador, que poderiam causar efeitos adversos na performance

do ICP-MS. Acionado automaticamente por um software, quando selecionado, o sistema

ajusta dinamicamente a voltagem ótima das lentes para cada elemento, enquanto o

quadrupolo é escaneado;

O quadrupolo (separador de íons) consiste de 4 hastes cilíndricas de 20 cm de

comprimento e 1 cm de diâmetro. Este sistema permite que somente uma determinada

massa passe através do detector a um dado tempo e também possibilita varredura de

massas de m/z=1 até m/z=240 em menos que 0,1 segundos (velocidade de varredura do

quadrupolo). Esta é a razão do ICP-MS poder determinar vários elementos num curto

intervalo de tempo, apesar de somente uma determinada massa passar através do

quadrupolo de cada vez;

O sistema de detecção utiliza um multiplicador de elétrons dinodo-discreto de duplo

estágio. Em conjunção com um circuito específico, ambos o sinal analógico (alto nível) e

pulso (baixo nível) são automaticamente medidos e contados simultaneamente por meio

de contadores duplos independentes do analisador ELAN multicanal, toda vez que um

escaneamento é feito;

Software ELAN Version 3.4 (PerkinElmerSCIEX) - este sistema controla os componentes

primários do hardware do espectrômetro e os acessórios de amostragem, gerencia o

processo de aquisição de dados e executa os cálculos necessários para a produção final dos

resultados analíticos.

Também para a realização deste trabalho foi necessária a utilização dos seguintes

equipamentos e instalações:

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Condutivímetro ,712 Metrohm;

Medidor de pH, 744 Metrohm;

Balança analítica AG 245 Mettler Toledo, sensibilidade de 0,0001 g;

Centrífuga de Bancada, modelo B41 marca JOWAN;

Destilador de Ácido SubBoiling- Duopur da Milestone;

Sistema de Purificação de Água ELIX 20 e Sistema de Purificação Milli Q Element

(Millipore, Bedford, MA, USA);

Laboratório de Espectrometria de Massa e o Laboratório de via Úmida do

SERTA/CDTN.

4.2 Materiais e reagentes

Para evitar problemas de contaminação química nas várias etapas do trabalho procurou-se

sempre usar reagentes de alta pureza, ou então purificá-los por destilação, como feito para o ácido

clorídrico (HCl) 37% - Merck p.a.

Água Milli-Q ultra pura (18,2 MΩ.cm) foi utilizada para o preparo de todas as soluções e

diluições necessárias. Ácido nítrico (HNO3) de alta pureza – TraceSelect para análise de traço

(Fluka 70%,) com teores de rubídio e estrôncio ≤ 0,5 μg/Kg (por ICP), foi o utilizado para o

preparo de todas as soluções dos padrões e na preservação e diluições das amostras.

Gás argônio de alta pureza (99,999%) foi usado como gás do plasma, gás auxiliar e para a

nebulização da amostra.

Para a avaliação da performance diária do ICP-MS foi usado o padrão multielementar

(N8125030 em HNO3 2% - Perkin Elmer) recomendado pelo fabricante, contendo os seguintes

elementos Mg: 10 μg/L; Cu: 10 μg/L; Rh: 10 μg/L; Cd: 10 μg/L; In: 10 μg/L; Ba: 10 μg/L; Ce: 10

μg/L; Pb: 10 μg/L e U: 10 μg/L. Para a calibração das lentes foi usado o padrão multielementar

(N8125031 em HNO3 2% - Perkin Elmer) com seguintes elementos Be: 10 μg/L; Co: 10 μg/L; In:

10 μg/L e U: 10 μg/L.

Para corrigir o efeito de discriminação de massa foi usado o material de referência certificado

SRM 987. Este material consiste de carbonato de estrôncio de alta pureza (99%) procedente do

NIST (National Institute of Standards &Technology). Alíquotas deste material foram pesadas e

dissolvidas em HNO3 3M de forma a obter soluções stock em torno de 300 µg/mL. A razão de

abundância absoluta deste material para 87Sr/86Sr=0,71034 ± 0,00026.

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Para a determinação quantitativa das concentrações dos elementos Rb e Sr, por ICP-MS,

foram utilizados os padrões já em solução, ambos com concentrações de (999 ± 3) μg/mL em

HNO3 2%, fornecidos pela Perkin Elmer.

Dois materiais de referência (com valores certificados para as concentrações de Sr e Rb)

foram utilizados para checar a exatidão da metodologia de quantificação do Sr e Rb. O material de

referência (Standard Reference Material, SRM 1643e)- elementos traço em água foi produzido e

adquirido pelo NIST e o material de referência para elementos traço em água fluvial SLRS-3,

produzido pelo NRC-CNRC (National Research Council Canada). Os valores certificados com as

incertezas expandidas para as concentrações de Rb e Sr no padrão SRM 1643e são: rubídio:

(14,14 ± 0,18) μg/L e estrôncio (323,1 ± 3,6) μg/L. Para o material SLRS-3 o valor informativo

para a [Sr] é de 28,1 μg/L.

Para a separação do Sr foi testada a resina de troca iônica Dowex AG50WX8-400, com grupo

funcional sulfônico, produzida pela Dow Chemical Company e a Sr spec de granulometria 100-

150 µm, grupo funcional o éter de coroa. Foram adquiridas colunas já empacotadas de 2 mL com

a resina Sr spec (SR-C50-A) da Eichrom Technologies.

Soluções de hidróxido de sódio/EDTA (sal dipotássico dihidratado do ácido

etilenodinitrilotetraacético) (0,1 M/1 M) foram usadas para a regeneração da resina Sr.spec. Essa

solução foi preparada pela dissolução da quantidade apropriada dos reagentes, NaOH (pureza ≥ 99

%) e EDTA (≥ 99 %), ambos fabricados pela MERCK.

Os certificados dos padrões, reagentes e ácidos descritos acima estão apresentados no

ANEXO I.

4.3 Métodos de análise quantitativa e de medida de razão isotópica usando o ICP-MS ELAN

DRC-e

A maior parte das operações realizadas no ICP-MS ELAN DRC-e é feita através do software

ELAN Version 3.4 (PerkinElmerSCIEX). Este sistema controla os componentes primários do

hardware do espectrômetro e os acessórios de amostragem, gerencia o processo de aquisição de

dados e executa os cálculos necessários para a produção final dos resultados analíticos. Entre as

diferentes maneiras de gerenciar a aquisição de dados cita-se a análise quantitativa e a medida da

razão isotópica, ambos usados neste trabalho.

Para obtenção de máxima sensibilidade, a performance do ICP-MS ELAN DRC-e tem que

ser avaliada diariamente. Este procedimento é realizado após 30 min da ignição do plasma,

injetando uma solução multielementar de 10 µg/mL de Mg, In, U, Ce e Ba. São monitorados as

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intensidades dos isótopos 24Mg, 115In, 238U, 140Ce e 138Ba, as intensidades de massa 156

(correspondendo ao 140Ce 16O+) e a intensidade de massa 69 (correspondendo ao 138Ba2+). Os

critérios de aceitação estipulados nesta otimização são:

Intensidade do pico do Mg 23,985 > 50 000;

Intensidade do pico do In 114,904 > 250 000;

Intensidade do pico do U 238,05 > 200 000;

Porcentagem para íons de dupla carga, obtida da razão de intensidade do (Ba ++

68,925/ Ba + 137,905), sempre ≤ 0,03%;

Porcentagem para formação de óxidos, obtida da razão de intensidade do (CeO+

155,9/Ce+ 139,905), sempre ≤ 0,03%.

Semanalmente, ou quando os critérios acima não são obtidos, realiza-se a otimização da

razão do fluxo de gás no nebulizador, usando-se a mesma solução descrita acima, como também a

otimização da voltagem das lentes usando uma solução multielementar de10 μg/L de Be, Co, In e

U. Caso os critérios de aceitação destas otimizações ainda não sejam alcançados deve-se avaliar

as condições dos cones amostrador e skimmer, limpá-los ou trocá-los caso necessário, limpar as

lentes, e então realizar novas otimizações, inclusive a calibração do detector dual, a voltagem

aplicada como também a calibração de massas.

4.3.1 - Determinação quantitativa de Rb e Sr

Determinação analítica com uma exatidão melhor que 10% é conhecida como análise

quantitativa (TAYLOR et al, 1998). A técnica de análise quantitativa é usada para determinar

exatamente a concentração de elementos específicos em uma amostra desconhecida.

Na análise quantitativa o instrumento é calibrado pela medida de padrões de todos os

elementos de interesse. São analisados padrões de diferentes concentrações que devem cobrir um

intervalo de concentração esperado nas amostras. Automaticamente o software cria uma curva de

calibração para cada elemento da solução padrão. Após a calibração e a corrida das amostras a

concentração dos elementos de interesse é calculada automaticamente, ou seja, é feita a

interpolação na curva de calibração das intensidades medidas (em cps) das amostras.

Então para a determinação quantitativa do Rb e Sr foram preparados e injetados

separadamente padrões de Rb e Sr no intervalo de (1 a 50 µg/L), preparados a partir das soluções

stock de (999 ± 3) μg/mL (Perkin Elmer), para avaliar a linearidade da curva de calibração neste

intervalo e verificar quais os melhores isótopos desses elementos (TAB. 2.1) a serem monitorados

em análises quantitativas subseqüentes.

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Os padrões da curva de calibração foram preparados em HNO3 1% e a curva obtida como

calibração externa. Uma solução de HNO3 1% foi usada como branco da curva de calibração e a

subtração desse branco realizada. As condições instrumentais usadas para essas determinações

quantitativas de Rb, Sr estão listadas na TAB. 4.1.

Nas TAB. 4.2 e 4.3 estão apresentados os isótopos monitorados, as concentrações dos

padrões, as respectivas intensidades dos picos em contagens por segundo (cps) e o desvio padrão

relativo (RSD) da média das medidas (n=3) das intensidades dos picos dos padrões das curvas de

calibração do Sr e do Rb. No ANEXO II estão mostradas as curvas de calibração obtidas.

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TABELA 4.1- Parâmetros instrumentais e isótopos monitorados

(1) Condições instrumentais

Potência do plasma 1400 W

Fluxo de Ar no plasma 15 L min-1

Fluxo de Ar como gás auxiliar 1 L min-1

Fluxo de Ar no nebulizador 0,84 L min-1

Voltagem das lentes 8,5 V

Voltagem da fase analógica -1650 V

Voltagem da fase do pulso 1000 V

Discriminador limiar (threshold) 19

(2) Parâmetros de aquisição

Isótopos monitorados

85Rb,

87Rb,

84Sr,

86Sr,

87Sr,

88Sr

Tempo de residência (Dwell time) 50 ms

Varreduras por leitura 20

Leituras por replicata 1

Replicatas 3

Tempo morto do detector 60 ns

Modo do detector dual

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TABELA 4.2 – Isótopo, concentração, intensidade do pico (cps) e o RSD(%) das intensidades dos picos de

uma curva de calibração para Sr.

Isótopo Concentração (μg/L) Intensidade (cps) RSD (%)

Sr 84 0,999 237 37,2

1,998 448 14,2

4,995 1012 3,1

9,990 1982 7,0

19,98 3961 1,4

49,95 9565 2,2

Sr 86 0,999 3979 2,8

1,998 7533 0,34

4,995 17618 0,47

9,990 34713 1,1

19,98 70457 0,88

49,95 172198 0,62

Sr 87 0,999 2912 1,6

1,998 5433 1,8

4,995 12 638 2,1

9,99 24934 1,4

19,98 50634 0,73

49,95 124822 0,49

Sr 88 0,999 34377 1,4

1,998 63913 1,0

4,995 149543 0,20

9,99 295756 1,0

19,98 601009 0,90

49,95 1482335 0,80

Page 55: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

43

TABELA 4.3 - Isótopo, concentração, intensidade do pico (cps) e o RSD(%) das intensidades dos picos de

uma curva de calibração para Rb.

Isótopo Concentração (μg/L) Intensidade (cps) RSD (%)

Rb 85 0,999 25396 1,2

1,998 49879 0,94

4,995 125844 0,52

9,99 251507 0,16

19,98 500699 0,38

49,95 1248213 0,54

Rb 87 0,999 10005 1,1

1,998 19763 1,1

4,995 50299 0,90

9,99 98367 0,32

19,98 198181 1,0

49,95 485546 0,99

Observou-se linearidade no intervalo de concentração (0,999 - 49,95 μg/L) para todos os

isótopos monitorados e como era de se esperar, a maior sensibilidade (maior inclinação da curva)

foi obtida para os isótopos de maior abundancia, 88Sr e 85Rb. Também para o 86Sr obteve-se boa

sensibilidade (inclinação da curva igual a 3460). Observa-se também para os isótopos 86Sr, 88Sr e

85Rb, valores dos desvios padrões relativos (3 replicatas) dentro do aceitável para concentrações a

nível de partes por bilhão. Portanto os melhores isótopos a serem monitorados são o 86Sr, 88Sr e

85Rb.

A exatidão da metodologia, grau de concordância entre o valor obtido e o verdadeiro ou mais

provável, foi avaliada determinando as concentrações de Rb e Sr nos materiais de referência

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44

SLRS-3 e o SRM 1643e (elementos traço em água), e comparando com os valores de referência

certificados. A exatidão é expressa através da taxa de recuperação:

Sendo X o valor médio de n determinações na amostra de referência e µ o valor de referência

certificado.

Na TAB. 4.4 estão apresentados os valores certificados e resultados obtidos para os isótopos

de Rb e Sr nas amostras de referência SRM 1643-e e SLRS-3 com as respectivas taxas de

recuperação e os desvios padrões relativos das intensidades dos isótopos monitorados. Observa-se

que na amostra 1643-e que contém uma [Sr]= (323,1 ± 3,6) μg/L, ocorreu uma sobreposição

isobárica do 87Rb com o87Sr, aumentando o valor de sua concentração. Já na amostra SLRS-3 que

não contém Rb, não aconteceu a sobreposição, obtendo-se taxa de recuperação aproximadamente

a mesma para todos os isótopos de Sr monitorados.

A recuperação obtida para os isótopos 86Sr, 88Sr e 85Rb variou de 99 a 110%. Idealmente,

percentagens de recuperação deveriam ser 100%. Entretanto valores aceitáveis variam de acordo

com a matriz e o teor do analito. Para a faixa de concentração estudada, recuperações de 80 a

120% são aceitáveis. Portanto a metodologia empregada encontra-se dentro dos requisitos

aceitáveis de qualidade para a exatidão da determinação de 86Sr, 88Sr e 85Rb. Salienta-se que em

todo lote de análise de amostras que foram analisadas neste trabalho foram também analisadas em

paralelo, amostras de referência com o intuito de sempre checar a exatidão das medidas.

(7)

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45

TABELA 4.4 – Valores certificados e resultados obtidos para os isótopos de Rb e Sr nas amostras de

referência SRM 1643-e e SLRS-3 com as respectivas taxas de recuperação e os desvios padrões relativos

das intensidades dos isótopos de Sr e Rb monitorados.

Amostra de

referência

Isótopo

monitorado

Valor

certificado

(μg/L)

Concentração

obtida (μg/L)

RSD (%) da

intensidade do

pico

Recuperação

%

SRM 1643 e 85

Rb 14,14 14,1 0,50 99,5

87Rb 14,14 34,5 2,8 243,7

SLRS-3 84

Sr 28,1 30,7 1,8 109,4

86

Sr 28,1 30,9 0,27 109,8

87

Sr 28,1 31,1 1,5 110,6

88

Sr 28,1 30,8 0,24 109,6

4.3.2 - Método da razão isotópica

O método de razão isotópica é uma técnica especializada que possibilita a medida exata da

razão de dois isótopos de um elemento numa amostra. Esta técnica é um indicador sensível da

idade, reação ou metabolismo em aplicações nucleares, geoquímicas ou biomédicas. Quando se

usa a técnica de razão isotópica, é feita a comparação do isótopo de interesse para um isótopo de

referência. Então, a razão pode ser expressa por:

Para a exata medida da razão isotópica é necessário corrigir o efeito da discriminação de massa,

isto é: a diferença de sensibilidade que o instrumento pode apresentar entre os elementos que

estão sendo medidos. De acordo com o estabelecido pelo software ELAN versão 3.4

(PerkinELmerSCIEX) a melhor maneira de corrigir este efeito é:

1. Preparar um branco, uma solução de um padrão de referência e a amostra desconhecida;

(8)

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46

2. Analisar o branco de tal modo que o software possa subtraí-lo das análises seguintes;

3. Analisar a solução do padrão de referência nas mesmas condições que serão usadas para

as amostras desconhecidas. Destes resultados o software (ELAN versão 3.4) calcula

automaticamente o fator de correção da razão (RCF):

Onde:

SC = razão isotópica conhecida do padrão de referência;

SM = o valor medido da razão isotópica do padrão de referência menos o branco.

4. O fator de correção (RCF) é aplicado aos resultados das amostras da seguinte forma:

Sendo

Xmedido = a razão isotópica medida pelo instrumento;

RCF = o fator de correção computado previamente.

4.4 – Otimização dos parâmetros de aquisição do ICP-MS ELAN DRC-e para determinação

da razão 87Sr/86Sr

Para avaliar as melhores condições dos parâmetros de aquisição do ICP-MS ELAN DRC-e

foi utilizado o material de referência certificado SRM 987. Este material consiste de carbonato de

estrôncio de alta pureza (99%) procedente do NIST. Alíquotas deste material foram pesadas e

dissolvidas em HNO3 3M de forma a obter soluções stock em torno de 300 µg/mL de Sr. A razão

de abundância absoluta deste material para 87Sr/86Sr=0,71034 ± 0,00026.

A partir desta solução stock foi preparada a solução de Sr de 100 µg/L em HNO3 0,1 M, que

foi usada para avaliar as melhores condições de aquisição, ou seja, obter o menor desvio padrão

relativo (RSD) possível para as medidas de razão isótopica usando o ICP-MS ELAN DRC-e.

(9)

(10)

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47

Inicialmente foram usadas as condições propostas do método de razão isotópica do software

ELAN versão 3.4. De acordo com este método aumentando o tempo de residência (Dwell time)

obtém-se melhor precisão (baixo RSD). Medidas de razões isotópicas e respectivos desvios

padrões relativos (RSD) obtidas ao variar o tempo de residência, varreduras por leitura e o número

de leituras por replicata, usando uma solução de Sr de 100 µg/L em HNO3 0,1 M, são mostrados

na TAB. 4.5.

Tabela 4.5 – Medidas de razões isotópicas e respectivos desvios padrões relativos (RSD) obtidas ao variar o

tempo de integração, varreduras por leitura e o número de leituras por replicata.

Tempo de residência

(Dwell time) 50 ms 75 ms 100 ms 200 ms 250 ms 300 ms

Varreduras por leitura 40 40 60 60 60 60

Número de leituras 1 1 3 3 2 2

Replicatas 6 6 6 6 6 6

RSD (%) 0,475 0,475 0,260 0,146 0,132 0,346

87Sr/

86Sr 0,712 0,712 0,713 0,710 0,710 0,710

Observa-se uma melhora considerável dos valores obtidos da razão isotópica e do RSD (%)

para os tempos de residência de 200 e 250 ms. O fator limitante para o aumento deste parâmetro é

o tempo gasto para a realização da medida da razão isotópica. Para o tempo de residência de 250

ms foram necessários 7 min para cada determinação. Na Tabela 4.6 estão sumarizados os

parâmetros instrumentais e de aquisição usados para as medidas de razões isotópicas usadas neste

trabalho.

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48

TABELA 4.6- Parâmetros instrumentais e de aquisição para medidas de razões isotópicas

(1) Condições instrumentais Valor

Potência do plasma 1400 W

Fluxo de Ar no plasma 15 L min-1

Fluxo de Ar como gás auxiliar 1 L min-1

Fluxo de Ar no nebulizador 0,84 L min-1

Voltagem das lentes 8,5 V

Voltagem da fase analógica -1650 V

Voltagem da fase do pulso 1000 V

Discriminador limiar (threshold) 19

(2) Parâmetros de aquisição

Tempo de residência (Dwell time) 250 ms

Varreduras por leitura 60

Leituras por replicata 3

Replicatas 6

Tempo morto do detector 60 ns

Modo do detector dual

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CAPÍTULO 5: RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 – Otimização da separação do Sr por troca iônica usando a resina Dowex AG50WX8-400

Como já descrito, para a determinação da razão isotópica 87Sr/86Sr, é necessário realizar a

separação química do Sr de outros elementos que podem atuar como interferentes. Inicialmente

seria usada somente a resina Sr Spec, seletiva para a separação de Sr e a mais usada em trabalhos

descritos na literatura para este fim. Como só foi possível adquiri-la no final deste trabalho,

devido a diversos problemas para a sua importação, optou-se por inicialmente avaliar a separação

do Sr usando a resina Dowex AG50WX8-400.

Preparo da resina Dowex AG50WX8-400 e preenchimento das colunas

De acordo com a Dow Chemical Company a capacidade de troca da resina AG50WX8-400 é

de 1,7 meq/mL, ou seja, é possível separar 74,8 mg Sr/mL de resina. Para a separação de metais

em geral, sugerem também usar somente 70-80% da capacidade de troca para uma efetiva

separação.

Inicialmente colunas de vidro de boro-silicato de 15 cm x 0,80 cm (comprimento e de

diâmetro respectivamente) e depois colunas de polipropileno com capacidade para 2ml de resina

(vazão < 1 ml min-1) foram preenchidas com a resina AG50WX8-400 para o processo de

separação por troca iônica. As colunas de vidro foram usadas até a aquisição das colunas de

polipropileno.

Antes da utilização da resina AG50WX8-400 é necessária a sua lavagem e a seguir o seu

condicionamento. Pesou-se 2,6 g da resina em um béquer, adicionou-se 5 mL de água ultra pura

Milli-Q e agitou-se por 5 minutos até a completa homogeneização. Após a decantação foi

descartada a fase aquosa. Repetiu-se essa operação duas vezes e então foram preenchidas as

colunas de vidro de boro-silicato. Para as colunas de 2 mL de polipropileno, pesou-se 1,66 g da

resina e procedeu-se a lavagem da resina, como nas de vidro, antes de preenchê-las.

A seguir as colunas já preenchidas foram condicionadas com 6 mL de HCl 2,5 M (Merck p.a

destilado) e em seguida enxaguadas com água Milli-Q até a solução eluida apresentar pH >5

(VASCONCELOS et al, 2001).

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50

Avaliação da concentração de HCl a ser usada como eluente na separação do Sr

usando resina AG50WX8-400

Para a avaliação da melhor concentração de HCl a ser usada como eluente na separação do Sr

foi realizado o seguinte procedimento:

Preparou-se uma solução stock contendo 10 µg /mL de Rb, 10 µg /mL de Sr, e 10 µg/mL

de Ca, Fe, Mg, Ba, Na e K, simulando uma possível amostra de água;

Da solução stock acima foram pipetadas 2 alíquotas de 20 mL (200 µg de Sr e Rb) para

béqueres de 50 mL;

Ajustou-se o pH de cada alíquota para ~ 6 com NaOH 1%;

Depois de ajustado o pH, as alíquotas foram vertidas nas colunas já preparadas como

descrito acima;

Depois de esgotada toda a solução vertida na coluna (vazão < 1 ml/min) foi introduzido

nestas colunas 120 mL de soluções de HCl de concentrações 2,5 e 6,0 M, coletando-se 4

frações de 30 mL (A1, A2, A3, A4) de cada molaridade;

As frações foram evaporadas a quase seco e convertidas para a forma de nitrato pela

adição de 1 mL de HNO3 e então novamente evaporadas a quase seco. O resíduo foi

retomado com HNO3 1% e diluído para 50 mL em balão volumétrico.

A seguir cada fração foi analisada quantitativamente (85Rb e 88Sr) usando o ICP-MS

ELAN DRC-e.

Os resultados das determinações de 85Rb e 88Sr, ou seja, as concentrações das frações

coletadas são apresentados na TAB. 5.1 e nas Fig. 5.1 e 5.2. Observa-se que para a solução de

HCl de concentração 2,5 M obteve-se separação melhor do que com a solução de HCl 6 M, mas

mesmo assim não foi obtido uma completa separação do Sr.

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51

TABELA 5.1- Concentrações de Rb e Sr nas frações eluídas em HCl 2,5 e 6 M em colunas de

vidro.

Concentrações de Rb e Sr nas frações (A1, A2, A3, A4) eluídas em HCl 2,5 M

A1 A2 A3 A4 Soma (µg de Sr ou Rb nos 20 mL)

85Rb 127,6 24,5 0,2 0 152,3

88Sr 0,45 194,0 1,6 0,05 196,1

Concentrações de Rb e Sr nas frações (A1, A2, A3, A4) eluídas em HCl 6 M

A1 A2 A3 A4 Soma (µg de Sr ou Rb nos 20 mL)

85Rb 161,5 2,2 0,05 0 163,8

88Sr 176,3 29,7 0,40 0,05 206,4

FIGURA 5.1 – Concentrações de 85

Rb e 88

Sr nas frações coletadas após eluição em HCl 2,5 M

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FIGURA 5.2 – Concentrações de 85

Rb e 88

Sr nas frações coletadas após eluição em HCl 6 M

Na tentativa de se obter uma separação mais efetiva, outros testes usando concentrações mais

baixas de HCl (2; 1,5 e 1 M) foram realizados em colunas de polipropileno de acordo com o

procedimento abaixo:

Preparou-se uma solução stock contendo 200 ng/mL de Rb, 200 ng/mL de Sr, e 10 µg/mL

de Ca, Fe, Mg, Ba, Na e K, simulando uma possível amostra de água;

Da solução stock acima foram pipetadas 3 alíquotas de 10 mL (~2 µg de Sr e Rb) para

béqueres de 25 mL;

Ajustou-se o pH de cada alíquota para ~ 6 com NaOH 1%;

Depois de ajustado o pH, as alíquotas foram vertidas nas colunas de polipropileno já

preparadas como descrito acima;

Depois da esgotada toda a solução vertida na coluna (vazão < 1 ml/min) foi introduzido

nestas colunas 160 mL de solução de HCl de concentrações 2, 1,5 e 1 M, coletando-se 8

frações de 20 mL (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8) para cada molaridade;

As frações foram evaporadas a quase seco e convertidas para a forma de nitrato pela

adição de 1 mL de HNO3 e então novamente evaporadas a quase seco. O resíduo foi

retomado com HNO3 1% e diluído para 25 mL em balão volumétrico.

A seguir cada fração foi analisada quantitativamente (85Rb e 88Sr) usando o ICP-MS

ELAN DRC-e. Os resultados são mostrados nas FIG. 5.3, 5.4 e 5.5:

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53

FIGURA 5.3 – Concentração de 85

Rb e 88

Sr nas frações eluídas em HCl 1,0 M

FIGURA 5.4 - Concentração de 85

Rb e 88

Sr nas frações eluídas em HCl 1,5 M

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FIGURA 5.5 – Concentração de 85

Rb e 88

Sr nas frações eluídas em HCl 2,0 M

Observa-se que para a concentração de HCl 1,0 M praticamente todo o Rb foi eluido nos

primeiros 60 mL e Sr eluido gradativamente nos últimos 100 mL, evidenciado melhor separação

do Sr nesta concentração do ácido. Observa-se também ainda uma pequena quantidade de Sr

eluído junto com o Rb na fração A2.

Análise da razão isotópica de padrão NIST como amostra após separação do Sr

usando resina AG50WX8-400 e HCl 1 M como eluente

Foi usado um padrão diluído ([Sr] = 686,8 µg/L) do material certificado NIST como amostra

(duplicata) com o objetivo de avaliar a taxa de recuperação do 88Sr após separação usando a resina

Dowex, empregando as condições otimizadas descritas anteriormente, coletando 6 frações de 20

mL (A1, A2, A3, A4, A5, A6 e as duplicatas B1, B2, B3, B4, B5, B6). Em paralelo foi também

analisado o branco (água Milli-Q acidificada). Os resultados são apresentados na FIG. 5.6. A e B.

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FIGURA 5.6 A e B- Recuperação do Sr após separação da solução do padrão NIST (6,87 µg em 10 mL) e

concentração de 85

Rb e 88

Sr nas frações eluídas em HCl 1,0 M.

Como previsto o Sr foi praticamente eluído nas frações A4 e A5 e na duplicata B4 e B5. A

taxa de recuperação obtida foi de 74,2 % (88Sr) para o padrão de concentração (6,87 µg de Sr em

10 mL de solução). A seguir a razão 87Sr/86Sr foi determinada nas frações A4 e A5; B4 e B5 e os

resultados são mostrados na TAB.5.2. Também foi determinada a razão isotópica de um padrão

NIST de 100 µg/L sem separação obtendo-se o valor de 0,71383, que pode ser considerado igual

ao da solução das frações A4 e A5 (0,71472) diante do valor de RSD obtido para ambos os casos.

TABELA 5.2 –Razão isotópica 87

Sr/86

Sr (n=5) da solução padrão (NIST) sem e após separação por

troca iônica. Valor certificado para 87

Sr/86

Sr = 0,71034 ± 0,00026

Fração analisada 87

Sr/86

Sr Fator de correção % RSD

Solução padrão de Sr de 100 µg/L 0,71383 0,99665 0,32190

Frações A4 e A5 do padrão NIST 0,71472

0,99665 0,19417

5.2 – Otimização da separação cromatográfica Rb/Sr usando a resina Sr-spec.

A metodologia usada para a separação do Sr usando a resina Sr spec baseou-se no trabalho

descrito por Brach-Papa et. al, (2009). De acordo com os autores a recuperação do Sr depois da

sua separação foi de 80% e o método é aplicável para alíquotas de 5 a 20 mL de água usando as

colunas comerciais de 2 mL empacotadas com resina Sr spec (100-150 µm). O procedimento

analítico para a separação do Sr usando a resina Sr spec encontra-se descrito na TAB. 5.3 e o

respectivo fluxograma na FIG 5.7.

Page 68: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

56

TABELA 5.3 –Procedimento analítico para a separação do Sr usando resina Sr spec em amostras de água

Volume de amostra 5 a 20 mL

Separação cromatográfica

Primeiro passo

Limpeza com HNO3 8 M 20 mL

Limpeza com água ultra pura 50 mL

Condicionamento da coluna com HNO3 8 M 2 mL

Passagem da amostra pela coluna Fluxo(< 1 mL/min)

Remoção da matriz com HNO3 8 M (esta molaridade corresponde ao

máximo de afinidade do Sr pela Sr spec)

20 mL

Eluição do Sr com água ultra pura 10 mL

Evaporação da amostra (Sr) e dissolução do resíduo em HNO3 8 M 2 mL

Segundo passo

(usando a mesma coluna do primeiro passo)

Condicionamento da coluna com HNO3 8 M 2 mL

Passagem da mesma amostra pela coluna Fluxo(< 1 mL/min)

Remoção da matriz com HNO3 8 M (esta molaridade corresponde ao

máximo de afinidade do Sr pela Sr spec)

20 mL

Eluição do Sr com água ultra pura 10 mL

Evaporação da amostra e dissolução do resíduo em HNO3 8 M 25 mL

Regeneração da coluna

NaOH (0,1 M)/EDTA (1 M) 10 mL

Água ultra pura 10 mL

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57

FIGURA 5.7- Fluxograma do procedimento de separação do Sr usando resina Sr spec.

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58

Para a otimização da separação cromatográfica usando a resina Sr Spec foram realizados

testes usando soluções padrões contendo diferentes concentrações de Rb e Sr nas proporções

Sr:Rb de 1:2; 1:1 e 2:1, preparadas a partir do padrão de Sr (NIST SRM 987) e Rb (Perkin Elmer)

conforme descrito na Tab.5.4. Como mostrado nesta tabela a separação do Sr foi testada passando

a solução do padrão por uma vez na coluna (primeiro passo) e também passando a fração

recolhida no primeiro passo por uma segunda vez na mesma coluna (segundo passo). Os

resultados da recuperação do Sr (%) e da presença do Rb (%) nas soluções após a separação

usando o primeiro e segundo passos são mostrados na TAB. 5.5.

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TABELA 5.4- Descrição das soluções padrões usadas para a otimização da separação do Sr usando a resina

Sr Spec e o valor da razão isotópica 87

Sr/86

Sr obtido com o respectivo desvio padrão relativo (%).

Solução

padrão Descrição da solução

87Sr/

86Sr RSD (%)

SP Padrão NIST([Sr] =264 µg L-1 ) 0,71287 0,53532

SP12 1056 µg L-1 Sr + 2000 µg L-1 Rb

(analisada sem separação)

0,85876 6,15919

SP11 1056µg L-1 Sr + 1000 µg L-1 Rb

(analisada sem separação)

0,78622 2,13206

SP21 2112 µg L-1 Sr + 1000 µg L-1 Rb

(analisada sem separação)

0,74997 2,25873

SP12- 1P 1056 µg L-1 Sr + 2000 µg L-1 Rb

(analisada após separação- 1 vez)

0,71336 0,60739

SP11-1P 1056µg L-1 Sr + 1000 µg L-1 Rb

(analisada após separação – 1 vez)

0,71470 0,55241

SP21-1P 2112 µg L-1 Sr + 1000 µg L-1 Rb

(analisada após separação – 1 vez)

0,71655 0,88807

SP12- 2P 1056 µg L-1 Sr + 2000 µg L-1 Rb

(analisada após separação- 2 vezes)

0,71006 0,58038

SP11-2P 1056µg L-1 Sr + 1000 µg L-1 Rb

(analisada após separação – 2 vezes)

0,71271 0,77072

SP21-2P 2112 µg L-1 Sr + 1000 µg L-1 Rb

(analisada após separação – 2 vezes)

0,71567 0,41026

Page 72: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

60

TABELA 5.5 - Resultados da recuperação do Sr (%) e da presença do Rb (%) nas soluções após a

separação em resina Sr spec usando o primeiro e segundo passos.

Solução padrão Concentração

85Rb (µg L

-1)

Concentração

88Sr (µg L

-1)

Recuperação

do Sr (%)

Presença do

Rb (%)

SP12 – 1 passo 28,2 985,8 93,4 1,4

SP11 – 1 passo 18,4 965,8 91,5 1,8

SP21 – 1 passo 6,3 1896,8 89,8 0,6

SP12 – 2 passos 1,2 897,3 85,0 0,06

SP11 – 2 passos 2,6 663,6 62,8 0,26

SP21 – 2 passos 1,9 1391,7 65,9 0,19

A seguir a razão isotópica (RI) foi determinada em todas as soluções, inclusive nas soluções

preparadas sem realizar a separação do Sr. Isto foi feito com o objetivo de mostrar o quanto a

presença do Rb na proporção Sr:Rb de 1:2; 1:1 e 2:1 pode influenciar no valor da RI com o

aumento da concentração de Rb na amostra, mostrado na FIG. 5.8:

FIGURA 5.8 – Gráfico das proporções Sr/Rb e suas respectivas razões 87

Sr/86

Sr

Observa-se que os resultados das razões isotópicas das soluções SP12, SP11, SP21, após

separação usando 1 e 2 passos (TAB. 5.4), são praticamente os mesmos valores diante dos valores

dos desvios padrões relativos (RSD) obtidos. Por esta razão e também devido ao fato da

SP2:1 SP1:1 SP1:2

0,70000

0,74000

0,78000

0,82000

0,86000

87Sr/

86Sr

Proporção Sr/Rb

Page 73: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

61

recuperação usando 1 passo ter sido maior (~ 90%) do que a de 2 passos, optou-se por realizar a

separação do Sr em amostras reais usando um único passo.

Regeneração das colunas pré-empacotadas com a resina Sr-spec

As colunas pré-empacotadas de 2 mL de resina foram regeneradas utilizando 10 mL da

mistura de (EDTA 1 M –NaOH 0,1 M) e a seguir 10 mL de água ultra-pura. Esse procedimento

foi investigado por Brach-Papa et al, (2009) mostrando também que o composto usado para

extrair o Sr (éter de coroa) é imobilizado por impregnação (efeito hidrofóbico).

De acordo com Brach-papa et al, (2009), usando três colunas novas, os resultados de

eficiência da sorção permaneceu maior que 90% após serem usadas três vezes e decresceu a partir

daí para 75%. Nesse trabalho as colunas não foram regeneradas mais que três vezes devido à

vazão de fluxo decrescer fortemente entre o segundo e o terceiro uso.

5.3 – Determinação da razão 87Sr/86Sr em amostras de água de poço de produção de

reservatório de petróleo e água subterrânea.

A metodologia otimizada como descrito anteriormente foi aplicada à análise de amostras de

águas de poços de produção de reservatórios de petróleo e em duas amostras de água subterrânea

de poços artesianos oriundos da região de Lagoa Santa e Jaboticatubas (Minas Gerais).

As amostras de poços de produção foram coletas em dois poços: Campo de produção Marlin,

poço-84, na Bacia de Campos e Campo de Serra na Bacia Potiguar no estado do Rio Grande do

Norte. Estas amostras fazem parte de outro estudo empreendido no CDTN para determinar os

percursos e tempo de passagem de águas de injeção entre poços injetores e produtores de petróleo

(PINTO et al, 2007).

As duas amostras de águas subterrâneas são oriundas de poços da região da APA CARSTE de

Lagoa Santa e de Jaboticatubas, coletadas respectivamente nas cabeceiras do córrego do Fidalgo e

na região próxima ao córrego dos Borges. No ANEXO II estão mostrados a localização desses

pontos em um mapa da região.

As amostras de água subterrânea foram filtradas em unidade filtrante de 0,45 µm e a seguir

acidificadas (HNO3 1%) e as amostras de poços de produção centrifugadas a 4000 rpm durante 10

minutos com a finalidade de separar resquícios de óleo e a seguir também filtradas (0,45 μm), e

acidificadas (HNO3 1%). Foram pipetados 5 mL de cada amostra diluída (0,25/50) de água de

produção e a seguir submeteu-se ao processo de separação usando resina Sr Spec conforme

descrito. A amostra de água subterrânea de Lagoa Santa foi diluída 2 vezes e a de Jaboticatubas 5

vezes.

Page 74: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

62

Inicialmente, em todas as amostras foi determinado o pH e a condutividade elétrica, como

também a concentração do Rb e do Sr e os resultados são apresentados na TAB. 5.6. Como se

pode verificar nessa tabela e na FIG. 5.9 a condutividade das amostras analisadas para águas de

poços de produção apresentaram valores próximos e entre 53 e 56 mS/cm. Para as águas

subterrâneas os valores das condutividades estão abaixo de 0,33 mS/cm, evidenciando baixo teor

de eletrólitos em solução.

Page 75: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

63

TABELA 5.6- Parâmetros físico-químicos e concentrações de Rb (μg/L) e Sr (μg/L) nas amostras

analisadas de poços de produção e de água subterrânea

Amostra Rb (μg/L) Sr (μg/L) pH Condutividade

elétrica

Mrl-84 020205 171 9638 8,2 55,8 mS/cm

Mrl-84 250905 166 15468 8,4 55,3 mS/cm

Mrl-84 271105 189 14508 8,2 55,4 mS/cm

Mrl-84 040106 248 27545 8,3 53,5 mS/cm

Mrl-84100206 172 7872 8,1 53,4 mS/cm

Mrl-84 301207 190 20471 8,3 55,3 mS/cm

Mrl-84 110508 197 21432 8,2 55,2 mS/cm

Mrl-84 010608 183 20501 8,2 55,3 mS/cm

Mrl-84 040708 190 21464 8,4 55,2 mS/cm

Mrl-84 200708 184 21777 8,33 55,3 mS/cm

Mrl-84 190908 187 20341 8,3 54,3 mS/cm

Mrl-84 021108 179 19876 8,1 54,9 mS/cm

Mrl-84 090109 159 8428 8,2 54,8 mS/cm

Mrl-84 080309 204 21155 8,3 55,0 mS/cm

Água de poço de

produção Serra 58 1654 8,6 4,66 μS/cm

Água subterrânea

Lagoa Santa 1,6 204 8,2 326 μS/cm

Água subterrânea

Jaboticatubas 1,5 564 6,0 143 μS/cm

Page 76: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

64

FIGURA 5.9 – Condutividade (mS/cm) das amostras em função da data de coleta.

Depois da obtenção das concentrações de Rb e Sr nas amostras descritas na TAB.5.6

prepararam-se as misturas padrão descritas na TAB. 5.7. Essas soluções denominadas MP1, MP2,

MP3, MP4 e MP5 foram preparadas de forma que a razão Sr/Rb dessas cinco soluções fosse

próxima às das amostras reais. Essas soluções e as amostras foram submetidas ao mesmo processo

de separação cromatográfica do Sr e então determinada a razão isotópica. Essas medidas foram

realizadas para verificar os desvios padrão e os RSD% de soluções padrão e compará-las com os

obtidos nas amostras.

Os resultados dos valores mínimos, máximos, média das medidas das razões isotópicas (n=5),

das soluções MP1, MP2, MP3, MP4 e MP5, os respectivos desvios padrão (σ) e os desvios

padrões relativos (RSD %) são apresentados na TAB. 5.8. Observa-se que nas medidas feitas com

as soluções onde foi realizada a separação cromatográfica obteve-se valores das razões isotópicas

menores e mais próximas ao valor certificado para 87Sr/86Sr = 0,71034 ± 0,00026, do que com as

soluções que não foram realizadas as separações. Isto comprova mais uma vez a necessidade da

separação do Sr antes da medida da razão isotópica.

Amostras de água do poço de produção Mrl-84

53

54

55

56

14/01/04 28/05/05 10/10/06 22/02/08 06/07/09

Data da coleta

Co

nd

utiv

idad

e el

étri

ca

(mS

/cm

)

Page 77: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

65

TABELA 5.7 – Soluções preparadas com razão de concentração [Sr]/ [Rb] próxima às amostras reais

Mistura padrão de

Rb e Sr

[Sr]

μg/L

[Rb]

μg/L

[Sr]/ [Rb]

MP1 7000 140 50

MP2 14000 160 88

MP3 21000 160 131

MP4 56000 300 187

MP5 1700 60 28

Os resultados das medidas das razões isotópicas (n=5) das amostras de águas de poço de

produção e águas subterrâneas com os valores mínimos, máximos, média dos respectivos desvios

padrão (σ) e desvios padrões relativos (RSD %) são apresentados na TAB. 5.9. Ressalta-se que a

cada 3 amostras foi feita nova calibração do equipamento com solução padrão de NIST SRM 987

de 100 μg/L para evitar desvios do fator de correção com o tempo.

A variabilidade da razão 87Sr/86Sr das águas de poço de produção de reservatório de petróleo

está entre os valores já estudados por Smalley et al, (1988) (0,707 e 0,730). A razão 87Sr/86Sr das

águas subterrâneas de Lagoa Santa e Jaboticatubas foram 0,71093 e 0,71140 respectivamente.

Esses valores da razão 87Sr/86Sr foram maiores do que os obtidos por Banner et al, (2004).

Page 78: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

66

TABELA 5.8 - Resultados das medidas das razões isotópicas (n=5) das soluções MP1, MP2, MP3,

MP4 e MP5, valores mínimos, máximos, média os respectivos desvios padrão (σ) e desvios padrões

relativos (RSD %). Valor certificado para 87

Sr/86

Sr = 0,71034 ± 0,00026

Solução

Padrão

87Sr/

86Sr

Valor Mínimo

87Sr/

86Sr

Valor Máximo

87Sr/

86Sr

Média

Desvio

padrão (σ)

RSD

(%)

MP1 sem

separação 0,70670 0,71748 0,71225 0,0048 0,67

MP2 sem

separação 0,70847 0,71670 0,71256 0,0034 0,47

MP3 sem

separação 0,70943 0,71893 0,71222 0,0045 0,63

MP4 sem

separação 0,71035 0,71437 0,71204 0,0018 0,25

MP5 sem

separação 0,71404 0,72305 0,71865 0,0039 0,55

MP1 com

separação 0,70416 0,71189 0,70873 0,0033 0,46

MP2 com

separação 0,70169 0,71617 0,71011 0,0061 0,86

MP3 com

separação 0,70702 0,71752 0,71151 0,0044 0,62

MP4 com

separação 0,70441 0,71417 0,70953 0,0042 0,59

MP5 com

separação 0,70798 0,71681 0,71315 0,0039 0,55

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67

TABELA 5.9 - Resultados das medidas das razões isotópicas (n=5) das amostras de águas de poço de

produção e subterrâneas, valores mínimos, máximos, média dos respectivos desvios padrão (σ) e desvios

padrões relativos (RSD %). Valor certificado para 87

Sr/86

Sr = 0,71034 ± 0,00026

Amostra

87Sr/

86Sr

Valor Mínimo

87Sr/

86Sr

Valor Máximo

87Sr/

86Sr

Média

Desvio

padrão (σ)

RSD

(%)

Mrl-84 020205 0,70638 0,71081 0,70882 0,0022 0,32

Mrl-84 250905 0,70794 0,71153 0,70969 0,0018 0,26

Mrl-84 271105 0,71203 0,71715 0,71448 0,0023 0,33

Mrl-84 040106 0,71192 0,71547 0,71353 0,0018 0,26

Mrl-84100206 0,70669 0,70879 0,70758 0,0009 0,13

Mrl-84 301207 0,70346 0,70685 0,70553 0,0016 0,22

Mrl-84 110508 0,70843 0,71317 0,71081 0,0025 0,36

Mrl-84 010608 0,70570 0,70830 0,70689 0,0011 0,15

Mrl-84 040708 0,70662 0,71504 0,71164 0,0036 0,50

Mrl-84 200708 0,70753 0,70923 0,70840 0,0008 0,11

Mrl-84 190908 0,70655 0,70944 0,70743 0,0014 0,19

Mrl-84 021108 0,70572 0,71042 0,70774 0,0023 0,33

Mrl-84 090109 0,70430 0,70707 0,70576 0,0013 0,18

Mrl-84 080309 0,70051 0,71036 0,70608 0,0041 0,58

Água subterrânea

Lagoa Santa 0,70734 0,71594 0,71093 0,0041 0,57

Água subterrânea

Jaboticatubas 0,70665 0,71614 0,71140 0,0049 0,69

Água do poço de

produção Serra 0,70872 0,71185 0,71071 0,0014 0,20

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68

Os resultados das razões isotópicas obtidas em função do tempo de coleta das amostras do

poço de produção de Marlin-84, em produção ativa, estão mostrados na FIG. 5.10. As seis

amostras iniciais eram de água produzida antes da chegada do trítio ao poço e os demais são

amostras coletadas após a chegada do trítio. Neste poço havia sido realizado um teste com o

traçador trítio (3H) para verificar o tempo de percurso (“breakthrough”) da água de injeção entre

os poços de injeção e de produção.

As medidas a posteriori de razões 87Sr/86Sr foram realizadas com o intuito de verificar se

existe alguma evidencia de correlação entre o breakthrough da injeção de trítio durante o período

de 1800 dias e alteração da razão isotópica do Sr nas amostras. Porém o trabalho com trítio não

teve como finalidade detectar o aparecimento (pela primeira vez) de água de injeção no poço

monitorado. Quando o traçador trítio foi injetado o poço já se encontrava em operação há bastante

tempo e durante todo o período antecedente a água de injeção estava sendo introduzida no

reservatório. Na FIG. 5.11 apresenta-se o gráfico do breakthrough da injeção de trítio.

As observações feitas a seguir, baseadas nos resultados obtidos estão prejudicadas pela

precisão alcançada. São apenas apontadas tendências qualitativas, visando verificar a consistência

dos valores com os processos operando sobre os isótopos do Sr e do Rb no interior do

reservatório.

FIGURA 5.10 - Resultados das razões isotópicas obtidas em função do tempo de coleta das amostras do

poço de produção de Marlin-84.

Amostras de água do poço de produção Mrl-84

0,70400

0,70600

0,70800

0,71000

0,71200

0,71400

0,71600

14/01/04 28/05/05 10/10/06 22/02/08 06/07/09

Data da coleta

87S

r/8

6S

r

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69

FIGURA 5.11– Gráfico da concentração x tempo da injeção de trítio no poço Marlin-84

Não se evidenciou uma nítida correlação entre as medidas da razão 87Sr/86Sr e a concentração

do trítio durante o período observado, e nem se era de esperar que tal acontecesse pelas razões

acima expostas. Mas os resultados indicam que no início deste período a água de produção tinha

valores da razão 87Sr/86Sr maiores do que ao final do período da amostragem, estes inclusive

superiores ao observado na água do mar, possivelmente por conter na fase inicial do período

maior porcentagem de água de formação originalmente presente no reservatório e durante o tempo

em contato com as rochas. No final do período tem-se valores da razão 87Sr/86Sr da água de

injeção mais próximos ao da água do mar que é de 0,70920.

A FIG. 5.12 mostra a variação da concentração de Sr na água de produção durante o período

de coleta correspondente ao teste com o trítio. Observa-se uma menor variabilidade na etapa final,

possivelmente devida a diferenças nas condições operacionais durante as duas épocas. Contudo o

teor médio de Sr na etapa final é claramente maior. A modesta contribuição do 87Rb (cf. FIG.

5.15) não é suficiente para explicar este aumento. Uma possível explicação pode ser a

contribuição de águas de formação de outros setores do reservatório, que sofreram contato com

rochas portadoras de diferentes teores do elemento.

Page 82: Marcos Eduardo dos Santos Dissertação apresentada como ... · (1,2)terc-butil-ciclohexano.2 2 coronante-6> ..... 33 FIGURA 3.6– Fator de capacidade k’do Sr e vários outros

70

FIGURA 5.12 – Evolução dos teores de Sr no poço de produção Marlin-84

A FIG. 5.13 mostra que não há dependência muito unívoca entre a razão 87Sr/86Sr e o teor de

Rb nas amostras. Isto se deve em parte à concentração do Rb ser muito inferior à do Sr (cf. FIG.

5.15). Porém nota-se uma tendência ao crescimento da razão 87Sr/86Sr via o decaimento

FIGURA 5.13 – Correlação entre o teor de Rb e a razão 87

Sr/86

Sr.

Que a concentração do Rb pouco foi alterada durante o período da coleta é evidenciado pelo

gráfico da FIG. 5.14. A concentração do Rb em água do mar é bastante uniforme, ostentando o

valor de 120 ± 10 μg/L (SMITH et al, 1965). O teor na água de produção é portanto, superior ao

presente na água do mar; esta constatação testemunha a presença de rochas contendo Rb no

interior do reservatório e a ocorrência de interação entre elas e a água de formação.

Amostras de água do poço de produção Mrl-84

0,70400

0,70600

0,70800

0,71000

0,71200

0,71400

0,71600

0 50 100 150 200 250 300

Concentração Rb (mg/L)

87S

r/8

6S

r

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71

FIGURA 5.14 – Concentração de Rb nas amostras do poço de produção Marlin-84

A FIG. 5.15 indica que há uma correlação, ainda que fraca, entre a concentração de Rb e a de

Sr, e que esta correlação é consistente com o sobredito processo de produção de 87Sr. Dada a

inferioridade da concentração de Rb em relação à de Sr, fica justificado o diminuto valor do

coeficiente angular da equação de regressão: 0,0029. Todavia, do mesmo modo que nos

comentários anteriores, também aqui os valores observados no presente trabalho são consistentes

com o processo de produção do 87Sr a partir do 87Rb.

FIGURA 5.15 – Correlação entre as concentraqções de Sr e Rb nas águas de produção do poço Marlin- 84.

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72

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES

Para validação do método de determinação da razão isotópica do 87Sr/86Sr através de um

Espectrômetro de Massas com um Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), ELAN DRC-e

PerkinElmer SCIEX, foram avaliadas diferentes condições para obtenção dessa medida usando

uma solução de 100 µg/L preparada do padrão de referência NIST SRM 987, cujo valor foi de

0,71038 (tempo de residência (Dwell time) 250 ms, n=5, σ=0,00301 e RSD=0,42%), sendo que o

valor certificado para 87Sr/86Sr = 0,71034 ± 0,00026. O valor médio de todos os resultados

realizados durante esse trabalhado em soluções padrão para a razão isotópica, 87Sr/86Sr, foi de

0,71112 (σ=0,003179 e RSD=0,45%). Os valores dos RSDs associados às medidas estão de

acordo com os obtidos na literatura usando equipamentos similares ao usado neste trabalho, ou

seja, valores de RSD variando de 0,10- 0,50%.

A metodologia foi aplicada em 2 amostras de águas subterrâneas e em 15 amostras de água

de poço de produção de petróleo (Bacia de Campos, Campo de Produção de Marlin, poço Mrl-84)

. Devido à defasagem entre o início da injeção de água do mar e o início da coleta das amostras

utilizadas não foi possível detectar o breakthrough pela alteração da razão isotópica 87Sr/86Sr na

água de produção.

Na determinação desta razão a preparação da amostra se faz necessária e requer isolamento

químico do estrôncio 87Sr já que o seu sinal sofre sobreposição isobárica do sinal do 87Rb

inevitavelmente presente na amostra em função da relação radiogênica entre os dois nuclídeos.

Dois tipos de resina para a separação do Sr foram testados. A percentagem de recuperação do Sr

usando a resina AG50WX8-400 e o HCL 1 M como eluente, foi de 74,2 %. Já usando as colunas

comerciais empacotadas com resina Sr spec obteve-se recuperação do Sr da ordem de 90%. A

vantagem dessa resina é a utilização de apenas dois eluentes (água e ácido nítrico), tornando esse

procedimento mais simples e menos exaustivo que a utilização da resina AG50WX8-400.

A proximidade entre o valor médio da razão 87Sr/86Sr na água de produção e o valor na água

do mar (0,7111 e 0,7092, respectivamente) não tornariam o método efetivo na condições

retratadas pelas amostras disponíveis, face aos valores obtidos para a precisão do método (0,15 <

RSD % < 0,69, valor médio: = 0,45%). Isto requereria que a diferença entre as razões

isotópicas fossem superiores a 2 = 0,0064. Ou seja, a água de formação deveria ter uma razão

87Sr/86Sr 0,7156.

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73

De acordo com Smalley e Räheim (1988) a razão 87Sr/86Sr em águas de campo de petróleo

varia entre 0,707 e 0,730. Portanto há a possibilidade de que a metodologia utilizada, com o

emprego do SC-ICP-MS baseado em quadrupolo, seja aplicável a uma série de reservatórios.

Contudo algumas circunstâncias devem ser aqui levadas em conta: 1) o breakthrough da água

do mar injetada já havia ocorrido quando as amostras começaram a ser colhidas; 2) as razões

87Sr/86Sr medidas foram as da água de produção já diluída pela água de injeção e não as razões da

água de formação que originalmente fluiu pelo poço. Mas o mais importante é que existem águas

de produção com razões 87Sr/86Sr superiores a 0,7156.

Como a concentração do Sr na água do mar é um valor praticamente constante e igual a 7,74

mg/L,, este valor também pode ser usado nestes trabalhos como um indicador ou mesmo um

traçador para avaliar a presença ou não de água do mar ou água de produção já que as

concentrações do Sr nestas águas de produção foram bastante superiores à água do mar.

Em comparação a todas as técnicas analíticas específicas para a determinação de isótopos

(espectrometria de massas, análise por ativação, métodos espectroscópicos e ressonância

magnética nuclear (NMR), verificou-se com os resultados aqui obtidos, que o emprego da

espectrometria de massa para a análise da razão 87Sr/86Sr em água de poço de produção de

reservatório de petróleo e água subterrânea é viável desde que não se exija uma grande precisão

dos desvios padrões relativos. Devido à eficiência de detecção na ordem de μg L-1 das

concentrações a espectrometria de massas por ICP mostrou ser uma ferramenta bastante versátil e

potente, pois permite que as abundâncias relativas de diferentes isótopos sejam medidas com alta

precisão e exatidão.

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ANEXO I – MAPA DA APA CARSTE LAGOA SANTA E REDONDEZAS DE

JABOTICATUBAS

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81

ANEXO II – CURVAS DE CALIBRAÇÃO DOS ISÓTOPOS DO Rb E Sr

Curva de calibração 85

Rb

y = 25006,54013x

R2 = 0,99999

-200000

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

-10 0 10 20 30 40 50 60

Concentração (ng/mL)

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Curva de calibração 87

Rb

y = 9754,18399x

R2 = 0,99990

-100000

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

-10 0 10 20 30 40 50 60

Concentração (ng/mL)

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Curva de calibração 84

Sr

y = 192,75211x

R2 = 0,99956

-2000

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

-10,000 0,000 10,000 20,000 30,000 40,000 50,000 60,000

Concentração (ng/mL)

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

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Curva de calibração 86

Sr

y = 3459,99842x

R2 = 0,99986

-50000

0

50000

100000

150000

200000

-10 0 10 20 30 40 50 60

Concentração (ng/mL)

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Curva de calibração 87

Sr

y = 2504,18717x

R2 = 0,99993

-20000

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

-10 0 10 20 30 40 50 60

Concentração (ng/mL)

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Curva de calibração 88

Sr

y = 29734,16978x

R2 = 0,99993

-500000

0

500000

1000000

1500000

2000000

-10 0 10 20 30 40 50 60

Concentração (ng/mL)

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

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ANEXO III – CERTIFICADOS DE ANÁLISE DOS PADRÕES, REAGENTES E ÁCIDOS

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