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CALDEANDO DAMASCOS Marcos Cabete março/2003

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Page 1: Marcos Cabete - Caldeando Damascos

CALDEANDO DAMASCOS

Marcos Cabetemarço/2003

Page 2: Marcos Cabete - Caldeando Damascos

INTRODUÇÃO.Este Pequeno trabalho surgiu da oportunidade que tive de contratar com o cuteleiro Peter

Hammer um curso pessoal de uma semana centrado no caldeamento de damascos. O cursotranscorreu no final de fevereiro e inicio de março de 2003 na oficina do Peter Hammer em

Itapecerica da Serra. Iniciamos no domingo com alguns estudos de projetos de facas,estilos clássicos, esclarecimentos de duvidas em geral e o desenho de lâminas.

Na segunda-feira saimos para visitarmos a oficina da Silvana Mousinho e a do Sandro ( Casado Fundidor ) e para que o Peter me apresentasse fornecedores de aços e de ferramentas,

foi um dia para cansar as pernas.Na terça-feira começamos com um pedido meu para o Peter forjar uma lâmina um poucomais complexa e que tivesse um projeto inicial a ser atendido, com medidas rígidas. Ele

forjou uma lâmina e eu documentei o trabalho com inúmeras fotos e talvez faça um trabalhosemelhante a este se houver interesse por este material.

O Peter selecionou quatro tipos de damasco para caldearmos e a seleção obedeceu acritérios didáticos visando meu aprendizado.

1) fizemos um damasco com 40 peças de cabos de aço de 1/8”, dividimos a barra ao meio ecaldeamos novamente com uma lima ( 1095 ) no centro. O efeito final ficou suave e

interessante.2) Caldeamos aço 1010 com corrente de motoserra.

3) Caldeamos 1095 com 1010.4) Caldeamos 1095 com Niquel 200 que resultou em um belíssimo damasco de alto

contraste o qual acredito tenha sido feito pela primeira vez no Brasil.Tivemos muita colaboração do Sr. Miguel cuteleiro que herdou do pai o gosto pelo aço e doEduardo ( Giroplix ) e até a Silvana apareceu para ajudar na bigorna e alegrar o ambiente.

Ainda presenciaram parte dos eventos o Josué Homem de Mello e o Fabio Codignoli.De terça a sexta queimamos 11 sacos grandes de carvão e muitas calorias. A experiência

valeu cada gota de suor derramada e cada centavo gasto.Grande parte das fotos ( mais de 200 ) foram tiradas pelo Peter Hammer que também é

fotografo profissional. Tenho material para mais dois trabalhos sobre forjamento que virão aseu tempo.

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Há que se projetar o que sepretende fazer:

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Limpeza é essencial!

• Teremos que formarum “sanduiche”alternando materiais.

• A limpeza daslâminas, correntes,cabos de aços, éessencial e evitaráproblemas durante ocaldeamento.

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Montando o “sanduiche”para soldar:

• Intercala-se as lâminasou lâminas maispedaços de corrente.

• Alinha-se o máximopossível as peças eprende-se em umamorça ou com umsargento para soldar.

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Amarra-se em feixe os cabos deaço:

• Os cabos de aço,limpos, são amarradossolidamente em feixe esoldadosabundantemente nasextremidades.

• Usando a imaginaçãopodemos criar muitacoisa neste instante.

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Unindo os materiais.

• As soldas devem serabundantes e sólidaspara que as lâminas,correntes ou cabos deaço não se soltemdurante o trabalho decaldeamento. Para oNíquel... Solda deníquel!

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Sanduiche de corrente demotoserra:

• Deve-se soldarsolidamente um bomcabo para manusear odamasco na forja esegurá-lo firmementena bigorna.

• O cabo não deve girarna mão.

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Preparação criteriosa.

• Uma preparaçãocriteriosa com boalimpeza das peças, boasoldagem dosanduiche e do cabo.Um bom cabo que nãogire na mão durante ocastigo das marretas, osucesso começa aí ...

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Assim ficaram os cabos de aço:

• Os cabos de aço serãocaldeados commarretas levíssimas noinício.

• Neste conjunto de 40pç. de 1/8” o Peter nosorientou a usarmosmartelos de 300g noinício do caldeamento.

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A FORJA:

• A Forja pode ser àcarvão ou à gás ou ...

• Tem que ter um bomcontrole de ar ouar/combustível paraajuste do calornecessário.

• Se à carvão deve serplana onde se coloca ocarvão.

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“Caramelizando” o sanduiche

• Inicia-se comaquecimento leve dobloco e adiciona-seBorax em toda asuperfície voltando-oao fogo.

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Mais Borax ...

• Coloca-se mais borax,retira-se o excesso evolta-se à forja.

• Esta operação érepetida e aumenta-seo aquecimento até quetoda a barra esteja“caramelizada” peloBorax fundido.

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CALDEANDO:

• Ao atingir atemperatura decaldeamento inicia-seo martelamentorápido, nesta etapa nãohá necessidade deforça mas sim derapidez, daí avantagem do trabalhoem equipe.

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+ Borax + aquecimento + bigorna...

• Esfriou? ColoqueBorax, leve ao fogo,aguarde o ponto certoe volte a caldear. Trêsou quatro vezesdeverão ser suficientespara “grudar” osdiferentes materiaisdefinitivamente.

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O Borax é essencial.

• O Borax deve formaruma camada protetorasobre a barra durantetodo o caldeamento.

• Na primeira marteladaespirra longe e está auns 1400 grausaproximadamente.

• PROTEJA-SE !!!

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Cadenciamento e rapidez.

• No caldeamentodevemos ser rápidospois a temperatura cairápido.

• Todos devem bateronde o lider ( quesegura a barra ) bater eobedecer a uma ordemcomo o sentidohorário.

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Dos dois lados da barra.

• Deve-se baterigualmente dos doislados da barra e nofinal de cada seção olider ajusta o formatoda barra nas lateraisvoltando a colocarBorax e levando aofogo novamente.

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Cansou? Ainda não acabou !!

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As camadas “colaram” bem ?

• Se as camadas já sesoldaram ( martelandonas lateraisobservamos que nãoabrem ) podemospartir para a outraetapa.

• ESTICAR A BARRA.

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Agora é temperatura deforjamento e não de caldeamento:

• O trabalho agoraexigirá mais a força ea habilidade paraesticar a barra dando-lhe uniformidadedimensional.

• A temperatura agora éa mesma de se forjaras lâminas.

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Estica, aquece, estica, aquece, ...

• O peso do martelo éuma preferênciapessoal ou umaimposição do preparofisico. A marreta dedois quilos achei umaestupidez! Até 1,5 Kgconsigo encarar masprefiro o de 800 g!!

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Chega de esticar !

• Um marteletepneumático oumecânico ajuda bemmas são poucos que ostem.

• Então vamos parar deesticar e deixar esfriara barra!

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Está pensando que acabou?

• O que havia sidoplanejado? Quantascamadas? Seiniciamos com 20camadas a cada dobrairemos dobrar onúmero de camadas:

• 20-40-80-160-320-640

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Limpar e cortar a barra.

• Devemos limpar abarra e cortá-la aomeio para unirmos osdois pedaços ecardearmosnovamente, esticarmosnovamente, cortarmos,dobrarmos, caldearmos,esticarmos, cortarmos, dobrarmos,

• caldearmos, esticarmos, cortarmos, caldearmos ...

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Dobrando a barra e o número decamadas.

• A barra foi cortada aomeio após a limpeza.

• Será soldada para sernovamente caldeada eesticada quantas vezesforem necessárias paraatingir-se o número decamadas projetado noinício do trabalho.

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A barra dobrada e soldada.

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Pode-se inserir novos aços aodobrar a barra.

• Esta é mais umaopção, o PeterHammer sugeriu queusássemos a barracaldeada de cabos deaço com uma barra de1095 ao centro e oresultado final foimuito bom.

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A barra de cabos de aço.

• Esta é a barra de cabosde aço no momentoem que foi cortada,antes de ser caldeadadois dois lados de umalâmina de 1095.

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Assim ficou o damasco de cabode aço.

• Esta barra se bemexplorada naconfecção da lâminaproduzirá belosefeitos.

• O desbaste revela ascamadas e as texturasdos cabos de aço coma solidez do 1095 aocentro

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A barra de corrente de motoserra.

• A barra de corrente demotoserra tambémapresentará efeitosinteressantes.

• Dobrá-la mais vezesdeve ser maisinteressante mas nossotempo era curto.Talvez eu a dobre.

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Esta é campeã!

• O damasco de altocontraste com Níquel200 e 1095 ficoulindíssimo. Ocontraste é máximo eperfeito entre ascamadas branquíssimoNíquel e o negro do1095.

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Uma zebrinha !

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Agora é fazer as facas!

• Não coloquei as fotosdo 1010/1095 pois sócaldeamos a barra edeixei para esticá-laem casa. Nesta ireiprovocar umas torçõesou furos para observaros efeitos nosdesenhos.

• As facas! Voltei muitoanimado destaexperiência e estourefazendo toda minhaoficina. Lixadeiranova. Reformando aforja gastona edeixando-aeconômica. As facasvirão logo.

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Damasco + dente de onça, feita pelo PeterHammer e presenteada ao Jô Soares.

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O primeiro damasco 1095/Niquel

• O damasco virou faca!• Que belos contrastes

de cor e textura.• Vamos vê-lo e

saboreá-lo naspróximas paginas semmais conversa!

• O cabo é de celeron.

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Tanto trabalho e ...

• Esta bela lâmina teve duração efêmera, commenos de 24 horas de vida eu cortei deforma violenta uma tábua de pinho compancadas bem agressivas e ela teve umresultado surpreendente para seu porte.

• Prendí-a então em uma morsa e a flexioneiaté que se partisse para estudar o efeito deuma têmpera que havia realizado.

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Espero que tenha ficado curioso.

• O objetivo destepequeno trabalho é ode despertar acuriosidade sobre osaços damasco e trazerum mínimo deconhecimento sobreseu árduo processoartesanal de produção.

• Não dá para alongá-lomais pois ficariapesadíssimo para ainternet. Procure pormaiores detalhes nosforuns ou noscontacte:

[email protected]