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BO LE TIM EDITORIAL Março | 2018 POR SERGIO CIMERMAN, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA O legado da febre amarela Especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no primeiro trimestre de 2018, vemos uma experiência singular com a febre amarela desafiando a vigilância epidemiológica. A doença, antes sob controle, causou grande impacto, com importante aumento no número de casos e óbitos, superando os índices do ano passado. Seja pela dose plena ou fracionada, as filas se agigantaram em postos de saúde, em especial na Grande São Paulo, e a preocupação com a conscienzação das pessoas foi uma das marcas da Sociedade Brasileira de Infectologia, já que concedemos entrevistas para diversos veículos de comunicação diariamente, elaboramos posicionamentos e, em conjunto com outras sociedades médicas e apoio de profissionais de todo o Brasil, conseguimos uma conquista muito importante: universalizar a vacinação da febre amarela. Diante de tudo, foi um aprendizado a todos nós. Falando ainda em imunização, apoiamos a campanha para gestante em conjunto com a Sociedade Brasileira de Imunizações, o que demonstra um dos nossos focos. Além disso, outros alertas como surto de sarampo em Rondônia, novos casos de leishmanioses e a síndrome mão-pé-boca também têm chamado a atenção e são temas de reportagens neste bolem. Para completar, o bolem comenta o novo PCDT de hepate C; a parcipação da SBI no Bem Estar Global, em Salvador (BA), e outros temas preparados especialmente para você. A SBI é de todos nós. Contamos sempre com o seu apoio! Abraço, Sergio Cimerman.

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BOLETIM

EDITORIAL

Março | 2018

POR SERGIO CIMERMAN, PRESIDENTEDA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA

O legado da febre amarela

Especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no primeiro trimestre de 2018, tivemos uma experiência singular com a febre amarela desafiando a vigilância epidemiológica. A doença, antes sob controle, causou grande impacto, com importante aumento no número de casos e óbitos, superando os índices do ano passado.

Seja pela dose plena ou fracionada, as filas se agigantaram em postos de saúde, em especial na Grande São Paulo, e a preocupação com a conscientização das pessoas foi uma das marcas da Sociedade Brasileira de Infectologia, já que concedemos entrevistas para diversos veículos de comunicação diariamente, elaboramos posicionamentos e, em conjunto com outras sociedades médicas e apoio de profissionais de todo o Brasil, conseguimos uma conquista muito importante: universalizar a vacinação da febre amarela. Diante de tudo, foi um aprendizado a todos nós.

Falando ainda em imunização, apoiamos a campanha para gestante em conjunto com a Sociedade Brasileira de Imunizações, o que demonstra um dos nossos focos. Além disso, outros alertas como surto de sarampo em

Rondônia, novos casos de leishmanioses e a síndrome mão-pé-boca também têm chamado a atenção e são temas de reportagens neste boletim.

Para completar, o boletim comenta o novo PCDT de hepatite C; a participação da SBI no Bem Estar Global, em Salvador (BA), e outros temas preparados especialmente para você.

A SBI é de todos nós. Contamos sempre com o seu apoio!

Abraço,Sergio Cimerman.

“O boletim da SBI nos dá uma visão geral sobre a Infectologia em todo o Brasil e é um excelente serviço a todos nós. Tem uma visão crítica da especialidade, é bem dinâmico e serve como um meio de comunicação fundamental”.

Maria Benalva de MedeirosPresidente da Sociedade de Infectologia da Paraíba

“O boletim tem contribuído muito para democratizar informações e é muito útil para todos nós. Ficamos sabendo de novos consensos, protocolos, eventos e é evidente que tivemos uma mudança muito boa nos últimos anos dessa publicação.”

André PrudentePresidente da Sociedade Norte Riograndense de Infectologia

ESPAÇO DAS FEDERADASQUAL A IMPORTÂNCIA DO BOLETIM SBI?

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SBI EM PAUTA

Seguem os resumos dos artigos recentemente aceitos para publicação no Brazilian Journal of Infectious Diseases (BJID).

Luciano Z. GoldaniEditor-Chefe

PREZADOS ASSOCIADOS,

BJID

UM ESCORE PARA COMPORTAMENTO DE RISCO: UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA AVALIAR O RISCO ENTRE HSH NO BRASILGustavo Machado Rocha e colaboradores, Universidade Federal de São João Del-Rei, Divinópolis, BrasilA epidemia de HIV / AIDS não está controlada, e múltiplos fatores de comportamento sexual ajudam a explicar as altas taxas de infecção por HIV entre homens que fazem sexo com homens (HSH). Essse estudo propõe-se a examinar o uso de um potencial escore de comportamento de risco para a infecção pelo HIV, com base no tipo e número de parceiros sexuais, e o uso de preservativo e seus fatores associados em uma amostra de HSH no Brasil. Um estudo transversal de RDS (“Respondent Driven Sampling”) foi realizado com 3738 HSH, com mais de 18 anos de idade de dez cidades brasileiras. O escore de comportamento de risco foi composto pelo número de parceiros do sexo masculino e uso de preservativo anal no último ano com parceiros fixos, casuais e comerciais. A maioria dos participantes tinha 25 anos ou mais (58,1%), não brancos (83,1%) e solteiros (84,9%). O modelo de regressão logística ordinal ponderada final mostrou que a idade ≤ 25 anos (p = 0,037), homossexualidade ou identidade bissexual (p <0,001), iniciação sexual antes dos 15 anos de idade (p <0,001), ter relações sexuais com homens somente na última 12 meses (p <0,001), uso frequente de álcool e drogas ilícitas (p <0,001) e o uso de locais específicos para atendimento a parceiros sexuais no último mês foram independentemente associados a maiores escores de comportamento de risco. Estratégias específicas devem ser desenvolvidas visando a população HSH. Além disso, a profilaxia pré-exposição (Prep) deve ser considerada para aqueles com pontuação mais alta como uma estratégia para reduzir o risco de infecção pelo HIV nesta população.

PREVALÊNCIA DA SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ NOS CASOS DE INFECÇÃO PELO ZIKA VÍRUS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISELudovica Barbi e colaboradores, Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Recife, PE, BrasilO vírus Zika (VZIK) é um flavivírus emergente transmitido principalmente através dos mosquitos Aedes spp., sendo um desafio para os serviços de saúde em países que apresentam surtos. Normalmente, a infecção por VZIK é branda, mas, em alguns casos, tem sido relatado formas graves da doença grave com manifestações neurológicas, como microcefalia em lactentes e síndrome de Guillain-Barré (SGB) em adultos. SGB é uma desordem autoimune debilitante que afeta os nervos periféricos.

03

Como a VZIK causou surtos maciços na América do Sul nos últimos anos, buscamos revisar sistematicamente a literatura e realizar uma meta-análise para estimar a prevalência de SGB entre indivíduos infectados com ZIKV. Pesquisamos bancos de dados PubMed e Cochrane e selecionamos três estudos para uma meta-análise. Estimamos que a prevalência de SGB associada ao VZIK seja de 1,23% (IC95% = 1,17 a 1,29%). As limitações incluem a escassez de dados sobre infecções anteriores por flavivírus e dificuldades na confirmação de infecção por VZIK. Nossa estimativa parece ser baixa, mas não pode ser ignorada, uma vez que os surtos de VZIK afetam um número expressivo de indivíduos e a SGB é uma condição debilitante que ameaça a vida, especialmente em mulheres grávidas. Os casos de infecção por ZIKV devem ser seguidos de perto para garantir cuidados rápidos para reduzir o impacto das seqüelas associadas ao GBS sobre a qualidade de vida das pessoas afetadas.

ADULTOS SORONEGATIVOS PARA O VÍRUS DA POLIOMIELITE E PREVIAMENTE IMUNIZADOS QUE SÃO CANDIDATOS PARA O TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS SÓLIDOSLuciana Gomes Pedro Brandão e colaboradores, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz), Laboratório de Pesquisa em Imunizações e Vigilância em Saúde (Livs), Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais, Rio de Janeiro, RJ, BrasilNo atual esforço para eliminar a pólio do mundo, é importante reconhecer e vacinar grupos suscetíveis, especialmente pacientes imunocomprometidos que vivem em países onde a vacina antipólio atenuada ainda é usada. Neste relatório, descrevemos a frequência de anticorpos protetores em uma pequena amostra de candidatos adultos ao transplante de órgãos sólidos (TOS), nos quais a vacinação prévia poderia ser verificada. Os pacientes incluídos neste relato foram selecionados entre os participantes de um estudo prospectivo em andamento realizado no Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Rio de Janeiro, Brasil. Entre os primeiros 100 pacientes incluídos neste estudo, apenas sete candidatos adultos ao TOS tinham vacinação contra poliomielite comprovada na infância. Três desses sete pacientes (43%) não tinham títulos de anticorpos protetores para um ou mais subtipos de poliovírus antes do transplante de órgão sólido. A comprovada vacinação infantil contra a poliomielite não fornece, de forma confiável, títulos de anticorpos protetores ao longo da vida para candidatos adultos ao TOS e não deve ser usada como um critério para analisar a necessidade de vacinação nessa população.

“O vírus da febre amarela sofreu mutações? A vacina perdeu a eficácia e por esse motivo tivemos aumento no número de casos?”

O que a SBI poderia contribuir para aprimorar a prática da especialidade no país?

Não há mutações detectadas nesse vírus que tenham importância clínica. O vírus da febre amarela é um vírus RNA e pode sofrer mutações; todavia, até agora não foram detectadas mutações significativas. A vacina segue sendo eficaz como a principal ferramenta de prevenção da febre amarela. O aumento no número de casos se deve basicamente a um grande número de pessoas não imunizadas que adentraram no ambiente em que existe a transmissão da doença.

Kleber Luz, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia

“A atual diretoria está realizando uma excelente gestão. Participativa e inclusiva! Como opinião para ampliar ainda mais as melhorias, sugiro o credenciamento da especialidade no roll de procedimentos diagnósticos, os quais praticamos na nossa rotina diária”Andyane Tetila (MS)

“Gostaria que a SBI investisse ainda mais em atividades virtuais, como vídeoaulas e pudesse nos oferecer e-books, por exemplo. Os cursos online são muito importantes para todos nós e é uma forma interessante de nos capacitar”Igor Pinheiro, médico residente (CE)

“Um aspecto muito importante é que a SBI possa se aproximar cada vez mais de órgãos governamentais (Ministério e secretarias de saúde) a fim de promover uma interface junto ao Datasus. Dessa forma, podemos repassar, de maneira mais fácil e prática, os dados de redes privadas para ajudar as políticas de saúde pública também”Newton Belessi (PA)

“A SBI poderia disponibilizar acesso às revistas científicas de importância nas principais áreas de interesse” Viviane Hessel (PR)

“Considero fundamental que a SBI continue investindo em educação continuada. Isso tem nos ajudado muito e os cursos, das diversas áreas, são muito interessantes”Ruan Fernandes, médico residente (SP)

04

PERGUNTE AO ESPECIALISTA

PAINEL DO LEITOR

SBI EM PAUTA

“Ser mulher e infectologista é...” Para comemorar o recente Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, a SBI convidou as infectologistas de todo o país a completarem esta frase e enviarem suas respostas, com fotos, para nossa página no Facebook.

Durante todo o dia, recebemos dezenas de mensagens de todo o Brasil e as compartilhamos para os mais de 40 mil seguidores de nossa página. Confira algumas das mensagens:

“Para mim, ser mulher e infectologista é uma

benção em ter acertado na escolha que me faz feliz

diariamente!” Carolina Palmeira (BA)

“Para nós, ser mulher e infectologista é acolher, cuidar e mimar a todos, sem distinção de sexo, raça/cor ou preferência

sexual. É, acima de tudo, amor e respeito pelo

que fazemos!”Erika Kalmar, Roberta Schiavon Nogueira e

Camila Rodrigues (SP)

“Para mim, ser mulher e infectologista significa um privilégio e uma alegria!”

Silvia Maria Gomes de Rossi (PR)

“Para mim, ser mulher e infectologista é dedicação,

coragem e realização.” Cristiane Pimentel

Hernandes Machado (RS)

“Para mim, ser mulher e infectologista é um grande

desafio. Esbarramos em preconceitos e superamos

resistências a cada dia. Porém, não me vejo feliz em outra especialidade”.

Carla Sakuma de Oliveira, presidente

da Sociedade Paranaense de Infectologia

“Para mim, ser mulher e infectologista é um

diferencial.”Karla Ronchini (RJ)

“Ser mulher já é um privilégio... E infectologista, a realização de um sonho...

Sou muito feliz por ser assim...”

Gisele Cristina Gosuen (SP)

“Para mim, ser mulher e infectologista é fazer a Sessão

Integrada das Residências de Infectologia em Salvador

ocorrer mensalmente, já há três anos; é fazer

o compartilhamento do conhecimento com os

residentes, é lutar em prol da ética nas relações e no estímulo

contínuo aos residentes.” Áurea Paste (BA)

05

INFECTOLOGISTAS DE TODO PAÍS ADEREM À AÇÃO NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

SBI EM PAUTA

“Para mim, ser mulher e infectologista é doar

e receber humanidade todos os dias!”

Valeria Paes Lima Fernandes, presidente da Sociedade de Infectologia

do Distrito Federal

“Para mim, ser mulher e infectologista é um desafio. Mas o aprendizado diário é

muito compensador!”Marina Roriz Pedrosa (GO)

“Para mim, ser mulher e infectologista, é ser

duplamente realizada.” Umbeliana Barbosa (SP)

“Ser mulher e infectologista é personificar toda a sensibilidade e

passionalidade que uma mulher e capaz!”

Melissa Medeiros, médica do ambulatório de HIV do Hospital Geral de Fortaleza

(CE)

“Para mim, ser mulher e infectologista é certeza de

que eu faria tudo outra vez, se preciso fosse.” Gelvana Reis (SP)

“Ser mulher e infectologista é sempre lutar por seus

sonhos e ideais”Tania Chaves (PA)

“Para mim, ser mulher e infectologista é

REALIZAÇÃO!”Nilma Maria Porto

de Farias (PB)

“Para mim, ser infectologista e mulher é

vestir a camiseta!!”Lucia Helena G. Real (RS)

“Para mim, ser mulher e infectologista é cuidar do paciente, de toda sua vida e de coisas que o cercam epidemiologicamente e

com respeito”.Maria Benalva, presidente

da Sociedade de Infectologia da Paraíba

“Ser mulher e infectologista é trabalhar com paixão”. Raquel Guimarães (AL)

“Para mim, ser mulher e infectologista é trabalhar com orgulho humildade

e alegria”. Lucy Vasconcelos (SP)

“Para mim, ser mulher e Infectologista é estar presente na vida das

alunas para um mundo com mais saúde”.

Helena Brígido (PA)

“Ser mulher: uma dádiva. Ser médica: uma grande vitória. Ser infectologista:

uma escolha acertada, uma realização”.

Maria do Perpétuo Socorro Costa Correa,

diretora da SBI e presidente do Infecto 2019

“Ser mulher e infectologista é poder demonstrar

meu papel como cidadã do mundo ao exercer a

medicina na especialidade de maior impacto na saúde

de populações”. Lessandra Michelin,

diretora da SBI

“Para mim, ser mulher e infectologista é a missão

da minha vida”. Tânia Vergara, presidente

da Sociedade de Infectologia do Estado do

Rio de Janeiro (SIERJ)

PARABÉNS!

06

A Sociedade Brasileira de Infectologia participou, no último dia 9 de março, da primeira edição do ano do “Bem Estar Global”, uma iniciativa da Rede Globo em parceria com o SESI, que levou oito mil pessoas para a Boca do Rio, na orla de Salvador (BA). Nesse primeiro evento, foram realizados testes rápidos de sífilis, HIV e hepatite C. Além dos testes, a SBI também contribuiu com a distribuição de preservativos masculinos e femininos.

A SBI contou com a parceria do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde e a colaboração da Secretaria Estadual da Saúde da Bahia. Nas cinco horas do evento, foram testadas 206 pessoas. Desse total, nove apresentaram testes reagentes para sífilis, uma para HIV e nenhuma para hepatite C. Todos foram encaminhados para os serviços de referência em Salvador. “Essas ações são muito importantes para ampliar a prevenção e o acesso aos tratamentos das infecções sexualmente transmissíveis”, explica Fabiana Bahia, secretária da Sociedade Baiana de Infectologia.

PRIMEIRA EDIÇÃO DO “BEM ESTAR GLOBAL” EM 2018 ACONTECE EM SALVADOR

SBI EM PAUTA

07

Para Sergio Cimerman, presidente da SBI, a entidade tem o objetivo de continuar apoiando as ações do “Bem Estar Global” em várias cidades brasileiras. “Precisamos trabalhar cada vez mais na conscientização sobre HIV, sífilis e hepatites virais. É um compromisso da SBI e um serviço para a população”, completa Cimerman.

Temos uma real chance de exportação da febre amarela? Mesmo com o atual surto da doença que acometeu o Brasil, especialmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, as chances de exportação para outros países (não vizinhos) ainda é bastante remota. Segundo o infectologista Jessé Alves, coordenador do Comitê de Medicina de Viagem da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o país se tornou área de risco por conta do grande trânsito interno.

“O estrangeiro que se infectou foi aquele não vacinado”, alerta Alves. Até agora, foram registrados 10 casos de pacientes estrangeiros que se contaminaram no Brasil. Todos eles tiveram uma contaminação atípica, pois os locais de origem dos turistas são considerados de baixo risco para a transmissão.

Mesmo assim, já existem novos alertas importantes em relação à doença. A febre amarela não está somente nas áreas amazônicas ou no interior do País, mas se espalhou por vários outros locais, incluindo a faixa de florestas da região litorânea da região Sudeste. “Essa situação pode

08

NOVIDADES

EXPORTAÇÃO DA FEBRE AMARELA?RECOMENDAÇÃO SERÁ PARA A VACINAÇÃO PRÉVIA DE ESTRANGEIROS QUE VISITARÃO O PAÍS

estar ligada também ao desequilíbrio ecológico, ocupação habitacional irregular, entre outros fatores”, lembra Alves.De acordo com o infectologista, com a recomendação do Ministério da Saúde para a vacinação da população em todos os estados do País, os estrangeiros que chegam ao Brasil deverão ser imunizados contra a febre amarela, independentemente da região que irão visitar. “Os estrangeiros serão orientados a se vacinar com antecedência antes de chegar ao País, pois o risco se ampliou para áreas anteriormente livres da doença”, conclui Alves.

Carta aberta e nota técnica alertam para a necessidade de ampliação da cobertura vacinal contra a doença no Brasil

Com o objetivo de auxiliar no aumento da cobertura vacinal de febre amarela no País, as Sociedades Brasileiras de Imunizações (SBIm), Medicina Tropical (SBTM), Infectologia (SBI), Reumatologia (SBR) e Pediatria (SBP) publicaram uma Carta Aberta e uma Nota Técnica sobre o tema (veja AQUI). Até agora, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura não foi suficiente para impedir a expansão da doença.

Maior epidemia de febre amarela registrada no País desde 1980, o Brasil também vem apresentando letalidade registrada entre 35% e 40% dos casos da doença. Além disso, o registro em áreas antes não consideradas de risco, que acontece desde o ano passado, vem preocupando, cada vez mais, as autoridades de saúde. “É muito importante auxiliar o médico para a conduta correta”, explica Lessandra Michelin, diretora da SBI e coordenadora do Comitê de Imunizações da entidade.

A Carta Aberta reforça as recomendações do Ministério da Saúde em relação à segurança da vacina e também sobre a eficácia das doses fracionadas. De acordo com o documento, é importante lembrar que eventos adversos decorrentes da vacina de febre amarela são muito raros e o risco é considerado baixo se comparado à chance de adquirir a doença em área de transmissão. Além disso, o documento inclui um protocolo inédito para orientar os profissionais que atuam na triagem da vacinação.

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SOCIEDADES SE UNEM EM PROL DA VACINAÇÃO CONTRA FEBRE AMARELA

SBI EM PAUTA

O Ministério da Saúde anunciou, no último dia 20 de março, a ampliação da cobertura vacinal de febre amarela para todo o Brasil. Segundo o ministro Ricardo Barros, a vacinação será realizada de forma gradual com início neste ano e encerramento em 2019. A estimativa é vacinar 77,5 milhões de pessoas no País.

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia são os primeiros a estender a vacinação. Nos três estados serão contempladas 40,9 milhões de pessoas com a dose fracionada. A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica

Ministério da Saúde anunciou em 20 de março a ampliação que será realizada de forma gradual

VACINAÇÃO DE FEBRE AMARELA É AMPLIADA PARA TODO O BRASIL

a dose fracionada em localidades em que o vírus está circulando e na necessidade de vacinações em massa para um grande contingente populacional que necessita ser vacinado rapidamente.

Em junho, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul adotarão a vacina padrão em todos os municípios para mais 11,3 milhões de pessoas. A partir de janeiro de 2019, os estados do Piauí, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte entram na campanha, começando com a dose padrão.

Nos dias 16 e 17 de março, médicos de várias especialidades participaram no Renaissance Hotel, em São Paulo, do curso “Adult Immunization: New and Old Challenges”. Organizado pelo ESCMID (European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases), em parceria com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o evento contou com 15 aulas sobre a importância da imunização e os desafios impostos para a vacinação em adultos, apresentadas e debatidas por convidados nacionais e internacionais.

“Todas as aulas foram organizadas partindo de dúvidas recorrentes entre os infectologistas e profissionais de saúde que lidam com a imunização”, explica Lessandra Michelin, coordenadora do Comitê de Imunizações da SBI e organizadora do evento. “A vacinação em adultos ainda é pouco conhecida entre os próprios médicos e os infectologistas têm um papel fundamental para ampliarmos a imunização neste público”, completa.

Destaca-se entre os temas, a experiência do Brasil na recente epidemia de febre amarela, que colocou a vacinação em adultos no radar da mídia e do público em geral. Vacinas contra hepatite A, doença pneumocócica e meningocócica e a dengue também foram discutidas durante o curso.

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CURSO DISCUTE DESAFIOS EM IMUNIZAÇÃO DE ADULTOS EM SÃO PAULO

EM FOCO

“Estamos prestes a entrar no período de influenza, quando novamente a vacina estará no foco da mídia. Entender a importância e as estratégias indicadas para a vacinação em adultos é fundamental, já que muitos dos temas tratados em nosso curso não são discutidos normalmente na Residência Médica”, completa a especialista.

O curso também contou com a coordenação também dos médicos Isabela Ballalai e Renato Kfouri. “Temos um grande desafio pela frente na Infectologia: educarmos os médicos em relação à importância da nossa área e ampliarmos a vacinação em adultos no país”, lembra Lessandra.

A Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira

de Pediatria e o Ministério da Saúde apoiaram no último

dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o lançamento

da campanha da Sociedade Brasileira de Imunizações

(SBIm), intitulada “Calendário de vacinação da gestante:

um sucesso de proteção para mãe e filho”, cujo objetivo

é ampliar cobertura vacinal entre as futuras mães. A atriz

Juliana Didone apadrinhou a campanha, que pretende levar

informações para mulheres em todo o Brasil.

A iniciativa inclui a distribuição de 2 milhões de folhetos

e 180 mil cartazes para as Unidades Básicas de Saúde

(UBS) de todo o País. O material de apoio será dirigido ao

público em geral e também para médicos no momento da

consulta. Também serão realizadas inserções sobre o tema

nos relógios das vias públicas em diversas cidades.

No ambiente digital, foram desenvolvidos o SITE DA CAMPANHA e uma PÁGINA NO FACEBOOK para ampliar

a divulgação do conteúdo informativo. Os internautas ainda

terão acesso a um e-book gratuito especial. A estimativa é

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CAMPANHA LEVA

INFORMAÇÃO ÀS GESTANTES

SOBRE VACINAÇÃO

NOVIDADES

de que as ações na internet atinjam aproximadamente 19

milhões de exibições.

“Uma campanha como essa visa estimular, cada vez mais,

toda a gestante a se informar e se vacinar, protegendo

a si e ao seu bebê”, lembra a pediatra Isabella Ballalai,

presidente da SBIm e membro do Comitê de Imunizações

da SBI. “Além disso, o apoio de outras sociedades médicas

e do Ministério da Saúde é fundamental para o sucesso

desse tipo de iniciativa”, completa.

As vacinas indicadas para todas as grávidas são a anti-

influenza, a anti-hepatite B, a dupla bacteriana do tipo

adulto (dT) — contra a difteria e tétano — e a tríplice

bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) (contra a

difteria, tétano e coqueluche). “Essa iniciativa é muito

importante, pois leva informação sobre a real importância

da imunização também no período gestacional”,

explica Lessandra Michelin, coordenadora do Comitê

de Imunizações e diretora da Sociedade Brasileira de

Infectologia (SBI).

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ALERTA PARA RISCO IMINENTE DE IMPORTAÇÃO E REINTRODUÇÃO DO SARAMPO NO BRASIL

SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL

CASOS EM ADULTOS JOVENS

ÚLTIMOS CASOS: 2015

2018

ELIMINAÇÃO DO SARAMPO: 2016

EUROPA:

AMÉRICAS:

(fonte: www.who.org, www.paho.org e www.ecdc.org)

PORTUGAL: 70 CASOS (84% EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE)

CEARÁ: 211 CASOSRORAIMA: 1 CASOSÃO PAULO: 2 CASOS

44 CASOS CONFIRMADOS (RORAIMA E AMAZONAS)

210 CASOS SUSPEITOS 6 MUNICÍPIOS

EM BOA VISTA FORAM

116 CASOS SUSPEITOS

244 CASOS

SBI EM PAUTA

www.healthmap.org

Os surtos da Síndrome Mão-Pé-Boca no Brasil são uma preocupação constante na área de saúde. A necessidade de se adotar a melhor conduta e também informar corretamente a população são aspectos importantes para medidas preventivas em relação ao problema. Na entrevista ao Boletim SBI, Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da SBI explica as principais questões relacionadas à síndrome.

Qual o agente etiológico da síndrome Mão-Pé-Boca?Coxsackievirus (principalmente o A16, o mais comum), Enterovirus (sendo o 71 um dos mais frequentes, principalmente na Ásia e com maior probabilidade de complicações), Echovirus (vários) e alguns outros enterovírus. Como são vários vírus, a síndrome pode ocorrer mais de uma vez.

Existe uma faixa etária mais acometida e qual é época do ano mais frequente? A síndrome é mais comum em crianças, principalmente em menores de 5 anos, mas acomete também adultos. A prevalência é maior no verão.

Como é a transmissão da síndrome Mão-Pé-Boca? Beijar alguém infectado, ter contato com secreções respiratórias, geralmente através da tosse ou espirro, beber água contaminada, apertar a mão de alguém contaminado, ingerir alimentos preparados por alguém infectado (que não tenha feito a higienização adequada das mãos). Além disso, contato com brinquedos ou objetos que possam ter sido contaminados por mãos sujas, roupas contaminadas, trocar fraldas de crianças contaminadas e contato com fezes e higiene inadequada.

A transmissão é chamada de fecal/oral relacionada com a higiene. Ocorre fundamentalmente na primeira semana de síndrome. Para evitar a transmissão, o ideal é evitar o contato principalmente com crianças, que são mais suscetíveis a desenvolver as manifestações clínicas, porém, medidas de higiene adequadas, como lavagem das mãos já possibilitam controle importante da disseminação da síndrome.

De que forma a síndrome se manifesta?Em geral inicia-se de 1 a 7 dias após o contágio. Os sintomas da infecção normalmente são frustros, pouco

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HIGIENIZAÇÃO É DIFERENCIAL PARA A SÍNDROME MÃO-PÉ-BOCA

sintomáticos, assemelhando-se a um resfriado comum. Pode apresentar febre alta e aumento de gânglios, acompanhados de mal-estar, falta de apetite, diarreia e vômitos, esses últimos frequentes pelos enterovírus. A sintomatologia típica da síndrome mão-pé-boca, aparece em geral após esses sintomas iniciais. As lesões em orofaringe costumam ser avermelhadas, com formação de vesículas branco acinzentadas, originando úlceras, com aspecto aftoso, comumente dolorosas, determinando salivação excessiva e dificuldade para engolir.

Nas palmas das mãos e plantas dos pés, as lesões surgem como pequenas bolhas, em geral indolores, com vermelhidão em torno. Podem aparecer também em genitália e nádegas com menor frequência.

E o diagnóstico?O diagnóstico é basicamente clínico, com o achado das lesões características. A pesquisa viral não é realizada na grande maioria dos serviços, não sendo rotineira em nosso meio, mas pode ser identificado o vírus por sorologia e exame de fezes. A síndrome normalmente é autolimitada, leve, com recuperação completa entre 7 a 10 dias. As complicações são raras, mas pode ocorrer meningite viral.

Como deve ser o tratamento?O tratamento restringe-se a hidratação e alívio dos sintomas. O uso de antitérmicos e anti-inflamatórios pode ser benéfico. Antivirais não são recomendados.

É possível se prevenir?Sim. A prevenção pode ser realizada com a higiene das mãos. Evitar manipular olhos, boca e nariz. Não utilizar utensílios de outras pessoas. Evitar beijos e abraços em pacientes com essa síndrome.

NOVIDADES

Nos últimos dezoito anos, cerca de 3 mil casos de leishmanioses ocorreram só no Estado de São Paulo. Contudo, mesmo com a capilaridade das doenças, um número menor de casos está sendo registrado anualmente. Os dados oficiais apontam que em 2014 foram notificados 141 casos e, em 2017, foram 121. Já o número de óbitos preocupa, em especial pela visceral clássica (quando não tratada).

Para Valdir Amato, membro do Comitê de Medicina Tropical da Sociedade Brasileira de Infectologia e docente da Universidade de São Paulo, até a década de 1970, eram praticamente restritas às regiões Norte e Nordeste, mas a partir de 1980, outras regiões começaram a ter casos autóctones. “Hoje sabemos que se espalhou para o Estado de São Paulo e para todo o restante do Brasil. São doenças que dependem de um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz”, diz Amato.

Além disso, o médico diz que a ecoepidemiologia alerta para uma expansão semelhante a outras doenças como a febre amarela e Zika Vírus. “Hoje já temos casos em regiões periurbanas de grandes cidades e o vetor também se adaptou muito, sobretudo porque se reproduz facilmente, inclusive junto a matérias orgânicas em decomposição”, diz Amato, advertindo ainda que a doença ocorre em animais domésticos, principalmente o cão. “A devida limpeza de ambientes domésticos, incluindo o entorno das casas, telas finas em janelas, uso de coleira com inseticida apropriado ajudam a controlar a disseminação do vetor”, afirma o médico.

Mesmo com um programa muito bem feito de monitoramento, em especial em São Paulo, as leishmanioses têm difícil controle pelas próprias características do vetor assim como de um conjunto de fatores associados, que vão desde a ocupação urbana desordenada até mesmo ao tratamento tardio. “É muito importante estar atento à suspeição diagnóstica e ainda capacitar especialistas, tais como clínicos gerais e dermatologistas, que devem sempre encaminhar a serviços de referência. Isso é fundamental”, finaliza Amato.

MANUAL DE TRATAMENTO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR

MANUAL DE TRATAMENTO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE - LEISHMANIOSE VISCERAL

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“DEVEMOS TER ATENÇÃO MAIOR AO DIAGNÓSTICO PRECOCE DAS LEISHMANIOSES”, DIZ ESPECIALISTA

NOVIDADES

Em 24 de março foi celebrado mais um Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Apesar de evidentes conquistas neste século quanto à incidência da doença em todo o mundo e à constante queda no número de mortes provocadas pela infecção, a tuberculose ainda é uma grande ameaça à saúde da população mundial. A coinfecção, especialmente com o HIV/Aids, e a resistência bacteriana despertam preocupação das autoridades e comprovam que a tuberculose ainda é um desafio que demanda esforço conjunto de agentes de saúde e governantes para ser superada.

A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é tornar a tuberculose uma doença controlada até o ano de 2030. Porém, os dados mais recentes divulgados pela própria OMS mostram que esta é ainda uma meta bastante ambiciosa. Os dados apontam que atualmente a doença ainda provoca 1,7 milhão de mortes, se firmando como a infecção que mais mata no mundo. Dentre estes casos, cerca 374 mil são de pacientes de HIV coinfectados (é a maior preocupação de coinfecção dentre as pessoas que vivem com o HIV).

Brasil e terapia com medicamento 4 x 1

Existe um caminho a seguir, e ele passa pela ampliação da vacinação, a rápida identificação da doença, programas bem estabelecidos de combate e controle da infecção e tratamento assegurado a pacientes e coinfectados, com ênfase à resistência bacteriana. Segundo a OMS, os esforços contra a tuberculose iniciados no ano 2000 já pouparam cerca de 53 milhões de vidas neste século, e a taxa de mortalidade relacionada à doença caiu 37% (a taxa anual de mortandade por tuberculose vem caindo na casa de 3% ao ano).

E quanto ao Brasil? No nosso país, os dados demandam que o sinal de alerta permaneça ligado. O Brasil, segundo a OMS,

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DIA MUNDIAL DE COMBATE À TUBERCULOSE REFORÇA A NECESSIDADE DE AÇÃO GLOBAL CONTRA A DOENÇA

NOVIDADES

apresenta uma incidência de casos superior à média dos países do continente americano. O país tem uma incidência de 42 casos a cada 100 mil habitantes, enquanto a média das Américas é de 27/100 mil habitantes. A cada ano são notificados cerca de 40 mil casos, com 4 mil mortes.

Neste sentido, impossível não citar a bem-vinda chegada do medicamento 4 x 1 ao Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. A combinação de quatro agentes antibióticos no mesmo comprimido facilita a adesão ao tratamento correto e é comprovadamente importante estratégia de combate e controle da tuberculose em suas formas pulmonar e extrapulmonar.

O ambicioso objetivo da OMS é reduzir em 90% as mortes e em 80% a incidência da doença globalmente até 2030. Para alcançar esta meta, a organização lançou este ano a campanha “Líderes Para Um Mundo Livre da Tuberculose”, que busca mobilizar governos e sociedade civil no enfrentamento à doença.

“A epidemia de tuberculose é um problema de saúde pública e temos que saber enfrentá-la. Devemos envolver outros profissionais de saúde e alertar a população sobre os sintomas para que ocorra rapidamente a procura pelos serviços especializados”, diz Olavo Munhoz Leite, coordenador do Comitê de Tuberculose e Doenças Intersticiais da Sociedade Brasileira de Infectologia, ressaltando a importância também do Dia de Mundial de Combate à Tuberculose, realizado no último dia 24 de março.

A coinfecção da tuberculose com o HIV/Aids faz das pessoas que vivem com o HIV formem o grupo com maior vulnerabilidade à doença, além de pessoas em situação de rua e em privação de liberdade. “Temos que rever melhor as estratégias e, em especial, repensar a questão da resistência aos medicamentos antituberculose. Também precisamos despertar uma maior conscientização social”, completa Munhoz Leite.

No dia 23 de março, foi celebrado o Dia Nacional de Enfrentamento do HTLV.

É necessário alertar toda a população, em especial gestantes, sobre esse vírus que infecta os linfócitos T, é transmitido por relação sexual, transfusão sanguínea, transplante de órgãos e amamentação, além de ter uma grande relevância junto à saúde pública.

Hoje no Brasil, há aproximadamente 2,5 milhões de portadores do vírus, sendo as regiões Norte e Nordeste as áreas mais prevalentes, com maior destaque para a cidade de São Luís (MA), com uma taxa de 10/1000 doadores de sangue.

Sabe-se que a cura é inexistente e o tratamento consiste apenas em pacientes sintomáticos, incluindo vitamina D, fisioterapia e pulsoterapia. Contudo, é importante solicitar exames diagnósticos, realizados por meio de sorologia e o confirmatório pelo método Western Blot ou PCR.

Outra necessidade premente de investigação sorológica é que seja feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como quebra importante da cadeia de transmissão.

GRAÇA VIANA, COORDENADORA DO COMITÊ DE HTLV DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA

HTLV NO BRASIL

São Paulo recebeu, no dia 19 de março, o “HIV Clinical Forum”, evento que faz parte da Série Educacional Brasileira, organizado pela “Virology Education”. Durante o evento, dezenas de infectologistas brasileiros e estrangeiros discutiram as principais novidades e atualizações da área, com destaque para os inibidores de integrase.

As interações medicamentosas desta classe de medicamentos foram amplamente debatidas. De acordo com David Back, pesquisador da Universidade de Liverpool e criador do aplicativo de interações medicamentosas “HIV iChart”, os inibidores de integrase dependem de um manejo adequado para amenizar problemas relacionados à interação com outras drogas. “Estatinas, metforminas, antiácidos que contêm cátions polivalentes (p. ex., Mg, Al), suplementos de cálcio, entre outros medicamentos promovem interações e temos que saber administrar bem as doses”, afirmou David Back.

Quanto às terapias duplas (sem INRT), ou triplas com inibidores de integrase, o desafio é ainda maior. “Temos que avaliar sempre muitas informações e principalmente evitar ao máximo os efeitos colaterais”, disse o pesquisador Anton Pozniak, da Universidade de Bristol. O evento na capital paulista ainda teve a participação de Mauro Schechter e Charles Boucher (chairs), José Valdez Ramalho Madruga (coordenador do Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia), Roberta Schiavon Nogueira e Roger Paredes.

Outras quatro capitais brasileiras (Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Rio de Janeiro) também receberam o “HIV Clinical Forum” durante o mês de março.

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‘HIV CLINICAL FORUM’ DISCUTE INIBIDORES DE INTEGRASE E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

NOVIDADES

Foi aprovada a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hepatite C e Coinfecções no âmbito do SUS, assim como a incorporação dos antivirais elbasvir/grazoprevir e sofosbuvir/ledipasvir.

Anteriormente ao ato, o documento foi disponibilizado para consulta pública pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). A Sociedade Brasileira de Infectologia encaminhou um parecer elaborado pelo Comitê de Hepatites Virais, reconhecendo que as estratégias de estabelecimento de linha do cuidado e ampliação do acesso ao tratamento estão equacionadas de forma satisfatória. O material enviado ainda destacou a necessidade prioritária de estratégias de intervenção para a ampliação do diagnóstico, focando-se na busca pelos infectados, sob risco do Brasil não atingir a erradicação da hepatite C até 2030, de acordo com a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A principal alteração no PCDT foi a ampliação do tratamento com antivirais de ação direta para todos os indivíduos com hepatite C crônica, independentemente do grau de fibrose hepática ou da presença de comorbidades. Confira o documento atualizado clicando AQUI.

Está disponível pelo SUS o exame de tipificação do alelo HLA-B*5701 antes de iniciar o uso do antirretroviral abacavir no esquema terapêutico. Para os pacientes que já estejam em uso do medicamento e não apresentaram reação de hipersensibilidade a ele, não há indicação do teste.

“Pensando-se na segurança do paciente, é um importante exame para a investigação de hipersensibilidade ao abacavir, um bom substituto do tenofovir, especialmente naquelas pessoas com doença renal ou perda óssea”, diz José Valdez Madruga, coordenador do Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Mais informações podem ser obtidas através do ofício expedido pelo Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, clicando AQUI.

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FOI APROVADA A ATUALIZAÇÃO DO PCDT PARA HEPATITE C E COINFECÇÕES

SUS OFERECE O TESTE HLA-B*5701 ANTES DA PRESCRIÇÃO DE ABACAVIR

NOVIDADES

Confira algumas das matérias divulgadas na imprensa com consultores da Sociedade Brasileira de Infectologia durante o mês de março/2018!

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SBI NA IMPRENSA

EM FOCO

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Food trucks da capital serão obrigados a oferecer álcool gel para os clientes

Grupo é investigado por omitir presença de Salmonella em carnes

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A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) lançou seu mais novo Programa de Educação Continuada à distância, com o objetivo de estimular o desenvolvimento científico e a atualização dos médicos da especialidade. Ele é constituído por aulas teóricas, elaboradas por grandes especialistas e publicadas periodicamente no site da SBI. Após a publicação da última aula de cada módulo, é liberado um bloco de avaliação com questões de múltipla escolha.

Confira o vídeo de apresentação, com o presidente Sergio Cimerman, clicando na imagem abaixo:

Para acessar ao curso, é necessário ser associado da SBI e fazer o login em nosso website: www.infectologia.org.br.

O primeiro módulo tem o HIV como tema. As aulas e a avaliação já estão disponíveis. Confira os tópicos abordados:

O Novo Protocolo Brasileiro (PCDT) José Valdez Ramalho Madruga

Genotipagem pré-tratamento Tânia R. C. Vergara

Manejo das principais doenças neurológicas oportunistas da AIDSJosé Vidal

Podemos falar da cura do HIV? Estamos perto? Ricardo Diaz

Participe!

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Importantes especialistas vão discutir no dia 12 de maio, em São Paulo, as principais novidades a respeito de HIV e Hepatite C, em especial sobre temas abordados no CROI (Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections), que aconteceu em março, no Estados Unidos.

Durante todo o dia serão debatidos os temais mais atuais dessas duas áreas. De acordo com Roberta Schiavon, uma das coordenadoras científicas do evento, a programação foi bem focada e debaterá novidades. “Queremos aprofundar e discutir as principais atualidades de HIV, PrEP, Hepatite C e também outras infecções sexualmente transmissíveis”, disse ela.

Os temas em destaque são: novas opções terapêuticas para HIV em desenvolvimento (inibidores de maturação, inibidores de capsídeo viral, anticorpos monoclonais entre outros), processo de senescência celular e cura do HIV. Além disso, a evolução dos novos tratamentos para possibilidade de cura da hepatite C.

A III Jornada Pós CROI Contará, inclusive, com a participação da Dra. Adele Benzaken, diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção, e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, e vários outros médicos e pesquisadores.

III JORNADA PÓS-CROI

EM FOCO

Entre os dias 2 e 4 de março, aconteceu em Buenos Aires, na Argentina, o 18th International Congress on Infections Diseases (ICID).

A Sociedade Brasileira de Infectologia teve papel de destaque, como organizadora de uma mesa redonda sobre doenças infecciosas em transplantados, em parceria com a International Society for Infectious Diseases (ISID). Representaram a entidade o seu presidente, Sergio Cimerman, coordenador da atividade, e as palestrantes Wanessa Clemente e Ligia Pierrotti, que abordaram os temas “Infecções parasitárias em transplantes de órgãos sólidos” e “Infecções virais emergentes em transplantes”, respectivamente.

“Mais uma vez, a SBI esteve presente, mostrando seu processo constante de internacionalização em eventos relevantes para a especialidade”, diz Cimerman.

ICID 2018

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EM FOCO

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instituição que integra o Sistema de Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) acaba de lançar o curso “Malária na Atenção Básica à Saúde”. O curso terá carga horária de 60 horas e tem como objetivo ampliar o conhecimento dos profissionais de saúde de nível superior que atuam na atenção básica em regiões endêmicas e não endêmicas para a malária no Brasil. Entre janeiro e novembro do ano passado, o Brasil registrou 174.522 casos da doença, o que ainda preocupa os profissionais de saúde.

Ao todo, são 10 mil vagas disponíveis. O curso conta com recursos educacionais que envolvem modelagem 3D e animação gráfica, que auxiliam na assimilação das principais práticas e conceitos. As inscrições podem ser realizadas até 30 de junho pelo LINK.

UFMG LANÇA CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM MALÁRIA

A Sociedade Latino-Americana de Medicina de Viagem (SLAMVI) vai conceder cinco bolsas de estudo para membros da Sociedade Brasileira de Infectologia interessados em participar do Programa de Formação em Medicina de Viagem para a América Latina. O programa online é composto por quatro cursos, que podem ser realizados em conjunto ou como cursos independentes.

Desde a sua criação, a SLAMVI está empenhada em promover a Medicina de Viagem como disciplina médica na equipe de saúde e também treinar profissionais de saúde, particularmente infectologistas, pediatras e médicos de família para que possam auxiliar ativamente seus pacientes antes de viagens. Para mais informações sobre os cursos e inscrições, clique AQUI.

SORTEIO DÁ BOLSAS DE ESTUDO EM MEDICINA DE VIAGEM

Martín Pérez Junior Maria Raquel Dos Anjos Silva GuimarãesLuis Fernando Waib Luis Enrique Bermejo GalanFrancisco Bernardino da Silva NetoThiago Zinsly Sampaio Camargo Silvia Maria Gomes De Rossi Lucieni Oliveira ConternoDimas Kliemann José Ricardo Mourão Araújo

INFORMAMOS LISTAGEM DOS ASSOCIADOS DA SBI SORTEADOS COM INSCRIÇÃO GRATUITA PARA O MEETING THE EXPERTS – DOENÇAS INFECCIOSAS E HEPATITES:

EM FOCO

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Hélio Ranes de Menezes FilhoHerbert José Fernandes Juliana de C. Fenley Luiza Gomes NetaLuísa Andréa Tôrres Salgado Marcio Rodrigues de CastroGuilherme HennNélio Artiles FreitasWilly Hiraga Camila Aparecida Ribeiro

Mais informações:

(11) 3056 6000 – ramal [email protected]

www.infectosul.com.br

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EM FOCO

Esta é a segunda edição de um evento que celebra a parceria entre o lado “engenheiro” das empresas atuantes no desenvolvimento e manutenção de áreas limpas em ambientes fechados e o lado “médico” das práticas hospitalares relacionadas à assistência à saúde.

Trata-se, portanto, de uma interessante jornada multiprofissional e interdisciplinar, além de contar com representantes de vários serviços e diferentes áreas de atuação. Para inscrições, clique AQUI.

Associados da SBI têm desconto!

NO BRASIL

III JORNADA PARANAENSE DE ANTIMICROBIANOSData: 06 e 07/04/2018Local: Aurora Shopping – Londrina (PR)Informações: [email protected]

II JORNADA DE CONTROLE DE CONTAMINAÇÃO EM ÁREAS HOSPITALARESData: 12/04/2018Local: Instituto de Infectologia “Emílio Ribas” – São Paulo (SP)Informações: https://www.sbcc.com.br/

IMUNIZAÇÃO NO SÉCULO 21: LIMITES E POSSIBILIDADESData: 12/04/2018Local: Museu Biológico do Instituto Butantan – São Paulo (SP)Informações: http://100anosgripeespanhola.tmp.br/

ATUALIZAÇÃO EM INFLUENZA: 100 ANOS DA GRIPE ESPANHOLAData: 13/04/2018Local: Instituto de Infectologia “Emílio Ribas” – São Paulo (SP)Informações: [email protected]

MEETING THE EXPERTS – DOENÇAS INFECCIOSAS E HEPATITESData: 29/04 a 01/05/2018Local: Renaissance São Paulo Hotel – São Paulo (SP)Informações: http://meetingtheexperts.com.br/

III HEPATO FORTALEZAData: 11 e 12/05/2018Local: Seara Praia Hotel – Fortaleza (CE)Informações: http://www.hepatofortaleza2018.com.br/

III JORNADA DE ATUALIZAÇÃO PÓS-CROIData: 12/05/2018Local: Transamerica Prime International Plaza – São Paulo (SP)Informações: http://www.atualizandose.com.br/

VII ATUALIZAÇÃO EM MICROBIOLOGIA CLÍNICAData: 26/05/2018Local: Associação Bahiana de Medicina (ABM) – Salvador (BA)Informações: http://www.abmeventos.org.br/evento/vii-atualizacao-em-microbiologia-clinica/ficha-inscricao.cfm

XV FÓRUM INTERNACIONAL DE SEPSEData: 31/05 e 01/06/2018Local: Centro de Convenções Frei Caneca - São Paulo (SP) Informações: http://www.forumsepse.com.br

III JORNADA DE INFECTOLOGIA DA SIESData: 07 a 09/06/2018Local: Auditório da Fecomércio – Vitória (ES)Informações em breve!

11° HEPATOAIDSData: 14 a 16/06/2018Local: Hotel Maksoud Plaza - São Paulo (SP)Informações: http://www.hepatoaids.com.br

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NO MUNDOSHEA SPRING 2018Data: 18 a 20/04/2018Local: Portland, EUAInformações: http://sheaspring.org/

EASL – THE INTERNATIONAL LIVER CONGRESS 2018Data: 11 a 15/04/2018Local: Paris, FrançaInformações: http://ilc-congress.eu/

28TH EUROPEAN CONGRESS OF CLINICAL MICROBIOLOGY AND INFECTIOUS DISEASES (ECCMID 2018)Data: 21 a 24/04/2018Local: Madri, EspanhaInformações: http://www.eccmid.org/

HIV & HEPATITIS IN THE AMERICAS 2018Data: 19 a 21/04/2018Local: Cidade do México, MéxicoInformações: http://hivhepamericas.org/

36TH ANNUAL MEETING OF THE EUROPEAN SOCIETY FOR PAEDIATRIC INFECTIOUS DISEASES (ESPID 2018)Data: 28/05 a 02/06/2018Local: Malmö, SuéciaInformações: http://espidmeeting.org

ASM MICROBE 2018Data: 07 a 11/06/2018Local: Atlanta, EUAInformações: https://www.asm.org/index.php/asm-microbe-2018

VI CONGRESO CENTROAMERICANO Y DEL CARIBE DE INFECTOLOGÍA (ACENCAI)Data: 13 a 16/06/2018Local: San José, Costa RicaInformações: https://www.acencai2018.com

20TH SYMPOSIUM ON INFECTIONS IN IMMUNOCOMPROMISED HOSTData: 17 a 19/06/2018Local: Atenas, GréciaInformações: https://ichs2018.com

PRÓXIMOS EVENTOS

EXPEDIENTE

Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)Rua Domingos de Morais, 1.061/cj. 114Vila Mariana - CEP 04009-002(11) 5572-8958 / (11) 5575-5647e-mail: [email protected]

Presidente: Sergio CimermanVice-presidente: J. Samuel Kierszenbaum1ª Secretário: José David Urbaéz Brito 2º Secretário: Alberto Chebabo 1º Tesoureiro: Marcos Antônio Cyrillo2º Tesoureira: Maria do Perpétuo Socorro Costa Corrêa Coordenador Científico: Clóvis Arns da Cunha Coordenador de Informática: Kleber Giovanni LuzCoordenadora de Comunicação: Lessandra Michelin

Assessor da Presidência: Leonardo WeissmannSecretária: Givalda Guanás

Produção do Boletim SBI: Primeira Letra - Gestão de Conteúdo

Contato: [email protected]

Jornalista Responsável: Danilo Tovo - Mtb. 24585/SP

Design Gráfico e Diagramação: Juliana Tavares Geraldo

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