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Março - 2017

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Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

Secretário: Sérgio Luís de Carvalho Xavier Secretário Executivo: Carlos André Vandelei Vasconcelos

Cavalcanti

Agência Estadual de Meio Ambiente

Presidente: Simone Nascimento Souza Diretor de Recursos Florestais: Tiago da Silva Brito

Equipe técnica

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

Coordenação: Carlos André Vandelei Vasconcelos Cavalcanti

Andrea Olinto

Durázio Siqueira

Eliane Basto

Giannina Cysneiros

Luiz Costa

Rodolfo J. V. Araújo

Sidney Vieira

Verônica Lima

Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH

Coordenação: Liana Melo

Carlos Mororó

Maíra Braga

Raoni Luna

Samanta Della Bella

SECRETARIA D E MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Av.Rosa e Silva,1339, Bairro Jaqueira, CEP: 52.050-020, Recife, PE, Brasil Telefone (81) 31847901/89

www.semas.pe.gov.br

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Proposta de Criação da Área de Proteção Ambiental Marinha Recifes Serrambi

Serrambi (em Tupi): variedade de conchas (carapaças de moluscos marinhos bivalves de diversos tipos).

1. Contexto

A Zona Costeira de Pernambuco instituída pela Lei n.º 14.258/2010, estende-se do município de Goiana,

ao norte, no limite com o Estado da Paraíba, até o município de São José da Coroa Grande, ao sul, na

divisa com o Estado de Alagoas. Possuindo uma costa de 187 km de extensão, abrange uma faixa marítima

de 12 milhas náuticas (considerada mar territorial) e uma faixa terrestre composta por 21 municípios

costeiros (figura 1), onde se concentra uma população de 3.921.857 habitantes (IBGE, 2010).

Nessa zona costeira encontra-se uma multiplicidade de ecossistemas produtivos e ricos em biodiversidade,

que incluem segmentos de planícies recobertas por coqueirais, remanescentes da Mata Atlântica, estuários

com extensos manguezais, croas, ilhas, restingas, recifes de arenitos e de corais. Além disso, a

bioconectividade entre o ambiente recifal, o ecossistema manguezal e pradarias de fanerógamos ocorrentes

na área muito contribuem para a reprodução de espécies marinhas e aumento dos estoques pesqueiros.

Figura 1 – Zona Costeira: área proposta para APA Marinha. Fonte – Ag. CONDEPE / FIDEM.

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No entanto, as pressões humanas nos ambientes marinhos tem provocado efeitos negativos recorrentes,

como a perda de biodiversidade e habitats (áreas entremarés, restingas, manguezais - incluindo os apicuns,

lavados e salgados, recifes de corais, entre outros) e, consequentemente, provocando diminuição dos

recursos naturais, declínio da pesca comercial e artesanal, poluição de praias, aumento dos processos

erosivos, entre outros danos (MMA, 2008).

No litoral sul de Pernambuco é crescente o número de pessoas que buscam desfrutar de sua grande

beleza paisagística e riqueza sociocultural, além da sua exuberante biodiversidade, destacando-se como

um importante polo turístico do Estado. Por outro lado, ao longo dos anos, foram instalados diversos

empreendimentos imobiliários, como condomínios, resort e redes hoteleiras, além de outros equipamentos

de grande porte, como o Complexo Industrial Portuário de Suape, impondo a coexistência destes com

atividades pesqueiras, turísticas, de esportes náuticos, entre outras (Figura 2). Esses conflitos provocam

forte pressão sobre ambientes marinhos, complexos e ao mesmo tempo vulneráveis, apontando para um

cenário que evidencia a necessidade da intervenção do poder público, no sentido de proteger e ordenar os

usos nessas áreas.

Figura 2 – Vista aérea de áreas do litoral sul: (a) Ipojuca; (b) Sirinhaém. Fonte – CPRH, 2013.

Nesse sentido, a implantação de Unidades de Conservação pelo Poder Público constitui um importante

instrumento para proteger espécies da fauna e flora, garantindo a manutenção e a conservação in situ da

biodiversidade e a conectividade dos ecossitemas. Esse processo, contando com o envolvimento das

comunidades locais e da sociedade de uma forma geral, torna possível proteger e conservar a diversidade

biológica e preservar os recursos genéticos, utilizando seus componentes de forma sustentável, como

expressam os objetivos do Art. 4° da Lei Estadual n° 13.787 de 08 de junho de 2009, que institui o Sistema

Estadual de Unidades de Conservação – SEUC.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei n.º 9.985 de 18 de julho de

2000) e o SEUC, uma Unidade de Conservação é entendida como um “espaço territorial e seus recursos

ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído

pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de

administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.

Destaca-se, no Litoral Sul, a existência de algumas Unidades de Conservação (UCs) abrangendo áreas

marinhas, costeiras, estuarinas e de Mata Atlântica, formando-se um complexo de UCs, que podem vir a

ser geridas futuramente na perspectiva de mosaico (Figura 3). Constituem esse complexo as UCs

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Estaduais APA de Guadalupe, APA de Sirinhaém e as APAs Estuarinas dos Rios Sirinhaém e Maracaipe

(Ipojuca / Sirinhaém); do Rio Formoso (Sirinhaém / Rio Formoso); do Rio Carro Quebrado (Barreiros) e do

Rio Una (Barreiros / São José da Coroa Grande); as UCs Federais APA Costa dos Corais e a RPPN Nossa

Senhora do Oiteiro de Maracaípe (particular, de reconhecimento federal); além do Parque Natural

Municipal do Forte de Tamandaré (Tamandaré).

Figura 3 – Unidades de Conservação no entorno da área proposta para a APA Marinha Recifes Serrambi. Fonte – Ag.

CONDEPE / FIDEM; SEMAS, 2017.

Nesse contexto, objetivando compatibilizar a conservação ambiental marinha e os usos diretos e indiretos

de modo sustentável desses recursos, bem como garantir o usufruto para as gerações presentes e futuras,

a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) e a Agência Estadual de Meio

Ambiente (CPRH), apresentam esta proposta de criação da Unidade de Conservação - Área de Proteção

Ambiental Marinha Recifes Serrambi. Trata-se da primeira Unidade de Conservação Marinha do Estado de

Pernambuco, que busca atender à necessidade premente de maior proteção da zona marinha do estado,

alinhada à execução das políticas ambientais do Governo de Pernambuco, no esforço para promover o

desenvolvimento sócio-econômico sustentável e a conservação dos ecossistemas mais representativos,

mediante a criação e implementação de Unidades de Conservação.

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2. A Área de Proteção Ambiental – APA Marinha Recifes Serrambi

2.1 Localização e Limites

A área proposta para a criação da Unidade de Conservação APA Marinha Recifes Serrambi está inserida no

litoral sul de Pernambuco, com aproximadamente 78.000 ha na porção marinha, corresponde à faixa média de

18 milhas náuticas (cerca de 33km) a partir da linha de costa (estabelecida pelo Decreto Estadual n.º

42.010/2015), até a isóbata de 500m, se estendendo desde o estuário do rio Maracaípe (limite Norte) até o limite

Norte da APA Costa dos Corais (limite sul), contígua com a zona marítima da APA de Guadalupe, tendo em seu

entorno os municípios de Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso e Tamandaré (Figuras 4 e 5)

Figura 4 – Área de abrangência proposta para a APA Marinha Recifes Serrambi plotada sobre imagem Google Earth.

Fonte – SEMAS / GERCO-PE e CPRH, 2017.

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Figura 5 – Municípios relacionados com a área da APA Marinha Recifes Serrambi. Fonte – CONDEPE / FIDEM; CPRH /

SMEAS.

2.2 Objetivos

I. Proteger a biodiversidade do ambiente marinho, considerando suas características e dinâmicas

ecossistêmicas, com ênfase nas espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção;

II. Garantir a conectividade entre os diversos ambientes marinhos e costeiros, visando a conservação

da biodiversidade e recuperação dos estoques pesqueiros;

III. Garantir a conservação do ambiente recifal, com sua fauna, flora, formação geológica e funções

ecossistêmicas;

IV. Ordenar os diversos usos do ambiente costeiro e marinho, tais como as atividades pesqueiras, as

atividades náuticas e demais atividades econômicas, desde que compatíveis com a conservação

ambiental;

V. Assegurar e disciplinar o uso dos recursos naturais, com ênfase na pesca artesanal, turismo

sustentável e manejo de áreas para a conservação e preservação;

VI. Incentivar as atividades de produção e sistematização de conhecimentos, conservação e

monitoramento ambiental, com inclusão social e envolvimento dos diversos segmentos;

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VII. Garantir a manutenção da paisagem do ambiente costeiro e marinho.

2.3 Justificativa

A proposta de criação da Unidade de Conservação APA Marinha Recifes Serrambi está fundamentada,

sobretudo, na conservação dos ambientes naturais marinhos e na mediação dos conflitos de usos já

observados na área em questão, entre os quais destacam-se a perda de praia recreativa devido ao avanço

das construções, veículos motorizados na faixa de areia, tráfego de lanchas e moto aquáticas de forma

desordenada, pondo em risco a integridade física dos banhistas, além do pisoteamento dos corais e da

pesca predatória, constituindo ameaça à biodiversidade marinha.

Portanto, trata-se de uma ação do Poder Público que visa atender à urgente demanda social, econômica e

ambiental observada nessa área, ao mesmo tempo cumprindo com o seu dever constitucional de garantir

um meio ambiente ecologicamente equilibrado, defendendo-o e preservando-o para as presentes e futuras

gerações.

É importante destacar que as características da área proposta para criação da APA Marinha Recifes

Serrambi se enquadram nos critérios adotados no documento do MMA - “Áreas Prioritárias para a

Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”, que dentre as

suas diretrizes, estabelece a que “as áreas marinhas devem ser criadas e geridas visando à conservação

da biodiversidade e à recuperação dos estoques pesqueiros”.

Em relação aos aspectos geomorfológicos, a área objeto da Unidade de Conservação é caracterizada pela

presença de recifes de arenito (beach rocks), que formam até 3 linhas paralelas à costa, e recifes orgânicos

(coralinos e algálicos), que apresentam morfologia irregular e localizam-se próximo à praia, ocorrendo de

forma mais expressiva nos trechos entre as praias de Porto de Galinhas e Ponta de Serrambi (CPRH,1999).

De acordo com o Atlas Recifes de Corais em Unidades de Conservação Brasileira (MMA/SBF, 2003), “os

recifes coralíneos são considerados o ecossistema marinho de maior biodiversidade do mundo, tanto em

âmbito local quanto em âmbito regional e global”. Constam como ecossistema prioritário em diversos atos e

convenções internacionais, a exemplo da Convenção de Zonas Úmidas de Importância Internacional

(Convenção RAMSAR). Os recifes coralíneos foram ainda considerados, no relatório Revisão Global das

Prioridades para Inventário de Zonas Úmidas e dos Recursos Provindos dessas Áreas, como um dos

ecossistemas mais vulneráveis do planeta, ameaçado por perda e degradação de habitat. Nesse

documento sugere-se que sejam adotadas providências urgentes para assegurar a conservação e uso

racional desses ambientes.

Do ponto de vista biológico, a área objeto da Unidade de Conservação apresenta ecossistemas marinhos

costeiros tropicais que são considerados um dos mais ricos do planeta, por conta da grande diversidade de

vidas que abriga nos seus diversos ambientes, como os recifes costeiros, recifes profundos, pradarias de

fanerógamas e estuários, constituindo um mosaico de grande importância para diversas espécies marinhas

que durante o seu ciclo de vida se desenvolvem em diferentes ambientes, demonstrando assim uma

interconectividade (FERREIRA & MAIDA, 2006; FALCÃO, 2012). Ray & Grassle (1991) referem-se aos

ecossistemas marinhos costeiros tropicais como os mais ricos e, ao mesmo tempo, os menos conhecidos

do planeta, sobretudo no que se refere à biodiversidade.

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É importante destacar, ainda, que a criação da APA Marinha Recifes Serrambi irá garantir, a partir da

conectividade entre as áreas marinhas adjacentes protegidas, o livre fluxo de organismos durante o seu

ciclo biológico. Segundo Silva (2014) a conectividade entre as UCs é de grande importância para

biodiversidade marinha, pois permite a bioconectividade, ou seja, o livre curso dos indivíduos entre os

ambientes costeiros e marinhos (Figura 5).

Figura 5 – Esquema ilustrando a conectividade entre os prados de Fanerógamos, manguezais, recifes de corais e a

quebra da plataforma continental. Fonte – Modificado a partir de Mumby et al. Peter Mumby.

A conectividade pode ser definida como corredores ecológicos ou ligações entre habitats adjacentes.

Dessa modo, a conectividade dentro e entre áreas protegidas é importante para manter a diversidade, os

estoques de peixes e especialmente para manter a resiliência ecológica (GREEN at al, 2014).

Nesse contexto, destaca-se a relevância das formações recifais para a conservação da vida marinha. Tal

importância pode ser ilustrada a partir de estudos de Floeter et al. 2001, que citam a ocorrência no Brasil, de

cerca de 500 espécies de peixes associados às formações recifais e com alto grau de endemismo, o que

caracteriza os recifes brasileiros como áreas prioritárias para conservação. Ao mesmo tempo os

ecossistemas recifais encontram-se cada vez mais vulneráveis, devido aos impactos causados pelas

mudanças climáticas, poluição e sobre-explotação, que ameaçam a biodiversidade destes ambientes, como

a ictiofauna recifal.

Vale salientar que a Portaria n.° 9/2007 do Ministério do Meio Ambiente indica esses ambientes como Áreas

Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira

(Figura 6), considera a zona costeira como de extrema importância biológica e estabelece como uma de

suas diretrizes que “as áreas marinhas devem ser criadas e geridas visando à conservação da

biodiversidade e à recuperação dos estoques pesqueiros” (MMA, 2007). Estes indicativos são

corroborados, no âmbito estadual, pelo Atlas da Biodiversidade (SECTMA, 2002).

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Figura 6 – Mapa das Áreas prioritárias para a conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da

biodiversidade brasileira. Fonte – MMA, 2007.

Outra importante ferramenta que subsidia as ações do Poder Público na Zona Costeira é o Macrodiagnóstico da

Zona Costeira e Marinha - MACRO, instrumento de gestão do território que reúne informações em escala

nacional sobre as características físico-naturais e socioeconômicas da costa. Sua finalidade é orientar ações de

planejamento territorial, conservação, regulamentação e controle dos patrimônios natural e cultural, servindo

também como um referencial teórico para diferentes segmentos da sociedade que atuam na Zona Costeira, além

de apoio para elaboração de estudos e pesquisas (MMA, 2008).

O MACRO destaca a importância da conservação da biodiversidade costeira e marinha e em relação à

diversidade de espécies, inclindo as que compõem os estoques pesqueiros (peixes, crustáceos, moluscos e

algas), além dos corais e espécies de mamíferos, aves e quelônios. Merece destaque os mamíferos da ordem

Sirenia, onde, no mundo inteiro, há registro de apenas quatro espécies, das quais duas ocorrem no Brasil, sendo

apenas uma delas marinha - o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), mamífero aquático mais ameaçado do

Brasil, que ocorre no litoral pernambucano (Figura 7).

Figura 7 - Mapa Macrodiagnóstico da Zona Costeira Marinha / Biodiversidade. Fonte – MMA, 2008.

Vale destacar ainda que a criação da APA Marinha Recifes Serrambi corrobora também para o atendimento

à meta estabelecida na Convenção de Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário. Esta Convenção

é um tratado da Organização das Nações Unidas voltado para a conservação e proteção da biodiversidade

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e objetiva viabilizar até 2020 um percentual mínimo de 10% das zonas costeiras e marinhas conservadas

em áreas protegidas e geridas com eficácia e equidade, por meio de sistemas ecologicamente

representativos. Esta decisão segue o reconhecimento mundial da importância dos ecossistemas costeiros

e marinhos como fonte de recursos pesqueiros, outros recursos vivos e minerais, manutenção do clima,

proteção da costa, controle de inundações, usos recreativos, turísticos, paisagísticos, dentre outros.

Diante disso, a criação da APA Marinha Recifes Serrambi mostra-se como necessária e imprescindível para

fomentar o planejamento e gestão ambiental voltados à sustentabilidade dos recursos naturais desse

ambiente marinho pernambucano e, sobretudo, garanti-los para as presentes e futuras gerações.

2.4 Justificativa da Categoria

De acordo com o SEUC (Lei Estadual n.º 13.787/2009) a categoria Área de Proteção Ambiental (APA) é

uma Unidade de Conservação de uso sustentável, constituída por área em geral, extensa, com certo grau

de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente

importantes para a qualidade de vida e o bem estar das populações humanas. A referida Lei apresenta, em

seu Art. 15, que os objetvos básicos dessa categoria são proteger a diversidade biológica e os recursos

hídricos, disciplinar o processo de ocupação do solo, preservar paisagens notáveis e assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

A área proposta para a APA Marinha Recifes Serrambi delimita um território de importância regional, onde

se faz necessário fomentar o planejamento e gestão ambiental voltados à sustentabilidade. Considerando a

vulnerabilidade e fragilidade do ambiente marinho e a presença de diversos usos consolidados, tais como a

pesca, o turismo e o lazer, a compatibilização destes usos com a proteção do ecossistema marinho e

costeiro é de fundamental importância para o desenvolvimento da região.

Esses aspectos levam à inviabilização de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, uma vez que

existem usos diretos de recursos naturais, ou seja, existem atividades humanas que obtêm serviços e

benefícios da natureza com apropriação e/ou consumo dos recursos naturais, a exemplo da pesca, além da

forte ocorrência da atividade de turismo e veraneio. Isso ratifica a necessidade de ações de disciplinamento

e ordenamento dos diversos usos, os quais não poderão ser proibidos, mas compatibilizados com os

objetivos de conservação da área.

Assim, dentre as categorias de Uso Sustentável, a categoria APA mostrou-se a mais adequada. A

implantação desta Unidade de Conservação deverá promover o zoneamento e ordenamento dos diversos

usos, além de viabilizar medidas mitigadoras para as pressões antrópicas consideradas degradadoras e/ou

impactantes ao ecossitema marinho e costeiro, criando e desenvolvendo mecanismos que garantam a

conservação da biodiversidade e o desenvolvimento local sustentável.

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Referências

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