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Revista Mensal • 2 Euros Entrevista com Ana Umbelino, vereadora da Câmara Municipal de Torres Vedras: “A importância de um acontecimento não se medenos seus efeitos imediatos mas na duração das suas repercussões” Marcelo Rebelo de Sousa visitou o EMCDDA: “Não podemos deixar que os bons resultados das políticas públicas provoquem uma diminuição da importância do tema da droga” Julho2019 Diretores das agências nacionais de combate às drogas reúnem-se em Lisboa

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Page 1: Marcelo Rebelo de Sousa visitou o EMCDDA: “Não podemos ......5 Marcelo Rebelo de Sousa “Queria agradecer este convite, que foi formulado há uma, duas, três… várias vezes…

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Euro

s

Entrevista com Ana Umbelino, vereadora da Câmara Municipal de Torres Vedras:

“A importância de um acontecimento não se medenos seus efeitos imediatos mas na

duração das suas repercussões”

Marcelo Rebelo de Sousa visitou o EMCDDA:“Não podemos deixar que os bons resultados

das políticas públicas provoquem uma diminuição da importância do tema da droga”

Julho2019

Diretores das agências nacionais de combate às drogas reúnem-se

em Lisboa

Page 2: Marcelo Rebelo de Sousa visitou o EMCDDA: “Não podemos ......5 Marcelo Rebelo de Sousa “Queria agradecer este convite, que foi formulado há uma, duas, três… várias vezes…

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Que lições devemos tirar sobre a “Descriminalização das Drogas em Portugal”…

FICHA TÉCNICA Propriedade, Redacção,Direcção e morada do Editor: News-Coop - Informação e Comunicação, CRL; Rua António Ramalho, 600E; 4460-240 Senhora da Hora Matosinhos; Publicação periódica mensal Registada na ERC com o nº 124 854. NIPC. 507 932 161.

Tiragem: 12000 exemplares. Contactos: 220 966 727 / 916 899 539; [email protected];www.dependencias.pt Director: Sérgio Oliveira Editor: António Sérgio Administrativo: António Alexandre

Colaboração: Mireia Pascual Produção Gráfica: Ana Oliveira Impressão: Multitema, Rua Cerco do Porto, 4300-119, tel. 225192600 Estatuto Editorial pode ser consultado na página www.dependencias.pt

Eu penso que deveríamos tirar algumas conclusões sobre a descriminalização das drogas em Portugal…

É muito fácil falar hoje do “Modelo Portu-guês” e da estratégia nacional que revolucio-nou o mundo sem considerar as dificulda-des de um tempo nebuloso e difícil, que mar-cava a intervenção política face ao comple-xo problema da droga e da toxicodependência em Portugal, na Europa e no mundo.

Quando, em 1999, por iniciativa do então Primeiro-Ministro, hoje Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, através do Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro José Sócrates, se definiram os princípios, os ob-jectivos, e as opções estratégicas que deve-riam nortear as acções e as intervenções fu-turas, estávamos muito longe de imaginar o significado e o interesse internacional que a ENLCD viria a assumir.

Estamos a falar de um instrumento saí-do de um profundo e prolongado debate pú-blico, que elegia como objectivo orientar as políticas para um difícil combate, que envol-via um gigantesco poder financeiro e uma grande ameaça à saúde pública e à coesão social. Falamos igualmente de um docu-mento histórico, que foi capaz de virar a pági-na na estruturação de uma política global face ao problema da droga e da toxicode-pendência.

20 anos passaram desde que foram im-plementados os principais pilares em que assentava a ENLCD. Não me canso de refe-rir, um instrumento orientador fundamental das políticas públicas de uma luta contra a droga sustentada no princípio do pragmatis-mo e do humanismo. No fundo, deixou de se lutar contra a droga e passou-se a lutar a fa-vor dos que com ela sofrem…

Esta notável visão de privilegiar a dimen-são humana, utilizando as novas tecnologias e o conhecimento científico, veio demonstrar alguns resultados alcançados desde 2001, tal como referiu Marta Temido ministra da saúde:

“Estabilização do consumo entre adoles-centes, com um pequeno aumento ao longo da vida nos adultos, mantendo-se o consu-mo de drogas abaixo da média europeia. Re-dução muito significativa do número de con-sumidores problemáticos. Redução signifi-cativa na prevalência de consumo por via en-dovenosa; Redução significativa de novas

infeções por VIH entre utilizadores de dro-gas, de quase 1.800 casos, em 1999, para 18, em 2017; Redução do número de overdo-ses, hoje dos mais baixos no espaço Euro-peu; Redução do estigma associado ao con-sumo de drogas; Decréscimo dos consumi-dores infratores no sistema judicial.”

“O modelo português, de que nos orgu-lhamos e que tanto interesse tem suscitado a nível internacional, tem uma das suas mar-cas na existência de uma estrutura nacional de coordenação única para os problemas da droga”, disse Marta Temido.

Apoio e aplaudo o que disse a ministra da saúde e acrescento que também deveria dizer que o modelo português tem por base uma estratégia, um novo paradigma que é a descriminalização, uma coordenação nacio-nal, mas também a implementação de um serviço dedicado à execução das políticas de forma integrada.

Tenho ouvido tanta gente a falar do su-cesso desta política, esquecendo os moti-vos, os fundamentos, os seus autores e acto-res, os profissionais que enfrentaram tantas adversidades e críticas, e muitos “velhos do restelo” que se opunham à mais revolucioná-ria das medidas alguma vez pensada e pre-conizada no sector da saúde…

O modelo português continua a ser moti-vo de análise, reflexão, estudo e estratégia para um mundo que reconhece que o prag-matismo, a centralidade no cidadão, a quali-dade e certificação, a articulação com as es-truturas territoriais, as abordagens integra-das ou a optimização dos recursos são as ideias base deste grande manifesto que se opõe aos fundamentalismos cegos e aos

desígnios da “guerra, loucura e morte”, infe-lizmente ainda protagonizada em algumas partes do mundo, num combate desigual in-capaz de distinguir o consumo, que é e conti-nuará a ser um problema de saúde, com o tráfico de drogas, manifestamente um crime publico…

Portugal continua a servir de exemplo para todo o mundo, não só pelo que fez, mas como o fez, criando e complementando as respostas. Através de medidas estruturan-tes, como a definição de respostas integra-das na área dos comportamentos aditivos e dependências. É notável a forma como o nosso país tomou a dianteira na estratégia de implementação das respostas aos pro-blemas dos comportamentos aditivos e nas dependências com ou sem substância.

O IDT, utilização que faço da sigla para homenagear os seus autores e actores, sou-be liderar e protagonizar esse grande com-bate contra a burocratização e o estigma que se vivia neste sentido misto de recentes e longínquos anos em que a droga e a toxi-codependência era a grande preocupação dos portugueses.

Os dados mostram que a estrutura de descriminalização da droga em Portugal foi um grande sucesso, porque foi construída por homens e mulheres de fibra, com estru-tura, estatuto e sentido de Estado, que muda-ram o paradigma, que construíram as res-postas e que esperam há oito anos que o Mi-nistério da Saúde defina, finalmente, um mo-delo que acompanhe as novas realidades e preocupações nos comportamentos aditi-vos.

Há oito anos que os profissionais assis-tem com preocupação á desqualificação, fragmentação, degradação e decadência dos serviços.

São, na verdade, muitos anos de espera… não que apareça um qualquer D. Sebastião mas para que o governo tenha a coragem de tomar uma medida que honre e orgulhe o le-gado da equipa de António Guterres e repo-nha em funcionamento o modelo de organi-zação que acompanhe as novas realidades e faça justiça a esse notável documento de que todos nos orgulhamos, “O modelo portu-guês”. É agir agora ou desperdiçar futuro…

Sérgio Oliveira, director

Errata: Por lapso a edição anterior foi publicada com a data de Julho em vez de Junho. Pelo facto pedimos desculpa.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou, no dia 10 de julho, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodepen-dência (EMCDDA), com o intuito de tomar conhecimento do trabalho realizado pela agência europeia e das últimas tendências e desenvol-vimentos da situação da droga na Europa. Esta foi a primeira visita do Presidente ao EMCDDA desde que assumiu o cargo.

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu um briefing do Diretor do EMCD-DA, Alexis Goosdeel, sobre as principais conclusões do Relatório Euro-peu sobre Drogas 2019 apresentado no dia 6 de Junho e sobre a situa-ção das Drogas em Portugal. Durante a visita, o Chefe do Estado en-controu-se com membros do pessoal da agência e inteirou-se sobre os seus projetos e principais desafios. João Goulão, representante de Portugal no Conselho de administração do Observatório, também es-teve presente no evento.

O  Observatório  fornece à União Europeia e aos seus Estados--Membros “informações factuais, objectivas, fiáveis e comparáveis a nível europeu sobre a droga e a toxicodependência e respectivas con-sequências” oferecendo uma base de evidências sobre os problemas europeus para informar a elaboração de políticas e intervenções. Além de monitorizar a situação atual das drogas, a agência gere me-canismos de alerta rápido que permitem identificar e agir sobre amea-ças emergentes.

Marcelo Rebelo de Sousa alertou que “em política, quando as polí-ticas correm bem, deixam de ser motivo de preocupação”, sustentan-do que “não podemos deixar que os bons resultados das políticas pú-

blicas nestes últimos 20 anos provoquem uma diminuição da impor-tância do tema da droga na agenda política. Nunca nada está definiti-vamente ganho. É preciso que os países da UE continuem a investir no conhecimento e na informação para sustentar intervenções eficazes, que contribuam para reduzir os danos sociais do consumo e do tráfico de droga. Esse esforço deve ser feito coletivamente, porque só em conjunto os países da UE conseguirão enfrentar um problema que está cada vez mais sofisticado”.

Ao apresentar a estratégia 2025 da agência, Alexis Goosdeel sa-lientou que “o Observatório contribui para uma Europa mais saudável e mais segura, através de uma política e acção em matéria de droga melhor informadas. Trabalhando com decisores políticos e profissio-nais dos domínios da saúde e da aplicação da lei, fornecemos evidên-cias para sustentar a tomada de decisões que afetam os cidadãos eu-ropeus, particularmente aqueles tocados pelo uso e tráfico de drogas. Continuaremos a enriquecer o nosso sistema de monitorização com novas fontes e técnicas de recolha de dados para nos ajudar a acom-panhar as novas tendências e desenvolvimentos”.

O EMCDDA foi criado em 1993 face ao consumo crescente de dro-ga na Europa e à necessidade de informação independente, com base científica, para ajudar os países da UE a compreenderem a natureza dos seus problemas relacionados com a droga e a responder melhor aos mesmos. Após a realização de diversas tarefas preliminares de monitorização, a agência começou a funcionar em Lisboa em 1995. Em 2020, celebrará 25 anos de monitorização.

Marcelo Rebelo de Sousa visitou o EMCDDA:

“Não podemos deixar que os bons resultados das políticas públicas provoquem uma diminuição da importância do tema da droga”

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Marcelo Rebelo de Sousa

“Queria agradecer este convite, que foi formulado há uma, duas, três… várias vezes… e a culpa é minha, porque estava à espera do mo-mento óptimo… E não há momentos óptimos. Até que, um dia, disse: vamos criar o momento óptimo. E criámos!

Este Observatório é muito importante para a Europa mas é tam-bém muito importante para Portugal, tal a ligação constante que foi possível estabelecer entre Portugal, o Observatório e a União Euro-peia. E queria saudar esta liderança, que é europeia mas é portu-guesa. Ao fim de 20 anos a viver em Portugal, já conhece os portu-gueses por fora e por dentro e já merece nacionalidade honorária portuguesa…

Quando, há pouco, começámos por uma imagem do Casal Vento-so, lembrei-me que a minha mãe era assistente social e trabalhava na-quele local e que me levava, com 5, 6, 7 anos para o Casal Ventoso. Era uma pessoa muito corajosa, forte física e psiquicamente. Quem aqui é mais velho, lembra-se dos bairros de lata em Lisboa, que desa-pareceram na altura em que eu era autarca em Lisboa. O Presidente Jorge Sampaio era Presidente da Câmara e eu liderava a oposição mas trabalhávamos em conjunto… Isso foi há 20 anos e, nessa altura, havia essa realidade na cintura e, às vezes, no meio de Lisboa.

Portugal fez, neste domínio, uma aceleração, um avanço especta-cular em termos europeus e mundiais. Isso aconteceu a partir dos anos 80 mas, sobretudo, nos anos 90 e na viragem do século. Por isso, o exemplo português, em termos de visão de saúde pública, da prevenção, de consenso nacional sobre as políticas públicas no domí-nio da toxicodependência, foi um exemplo na Europa. Porque, da direi-ta à esquerda, houve um consenso nacional e os governos mudavam e a política continuava. E, muitas vezes, amigos meus europeus pergun-tavam-me se não havia um choque político sobre a matéria… Não há. Neste caso temos de destacar o nome de João Goulão que como po-dem ver não mudou, está como há 30 anos, e tem produzido um con-senso nacional e de continuidade das políticas, que não pararam com os ciclos dos governos ou das legislaturas.

Destacaria ainda a visão internacional. Foi muito importante a im-plantação em Lisboa do Observatório em Lisboa em 1995, altura em que havia uma espécie de pacto nacional nesta área, num quadro em que havia um presidente de esquerda e um primeiro-ministro (ainda) de centro-direita, o que quer dizer que houve uma conjugação de es-forços essencial.

O mundo mudou, a Europa mudou e, como professor, vi a mu-dança radical nos meus alunos, bem como nos filhos, na matéria da droga. Entre os anos 80, 90 e no novo século, o tipo de droga, o tipo de consumidor, as idades… Nalguns casos, os consumidores iam

envelhecendo, daí a prevalência de hoje em consumidores acima dos 50, 60 anos… Noutros casos, apareceram drogas para os mais jovens, cada vez mais sofisticadas e com gurus que seduziam al-guns casos. Lembro-me que, com a preocupação de acompanhar os meus alunos, ter ido ver ao Rock in Rio uma dessas gurus (ndr: Amy Winehouse), um símbolo musical e uma referência para aquela geração, que não conseguiu terminar a sua atuação… De repente, aqueles alunos de primeiro e segundo ano da universidade, de 18, 19, 20 anos, acompanhavam o efeito exponencial de uma nova rea-lidade que já nada tinha a ver com heroína ou sequer com cocaína, tal como tinha sido vista nos yuppies dos anos 80 para 90… Era uma realidade diferente… Também verifiquei, felizmente, que nos mais novos havia comportamentos e práticas diferentes e, por isso, a evolução não era tão radical quanto a disponibilidade e a criação de condições ambientais para o crescimento do consumo de dro-gas.

Hoje, acompanho o que aqui foi dito em duas ou três preocupa-ções: a primeira é que, em política, quando as políticas correm bem, deixam de ser motivo de preocupação. Enquanto eram problemas vis-tos como dramáticos pela consciência social, havia uma pressão para serem prioritárias determinadas políticas. As boas notícias nas políticas públicas criaram um ambiente de diminuição da prioridade política neste domínio. Não é só o problema da droga… Às vezes, é o problema da segurança ou certos problemas educativos, económi-cos, financeiros ou sociais… Surgem outros problemas e na Europa passou-se também isso. A preocupação, legítima, com as migrações, a preocupação com o terrorismo e a segurança e, por isso, a questão da droga e da toxicodependência desceu enquanto prioridade. Mes-mo na óptica fundamental da saúde pública. Segundo problema: aquilo que eram imagens chocantes, como os bairros de lata, os ca-sais ventosos, mudaram de feição… Para quem, como eu, acompanha os sem-abrigo, sabe que, numa percentagem relativamente importan-te, além de problemas de saúde mental, há problemas de toxicode-pendência. E que é possível acompanhar, seguindo o traço, o rasto. A realidade social é outra, tem outro nome e caracterização, mas a questão, em termos de saúde pública, está lá. Para muitos deixou de ser tão prioritária, embora a intervenção nessas áreas territoriais exista e seja extremamente importante, mas a sociedade envolvente deixou de se preocupar tanto com essa realidade. Sinto que esse é um problema português e até mais europeu. A terceira questão pren-de-se com a sofisticação dos novos produtos e com a mudança de padrões de consumo. Nomeadamente entre os mais jovens e os pro-blemas relacionados com o consumo de álcool muitas vezes agrega-do à toxicodependência: o que era o tipo de consumo nas várias gera-ções e o que passou a ser com os shots, as bebidas brancas e as misturas nas novíssimas gerações… E na diferença de comportamen-tos e de disponibilidade… É outro mundo.

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A sociedade como um todo nem sempre percebeu isso. Muitos dos dados que aqui foram apresentados não são compreendidos numa sociedade que está a envelhecer. Nem compreende como, entre os sectores menos jovens, há comportamentos que ainda persistem, nem compreende os novos comportamentos. Depois, junta-se uma outra realidade que tenho que apreciar de forma mais cuidadosa: as crises que foram vividas na Europa, sobretudo neste século, transfor-maram os europeus, e os portugueses não são excepção, em mais te-merosos, desconfiados, por vezes reactivos e nem sempre tão aten-tos e tolerantes em relação aos outros. Essa moda, que coincide com uma moda de expressão política e cívica, que tem a ver com a crise e com a dificuldade de reforma das máquinas tradicionais, convidou ao aparecimento de novas personalidades, estilos, lideranças e propos-tas que, muitas vezes, assentam na ideia de fechar, no híper naciona-lismo, na xenofobia, na claustrofobia, na desconfiança em relação aos outros. E estamos ainda nessa onda, que não é só europeia e, na me-dida em que teve sucesso nalguns casos em termos políticos, surgiu o efeito de imitação. Vamos evitar apenas porque ali teve sucesso. Podemos dizer que, na sociedade portuguesa, felizmente, isso não tem tido a expressão de outras sociedades, o que não significa que não haja, nalguns sectores, inseguranças, temores, hipersensibilida-des, disponíveis para aceitar esse tipo de discurso. É preciso, contra esse discurso, fazer a pedagogia da aceitação da diferença mas uma pedagogia inteligente, que não reforce aquilo que se quer combater. Temos que ser claros nos princípios e inteligentes na forma de os afir-mar. Se pretendemos evitar o radicalismo, uma boa maneira é não fo-mentar o radicalismo anti radical. O radicalismo aumenta a resposta do radicalismo oposto. Por isso é que instituições como o Observató-rio, dados, pedagogia, explicação e diálogo são essenciais. Evitar es-caladas de radicalismo. Dir-se-á que, por vezes, apetece crispar e radi-calizar perante posições radicais que parecem inaceitáveis e intolerá-veis… O grande risco é que esse tipo de comportamento pode poten-ciar o radicalismo do outro lado. E há um equilíbrio que é preciso

manter. Nós, portugueses, que temos genericamente um conhecimen-to muito grande, que muitas vezes acertámos e outras falhámos, mas que nos encontrámos com praticamente todas as culturas e civiliza-ções e que estamos em todos os continentes, temos a obrigação de manter essa característica, tal como a Europa, de ser uma ponte ente pessoas, culturas e civilizações. Esta pedagogia tem que ser feita per-manentemente e, para tal, tem que se estar no terreno, que o conhe-cer, como este Observatório conhece, e agir no terreno com abertura de espírito e capacidade de aceitação e de explicação. Por isso me sinto tão bem nesta casa, fundamental. Temos que encontrar uma for-ma de a Europa continuar a proporcionar meios a esta casa, que con-sidera de excelência, para poder continuar a desenvolver a sua ativida-de. Temos que continuar com a experiência de colaboração com Por-tugal e as suas entidades mas temos que trabalhar no mais difícil, que é a pedagogia coletiva. Explicar o que é para nós, por vezes, óbvio, não bastando ser óbvio para meia dúzia de especialistas. Tem que ser ób-vio para milhões, sob pena de deixar de ser uma prioridade de política pública, de saúde pública. É um problema que está ou resolvido ou ar-rumado ou suspenso ou à espera de um agravamento que justifique voltar a ser uma prioridade pública. E isso é um erro. Muitas vezes se tem perdido o que se ganha por se considerar estar definitivamente ganho. Não há nada definitivamente ganho na política, na saúde, na sociedade, na cultura, na educação, na consciência cívica… estamos todos os dias a ganhar ou a perder…

Portanto, gostei muito de vir cá. Isto diz-me muito, como já perce-beram porque, além de professor, fui voluntário em bairros cruciais hoje chamados problemáticos e, como tal, sou muito sensível a esta problemática, ao modo como a mesma mudou e ao facto de isso só aumentar as nossas responsabilidades. Parto daqui muito feliz por-que vejo que está a funcionar muito bem, que tem uma liderança que não envelhece e que está para durar, com equipas muito jovens mas muito equilibradas, o que é uma boa notícia para Portugal e para a Eu-ropa”.

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Portugal alcançou os três objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) ao diagnosticar 92,2% das pessoas que vivem com infe-ção por VIH, estando 90,2 das pessoas diagnosticadas em tratamento antirretroviral e 93% das pessoas em tratamento com carga viral inde-tetável. Para 2030, o objetivo é chegar aos 95%.

A Ministra da Saúde, Marta Temido , afirmou que «melhorar a iden-tificação precoce da infeção de indivíduos de grupos não considera-dos de risco» relativa ao VIH/sida deve ser um dos objetivos de Portu-gal a médio prazo.

Em Lisboa, no dia em que foi anunciado que Portugal alcançou as três metas da ONU relativas ao VIH/sida para 2020, a Ministra referiu ainda a intenção de «melhorar o acesso à Profilaxia Pré-Exposição da Infeção» e de «melhorar a retenção em tratamento e recuperar indiví-duos que abandonaram a terapêutica».

Na sua intervenção, Marta Temido , enalteceu o trabalho de todos os  profissionais que ajudaram a chegar a estas metas.

«Médicos, farmacêuticos, técnicos, investigadores, doentes e ati-vistas. Serviços de saúde, escolas, organizações não governamentais, farmácias comunitárias, partidos políticos e câmaras municipais. Se-tores da saúde, da educação, da solidariedade e segurança social, so-ciedade civil. A todos uma palavra de reconhecimento pelo esforço de-senvolvido, agradecendo em especial ao Professor Henrique de Barros, Dr. António Diniz, Professor Kamal Mansinho e Dr.ª Isabel Aldir, rostos do desenho e da implementação do programa nacional. Podemos dizer com orgulho que pertencemos, por direito próprio, a um grupo restrito de países no que respeita à prevenção e ao controlo do VIH e isso de-ve-se, em muito, ao vosso trabalho. Ainda um agradecimento especial à determinação das organizações de doentes. O vosso papel é exem-plar e sem vós não estaríamos aqui hoje», sublinhou.

Na sessão de apresentação dos resultados que também contou com a presença da Secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, Mar-ta Temido acrescentou que Portugal precisa de «continuar a melhorar o acesso atempado ao rastreio, ao tratamento e a apoios sociais, para que ninguém fique para trás, garantindo a cobertura universal de saú-de».

«Aumentar a literacia da população»

A Secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, afirmou que «au-mentar a literacia da população» relativa ao VIH/sida deve ser um dos principais objetivos de Portugal a curto prazo.

«O futuro vai exigir que trabalhemos muito mais. Temos de aumen-tar a literacia da população, reduzir comportamentos de risco em toda a população, temos de alargar os rastreios e chegar à população que não se considera em risco, temos de garantir uma adesão ao tratamen-to até ao final», declarou.

Raquel Duarte alertou também para a necessidade de começar a diagnosticar as infeções por VIH mais precocemente. A demora média na população em geral é de 3,4 anos, mas no caso dos homens hete-rossexuais sobe para mais de cinco anos.

«Temos de trabalhar nas populações que percebem o risco, mas também na população que não o reconhece», concluiu.

Isabel Aldir, destacou que “hoje temos 92% das pessoas diagnosti-cadas, 90% das pessoas em tratamento e 93% das pessoas com a car-ga viral suprimida” e referiu que de futuro é necessário “aprender com aquilo que fizemos, corrigir alguns aspetos que poderiam ter sido mais bem feitos e continuarmos a trabalhar em conjunto”, de modo a “uns anos estarmos a celebrar os 95-95-95”.

“A infeção mantem-se predominantemente nos homens, a forma de transmissão é heterossexual e os diagnósticos tardios continuam a ser uma realidade particularmente entre os heterossexuais”, disse Isa-bel Aldir, que considera serem informações que reforçam “a necessida-de de se interiorizar que é uma doença que atinge toda a população”, pelo que é fundamental “propor a realização do teste, para diagnosti-car estas pessoas mais precocemente”.

Portugal atinge as três metas definidas na luta contra a sida.

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Realizou-se em Lisboa a 13ª Reunião de Diretores das Agências nacio-nais de combate às drogas (HONLEA Europa). O evento decorreu entre os dias 2 e 5 de julho e foi organizado pelo Gabinete das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNODC), com apoio da PJ, dos Ministérios da Justiça, dos Negócios Estrangeiros e da Saúde e do SICAD.

A HONLEA Europa foi criada sob a égide do UNODC para, numa base bianual, permitir aos participantes debater as principais tendências regio-nais em matéria de tráfico de drogas e as medidas eficazes para o comba-ter, a cooperação internacional e a assistência técnica. 

A reunião realizou-se nas instalações da Polícia Judiciária e contou com a participação, na sessão de abertura, da Ministra da Justiça, da Ministra da Saúde e da Chefe do Secretariado da Comissão de Estupefacientes, em re-presentação do Diretor Executivo do UNODC. 

Mais de uma centena de responsáveis pelas Agências de combate às drogas de 25 países, funcionários das Nações Unidas e 8 organizações inter-nacionais e regionais reuniram-se, assim, para debater formas de reforçar a cooperação para enfrentar a natureza multifacetada e dinâmica do problema mundial da droga, bem como procurar assegurar respostas nacionais holísti-cas.

Reunida a cada dois anos, sob a égide do Gabinete das Nações Uni-das para as Drogas e o Crime (United Nations Office on Drugs and Crime - UNODC), a HONLEA Europa foi criada para permitir aos participantes de-bater as principais tendências regionais em matéria de tráfico de drogas e as medidas eficazes, a cooperação internacional e a assistência técnica.

A reunião abrangeu um vasto leque de matérias, nomeadamente a uti-lização indevida das novas tecnologias e modos de comunicação nas ati-vidades relacionadas com a droga; Novos modus operandi no tráfico ilíci-to de drogas e tendências nos métodos de dissimulação e no transporte e o papel das autoridades aduaneiras em estratégias eficazes de gestão das fronteiras; Combate ao fabrico, ao desvio e ao tráfico ilícitos de pre-cursores; Assegurar respostas nacionais holísticas, através de uma me-lhor cooperação entre as autoridades nacionais, em particular, entre os setores da aplicação da lei, da saúde e da Justiça.

Foi igualmente abordada a forma como estas agências poderão contri-buir, a nível nacional, regional e internacional, para a implementação da Decla-ração Ministerial adotada pela Comissão de Estupefacientes, em março de 2019, para enfrentar o problema mundial da droga. 

A reunião tem também por objetivo promover a troca de informações e a partilha de boas práticas entre os agentes de aplicação da lei, profissionais de saúde e outras entidades, sobre matérias relacionadas com a redução da oferta de drogas, essenciais no desenvolvimento de uma resposta concerta-da e holística ao problema da droga.

Esta abordagem equilibrada e integrada para enfrentar o problema da droga tem sido implementada em Portugal desde 1999, através de respostas nacionais holísticas, que congregam as autoridades nacionais da saúde e da aplicação da lei sendo reconhecida pelas Nações Unidas como uma boa prá-tica.

Dependências marcou presença no evento e transcreve os discursos pro-feridos pelas ministras da saúde e da justiça do Governo de Portugal…

Diretores das agências nacionais de combate às drogas reúnem-se em Lisboa

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Marta Temido, Ministra da Saúde

“É com particular entusiasmo que o Ministério da Saúde acompanha a realização da 13ª reunião dos Responsáveis das Agências Nacionais de Com-bate às Drogas, que decorre pela primeira vez em Lisboa e que se realiza pou-cos dias depois de se ter assinalado, no passado dia 26 de junho, o Dia Inter-nacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, instituído pelas Nações Unidas em 1987.

Vale a pena começar por recordar que o tema escolhido pelo Gabinete das Nações Unidas para as Drogas e o Crime, para assinalar a efeméride deste ano, foi “Health for Justice. Justice for Health”, evidenciando que Saúde e Jus-tiça são duas faces da mesma moeda quando se trata de abordar o problema das drogas. Os problemas complexos raramente têm soluções simples e es-tratégias efetivas de luta contra a droga dependerão da nossa capacidade de usar abordagens equilibradas e holísticas, nas quais as autoridades judiciá-rias, os serviços de saúde e os serviços sociais trabalham em articulação para garantir respostas integradas.

A presença da Ministra da Saúde nesta sessão, acompanhando a Senhora Ministra da Justiça, é uma demonstração clara de que Portugal preconiza uma abordagem integrada dos problemas da droga, em que intervenções cen-tradas na promoção da saúde pública adquirem o mesmo relevo que o com-bate ao tráfico ilícito de drogas. De resto, esta é uma marca do nosso modelo, que acreditamos estar ligada ao respetivo sucesso. Há 20 anos que foi apro-vada pelo Governo do então Primeiro-Ministro António Guterres, atual Secretá-rio-Geral das Nações Unidas, a primeira Estratégia Nacional de Luta Contra a Droga, que trouxe uma mudança de paradigma ao colocar a centralidade no cidadão, numa postura humanista e pragmática. Assumiu-se que a dependên-cia é uma doença e que quem dela sofre tem muito mais a beneficiar com a acessibilidade a cuidados de saúde e de apoio social do que com a prisão; na verdade, assumiu-se que toda a sociedade tem muito mais a beneficiar com a abordagem das dependências como problemas de Saúde Pública. Uma das grandes alterações preconizadas pela Estratégia Nacional de 1999 e, sem dú-vida, a mais emblemática, terá sido a descriminalização do consumo e posse de pequenas quantidades de todas as substâncias psicoativas, passando a considerá-las como contraordenações. No entanto, a inovação da abordagem portuguesa não se reduziu à descriminalização do consumo de drogas. Aliás, se hoje podemos assumir que assistimos a uma evolução globalmente positi-va de todos os indicadores disponíveis, isso deve-se à diversidade de respos-tas instaladas, num conjunto de medidas de prevenção, tratamento, redução de riscos e reinserção social, que adquiriu coerência e robustez no quadro da descriminalização.

Importa referir alguns dos resultados alcançados desde 2001: Estabiliza-ção do consumo entre adolescentes, com um pequeno aumento ao longo da vida nos adultos, mantendo-se o consumo de drogas abaixo da média euro-peia; Redução muito significativa do número de consumidores problemáticos; Redução significativa na prevalência de consumo por via endovenosa; Redu-ção significativa de novas infeções por VIH entre utilizadores de drogas, de quase 1.800 casos, em 1999, para 18, em 2017; Redução do número de over-doses, hoje dos mais baixos no espaço Europeu; Redução do estigma asso-ciado ao consumo de drogas; Decréscimo dos consumidores infratores no sistema judicial.

O modelo português, de que nos orgulhamos e que tanto interesse tem suscitado a nível internacional, tem uma das suas marcas na existência de uma estrutura nacional de coordenação única para os problemas da droga, que promove a articulação de medidas nas áreas da saúde e da justiça e que assegura a coerência na definição, implementação, monitorização e avalia-ção das políticas públicas de redução da procura e de redução da oferta. Adi-cionalmente, importa sublinhar o trabalho de articulação desenvolvido entre os Ministérios da Justiça e da Saúde, por exemplo no sentido de garantir o acesso a cuidados de saúde e de reduzir o consumo de substâncias ilícitas em meio prisional, num exercício contínuo de colaboração entre o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Toxicodependências e a Dire-ção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais. Ou ainda, no sentido de alcan-çar as metas e objetivos estabelecidos no Plano Nacional para a Redução dos Comportamentos Aditivos e das Dependências até 2020. Ou ainda no sentido no sentido da adoção de iniciativas conjuntas a nível nacional e inter-nacional, como a organização desta reunião pela Polícia Judiciária.

Temos consciência que as prioridades nacionais em matéria de combate às drogas podem não ser totalmente coincidentes, mas sabemos que a co-munidade internacional partilha o objetivo comum de promover a saúde e a segurança das pessoas.

Ao nível internacional, Portugal foi um dos principais defensores do Do-cumento Final da Sessão Especial de 2016 das Nações Unidas sobre o Pro-blema Mundial das Drogas (UNGASS 2016). Este Documento representou um consenso da maior importância, refletindo os anteriores compromissos internacionais nesta matéria e acrescentando uma série de dimensões fun-damentais, nomeadamente relacionadas com a saúde pública, o acesso a substâncias para fins científicos e médicos e o respeito pelos direitos huma-nos. É uma visão para o futuro e para as respostas que os novos problemas exigem. Não posso, neste contexto, deixar de saudar o compromisso político estabelecido, por consenso, na 62.ª Sessão da Comissão de Estupefacientes, realizada em março último em Viena e vertido na declaração ministerial aí aprovada, na qual foi reiterado o objetivo de acelerar a implementação de to-dos os compromissos internacionais assumidos para fazer face ao problema mundial da droga, entre os quais, naturalmente, os constantes do UNGASS 2016.

Concluo reafirmando que acredito que apenas uma abordagem integra-da das diversas áreas da ação governativa, particularmente da Saúde e da Justiça, mas também da Educação, do Trabalho, da Solidariedade e da Segu-rança Social ou da Economia, num paradigma de respeito pelos direitos hu-manos, poderá ajudar-nos a enfrentar o problema mundial da droga e os no-vos desafios que nesta matéria vêm surgindo: o aparecimento de novas substâncias psicoativas cada vez mais potentes, a mudança de padrões de consumo, a diversificação das rotas de tráfico, a alteração do mercado da droga decorrentes da globalização e das novas tecnologias ou a crescente li-gação entre o tráfico de drogas e outras formas de criminalidade como o ter-rorismo.

Agradeço a vossa atenção e desejo uma profícua reunião”.

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“Quero começar por dirigir uma saudação muito especial ao UNODC, congratulando-me pelo facto de terem escolhido Portugal e a sua cidade capital, Lisboa, cujo presidente da autarquia aqui está connosco, e a Polícia Judiciária, para a realização da 13ª reunião dos organismos nacionais encarregues de combater o tráfico ilícito de estupefacientes dos países europeus, a HONLEA Europe. Quero também cumprimentar respeitosa e afectuosamente os represen-tantes dos países e das organizações aqui presentes, que se deslo-caram a Lisboa para, em conjunto, debaterem uma matéria com tan-to impacto nas nossas vidas coletivas. Matéria essa que justifica que haja abordagens cada vez mais corajosas e arrojadas. Não pos-so deixar também de saudar aqui o enorme empenho das autorida-des nacionais envolvidas na organização desta reunião, com parti-cular significado para a Polícia Judiciária, na pessoa do responsá-vel para esta área, o Dr. Artur Vaz, o SICAD, aqui representado pelo

Dr. João Goulão, a Direção Geral de Política da Justiça, representa-da pela Dra. Luísa Pacheco, e o Ministério dos Negócios Estrangei-ros, cujo apoio à realização desta reunião se mostrou absolutamen-te indispensável.

Esta conferência, no formato escolhido, espelha a relevância da reflexão articulada entre, por um lado, a política criminal e, por ou-tro, as atividades em saúde. Essa articulação é indispensável para a identificação dos caminhos mais aptos à prevenção e adaptação a estes fenómenos criminais. O modelo de abordagem que escolhe-ram para esta conferência, a abordagem sectorial, permite convocar aquilo que é específico, quer no ambiente, quer nas praxis que ser-vem de suporte ao consumo e ao tráfico de estupefacientes, articu-lando de forma harmoniosa e holística o conhecimento farmacoló-gico, o conhecimento médico e técnico-científico com a teoria geral do crime e com a investigação criminal, num registo seguramente muito frutuoso.

São conhecidos os esforços e a relevância do contributo do UNODC no combate ao flagelo internacional das drogas. E esses es-forços devem prosseguir em articulação com os estados. Portugal está, há muitos anos, fortemente comprometido com políticas pú-blicas e programas destinados à intervenção na dependência, na componente saúde, assim como à reação contra o tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas. E tem-no feito num modelo de abordagem que foi já aqui explicitado pela Sra. Ministra da Saúde e que justifica a presença nesta sessão de abertura de dois membros do Governo de Portugal, das áreas da saúde e da jus-tiça. Pese embora reconheceremos que estas matérias envolvem claramente outros domínios, desde a Segurança Social e a Educa-ção.

Em relação a Portugal, verificamos que, a par do tráfico que se destina a satisfazer as necessidade de consumo interno, o território nacional tem sido utilizado por redes criminosas como ponto de

Francisca Van Dunem, Ministra da Justiça

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trânsito de quantidades significativas de estupefacientes, em parti-cular de haxixe e de cocaína, produzidos maioritariamente em Mar-rocos e na América Latina, com destino a países europeus terceiros. E, de acordo com o último relatório produzido pelo OEDT, há a per-cepção de que, no contexto mundial, a Europa continua a ser um im-portante mercado para as drogas ilícitas, tanto aquelas que são pro-duzidas ao nível interno, como aquelas que são traficadas a partir de outras regiões do mundo, mostrando-se um mercado resiliente e representativo dos desenvolvimentos que vamos observando a nível mundial. Ainda de acordo com o último relatório SOCTA, produzido pela Europol, o tráfico ilícito de drogas continua a ser o maior mer-cado criminal existente no seio da UE, revelando-se um mercado al-tamente dinâmico, que atrai um número elevado de grupos crimino-sos em virtude dos elevados lucros que proporciona.

Na nossa perspetiva, a cooperação internacional, policial e judiciá-ria é absolutamente determinante para se alcançarem resultados efi-cazes no combate ao tráfico ilícito de estupefacientes e substâncias psicotrópicas. A PJ, o Ministério Público e os tribunais estão e sempre estiveram muito empenhados em trabalhar conjuntamente com as au-toridades judiciárias e policiais de outros países, assim como com as organizações internacionais que se dedicam a trabalhar nesta matéria para conseguirmos obter os melhores resultados possíveis.

Na última reunião da HONLEA Europa, realizada em Viena, em julho de 2017, os delegados presentes apresentaram um total de 16 recomendações em quatro domínios principais: primeiro, utilização da internet em atividades ligadas ao tráfico de drogas; depois, o re-curso a penas alternativas de prisão em determinados crimes como estratégia para promover a saúde e a segurança pública; depois, a introdução de perspetivas de género em políticas e programas de prevenção e combate às drogas; finalmente, a adopção de um con-junto de medidas de combate ao branqueamento de capitais e aos fluxos financeiros ilícitos.

Sem pretender antecipar a ordem de trabalhos desta reunião, permito-me adiantar que Portugal implementou já a grande maio-ria das recomendações, como foi aliás reportado recentemente pelo UNODC. E gostaria de destacar que Portugal tem implemen-tado, nos últimos anos, um vasto conjunto de medidas destina-das a combater a cibercriminalidade, robustecendo a nossa ca-pacidade de intervenção nesse espaço específico e, nomeada-mente a investigação ao tráfico de estupefacientes na chamada dark web. Dou nota também que passou a estar disponível na Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária uma pla-taforma informática disponibilizada pelo UNODC, que permite analisar e tratar, de forma automatizada, um grande volume de comunicações de operações financeiras, tratando-se por isso de um instrumento de grande valia em matéria de prevenção do branqueamento de capitais. Ainda neste domínio do branquea-mento de capitais, está em curso um processo legislativo a nível nacional, que transpõe para a ordem jurídica interna a directiva do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu.

À semelhança do que aconteceu em reuniões anteriores, as con-clusões e recomendações que vierem a ser por vós formuladas per-mitirão seguramente progredir na luta contra o flagelo global das drogas e, nessa medida, contribuir para melhorar a saúde e seguran-ça dos cidadãos europeus.

Termino, por isso, com a certeza de que os espera uma excelen-te jornada de trabalho, deixando os votos de que os vossos traba-lhos sejam profícuos, úteis e proveitosos.

Finalmente, agradeço-vos a todos profundamente o facto de se levantarem todos os dias para trabalharem afincadamente no senti-do do empoderamento da nossa capacidade, não só ao nível da pre-venção do consumo e tráfico de estupefacientes, como, sobretudo, para oferecerem às nossas sociedades, cidadãos, crianças e jovens mais saudáveis e seguras”.

João Goulão SICADJoão Goulão, Coordenador Nacional para os problemas da droga, das

toxicodependências e do uso nocivo do álcool, apresentou, a abordagem integrada aos problemas ligados às drogas que tem sido implementada em Portugal desde 1999 e da qual fazem parte ativa as diferentes autorida-des nacionais com responsabilidades nestas matérias. A apresentação contemplou a aplicação da Lei da Descriminalização, reconhecida pelas Nações Unidas como uma boa prática.

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O novo relatório do EMCDDA, publicado no dia 26 de junho, destaca uma maior diversidade de produtos de canábis, um aumento da potên-cia e a necessidade de uma monitorização apertada dos efeitos para a saúde. Há cada vez mais e mais diversificados produtos de canábis na Europa e é essencial que seja acompanhada de perto a sua potência e os potenciais efeitos para a saúde. Estas são algumas das conclusões do relatório publicado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxico-dependência (EMCDDA) no âmbito do Dia Internacional Contra o Abu-so e o Tráfico Ilícito de Drogas. O relatório, intitulado Desenvolvimen-tos no Mercado Europeu da Canábis, apresenta uma panorâmica dos produtos de canábis emergentes e tradicionais na Europa, identifican-do uma série de fatores por detrás da atual diversidade de produtos de canábis, incluindo desenvolvimentos nas políticas, avanços nas técni-cas de produção e extração e mudanças nas preferências dos consu-midores. A criação de mercados legais de canábis recreativa fora da UE é também apontada como impulsionadora da inovação no desen-volvimento de novos produtos de canábis, alguns dos quais estão ago-ra a aparecer no mercado europeu.

O Director do Observatório, Alexis Goosdeel, afirmou que “A nature-za dinâmica do atual mercado de canábis e a diversificação dos produ-tos de canábis disponíveis trazem desafios consideráveis. Produtos de canábis novos e mais potentes podem ter sérias consequências para a saúde pública dos consumidores. Assim, é importante acompanhar e compreender as novas tendências dos produtos de canábis atualmen-te à disposição dos consumidores europeus, para informar o debate político e de regulamentação”.

A canábis continua a ser a droga ilícita mais consumida na Europa. Estima-se que cerca de 17,5 milhões de jovens europeus (15–34 anos) tenham consumido canábis no último ano (UE-28). Estima-se também que cerca de 1% dos adultos (15–64 anos) na UE consumam canábis diariamente ou quase diariamente. Em 2017, cerca de 155 mil pessoas iniciaram na Europa tratamento devido a problemas relacionados com o consumo desta droga, das quais cerca de 83 mil iniciaram tratamen-to pela primeira vez. Atualmente, a canábis é a substância indicada com mais frequência pelos novos utentes dos serviços especializados de tratamento da toxicodependência como o principal motivo para pro-curarem ajuda. A canábis contém muitos químicos diferentes, sendo o mais conhecido o ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) — em grande parte responsável pelos efeitos intoxicantes da canábis — e o canabidiol (CBD).

Quais são os novos produtos no mercado europeu de canábis?

• Concentrados: Estes são feitos através da extração de THC da planta de canábis, muitas vezes usando calor e pressão ou solventes voláteis ou gases. Novas técnicas de extração permitem que se atin-jam níveis muito altos de THC (70%–80%). O consumo de concentra-dos pode resultar numa exposição alta a THC e potencialmente um maior risco de psicose e dependência.

Comemorações incluíram recepção à comunidade diplomática residente em Lisboa e publicação de novo relatório:

Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas celebrado no EMCDDA

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• Comestíveis: Este é um termo abrangente que se refere a alimen-tos (muitas vezes doces ou líquidos) que contêm THC e / ou CBD. A adição de produtos de canábis a alimentos resulta num início mais len-to e numa duração mais longa dos efeitos do que quando se fuma ca-nábis (neste caso, a dosagem torna-se importante).

• Canabinoides sintéticos: Estas substâncias químicas artificiais imitam os efeitos da canábis, mas podem ser muito mais potentes. Al-guns destes são vendidos como substitutos “lícitos” da canábis, no en-tanto, outros são agora controlados internacionalmente e / ou sob a le-gislação nacional. O primeiro canabinoide sintético identificado na Eu-ropa (JWH-018) foi detetado em 2008 em produtos sob a marca “Spi-ce”. Desde então, mais de 180 canabinoides sintéticos foram notificados ao Observatório.

• Medicamentos à base de canábis e produtos orientados para a saúde: incluem produtos fabricados segundo padrões farmacêuticos para uso medicinal e outros com composição e descrições variadas. O relatório apresenta uma breve panorâmica de produtos medicinais aprovados à base de canábis (está também disponível uma análise mais aprofundada do EMCDDA).

Últimos desenvolvimentos com produtos de canábis tradicionais

Juntamente com os produtos emergentes no mercado europeu de canábis, surgem também desafios com as formas mais tradicionais desta droga. Em termos gerais, existem dois tipos principais de caná-bis herbácea nos mercados europeus: “sinsemilla” ou canábis herbá-cea cultivada em espaços cobertos na UE e canábis herbácea importa-

da. Além da canábis herbácea, alguns componentes retirados da plan-ta são também usados para produzir resina de canábis. Marrocos é o maior produtor da resina disponível no mercado europeu de drogas. Dados fornecidos pelos Estados-Membros da UE mostram que a con-centração de THC em produtos de canábis encontrados na Europa na última década aumentou, suscitando preocupações quanto a poten-ciais danos. A potência média estimada de canábis herbácea duplicou de 5% para 10% de THC entre 2006 e 2016, e a potência da resina de canábis aumentou de 8% para 17% de THC. Ferramentas de monitori-zação para capturar a diversificação do mercado de canábis O relató-rio sublinha a necessidade de desenvolver ferramentas de monitoriza-ção para recolher informações sobre estes produtos e os seus efeitos na saúde, a nível nacional e europeu (em particular, dos concentrados de canábis). Do ponto de vista da redução de danos, também será aconselhável monitorizar a concentração de CBD em produtos de ca-nábis. Finalmente, ter a capacidade de distinguir produtos ilícitos de canábis de medicamentos à base de canábis e óleos de CBD não regu-lamentados será importante para a aplicação da lei em muitas jurisdi-ções.

Canábis, controvérsias e desafios

O relatório apresentado é uma das várias publicações e serviços do Observatório que exploram algumas das questões complexas no campo de políticas relativas à canábis. Estas incluem análises do uso medicinal de canábis, canábis e condução, e um serviço de aler-ta online sobre o estado e desenvolvimentos recentes na política de canábis.

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The first draft outline of the #LxAddictions19 programme is now available online, showing the main structure of the event.Lisbon Addictions 2019 will offer three days of high level content, along with networking opportunities during lunches, the opening cocktail and conference dinner. For this edition we have adopted a new approach to shaping the conference programme, and we’ve been working closely with co-producers in order to develop a rich and innovative programme by taking full responsibility for

organising thematic tracks around selected topics.The co-producers will build coherent packages of topical strands, sessions and guided tours.

Also for Lisbon Addictions 2019 we’ve prepared a series of big debates, with one scheduled at the end of each day. The debates, involving audience participation, will be led by a professional moderator and the panel members will be announced soon.

Plenary I: New frontiers for addiction science

Confirmed speakers: Chair: Antoni Gual

Marilyn Huestis 'Future perspectives on the positive and negative effects of cannabinoids and health'

Coffee break

Main sessions: 'Opioid-related deaths: current and emerging lessons from epidemiology, pharmacology, and programmes for interventions', co-produced by SSA 'Emerging issues in the study of behavioral addictions', co-produced by the International Society for the Study of Behavioral Addictions

5 structured sessions, 1 workshop, 4 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Lunch

Main session: 'The future of Hep C among people who inject drugs', co-produced by INSHU

5 structured sessions, 1 workshop, 5 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Break

Main session: 'Progress in alcohol research and treatment', co-produced by EUFAS

9 structured sessions, 2 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Coffee break

Main session: 'An epidemiological overview of New Psychoactive Substances (NPS) use in Europe, towards a public health approach'

7 structured sessions, 3 workshops, 3 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Break

Big debate: 'Will changes in cannabis policy result in greater costs or greater benefits?'

Confirmed speakers: Moderator: Florence Ranson

1 workshop, 5 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Official opening and welcome cocktail

18.30–19.30

19.30–21.30

9.00–10.30

10.30–10.50

10.50–12.20

12.20–13.20

13.20–14.50

14.50–15.00

15.00–16.30

16.30–16.50

16.50–18.20

18.20–18.30

Day 1 – 23 October

Florence RansonLaura d'Arrigo

Jennifer Price

Kevin Sabet

Wayne Hall

A first look on the Programme

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In the margins of the Conference various satellite meeting will take place. Side events of Lisbon Addictions 2019 will include:

• European Conference on Health Care in Prison organised by the European Federation “Health Without Barriers”;

• International symposium on drug checking organised by the EMCDDA in collaboration with SICAD, COPOLAD and the Trans European Drug Information (TEDI) network;

• The 9h Symposium of the Alcohol Policy Network Europe (closed event organised by APN);

• The International Cannabis Toolkit Workshop. FuturiZe, the project funded by the European Commission under

the Justice Programme, will provide bursaries for around 120 multi-sectoral professionals to attend the Conference and together with the organisers will develop networking activities and a series of interactive debates which focus on key future scenarios in the field of drugs and behavioural addictions. The FuturiZe debates will be open to all conference participants and introduced by prominent thinkers from different backgrounds and perspectives.

Kevin Sabet Plenary II: Learning from the past to meet the challenges of the future Confirmed speakers: Chair: Eilish Gilvarry

Coffee break

Main session: 'Using evidence to better respond to drug problems: a call for action', co-produced by The Lancet and FuturiZe

6 structured sessions, 2 workshops, 3 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Lunch

Main session: 'Post-marketing prescription drug mosaic surveillance: lessons from the past applied to the future', co-produced by ISSDP

5 structured sessions, 1 workshop, 6 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Break

Main session: 'Global changes in cannabis products'

7 structured sessions, 1 workshop, 3 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Coffee break

Main session: 'European Drug Emergency Network Plus (Euro-DEN Plus): trends and harms related to recreational drugs, prescription medicines and new psychoactive substances'

7 structured sessions, 1 workshop, 5 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Break

Big debate: 'Industry friend of foe? Can industry contribute to better addiction science, policy, and actions?'

Confirmed speakers: Moderator: Florence Ranson

3 structured sessions, 1 workshop, 4 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Networking buffet dinner

9.00–10.30

10.30–10.50

18.30–19.30

19.30–21.30

10.50–12.20

12.20–13.20

13.20–14.50

14.50–15.00

15.00–16.30

16.30–16.50

16.50–18.20

18.20–18.30

Karl Lund 'Future perspectives for reducing tobacco related harm – what have we learnt?'

Johanna Gripenberg 'The future of prevention science'

Henrietta Bowden-Jones

Axel Klein

Niamh Fitzgerald

Day 2 – 24 October

Side events and networking

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Plenary III: Horizons in addiction science

Confirmed speakers: Chair: tba

1 structured session, 1 workshop, short communication sessions, poster guided tours

Coffee break

Big debate: 'How do we get greater involvement of civil society and affected communities in shaping addiction research, policies and practice?'

Confirmed speakers: Moderator: Florence Ranson

3 structured sessions, 1 workshop, 7 oral presentation sessions, short communication sessions, poster guided tours

Coffee break

Closing session Chairs: Paul Griffiths Manuel Cardoso

Confirmed speakers:

9.00–10.30

10.30–10.45

10.45–12.15

12.15–12.30

12.30–13.30

Day 3 – 25 October

Olivier George 'Implications for the future of our developing understanding of addictive processes and future therapeutic options'

Sir John Strang 'Preventing deaths from heroin overdose: better science, fuller understanding, greater impact'

Sharon Walsh 'Future perspectives for new formulations for medications for opioid use disorder: hopes and fears'

Angela Morelli 'Future perspectives on designing information for impact and decision-making'

Mariann Skar

Online registration is open. Places for non-presenters will be allocated on a first come, first served basis. All persons intending to attend the conference must register and pay the applicable registration fee, including paper and poster presenters, discussants and chairs.

In order to encourage participation in Lisbon Addictions 2019

for professionals, academics and experts working in European Neighbourhood Policy (ENP) countries, a small number of bursaries will be provided under the ‘EU4Monitoring Drugs’ (EU4MD) project, funded by the European Commission. Complete information available in www.lisbonaddictions.eu.

Registration

Registrate online (www.lisbonaddictions.eu) for the third European Conference on Addictive Behaviours and Dependencies.

The LX19 registration fee includes:• A Participant Welcome Pack• Coffee Breaks & Lunch Boxes for the three days of the Conference

• A Welcome Cocktail (23 October)• A Networking Buffet Dinner (24 October)

Organisers

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Foi divulgado, no dia 26 de junho – Dia Internacional de Luta Contra o Uso e Tráfico Ilícito de Droga – no site SICAD (www.sicad.pt), o relatório “Comportamentos Aditivos aos 18 anos. Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional – 2018”. O do-cumento resulta de um estudo realizado anualmente entre os jo-vens de 18 anos que participam no Dia da Defesa Nacional e que visa perceber quais os seus comportamentos aditivos e respetiva evolução. 

Analisados os principais dados, não será difícil perspectivarem--se muitos gastos e desperdícios futuros em saúde caso o tema dos CAD não volte a ter visibilidade na agenda pública e política…

No estudo apresentado, destacam-se inúmeros indicadores que obrigam uma profunda reflexão, desde logo política, mas igualmen-te técnica. Comecemos pelo aumento gradual da prevalência de consumo recente de cannabis entre 2015 e 2018, dos 22,6% para 26,7%... O consumo de tabaco é também problemático, sendo que o estudo demonstra que metade dos jovens fuma tabaco e 1/5 fuma diariamente ou quase diariamente. O álcool, outra preocupa-ção cada vez mais evidente para os profissionais que intervêm em CAD junto de populações jovens, será, a par da internet, dos indica-

dores mais mediáticos mas cuja complexidade e associação a ou-tros CAD merece igualmente ser objeto de reflexão. Metade dos jo-vens revela ter consumo binge, verifica-se uma tendência de incre-mento nos consumos intensivos - 51,9% binge nos últimos 12 me-ses (47,5% em 2015) e 33,9% embriaguez severa no mesmo período (29,8% em 2015); 20% dos jovens associam o consumo de diferen-tes substâncias psicoativas, sobretudo álcool e cannabis (policon-sumos); E constata-se ainda um ligeiro incremento da experiência de problemas com o consumo de bebidas alcoólicas: 18,5% em 2015, 21,1% em 2018 (álcool).

A utilização da Internet pelos jovens tem também assumido contornos que sugerem uma aproximação e intervenção mais prag-mática: aproximadamente um terço dos jovens começou a usar in-ternet antes dos 10 anos e um quarto menciona problemas asso-ciados à utilização da internet.

Durante a manhã do dia 26, realizou-se uma reunião alargada, no SICAD, com os parceiros que trabalham na área da prevenção, onde foram apresentados e discutidos estes e outros dados do re-latório.

Tendência de incrementonos consumos intensivos

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Assume os desígnios públicos do Desenvolvimento Social, Cultura, Património Cultural e Turismo ao serviço da autarquia de Torres Ve-dras, revelando pragmatismo e sustentando opções políticas em evi-dência. A vereadora Ana Umbelino revela, em entrevista a Dependên-cias, os eixos que sustentam uma política pública que consideramos uma referência, nomeadamente na área social e da saúde…

Torres Vedras integra a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis… O que motiva esta opção?Ana Umbelino (AU) – Nós consideramos ser essencial integrar re-

des nacionais e internacionais que nos permitem ter acesso a um con-junto de boas práticas que estão a ser testadas em diversos territórios e, a partir do estudo e análise dessas boas práticas, podermos respigar processos, metodologias, técnicas que possam aportar valor ao nosso território. A nossa participação na Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis tem-nos trazido inúmeras mais valias, pelo facto de termos participado em estudos de caracter nacional e consideramos funda-mental estudar a realidade para podermos intervir de forma mais efi-ciente e eficaz; tem-nos permitido também partilhar e dar a conhecer as experiências que temos vindo a desenvolver em Torres Vedras e be-ber de um manancial de conhecimentos muito vasto. Decidimos inte-grar esta rede porque nos revemos nos valores e conceitos subjacen-tes à sua criação, princípios também subscritos pela OMS. De facto, a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis preconiza que a saúde deve estar presente em todas as políticas e, por essa razão, apela a uma vi-são transversal e multidimensional da saúde, que subscrevemos intei-ramente, uma perspetiva ecossistémica que nos faz olhar para os dife-rentes contextos de intervenção e nos leva a perceber o impacto das nossas ações em diversas áreas, parceiros e públicos alvo. E por isso

permite-nos construir um entendimento mais abrangente do que deve ser a intervenção na área da saúde, apostando convictamente na ver-tente preventiva.

Paralelamente, o município também integra o projeto Noites Saudá-veis do Centro do País, o que estende essa intervenção em saúde ao domínio dos comportamentos aditivos…AU – Sem dúvida porque, de facto, é fundamental, como referi, ter-

mos uma perspetiva ecossistémica que nos leve a perceber que é ne-cessário intervir em diferentes contextos. Naturalmente, um contexto privilegiado de intervenção é o meio escolar e, desde há muitos anos, temos vindo a estruturar, em parceria com os agrupamentos escolares e os demais stakeholders, uma estratégia local de natureza preventiva incidente nos comportamentos de risco e na promoção de competên-cias de vida que, de acordo com a literatura, constituem fatores protec-tores. Mas consideramos que não basta intervir no meio escolar, em que, não obstante incidimos sobre toda essa comunidade, e não ape-nas nos estudantes… É preciso perceber quais são os outros contextos em que os jovens se movem e efectuar uma intervenção muito “cirúrgi-ca” nesses mesmos contextos, sensibilizando também os proprietá-rios dos espaços de recriação noturna e capacitando os jovens para poderem, de forma assertiva, dizer não quando é necessário e resisti-rem à pressão dos pares, estando mais atentos a determinados tipos de indícios que poderão constituir situações de risco. No âmbito des-ses contextos e do ponto de vista ambiental, interessa-nos actuar para reduzir o risco e aumentar a segurança. Acreditamos que essas inter-venções não só têm um impacto na saúde, nomeadamente na preven-ção de comportamentos de riscos ligados a comportamentos aditivos e dependências ou à violência interpessoal, mas também contribui para criarmos uma comunidade mais humanizada, que ofereça maio-res níveis de bem estar social a todos os habitantes

No entanto, fala-se muito sobre os jovens mas pouco com os mes-mos… que alternativas lhes são oferecidas alheadas a consumos de risco?AU – A questão que coloca é essencial e remete para a necessida-

de de construirmos uma visão abrangente do que deve ser uma inter-venção de carácter preventivo de CAD. Desde logo, temos que intervir ao nível do ambiente. Se não criarmos infraestruturas que permitam aos jovens ocuparem o seu tempo livre de uma forma mais qualifican-te e que vá de encontro às suas expectativas e desejos, estaremos ob-viamente e limitar-lhes as possibilidades de auto-realização. Por outro lado, é fundamental apostar na capacitação, no desenvolvimento de competências sócio emocionais que fortaleçam os jovens e os façam resistir a determinados tipos de comportamentos de risco. Importa igualmente mostrar formas alternativas de recreio, de fruição, se so-ciabilidade. Daí que tenham já sido ensaiadas algumas experiências, entre as quais uma iniciativa denominada “memórias de uma noite sem álcool”, promovida por uma organização da sociedade civil, em que tentamos, com a participação dos espaços de recreação noturna, mostrar que existem alternativas e que as pessoas podem desfrutar da noite de uma forma saudável. Por isso, há a necessidade de apostar numa sensibilização que ajude desde logo a mudar percepções e re-presentações, que são socialmente construídas e validadas e criam esse binómio entre consumo de álcool e divertimento, mostrando al-

Entrevista com Ana Umbelino, vereadora da Câmara Municipal de Torres Vedras:

“A importância de um acontecimento não se mede nos seus efeitos imediatos mas na duração das suas repercussões”

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ternativas. Estas têm que passar pela experiência. Já dizia Aristóteles que tudo o que fica registado na nossa mente passa primeiro pelos sentidos e, como tal, temos que oferecer experiências que possam ser validadas e inscritas nas práticas sociais e culturais dos jovens.

E o que fazer para mudar?AU - Nós consideramos que, para mudar atitudes e comportamen-

tos, é necessário desenvolver uma política assente em ações contí-nuas. Se apenas apostarmos em ações pontuais e casuísticas, natural-mente, não conseguiremos gerar impacto nem transformação, daí que o município faça anualmente um investimento muito significativo, ci-frado em 65 mil euros, num programa que se denomina Atitude Positi-va, promovido e executado por uma organização da economia social radicada em Torres Vedras, na área da prevenção dos comportamen-tos de risco, através da promoção de competências sócio emocionais e do apoio à transição de ciclos, ancorado em todos os agrupamentos de escolas do nosso concelho, abrangendo uma média anual de 1300 alunos. Trata-se de um programa contínuo, que assenta num dispositi-vo de avaliação muito robusto, que nos permite inclusivamente fazer avaliações de impacto e consubstancia uma aposta muito séria do mu-nicípio na prevenção dos comportamentos de risco. Em acréscimo, a preceder a altura do Carnaval, reforçamos as ações que desenvolve-mos junto dos estabelecimentos de ensino e dos jovens, precisamente para prevenir comportamentos de consumo excessivo de álcool. Essas ações de reforço vêm, no fundo, intensificar todo um trabalho contínuo que já desenvolvemos através do Programa Atitude Positiva e do Mais Saúde, em que, em parceria com as unidades de saúde radicadas em Torres Vedras e com os agrupamentos escolares, construímos um pro-grama anual de promoção de hábitos e estilos de vida saudáveis dirigi-do a toda a comunidade escolar em áreas muito diversas mas abor-

dando também estas questões relacionadas com os comportamentos aditivos e as novas dependências.

Que papel assumem as escolas ou as juntas de freguesia nesta dinâ-mica de intervenção?AU – É absolutamente essencial. O nosso modelo é de governação

integrada e acreditamos que, se não tivermos a capacidade de mobili-zar os diferentes atores e agentes locais, não conseguimos implemen-tar uma estratégia que seja eficaz e que atinja todos os segmentos da população. Por isso, o nosso modelo assenta na constituição de redes colaborativas, em que todos os parceiros são devidamente conjuga-dos. A nossa atuação tem levado à criação de comunidades de prática que abrangem todos os profissionais que intervêm nos gabinetes de apoio ao aluno e à família ancorados nas escolas, com o intuito de fo-mentar a partilha de experiências e conhecimentos e uma maior inte-ractividade entre todos, aproveitando os recursos da comunidade. Em 2018, desenvolvemos uma parceria com o CRI Oeste, que permitiu a criação de uma consulta de atendimento a jovens adolescentes… O nosso modelo é, essencialmente, colaborativo. Acreditamos que, a ní-vel local, devido às relações de proximidade existentes entre os dife-rentes parceiros, é possível organizarmo-nos por forma a sermos mais eficazes na nossa ação. Recusamos totalmente modelos atomizados ou centralistas, procurando, numa lógica de concertação, perceber quais são as organizações melhor perfiladas para assumir determina-do tipo de competências e responsabilidades em lugar de aglutinar ou de concentrar em nós, câmara municipal, todas essas responsabilida-des.+

Prevenir hoje para poupar amanhã…

“Acreditamos que os cidadãos privilegiam cada vez mais a adopção de medidas que tenham um impacto no seu bem-estar e qualidade de vida. E situações de insegurança ou de exclusão social contaminam a perceção de bem-estar social dos cidadãos, ameaçam a coesão social e os funda-mentos e valores que subjazem ao nosso modelo de socie-dade, por isso, acreditamos que um investimento sério e continuado em programas de natureza preventiva, que im-pactam na diminuição dos comportamentos de risco ou de dependência e que fortalecem as competências pessoais e interpessoais dos envolvidos, com reverberações positivas noutras esferas da sua vida, constituem de facto uma apos-ta certeira. Quem faz os territórios são as pessoas e, por isso, temos que investir nas mesmas, garantindo que nin-guém fica para trás, assegurando igualdade de oportunida-des. Fazendo eco das palavras do historiador José Matoso, a importância de um acontecimento não se mede nos seus efeitos imediatos mas na duração das suas repercussões. Como tal, acreditamos que esta é uma aposta válida e que traz, inclusivamente do ponto de vista financeiro, inúmeros ganhos para o erário público. Sabemos que as medidas re-mediativas são sempre muito mais caras e, ao investirmos na prevenção e ao ancorarmos o desenvolvimento destes programas nos estabelecimentos de ensino e na comunida-de, estamos a apostar no futuro e, do ponto de vista finan-ceiro, a evitar que surjam custos muito mais acentuados que estrangulam o desenvolvimento do território”.

Mais competências? Sim!“Somos totalmente favoráveis ao reforço das competências

dos municípios nas suas diversas área de atuação porque acre-ditamos que a proximidade que conseguimos estabelecer com os cidadãos e a capacidade que temos de mobilização dos di-versos atores e intervenientes traz mais valias à prestação de serviços. Por isso, aceitamos as competências propostas pela Administração Central e, na sua operacionalização, beneficia-mos de todo este lastro de trabalho colaborativo que temos vin-do a construir, interessando-nos neste momento, sobremaneira, a mobilização dos cidadãos na estruturação de medidas que im-pactam nas suas vidas. É necessário transformar os beneficiá-rios dos programas e medidas de política pública em co-cons-trutores dessas propostas e esse é um grande desafio que atual-mente abraçamos, interessados em desenvolver múltiplas for-mas e expressões de democracia participativa. Com a sua colaboração e dos stakeholders é mais fácil desenhar uma es-tratégia local que possa ser ajustada, eficaz e sustentável no tempo. Interessa-nos que os programas que desenvolvemos te-nham um impacto nas vidas das pessoas concretas… Trabalha-mos para as pessoas comuns que habitam no nosso território e não para abstrações”.

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SICAD: Declaração da presidência do Grupo Pompidou alusiva ao Dia Internacional contra o abuso e tráfico ilícito de drogas

On the occasion of the International Day against Drug abuse and Illicit Trafficking, the Pompidou Group reaffir-ms its commitment to ensure that drug policies are fully respecting human rights, in line with the Council of Euro-pe’s core mission and values. In this connection, and in light of recent developments, we recall our strong opposi-tion to the use of death penalty in all circumstances,  in-cluding for drug-related offences. 

The Pompidou Group is fully committed to further de-velop international efforts to address the problem of drug use and abuse as a major public health challenge, and to play its role as a bridge between countries in Europe at large and beyond, while involving civil society. 

Over the last days, numerous events in France have taken place to celebrate the 50th Anniversary of Georges Pompidou’s election as President of the French Republic. This Anniversary is also important for us, as the creation of our Group is part of his legacy.  

SICAD – delegaçãoda Polónia visita SICAD

O SICAD recebeu, no dia 3 de junho, uma delegação do Polish Drug Policy Network, que tem por objetivo informar os representantes minis-teriais e peritos da Polónia sobre as boas práticas em matéria de polí-ticas de drogas e de medidas de redução de danos implementadas em Portugal.

A delegação de 8 pessoas, composta por ativistas, representantes do Ministério da Saúde e de estruturas de tratamento de várias cida-des, mostrou particular interesse em conhecer o quadro jurídico nacio-nal,  o modelo de intervenção da dissuasão e as estruturas de apoio aos consumidores de drogas no terreno, elementos de inspiração para a promoção de novas politicas na Polónia.

SICAD na 4ª Conferência Anual do COPOLAD O SICAD participou na 4ª Conferência Anual do Programa de Coope-

ração entre a América Latina, as Caraíbas e a UE sobre políticas de dro-ga (COPOLAD), que se realizou em Paramaribo, Suriname nos dias 18 e 19 de junho  subordinada ao tema  “”Coordenação Interinstitucional nas Políticas sobre Drogas: Desafios e Avanços Promissores” e que contou com representantes oriundos de 45 países da América Latina, das Caraí-bas e da UE. Organizações internacionais como a Comissão Europeia (fi-nanciadora do Programa), o Observatório Europeu da Droga e da Toxico-dependência, a Comissão Interamericana para o Controlo do Abuso de Drogas da Organização dos Estados Americanos e a Organização Pan-A-mericana de Saúde da Organização Mundial da Saúde, a Rede Ibero-Ame-ricana de ONG’s, a Associação Ibero-Americana de Ministérios Públicos e o International Drug Policy Consortium também marcaram presença.

A 4ª Conferência Anual do COPOLAD II teve como objetivo a identifi-cação de mecanismos e instrumentos que possam contribuir para criar uma sólida participação intersectorial na qual múltiplas instituições esta-beleçam a cooperação necessária para a implementação de políticas efi-cazes de drogas, através da apresentação de histórias de sucesso sobre

os benefícios da coordenação nacional entre os vários stakeholders.Ana Sofia Santos, Chefe de Divisão de Relações Internacionais apresentou o modelo de coordenação nacional para os problemas da droga,

das toxicodependências e do uso nocivo do álcool, criado em 2003, salientando os benefícios resultantes da existência dessa estrutura de coorde-nação, bem como os desafios que se têm colocado.

O COPOLAD promove a adoção de respostas eficazes e baseadas em evidência aos desafios relacionados com a droga, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030. Pelo quarto ano consecutivo, esta Conferência proporciona um espaço de diálogo adequado para que as autoridades nacionais competentes responsáveis pelas políticas de droga dos países da União Europeia e da América Latina e das Ca-raíbas tenham a oportunidade de trocar informações e acordar ações concretas de cooperação bi-regional. 

O Programa COPOLAD teve início em janeiro de 2011 e encontra-se desde 2016 na segunda fase, continuando o SICAD a assegurar a participa-ção nacional no COPOLAD enquanto membro do Consórcio e partilhando a sua experiência e know-how em matéria de drogas e dependências. 

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Delegação do Uzebequistão visita SICAD

O SICAD recebeu a 19 de junho uma delegação do Uz-bequistão, composta pelo Coordenador do National Cen-tre for Drug Control e por um representante  do Ministério dos Negócios Estrangeiros que vieram a Lisboa conhecer a nossa política em matéria de CAD.

A reunião de trabalho permitiu a troca de informação e de experiências sobre a situação e as políticas dos dois países e os participantes manifestaram grande interesse no modelo português, em especial no que se refere à im-plementação da Lei da Descriminalização e as respostas em termos de saúde pública e de redução da oferta.

A visita a Portugal decorreu no âmbito do programa CADAP, programa da UE que apoia os governos da Ásia Central no reforço da capacidade das agências nacionais para lidar com o fenómeno da droga de forma abrangen-te, integrada e sustentada.

Reunião Mednet do Grupo Pompidou O SICAD esteve presente na 24ª reunião da Rede MedNET do Grupo Pompidou do Conselho da Europa, realizada sob Presidência Ita-

liana, no dia 25 de junho 2019, em Roma. Esta reunião teve como principal objectivo a troca de informações e partilha de conhecimentos em matéria de projetos em desenvol-

vimento nos vários países da Rede MedNET. O SICAD  apresentou o Plano de Ação para a Redução dos Comportamentos Aditivos e das Dependências -  Horizonte 2020, bem

como a legislação adoptada em 2018 e 2019 que regulamenta a uti-lização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais.

De referir que enquanto contribuição financeira voluntária para a rede MedNET, o SICAD disponibilizou a inscrição de um delegado por país membro da Rede na 3ª Conferência Lisbon Addictions 2019, a realizar em Lisboa de 23 a 25 de outubro de 2019.  

A Rede MedNet do Grupo Pompidou do Conselho da Europa é uma rede que reúne países da bacia mediterrânica para promover a cooperação em matéria de droga e toxicodependências e o inter-câmbio e a transferência mútua de conhecimentos e experiências (Norte-Sul e Sul-Sul).  

O SICAD participa nesta Rede contribuindo com a partilha de in-formação e conhecimento da política portuguesa para os comporta-mentos aditivos e as dependências. Esta partilha de conhecimentos pode também traduzir-se na disponibilização de especialistas do SI-CAD para a organização ou participação em ações de formação, workshops e grupos de trabalho.

SICAD participou no “Second who forum on alcohol, drugs and addictive behaviors”

A Organização Mundial de Saúde organizou o “Second WHO Forum on Alcohol, Drugs and Addictive Behaviors”, em Genebra, nos dias 27 e 28 de junho. 

O subdiretor-geral do SICAD, Manuel Cardoso e Graça Vilar, diretora dos Serviços de Planeamento e Intervenção, participa-ram nesta reunião com uma apresentação sobre o Modelo Por-tuguês, “Integrated, Public Health Oriented Drug Policy in Portu-gal”.

Esta reunião teve como objetivo principal, melhorar as ações de saúde pública nas áreas do álcool, drogas e comportamentos aditivos, fortalecendo parcerias e colaboração entre organiza-ções, redes e instituições orientadas para a saúde pública na era dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 (ODS 2030).

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Teve lugar no dia 26 de junho, Dia Internacional  de Luta Contra o Tráfico Ilícito de Droga, no jardim do Arco do Cego, a festa comemora-tiva do 20º aniversário da Estratégia Nacional de Luta Contra a Droga, que decorreu entre as 17h e as 21h.

Neste evento  do  SICAD, com o apoio da Câmara Municipal de Lis-boa e do IPDJ, participaram frequentadores habituais do espaço, mora-dores da cidade e profissionais que trabalham na área dos Comporta-mentos Aditivos e das Dependências, que tiveram a possibilidade de assistir, em direto, ao programa diário de Fernando Alvim “Prova Oral”, da Antena 3. Esta emissão contou com a presença de João Gou-lão, diretor-geral do SICAD,  Inês Macedo e Mariana Cunha, da Komis-care e Jorge Pina, que deixaram testemunhos e mensagens importan-tes sobre este tema.

De seguida, decorreu o concerto de Joana Espadinha e banda, que suscitou grande entusiasmo em todos os presentes. O evento contou também com dois momentos de Dj Set, com Fernando Alvim, que trou-xe boa música num ambiente descontraído.

Comidas e bebidas saudáveis em duas foodtrucks; experiência de boxe proporcionada pela Associação Jorge Pina; e informação sobre consumos nocivos de álcool e outras drogas prestada pela associação Kosmicare, que dinamizou uma carrinha do programa CUIDA TE, do IPDJ, estiveram disponíveis a todos os participantes, durante o evento.

 

Curso sobre intervenções breves e entrevista motivacional decorreu no SICAD Decorreu nos passados dias 27 e 28 de junho, no SICAD, em Lisboa, o curso sobre Intervenções Breves e Entrevista

Motivacional.Destinado a profissionais e estudantes das áreas social e da saúde, teve como objetivos capacitar os formandos para

a identificação precoce de comportamentos de risco de consumo de substâncias psicoativas, em particular do álcool, e para o desenvolvimento de intervenções breves no contexto da rede de referenciação.

Festa Comemorativa dos 20 anos de ENLCD

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Francisco Pascual es presidente de SOCIDORGALCOHOL y coordi-nador de la Unidad de Condutas Adictivas de Alcoi, además de asesor técnico de CAARFE, la Confederación de Alcohólicos, Adictos en Reha-bilitación y Familiares de España. Pascual fue ponente el pasado mes de junio en los seminarios de formación organizados por la Unidad de Alcohología de Coimbra, donde habló de la historia del alcoholismo, de cómo intervenir en la consulta ante una persona con problemas de al-coholismo, las necesidades de asistencia que hay y en última instancia del daño que producen los bulos en salud y la elevada permisividad de las administraciones hacia la industria alcoholera.

Pregunta. ¿Cómo distinguimos un mito de una realidad en adiccio-nes? ¿Cuándo acaba la realidad y empieza el mito?Respuesta. Cuando vemos que existen informaciones sesgadas,

interesadas o incluso acerbos populares, que no se basan en informa-ciones científicas, debemos desconfiar. Se acaba cuando valoramos desde la evidencia científica y vemos que por ejemplo la información tiene interés económico, que se fundamenta en estudios con muestras pequeñas o sesgadas o incluso son simples opiniones.

P. ¿Cuáles son los bulos más extendidos? ¿Quién es el encargado de difundirlos o crearlos? ¿Por qué?R. Los bulos que existen son muchos, pero especialmente aquellos

que se refieren al alcohol, por los usos tradicionales que se ha hecho de él. También con respecto al cánnabis por considerar que una sus-tancia natural es inocua, sin tener en cuenta las posibles manipulacio-nes, o emulando a Paracelso: “podríamos decir que no existen los ve-nenos, todo depende de la dosis de la sustancia”.

P. Ha hablado de estudios que se realizan con muestras represen-tativas muy escasas, ¿por qué se difunden estos estudios y no los que tienen muestras representativas mayores? ¿Es aquello de ‘difa-ma que algo queda’?R. Es lo de difama que algo queda o simplemente de procurar un ti-

tular atractivo que puede tener más impacto que el trabajo en sí mismo y siempre hay detrás un interés pecuniario.

P. ¿Por qué se ha considerado el alcoholismo un vicio? ¿En qué mo-mento histórico empieza a plantearse como enfermedad?R. Por qué se ha considerado que el que bebe es porque quiere, no

se ha tenido en cuenta el efecto adictivo de la sustancia, que hace que se convierta en una necesidad para las personas. Además, al producir cambios en la conducta y pérdida de modales, se distrae la moral y se pierde el razonamiento, era más fácil llamar vicioso a una persona con ese comportamiento fuera de lo concebido por los límites de la educa-ción, que enfermo, ya que no se entendía la parte de trastorno adictivo.

P. ¿Por qué se consumía alcohol en sus inicios y a lo largo de la histo-ria? ¿Por qué se consume alcohol ahora?R. Todos los seres humanos han necesitado sustancias para eva-

dirse, para divertirse, para los rituales o incluso buscando efectos tera-péuticos, esa es la historia. En la actualidad estamos ante la droga más barata, más accesible y con un efecto depresor sobre el Sistema Nervioso Central, lo que hace que a ciertas dosis uno se desinhiba y pierda la compostura. El consumo es gastronómico, pero el gran con-sumo es recreativo, la borrachera programada para la fiesta.

P. ¿Cómo podemos combatir el alcoholismo? A nivel preventivo, a ni-vel de investigación, a nivel asistencial, a nivel mediático o de comu-nicación...R. Abogamos por el papel de la familia, por el cambio de costum-

bres y por informar sobre los daños reales y las complicaciones, no solo físicas, sino también de origen psíquico y social. Deberíamos con-tar con medios de comunicación más sensibles en estos temas, con una correcta regularización y control, sobre todo, en menores y con una restricción de la publicidad. Ningún evento deportivo debería ser esponsorizado por la industria alcoholera, aunque ponga ‘SIN’. Queda la marca y eso es suficiente. Más inversión en educación, investigación y asistencia.

P. ¿Qué fortalezas hay y qué carencias existen?R. Profesionales y periodistas preparados, esas son las fortalezas.

Las debilidades: la hipocresía social y la falta de contundencia por par-te de las administraciones con cierto miedo, si me permiten, hacia la industria alcoholera. Hay que hablar, pactar y avanzar. Los enfrenta-mientos ya se ha demostrado que no sirven, pero luego CUMPLIR.

Ciclos Temáticos de Formação em Alcoologia da UA de Coimbra:

“Se ha considerado que el que bebe es porque quiere, no se ha tenido en cuenta el efecto adictivo de la sustancia”

francisco pascual

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La sociedad científica fue fundada en 1969 con el nombre de SO-CIOALCOHOL, nombre que más tarde due modificado por el actual, SOCI-DROGALCOHOL. Desde sus inicios su actuación y trabajo se desarrolla en el ámbito nacional y regional gracias a las diversas Delegaciones Autonó-micas. La Sociedad Científica se configura com una ONG sin ánimo de lu-cro, formada por profesionales de diferentes titulaciones académicas, la multidisciplinariedad es su característica principal. SOCIDROGALCOHOL ofrece programas de formación, prevención, tratamiento, reciclaje de sus socios, diseño de cursos, líneas de investigación a nivel nacional, autonó-mico y local, expandiendo su cooperación y colaboración a nivel interna-cional.

HISTORIALa historia de Socidrogalcohol empieza en los años 50-60. Según la

publicación ‘Historia de las adicciones en la España contemporánea, 2009’: “La existencia de equipos asistenciales modernos, específicos, multiprofesionales, de acción comunitarios, con los que se inició el desar-rollo de actividades

asistenciales y preventivas en el área del alcoholismo y las otras adic-ciones, desde el principio puso de manifiesto en forma ineludible la nece-sidad de disponer de una sociedad científica multiprofesional. [...] Desde el principio quedo claro que la sociedad que aparecía como deseable y ne-cesaria,debería tener un carácter estrictamente científico, con finalidades de investigación, de facilitación y difusión de metodologías adecuadas, tanto para la propia investigación como para su aplicación a la realidad clí-nica y social”.

FUNDACIÓN Socidrogalcohol tuvo un largo período de reuniones y seminarios durante

los que se iba gestando la idea para su configuración. Este período fue entre los años 1969 y 1972, tiempo en el que se realizaron contactos y trámites or-ganizativos, según documenta la publicació ‘Historia de las adicciones en la España contemporánea’. El grupo fundador estaba formado por dos psiquia-tras: Joaquín Santo-Domingo Carrasco y Francisco Alonso Fernández y la asistente social Cermen Cadavid Huertas. ”Durante el periodo indicado se ha-bían realizado contactos con Archer Tongue, director del ICAA (International Council on Alcohol and Addictions, Suiza) con la finalidad de realizar un con-greso internacional en España y Francisco Alonso Fernández, catedrático de Psiquiatría de la Universidad Hispalense, había ofrecido así mismo la posibili-dad de facilitar la realización de ese Congreso en Sevilla. Parecía entonces muy conveniente aprovechar esa reunión internacional para realizar durante la misma la presentación social, es decir la asamblea constituyente y funda-cional de Socidrogalcohol.

Finalmente, el Congreso Internacional, realizado en colaboración con el ICAA y presidido por Francisco Alonso Fernández y Joaquín SantoDomingo, se realizo en Sevilla en 1972, y durante el mismo quedó constituida la Socie-dad Española para el Estudio del Alcoholismo y las otras Toxicomanías (Soci-drogalcohol). Como Presidente de la sociedad, fue elegido Francisco Alonso Fernández. Con ello, se iniciaba el largo camino de una sociedad científica es-pañola para el estudio del alcoholismo y las toxicomanías, que con el esfuer-zo de todos los profesionales que la integran, ha llegado a la actualidad, cola-borando al logro de un muy alto nivel de investigación y comunicación nacio-nal e internacional en los temas de adicciones”.

Socidrogalcohol, el recorridohistórico de las adicciones

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Estos fueron los inicios de la andadura de una sociedad científica, que lleva ya en marcha 50 años. Como la historia de cualquier entidad, su his-toria tiene momentos mejores y otros no tan buenos, pero pese a las difi-cultades, SOCIDROGALCOHOL ha conseguido posicionarse socialmente y ser un referente en el campo de las adicciones, además de la sociedad científica española de adicciones más antigua del territorio español.

En la actualidad, SOCIDROGALCOHOL cuenta con respresentación au-tonómica en 14 comunidades, cuenta con más de 800 socios de todo el territorio español y con profesionales de muchas disciplinas distintas que trabajan en este campo (enfermería, psicología, trabajo social, medicina, educación social, psiquiatría, sociología, abogacía, periodismo, etc.). Cada una de esas profesiones cumple un papel fundamental y único, sien-do las piezas de un puzzle que se construye con el trabajo de todos.

EL TESTIMONIO DE MIGUEL ÁNGEL TORRES

Las adicciones han sufrido cambios sustanciales a lo largo de la historia de SOCIDROGALCOHOL. El origen de esta sociedad científica se remonta de hecho, a un momento histórico en el que el problema del alcoholismo aún no se consideraba enfermedad sino vicio. Un conjunto de profesionales de la psi-quiatría y otras áreas de la salud, se dieron cuenta de que se necesitaba de un tratamiento un tanto más especializado para las personas que sufrían al-coholismo, con diferencias sustanciales con respecto al tratamiento que se daba en los centros psiquiátricos del momento. Este fue el germen para el na-cimiento de la sociedad científica en 1969. SOCIDROGALCOHOL fue cogien-do peso dentro de la sociedad en general: “Incluso algunos miembros fueron llamados para la elaboración de las leyes en los inicios de la democracia es-pañola”, comenta Miguel Ángel Torres, ex presidente de la entidad en 1988.

“El momento social era terrible”, explica Torres, “era el momento en el que la heroína estaba en la calle. Todos teníamos poca información, incluidos no-sotros, los profesionales de las adicciones, por eso teníamos que estudiar mucho y establecer conceptos más actuales. Teníamos que mejorar el cono-

cimiento, el abordaje, la prevención, etc. Fue un momento de gran revolución en el mundo de las drogas. Cambió por completo el concepto que teníamos de adicción”. El concepto con el que hoy se trabaja, entendiendo la adicción como un problema de salud de origen múltiple y con un necesario abordaje multidisciplinar, principio básico de SOCIDROGALCOHOL, que lo componen profesionales de la psicología, enfermería, psiquiatría, medicina, educación social, trabajo social, sociología, etc.

En 1974 se hace un segundo congreso en Vitoria y es aquí donde ya se constituye formalmente. A partir de ese entonces, se empezaron a ha-cer jornadas de forma anual y poco a poco se plantean reuniones autonó-micas y cosas más específicas como la Escuela de Otoño, por ejemplo. Fue incrementando poco a poco el número de socios. En 1988 se crea la revista Adicciones, luego la web, las reuniones científicas regionales o lo-cales, la Escuela de Otoño, etc. y poco a poco se fue configurando la so-ciedad científica conforme se conoce en la actualidad: “Yo pienso que na-ció como una unión de amigos, con mucha confianza en un momento en el que las autoridades no funcionaban con tanta fluidez ni apoyaban este tipo de cuestiones”, argumenta el doctor. Torres fue presidente de Soci-drogalcohol algunos años después: “Era un momento difícil para todos, había un revuelo dentro de la sociedad. Algunos amigos nos fijamos en que algo no iba bien, teníamos continuos enfrentamientos con el Plan Na-cional sobre Drogas, cuando lo que debía haber era un apoyo mutuo. Así en Valladolid, en 1988 en la Asamblea de Socios presentamos la candida-tura para cambiar la junta y hacer una presidencia mucho más activa. Fue un momento de crisis. No todo el mundo estaba de acuerdo, había una di-visión. Comenzamos a plantear la revista, a mejorar las relaciones institu-cionales, con los socios, etc. y hacer a Socidrogalcohol más atractiva. Sa-lió así nuestra candidatura. Se hizo un cambio de dirección”.

“El reto”, según Torres, “es continuar con la tarea de lo que significa: conocimiento, participación, investigación y aplicación a la vida real desde el punto de vista profesional. Aspectos para abordar el problema, adapta-ción profesional, participación en nuevos tratamientos, reuniones, recibir información y ser más eficaces en todo lo que se hace en el día a día. Su tarea es informar e intervenir”.

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Ana Lima es Secretaria de Estado de Servicios Sociales y trabajadora social. Es ex presidenta del Consejo General del Trabajo Social. Con moti-vo del 50ª Aniversario de SOCIDROGALCOHOL habla de percepción de riesgo, prevención, consumo de alcohol, tabaco, cannabis y la preocupa-ción del Gobierno por las apuestas deportivas y los juegos de azar pre-senciales y online.

Pregunta. Una de las cuestiones que hoy se ha expuesto es la baja percepción de riesgo, ¿Es un fallo de la prevención?Respuesta. Yo creo que hay que trabajar mucho más en la prevención

puesto que es verdad que hay conductas de consumos ilegales que no son percibidos como un riesgo para las propias familias, incluso consu-mos que los hijos ven en sus propios padres. Depende de qué drogas, pero sobre todo el alcohol, está muy socializado, en las celebraciones fa-miliares, los fines de semana como forma de ocio, etc. Muchos jóvenes ven que sus padres lo tienen normalizado en casa y no lo están viendo como una sustancia que puede generar adicción, sino como algo social normal. Vamos a celebrar un cumpleaños, vamos a celebrar que ha gana-do nuestro equipo de futbol, vamos a celebrar…y lo vamos a hacer con el alcohol. Realmente yo creo que hay que hacer ese cambio cultural de en-tender que el alcohol es una sustancia que genera adicción y que no tiene por qué estar normalizada. Podemos celebrar las cosas y salir con ami-gos sin consumir alcohol y que por eso no eres el raro o la rara. Muchas veces a las personas que no consumen alcohol se les pregunta: Pero, ¿por qué no bebes alcohol o no bebes cerveza? ¿Es que te pasa algo? ¿Estás enfermo? ¿Estás medicándote? No. Lo raro sería tomarlo.

P. Algo que también ha comentado la delegada del gobierno para el Plan Nacional sobre Drogas es que los jóvenes menores de edad, es-tán consumiendo no solo alcohol sino que además están apostando o consumiendo otras sustancias, ¿Hay un fallo de legislación o del control de la legislación?R. Realmente sí que hay una gran preocupación porque las últimas

encuestas que se han hecho desde el observatorio del Plan Nacional so-bre Drogas, se ha observado como hay un aumento en el juego online, fundamentalmente online de los y las jóvenes. Son nativos digitales, con lo cual su forma también de realizar apuestas va a ser más tendencia on-line, y sin embargo, las personas mayores son más presenciales. Hay una gran preocupación en España por ese tema, y de hecho hay un plantea-miento futuro, de intentar hacer una normativa que regule el acceso de los jóvenes al juego online y al juego presencial. Hay una gran alarma so-cial porque se están poniendo muchas casas de apuestas donde también hay juego online. Es un tema que depende de las comunidades autóno-mas, no depende del Estado central pero sí es cierto que hay una preocu-pación por intentar coordinar con las autonomías y que esto se regule de alguna manera en cuanto a licencias para poner este tipo de locales por-que muchos de ellos están muy cerca de sitios donde hay juventud, o de colegios, o de sitios de ocio donde normalmente van los jóvenes. Y, luego, por otro lado, estamos experimentando ese aumento de juego online y se quiere ver qué efectos va a tener en el futuro y también establecer alguna

manera de poder tratarlo porque puede generar una adicción, como todas las adicciones que se están viendo que pueden generar las nuevas tecno-logías, como juegos online y otro tipo de cuestiones que hablan de la adicción a la pantalla.

P. Estamos banalizando mucho el tema de los consumos del canna-bis y creo que se está perdiendo mucho tiempo discutiendo al res-pecto. Yo pido que se hable con claridad, ¿El cannabis es o no es un problema de salud pública?R. Desde el Gobierno consideramos que sí lo es. Se está hablando del

uso terapéutico del cannabis, pero está demostrado científicamente que el consumo de cannabis puede provocar problemas de salud mental en los jóvenes, con lo cual esto es una gran preocupación que se tiene y se está viendo, porque hay algunos grupos políticos que están planteando iniciativas para la legalización, pero siempre hablan del uso terapéutico, es decir, tener el cannabis como una sustancia médica más que puede ayudar en algunos casos.

P. Aquí es realmente donde la gente se está confundiendo, ¿no?R. Realmente decimos, a ver, ya hay medicamentos que tienen canna-

bis, con lo cual sería absurdo legalizar una sustancia cuando ya hay me-dicamentos que tienen cannabis. El uso en ocio es lo que está en esa po-lémica. Y entendemos que, si es una sustancia perjudicial para la salud, no deberíamos hacer una legalización para ese uso recreativo y lúdico porque está teniendo unos efectos negativos en la salud mental de mu-chos jóvenes. Esa es la idea principal, pero es verdad que es un tema que está en el debate en el congreso porque hay muchos grupos políticos que lo están llevando, y todavía no lo tenemos elaborado. Pero la visión desde el Gobierno es que si tiene un uso terapéutico que se utilice como una medicina y lo que no entre ahí nada.

P. El alcohol y el tabaco son las sustancias legales y su consumo está disparado, y ahora se plantea una tercera sustancia que es el cannabis, ¿Puede esa baja percepción de riesgo condenar a nuestra juventud?R. Yo creo que sí, es muy importante divulgar y sensibilizar desde

el Gobierno los efectos perjudiciales sobre la salud y decir que hay efectos sobre la salud mental muy negativos. Ya hay artículos científi-cos que así lo demuestra, se habla de patología dual, psicosis, neuro-sis, etc. que se puede generar desde la adolescencia con el consumo de cannabis. Luego el tema del alcohol y el tabaco, son sustancias le-gales, y por supuesto lo que se intenta es controlar el uso problemáti-co de esas sustancias cuando se da y se está dando. Además, tam-bién el poli consumo, que muchas veces una persona no solo fuma, no solo bebe, sino que fuma y bebe, etc. y de hecho se ha visto también un repunte del consumo de tabaco por el cannabis, porque muchas ve-ces se fuma mezclado.

P. Ya que usted es trabajadora social, hablamos siempre de los con-sumos y nos olvidamos de la familia, ¿por qué este divorcio entre el consumo, los consumidores y la familia?R. Yo creo que si algo puede aportar el trabajo social precisamen-

te es ese valor añadido de ver el contexto y el entorno de la familia. Si lo enfocamos desde la visión individual solo vamos a ver a la persona, si lo enfocamos desde un punto de vista psicosocial, vemos la familia y podemos observar si hay algo que pueda estar incitando al consumo o por lo menos no ayudando a poner límites al mismo. Eso es funda-mental y creo que es una aportación que tienen las profesiones de lo social. Lo que podemos aportar ese ese conjunto, el tratamiento clíni-co por un lado, pero sobre todo esta parte del entorno sociofamiliar y del entorno comunitario, que es fundamental. La prevención es impor-tantísima porque claro, si tú tienes entornos donde se incita al consu-mo, va a ser más fácil que la persona recaiga o que empiece a consu-mir. Si tienes unos entornos más enfocados a la salud pública y al no consumo, pues vas a evitar riesgos. Esta es la visión que podemos aportar desde las profesiones de lo social, que es complementaria y muy importante.

ana lima

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Hoy, dia 18 de Julio se ha presentado en el Ministerio de Sanidad una campaña para desestigmatizar y sensibilizar sobre esta enfermedad, en el marco de una jornada organizada con motivo del Día Mundial Frente a la Hepatitis C, cuya inauguración ha contado con la presencia del Secretario General de Sanidad, Faustino Blanco, y del actor Carmelo Gómez, paciente curado de hepatitis C y protagonista de la campaña.

Según  ha explicado el coordinador de la AEHVE y jefe de la Sec-ción de Hepatología del H.U. La Paz, el doctor Javier García-Samanie-go, se trata de una campaña para transmitir que la hepatitis C  puede llegar a ser una historia de éxito en España “si se sigue avanzando, como hasta ahora, en la lucha contra la enfermedad”. “Estamos ante la oportunidad de hacer historia”, ha afirmado García-Samaniego, que ha explicado los enormes avances alcanzados en nuestro país desde que en 2015 la aparición de los nuevos antivirales de acción directa revolu-cionara el tratamiento de la hepatitis C logrando tasas de curación por encima del 95%. “España dio los pasos correctos aprobando una estra-tegia nacional que primero incorporó la financiación pública  de estos tratamientos en los casos más graves y después los universalizó para todos los pacientes, y ahora el Ministerio trabaja ya con los expertos y las Comunidades Autónomas en una tercera fase del PEAHC para ac-tualizar la estrategia y avanzar definitivamente hacia la eliminación”, ha apuntado el coordinador de AEHVE, que ha señalado que, de lograr-se, “sería la primera vez en la historia que se elimina una enfermedad viral crónica para la que no existe vacuna”. Se estima que en España hay entre 50.000 y 70.000 personas con infección activa por el virus de la hepatitis C que necesitan ser diagnosticadas y tratadas, según Gar-cía-Samaniego.

Más de 130.000 pacientes tratados y curados

Desde 2015, en España se ha tratado a  más de 130.000 pa-cientes, evitando el riesgo de muerte por cirrosis y cáncer de hí-gado y la morbilidad causada por la enfermedad hepática cróni-

ca. Uno de ellos es el protagonista de la campaña promovida por la AEHVE, el actor Carmelo Gómez, que cuenta su caso en un spot de un minuto que será proyectado en cines durante el próximo otoño y que ya puede verse en la web unfinalfelizhepC.com. y en las redes sociales. En ese spot, el actor ganador de un Goya su-braya que hoy la historia de la hepatitis C puede tener un final fe-liz para todos gracias a los nuevos tratamientos e invita a todos aquellas personas que hayan podido estar en contacto con el vi-rus a hacerse la prueba de la hepatitis C y a poner ellos tam-bién un final feliz a su historia.

Según la Encuesta de Seroprevalencia publicada reciente-mente por el Ministerio de Sanidad, la prevalencia de anticuer-pos frente a la hepatitis C en población general de 20 a 80 años en España es de 0,85% y la de infección activa de 0,22%, con prevalencias más altas en varones de más de 50 años y en mujeres de más de 70. Se trata de una prevalencia baja en rela-ción con los países de nuestro entorno, especialmente en in-fección activa, lo que pone a nuestro país en una situación idó-nea para acometer el esfuerzo final para la eliminación, esfuer-zo que requerirá una actualización de la estrategia nacional frente la hepatitis C en la que ya trabaja el Ministerio con un grupo de expertos y con la participación de las Comunidades Autónomas.

Hacer aflorar la infección no diagnosticada es pues uno de los últimos retos para la eliminación de la hepatitis C en Es-paña, por lo cual la campaña promovida por la AEHVE también pretende informar a la población de las formas más habituales de transmisión de la enfermedad y anima a hacerse la prueba a todos aquellos que hayan estado expuestos a situaciones de riesgo como son las transfusiones de sangre realizadas antes de 1992 (Carmelo Gómez era donante y se contagió de esa for-ma); consumo de drogas por vía intravenosa o nasal; relacio-nes sexuales de riesgo sin protección, o realización de tatua-jes, piercings y procedimientos similares en los que puede ha-ber lesión de la  piel y sangrado,  sin las adecuadas medidas de esteril ización).

Día Mundial Frente a la Hepatitis C