maracatus-nação e religiões afro-descendentes

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Diálogos, DHI/PPH/UEM, v. 10, n. 3, p. 167-183, 2006. MARACATUS-NAÇÃO E RELIGIÕES AFRO- DESCENDENTES: UMA RELAÇÃO MUITO ALÉM DO CARNAVAL * Ivaldo Marciano de França Lima 1 Resumo. Neste trabalho nós enfatizamos que a relação existente entre as religiões afro-descendentes e os maracatus-nação é fruto de uma construção humana, e como tal, dotada de historicidade, e por isso mesmo deve ser contextualizada. Os indícios de que as religiões afro-descendentes buscaram abrigo nos maracatus-nação durante a repressão exercida contra eles nos anos trinta e no Estado Novo, podem ser pensados como sinais de que essa relação talvez nem sempre tenha existido. Além disso, necessitamos compreender que não há uma homogeneidade nessa relação e que, além dos xangôs, a Jurema e a Umbanda também estão presentes. Palavras-chave: maracatu; religiões afro-descendentes; xangô; Jurema; Umbanda. MARACATUS AND AFRO-DESCENDENT RELIGIONS: A RELATIONSHIP BEYOND THE FRONTIERS OF CARNIVAL Abstract. The relationship between the Afro religions in Brazil and the maracatus is a human construct, or rather, it involves historicity, and may thus be contextualized. In spite of the fact that Afro religions have sheltered within the maracatu institution during the repression of the 1930s and the Vargas’s New State, the relationship may have not always existed. Moreover, homogeneity in this relationship is not extant since beside Xango the Jurema and the Umbanda are also present in the maracatu. Key words: maracatu; Afro religions; Xango; Jurema; Umbanda. * Artigo recebido em 10/10/2005 e aprovado em 27/11/2006. 1 Doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro).

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  • Dilogos, DHI/PPH/UEM, v. 10, n. 3, p. 167-183, 2006.

    MARACATUS-NAO E RELIGIES AFRO-DESCENDENTES: UMA RELAO MUITO

    ALM DO CARNAVAL*

    Ivaldo Marciano de Frana Lima1

    Resumo. Neste trabalho ns enfatizamos que a relao existente entre as religies afro-descendentes e os maracatus-nao fruto de uma construo humana, e como tal, dotada de historicidade, e por isso mesmo deve ser contextualizada. Os indcios de que as religies afro-descendentes buscaram abrigo nos maracatus-nao durante a represso exercida contra eles nos anos trinta e no Estado Novo, podem ser pensados como sinais de que essa relao talvez nem sempre tenha existido. Alm disso, necessitamos compreender que no h uma homogeneidade nessa relao e que, alm dos xangs, a Jurema e a Umbanda tambm esto presentes. Palavras-chave: maracatu; religies afro-descendentes; xang; Jurema;

    Umbanda.

    MARACATUS AND AFRO-DESCENDENT RELIGIONS: A RELATIONSHIP BEYOND THE

    FRONTIERS OF CARNIVAL

    Abstract. The relationship between the Afro religions in Brazil and the maracatus is a human construct, or rather, it involves historicity, and may thus be contextualized. In spite of the fact that Afro religions have sheltered within the maracatu institution during the repression of the 1930s and the Vargass New State, the relationship may have not always existed. Moreover, homogeneity in this relationship is not extant since beside Xango the Jurema and the Umbanda are also present in the maracatu. Key words: maracatu; Afro religions; Xango; Jurema; Umbanda.

    * Artigo recebido em 10/10/2005 e aprovado em 27/11/2006. 1 Doutorando em Histria pela Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro).

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    NACIN MARACATS Y RELIGIONES AFRO: UNA RELACIN QUE VA MS

    ALL DEL CARNAVAL

    Resumen. En este trabajo enfatizaremos sobre la relacin existente entre las religiones afro y la nacin Maracats en tanto fruto de una construccin humana, dotada de historicidad y que, por ende, debe ser contextualizada. Los indicios de que las religiones afro buscaron refugio en la nacin Maracat durante la represin sufrida en los aos 30 y bajo el gobierno del Estado Novo pueden ser vistos como seales de que, tal vez, esa relacin no existi siempre. Por otro lado, tambin necesitamos comprender que no existe homogeneidad en dicha relacin y que, adems de los xangs, la Jurema y la Umbanda tambin estn presentes. Palabras-clave: maracat; religiones afro; xang; Jurema; Umbanda.

    INTRODUO

    O maracatu uma das muitas manifestaes da cultura afro-descendente existente no Nordeste, mais precisamente em Pernambuco. Grosso modo, existem dois tipos de maracatu, um denominado de orquestra, rural ou baque-solto, e o outro por nao ou baque-virado. Nas representaes construdas por alguns folcloristas, literatos e intelectuais em torno dos maracatus do tipo nao sobressaem idias de que so manifestaes da cultura popular antigas e intrinsecamente relacionadas s religies afro-descendentes, sobretudo ao xang. Podemos tambm afirmar que, de acordo com um modelo preestabelecido que define o modo de ser destes grupos, os maracatus do tipo rural, ou de orquestra, estariam intimamente relacionados com as prticas religiosas identificadas com o Catimb e a Jurema, que durante muito tempo foram alardeados como baixo espiritismo.

    A respeito dos maracatus-nao, destaca-se tambm a idia de que so manifestaes de origem africana, capazes de nos levar de volta ao continente negro, como se fossem prticas imveis no tempo e no espao. Roger Bastide, um dos mais importantes estudiosos das prticas e costumes dos negros brasileiros que reproduz esse imaginrio, ao comentar as toadas que tinham como tema Luanda e a travessia do Atlntico, afirma:

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    V-se que o tema fundamental dessas toadas a grande viagem de volta e, com efeito o maracatu nos leva a fazer essa viagem. Para isso no h necessidade de tomar nenhum navio, nem de cruzar o verde mar. O prprio Maracatu essa barca; a boneca da dama do passo, sereia que se ergue na proa do navio, abre uma passagem, subindo e descendo como se as vagas a embalassem, atravs dos campos, das bananeiras, dos pequenos cercados de cana, atravs desse verde mar de vegetao, onde as casas dos pobres so ilhotas de recifes batidas pelas ondas das palmeiras, das folhas e das flores; atrs da boneca-proa a massa humana negra, comprimida compe o navio agitado, coberto pelo chapu de sol, como uma vela aberta, e que se embrenha pelo caminho do passado, sobe o oceano da memria, atinge as praias de Loanda. Eu tambm embarquei na galera do Elefante para essa viagem em direo a uma frica irreal (...) (BASTIDE, 1945, p. 176).

    Estas representaes destacam tambm a longevidade dos maracatus, a exemplo da obra de Guerra Peixe, Maracatus do Recife, quando afirma a relao com as coroaes dos reis do Congo e Henrique Dias, o governador dos crioulos e pardos. Esta perspectiva, imersa em uma concepo de histria linear, confere-lhes o estatuto de manifestaes populares seculares (PEIXE, 1980). Katarina Real enveredou pelo mesmo caminho, referindo-se aos maracatus como velhas naes africanas, sobressaindo em sua obra a impresso de que so antiqssimos, como se no tivessem passado por modificaes. Como se fundamentam e justificam tais afirmaes? Alis, como interpretar a idia de que no teriam ocorrido mudanas nos maracatus, uma vez que as comunidades de afro-descendentes que os mantm enfrentaram situaes adversas e que, para sua defesa e sobrevivncia necessitaram adaptar ao quotidiano diversos costumes e prticas? Pode-se interrogar se estava subjacente a essa idia de estabilidade uma compreenso de que os maracatuzeiros eram incapazes de operar mudanas, viso bastante comum entre alguns folcloristas que vem nos populares seres infantis, puros e ingnuos. Na melhor das hipteses, esses homens e mulheres foram vistos como seres que se limitavam a preservar uma tradio, sem se postarem como sujeitos da histria.

    Maccord (2001) observa que a maior parte dos estudos sobre os maracatus repete a descrio etnogrfica inaugurada por Pereira da Costa em Folk-lore Pernambucano (1974), cuja primeira edio de 1908, construindo uma tipificao e concluindo, em decorrncia, que no teria

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    havido mudanas nos maracatus desde o incio do sculo XX. O enfoque destes estudiosos nas roupas festivas, cetros reais, presena de reis e rainhas, dentre outros aspectos, segundo Maccord, gerou a concepo de que praticamente no ocorreram mudanas em aproximadamente cem anos, contribuindo para se firmar a idia dos maracatus como cones da tradio na cultura popular e eles no serem percebidos em sua historicidade. Exemplo desse procedimento encontra-se no estudo de Katarina Real, O Folclore do carnaval no Recife:

    E o aspecto mais extraordinrio desse cortejo rgio tem sido a sua grande estabilidade no tempo isto , durante mais de cem anos, o cortejo do maracatu-nao tem permanecido inteiramente estvel, virtualmente sem modificao. Se compararmos as deslumbrantes apresentaes dos maracatus-naes nos carnavais da atualidade, da dcada de 60, com aquela famosa descrio dos maracatus que Pereira da Costa escreveu nos princpios do sculo, veremos que os desfiles de hoje so quase idnticos aos de 1900. (REAL, 1990, p. 59).

    Katarina Real no est preocupada com a historicidade dos maracatuzeiros e seus maracatus. Trata-se de uma temtica difcil, pois estamos lidando com um recorte temporal em que os registros documentais em torno dos maracatus so extremamente escassos, sobretudo nos cinqenta primeiros anos do sculo XX. Nesse sentido, torna-se difcil obter informaes sobre o vesturio e os tipos de tecido que usavam para confeccionar as fantasias; os instrumentos e sua musicalidade; sobre a insero social dos desfilantes, dentre outros aspectos. Assim, apesar da quase-inexistncia de imagens e descries etnogrficas que possam nos fornecer dados sobre os maracatus, alm de esparsa documentao referente aos anos de 1900 a 1930, afirmamos que necessrio levar em conta as constantes adaptaes dos maracatuzeiros s transformaes da vida cotidiana, sem imobilizar o maracatu em uma tradio na qual as pessoas so desprovidas da capacidade humana de criar e reinventar.

    A questo colocada em torno da imutabilidade dos maracatus por Katarina Real e outros estudiosos tambm oculta as possveis diferenas que porventura existissem entre os maracatus contemporneos e o que foi descrito por Pereira da Costa o Cambinda Velha. Antes de tudo, necessitamos afirmar que, mesmo hoje, as diferenas de ritmo, musicalidade, formas de cantar, estrutura das toadas, vesturio e outros adereos conferem ao maracatu o carter da diversidade. Ocultar as

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    diferenas e homogeneizar os maracatus incorrer no mesmo erro de pesquisadores do passado que, no af de recolher subsdios para suas pesquisas, no conseguiam perceber a imensa diversidade existente no seio dessas manifestaes culturais.

    Verificar com minudncia as diferenas entre os maracatus-nao fundamental para se firmar que no s possuem histria, mas tambm so constitudos por homens e mulheres que constroem tticas e estratgias para responder s vicissitudes da vida cotidiana. Imaginar que uma manifestao cultural seja feita por indivduos que guardam a sete chaves a manuteno de suas tradies, tornando-as imutveis, esquecer que os populares no possuem uma relao de complacncia melanclica para com elas (CANCLINI, 1998). A vida quotidiana, vida de respostas, encarrega-se de operar e transformar prticas e costumes ressignificados ao longo do tempo. As transformaes, antes de tudo, so prprias s atividades humanas.

    Assim como os maracatus-nao tm uma histria, as relaes que estabeleceram com as religies afro-descendentes devem ser vistas como resultado desta interao sociocultural. O objetivo deste artigo discutir como essas relaes se construram. No podemos ter como ponto de partida o velho jargo que os maracatus-nao so espaos do xang, ao passo que os maracatus de orquestra constituem manifestaes ligadas a Jurema, como se tais relaes fossem naturais, e no historicamente constitudas.

    OS MARACATUS-NAO E AS RELIGIES AFRO-DESCENDENTES

    Quando afirmamos que as mudanas ocorrem no seio dos maracatus-nao, no s estamos insistindo em que os maracatuzeiros fazem escolhas no decorrer de suas vidas, mas tambm que do sentido s suas tradies, refazendo-as no cotidiano. Nesse sentido, analisar e estudar os maracatus-nao requer um olhar atento e uma compreenso de que o ato de criar (ou de fazer e refazer) inerente ao homem, sujeito histrico por excelncia.

    Quanto s religies afro-descendentes, possvel se aventar a hiptese de que elas nem sempre estiveram em estreita relao com os maracatus-nao. Tal ligao, atualmente dada como natural, foi fruto de um processo histrico. No h como comprovar que os maracatus surgiram vinculados aos terreiros e ao mesmo tempo com o formato e a

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    configurao que possuem hoje. Resta-nos investigar o processo que propiciou tal relao, assim como analisar o modo em que ela ocorre nos dias de hoje, uma vez que os maracatus-nao no possuem apenas vnculos com o xang. Nem sempre os maracatus foram ligados aos xangs, visto que esses ltimos tambm so permeveis a mudanas.

    O que observamos hoje que os maracatuzeiros e os seus maracatus se relacionam com o xang, mas tambm existem os que esto ligados jurema, bem como com umbanda. A questo pensarmos como se formou historicamente a associao entre maracatus e xangs, e ainda com as demais religies afro-descendentes. Podemos levantar a hiptese de que essa relao se firma a partir do processo que institui os maracatus como legtimas manifestaes africanas, e o xang como uma religio africana e pura. Assim sendo, ficam evidentes nessa questo as razes pelas quais os maracatus de orquestra so associados ao catimb-jurema, pois ambos so considerados impurezas ou descaracterizaes da autntica e tradicional cultura africana. 2 Destarte, resta-nos indagar como os terreiros de xang e os maracatus-nao foram alados a essa condio, dotados de uma aura de pureza e tradio. Destaque-se nesse processo o papel dos pesquisadores que estudaram (e que estudam) as religies afro-descendentes, a influncia que exerceram nos terreiros e a disseminao da idia de pureza africana, que torna a cultura iorubana dotada de maior visibilidade e legitimidade.3

    Tambm devemos considerar o fato de que alguns estudiosos desta temtica, a exemplo de Artur Ramos e Ruth Landes, lanaram as bases para a elevao do modelo denominado por nag ao status de forma normativa da religio afro-brasileira, e que essa normatividade ainda pode ser vista nos terreiros da atualidade (MOTTA, 2004, p. 495).

    Apesar da forte associao construda por intelectuais e membros dos terreiros, que instituem os maracatus como uma espcie de parte profana da religio dos orixs, existem grupos que mantm estreitos 2 Em 1976 os maracatus de orquestra foram proibidos de desfilar na passarela oficial do

    carnaval da cidade do Recife. Sobre esta questo, ver: MALHEIROS, Artur. Maracatu autntico. Dirio da Noite, Recife, 12/02/1976, 1 caderno, p. 04; MALHEIROS, Artur. Maracatu autntico. Dirio da Noite, Recife, 13/02/1976, 1 caderno, p. 04; Dirio da Noite, Recife, 16/02/1976, p. 03; Dirio da Noite, Recife, 17/02/1976, 2 caderno, p. 01; Nota oficial da Prefeitura da Cidade do Recife Empresa Metropolitana de Turismo EMETUR apud Jornal do Commercio, Recife, 20/02/1976, 2 caderno, p. 11: Jornal do Commercio, Recife, 22/02/1976, 2 caderno, p. 05.

    3 Sobre o conceito de pureza nag, veja-se (DANTAS, 1988; CAPONE, 2004); sobre a questo da dominao ioruba (nag), ver: (SANSONE, 2002).

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    vnculos com a jurema e a umbanda. Esse processo dinmico que ocorre entre as religies afro-descendentes e os maracatus-nao tambm pode ser visto como resultado das prticas em uso entre os diversos terreiros, pois os mesmos possuem diferenas e estas so frutos de escolhas feitas pelos seus integrantes no cotidiano. Vejamos agora como essa relao se construiu historicamente.

    A CONSTRUO DA RELAO DOS MARACATUS-NAO COM AS RELIGIES AFRO-DESCENDENTES

    No sabemos exatamente como eram os maracatus nos ltimos anos do sculo XIX. A descrio do Cambinda Velha feita por Pereira da Costa apenas nos d uma idia, s vezes vaga, de como eles eram; podemos, contudo, observar que outras manifestaes semelhantes ao maracatu existiram, a exemplo das aruendas e cambindas, que foram pouco estudadas. 4 Apesar de Pereira da Costa ter afirmado que nos maracatus existiam elementos de carter nitidamente fetichista, no podemos, a partir desse dado, inferir que existisse uma relao com os terreiros de xang, at porque estes tambm estavam em processo de constituio (BRANDO, MOTTA, 2002).

    No obstante, vivia-se poca de intensa represso cultura afro-descendente. As manifestaes religiosas eram tidas como prticas brbaras, magias e supersties, alm de serem criminalizadas pelo cdigo civil como exerccio ilegal da medicina, ou mesmo puro charlatanismo. Assim, possvel que a relao entre xangs e maracatus tenha sido reforada pela necessidade que tinham os praticantes das religies afro-descendentes de fugir represso. Durante o Estado Novo, no governo de Agamenon Magalhes, houve um forte recrudescimento no combate s prticas e costumes afro-descendentes, sobretudo aquelas de carter religioso. A represso a estas religies anterior aos anos trinta do sculo XX, e muitos terreiros foram invadidos bem como tiveram seus materiais cerimoniais confiscados, a exemplo da Preta Fortunata no Recife (CAMPOS, 2001; ALMEIDA, 2001). Em Salvador, o delegado de polcia

    4 Sobre as cambindas, ver: (BENJAMIN, 2001; TRIGUEIRO e BENJAMIN, 1978;

    ALVARENGA, 1950). Sobre as aruendas, ver: Outro bailado tpico de Goiana: a aruenda. Contraponto, Recife, ano 4, n 11, dezembro, 1949; (PEIXE, 1980; ARAJO, 1967). Para uma melhor discusso entre a comparao das aruendas com os maracatus-nao, ver: (LIMA, 2005).

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    Pedro Pedrito ganhou notoriedade por sua truculncia e persistncia em combater os terreiros (QUEIROZ, 1999; LHNING, 1998).

    Na dcada de 1930 as religies afro-descendentes sofreram represso mais sistemtica, e todas as suas modalidades sentiram o peso do Estado, da lei e da ordem. A interveno de Ulisses Pernambucano frente do Servio de Higiene Mental (SHM), durante o governo de Carlos de Lima Cavalcanti, contribuiu para que nestas religies se distinguissem os xangs puros, ou seja, aqueles diretamente ligados a uma tradio africana, e aqueles que foram considerados na poca como baixo-espiritismo, os quais serviriam aos charlates e aos adoradores da seita sem competncia. 5 Esta distino no s contribuiu para que alguns terreiros fossem fechados e os seus integrantes presos, mas tambm suscitou uma srie de denncias entre os prprios praticantes das religies, que justificavam a ao repressora pelo fato de que estes no faziam um xang puro, mas o baixo-espiritismo. 6

    As intervenes de Ulisses Pernambucano e o Servio de Higiene Mental, junto ao governo de Carlos de Lima Cavalcanti resultaram em uma regulamentao, com dias determinados para a realizao dos toques e a concesso de licenas para os terreiros que foram legitimados pelo argumento da pureza. No entanto, deixou merc da tempestade aqueles terreiros em que se praticavam os catimbs e a jurema, considerados impuros e ao mesmo tempo antros de feitiaria ou do que se denominava de baixo espiritismo. Ficam claros, portanto, os motivos que levaram alguns praticantes da Jurema (ou de catimbs) a procurarem disfarar seus centros em maracatus. Em Gonalves Fernandes encontramos a notcia de que:

    Sob pretexto de que se tratava de casas de maracatu os macumbeiros vinham ali exercendo grande atividade, reunindo grande nmero de adeptos. O primeiro ncleo de catimb visado pela polcia foi o maracatu Estrela Baiana, situados rua da S. Mangueira, em Afogados. (FERNANDES, 1937, p. 11).

    5 A categoria baixo-espiritismo era utilizada para abrigar diversos tipos de religio,

    como a Jurema, o Catimb, e suas relaes com o kardecismo. Sobre o tema, ver: GIUMBELLI, Emerson. Heresia, doena, crime ou religio: o espiritismo no discurso de mdicos e cientistas sociais. Revista de Antropologia, vol. 40, n. 02, pp 31-82, 1997; GIUMBELLI, Emerson. O baixo espiritismo e a histria dos cultos medinicos. Horizontes Antropolgicos, ano 9, n. 19, pp. 247-281, julho de 2003.

    6 Para verificar as denncias entre os integrantes das religies afro-descendentes, assim como a regulamentao dos xangs denominados de puros, com os endereos destes, ver: (FERNANDES, 1937).

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    Como possvel verificar, o flagrante da polcia foi justamente o desmascaramento de um terreiro disfarado em maracatu, dando-nos um importante indcio de que esta prtica acontecia, sobretudo, devido ao fato de que os maracatus possuam permisso dada pela polcia para ensaiar em suas sedes, sendo, portanto, tolerados, ao contrrio dos terreiros de jurema. A ttulo de exemplo, podemos citar o caso de Pai Ado, um dos mais famosos pais-de-santo do Recife, que, diante dessa represso, requereu polcia autorizao para manter um maracatu, ou seja, o direito de fazer ensaios. O maracatu de Pai Ado, que na requisio ganhou a designao de Maracatu Africano Obaoumim, nunca desfilou pelas ruas da cidade do Recife, pois no consta seu nome nas pginas dos jornais que sempre listavam os grupos que desfilavam no carnaval. 7

    Com o Estado Novo (1937 a 1945), a represso recrudesceu e quase todos os terreiros, fossem de xang ou de Jurema, foram fechados. Novamente os terreiros buscaram a estratgia de se abrigar nos maracatus. A citao abaixo sintetiza melhor a questo:

    Assim, s vsperas das grandes datas da seita, determinadas figuras do culto africano acorriam s sedes dos maracatus e ali, sob os auspcios da Federao Carnavalesca, realizavam matanas e outros sacrifcios em holocausto aos deuses negros, e no dia seguinte, sempre aos domingos, guisa de ensaio do batuque, promoviam na parte externa um discreto toque para os orixs. Homens e mulheres da seita tomavam parte na roda e, quando algum se manifestava, era imediatamente levado para o interior, onde se fazia o despacho do invisvel (REAL, 2002, p. 33).

    Os praticantes destas religies, em meio s perseguies, no s utilizaram o recurso do disfarce, mas tambm outras estratgias. Diante da profunda desconfiana que a polcia passou a ter dos maracatus, uma vez que eram usados como recurso para acobertar o xang (e as outras modalidades religiosas), uma das sadas encontradas foi a da fundao de troas carnavalescas para dar continuidade religio,e ao mesmo tempo despistar as autoridades:

    7 Arquivo Pblico Estadual Jordo Emerenciano, Repartio Central de Polcia (RCP),

    volume 1578 Seco de Teatros e Diverses Pblicas, Censura Teatral Portarias janeiro - junho de 1933, portaria n 67 de 19 de janeiro de 1933. Agradeo a Prof. Isabel Guillen esta indicao documental.

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    Os maracatus estavam queimados, aventou-se, ento, a idia da fundao de uma agremiao carnavalesca que no tivesse nenhuma vinculao com o Xang e nem de longe deixasse transparecer que seus integrantes pertencessem seita. Folies de tradio comprovada, entre eles, Dona Maria Jlia do Nascimento a saudosa Dona Santa do Maracatu Elefante e mais Jos Eudes Chagas, Alusio Gomes e Jos Cabral, tomaram a deliberao de fundar uma troa carnavalesca que no carnaval sairia durante o dia e nos demais meses do ano promoveria festas danantes na sede em louvor as divindades negras; somente assim, disfaradamente o culto teria continuidade. Foi desse modo que no dia 10 de outubro de 1938, batidos pela perseguio policial, aqueles folies fundaram a Troa Mista Reis dos Ciganos, que logo se filiou a Federao e passou a participar dos festejos carnavalescos diurnos da cidade. (REAL, 2002, p. 33).

    A fundao desta troa demonstra a necessidade de no s driblar a polcia, mas tambm de obter o mnimo de reconhecimento da sociedade ao escolher uma manifestao que possua certa legitimidade entre as elites. Entretanto, pretendemos mostrar com essa discusso, a existncia de fortes indcios de que a relao entre as religies afro-descendentes e os maracatus-nao ganhou fora com o perodo de represso que se sucedeu aos anos 1930. Isso no significa que houvesse elos entre os dois tipos de manifestao cultura-religiosa, anteriores ao perodo citado, em face das incertezas relacionadas com a precria documentao de que dispomos para tratar deste aspecto.

    Tais indcios so suficientes para suscitar o debate em torno da questo central, que a desconstruo da naturalizao da histria dos afro-descendentes e das suas prticas e costumes culturais, pois a afirmao de que os maracatus-nao sempre estiveram ligados ao xang nega sua historicidade, entendida como resultado de uma confluncia em que se articularam elementos diversos.

    OS MARACATUS-NAO E OS XANGS: MODELOS NICOS NA RELAO RELIGIOSA?

    Outra afirmao que ainda possui razovel fora, tanto no meio acadmico como fora dele, a de que os maracatus-nao no possuem relaes com outras religies que no o xang. Vale salientar que este

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    discurso existe tambm entre os maracatuzeiros e alguns condenam publicamente aqueles que demonstram suas ligaes com a Jurema, mesmo quando os crticos esto na condio de praticantes desta religio. Em entrevista concedida no dia 11 de agosto de 2003, a me-de-santo e tambm praticante da Jurema T. A., ex-rainha dos maracatus-nao Cambinda Estrela e Elefante, ao receber um Cd de presente, afirmou que no gostara muito deste, uma vez que nele havia misturas indevidas. 8 As misturas a que se referia essa me-de-santo diziam respeito presena da Jurema junto com o xang, deixando claro que a relao legtima, em se tratando de maracatus-nao, se d apenas com os orixs.

    Alm dessa me-de-santo, outros maracatuzeiros apresentam semelhante discurso: no h jurema no maracatu. Ressalte-se que tambm verificamos a ocorrncia destas idias entre alguns maracatuzeiros, de que os terreiros praticantes da Jurema no so fortes ou preparados e que um bom babalorix trabalha mesmo com o santo. 9 A nica manifestao em que se reconhece o relacionamento com a Jurema o maracatu rural. A jurema encontra-se invisibilizada nos maracatus-nao, dado seu forte carter de impureza e sincretismo, o que a distancia das prticas mais africanas.

    Podemos sintetizar a discusso. O desmerecimento da jurema possui razes no perodo da interventoria de Carlos de Lima Cavalcanti, combinado ao mito do nag puro. O fato de terem sido permitidos apenas os xangs puros durante os anos em que o S.H.M. intermediou a relao dos praticantes das religies afro-descendentes com o governo de Carlos de Lima Cavalcanti, aliado questo de terem existido diversos pesquisadores afirmando o discurso de que a jurema era uma degradao da religio africana, pode ter suscitado em muitos certo receio em assumir-se publicamente como membro desta ltima. Ora, fazer parte de um terreiro que tinha o status de ser pura reminiscncia africana e ainda contar com a permisso oficial, com certeza propiciou um ocultamento dos centros e terreiros de Jurema e um sentimento de inferioridade dos praticantes desta para com os do xang. Ressaltamos aqui a questo de que se fazem necessrios estudos de cunho histrico e antropolgico para estas

    8 O Cd em questo do maracatu Nao Cambinda Estrela, onde esto gravados

    pontos em homenagem a Malunguinho, considerado o chefe da Jurema Sagrada, e outros mestres e mestras. Este Cd pode ser encontrado na fonoteca da FUNDAJ.

    9 Santo uma das maneiras a que os praticantes do xang utilizam quando se referem a sua religio. Tambm verificamos a utilizao do termo seita.

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    questes, e ao mesmo tempo, de outros dados que possam comprovar a existncia dessa inferiorizao da jurema em relao ao xang. 10

    No temos como aprofundar a discusso em torno desta questo, dada a falta de fontes, mas podemos afirmar que a jurema no s est presente nos maracatus-nao, como alguns estudos a apontam como majoritria entre os praticantes das religies afro-descendentes. Segundo Roberto Motta, a maior parte dos terreiros no Grande Recife ligada direta ou indiretamente jurema:

    Trs anos de assduo trabalho etnogrfico na rea do Recife, com contactos pessoais s vezes ntimos em muitas dezenas de casas-de-santo, entrevistas com devotos, pais e mes-de-santo e outros lderes religiosos, consultas aos membros da comunidade dos antroplogos e pesquisadores em coisas do candombl e da umbanda, inclinam-me ao clculo, tambm sujeito a prudente margem de dvida, de que apenas 15% dos terreiros de Pernambuco pertencem, exclusivamente ou principalmente, ao xang tradicional; 60% dedicam-se sobretudo jurema; 20% enquadram-se no chamado xang umbandizado enquanto a umbanda branca no reuniria mais de cinco por cento das casas ou dos grupos de espiritismo popular (MOTTA, 1985, p. 121 122).

    A JUREMA NOS MARACATUS-NAO

    Causa certa estranheza essa invisibilidade da jurema nos maracatus, uma vez que perceber sua existncia no tarefa das mais difceis, haja vista a presena de um personagem que integra o cortejo em quase todos os grupos: o caboclo Arreia-Mar. Este foi definido por Katarina Real como um amigo catimbozeiro da nao e um mestre conhecedor dos segredos da jurema e das ervas (REAL, 1990, p. 64). Este personagem, um ndio que traz consigo um arco e flecha, presena obrigatria nos maracatus-nao, uma vez que se constitui em item de julgamento dos concursos carnavalescos promovidos pela Prefeitura da Cidade do Recife. Alm do caboclo Arreia-Mar, podemos afirmar que as

    10 Sobre a jurema enquanto religio, ver: (LIMA, 2004; ASSUNO, 2006).

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    festas promovidas ainda hoje pelos maracatus Gato Preto11 e Cambinda Estrela, denominadas de senhores mestres, as quais antecedem o carnaval, servem de indcio para recusar a exclusividade do xang na relao com o maracatu. Devemos lembrar tambm, que no maracatu Estrela Brilhante do Recife a jurema no s existe, mas tambm foi uma de suas entidades o mestre Cangarussu - que ordenou a entrega da calunga Joventina Katarina Real. Aps muitos anos com a boneca em seu poder, Katarina entregou-a para o Museu do Homem do Nordeste em uma cerimnia ocorrida no ano de 1995 (SANDRONI, 2001). Tambm temos indcios de que no antigo maracatu Porto Rico, de Pedro Alcntara, a jurema estivesse presente, mesmo sofrendo represses:

    J em setembro do mesmo ano foi escrito: aberta a seo falou o presidente dizendo que o Snr. Primeiro lugar o nosso tesourero foi murtado porque chegou puchando cousas da outra magia i no sendo decete para ns(sic) Esse puchando cousas da outra magia o catimb, disseram-nos, seita qual j nos referimos ao salientar as preferncias religiosas dos que tendem para o grupo oposto ou seja, para maracatu-de-orquestra (PEIXE, 1980, p. 86).

    Essa afirmao de Guerra Peixe nos demonstra que j no incio dos anos 1950 a associao imaginria que exclua a jurema dos maracatus-nao se encontrava firmada, ressaltando-se, por outro lado, que alguns populares assumiram o discurso de que Jurema era impura e ligada baixa magia. A obra de Guerra Peixe consolida essa relao, ao afirmar constantemente a relao dos maracatus com os xangs e ignorar a jurema, apesar de ter freqentado sesses e anotado toadas suas.

    No queremos neste artigo demonstrar simpatia por nenhum tipo de religio, mas afirmar a inexistncia de modelos que determinem qual a relao correta entre os maracatus-nao e as religies afro-descendentes. Ainda hoje, apesar dos discursos de alguns maracatuzeiros, a jurema e a umbanda possuem presena garantida em muitos maracatus-nao.

    11 O Gato Preto possui este nome por ter sido um desejo de que o exu da mestra do

    dono do maracatu fosse homenageado de tal forma. A mestra em questo Aninha, cujas cores so o amarelo e preto, as mesmas do maracatu. Estas informaes me foram dadas por um dos membros deste maracatu em uma entrevista concedida no dia 12 de setembro de 2003.

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    CONCLUSO

    As pesquisas desenvolvidas pelos folcloristas e estudiosos em geral sobre os maracatus-nao e as religies afro-descendentes merecem ser revistas e analisadas luz das novas teorias existentes tanto na antropologia como na histria. necessrio no s estudar os costumes e as prticas culturais dos afro-descendentes, mas perceb-los em sua historicidade.

    Afirmar que os maracatus-nao no mudaram em nada desde o incio do sculo passado e que so legtima tradio africana no nos ajuda muito na compreenso de tais prticas, assim como revela o desconhecimento da imensa complexidade que as perpassa. A idia de que tais manifestaes no sofreram mudanas e, por conseguinte, no tm histria, tambm nos alerta para a necessidade de rever determinados conceitos e categorias de anlise que castram a capacidade criativa e humana de homens e mulheres que, em funo de situaes diversas, refazem e reelaboram as suas tradies, adaptando-as para o pleno atendimento de seus interesses e necessidades. De tal modo, se as tradies foram um dia inventadas, preciso lembrar que tambm so constantemente refeitas.

    Por ltimo, queremos afirmar que a relao entre as religies afro-descendentes e os maracatus-nao fruto da ao de homens e mulheres, e no uma ddiva da natureza. Como tal, foi fruto de uma construo histrica, ou seja, nem sempre os maracatus possuram a relao que mantm atualmente com os terreiros de xang, de jurema e de umbanda, ou - por que no o dizer? com as trs juntas. Alm disso, queremos desconstruir a idia de que apenas o xang possui presena garantida no seio dos maracatus. No necessitamos de muito esforo para dizer que, se na atualidade alguns grupos se desfazem de seus vnculos com o mundo do sagrado e reivindicam sua insero na pernambucanidade, no h razes para negar algo to evidente, que a presena de outras religies alm do xang no seio de vrias naes de maracatu.

    REFERNCIAS

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