mapeamento da interface entre disciplinas de...

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1º Simpósio Brasileiro de Tecnologia da Informação e Comunicação na Construção 10º Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção 8 a 10 de novembro de 2017 ‐ Fortaleza ‐ Ceará ‐ Brasil MAPEAMENTO DA INTERFACE ENTRE DISCIPLINAS DE ENGENHARIA CIVIL E O PARADIGMA BIM RODRIGUES, Bruno Noronha (1); LIMA, Mariana Monteiro Xavier de (2); (1) Graduado em Engenharia Civil, UFC, (88) 99633-1259, e-mail: [email protected] (2) Doutora em Arquitetura, UFC, e-mail: [email protected] RESUMO O Building Information Modeling (BIM) é definido, por diversos autores, como uma representação digital compartilhada de características funcionais de qualquer objeto construído, que serve de apoio para decisões. Essa tecnologia possibilita a criação de uma construção digital semanticamente enriquecida e consistente. Os atributos associados podem ser ou não geométricos, podendo agregar informações como durações e custos de instalações, conectividade, agregação, contenção, interseção, entre outras. Os conceitos desse paradigma envolvem várias áreas de conhecimento e demandam um planejamento rigoroso para que sejam implantados em cursos de graduação. Este artigo tem por objetivo a aplicação de um mapeamento que analisa a interface das disciplinas do curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, utilizando um método desenvolvido por Checcucci (2014), a fim de identificar as potencialidades de implantação do ensino de bim. Deste modo, este estudo contribui para o desenvolvimento das competências tecnológicas necessárias para os futuros profissionais da área. O método de pesquisa foi constituído por uma primeira etapa de revisão bibliográfica, aplicação do modelo de mapeamento e por último foi proposto a implantação das competências tecnológicas ao modelo. Os resultados mostraram que há várias disciplinas, durante o curso, nas quais se pode explorar o ensino do BIM e de seus conceitos, algumas de forma mais pontuais e outras de forma mais abrangente, aperfeiçoando até mesmo as competências profissionais necessárias. Espera-se ao final contribuir com a formação de estratégias adotadas para a adoção do ensino do BIM. Palavras-chave: BIM, Ensino, Engenharia Civil, Gestão de Competências. ABSTRACT Building Information Modeling (BIM) is defined by several authors as a shared digital representation of the functional characteristics of any constructed object, which serves as a support for decisions. This technology enables the creation of a semantically enriched and consistent digital construction. The associated attributes may or may not be geometric, and may aggregate information such as durations and costs of installations, connectivity, aggregation, contention, intersection, among others. The concepts of this paradigm involve several areas of knowledge and require rigorous planning to be implemented in undergraduate courses. The purpose of this paper is to map the interface of the undergraduate courses in Civil Engineering at the Federal University of Ceará using a method developed by Checcucci (2014) in order to identify the potentialities of Bim. In this way, this study contributes to the development of the necessary technological competences for the future professionals of the area. The research method consisted of a first step of bibliographical revision, application of the mapping model and finally it was proposed the implantation of technological competences to the model. The results showed that there are several subjects during the course in which the teaching of BIM and its concepts can be explored, some in a more punctual way and others more comprehensively, improving even the necessary professional skills. It is hoped at the end to contribute to the formation of strategies adopted for the adoption of BIM teaching. Keywords: Formatting, Instructions, SIBRAGEC-SBTIC 2017. 324

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1º Simpósio Brasileiro de Tecnologia da Informação e Comunicação na Construção  

10º Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção 

8 a 10 de novembro de 2017 ‐ Fortaleza ‐ Ceará ‐ Brasil

MAPEAMENTO DA INTERFACE ENTRE DISCIPLINAS DE ENGENHARIA CIVIL E O PARADIGMA BIM

RODRIGUES, Bruno Noronha (1); LIMA, Mariana Monteiro Xavier de (2);

(1) Graduado em Engenharia Civil, UFC, (88) 99633-1259, e-mail: [email protected] (2) Doutora em Arquitetura, UFC, e-mail: [email protected]

RESUMO

O Building Information Modeling (BIM) é definido, por diversos autores, como uma representação digital compartilhada de características funcionais de qualquer objeto construído, que serve de apoio para decisões. Essa tecnologia possibilita a criação de uma construção digital semanticamente enriquecida e consistente. Os atributos associados podem ser ou não geométricos, podendo agregar informações como durações e custos de instalações, conectividade, agregação, contenção, interseção, entre outras. Os conceitos desse paradigma envolvem várias áreas de conhecimento e demandam um planejamento rigoroso para que sejam implantados em cursos de graduação. Este artigo tem por objetivo a aplicação de um mapeamento que analisa a interface das disciplinas do curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, utilizando um método desenvolvido por Checcucci (2014), a fim de identificar as potencialidades de implantação do ensino de bim. Deste modo, este estudo contribui para o desenvolvimento das competências tecnológicas necessárias para os futuros profissionais da área. O método de pesquisa foi constituído por uma primeira etapa de revisão bibliográfica, aplicação do modelo de mapeamento e por último foi proposto a implantação das competências tecnológicas ao modelo. Os resultados mostraram que há várias disciplinas, durante o curso, nas quais se pode explorar o ensino do BIM e de seus conceitos, algumas de forma mais pontuais e outras de forma mais abrangente, aperfeiçoando até mesmo as competências profissionais necessárias. Espera-se ao final contribuir com a formação de estratégias adotadas para a adoção do ensino do BIM.

Palavras-chave: BIM, Ensino, Engenharia Civil, Gestão de Competências.

ABSTRACT

Building Information Modeling (BIM) is defined by several authors as a shared digital representation of the functional characteristics of any constructed object, which serves as a support for decisions. This technology enables the creation of a semantically enriched and consistent digital construction. The associated attributes may or may not be geometric, and may aggregate information such as durations and costs of installations, connectivity, aggregation, contention, intersection, among others. The concepts of this paradigm involve several areas of knowledge and require rigorous planning to be implemented in undergraduate courses. The purpose of this paper is to map the interface of the undergraduate courses in Civil Engineering at the Federal University of Ceará using a method developed by Checcucci (2014) in order to identify the potentialities of Bim. In this way, this study contributes to the development of the necessary technological competences for the future professionals of the area. The research method consisted of a first step of bibliographical revision, application of the mapping model and finally it was proposed the implantation of technological competences to the model. The results showed that there are several subjects during the course in which the teaching of BIM and its concepts can be explored, some in a more punctual way and others more comprehensively, improving even the necessary professional skills. It is hoped at the end to contribute to the formation of strategies adopted for the adoption of BIM teaching.

Keywords: Formatting, Instructions, SIBRAGEC-SBTIC 2017.

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SIBRAGEC - SBTIC 2017 – de 8 a 10 de Novembro – FORTALEZA - CE

1 INTRODUÇÃO

O sucesso no desenvolvimento do projeto de edificações e de construção civil depende, sobretudo, da habilidade em compatibilizar diferentes informações acerca dos elementos envolvidos no processo. O desenvolvimento da obra envolve diversos condicionantes, como informações sobre especificações de materiais, custos de mão de obra, tempo de execução, compatibilização das instalações de infraestrutura, entre outros, que precisam ser manejados simultaneamente no processo de planejamento e execução. Desta forma, o profissional em engenharia civil deve integrar todas estas informações de maneira sistemática e acurada para a melhor tomada de decisão de planejamento e cumprimento do cronograma de obra proposto (HABITARE, 2016).

Entretanto, devido à complexidade cada vez maior dos projetos de construção, surgiu a necessidade do uso do Building Information Modeling (BIM), que pode ser definido como a criação e uso de informação computacional coordenada e consistente sobre o projeto de uma edificação – informação paramétrica usada para tomada de decisões em projeto, produção de documentação com qualidade, previsão do desempenho da edificação, estimativa de custo e planejamento de obra (KRYGIEL; NIES, 2008).

De acordo com Young et. al. (2009), a carreira do profissional e a prosperidade das empresas no setor da construção dependem da familiarização com as ferramentas, processos e propostas de valor do BIM. Sacks et. al. (2010) reafirmam a importância das habilidades profissionais específicas que os engenheiros devem possuir para adaptação aos processos desse novo paradigma, porém, as universidades estão ainda buscando compreender quais as competências essenciais que a indústria necessita (SACKS; PIKAS, 2013).

A adoção do BIM no ensino varia de universidade para universidade, não existindo ainda um consenso sobre como pode ser feito ou qual o melhor momento na formação do estudante para se trabalhar com o tema. No cenário nacional, relatos de experiência mostram que houve evolução nas discussões sobre o tema nas universidades, mas a adoção do BIM nos cursos de graduação ainda é introdutória e vem acontecendo de forma pontual em algumas disciplinas dos cursos (CHECCUCCI, 2014).

Nesse contexto, o presente artigo tem por objetivos apresentar um mapeamento da interface das disciplinas do curso de graduação em engenharia civil da Universidade Federal do Ceará (UFC) com o paradigma BIM, utilizando um método desenvolvido por Checucci (2014), que aponta aonde o ensino do BIM pode ser aplicado e também contribuir com esse modelo adicionando as competências profissionais necessárias ligadas as tecnologias, descritas no trabalho de Sacks e Pikas (2013). Dessa forma espera-se contribuir para posterior reestruturação do currículo já existente.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Método de análise da interface das disciplinas de cursos de graduação com o BIM

O método utilizado para mapeamento e análise das disciplinas do Curso de Engenharia Civil da UFC, foi proposto inicialmente por CHECUCCI (2014), sendo uma das etapas da tese de doutoramento da autora. Esse método tem como objetivo ressaltar componentes curriculares existentes na matriz, nos quais o paradigma BIM pode ser discutido e trabalhado – ainda que com diferentes níveis de abrangência e profundidade. Ele visa contribuir para a inserção do tema no currículo do curso de graduação, possibilitando que

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o mesmo possa ser discutido de forma ampla, integrada e continuada, em diversos momentos da formação do aluno.

O método é dividido em quatro categorias. A primeira faz a verificação entre a disciplina e o BIM, classificando de três maneiras. A segunda categoria trata de quais dos conceitos importantes para o BIM podem ser trabalhados nas disciplinas, no total dez conceitos são avaliados. Já a terceira identifica, entre seis itens, quais as etapas do ciclo de vida da edificação podem ser trabalhadas nas disciplinas. A última categoria se aprofunda nos tipos de projetos que podem ser explorados nas disciplinas.

A partir das quatro categorias deve-se avaliar uma disciplina de cada vez e registrar os resultados numa caixa, como mostrado na Figura 1. O método faz primeiro análises das quatro categorias, que devem ser assinaladas com tons de cores diferentes. Os desdobramentos, através dos itens, das categorias B, C e D são registradas ao redor do nome da disciplina. É importante salientar que os itens devem ser marcados em tons de cores referentes a sua categoria, sendo que mantém-se o tom original quando não há relação com o BIM, um tom claro quando há uma possível relação e um tom mais escuro quando há forte relação.

Figura 1 – Esquema do Método

Fonte: Checucci, 2014

2.2 Competências profissionais

A preocupação das organizações em contar com indivíduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada função não é recente (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001). Taylor (1970) já alertava, no início do século passado, para a necessidade de as empresas contarem com homens eficientes, ressaltando que a procura pelos competentes excedia a oferta.

Para Rebaglio (2004), competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que são os diferenciais de cada pessoa e têm impacto em seu desempenho e consequentemente nos resultados atingidos.

Barison (2015) destaca que um currículo de engenharia civil deveria também focar competências comportamentais e ensinar algumas das habilidades técnicas de um gerente

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BIM. As habilidades interpessoais de empatia e liderança podem ser adquiridas em trabalho em equipe com alunos de outros cursos, tais como arquitetura.

Sacks e Pikas (2013) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de identificar as habilidades voltadas ao domínio do BIM. Por meio de discussões na rede social LinkedIn, workshops em vários países e anúncios de empregos no setor, com isso, foram citados 44 tópicos, dentre os quais 5 foram considerados repetitivos, restando assim 39. O próximo passo da pesquisa foi agrupar em três categorias: áreas de conhecimento geral e processos relacionados ao BIM, tecnologia BIM e aplicações/funcionalidades BIM.

Para o incremento proposto nesse artigo serão considerados os tópicos relacionados as competências tecnológicas para operação do BIM: modelagem com elementos de catálogos padrão, criar e modelar elementos personalizados, modelagem sólida, bases de dados/repositórios de informações, interoperabilidade (compartilhamento de dados), ferramentas de comunicação/mídia/feedback, formas de armazenar e compartilhar informações, escolha de tecnologias/processos/ferramentas BIM adequadas para fins específicos e digitalização a laser. Sendo avaliados por meio do nível de competência que os profissionais podem alcançar.

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste artigo contou primeiramente com uma etapa que explorou o referencial teórico sobre o ensino do BIM e as competências necessárias para aplicação desse paradigma no mercado de trabalho. Durante a revisão foi identificado o método proposto por Checcucci (2014) que analisa a interface das disciplinas de cursos de engenharia civil com o BIM.

Baseado em um estudo realizado por Sacks e Pikas (2013), com o objetivo de contribuir com o método, foi proposto a implementação de um tópico que analisasse o nível de competências de diferentes tecnologias voltadas para a modelagem na construção.

O curso de engenharia civil da UFC foi utilizado para aplicação do método de análise, com base nas ementas do projeto político pedagógico do curso. Após a identificação das disciplinas com potencial para o estudo do paradigma, foi aplicado o incremento que examina o nível de competência do domínio de tecnologias BIM. O quadro abaixo mostra o resumo das fases da pesquisa.

Quadro 1 – Etapas do Método de Pesquisa

ETAPAS PRODUTO

Revisão Bibliográfica Método proposto por Checcucci (2014)

Competências identificadas por Sacks e Pikas (2013)

Análise da interface BIM/Disciplinas Identificação das disciplinas que podem

desenvolver o ensino do BIM Implementação, no método, do nível de

competência das tecnologias voltadas para o BIM

Método Checcucci (2014) adaptado

Análise das competências tecnológicas Identificação do nível de competência que

pode ser explorado nas disciplinas com potencial para o ensino do tema

Fonte: Autoria própria 2016

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Aplicação do método no curso de graduação em engenharia civil da UFC

A estrutura curricular do curso é formada por 49 (quarenta e nove) disciplinas obrigatórias, 48 (quarenta e oito) disciplinas eletivas e 15 (quinze) disciplinas optativas, abrangendo 10 (dez) períodos semestrais (UFC, 2004).

Para o mapeamento das disciplinas, foi feita uma importante consideração: as interfaces só foram avaliadas para os componentes que tem foco na construção de edifícios. Dessa maneira, ao se tratar das disciplinas eletivas, que são divididas em três áreas – Engenharia Estrutural e Construção Civil, Engenharia Hidráulica e Ambiental e Transportes – só serão analisadas as de engenharia estrutural e construção civil.

As de cor laranja são as disciplinas básicas obrigatórias, que visam proporcionar ao aluno uma formação básica científica e tecnológica, fornecendo os meios adequados para o desenvolvimento de uma visão crítica sobre o cenário em que está inserida sua profissão. As de azul são as obrigatórias profissionalizantes que tem como finalidade promover capacitação instrumental ao aluno, por meio do estabelecimento de métodos de análise e de síntese, e aprofundamento teórico-prático de ferramental que foram desenvolvidos nas disciplinas básicas. Já as disciplinas de cor verde são relacionadas aos conteúdos específicos, as eletivas, que objetiva o aprimoramento de técnicas avançadas em uma área específica da Engenharia Civil, proporcionando um refinamento do campo de estudo que o aluno considere mais atrativo.

Após a verificação de todas as disciplinas, a matriz de mapeamento do curso foi representada, segundo o sistema proposto, sem as linhas de separação e sem os números e letras, para tornar a visualização do conjunto mais agradável (Figura 2).

Então, foi possível identificar quais as disciplinas têm interface direta com o paradigma BIM e em quais momentos elas estão dentro do curso, tendo uma noção de como os conceitos devem ser trabalhados e discutidos. A Tabela 1, apresenta o resumo dessas disciplinas e faz uma comparação com a matriz original do curso. A partir desses resultados, algumas considerações podem ser feitas.

Figura 2 – Matriz mapeada

Fonte: Autoria Própria, 2016

Introdução à 

Engenharia Civil

Desenho para 

Engenharia

Programação de 

Computadores para 

Engenharia

Fundamentos da 

Economia

Higiene Industrial e 

Segurança do 

Trabalho

Barragens

Engenharia 

EconômicaHidrologia Saneamento II

Química Geral para 

Engenharia 

Matemática Aplicada 

à Engenharia CivilEletrotécnica

SaneamentoOperação de Sistemas 

de Transportes

Física Experimental 

para Engenharia

Materiais de 

Construção Civil I

Fundamentos de 

AdministraçãoMecânica dos Fluidos Hidráulica Aplicada

Mecânica dos Solos II

Projeto e Construção 

da Superestrutura 

Viária

PontesFísica FundamentalMecânica para 

Engenharia CivilEngenharia Ambiental Mecânica dos Solos I

Projeto e Construção 

da Infraestrutra Viária 

Gereciamento na 

Construção Civil IEstruturas de Aço I

Probabilidade e 

Estátistica Topografia

Métodos Numéricos 

Aplicados à 

Engenharia Civil

Análise e 

Planejamento de 

Sistemas de 

Transportes

Estruturas de 

Concreto I

Estruturas de 

Concreto II

Projeto de Graduação 

IÁlgebra Linear Eletromagnetismo

Materiais de 

Construção II

Projeto e Construção 

de Edifícios I

Projeto e Construção 

de Edíficios II

Estágio 

Supervisionado para 

Engenharia Civil

Projeto de Graduação 

II

Resistência dos 

Materiais II

Análise das Estruturas 

I

Análise das Estruturas 

II

8º PERÍODO 9º PERÍODO 10º PERÍODO

Cálculo FundamentalCálculo Vetorial 

Aplicado

Mecânica para 

Engenharia II

Resistência dos 

Materiais I

1º e 2º PERÍODOS 3º PERÍODO 4º PERÍODO 5º PERÍODO 6º PERÍODO 7º PERÍODO

Alvenaria Estrutural I

Análise Matricial de 

Estruturas

Alvenaria Estrutural II

Dinâmica das 

Estruturas

Estabilidade das 

Estruturas

Estruturas de Aço II

Estruturas de 

Alumínio

Estruturas de 

Concreto Pré‐

Moldado

Estruturas de 

Concreto Protendido

Estruturas de 

Fundação

Estruturas de Madeira

Gerenciamento na 

Construção Civil II

Gerenciamento da 

Produção na 

Construção Civil

Método dos 

Elementos Finitos 

para Eng. Estrutural

Otimização em 

Projetos de 

Engenharia

Patologia e 

Recuperação de Est. 

de Concreto

Pontes II

Projeto Estrutural de 

Edifícios de Concreto

Placas e Cascas

Teoria da Elasticidade

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Tabela 1 – Disciplinas que apresentam interface com o BIM

Tipo de disciplina Total de

disciplinas

Apresenta interface dependendo do foco do

professor

Apresenta interface direta com o BIM

Básicas obrigatórias 23 0 10

Profissionalizantes obrigatórias

26 7 7

Eletivas optativas* 20 4 11

Estágio Supervisionado 1 1 0

*Referentes a área de Engenharia Estrutural e Construção Civil

Fonte: Autoria Própria, 2016

4.2 Proposta de introdução das competências tecnológicas necessárias

A partir das disciplinas que apresentam, pelo método exposto acima, interface direta com o BIM, foi introduzido a proposta de avaliação das competências tecnológicas que podem ser exploradas. Os dez itens avaliados foram selecionados com base no estudo de Sacks e Pikas (2013) e acrescentados na caixa do método Checcucci, além de uma nova categoria (E). A Figura 3 mostra a sistemática da contribuição.

Diferente das outras categorias, a categoria E, será avaliada de acordo com o nível de determinadas competências. O nível 1 será atribuído quando não se visualizar nenhuma interface com o paradigma, o 2 quando se tem conhecimento no tópico, sem entendimento total do seu significado, o 3 quando se compreende solidamente o tópico e a sua área de uso, mas não se identifica habilidades para usá-las e o 4 quando existe capacidade de aplicar conhecimento adquirido no tópico em situações novas e concretas, incluindo o uso de ferramentas.

A Tabela 2 mostra o resumo dos resultados obtidos comparando a matriz original com as disciplinas que mostram potencial para explorar competências profissionais.

Figura 3 – Implementação da categoria que mede as competências tecnológicas essenciais para o BIM

Fonte: Autoria Própria, 2016

1

2

3

4 1 Não se visualiza nenhuma interface com o paradigma

5 2 Conhecer o tópico, sem entendimento total do seu significado

6 3 Compreensão sólida do tópico  e sua área de uso, mas não ter habilidade para usá‐las

7 4

8

9

10

1 HABILIDADES BÁSICAS DE OPERAÇÃO BIM

2 MODELAGEM COM ELEMENTOS DE CATÁLOGOS PADRÃO 

3 CRIAR E MODELAR ELEMENTOS PERSONALIZADOS

4 MODELAGEM SÓLIDA 

5 BASES DE DADOS/REPOSITÓRIOS DE INFORMAÇÕES 

6 INTEROPERABILIDADE (COMPARTILHAMENTO DE DADOS)

7 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO/MÍDIA/FEEDBACK

8 FORMAS DE ARMAZENAR E COMPARTILHAR INFORMAÇÕES 

9 ESCOLHA DE TECNOLOGIAS/PROCESSOS/FERRAMENTAS BIM ADEQUADAS PARA FINS ESPECÍFICOS

10 DIGITALIZAÇÃO A LASER

E

Capacidade de aplicar conhecimento adquirido no tópico em situações novas e concretas, 

incluindo o uso de ferramentas BIM

1 2 3 4 5 6

C

D

NOME DA DISCIPLINA 

E

1 4

2 5

3 6

6A

B

7 8 9 10

1 2 3 4 5

Competências BIM eTecnologias

Pode trabalhar alguma tecnologia BIM em um determinado nível de competência?

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Tabela 2 – Disciplinas que apresentam possibilidade de explorar competências tecnológicas

Fonte: Autoria Própria, 2016

4.3 Discussão

Desde o início do curso, ainda no conjunto de disciplinas básicas, os alunos podem ter contato com o paradigma. No primeiro ano duas disciplinas mostram grande potencial para isso. Um exemplo é o componente Desenho para Engenharia, que pode trabalhar na fase de projetação, com a arquitetura e outros tipos de projetos. Muitos conceitos importantes para o entendimento do BIM podem ser levemente introduzidos, como: colaboração, interoperabilidade, coordenação e modelagem geométrica tridimensional.

Nas disciplinas básicas dez componentes apresentam alguma relação direta com o BIM, no caso do componente Engenharia Ambiental, levando em consideração a importância atual da sustentabilidade nas edificações, identifica-se relação com todas as fases no ciclo de vida, além de relação direta com todos os tipos projetos. A conceituação teórica pode também ser trabalhada, é o caso do ciclo de vida e coordenação.

No conjunto de disciplinas profissionalizantes, mais da metade dos componentes apresentam alguma relação com o paradigma, seja que direta ou a depender do foco do professor. Todos os projetos são de alguma maneira trabalhados, em diferentes componentes. Sendo que alguns tem uma disciplina inteira específica, é o caso de Estruturas de Concreto I e II.

Algumas disciplinas profissionalizantes abrangem várias características, ligadas a ementa, que poderiam envolver de uma forma mais aprofundada o ensino e reflexão do BIM. Projeto e Construção de Edifícios I e II e Gerenciamento na Construção Civil I, seriam as mais adequadas. No conjunto de disciplinas eletivas existe o componente Gerenciamento na Construção Civil II, um complemento importante para a fase de estudo de viabilidade, projetação, planejamento da construção e construção propriamente dita.

Em relação as competências tecnológicas essenciais, exigidas pelo mercado, treze disciplinas podem em algum nível tratá-las. Como são os casos de Projeto e Construção de Edifícios II e Gerenciamento da Construção Civil I, que apresentam as maiores possibilidades de abordagem sobre modelagem de informações. Dentre as disciplinas eletivas nenhuma apresenta grande possibilidade de trabalhar-se com o tema, alguns itens podem ser explorados, mas na maioria dos casos de forma superficial.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse artigo apresenta a aplicação de um método para analisar currículos de cursos de graduação em engenharia civil e a interface dos componentes com o paradigma BIM, além da análise das competências tecnológicas necessárias para o mercado. Apesar da proposta ser para o curso de engenharia, a avaliação poderia ocorrer com outros cursos, como Arquitetura e Urbanismo e áreas afins.

Tipo de disciplina Total de

disciplinas Apresenta interface direta com o BIM

Possibilidade de explorar competências

tecnológicas Básicas obrigatórias 23 10 3 Profissionalizantes

obrigatórias 26 7 4

Eletivas optativas 20 11 6

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O mapeamento da matriz do curso facilita a inserção do tema no ensino, sem necessidades de mudanças radicais no currículo já existente. Os resultados mostraram que é possível criar um novo componente para o estudo específico do BIM, porém, a discussão dos conceitos pode ocorrer em diferentes momentos da formação do aluno, tornando o conhecimento mais abrangente e efetivo. Possibilitando também a comunicação entre várias disciplinas e professores, fortalecendo a formação integrada e completa.

Contudo, o que o mapeamento e as pesquisas nacionais e internacionais mostram é que existe ainda um longo caminho para a efetiva adoção e consolidação da modelagem da informação da construção civil. Porém, é necessário que os primeiros passos sejam dados, sendo apontados os professores e os coordenadores como elementos importantes no incremento do processo. Finalmente propõe-se prosseguir a pesquisa, levando em consideração a opinião de professores e alunos, para fortalecimento dos resultados apresentados inicialmente.

REFERÊNCIAS

BARISON, M. B. Introdução de Modelagem da Informação da Construção (BIM) no currículo – uma contribuição para a formação do projetista. 390 f. 2015. Tese (Doutorado em Engenharia de Construção Civil) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. D. A. Gestão de competências e gestao de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? Revista de Administração de Empresas, v. 41, n. 1, p. 8–15, mar. 2001. CHECCUCCI, E. S. Ensino-aprendizagem de BIM nos cursos de graduação em Engenharia Civil e o papel da Expressão Gráfica neste contexto. 235 f. 2014. Tese (Doutorado em Difusão do Conhecimento) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. KRYGIEL, E.; NIES, B. Green BIM: successful sustainable design with building information modeling. Indianapolis: Wiley Publishing, 2008. REBAGLIO, Maria Odete. Ferramentas de avaliação de performance com foco em competências. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2004. SACKS, R.; PIKAS, E. Building Information Modeling Education for Construction Engineering and Management. I: Industry Requirements, State of the Art, and Gap Analysis. Journal Construction Engeeniring Management. Newcastle, v. 139, n. 11, p. 04013016, 2013. SACKS, R.; KOSKELA, L.; DAVE, B. A.; OWEN, R. Interaction of lean and building information modeling in construction. Journal Construction Engeeniring Management. Newcastle, v. 136, n. 9, p. 968–980, 2010. TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. São Paulo : Atlas, 1970 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Civil. Fortaleza: UFC, 2004. YOUNG, N. W.; JONES, S. A.; BERNSTEIN, H. M.; GUDGEL, J. SmartMarket report on Building Information Modeling (BIM): Transforming design and construction to achieve greater industry productivity. New York: McGraw-Hill Construction, 2009.

ORIGEM DO ARTIGO

Pesquisa desenvolvida durante uma disciplina no curso de Mestrado em Engenharia Civil: Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal do Ceará.

AGRADECIMENTOS

À FUNCAP, pelo apoio recebido.

331