manutenção predial em ambientes de serviço de saúde para a segurança e qualidade de vida dos...

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Manutenção Predial em Ambientes de Serviço de Saúde Dezembro/2016 1 ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 Manutenção Predial em Ambientes de Serviço de Saúde Rogério Sartori Fornasier – [email protected] Turma 5 - Avaliação e Perícia de Engenharia Instituto de Pós-graduação – IPOG Porto Alegre, RS, 01/07/2016 Resumo Hoje em dia a manutenção de edificações deve ser tratada com a devida importância desde o momento que a edificação é entregue, entra em uso e durante toda sua vida útil.Apesar de geralmente apresentar um relevante custo, a manutenção não pode ser negligenciada e nem executada de maneira esporádica e improvisada, devendo ser vista como serviço técnico especializado, programável e fundamental na preservação do patrimônio.Na pesquisa exploratória e não-sistematizadaefetuada tanto bibliográfica como na Internet pouca informação é dedicada a Manutenção Predial em Ambientes de Serviço de Saúde.Não obstante a escassez de documentação específica, identificaram-se informações dispersas por variados documentos referentes à legislação sanitária, relacionadossem a profundidade e ordenação necessáriascom a atividade de manutenção pelos órgãos de fiscalização como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Ministério da Saúde.Conclui-se neste trabalho que além das construções, dos equipamentos e sistemas de apoio à atividade clínica, as instalações e equipamentos mecânicos e eléctricos, também carecem de uma legislação abrangente que trate principalmente dos aspectos administrativos, de organização, gerenciamento e formação de recursos humanos especializados para trabalhar na manutenção, que tende a ficar cada vez mais complexa quanto maior for a dimensão e especialização da edificação. Palavras-chave: Manutenção Predial. Manutenção em Ambientes de Serviço de Saúde.Legislaçãosanitária. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. 1. Introdução As construções, tem um valor social fundamental principalmente aquelas relacionadas com a área da saúde, possuindo uma característica peculiar: são erguidas para atender seus usuários durante muitos anos, e ao longo deste tempo de serviço devem apresentar condições adequadas ao uso a que se destinam, resistindo aos agentes ambientais e utilização que alteram suas propriedades técnicas iniciais ao longo do tempo. A elaboração e a implantação de um programa com controle de qualidade e de custo como a Manutenção Orgânica, desde a fase de projeto, bem como a Manutenção Corretiva e Preventiva, além de serem importantes para a segurança e qualidade de vida dos usuários, são essenciais para a manutenção dos níveis de desempenho ao longo da vida útil. É inaceitável considerar economicamente e ambientalmente as edificações como produtos descartáveis quando os requisitos dedesempenho atingem níveis inferiores àqueles exigidos pelas normas como a NBR 15.575- 1(ABNT,2013).

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Manutenção Predial em Ambientes de Serviço de Saúde Dezembro/2016 1

ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016

Manutenção Predial em Ambientes de Serviço de Saúde

Rogério Sartori Fornasier – [email protected] Turma 5 - Avaliação e Perícia de Engenharia

Instituto de Pós-graduação – IPOG Porto Alegre, RS, 01/07/2016

Resumo Hoje em dia a manutenção de edificações deve ser tratada com a devida importância desde o momento que a edificação é entregue, entra em uso e durante toda sua vida útil.Apesar de geralmente apresentar um relevante custo, a manutenção não pode ser negligenciada e nem executada de maneira esporádica e improvisada, devendo ser vista como serviço técnico especializado, programável e fundamental na preservação do patrimônio.Na pesquisa exploratória e não-sistematizadaefetuada tanto bibliográfica como na Internet pouca informação é dedicada a Manutenção Predial em Ambientes de Serviço de Saúde.Não obstante a escassez de documentação específica, identificaram-se informações dispersas por variados documentos referentes à legislação sanitária, relacionadossem a profundidade e ordenação necessáriascom a atividade de manutenção pelos órgãos de fiscalização como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Ministério da Saúde.Conclui-se neste trabalho que além das construções, dos equipamentos e sistemas de apoio à atividade clínica, as instalações e equipamentos mecânicos e eléctricos, também carecem de uma legislação abrangente que trate principalmente dos aspectos administrativos, de organização, gerenciamento e formação de recursos humanos especializados para trabalhar na manutenção, que tende a ficar cada vez mais complexa quanto maior for a dimensão e especialização da edificação. Palavras-chave: Manutenção Predial. Manutenção em Ambientes de Serviço de Saúde.Legislaçãosanitária. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. 1. Introdução As construções, tem um valor social fundamental principalmente aquelas relacionadas com a área da saúde, possuindo uma característica peculiar: são erguidas para atender seus usuários durante muitos anos, e ao longo deste tempo de serviço devem apresentar condições adequadas ao uso a que se destinam, resistindo aos agentes ambientais e utilização que alteram suas propriedades técnicas iniciais ao longo do tempo. A elaboração e a implantação de um programa com controle de qualidade e de custo como a Manutenção Orgânica, desde a fase de projeto, bem como a Manutenção Corretiva e Preventiva, além de serem importantes para a segurança e qualidade de vida dos usuários, são essenciais para a manutenção dos níveis de desempenho ao longo da vida útil. É inaceitável considerar economicamente e ambientalmente as edificações como produtos descartáveis quando os requisitos dedesempenho atingem níveis inferiores àqueles exigidos pelas normas como a NBR 15.575-1(ABNT,2013).

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Constata-se a omissão e negligência dos usuários e administradores em relação à falta de manutenção nos frequentes casos de edificações retiradas de serviço muito antes de cumprida a sua vida útil projetada (VUP), causando muitos transtornos aos seus frequentadores e um sobre custo intensivo dos serviços de recuperação ou construção de novas edificações.Os Ambientes de Serviço de Saúde, equipamentos de interesse público, são edifícios cujo desempenho e disponibilidade das suas instalações e equipamentos podem comprometer a prestação de cuidados de saúde, pois nestes estabelecimentos assume um papel relevante a Manutenção Predial que deve abranger não só o edifício mas também as instalações, equipamentos e os espaços exteriores envolventes, tanto do ponto de vista funcional, da segurança, como do ponto de vista econômico, pois são fundamentais para preservação do patrimônio conforme preconiza a NBR 5674. (ABNT, 2011). O custo da manutenção e operação pode ser significativamente maior que o custo inicial de um imóvel. Ainda que um imóvel tenha sido concebido com uma VUPde 30 ou 50 anos, provavelmente ele desempenhará sua função a contento por bem mais tempo, conforme identifica a NBR 15.575-1 (ABNT,2013). Para esses bens, os custos de manutenção, operação, reformas e adequações devem ser balanceados e discutidos. Os edifícios da área da saúdenos dias atuais, com o processo acelerado, irreversível e implacável de incorporação de novas tecnologias em máquinas e equipamentos apresentam uma complexidade proporcional ao tamanho da construção e da atividade que realizam (GUIMARÃES, 2012), como nos hospitais que possuem características complexas e exigências operacionais requerendo uma gestão técnica competente da sua manutenção. Os níveis de operacionalidade exigidos num edifício hospitalar são elevados como constataMaria Paula Machado(MACHADO, 2013), sendo que a indisponibilidade de espaços, instalações ou equipamentos pode ter impactos negativos na atividade clínica, correndo-se o risco mesmo de pôr em perigo vidas humanas.Para a manutenção preventiva ser eficaz é necessário conhecer-se como e quando ocorrerem às falhas, o que não é tarefa fácil. É ainda necessário perceber qual o grau de criticidade das falhas e se ocorrem em equipamentos, instalações ou espaços vitais para assegurar os níveis de qualidade e desempenho exigidos ao estabelecimento. Considerando-se o custo destas edificações e de seus equipamentos, as prioridades político-econômicas e financeiras do Brasil, isso representa um desafio para evitar desperdícios intoleráveis, quando tudo isso é parcialmente destruído pela falta de atenção aos princípios elementares e básicos da manutenção. Não obstante a reconhecida importância da eficiência da manutenção, com as tendências economicistas atuais torna-se necessário que os engenheiros e gestores estejam sensibilizados para as vantagens na gestão destas construções duma Manutenção Preventiva fundamentada, organizada e sistemática, sendo que na implementação do Sistema de Manutenção é imprescindível estabelecer um Plano de Manutenção informatizado, que integre o conhecimento, técnicas e Legislação Sanitária existentes,que se apresentam deficientespois tratam de maneira superficial o tema da manutenção.

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O objetivo principal deste trabalho é apresentar a importância e os diferentes tipos de ManutençãoPredialnecessárias aos edifícios e instalações nos estabelecimentos de saúde e as deficiências da legislação vigente, concluindo que a legislação ao abordar o tema da manutenção o faz sem a profundidade e abrangência necessárias, principalmente nos aspectos administrativos, de organização, gerenciamento e formação de recursos humanos especializados para trabalhar nestas atividades. Um exemplo dasuperficialidade como a legislação trata a manutenção pode ser verificado no Manual de Orientações para Fiscalização Sanitária em Estabelecimentos Prestadores de Atividades Físicas e afins (ANVISA, 2009) e também no RDC 63 - Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde, mencionando apenas no Art. 42 “O serviço de saúde deve realizar ações de manutenção preventiva e corretiva das instalações prediais, de forma própria ou terceirizada.” (ANVISA, 2011). 2. Ambientes de serviço de saúde

São inúmeros os locais relacionados direta ou indiretamente com a saúde, estes locais podem ser classificados conforme a complexidade das suas instalações e procedimentos que oferecem. De maneira resumidasão apresentados algunsEstabelecimentos Assistenciais de Saúde - EAS e Estabelecimentos de Interesse a Saúde - EIS (KRAEMER, 2016):

Estabelecimentos Assistenciais de Saúde – EAS: Hospitais, Postos de Saúde,Clínicas Odontológicas, Laboratórios de Patologia, Pronto Atendimento, Clínicas de Imagenologia, Comunidades Terapêuticas, Instituições de Longa Permanência e outros – BAIXA, MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE;

Estabelecimentos de Interesse a Saúde – EIS: Salão de Beleza, Saunas, Podologia, Lavanderia Comum, Piercing e Tatuagem e outros – BAIXA COMPLEXIDADE.

3. Legislação sobre manutenção Um planejamento, para ser adequado as atuais demandas da área de manutenção de ambientes de saúde, deve possuir estratégias de ação que visem otimizar o uso com segurança, redução de custos operacionais, buscando orientação nos documentos oficiais do Ministério da Saúde, mantendo esse ambiente em constante funcionamento, adotando as melhores práticas de reforma e construção de locais sadios e ecologicamente responsáveis. (GUIMARÃES, 2012).A Manutenção de edificações de saúde é um tema cuja importância aumenta em proporção quase que geométrica ao crescimento urbano e a industrialização, exigindo mudar a ideia de que a base da edificação está garantida com a sua construção euso. A Humanização, Manutenção, Segurança, Prevenção de Incêndio, e outros ideais sanitaristas devem ser objeto de preocupação e planejamento desde a fase de concepção da base física da futura instituição, sendo que a prevenção de “Edifício Doente” e a Manutenção se iniciam com a concepção do projeto arquitetônico. A programação da Manutenção Periódica das edificações deve ser feita tão logo as mesmas sejam colocadas em uso. Para atingir maior eficiência na administração de uma edificação ou

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de um conjunto de edificações, é necessária uma abordagem fundamentada em procedimentos organizados em um sistema de manutenção, segundo uma lógica de controle de qualidade e de custo conforme preconiza a NBR 5674 (ABNT, 2011).

A missão institucional, atribuída a ANVISA, é “Proteger e promover a saúde da população mediante a intervenção dos riscos decorrentes da produção e do uso de produtos e serviços sujeitos a vigilância sanitária, em ação coordenada e integrada no âmbito do Sistema Único de Saúde” (ANVISA, 2016b).Conforme está apresentado nesta missão “Proteger e promover a saúde da população mediante a intervenção ...do uso de produtos e serviços sujeitos a vigilância sanitária ...” somente poderá ser atingida se a infraestrutura dos prédios e equipamentos estiverem constantemente sendo submetidos a uma manutenção eficiente e eficaz. O Regulamento Técnico identificado como RDC 50 (ANVISA, 2002b) e sua alteração no RDC 307(ANVISA, 2002a) que trata do “...planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde”apenas fazem menção ao espaço físico que deve ser previsto para manutenção, não existindo nenhuma alusãoaos aspectos de administração, organização, gerenciamento e formação de recursos humanos especializados para a manutenção.

O Ministério da Saúde por intermédioda Secretaria de Assistência à Saúde, na Coordenação-Geral de Normas - Série: Saúde Tecnologia tratando do tema Arquitetura Hospitalar publicou em 1994 as Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (BRASIL, 1994). O tema da manutenção está discriminado dentroda atribuição dos Serviços de Apoio Logístico, mencionando no item 9.4:

9.4-Executar a manutenção do estabelecimento; 9.4.1-recepcionar e inspecionar equipamentos, mobiliário e utensílios 9.4.2-executar a manutenção predial(obras civis e serviços de alvenaria, hidráulica,elétrica, carpintaria marcenaria, serralharia, jardinagem); 9.4.3-executar a manutenção dos equipamentos de saúde: assistenciais, de apoio, deinfra-estrutura e gerais, mobiliário e utensílios (serviços de: mecânica, eletrônica,eletromecânica, ótica, gasotécnica, usinagem, refrigeração, serralharia, pintura,marcenaria e estofaria; 9.4.4-guardar e distribuir os equipamentos, mobiliário e utensílios; e 9.4.5-alienar bens inservíveis.

O exposto acima evidencia a deficiência ao se abordar o tema da manutenção, pois aspectos fundamentais de estrutura, planejamento, como e quando fazer não são considerados na grande maioria destes documentos. Seguem esta mesma abordagem os regulamentos técnicos, portarias e resoluções elaboradas pelo Ministério da Saúde e pela ANVISA, pertinentes à elaboração e análise de projetos de edifícios de saúde (ANVISA, 2016a):

Resolução - RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004: Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

Resolução - RDC nº 189, de 18 de julho de 2003. Todos projetos de arquitetura de estabelecimentos de saúde públicos e privados devem ser avaliados e aprovados pelas vigilâncias sanitárias estaduais ou municipais previamente ao início da obra

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a que se referem os projetos.

Resolução - RDC nº 33, de 25 de fevereiro de 2003. Revogadaesubstituída pela Resolução – RDC nº 360, de 07/12/2004: Aprovao Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde -Diretrizes Gerais.

Resolução - REnº 9, de16dejaneirode2003. Orientaçãotécnica revisada compadrões referenciais de qualidade de ar interior em ambientes de uso público e coletivo, climatizados artificialmente. A Resolução recomenda o índice máximo de poluentes de contaminação biológica e química, além de parâmetros físicos do ar interior. A resolução prevê ainda métodos analíticos e recomendações para controle e correção, caso os padrões de ar forem considerados regulares ou ruins.

Resolução - RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002. Retificou a Resolução - RDC nº 50, de 21/2/2002. As considerações da Resolução - RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002 passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 2º O Regulamento Técnico contido na Resolução - RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002 passa a vigorar com a seguinte redação.

Resolução - RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Arquivo atualizado em 22/7/2003. Alterada pela Resolução - RDC nº 189, de 18/7/2003. Atualizada pela Resolução - RDC nº 307, de 14/11/2002. Substitui a Portaria MS nº 1.884, de 11/11/1994. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Normas para projetosfísicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Normalizaa elaboração de projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). Apresenta orientações aos planejadores, projetistas e avaliadores de estabelecimentos de saúde. Cada EAS construído ou reformado deverá estar em consonância com as definições e informações contidas neste documento, independente de ser um estabelecimento público ou privado.

Portaria MS nº 1.884, de 11 de novembro de 1994. Revogada pela GABIN MS n° 554, de 19 de março de 2002.

Resolução RE nº 176, de 24 de outubro de 2000. Substituída pela Resolução RE n° 9, de 16 de janeiro de 2003. Orientação técnica contendo padrões referenciais de qualidade de ar interior em ambientes de uso público e coletivo, climatizados artificialmente. A Resolução recomenda o índice máximo de poluentes de contaminação biológica e química, além de parâmetros físicos do ar interior. A resolução prevê ainda métodos analíticos e recomendações para controle e correção, caso os padrões de ar forem considerados regulares ou ruins.

Portaria Interministerial nº 482, de 16 de abril de 1999. Regulamento técnico contendo disposições sobre o funcionamento e instalação de unidades de esterilização por óxido de etileno e de suas misturas, bem como estabelece as

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ações de inspeção sob responsabilidade do Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho e Emprego.

Portaria MS nº 3.523, de 28 de agosto de 1998. Regulamento técnico contendo medidas básicas referentes aos procedimentos de verificação visual do estado de limpeza, remoção de sujidades por métodos físicos e manutenção do estado de integridade e eficiência dos componentes dos sistemas de climatização, para garantir a qualidade do ar de interiores e prevenção de riscos à saúde aos ocupantes de ambientes climatizados (BRASIL, 1998)

É necessário que muitas das normas brasileiras relativas a construções e instalações tratem do tema da manutenção como relevante, algumas delas nem chegam a mencionar a palavra manutenção como na NBR 7256 - Tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) - Requisitos para projeto e execução das instalações (BRASIL, 2005). Na rede pública de saúde a ausência de legislação específica e de políticas institucionais para a área de manutenção de prédios e equipamentos, associada ao despreparo dos dirigentes dos EAS, que não avaliam a relação custo x benefício, entre manutenção própria ou terceirizada, devido adiminuição gradativa e praticamente inexistência de formação de quadros de funcionários próprios especializados nestas atividades, ao longo principalmente dos últimos anos,optando rapidamente pela terceirização explica a inexistência de estruturas próprias de manutenção nos EAS (GUIMARÃES, 2012). A opção prioritária pela terceirização agrava problemas da gestão da manutenção dos equipamentos biomédicos, tornando mais importante à fiscalização dos contratos de manutenção. Como alternativa para a falta de técnicos capacitados, atualmente optou-se pela contratação de engenheiros clínicos para a gestão da manutenção, que se limitam a gerenciar os contratos de terceirização,comprovando-se, assim, a falta de políticas públicas, o despreparo dos dirigentes dos EAS e desvalorizaçãoda área de manutenção. A pesquisa que serviu de base para o trabalho apresentado por José Guimarães (GUIMARÃES, 2012) para o município do Rio de Janeiro,concluiuque se faz necessário um aprofundamento da questão da qualidade dos serviços terceirizados de manutenção nosestabelecimentos assistenciais de saúde pública do país. Essa análise poderá servir para a formulação de indicadores de controle de qualidade adequada as realidades regionais do Brasil, porém elaborando parâmetros mínimos nacionais que servirão de base para estruturação de critérios estaduais e municipais de controle. Uma alternativa para solucionar o problema da qualidade dos serviços terceirizados de manutenção nos equipamentos biomédicos seria adotar um modelo de gestão em manutençãoque já teriam sido experimentados no exterior e no Brasil. É o caso de São Paulo e Minas Gerais, que já usam modelo semelhante aos das Organizações Sociais (OSs), entidades sem fins lucrativos encarregadas de administrar bens e equipamentos médicos, utilizando técnicas modernas de gestão.

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Nos estabelecimentos de saúde de modo geral no Brasil a manutenção não é tratada como prioridade, negligenciando-se até questões básicas como a limpeza e desinfecção dos reservatórios de água. Glaucia Amorim (AMORIM, 2013) ao fazer um trabalho de avaliação da Prestação de Serviços de Manutenção Predial em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde pesquisou61 EASda rede SUS Betim em Minas Gerais, avaliando 34 Unidades Básicas de Saúde, 12 Especialidades, 5de Saúde Mental, 4 Unidades de Pronto Atendimentos, 5 Hospitais e 1 clínica de hematologia, dentre vários itens relacionados a manutenção constatou que: a) apenas 14,8 % dos estabelecimentos pesquisadostemsistemática de manutenção preventiva e corretiva das instalações e dos equipamentos. Existindo manutenção corretiva na maior parte destes, mas não existem equipes com profissionais em quantidade suficiente e com capacitação adequada para a programação dos serviços preventivos; b) somente 13,1 % dos estabelecimentos pesquisados gerenciam, operam e controlam osequipamentos de infraestrutura (elevadores, caldeiras, geradores de energia, monta-cargas, entre outros), de acordo com o porte e dimensionamento às necessidades do serviço; c) não mais que14,8% apresentam a sistemática de manutenção preventiva e corretiva das instalações e dos equipamentos; d) unicamente 45,9% monitora a limpeza e desinfecção dos reservatórios de água;e e) só16.4%monitora a análise e o controle da potabilidade da água periodicamente. A gerência e manutenção da infraestrutura física dos EAS da rede pública apresenta insuficiências, pois, entre outras razões, nem sempre as etapas básicas do processo de desenvolvimento gerencial são articuladas entre o planejamento, o projeto, a execução e a manutenção (GUIMARÃES, 2012). Durante a execução dos projetos, a preocupação fica concentrada na execução das obras e na aquisição de equipamentos, enquanto que a manutenção (predial e de equipamentos) é negligenciada levando à descontinuidade e à baixa qualidade na prestação de serviços de saúde, que em nosso país já tem infinitos problemas de gestão, de financiamentos e políticos evidenciados na sua precária realidade. 4. Manutenção A durabilidade de uma construção é relacionada aos valores de vida útil, ou seja, o intervalo de tempo em que a construção é capaz de desempenhar as funções que lhes estão destinadas ao longo do seu ciclo de vida. Avida útil de uma edificação corresponde ao período de tempo, após a sua instalação, em que a estrutura não apresenta degradação dos materiais, resultado das condições ambientais, conduzindo à redução da segurança estrutural inicial. Segundo Maria Paula Machado (MACHADO, 2013) durante a vida útil das edificações, devem realizar-se atividades de inspeção, manutenção e reparação nos diversos componentes da edificação que tenham durabilidade inferior à vida útil. A VUP é especificada pelo projetista de acordo com as expectativas (ou requisitos) dos donos do edifício ou da construção e está intimamente ligada aos requisitos de durabilidade pretendidos no edifício. A vida útil de uma estrutura de concreto depende, em grande parte, de níveis adequados de manutenção. É um

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erro assumir que as estruturas de concreto bem projetadas e construídas não necessitam de conservação e manutenção (BRASIL, 2013a). Não existe uma relação intrínseca entre a natureza do material e sua durabilidade, uma vez que as condições que a determinam estão ligadas às condições de exposição e às próprias soluções de projeto, que determinam os mecanismos pelos quais ocorre a degradação dos materiais (NOUR, 2003). A durabilidade pode ser quantificada pela representação da função desempenho ao longo do tempo para a condição específica que se quer avaliar e pela estimativa de vida útil.

As construçõesdevem ser concebidas de modo a que se mantenham aptas para os fins a que se destinam, com níveis de durabilidade e segurança adequados para uma vida útil programável (BRASIL, 2015). Para as estruturas exige-se um mínimo de 50 anos para VUP Mínimo, um mínimo de 63anos para VUP Intermediário e de no mínimo75 anosde vida útil para estruturas de VUP Superior. Sendo a vida útil estimada para a estrutura do edifício hospitalar de 75 anos, correspondente ao período em que face às exigências do projeto espera-se que a sua estrutura não apresente degradação dos materiais. No entanto, os demais componentes do edifício têm geralmente uma vida útil inferior à estrutura, sendo que as referidas recomendações e especificações técnicas estabelecem igualmente que as soluções concebidas no projeto dos edifícios hospitalares devem garantir elevada durabilidade, com vidas úteis de 40 anos para paredes exteriores, 20 anos para cobertura e redes hidrossanitárias e de20 anos para paredes divisórias interiores conforme NBR 15.575-1 (ABNT, 2013). A Manutenção,segundo SEAP (1997),é um conjunto de atividades técnicas e administrativas destinado a preservar as características de desempenho técnico dos componentes ou sistemas da edificação, cujo funcionamento depende de dispositivos mecânicos, hidráulicos, elétricos e eletromecânicos.Para MACHADO (2013)a manutenção é “a combinação de todas as ações técnicas, administrativas e de gestão durante o ciclo de vida de um bem, destinadas a mantê-lo ou repô-lo num estado que possa cumprir a função requerida.” Esta definição da Manutenção inclui outro conceito, o de Ciclo de Vida de um Bem, que é o “intervalo de tempo que se inicia com a concepção e termina com a sua eliminação”, tendo a manutenção como principal objetivo, no decorrer da vida útil de um bem, garantir que o seu nível de desempenho, através de intervenções adequadas, seja igual àquele para que foi concebido, sendo que se for pretendido um nível superior já se considera Reabilitação. 5. Tipos e estágios de manutenção O SEAP (1997)define dois tipos de manutenção e suas subdivisões: 1)Manutenção Corretiva é “efetuada depois da detecção de uma falha, avaria ou desempenho insuficiente e destinada a repor o bem num estado em que possa realizar uma função requerida”.

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2)Manutenção Preventiva é a “manutenção efetuada antes da ocorrência de falha ou de desempenho insuficiente dos componentes da edificação executada a intervalos de tempo predeterminados ou de acordo com critérios prescritos com a finalidade de reduzir a probabilidade de avaria ou de degradação do funcionamento de um bem”. Como exemplo, a ANVISA (2009) em ambientes de atividade física considera como manutenção preventiva, a limpeza, desinfecção, lubrificação, pintura, troca de cabos de aço, ou outras formas de fácil e rápido movimento, respeitando os prazos determinados pelo fabricante. 2.1)Manutenção Preventiva Programada (ou Sistemática para KARMAN (1995) eMACHADO (2013)) é a manutenção preventiva realizada em obediência a um Programa ou Plano de Manutenção dos componentes da edificação. É executada a intervalos de tempo preestabelecidos ou segundo um número definido de unidades de funcionamento, sem controle prévio do estado do bem. É a manutenção típica dos sistemas de refrigeração determinado pela NBR 13.971/97 (ABNT, 1997). 2.2)Manutenção Preventiva Regulamentar,é a manutenção preventiva que visa cumprir os requisitos estabelecidos na legislação e regulamentação em vigor, exigindo incorporar elementos a edificação que não eram exigidos na época da sua construção. São exemplo as ações de manutenção preventiva regulamentar: (i) de instalações de detecção, prevenção e combate de incêndio; (ii) dos sistemas energéticos de climatização em edifícios; (iii) dos ascensores para portadores de necessidades especiais; (iv) das instalações de medicina física e de reabilitação; (v) das instalações de águas para hemodiálise. 6. Manutenção Orgânica De acordo comJarbas B. Karman(KARMAN, 1995)especialista em Manutenção Hospitalar, além dos tipos de Manutenção acima apresentados éintroduzido o conceito de Manutenção Orgânicacom a seguinte formatação: Manutenção Orgânica:

Manutenção Orgânica Preditiva: PHP – Planejamento Hospitalar Preditivo Continuidade Operacional

Manutenção Operacional: Manutenção Administrativa(ou Preventiva Regulamentar) Manutenção Preventiva

• Manutenção Preventiva Regular ou de Rotina (ou Programada) • Manutenção Preventiva Condicionada(ou Preditiva)

Manutenção Corretiva • Manutenção Vigilante • Manutenção de Emergência • Manutenção de Reparos

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Desde a concepção de projeto no PHP- Planejamento Hospitalar Preditivo deve ser previsto que este tipo de edificação sofrerá Manutenção Preditiva (em maior ou menor extensão), devendo ser uma “Arquitetura por Antecipação”, necessitandocontemplar, por exemplo,uma modulação arquitetônica, posição de esquadrias recuadas faceando paramento interno de parede, persiana tele-comandada, “dobradiças em L” para portas escamoteáveis, protetor de parede, amortecedor de porta, acabamentos, proteções e blindagens específicos, etc.Esta “Arquitetura por Antecipação” deve abordar os recursos e meios a serem incorporados, ao futuro hospital, visando ir ao encontro, de facilitar e tornar posteriormente possível a correta Manutenção Operacional. Uma instituição de saúde é um organismo dinâmico, sempre em mutação, principalmente em grandes estabelecimentos como os hospitais: paredes e divisórias são seguidamente removidas, deslocadas e acrescidas; alterações espaciais se sucedem em decorrência de exigências administrativas e técnicas; novos equipamentos demandam suportes, apoios, suprimentos e instalações (água, energia elétrica e outros). Amanutenção se encontra na dependência da previsão dos meios, que a Arquitetura preditivamente põe à sua disposição. Sem a previsão e provisão de recursos estruturais e orgânicos, a arquitetura poderá condenar a futura instituição a precário desempenho e inoperante manutenção, sabido que vícios de origem são de difícil superação. A Manutenção Orgânica encontra-se vinculada à Arquitetura, à Construção, às Instalações, aos Equipamentos e à Funcionalidade. Manutenção Orgânica ou Arquitetura-Manutenção- Preditiva ou Arquitetura de Manutenção são termos criados pelo autor(KARMAN, 1995) para exprimir requisitos arquitetônicos, construtivos, de instalação e de equipamentos, que a arquitetura deve prever e incorporar ao edifício, para viabilizar, promover segurança, continuidade no atendimento, facilitar e tornar econômica e racional a manutenção futura do hospital, tornando viáveis e/ou menos problemáticas as alterações e novas incorporações, que se sucedem no dia-a-dia das Instituições de Saúde e, principalmente, para assegurar a imprescindível “Continuidade Operacional” (sem interrupção) de setores vitais e críticos. É de suma importância a incorporação da Manutenção Orgânica aos projetos de Instituições de Saúde, ainda em seus primórdios, sendo que o campo de abrangência da Manutenção Orgânica é amplo e variado,requerendo reconhecimento, aceitação, acolhimento e conscientização por parte de planejadores, construtores, instaladores, administradores, profissionais e usuários. A fase de projeto é de fundamental importância para uma construção, além da incorporação de elementos que facilitem a manutenção, o surgimento de patologias responsáveis por grande parte dos custos de manutenção na edificação são, via de regra, originadas na fase de projeto. DAL MOLIN em 1989 apud (NOUR, 2003) constatou que em estruturas de concreto armado na região de Porto Alegre – RS, 60% das fissuras ocasionadas por sobrecargas foram causadas por problemas de projeto, 28% por problemas de execução e menos de 5% por problemas de uso. Vários pesquisadores nos países europeus, verificaram que os problemas de projeto são responsáveis por aproximadamente 40% das patologias, seguido pela execução com 30%, materiais com 18%, restando a fase de uso menos de 10%.

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7. Manutenção Operacional AManutenção Operacional, própria a Manuais de Manutenção está relacionadaà Manutenção Preventiva Regular ou de Rotina, Manutenção Preventiva Condicionada e Manutenção Administrativa Corretiva. A Manutenção Operacional é a que sucede e é a que dá continuidade à Manutenção Orgânica, prevenindo, conservando, reparando, preservando e assegurando a operacionalidade KARMAN (1995). A ManutençãoOperacional Preventiva e Manutenção Corretiva,estão estreitamente correlacionada à Manutenção Orgânica, concebida e planejada antes da execução da instituição. Assim, o complexo planejamento de instituições de saúde passa agora a incorporar planejamentos específicos, detalhados, consciente e tecnicamente elaborados, com conhecimento de causa, capazes de prever e de ir ao encontro de necessidades, de operacionalização e de manutenção futura. Esse “Ir ao Encontro Futuro” é que possibilita a otimização e o funcionamento harmonioso de cada componente da Instituição, e torna viável o desempenho eficaz da manutenção. Dentre as atribuições, a cargo da manutenção, talvez, a que mais empenho requeira, seja a de assegurar ao estabelecimento de saúde Continuidade Operacional, isto é, equipamentos, instalações, suprimentos e pessoal a postos e à mão a todo o tempo. De uma maneira simples pode-se dizer que a manutenção preventiva consiste nas atividades executadas antes da ocorrência de problema; a corretiva, por sua vez, somente é realizada após o aparecimento de alguma falha (BRASIL, 2013a). 8. Manutenção Preventiva Pode se conceber a Manutenção Preventiva como uma manutenção proativa, realizada antes da ocorrência de falhas, tendo como objetivo atuar previamente de forma a evitar a falha e/ou suas consequências. Nesta estratégia de manutenção podem-se considerar, ainda, a Manutenção Preventiva Programada e a Manutenção Preventiva Condicionada ou Preditiva. 9. Manutenção Preventiva Condicionada ou Preditiva Embora apresentada com diferentes nomenclaturas a Manutenção Preventiva Condicionada (KARMAN, 1995) e (MACHADO, 2013) ou Manutenção Preditiva (CYRINO, 2015), como o nome “condicionada”sugere, é uma manutenção dependente de tecnologia mais avançada, visando apurar, com mais precisão, as condições e o estado de equipamentos, máquinas e aparelhos por meio de dados coletados por monitoração ou inspeções. Este tipo de manutenção se efetivou como importante ferramenta de produtividade a partir dos anos 70, sendo que sua evolução vem se destacando desde meados dos anos 90 conforme estudiosos das áreas de manutenção.

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Esta manutenção é um método aplicado na área de manutenção com a finalidade de indicar as condições reais de funcionamento das máquinas e equipamentos com base em dados que informam o seu desgaste ou processo de degradação. Visto então que a proposta da manutenção preditiva é fazer o monitoramento regular das condições mecânicas, eletrônicas, pneumáticas, hidráulicas e elétricas dos equipamentos e instalações e, ainda, monitorar o rendimento operacional de máquinas, equipamentos e instalações quanto a seus processos. Como resultado desse monitoramento, observa-se um aumento dos intervalos dos reparos por quebras (Manutenção Corretiva) e dos reparos programados (Manutenção Preventiva), bem como um aumento de rendimento no processo produtivo, uma vez que equipamentos e instalações estarão disponíveis por um tempo maior para a operação.Portanto trata-se de uma modalidade de manutenção que prediz o tempo de vida útil dos componentes das máquinas e equipamentos e as condições para que esse tempo de vida seja bem aproveitado. Os métodos mais comuns utilizadas para produzir diagnósticos para Manutenção Preditivaencontram-se condicionados a procedimentos técnicos, a recursos e instrumentos especializados, capazes de registrar vários fenômenos, tais como: análise de vibração, ultrassom para detectar fissuras estruturais,espectrometriaque realiza um diagnóstico através de análise da natureza de partículas presentes nos lubrificantes, inspeção visual, termografia monitorando alterações de temperatura, ferrografia que quantifica o desgaste através de exames microscópicos de limalhas transferidas ao lubrificante, contaminação de óleos, estado de superfícies, alterações de pressão e outras técnicas de análise não destrutivascomo indicadores e meios de diagnóstico precoce: aquecimento, velocidade, ruído, desgaste, folga, desbalanceamento, desalinhamento, desregulagem e outros. Esta Manutenção Preditiva tem como finalidade predizer falhas e detectar mudanças no estado físico que exijam serviços de manutenção, com a antecedência necessária para evitar quebras ou estragos maiores. É importante destacar que para cada tipo de equipamento deve-se determinar a frequência, o responsável e a forma de registro. Além disso, se estabelecermos como constante as Manutenções Preditivas, é possível eliminarmos as Manutenções Periódicas. Os objetivos principais, portanto, são a redução de custos de manutenção e o aumento da produtividade. 9.1 Objetivos da Manutenção Preditiva

1. Determinar antecipadamente a necessidade de serviços de manutenção numa peça ou componente específico de uma máquina ou equipamento;

2. Eliminar desmontagens e remontagens desnecessárias para inspeção; 3. Aumentar o tempo de disponibilidade das máquinas e equipamentos; 4. Reduzir as intervenções corretivas, as paradas de emergência e aumentar a rapidez na

sua resolução; 5. Reduzir os impactos dos procedimentos preventivos no resultado da operação; 6. Impedir o aumento e propagação dos danos; 7. Maximizar a vida útil total dos componentes e de um equipamento; 8. Elevar a qualidade ambiental; 9. Reduzir os consumos energéticos ao mínimo; 10. Elevar o conforto dos usuários;

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11. Garantir boa imagem da instituição.

Baseado no conhecimento e análise dos fenômenos, torna-se possível indicar, com antecedência, eventuais defeitos ou falhas nas máquinas e equipamentos, após isso a manutenção preditiva adota dois procedimentos para atacar os problemas detectados:

Diagnóstico: detectada a irregularidade, será necessário efetuar um diagnóstico referente à origem e à gravidade do defeito constatado.

Análise da tendência da falha: a análise consiste em prever com antecedência a avaria ou a quebra e programar o reparo.

10. Manutenção Preventiva Programada ou de Rotina

Pode-se discorrer sobre àManutenção Preventiva Programada, realizada em intervalos de tempo fixos, independentemente do estado de condição do bem, que a execução de intervenções é decidida pelo fato de determinada periodicidade se verificar, como são os casos nos edifícios das pinturas trianuais das paredes e da limpeza e desobstrução anual dos coletores pluviais dos telhados como calhas, algerozes, tubos de queda e grelhas de escoamento. Este tipo de manutenção baseia-se na análise do histórico de avarias, no estudo da probabilidade destas ocorrerem e na informação dos fabricantes/fornecedores. Num edifício, este tipo de estratégia de Manutenção Programada, requer um planejamento que integre os planos elaborados para cada componente do edifício com informação bem sintetizada e clara para aqueles que vão realizar as atividades de manutenção, sendo que na sua elaboração deverão ser tidos em conta aspectos como: (i) a vida útil de cada componente; (ii) os níveis de qualidade, de desempenho e operacionalidade exigidos; (iii) as anomalias relevantes e seus mecanismos de degradação; (iv) as causas prováveis das anomalias; (v) a análise dos registos históricos das intervenções em componentes desse edifício e noutros similares; (vi) as recomendações técnicas do projeto e dos fabricantes/fornecedores; (vi) os custos de operação.As operações de Manutenção Preventiva Programada incluem procedimentos: de limpeza, de inspeção, de reparação local e de substituição local. Ao se fazer umaManutenção Preventiva Condicionada ou Preditiva em função da análise do estado de degradação dos componentes encontrados (pois se permite conhecer o estado de condição dos componentes e atuar sobre as eventuais anomalias que possam existir)poderão ser planejadas com prioridade as Inspeções de Rotina Programadas.Asações de inspeção Preditiva, realizadas por técnicos especializados são planejadas tendo em conta a durabilidade previsível dos elementos, permitindo detectar de uma forma mais adequada a necessidade de intervenção, podendo reduzir o número de anomalias, obrigando a uma inspeção competente dos elementos e exigindo uma otimização dos custos de inspeção face aos custos de reparação.

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11. Manutenção Preventiva Programada e Programa de Manutenção As Manutenções Programadas devem ser orientadas por um Programa de Manutenção (Plano de Manutenção), que como bem especifica a SEAP (1997) no Manual de Obras Públicas-Edificações - Manutenção, estabelece as diretrizes gerais para a execução de serviços de conservação e manutenção de uma edificação ou conjunto de edificações, define o Programa de Manutenção (Plano de Manutenção) como um conjunto de inspeções periódicas destinado a evitar a ocorrência de falha ou de desempenho insuficiente dos componentes da edificação, definidas em função das características dos componentes da edificação e orientação técnica dos fabricantes ou fornecedores. Este Programa de Manutenção deve garantir o retorno dos investimentos e se mostrar vantajoso financeiramente a médio e longo prazo. Um exemplo de Plano de Manutenção para sistemas de ar condicionado Central é apresentado pelo BANCO DE BRASILIA-BRB (2016)no seu Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) CP06005. O Ministério da Saúde naPortaria 3523/GM - Qualidade do Ar de Interiores e Ambientes Climatizados (BRASIL, 1998) no Art. 6º especifica que nos locais com climatização acima de60.000 BTU/H, deverão manter um responsável técnico habilitado, com as atribuições de: a)implantar e manter disponível no imóvel um Plano de Manutenção, Operação e Controle – PMOC, adotado para o sistema de climatização. Este Plano deve conter a identificação do estabelecimento, a descrição das atividades a serem desenvolvidas, a periodicidade, as recomendações na ocorrência de falha do equipamento e de emergência, para garantia de segurança dosistema, conforme especificações da NBR 13971/97 (ABNT, 1997); b) garantir a aplicação do PMOC por intermédio da execução contínua direta ou indireta deste serviço; c) manter disponível o registro da execução dos procedimentos estabelecidos no PMOC; d) divulgar os procedimentos e resultados das atividades de manutenção, operação e controle aos ocupantes. O Tribunal de Contas da União na sua publicação Obras Públicas: recomendações básicas para a contratação e fiscalização de obras públicas, solicita que:

Todo órgão público deve possuir um Programa de Manutenção, que é um conjunto de inspeções periódicas realizado com vistas a evitar o surgimento de problemas. Esse programa deve ser montado em função dos componentes do empreendimento e sempre deve seguir a orientação técnica dos fabricantes e fornecedores dos materiais e equipamentos instalado. (BRASIL, 2013b).

É importante que área responsável pelas atividades de conservação/manutenção deverá implementar um Sistema de Manutenção (SM), preservando o desempenho, a segurança e a confiabilidade dos componentes e sistemas da edificação, prolongar a sua vida útil e reduzir os custos de manutenção, além de ser uma importante ferramenta de retroalimentação e evolução dos projetos (NOUR, 2003). Este SMdeve ter os seguintes pontos essenciais:

a) Organização da área de manutenção, b) Arquivo Técnico da edificação,

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c) Cadastro dos componentes e sistemas da edificação e d) Programa ou Plano de Manutenção.

A Organização da área de manutenção será compatível com o porte e complexidade da edificação, disponibilidade de pessoal e a diretrizes administrativas relativas à contratação de serviços de terceiros, envolvendo as funções de Gestão do SM, suprimento, almoxarifado e oficina ou serviços de manutenção.A função de Gestão deverá responder pela implementação e articulação das demais funções do SM, manutenção do Arquivo Técnico e Cadastro dos componentes e sistemas da edificação e elaboração do Programa ou Plano de manutenção. Solicita-se que oArquivo Técnico da edificação será constituído por todos os documentos de projeto e construção, incluindo memoriais descritivos, memoriais de cálculo, desenhos, especificações técnicas. Será integrado ainda pelos catálogos, desenhos de fabricação e instruções de montagem, manuais de manutenção e de operação e termos de garantia fornecidos pelos fabricantes e fornecedores dos componentes e sistemas da edificação. Já o Cadastro da edificação deverá conter o registro de todos os componentes e sistemas abrangidos pelo programa de manutenção, incluindo identificação, descrição e localização, bem como as relações de documentos e de peças sobressalentes fornecidas pelos fabricantes e fornecedores. Cadastrar as falhas existentes, determinando-se as origens, as possíveis causas e os mecanismos de formação de modo que se possa prescrever o tratamento mais adequado do ponto de vista técnico e econômico são primordiais para que esta manutenção prolongue a vida útil do elemento que deverá sofrer intervenção. O Arquivo Técnico e o Cadastro dos componentes e sistemas da edificação deverão ser mantidos permanentemente atualizados, refletindo fielmente todas as modificações e complementações realizadas ao longo da sua vida útil, incluindo os memoriais e desenhos “como construído” elaborados durante a construção e todas as alterações posteriores. Conforme determina a NBR 5674 (ABNT, 2011) cabe à função de Gestão a definição, caracterização e quantificação dos materiais, componentes e serviços de manutenção a serem adquiridos ou contratados pela administração.Registros históricos dos serviços de manutenção, facilidades de aquisição, disponibilidade de recursos e outras variáveis deverão orientar a fixação dos quantitativos e demais parâmetros de rotação do estoque necessário aos serviços de manutenção. O Plano ou Programa de Manutençãodeve ser fundamentado nos procedimentos e rotinas de ManutençõesPreventivas recomendadas pelas normas e Arquivo Técnico. Pela guarda e controle do estoque de componentes e materiais pertinentes às atividades de manutenção será de responsabilidade do Almoxarifado.O Suprimento deverá responder pela aquisição de materiais e componentes pertinentes aos serviços de manutenção, bem como à contratação de serviços de terceiros. Caberá a Oficina ou serviços de manutenção responder pelos serviços de manutenção executados pela própria Administração, bem como pelo

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acompanhamento e fiscalização dos serviços de manutenção contratados com terceiros, em atendimento ao Programa ou Plano de Manutenção. A Gestãodo Sistema de Manutenção, de preferência, será apoiada por um Sistema deInformação (SI), “software” para a montagem e gerenciamento de todos os dados e informações pertinentes às atividades de manutenção, incluindo o arquivo técnico e o cadastro dos componentes e sistemas da edificação, o plano ou programa de manutenção, o registro dos serviços, datas e custos de manutenção, controle do vencimento de garantias de fabricantes e fornecedores e outros dados de interesse. José Guimarães (GUIMARÃES, 2012) citando AZEVEDO (2004) menciona que o objetivo da Gestãodo Sistema de Manutenção é apresentar uma compreensão e um conjunto de subsídios para melhorar esta atividade em ambientes de saúde, que apoiada na informática, seja capaz de definir as ações mantenedoras dos elementos característicos e funcionais na Unidade de Saúde (Exemplo: Parques de Equipamentos), agregando a especificação, o projeto, a aquisição (construção) e a instalação de equipamentos médico-hospitalares relacionados com o ambiente hospitalar na perspectiva do processo decisórios mais eficientes e eficazes.Este modelo de Gestão deverá estar centrado no controle das variáveis de manutenção e dos riscos existentes de prédios, instalações e equipamentos, visando articular um conjunto de contribuições teóricas e especialmente instrumentais, aplicáveis as organizações diversas, mantendo-se o foco na gestão dos seus ambientes. A gerencia do Ambiente Hospitalardeve implementar os procedimentos e as atividades, visando à manutenção em condições adequadas de todos os componentes do ambiente hospitalar – prédio, infraestrutura e equipamentos, e executa seu plano de aprimoramentos (ou correção de rota), de acordo com as prioridades estabelecidas, visando a simplificação dos sistemas funcionais prediais para promoção de uma manutenção simples e de baixo custo. Esta estratégia pode ser colocada em prática desde que medidas padronizadas sejam implementadas como por exemplo o uso de lâmpadas e reatores de mesma potência e cor, equipamentos de mesma marca e modelo utilizados por serviços diferentes dentro de um mesmo Parque de Equipamentos, mesmo tipo de torneiras e válvulas de descarga sanitária em todo o hospital são exemplos de itens que simplificam o processo de compra, de reparo de intercambialidade de acessórios e redução de números de itens estocados. Através do controle dos Cadastros, das manutenções, da criação de tabelas de elementos para controle, localização dos equipamentos dos Parques de Equipamentos e a definição de níveis de responsabilidade para uso do Sistema de Manutenção ele poderá estar a serviços do gerenciamento de processos produtivos, por rede local ou para um desenvolvimento futuro em aplicativos web com tratamento de apoio gerencial adequado a essas necessidades. Como base a elaboração de um Plano de Manutenção para ambiente de saúde as características principais do grupo elaborador do sistema de informática é buscar orientação nos documentos oficiais do Ministério da Saúde, bem como, outras doutrinas que mantenham esse ambiente em constante atualidade com as melhores práticas de reformas e construção de ambientes sadios e ecologicamente responsáveis.

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Para uma adequada manutenção faz-se necessário que todos os procedimentos e rotinas da Manutenção Preventiva devam ser continuamente avaliados, ajustados e complementados, de modo a permanecerem sempre atualizados ao longo da evolução tecnológica e consistentes com as necessidades e experiência da Gestão do Sistema de Manutenção. GUIMARÃES (2012) menciona que a informatização da Gestão, que é expressa na forma de ferramenta, prioriza a organização, o gerenciamento de conteúdos (dados brutos otimizados por meio da comunicação e compartilhamento) e o aprimoramento da colaboração entre usuários e gestores, como é desejável em uma proposta de Parques de Equipamentos onde são agregados a especificação, o projeto, a aquisição (construção) e a instalação de equipamentos médico-hospitalares relacionados com o ambiente hospitalar na perspectiva do processo decisórios mais eficientes e eficazes, capazes de viabilizar o uso dos equipamentos em sua plenitude tecnológica em função do acesso às informações de instalação, utilização e manutenção. Este sistema de informática deve ser de fácil acesso aos sistemas de infraestrutura utilizando informação do inventário de instalações, por compartimentos, ser um sistema integrado de gerenciamento da manutenção capaz de administrar as ações de manutenção por prédios, instalações e equipamentos. A elaboração e implementação de Programas de Manutenção Corretiva e Preventiva, éextremamente necessário (CALDAS, 2002), salientando que a qualidade da documentação técnica produzida ao longo das fases de projeto e execução e seu direcionamento para esclarecer dúvidas relativas às etapas de conservação, uso, manutenção e da operação dos equipamentos, deverá ser sistematizadas na forma de Manuais de Uso relativas às edificações.A Câmara Brasileira da Industria da Construção no seu guia orientativo de desempenho de edificações habitacionais para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013 esclarece que os Manuais de Uso são também conhecido como Manual do Proprietário, quando aplicado para as unidades autônomas, e manual das áreas comuns ou Manual do Síndico (BRASIL, 2013). Em vários setores da administração federal, como no Conselho de Justiça Federal (BRASIL, 2009) a entrega de Manuais de Uso com Plano de Manutenção Periódica após a atividade de construção e reforma já é uma exigência. Como preconiza a ABNT na NBR 14037 (ABNT, 2011)é necessário que se estabeleçam os requisitos mínimos para elaboração e apresentação dos conteúdos a serem incluídos no Manual de Uso. Este documento coma operação e manutenção das edificações, sendo elaborado e entregue pelo construtor e/ou incorporador, conforme legislação vigente, deve: a) informar aos proprietários/condomínio as características técnicas da edificação construída; b) descrever procedimentos recomendáveis e obrigatórios para a conservação, uso e manutenção da edificação, bem como para a operação dos equipamentos; c) em linguagem didática, informar e orientar os proprietários e o condomínio com relação às suas obrigações no tocante à realização de atividades de manutenção e conservação, e de condições de utilização da edificação; d) prevenir a ocorrência de falhas ou acidentes decorrentes de uso inadequado; e e) contribuir para que a edificação atinja a vida útil de projeto.

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12. Considerações Finais Nas áreas da estrutura das edificações e de infraestrutura das instalações de saúdeexistemcarência de legislação específica para tratar a Manutenção em todos os seus aspectos e plenitude que vão da organização, gerenciamento e qualificação de profissionais, sendo fundamental sanar esta falha uma vez que a vida útil de uma edificação e seus equipamentos, está diretamente relacionada com a qualidade e regularidade da sua manutenção adequada, com a efetiva ação de rotinas e procedimentos preventivos e corretivos. As falhas no acompanhamento técnico quanto à qualidade do que é feito e uma expressiva parte dos dispêndios com a manutenção predial e de equipamentos, deve-se à inexistência em unidades de saúde dos especialistas em gestão de manutenção (engenheiros clínicos, engenheiros de manutenção, engenheiros biomédico, etc.),limitando-se as organizações a pratica de um acompanhamento burocrático dos contratos feitos por profissionais, que em vários casos, carecem de conhecimentos técnicos nessa área especifica. O desafio é o de adequar à incorporação tecnológica à estrutura de necessidades de saúde, pois não existe no mundo e nem no Brasil, recursos financeiros suficientes para suportar a lógica dos diagnósticos e exames complementares, baseados na tecnologia dos equipamentos de custo altíssimo e de rápida obsolescência. Uma expressiva parte dos dispêndios com a manutenção predial e de equipamentos médico hospitalares é consequência da carência de recursos humanos habilitados para gerenciar as rotinas operacionais preventivas ou corretivas nas edificações de saúde, sendo necessário implementar, uma nova cultura para manutenção onde atitudes proativas substituirão os serviços de “bombeiro”, apagando os incêndios; educar uma equipe de manutenção será essencial neste processo de engajamento aos novos procedimentos a serem adotados. É fundamental a implantação da Manutenção Orgânica desde a fase de concepção do projeto construtivo, da Manutenção Operacional (Regulamentar, Programada e Preditiva) e da Manutenção Corretiva com gestão e eficiência. Uma estrutura bem elaborada, desde os pequenos estabelecimentos, focando num Sistema de Manutenção com Organização, Gestão, Arquivo Técnico, Cadastro, Programa ou Plano de Manutenção informatizado, Sistema de Informação e Manual de Uso, e conforme a demanda, a complexidade e o porte da instituição um setor bem elaborado de Almoxarifado,Oficina e Suprimento com pessoal qualificado e treinado que estejam constantemente atualizados para atender as crescentes demandas de inovações tecnológicas dos modernos equipamentos e necessidades dos usuários, pois uma manutenção de qualidade está diretamente relacionado a um aumento da vida útil das edificações, dos equipamentos e com qualidade no serviço de saúde prestados.

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Referência ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5.674 - Manutenção de Edificações - Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro, 2011. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7.256 - Tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) - Requisitos para projeto e execução das instalações. Rio de Janeiro, 2005. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.971/97 -Sistemas de refrigeração, condicionamento de ar e ventilação -Manutenção programada. Rio de Janeiro, 1997. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 14.037 -Diretrizes para elaboração de manuais de uso , operação e manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos,CB-02.Rio de Janeiro, 2011. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 15.575-1, Edificações Habitacionais - Desempenho – Parte 1: Requisitos Gerais.Rio de Janeiro, 2013. AMORIM, G. M.; QUINTÃO, E. V. C.; MARTELLI JR, H.; BONAN, P. R. F. Prestação de Serviços de Manutenção Predial em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Ciência e Saude Coletiva, v. 18, n. 1, p. 145–158, 2013. ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Arquitetura e Engenharia em Saúde.Normas. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/arq/ normas.htm. Acessado em 04 de abril de 2016a. ANVISA.AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.Manual de orientações para fiscalização sanitária em estabelecimentos prestadores de atividades físicas e afins. Brasilia, 2009.

ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Missão institucional. Disponível em: www.anvisa.gov.br/institucional/anvisa/apresentacao.htm. Acessado em: 01 de Maio 2016b.

ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002. Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasil: Diário Oficial da União,2002b. Brasilia, 2002. ANVISA.AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.RDC 63 de 25 de

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