manutenÇÃo da qualidade de morangos …repositorio.ufla.br/bitstream/1/1751/1/tese manutenção...

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MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE MORANGOS SUBMETIDOS AO 1-MCP E ARMAZENADOS EM TEMPERATURA AMBIENTE E REFRIGERADA POLYANNA ALVES SILVA 2010

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  • MANUTENO DA QUALIDADE DE

    MORANGOS SUBMETIDOS AO 1-MCP E ARMAZENADOS EM TEMPERATURA

    AMBIENTE E REFRIGERADA

    POLYANNA ALVES SILVA

    2010

  • POLYANNA ALVES SILVA

    MANUTENO DA QUALIDADE DE MORANGOS SUBMETIDOS AO 1-MCP E ARMAZENADOS EM TEMPERATURA AMBIENTE E

    REFRIGERADA Tese apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Agroqumica/ Agrobioqumica para a obteno do ttulo de "Doutor".

    Orientadora Profa. Dra. Celeste Maria Patto de Abreu

    LAVRAS

    MINAS GERAIS - BRASIL

    2010

  • Ficha Catalogrfica Preparada pela Diviso de Processos Tcnicos da Biblioteca Central da UFLA

    Silva, Polyanna Alves. Manuteno da qualidade de morangos submetidos ao 1-MCP e armazenados em temperatura ambiente e refrigerada / Polyanna Alves Silva. Lavras : UFLA, 2010.

    137 p. : il. Tese (doutorado) Universidade Federal de Lavras, 2010. Orientador: Celeste Maria Patto de Abreu. Bibliografia. 1. Ps-colheita. 2. 1-Metilciclopropeno. 3. Amadurecimento. 4.

    Armazenamento. 5. Sanitizantes. 6. Vitamina C. I. Universidade Federal de Lavras. II. Ttulo.

    CDD 664.8047568

  • POLYANNA ALVES SILVA

    MANUTENO DA QUALIDADE DE MORANGOS SUBMETIDOS AO 1-MCP E ARMAZENADOS EM TEMPERATURA AMBIENTE E

    REFRIGERADA

    Tese apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Agroqumica/ Agrobioqumica, para a obteno do ttulo de "Doutor".

    APROVADA em 22 de abril de 2010. Profa. Dra. Adelir Aparecida Saczk UFLA Prof. Dr. Luiz Carlos de Oliveira Lima UFLA Prof. Dr. Lus Roberto Batista UFLA Pq. Dr. Emerson Dias Gonalves EPAMIG

    Profa. Dra. Celeste Maria Patto de Abreu

    UFLA

    (Orientador)

    LAVRAS MINAS GERAIS BRASIL

  • A Deus.

    Aos meus pais, Ronaldo e Maria Helena.

    Ao meu irmo, Breno.

    Ao meu marido, Alexandre.

    Enfim, a toda a minha famlia,

    OFEREO

    A razo primordial de toda a superioridade humana

    , sem dvida, a vontade. O poder nasce do querer.

    Sempre que o homem aplicar a veemncia e a perseverante

    energia de sua alma a um fim, ele vencera obstculos e,

    se no atingir o alvo, pelo menos far coisas admirveis.

    Jos de Alencar

    Muito obrigada!!!

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, eterno, invisvel, mas real. Com sua grandeza e bondade

    infinitas, dota de sabedoria pesquisadores e cientistas para ter a primazia de

    estudar os mistrios de sua criao.

    Universidade Federal de Lavras, ao Departamento de Qumica e ao

    Departamento de Cincia dos Alimentos, pela oportunidade e colaborao para o

    desenvolvimento deste trabalho.

    Capes, pela concesso da bolsa de estudos.

    Aos meus pais, Ronaldo e Maria Helena Silva, pelo amor, segurana e

    ensinamentos de vida. Em tantas lutas, proporcionaram-me condies para a

    realizao de mais uma etapa.

    Aos meus familiares, em especial ao meu irmo Breno, pela felicidade

    de sermos tambm amigos. Ao meu noivo, Alexandre de Abreu Porto, que,

    sempre ao meu lado, proporcionou segurana, carinho e compreenso.

    professora Celeste Maria Patto de Abreu, pela orientao, apoio

    estmulo, conhecimento e sugestes apresentadas.

    Aos meus coorientadores, Angelita Duarte Corra, Luis Roberto Batista

    e Adelir Aparecida Saczk, pela contribuio, ateno e amizade.

    A todos os professores do curso, pelos ensinamentos e amizade.

    Aos amigos da UFLA que nos acompanharam, sempre confiantes

    durante toda esta caminhada, em especial aos amigos do Laboratrio de

    Bioqumica, Estefnia, Luciana, Cristian, Anderson, Lvia, Rafaella,

    Gislaine, Cristina, enfim, a todos que me ajudaram.

  • amiga Estela, pela colaborao com sugestes, anlises e participao

    durante todo preparo deste trabalho e, principalmente, pela amizade e

    companheirismo.

    Aos tcnicos e funcionrios do DQI e do DCA, que sempre dedicaram

    um pouco da sua ateno, no intuito de colaborar quando preciso. Em especial a

    Miriam, Xulita e Ana Cristina.

    A toda a equipe de trabalho do Laboratrio de Bioqumica e a todos

    aqueles que, anonimamente e de alguma forma, colaboraram para o xito desta

    obra.

    Meus sinceros agradecimentos.

  • SUMRIO

    Pgina

    Resumo Geral.............................................................................................................. i

    Geral Abstract............................................................................................................. ii

    CAPTULO 1: ........................................................................................................... 1

    1 Introduo Geral...................................................................................................... 1

    1.1 Objetivo Geral....................................................................................................... 3

    1.2 Objetivos Especficos............................................................................................ 3

    2 Referencial Terico................................................................................................. 4

    2.1 Aspectos gerais do morango................................................................................. 4

    2.2 Produo brasileira de morangos.......................................................................... 5

    2.3 A cultura do morango em Minas Gerais............................................................... 6

    2.4 Caractersticas da cultivar Oso-Grande................................................................. 8

    2.5 Segurana alimentar.............................................................................................. 8

    2.5.1 Aspectos microbiolgicos ................................................................................. 10

    2.5.2 Sanitizantes........................................................................................................ 13

    2.6 O uso do 1-MCP como inibidor de etileno........................................................... 14

    2.7 Aparncia.............................................................................................................. 15

    2.8 Acidez titulvel (AT) e pH.................................................................................... 17

    2.9 Slidos solveis e acares................................................................................. 18

    2.10 Vitamina C.......................................................................................................... 20

    2.11 Antocianinas........................................................................................................ 22

    2.12 Transformaes qumicas durante o amadurecimento........................................ 23

    2.13 Modificaes na parede celular durante o amadurecimento............................... 24

  • Pgina

    2.14 Enzimas hidrolticas............................................................................................ 27

    3 Referncias Bibliogrficas...................................................................................... 30

    CAPTULO 2: Sanitizantes na qualidade microbiolgica de morangos Oso-grande.........................................................................................................................

    39

    1 Resumo.................................................................................................................... 39

    2 Abstract................................................................................................................... 40

    3 Introduo................................................................................................................ 41

    4 Material e Mtodos.................................................................................................. 43

    4.1 Matria-prima........................................................................................................ 43

    4.2 Tratamentos........................................................................................................... 43

    4.3 Preparo das amostras e instalao do experimento............................................... 43

    4.4 Anlises microbiolgicas...................................................................................... 44

    4.4.1 Contagem de coliformes a 35C e coliformes termotolerantes pelo mtodo do

    nmero mais provvel (NMP)..................................................................................... 44

    4.4.1.2 Coliformes a 35C........................................................................................... 44

    4.4.1.3 Coliformes termotolerantes............................................................................. 45

    4.4.2 Deteco de Salmonella spp............................................................................... 45

    4.4.3 Contagem de aerbios psicrotrfilos.................................................................. 45

    4.4.4 Isolamento e identificao de fungos e contagem de leveduras......................... 46

    4.4.4.1 Diluio selada................................................................................................ 46

    5 Resultados e Discusses.......................................................................................... 48

    6 Concluso................................................................................................................ 52

    7 Referncias Bibliogrficas...................................................................................... 53

    CAPTULO 3: Determinao de vitamina C em morangos, utilizando as tcnicas colorimtricas e HPLC................................................................................................

    55

    1 Resumo.................................................................................................................... 55

  • Pgina

    2 Abstract................................................................................................................... 56

    3 Introduo................................................................................................................ 57

    4 Material e Mtodos................................................................................................. 59

    4.1 Matria-prima........................................................................................................ 59

    4.2 Delineamento experimental................................................................................... 59

    4.3 Preparo das amostras e instalao do experimento............................................... 59

    4.4 Vitamina C............................................................................................................ 59

    4.5 Anlise estatstica.................................................................................................. 60

    5 Resultados e Discusses.......................................................................................... 61

    6 Concluso................................................................................................................ 64

    7 Referncias Bibliogrficas...................................................................................... 65

    CAPITULO 4: Qualidade de morangos Oso-grande submetidos ao 1-Metilciclopropeno e armazenados a temperatura ambiente....................................

    67

    1 Resumo.................................................................................................................... 67

    2 Abstract................................................................................................................... 68

    3 Introduo................................................................................................................ 69

    4 Material e Mtodos.................................................................................................. 70

    4.1 Matria-prima........................................................................................................ 70

    4.2 Delineamento experimental................................................................................... 70

    4.3 Preparo das amostras e instalao do experimento............................................... 70

    4.4 Anlises fsicas...................................................................................................... 71

    4.4.1 Perda de massa................................................................................................... 71

    4.4.2 Firmeza............................................................................................................... 71

    4.5 Anlises qumicas.................................................................................................. 72

    4.5.1 pH....................................................................................................................... 72

  • Pgina

    4.5.2 Slidos solveis (SST)..................................................................................... 72

    4.5.3 Acidez titulvel (AT)........................................................................................ 72

    4.5.4 Extrao e anlise de acares totais, redutores e no-redutores..................... 72

    4.5.5 Vitamina C........................................................................................................ 73

    4.5.6 Pectina total e solvel....................................................................................... 73

    4.5.7 Porcentagem de solubilizao.......................................................................... 73

    4.5.8 Anlises bioqumicas........................................................................................ 74

    4.5.8.1 Atividade da pectinametilesterase (PME)..................................................... 74

    4.5.8.2 Atividade da poligalacturonase (PG)............................................................. 74

    4.5.9 Anlise estatstica............................................................................................. 74

    5 Resultados e Discusses........................................................................................ 75

    5.1 Perda de massa.................................................................................................... 75

    5.2 Firmeza................................................................................................................ 76

    5.3 pH........................................................................................................................ 78

    5.4 Slidos solveis................................................................................................... 79

    5.5 Acidez titulvel.................................................................................................... 80

    5.6 Acar total, redutor e no-redutor..................................................................... 81

    5.7 Vitamina C........................................................................................................... 84

    5.8 Pectina total, solvel e percentagem de solubilizao......................................... 86

    5.9 Atividade da poligalacturonase (PG) e da pectinametilesterase (PME)........ 90

    6 Concluso.............................................................................................................. 93

    7 Referncias Bibliogrficas..................................................................................... 94

    CAPITULO 5: Qualidade de morangos, submetidos ao 1-metilciclopropeno e armazenados sob refrigerao...................................................................................

    99

    1 Resumo.................................................................................................................. 99

  • Pgina

    2 Abstract.................................................................................................................. 100

    3 Introduo.............................................................................................................. 101

    4 Material e Mtodos................................................................................................ 102

    4.1 Matria-prima...................................................................................................... 102

    4.2 Delineamento experimental................................................................................. 102

    4.3 Preparo das amostras e instalao do experimento............................................. 102

    4.4 Anlises fsicas.................................................................................................... 103 4.4.1 Perda de massa................................................................................................. 103 4.5 Anlises fsico-qumicas e qumicas................................................................... 103 4.5.1 pH..................................................................................................................... 103 4.5.2 Slidos solveis (SST)..................................................................................... 104 4.5.3 Acidez titulvel (AT)........................................................................................ 104 4.5.4 Extrao e anlise de acares totais, redutores e no-redutores..................... 104 4.5.5 Vitamina C........................................................................................................ 104 4.5.6 Antocianina....................................................................................................... 105 4.5.7 Pectina total e solvel....................................................................................... 105 4.5.8 Porcentagem de solubilizao.......................................................................... 106 4.5.9 Anlises bioqumicas........................................................................................ 106 4.5.9.1 Atividade da pectinametilesterase (PME)..................................................... 106 4.5.9.2 Atividade da poligalacturonase (PG)............................................................. 106 4.5.10 Anlise estatstica........................................................................................... 106 5 Resultados e Discusses........................................................................................ 107 5.1 Perda de massa.................................................................................................... 107 5.2 pH........................................................................................................................ 108 5.3 Slidos solveis totais......................................................................................... 110

  • Pgina

    5.4 Acidez titulvel (AT)........................................................................................... 111 5.5 Acar total, redutor e no-redutor..................................................................... 112 5.6 Vitamina C........................................................................................................... 115 5.7 Antocianina.......................................................................................................... 117 5.8 Pectina total, solvel e percentagem de solubilizao......................................... 118 5.9 Atividade da poligalacturonase e da pectinametilesterase.................................. 121 6 Concluso.............................................................................................................. 125 7 Referncias Bibliogrficas..................................................................................... 126 ANEXOS.................................................................................................................. 130

  • i

    RESUMO GERAL

    SILVA, Polyanna Alves. Manuteno da qualidade de morangos submetidos ao 1-MCP e armazenados em temperatura ambiente e refrigerada. 2010. 137 p. Tese (Doutorado em Agroqumica) Universidade Federal de Lavras, Lavras.*

    A cultura do morango tem se destacado muito no Brasil, nos ltimos

    anos, sua importncia econmica. Com a mudana dos hbitos alimentares ocorridos nos ltimos anos, os consumidores passaram a exigir atributos de qualidade para as frutas e hortalias, tais como aparncia, sabor, odor, valor nutricional e ausncia de defeitos. Estudos tm demonstrado a eficincia do 1-metilciclopropeno (1-MCP) em inibir a ao do etileno na ps-colheita, estendendo, assim, a vida til desses produtos. Neste estudo foram avaliadas a qualidade de morangos submetidos ao 1-MCP na concentrao de 100 nL L-1 por exposio de 2 horas e armazenados temperatura ambiente e refrigerada e a influncia de dois tipos de sanificantes, alm de ter sido realizada uma comparao entre os mtodos de HPLC e colorimetria, para a determinao de Vitamina C em morangos. O uso de sanitizantes foi de fundamental importncia, mantendo baixas as contagens de fungos filamentosos e leveduras, tendo o dicloro isocianurato a 200 mg L-1 o que apresentou os melhores resultados. A determinao via HPLC detectou maiores teores de vitamina C. O 1-MCP, na concentrao de 100 nL L-1, aplicado nos morangos, por exposio de 2 horas em cmara hermeticamente fechada, seguido do armazenamento por seis dias temperatura ambiente, foi eficiente em retardar o amaciamento dos frutos. E, quando foram armazenados por 18 dias sob refrigerao, foi eficiente em estender a vida til desses frutos por 8 dias.

    Palavras-chave: Armazenamento. Ps-colheita. 1-Metilciclopropeno. Vitamina C.

    _____________________ * Comit Orientador: Dra. Celeste Maria Patto de Abreu UFLA (Orientadora),

    Dra. Angelita Duarte Corra UFLA, Dr. Lus Roberto Batista UFLA, Dra. Adelir Aparecida Saczk - UFLA.

  • ii

    GENERAL ABSTRACT

    SILVA, Polyanna Alves. Quality maintanance of strawberries submitted to 1-MCP and stored at room and refrigerated temperature. 2010. 137 p. Thesis (Doctorate in Agrochemistry) Universidade Federal de Lavras, Lavras.*

    The the economical importance of the strawberry culture in Brazil has

    stood out a lot in in recent years. With the change of eating habits occurred in the recent past, the consumers have started to demand quality attributes of the fruits and vegetables, such as appearance, flavor, aroma, nutritional value and absence of defects. Studies have been demonstrating the efficiency of 1-methylcyclopropene (1-MCP) in inhibiting the postharvest action of ethylene, thus extending, the shelflife of these products. In this study, the quality of strawberries submitted to 1-MCP at a concentration of 100 nL L-1 by a 2 hour exposure and stored at room and refrigerated temperature and the influence of two types of sanitizing agents were appraised. Furthermore, a comparison was conducted between the HPLC and colorimetry methods for vitamin C determination in strawberries. The use of sanitizers was of fundamental importance, maintaining the filamentous fungi and yeast count low, dichloroisocyanurate at 200 mg L-1 being that which presented the best results. The determination through HPLC detected higher vitamin C levels. The 1-MCP, at the concentration of 100 nL L-1, applied in the strawberries, for a 2 hour exposure in a tightly closed chamber, followed by storage for six days at room temperature was efficient in delaying the softening of the fruits. When stored for 18 days under refrigeration, it was efficient in extending the shelflife of these fruits for 8 days.

    Keywords: Storage. Postharvest. 1- Methylcyclopropene. Vitamin C.

    _____________________ * Orientation committee: Dra. Celeste Maria Patto de Abreu UFLA (Advisor),

    Dra. Angelita Duarte Corra UFLA, Dr. Lus Roberto Batista UFLA, Dra. Adelir Aparecida Saczk - UFLA.

  • 1

    CAPTULO 1

    1 INTRODUO GERAL

    Os frutos so componentes essenciais da dieta humana. Eles se

    caracterizam por no possurem colesterol e apresentar baixos teores de

    gorduras. Desempenham importante papel nutricional na alimentao diria,

    fornecendo vitaminas, minerais, fibras e energia, alm de serem os produtos que

    mais correspondem s expectativas sensoriais dos consumidores, por

    satisfazerem s suas exigncias e apelos por produtos agradveis viso,

    paladar, olfato e tato.

    Na literatura mundial, muito utilizada a expresso pequenos frutos

    para designar culturas pequenas, como as de morango, framboesa e amora-preta,

    dentre outras. A principal espcie cultivada desse grupo no Brasil o morango.

    Em todo o mundo, o morango apontado como a mais importante das pequenas

    frutas, sendo bastante apreciada pelo seu aspecto atrativo e por suas qualidades

    sensoriais e nutricionais.

    A cultura comercial do morangueiro no Brasil relativamente nova. As

    poucas informaes existentes na literatura relatam que esta se deu na dcada de

    1950, na regio da encosta da serra do sudeste do Rio Grande do Sul, de onde se

    expandiu para o restante do pas. Atualmente, cultivado em grande parte do

    territrio nacional, com destaque para a regio sul-mineira, principal regio

    produtora do pas. Na regio de Itutinga, MG, a cultura do morango encontra-se

    em fase de implantao.

    Por serem tecido vivo, os morangos esto sujeitos a processos

    fisiolgicos importantes quando colhidos, como a respirao e a transpirao.

    Logo, esto submetidos a mudanas constantes aps a colheita, de carter

    irreversvel. Algumas dessas mudanas so desejveis, pois contribuem para

  • 2

    melhorar o aspecto, sabor e aroma. Entretanto, a maioria no desejvel, pois

    contribui para a perda da qualidade.

    O morango um fruto muito perecvel, com alta taxa respiratria e curta

    vida ps-colheita. As injrias causadas durante a colheita, transporte e

    comercializao, deixam a fruta susceptvel ao ataque de microrganismos,

    provocando perdas nutricionais e econmicas.

    O cultivo do morangueiro no campo afetado por fatores pr-colheita

    que contribuem para a sua qualidade na ps-colheita. Assim, as prticas

    culturais, adubao, tratamentos fitossanitrios, qualidade da muda, condies

    climticas e disponibilidade de gua, so fatores importantes para se obter um

    produto com qualidade aceitvel.

    A introduo de cultivares mais adaptadas e de novas tcnicas de cultivo,

    a partir da dcada de 1980, bem como a maior oferta de mudas com sanidade

    controlada, vem contribuindo para um maior desenvolvimento da cultura no

    Brasil. Portanto, a escolha das cultivares para a utilizao na explorao da

    cultura do morangueiro um dos pontos-chave para se obter sucesso nessa

    atividade, pois suas caractersticas, submetidas s condies ecolgicas da

    regio, somadas ao manejo adotado, que vo determinar a produtividade e a

    qualidade do produto final e, at mesmo, influenciar na comercializao, dada a

    preferncia de alguns mercados por frutos com determinadas caractersticas.

    Mesmo o fruto tendo sido produzido nas melhores condies de pr-

    colheita, h de se ter alguns cuidados para que sua qualidade seja estendida por

    um maior tempo possvel, evitando perdas considerveis.

    Vrias tcnicas tm sido utilizadas para minimizar essas perdas. Estudos

    sobre conservao de frutos tm demonstrado a eficincia do 1-

    metilciclopropeno (1-MCP) em inibir a ao do etileno na ps-colheita, pois este

    composto liga-se ao receptor do etileno, prevenindo sua ao fisiolgica sobre as

    frutas, estendendo, assim, a sua vida til.

  • 3

    1.1 Objetivo geral

    Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a qualidade de

    morangos submetidos ao 1-MCP e armazenados, por seis dias, temperatura

    ambiente e dezoito dias sob refrigerao.

    1.2 Objetivos especficos Especificamente, buscou-se:

    . avaliar a eficincia de dois tipos de sanitizantes;

    . adequar uma metodologia para as anlises de vitamina C por HPLC;

    . avaliar as mudanas ocorridas nas caractersticas fsicas e qumicas dos

    frutos, durante o armazenamento com e sem refrigerao.

  • 4

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 Aspectos gerais do morango

    O morangueiro pertence famlia Rosaceae, ao gnero Fragaria e tem

    cerca de dezoito espcies e quatro hbridos. A espcie Fragaria x ananassa

    Duch. Ex Rozier, que um hbrido resultante do cruzamento entre as espcies F.

    chiloensis e F. virginiana, a mais cultivada atualmente. Inicialmente utilizado

    para fins ornamentais e medicinais em jardins europeus, hoje o morangueiro

    vem sendo cultivado em todo o mundo. Graas ao melhoramento, j possvel

    encontrar variedades adaptadas s mais variadas condies de cultivo (United

    States Department of Agriculture - USDA, 2010).

    O morangueiro possui sistema radicular do tipo fasciculado, herbceo e

    superficial. A parte que sobressai da terra, denominada coroa, origina o eixo

    caulinar. O processo de florescimento extremamente dependente dos fatores

    ambientais. A temperatura , o fotoperodo e a interao entre ambos destacam-se

    com grande relevncia. Aps a fecundao, os vulos convertem-se em aqunios

    que estimulam o desenvolvimento do receptculo que, uma vez transformado em

    carnoso, constitui um pseudofruto ou uma infrutescncia que recebe o nome de

    morango (Silva, 2007).

    A cultura do morango praticada em rea de meia-encosta ou em reas

    de maior altitude, como nos planaltos serranos ou, ainda, na regio da serra da

    Mantiqueira, na Zona da Mata (Sargent et al., 2004).

    De acordo com o modelo de respirao, os frutos podem ser divididos

    em climatricos e no climatricos. O morango est no grupo dos frutos no

    climatricos, no qual corre uma diminuio gradual da respirao e no h

    produo de etileno endgeno. Nesse grupo, os frutos maduros na colheita

    (maturao de consumo) no aumentam sua qualidade sensorial depois de

  • 5

    colhidos. Por esse motivo, esse tipo de fruto colhido com valores muito

    prximos ao de sua maturao de consumo. O morango produz baixos nveis de

    etileno (

  • 6

    2.3 A cultura do morango em Minas Gerais

    A cultura do morangueiro foi introduzida no sul de Minas Gerais por

    produtores de hortalias. Segundo informaes de moradores locais mais

    antigos, isso aconteceu na comunidade rural de Ribeiro das Pedras, municpio

    de Estiva, por volta de 1958. Posteriormente, ela se estendeu para as

    comunidades rurais de vale do rio do Peixe, no municpio de Cambu, e de Cruz

    Alta, no municpio de Pouso Alegre. Em decorrncia dos bons resultados

    econmicos obtidos com o cultivo, a atividade expandiu-se rapidamente para

    outras comunidades rurais desses municpios e de outros.

    Outro fator preponderante que contribuiu para a adeso de novos

    produtores e para o aumento de rea plantada foi a sua localizao prxima a

    Rodovia Ferno Dias (BR 381) e, consequentemente, aos grandes centros

    consumidores, como So Paulo e Rio de Janeiro. Outra regio que se destaca na

    produo de morango a Central que, de forma semelhante do Sul de Minas,

    se localiza s margens de uma rodovia com grande fluxo de transportes, que a

    BR 040, que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Nessa regio, a cultura foi

    introduzida em 1978, na comunidade rural de Pinheiro Grosso, municpio de

    Barbacena e, em 1984, no municpio de Alfredo Vasconcelos. Atualmente, em

    menor escala de produo, encontram-se cultivos de morango em vrias regies

    do estado, entre elas a do Triangulo Mineiro, a do Alto Paranaba e a da Zona da

    Mata (Empresa Brasileira de Extenso Rural/MG - EMATER, 1983).

    Minas Gerais o maior produtor nacional de morangos, produzindo

    cerca de 40 mil toneladas/ano (o equivalente a 40% da produo nacional),

    seguido por So Paulo, com 29 mil toneladas/ano e por Rio Grande do Sul,

    Santa Catarina, Esprito Santo e Rio de Janeiro (Companhia de Entrepostos e

    Armazns Gerais de So Paulo - CEAGESP, 2004).

  • 7

    Em 2003, a rea cultivada em Minas Gerais foi de 1.196,5 hectares, com

    produo de 40.561,3 toneladas e ndice de rea mdia por produtor de 0,4

    hectares.

    Um fator limitante e restritivo expanso da rea cultivada pode ser o

    baixo consumo per capita, seja em razo do preo do produto, seja pela inibio

    de consumo decorrente da frequente notificao, na mdia, de contaminaes por

    agrotxicos (Anurio..., 2006).

    A importncia social e econmica da cultura de morango em Minas

    Gerais evidencia-se por ela ser a principal fonte de emprego e renda para a

    maioria dos produtores, classificados como agricultores familiares porque

    utilizam mo-de-obra oriunda dos prprios membros da famlia. O

    enquadramento do produtor na categoria de familiar feito com base nos

    critrios e pr-requisitos estabelecidos pelo Programa Nacional de

    Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), da Secretaria da Agricultura

    Familiar. Estima-se que, em media, a atividade gere um capital de cerca de R$

    68,56 milhes relativos ao valor da produo comercializada por 4.689

    produtores. Em toda a cadeia produtiva de morango esto envolvidas, direta e

    indiretamente, 31 mil pessoas. Estima-se que sejam gerados, anualmente, 600

    empregos (Carvalho, 2006).

    No campo da pesquisa, observa-se um avano considervel nos ltimos

    anos, tanto no nmero de pesquisadores e projetos quanto na destinao de

    recursos especficos para a pesquisa com morango. Contudo, produtores e

    profissionais da assistncia tcnica oficial e particular demandam mais pesquisas

    em fertirrigao, introduo de cultivares, matrizes, controle fitossanitrio,

    produo orgnica, cultivo protegido, manejo e fisiologia de ps-colheita

    (Sanhuenza, 2006).

  • 8

    2.4 Caractersticas da cultivar Oso-Grande

    A origem da cultivar Oso-Grande est na Universidade da Califrnia,

    EUA, em 1987. Caracteriza-se por ser de dias curtos e de grande adaptabilidade.

    uma planta vigorosa, com folhas grandes, colorao verde-escura, ciclo

    mediano e elevada capacidade produtiva. Seus frutos so de tamanho grande e

    doces; a polpa tem textura firme no incio da produo e mediana no final da

    colheita, colorao vermelho-clara e aromtica. Seu sabor subcido, prprio

    para consumo in natura e tem grande aceitao no mercado. tolerante ao

    fungo Botrytis cinerea e susceptvel mancha-de-micosfarela (Mycosphaerella

    fragariae) e antracnose (Colletotrichum fragariae e Colletotrichum acutatum)

    (Santos, 1999).

    2.5 Segurana alimentar

    Do ponto de vista de qualidade, a segurana alimentar significa garantir

    ao consumidor a aquisio de alimentos com atributos nutricionais e sanitrios

    adequados s suas necessidades. Nesse sentido, implica alimentos de boa

    qualidade, livres de contaminaes de natureza qumica, biolgica ou fsica ou

    de outra substncia que possa acarretar problemas sade do consumidor. A

    importncia desse aspecto da segurana alimentar tem crescido em virtude do

    desenvolvimento de novos processos de industrializao de alimentos e de novas

    tendncias de comportamento do consumidor (Conferncia..., 2004).

    Diversos fatores tm contribudo para o aumento do interesse da

    populao pela qualidade dos alimentos. Dentre eles esto o crescimento das

    populaes urbanas consumidoras de produtos industrializados, o crescimento

    das demandas por melhores produtos e servios e o aumento das informaes

    sobre a sade, o meio ambiente e o bem-estar (Conferncia..., 2007).

    A adulterao e a contaminao de alimentos constituem num srio

    problema de sade pblica, podendo causar diversas enfermidades e agravar os

  • 9

    problemas nutricionais. Isso faz com que o consumidor aja de modo mais ativo,

    passando a exigir alimentos com atributos gastronmicos e nutricionais

    considerados seguros. Por isso, as decises de compra de alimentos,

    tradicionalmente baseadas em aspectos como variedade, convenincia,

    estabilidade de preo e valor, passam cada vez mais a envolver aspectos

    adicionais, como qualidade, nutrio, segurana e sustentabilidade ambiental

    (Belik, 2003).

    A exigncia por produtos de melhor qualidade orientada por duas

    preferncias: a primeira, definida pelas qualidades extrnsecas do produto, isto ,

    aparncia, cor, tamanho e formato; a segunda, por qualidades intrnsecas, tais

    como ausncia de resduos qumicos, aditivos ou conservantes, valor nutricional

    e o aspecto de confiana no produto ou na empresa. O mercado mundial,

    consumidor de frutas in natura ou processadas, estabelece normas fitossanitrias

    rigorosas para a importao desses produtos, o que exige uma viso diferenciada

    na produo de frutas, priorizando a qualidade e o meio ambiente (Pinheiro &

    Carvalho, 2008).

    O sistema de produo adotado pelo produtor deve priorizar a utilizao

    de mtodos naturais, agronmicos, biolgicos e biotecnolgicos de controle de

    pragas e doenas, que minimizem o uso de produtos qumicos. Os tratamentos

    fitossanitrios devem ser feitos somente com produtos registrados no Ministrio

    da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, atendendo s recomendaes do

    rotulo e o prazo de carncia dos produtos, na qualidade mnima exigida, e

    somente se justificada a necessidade. Os equipamentos empregados para as

    aplicaes devem ser seguros e eficientes. Alm da manuteno e da calibrao

    dos pulverizadores, a aplicao dos produtos fitossanitrios deve ser feita no

    momento certo, com o operador devidamente treinado e utilizando todos os

    equipamentos de proteo individual. As embalagens vazias e os restos de

    produtos qumicos vencidos devem ser destinados a uma usina de reciclagem

  • 10

    credenciada pelos ministrios do Meio Ambiente, Sade e Agricultura, Pecuria

    e Abastecimento (Brasil, 2006).

    2.5.1 Aspectos microbiolgicos

    Durante a colheita dos produtos vegetais, a temperatura ambiente a

    mais favorvel para o desenvolvimento de microrganismos que deterioram os

    produtos (Vendruscolo & Vendruscolo, 2005).

    A produo de morango exige cuidados muito especiais, j que o

    morangueiro muito susceptvel s doenas e pragas, como caros, formigas e

    pulges. A flor-preta (Colletotrichum acutatum) uma das principais pragas e

    insetos, como a lagarta, podem trazer grande prejuzo. O nico modo de proteger

    a safra de morangos est no emprego de inseticidas e fungicidas (Fortes, 2005).

    O cultivo de morangueiro est sujeito a vrios fatores que causam a

    perecibilidade dos frutos e contribuem para a reduo da produtividade. Dentre

    eles, a ocorrncia de um nmero considervel de doenas, que se sobressai como

    um dos mais significativos e que exige rigoroso controle qumico desde a

    implantao at a comercializao dos frutos. Esse controle, alm de oneroso,

    representa difcil compatibilidade com as colheitas dirias e, consequentemente,

    risco sade dos consumidores (Brackmann et al., 2002).

    O morango considerado uma das frutas mais sensveis ao

    apodrecimento. Os responsveis por essa rpida deteriorao so os fungos dos

    gneros Botrytis, Colletotrichum, Penicillium, Phomopsis e Rhizopus (Fortes,

    2005).

    A podrido ps-colheita, causada por Botrytis cinrea e outros fungos,

    particularmente sria, devido s perdas que ocasionam aos frutos custos de

    armazenamento, embalagens, resfriamento e transporte, alm do mercado ser

    desvalorizado como resultado de um produto pouco satisfatrio. Os frutos

    podem ser afetados em qualquer estgio de desenvolvimento e tanto em

  • 11

    condies de campo como ps-colheita. Isso pode ser reduzido pelo controle da

    qualidade na colheita, imediato resfriamento e o armazenamento em baixas

    temperaturas, que um dos mtodos mais eficientes para prolongar a vida ps-

    colheita dos frutos (Brackmann et al., 2002).

    Os fatores ambientais que mais favorecem a incidncia das doenas

    so altas umidades e temperatura ao redor de 20C. Tais condies podem ser

    alcanadas durante o inverno, no estado de So Paulo, principalmente em

    relao umidade relativa, pois, embora seja uma estao seca, so feitas

    irrigaes quase que diariamente (Cantillano, 2005).

    As condies ambientais das regies mineiras onde se cultivam

    morangos favorecem a disseminao de doenas, tais como antracnose, mancha-

    de-micosferela, mancha-angular, a murcha-de-Verticillium e a podrido-do-colo

    e do rizoma, causadas por Phythophthora e Botrytis cinerea (mofo cinzento), o

    que torna necessrio o controle peridico, quase sempre realizado por meio de

    pulverizaes de defensivos agrcolas (Fortes, 2005).

    Um dos mtodos mais indicados para o controle dessa podrido de frutos

    a aplicao de fungicidas. Nesse sentido, a partir de 1969, no estado de So

    Paulo, fungicidas convencionais, como Captan, que vinham sendo utilizados no

    controle dessa e de outras doenas do morangueiro (mancha-de-micosferela,

    antracnose), foram gradualmente substitudos por benomyl, pertencente ao grupo

    dos benzimidazis. Apesar da alta eficincia deste produto, alguns anos aps a

    sua introduo, tm-se observado falhas no controle do mofo cinzento, o que

    atribudo seleo de linhagens de B. cinerea resistentes a esse fungicida

    (Mattos, 2005).

    A aplicao de fungicidas, a fim de viabilizar economicamente a cultura,

    eleva o risco de contaminao do fruto, devido prtica comum de se

    comercializar o morango imediatamente aps o uso do agrotxico. Soma-se a

    isso o fato de que, nem sempre, o agricultor segue as recomendaes dos

  • 12

    receiturios agronmicos, os quais contm informaes a respeito do emprego

    de produtos autorizados por lei e de sua aplicao adequada. Com base nesses

    fatos, existe, entre os consumidores, a crena de que os morangos

    comercializados esto contaminados com resduos de agrotxicos, havendo,

    inclusive, pessoas que deixam de consumi-los, com receio de intoxicao (Silva,

    2007).

    A durabilidade dos morangos colhidos muito influenciada pela

    temperatura de armazenamento. Sua vida til pode ser de um dia apenas, se

    armazenados a 20C; por dois a trs dias, a 12C; de trs a quatro dias, a 6C e de

    cinco a dez dias, a 0C e umidade de 90% a 95% (Domingues, 2000).

    Temperaturas baixas reduzem o metabolismo e a taxa da respirao de

    frutos e hortalias, alm de retardar outros processos fisiolgicos, bioqumicos e

    microbiolgicos, causadores da deteriorao. Entre as diversas variedades da

    mesma espcie de fruto ou hortalia, existem grandes diferenas de sabor, cor,

    tamanho, forma, odor, textura, armazenamento, resistncia a danos no

    transporte, nutrientes, resistncia a doenas e pragas, espessura da casca,

    tamanho e nmero de sementes, rendimento por rea, poca de maturao e

    outras propriedades, que iro afetar a adequabilidade do fruto ou hortalias, para

    este ou aquele determinado mtodo de conservao (Arruda, 2002; Bicalho et

    al., 2000; Bron, 2001).

    O fenmeno de perda de eficincia de defensivo agrcola tem causado

    considervel dificuldade ao homem moderno, em seus esforos para controlar

    organismos nocivos pelo uso de compostos txicos. Em morangos tratados com

    benomyl, foram isoladas formas resistentes Colletotrichum fragariae e C.

    acutatum, que suportaram at 1.000 mg L-1 do fungicida (Tanaka et al., 1997).

  • 13

    2.5.2 Sanitizantes

    A sanitizao uma etapa de relevncia no processamento de frutas e

    hortalias e o cloro, nas suas varias formas, o sanitizante mais usado em

    alimentos. Os compostos base de cloro so germicidas de amplo espectro de

    ao que reagem com as protenas da membrana de clulas microbianas,

    interferindo no transporte de nutrientes e promovendo a perda de componentes

    celulares. A efetividade germicida do cloro depende da sua concentrao na

    forma ativa, que o cido hipocloroso (HOCL), no dissociado, presente na

    soluo sanitizante (Antoniolli et al., 2005).

    A atividade antimicrobiana dos produtos clorados depende amplamente

    da quantidade de cloro livre disponvel, particularmente na forma de cido

    hipocloroso que, por sua vez, depende do pH da gua e da quantidade de matria

    orgnica, alm da temperatura da gua. Em solues aquosas, o equilbrio entre

    cido hipocloroso e o on hipoclorito (OCl-) depende do pH, aumentando o

    primeiro medida que o pH e a temperatura diminuem. Por esta razo, as

    solues de lavagem se ajustam comumente a um pH entre 6,5 e 7,5. Um pH

    superior a 7,5 somente permite que pequena quantidade de cloro permanea em

    sua forma ativa, o qual rapidamente convertido ao on hipoclorito, que requer

    um tempo mais longo para ter atividade antimicrobiana. Um pH inferior a 6,0

    induz a formao de gs nocivo (Cl2), que no serve como um desinfetante

    efetivo (Martinez-Tllez et al., 2005).

    O hipoclorito de sdio, comercializado sob a forma lquida em teores de

    1% a 10% de cloro residual total, o mais usado dentre os compostos clorados

    inorgnicos. Os compostos clorados, com exceo do dixido de cloro,

    apresentam uma forma semelhante de ao bactericida; quando quaisquer

    produtos clorados inorgnicos ou orgnicos esto em soluo aquosa, liberam o

    cido hipocloroso, em sua forma no dissociada, que apresenta ao germicida

    (Arruda, 2002; Pereira et al., 2003).

  • 14

    O dicloro isocianurato de sdio (NaDCC) um sal da substncia original

    1,3,5-triazina 2,4,6, (1H, 3H, 5H)-triona ou triazinetriol - simtrico ou 2,4,6-

    trihidroxi-1,3,5-triazina, ou cido tricinico ou, ainda, tri-hidroxicianidina,

    comercializado na forma de p ou de comprimido efervescente. Por atender a

    um processo de fabricao especfico para uso em alimentos, no libera metais

    pesados e tri-halometano (compostos carcinognicos), quando hidrolisado.

    Assim, a substituio dos compostos clorados inorgnicos, como o hipoclorito

    de sdio, pelo NaDCC, para uso em alimentos j est consolidada, desde a

    dcada de 1990, nos EUA e na Europa (Macedo, 2001).

    FIGURA 1 Hidrlise do dicloroisocianurato de sdio, favorecendo a forma

    no ionizada do cido hipocloroso.

    2.6 O uso do 1-MCP como inibidor de etileno

    O 1-metilciclopropeno (1-MCP) um regulador vegetal patenteado em

    1996 e liberado em 1999 como EthylBloc para uso em plantas e,

    recentemente, como smart fresh, para uso em produtos comestveis. um

    composto voltil que tem sido testado em diferentes produtos hortcolas ps-

    colheita, visando inibir a ao do etileno sobre o amadurecimento, aumentando a

    vida til desses produtos e a manuteno de uma boa qualidade dos mesmos

    (Chitarra & Chitarra, 2005).

    Ele age por meio de fixao irreversvel ao receptor de etileno na

    membrana celular, bloqueando o efeito do etileno procedente de fontes internas

  • 15

    e externas. O posterior amadurecimento do fruto deve-se formao de novos

    receptores de etileno (Blankenship & Dole, 2003).

    Como a aderncia do 1-MCP ao local receptor do etileno

    substancialmente mais eficiente do que a do prprio etileno, o 1-MCP eficaz,

    mesmo em concentraes extremamente baixas, na faixa de partes por bilho

    (Rohm..., 2002).

    A concentrao e o tempo de exposio dos frutos so fatores limitantes

    para uma boa resposta ao 1-MCP (Bassetto et al., 2005). A concentrao de 1-

    MCP necessria para bloquear a ao do etileno varia conforme a espcie, a

    cultivar, o estdio de maturao, a temperatura de exposio, a interao entre

    concentrao e tempo de exposio e e produo de novos receptores de etileno

    (Rupasinghe et al., 2000).

    A forma mais estvel do 1-MCP gasosa. Por isso, deve ser sempre

    aplicado em doses extremamente baixas, por apresentar difuso rpida pelos

    tecidos, o que implica em menos tempos de aplicao na ps-colheita. Tambm

    tem sido formulado como p, com 0,14% de concentrao, o que libera o

    ingrediente ativo quando misturado a uma soluo bsica ou gua (Sisler et al.,

    2001).

    2.7 Aparncia

    medida que o mercado consumidor se conscientiza sobre o efeito do

    que consome na manuteno da sade, torna-se mais exigente por produtos de

    qualidade, especialmente no consumo ao natural, em que a relao

    produto/consumidor muito estreita. Os frutos constituem parte essencial em

    uma dieta humana balanceada, pois so importantes fontes de minerais e

    vitaminas, nutrientes indispensveis para uma vida saudvel. O morango

    considerado um dos frutos mais importantes, devido a peculiaridades como

    sabor, colorao, aroma e bom valor nutricional, sendo muito utilizado como

  • 16

    sobremesa. Sua vida ps-colheita curta e, mesmo sob refrigerao, morangos

    so muito suscetveis a fungos que causam rpido apodrecimento. muito

    delicado e altamente perecvel, o que implica em preo elevado. Os problemas

    mais importantes so os relativos embalagem, transporte e conservao.

    Como os frutos de morango so consumidos na sua integridade, tanto ao

    natural como processado (polpa), devem-se utilizar, na sua conservao,

    produtos totalmente naturais e biodegradveis e que no alterem seu sabor, sua

    cor e seu aroma caractersticos (Damasceno et al., 2001; Chitarra & Chitarra,

    2005).

    O grande interesse pela cultura do morango deve-se excelncia de seus

    frutos que, alm de terem o gosto natural ou artificial preferido ao de outros

    frutos, apresenta boas caractersticas sensoriais, principal motivo de sua

    aceitao. rico em frutose e sacarose, levemente laxativo e diurtico, supre a

    carncia de minerais e vitaminas do complexo B e rico em vitamina C, que

    capaz de neutralizar a ao dos radicais livres, responsveis pelo envelhecimento

    das clulas (Lima, 1999).

    A aparncia de um fruto o primeiro atributo de qualidade avaliado pelo

    consumidor no momento da aquisio e sensibiliza a viso do consumidor. A

    cor, o tamanho, a forma, a turgescncia e a ausncia de defeitos externos so os

    critrios que o consumidor utiliza para decidir sobre a compra do produto.

    As cultivares diferem entre si pelo tamanho e pela forma e so regidos

    por exigncias de mercado. Nos processos de produo e comercializao

    agrcola, cada vez mais exigem-se caractersticas como perdas reduzidas,

    rapidez, confiabilidade, baixos custos e flexibilidade. A agricultura moderna, no

    Brasil, trouxe a criao dos grandes complexos agroindustriais e, como

    consequncia, ocorreram mudanas no padro de comercializao de produtos

    agrcolas, que assumiu novas caractersticas. Diminuiu o nmero de

    intermedirios e de etapas nas cadeias de comercializao, estreitaram-se os elos

  • 17

    com os agricultores, aumentou-se o nvel de exigncia sobre os produtos

    agrcolas e, em muitos casos, houve uma evoluo tcnica de comercializao

    (Antunes & Duarte Filho, 2005).

    O enfraquecimento das clulas provocado pela perda de gua ou de

    turgescncia, o que as torna mais suscetveis ao ataque de microrganismos,

    podendo resultar em maior produo de etileno e perda de clorofila, causando o

    amarelecimento inadequado de muitos produtos. Os frutos perdem gua na

    forma de vapor, o que causa o murchamento e o enrugamento do fruto, afetando

    diretamente a aparncia externa, o sabor e o aroma, ocasionando perdas

    econmicas (Chitarra & Chitarra, 2005).

    2.8 Acidez titulvel (AT) e pH

    Os mtodos comumente utilizados para medir a acidez de frutos so a

    percentagem de cido orgnico e a concentrao de on hidrognio ou pH. O pH

    (potencial hidrogeninico) representa o inverso da concentrao de ons

    hidrognio (H+) em um dado material. Sua determinao pode ser realizada com

    o auxlio de papel indicador ou de potencimetro (peagmetro). Para indicar o

    sabor cido ou azedo, a acidez titulvel o mtodo mais utilizado, enquanto para

    determinar a qualidade dos produtos processados, o pH o mtodo mais vivel

    (Oliveira et al., 2006; Vilas Boas, 1999).

    Os cidos orgnicos presentes nos tecidos vegetais podem se encontrar

    na forma livre ou esterificada (metila, propila, hexila, etc.) e os cidos fracos

    livres, na presena de seus sais de potssio, apresentam pequena variao no pH,

    em funo do equilbrio estabelecido no sistema. Na clula, esses cidos

    encontram-se associados com seus sais de potssio e constituem sistemas

    tampes, que tm importante papel, particularmente na regulao da atividade

    enzimtica (Chitarra & Chitarra, 2005).

  • 18

    A capacidade tampo de alguns sucos permite que ocorram grandes

    variaes na acidez titulvel, sem variaes apreciveis no pH. Contudo, numa

    faixa de concentrao de cidos entre 2,5% e 0,5%, o pH aumenta com a

    reduo da acidez, sendo utilizado como indicativo dessa variao (Oliveira et

    al., 2006).

    A acidez usualmente determinada por titulometria, ou por

    potenciometria. Os resultados podem ser expressos em mEq/100mL de suco ou

    em porcentagem do cido principal, assumindo como o nico presente. Como os

    cidos orgnicos encontram-se presentes em misturas complexas, a expresso

    dos resultados em mEq mais correta. No entanto, em trabalhos de rotina,

    utiliza-se a expresso dos resultados em porcentagem do cido predominante

    como representante da acidez total titulvel (ATT) (Chitarra, 2000).

    Durante o processo de maturao, o teor de cidos orgnicos tende a

    diminuir, devido oxidao dos cidos no ciclo dos cidos tricarboxlicos em

    decorrncia da respirao. A acidez decresce em funo do avano da

    maturao, podendo, assim, a variao da acidez ser um indicativo do estgio de

    maturao do fruto (Oliveira et al., 2005).

    Malgarim et al. (2006), estudando sistemas e condies de colheita e

    armazenamento na qualidade de morangos da cv. Camarosa, encontraram 0,92%

    de cido ctrico em 100 g de polpa no dia da colheita.

    Conti et al. (2002), avaliando a produo e a qualidade de frutos de

    diferentes cultivares de morangueiro em ensaios conduzidos em Atibaia e

    Piracicaba, encontraram valores de pH de 3,84 para a cv. Princesa Isabel e de

    3,77 para a cv. AGF 080, no dia da colheita.

    2.9 Slidos solveis e acares

    Os slidos solveis (SS) indicam a quantidade, em gramas, dos slidos

    que se encontram dissolvidos no suco ou na polpa das frutas e sua tendncia

  • 19

    aumentar com o avano da maturao. Podem ser medidos no produto ainda no

    campo ou na indstria, com auxlio do refratmetro. O teor de slidos solveis

    (SS) expresso em grau Brix (B) ou quantidade, em gramas, de slidos

    solveis existentes em 100 mL de soluo (suco). Portanto, se um suco tem uma

    concentrao de 20Brix, ele ter 20g de SS/100 mL. Tambm podem ser

    expressos como porcentagem em peso, ou quantidade de SS, em gramas,

    existente em 100 gramas de soluo (suco, polpa). A porcentagem em volume

    tem a mesma definio de Brix. Os mtodos de determinao baseiam-se na

    modificao do ndice de refrao da soluo (Oliveira et al., 2006).

    Como o prprio nome indica, os slidos solveis (SS) correspondem a

    todas as substncias que se encontram dissolvidas em um determinado solvente,

    o qual, no caso dos alimentos, a gua. So constitudos, principalmente, por

    acares, considerando que outros compostos, embora em reduzidas propores,

    tambm fazem parte, como, por exemplo, cidos orgnicos, vitaminas,

    aminocidos e algumas pectinas, fenlicos, sendo variveis com a espcie, a

    cultivar, o estdio de maturao e o clima, com valores mdios entre 8% e 14%

    (Chitarra & Chitarra, 2005).

    Os acares acumulados constituem as principais substncias qumicas

    dos frutos, do ponto de vista tecnolgico (produo de bebidas fermentadas,

    sucos, geleias, doces em massa, etc). As matrias-primas sero tanto melhores

    para a industrializao quanto maiores forem os seus teores de acares e,

    portanto, de slidos solveis (SS). As indstrias que processam frutas ou outros

    produtos vegetais aucarados (cana, beterraba) devem conhecer o teor de slidos

    solveis (SS) das matrias-primas, a fim de efetuar o controle industrial. O teor

    de SS proporciona a doura do fruto durante a maturao e um importante

    atributo na determinao do seu sabor (Kawamata, 1997).

    Vieites et al. (2006), estudando a conservao do morango da cv. Oso-

    Grande armazenado em atmosfera modificada, encontraram valor de slidos

  • 20

    solveis de 7,60Brix, para os frutos controle.

    Donazzolo et al. (2003) obtiveram valores mdios de slidos solveis de

    7,5Brix para os frutos controle, ao avaliaram a utilizao de filmes de

    polietileno de baixa densidade (PEBD) para prolongar a vida ps-colheita de

    morangos, cv. Oso-Grande.

    Os acares solveis presentes nos frutos, na forma livre ou combinada,

    so responsveis pela doura, por meio do balano com cidos, pela cor atrativa,

    como derivadas das antocianidinas e pela textura, quando combinadas

    adequadamente com polissacardeos estruturais. Os principais acares solveis

    presentes nos frutos so a glicose, a frutose e a sacarose (Chitarra & Chitarra,

    2005).

    Siqueira et al. (2009), estudando a qualidade ps-colheita de morangos

    submetidos atmosfera modificada ativa (2% O2 + 10% CO2 e 5% O2 + 5%

    CO2) e armazenados sob refrigerao (91C e 99% UR) por 10 dias,

    encontraram teores mdios de acares solveis totais de 4,90%, para morangos

    da cultivar Oso-Grande.

    2.10 Vitamina C

    As vitaminas so substncias orgnicas pertencentes a diferentes classes

    de compostos qumicos, essenciais dieta animal e humana em quantidades

    mnimas. Exerce funes de crescimento, habilidade para gerar descendentes

    saudveis, manuteno da sade, vigor e longevidade no corpo humano

    (Chitarra & Chitarra, 2005).

    A vitamina C tornou-se popular em virtude do seu papel como

    antioxidante, com potencial de oferecer proteo contra algumas doenas e

    contra os aspectos degenerativos do envelhecimento (Kluge et al., 2002), sendo

    utilizada para transformar os radicais livres de oxignio em formas inertes. O

    seu poder antioxidante deve-se ao grupo diol (-COH-COH-), o qual pode oxidar-

  • 21

    se e formar o cido dehidroascrbico (Silva & Mura, 2007) e a enzima envolvida

    nesse processo a cido ascrbico oxidase (Braverman, 1967).

    Tambm conhecida como cido ascrbico (forma reduzida), sendo o

    cido L-ascrbico a sua forma principal e biolgicamente ativa, a vitamina C

    uma das treze principais vitaminas que fazem parte de um grupo de substncias

    qumicas complexas necessrias para o funcionamento adequado do organismo.

    uma das vitaminas hidrossolveis, o que significa que seu organismo usa o

    que necessita e elimina o excesso. Ao oxidar, o cido ascrbico transforma-se

    em cido de-hidroascrbico, que tambm ativo. Essa oxidao se d pela ao

    da enzima cido ascrbico oxidase (Oliveira et al., 2006).

    O estilo de vida moderno contribui, em muito, para que o nosso

    organismo no tenha a quantidade ideal de vitaminas. No corre-corre do dia-a-

    dia, no nos alimentamos corretamente e o estresse provoca uma descarga de

    hormnios que atrapalham a ao das vitaminas. A necessidade diria de

    vitamina C varia conforme idade e as condies de sade. De acordo com a

    Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISA (2001) recomendao de

    ingesto de vitamina C, segundo a RDC n.268/2005, de 45 mg/dia (ANVISA,

    1998).

    A vitamina C encontrada em alimentos como frutas ctricas, tomates,

    morangos, pimento-doce, brcolis, etc. A melhor maneira de se obter a

    quantidade necessria por meio de uma alimentao saudvel e rica em

    vitamina C. Uma dieta rica em frutas e vegetais tambm pode ajudar a prevenir

    alguns tipos de cncer. A vitamina C auxilia as clulas do organismo, incluindo

    os ossos, os dentes, as gengivas, os ligamentos e os vasos sanguneos, a

    crescerem e permanecerem sadias. Tambm auxilia o organismo a responder a

    infeces e ao estresse, alm de auxiliar a utilizao eficiente de ferro. Se o

    organismo no recebe quantidades dirias suficientes de vitamina C, fica-se mais

    propenso a apresentar equimoses na pele, sangramento nas gengivas, m

  • 22

    cicatrizao das feridas, perda de dentes, dores nas articulaes e infeces

    (Andrade et al., 2002).

    O morango constitui fonte rica de vitamina C, oscilando entre 39 a 89

    mg/100g de fruta, sendo o valor mdio de 60 mg/100g de fruta. Os teores de

    cido ascrbico podem variar, dependendo do estdio de maturao, da cultivar,

    da poca, das condies de cultivo e da durao e das condies de

    armazenamento (Domingues, 2000).

    Barata-Soares et al. (2004), estudando a biossntese de cido ascrbico

    com precursores em plantas, encontraram teores de 63,3 mg 100 g-1 nos frutos

    verdes e 60,4 mg 100 g-1 em frutos maduros, tendo constatado que no h

    predomnio de sntese de vitamina C durante o amadurecimento desse fruto.

    2.11 Antocianinas

    As antocianinas so metablitos pertencentes classe dos flavonoides

    (Walton et al., 2006). So largamente encontradas na natureza e responsveis

    pela maioria das coloraes azuis, violeta e vermelho das flores e frutos. Sua

    principal utilizao na indstria, como corante natural (Malacrida & Motta,

    2005). O principal emprego biolgico atribudo s antocianinas a atividade

    antioxidante (Meyers et al., 2003). Essa atividade se deve sua estrutura

    qumica formada por trs anis, que possuem ligaes duplas conjugadas e

    tambm hidroxilas distribudas ao longo da estrutura que possibilitam o

    sequestro de radicais livres, causadores de danos celulares e doenas

    degenerativas (Silva et al., 2007). Diversos ensaios esto sendo desenvolvidos

    para a avaliao desta atividade em diferentes vegetais, principalmente frutos e

    flores (Aaby et al., 2005). Segundo Bagchi et al. (2004), alm da atividade

    antioxidante, as antocianinas apresentam considervel atividade

    anticarcinognica e antiangiognica.

  • 23

    Moraes et al. (2008), determinando as caractersticas fsicas e qumicas

    de morango processado minimamente e conservado sob refrigerao e atmosfera

    controlada, verificaram que os teores de antocianinas aumentaram durante o

    perodo de armazenamento, variando de 21,83 a 24,68 mg g-1.

    2.12 Transformaes qumicas durante o amadurecimento

    O amadurecimento um conjunto de mudanas fsicas, qumicas e

    fisiolgicas caractersticas das cultivares, espcies e, at mesmo, entre frutos de

    uma mesma cultivar, dependendo das condies de produo ou de

    armazenamento (Chitarra & Chitarra, 2005).

    As alteraes na composio continuam aps a colheita dos frutos, sendo

    algumas desejveis e outras indesejveis. Os atributos sensoriais, como cor,

    textura, aroma e balano acar/acidez, so fatores determinantes na qualidade

    total da fruta. A degradao da clorofila e a sntese de outros pigmentos, como

    carotenoides e antocianinas, so alteraes importantes e desejveis,

    considerando que melhoram a qualidade interna e externa do fruto (Kluge et al.,

    2002).

    As modificaes nos carboidratos incluem a converso de amido em

    acares simples, o que considerado desejvel para os frutos, pois aumenta o

    seu grau de doura. A solubilizao das pectinas e de outros polissacardeos

    resulta em amolecimento do fruto e no consequente aumento na susceptibilidade

    s injrias mecnicas e aos patgenos causadores de podrido. Alteraes nos

    cidos orgnicos, protenas, aminocidos e lipdios podem influenciar o sabor e

    o aroma dos frutos. A perda de vitaminas, principalmente cido ascrbico

    (vitamina C), prejudicial qualidade nutricional, enquanto a produo de

    compostos volteis associados com o amadurecimento dos frutos importante

    para a sua qualidade sensorial (Oliveira et al., 2006).

    O sabor do morango um dos mais importantes aspectos de qualidade

  • 24

    exigidos pelo consumidor, sendo condicionado, em parte, pelo balano

    acar/acidez do fruto, decorrente de processos de biossnteses ou de degradao

    dos polissacardeos existentes nos frutos, apesar do consumo de uma parte

    destes constituintes pela oxidao respiratria. O contedo e a composio de

    acares tm papel fundamental no sabor, sendo tambm indicadores do estgio

    de maturao dos mesmos. Uma das transformaes qumicas mais importantes

    durante o amadurecimento dos frutos est relacionada parede celular (Silva,

    2007).

    2.13 Modificaes na parede celular durante o amadurecimento

    Durante o amadurecimento, num processo atribudo ao de enzimas

    pectolticas, a frao solvel das substncias pcticas aumenta na maioria dos

    frutos. Assim, o amaciamento , primariamente, devido a mudanas no

    metabolismo dos carboidratos de parede celular e uma considervel perda de

    firmeza ocorre em minutos nesta fase, resultando em reduo lquida de alguns

    componentes estruturais. A perda de polmeros de cido urnico a mudana

    mais aparente e extensivamente estudada na composio da parede celular de

    frutos, sendo acompanhada por um aumento de poliurondeos solveis.

    Entretanto, uma perda lquida de resduos de acares neutros no celulsicos

    ocorre durante o amadurecimento de peras, mas, morango e tomate, alm da

    solubilizao de pectinas (Gross & Sams, 1984; Kluge et al., 2002).

    A solubilizao de pectinas no o nico fator que afeta a firmeza ou

    que diferencia frutos firmes de macios. Alm disso, a associao entre pectinas e

    outros polmeros pode afetar sua sensibilidade solubilizao. Portanto, o

    estudo da solubilidade de pectinas no deve ser dissociado dos outros

    constituintes da parede celular e suas possveis interaes (Oliveira et al., 2006).

    O aumento no volume celular agrava a complexa relao entre

    composio de carboidratos, estrutura celular e propriedades fsicas do morango,

  • 25

    o qual continua durante o amadurecimento do fruto. A sntese lquida de

    poliurondeos pode mascarar algumas mudanas ocorridas nos polmeros pr-

    existentes da parede celular nesta fase (Huber et al., 2001).

    Os estudos sobre a composio de parede celular de morango tm se

    concentrado nas substncias pcticas. A proporo de poliurondeos solveis,

    que de 30% nos frutos verdes, passa para 65% nos maduros, havendo,

    entretanto, pequena alterao no tamanho molecular desses polmeros durante o

    desenvolvimento dos frutos (Huber et al., 2001).

    A mudana no plastdeo, o aumento de hidratao, a desorganizao da

    parede celular e a solubilizao da lamela mdia e da matriz da parede ocorrem

    durante o amadurecimento do morango. Os fatores determinantes da qualidade e

    da vida til ps-colheita so a rapidez e a extenso com que os frutos amaciam e

    perdem sua firmeza durante o amadurecimento (Manning, 1993).

    Um aumento ocorre na proporo de acares neutros associados com

    poliurondeos solveis, destacando-se a ramnose e, em menor extenso,

    arabinose e galactose, durante o amadurecimento do morango. Alteraes nas

    ligaes entre carboidratos e parede celular podem ocorrer durante o

    amadurecimento do fruto, indicando o aumento desses acares, os quais podem

    estar ligados cadeia poligalacturnica via ramificaes de ramnosil (Gross &

    Sams, 1984; Huber et al., 2001).

    Os polissacardeos hemicelulsicos podem estar sendo degradados ou

    liberados das ligaes interpolimricas devido a um aumento nos resduos de

    xylose, manose e glicose na frao solvel de parede celular dos morangos

    (Silva, 2007).

    A perda lquida desses resduos pode ocorrer devido mudana na taxa

    de turnover, principalmente de galactose e ou arabinose do polmero. No

    morango, a perda desses acares atinge 30% (Kluge et al., 2002).

    Uma pequena alterao na composio de acar na frao

  • 26

    hemicelulsica, mas uma significativa reduo em seu tamanho molecular com o

    amadurecimento, foi observada por Huber et al. (2001).

    As pectinas so importantes no s como fatores primrios no processo

    de amolecimento, mas tambm devido possvel contribuio no metabolismo

    da clula (Th et al., 2001).

    As substncias pcticas encontram-se, principalmente, depositadas na

    parede celular, atuando como material cimentante, sendo responsveis pelas

    mudanas de textura dos frutos. So derivadas do cido poligalacturnico e

    ocorrem na forma de protopectina, cidos pectincos, cidos pcticos e pectinas

    (Chitarra & Chitarra, 2005).

    Na prtica, se emprega o termo pectina tanto para os cidos pectincos

    como para as pectinas propriamente ditas. As pectinas em frutos encontram-se

    sob diferentes formas, caracterizadas por diferentes solubilidades (Kluge et al.,

    2002).

    No decorrer do amadurecimento, h transformao da protopectina em

    pectina e esta, por ao enzimtica, sofre desmetilao e simplificao das

    cadeias, causando a solubilizao at a degradao total, quando a fruta est

    muito madura. A protopectina predomina nas frutas verdes e, juntamente com o

    amido (em muitos casos), d firmeza s frutas. Com a hidrlise de ambos, h o

    amolecimento (Silva et al., 2009).

    Uma tendncia natural a solubilizao de substncias pcticas durante

    o amadurecimento dos frutos. A frao solvel das substncias pcticas aumenta

    durante o amadurecimento de morangos, num processo atribudo ao de

    enzimas pectolticas (Oliveira et al., 2005).

    Haminiuk et al. (2009), estudando o comportamento reolgico de

    sistemas pcticos de polpas de frutas vermelhas, relataram que a pectina extrada

    da polpa de morango apresentou a maior quantidade de cido galacturnico

    (56,5 g mL-1) em comparao com as outras pectinas extradas (27,87g mL-1

  • 27

    para amora preta e 43,77g mL-1 para framboesa). Esse comportamento se

    repete em relao aos dados obtidos para o peso molecular mdio (101,434g

    mol-1 para morango, 62,865g mol-1 para amora preta e 78,332g mol-1 para

    framboesa), viscosidade intrnseca (351,49mL g-1 para morango, 262,15mL g-1

    para amora preta e 299,99mL g-1 para framboesa) e grau de esterificao

    (67,28% para morango, 56,61% para amora preta e 61,82% para framboesa),

    apresentando a pectina de morango os maiores valores (56,5 g mL-1). A trs

    pectinas extradas podem ser consideradas como pectinas com alto grau de

    metoxilao, por apresentarem mais de 50% das carbonilas esterificadas com

    grupos metil (-COOCH3).

    Um grande nmero de enzimas tem participao na degradao

    biolgica das substncias pcticas, embora algumas no sejam bem estudadas.

    Dentre elas, as mais importantes, e objeto de maiores estudos, so as

    pectinametilesterases (PME) e as poligalacturonases (PG) (Huber et al., 2001).

    2.14 Enzimas hidrolticas

    Durante o amadurecimento, ocorrem a solubilizao e a

    despolimerizao de poliurondeos, que so atribudas a duas enzimas: a

    poligalacturonase (EC 3.2.1.15), que catalisa a hidrlise de ligaes -1,4 entre

    dois resduos adjacentes de cido galacturnico e a pectinametilesterase (EC

    3.1.1.11), que promove a desmetilao na posio C6 de resduos de cido

    metilgalacturnico (Resende et al., 2004).

    Na degradao das pectinas parcialmente desmetiladas, a PG mais

    ativa. A PME tem papel fundamental na determinao da extenso na qual a

    pectina acessvel degradao pela PG (Fisher & Bennett, 1991).

    A presena da endopoligalacturonase (endo-PG) tem sido correlacionada

    com o aumento na pectina solvel e o amaciamento de vrios frutos durante o

    amadurecimento. Aps o aumento da produo de etileno no amadurecimento,

  • 28

    ocorre a sntese de endo-PG. A exopoligalacturonase (exo-PG) participa da

    completa hidrlise da frao pctica solubilizada pela endo-PG (Hobson &

    Grierson, 1993).

    A presena de PG em morangos incerta, no tendo sido relatada em

    alguns trabalhos (Barnes & Patchett, 1976; Huber, 1984), mas sim em outros (El

    Zoghbi, 1994; Nogata et al., 1993).

    Os blocos de grupos carboxlicos livres e de distribuio aleatrias so

    aumentados pela PME, que catalisa a desesterificao da pectina ao longo da

    cadeia. A PME baseia-se no coeficiente de atividade do clcio, que uma

    funo complexa da densidade linear de cargas, isto , da distncia mdia entre

    dois grupos carboxlicos livres vizinhos (Chitarra & Chitarra, 2005).

    Altos nveis de atividade da PME, durante o amadurecimento dos frutos,

    inibem completamente a hidrlise, indicando que a PG deve agir sobre um

    substrato com uma extenso limitada de desesterificao (Silva et al., 2009).

    Tem-se evidenciado que as modificaes de textura no ocorrem

    somente pela hidrlise de pectinas pela PG, uma vez que esta, sozinha, no pode

    explicar a perda de acares neutros que se observa in vivo, mas, sim, por outros

    mecanismos, aos quais se podem atribuir papis importantes durante o

    amadurecimento de frutos (Gross, 1990).

    Alguns frutos amaciam-se em ausncia de atividade de PG; mesmo

    tendo atividade de PG inibida, h solubilizao de poliurondeos (Silva, 2007).

    Durante o amadurecimento de morangos, h alta proporo de

    poliurondeos solveis, o que pode ser devido quebra de ligaes da parede

    resultante da hidrlise enzimtica de poliurondeos causadas pela PG (Silva,

    2007).

    Camargo et al. (2000), estudando efeito do clcio sobre o

    amadurecimento de morangos (Fragaria ananassa Duch.) cv. Campineiro,

    relataram que, nos frutos tratados com 2% e 4% de CaCl2, aqueles no estdio

  • 29

    meio maduro apresentaram maior atividade de PME, seguido pelos frutos

    verdes. A atividade da PME foi menor nos frutos maduros. A atividade da

    poligalacturonase aumentou nos frutos-controle durante o amadurecimento,

    observando comportamento inverso nos frutos tratados com 2 e 4% de CaCl2.

    Em geral, os frutos tratados com 2% apresentaram maior atividade de PG nos

    estdios verde e meio maduro. J nos frutos maduros, esse tratamento reduziu a

    atividade da PG.

    Outros mecanismos de solubilizao da parede devem ser estudados, j

    que atividade de PG no parece ser o nico determinante do amaciamento de

    frutos. Pontes de clcio, grau de esterificao e presena de cadeias laterais de

    acares neutros, caractersticas estruturais e teor dos substratos pcticos, podem

    regular a ao da PG (Camargo et al., 2000; Gross, 1990).

  • 30

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