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Manual Tiro Pistola

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  • Manual de tiro com pistola

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  • Manual de tiro com pistola

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    Prefcio

    O presente manual destina-se fundamentalmente aos Clubes, para apoio aos

    seus atiradores, constituindo tambm um documento de apoio para a

    formao de treinadores.

    O texto de base da autoria do atirador olmpico e treinador alemo Hans

    StandI. Dada a evoluo da modalidade, posteriormente sua publicao,

    houve que proceder a nova traduo, atualizar alguns conceitos e integrar

    certos aspetos que no foram considerados pelo autor.

    O manual trata em separado todos os elementos que interessa considerar na

    formao e treino dos atiradores, desde o treino fsico ao treino psicolgico,

    passando pela tcnica de base e especfica das vrias disciplinas praticadas

    sob a gide da ISSF, apresentados de uma forma simples e compreensvel - o

    que no quer dizer que a ao do treinador possa ser dispensada. Espero que

    seja til aos nossos atiradores, como o foi para mim enquanto atirador de alta

    competio.

    Bons tiros!

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    Introduo

    Contrariamente opinio do "cl anti-tiro", um atirador tem muito mais a ver

    com um atleta do que pode parecer primeira vista. Basta pensar na fora,

    endurance, esprito de competio e, acima de tudo, no treino tcnico que a

    modalidade envolve.

    Por outro lado, o atirador e o atleta diferem na distribuio dos elementos que

    tm em comum. Um atirador de velocidade, por exemplo, necessita de uma

    enorme fora mental para ter sucesso na sua disciplina, enquanto um corredor

    s conhecer o xito se a sua fora for predominantemente fsica.

    um facto que os desportistas cujas modalidades dependem principalmente

    de aspetos de natureza fsica conseguem quase sempre melhores resultados

    em competio. Eles conseguem dar o seu melhor, quer fisicamente quer em

    determinao, porque, uma vez iniciada a corrida, a prpria ao faz com que

    deixem de sentir nervosismo. Por outro lado, podem ver os seus oponentes e

    avaliar o esforo necessrio para os vencer.

    O atirador, pelo contrrio, est isolado e, usuaimente, nada sabe da sua

    posio relativa. E no s tem de se concentrar para o equivalente a 60

    partidas para os 100 metros, como tem de suprimir 60 vezes o nervosismo

    que antecede a competio. Alm disso, diferentemente do corredor, ao

    atirador no permitido repetir uma falsa partida... e esta pode custar-lhe a

    vitria.

    Parece assim claro que apenas os atiradores que tm a capacidade de reduzir

    ao mnimo a diferena de prestao entre os treinos e as competies podem

    aspirar ao sucesso e a ganhar ttulos e medalhas. Para um atirador ter esta

    capacidade, a sua tcnica, ttica e nervos devem ser compatveis com a tarefa:

    tem de ser fsica e mentalmente forte e ter um domnio absoluto sobre si

    prprio e sobre a sua capacidade de execuo.

    Outro aspeto importante sobre o tiro de competio reside na necessidade de

    uma constncia de resultados elevados como condio para o sucesso:

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    um "10" ocasional no far de si um campeo. E preciso manter um padro

    elevado em todos os tiros de competio.

    Um atirador que aceite isto deve concentrar a sua ateno exclusivamente

    numa execuo tcnica perfeita da pontaria e do disparo, sem pretender

    atingir o "10" a todo o custo. S evitando os tiros mal executados se consegue

    o primeiro passo para um alto padro de desempenho e, subsequentemente,

    bons resultados a longo prazo.

    Estes aspetos tcnicos e psicolgicos, deliberadamente mencionados um

    pouco prematuramente, devem servir para acentuar, mesmo nesta altura, a

    atitude positiva e a determinao necessrias a um atirador que pretende

    treinar seriamente.

    Os atiradores com ambies devem capacitar-se de que s chegaro ao topo

    se:

    tiverem desenvolvido a sua tcnica

    no derem demasiada ateno a recuos ocasionais, mas tirarem deles

    ilaes para o futuro

    mantiverem uma atitude correta em relao ao tiro e ao desporto em geral

    forem equilibrados na sua vida quotidiana

    possurem autoconfiana, acreditando nos seus grficos de resultados.

    Concluindo esta introduo, gostaria de referir o longo caminho entre um

    principiante e um campeo: trata-se de um longo e difcil percurso, maior do

    que a maioria das pessoas imagina - mas no tanto como o pensam os

    atiradores, se o seu treino for bem planeado e objetivo. A determinao, aliada

    a um trabalho rduo, pode mesmo compensar um menor talento, e deve ser

    sempre considerada na sua atividade. Espero que o que se segue, fruto de

    uma experincia adquirida e testada em competies internacionais, tenha

    algum valor para si.

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    treino fsico TREINO FSICO

    Um treino fsico adequado absolutamente essencial. Se no for fisicamente

    ativo, no pode esperar que a sua pistola se mantenha estvel ao longo da

    competio. Neste livro so apenas apresentadas algumas sugestes bsicas.

    Os atiradores de competio devem pedir ao seu treinador um programa de

    preparao fsica individual.

    TREINO MUSCULAR

    A capacidade de manter a pistola imvel adquirida atravs de:

    treino fsico geral (TFG)

    treino fsico especfico

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    as mos com os braos estendidos em frente do corpo e apertar uma bola de borracha) contribuem igualmente para o treino especfico, tal como as extenses de braos nas pontas dos dedos e a rotao das mos em torno dos pulsos.

    TESTES DE APTIDO FSICA

    Os testes de aptido fsica, executados regularmente, do-lhe uma

    informao valiosa sobre o progresso da fora muscular e da endurance. Uma

    bateria de testes incluindo flexes e extenses de braos, abdominais,

    dorsais e o teste de Cooper serve perfeitamente como avaliao. Os

    treinadores devem aplicar os testes de acordo com o progresso do tremo

    fsico, que deve ser conduzido ao longo da poca. O TFG deve estar concludo

    em Maro, sendo posteriormente apenas de manuteno, enquanto o TFE se

    deve manter ao longo de toda a poca de competio (Ver Plano Anual de

    Treino).

    TREINO DOS ORGOS

    O treino cardiovascular e respiratrio deve ter um lugar importante na

    preparao fsica, pois estes rgos perdem a capacidade to rapidamente

    como os msculos se no forem usados, ou subutilizados. O efeito do treino

    sobre os rgos torna-se evidente se compararmos o corao de um atleta

    com o de um no-atleta. Um corao frequentemente sujeito ao esforo

    bastante maior e consequentemente capaz de melhores "performances",

    bombeando uma quantidade maior de sangue oxigenado com um menor

    ritmo cardaco, ao contrrio de um corao no treinado, em que se verifica

    um aumento rpido da pulsao para a mesma tarefa. Da mesma forma, os

    pulmes de um jogador de polo aqutico tm uma capacidade vital muito

    maior do que os de um jogador de golfe, porque ao primeiro so solicitados

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    esforos de desempenho muito maiores. Assim, o corao e os pulmes

    devem ser treinados simultaneamente. Para alm do que se disse

    anteriormente, todos os programas do tipo "keep fit" servem para este fim. A

    regularidade do treino conduz a melhores resultados.

    TREINO INTERVALADO

    um tipo de treino particularmente indicado para o desenvolvimento

    simultneo da fora, da velocidade e da resistncia, caracterizado pela

    alternncia do esforo intenso com o esforo ligeiro, sem descansar

    totalmente.

    Um "sprint" de 200 metros {180 ppm) seguido do regresso a "trote" (100/120

    ppm) ao local da partida, com 5 repeties, um bom exemplo do que o

    treino intervalado. Se forem observados estes ritmos cardacos, quaisquer

    outras modalidades, como a natao ou o ciclismo (mesmo estacionrio)

    servem perfeitamente a finalidade.

    Como resultado, aumentar a capacidade de recuperao e uma melhor

    oxigenao dos msculos, extremamente favorvel ao desempenho em

    competio.

    EXERCCIOS RESPIRATRIOS

    Para concluir esta passagem pelo treino fsico, eis alguns exerccios

    respiratrios publicados pela Associao Britnica de Medicina e Desportos,

    que apareceram numa revista de tiro:

    inspire o mais profundamente possvel e deite o ar fora gradualmente

    depois de expirar, mantenha a respirao suspensa

    coloque as mos nas axilas opostas e inspire o mais profundamente

    possvel

    inspire e expire o mais profundamente possvel, sem fazer o menor rudo.

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    O ltimo exerccio particularmente difcil. Faa um intervalo se sentir

    tonturas. Se a tontura persistir, no faa o exerccio.

    Os exerccios descritos so mais eficientes se forem feitos de manh, diante

    de uma janela aberta. Aumentam bastante a capacidade dos pulmes e, em

    conjunto com outros exerccios como o treino intervalado, permitem um ciclo

    respiratrio com maiores intervalos entre cada inspirao, sem efeitos

    nocivos como deixar descair o ponto de mira durante uma mirada

    prolongada. Para alm disso, melhoram a sade dos pulmes.

    Em conjunto com os exerccios musculares especficos, o treino dos rgos

    ajuda a aumentar a apneia at ao nvel desejado, particularmente importante

    no tiro de preciso.

    Tal como a posio e o ritmo de tiro, tambm a respirao tem de ser

    aprendida, pois tem uma importncia decisiva no tiro

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    treino tcnico

    Por treino tcnico entende-se a tcnica de base do tiro com pistola, ou seja, o

    tiro de preciso sem limite de tempo. Os atiradores de pistola livre e de ar

    comprimido utilizam exclusivamente esta tcnica, enquanto os atiradores de

    grosso calibre ou standard a usam parcialmente. contudo essencial nas

    sries rpidas de standard ou de velocidade olmpica. As variantes da tcnica

    de base utilizada nas vrias disciplinas sero descritas no final da seco

    destinada tcnica, que dividimos em:

    Posio

    Respirao

    Pontaria

    Disparo

    Seguimento (follow-through)

    Enquanto na "posio interior" (ver adiante) todos os grupos musculares

    devem estar descontrados, na "posio exterior" - o que inclui a posio do

    tronco, dos ps, dos braos, da pistola e da cabea - importante encontrar a

    posio mais racional e mais estvel para a sua constituio fsica. Pretende-

    se com isto dizer que cada atirador deve procurar a sua posio ideal, e no

    deve, em caso algum, copiar a de outro atirador, mesmo que seja um campeo.

    A descrio seguinte deve ser entendida apenas como uma orientao que, como outros aspetos do tiro, deve ser posta em prtica individualmente.

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    A POSIO DE TIRO

    A posio dos ps deve ser escolhida de forma a que o atirador fique numa

    posio confortvel. O espao entre os ps deve, por regra, corresponder

    largura dos ombros. O peso do corpo deve estar distribudo uniformemente. A

    posio do tronco deve ser direita ou, para compensar o peso da pistola,

    ligeiramente inclinada para trs (avanando a bacia, mas no quebrando pela

    cintura). O cotovelo deve ficar bloqueado, para que o pulso possa empunhar

    com firmeza. Tambm o ombro deve ficar bloqueado, de tal forma que

    qualquer movimento do brao s possa ter origem nas ancas, nos joelhos ou

    nos tornozelos, mas nunca no ombro. Desta forma o brao s se movimentar

    alterando a posio das pernas, para se centrar com o alvo (ou rodando o

    tronco, o que apenas ocorre em "velocidade olmpica" para passar de alvo para

    alvo). Abra ou feche a posio, mas no procure encontrar o ponto de mira

    custa de movimentos do ombro.

    Todas as tentativas de fazer correes a partir da articulao do ombro tero

    um efeito negativo, pois em condies extremas de competio as articulaes

    tendem sempre a voltar posio inicial. Para encontrar mais facilmente a sua

    posio natural, pode ensai-la com os olhos fechados.

    As alteraes da posio do pulso tambm tm efeitos negativos: os

    ajustamentos horizontais ou verticais contrariam os nervos e os msculos e

    impedem a estabilizao, que essencial para manter a pistola parada. Rode

    ou incline a cabea, mas no o pulso.

    Quanto ao empunhamento, a pistola colocada pela frente entre o polegar e o

    indicador e empurrada firmemente para trs contra a "ma" do polegar pelos

    outros dedos, de forma a ter um contacto efetivo com o punho em toda a sua

    extenso. No deve haver contraes anti-naturais.

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    O dedo indicador deve ter os movimentos livres, ou seja, no deve tocar no

    punho exceto com a "ma" do indicador, ficando a ltima falange apoiada no

    gatilho. O polegar deve ficar ligeiramente encostado ou assente no apoio do

    polegar, mas sem fazer presso. Se o punho for demasiado liso, pode lix-lo

    para diminuir o escorregamento. A cabea deve ficar nivelada com a linha de

    mira. So aceitveis movimentos ligeiros para encontrar as miras centradas,

    mas sem forar os msculos do pescoo ou de alguma forma que dificulte a

    respirao. A cara deve ficar, tanto quanto possvel, voltada para o alvo. Se o

    olho fizer grandes esforos para se manter nas miras, a posio deve ser

    alterada e, em casos extremos, o prprio punho.

    Todas estas aes devem ser praticadas repetidamente at que tenha

    desenvolvido uma posio confortvel, sem esforo sobre os msculos e as

    articulaes.

    A POSIO EM RELAO AO ALVO

    No sentido de definir a posio em relao ao alvo, faa o seguinte; Coloque-

    se a 45 (posio intermdia) em relao ao alvo. Empunhe a pistola em baixo

    (sem a preocupao do alvo) de forma a que o cano fique no prolongamento

    do brao. Na maior parte dos casos, o punho tem uma inclinao de fbrica da

    ordem dos 30 pelo que, quando levantar a pistola, o seu pulso vai ficar

    ligeiramente inclinado para baixo. Levante agora a pistola para o alvo e veja o

    que acontece. Se a mira anterior (ponto de mira) ficar descada, levante

    ligeiramente a cabea, mas no o pulso. Verifique se consegue enquadrar a

    mira anterior na mira posterior sem demasiado esforo. Se assim for, tem esta

    parte do problema resolvida. Se o esforo for demasiado, o punho ter de ser

    modificado, para uma menor inclinao.

    Se a mira ficar encostada direita, rode ligeiramente a cabea para a esquerda

    (ou vice-versa), mas no o pulso. Se esta correo no for

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    demasiado incmoda, tem tambm este problema resolvido. Se esta correo

    for demasiado penosa, em termos de esforo muscular, ter de alterar a

    posio: sem rodar o pulso, experimente fechar mais a posio (fechar

    corresponde a reduzir o ngulo do tronco com o brao). Por norma, os

    atiradores com o pescoo mais longo conseguem atirar mais de lado (posio

    mais aberta), o que se torna incmodo para os atiradores com o pescoo curto

    ou muito musculoso.

    Se atirar de lado, o seu brao fica "mais longo" e a pistola "mais pesada"

    devido ao alongamento da alavanca. Tambm a mira anterior fica "mais

    estreita".

    Procure uma posio que no seja exageradamente aberta ou fechada, mas

    tenha em ateno que estudos cientficos, parte dos quais decorreram no

    CAAD com o apoio dos nossos atiradores, demonstraram que a posio que

    confere mais equilbrio a posio aberta (de lado para o alvo), com a

    vantagem adicional de reduzir a interferncia dos dorsais, que ficam em

    estiramento nas posies mais fechadas. A ttulo de curiosidade, indica-se

    que os atletas em que foi notada maior noo de equilbrio foram os

    remadores, seguidos dos atiradores. E tome nota: os msculos radiais (do

    antebrao, do lado do polegar) tendem a equilibrar-se com os cubitais quando

    a mo fechada (ou o punho apertado). Uma inclinao exagerada do punho

    pode dar origem a erros verticais, particularmente sob o stress de prova, em

    que poder haver variaes da presso que provocam a contraco dos

    radiais, fazendo subir o pulso.

    POSIO INTERIOR

    O desenvolvimento de uma posio interior correta tem como finalidade

    reduzir qualquer esforo desnecessrio manuteno da posio exterior.

    Quanto menor for a tenso dos grupos musculares e mais descontrada a

    posio do corpo, mais firmemente a pistola ser mantida na posio de tiro.

    Este processo bastante lento, podendo at prolongar-se por

  • Manual de tiro com pistola

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    alguns anos, se o atirador no fizer muito tiro em seco e apenas quiser obter

    bons resultados em prova, apesar de ainda no ter dominado todos os

    elementos. Os mais importantes, apontar e disparar, sero tratados adiante,

    no captulo dedicado coordenao entre os elementos estticos e dinmicos.

    Posio aberta Posio intermdia Posio fechada

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    A RESPIRAAO NO TIRODE PRECISO

    Para o tiro de preciso, deve adquirir a seguinte tcnica de respirao: antes

    de levantar o brao, inspire e expire repetidamente, mas no to

    profundamente que eleve a pulsao. Ao mesmo tempo que inspira pela

    ltima vez, levante o brao e, enquanto expira, aponte o mais rapidamente

    possvel (isto , leve o brao para a posio de pontaria de uma forma mais

    rpida). Levantar o brao exageradamente para alm da altura do alvo, com se

    v fazer vulgarmente, no se traduz em qualquer resultado prtico nem

    exequvel nas disciplinas ou sub-provas de velocidade. Como os movimentos

    da caixa torcica, do estmago e dos ombros, devidos respirao durante o

    processo de pontaria e de disparo, fariam mover consideravelmente a pistola,

    a respirao deve ser suspensa completamente durante esse perodo. No

    sentido de no provocar um esforo sobre o aparelho cardiovascular, os

    pulmes devem conter uma quantidade mnima de ar. Muitos atiradores

    preferem o esvaziamento gradual e descontrado dos pulmes.

    Se no tiver disparado no perodo de 10 segundos, deve interromper o

    processo e recomear depois de uma breve pausa, porque aps algum tempo

    a apontar ocorrem os primeiros sinais de incerteza. Estes sinais indicam

    claramente que o tempo durante o qua! o tiro devia ter partido se esgotou.

    Lembre-se: nada de tiros em pnico! Tais tiros iro retirar pontos preciosos ao

    resultado final, e ser particularmente aborrecido se lhe custarem uma vitria.

    Os "ses" e os "mas" no ganham medalhas! Se tiver de respirar

    conscientemente, a concentrao, to necessria para outros elementos, ficar

    consideravelmente diminuda. Por isso, a respirao, tal como outros

    elementos do treino tcnico, deve ser praticada at se tornar automtica.

    Deve, em suma, ser correta e inconsciente. Tcnicas especiais para variantes

    da tcnica de base do tiro de pistola

  • Manual de tiro com pistola

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    (duelo, Standard, VO) sero explicadas em detalhe na descrio destas

    disciplinas.

    APONTAR E DISPARAR

    H uma boa razo para considerar estes dois aspetos em conjunto: qualquer

    atirador que tente esperar que as miras estabilizem antes de comear a

    apertar o gatilho, descobrir que ou a falta de oxignio ou a falta de fora,

    provocada por manter a pistola na zona de pontaria demasiado tempo, no

    permitir a paragem das miras.

    IMAGEM CORRECTA DAS MIRAS

    Contrariamente ao que pensam muitos principiantes, o olho no deve focar o

    alvo mas sim o aparelho de pontaria, em especial a mira anterior (ponto de

    mira). Apontando corretamente, os mnimos erros sero facilmente

    diagnosticados - o que se torna impossvel se o olho estiver focado no alvo.

    que, se a mira se deslocar 1 mm, dependendo da distncia entre miras, o tiro

    ser desviado do centro do alvo entre 11 e 16 cm, provocando impactos fora

    da zona preta de referncia. Ora, como impossvel para o olho humano focar

    nitidamente o aparelho de pontaria, a 70-90 cm do olho, e o alvo, a 25-50 m,

    o atirador deve focar apenas a mira anterior. Em duelo e VO, em que o alvo

    totalmente preto, esta ser a nica forma de ter os contornos do ponto de

    mira bem definidos, apesar da falta de contraste. Se o atirador pensa que est

    a focar simultaneamente as miras e o alvo, isso apenas significa que o seu

    olho anda a vaguear entre dois pontos. Se o atirador no consegue focar

    nitidamente nem as miras nem o alvo, isso significa que est a focar a "terra

    de ningum", e que deve ir imediatamente ao oftalmologista. Leve a pistola e

    diga que o que quer ver bem o ponto de mira. As graduaes so diferentes

    para a utilizao normal e para atirar.

  • Manual de tiro com pistola

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    AUXILIARES PARA APONTAR

    Se o atirador no consegue atirar com ambos os olhos abertos, mas gostaria

    de o fazer, recomenda-se o uso de culos de tiro. Alm de poderem aumentar

    a viso, se dispuserem de um ris de abertura regulvel e de filtros para o

    controlo da luminosidade, dispem de uma pala, que deve ser translcida para

    que ambos os olhos recebam a mesma quantidade de luz, e que no permite a

    interao dos olhos, por vezes difcil de controlar.

    O APARELHO DE PONTARIA

    A largura da mira anterior e a abertura da mira posterior constituem um

    problema para muitos atiradores. A relao entre as miras, bem como a forma

    e a largura das tiras de luz (janelas) de ambos os lados da mira anterior, tm

    uma importncia decisiva na preciso do tiro. Dvidas provocadas seja pela

    natureza do aparelho de pontaria, seja por deficincia de viso, provocaro

    incertezas no atirador. Para obter rapidamente uma boa imagem das miras

    com o menor esforo possvel, as miras devem ser largas e de seco

    retangular, de forma a permitir que o atirador as possa alinhar numa frao de

    segundo. Para o efeito, as "janelas" dos lados da mira anterior devem ser

    suficientemente largas. As miras normais tm uma relao de 1:1, ou seja, a

    soma da largura das janelas igual largura da mira anterior. Como regra,

    suficiente. Quanto altura visvel da mira anterior, esta dever ser equivalente

    sua largura. As alteraes a estes parmetros, no que se refere velocidade,

    sero tratadas separadamente.

    PROBLEMAS PROVOCADOS POR LUZ INTENSA

    Se o alvo estiver iluminado, o olho levado automaticamente a focar o

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    10, que est claramente visvel. As miras, que deviam ser controladas, ficam

    assim desfocadas embora o atirador (erradamente) julgue ver os seus

    contornos ntidos. Mais negativo ainda o facto de a concentrao se perder

    se o olho andar da pistola para o alvo. Como o 10 claramente visvel, o

    atirador acabar por fazer um tiro consciente, embora no d por isso.

    Em contrapartida, com tempo chuvoso e condies de visibilidade difceis, o

    atirador obrigado a focar as miras, colocando a mira anterior no centro da

    mira posterior. A concentrao assim totalmente posta no processo de

    apontar e disparar. Os atiradores so surpreendidos, frequentemente, com

    bons resultados que no esperavam dadas as condies atmosfricas

    desfavorveis, da mesma forma que com maus resultados com timas

    condies de visibilidade.

    Um outro aspeto da influncia da luminosidade (luz lateral ou varivel)

    consiste no aparecimento de agrupamentos bons, mas fora da zona. Neste

    caso devem ajustar-se as miras, o que prefervel alterao da zona de

    pontaria.

    ZONA DE PONTARIA (AIMING AREA)

    Nenhum atirador consegue parar completamente a pistola durante um perodo

    de tempo razovel, pelo que prefervel considerar uma zona de pontaria em

    vez de um ponto de pontaria. Isto permite que haja uma zona de movimento

    aceitvel, cujo tamanho depender da capacidade do atirador para manter a

    pistola estabilizada.

    A zona de pontaria no deve ser demasiado reduzida, mas os seus limites no

    devem ser excedidos.

    ESCOLHA DE ZONA DE PONTARIA

    Para o tiro de preciso prefervel escolher uma zona abaixo do visual

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    negro, de forma a deixar uma boa faixa de branco entre esta e as miras.

    Se a zona de pontaria ficar junto "bola preta", o atirador fica sujeito a

    iluses ticas, de que no se d conta, no encontrando explicao para

    os erros verticais. Alm disso, o cruzamento da parte inferior do preto

    com a linha vertical dos nmeros constitui um ponto de pontaria,

    induzindo o atirador a fazer tiros conscientes. Use uma zona de

    pontaria correta, deixando o equivalente a dois ou trs anis de branco

    entre a zona preta e as miras.

    ZONA DE PONTARIA PARA PRINCIPIANTES

    Est fora de dvida que um atirador que, pela sua condio fsica e

    treino tcnico, tem uma zona de pontaria reduzida, consegue mais 10

    do que um principiante, cuja rea de movimento quase do tamanho do

    alvo. Para conseguir reduzir a rea de pontaria, o principiante que ainda

    no consegue parar o brao deve controlar os movimentos das miras

    com cuidadosas correes. Os exerccios com a pistola, mantendo-a

    apontada a uma zona cada vez mais reduzida, ajudam a reduzir este

    excesso de movimento. Recomendo desenhar uma circunferncia com

    2/3 cm de dimetro. A cerca de 2 metros, deve conseguir manter as

    miras dentro do crculo durante 15 segundos. V aumentando a

    distncia e o tempo

  • Manual de tiro com pistola

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    de pontaria. Quanto maior for o afastamento em relao ao alvo, menor ser a

    sua zona de pontaria. Dispare sempre no fim de cada levantamento, sem

    apertar demasiado o punho, mesmo que a pistola esteja a tremer. Se apertar

    mais, treme mais.

    Para produzir o tiro, o gatilho tem sempre de ser apertado pela frente e

    puxado em direo ao olho que aponta. O movimento do indicador no pode

    ser irregular, deve ser uniforme a partir do momento em que o dedo

    encostado ao gatilho.

    O dedo deve contactar o gatilho com a parte mdia da almofada constituda

    pela "cabea do dedo".

    Apertar o gatilho com rudeza pode estragar todos os outros esforos do

    atirador para executar um bom tiro. O aperto do gatilho uma das aes mais

    difceis que o atirador tem de aprender. Como tal, deve ser praticada e

    melhorada constantemente, mesmo fora da poca de competio.

    A COORDENAO ENTRE A PONTARIA E O DISPARO

    A melhor soluo para este problema, que o mais difcil de todos, iniciar

    ambas as aes simultaneamente. Enquanto o atirador inicia a focagem final,

    deixando as miras deslizar at atingirem a zona de pontaria, o indicador vai

    apertando o gatilho em direo ao olho, gradualmente, at que o tiro surge,

    surpreendendo o atirador, de preferncia dentro do

    BEM

    MAL

    MAL

  • Manual de tiro com pistola

    Pgina 24 de 86

    perodo de tempo recomendvel, entre 5-8" mas nunca excedendo os limites

    (3-1011). A diminuio do arco de movimento descrito pelas miras deve pois

    coincidir com o momento em que o peso restante do gatilho suavemente

    tirado. Esta tcnica conhecida por "tiro inconsciente" (veja adiante que no

    tem uma aplicao linear em PL).

    Se as miras estiverem alinhadas sobre a zona de pontaria quando o tiro for

    disparado, o resultado no alvo deve estar de acordo. Se tal no aconteceu,

    houve certamente um tiro consciente, provocado pelo atirador num momento

    determinado por ele prprio.

    A repetio frequente da coincidncia do disparo com um perfeito

    alinhamento das miras na zona correta, sendo portanto um 10, tm dado a

    muitos atiradores bons resultados ou mesmo ttulos inesperados. Mas no

    deve aspirar a esta situao se ainda no cumpriu as etapas necessrias, isto

    , uma prestao mdia elevada, que corresponde a um srio domnio da

    tcnica e da capacidade de concentrao, apoiada numa boa forma fsica. O

    desejo de ganhar muitas vezes posto frente da tcnica, o que

    absolutamente errado.

    Se o tiro inconsciente pode ser descrito como tecnicamente perfeito, o tiro

    consciente exatamente o contrrio. Este ltimo mais fcil para o atirador, e

    no exige virtualmente qualquer esforo interior. Se, durante o processo de

    pontaria, o 10 passa no prolongamento vertical da mirada, o atirador pode

    querer apertar o gatilho, receando que tal no volte a acontecer: ao fim e ao

    cabo, espera-se que o atirador tenha reflexos rpidos! O pior se aparecer

    um 7 em vez de um 10, que mais uma vez vai ser culpa das munies... Mas,

    fora de brincadeiras, o almejado 1 0 nunca poderia ocorrer, porque o tiro

    consciente afasta as miras do chamado ponto de pontaria. O que acontece

    que o atirador "visualiza" um tiro que no pode corresponder realidade.

    Quanto ao aperto do gatilho por fases, desaconselhado: se o atirador

    comea a apertar o gatilho quando as miras esto sobre a zona de pontaria e

    interrompe quando se afastam, fcil que seja induzido

  • Manual de tiro com pistola

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    a fazer um tiro consciente, aumentando a presso at libertar o co quando as

    miras voltarem zona de pontaria.

    prefervel considerar uma zona de pontaria maior, suficientemente grande

    para que as miras s se afastem dela em casos excecionais. Com tempo frio,

    conveniente, antes do incio do tiro, fazer vrios tiros em seco ou apertar o

    gatilho com muita fora, com o co desarmado, para tomar o indicador "mais

    leve".

    Sendo a ao de apontar (manter a pistola imvel) uma ao esttica e o

    disparo uma ao dinmica, trata-se de coisas completamente diferentes e o

    principal problema do atirador de pistola, que usa apenas uma das mos para

    fazer tudo, coordenar as duas. Isto quer dizer que o atirador tem de praticar

    estas aes com o maior cuidado, para que um dia as domine completamente.

    A TEORIA DO DISPARO

    A razo para que ocorram tiros conscientes e, portanto, para a incapacidade

    de coordenar as aes esttica e dinmica, reside frequentemente na posio

    instvel do atirador ou na sua forma negativa de encarar o tiro. Esta razo

    suficiente para justificar uma abordagem mais profunda desta questo

    extremamente difcil que o disparo.

    Todos os atiradores, independentemente da sua categoria, esto de algum

    modo sujeitos ao problema de manter o movimento das miras sob controlo.

    Este problema ocorre normalmente quando o atirador comea a apontar,

    diminuindo depois gradualmente at cessar, durante um curto perodo de

    tempo. Depois desta curta paragem, o movimento comea lentamente a

    aumentar e no pouco usual tornar-se mesmo num caso srio. Como j foi

    dito, a diminuio do movimento das miras deve coincidir com o momento em

    que o peso restante suavemente tirado. Na figura seguinte, isto ocorre entre

    os pontos 3 e 5.

  • Manual de tiro com pistola

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    Y

    Embora ainda haja algum movimento, o seu efeito secundrio, como a

    mesma figura indica, porque tem lugar dentro dos limites da zona de

    pontaria. Consequentemente, o tiro pode ser produzido em qualquer

    momento, dentro dos limites de tempo entre os 5 e os 8 segundos. Na pior

    das hipteses, atingir a tinha do 10 ou o 9, mas com um pouco de sorte

    ser sempre um 10. A questo fundamental a reter que, se o tiro no sair

    inconscientemente nesse perodo, no deve for-lo a sair durante a fase de

    paragem (5 a 8), antes que o movimento recomece (8 a 10). Isso significaria

    produzir um disparo consciente. Depois de uma qualquer breve paragem da

    pistola, h sempre uma fase de movimento, durante a qual os tiros sero

    sempre executados puxando conscientemente o gatilho. Alm disso, h

    sempre o perigo de, por estar espera de uma paragem completa, quando

    ela ocorrer a pulsao aumentar de repente a um nvel tal que o disparo no

    mais possvel ou que o tiro, disparado nesta fase, saia completamente para

    fora da zona - o que acontece porque o atirador se v na perspetiva

    (enganosa) de poder fazer um tiro mesmo no meio do 10.

    Portanto, se a pistola parar e o tiro no sair, alivie imediatamente a presso

    sobre o gatilho e baixe a pistola, por muito que isso lhe custe! Nestas

    circunstncias, baixar a pistola um sinal de autodomnio e de prudncia, e

    quase sempre encontra uma recompensa traduzida em melhores tiros, logo

    em melhores resultados. Seria absolutamente errado forar-se a disparar o

    tiro ou dispar-lo sob uma sensao de incerteza.

    A- Tiro inconsciente. Ocorre entre os 5/8 seg.

    ainda com movimento da pistola.

    B -Tiro consciente. Gatilhada no momento em

    que h menor oscilao da pistola.

    X - Fita do tempo Y - Peso do gatilho M-

    Movimento da pistola

  • Manual de tiro com pistola

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    Se o tiro no se produzir "voluntariamente, deve interromper. De futuro, o

    atirador deve exercer maior presso sobre o gatilho logo no incio do

    processo.

    Em todas as carreiras de tiro se podem ver atiradores abanando a cabea

    depois de observarem os seus tiros, porque no so capazes de explicar

    certos tiros fora da zona. So precisamente os atiradores que disparam

    conscientemente, ou seja, que cometem os erros que foram anteriormente

    descritos.

    Espero sinceramente que no seja um desses atiradores que aceitam maus

    tiros com se fossem uma coisa inevitvel e apenas sonham com bons

    resultados (ver a seco dedicada psicologia). Se deseja vir a ter sucesso e

    ganhar a admirao dos seus companheiros de tiro, na prxima sesso de

    treino preste ateno para ver se os seus tiros so ou no disparados

    conscientemente. Provavelmente o que tem vindo a fazer o tempo todo, sem

    dar por isso.

    TIRO EM SECO E ROLETA RUSSA

    O tiro em seco (disparar sem munio) parece ser o melhor processo para

    treinar o tiro inconsciente - e tambm para verificar se a pistola continua

    imvel no momento do disparo, o que impossvel com tiro vivo. Faa pelo

    menos 30 minutos dirio de tiro em seco, se quer ter sucesso.

    Outra maneira excelente de verificar os seus tiros consiste em misturar

    cartuchos carregados com cartuchos de treino (ou cpsulas vazias, no caso

    dos revlveres). Chama-se a isso "roleta russa" e, utilizando ambos os

    mtodos, ficar com a certeza de que, quando o percutor bate na cpsula, a

    mira anterior se mantm em posio, sem se deslocar para um dos lados ou

    para baixo.

  • Manual de tiro com pistola

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    Este treino deve ser feito sobre um alvo em branco, porque neste caso o que

    interessa a execuo e no o resultado.

    Resumindo, pode dizer-se que a coordenao entre apontar e disparar,

    embora difcil, pode ser aprendida com o treino adequado e constante. Como

    muitas outras coisas, quanto mais praticado for mais simples se torna. Deve

    ser dada a maior ateno para que seja apenas o dedo indicador a disparar, e

    no a mo toda.

    E lembre-se de que o tiro inconsciente s pode ser realizado se o indicador

    fizer um movimento uniforme para trs, em direo ao olho.

    O SEGUIMENTO (FOLLOW-THROUGH )

    Enquanto muitos atiradores querem ver o resultado dos seus tiros o mais

    depressa possvel, e baixam a pistola imediatamente aps o disparo, um

    atirador experimentado continuar imvel - o que no quer dizer inativo

    - durante alguns segundos, com a pistola empunhada. Durante este perodo

    de seguimento, o atirador regista num quadro imaginrio a imagem das miras

    sobre o alvo no momento em que o tiro partiu, impedindo que a sua

    concentrao se dissipe prematuramente, ou que comece a imaginar coisas. O

    disparo deve ser encarado como fazendo parte da global do processo, no

    como o final da ao. H boas razes para isto: uma vez por outra o atirador

    tende a fazer um tiro consciente, mas o dedo recusa-se a obedecer

    imediatamente "ordem de fogo", eventualmente porque o alinhamento no

    era correto, logo no correspondia imagem mental pr-adquirida, e sai um

    pouco depois. Passa-se ento que o atirador pensa que fez um tiro correto,

    mas quando este partiu j no havia concentrao para a sua execuo e a

    posio relativa das miras j no era a mesma que o atirador tinha como certa.

    E uma grande ajuda para o atirador imaginar que, como um "rocket", o projtil

    s abandona o cano um par de segundos depois de ter sido disparado. Perca

    pois o hbito de afastar os olhos das miras

  • Manual de tiro com pistola

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    logo que o tiro sai para olhar pelo telescpio. Garanta tambm que a presso

    sobre o punho no se altera: esta a maior causa de erro! Por outro lado, um

    seguimento que planeado desde o incio pode impedir estes tiros

    indesejveis e reduzir o tamanho dos grupos, desejo permanente de qualquer

    atirador.

    Durante o seguimento, o atirador campeo calcular a posio provvel do tiro

    (anncio do tiro) e ento, calmamente, verificar se o seu prognstico foi

    correto. Se, apesar da sua grande experincia, se tiver enganado, deve

    imediatamente procurar a razo para o erro.

    Um seguimento feito com a maior concentrao na imagem das miras no

    momento do disparo ajuda a concentrar o tiro. Pense nisto quando no estiver

    satisfeito com os seus resultados e no souber o que fazer para os melhorar.

    PARTICULARIDADES DO TIRO DE PAC E PL

    Ambas as disciplinas envolvem a mesma tcnica de base, mas os atiradores

    vm-se confrontados com problemas que so diferentes.

    PAC

    muitas vezes apelidado de "tiro popular", mas no to fcil como parece.

    Em consequncia da baixa velocidade inicial do projtil (V0), de um

    empunhamento deficiente e, em especial, de erros no processo de disparo, os

    efeitos negativos so enormes, sobretudo devido ao tempo durante o qua! o

    projtil permanece no cano aps o disparo. Assim, quando so cometidos

    erros de pontaria e de disparo, o projtil far um impacto no alvo que no

    corresponde ao que se esperava, o que no acontece com o tiro de bala, que

    abandona o cano quase imediatamente aps a percusso.

  • Manual de tiro com pistola

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    * pistola AC

    PISTOLA LIVRE

    Esta designao no desajustada: certas regras impostas noutras disciplinas,

    como a distncia entre miras, peso do gatilho, etc., no tm aqui aplicao. A

    nica restrio diz respeito extenso do punho, que no pode bloquear o

    pulso e, claro, forma como o tiro feito: a pistola no pode ser disparada da

    algibeira esquerda das calas! Para dominar esta disciplina olmpica executada

    a 50 m, necessrio um elevado sentido de perceo corporal e o treino que

    isso naturalmente requer. Nos captulos seguintes sero dadas algumas

    sugestes que devem ser tomadas em considerao, para alm do treino de

    base.

    Gatilho de cabelo

    A funo do gatilho de cabelo, que uma das caractersticas destas pistolas,

    facilitar a vida ao atirador. Contudo, a sua utilizao exige alguns

    ajustamentos da tcnica de tiro. O menor erro no aperto do gatilho (depois de

    armado) pode fazer o tiro sair prematuramente, podendo provocar um zero.

    Por esta razo o gatilho deve ser ajustado de forma

  • Manual de tiro com pistola

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    a que possa ser tocado pelo indicador sem receio e que no se dispare com o

    seu prprio peso, se a pistola for voltada para cima. por isso que muitos

    atiradores preferem gatilhos que tenham de ser "puxados", o que no elimina

    as vantagens deste tipo de gatilho. A forma da cauda do gatilho pode ser

    ajustada posio do indicador, encurvando-a, ligando-lhe um parafuso ou

    um pedao de arame.

    Durao da pontaria

    A durao da pontaria deve mediar entre os 5 e os 1 5 segundos, dependendo

    do local e das condies climatricas, entre outros fatores. Nos J.O. do

    Mxico, por exemplo, a 3300 metros de altitude, quem no se preparou para

    tempos de pontaria mais curtos - como fez o campeo mundial Stolypn -

    teve problemas respiratrios devido rarefao do ar.

    Se sente dificuldades em disparar ou se excede o tempo limite para apontar,

    deve baixar o brao e recomear, com a prefigurao de um movimento

    correto adquirida por autossugesto (V. Psicologia).

    Largura da mira anterior e distncia entre miras

    A largura da mira anterior deve ser escolhida individualmente pelo atirador, de

    acordo com as condies de luz e com a sua experincia prpria. No h

    restries para a distncia entre miras. Desde que no haja exageros, pode

    dizer-se que quanto maior for, mais facilmente sero detetados os erros.

    O punho

    O punho pode ser completamente anatmico e, parte dos movimentos do

    pulso serem livres, no tem quaisquer restries. O punho deve garantir

  • Manual de tiro com pistola

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    uma posio estvel da pistola e no deve ser completamente fechado, o que

    dificulta a circulao e se torna demasiado apertado com tempo quente.

    prefervel no empunhar num ngulo muito direito, mas sim deixando-a cair

    para a frente (posio descontrada do pulso).

    O peso do cano

    O centro de gravidade da pistola deve situar-se frente do indicador e de uma

    forma geral estas pistolas dispensam pesos adicionais. Mas o balano da

    pistola uma questo individual e os atiradores tm aproximaes diferentes.

    pistola livre

    No imperativo ter contrapesos

    no cano. O polegar apoia-se no punho.

  • Manual de tiro com pistola

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    Posio do polegar

    tambm um ponto individual, dependendo frequentemente do tamanho e da

    forma do punho, mas tambm do formato da mo. O polegar pode pois ficar

    apoiado contra o punho, virado para baixo ou levantado. Porm, necessrio

    ter muita ateno a um pormenor significativo: se o polegar fizer presso

    sobre o apoio, designadamente no momento da partida do tiro, os tiros sairo

    altos e direitos. E prefervel que o punho seja construdo de tal forma que o

    polegar fique horizontal, sem que a ltima falange faa presso para baixo.

    A execuo perseverante e com a mxima concentrao dos componentes

    individuais (empunhamento, pontaria, respirao, disparo e seguimento)

    uma caracterstica prpria dos atiradores de PL. O atirador de PL deve

    convencer-se de que o valor dos tiros depende do tratamento individual de

    cada um dos elementos considerados. No treino tcnico, porm, deve ser

    posta maior ateno no elemento esttico - empunhar a pistola firmemente.

    Devo dizer que o tiro de PL diferente de todos os outros: nesta disciplina o

    punho que agarra a mo e no a mo que agarra o punho, como acontece nas

    outras. tambm a nica disciplina de preciso pura em que "permitido"

    aumentar a presso sobre o gatilho de uma forma um tanto consciente, j que

    o peso do gatilho quase nulo, a velocidade da reao do sistema de

    percusso enorme e o movimento do percutor muito reduzido. Ou seja, com as

    miras alinhadas e sobre a zona de pontaria, no de todo errado aumentar a

    presso para provocar o disparo, ao contrrio do que acontece em PAC, PStd,

    PSpt e PGC, em que o (a) atirador(a) espera que o tiro saia de uma forma

    totalmente inconsciente ou por um reflexo condicionado, que corresponde ao

    acionamento instintivo do gatilho

  • Manual de tiro com pistola

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    ANLISE DOS AGRUPAMENTOS

    Por vezes difcil avaliar corretamente os grupos que ocorrem durante a

    execuo do tiro. S os observadores muito experientes (treinadores e

    atiradores com elevado esprito de autocrtica) podem afirmar qual a causa de

    um tiro ou de um agrupamento incorreto.

    Em particular nos Clubes de menor dimenso, h uma grande falta de pessoal

    qualificado para orientar os atiradores. Assim, tem de ser o atirador a avaliar

    os seus grupos (15 tiros sobre a mesma zona de pontaria e com o mesmo

    empunhamento) para determinar as causas provveis de erro. A explicao

    para a ocorrncia de certos grupos tpicos poder ajudar o atirador a descobrir

    as causas de erro.

    Uma ligeira inclinao da pistola no uma coisa muito m, se essa inclinao

    for constante. Contudo, tem de haver cuidado, porque se essa inclinao for

    para a esquerda, um atirador com um pulso menos forte poder no ser capaz

    de impedir que a mira anterior descaia para esse lado. Os tiros que ocorrem

    entre as 6 e as 8 horas podem ter essa origem, pelo que prefervel que a

    pistola fique horizontal. E no se esquea de que, se aumentar a distncia em

    relao "bola preta", o ngulo tambm aumenta.

    VARIANTE DATCNICA-BASE DO TIRO COM PISTOLA

    Como j foi dito, a tcnica de preciso igualmente a tcnica de base para o

    tiro de velocidade, com algumas modificaes. Vejamos agora as disciplinas

    de tiro rpido (PStd e VO, sub-prova de duelo em PSpt e PGC).

  • Manual de tiro com pistola

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  • Manual de tiro com pistola

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    TCNICA DE DUELO

    O duelo um tiro de preciso com limite de tempo, razo por que os erros se

    tornam mais apreciveis. O treino sistemtico , portanto, imperativo.

    Quando o alvo vira ou se acende a luz verde, o brao, que tem de estar

    voltado para baixo a 45, deve ser levantado cerca de 5/6 do percurso at ao

    centro do alvo, sem desvios laterais, enquanto a vista vai ao encontro das

    miras, seguindo com elas na fase final at zona de tiro. Desta forma o

    alinhamento das miras pode ser verificado mais rapidamente, poupando um

    tempo precioso. medida que as miras entram na zona de pontaria a presso

    sobre o gatilho deve ir aumentando, para tirar o peso restante com a pistola

    "parada" na zona de tiro. Segue-se o seguimento, tal com nas disciplinas de

    preciso.

    Devo acrescentar o seguinte: quando dada a voz de "ateno", o brao tem

    de vir para a posio a 45. Ora, imediatamente antes, o(a) atirador(a) deve

    alinhar as miras sobre a zona de pontaria uma ltima vez, baixando

    o brao lentamente e sem movimentos, particularmente sem movimentos

    verticais do pulso, e ficar a olhar para a base do alvo, a fim de o ver comear a

    rodar ou ver a luz verde aparecer. Estes 7 segundos devem ser usados para

    preparar mentalmente a ao que vai ter lugar a seguir: vou levantar, alinhar

    as miras, parar e apertar o gatilho seguido at o tiro

  • Manual de tiro com pistola

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    Depois do 1 tiro, as miras so realinhadas em cima, voltando a pistola para a

    posio a 45, como antes.

    Muito importante: quando forem usados alvos de carto, o atirador tem de

    superar a tentao de espreitar para o alvo, quer depois do tiro sair, quer

    antes de executar o tiro seguinte.

    Os atiradores que dominam perfeitamente a tcnica de preciso preferem, por

    vezes, levantar a pistola rapidamente para a zona de pontaria e executar o

    tiro como em preciso, usando o tempo que pouparam na subida. contudo

    uma tcnica menos segura, pois as miras podem aparecer desalinhadas e

    haver alguma preocupao em realinhar.

    Movimento da vista em duelo 1.Olhos na zona de espera 2.Olhos ao encontro das miras 3.Olhos seguem com as miras para cima

  • Manual de tiro com pistola

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    A RESPIRAAO NO DUELO

    O atirador inspira e expira uma vez entre cada tiro e aguarda com os pulmes

    quase vazios. Pode entrar algum ar durante o levantamento, correspondendo

    expanso do trax, mas no deve ser uma inspirao consciente. A

    respirao deve estar bloqueada durante o processo de pontaria.

    As inspiraes no devem ser demasiado profundas, para no elevar

    desnecessariamente a pulsao.

    Resumo: olhos na zona de espera; expirar; olhos nas miras ao levantar o

    brao; focagem exclusiva da mira anterior; apertar o gatilho at o tiro sair

    inconscientemente entre os 2,5 e 2,8 segundos; seguimento; realinhamento;

    baixar a direito; preparar o tiro seguinte.

    SUGESTES PARA O TREINO

    Preparar sistematicamente o levantamento para a zona de pontaria, primeira

    fase rpida, "travagem" progressiva at parar.

    Executar o duelo em seco, com a preocupao de verificar se as miras se

    mantm alinhadas quando a pistola disparada, e depois com tiro vivo, mas

    com o alvo estacionrio.

    Quando a tcnica estiver dominada, passar a alvo mvel ou de semforo, mas

    iniciar tambm com tiro em seco e s depois com tiro vivo. Na primeira fase

    do treino, no se preocupe com os "zeros11 por falta de tempo: o que

    interessa executar bem o tiro. A velocidade de execuo para chegar aos

    desejveis 2,3 - 2,5 vir com o tempo. Qual a razo para atirar dentro destes

    tempos e no esgotar o tempo regulamentar? Porque em condies de vento

    forte pode ter de corrigir ligeiramente (e suavemente) as miras e ainda dispe

    de 4 a 6 dcimos de segundo para isso. Em prova, o atirador deve manter-se

    calmo e cumprir a sua tcnica, sem permitir que o seu tempo de tiro seja

    perturbado pelos tiros dos vizinhos.

  • Manual de tiro com pistola

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    Como outras tcnicas de velocidade, o tiro de duelo requer um treino

    permanente, sem o qual impossvel adquirir qualquer consistncia. possvel

    obter marcas pouco abaixo da pontuao mxima, e o duelo decisivo para o

    resultado final.

    VELOCIDADE OLMPICA (VO)

    O tiro de velocidade, que integra o calendrio olmpico, extremamente

    exigente em concentrao, autodomnio e rapidez de reflexos. Nenhum

    atirador deve escolher esta disciplina para iniciar a sua carreira. Se quer

    aprender a atirar, deve antes disso ganhar os seus conhecimentos tcnicos em

    ar comprimido e depois em PSpt ou PGC. S quem tiver dominado

    perfeitamente a tcnica de duelo poder aspirar a dominar a tcnica das sries

    rpidas de VO, em que o atirador tem de pr a mxima concentrao no tiro

    que est a disparar, embora j esteja a preparar os seus prximos tiros

    (devido premncia do tempo nas sries de 4") de forma a garantir uma

    imagem completa da srie.

    TESTANDO A POSIO

    A resposta para a pergunta "para qual dos alvos se deve preparar a srie" a

    seguinte: se a pistola for levantada para o ltimo alvo ou para o alvo do meio,

    o tronco rodar ligeiramente e o 1- tiro ter tendncia a ser esquerdo, porque

    o atirador ter tendncia a rodar demasiado cedo. Mas se o atirador preparar o

    primeiro tiro descontraidamente para o 1Q alvo pode ter a certeza de que o Ia

    tiro da srie - o mais difcil de executar

    - Ficar no centro do alvo, seguindo-se normalmente uma boa srie.

    A RESPIRAO EM VO

    Durante o tiro de VO a respirao deve cessar totalmente. O TFG de que

  • Manual de tiro com pistola

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    j falmos possibilitar ao atirador suspender facilmente a respiraao durante

    os perodos de tempo requeridos sem quaisquer consequncias negativas.

    Uma inspirao e expirao profundas antes do primeiro tiro, como foi

    explicado para o duelo, suficiente, enquanto o atirador "visualiza" a

    sequncia de movimentos que vo ter lugar a seguir, pois para os executar

    corretamente necessria uma conceo mental precisa desses movimentos

    (levantar, disparar e passar de alvo para alvo, disparando e fazendo o

    seguimento em cada um deles).

    TCNICA DE PONTARIA

    Quando os alvos se voltam para o atirador ou se acende a luz verde, o brao

    deve ser levantado e parado gradualmente no ltimo sexto do movimento, de

    forma a que as miras parem por um momento na zona de pontaria.

    No incio do movimento os olhos devem baixar para as miras, como no duelo

    (mira anterior focada). A partir da seguem em conjunto com as miras para a

    zona de pontaria, j com o atirador a "sentir" o gatilho. O peso restante

    retirado sobre a zona de pontaria. Atiradores muito experientes conseguem

    retirar o peso restante exatamente quando a pistola pra, mas j vinham a

    retirar parcialmente o peso na subida. De qualquer forma o importante parar

    e disparar imediatamente no final do movimento para cima, apertando o

    gatilho com um movimento seguido (aumento progressivo da presso) at o

    tiro partir, no sentido de evitar a gatilhada.

  • Manual de tiro com pistola

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    Quando o primeiro tiro parte, e aps um curtssimo seguimento, o 2- alvo

    visado pelo atirador, que roda rapidamente mas sem estices, pelas

    articulaes da anca, do joelho e do tornozelo, at parar gradualmente na

    zona de pontaria. O tiro executado inconscientemente pela presso seguida

    sobre o gatilho. Nas sries mais rpidas o tiro pode ser executado do lado

    direito da zona, isto , admitindo-se uma quantidade restante de movimento,

    o tiro executado por antecipao.

    Esta ao repetida at ao final da srie.

    Em caso algum se deve negligenciar a pontaria ou tentar "atirar passagem".

    Esta situao torna-se particularmente crtica no ltimo tiro, pois uma certa

    tendncia para descontrair pode provocar tiros baixos e esquerdos, razo

    porque muitos atiradores imaginam um 6- tiro, que executam "em seco"

    sobre um 6S alvo imaginrio.

    Ao passar de alvo para alvo, o corpo roda, interrompendo a rotao em frente de cada alvo. O ombro

    mantm-se bloqueado e sempre no mesmo ngulo com o corpo. Se, no movimento para o alvo

    seguinte, o brao rodar sozinho (sem o corpo) a posio da mira anterior em relao mira posterior

    altera-se, porque o tringulo pistola-ombro, ombro-olho e olho-mira tambm se altera. Os tiros

    direitos so normalmente provocados por este tipo de erro.

  • Manual de tiro com pistola

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    imagem das miras se o brao se mover sozinho sem rodar o tronco.

    Se o atirador direito deve comear sempre a srie da direita para a esquerda,

    para no esconder os alvos seguintes com a mo, pois devem estar claramente

    visveis em frente do seu brao.

    Assegure-se, portanto, de que o brao segue rigidamente ligado ao corpo e de

    que o movimento lateral feito suavemente, parando, apertando o gatilho

    entrada na zona de pontaria e disparando, para continuar depois de um

    curtssimo seguimento.

    O DISPARO EM VO

    Ao contrrio' do que normalmente se v praticar, o indicador deve ser puxado

    para trs depressa mas gradualmente, de forma a eliminar a possibilidade de

    gatilhadas quando o tiro executado. Um curso de gatilho (travei) um pouco

    maior vantajoso para este fim.

    O peso do gatilho - o que no tem nada a ver com o curso - no deve ser

    inferior a 150 gr, podendo mesmo ser de 200 ou 250 gr. Outro erro que

    ocorre, para alm da gatilhada, uma quase impercetvel reduo da tenso

    do cotovelo ou do pulso quando o gatilho acionado. Esta perda de tenso

    provoca desvios laterais e uma das razes mais comuns para maus

    resultados, principalmente nas sries de 4". Nunca tente atingir o centro do

    alvo a todo o custo. O tiro de VO, particularmente nas sries mais rpidas, no

    permite fazer correes sobre a zona de pontaria. Portanto, no hesite em

    disparar " zona'1. Em muitos casos continuar a ser um 10. As correes s

    podem originar maus tiros, por excessiva preocupao com o tempo para a

    execuo dos tiros restantes, sobretudo para executar o ltimo tiro com

    segurana.

  • Manual de tiro com pistola

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    E prefervel puxar as miras (alinhadas!) para o centro do alvo e apertar o

    gatilho ao mesmo tempo.

    O RITMO DE TIRO (TIMING)

    Um bom ritmo de tiro d ao atirador de VO a calma interior e a confiana de

    que necessita para executar tiro aps tiro de uma forma equilibrada, precisa e

    deliberada, sem estar preocupado com o tempo. Fazer o ltimo tiro com a

    sensao de que ele pode apanhar o alvo em movimento, ou com a luz

    vermelha acesa, pode destruir todas as sensaes positivas ao chegar ao

    ltimo alvo, se no antes.

    Trata-se de uma disciplina em que a automatizao dos gestos tcnicos

    crucial. Se a tcnica e o ritmo no estiverem absolutamente automatizados,

    no vale a pena pensar em resultados. Por outro lado, uma aprendizagem

    correta e um treino consciente, incidindo sobre estes aspetos essenciais,

    tornaro o tiro de velocidade mais fcil medida que for praticando.

    O treino assduo, com particular ateno para a forma como divide o seu

    tempo, absolutamente vital. O treino pode ser feito em seco, sendo

    prefervel a utilizao de alvos rotativos. Neste tipo de treino deve-se enfatizar

    a ateno posta no primeiro tiro, o movimento de alvo para alvo e o situar.

    Como regra, os tempos de entrada devem ser 2 a 2.2 para as sries de 8'1, 1.6

    a 1.8 nas sries de 6" e 1.1 a 1.3 nas sries de 4". Qualquer hesitao no

    primeiro tiro, porque as miras no estavam alinhadas, ou num dos tiros

    seguintes, por o gatilho no ser suficientemente aliviado depois do tiro

    anterior, faro com que os tiros seguintes tenham de ser disparados muito

    rapidamente. Assim, deve preparar-se para "mudar de velocidade" se tal

    acontecer, e fazer os tiros restantes velocidade de 4". sempre prefervel um

    8 do que um 0... Nas sries de 4", em que j

  • Manual de tiro com pistola

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    no h muitos recursos, pode usar, se preferir, o "ritmo romeno", que consiste

    em fazer o 19 e o 5Q tiros muito rpidos, aceitando dois 9, e fazer os trs tiros

    do meio ao ritmo calmo de 6", sendo seguramente trs 10.

    A PONTARIA EM VO

    Em contraste com o tiro de preciso pura, em VO as janelas devem ser mais

    largas, podendo ser de 2:1, ou seja, cada janela ter a largura da mira anterior.

    Esta opo deve ser considerada porque, com janelas muito fechadas, mesmo

    os pequenos erros so muito percetveis e provocam inibio do tiro, o que se

    traduz numa perda de tempo negativa e numa preocupao com a preciso

    que no deve existir, considerando a dimenso do 10.

    POSIO DA MO EM VO

    necessrio que as miras fiquem perto da mo, pelo que a pistola deve

    permitir esta possibilidade, ou ser transformada nesse sentido (limar a carcaa

    e subir o punho). Com as miras mais perto da mo a alavanca diminui, o que

    importante, e os efeitos de uma possvel inclinao da pistola so menos

    significativos.

  • Manual de tiro com pistola

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    O RECUO

    Enquanto alguns atiradores preferem que a pistola fique estabilizada durante

    o tiro, de maneira a manter um percurso horizontal de alvo para alvo, outros

    preferem um ligeiro recuo, considerando que isso ajuda o movimento de

    rotao do corpo.

    Atualmente, a corrente dominante vai para munies suaves e canos com

    compensador de recuo. Mas no seja esse o problema: a maior parte dos erros

    nascem na cabea do atirador...

    SUGESTES PARA O TREINO

    A transio do movimento vertical para o movimento horizontal

    extremamente difcil e tem de ser praticada, principalmente nas sries rpidas

    de 4". Para este efeito, pode-se pr o programador em duelo e disparar dois

    tiros para o 1Be2s alvos nos 3" disponveis, como forma de praticar a transio,

    de incio mais lentamente, aumentando depois a velocidade de execuo.

    Para treinar o primeiro tiro rpido, o programador pode ser regulado para 1.2.

    Ao princpio ser muito difcil, no dando tempo para alinhar as miras ou para

    as colocar na zona de pontaria, mas com o tempo a tarefa torna-se mais fcil,

    a ltima fase do movimento toma-se deslizante e j possvel disparar sem

    gatilhadas e fazer um curto seguimento, porque as inibies foram

    ultrapassadas. Se, pelo contrrio, houver hesitaes em disparar o primeiro

    tiro, este ser quase sempre mau. As reaes tm de ser educadas.

    Encontrar outras sugestes e a opinio do autor sobre a verificao das miras

    na posio de "ateno" mais adiante.

    O tiro de VO efetivamente difcil. Para um atirador chegar ao topo necessita

    ter bases corretas para comear. Uma aprendizagem correta

  • Manual de tiro com pistola

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    facilita a vida futura. O contrrio, "desfazer" erros que foram interiorizados

    como aes corretas, sempre mais difcil e os atiradores tendem a rejeitar

    tais correes, porque sabem que vo surgir recuos no seu desempenho.

    Resolva se a sua escolha ser o melhor de um conjunto medocre, ou se

    pretende bater-se com os "craques", mesmo que tenha de atravessar o

    deserto! E lembre-se: s um grande volume de treino conduzir ao

    automatismo que a disciplina requer. O improviso no se d bem com a VO.

    PISTOLA STANDARD

    O tiro de PStd, muito popular nos EUA e igualmente aceite na Europa, sendo

    um misto de preciso e velocidade, sem sub-provas, o que torna a disciplina

    atrativa para a maior parte dos atiradores. Por outro lado, usando o alvo de

    preciso mesmo nas sries rpidas, por isso mesmo um bom treino para as

    outras disciplinas.

  • Manual de tiro com pistola

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    POSIO E TCNICA

    Tudo o que j foi dito sobre a tcnica de base para preciso e sobre as suas

    variaes para velocidade, como por exemplo o movimento vertical e a

    execuo do primeiro tiro, tem aplicao nesta disciplina, particularmente nas

    sries de 20" e 10. Tal como no tiro de preciso, a zona de pontaria abaixo

    do preto, pois tambm neste caso h vantagem em ter as miras bem

    recortadas no alvo. Alguns atiradores preferem atirar ao centro do alvo.

    Em minha opinio, o tiro ao centro do alvo prefervel nesta disciplina, pelas

    seguintes razes: no h uma desvantagem significativa em fazer as sries de

    150" sobre o centro do alvo. Mesmo perdendo algum recorte das miras,

    possvel um bom alinhamento e a preocupao com uma boa definio da

    mira anterior tem vantagens, sobretudo para os atiradores com tendncia para

    "espreitar" o alvo. Nas sries rpidas, mais fcil apontar ao centro: quando

    se aponta ao branco, h sempre a tendncia de aproximar as miras do preto,

    resultando tiros altos que estragam as sries.

    As sries de 150" so disparadas como em preciso. Para no exceder o

    tempo, deve evitar baixar a pistola repetidamente ou fazer grandes pausas

    entre os tiros. De qualquer forma, o tempo tem de ser treinado at estar

    interiorizado, sendo conveniente o recurso a um cronmetro digital.

    Nas sries de 20", depois de disparado o Ia tiro, deve ser disparado um tiro em

    cada 3 segundos. Se sentir necessidade, pode respirar uma vez entre o 3 e o

    4 tiro, ou seja, deita o ar remanescente fora, inspira profundamente, expira,

    suspende a respirao e continua a srie. Tambm aqui o seguimento no

    pode ser negligenciado.

    Nas sries de 10" a respirao antes do primeiro tiro como em duelo.

  • Manual de tiro com pistola

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    Durante a srie no pode haver respirao. Estas sries so difceis de

    executar, qualquer erro tem um efeito muito negativo. O tiro inconsciente

    evita estes erros e mantm o resultado dentro de limites aceitveis. S com

    uma extrema concentrao e com uma tcnica muito perfeita se podem atingir

    resultados muito altos. Em compensao, uma disciplina em que se obtm

    resultados aceitveis em menos tempo do que nas outras.

    Grande parte dos erros deve-se a uma m gesto do tempo: h atiradores que

    pensam (e dizem) que atiram melhor nos 10" do que nos 20". O que acontece

    que nos 20", porque o tempo "muito", os atiradores distraem- se a fazer

    correes, por vezes inteis, e esquecem o ritmo de tiro... at que o relgio

    que tm na cabea dispara o alarme e os tiros restantes so feitos de qualquer

    maneira, acabando por disparar em 14 ou 15", pensando estar no limite do

    tempo. Como em qualquer outra situao, estas sries tm de ser treinadas

    at este tempo - pouco usual, verdade - estar interiorizado.

    Em relao s sries de IO11, e dado o aperfeioamento das pistolas e das

    munies atuais, o tempo suficiente para conseguir muito bons resultados: o

    segredo est, como em VO, em fazer um 1- tiro rpido e manter a cadncia,

    realinhando as miras e apertado o gatilho seguido (aumento progressivo da

    presso) at o tiro partir.

    Aconselho a no ter o parafuso de paragem do gatilho (back-lash) apertado:

    dada a velocidade de execuo, pode haver desvios da pistola.

    INDICAES IMPORTANTES PARA TODAS AS DISCIPLINAS DE VELOCIDADE:

    PERCEPO DO MOVIMENTO DO ALVO

    Para se aperceber do movimento do alvo (no caso dos alvos rotativos) o

    atirador no pode estar espera de um sinal acstico, pois pode

  • Manual de tiro com pistola

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    acontecer no se aperceber do "clic11 da mquina ou confundi-lo com outro

    som. Um erro deste tipo pode dar origem a maus tiros ou mesmo a "zeros11,

    por falta de tempo ou pressa escusada.

    Aperceba-se visualmente do movimento dos alvos ou da luz verde. boa ideia

    manter os olhos um pouco mais baixos do que o centro do alvo, por forma a

    encurtar o percurso entre a posio de espera e as miras quando estas so

    movimentadas para cima.

    Errado! O olho est preso ao 10.

    5e a vista est "presa" ao 10, no se move ao encontro das miras quando a pistola levantada, ficando na

    zona onde supostamente o tiro vai atingir o alvo. Desta forma as miras no so verificadas, no havendo a

    garantia de que apaream na posio correcta, nem permitindo comear a "espremer o gatilho entrada

    na zona de pontaria.

  • Manual de tiro com pistola

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    VERIFICAAO DAS MIRAS NA POSIO DE ATENAO

    absolutamente errado "alinhar" as miras quando o brao est a 45. Quem o

    faz de certeza no pensou seriamente no facto de que, quando o brao

    levantado, o ngulo formado pelo olho, pistola e ombro vai ficando cada vez

    maior. Se as miras forem alinhadas em baixo, ao levantar a mira anterior

    aparece muito acima da mira posterior! J foi dito: antes do primeiro tiro de

    velocidade (ou antes de cada tiro de duelo) alinhe as miras em cima e baixe o

    brao a direito, com o pulso bloqueado. Ao levantar, as miras estaro quase

    alinhadas entre si, e evita ter de fazer movimentos verticais do pulso, o que

    inevitavelmente acontece se alinhar as miras em baixo.

    REPARTIRAS SRIES

    Este outro problema a ultrapassar, um problema de natureza psicolgica,

    mas que deve ser tratado neste captulo pela sua relao direta com as

    disciplinas de velocidade.

    Nunca considere uma srie como um todo: divida-a em cinco tiros individuais,

    cada um dos quais deve ser disparado suavemente e com a atitude mental

    correta. Ou seja, embora os tiros tenham de ser executados muito

    rapidamente a seguir uns aos outros, cada um deles tem de ser um tiro bem

    executado, para que o resultado final seja bom. No procure portanto o 50,

    mas sim uma execuo correta repetida 5 vezes. Quando o conseguir, ter os

    seus 50 pontos; se o no fizer, no os ter.

    PREPARAO DAS MIRAS

    Se as miras no contrastam claramente com o preto do alvo ou se aparecem

    cinzentas, devem ser escurecidas com velas ou dispositivos

  • Manual de tiro com pistola

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    prprios para o efeito. Ateno s miras plsticas ou de carbono, no as

    queime. No use miras coloridas de vermelho ou branco, isso leva a que o

    atirador se distraia e olhe para o alvo. Isto aplica-se a todas as disciplinas.

    NOTAS NO FINAL DESTE CAPTULO

    Para evitar carregar ou introduzir incorretamente o carregador, ou para ter a

    certeza de que liberta a segurana ou o detentor da corredia na altura certa,

    o atirador deve habituar-se a repetir para si prprio estes procedimentos,

    como se de um "check-list" se tratasse, para no ser eliminado da competio

    pelas suas prprias mos.

    Dependendo do gosto ou das possibilidades econmicas, pode escolher ente

    diversos modelos para cada disciplina. prefervel aconselhar-se com o

    treinador do Clube ou com um atirador mais experiente. Acautele-se com os

    vendedores altamente entusiastas, e lembre-se tambm que ningum gosta

    de dizer mal da sua prpria pistola, admitindo que errou ao compr-la.

    Para concluir; pratique seriamente e conscientemente a disciplina que elegeu,

    se quer atingir um objetivo. No se disperse por muitas disciplinas, mesmo

    que seja "empurrado" para isso: s um atirador extremamente dotado pode

    "tocar vrios instrumentos" capazmente. Nos treinos, corrija os aspetos fracos,

    depois de identificar os erros que os esto a provocar. No se importe com um

    recuo temporrio, se o objetivo corrigir a tcnica: "d-me mais jeito assim"

    uma frase que se ouve repetidamente. Pois , d mais jeito, mas no d mais

    pontos.

  • Manual de tiro com pistola

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    treino psicolgico

    nossa vida emocional no se confina aos limites da nossa conscincia. A

    conscincia apenas a superfcie sob a qual residem foras muito fortes. O

    conhecimento do nosso subconsciente est intimamente ligado com o nome

    de Sigmund Freud, o primeiro homem a descobrir o caminho para a soluo

    dos conflitos do inconsciente. A partir da desenvolveu a sua prpria

    psicologia (psicanlise) provando cientificamente que o corpo e o esprito

    constituem uma unidade. A depresso, por exemplo, tem um efeito adverso

    sobre o corpo, da mesma forma que uma pessoa sensvel que apanha uma

    gripe pode ficar psicologicamente diminuda pelo facto de no poder cumprir

    as suas obrigaes, ficando doente mais tempo do que uma pessoa animosa.

    Resumindo, as doenas ou deficincias fsicas podem ter um efeito deprimente

    sobre o esprito. Com frequncia, podem mesmo provocar dependncias e

    complexos de inferioridade. S atravs do tratamento dos problemas

    psicolgicos (psicoterapia) se podem diminuir ou eliminar os sintomas

    patolgicos, mas cuja origem psicolgica. Os mtodos utilizados na

    psicoterapia so a sugesto, a hipnose e a psicanlise. Estes mtodos so

    muitas vezes usados para o tratamento de doenas orgnicas cujas origens

    so de carcter psicolgico, quando todos os outros mtodos falham. Desta

    forma certas lceras e problemas de pele, como a acne, podem ser curados

    atravs da psicoterapia.

    A fora e o efeito da prtica da psicologia so particularmente claros neste

    ltimo exemplo. Porque no havemos de usar uma forma de tratamento

    (terapia) que pode prevenir as nossas doenas mentais (psicoses), reduzir os

    nossos estados de ansiedade (neuroses) e remover os nossos conceitos falsos

    (complexos)? que desta forma podemos ser ajudados a mostrar a nossa

    capacidade fsica e tcnica sem inibies, de forma a poder atingir as nossas

    prestaes mximas, O atirador deve, portanto, prestar a melhor ateno ao

    treino psicolgico

  • Manual de tiro com pistola

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    como o elemento base mais importante do treino do tiro, por forma a poder atingir as pontuaes mais altas.

    necessrio um estudo profundo da literatura que se dedica a esta matria para obter uma perspetiva correta deste assunto complexo a fim de que, apesar de todas as emoes negativas, o atirador possa encontrar a atitude certa para as situaes de competio, mesmo sob o stress mais intenso, mantendo uma atitude positiva.

    Parece apropriada uma elucidao acerca dos termos que vo aparecer a seguir, para que a ideia possa ser apreendida. A "psicologia prtica orientada para o tiro" utilizada pelo autor foi testada e considerada suficiente para dar ao atirador o "equipamento" mental necessrio para atirar ao mais alto nvel.

    NERVOS PR-COMPETIO E STRESS DE COMPETIO

    O stress mental do atirador por vezes pior antes da prova do que durante a sua execuo. Muitos dias antes, a ateno expectante do atirador comea a provocar o stress do seu sistema nervoso, nalguns casos impossibilitando mesmo qualquer tipo de autossugesto. Para alm disso, uma tenso mental deste tipo provoca muitas vezes estados fsicos desagradveis como consequncia. A tenso arterial, a pulsao e o ritmo respiratrio aumentam, o atirador comea a transpirar, a cor das faces altera-se, os msculos provocam a tremura das articulaes, particularmente do pulso, e uma sensao de presso no estmago ou na bexiga.

    Os nervos pr-competio so pois uma clara indicao, para o atirador, das exigncias de uma elevada prestao no s mental como tambm biolgica.

    O GRAU DE STRESS DEPENDE DE:

    dimenso e importncia da competio autoconfiana na sua prpria capacidade

  • Manual de tiro com pistola

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    preparao para a competio (treino fsico e orgnico) sensaes positivas como a alegria, o equilbrio e a autoconfiana

    sensaes negativas como falsas ambies, descontentamento,

    irritao, recordao de erros passados.

    Frequentemente, os nervos pr-competio diminuem consideravelmente, ou

    desaparecem mesmo, depois de disparado o primeiro tiro de competio,

    devido total ateno dedicada (concentrao) que se inicia nesse momento.

    Nesta altura, alguns atiradores conseguem mesmo ultrapassar as suas

    limitaes normais e atingir resultados que at a no tinham sido obtidos.

    Infelizmente, contudo, muitos atiradores continuam a permitir que a

    atmosfera de competio os conduza a aes impulsivas ou a perderem o

    domnio sobre si prprios e, consequentemente, sobre as suas pistolas. O

    problema principal consiste, portanto, em aproximar os nossos resultados em

    competio dos "resultados11 obtidos nos treinos. Isto poder acontecer mais

    facilmente se tivermos uma atitude correta perante a competio, os nossos

    adversrios, e os nossos objetivos. Livres de todas as sensaes indesejveis,

    no nos podemos permitir quaisquer dvidas acerca da nossa capacidade.

    Devemos ser capazes de nos sobrepor a tudo, de outra forma no possvel

    obter resultados de acordo com a nossa capacidade e de nos mantermos a par

    dos melhores atiradores.

    S procedendo gradualmente e numa ordem cronolgica poderemos ser

    capazes de utilizar os conceitos referidos aqui de uma forma positiva para ns

    e para a modalidade. Para alm disso, devemos fazer um esforo para nos

    educarmos sistematicamente em reao a uma forma positiva de pensar.

    Assim, quando tivermos atingido a necessria capacidade de auto

    descontrao (treino autgeno), poderemos armazenar no subconsciente

    todos os elementos essenciais e positivos para enfrentar a competio atravs

    da autossugesto, sem que para isso seja necessrio um esforo consciente.

  • Manual de tiro com pistola

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    PENSAMENTO POSITIVO

    Para atingir mais rapidamente o nosso objetivo, temos de aprender a pensar

    mais positivamente do que negativamente, mesmo em relao a aspetos

    aparentemente sem importncia. Quer isto dizer que nos devemos referir a

    aspetos desfavorveis sempre no pretrito: "eu estava a tremer..." ou, no caso

    de haver uma diferena muito grande entre o estado atual e o desejvel,

    "estou a tremer cada vez menos... estou a atirar cada vez melhor... j estou

    mais calmo". Exprimindo-se dessa maneira, o atirador est a considerar o

    estado atual, que desfavorvel, como no sendo uma situao permanente, e

    a determinar-se para fazer melhor a seguir.

    TREINO AUTOGENO E AUTO-SUGESTO

    O treino autgeno um bom mtodo para diminuir o estado de excitao,

    tornando o corpo e o esprito mais recetivos para a autossugesto, e

    atingido tentando tornar-se o mais vazio e descontrado possvel. to difcil

    atingir um estado de descontrao total como fingir-se de morto quando est

    terrivelmente excitado. Porm, quando se tiver libertado de todas as

    influncias negativas, as ideias positivas podero ser absorvidas como a gua

    por uma esponja. Da mesma forma, estas ideias podem ser postas de lado

    quando for necessrio.

    Isto acontece muitas vezes subliminarmente (sem chegar ao limiar do

    consciente) e o atirador dificilmente se aperceber disso no estado de

    nervosismo, de pouca concentrao, ou de distrao anormal em que se

    encontra. Por esta razo, absolutamente necessrio que certos

    procedimentos, como a posio, sejam desenvolvidos inconscientemente, pois

    assim sero executados corretamente.

    A melhor altura para o treino autgeno e para a autossugesto o perodo

    antes de deitar ou pouco depois de acordar, preferencialmente o primeiro,

    pois as influncias positivas recebidas iro ocupar o sono e

  • Manual de tiro com pistola

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    sero armazenadas no subconsciente. O perodo aps acordar tem tambm

    vantagens, designadamente por se estar mais descansado e recetivo do que

    noite.

    Entre outras coisas, a autossugesto provoca o chamado sentido inconsciente

    de finalidade, porque todas as aes e pensamentos so tomados com um

    objetivo. Se um atirador consegue melhorar a sua prestao atirando contra

    fortes oponentes, certamente que a sua preparao para a competio foi

    orientada para uma boa execuo. Mas o sucesso deve ser atribudo, sem

    dvida, sua preparao no campo da autossugesto. O atirador, porm,

    quando lhe for perguntado a que atribui o sucesso, provavelmente responder

    apenas que "estava em dia sim".

    Para que o desejo de ter sucesso no fique apenas pelo desejo, necessrio

    diligenciar nesse sentido. No tiro, nada lhe servido numa bandeja de prata. A

    prestao com base numa boa preparao fsica, tcnica e psicolgica a

    nica coisa que conta e que pode levar ao sucesso.

    A FORMAO DE COMPLEXOS E AS CONTRA MEDIDAS POSSVEIS

    Os atiradores so extremamente suscetveis de ganharem certos complexos,

    provavelmente porque a modalidade comporta vrias possibilidades de erro.

    Os exemplos seguintes so apresentados para mostrar at que ponto os

    nossos esforos tm de ser intensos se pretendemos ser capazes de contrariar

    com sucesso as perturbaes provocadas pelos complexos. Gostaria de

    acrescentar que estes complexos, a que podemos chamar os nossos

    complexos-padro, perdero gradualmente os seus efeitos negativos uma vez

    que forem expostos:

    Um atirador faz sempre um 8 nas provas. Ele diz ento para si - e passa a

    acreditar - que lhe h-de aparecer um 8 e, mais tarde ou mais cedo, ele vai

    fazer esse 8. Quanto mais cedo melhor, porque a partir da ir

  • Manual de tiro com pistola

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    atirar mais vontade, uma vez que esteve inibido at ao seu aparecimento. E

    possvel omitir esse 8 aparentemente obrigatrio. Se, depois de uma

    autossugesto positiva, a puder levar prtica, ele estar curado desse

    complexo.

    Se o atirador pretende melhorar a posio da mo, deve alterar o punho. Mas

    se estiver permanentemente a alter-lo, nunca ter a segurana, em prova, de

    que o punho est efetivamente to bom como parecia nos treinos.

    Este complexo tem tendncia a propagar-se, porque frequentes alteraes nos

    punhos no se traduzem em segurana e o atirador embirra com o punho

    exatamente porque no se sente seguro. No havia, de facto, nada to bom

    como um punho que disparasse sozinho e fizesse sempre 10!

    Para um atirador, o alvo est demasiado alto, para o outro demasiado baixo.

    Tambm pode ser o vento, a luz ou mesmo o companheiro do lado que

    protesta quando faz maus tiros. Tome cuidado! Estas desculpas, se forem

    repetidas, acabaro por se transformar em complexos. Se o atirador diz

    "sempre que o vento vem da esquerda atiro mal", ento o complexo j existe

    de facto e impede-o de atingir um bom resultado, porque parte para a prova

    com um sentimento negativo de que vai atirar mal por o vento estar da

    esquerda {ou porque a carreira de tiro tem uma porta que abre e fecha, ou

    porque est um dia de calor, etc.). A formao de complexos deste tipo pode

    ser evitada se o atirador se criticar a si prprio de uma forma verdadeira e no

    da altura do alvo, do vento, do punho ou das munies. Uma atitude mental

    correta vital para o sucesso e ajuda-o a vencer o medo, porque o torna mais

    confiante em si prprio.

    difcil fazer o esforo necessrio para se livrar dos complexos atravs de

    uma alterao paciente da maneira de pensar. Mas se a sua prestao comea

    a estagnar e no chega a lado nenhum pelos processos habituais, ento deve

    fazer um esforo ou a situao vai piorar ainda mais.

  • Manual de tiro com pistola

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    TREINO MENTAL

    O Professor Gerschler (psiclogo alemo) diz o seguinte: "A qualidade da

    prefigurao de um movimento influencia a execuo desse movimento".

    Assim, se o atirador se concentrar na execuo perfeita de um tiro de duelo,

    pode estar certo de que o vai executar de acordo com o conceito que fez

    desse tiro anteriormente, mesmo que no tenha preenchido totalmente todos

    os requisitos. Por outro lado, a mera ideia de um movimento sem

    concentrao pode ser a causa de um movimento descoordenado durante a

    execuo, mesmo tratando-se de um atirador experiente.

    Por exemplo, se um atirador pensa na possibilidade de uma gatilhada ou de

    uma tremura do pulso quando estiver a apontar, muitas vezes acontecer essa

    falha ocorrer imediatamente. Uma m prefigurao ou uma m conceo do

    movimento que se ir seguir, levar tambm a que o brao descreva uma linha

    ondulante quando for levantado, ou a deixar passar as miras para alm da

    zona de pontaria, e provavelmente a uma gatilhada. E portanto absolutamente

    essencial um pensamento positivo, livre de todas as dvidas, para o treino

    mental. A resoluo pela negativa, "no devo dar uma gatilhada", deve ser

    substituda por uma positiva, "tenho de puxar o gatilho progressivamente",

    para que o atirador no seja recordado de um erro, mas sim de uma ao

    correta.

    No sentido de se preparar convenientemente para uma competio futura e

    para o clima de competio, de todo o interesse "fazer" a prova

    mentalmente, pelo menos uma vez, com todas as eventualidades possveis e

    concebveis, sem quaisquer concees de classificaes ou de resultados, mas

    sim com uma atitude positiva permanente, centrada na boa execuo de cada

    tiro de prova. As avarias tambm devem ter lugar nesta competio simulada,

    porque se estiver preparado para elas menos de surpresa ser colhido se

    efetivamente ocorrerem, e poder remedi- las calmamente. D um bom uso

    sua capacidade imaginativa. Mas re

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    pare que, se o seu pensamento for negativo, a sua imaginao pode ter um

    efeito igualmente negativo. Se falhar, no entre em pnico: procure a causa do

    erro. A razo da escorregadela pode ser encontrada imediatamente.

    INFLUNCIAS NEGATIVAS

    O medo sempre negativo. Uma pessoa nervosa nunca perder o medo se se

    considerar a si prpria uma pessoa nervosa, porque est permanentemente

    sujeita influncia da sua autossugesto negativa. O medo originado por

    uma certa insegurana, a dvida acerca das suas prprias possibilidades. O

    medo provoca habitualmente um estado de agitao incontrolvel, cujo efeito

    visvel a tremura. O atirador no deve pretender eliminar a tremura a todo o

    custo, mas procurar razes para que isso no acontea. S quando for capaz

    de identificar a falha que provoca o seu nervosismo, estar em condies de o

    eliminar atravs de um pensamento positivo e de no voltar a sentir o seu

    efeito perturbador. Experimente esta frmula tranquilizante: "O tempo est

    bom; eu estou de sade; estou aqui a atirar porque gosto de atirar..." Ou

    ento esta: "H pessoas ali atrs que esto espera de que eu me "espalhe".

    Ser que lhes vou fazer a vontade, ou que lhes vou mostrar que h mais

    qualquer coisa dentro de mim do que lhes parece?".

    No se deixe esfarelar: lute dentro de si mesmo e ponha c fora o que capaz de fazer.

    Se o atirador ainda no conseguiu ultrapassar os seus medos, no deve

    convencer-se de que j no tem medo. O que parece estar mais prximo da

    verdade que ele foi perdendo um pouco de medo depois de cada prova.

    As crianas nervosas transformam-se muitas vezes em adultos corajosos.

    Esta transformao tem lugar, parcialmente, no subconsciente, devido a

    sentimentos, desejos e aspiraes, e muitas vezes so tambm

  • Manual de tiro com pistola

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    experincias com sucesso que reduzem o medo.

    Se uma criana tem de fazer um salto de plinto perante toda a classe e falha,

    provavelmente ficar sempre com medo deste salto, a menos que rena toda a

    sua coragem e repita o salto. Esta experincia dar-lhe-o a certeza de que as

    coisas podem ser feitas se houver coragem para se arriscar a faz-las. A partir

    daqui, ela ir treinar o seu salto at o fazer na perfeio e nunca mais ter

    medo dele.

    Aplicando isto ao tiro, h alguns atiradores que tm de demonstrar a sua

    coragem. Se, por exemplo, um atirador est quase a disparar um tiro e, por

    qualquer razo, comea a duvidar se ser ou no um bom tiro, mesmo que o

    deseje ardentemente nunca far um 10. O estado de dvida torna-o indeciso e

    desconcentrado. Nesta situao, o atirador demonstra coragem se baixar o

    brao e retomar a posio depois de um momento de descontrao. Se ele no

    for capaz de baixar o brao, quer dizer que no se importa de fazer um mau

    tiro, e no deve ficar surpreendido de lhe aparecer um 8 ou um 7. Um atirador

    que hesita nunca s