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Manual sobre técnicas preservação de sementes e vulgarização de sementes tradicionais conservadas Proyecto: Apoio a Promoção da Soberanía alimentar e a Medicina tradicional com Equidade de Genero nas Regiões de Oio, Cacheu e Bafatá (Guinea Bissau) (PR803D 17 /2012)

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Manual sobre técnicas preservação de sementes e vulgarização de sementes tradicionais conservadas

Proyecto: Apoio a Promoção da Soberanía alimentar e a Medicina tradicional com Equidade de Genero nas Regiões de

Oio, Cacheu e Bafatá (Guinea Bissau)(PR803D 17 /2012)

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A maquetación deste manual realizouse integramente con software libre.

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Manual sobre técnicas preservação de sementes e vulgarização de sementes tradicionais conservadas

Manual sobre técnicas preservação de sementes e vulgarização de sementes tradicionais conservadas

Formador: Iaia Djau

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Índice de contenido

1. INTRODUÇÃO ….................................................3

2.-SOBERANIA ALIMENTAR/SEGURANÇA ALIMENTAR …........................................................................ 7

3. CONCEITO ORGANIZAÇÕES DE BASE COMUNITARIA ....................................................12

4. SEMENTES ....................................................17

5. BANCO DE SEMENTES .....................................21

6.LEVANTAMENTO DE SEMENTES DE VARIEDADES NATIVAS ...........................................................27

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Este manual elaborado no quadro do projeto " Apoio a Promoção da Soberanía alimentar e a Medicina tradicional com Equidade de Genero nas Regiões de Oio, Cacheu e Bafatá (Guinea Bissau) (PR803D 17 /2012)"que fazemos chegar às mãos dos camponeses, das camponesas, dos técnicos e das técnicas e pessoas que se preocupam com o desenvolvimiento rural sostenible e duravél a través de diversos componentes como é a preservaração das sementes crioulas (nativas/locais) e apostam na produção agroecológica, destaca-se a importância das sementes para a boa saúde da vida camponesa.

Ao abordarmos as transformações ocorridas na agricultura, salientamos as conseqüências negativas do modelo imposto pelo monopólio das grandes empresas transnacionais,fundamentalemnte de agroalimentação, que buscam o controle de toda a cadeia produtiva, ou seja, desde os insumos, as sementes e toda a cadeia de a produção (fertilização química,control fitosanitario químico,etc). Para a Federação Camponesa KAFO não é esse o modelo que defendemos de cadeia productiva.

Assim busca-se neste manual demostrar a importância da agroecologia e da resistência das camponesas, dos camponeses e comunidades que teimosamente fazem das sementes crioulas/nativas um caminho para a sua autonomia e autosuficiencia alimentar.

A Semente crioula (nativas/locais) é vida e patrimônio dos povos. Agregam sabedoria milenar, experiência, cultura, mística e biodiversidade.

Para as comunidades, grupos e associações, organizar bancos de sementes crioulas é fundamental para fortalecer a produção, construir autonomia e distribuir sementes como forma de atividade geradora de rendimento.

1. INTRODUÇÃO

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Para manter a qualidade e a saúde das sementes crioulas (nativas/locais) precisamos ampliar nosso conhecimento técnico, observar nossas lavouras, registrar informações e partilhar as experiências e os conhecimentos entre os atores ativos da vida rural, em este caso na Guiné Bissau.

A qualidade da semente é, sem dúvida, um dos aspectos mais importantes para se alcançar o sucesso na produção agricola e hortícola. Vários fatores afetam a qualidade (genética, física, fisiológica e sanitária) das sementes durante o processo de produção,de ahí a pertinencia da realização de este tipo de formações.

As sementes devem ser produzidas seguindo as melhores técnicas e devem ser colhidas no momento certo e beneficiadas (limpas) de acordo com as exigências de cada espécie.

Geralmente, o/a produtor/a não utiliza as sementes logo após a colheita que, desse modo, necessitam ser armazenadas para os próximos cultivos. Assim, o objetivo principal de se conservar sementes nativas é a preservação da sua qualidade, a busqueda da autonomía dos/das camponeses/as e a melhora nas condições de vida rurais e nutricionais das populações.

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Segurança alimentar é um conjunto de normas de ter acesso ao alimento através de produção, transporte e armazenamento de alimentos visando determinadas características físico-químicas, microbiológicas padronizadas, segundo as quais os alimentos seriam adequados ao consumo.

Significa que toda criança, mulher e homem precisam estar certos de ter o suficiente para comer todos os dias, mas o conceito não diz nada sobre onde esse alimento vem ou como é produzido.

Soberania alimentar é o direito dos povos, comunidades e países a definirem as suas próprias políticas agrícolas, gestão e controlo de agua, pecuárias, laborais, de pesca, alimentares de forma a serem ecológica, social, económica e culturalmente apropriadas às suas circunstâncias exclusivas.

A soberanía alimentaria da prioridade as economías locais e aos mercados locais e nacionais e otorga o poder aos /as camponeses/as e á agricultura familiar, a pesca artesanal e ao pastoricia tradicional; coloca a produção alimentaria, a distribução e o consumo sobre a base da sostenibilidade (que interrelaciona ao ambiental com o social e o económico).

2.-SOBERANIA ALIMENTAR/SEGURANÇA ALIMENTAR

2.1.Conceito Seguranza Alimentar Soberania Alimentar

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Diversidade de sementes locais em Djalicunda (sede KAFO)

Ofrece uma estrategía para resistir e desmantelar o comercio libre e corporativo e o régimen alimentario actual, para encauzar aos sistemas alimentarios, agrícolas, pastoriles e de pesca para que pasen a estar gestionados pelos produtores locais.

O conceito de Soberania Alimentar surgiu em contraponto ao conceito de Segurança Alimentar, que basicamente garante comida para a população, não importa de onde, como é produzida.

Soberania alimentar tem a ver com alimentos saudáveis, com cultura, com hábitos alimentares, com sistemas locais, com respeito ao meio ambiente, etc. Abaixo segue alguns dos principais elementos que envolvem o conceito de soberania alimentar:

Camponeses/as: toda família camponesa tem direito a produzir alimentos saudáveis, de acordo com seus costumes, suas tecnologias e conhecimentos, garantindo a manutenção de seus hábitos alimentares e a autonomía de produção e decisão de comercialização participando nas decisões sobre a politica agricola do país.

Consumidores: toda família consumidora tem direito ao acesso a alimentos saudáveis, diversificados e a preços acessíveis, de forma a manter seus hábitos alimentares, garantindo alimentação equilibrada para a sua família.

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A.- Constitução De Guinea Bissau:

A Constituição é também chamada constituição da república, é lei fundamental, lei suprema, lei das leis, lei maior, carta magna, carta mãe. Concretamente, além de ser a lei básica do Estado (perspectiva jurídica), a Constituição é também a norma fundamental ordenadora e conformadora da vida social(perspectiva sociopolítica), em cujo âmbito se formulam os fins sociais onde, afinal, se ordena o processo político como um todo.“ A Constituição é, pois, o conjunto de normas estruturais de uma dada sociedade política.

B.- Lei De Terra (lei 5/98 De 28 De Abril ):

O artigo 4º epigrafado como “Do uso da terra” reconhece a todos os cidadãos o direito de uso privativo da terra, sem discriminação de sexo, de origem social ou de proveniência dentro do território nacional.

A Lei da Terra cinge igualmente sobre os aspectos da sustentabilidade de utilização da terra. Assim na al. c) do seu artigo 5º dispõe que a utilização dos solos tomará em consideração a multiplicidade das suas funções ecológicas e a sua consideração como recurso limitado. O que equivale dizer, que a exploração da terra deve ser feita de tal maneira que ela sirva não somente as pessoas hoje, mas, também que possa servir as pessoas amanhã.

A Lei da Terra chama a si a preocupação legal sobre a segurança alimentar ao preceituar no nº1 do artigo 20º quanto à exploração das terras no regime do uso consuetudinário que nas terras sujeitas às regras de uso consuetudinário, utilizadas e geridas de acordo com as práticas tradicionais, procurar-se-á sempre uma gestão racional e equilibrada dos recursos e a satisfação das necessidades básicas das populações.

2.2. Legislação Guinense Sobre Seguranza Alimentar

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C.-Lei De Florestas (lei 4-A/92 DE 17 De Setembro De 2012)

A Lei Florestal tende a proteger as florestas como património nacional, mais um bem público. As florestas são fonte para a procura de alimentos, medicamentos tradicionais, matéria-prima para o artesanato caseiro, material de construção de casas, cerimónias de fanado, fonte de arranjar dinheiro a través de atividades geradoras de rendimento económico com por exemplo, transformação e comercialização de produtos frutais silvestres a través de sumo, compotas, a queima de carvão para a venda etc.

Segurança Alimentar e Nutricional é a garantia do direito de todos/as ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e respeitando as características culturais de cada povo, manifestadas no ato de se alimentar. Esta condição não pode comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, nem sequer o sistema alimentar futuro, devendo se realizar em bases sustentáveis.

É responsabilidade dos estados nacionais assegurarem este direito e devem fazê-lo em obrigatória articulação com a sociedade civil, dentro das formas possíveis para exercê-lo.

O direito à alimentação e à proteção contra a fome é há muito tempo reconhecido em acordos internacionais (multilaterais e regionais). O artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas estabelece claramente a segurança alimentar entre os direitos humanos fundamentais. Contudo, ainda não se dispõe de mecanismos que o tornem efetivo.

A proposição de colocar a segurança alimentar como um eixo estratégico de desenvolvimento, pressupõe o reconhecimento de que há uma questão alimentar nos processos de desenvolvimento que se deve a três fatores. Primeiro, estar

2.3. Estratégia De Segurança Alimentar E Nutricional Na Promoção Da Agricultura Familiar

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adequadamente alimentado constitui um direito humano básico enquanto condição vital da existência. Segundo, o conjunto de atividades ligadas à produção, distribuição e consumo de alimentos (o sistema alimentar) desempenha um papel central na configuração econômica, social e cultural dos países. Terceiro, as questões ligadas aos alimentos e à alimentação devem ser sempre fonte de preocupações e de mobilizações sociais, e objetos permanentes das políticas públicas.

Nos países em que a população rural constitui a maior parcela da população, os instrumentos de proteção da produção agroalimentar local adquirem maior importância.

Os recursos disponíveis podem dirigir-se tanto aos produtos essenciais de mercado interno como aos de exportação, segundo sejam as melhores possibilidades de geração de renda aos agricultores e o abastecimento do mercado interno. Em todos os casos, colocam-se como ferramentas essenciais o associativismo entre produtores e sua capacitação para agregar valor aos seus produtos, a redução da intermediação mercantil e o estabelecimento de bases mais equânimes de negociação entre ambos agentes; mas o enfrentamento do mercado pode, em alguns casos, colidir com a conservação de valores das sociedades rurais como ocorre na África.

É de urgencia tomar medidas meio ambientáis que parem o deterioro de o chão, que promovam o seu uso correcto a través de planos e programas que elaborem produtos de consumo sas,

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sem contaminantes que afectem a saudé e ao meio ambiente.De ahí, que como paso estrategico global a soberanía alimentar é o seguinte passo a loitar estrategicamente fundamentalmente em organizações camponesas como a Federação KAFO.

O importante depois de todo, é consumir o que producimos localmente de manera não modificada genéticamente e pódenos ofrecer a natureza de forma optima, respeitando e protegendo a biodiversidade.

Na Guiné-Bissau a proliferação das Organizações de Base está intimamente ligado com os projectos de Apoio ao Desenvolvimento Integrado que foram implementados em todas as regiões do país. Logo após a independência (1975-1990). Estes projectos visavam a formação de homens e mulheres capazes de servir de ponte para a promoção do desenvolvimento económico, social e humano das comunidades.

Os grupos de interesse – São organizações que se mobilizam temporariamente para a realização de actividades de caracter cíclicas, pouco estruturadas e que não funcionam de maneira permanente. O pagamento das quotas e jóias tem um caracter esporádico e está intimamente ligado ao período e as necessidades da acção. São organizações pouco formalizadas, sem registos de contas, relatórios, actas, estatutos e regulamentos internos, desprovida de personalidade jurídica.

Os Agrupamentos – São organizações que se mobilizam de maneira pouco mais ou menos permanente para a realização das suas actividades. Mais estruturadas do que os grupos de

3. CONCEITO ORGANIZAÇÕES DE BASE COMUNITARIA

3.1. Tipos De Organizações De Base.

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interesse e funcionam de maneira permanente. Os órgãos sociais são eleitos periodicamente em Assembleia Geral. Os órgãos sociais funcionam de maneira autónoma e no seio das quais existe uma certa definição de funções e partilha de poder. O pagamento das jóias e quotas é mais regular. São organizações mais formalizadas, com registos de contas, relatórios, actas, com estatutos e regulamentos internos, mas desprovida de personalidade jurídica.

Reunião Mulheres socias de KAFO

As Associações – São organizações que se mobilizam de maneira permanente para a realização das suas actividades. Mais estruturadas do que os agrupamentos e funcionam de maneira permanente. os órgãos sociais são eleitos periodicamente em Assembleia Geral, a qual prestam contas. Os órgãos sociais funcionam de maneira autónoma e no seio das quais existe uma definição nítida de funções e partilha de poder. O pagamento das jóias e quotas é regular. São organizações mais formalizadas, com registos de contas, elaboração de relatórios e actas, com estatutos e regulamentos internos e com personalidade jurídica própria.

As Federações – São organizações que congregam vários associações e que se mobilizam de maneira permanente para a realização das suas actividades. Funcionam de maneira

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permanente. Os órgãos sociais são eleitos periodicamente em Assembleia Geral, a qual prestam contas. Os órgãos funcionam de maneira autónoma e no seio dos quais existe uma definição nítida de funções e partilhas de poder. O pagamento das jóias e quotas pelas associações membros é feita regularmente. São organizações mais formalizadas, com registos de contas, elaboração de relatórios e actas, com estatutos e regulamentos internos, e com personalidade jurídica própria.

O movimento associativo tem sido crucial para o desenvolvimento das zonas rurais e peri – urbanas. Ele tem servido de elemento catalisador para pessoas ou comunidades que possuem mesmo objectivos, unirem as suas forças para o benefício mútuo, visando a melhoria das condições de vida dos sócios e das socias e a educação dos seus membros para o respeito dos direito politicos,sociais,civís e economícos e deveres cívicos.

Atividades de difusão pela ASoc.de Mulheres membro de KAFO em Radio Voz de Djalicunda

3.2. A Importância , Vantagens E Benefícios Duma Organização De Base.

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• Aprendemos planificar e gerir em conjunto;

• Participamos na apropriação dos rendimentos e/ou dos excedentes;

• Reforçarmos o nosso engajamento nas actividades comuns da organização;

• Privilegiamos o interesse dos membros da organização;

• Participamos nas formações;

• Participamos nas tomadas de decisão;

• Melhoria das condições de trabalho;

• Ajuda mútua no trabalho;

• Aumenta o rendimento dos seus sócios;

• Maior segurança dos rendimentos;

• Facilita o acesso a educação e a formação dos seus membros;

• Promove o desenvolvimento da comunidade;

3.3. As Vantagens Do Movimento Associativo São Múltiplas:

3.4. Os Benefícios Do Movimento Associativo São Diversos:

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• Dinamizar a cooperação com outras localidades e organizações

a) Semente – É um ser vivo com capacidade de germinar e produzir uma nova planta, quando proporcionada as condições favoráveis. Portanto, sua qualidade é medida ou avaliada, pelo estado fisiológico, ou como material de reprodução vegetal de qualquer gênero, especie ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenha finalidade especifica de semeadura.

- É organismo vivo que não deve ser submetida a uma temperatura anormal, teor de humidade impróprio, e não tolera mal trato;

- Elo de ligação entre as gerações de plantas;

- Transportadora de genes (cada especie tem numero de cromossomas correspondente);

- É a base da nossa agricultura

b) Grão – É um ser não necessariamente vivo, destinado ao consumo como alimento ou matéria – prima para fins industriais. Assim, a sua qualidade é caracterizda pela aparência e pelas propriedades fisico-quimicas.

4. SEMENTES

4.1.Conceito De Sementes:

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O objetivo desse capitulo é abordar a questão das sementes crioulas e os geneticamente modificados (ex. hibridas ou OGM) nas comunidades rurais, e refletir sobre os possíveis efeitos desses organismos geneticamente modificados nas sementes crioulas das comunidades rurais, numa abordagem sobre soberanía alimentar.

Sementes crioulas (nativas/locais) são aquelas utilizadas por comunidades rurais tradicionais nas suas lavouras de forma ancestral, com características peculiares que são a sua uniformidade,respeito á biodiversidade e sua pureza, por não terem sofrido modificações genéticas. Estas sementes, geralmente, são nativas,oriundas,especificas do lugar. Estamos falando da imensa diversidade genética de culturas alimentares agricolas e hortícolas que as famílias camponesas mantiveram ao longo da história de forma natural.

A semente além de ser um alimento, representa muito mais, pois retrata a cultura de cada comunidade, já que é por meio da alimentação que um povo mais expressa sua cultura seu modo de viver.

Sementes Hibridas e os trangenicos (Organismos genericamente Modificados -OGM) são aquelas sementes ou plantas que sofreram modificações em seu código genético, ou seja, no seu DNA. Os alimentos transgênicos, atualmente, são alvo de grandes discussões no meio acadêmico, especialmente no que se refere a sua liberação no meio ambiente e seus possíveis danos, visto que não se sabe quais esses danos e qual seria sua extensão.

Comunidades rurais tradicionais são aquelas formadas pelas populações que vivem no meio rural que preservam as suas identidades socio cultural. É chamada de comunidade tradicional porque possui um modo de viver e pensar diferente da maioria das pessoas que vivem nos grandes centros urbanos.

4.2 Sementes Melhoradas E Sementes Nativas/crioulas

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Além do modo de viver, os costumes geralmente são também bem diferentes dos da sociedade em que estamos inseridos. Há também o saber (conhecimento tradicional) que essas comunidades tradicionais possuem. Assim, o conhecimento oriundo dessas comunidades tradicionais deve ser de grande interesse para todos aqueles que se preocupam com um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Deste modo, podemos então dizer que as sementes crioulas são as que:

1) melhor se adaptam a cada região onde ocorrem, visto que elas se aperfeiçoaram por meio da seleção natural, na qual os indivíduos mais vigorosos permanecem.

2)Ainda, pode-se somar a essa constatação que, com a utilização das sementes crioulas, o/a agricultor/a de comunidades tradicionais pode armazenar sementes de uma safra para outra, não precisando, dessa forma, comprar sementes comerciais, as quais geralmente são perecíveis de um ano para outro, mas sim usar as sementes de sua própria lavoura antecedente.

3)O pequeno agricultor tem mais condições de enfrentar uma seca prolongada se cultiva e seleciona variedades locais e tradicionais, melhorando a sua adaptação ao meio

Contudo, semente crioula ou nativa é um termo, pois não é reduzido apenas a sementes em si, mas também pode se referir a tubérculos, como batata, mandioca, entre outros alimentos conhecidos.

Com todos os benefícios descritos sobre as sementes crioulas não podemos deixar de lado o benefício do avanço tecnológico, especialmente no que se refere aos avanços da biotecnologia, visto que, por meio desta, é possível se resgatar culturas perdidas com o tempo e desenvolver técnicas de grande importância para o desenvolvimento humano e proporcionar melhor qualidade de vida. Todavia, devem-se respeitar os limites que a natureza nos impõe, e nesse momento agir com extrema cautela é imprescindível.

O lado positivo do saber tradicional é que ele não procura obter uma vantagem econômica, ele é passado por pura tradição cultural, pela troca de conhecimento, seja entre grupo, comunidades ou povos. Já conhecimento científico geralmente

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procura obter uma vantagem econômica, sem olvidar que há também a preocupação com o social, no entanto, por vivermos numa sociedade capitalista, a questão econômica, por diversas vezes, prevalece. Justamente, é o que ocorre com o uso de transgênicos, que muitos foram elaborados com o intuito de diminuir as perdas e aumentar os ganhos econômicos, sem levar em consideração as conseqüências sociais,culturais,de saúde e medioambientais que essa modalidade poderia acarretar.

Outros pontos importantes, que não se devem esquecer, é que mesmo quando se usa semente crioula, não é aconselhável praticar a monocultura, devido ao desequilíbrio natural que ocorre com aumento de pragas e doenças em conseqüência da fartura de alimentos que esses seres encontram concentrados. A prática mais adequada é a chamada de bosque ou sítio, onde coexistem várias espécies diferentes, aproximando-se ao aspecto de floresta, que é o ideal para se obter um equilíbrio do meio ambiente. Contudo, fazendo um plantio de maneira racional, as dificuldades de colheitas e semeaduras diminuem sensivelmente.

A agricultura, com o passar do tempo, sofreu várias mudanças, acompanhando o desenvolvimentismo e atendendo os interesses dos interesses economicos mundiais(farmaceuticas,empresas de agroalimentação, entidades financieras,etc). Uma dessas transformações foi a engenhariaa genetica que provocou muitas conseqüências negativas sobre a agricultura em geral e sobre a agricultura camponesa em particular, onde os pequenos agricultores foram os grandes perdedores.

A natureza sofreu grande devastação com esta forma de fazer agricultura, contaminando o solo, reduzindo a biodiversidade, contaminando águas (de superfície e subterrâneas), devastando

4.3. Efeitos Da Engenharia Genetica Sobre A Agricultura Camponesa

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biomas, alterando climas e desertificando vastas regiões. Só uma parte dos/as agricultores/as teve ou está tendo acesso a algumas melhorias nas suas condições de vida. A saúde ficou comprometida devido ao uso continuado de venenos (defensivos quimicos).

Após a disseminação da engenharia genetica as empresas decidiram aumentar ainda mais o controle sobre a produção agrícola. Chegam “modernizando” com tecnologia de ponta e sementes geneticamente modificadas.

Com essas tecnologias prometem aumentar a produção agrícola, acabar com a fome e facilitar a vida e o trabalho dos agricultores. Porém aumentam a dependência dos camponeses e das camponesas às indústrias.

As empresas vendem seus produtos casados, ou seja, uma semente doente e dependente de um pacote químico (venenos e adubos) fornecido pela mesma empresa. O camponês empobrece e é explorado enquanto as empresas aumentam seus lucros, o domínio da cadeia produtiva e seu poder.

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O banco de sementes crioulas é o local ou espaço fisico onde guardamos e armazenamos as sementes após estarem secas e selecionadas.

Banco de Sementes-Centro Camponês de Djalicunda(Sede KAFO)

As famílias produtoras colocam suas sementes no bancoa e retiram na hora do plantio. É um espaço de troca de sementes entre as famílias do local (da comunidade) e com famílias de outras comunidades, sectores e até de outras regiões do País. Quanto mais pessoas tiverem acesso mais se amplia a rede de produção e distribuição de sementes crioulas.

O banco de sementes auxilia no resgate e na armazenagem das variedades locais, cada família que produz é uma guardiã destas sementes. É importante se dar conta de que temos que ampliar a quantidade de variedades produzidas e a quantidade de sementes produzidas.

Precisamos disponibilizar sementes para um maior número de famílias da comunidade do sector, e demais regiões do país.

5. BANCO DE SEMENTES

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Actualmente(2013), a Guiné Bissau , segum as normas de consumo oficiais (175 kg de cereais/pessoa/ano;arroz:129,9 kg pessoa/ano)as necesidades alimentares são estiamdas em 299.521 toneladas de cereais,das quais 222.330 em arroz.

Banco sementes tabanca de Buba (Farim)

O banco de sementes crioulas é um modelo alternativo de administração coletiva da reserva de sementes necessária para o plantio. São organizações comunitárias que buscam a auto-suficiência na armazenagem de sementes crioulas, garantindo sementes para o plantio na próxima safra. Junto ao banco de sementes as pessoas, famílias e grupos encontram um espaço de empréstimo, troca e disponibilização de sementes. Este sistema permite que cada família produza e melhore sua própria semente sob a gestão coletiva da reserva.

O banco de sementes deve ser organizada ao nivel da familia, pelos grupos, organizações e pela comunidade, a partir de sua realidade e necessidade. Mas, é importante divulgar sua organização e manter articulação com as demais, divulgando as experiências e socializando ações e resultados, bem como trocando sementes e adquirindo novas variedades.

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O banco de sementes crioulas, juntamente com as pessoas que as produzem são responsáveis pela preservação e reprodução das sementes. É importante para a manutenção da diversidade agroecológica e sociocultural das comunidades e povos.

Nos dias atuais, as sementes estão sendo colocadas como forma de poder e dominação. No mundo, grandes grupos empresariais impõem as sementes híbridas e transgênicas. O que durante doze mil anos foi símbolo de autonomia e segurança alimentar passa a ser símbolo de poder, dominação fome, pobreza e morte. Deixar as sementes sob controle de empresas que busca na dominação a possibilidade de obter lucros, acima de tudo, é a perca da soberania dos camponeses, das camponesas, dos povos e dos países.

Resgatar variedades de sementes crioulas é urgente para reconstruir a soberania alimentar dos povos, produzir com qualidade, diversidade e manter a vida no planeta. Nesse sentido o banco de sementes crioulas têm uma importância fundamental, pois as sementes crioulas tornaram-se símbolo da luta pelo direito à vida, à diversidade, ao enfrentamento e resistência às sementes hibiras e transgênicas.

A sobrevivência das variedades locais depende da perpetuação do modo de vida camponês. Quando desaparecem os camponeses/as e sua cultura, desaparecem as variedades tradicionais. A necessidade de preservação é fundamental para

5.1 Importancia De Banco De Sementes

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a sustentabilidade dos sistemas produtivos e o desenvolvimento de regiões.

Assim, “um aumento da diversidade de cultivos crioulos contribui para o aumento e a melhor distribuição da renda familiar, propicia a autonomia na oferta de alimentos para a família, maior flexibilidade para enfrentar as adversidades climáticas e as oscilações de mercado, contribui na recuperação e manutenção da fertilidade natural dos solos, beneficiando o rendimento dos cultivos, maior eficiência no uso do espaço e na mão-de-obra.

O aumento da variabilidade genética permite melhorar o rendimento das culturas e o enfrentamento às adversidades climáticas e maiores opções para a comercialização. A melhoria da capacidade de armazenamento e beneficiamento permite aumentar a qualidade física das sementes e a redução das perdas por problemas de estocagem.

Os bancos de sementes permitem uma maior autonomia na provisão de sementes; a possibilidade de financiamento dos sistemas produtivos, um espaço de formação e de maior intercâmbio de recursos genéticos, de informações entre os agricultores e fortalece as práticas de organização comunitária.

Semente crioula é símbolo de vida e fartura, por isso um banco de sementes organizada em cada comunidade é sinal de compromisso com a continuidade da vida. É resgatar, além da biodiversidade, o poder, a auto-estima, a identidade, a cultura e a soberania alimentar da comunidade e região.

Reúna seus vizinhos e as organizações que existem na sua comunidade, principalmente as pessoas que já produzem sementes crioulas, estudem sobre o tema, partilhem conhecimentos e experiências. Também é necessário fazer um levantamento das variedades que já são produzidas na comunidade ou nas sua zonas e a quantidade de sementes produzidas.

5.2 Como Criar E Organizar Um Banco De Sementes

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Em conjunto, decidir sobre como proceder para a organização do banco de sementes e como se dará a participação de cada pessoa, família e grupo. O ideal é que se organize um espaço (local) onde as sementes sejam classificadas e armazenadas.

O espaço deve estar num local que facilite o acesso,com certa aireação e condições de higiene.

Cada pessoa/grupo deve-se comprometer a plantar as sementes de disponibilizar uma quantidade para o banco, e sempre ir trocando com vizinhos de outras comunidades, sector ou de outras regiões se possivel.

O banco de sementes deve ter um comite de gestão formado pelas pessoas seleccionadas para os diversos cargos segum o regulamente de funcionamento do Comite de gestao de KAFO (por exemplo: presidente/a, vicepresidente/a,tesoureira/o, secrtaria/o, fiscal,animador/a etc).

As pessoas e as organizações que participam do banco de sementes devem ter tecnicas e praticas de produção de sementes decidir coletivamente sobre a sua manutenção e a disponibilização de sementes para troca e para a venda. Com o resgate das variedades crioulas a conservação da pureza

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genética das sementes requer atenção para que estas não sejam contaminadas com semnetes melhoradas (hibridas, tengenicas, etc).

A liberação dos cultivos de sementes melhoradas é uma grande ameaça às comunidades tradicionais, provoca a perda da autonomia produtiva e coloca em risco a soberania alimentar dos povos. No processo de produção é importante garantir a qualidade das sementes crioulas. Para isso é importante ter conhecimento, capacitação, acompanhamento técnico, bem como realizar e participar de encontros que possibilitem maior acúmulo teórico e prático sobre os processos de reprodução de cada variedade e espécie de plantas e tmabém de animais.

A estretegia mais importante para a vulgarização das sementes nativas/crioulas para se poder instalar na comunidade,é um banco de sementes crioulas,sendo então preciso que os agricultores e as agricultoras levem em conta alguns fatores, tais como:

• a) Identificar os motivos que levaram à organização do banco de sementes crioulas;

• b) Discutir na comunidade, a forma de gestão do banco de sementes comunitária;

6.1. Estrategias De Vulgarização Das Sementes Nativas/crioulas

6.LEVANTAMENTO DE SEMENTES DE VARIEDADES NATIVAS

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• c) Saber o tipo de sementes (Agricolas/hortícolas) que a comunidade mais necessita de imediato e a longo prazo;

• d) Saber quais variedades e qual a quantidade existente de sementes (Agricolas/hortícolas) na comunidade;

• e) Conhecer as práticas técnicas de como coletar (no caso de sementes de árvores) ou colher (no caso de cultivos de agricolas, horticolas ou de plantas medicinais) as sementes e realizar o beneficiamento adequado para o armazenamento no banco;

Definidas as necessidades da comunidade, em termos do fornecimento de sementes de variedades crioulas e a estratégia adotada na organização e na gestão de uma casa de sementes, é preciso organizar um levantamento da quantidade e das variedades de sementes necessárias para atender a demanda da comunidade.

Também é importante saber o número de variedades e a quantidade de sementes de cada uma existentes no banco, e a necessidade de se buscar sementes de fora da comunidade.

Cada agrupamento/pessoa deverá produzir diversidade alimentar usando sementes de variedades crioulas, e também fazer lavouras destinadas à produção e à venda.

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Durante o processo de produção, o camponês, a camponesa deverão anotar informações importantes,a través de uma ficha técnica especifica onde serõ recolhidos dados de interesse.

A informação base da ficha técnica será em primeiro lugar reconstituir a história da semente:

• a) de onde veio(origem);

• b) quem produzia(local de produçao/productor);

• c) como era usada a variedade;

• d) ano de produção;

• e) suas características biologicas;

• f) história e estórias, lendas e saberes sobre o cultivo.

Amais a ficha tñecnica deberá ter informações gerais conforme as diversas culturasa alimentares agricolas ou hortícolas.

Tendo o milho como exemplo explicativo, desde o plantio,serão recolhidos os dados de interesse tais como:

• a) número de dias do plantio à colheita;

• b) cor da semente;

• c) tipo de grão;

• d) altura do pé;

• e) altura da espiga;

• f) tipo de espiga;

• g) número de carreiras de grãos;

• h) empalhamento e cor da palha;

• i) cor do pé;

• j) cor da flor;

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• k) consistência da semente;

• l) incidência de caruncho;

• m) quantidade produzida por hectare;

• n) se há incidência de doenças, quais;

• o) tipo de vagens;

• p) ciclo da planta.

No caso do feijão, por ejemplo a ficha técnica deveria tes as seguintes informações adicionais a anotar:

• a) se consome o grão ou a vagem;

• b) se planta consorciado e com o quê;

• c) o que mais gosta na variedade;

• d) no que pode ser usada a variedade produzida;

• e) e outras informações que acharem necessárias.

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No caso do arroz,a ficha técnica amais deberia levar as seguintes informações:

• a)ecosistema

• b)ciclo

• c)rendimiento/hectarea

• d)Persistencia

• e)aspeto organolético

Estas informações podem ser organizadas em um fichário arquivado no banco de sementes. Para cada variedade é necessário preencheruma ficha, que deverá em primeira instância, servir ao camponês e à camponesa, como registro das informações.

Por fim, ser enviada à organização do movimento para constituir uma base de dados com informações de todos os bancos de sementes existentes e poder contribuir no processo de multiplicação e distribuição de sementes, bem como no intercâmbio das variedades com camponeses/as de outras regiões. Possibilitando então, viabilizar que mais camponeses/as tenham a sua própria semente crioula e as utilize nos processos de produção de alimentos e de energia, ofertando produtos crioulos como por ejemplo para cantina escolar.

Para uma semente nativa ser de boa qualidade ela deve apresentar as seguintes características:

a) Pureza: uma semente pura, é a semente de fato, com o embrião vivo (não são propriamente grãos), tem que estar inteiras, limpas, sem sinais de doenças e pragas.

6.2 Caracteristicas E Qualidades Das Sementes

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b) Pureza genética: expressão no comportamento da planta quanto ao potencial produtivo, ou seja: apresenta as suas características botânicas e agronômicas bem definidas: tais como o seu ciclo, o hábito de crescimento, a arquitetura de planta, a resistência, a cor e o brilho da casca, etc.

c) Pureza física: sementes livres de: terra, pequenas pedras, partes da planta (folhas, galhos, etc.), sementes danificadas/quebradas, mofadas,ou de outras espécies.

d) Qualidade fisiológica: sementes em fase normal de desenvolvimento biológico. Possuem alta percentagem de germinação e alto vigor. A qualidade fisiológica é classificada a partir do poder germinativo e do vigor.

e) Poder germinativo: é a percentagem de sementes germinadas sobre o total de sementes viáveis da uma amostra ou de um lote.

f) Vigor: força, capacidade de crescer rapidamente e resistir aos ataques de pragas. Resistência a estresse ambiental (estiagem, seca) e capacidade de manter a viabilidade até o armazenamento (embrião vivo).

São fatores condicionantes do vigor: a planta mãe, as condições climáticas (umidade relativa do ar - UR e temperatura - T), a maturidade da semente, as condições ambientais de armazenamento, os danos mecânicos, a densidade e tamanho da semente, a idade da semente, a genética, o ataque de microrganismos e insetos, o manejo, a colheita e pós-colheita.

g) Uniformidade: sementes de mesma forma e tamanho (homogêneo).

A realização da colheita da semente na época adequado é de importância vital para o produtor, pois logo após atingir o pontode maturação pode ocorrer queda natural de sementes ocasionando series problemas, já que, além da

6.3 Colheita De Sementes

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impossibilidadede recuperá-las, podem se tornar fontes de contaminaçõespara as futuras plantações.

Isto ocorre normammente em campos de culttivos de especies como feijão, Quiabo (candja) e até mesmo no milho (milho bassil), cujas as frutas apos atingirem o ponto de maturação, apresentam deicencia natural (abertura) principalmente quando quando submetidas ai clima muito quente e secocomo ocorre no nosso pais.

A forma de colheita prodominante no nosso sistema de agricultura familiar é a colheita manual, que embora seja um metodo muito lento e mais despencioso, reduz significativamente as perdas de sementes.

Ao completarem a sua maturação, as sementes devem ser colhidas idediatamente, pois no campo, elas estão sijeitas à deterioração causadas pelas altas temperaturas, elevado teor de umidade e a acçãodos insectos e microrganismos.

Após a colheita, as sementes geralmente apresentam um teor de água elevado (estão mais úmidas), incompatível com o manuseio e armazenamento, necessitando, portanto, de secagem.

Um producto húmido ou fresco tem sempre água por dentro ou por fora. A humedade é o fator poe excelência de desenvolvimento de diferentes tipos de parasitos que atacam os produtos armazenados,proporcionando a sua rápida deterioração,isto é,perdas em quantidade e de qualidade.

6.4 Tecnicas De Secagem Das Sementes

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Secagem natural da semente Cacheu

O produto atinge a súa maturidade fisiologica no campo e conserva um certo teor de humidade na colheita ,que varía de acordo com as espécies (cereais,entre 20 e 28% de humidade;feijão e mancara entre 30 e 40%).No período pós-colheita,essa humidade deve ser reducida através de secagem,para garantir uma boa conservação,aumentar a durabilidade de conservação, preservar a qualidade genética (caso de sementes),evitar o desenvolvimento de bactérias,fungos e insectos,e minimizar as perdas quantitativas e qualitativas durante a industrialização.

Em regiões com baixa umidade relativa do ar e ausência de chuvas próximas à colheita, a necessidade de secagem é mínima para aquelas sementes provenientes de frutos secos (alface, cebola, cenoura, feijãovagem, milho-doce, quiabo, repolho, etc), uma vez que são colhidas bastante secas. Já aquelas sementes extraídas de frutos carnosos (abóbora, melão, pimentão, tomate, etc), apresentam maior umidade e devem ser secas antes do armazenamento.

Um dos métodos utilizados na secagem de sementes é o natural (ao sol), em que as sementes recém-colhidas são colocadas em lonas de cor clara e expostas ao sol durante um período mínimo de dois(2) dias. A secagem direta ao sol não causa danos às sementes, recomendando-se, portanto, o revolvimento das

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sementes várias vezes ao dia e guardálas ou protegê-las com lonas durante a noite.

A duração da secagem depende das condições ambientais(quando se trata do método natural),do teor de humidad inicial,destino do produto e tipo de secagem preconizado.Contudo,deve ter-se em conta que podem resultar alguns danos de uma exposição prolongada do produto aos raios solares ou calor (rebentamento de grãos,perda de faculdade germinatica).Assim,deve ter-se cuidado para não se prolongar demasiado a exposição ao sol.

Outro método é a secagem artificial (uso de secadores), que permite controlar as condições de secagem,adequando a temperatura do ar ás exigencias do produto a secar e,evantualmente ,ao destino do produto(sementes,descasque,conservação,etc) Mais com este método utilizam-se secadores de custo mais elevado.

Um aspecto prático para se “determinar” a umidade das sementes,técnicas simples para controlar o estado de secagem das nossas sementes são as seguintes :

A) Em caso de sementes abóbora, melancia, por exemplo, consiste em dobrar as mesmas e, se quebrarem facilmente, é por que estão “secas”.

b) Em sementes mais duras, pressione a unha na superfície, e se não permanecer a marca é também sinal de que as mesmas já estão “secas”.

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c) Auscultar o som emitido pelos grãos ao serem esfregados uns contra outros,dentro da palma de mão:se o som for seco o produto está seco;

d) Trincar com os dentes,um a um, alguns grãos e apreciar o seu estado de rigidez e o som seco que emite ao quebrar;

A embalagem de sementes é importante não apenas para o transporte, armazenamento e comercialização, mas também para a conservação da qualidade das sementes. As embalagens utilizadas para o acondicionamento das sementes variam com as necessidades e disponibilidade de materiais.

As embalagens mais indicadas são aquelas à prova de umidade, característica importante por não permitir que as sementes absorvam umidade durante o armazenamento.

Os envelopes aluminizados ou latas são os mais utilizados e comumente encontrados no comércio de sementes de hortaliças. Outras embalagens, como garrafas plásticas (PET), vidros, latas e sacos plásticos, de pano ou papel também podem ser utilizados, desde que previamente limpos e secos.

As sementes devem estar bem secas ao serem acondicionadas para que se mantenham viáveis durante um maior período de armazenamento. O acondicionamento de sementes com alto grau de umidade em embalagens impermeáveis acelera o processo de deterioração (envelhecimento das sementes).

Para sementes com grau de umidade acima do recomendado para o acondicionamento em embalagens à prova de umidade, as embalagens permeáveis são as mais indicadas. As embalagens permeáveis são constituídas por sacos de algodão, aniagem, papel, etc. e permitem uma maior troca de umidade entre as sementes e o meio ambiente.

6.5 Acondicionamento Das Sementes

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Assim, sementes secas acondicionadas nesse tipo de embalagem e armazenadas em locais com alta umidade relativa do ar terão um acréscimo no seu grau de umidade e, consequentemente, estarão sujeitas a uma maior deterioração (maior perda de qualidade).

As embalagens devem trazer informações sobre a espécie, cultivar e data, além de outras informações que o produtor achar necessárias.

O armazenamento é a forma de constituir uma reserrva,cuja finalidade é garantir a existência permanente ou durável de produtos agrícolas e hortícolas no seio da comunidade.

Há diferentes factores para realizar um optímo armazenagem:

6.6. Armazenamento Das Sementes

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• A) Boas condições de armazenamento tendem a deixar as sementes sempre próximas dos seus níveis originais de germinação, vigor, além da menor incidência de pragas e doenças.

• b) A temperatura e a umidade relativa do ar são fatores ambientais que atuam diretamente sobre as sementes, afetando o seu metabolismo e, conseqüentemente, sua vida útil.

• c) Altas temperaturas e umidade relativas do ambiente de armazenamento contribuem para acelerar a atividade respiratória das sementes, resultando em uma maior deterioração.

• d)Refrigeradores domésticos (geladeira) podem ser utilizados para o armazenamento das sementes.Na falta desses, as sementes devem ser armazenadas em local fresco, seco e com pouca luminosidade.

As embalagens devem ser mantidas em prateleiras ou estrados para evitar a absorção da umidade proveniente do piso.

Todos os cuidados devem ser tomados para não permitir a entrada de pássaros, roedores e animais domésticos no local de armazenamento.

A longevidade das sementes é uma característica genética da espécie, e somente a qualidade inicial das sementes e as condições do ambiente de armazenamento podem ser manipuladas

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Sanidade das sementes crioulas significa que a semente está em estado fisiológico adequado e sem estar machucadas, livres de pragas e de sinais de doença.

Em muitos países já existem laboratorios especializados, para determinação da umidade e a avaliação da germinação e a pureza das sementes e também realizam, teste de sanidade ou seja, analisam a incidência de microrganismos (fungos, bactérias, vírus e nematóides) nas sementes.

No nosso caso, comunidades rurais da Guiné Bissau, para se ter uma idéia da sanidadedas sementes e da germinação, por exemplo, o seguinte teste pode ser realizado:

• A) Semeie as sementes entre duas folhas de papel toalha umedecidas, colocando-se água, sem encharcar;

• B) após um período de 7 a 14 dias (dependendo da espécie e da temperatura ambiente - dias frios acarretarão em uma demora na germinação para a maioria das espécies), faça a contagem das plântulas emergidas.

Por exemplo, se foram colocadas 100 sementes para germinar e depois de determinado período contou-se 80 sementes germinadas, a germinação foi de 80%.

6.7 Sanidade Das Sementes

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Germinação de sementes de quiabo (candja)

Para proteger as sementes durante o armazenamento, podem ser aplicados alguns productos naturais para tratar-lo contra contra alguns patogenos (bichos), através de aplicação de productos naturais (tratamento fisico).

Sementes agricolas e hortícolas de espécies como feijão, vagem (feijão verde), milho-doce,arroz podem ser tratadas com com produtos naturais visando o controle de carunchos, insetos comumente encontrados por ocasião do armazenamento.

Estes são algums exemplo de produtos naturais que permitem o controlo de bichos por ocasião do armazenamento:

• a) Pimenta moida seca - na proporção de 50 gramas por 0,5 kg de semente;

• b) Nim - folhas verdes na proporção 50g gramas por 1 kg de sementes; variavel

• c) Farinha de casca de Lanja seco - na proporção de 100g por 1 kg de sementes