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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PATRICK DE MORAIS HANRIOT Análise das Causas Geradoras de Falhas na Logística Interna de uma Empresa Farmacêutica Dissertação submetida ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção. Área de Concentração: Produção e Tecnologia. Orientador: Prof. Renato da Silva Lima, Dr. Co-Orientador: Prof. Fábio Favaretto, Dr. Outubro de 2012 ITAJUBÁ

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    EM ENGENHARIA DE PRODUO

    PATRICK DE MORAIS HANRIOT

    Anlise das Causas Geradoras de Falhas na

    Logstica Interna de uma Empresa Farmacutica

    Dissertao submetida ao Programa de Ps

    Graduao em Engenharia de Produo como

    parte dos requisitos para obteno do ttulo de

    Mestre em Cincias em Engenharia de

    Produo.

    rea de Concentrao: Produo e Tecnologia.

    Orientador: Prof. Renato da Silva Lima, Dr.

    Co-Orientador: Prof. Fbio Favaretto, Dr.

    Outubro de 2012

    ITAJUB

  • 2

  • 3

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO

    EM ENGENHARIA DE PRODUO

    PATRICK DE MORAIS HANRIOT

    Anlise das Causas Geradoras de Falhas na

    Logstica Interna de uma Empresa Farmacutica

    Dissertao aprovada por Banca

    Examinadora em 02 de outubro de

    2012, conferindo ao autor o ttulo de

    Mestre em Cincias em Engenharia

    de Produo.

    Banca Examinadora

    Prof. Dr. Fabiano Leal (Examinador Interno)

    Prof. Dr. Jos Alcides Gobbo Jr. (Examinador Externo)

    Prof. Dr. Fbio Favaretto, UNIFEI (Coorientador)

    Prof. Dr. Renato da Silva Lima, UNIFEI (Orientador)

    ITAJUB

    2012

  • 4

    Dedico este trabalho a Deus e aos meus filhos, Joo

    Vitor, Daniel e quele que no chequei a ver com meus

    olhos, somente com o corao, mas que veio para mim

    no momento que mais precisei, e partiu ao cumprir sua

    misso.

  • 5

    Agradecimentos

    J conheci homens que se fizeram sozinhos na vida. Eu, entretanto, tive a sorte de ter

    vrias pessoas que me ajudaram. Considero-me abenoado por isto. Assim sendo, seria

    impossvel agradecer a todas as pessoas que me ajudaram a chegar at aqui. Cito

    algumas delas e peo perdo s outras tantas que no faro parte desta lista, pois, graas

    a Deus, esta dissertao seria pequena para esta lista.

    Inicialmente agradeo a minha me, que nunca desistiu de mim. Caso a Senhora tivesse

    optado pela porta mais larga, este trabalho no existiria.

    Agradeo, tambm, a meu pai, que me ensinou com exemplos, muito mais importante

    que as palavras, o valor da humildade, do respeito, do trabalho honesto e da amizade.

    Tio, por ter aberto a primeira porta do magistrio para mim, mostrando-me o caminho

    que eu procurava.

    Digo, pelo apoio incondicional. Amigo, antes de tudo.

    Agradeo ao professor Renato, meu orientador, pela confiana ao me aceitar como

    orientado, mesmo com todas as dificuldades de tempo que havia tanto de sua parte

    como da minha. Obrigado pela sua confiana e apoio ao meu sonho.

    Ao professor Favaretto que desde o primeiro momento se colocou minha disposio e

    me auxiliou, mesmo sem nunca ter conversado comigo antes. Exemplo de pessoa

    comprometida com a funo que exerce: Professor de verdade.

    Aos professores do curso de Qualidade e Produtividade.

    Ao Eduardo, a Ceclia e ao professor Anderson, que formaram a ponte para que a

    informao sobre o caminho para alcanar meu sonho chegasse at mim.

    minha esposa Ana, cujo agradecimento no precisaria ser escrito porque, para falar a

    verdade, no poderia dizer que ela me ajudou. O certo seria dizer que ela fez esta

    dissertao junto comigo. A concluso deste trabalho no seria possvel sem o apoio

    dela. Ela deveria estar assinando este trabalho junto a mim...

    Meu muito obrigado e minhas desculpas a todos que me ajudaram, direta ou

    indiretamente, mas que no tenho como citar por total falta de espao.

  • 6

    Resumo

    O mercado farmacutico passa por profundas alteraes desde a promulgao da Lei

    9.787, tambm conhecida como Lei dos Genricos, e de uma alterao na economia

    mundial, com a migrao da fabricao dos insumos farmacuticos para pases como a

    China e a ndia. Os medicamentos passaram a ter um comportamento de produtos de

    comparao ou mesmo de convenincia, gerando alteraes em toda a cadeia logstica

    das empresas deste ramo de negcios. As cadeias logsticas das indstrias farmacuticas

    passaram a ser cobradas pela velocidade de reposio de suas mercadorias, e a falta

    delas acarretou em perda de vendas, uma vez que o consumidor passa a buscar o

    princpio ativo e no mais o produto com o nome de fantasia do laboratrio fabricante.

    Assim sendo, considerando como sendo a falha crtica de todo o processo produtivo o

    no faturamento do produto solicitado pelo cliente na data combinada, chegando ao

    objetivo deste trabalho: analisar, individualmente, as falhas ocorridas (o no

    faturamento do produto solicitado pelo cliente na data planejada) numa indstria

    farmacutica, atravs do estudo das causas e os departamentos que deveriam ter atuado

    para a no ocorrncia destes fatos, analisando o processo produtivo da empresa como

    uma cadeia logstica, com seus clientes e fornecedores internos, estudado as interaes e

    responsabilidades de forma departamentalizada e integrada, para determinao das

    falhas setoriais e as falhas surgidas nos hiatos entre os departamentos. Para isto foi

    realizada uma pesquisa-ao, onde foi estudado o fluxograma do processo produtivo,

    desde a chegada do pedido, gerado pela rea Comercial, passando pelo PCP, Produo,

    Almoxarifado e Expedio, alm das reas de suporte, tais como Manuteno, TI,

    Logstica e Compras. Para todo cancelamento de produto ocorrido foi estudado o

    motivo, possibilitando o levantamento de vrios fatores. As causas das falhas serviram

    de orientador para as aes propostas, visando minimizar tais ocorrncias. O ambiente

    foi limitado s fronteiras da empresa, uma vez que negociaes com parceiros externos

    devero ser desenvolvidas seguindo a orientao estratgica da empresa, coisa que foge

    do escopo do trabalho, mas que no devem ser esquecidas.

    Palavras-chave: Anlise de Falhas. Logstica Interna. Indstria Farmacutica. Teoria das

    Restries.

  • 7

    Abstract

    The pharmaceutical market is undergoing deep changes since the enactment of Law

    9787, also known as the Generics Law, and a change in the global economy, with the

    migration of manufacturing of pharmaceutical raw materials to countries like China

    and India. The drugs began to behave product comparison or convenience, causes

    changes throughout the supply chain of companies this line of business. The logistics

    chain of the pharmaceutical industry began to be levied by the rate of replacement of

    their goods, and the lack of them resulted in lost sales, since the consumer is to seek the

    active and not the product with the invented name of the laboratory manufacturer. Thus,

    given as a "critical failure" of the entire production process the non-billing product

    requested by the customer on the agreed date, we reached the objective of this study: to

    analyze individually the failures (not billing the product requested by the customer the

    planned date) in the pharmaceutical industry through the study of the causes and

    departments that should have worked for the non-occurrence of these facts, analyzing

    the production process of the company as a logistics chain, with suppliers and internal

    customers, studied the interactions and responsibilities so departmentalized and

    integrated to determine the sectoral failures and interferences in the "gaps" between

    departments. To this was carried out action research, which studied the flow chart of

    the production process, from the arrival of the request generated by the commercial

    area, through the PCP, Production, Warehouse and Shipping, apart from support areas

    such as maintenance, IT , Logistics and Purchasing. For every product cancellation

    occurred was studied the subject, thus enabling the assessment of various factors. The

    causes of failures served as advisor for the proposed actions in order to minimize such

    occurrences. The setting was limited to the borders of the company, since negotiations

    with external partners should be developed following the company's strategic direction,

    something that is beyond the scope of the work, but that should not be forgotten.

    Keywords: Fault Analysis. Logistics. Pharmaceutical Industry. Theory of Constraints.

  • 8

    Lista de Figuras

    Figura 1 Fluxo na Logstica Integrada. 11

    Figura 2 Origem dos riscos da cadeia de suprimentos. 18

    Figura 3 Objetivos do servio ao cliente. 20

    Figura 4 Etapas do mapa estratgico. 22

    Figura 5 Nmero de registros de medicamentos genricos no Brasil. 44

    Figura 6 Evoluo das Margens de Lucro das Industrias Farmacuticas. 45

    Figura 7 Principais pases fornecedores de farmacotcnicos ao Brasil em 2007, em

    milhes de dlares. 47

    Figura 8 Principais pases fornecedores de farmacotcnicos ao Brasil em 2007

    (percentual dos valores negociados). 47

    Figura 9 Principais pases fornecedores de Adjuvantes Farmacotcnicos ao Brasil em

    2007, em milhes de dlares. 48

    Figura 10 Principais pases fornecedores de Adjuvantes Farmacotcnicos ao Brasil em

    2007 (percentual dos valores negociados). 49

    Figura 11 Importaes de farmoqumicos e adjuvantes farmacotcnicos no Brasil. 49

    Figura 12 Fases da Pesquisa-Ao 55

    Figura 13 Fluxo de ao da pesquisa-ao. 62

    Figura 14 Fluxo de informaes e materiais. 63

    Figura 15 Organograma da parte estuda da estrutura organizacional. 64

    Figura 16 Fluxo simplificado de informaes e materiais. 67

    Figura 17 - Operaes de set-up. 82

    Figura 18 Fluxo simplificado de informaes e materiais de materiais de embalagem.

    85

  • 9

    Lista de Quadros

    Quadro 1 Estrutura Lgica para Anlise de Melhoria 37

  • 10

    Lista de Tabelas

    Tabela 1 Participao dos Genricos no mercado farmacutico em outros pases. 41

    Tabela 2 Participao dos medicamentos genricos no mercado brasileiro. 45

    Tabela 3 Variveis de estudo e variveis de relao. 69

    Tabela 4 Relao entre variveis de estudo. 71

    Tabela 5 Triangulaes para validao de informaes. 72

    Tabela 6 Parte da tabela 4 Relao entre variveis de estudo. 75

    Tabela 7 Variveis de estudo e variveis de relao da rea de Produo. 78

    Tabela 8 Tempos das operaes de limpezas. 79

    Tabela 9 Atividades desenvolvidas na operao. 80

    Tabela 10 Relao entre variveis de estudo e principais falhas de materiais de

    embalagens. 86

    Tabela 11 Tempos para limpeza total do equipamento. 92

  • 11

    Lista de Abreviaturas e Siglas

    Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, ANVISA

    Associao Brasileira da Indstria Farmoqumica, ABIQUIF.

    Associao Brasileira das Indstrias de Medicamentos Genricos, Pr-Genricos.

    Associao Brasileira das Indstrias de Qumica Fina, Biotecnologia e suas

    Especialidades ABIFINA.

    Controle da Qualidade, CQ.

    Council of Supply Chain Management Professionals, CSCMP.

    Garantia da Qualidade, GQ.

    Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos - Supply Chain Management, SCM.

    Lista de Materiais Bill of Material, BOM.

    O Que, Por Que, Onde, Quando, Por Quem, Como e Quanto What, Why, Where,

    When, Who, How e Haw Much, 5W2Hs.

    Planejamento e Controle da Produo, PCP.

    Plano Mestre de Produo Master Production Schedule, MPS

    Recurso com Restrio de Capacidade, RRC.

    Recurso no Restritivo, RNR.

    Relaes entre Empresas Business to Business, B2B.

    Sindicato das Indstrias de Produtos Farmacuticos do Estado de So Paulo,

    Sindusfarma.

    Tecnologia da Informao, TI

    Volume, Variedade, Visibilidade, Variao de Demanda, 4 Vs.

  • 12

    Sumrio

    1 Introduo.............................................................................................................. 1

    1.1 Justificativa e Relevncia do Trabalho 2

    1.2 Objetivos 6

    1.3 Limitaes 6

    1.4 Estrutura do Trabalho 7

    2. Logstica................................................................................................................. 9

    2.1 Cadeia Logstica 10 2.2 Estoques 12

    2.2.1 Tipos de Estoques e seus Objetivos 13

    2.2.2 Gesto de Estoques 15

    2.3 Atendimento Logstico 20

    2.3.1 Caractersticas dos Produtos 24

    2.3.2 Desempenho Logstico 25

    2.3.3 Objetivos de Desempenho 28

    3 A Produo na Indstria Farmacutica............................................................. 31

    3.1 Teoria das Restries 32

    4 Indstria Farmacutica......................................................................................... 40

    4.1 Medicamentos Genricos 40

    4.2 Matrias Primas 46

    5 Pesquisa.................................................................................................................. 50

    5.1 Objeto de Estudo 53

    5.2 Etapas da Pesquisa 53

    5.2.1 Fase Exploratria 54

    5.2.1.1 Etapa 1 Campo de Pesquisa. 54 5.2.1.2 Etapa 2 Interessados. 55

    5.2.1.3 Etapa 3 Participantes ou Variveis do Sistema. 56

    5.2.1.4 Etapa 4 Diagnstico ou Interligaes entre Variveis. 57

    5.2.2 Fase de Pesquisa 57

    5.2.2.1 Etapa 5 Formulao dos Problemas. 57

    5.2.2.2 Etapa 6 Amostragem e Coleta de Dados. 58

    5.2.3 Divulgao de Resultados. 58

    5.2.3.1 Etapa 7 Seminrio e Plano de Ao. 59

    5.2.3.2 Etapa 8 Aprendizagem e Divulgao. 59

    5.3 Ferramentas de Pesquisa 59

    5.3.1 rvore de falhas 59

    6 Pesquisa-Ao........................................................................................................ 62

    6.1 Primeiro Ciclo da Pesquisa Ao.............................................................. 62

    6.1.1 Etapa 1 Campo de Pesquisa. 63

    6.1.2 Etapa 2 Interessados. 64

  • 13

    6.1.3 Etapa 3 Participantes ou Variveis do Sistema. 65

    6.1.4 Etapa 4 Diagnstico ou Interligaes entre Variveis. 66

    6.1.5 Etapa 5 Formulao dos Problemas. 70

    6.1.6 Etapa 6 Amostragem e Coleta de Dados. 72

    6.1.7 Etapa 7 Seminrio e Plano de Ao. 74

    6.2 Segundo Ciclo da Pesquisa Ao........................................................... 74

    6.2.1 Etapa 1 Campo de Pesquisa e Etapa 5 Formulao do Problema

    74

    6.2.2 Etapa 2 Interessados, Etapa 3 Participantes ou Variveis do Sistema e Etapa 4 Diagnstico ou Interligaes entre Variveis. 77

    6.2.3 Etapa 6 Amostragem e Coleta de Dados. 78

    6.2.4 Etapa 7 Seminrio e Plano de Ao. 83

    6.3 Terceiro Ciclo da Pesquisa-Ao............................................................ 83

    6.3.1 Etapa 1 Campo de Pesquisa. 83

    6.3.2 Etapa 5 Formulao do Problema. 83

    6.3.3 Etapa 3 Participantes ou Variveis do Sistema, Etapa 4

    Diagnstico ou Interligaes entre Variveis e Etapa 6 Amostragem e

    Coleta de Dados. 84

    7 Aprendizagem e Divulgao . 87

    7.1 Problemas de Cadastro no Sistema. 87

    7.1.1 - Anlise e Soluo Proposta para Problemas de Cadastro no

    Sistema. 88

    7.2 Problemas de Entradas Fictcias. 88

    7.2.1 Anlise e Soluo Proposta para Problemas de Entradas Fictcias.

    88

    7.3 Problemas de Falta de Espao Fsico. 89

    7.3.1 Anlise e Soluo Proposta para Problemas de Falta de Espao

    Fsico. 90

    7.4 Problemas de Atraso na Transferncia de Materiais de Embalagem Primria.

    91

    7.4.1 Anlise e Soluo Proposta para Problemas de Atraso na

    Transferncia de Materiais de Embalagem Primria. 92

    7.5 Resultados Obtidos.......................................................................... 93

    8 Concluses............................................................................................................. 95

    8.1 Sugestes para Trabalhos Futuros. 97

    Referncias

    Bibliogrficas................................................................................................. 98

  • 14

    1 Introduo

    O lanamento dos produtos genricos e similares trouxe uma importante

    alterao no mercado farmacutico mundial. Antes tratados como produtos do tipo

    exclusividade, vrios medicamentos passaram a ter caractersticas de produtos de

    convenincia. Tal alterao nas caractersticas dos produtos farmacuticos gerou uma

    alterao nas estruturas organizacionais dos fabricantes, que foram obrigados a

    reestruturarem seus negcios, tendo em vista a nova realidade do mercado.

    Uma das caractersticas mais visveis para este tipo de mercado quanto

    disponibilidade dos produtos nos pontos de venda. Tal disponibilidade fator

    fundamental para o sucesso de vendas para produtos do tipo convenincia.

    Exatamente este fator disponibilidade o marco inicial do problema levantado por

    esta pesquisa.

    O estudo de uma indstria farmacutica, com foco na produo de

    medicamentos genricos e similares, e suas dificuldades em atender s necessidades da

    demanda devido falta de produtos no momento da concretizao da venda

    (faturamento dos pedidos) a base desta pesquisa.

    O objetivo deste trabalho a identificao das causas geradoras das falhas que

    levam uma indstria farmacutica a no realizar a entrega de um produto solicitado

    pelos clientes, na data acertada junto a eles.

    Tais anlises, seus levantamentos e propostas de melhorias assim como alguns

    resultados observados so apresentados neste trabalho, que limitou-se aos

    departamentos internos da planta pesquisada, uma vez que o estudo de fatores externos

    indstria fogem do escopo do trabalho.

  • 15

    1.1 Justificativa e Relevncia do Trabalho

    O conceito de qualidade atualmente aceito est relacionado com o atendimento

    s necessidades e os anseios dos clientes. De acordo com Las Casas (2003) a qualidade

    dada pela capacidade de atender s necessidades e aos desejos dos clientes.

    Lovelock e Wright (2003) listam sete riscos do no atendimento s necessidades

    de qualidade num servio, a saber: Riscos Funcionais, relacionados com desempenhos

    insatisfatrios; Riscos Financeiros, relacionados com riscos de perdas monetrias e

    custos imprevistos; Riscos Fsicos, quanto aos riscos pessoais e materiais; Riscos

    Psicolgicos, relacionados a temores e emoes pessoais; Riscos Sociais, referentes s

    preocupaes ou da forma como as pessoas reagem a eles; Riscos Sensoriais,

    relacionados aos impactos indesejados sobre qualquer um dos cinco sentidos e,

    finalmente, o foco deste trabalho, os Riscos Temporais, quanto s perdas de tempos

    devido atrasos.

    O estudo desta falha na qualidade, ou seja, o Risco Temporal, caracterizado,

    neste estudo como sendo o atraso na entrega do produto ao cliente na data solicitada

    pelo mesmo, o foco desta dissertao. A anlise dos motivos geradores destas falhas

    assim como a proposta de solues para a minimizao ou mesmo a eliminao destes

    fatores o objetivo desta dissertao.

    O atraso na entrega de um produto a um cliente uma falha de qualidade num

    processo produtivo, conforme visto anteriormente. Esta falha na qualidade do servio de

    entrega dos produtos das indstrias farmacuticas nacionais toma vultos mais

    significativos quando comeamos a analisar as mudanas pelas quais este setor est

    passando. Estas mudanas tiveram inicio com o surgimento dos medicamentos

    genricos e similares, com preos mais baixos que os tradicionais medicamentos de

    referncia (VIEIRA, 2006). Esta alterao provocou uma mudana no mercado, com os

    consumidores procurando por tais medicamentos genricos, em detrimento dos

    medicamentos tradicionais, chamados de medicamentos de marcas.

    As grandes indstrias, geralmente multinacionais, no incio ignoraram o

    mercado dos genricos que se abria, evitando direcionar sua produo e a conseqente

  • 16

    oferta para este tipo de produto, continuando a investir nos medicamentos

    tradicionais, chamados de medicamentos de marcas.

    O mercado, entretanto, buscou pelos medicamentos mais baratos e nem por

    isto menos eficazes e este comportamento mudou a histria econmica deste ramo de

    negcios. Antes dominado por grandes laboratrios, detentores das patentes, o mercado

    ficava dependente de poucos laboratrios para a aquisio dos produtos demandados. A

    concorrncia era restrita a um pequeno nmero de laboratrios, visto que o custo das

    pesquisas para o desenvolvimento de novas drogas exigia, e continua exigindo, um

    grande investimento financeiro, invivel aos pequenos laboratrios, que fabricavam

    apenas medicamentos cujas patentes j haviam se expirado (QUENTAL et al., 2008).

    O advento dos genricos e similares, com a quebra das patentes dos princpios

    ativos, permitiu que pequenos laboratrios passassem a produzir medicamentos

    modernos, com custos mais baixos que o dos tradicionais fabricantes. Este mercado

    apresentou um crescimento expressivo, o que gerou interesse e necessidade de atuao

    por parte dos fabricantes tradicionais, uma vez que ocorreu a migrao de consumo, dos

    medicamentos de marca para produtos genricos e similares. Hoje, os grandes

    laboratrios tambm entraram neste mercado, tornando-o mais competitivo ainda,

    ocorrendo, tambm, vrias fuses e aquisies, com o objetivo de se adaptarem nova

    realidade (MAGALHES et al., 2003).

    Alm da mudana do mercado consumidor, o mercado de matrias primas da

    indstria farmacutica mundial vem sofrendo grandes alteraes, notadamente a partir

    dos anos 90. O crescimento da indstria farmoqumica indiana e chinesa, tornando-se

    grandes fornecedores de matrias primas para o mercado mundial, com qualidade e

    preo competitivos, deve-se muito do crescimento, a nvel mundial, dos medicamentos

    genricos (NEW COMEX, 2009).

    Costa et al. (2010) apontam que mais de 80 % dos farmoqumicos consumidos

    no Brasil so importados. A tendncia, tendo em vista os crescentes custos de pesquisa

    e desenvolvimento deste setor da indstria farmacutica, que este valor cresa ainda

    mais. Tal dado confirmado pela Associao Brasileira das Indstrias de Qumica Fina,

    Biotecnologia e suas Especialidades ABIFINA (2010)

  • 17

    Um dos problemas enfrentados por toda indstria farmacutica nacional a

    necessidade da reduo dos estoques, principalmente quando estes custos so

    contabilizados em dlares. O custo de manuteno destes estoques torna-se um risco

    num mercado onde se deve buscar a reduo dos custos, visto que a grande vantagem

    competitiva do medicamento genrico justamente seu preo de mercado, mais baixo

    que o dos medicamentos de marca. Para que esta vantagem no se perca necessrio

    um trabalho forte na formao de custos de tais produtos, e os custos indiretos gerados

    pelos estoques podem impactar fortemente nas margens de lucro das indstrias

    farmacuticas produtoras de genricos.

    Em contrapartida necessidade de se reduzir os custos de estoques estudados no

    pargrafo anterior, considerando-se o volume apontado pela Associao Brasileira da

    Indstria Farmoqumica, ABIQUIF (2010), para os insumos importados, o tempo

    necessrio para o recebimento de uma matria prima aps o fechamento do pedido, o

    lead time, pode chegar a trs meses. O risco de se trabalhar com uma matria prima

    com tal lead time enorme. O risco de desabastecimento muito grande. Assim

    sendo, h a tendncia de se trabalhar com estoques reguladores.

    A possibilidade de se buscar fornecedores nacionais cada vez mais reduzida,

    tendo em vista que existe uma tendncia na concentrao dos fabricantes de matrias

    primas no Oriente, como afirmam Capanema e Filho (2006). Esta economia de escala

    obtida pelas indstrias do Oriente gera uma crescente dificuldade competitiva para

    indstrias localizadas fora daquela regio e a tendncia que migrem para tais regies

    em busca de competitividade nvel mundial.

    Outro ponto a ser considerado a alterao das caractersticas de distribuio

    fsica do produto final para as redes varejistas. Esta parte da cadeia de suprimentos os

    varejistas est trabalhando com menores estoques e a exigncia de maior velocidade

    de reposio, como apresentado por Machline e Jnior (1998), e esta uma

    caracterstica do mercado: os consumidores buscam extrema agilidade para aquisio

    deste tipo de produto.

    Com o advento dos medicamentos genricos estes produtos adquiriram um perfil

    diferente junto aos consumidores, passaram a ser considerados produtos de

    convenincia. Antes comprados pelo nome da marca comercial do laboratrio produtor,

  • 18

    com a lei dos genricos os mesmos passaram a ser comercializados (e receitados) pelos

    princpios ativos dos mesmos. Desta forma, via de regra, o cliente final no deixar de

    comprar um produto por causa da ausncia de uma marca especfica no ponto de venda,

    optando por outro, com o mesmo princpio ativo. Esta caracterstica de mercado no

    existia antes do advento dos genricos, onde era comum o consumidor final ir em busca

    da marca receitada pelo mdico em outra farmcia. Atualmente isto est bem mais raro.

    Esta caracterstica adquirida pelo produto farmacutico exige uma velocidade de

    reposio altssima, conforme j exposto por Machiline e Jnior (1998). Esta agilidade

    exige, na maior parte das vezes, uma grande rede de distribuio e grandes estoques, o

    que gera custo adicional ao produto devido ao custo de manter estoques. A

    disponibilidade do produto caracterstica dos produtos de convenincia (BALLOU,

    2006) passou a ser fundamental neste mercado, uma vez que, na sua falta, o produto

    ser substitudo por medicamentos da concorrncia.

    Nota-se que a alterao na caracterstica do produto (para convenincia), como

    exposto por Machline e Jnior (1998), gerou uma alterao no mercado e nas

    necessidades logsticas dos fabricantes para atenderem seus clientes. O estudo da

    disponibilidade dos produtos um dos focos das empresas do setor, atualmente.

    Fazendo uma distino entre falha, causa e efeito (ALMEIDA e FAGUNDES,

    2005), considera-se, neste trabalho, o efeito como sendo a no realizao da entrega de

    um produto solicitado pelos clientes, na data acertada junto a eles, tomando, como

    critrio, o momento da realizao do faturamento do produto.

    O levantamento do maior nmero possvel de falhas que geram o cancelamento

    dos produtos no momento do faturamento dos pedidos, com a identificao dos

    departamentos onde tais falhas ocorreram, o objetivo geral deste trabalho. Como

    objetivo especfico busca-se a anlise das causas da ocorrncia de algumas das falhas e

    a proposta para a eliminao ou reduo das mesmas, visando a eliminao ou reduo

    dos riscos temporais, citado por Lovelock e Wright (2003) que so descritos como s

    perdas de tempos, devido atrasos.

  • 19

    1.2 Objetivos

    O objetivo geral deste trabalho concentra-se na identificao das falhas e quais

    departamentos envolvidos nestas falhas que levam uma indstria farmacutica a no

    realizar a entrega de um produto solicitado pelos clientes, na data acertada junto a eles.

    O processo de identificao destas falhas est limitado apenas aos departamentos

    da planta industrial que serve de objeto de estudo. Quanto ao processo de identificao

    das causas geradoras das falhas, o procedimento seguido foi o do acompanhamento do

    fluxo inverso ao que o produto gerador da falha realizado no seu processo fabril. Toda

    ocorrncia de falha gerou uma investigao at que o departamento gerador da falha,

    assim como a causa geradora desta falha, fossem identificados.

    Como objetivo especfico, este trabalho buscou a eliminao, ou reduo, de

    algumas das causas geradoras de falhas, inicialmente atravs da identificao das falhas,

    assim como dos departamentos onde ocorreram tais falhas, e posteriormente atravs das

    tcnicas da pesquisa-ao, notadamente os seminrios entre os gestores dos

    departamentos envolvidos nas falhas, na eliminao das causas destas falhas.

    1.3 Limitaes

    O presente trabalho ser limitado s instalaes e departamentos inseridos no

    parque industrial pesquisado. Esta delimitao do ambiente ocorreu visando

    proporcionar as condies para que o pesquisador possa investigar as variveis e

    verificar seus efeitos nos sujeitos, conforme proposto por Gil (2002). E preciso ainda,

    segundo o autor, assegurar que o fenmeno ocorra numa forma suficientemente pura ou

    notvel, alm de disponibilizar ao pesquisador condies observao dos empregados

    no trabalho, a realizao de entrevistas, bem como a anlise de relatrios da empresa.

    No sero abordados departamentos externos planta industrial assim como no

    sero desenvolvidas aes em empresas terceirizadas, uma vez que foge do escopo do

  • 20

    trabalho. Entretanto, no caso de serem observados pontos falhos em departamentos ou

    empresas externos planta industrial estudada, tais pontos podero ser citados.

    Alm das limitaes fsicas do parque industrial, segundo orientao de Gil

    (2002), para que se efetive um experimento, torna-se necessrio selecionar sujeitos.

    Essa tarefa de fundamental importncia, visto que a pesquisa tem por objetivo

    generalizar os resultados obtidos para a populao da qual os sujeitos pesquisados

    constituem uma amostra, observando que uma populao no se refere exclusivamente a

    pessoas, mas a qualquer tipo de organismos.

    Assim sendo, apenas os departamentos envolvidos diretamente no processo de

    produo e expedio da empresa esto sendo estudados. Este envolvimento pode ser

    um envolvimento fsico com o produto, matrias primas ou matrias em processo

    como o caso do Armazm de Matrias Primas, Produo, Armazm de Produtos

    Acabados e Expedio ou ainda setores que forneam suporte Produo, como o

    caso da Garantia de Qualidade, Controle de Qualidade, Tecnologia de Informao e

    Manuteno ou, finalmente, setores responsveis pela gesto do processo produtivo, tais

    como o PCP, e neste caso sua relao com o departamento de Vendas, responsvel pela

    previso de vendas, e o setor de Compras, responsvel pelo correto abastecimento de

    insumos.

    1.4 Estrutura do Trabalho

    O presente trabalho divide-se em sete captulos, iniciando-se pela Introduo

    onde a relevncia do trabalho apontada, assim como seus objetivos, suas limitaes e a

    estrutura do mesmo.

    O segundo captulo inicia a Reviso Bibliogrfica desta dissertao, abordando o

    estudo da Logstica, a formao de cadeias logsticas, o estudo dos estoques e o

    atendimento logstico.

    O terceiro captulo aborda o estudo da produo industrial, com foco na Teoria

    das Restries.

  • 21

    O quarto captulo aborda a Indstria Farmacutica, estudando seu mercado, as

    matrias primas e sua gesto e os medicamentos genricos.

    O quinto captulo aborda a classificao da pesquisa Pesquisa-Ao, o objeto

    de estudo e suas limitaes e todas as etapas seguidas pelo pesquisador.

    O sexto captulo apresenta o estudo em si, os fatores considerados, as anlises e

    os dados obtidos, assim como a forma de obteno dos mesmos

    O stimo captulo apresenta as concluses e as propostas para trabalhos futuros.

    O oitavo captulo apresenta as referencias bibliogrficas utilizadas para a

    realizao do mesmo.

  • 22

    2. Logstica

    A logstica uma atividade que sempre existiu na vida humana. Desde os

    primrdios da civilizao, quando se iniciou a vida em comunidades, o abastecimento

    dos bens de consumo j era resultado do raciocnio logstico. A escolha da regio onde

    eram montados os acampamentos j obedecia s necessidades logsticas de

    abastecimento de gua e disponibilidade de alimentos para a populao.

    Ballou (2006) comenta esta etapa na evoluo logstica e ainda completa que

    normalmente os povos antigos consumiam os produtos em seus lugares de origem,

    devido inexistncia de sistemas desenvolvidos de transporte e armazenamento.

    O raciocnio logstico tambm foi usado para fins militares, tornando os

    exrcitos que o utilizavam em grandes vencedores uma vez que, com o abastecimento

    regular de suas linhas, tornavam-se mais eficientes. A relao militar da logstica

    continua a ser observada, mesmo no incio do sculo XXI, nos dicionrios, como, por

    exemplo, no Moderno Dicionrio da Lngua Portuguesa Michaelis (2009), onde o termo

    logstica explicado como sendo a cincia militar que trata do alojamento,

    equipamento e transporte de tropas, produo, distribuio, manuteno e transporte de

    material e outras atividades no combatentes relacionadas.

    Devemos creditar esta relao entre a lgica militar e a logstica na origem dos

    estudos desta rea do conhecimento. Esta linha de pesquisa surgiu nas guerras, com os

    exrcitos buscando colocar os recursos certos, no local certo, na hora certa, com um s

    objetivo: vencer batalhas (MARTINS e ALT, 2006). Os autores ainda citam a origem

    do estudo logstico no Brasil na dcada de 1970, por meio da distribuio fsica dos

    produtos, o que gerou a relao entre logstica e transportes em nosso pas.

  • 23

    2.1 Cadeia Logstica

    A definio de Logstica evoluiu e foi conceituada pelo Council of Supply

    Chain Management Professionals (CSCMP) como sendo a parcela do processo da

    cadeia de suprimentos responsvel pelo planejamento, a implementao e o controle

    eficaz do fluxo de matrias primas, estoques em processo, produtos acabados e

    informaes relacionadas a estes produtos, desde o seu ponto de origem at o ponto de

    consumo, visando o atendimento s necessidades dos clientes (CSCMP, 2012).

    O conceito logstico proposto pelo CSCMP permite a ampliao do raciocnio

    logstico para uma gesto coordenada de atividades inter-relacionadas em substituio

    prtica histrica de administr-las separadamente, como explicado por Ballou (2006).

    Este conceito, chamado de logstica empresarial pelo referido autor, chamado de

    gerenciamento da cadeia de abastecimento pelo CSCMP (2012). Esta definio de

    gerenciamento da cadeia de abastecimento pode ser descrita como o processo que se

    inicia com as matrias primas no transformadas e termina com o cliente final, quando

    da utilizao do bem acabado. Pode, ainda, ser definida como o intercmbio de

    informaes no processo logstico que se estende desde a aquisio das matrias primas

    at a entrega dos produtos acabados para o usurio.

    Para Martins e Alt (2006), o gerenciamento da cadeia de suprimentos, ou

    supply chain management, a administrao do sistema de logstica integrada da

    empresa, conforme demonstrado a Figura 1.

    J o Council of Supply Chain Management Professionals prope que o

    gerenciamento da cadeia de suprimentos engloba a gesto de todas as atividades

    envolvidas no processo, desde as aquisies, contratos e atividades logsticas, alm da

    coordenao dos parceiros do canal, que podem ser sub-fornecedores, intermedirios,

    fornecedores, clientes etc. A essncia do gerenciamento da cadeia de suprimentos

    integrada a gesto dentro e entre as empresas. Possui a funo de integradora entre as

    funes logsticas, funes de produo, marketing, vendas, desenvolvimento de

    produtos e finanas. Resumindo, trata-se do gerenciamento de todos os elos da cadeia

    produtiva.

  • 24

    Participao no mercado Tamanho do mercado

    Figura 1 Fluxo na Logstica Integrada

    Fonte: Adaptado de Martins e Alt (2006)

    O gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM) - Supply Chain Management

    possui, alm da funo integradora anteriormente descrita, a funo de aumentar a

    produtividade e reduzir o inventrio em curto prazo. Possui, tambm, como meta

    estratgica de longo prazo, aumentar a satisfao do cliente, participao no mercado e

    lucro para todos os membros da rede (TOWERS e BURNES, 2008). Alm dos objetivos

    j descritos, a busca pela reduo de desperdcios, conseguir o envolvimento dos

    participantes e a busca por parcerias mais eficazes tambm um dos objetivos do

    gerenciamento da cadeia de suprimentos, como descrito por Othman e Ghani (2008).

    Pesquisa de transaes pessoais

    Pesquisa de

    mercado

    Planos de entregas

    aos clientes

    Plano de

    produo

    MRP Plano de

    suprimento

    s

    Planejamento

    de estoques

    Planejamento

    de inventrio

    Armazenagem de

    materiais e

    planejamento de

    transportes

    Armazenagem de

    produtos finais e

    planejamento de

    transportes

    Fornecedores Estoques de

    recebimento Produo Armazenagem

    Entrega

    ao cliente

    Fluxo fsico e operacional

    Fluxo de dados e informaes

  • 25

    O sucesso do gerenciamento da cadeia logstica vai depender de vrios fatores,

    tais como o desenvolvimento de uma organizao flexvel, uma relao confivel entre

    fornecedores e clientes, uma coordenao integrada da cadeia, melhora na comunicao

    e a reduo do nvel de incertezas, a terceirizao das no competncias, a reduo

    dos estoques e dos custos.

    No gerenciamento da cadeia logstica existe, ainda, a figura do cliente interno.

    A CSCMP define o cliente interno como sendo um indivduo ou departamento que

    uma parte da companhia, um cliente ou usurio interno do processo. Martins e Alt

    (2006) explicam que a cadeia logstica completa a combinao de cadeias simples,

    desde os sub-fornecedores, passando por transbordos entre unidades transformadoras

    diferentes, dentro da empresa ou entre empresas, at chegar ao cliente final.

    Especificamente, neste trabalho, a figura do cliente interno a base do estudo,

    uma vez que a analise das falhas que geraram o atraso no faturamento dos produtos

    solicitados pelos clientes, com os respectivos motivos geradores destas falhas, sero

    realizadas em cada um destes elos da cadeia interna da empresa cada departamento

    envolvido no processo produtivo como um todo.

    Tendo em vista que a no realizao do faturamento de um produto por uma

    indstria geralmente ocorre devido falta das quantidades solicitadas destes materiais

    nos estoques de produto acabado, o estudo destes estoques torna-se importante para o

    contexto desta dissertao. Este estudo abordado no prximo tpico: Estoques, assim

    como os tipos de estoques existentes, seus objetivos e algumas formas de gesto dos

    mesmos, conforme a viso de diversos autores.

    2.2 Estoques

    Para Corra, Gianesi e Caon (2007), os estoques so recursos materiais entre

    fases especficas dos processos de transformao. Afirmam, ainda, que quanto maiores

    os estoques entre duas fases de um processo de transformao, mais independentes entre

    si essas fases so. Uma vez que um dos objetivos das empresas que visam lucro a

  • 26

    maximizao do lucro sobre o capital investido e estoques so, a princpio, capitais

    inativos (DIAS, 2009), o objetivo na administrao de estoques a otimizao de seus

    investimentos, atravs do uso eficiente dos meios internos de controle. Assim sendo,

    reduzindo-se os estoques entre as fases de um processo torna-se necessrio um aumento

    nas suas relaes, uma vez que a independncia entre elas reduzida.

    A administrao cuidadosa dos estoques fortemente aconselhada por Ballou

    (2006), principalmente levando-se em conta que os custos de manuteno destes

    estoques pode representar de 20 a 40% do seu valor por ano.

    Apesar da existncia dos estoques ser vista com resistncias, sua existncia

    necessria, uma vez que os desequilbrios entre as taxas de fornecimento e de demanda,

    nos diferentes pontos de uma cadeia logstica, vo levar ao surgimento de diferentes

    tipos de estoques.

    2.2.1 Tipos de Estoques e seus Objetivos

    Os objetivos dos estoques vo variar conforme o uso que tero. Basicamente

    podem ser divididos, como explicado por Corra, Gianesi e Caon (2007) e Slack et al.

    (2008), nos seguinte tipos bsicos:

    a) Estoques de matrias primas, estoques de proteo ou estoques isoladores, cuja

    justificativa para sua existncia de regularizar as diferentes taxas de suprimento e

    demanda, que podem ser causadas por diferentes fatores, tais como tamanhos de lotes

    econmicos de frete, produo ou pedido, variaes na taxa de demanda, dentre outros.

    b) Estoques de ciclo ou de material semi-acabado, existentes para regular possveis

    diferenas de taxas de produo entre dois equipamentos subseqentes, seja por

    questes de especificao ou questes temporrias. Pode ocorrer, ainda, devido a no

    simultaneidade entre operaes.

    c) Estoques de produtos acabados, para regular diferentes taxas de produo do

    processo produtivo e a demanda de mercado. Estes estoques podem ser estoques de

  • 27

    antecipao, quando a empresa antecipa certa produo na expectativa de demanda

    futura ou os estoques no canal (de distribuio), que tem como funo o abastecimento

    imediato da demanda, uma vez que no existe simultaneidade entre a produo e a

    disponibilizao dos produtos nos pontos de venda.

    d) Estoques de peas de manuteno, conforme apontado por Dias (2009). Ele afirma

    que a mesma ateno dada matria-prima deve ser dada a peas de manuteno. O

    custo de interrupo da produo constitudo das despesas correspondentes mo de

    obra parada, ao equipamento ocioso, ao prazo de entrega adiado e prpria perda

    ocasional da encomenda.

    Os estoques, alm das aplicaes acima descritas, ainda podem ser divididos

    conforme seus objetivos:

    a) Estoques de canal, cujo objetivo o de no permitir o desabastecimento do produto

    acabado nos pontos de venda. Quanto maior ou mais lento o canal de distribuio ou

    mais longas as distncias entre os elos da cadeia logstica, maior a tendncia de

    elevao destes estoques.

    b) Estoques de especulao, onde a especulao com os preos superam as necessidades

    previsveis da operao. Tais estoques podem ocorrer nas previses de escassez ou na

    expectativa de alteraes devido alta dos preos.

    c) Estoques de natureza regular ou cclica, necessrios para suprir a demanda mdia

    durante o tempo transcorrido entre sucessivos reabastecimentos. Tais estoques ocorrem

    devido aos tamanhos dos lotes de produo, embarque, limitaes de espao, prazos de

    reposio, descontos, custos de movimentao, capacidades produtivas, custos de

    obteno, restries tecnolgicas, dentre outros.

    d) Estoques de segurana, que visam lidar com a aleatoriedade do processo, levando-se

    em conta a disponibilidade do material e as incertezas de previses de suprimento e / ou

    da demanda.

    e) Estoque obsoleto, morto ou evaporado, classificado por Slack et al.(2008). Tal tipo de

    estoque visa proteger a demanda dos produtos que se deterioram, perdem-se ou so

    roubados durante o armazenamento.

  • 28

    Os tipos de estoques e seus objetivos vo estar diretamente relacionados com a

    cadeia logstica na qual a empresa se encontra. A proposta de aumento da fora

    competitiva das instituies est diretamente relacionada com o tipo de relao desta

    com seus clientes, fornecedores, distribuidores, instituies e grupos de interesse

    (CAMBRA e POLO, 2008). Por esta razo a literatura defende a criao do marketing

    de relacionamento nas relaes entre empresas Business to Business (B2B) e o

    aumento na longevidade do relacionamento.

    Resumidamente Dias (2009) coloca como objetivo dos estoques a otimizao

    dos investimentos sobre os mesmos, aumentando o uso eficiente dos meios internos da

    empresa visando o atendimento s necessidades dos clientes, minimizando as

    necessidades de capital investido. Em outras palavras temos de ter em mente os

    objetivos custos, nvel de servio e o retorno sobre o capital investido.

    Tcnicas e propostas de gerir os estoques so discutidos seguir, na parte de

    gesto de estoques. Tanto quando a forma de melhor gerir estes recursos como as

    melhores formas de se relacionar com os elos da cadeia logstica, tanto na parte de

    fornecimento como de clientes, sero abordados no prximo tpico.

    2.2.2 Gesto de Estoques

    A manuteno dos estoques gera custos inerentes s suas operaes. Tratando-se

    de recursos inativos, sua manuteno atrai vrios estudos como forma de reduzir seu

    peso nas instituies. Ballou (2006) indica dados do U.S. Bureau of the Census,

    Statistical Abstract of the United States onde o investimento anual em estoques, por

    parte dos fabricantes, varejistas e atacadistas americanos, atinge cerca de 12% do

    produto interno bruto dos EUA.

    Os custos dos estoques so um dos fatores que devem ser levados em

    considerao nas decises sobre as polticas de gesto dos estoques. Tais custos

    normalmente so separados em trs grupos pelos autores: Custo de pedido, custo de

  • 29

    armazenagem e custo da falta. Slack et al. (2008) e outros autores expem estes custos,

    e outros, da seguinte forma:

    a) Custo de aquisio, que podem ser explicitados como sendo os custos de

    processamento, preparao, transmisso e ao pedido de compra, alm dos custos de

    transporte, dentre outros que podem vir a ser negociados entre o fornecedor e cliente.

    b) Custos de descontos de preos, que a variao do custo sobre a quantidade

    comprada.

    c) Custos de falta de estoques, que podem ser mensurados em curto prazo lucro

    cessante, por exemplo mas em longo prazo, principalmente nos casos de falta de

    produtos acabados para fornecimento a clientes externos, os prejuzos podem no ser

    medidos, uma vez que podem existir migraes de consumidores para empresas

    concorrentes e tais perdas de faturamento futuro serem confundidas com outros fatores

    externos.

    d) Custos de capital de giro ou custos financeiros decorrentes dos capitais investidos nos

    estoques. Ballou (2006) levanta a questo que tais custos podem ser analisados de

    diferentes pontos de vista: usando o custo mdio do capital, a taxa mdia do retorno

    exigido dos investimentos da empresa ou a taxa de atratividade.

    e) Custos de armazenagem. Custos de materiais, pessoal, equipamentos e suas

    manutenes, alm do custo das edificaes aluguel, manuteno, seguro, impostos,

    dentre outros. Tais custos tambm podem ser divididos em custos de espao e custos de

    servios de estocagem.

    f) Custo de obsolescncia, cujos riscos so diretamente proporcionais aos volumes

    armazenados, alm da caracterstica tecnolgica de cada item. Ballou (2006) relaciona

    tal custo como Custo dos Riscos de Estocagem.

    g) Custos de ineficincia de produo, custos estes muito ligados filosofia Just in

    Time, cuja idia que estoques impedem-nos de ver a completa extenso dos problemas

    de produo.

    Ainda quanto gesto dos estoques, Capkun, Hameri e Weiss (2009) em seus

    estudos observaram que existe uma grande relao entre a performance do inventrio

  • 30

    (estoque de matrias primas, material em processo e de produtos acabados) e o resultado

    financeiro. Observaram que o desempenho do inventrio de produtos acabados tem forte

    correlao com o desempenho financeiro da empresa.

    As estatsticas mostram que o desempenho alcanado na reduo dos estoques

    um fator decisivo na estratgia competitiva das empresas que assim o fazem, em relao

    competitividade dos concorrentes que no tm foco no seu controle (CAPKUN,

    HAMERI e WEISS, 2009). Assim sendo, fundamental a busca pela reduo dos

    estoques de produtos acabados, material em processo e estoques de matrias primas.

    Para se otimizar a gesto de estoques importante conhecer os riscos envolvidos

    no processo, alm de seus custos. Entretanto, como afirma Shashank Rao e Thomas J.

    Goldsbuy (2009), o risco est presente em todas as dimenses de nossas vidas. Assim

    sendo, o eficaz gerenciamento dos estoques est em administrar estes riscos, com uma

    tendncia de se trabalhar com estoques menores. Os autores enumeram quatro aspectos

    a serem considerados:

    a) Conhecer e entender a origem dos riscos,

    b) Definio das conseqncias adversas destes riscos na cadeia de

    suprimentos,

    c) Identificar o desenvolvimento destes riscos,

    d) Investigar os riscos da cadeia de suprimentos.

    Continuando, Rao e Goldsbuy (2009) resumem a origem dos riscos em trs

    grupos:

    1) O Primeiro Grupo, composto dos Riscos ambientais, Riscos industriais e Riscos

    organizacionais.

    2) O Segundo Grupo, composto dos Riscos Especficos. Tais riscos podem ser de

    origem no tipo de relao entre as empresas formadoras da Cadeia Logstica ou mesmo

    na complexidade entre as operaes, dentre outras.

    3) O Terceiro Grupo, composto pelos Riscos de Deciso.

  • 31

    A combinao destes trs grupos de riscos vo gerar o RISCO DA CADEIA DE

    SUPRIMENTOS, conforme descrito na Figura 2.

    Figura 2 Origem dos riscos da cadeia de suprimentos.

    Fonte: Rao, Shashank e Goldsby, Thomas (2009)

    Usando a ferramenta 5W2Hs (What, why, where, when, who, how e haw much

    o que, por que, onde, quando, por quem, como e quanto), possvel montar os

    componentes formadores das decises para a gesto dos estoques:

    OBJETIVOS (o que, porque) para a existncia dos estoques atendimento da

    demanda interna, atendimento da demanda externa, atendimento da demanda interna e

    ou externa em casos de emergncia e finalmente para fins especulativos.

    CUSTOS (como, quanto, quando, onde) relativos aos estoques custos de

    aquisio, custos de descontos de preos, custos de falta de estoques, custos de capital

    de giro, custos de armazenagem, custos de obsolescncia e ineficincia de produo.

    RISCOS (porque, por quem, quando, onde) infringidos aos estoques

    ambientais, industriais, organizacionais, riscos especficos de relacionamento e riscos de

    deciso.

  • 32

    Ballou (2006) descreve o objetivo da gesto dos estoques focado no objetivo

    das cadeias de suprimentos: o Atendimento aos Objetivos de Servio ao Cliente. Para

    isto, divide o objetivo do trabalho em trs pontos: Na estratgia de Estoques, na

    Estratgia de Transportes e na Estratgia de Localizao, como mostrado na Figura 3.

    Coloca, ainda, que trs nveis de deciso devem ser avaliados em cada uma das

    estratgias: Planejamento, Organizao e Controle.

    Nos trs nveis de deciso propostos por Ballou, Martins e Alt (2006) colocam o

    planejamento nas formas de Estratgico cujos objetivos devem ser focados em anos,

    Ttico cujos objetivos so medidos em semanas ou meses, Operacional cujos

    objetivos so apontados em dias ou semanas e finalmente no planejamento Transacional

    cujos objetivos so medidos em minutos ou mesmo horas.

    O autor ainda afirma que o planejamento e controle das atividades das cadeias de

    suprimentos vo depender da correta estimativa dos volumes de produtos e servios a

    serem processadas pela cadeia. Como estudado por Rao e Goldsby (2009) em relao

    aos riscos de uma cadeia de suprimentos, quanto maiores s incertezas de informao e

    conhecimento das cadeias, maiores sero os riscos e, logicamente, maiores sero os

    custos para sua manuteno visando o atendimento de seus objetivos.

    Neste ponto novamente necessrio citar Martins e Alt (2006), quando explicam

    que a cadeia logstica completa a combinao de cadeias simples, desde os sub-

    fornecedores, passando por transbordos entre unidades transformadoras diferentes,

    dentro da empresa ou entre empresas, at chegar ao cliente final.

    Desta forma, seguindo os autores, passamos ao prximo tpico, Atendimento

    Logstico, que ser baseado no estudo dos objetivos de servio ao cliente e na forma

    como devem ser tomadas as decises sobre os estoques visando o atendimento ao

    cliente. Stevenson e Spring (2009) ainda levantam a necessidade da flexibilidade no

    gerenciamento da cadeia de suprimentos, que consiste em cinco componentes, que so:

    sistemas operacionais, processos logsticos, rede de fornecedores, desenho

    organizacional e sistemas de informao.

  • 33

    Figura 3 Objetivos do servio ao cliente.

    Fonte: Ballou. (2006)

    2.3 Atendimento Logstico

    Martins e Alt (2006) mostram que a administrao do sistema de gesto

    logstica, visando produzir e distribuir produtos e servios, tem como objetivo satisfazer

    o cliente. J Slack et al. (2008) listam 5 objetivos de desempenho como sendo os

    objetivos mais amplos que as operaes produtivas necessitam perseguir para satisfazer

    os envolvidos no processo. So eles:

    1) QUALIDADE;

    2 RAPIDEZ;

    3) CONFIABILIDADE;

    4) FLEXIBILIDADE;

    5) CUSTO.

    Objetivos do servio ao cliente

    - o produto, o servio logstico e o

    processamento de pedido /

    sistemas de informao.

    Estratgia de estoque:

    - Previso sobre estoques, deciso

    de compras e programao de

    suprimentos, fundamentos de

    estocagem e decises sobre a

    estocagem.

    Estratgia de transporte:

    - Fundamentos do transporte e

    decises sobre o transporte.

    Estratgia de localizao:

    - Decises sobre localizao e o processo de planejamento de

    rede.

  • 34

    Entretanto, para se chegar satisfao de tais objetivos, necessita-se conhecer as

    caractersticas do produto, uma vez que o produto o ponto central no projeto do

    sistema logstico (BALLOU, 2006). O autor diz que os clientes avaliam as ofertas de

    qualquer empresa em termos de preo, qualidade e servios, e reagem de acordo com

    suas prprias convenincias.

    Na anlise das convenincias dos compradores Duarte (2004) sugere um mapa

    estratgico para se determinar os benefcios com a implantao da gesto do sistema

    logstico, observado na Figura 4. Tal mapa apia-se em oito etapas nas quais, atravs

    dos trade-offs dos custos logsticos e seus respectivos objetivos de desempenho, so

    apresentadas opes mais vantajosas com a utilizao do sistema de gerenciamento

    logstico, ou seja, todas as relaes custo e benefcio que o sistema de gerenciamento da

    cadeia de suprimentos pode oferecer atravs de sua rede.

    Etapa 1 - Levantamento do fluxo (processo) logstico.

    Nesta etapa ser definido o mercado de atuao bem como os custos logsticos

    referentes s atividades do mercado. Sero tambm observados os processos referentes a

    cada mercado mencionado anteriormente, tendo a interferncia dos servios da gesto

    logstica.

    Etapa 2 - Identificao dos objetivos logsticos estratgicos da organizao.

    O objetivo desta etapa identificar os objetivos de desempenho que atuam sobre

    os processos logsticos no mercado de atuao apresentado na etapa anterior. Para o

    melhor desempenho dos processos, relaes devem ser ponderadas entre atividades

    envolvidas e objetivos logsticos estratgicos.

    Etapa 3 - Levantamento dos custos logsticos.

    O objetivo dessa etapa determinar os custos logsticos que surgem com a

    implementao do fluxo logstico escolhido sobre os demais processos de circulao de

    mercadorias.

    Etapa 4 - Definio dos pesos dos objetivos estratgicos.

    Nesta etapa sero definidos os pesos que iro estabelecer a relao entre os

    objetivos logsticos estratgicos e as atividades logsticas.

  • 35

    Figura 4 Etapas do mapa estratgico.

    Fonte: Duarte P. C. (2004).

    Etapa 5 - Cruzamento entre processos logsticos e objetivos estratgicos (menos os

    custos logsticos).

    O objetivo desta etapa identificar o nvel de influncia dos objetivos

    estratgicos sobre os processos logsticos nos mercado. Para o melhor entendimento,

    sero definidos:

    - Objetivos estratgicos: referentes s relaes entre qualidade, rapidez,

    confiabilidade, flexibilidade e processos logsticos associados aos mercados de atuao;

    - Processos Logsticos: referem-se aos fluxos (processos) que podem ser

    adotados;

    - Mercado de atuao: mercado de atuao da empresa;

    - Grau de importncia: sero definidos pelos graus ou pesos atribudos aos

    fluxos (processos) logsticos quanto s suas importncias;

    - Nvel de influncia sobre os processos (fluxos): ser a influncia dos objetivos

    estratgicos sobre os respectivos processos logsticos;

    1) Levantar fluxo

    (processo) Logstico

    2) Identificar

    Objetivos Estratgicos

    3) Levantar custos

    logsticos diferenciados

    5) Cruzamento entre

    Processo logstico e

    objetivos estratgicos

    4) Definio dos pesos dos

    objetivos estratgicos

    6) Trade offs entre custos logsticos e

    objetivos estratgicos

    7) Avaliao dos objetivos estratgicos sobre

    os processos logsticos

    8) Trade offs final

  • 36

    - Peso relativo: ser a soma dos pesos atribudos aos objetivos estratgicos

    relacionados aos processos logsticos.

    A determinao dos objetivos estratgicos que mais influenciam os processos

    logsticos ser o que apresentar maior percentual do peso relativo total.

    Etapa 6 - Trade-off entre custos logsticos diferenciados e objetivos estratgicos da

    empresa.

    O objetivo desta etapa identificar o nvel de influncia dos custos logsticos

    sobre os objetivos estratgicos no mercado de atuao.

    Etapa 7 - Avaliao dos impactos dos objetivos estratgicos sobre os processos

    logsticos.

    Nesta etapa realizada a anlise a fim de se determinar onde maior ou menor a

    relao entre um objetivo estratgico (qualidade, flexibilidade, rapidez e confiabilidade)

    e o processo logstico, possibilitando uma melhor anlise e escolha por um ou outro

    servio.

    Etapa 8 - Trade-off final.

    Terminadas todas as etapas, possvel determinar onde e quanto

    implementao de uma Plataforma Logstica pode melhorar ou no a circulao de

    mercadorias e conseqentemente, reduzir custos inseridos nos processos logsticos

    atravs do atendimento aos objetivos estratgicos como, qualidade, flexibilidade,

    rapidez e confiabilidade.

    O estudo da logstica de atendimento aos clientes e a estratgia a ser adotada,

    estudada anteriormente, baseia-se nos objetivos estratgicos da empresa. Estes objetivos

    estratgicos esto diretamente relacionados com o tipo de produto e qual nvel de

    atendimento logstico deve ser realizado, de acordo com as necessidades do cliente, a

    caracterstica do produto e como o mercado trabalha. O prximo tpico aborda o estudo

    de um destes fatores, as caractersticas dos produto.

  • 37

    2.3.1 Caractersticas dos Produtos

    Um produto ser composto pro uma parte fsica e outra intangvel. A parte fsica,

    basicamente, ser seu peso, seu volume e sua forma, enquanto a parte intangvel ser

    determinada por outros aspectos no fsicos, tais como durabilidade, desempenho,

    confiabilidade da marca, atendimento logstico, dentre outros (BALLOU, 2006).

    Um dos fatores intangveis refere-se s suas caractersticas de mercado, ou como

    o mercado trata o produto no momento da compra. No caso da escolha recair sobre a

    marca, exclusivamente, dizemos tratar-se de um produto do tipo exclusividade,

    enquanto um produto cuja venda caracteriza-se pelo seu contedo, independente da

    marca do fabricante, dizemos tratar-se de um produto do tipo convenincia. Tal

    caracterstica chamada de classificao do produto.

    Levando-se em conta a classificao do produto, o projeto logstico dever

    refletir os diferentes padres de utilizao para sugerir a estratgia logstica de

    distribuio. Ainda conforme o autor, os produtos tambm podem ser divididos em

    produtos de consumo ou produtos industriais.

    J caractersticas como peso por volume sero determinantes nas questes

    referentes aos custos de transportes e custos de armazenagem, enquanto caractersticas

    como valor por peso sero relacionados a valores financeiros para armazenagem e

    movimentao.

    Outro fator importante no estudo das caractersticas dos produtos quanto

    substituibilidade dos mesmos. Caso as diferenas entre os produtos oferecidos por uma

    empresa e as suas concorrentes no sejam expressivas, diz-se que tais produtos so

    altamente substituveis.

    As caractersticas de risco do produto tambm devem ser levadas em

    considerao no momento da gesto da cadeia logstica para atendimento do cliente. As

    propriedades dos itens, tais como se so ou no perecveis, inflamveis, com tendncia a

    explodir ou com facilidade para serem roubados devem ser levadas em conta.

    Alm das caractersticas fsicas e das intangveis dos produtos, trs outras

    caractersticas ou grupos devem ser apontados. Tais caractersticas referem-se viso

  • 38

    que o consumidor tem do produto em relao aos produtos da concorrncia e ao

    mercado em s, conforme explanado por Ballou (2006):

    1) Produtos de convenincia, que so bens adquiridos rotineiramente, sem

    grandes comparaes, dependentes de uma ampla distribuio, visto que os

    nveis de servio ao cliente, definidos em termos de disponibilidade e

    acessibilidade dos produtos, precisam ser considerveis a fim de funcionar

    como incentivo a um ndice razovel de preferncia entre clientes.

    2) Produtos de concorrncia, que so produtos cujos consumidores / clientes se

    dispem a pesquisar e comparar antes de optar, pode-se trabalhar com um

    nmero de pontos de estocagem consideravelmente menor que os produtos

    anteriores. O custo de distribuio para esses produtos um pouco mais

    baixo, comparando-o com os custos de produtos do tipo convenincia.

    3) Produtos do tipo especialidade so aqueles pelos quais os clientes se dispem

    a fazer sacrifcios e inclusive a esperar o tempo que for necessrio pela

    respectiva compra. Neste tipo de produto os custos de distribuio fsica so

    os menores dentre todas as categorias.

    As caractersticas dos produtos iro gerar o tipo de atendimento logstico exigido

    pelo mercado. O atendimento a tais exigncias sero avaliadas pelo cliente final no

    momento da compra, e a empresa deve ter em mente os seus prprios objetivos

    estratgicos no momento de se desenhar sua rede logstica para que os desejos dos

    clientes sejam satisfeitos da maneira mais econmica possvel. Tais desejos podem ser

    definidos como Desempenho Logstico, e so estudados no prximo tpico.

    2.3.2 Desempenho Logstico

    A viso tradicional de desempenho logstico relaciona quatro fatores de

    interesse, que so o valor lugar, que trata de conseguir atender o cliente no local de sua

    necessidade; o valor tempo, que trata de atender s necessidades de prazo que o cliente

    necessita; o valor qualidade, que trata do conjunto de necessidades dos clientes e o valor

  • 39

    informao, que trata da disponibilidade de informaes sobre o servio que est sendo

    prestado (BALLOU, 2006).

    Alm da viso tradicional, outros autores relacionam outros fatores que devem

    ser analisados nas relaes entre empresas que compem diferentes elos da cadeia

    logstica quando existe o objetivo de se reduzir os custos logsticos e aumentar a

    disponibilidade ao consumidor final.

    Vieira, Yoshizaki e Lustosa (2010) relacionam trs fatores. O primeiro fator a

    COLABORAO entre os elos da cadeia logstica, que est intimamente relacionada

    forma como as empresas compartilham informaes, realizam aes conjuntas e

    intensificam relaes interpessoais. Para que tal fator ocorra os autores relatam que

    fundamental que haja conhecimento das estratgias, das aes e das dificuldades do

    parceiro.

    A Colaborao envolve confiana, reciprocidade, flexibilidade, interdependncia

    e comprometimento, alm de aes conjuntas e compartilhamento de dados em geral

    (como informaes estratgicas, custos e incentivos).

    Os autores relacionam que a Colaborao em uma cadeia de suprimento pode

    prover uma melhora no segundo fator, chamado de DESEMPENHO LOGSTICO, que

    definido e explicado pelos autores como uma forma de adicionar valor ao produto

    ofertado ao consumidor final por meio de reduo de custos e melhora nos servios

    prestados. Isto ocorre devido remoo da assimetria de informao, da falta de

    alinhamento de incentivos (custos e benefcios) e da falta de compartilhamento de

    informao, contribuidores para a resistncia mudana que impede o sucesso da

    colaborao logstica entre os participantes.

    Os autores listam como elementos de desempenho logstico:

    a) entregas no tempo,

    b) entregas completas,

    c) entregas sem erro,

    d) entregas freqentes,

  • 40

    e) disponibilidade de produto,

    f) cumprimento da agenda de entrega,

    g) cobertura de estoque,

    h) pedidos devolvidos,

    i) entrega de pedidos urgentes e

    j) entrega de pedido em perodo de pico de demanda.

    Isto alcanado devido ao foco nas aes conjuntas de atividades logsticas.

    Essas aes promovem a melhor utilizao de equipamentos, troca de informao e

    compartilhamento de recursos relacionados a transporte e armazenagem (como centro

    de distribuio). As trocas de informao facilitam o ressuprimento de produtos (mais

    agilidade, segurana de dados, menor tempo de conferncia, menos erros de cadastro de

    produtos, entre outros).

    A pesquisa realizada por Vieira, Yoshizaki e Lustosa (2010), indicou que a falta

    (ou falhas) na Colaborao entre os parceiros tem gerado inmeras ineficincias

    logsticas e, conseqentemente, aumentos dos CUSTOS LOGSTICOS e aumento

    significativo dos custos de transao.

    A pesquisa indica que com COLABORAO se pode conseguir menor CUSTO

    LOGSTICO, e maior DESEMPENHO LOGSTICO atravs do maior volume de

    vendas e maior comprometimento na relao, atendendo s necessidades do cliente final

    de maneira mais satisfatria.

    A questo da Colaborao no aumento do desempenho logstico das empresas

    tambm citada por Fawcett, Magnan e McCarter (2008). Os autores relatam os

    benefcios potenciais na integrao das cadeias logsticas, tanto para os clientes, com

    conseqente aumento nos valores percebidos por eles, como tambm ou, por

    conseqncia no desempenho logstico das empresas, tanto na empresa produtora

    como para as empresas participantes da cadeia logstica. Tais vantagens, listadas pelos

    autores, so divididas em dois grupos, o grupo com foco no cliente e o grupo com foco

    nas empresas, dependendo do objetivo de atuao.

  • 41

    No caso das empresas com foco no cliente, destacam-se os seguintes fatores:

    Aumento na qualidade de resposta ao cliente, pontualidade mais consistente, maior

    satisfao percebida pelo cliente e menores prazos para atendimento s solicitaes dos

    clientes.

    J no caso das empresas com foco nas empresas, destacam-se os seguintes

    fatores: Reduo nos custos de compra, melhor aproveitamento do ativo, habilidade

    para lidar com eventos inesperados, reduo dos custos de inventrio, aumento na

    produtividade da empresa e custo dos produtos sofre uma reduo global.

    Entretanto, apesar das vantagens listadas, os autores apontam trs grandes

    barreiras para o sucesso da integrao da cadeia logstica e conseqentes aumentos nos

    valores logsticos percebidos pelos clientes:

    1) As presses dos acionistas por ganhos a curto prazo, levando a perdas estratgicas a

    longo prazo para toda a cadeia logstica.

    2) Averses a mudana, cultura institucional, falta de confiana mtua e disposio para

    colaborar, desalinhamentos tecnolgicos ou de sistemas de informao e estruturas

    organizacionais.

    3) Treinamentos e interaes inexistentes eu insuficientes, alm de falta de interao

    entre equipes e pessoas.

    Como visto neste tpico, vrios fatores podem ser analisados e adotados para

    anlise do desempenho logstico de uma empresa, dependendo de seus objetivos

    estratgicos. Tais objetivos estratgicos que vo nortear os objetivos de desempenho

    estudados no prximo tpico serem adotados.

    2.3.3 Objetivos de Desempenho

    Kim (2006) cita trs estratgias genricas de competitividade desenvolvida pelas

    empresas. Tais estratgias vo depender das caractersticas e do nvel de competio do

    mercado a que cada empresa est sujeita. Tais estratgias so:

  • 42

    a) a minimizao de custos;

    b) a maximizao do valor agregado;

    c) o controle e a capacidade de se adaptar aos aperfeioamentos.

    As empresas que focam suas estratgias na minimizao de custos buscam uma

    estrutura onde as decises so centralizadas. Esta concentrao ajuda na coordenao de

    esforos para alcanar o mximo controle sobre os custos.

    J empresas cujo foco estratgico consiste na maximizao do valor agregado do

    produto, assegurando sua diferenciao, qualidade e inovao, buscam relaes

    duradouras com parceiros comerciais selecionados, buscando a reduo de incertezas e

    riscos e a produtividade global alm da melhoria da qualidade.

    Empresas cujo objetivo estratgico o de se adaptar s necessidades do

    mercado devem se focar na flexibilidade, tendo bastante ateno na coordenao entre

    os parceiros comerciais e na customizao de seus produtos e servios pois o objetivo

    maximizar a capacidade de resposta. Nestes casos a aliana entre as empresas

    encorajada e tais empresas buscam uma relao de longo prazo com seus parceiros.

    J Tracey, Lim e Vonderembse (2005) colocam as capacidades competitivas que

    buscam superar as expectativas dos clientes como forma de aumentar o desempenho

    financeiro das empresas como sendo o maior dos objetivos de desempenho das

    companhias. Relacionam trs capacidades fundamentais:

    a) Capacidades de Fora para Dentro: Capacidade de previso das mudanas externas,

    permitindo s empresas capacidade para promoverem mudanas que resultem em

    desempenho financeiro.

    b) Capacidades de Dentro para Fora: Capacidade de explorar suas capacidades e que

    facilitam a relao com clientes, trazendo valor aos seus produtos e servios, garantindo

    a viabilidade da organizao a longo prazo.

    c) Capacidade Abrangente: Capacidade de apoiar as necessidades dos clientes,

    principalmente atravs da integrao de recursos de dentro para fora e de fora para

    dentro.

  • 43

    Assim sendo, as empresas formulam diferentes estratgias de competio,

    buscando aumento em suas capacidades competitivas de acordo com suas estratgias de

    mercado. Tais estratgias podem ser: a) Liderana em Custos, b) Atendimento s

    necessidades dos clientes, c) Tecnologia inovadora, d) Diferenciao de produtos e

    servios, e) Desempenho de mercado, f) Desempenho financeiro e g) Satisfao do

    cliente (KIM, 2006).

    Custos, Qualidade, Tempo, Flexibilidade e Diferenciao dos Produtos so

    alguns dos objetivos de desempenho que as empresas buscam, em diferentes graus de

    importncia de acordo com suas estratgias (KIM, 2006). Alm destes critrios ainda

    podemos citar Confiabilidade (SLACK et al.,2008) ou ainda Preo e Velocidade de

    Entrega (JOYCE, 2006).

  • 44

    3 A Produo na Indstria Farmacutica

    O processo produtivo pode ser classificado quanto s caractersticas de seus

    produtos ou servios oferecidos aos clientes. Tradicionalmente pode-se classificar o

    processo industrial usando o conceito dos 4 Vs, analisando o volume, a variedade, a

    visibilidade e a variao de demanda da empresa.

    Quanto a indstria contempornea competitiva, analisando o fator variedade,

    pode-se dizer que aquela que atende aos seus clientes cada vez mais rpido e

    conseguem oferecer produtos cada vez mais customizados uma exigncia do mercado

    atual (STEVENSON e SPRING, 2009). Entretanto, quanto mais customizados os

    produtos, menor o volume produtivo terico da empresa, uma vez que sero necessrias

    vrias alteraes na linha de produo com vistas ao atendimento de diferentes

    produtos.

    Vrias tcnicas j foram desenvolvidas na busca pelo melhor desempenho fabril

    como, por exemplo, a Administrao Cientfica de Taylor, o fordismo, o Just in Time

    ou Lean Manufacturing, a Teoria das Restries, a Gesto da Qualidade Total, e

    mesmo o Supply Chain Management Gesto da Cadeia Logstica e o Seis Sigma,

    dentre outras (MAHESH e LYNN, 2008).

    A busca pelo equilbrio entre a agilidade de produo e a otimizao dos tempos

    dos equipamentos reduo dos set-ups, por exemplo, uma busca constante do

    setor de Planejamento da Produo das indstrias farmacuticas. Necessita-se, ento, de

    buscar uma nova organizao industrial mais adequada dinmica do ambiente. Este

    novo paradigma produtivo apia-se sobre trs pilares: qualidade, flexibilidade e

    integrao (MARTINS e SACOMANO, 1994).

    Por exigncias legais, a indstria farmacutica baseada em produo do tipo

    por bateladas, uma vez que sua produo deve ser dividida em lotes que permitam seu

    rastreamento, (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISA A, 2001). Existe,

    ainda, a caracterstica do processo fabril farmacutico ser composto de vrias etapas,

    realizadas em diversas mquinas e equipamentos diferentes, e tais etapas tambm

    devem ser passveis de controle e rastreamento.

  • 45

    Devido s caractersticas produtivas da indstria farmacutica ser da fabricao

    em lotes e com a utilizao de diversas mquinas e equipamentos diferentes,

    dependendo do processo fabril exigido para o atendimento s caractersticas do

    medicamento, o estudo da teoria das restries bastante apropriado na anlise do

    processo farmacutico, na busca pelo melhor desempenho industrial.

    3.1 Teoria das Restries

    A Teoria das Restries, creditada a Eliyahu M. Goldratt foi concebido na

    dcada de 70. Inicialmente foi desenvolvido como um algoritmo, mas atualmente um

    poderoso sistema de estruturao de uma metodologia para soluo de problemas que

    pode ser desenvolvido com intuio e rigor analtico em qualquer ambiente, como

    exposto por Mabim e Balderstone (2003); e que tem como objetivo compreender as

    relaes de causa e efeito das restries ao faturamento das empresas, fator responsvel

    pelo desempenho de uma empresa (REID, 2007).

    A Teoria das Restries, ainda segundo Reid (2007), aborda uma viso sistmica

    que foca sua ateno no processo ou processos que limitam o desempenho do

    sistema em relao ao seu objetivo geral. J Mahesh e Lynn (2008) diferenciam a viso

    tradicional do gerenciamento da produo, que focaliza a natureza independente dos

    processos, da viso proposta pela Teoria das Restries, que prope uma viso mais

    ampla, focando a organizao como uma cadeia de funes interdependentes, processos,

    recursos e departamentos que iro processar diversos insumos em diferentes produtos e

    servios.

    A mesma viso da abordagem sistmica, onde se reconhece o todo muito mais

    que a soma das suas partes e que uma rede complexa de inter-relaes existem dentro de

    um sistema a viso de Mabin e Balderstone (2003), entretanto os autores ainda citam

    que apesar deste pensamento ser bastante bvio, evidente que muitas das prticas

    dirias levam diretamente para fora deste objetivo.

  • 46

    Inman, Sale e Green Jr. (2009) listam trs elementos globais necessrios

    implantao da Teoria das Restries: a) Logstica, b) Processo de Pensamento e c)

    Medio de Desempenho como sendo fundamentais para a melhora no desempenho

    organizacional.

    Ainda segundo Mahesh e Lynn (2008) a Teoria das Restries define restries

    como sendo qualquer fator que limita o melhor desempenho de uma organizao em

    termos de sua meta global. Eles ainda propem que a estratgia utilizada na mentalidade

    organizacional dever ter como foco a Mentalidade Organizacional, que o

    entendimento do sistema produtivo como um todo, formado por diversas cadeias ou

    rede de cadeias de funes, processos, recursos e resultados interdependentes; e na

    Estratgia Produtiva que tradicionalmente focaliza as estratgias das unidades de

    negcios, enquanto na Teoria das Restries o foco o objetivo da organizao de

    ganhar dinheiro agora, bem como no futuro.

    Os desempenhos a serem medidos so, conforme Mabim e Balderstone (2003),

    os desempenhos financeiro e operacional, que devem se basear em medidas de

    desempenho do sistema em relao ao objetivo previamente definido; e a melhoria de

    desempenho obtida aps a utilizao da Gesto das Restries, utilizando-se dos cinco

    passos de melhoria e das ferramentas de melhorias obtidas com o uso da tcnica

    Thinking Processes, que na dcada de 90 ampliou o escopo para a perspectiva da

    amplitude da organizao, e as mudanas nos pensamentos e comportamentos

    necessrios para qualquer processo de mudana.

    J na viso de Mahesh e Lynn (2008), enquanto o desempenho na viso

    tradicional da gesto da produo baseada em confiabilidade, eficincia, flexibilidade

    e qualidade, cuja viso de desempenho a relao entre a poltica financeira, operaes

    e relao com os clientes, o desempenho na Teoria das Restries medido baseando-se

    na meta da organizao ganhar dinheiro alcanado pelo aumento de rendimento pela

    reduo de inventrio e reduo de despesas operacionais. Para isto a nfase principal

    deve ser o aumento da taxa de transferncia (produo) sobre a reduo de inventrio.

    Reid (2007) expe que o desempenho medido atravs da crescente

    produtividade, enquanto o decrscimo do investimento organizacional, inventrio e

    despesas operacionais sero resultado do segundo passo das implantaes Otimizao

  • 47

    e aumento na eficincia dos recursos com restrio e do terceiro passo subordinao

    dos recursos ao setor com restries antes da implantao do quarto passo, quando

    ocorre a reduo da restrio.

    Mabin e Balderstone (2003) colocam as medidas do desempenho e as melhorias

    de desempenho como sendo os dois componentes que formam o corpo da Teoria das

    Restries. A medio de desempenho financeiro e operacional realizada em relao aos

    objetivos da organizao, suas diretrizes, suas aes e solues para a produo,

    marketing e vendas alm das solues prticas do dia a dia, tanto quanto a melhoria de

    desempenho da empresa baseada nos cinco etapas de anlise da Teoria das Restries,

    so critrios para medio de desempenho da corporao, lembrando que ambas devem

    ter uma perspectiva global, evitando medidas locais

    Tais desempenhos citados por Mabin e Balderstone (2003) podem ser avaliados

    pelo Retorno sobre o Investimento e sobre o fluxo de caixa, juntamente com trs outras

    medidas financeiras operacionais, que so a) Receitas das vendas menos as despesas, b)

    o capital investido no negcio e que pode ser vendido no s as matrias primas,

    materiais em processos e produtos acabados, mas todas as instalaes, mquinas e

    equipamentos, e c) as despesas operacionais, que so os custos envolvidos no processo

    produtivo.

    Quanto aos cinco passos que devem ser tomados numa gesto baseada na Teoria

    das Restries, Zhang (2010) os relaciona e os explica da seguinte forma:

    1) Identificar as restries do sistema. a primeira pesquisa que deve ser

    realizada para se entender a capacidade do sistema.

    2) Otimizar a eficincia dos Recursos com Restrio de Capacidades. Devem

    ser aplicados e utilizados todos os mtodos de gesto de recursos nestes

    pontos, visando sua otimizao.

    3) Subordinar os planos de produo e a preparao dos planos dos outros

    recursos para o Recurso com Restrio de Capacidade, visando a garantia de

    entrega do produto.

    4) Aumentar a capacidade do Recurso com Restrio de Capacidade. Aps a

    concluso dos trs passos anteriores, se as limitaes de capacidade do

  • 48

    recurso ainda no satisfizerem as necessidades da empresa, este passo

    aconselha o investimento no setor, visando o aumento de sua capacidade.

    5) Com o aumento da capacidade do Recurso com Restrio de Capacidade

    deve-se prestar bastante ateno quanto ocorrncia de restries de

    mercado ou o surgimento de novas restries, antes que a restrio do

    mercado surja. Neste caso Reid (2007) aconselha que, a menos que ocorra

    uma deciso deliberada para se permanecer na atual restrio, as decises

    gerenciais tomadas deslocaram a restrio para outro local. Assim,

    necessrio voltar ao primeiro passo para identificar a nova restrio,

    prevenindo-se contra a inrcia de se no examinar a nova configurao do

    sistema. Deve-se, tambm, estudar as implementaes implementadas os

    passos 2 e 3 para se observar se continuam sendo necessrias.

    Reid (2007) lista quais so as possveis restries que um sistema poder sofrer,

    considerando restrio como sendo os recursos que, caso a empresa dispusesse em

    maior quantidade, permitiria chegar aos seus objetivos mais facilmente. Segundo o

    autor as restries podem ser internas e externas.

    Quanto s Restries Internas, podem ser devido capacidade insuficiente; a

    falta de recursos fsicos ou ento devido aos procedimentos ou polticas organizacionais

    ineficazes.

    Quanto s Restries Externas pode ser devido a demanda de mercado

    inadequada.

    Para se chegar a uma melhora de desempenho, Inman, Sale e Green Jr (2008)

    prope o uso de um diagrama de causa e efeito. O diagrama de causa e efeito pode ser

    realizado partir da realizao de trs perguntas:

    a) O que mudar?

    b) Para o que mudar?

    c) Como criar a mudana?

  • 49

    Alves, Cogan e Almeida (2010) montaram uma estrutura lgica para lidar com

    as restries e seus objetivos. Tal estrutura montada baseando-se em perguntas, como

    mostrado no Quadro 1.

    Aps a identificao da restrio do sistema, Mabin e Balderstone (2003)

    apontam o mtodo tambor pulmo corda para programar as operaes, permitindo

    que seja definido o ritmo do processo (tambor) que vai fornecer subsdios para o

    estoque (pulmo) abastecer a produo (corda). O controle dos estoques a chave do

    planejamento da produo.

    O mtodo tambor pulmo corda explicado por Souza (2005) como sendo a

    forma indicada para se programar uma produo, partindo do pressuposto que existam

    apenas alguns poucos recursos com restries. A liberao dos nveis de estoque

    (pulmo) para a fbrica deve ocorrer no ritmo (tambor) com que o recurso restritivo o

    consome (corda).

    Para uma instituio garantir a capacidade produtiva de seus recursos num ponto

    com Restrio de Capacidade, Souza (2005) aponta o uso de pulmes estoques - que

    devem existir para no comprometer as produes de tais recursos. So aconselhados,

    segundo o autor, apenas trs tipos de pulmes, que existem para garantir o

    abastecimento de um Recurso com Restrio de Capacidade (RRC).

    O primeiro apontado chamado Pulmo de Recursos, resultado da necessidade

    de se proteger a restrio da falta de materiais. Este pulmo dever localizar-se frente

    do Recurso com Restrio de Capacidade (RRC) e conter material de estoque em

    processo.

    O segundo pulmo deve proteger ao Mercado, pois, ainda segundo Souza

    (2005), deve-se sempre entregar no prazo, exigindo, assim, estoques de produtos

    acabados. O terceiro e ltimo pulmo localiza-se aps os Recursos com Restrio de

    Capacidade, uma vez que no faz sentido interromper a utilizao de um Recurso com

    Restrio de Capacidade devido a uma interrupo de um Recurso no Restritivo

    (RNR).

    Mahesh e Lynn (2008) ainda explicam que os estoques no so simplesmente o

    que normalmente chamamos de matrias primas, materiais em processos e produtos

  • 50

    acabados, mas tudo que a empresa adquire e que possa ser vendido, tais como

    propriedades, instalaes e equipamentos, e suas funes so a de proteger a taxa de

    transferncia do sistema.

    Quadro 1 Estrutura Lgica para Anlise de Melhoria

    Adaptado de Alves, Cogan e Almeida, (2010)

    Alertam, ainda, que deve-se ter cautela quanto ao uso de estoques de matrias

    primas, materiais em processos e produtos acabados, pois podem reduzir a taxa de

    transferncia de vrias formas, tais como:

    a) Tornando difcil a transferncia fsica dos itens que encontram-se ao redor.

    Questes Estrutura Lgica Utilizada Objetivos

    O que mudar? rvore da Realidade Atual. Identificar efeitos indesejveis,

    Relacionar efeitos indesejveis e

    causa raiz,

    Identificar problema raiz.

    Para o que mudar? rvore de Resoluo de Conflitos Confirmao da existncia de

    conflito,

    Identificao do conflito,

    Resoluo do conflito,

    Criao de solues,

    Explicar a existncia do conflito,

    rvore da Realidade Futura Testar novas idias antes de

    investimentos,

    Determinar a viabilidade dos efeitos

    desejveis,

    Possveis efeitos colaterais.

    Como criar a mudana? rvore de Pr-Requisitos Identificar possveis obstculos,

    Identificar remdios para possveis

    obstculos,

    Identificar seqncia de aes

    rvore de Transio Demonstrar mtodo de

    implementao,

    Executar aes da rvore de Resoluo de problemas e rvore de

    Pr-Requisitos.

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    b) Dificuldades para controle,