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MANUAL DO PROFESSOR São Paulo - 2018 PNLD 2018 Literário ENY MAIA

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MANUAL DO PROFESSOR

São Paulo - 2018

PNLD 2018 Literário

ENy MAiA

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MANUAL DO PROFESSOR: QUEM PEGOU UMA PONTA DO MEU CHAPÉU DE TRÊS PONTAS QUE AGORA SÓ TEM DUAS?

ObjETivOS DO MANUAL DO PROFESSORO Manual do Professor é um material de apoio e tem por objetivo ser utilizado pelo docente, em correspondência com o Livro do Estudante (Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas?), para aperfeiçoar-se, expan-dir seus estudos, preparar os planos de aulas e de avaliação formativa e suprir as dificuldades de aprendizagem dos es-tudantes.Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, o Manual do Professor deve estar em consonância com a Base Nacional Comum Curricular/BNCC.

FiCHA TÉCNiCALivro: Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas?Autor: Cesar Cardoso (nome literário)Ilustradora: Janaina Tokitaka (nome literário)Editora: GaivotaLocal e ano de publicação: São Paulo, 2013Número de páginas: 168Categoria Fundação Biblioteca Nacional: Literatura infantojuvenil

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ORGANizAçãO DO MANUAL DO PROFESSOR

Este material de apoio está organizado de forma a abranger os seguintes elementos:

I – Proposições gerais.

(A) Considerações sobre autor, ilustradora e obra.Objetivo: contextualizar autor, ilustradora e obra.(B) Considerações para a motivação do/a estudante para a lei-tura da obra.Objetivo: motivar o/a estudante para leitura da obra.(C) Considerações sobre a adequação da obra à categoria, ao(s) tema(s) e ao gênero literário (de acordo com o Edital).Objetivo: justificar a pertença da obra aos seus respectivos tema(s), categoria e gênero literário.(D) Subsídios, orientações e propostas de atividades para o uso da obra em sala de aula.Objetivo: apresentar subsídios, orientações e propostas de atividades para o uso da obra em sala de aula.

II - Considerações sobre o material de apoio para pré-leitura, leitura e pós-leitura.

Objetivo: apresentar orientações para as aulas de língua por-tuguesa que preparem os/as estudantes tanto para a leitura da obra em foco (material de apoio pré-leitura), quanto para a retomada e problematização da referida obra (material de apoio pós-leitura).

III - Considerações sobre a abordagem interdisciplinar da obra.

Objetivo: apresentar orientações gerais para aulas de outros componentes ou áreas, a fim de que sejam trabalhados temas e conteúdos presentes na obra em questão, com vistas a uma abordagem interdisciplinar.

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(A) Considerações sobre autor, ilustradora e obra.

Sobre o autorO carioca Cesar Cardoso nasceu em 1955, e é formado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escreveu para a revista Caros Amigos, para os jornais O Pasquim e O Planeta Diário, e roteiros para programas de tevê como TV Pirata, A Grande Família, Sai de Baixo e Toma Lá Dá Cá. Ele publicou, pela Editora Biruta, os livros infantis O que é que não é?, selecionado pelo o Programa Nacional de Biblio-teca Escolar/PNBE e para o Programa PNLD/Alfabetização na Idade Certa, do Ministério da Educação.Lançou Capoeira Camará, pela Editora Paulus, livro que re-cebeu o selo “Altamente Recomendável”, pela Fundação Na-cional do Livro Infantil e Juvenil. Pelas Editoras Biruta e Gaivota publicou ainda Cadê a Escola que estava Aqui? e Você não vai abrir? Publicou vários contos, entre eles, o livro As Primeiras Pessoas, pela Editora Oito e Meio. Tem ao todo 12 obras publicadas entre infantojuvenis, prosa e poesia.

É editor do blog de literatura PATAVINA’S. É possível aces-sar vários textos do autor em:

http://cesarcar.blogspot.com.br/

Em entrevista sobre o seu livro de contos Urubus em círculos cada vez mais próximos, lançado pela Editora Oito e Meio, em 2017, declarou o autor:

Eu escrevo literatura infantojuvenil, volta e meia vou a escolas conversar com a criançada que leu algum livro meu. E muitas vezes têm leitores que fazem perguntas que eu mesmo não imaginava. Em meu livro “Quem pegou a ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem du-as?”, o personagem diz: “Roubaram uma ponta do meu

i: PROPOSiçõES GERAiS

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chapéu de três pontas. E logo a vermelha, a que eu mais gosto.” E uma garota lá perguntou: “Vem cá, e quais são as cores das outras pontas?”. Eu nunca havia pensado nis-so. Então eu busco surpreender o leitor, deixando um final em aberto, e este leitor, ao construir sua leitura, também pode me surpreender.

Sobre a ilustradoraA escritora e ilustradora paulista Janaina Tokitaka nasceu em 29 de Julho de 1986. é formada em Artes Plásticas pela ECA-USP. Em 2005, ela começou sua carreira de ilustradora colaborando para a Folhinha, suplemento do jornal Folha de S. Paulo, e, no mesmo ano ilustrou seu primeiro livro infan-til. A partir daí, publicou dezoito títulos de sua autoria, e ilustrou quarenta livros, todos destinados ao público infan-tojuvenil.

(B) Considerações para a motivação do estudante para a leitura da obra.

Era uma vez um garoto chamado Jorge, um cachorro cha-mado Alfabeto e um chapéu de três pontas. Até aí, tudo bem. Mas não é que um dia sumiu uma das pontas do tal chapéu? Foi então que entrou em cena Dona Chica-cá, a melhor de-tetive de todas as detetives que existem detetivando por aí. E juntos, ela, Jorge e Alfabeto vão investigar o sumiço. E vão interrogar o Boi da Cara Preta, Terezinha de Jesus, o Solda-do da Cabeça de Papel, Pai Francisco e até a encrenqueira da Dona Baratinha. Será que eles conseguem resolver o “mis-terioso mistério”?

Esse “misterioso mistério” é a história do livro infantojuvenil Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas?, de Cesar Cardoso. Quando o autor decidiu escre-ver uma história de detetive, com mistérios e investigações,

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resolveu também ir um pouco além. E situou toda essa his-tória dentro do mundo das cantigas populares para crianças, as cantigas de roda.

Segundo ele próprio declara: “fui buscar nesse mundo os meus personagens e o meu mistério. Assim eu trabalhei com personagens e fatos que o meu leitor ou a minha leitora já conhecem, é uma bagagem cultural que essas pessoas já tra-zem. Assim como nós, adultos, gostamos de ver um filme com citações de outras histórias, as crianças que lerem o li-vro poderão fazer a mesma coisa.”.

Então ele começou a juntar personagens das cantigas de ro-da e a buscar um mistério.

É uma história num texto cheio de humor e também com muito lirismo, marcas registradas da escrita do autor, tanto para o mundo infantil quanto para o mundo adulto.

Diz o autor sobre a produção da obra:

Na Bienal do Livro de 2012, em São Paulo, eu já havia participado de uma atividade de leitura e conversa com crianças, com meu livro O que é que não é?, e estava no stand das editoras Biruta e Gaivota conversando com uma das sócias das editoras, a educadora Eny Maia. A certa altura, ela me falava do interesse das crianças em histó-rias que têm investigações e detetives. Eu vi ali um desafio interessante e resolvi tentar criar alguma história com esse tema.

Como eu não conhecia muitos textos desse tipo, li alguns livros, para começar a pensar na minha própria história. E na busca de algum caminho, resolvi que não queria sim-plesmente uma história policial, um detetive investigando e resolvendo um mistério. Não. Achei mais interessante

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mesclar a investigação com alguma outra coisa. E escolhi situar o meu mistério dentro do mundo das cantigas de roda, por ser um universo bastante conhecido pelas crian-ças. Fui me lembrando de várias delas e de seus persona-gens, até que a memória me levou à cantiga que diz: “o meu chapéu tem três pontas / tem três pontas o meu cha-péu / se não tivesse três pontas / não seria o meu chapéu”.

Achei curioso o dono do chapéu declarar firmemente que se ele não tiver as três pontas não é o seu chapéu. Então eu pensei: e se de repente o chapéu não tivesse mais três pon-tas? E se uma das pontas desse chapéu desaparecesse mis-teriosamente?

Pronto: eu havia encontrado o ponto de partida da minha história. O passo seguinte foi inventar o dono do chapéu, o personagem principal. E assim surgiu um garoto, que eu batizei de Jorge, em homenagem ao meu neto, que tem es-se nome. Logo em seguida, surgiram sua família – o pai, mais certinho, a mãe, distraída e a avó, muito relax – e o personagem que iria acompanhar Jorge na sua busca pela ponta sumida de seu chapéu: um cachorro, que se chama Alfabeto e que conversa com os humanos. Assim eu poderia ter humor e encantamento na aventura de Jorge.

É dessa forma que o leitor, enquanto segue a busca de Jor-ge, também descobre toda a verdade sobre a briga do Cra-vo com a Rosa. E vê como a detetive Sambalelê resolve o caso do sapo que não lava o pé. E também acompanha as investigações da famosa detetive Dona Chica-cá, que in-terroga o Soldado da Cabeça de Papel, o Boi da Cara Pre-ta, Teresinha de Jesus, Pai Francisco... E para isso vai a lugares como o Tororó, o Bosque da Solidão e até a loja de sucos da Dona Baratinha.

Há no livro todo um mundo que já faz parte das informa-

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ções culturais que o leitor e a leitora infantil possuem. É a magia da citação.

Essa experiência de humor e emoção, o jovem leitor e a jovem leitora também terão ao ler as aventuras de Jorge, que começam com a sua pergunta: quem pegou uma pon-ta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas?

(C) Considerações sobre a adequação da obra à categoria, ao(s) tema(s) e ao gênero literário (de acordo com o Edital).

Da categoria A obra está inscrita na Categoria 5: obras literárias voltadas para estudantes do 4° e 5° anos do Ensino Fundamental.

O livro de literatura infantojuvenil Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas? foi produzido para esta faixa etária. Isso significa que tanto aquilo que se refere ao estilo quanto à composição e ao tema são escolhas próprias para o destinatário.

Do temaDe acordo com o Edital, a obra se enquadra no seguinte te-ma: Diversão e Aventura e Família, Amigos e Escola. A his-tória permite ir além da realidade imediata da criança e es-timular a imaginação e o envolvimento com a laitura tanto pelo trabalho com a linguagem quanto pelo desenvolvimen-to da narrativa. No primeiro momento da história, quando Jorge descobre que o chapéu está sem a ponta vermelha, se passa na família um diálogo com o pai (que prenuncia o cul-pado) e a participação da família é definitiva para esclarecer o “misterioso mistério”.

A obra busca seduzir o leitor atraído pela narrativa de aven-turas sucessivas de um menino que busca uma das pontas de seu chapéu. Há mistério, suspense, a figura do detetive.

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A narração em primeira pessoa desperta o interesse e a curiosidade do leitor, que se envolve na trama das persona-gens pela capacidade projetiva e criativa da linguagem, transpondo as fronteiras do aqui-agora.

Do gêneroGênero: novela infantojuvenil.

A narrativa é iniciada pela interrupção do cotidiano do per-sonagem-narrador por um acontecimento inusitado “o su-miço de uma das pontas de seu chapéu”. Uma interrupção no fluir normal, cuja ordem é vista como merecedora de ser restabelecida e defendida. O personagem busca um detetive profissional que esteja disposto a resolver essa “desordem temporária”. Encontrado o detetive, segue-se um percurso dedutivo e ativo para atingir a verdade e restabelecer a or-dem. O jogo dedutivo realizado pelo detetive acumula pistas e testemunhos aos olhos do leitor, para no fim chegar a con-clusões que estavam implícitas no que se apresentou. A so-lução do mistério está evidente desde o início da narrativa, e o leitor pode antecipar a identidade secreta de quem pegou a ponta do chapéu.

O ritmo do texto é acelerado, precipitado, decorrente do fa-to de basear-se na ação. Com efeito, em razão do entrelaça-mento de dramas, o ficcionista vê-se obrigado a criar deze-nas de personagens auxiliares, cuja ação, momentânea e ocasional, pode não ter qualquer consequência futura. O texto cresce por justaposição, porquanto cada episódio cons-titui o recomeço da macroscópica unidade dramática que constitui a obra.

O ficcionista se detém no todo constituído pelas partes, a sucessão das partes não esgota o conteúdo do todo, no fim de cada parte o ficcionista procura deixar pistas para manter vivo o interesse do leitor.

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O dinamismo da intriga determina que as personagens (Jor-ge e Alfabeto) estejam continuamente a mudar de lugar, vá-rios locais são visitados e os cenários são mudados. O pró-prio mecanismo da ação e do tempo faz com que os cenários mudem incessantemente.

O diálogo é predominante. É sempre construído na forma direta e indireta e atribuído às personagens, que contam boa parte da história.

Em suma, a obra apresenta o esquema da novela: continui-dade pela permanência de uma ou mais personagens; plu-ralidade e sucessividade dramática; número ilimitado de personagens; liberdade de tempo e espaço; diálogo (impor-tante); narração (importante); descrição (presente); disser-tação (praticamente ausente).

(Fonte de pesquisa: Massaud Moisés. A criação literária. São Paulo: Melhoramentos, 1970.)

(D) Subsídios, orientações e propostas de atividades para o uso da obra em sala de aula.

Pela tradição artístico-cultural a que se associa, o texto de valor literário tem características próprias, baseadas em convenções discursivas que estabelecem modos e procedi-mentos de leitura bastante particulares (os “pactos de leitu-ra”). Esses modos próprios de ler têm o objetivo básico de permitir ao leitor apreender e apreciar o que há de singular num texto cuja intencionalidade não é imediatamente prá-tica, e sim artística.

Em consequência, o leitor literário caracteriza-se como tal por uma competência própria, ao mesmo tempo lúdica (por-que o pacto é ficcional) e estética (dada a intencionalidade artística). Trata-se, portanto, de uma leitura cujo processo de (re)construção de sentidos envolve fruição estética, em

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diferentes níveis.

De acordo com a BNCC/LP, os textos literários estão inse-ridos no CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO, que concerne à participação em situações de leitura, fruição e produção de textos literários e artísticos, representativos da diversidade cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas.

A BNCC/LP destaca PRÁTICAS DE LINGUAGEM / OB-JETOS DE CONHECIMENTO / HABILIDADES. Sele-cionam-se aqui prioritariamente aspectos que possam ser relacionado à obra em questão.

LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA)

Formação do leitor literário

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdi-ca, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.

Leitura colaborativa e autônoma

(EF15LP16) Ler e compreender, em colaboração com os co-legas e com a ajuda do professor e, mais tarde, de maneira autônoma, textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas, acumulativos, de assombração, etc.) e crônicas.

Formação do leitor literário/Leitura multissemiótica

(EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros recur-sos gráficos.

A BNCC/LP também privilegiou a ORALIDADE, destacando o seguinte aspecto:

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Contagem de histórias

(EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de ima-gem, textos literários lidos pelo professor.

Com o foco no 3º AO 5º ANO, a BNCC/LP propõe o seguinte:

LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA)

Decodificação/Fluência de leitura

(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em segui-da, em voz alta, com autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado.

Formação de leitor

(EF35LP02) Selecionar livros da biblioteca e/ou do cantinho de leitura da sala de aula e/ou disponíveis em meios digitais para leitura individual, justificando a escolha e comparti-lhando com os colegas sua opinião, após a leitura.

Compreensão

(EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstran-do compreensão global.

Estratégia de leitura

(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.

(EF35LP05) Inferir o sentido de palavras ou expressões des-conhecidas em textos, com base no contexto da frase ou do texto.

Em relação especificamente ao CAMPO ARTÍSTICO-LITE-RÁRIO, a BNCC/LP, para os anos, indica:

LEITURA/ESCUTA (COMPARTILHADA E AUTÔNOMA)

Formação do leitor literário

(EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes gêneros e extensões, inclusive aque-

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les sem ilustrações, estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Formação do leitor literário/Leitura multissemiótica

(EF35LP22) Perceber diálogos em textos narrativos, obser-vando o efeito de sentido de verbos de enunciação e, se for o caso, o uso de variedades linguísticas no discurso direto.

PRODUÇÃO DE TEXTOS (ESCRITA COMPARTILHADA E AUTÔNOMA)

Escrita autônoma e compartilhada

(EF35LP25) Criar narrativas ficcionais, com certa autono-mia, utilizando detalhes descritivos, sequências de eventos e imagens apropriadas para sustentar o sentido do texto, e marcadores de tempo, espaço e de fala de personagens.

(EF35LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, nar-rativas ficcionais que apresentem cenários e personagens, observando os elementos da estrutura narrativa: enredo, tempo, espaço, personagens, narrador e a construção do dis-curso indireto e discurso direto.

ANÁLISE LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA

Formas de composição de narrativas

(EF35LP29) Identificar, em narrativas, cenário, personagem central, conflito gerador, resolução e o ponto de vista com base no qual histórias são narradas, diferenciando narrati-vas em primeira e terceira pessoas.

(EF35LP30) Diferenciar discurso indireto e discurso direto, determinando o efeito de sentido de verbos de enunciação e explicando o uso de variedades linguísticas no discurso direto, quando for o caso.

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SUGESTÕES DE ATIVIDADESPara o livro Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas? em específico sugere-se o desenvolvi-mento das seguintes atividades, com o objetivo de o/a estu-dante aprender a apreciar o texto de literário:

1. Diferenciar autor de narrador. Nesta obra em especial, essa é uma reflexão importante. Quem é o autor? Quem é narrador?

O autor (ficcionista) é um uma pessoa “real” que se utiliza de uma voz, ou seja, de uma personagem fictícia – o nar-rador – para contar aquilo que ele cria, imagina, inventa para o leitor. O narrador só existe no texto e cada autor cria um novo narrador em cada texto que produz.

Os autores utilizam as categorias pronominais, em pri-meira pessoa ou terceira pessoa, para identificar o narra-dor que conta a história em outro tempo e espaço diferen-te do seu.

No texto, há diferentes focos narrativos em 1ª e 3ª pessoas. Peça aos alunos que identifiquem as formas verbais e/ou pronominais decorrentes da mudança de foco narrativo (de terceira para a primeira pessoa, ou vice-versa) e inter-pretem o ponto de vista do narrador, em primeira pessoa ou terceira pessoa, na apresentação dos fatos narrados (comentários sobre situações ou personagens).

O foco narrativo, na obra, mescla situações em primeira e terceira pessoa. Em primeira pessoa do plural, na voz do narrador-personagem (Jorge), que é o condutor da narra-tiva. Em terceira pessoa, quando outro narrador interfere na narrativa acrescentando comentários e vários hiper-textos (chamadas, adivinhas, enigmas, lista, cardápio, etc.). Um bom exemplo para análise está na página 28:

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Proponha as seguintes reflexões:

Qual o papel do narrador na construção do enredo?Qual a posição do narrador em relação à história (central? periférica?)?De que forma o narrador conta a história (pensamentos? percepções? sentimentos? ações? falas de personagens?)?Como o narrador se posiciona em relação ao leitor (próxi-mo? distante?)?

* Se você estiver precisando de

um jardineiro, vá até o final

deste capítulo, logo ali na página 33.

“— Mas que caso famoso é esse, que eu nunca ouvi falar? – eu perguntei.

— Famosíssimo, famosórrimo! — con-tinuou Alfabeto. — Eu te conto: era uma vez... Não! Sem “Era uma vez”, vamos dire-to aos fatos. Um dia sumiram várias pétalas da Rosa e ninguém, ninguém mesmo, sabia como isso tinha acontecido. Seu Galholfo, que é o jardineiro aqui do bairro*, ficou nervosíssimo, nervosórrimo mesmo: “E se começarem a tirar as pétalas de todas as flores, o que vai ser do meu jardim? Conta pra mim, conta pra mim!” (Não sei se você sabe, mas seu Galholfo sempre bota uma rima no que diz.)

(...)”

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2. Identificar mecanismos de textualização de discursos citados ou relatados dentro de um texto ou sequência narrativa.

As falas de personagens no enunciado do narrador-per-sonagem é uma das estratégias mais utilizadas pelo autor no texto. Em discurso direto, outras personagens, além do narrador-personagem narram histórias, utilizando elas também o discurso direto; há outra história dentro da história. Veja, por exemplo, o discurso direto de Alfabeto em que ele textualiza também em discurso direto a fala de seu Galholfo no trecho do livro reproduzido na página 15 deste manual. Isso ocorre pela intensificação da narrativa; o ficcionista constrói grande parte da narrativa em diálo-gos. Quanto às pistas linguísticas, vale observar que o au-tor quase não usa conectivos no interior desses parágra-fos, aparecem vários marcadores de relações espaciais, temporais e lógico-semânticas, comuns em textos do tipo narrativo: “aí”, “assim”, “e”, “no dia seguinte”, “enfim”, “agora”, “afinal”.

Há muitas frases curtas, de estrutura sintática semelhan-te, em linguagem coloquial. Os recursos que o autor utili-za revelam o estilo dele e provocam o leitor a querer saber o que vem depois. Há, portanto, na narrativa, a recorrên-cia à tipologia dialogal como falas simultâneas e sobrepo-sições; marcas que indicam hesitação, reparação e corre-ção, etc.

Neste caso, analise os usos do discurso direto na textuali-zação do discurso narrativo como estratégia do narrador em reproduzir o que e o modo como as personagens fa-lam, de acordo com a sua posição, caráter, sentimentos, pelos usos de linguagem mais ou menos formal, recursos expressivos e lexicais, recursos gráficos e outros.

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3. Identificar, em narrativas, cenário, personagem cen-tral, conflito gerador, resolução. Pode-se propor que os/as estudantes identifiquem no texto a ambientação da história, a apresentação de personagens, e o estado ini-cial da ação; na sequência, como se constrói a complica-ção ou o fato detonador da história (surgimento do con-flito ou obstáculo a ser superado - o sumiço de uma das pontas do chapéu de Jorge -, e o papel do conflito no de-senvolvimento da narrativa); quando ocorre o clímax (ponto máximo de tensão do conflito – a prisão de pai Francisco) e o desfecho (resolução do conflito, contendo a avaliação do narrador acerca dos fatos narrados e, ain-da, a moral da história); o tempo e o espaço da narrativa.

Esse livro visto como história de mistério, aventura e de-tetives pode também ser explorado da seguinte forma:

O que interrompe o cotidiano normal de Jorge? Qual ordem precisa ser reestabelecida para que tudo volte ao normal?O que Jorge busca para ajudá-lo a desvendar o mistério (um profissional/detetive que esteja disposto a resolver a “desordem temporária”)?Qual é o percurso dedutivo e ativo realizado pelo detetive para restabelecer a ordem? Como ele acumula pistas e testemunhos aos olhos do leitor, para no fim chegar a conclusões que estavam implícitas no que se apresentou?Como o narrador apresenta a personagem detetive? Como ocorre a pesquisa dos dados que cercam o mistério?Como se apresenta o desfecho? Há uma solução surpreen-dente? O final é feliz?A solução do mistério está evidente desde o início do texto? Observe que se Jorge tivesse encontrado a mãe naquela

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manhã, não haveria história. Outras pistas sobre o com-portamento da mãe estão presentes em outras partes da narrativa, para que no caso de uma releitura o autor possa mostrar ao leitor o quanto ele foi desatento.As ações, o tempo e o espaço são possíveis no mundo real?Há no texto, estratégias e/ou marcas explícitas de inter-textualidade com outros textos, discursos, produtos cultu-rais ou linguagens? Quais efeitos de sentido eles produ-zem?

Por exemplo: Como é no original a canção Dona Barati-nha? A temática, estilo e a composição da canção se refle-tem quando da retomada da personagem no livro? (obser-ve que, no livro, Dona Baratinha é mentirosa e sempre que fala, faz associações de sílabas entre as palavras). Cada capítulo merece uma análise particular de modo que os/as estudantes possam recuperar estratégias e/ou marcas explícitas de intertextualidade com outros textos, discur-sos, produtos culturais ou linguagens.

A barata diz que temA barata diz que tem sete saias de filóÉ mentira da barata, ela tem é uma sóAh ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só

A Barata diz que tem um sapato de veludoÉ mentira da barata, o pé dela é peludoAh ra ra, Iu ru ru, o pé dela é peludo!

A Barata diz que tem uma cama de marfimÉ mentira da barata, ela tem é de capimAh ra ra, rim rim rim, ela tem é de capim.

Fonte: http://www.folclore.adm.br/cantigas.html

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4. Analisar os mecanismos discursivos e linguísticos ex-pressivos utilizados no texto, no nível fonológico, lexical, semântico, morfológico e sintático: sentidos implícitos, sentidos indiretos, intertextualidades, jogos de palavras, duplos sentidos, trocadilhos, polissemia, conotações, fal-sos cognatos, subentendidos, ambiguidades, ironias, hu-mor, elipses, figuratividade, duplicidade.

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Sugestões de atividades pré-leitura

Pode-se ler para os alunos o texto abaixo:

As cantigas de roda infantis são o ponto de partida do livro “Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas?”. Você conhece a cantiga “O meu chapéu tem três pontas”?

O meu chapéu tem três pontas.Tem três pontas o meu chapéu.Se não tivesse três pontas,Não seria o meu chapéu.

A história começa assim: “Pra dizer uma verdade bem verdadei-ra, o meu chapéu sempre teve três pontas. E bem pontudas! Mas não é que hoje de manhã eu fui pegar meu chapéu de três pontas, e uma das pontas tinha sumido? E logo a vermelha, que é a que eu mais gosto porque é a minha cor preferida. Daí eu fiquei pen-sando: o que é que eu faço agora?” Mas afinal, quem pegou a ponta do chapéu do menino Jorge?

Permita que os/as estudantes levantem hipóteses sobre o con-teúdo da narrativa.

Em seguida, leia o depoimento do autor Cesar Cardoso sobre a criação da obra:

Lá pelos 4 anos, eu tinha um avô que me contava histórias e as-sim me trazia um mundo novo, ou vários mundos novos que eu ia visitando, encantado. Depois, já na escola, descobri um objeto com cerca de um palmo, que também estava cheio de histórias e mundos como os que meu avô me trazia. E esse objeto passou a me acompanhar pelo resto da vida. E ele se chama livro. Foi as-

ii: CONSiDERAçõES SObRE O MATERiAL DE APOiO PARA PRÉ-LEiTURA, LEiTURA E PÓS-LEiTURA

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sim que eu acabei me tornando um escritor e criando, eu mesmo, vários novos mundos.

(Leia a entrevista completa na página 6 deste manual)

Permita que os/as estudantes revejam suas hipóteses sobre o conteúdo da narrativa, a partir do depoimento do autor.

Em seguida, leia com os/as estudantes, os títulos dos capítulos:

Observe que a maioria dos nomes dos capítulos faz referência a canções. Recupere essas canções (ou peça que os alunos fazem uma pesquisa sobre elas) então permita que os/as estudantes le-vantem novas hipóteses sobre a narrativa. O que cada capítulo vai explorar?

Proponha, em seguida, a leitura da história.

Sugestões de atividades de leitura

A leitura pode ser feita em voz alta pelo professor, em grupos ou individualmente pelos/as estudantes.

É possível, por exemplo, organizar a sala em um círculo e iniciar a leitura do texto, em voz alta; depois, pedir aos alunos que con-tinuem a leitura em voz alta e apreciem o texto, observando o formato do texto na página, a distribuição e a diagramação das letras, as ilustrações, e que anotem num caderno as palavras eventualmente desconhecidas.

Considerando esse aspecto, outra possibilidade seria propor que a leitura do texto seja realizada com interrupções. Por exemplo, o professor interrompe a leitura da história e pergunta aos alu-nos o que eles acham que vai acontecer, como o texto vai prosse-guir, e por que pensam assim (Com base em que elementos tex-tuais têm essa opinião?).

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Para contribuir com o desenvolvimento da capacidade de com-preensão global, o professor pode orientar os alunos com mais independência a fazer uma leitura silenciosa do texto todo (ou de trechos), com certa rapidez, sem se perder em detalhes. Ou-tras vezes, pode convidá-los a ler em voz alta, com fluência, ritmo e expressividade, pelo prazer de sentir-se participante do texto – como um narrador.

Sugestões de atividades pós-leitura

Pode-se realizar uma roda de leitura, que segue procedimentos simples: cada um fala por sua vez e estabelece-se o diálogo com cada depoente que discorre sobre sua experiência de leitura: sua hipótese inicial (a leitura seria prazerosa) cumpriu-se? Que fatores influenciaram positiva e negativamente na leitura? Se o grupo é numeroso, poderá ser necessário realizar a roda em duas aulas consecutivas para dar tempo a todos de conversar sobre sua leitura.

Uma atividade envolvente também é aquela em que os alunos podem partilhar sua emoção e sua compreensão com os cole-gas, avaliando e comentando afetivamente o que leram, fazen-do extrapolações (isto é, projetando o sentido do texto para outras vivências, outras realidades), buscando outros textos do mesmo autor, ou sobre o mesmo tema. Espera-se que os estu-dantes sejam capazes de fazer extrapolações pertinentes – sem perder o texto de vista.

Atividade de escrita

Leia para os/as estudantes, a entrevista fictícia a seguir em que o entrevistado é Jorge, dono do chapéu de três pontas e princi-pal personagem do livro - Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas?.

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Entrevistador: Jorge, com que idade você aprendeu a falar o cachorrês?

Jorge: Eu ganhei o meu cachorro, o Alfabeto, quando eu tinha três anos e ele logo começou a me ensinar o cachorrês. Quer dizer, eu sou bilíngue (falo duas lín-guas) desde os três anos! Estou querendo aprender mais uma língua. Uma professora da escola disse que eu devia aprender o inglês, mas eu estou querendo mesmo é aprender a falar rinocerontês, que é a língua que os rinocerontes falam.

Entrevistador: Qual foi a aventura mais maluca que você e o Alfabeto já viveram juntos, sem contar a do chapéu de três pontas?

Jorge: Nós já vivemos várias aventuras juntos. Uma vez o Alfabeto achou o mapa de um tesouro e nós fo-mos procurar numa ilha lá perto de onde eu moro. Bom, como o mapa era de um tesouro para cachor-ros, o tal tesouro eram vários ossos. Mas o pior é que os ossos todos se juntaram, ganharam vida, viraram um enorme esqueleto de tigre e esse esqueleto saiu correndo atrás da gente. A gente foi caçar um tesouro e de repente era o tesouro que estava caçando a gen-te!

Entrevistador: Falando no chapéu, quando foi que você o ganhou?

Jorge: Eu ganhei o Chapéu de Três Pontas num sába-do. Eu me lembro que era dia 3 de outubro porque os meus pais me deram o chapéu de presente e me dis-seram que o dia 3 de outubro era o Dia Mundial do Chapéu. Que no dia 3 de outubro de 1500 antes de Cristo foi inventado e usado o primeiro chapéu. E quem usou foi um faraó, para não pegar chuva na

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inauguração da sua pirâmide.

Entrevistador: Quais são as cores das outras pontas do seu chapéu de três pontas?

Jorge: O chapéu tem três pontas, cada uma de uma cor: uma vermelha, uma amarela e uma azul.

Entrevistador: Com qual dos personagens do livro do Cesar Cardoso você mais se identificou?

Jorge: Ah, eu me identifico com o meu personagem mesmo. Ele é igualzinho a mim.

Entrevistador: E qual foi o que você menos gostou de conhe-cer?

Jorge: Foi a encrenqueira da Dona Baratinha.

Entrevistador: Gostaria de continuar detetivando outros mistérios com a Dona Chica-cá e a Sambalelê?

Jorge: Com certeza. Eu até já mandei um e-mail pra Dona Chica-cá e pra Sambalelê pedindo para elas me avisarem quando tiverem outras investigações e pe-dindo também para ser auxiliar delas nas investiga-ções que elas fizerem. Estou aguardando.

Entrevistador: Qual é o seu palpite sobre o nome da Dona Chica-cá?

Jorge: Eu não tenho nenhum palpite ainda. Mas o Al-fabeto tem. Ele acha que o nome dela é Chi Cacá. E que esse primeiro nome – Chi – é porque ela é neta de chineses.

Entrevistador: Tem mais aventuras vindo por aí, Jorge?

Jorge: Eu tenho muitas aventuras. Resta saber se o Cesar Cardoso vai se animar a contar essas aventuras todas, colocá-las no papel para elas virarem livro.

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(Não comenta com ele, mas me disseram que ele é meio preguiçoso pra escrever).

Proponha aos/às estudantes, em duplas, que formulem pergun-tas para uma entrevista com outro personagem do livro (Alfa-beto, Sambalelê, Dona Chica-cá, Mirinha/mãe ou outro de sua escolha, mas que esteja presente na narrativa). Distribua as perguntas entre as duplas que devem respondê-las, mantendo a coerência das respostas com o papel da personagem na nar-rativa.

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iii: CONSiDERAçõES SObRE A AbORDAGEM iNTERDiSCiPLiNAR DA ObRA

Sugestão para abordagem interdisciplinar

A incrível história do menino Jorge, que fala cachorrês, acaba perdendo uma das pontas do chapéu e sai ao encalço dela, na companhia do cão e amigo Alfabeto, foi “costurada” partir de muitas outras narrativas, escondidas dentro de velhas cantigas de roda. Surge, então, uma verdadeira ciranda de histórias, em que o tema de O meu chapéu tem três pontas dá as mãos aos de Sambalelê, O cravo brigou com a rosa, O sapo não lava o pé, Pirulito que bate bate, Cai cai balão, Boi da cara preta, Terezinha de Jesus, Ciranda, Cirandinha, Nesta rua existe um bosque, A barata diz que tem, Bamba-lão, senhor capitão e Marcha Soldado, cabeça de papel. Vivemos um tempo em que, depois de rodarem pelo Brasil por mais de qui-nhentos anos (a maioria delas vem de Portugal e Espanha, e che-gou aqui com os colonizadores portugueses), estas cantigas de autoria anônima, repassadas oralmente de geração a geração, estão sendo esquecidas pelas crianças (https://www.infoescola.com/folclore/cantigas-de-roda/). Portanto, é muito oportuno utilizar o livro Quem pegou uma ponta do meu chapéu de três pontas que agora só tem duas? para desenvolver uma das competências gerais elen-cadas pela BNCC, a de “valorizar e fruir as diversas manifesta-ções artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também par-ticipar das práticas diversificadas da produção artístico cultural”.

A professora ou o professor de educação artística poderia traba-lhar com as crianças as origens e importância das cantigas de roda, levantado aquelas que elas já conhecem e sugerido pesqui-sas na Internet e Youtube sobre a letra e a música de cada uma delas. Deste modo estará desenvolvendo habilidades em Arte, como a de “conhecer e valorizar o patrimônio cultural de culturas diversas, incluindo-se suas matrizes indígenas, africanas e euro-peias de diferentes épocas (...) (EF15AR11)”. Duas outras possíveis

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portas de entrada para abordar interdisciplinarmente o material, são Educação Física e Arte. Sugestão: destacando -se o trecho da história em que Jorge e seus amigos chegam ao Quartel, encon-tram o capitão e o soldado de cabeça de papel, convidar as crian-ças a dançarem em roda “Bambalalão, Senhor Capitão” e fazerem os movimentos de “Marcha Soldado”. Este pode ser o início de uma atividade no objeto em torno do qual gira a história, o cha-péu cuja ponta desapareceu. Uma ideia: ensinar a turma a criar chapéus de soldado, por meio de dobraduras em jornal, ou peda-ços de papel colorido (http://www.comofazerorigami.com.br/origami-de-chapeu-de-soldado-e-de-festa/) (EF15AR04). Durante a execução dessa proposta, a professora ou o professor poderá incidental-mente chamar a atenção das crianças para as diferentes figuras planas que surgem ao se dobrar o papel (triângulo, retângulo, trapézio, paralelogramo) e pedir que elas as comparem em rela-ção a seus lados e vértices (Matemática, EF03MA15). Para com-pletar, cada criança poderia receber uma folha de papel e lápis de cor ou giz de cera coloridos para desenhar como imaginam o chapéu de três pontas do Jorge, e qual a cor das suas outras duas pontas (a ponta desaparecida é vermelha).

A narrativa tem, como personagens principais, além de Jorge e o cão Alfabeto, duas detetives, Sambalelê e Chica- cá. Ao ler com as crianças as letras das cantigas de roda associadas a elas, pode ser interessante chamar a atenção da turma para mensagens ques-tionáveis – por exemplo, a de que Sambalelê mereceria “umas boas lambadas”, ou de que “atirei o pau no gato”, com intenção de machucá-lo. Como as letras poderiam ser modificadas, para fazer apologia à paz e não à violência? Atividades como esta con-tribuem para desenvolver habilidades em Educação Física, como a EF35EF12:“ Identificar situações de injustiça e preconceito ge-radas e/ou presentes no contexto das danças e demais práticas corporais e discutir alternativas para superá-las”, além da EF12EF01: “Experimentar, fruir e recriar diferentes brincadeiras

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e jogos da cultura popular”.

E mais: se a professora ou professor se detiver sobre as histórias envolvendo a solução da briga entre o Cravo e a Rosa; ou sobre como a pessoa que atirou a bengala no gato, e o gato, chegaram a um acordo; ou como o soldado que roubou o chapéu da Cha-peuzinho Vermelho acabou explicando porque fez isso e pedindo desculpas, poderá desenvolver na turma habilidades de convi-vência e resolução pacífica de conflitos. (História, EF02HI01: Reconhecer espaços de sociabilidade e identificar os motivos que aproximam ou separam as pessoas (...)).

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