manual de tributaÇÃo: petrÓleo, gÁs natural, nafta

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1 MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2016 (últimos 05 anos) ATUALIZADO ATÉ 02/MAIO/16 1 - Introdução A nafta (do árabe, naft) é um derivado de petróleo utilizado principalmente como matéria- prima da indústria petroquímica (“nafta petroquímica” ou “nafta não-energética”), na produção de eteno e propeno, além de outras frações líquidas, como benzeno, tolueno e xilenos. A nafta petroquímica é um líquido incolor, com faixa de destilação próxima à da gasolina. Este derivado é utilizado como matéria-prima pelas três Centrais Petroquímicas existentes no Brasil - Braskem (Bahia e Rio Grande do Sul) e Petroquímica União (São Paulo), que o processam obtendo como produtos principais, eteno, propeno, butadieno e correntes aromáticas. A Petrobras é a única produtora de nafta petroquímica no Brasil, atendendo parcialmente à procura nacional com produção própria e com importações. As Centrais Petroquímicas realizam importações por conta própria, para complementar suas necessidades. A maior parte da NAFTA utilizada como matéria-prima petroquímica no Brasil é produzida na unidade de destilação atmosférica. Essa corrente pode ser carga do processo de pirólise para a produção de olefinas leves ou pode ser usada para a produção de compostos aromáticos por reforma catalítica. Quanto mais parafínica for a NAFTA, melhor será para a pirólise, e quanto mais naftênica, melhor para a reforma catalítica. Outras possíves correntes de NAFTA PETROQUÍMICA para uso na unidade de pirólise são: o rafinado da unidade de recuperação de aromáticos (URA) e as correntes de NAFTA produzidas em unidades de hidrocraquamento (HCC) e GLT (gas

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Page 1: MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

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MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

PETROQUÍMICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 a 2016 (últimos 05 anos)

ATUALIZADO ATÉ 02/MAIO/16

1 - Introdução

A nafta (do árabe, naft) é um derivado de

petróleo utilizado principalmente como matéria-

prima da indústria petroquímica (“nafta

petroquímica” ou “nafta não-energética”), na

produção de eteno e propeno, além de outras

frações líquidas, como benzeno, tolueno e

xilenos.

A nafta petroquímica é um líquido incolor, com

faixa de destilação próxima à da gasolina. Este

derivado é utilizado como matéria-prima pelas três Centrais Petroquímicas existentes no

Brasil - Braskem (Bahia e Rio Grande do Sul) e Petroquímica União (São Paulo), que o

processam obtendo como produtos principais, eteno, propeno, butadieno e correntes

aromáticas.

A Petrobras é a única produtora de nafta petroquímica no Brasil, atendendo

parcialmente à procura nacional com produção própria e com importações. As Centrais

Petroquímicas realizam importações por conta própria, para complementar suas

necessidades.

A maior parte da NAFTA utilizada como matéria-prima petroquímica no Brasil é

produzida na unidade de destilação atmosférica. Essa corrente pode ser carga do

processo de pirólise para a produção de olefinas leves ou pode ser usada para a

produção de compostos aromáticos por reforma catalítica. Quanto mais parafínica for a

NAFTA, melhor será para a pirólise, e quanto mais naftênica, melhor para a reforma

catalítica. Outras possíves correntes de NAFTA PETROQUÍMICA para uso na unidade

de pirólise são: o rafinado da unidade de recuperação de aromáticos (URA) e as

correntes de NAFTA produzidas em unidades de hidrocraquamento (HCC) e GLT (gas

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to liquid – processo que transforma correntes de gases em hidrocarbonetos líquidos,

através do processo Fischer Tropsch).

A nafta petroquímica é predominantemente originária do processo de destilação

atmosférica (nafta DD – destilação direta), e difere das naftas que compõem a gasolina

automotiva, pois este último derivado resulta da mistura de diversas correntes oriundas

de diferentes processos de refino. As naftas da gasolina diferem entre si pelos tipos e

porcentagem de hidrocarbonetos que contêm, o que faz variar a constituição da

gasolina. A gasolina apresenta em sua composição hidrocarbonetos parafínicos (normais

e ramificados) naftênicos, aromáticos e olefínicos, na faixa de C5 a C12, originados de

diversos processos de refino, a exemplo da destilação, craqueamento catalítico, reforma

catalítica, aquilação, isomerização, hidrocraqueamento catalítico, coqueamento

retardado. Os processos de reforma catalítica, aquilação e hidrocraqueamento

favorecem a produção de gasolina automotiva, pois aumentam a quantidade de octanas

deste derivado.

2 - PETROQUÍMICA E PROCESSOS PETROQUÍMICOS

A petroquímica é o setor industrial responsável

pela transformação de produtos do

processamento do petróleo e do gás natural em

bens de consumo e industrais para finalidades

diversas. Exemplos: filmes, potes, fibras e

embalagens.

2.1 - Visão Geral da Petroquímica Brasileira

A cadeia petroquímica é organizada em

produtores de primeira, segunda e terceira

geração com base na fase de transformação de várias matérias-primas ou insumos

petroquímicos. Representa a transformação de subprodutos do refino do petróleo bruto,

principalmente a nafta, em bens de consumo e industriais, utilizados para diversas

finalidades. Outra matéria-prima de grande importância na indústria petroquímica é o

gás natural.

No Brasil, a nafta é a principal matéria-prima da cadeia petroquímica, seguida do gás

natural. A Petrobras é praticamente a única produtora de nafta e gás natural no Brasil,

atendendo parte da demanda nacional com produção própria e com importações. Seu

monopólio foi quebrado em 2002 e desde então, as centrais petroquímicas começaram a

importar nafta por conta própria, para complementar suas necessidades.

A nafta e/ou gás natural passam inicialmente por um processo chamado craqueamento,

que resulta nos petroquímicos básicos, tais como eteno, propeno e aromáticos. O tipo de

matéria-prima empregado tem rendimentos variados e determina um mix diferenciado

de produtos.

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2.2 - Produtores de Primeira Geração

Os produtores de primeira geração do Brasil, denominados "craqueadores", fracionam

ou "craqueiam" a nafta (subproduto do processo de refino de petróleo) ou o gás natural,

seus principais insumos, transformando-os em petroquímicos básicos. Os craqueadores

compram nafta da Petrobras, principalmente, e também de outros fornecedores no

exterior. Os craqueadores de base gás têm seu insumo fornecido pela Petrobrás. Os

petroquímicos básicos produzidos pelas unidades de craqueamento de nafta incluem:

Olefinas, principalmente eteno, propeno e butadieno; e

Aromáticos, tais como benzeno, tolueno e xilenos.

A Braskem tornou-se a única empresa brasileira de 1ª geração, com quatro unidades de

craqueamento. Os petroquímicos básicos são vendidos a produtores de segunda geração,

promovendo a integração da cadeia.

Os petroquímicos básicos, que apresentam forma gasosa ou líquida, são transportados

por meio de dutos às unidades dos produtores de segunda geração, em geral localizadas

próximo às unidades de craqueamento, para passarem por processamento adicional.

2.3 - Produtores de Segunda Geração

Os produtores de segunda geração processam os petroquímicos básicos comprados das

unidades de craqueamento de nafta, produzindo petroquímicos intermediários, que

incluem:

Polietileno, poliestireno e EDC/PVC (produzidos a partir do eteno);

Polipropileno e acrilonitrila (produzidos a partir do propeno);

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Cumeno e etilbenzeno (produzidos a partir do benzeno);

Polibutadieno (produzido a partir do butadieno).

Os petroquímicos intermediários são produzidos na forma sólida em "pallete" de

plástico ou em pó e transportados, principalmente, por caminhões aos produtores de

terceira geração que, em geral, não ficam situados próximo aos produtores de segunda

geração. A Braskem é a única petroquímica integrada de primeira e segunda geração de

resinas termoplásticas no Brasil.

2.4 - Produtores de Terceira Geração

Os produtores da terceira geração, denominados transformadores, compram os

petroquímicos intermediários dos produtores de segunda geração e os transformam em

produtos finais, incluindo:

Plásticos (produzidos a partir de polietileno, polipropileno e PVC);

Fibras acrílicas (produzidas a partir de acrilonitrila);

Nylon (produzido a partir de fenol no Brasil);

Elastômeros (produzidos a partir de butadieno);

Embalagens descartáveis (produzidas a partir de poliestireno e polipropileno).

Os produtores de terceira geração fabricam vários bens de consumo e industriais,

inclusive recipientes e materiais de embalagem, tais como sacos, filmes e garrafas,

tecidos, detergentes, tintas, autopeças, brinquedos e bens de consumo eletrônicos.

Existem mais de 11.500 produtores de terceira geração em atividade no Brasil.

Devido à grande importância da redução de resíduos sólidos gerados, a reciclagem de

plásticos é considerada a quarta geração da indústria petroquímica.

3 – OUTRAS MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS NA INDÚSTRIA

PETROQUÍMICA

3.1 - GÁS NATURAL (GN):

a) Metano: principal constituinte do

gás natural é matéria-prima para a

produção de metanol e amônia,

que são produtos petroquímicos

básicos;

b) Etano: é a matéria´prima mais

valorizada quando se deseja

produzir eteno com uma mínima

geração de coprodutos;

c) Propano e butano (principais gases constituintes do GLP): podem ser

craqueados a olefinas, e o butano pode ser desidrogenado para a produção de

butadieno. O valor final dos produtos é muito superior ao do GLP;

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d) Nafta derivada de GN (C5+): fração correspondente à nafta, denominada

líquido de gás natutal (LGN), tem alto teor de compostos parafínicos e baixo

teor de enxofre, o que torna excelente carga para a produção de olefinas.

Onde existe grande disponibilidade de GN, a indústria petroquímica se desenvolve em

torno dessa fonte de matéria-prima, como ocorre nos Estados Unidos e no Oriente

Médio.

3.2 - FRAÇÕES DO REFINO DO PETRÓLEO

Diversas frações do refino do petróleo podem ser

também usadas como matérias-primas para a indústria

petroquímica. São eles:

a) Gás de refinaria: sua principal utilização é

como gás combustível na refinaria. No caso de

haver excedente desse gás, seus constuintes

podem ser separados e aproveitados pela

indústria petroquímica. O eteno e o propeno (em

pequena quantidade) podem ser utilizados

diretamente como petroquímicos básicos e o etano pode ser utilizado como

carga na unidade de pirólise a vapor para a produção de eteno.

b) GLP: o propeno presente no GLP gerado na unidade de craquamento catalítico

fluidico (UFCC) pode ser encaminhado para uma unidade de recuperação de

propeno onde se obtem um produto de alta pureza, de alto valor agregado e de

elevada demanda no mercado.

c) Querosene: As parafinas linerares presentes no querosene (C10 a C13) são

matérias-primas para a produção do LAB (linear alquilbenzeno), intermediário

para a fabricação do LASNa (linear alquilbenzeno sulfonado de sódio), principal

constituinte dos detergentes biodegradáveis.

d) Matérias-primas alternativas: pode-se citar o etanol para a geração de eteno; a

glicerina, subproduto da produção do biodiesel, para a produção de propeno; e

os açúcares para a produção de ácidos e alcoóis. Existem ainda processos

desenvolvidos para produção de petroquímicos a partir de acetileno, gerado em

grande quantidade na indústria do carvão.

4 - PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS BÁSICOS A PARTIR

DA NAFTA PETROQUÍMICA

As naftas petroquímicas são utilizadas em processos

de obtenção de diversos insumos para a produção de

plásticos, borrachas, corantes e outros produtos. Os

principais processos que as utilizam são as seguintes:

4.1 – Pirólise - Reforma térmica por vapor d’água.

Este processo consiste no craquamento térmico de

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cargas líquidas e gasosas, na presença de vapor d’água, a altas temperaturas (> 700 ºC)

em pressões relativamente baixas (< kPa – quilopascal), gerando os seguintes produtos:

hidrogênio, metano, eteno, propeno, butenos, butadienos e hidrocarbonetos mais

pesados (C5+); o eteno é o principal produto. Para esse processo são desejadas naftas

com elevados teores parafínico, acima de 75%, para facilitar o craqueamento.

4.2 – Reforma catalítica - Por esse processo, a nafta é transformada em compostos

aromáticos por um conjunto de reações de desidrogenação e ciclização, ocorrendo um

ligeiro craqueamento que conduz à produção de propano e butano, gases que formam o

GLP. A carga do processo é a nafta de destilação ou a nafta de coqueamento, após

hidrotratamento, rica em hidrocarbonetos saturados, os quais são convertidos,

catalicamente, em aromáticos, a exemplo de benzeno, tolueno e xilenos (entre 40% e

65%). Para esse processo, não se necessita de nafta de teores tão elevados de

parafínicos, podendo se situar abaixo de 75%. Quanto mais hidrocarbonetos saturados

com seis ou mais atómos de carbono houver na nafta, maior será o rendimento de

aromáticos, mantidas constantes as demais condições.

As especificações da nafta petroquímica são definidas por negociação entre fornecedor

e usuário.

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TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA NAFTA NO ICMS DA BAHIA

PERÍODO DE ABRANGÊNCIA: ANOS DE 2009 A 2016 (ÚLTIMOS 08 ANOS)

ATUALIZADO ATÉ 02/MAIO/16

1 – Da incidência

Verifica-se a incidência nas operações de saídas internas e interestaduais. Na

importação a incidência se dá na entrada da nafta território nacional.

Importante observar que o Estado da Bahia, nas operações internas e de importação

adota o diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações com nafta,

com se verá no item 6.

Por sua vez, as operações interestaduais são tributadas normalmente pelas alíquotas

incidentes em função do estado de origem ou de destino (vide itens 11 e 12).

Base legal: art. 1º, inc. I e § 2º, inc. V, do RICMS/97. Sem correspondência no

RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 1º, inc. I e art. 2º, inc. V, (Lei

nº 7.014/96).

2 – Do momento da ocorrência do fato gerador

Nas operações internas e interestaduais por ocasião da saída do produto do

estabelecimento remetente. Na importação por ocasião da entrada no território nacional.

Observar as regras de diferimento do lançamento e pagamento do ICMS nas operações

internas e de importação (item 6).

Base legal: art. 2º, incs. I e XI do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 4º, incs. I e IX (Lei nº 7.014/96).

3 – Da não incidência

Inexiste regra específica de não incidência em relação às operações com nafta.

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4 – Da importação

O ICMS importação é devido por ocasião da entrada da nafta no estabelecimento

importador e não no desembaraço aduaneiro, como se verifica com a maior parte das

mercadorias. Aplica-se ao caso as regras de diferimento do lançamento e do pagamento

do ICMS descritas abaixo, no item 6.

Base legal: Art. 572 do RICMS/97. Art. 332, inc. IV, do RICMS/12

Observação Importante: a partir de 15/11/2013 é assegurado ao estabelecimento

refinador de petróleo a manutenção integral do crédito fiscal nas entradas decorrentes de

importação do exterior de nafta, utilizada como insumo na produção de combustíveis

(gasolina ou diesel), cujas saídas interestaduais sejam amparadas pela imunidade (desde

que o crédito seja apropriado no mês em que ocorrer o recolhimento do imposto).

Base legal: Art. 277-C, do RICMS/12 – dispositivo acrescentado pela alteração nº 19,

do RICMS, com efeitos a partir da publicação no DOE (15/11/2013).

5 – Da exportação

Não incide ICMS na operação que destine nafta ao exterior.

Base Legal: Art. 6º, inc. II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12. Matéria

tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 3º, inc. II (Lei nº 7.014/96).

6 – Do diferimento (RICMS/97)

6.1– Nas entradas decorrentes de importação do exterior para o momento da entrada do

produto no estabelecimento importador situado neste Estado

Base legal: Art. 343, inc. XXXIII, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)

6.2– Dispensa do lançamento e pagamento de 60% (sessenta por cento) do ICMS

diferido relativamente à importação de nafta para utilização em processo de

industrizalição;

Base legal: Art. 347, § 9º, do RICMS/97 (efeitos até 01/11/09)

Observação importante: O § 9º foi revogado pelo Decreto nº 11807, de 27/10/09 -

DOE de 28/10/09, efeitos a partir de 01/11/09. A redação do § 9º do art. 347 foi

dada pela Alteração nº 82 (Decreto nº 10174, de 01/12/06. DOE de 02 e 03/12/06),

efeitos de 02/12/06 a 31/10/09:

"§ 9º É dispensado o lançamento e o pagamento de 60% (sessenta por cento) do valor

do imposto diferido, relativamente às entradas da mercadoria de que trata a alínea

“a” do inciso XXXIII do art. 343, para utilização em processo de industrialização."

6.3 Prazo de recolhimento do ICMS diferido. O pagamento do imposto nas operações

de saída de nafta quando não aplicável o diferimento ou encerrado o benefício, será

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o mesmo prazo assinalado para o recolhimento do ICMS das operações próprias do

responsável.

Base Legal: Art. 348, § 3º, inc. V, do RICMS/97.

7 – Do diferimento (RICMS/12)

Também ocorre diferimento nas saídas internas de bens e mercadorias entre

estabelecimentos de empresa fabricante de produtos petroquímicos básicos (central

petroquímica).

A mencionada hipótese de diferimento, em relação à nafta, alcança as operações com o

produto já processado ou tratado, ou suas frações e derivados, nas saídas internas entre

estabelecimentos que operem na atividade de fabricação de produtos petroquímicos

básicos, eteno, propeno e aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos).

Base Legal: art. 286, inc. LX, do RICMS/12. Alteração promovida pelo Decreto nº

14.681/13, de 30/07/13, DOE de 31/07/13, efeitos a partir de 01/08/13, para “saídas

internas de bens e mercadorias entre estabelecimentos pertencentes à mesma empresa,

fabricantes de produtos petroquímicos básicos.” (centrais petroquímicas).

8 - Do diferimento (Decreto nº 11.807/09)

8.1 – Nas entradas decorrentes de importação de nafta do exterior, para o momento da

entrada da mercadoria no estabelecimento do importador (efeitos de 1º/11/2009 a

31/03/2011)

Base legal: art. 2º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a 31/03/2011)

8.2 - Dispensa do lançamento e pagamento de 65,88% (sessenta e cinco e oitenta e oito

décimos por cento) do ICMS diferido relativamente à importação de nafta, quando não

se aplicar o diferimento previsto no inc. XIII do “caput”, do art. 2º, do Decreto Estadual

nº 6.734/97, desde que o produto seja utilizado pelo importador em processo de

industrialização;

Base legal: art. 2º, parágrafo único do Decreto nº 11.807/09 (efeitos de 1º/11/2009 a

31/03/2011)

8.3 – Nas entradas decorrentes de importação do exterior e nas operações internas com

nafta para o momento em que ocorrer a saída dos produtos resultantes da

industrialização.

Alguns produtos resultantes da industrialização da nafta: os gases eteno e propeno que

são utilizados, por exemplo, como matérias-primas na indústria de plásticos. Produtos

líquidos, a exemplo do benzeno, tolueno e xilenos, utilizados como solventes e na

produção de colas.

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Base legal: art. 3º do Decreto nº 11.807/09 (efeitos a partir de 1º/04/2011)

8.4 - Observação importante: para a fruição do tratamento tributário previsto no

Decreto nº 11.807/09 o contribuinte que adquirir nafta para elaborar produtos

petroquímicos básicos deverá celebar termo de acordo com a Secretaria da Fazenda se

comprometendo a:

I – realizar investimentos em implatação, ampliação po modernização de linhas

de produção;

II – gerar novos empregos;

III – manter logística de aquisição do produto;

IV – utilizar créditos fiscais acumulados de ICMS existentes na escrita fiscal, a

partir dos efeitos do tratamento tributário previsto no art. 3º do Decreto nº

11.807/09, obervando condiçoes e limites acordados.

9 – Da isenção

Inexiste regra específica de isenção em relação às operações com nafta.

10 – Da base de cálculo

10.1 – Base de cálculo nas operações de saída:

A base de cálculo nas operações de saídas interestaduais de nafta é o valor da operação.

Observar em relação às operações internas com nafta que o lançamento e o pagamento

do ICMS é diferido para o momento da saída dos produtos resultantes da

industrialização (art. 3º, do Decreto nº 11.807/09, com efeitos a partir de 1º/04/2011):

neste caso o ICMS da nafta será recolhido sobre o valor da operação de saída dos

produtos resultantes. Se estes produtos forem exportados, haverá a imunidade do ICMS,

com dispensa do pagamento do imposto diferido.

Nas operações de saídas internas não alcançadas pelo diferimento (anteriores a

1º/04/2011), a base de cálculo é o valor da operação.

10.2 - Base de cálculo na importação de nafta do exterior:

Nesta hipótese verifica-se o diferimento do ICMS - importação para o momento da

entrada no estabelecimento do importador (art. 343, XXXIII, do RICMS/97 – efeitos até

31/10/09 e art. 2º, do Decreto nº 11.807/09 – efeitos de 1º/11/09 a 31/03/2011).

A base de cálculo será o valor da operação com a inclusão nesta do montante do ICMS,

acrescido de todas as despesas que a tenham onerado, abrangendo aquelas relativas à

importação (valor do documento de importação + impostos federais incidentes +

despesas aduaneiras + demais tributos incidentes) somando-se a estes também as

despesas até a entrada no estabelecimento importador.

Observar em relação às hipóteses de importação de nafta elencadas acima as dispensas

parciais de lançamento e pagamento do ICMS diferido, elencadas nos itens 6.2 e 7.2

acima.

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A partir de 1º/04/2011, com o encerramento da fase de diferimento do ICMS -

importação da nafta para a saída dos produtos resultantes da sua industrialização, a base

de cálculo será o valor da saída desses produtos.

Base Legal: art. 52 c/c o art. 58 e art. 65, incisos I e II, do RICMS/97. Sem

correspondência no RICMS/12. Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 17, inc.

VI c/c o § 1º, inc. II e art. 23, inc. I, letras “a” e “b", da Lei 7.014/96.

11 – Das reduções de base de cálculo

Redução de base de cálculo na operação interna que destine o produto a contribuinte

que o utilize na produção de produtos petroquímicos básicos, de forma que a carga

tributária incidente corresponda aos seguintes percentuais:

a. 10% nas operações internas realizadas até março de 2010

b. 8% nas operações internas realizadas de abril a setembro de 2010;

c. 5,5% nas operações internas realizadas de outubro de 2010 a março de

2011.

Base legal: art. 1º, incs. I, II e III, do Decreto nº 11.807/09.

12 - Alíquotas

12.1 – 18% (dezoito por cento), nas operações internas e de importação de nafta.

12.2 - Alíquotas de 12% (unidades federadas das regiões N, NE e CO e estado do ES)

ou 7% (unidades federadas das regiões S e SE, exclusive estado do ES), nas remessas

interestaduais com destino ao território da Bahia.

12.3 – 12% (doze por cento), nas operações interestaduais, em que ocorre a saída do

produto da Bahia com destino a contribuintes do imposto localizados em outras

unidades da Federação.

12.4 – 4% nas operações interestaduais originado de importação.

Observar que as operações de importação através da Bahia são alcançadas pelo

diferimento do lançamento e pagamento do ICMS, para o momento da saída dos

produtos resultantes da industrialização, a partir de 1º/04/2011 (item 8.3, acima).

Base legal: art. 50, incs. I e II, do RICMS/97. Sem correspondência no RICMS/12.

Matéria tratada na Lei Estadual do ICMS: art. 15, incs. I e II (Lei nº 7.014/96).

Resolução do Senado Federal nº 13/2012, efeitos a partir de 1º de janeiro de 2013.

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13 - Informação adicional

Tratamento tributário dispensado à nafta petroquímica nas operações

interestaduais de acordo com o STF. O Supremo Tribunal Federal (STF), no Recurso

Extraordinário (RE) nº 193.074-RS, Relator Min. Ilmar Galvão, decidiu que a nafta

petroquímica não está excluída da incidência do ICMS, na forma prevista na alínea “b”,

do inciso X, do § 2º, do art. 155 da Constituição, visto que este subproduto, derivado do

refino de petróleo, não se encontra incluso no conceito de combustível líquido ou

gasoso dele derivado.

Em decorrência desse entendimento firmado pelo STF, as operações interestaduais com

nafta seguem, no ICMS, o regime de tributação das demais mercadorias. A arrecadação

do imposto é compartilhada entre os Estados de origem e de destino do produto.

Page 13: MANUAL DE TRIBUTAÇÃO: PETRÓLEO, GÁS NATURAL, NAFTA

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E SITES VISITADOS

1 – PROCESSAMENTO DE PETRÓLEO E GÁS: petróleo e seus derivados,

processamento primário, processos de refino, petroquímica, meio ambiente/[Autores]

André Domingues Quelhas...[et. Al.]; org. Nilo Índio Brasil [et. Al.] – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

2 – FUNDAMENTOS DO REFINO DE PETRÓLEO: TECNOLOGIA E ECONOMIA

/ Alexandre Szklo, Victor Uller e Marcio Bonfá, org. – 3ª. ed., atualizada e ampliada. –

Rio de Janeiro: Interciência, 2012;

3 – PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: definição, constituição, aplicação,

especificações, características de qualidade / Marco Antônio Farah – Rio de Janeiro:

LTC, 2012;

4 – REFINO DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA – DEQ 370 / Afonso Dantas Neto e

Alexandre Gurgel – UFRN (disponível na Internet em:

http://www.nupeg.ufrn.br/downloads/deq0370/curso_refino_ufrn-final_1.pdf).

5 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Nafta_(combustível); 6 - http://www.braskem.com.br/

7 - www.stf.gov.br/