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Rua São João de Deus, nº 72 Edifício D. Sancho I, 1º Sala C - Apartado 524 4764-901 VILA NOVA DE FAMALICÃO Departamentos: Contabilidade, Auditoria e Fiscalidade MANUAL DE TRABALHO 01 de Setembro de 2014 O REGIME DOS BENS EM CIRCULAÇÃO Lesgislação e comentários/anotações Pedro Moreira T.O.C e Consultor Fiscal +351 252308330 a 38 +351 252308339 [email protected] www.agenciamoreira.pt

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Rua São João de Deus, nº 72 Edifício D. Sancho I, 1º Sala C - Apartado 524 4764-901 VILA NOVA DE FAMALICÃO

Departamentos: Contabilidade, Auditoria e Fiscalidade

MANUAL DE TRABALHO

01 de Setembro de 2014

O REGIME DOS BENS EM CIRCULAÇÃO

Lesgislação e comentários/anotações

Pedro Moreira T.O.C e Consultor Fiscal

+351 252308330 a 38 +351 252308339 [email protected] www.agenciamoreira.pt

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NOTA PRÉVIA

Para além disso, foi também publicada a Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, que visa

regulamentar o modo de cumprir as obrigações de comunicação à Administração Tributária previstas nas alterações entretanto introduzidas ao Regime dos Bens em Circulação, nomeadamente no seu artigo 5.º.

O Regime dos Bens em Circulação, aprovado e anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, sofreu alterações importantes, não só através do Decreto-Lei n.º 238/2006, de 20 de dezembro, e da Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, mas principalmente através do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, bem como pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, e pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro.

Por tudo isto, parece-nos oportuno apresentar um trabalho o mais basto possivel reco- lhendo toda a doutrina que entretanto a Administração Tributária disponibilizou e apresentando comentários à mesma.

Os assuntos abordados, em anotação a cada artigo, são apresentados por ordem alfa-bética, por nos parecer uma metodologia que não se torna monótona e facilita a sua localizaçãorapidamente face a dúvidas emergentes.

Oxalá este trabalho venha a contribuir para clarificar uma grande parte das dúvidas que ainda subsistam.

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A HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO DO SISTEMA

A crescente vaga de evasão e fraudes fiscais, a que há anos a esta parte se vem assistindo, mormente nos impostos sobre a despesa, já mesmo na vigência do Código do Imposto de Transações, levou os sucessivos Governos e a Administração Fiscal a tomarem medidas conducentes a combater e controlar aquela tendência, de tão nefastos reflexos quer para o Estado, traduzidos na perda de avultadas receitas que por direito lhe pertencem, quer para a grande maioria dos contribuintes sujeitos ao imposto e que cumprem escrupulosamente com as suas obrigações fiscais, na medida em que sofrem uma concorrência desleal por parte de indivíduos que, servindo-se de meios fraudulentos para fugirem à liquidação e ou entrega do imposto nos cofres do Estado, ficam em condições de transacionarem as suas mercadorias a preços inferiores.

Assim, houve necessidade de criar um sistema que, procurando controlar a circulação das

mercadorias, através da instituição obrigatória do chamado «documento de transporte», visa detetar os casos de evasão e de fraude, não só com coimas de montante que se pode considerar já relativamente elevado, mas também com a apreensão das mercadorias e dos próprios veículos que as transportam.

Tal sistema foi então, pela primeira vez, ainda na vigência do Código do Imposto de

Transações, instituído pelo Decreto-Lei n.º 241/80, de 21 de julho, o qual, após alguns meses de execução, a experiência obtida logo apontou para a necessidade de aperfeiçoar tal sistema, acabando por isso por ser revogado e substituído pelo Decreto-Lei n.º 298/81, de 30 de outubro.

Após a entrada em vigor do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA) houve,

como é evidente, necessidade de adaptar o sistema ao novo imposto, o que se verificou através do Decreto-Lei n.º 97/86, de 16 de maio. No seu preâmbulo dizia-se então que «procura-se, pelo presente diploma e sem perda de vista dos interesses do contribuinte, não alterar substancialmente o sistema posto em vigor pelo Decreto-Lei n.º 298/81, mas antes adaptá-lo ao novo Código, fazendo-o beneficiar de alguns aperfeiçoamentos que a prática aconselha». No entanto, desde logo se constatou ser necessário alterar algumas das suas disposições por se considerar que as mesmas contemplavam realidades e exigências excessivas para a realização dos seus objetivos.

Consequentemente, as ações de fiscalização da circulação de bens prevista na redação inicial

do citado Decreto-Lei n.º 97/86, foram sendo sucessivamente suspensas até à publicação das alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 235-A/86, de 18 de agosto, o que deu origem à sua republicação no Diário da República, I Série, n.º 188, 3.º Suplemento, de 18/08/86, agora com o seu novo texto.

Mesmo assim, a experiência adquirida na vigência de tal diploma (o Decreto-Lei n.º 97/86),

levou à verificação de que a aplicação de algumas das suas disposições conduzia a situações de injustiça ou dificultava a atuação dos diversos agentes económicos, sem qualquer vantagem para alcançar os objetivos que se propunham no preâmbulo de tal decreto-lei.

Em consequência do referido e de sugestões apresentadas pelos destinatários do normativo em

questão, tornou-se evidente a necessidade de proceder à sua substituição, de modo a eliminar, tanto quanto possível, situações menos justas e, simultaneamente, tornar a sua aplicação mais flexível, sem prejuízo da eficácia a atingir no campo do combate à fraude e evasão fiscal, especialmente na área do imposto sobre o valor acrescentado, o que veio a acontecer com a publicação do Decreto-

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Lei n.º 45/89, de 11 de fevereiro, que a partir do dia 1 de abril de 1989, data da sua entrada em vigor, revogou o Decreto-Lei n.º 97/86.

Posteriormente, e com o objetivo de, por um lado, ajustar alguns dos seus preceitos à abolição

da taxa zero e ao novo regime das operações intracomunitárias e, por outro lado, como medida coadjuvante da luta contra a fraude e evasão fiscais, clarificar e alargar o conceito de bens em circulação no sentido de abranger os que se encontrem em locais de carga e descarga bem como os que sejam expostos para venda em feiras e mercados, o Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de fevereiro, foi também objeto de significativas alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 166/94, de 9 de junho.

Mais tarde, mas agora devido a alterações na legislação relativa à regulamentação do

comércio grossista em feiras e mercados, bem como a necessidade de adaptar as normas sobre os documentos de acompanhamento de mercadorias, de origem comunitária, no regime de circulação dos bens sujeitos a impostos especiais de consumo (tabacos, combustíveis, álcool e produtos alcoólicos), o Decreto-Lei n.º 25/97, de 23 de janeiro, veio alterar a redação das alíneas b) do n.º 2 e f) do n.º 5 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de fevereiro.

Finalmente, dado a evolução entretanto verificada nos regimes tributários substantivos, bem

como as profundas modificações operadas no quadro sancionatório das infrações fiscais, foi publicado o Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, que ao revogar o Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de fevereiro, pretende eliminar, tanto quanto possível, situações menos justas e, simultaneamente, tornar a sua aplicação mais precisa e flexível, sem prejuízo da eficácia a atingir no campo do combate à fraude e evasão fiscal, especialmente na área do imposto sobre o valor acrescentado, que se pretende agora incrementar e ser substancialmente mais abrangente. Ao mesmo tempo, a vertente sancionatória por infrações às obrigações emergentes do diploma deixa de ser autonomamente consagrada para passar a ser disciplinada pelo Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT).

Este diploma, que entretanto havia sido alterado pelo Decreto-Lei n.º 238/2006, de 20 de

dezembro, e pela Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, foi alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, no sentido de se estabelecerem regras que assegurem a integridade dos documentos de transporte e que garantem à Administração Tributária e Aduaneira (AT) um controlo mais eficaz destes documentos, obstando à sua posterior viciação ou ocultação.

Para regulamentar o modo de cumprimento das obrigações de comunicação previstas nas

alterações entretanto introduzidas ao Regime dos Bens em Circulação, nomeadamente no seu artigo 5.º, pelo citado Decreto-Lei n.º 198/2012, foi ultimamente publicada a Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril.

Mais recentemente, o Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º

147/2003, de 11 de julho, voltou a ser alterado pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro.

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PREÂMBULO

do

Decreto-Lei n.º 147/2003,

de 11 de julho

O regime regulador dos documentos que devem acompanhar as mercadorias em circulação que ora se substitui datava de 1989, sem que até agora tivesse tido qualquer revisão sensível.

A evolução entretanto verificada nos regimes tributários substantivos e, mais recentemente, as

profundas modificações operadas no quadro sancionatório das infrações fiscais impunham uma revisão profunda do regime em causa no sentido não apenas de o adequar a tais quadros normativos mas também de actualizar algumas das soluções normativas que ao tempo nele foram acolhidas.

Por outro lado, a experiência adquirida com a vigência do Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de

Fevereiro, permitiu constatar a necessidade de se proceder a ajustamentos em diversas das suas disposições, cuja aplicação conduzia a situações de injustiça ou dificultava a ação dos agentes económicos. Acresce que a simplicidade de algumas das formalidades exigidas era, com frequência, abusivamente utilizada por alguns operadores económicos.

Em consequência do referido e da experiência adquirida, tornou-se evidente a necessidade de

proceder à sua substituição, de modo a eliminar, tanto quanto possível, situações menos justas e, simultaneamente, tornar a sua aplicação mais precisa e flexível, sem prejuízo da eficácia a atingir no campo do combate à fraude e evasão fiscal, especialmente na área do imposto sobre o valor acrescentado, que se pretende agora incrementar e substancialmente mais abrangente. É também por isso que a vertente sancionatória por infrações às obrigações emergentes do diploma deixa de ser automaticamente consagrada para passar a ser disciplinada pelo Regime Geral das Infrações Tributárias.

Assim:

Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

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Decreto-Lei n.º 147/2003

de

11 de julho

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Dec. Lei n.º 147/2003, de 11/7 Art.º 1.º

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Artigo 1.º

Objeto

É aprovado o regime dos bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA, nomeadamente quanto à obrigatoriedade e requisitos dos documentos de transporte que o acompanham, anexo ao presente diploma e que dele faz parte integrante.

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Diplomas que antecederam o regime dos bens em circulação – artigo 1.º do DL n.º

147/2003 O Regime dos Bens em Circulação foi, pela primeira vez, então na vigência do Código do Imposto de Transações, instituído pelo Decreto-Lei n.º 241/80, de 21 de julho. Pouco tempo depois, este diploma foi substituído pelo Decreto-Lei n.º 298/81, de 30 de outubro. Mais tarde surgiu o Decreto-Lei n.º 97/86, de 16 de maio, que revogou o anterior, e, posteriormente, o Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de fevereiro, que acabou também por ser revogado dando lugar ao atual Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho.

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Dec. Lei n.º 147/2003, de 11/7 Art.º 2.º

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Artigo 2.º

Revogação

1 - Sem prejuízo do disposto nos números seguintes é revogado o Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de Fevereiro.

2 - São válidas para os efeitos deste diploma as autorizações concedidas na vigência do

Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de fevereiro, e do Decreto-Lei n.º 97/86, de 16 de maio. 3 - Os processos pendentes à data da entrada em vigor do presente diploma continuam a reger-

se, até trânsito em julgado da respetiva decisão, pela legislação que lhes era aplicável. NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Aplicação da lei mais favorável – artigo 2.º do DL n.º 147/2003

A revogação das leis anteriores, não obsta, como é sabido, à aplicação das mesmas a factos praticados antes da entrada em vigor da nova lei. Contudo, devemos ter presente, por ter aqui cabal aplicação, o disposto no n.º 4 do artigo 2.º do Código Penal, o qual nos diz que "quando as disposições penais vigentes no momento da prática do facto punível forem diferentes das estabelecidas em leis posteriores, é sempre aplicado o regime que concretamente se mostrar mais favorável ao agente, salvo se este já tiver sido condenado por sentença transitada em julgado." A este propósito diz-nos ainda o n.º 4 do artigo 29.º da Constituição da República Portuguesa que "ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança mais graves do que as previstas no momento da correspondente conduta ou da verificação dos respetivos pressupostos, aplicando-se retroativamente as leis penais de conteúdo mais favoráveis ao arguido."

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Dec. Lei n.º 147/2003, de 11/7 Art.º 3.º

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Artigo 3.º

Entrada em vigor

O presente diploma entra em vigor 60 dias após a data da sua publicação. NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - A não retroatividade das leis tributárias

Pode considerar-se como princípio fundamental de Direito, o de que as leis só dispõem para o futuro, como claramente foi consagrado no artigo 12º do Código Civil português. E de que, mesmo no caso de lhes ser atribuída eficácia retroativa, se consideram ressalvados os factos passados ou sejam, segundo o artigo 12.º, n.º 1, do mesmo Código, «os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular». Embora a lei interpretativa se integre na lei interpretada, também pelo artigo 13.º do mesmo Código se ressalvam os efeitos já produzidos à sombra da mesma lei pelo cumprimento de obrigações ou atos de natureza análoga, de fixação do conteúdo dos direitos individuais.

2 - Aplicação das leis no tempo (leis interpretativas) 1 - A lei interpretativa integra-se na lei interpretada, ficando salvos, porém, os efeitos já produzidos pelo cumprimento da obrigação, por sentença passada em julgado, por transação, ainda que não homologada, ou por atos de análoga natureza. 2 - A desistência e a confissão não homologadas pelo tribunal podem ser revogadas pelo desistente ou confitente a quem a lei interpretativa for favorável. (artigo 13.º do Código Civil)

3 - Aplicação das leis no tempo (princípio geral) 1 - A lei só dispõe para o futuro; ainda que lhe seja atribuída eficácia retroativa, presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a regular. 2 - Quando a lei dispõe sobre as condições de validade substancial ou formal de quaisquer factos ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dúvida, que só visa os factos novos; mas, quando dispuser diretamente sobre o conteúdo de certas relações jurídicas, abstraindo dos factos que lhes deram origem, entender-se-á que a lei abrange as próprias relações já constituídas, que subsistam à data da sua entrada em vigor. (artigo 12.º do Código Civil)

4 - Cessação da vigência da lei

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1 - Quando se não destine a ter vigência temporária, a lei só deixa de vigorar se for revogada por outra lei. 2 - A revogação pode resultar de declaração expressa, da incompatibilidade entre as novas disposições e as regras precedentes ou da circunstância de a nova lei regular toda a matéria da lei anterior. 3 - A lei geral não revoga a lei especial, excepto se outra for a intenção inequívoca do legislador. 4 - A revogação da lei revogatória não importa o renascimento da lei que esta revogara. (artigo 7.º do Código Civil)

5 - Ignorância ou má interpretação da lei A ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nelas estabelecidas. (artigo 6.º do Código Civil)

6 - Interpretação da lei 1 – A interpretação não deve cingir-se à letra da lei, mas reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurídico, as circunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é aplicada. 2 – Não pode, porém, ser considerado pelo intérprete o pensamento legislativo que não tenha na letra da lei um mínimo de correspondência verbal, ainda que imperfeitamente expresso. 3 – Na fixação do sentido e alcance da lei, o intérprete presumirá que o legislador consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos adequados. (artigo 9.º do Código Civil)

7 - Obrigação de julgar e dever de obediência à lei 1 - O tribunal não pode abster-se de julgar, invocando a falta ou obscuridade da lei ou alegando dúvida insanável acerca dos factos em litígio. 2 - O dever de obediência à lei não pode ser afastado sob pretexto de ser injusto ou imoral o conteúdo do preceito legislativo.

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Dec. Lei n.º 147/2003, de 11/7 Art.º 3.º

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3 - Nas decisões que proferir, o julgador terá em consideração todos os casos que mereçam tratamento análogo, a fim de obter uma interpretação e aplicação uniformes do direito. (artigo 8.º do Código Civil)

8 - Quando é que a lei se torna obrigatória 1 - A lei só se torna obrigatória depois de publicada no jornal oficial. 2 - Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de fixação, o que for determinado em legislação especial. (artigo 5.º do Código Civil)

9 - «Vacatio legis» Vacatio legis é o período que decorre entre a publicação de uma lei e a sua entrada em vigor, destinado a possibilitar o seu conhecimento pelos respetivos destinatários. Antes da alteração introduzida pela Lei n.º 26/2006, de 30/6, ao artigo 2.º da Lei n.º 74/98, de 11/11 (Lei esta que estabelece as condições de publicação, identificação e formulário dos diplomas), os atos legislativos e os outros atos de conteúdo genérico, entravam em vigor no dia neles fixado. Na falta de fixação do dia da sua entrada em vigor, tais diplomas entravam em vigor: - no Continente, no 5.º dia após a sua publicação; - nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, no 15.º dia após a sua publicação; - no Estrangeiro, no 30.º após a sua publicação. Com a nova redacção dada ao diploma em causa, e porque o Diário da República passou a ser editado por via eletrónica e disponibilizado no sítio da Internet gerido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S.A., como serviço público de acesso universal e gratuito, nos termos do Decreto-Lei n.º 116-C/2006, de 16/6, na falta de fixação do dia da entrada em vigor de tais diplomas, os mesmos passaram a entrar em vigor, em todo o território nacional (Continente e Regiões Autónomas) e no estrangeiro, no 5.º dia após a sua publicação, contando-se tal prazo a partir do dia imediato ao da sua disponibilização no citado sítio da Internet gerido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S.A.. Para melhor se compreender toda esta temática, transcreve-se o artigo 2.º do Decreto-Lei nº 74/98, de 11/11, com a nova redação que lhe deu a Lei n.º 26/2006, de 30/6, onde se diz que: «1 - Os atos legislativos e os outros atos de conteúdo genérico entram em vigor no dia neles fixado, não podendo, em caso algum, o início da vigência verificar-se no próprio dia da publicação. 2 - Na falta de fixação do dia, os diplomas referidos no número anterior entram em vigor, em todo o território nacional e no estrangeiro, no 5º dia após a sua publicação.

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Dec. Lei n.º 147/2003, de 11/7 Art.º 3.º

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3 - A entrada em vigor dos mesmos diplomas ocorrerá, nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, no 15º dia após a publicação e, no estrangeiro, no 30º dia. (revogado pela Lei n.º 26/2006, de 30/6) 4 - O prazo referido no n.º 2 conta-se a partir do dia imediato ao da disponibilização no sítio da Internet gerido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S.A..»

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Regime dos Bens em Circulação

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ANEXO

(a que se refere o artigo 1.º do DL n.º 147/2003)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 1.º

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Artigo 1.º

Âmbito de aplicação

Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma.

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Animais cadáveres (cães e gatos) - artigo 1.º

Certa empresa transporta das suas instalações, ou da residência dos seus clientes, animais cadáveres (cães e gatos), para os serviços camarários para aí serem incinerados. É necessário serem acompanhados de documentos de transporte processado nos termos do Regime dos Bens em Circulação, ou podem ser acompanhados de uma simples declaração feita pela própria empresa? O transporte de bens não suscetíveis de serem objeto de transmissão, não tem que ser acompanhado de documento de transporte processado nos termos do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 14/2003, de 1 de julho, uma vez que os mesmos não se conformam com o conceito de bens transmissíveis, previsto no n.º 1 do artigo 3.º do Código do IVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, como resulta do esclarecimento prestado na Informação Vinculativa, Proc. 5573, sancionada por despacho de 26/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral. No entanto, relativamente aos bens excluídos do âmbito do RBC, não sujeitos à obrigatoriedade de documento de transporte nos termos de tal diploma, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, as entidades fiscalizadoras podem exigir prova da sua proveniência e destino (cfr. n.º 3 do art.º 3.º do RBC). A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.º 4 do art.º 3.º do RBC).

2 - Armas de caça, de desporto e defesa (transportadas para realizar testes no exterior das instalações fabris - protótipos - em fase de desenvolvimento ou em fase final de homologação) - artigo 1.º I - Exposição do sujeito passivo: 1. A Requerente, devidamente identificada supra, é uma empresa enquadrada, em sede de IVA, no regime normal mensal, desde 1986-01-01, dedicando-se ao exercício de

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 1.º

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"Fabricação de Armas de Caça, de Desporto e Defesa" - CAE 25401 (atividade principal). 2. Através de um pedido de informação vinculativa expõe e questiona o seguinte: i) "É obrigatória a elaboração de uma guia de transporte na ida de armas e das respetivas

munições para o campo de tiro, ou é suficiente o documento de autorização da PSP, onde todo o material é perfeitamente identificado e quantificado?"

ii) "No caso de ser obrigatória a elaboração de uma guia de transporte na carga, e tendo

em conta que no regresso, as armas são exatamente as mesmas, e as munições, as que sobraram dos testes," qual o procedimento a seguir?

iii) Se sendo obrigatória a emissão de documento de transporte, é obrigatória a sua

comunicação à Autoridade Tributária? II - Enquadramento face ao Código do IVA (CIVA) e ao Regime dos Bens em

Circulação, anexo ao Decreto-lei n.º 147/2003, de 11 de julho. 3. De acordo com o artigo 1.º do RBC "todos os bens em circulação, em território nacional seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma". 4. "Bens", para efeitos do RBC, são aqueles que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). 5. Mas, também, aqueles que, "se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuados pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado". 6. E, segundo o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, transmissão de bens é, em geral, a "transferência onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade". 7. Refira-se que também a transmissão gratuita de bens pode ser considerada transmissão nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do CIVA quando, relativamente a esses bens tenha havido dedução total ou parcial do imposto [alínea f) do n.º 3 do art.º 3º, parte final]. 8. O mesmo tipo de assimilação a transmissão de bens encontra-se previsto nas várias alíneas do n.º 3 do artigo 3.º do CIVA. III - Apreciação

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9. No caso concreto, o material transportado pela Requerente para realizar testes no exterior das suas instalações, consiste em armas ainda em fase de desenvolvimento (protótipos) ou em fase final de homologação. 10. Segundo a Requerente, estes protótipos ou armas em fase final de homologação estão "licenciados pela PSP" apenas para testes, pelo que "inequivocamente não se destinam à venda". 11. Também as munições não são, refere a Requerente, comercializáveis sem as devidas autorizações. De facto, o seu transporte também depende de pedido prévio à PSP e não podem ser comercializadas sem as devidas autorizações legais. 12. A Lei das Armas (Lei n.º 5/2006, de 23 de fevereiro, alterada pela Lei n.º 12/2011, de 27 de abril, que aprova o novo regime jurídico das armas e suas munições), define e classifica uma quantidade considerável de tipos de armas e munições para, depois, estabelecer, como condição de venda, aquisição, cedência, utilização, entre outros, a existência de uma autorização da PSP. 13. Assim sendo, e não obstante o rigoroso cumprimento dos disposto na Lei das Armas, afigura-se que as circunstâncias subjacentes ao caso concreto não se enquadram, desde logo, no conceito de transmissão de bens para efeitos de IVA, uma vez que não ocorre qualquer transmissão, nem numa vertente jurídica do conceito, nem numa vertente económica. 14. Efetivamente, por um lado, os bens não saem da esfera jurídica da Requerente nem podem, sem mais, ser transmitidos. 15. Por outro, o conceito económico de transmissão de bens também não está relacionado com a situação em análise, uma vez que visa estabelecer que não é necessário que o transmitente seja proprietário do bem transmitido, significando que também são tributáveis "as transmissões efetuadas por possuidores ou meros detentores do bem, que tenham disponibilidade económica do mesmo" (cfr. Clotilde Celorico Palma, em "Introdução ao Imposto sobre o Valor Acrescentado", Cadernos IDEFF, n.º I, 5.ª Edição, Almedina, p.57). 16. Também não se trata aqui de uma afetação das armas e munições a uso próprio do Requerente nem de um transporte para fins de demonstração [alínea a) do n.º 2 do art.º 2.º do RBC]. 17. De facto, aquele material apenas sai das instalações da Requerente porque necessita de ser submetido a testes que, por razões práticas e de segurança, não se podem realizar naquele local, sendo, pois, enviados para um campo de tiro legalmente autorizado. 18. Deste modo, entende-se que não deve haver lugar à aplicação do RBC ao transporte de armas e munições, com o objetivo de realizar testes em campo de tiro autorizado, as quais, por imposição legal, não podem, sem mais, ser transmitidas nem se encontram, na altura do transporte, em condições de o ser.

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19. Isto porque, efetivamente, o material em causa não pode (pelo menos sem a devida autorização) ser objeto de transmissão, pelo que não se subsume no conceito de "bem" para efeitos do RBC. IV - Conclusão 20. Nestes termos, considera-se que o pedido prévio de autorização à PSP para a realização de testes com as armas em causa (com a relação do material em anexo, perfeitamente identificado e quantificado) e a respetiva autorização, é suficiente para o transporte daquele material. (Informação vinculativa, Proc. 5444, sancionada por despacho de 11/09/2013 do SDG, por delegação do Diretor-Geral)

3 - Bens em circulação (documento de transporte) - artigo 1.º Segundo o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2033, de 11 de julho, todos os bens em circulação em território nacional, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, deverão ser acompanhados de documentos de transporte, quer se trate de sujeitos passivos enquadrados no Regime Normal, no Regime Especial de Isenção a que se refere o artigo 53.º do Código do IVA, no Regime Especial dos Pequenos Retalhistas a que se refere o artigo 60.º do mesmo diploma, quer por sujeitos passivos que efetuem exclusivamente operações isentas sem direito à dedução, nos termos do artigo 9.º também do Código do IVA. Para efeitos das disposições relativas ao IVA, entende-se por «território nacional», o território português, tal como é definido pelo artigo 5.º da Constituição da República Portuguesa [cfr. alínea a) do n.º 2 do art.º 1.º do Código do IVA]. Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira (cfr. n.º 1 do art.º 5.º da Constituição da República Portuguesa). De acordo com o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, são sujeitos passivos de IVA as pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com caráter de habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio ou prestação de serviços, incluindo as atividades extrativas, agrícolas e as das profissões livres, e, bem assim, as que, do mesmo modo independente, pratiquem uma só operação tributável, desde que essa operação seja conexa com o exercício das referidas atividades, onde quer que este ocorra, ou quando, independentemente dessa conexão, tal operação preencha os pressupostos da incidência real do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) ou do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC). Por sua vez, a alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime os Bens em Circulação diz-nos que, para efeitos do diploma em causa, se consideram «bens» os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, ou seja, os bens móveis corpóreos, não apenas no sentido jurídico de transferência do direito de propriedade, mas também no sentido de meras transferências económicas, ainda que não sejam transmissões de bens.

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Para tal efeito, e de acordo com a alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º do mesmo regime, consideram-se «bens em circulação» todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. Consideram-se ainda bens em circulação, de acordo com a alínea b) do n.º 2 artigo 2.º do referido regime (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12), os bens encontrados em veículos nos atos de descarga ou transbordo mesmo quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem a Lei n.º 27/2013, de 12 de abril, e o Decreto-Lei n.º 173/2012, de 2 de agosto. Por sua vez, a alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, diz-nos que se considera «documento de transporte» a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes.

4 - Bens transportados por pessoas não consideradas sujeitos passivos para efeitos de IVA - artigo 1.º Os bens transportados por pessoas não consideradas sujeitos passivos para efeitos de IVA (p.e. particulares) não caem no âmbito do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, pelo que, se transportados pelos próprios ou por sua conta não têm que ser acompanhados do documento de transporte. Contudo, sempre que possam suscitar dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, aconselha-se que, em tais circunstâncias, tais bens sejam acompanhados por um documento, que não necessita de obedecer aos requisitos exigidos nos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 8.º e 10.º do RBC, isto é: a) Não necessita de ser impresso tipograficamente. b) Na hipótese de ser impresso tipograficamente:

- não é necessário que seja numa tipografia autorizada para o efeito, nem que conste

do mesmo a designação, sede e número de identificação fiscal de tal tipografia; - a sua aquisição não necessita de ser feita através de requisição; - a tipografia que o imprimir não necessita de comunicar à AT os elementos

identificativos dos adquirentes. c) Não necessita de ser processado em triplicado, bastando um único exemplar. d) Não necessita de ser numerado.

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É, por isso, um documento vulgaríssimo, que pode ser feito em papel timbrado ou não, do qual é apenas obrigatório constar a natureza (qualidade), quantidade, proveniência (nome, firma ou denominação social e a sede ou domicílio e NIF do fornecedor) e destino (nome, firma ou denominação social e a sede ou domicílio e NIF do destinatário ou adquirente) dos bens, rodeado no entanto do mínimo de credibilidade. Já assim era na vigência do Decreto-Lei n.º 97/86, de 16 de maio, que foi revogado pelo Dec. Lei n.º 45/89, de 11/2, e este pelo atual Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, como se pode ver do Ofício-Circulado n.º 45.807, de 03/05/88, do SIVA, através do qual foi esclarecido que: «Tendo chegado ao conhecimento destes Serviços que por parte de alguns agentes encarregados da fiscalização dos bens em circulação, no âmbito do Decreto-Lei n.º 97/86, de 16 de maio, têm sido levantadas algumas dificuldades às empresas transportadoras, quando estão em causa bens emitidos por simples particulares e que, em regra, são malas de viagem, sacos ou caixas de cartão contendo bens de consumo, roupas ou quaisquer outros, destinados a familiares ou amigos, foi o assunto estudado e submetido a apreciação superior, pelo que se recomenda a observância das seguintes normas, que foram elaboradas em conformidade com o despacho de SESEAF, de 30 de janeiro último. 1 - Somente os sujeitos passivos nos termos do IVA estão obrigados à emissão de documento de transporte, em conformidade com o Decreto-Lei n.º 97/86, de 16 de maio. 2 - Não será de exigir documento de transporte quando estejam em causa bens não provenientes de sujeitos passivos. 3 - Em conformidade com o n º 2 do artigo 2 º do mesmo diploma (atualmente o n.º 3 do art.º 3.º e o n.º 1 do art.º 15.º do novo RBC) poderá exigir-se prova da proveniência dos bens quando haja fundadas suspeitas de que provêm de um sujeito passivo, sendo obrigatória a emissão de documento de transporte. 4 - A prova referida no número anterior poderá ser feita através de uma declaração assinada pelo emitente dos bens onde se refira que não é sujeito passivo».

5 - Custódia e gestão do arquivo documental dos seus clientes, e o transporte das caixas de cartão para acondicionar e embalar os documentos - artigo 1.º

I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se providenciar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, relativamente aos seguintes factos:

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1. A Requerente é uma sociedade por quotas, que desenvolve atividades de custódia e gestão de arquivos, i.e., atua como depositária do arquivo documental dos seus clientes, procedendo, em instalações, por si detidas, à respetiva guarda e gestão. 2. Em complemento, a Requerente providencia um serviço de transporte dos documentos, que compõem o arquivo dos clientes, das instalações destes, para o seu armazém, onde os mesmos ficam depositados. 3. Pretende, a Requerente, face a este acervo fáctico, que lhe sejam esclarecidas as seguintes questões: a) O transporte das caixas de cartão, que a Requerente utiliza para acondicionar e

embalar os documentos destinados a serem arquivados, está sujeito à obrigação de emissão de um documento de transporte, para efeitos do RBC?

b) Deve, o transporte deste documentos, destinados a serem arquivados, ficar sujeito às

obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC, nomeadamente por se entender que tais documentos são passíveis de serem considerados como bens, para efeitos do consignado na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC? Ou, eventualmente, por se entender que tais bens são objeto de transmissões sujeitas a IVA?

c) Respondendo-se, afirmativamente, à questão anterior, como é que deve a Requerente

(bem como os respetivos clientes), proceder à comunicação, à AT, dos elementos/dados constantes dos documentos de transporte, para efeitos de cumprimento do n.º 5 do artigo 5.º do RBC?

II - Enquadramento jurídico-legal Tendo por base cada uma das questões suscitadas, temos que: a) Transporte de caixas de cartão utilizadas para acondicionar os documentos

destinados a arquivo. 4. Em resultado da revogação do Plano Oficial de Contas (POC), e da adoção do Sistema de Normalização Contabilística (SNC), que resultou da aprovação do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, e face à implementação de um novo Código de Contas, nos termos da Portaria n.º 1011/2009, de 9 de setembro, constata-se que a terminologia "taras e embalagens retomáveis", prevista na alínea h) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, corresponde, hoje em dia, ao conceito de "embalagens de consumo". 5. Entendendo-se por embalagens de consumo "os bens envolventes ou recipientes das mercadorias ou produtos, indispensáveis ao seu acondicionamento e transação" (vide Elementos de Contabilidade Geral, da autoria de António Borges, Azevedo Rodrigues e Rogério Rodrigues, da Áreas Editora, 25.ª Edição, 2010, pag. 663). 6. Assim sendo, não se vislumbra como é que as caixas, a utilizar pela Requerente, para transporte dos documentos a arquivar, possam ser consideradas como embalagens de consumo, visto que, em momento algum, visam acondicionar produtos, ou mercadorias, a transacionar.

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7. Pelo que, não pode, o transporte das mesmas, beneficiar da exclusão do âmbito de aplicação do RBC, consignado na alínea h) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC. 8. Não obstante, e desde que as referidas caixas estejam registadas, contabilisticamente, como elementos do "ativo imobilizado corpóreo" da Requerente (ao qual, de acordo com a terminologia atualmente empregue, pelo SNC, se dá o nome de "ativo fixo tangível"), já poderá, o respetivo transporte, ficar excluído do cumprimento das obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC (atenda-se, para este efeito, à alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC). 9. Contudo, neste caso, as entidades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, podem exigir prova da legalidade da proveniência e origem destes bens, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da respetiva circulação. Devendo, essa prova, ser efetuada mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC). b) Âmbito de aplicação do RBC, no que concerne o transporte de documentos,

destinados a arquivo. 10. De acordo com o preceituado na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, apenas se devem considerar como bens, para efeitos da aplicação deste regime legal, os que puderem ser objeto de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, os que forem passíveis de transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 11. Por seu turno, a alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, claramente prescreve que este regime legal apenas é suscetível de aplicação no que diz respeito aos sujeitos passivos que ponham, em circulação, no território nacional, bens/mercadorias, por motivo da sua transmissão onerosa (incluindo a troca), de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência, ou para fins de demonstração, ou da sua incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência. 12. No caso, em apreço, constatamos que a Requerente se encontra impossibilitada de proceder à transferência onerosa dos bens, i.e., documentos destinados a arquivo, que lhe foram confiados pelos respetivos clientes. Até porque, na prática, a Requerente fica, na qualidade de depositária, sujeita às obrigações constantes do regime legal aplicável ao contrato de depósito, previsto no artigo 1185.º e ss. do Código Civil ("CC"). Destacando-se, deste regime legal, as alíneas a) a c) do artigo 1187.º do CC, onde se lê: "O depositário é obrigado: a) A guardar a coisa depositada; b) A avisar imediatamente o depositante, quando saiba que algum perigo ameaça a coisa ou que terceiro se arroga direitos em relação a ela, desde que o facto seja desconhecido do depositante; c) A restituir a coisa com os seus frutos" 13. Constando-se que: (i) a Requerente se encontra legalmente impossibilitada de proceder à transferência

onerosa destes bens; (ii) os bens, apesar de confiados à Requerente, continuam a ser propriedade dos

respetivos clientes;

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(iii) os bens não são utilizados/incorporados, pela Requerente, em prestações de serviços

(visto que a prestação de serviços, a providenciar, pela Requerente, se esgota na sua simples guarda/detenção); importa, necessariamente, concluir-se pela não verificação dos pressupostos normativos constantes da alínea a) do n.º 1, e da alínea a) do n.º 2, ambos do artigo 2.º do RBC. Pelo que, o transporte, destes bens, se deve considerar excluído do âmbito de aplicação do RBC.

c) Obrigação de comunicação 14. Verificando-se que o transporte, deste tipo de bens, não se encontra sujeito ao cumprimento das obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC, importa concluir que inexiste a obrigatoriedade de se efetuar a comunicação dos elementos constantes dos documentos de transporte, consignada no n.º 5 do artigo 5.º deste mesmo regime legal III - Conclusões 15. O transporte de caixas, necessárias para acondicionar os documentos, que ficam à guarda da Requerente, desde que as mesmas sejam contabilizadas como parte do respetivo ativo fixo tangível, fica excluído das obrigações declarativas, impostas pelo RBC, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC. 16. Não obstante, poderão, neste caso, as entidades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, exigir prova da legalidade da proveniência e origem destes bens, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da respetiva circulação. Devendo, essa prova, ser efetuada mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC). 17. O transporte de documentos, para serem objeto de um contrato de depósito, nos termos do art. 1185.º e ss. do CC, não se encontra sujeito ao cumprimento das obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC, em virtude de não se mostrarem preenchidos os pressupostos normativos, constantes da alínea a) do n.º 1 e da alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º do RBC. 18. Verificando-se que o transporte, deste tipo de bens, não se encontra sujeito ao cumprimento das obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC, importa concluir que inexiste a obrigatoriedade de se efetuar a comunicação dos elementos constantes dos documentos de transporte, consignada no n.º 5 do artigo 5.º deste mesmo regime legal. (Informação vinculativa, Proc. 5465, sancionada por despacho de 18/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

6 - Entulho removido após as demolições (transporte para o vazadouro) - artigo 1.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. O requerente, no desenvolvimento da sua atividade, utiliza uma guia diária que funciona para o aluguer de todo o tipo de máquinas, refletindo essa guia o número de

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horas efetuadas pelo equipamento, a obra e o local da obra etc., e uma guia de transporte a utilizar nomeadamente no transporte dos seus equipamentos para as obras bem como no transporte de entulho que é removido após as demolições para o vazadouro. 2. Solicita assim o requerente informação vinculativa relativamente à comunicação das referidas guias à Autoridade Tributária, face ao novo regime de bens em circulação. 3. O Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, procede à alteração e republicação do Regime de Bens em Circulação aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, o qual estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 4. A Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, regulamenta o modo de cumprimento das obrigações de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, previstas no regime de bens em circulação. 5. São considerados documentos de transporte, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime de Bens em Circulação (RBC), em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a fatura, a guia de remessa, a nota de devolução, a guia de transporte ou documentos equivalentes (redação dada pelo DL n.º 198/2012). Tais documentos devem ser processados de harmonia com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do mesmo diploma. 6. Para efeitos do disposto no Regime de Bens em Circulação, de acordo com o n.º 2 do seu artigo 2.º, consideram-se bens em circulação: i) Todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação,

exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência;

ii) Os bens encontrados em veículos nos atos de descarga ou transbordo mesmo quando

tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados.

7. No entanto, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do referido DL, estão excluídos da aplicação do mesmo diploma, "Os bens pertencentes ao ativo fixo tangível". 8. Assim sendo, os bens em circulação que fazem parte do ativo fixo tangível (por ex: máquinas a usar em determinada obra) não carecem de acompanhamento de documento de transporte, uma vez que estão excluídos do âmbito do Regime de Bens em Circulação, conforme alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º. 9. De acordo com a alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação, excluem-se do âmbito do referido diploma "os resíduos sólidos urbanos provenientes das recolhas efetuadas pelas entidades competentes ou por empresas a prestarem o mesmo serviço."

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10. Deste modo, o entulho em circulação, resultante das recolhas efetuadas por entidades competentes ou por empresas a prestarem o mesmo serviço (serviço concessionado), não está sujeito à obrigatoriedade da emissão de documentos de transporte, pelo que a verificar-se o referido na alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º do referido regime, a circulação do entulho encontra-se abrangida pela exclusão da referida alínea. 11. Porém, caso tal não se verifique, o transporte do entulho deve ser acompanhado de documento de transporte processado de harmonia e com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do mesmo diploma. 12. Acresce referir, que nos termos do n.º 3 do mesmo artigo 3.º, apesar das exclusões verificadas nas alíneas anteriormente referidas, "sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino". A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento que comprove a natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (n.º 4 do art.º 3.º). 13. No que concerne à obrigação de comunicação dos elementos dos documentos de transporte deve ainda referir-se que tanto o Regime de Bens em Circulação como a Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, restringem os seus efeitos aos documentos de transporte, assim considerados nos termos das respetivas normas. 14. Deste modo, encontram-se excluídos da obrigação de comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) os documentos processados por força dos nos 3 e 4 do RBC, comprovativos da natureza, quantidade, proveniência e destino dos bens não sujeitos à obrigatoriedade de emissão de documento de transporte (Ex. bens do ativo imobilizado/fixo tangível). (Informação vinculativa, Proc. 5033, sancionada por despacho de 23/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor geral)

7 - Laboratórios de análises clínicas (transporte de amostras de produtos biológicos, colhidas no domicílio dos utentes, ou em postos de colheita; material para efetuar a colheita; desperdícios/resíduos tóxicos decorrentes da colheita) - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se providenciar o enquadramento jurídico-tributário, necessário para se aquilatar da eventual exclusão da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, relativamente aos seguintes factos:

i) Transporte das amostras de produtos biológicos, colhidas no domicílio dos utentes, ou em postos de colheita pertencentes aos laboratórios de análises clínicas (ex: sangue, urinas e fezes).

ii) Transporte de material necessário para efetuar a colheita das amostras de produtos

biológicos, no domicílio dos utentes, ou em postos de colheitas pertencentes aos laboratórios de análises clínicas (ex: agulhas, seringas, lâminas, frascos de sangue e urina, álcool, pensos).

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iii) Transporte dos desperdícios/resíduos tóxicos decorrentes da colheita das amostras

de produtos biológicos (ex: seringas usadas, frascos de sangue, etc.). II - Análise 1. Os laboratórios de anatomia patológica e patologia clínica são considerados, nos termos da alínea d) do n.º 4 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 279/2009, de 6 de outubro, como unidades privadas de serviços de saúde. 2. Este tipo de entidades ainda não foi objeto de regulamentação, no âmbito do novo regime jurídico de licenciamento, definido pelo Decreto-Lei n.º 279/09, de 6 de outubro, mantendo-se, para o efeito, o regime anterior, consubstanciado no Decreto-Lei n.º 217/99, de 15 de junho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 534/99, de 11 de dezembro, e republicado pelo Decreto-Lei n.º 111/2004, de 12 de maio. 3. De acordo com o artigo 31.º deste último diploma legal, resulta, no que refere, estritamente, aos produtos biológicos (sangue, urina, etc.), que:

a. O acondicionamento e o transporte dos produtos biológicos, para laboratórios,

devem ser efetuados em condições de termoestabilização adequadas, de acordo com as regras estabelecidas no manual de boas práticas;

b. O transporte dos produtos biológicos das unidades de colheita deve ser efetuado

por pessoal e meios próprios dos laboratórios, sendo vedada a utilização de transportes públicos; e

c. Os produtos destinados a exames anatomopatológicos devem ser transportados em

meios de fixação apropriados e devidamente acondicionados em recipientes destinados para o efeito.

4. Por sua vez, e em concomitância com o Manual de Boas Práticas Laboratoriais (MBPL), aprovado pelo Despacho n.º 8835/2001, do Gabinete da Ministra, do Ministério da Saúde, datado de 27 de abril (vide o ponto 6 do Capítulo II deste despacho ministerial), resulta que:

(i) a eliminação de resíduos deverá ser conforme à legislação em vigor; deve ser conduzida por forma a não pôr em risco a saúde do pessoal do laboratório ou do pessoal encarregue da sua recolha; e não deve ser fonte de poluição do ambiente; (ii) de acordo com a legislação em vigor, a responsabilidade da gestão de resíduos perigosos é atribuída ao seu produtor; (iii) no entanto, esta responsabilidade poderá ser transferida para uma entidade devidamente autorizada para o efeito, mediante a celebração de um contrato de prestação de serviços.

5. Concluímos, assim, que os resíduos, a transportar pela Requerente, destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação, a que se refere o Anexo I do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo

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Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro). 6. Até porque se tratam de resíduos perigosos, atendendo-se à definição conceitual deste tipo de resíduos, prevista na alínea ll) do artigo 3.º do referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e aos pontos H5, H6 e H9, do Anexo III a este diploma legal (vide, igualmente, o Ponto 18 01 da Lista Europeia de Resíduos, constante da Portaria n.º 209/2004, de 3 de março, que resulta da Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio). 7. A perigosidade deste tipo de resíduos, (no se refere a materiais como tubos, seringas, pensos, algodão, etc.) é, igualmente, confirmada pelo Despacho 242/96, do Ministério da Saúde, datado de 13 de agosto, que procede a uma classificação, por grupos, dos denominados "resíduos hospitalares", i.e., resíduos provenientes da prestação de cuidados de saúde a seres humanos, incluindo as atividades médicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e investigação. 8. Na realidade, este despacho ministerial, no respetivo ponto 2, prescreve que os resíduos dos Grupos III e IV devem ser considerados perigosos. Entendendo-se, como fazendo parte destes grupos, o seguinte tipo de resíduos:

a. Grupo III - Resíduos hospitalares de risco biológico, i.e., aqueles que se encontram

contaminados, ou suspeitos de contaminação, e que devem ser sujeitos a incineração, ou outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano. Insere-se neste grupo: (i) todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infeciosos ou suspeitos, de unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de patologia clínica e de laboratórios de investigação (com exceção dos do Grupo IV); (ii) todo o material utilizado em diálise; (iii) sacos coletores de fluidos orgânicos e respetivos sistemas.

b. Grupo IV - Resíduos hospitalares específicos, i.e., de incineração obrigatória. Incluem-se neste grupo: materiais cortantes e perfurantes (agulhas, cateteres, e todo o material invasivo).

9. Dado que os resíduos, a transportar têm, obrigatoriamente, e como se disse, de ficar sujeitos a um dos processos de revalorização/eliminação, constantes do Anexo I do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, constata-se existir um constrangimento legal que impede que, os mesmos, possam ser objeto de quaisquer transações comerciais. 10. Face ao exposto, importa, consequentemente, atender à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. A qual prescreve que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à

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respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 11. Pelo que, constatando-se que o transporte de resíduos, no âmbito do exercício da atividade de análise laboratorial, se reporta a bens não transacionáveis, importa, em decorrência, concluir pela sua não sujeição ao RBC, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º deste mesmo regime legal, conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA. III - Conclusão 12. Confirma-se que o transporte dos vários resíduos, referidos pela Requerente, se encontra excluído da aplicabilidade do RBC, em virtude destes bens não serem passíveis de transmissão, nos termos do preceituado na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA. (Informação vinculativa, Proc. 5668, sancionada por despacho de 23/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

8 - Lavandarias e engomadorias (documento de transporte) - artigo 1.º Uma empresa cuja atividade consista na prestação de serviços a hotéis, mais concretamente na lavandaria e engomadoria de roupas, é obrigatório emitir documento de transporte quando vai buscar e levar as roupas? Sobre os serviços prestados pelas empresas de Lavandaria e Engomadoria de roupas de terceiros, existe a seguinte doutrina da Administração Tributária: O sujeito passivo A, vem, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária, solicitar informação vinculativa, relativamente à emissão de documento de transporte, no âmbito da sua atividade de Lavandaria e Engomadoria de roupa de terceiros (empresas e particulares). Sobre o assunto cumpre informar: 1. O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 2. Conforme determina o artigo 1.° do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documento de transporte", entendendo-se como tal, a factura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. 3. Relativamente à questão colocada ou seja, à aplicação do citado Regime aos bens transportados por sujeitos passivos, no âmbito da sua atividade de lavandaria e engomadoria, informa-se que foi já sancionado por este serviço, entendimento sobre o assunto, tendo sido dado conhecimento do mesmo à "Associação Nacional dos Industriais de Lavandaria Tinturaria".

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4. O referido entendimento mantém-se em vigor, com as necessárias adaptações face às alterações introduzidas na legislação que estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 5. Assim, passamos a descrever o conteúdo do mesmo, face ao atual Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7: 5.1. Atendendo a que os bens transportados pelos Industriais de Lavandaria e Tinturaria, não se destinam em princípio a qualquer transferência, quer onerosa quer gratuita, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, destinando-se apenas a serem objeto de uma prestação de serviços, não se enquadram no conceito de bens definido na alínea a) do n.° 1 do artigo 2.° do citado Regime. 5.2. Assim, os bens transportados pelos Industriais de Lavandaria e Tinturaria, desde que se destinem apenas a serem objeto do exercício da sua atividade de prestadores de serviços e sejam propriedade dos seus clientes, não ficam obrigados à emissão do documento de transporte nos termos do Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7. 6. Face ao referido no ponto anterior, os documentos a que a requerente faz referência e que denomina de "guia de entrega" são documentos bastante para acompanhar os bens (a roupa), objeto da prestação de serviços referida. (Informação Vinculativa, Proc. F254 2007087, com despacho de 14/11/2008 do SDG dos Impostos, substituto legal do Diretor-Geral)

9 - Mudanças (bens de particulares transportados por uma empresa transportadora) - artigo 1.º Uma empresa transportadora, quando transporta bens de pessoas particulares, em que a grande parte está relacionada com a mudança de residência dos seus donos, que documento de transporte deve acompanhar os bens em circulação? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do referido diploma». Daqui resulta, "a contrario sensu" que o transporte de bens que não sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA (ou mesmo quando se trata de sujeitos passivos para efeitos de IVA, tais bens não façam parte do seu património empresarial, mas sim do seu património particular), não tem que ser acompanhado de documento de transporte. Assim, no caso em apreciação, porque é um particular que remete os bens, com destino a si próprio, o seu transporte não tem que ser acompanhado de documento de transporte. No entanto, porque podem surgir dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, as entidades fiscalizadoras podem exigir-se prova da sua proveniência e destino, a qual

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pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, de acordo com o disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do RBC. Ou seja, o dono dos bens, para evitar uma possível apreensão provisória, deve emitir uma declaração, que acompanhará os mesmos, da qual deve constar que os bens em causa estão a ser transportados com destino a ... (p.e. local da sua nova residência, ou outro destino se for o caso).

10 - Pneus usados (deixados pelos clientes nas oficinas que procedem à colocação de novos nas viaturas dos clientes) - artigo 1.º Uma empresa, cuja atividade é a comercialização de pneus, quando efetua a troca de pneus nas viaturas dos seus clientes estes depositam no seu armazém os pneus antigos, que posteriormente, são transportados para um centro de reciclagem, cujo transporte é efetuado pelo centro de reciclagem. Como deve proceder a empresa quanto á emissão do documento de transporte? Se os pneus usados ainda puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA, ou seja, se o centro de reciclagem paga um preço pela sua aquisição, o seu transporte deve ser acompanhado de documento de transporte emitido nos termos normais. Se os pneus não são suscetíveis de serem vendidos, o seu transporte não implica a emissão de documento de transporte, dado o disposto no artigo 1.º e na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. No entanto, dado que podem surgir dúvidas relativamente à natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, aconselhamos que o seu transporte se faça acompanhado de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, que pode ser uma simples declaração, emitida nos termos e para os efeitos dos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do regime em causa, de modo a evitar-se a situação desagradável constante do n.º 1 do artigo 15.º, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro.

11 - Pneus usados (transporte das instalações dos distribuidores até aos Pontos de Recolha e destes para os recicladores) - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.o 147/2003, de 11 de julho, sobre os seguintes factos:

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1. A Requerente é uma sociedade comercial, que tem, por objeto societário, a gestão do Sistema Integrado de Pneus Usados (SGPU), de acordo com o previsto no n.º 1 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de abril. 2. O SGPU é um sistema integrado de diversas infraestruturas que englobam a recolha, o transporte e a reciclagem ou outras formas de valorização dos pneus em fim de vida, gerados em Portugal, nomeadamente através da criação de plataformas de armazenamento temporário, constituição de uma rede de transporte e o desenvolvimento de soluções de valorização e reciclagem para encaminhamento de pneus usados (vide alíneas a) a c) do n.º 5 do artigo 7.º do supra mencionado Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de abril). 3. Qualquer empresa que produza ou importe pneus novos e usados, bem como veículos ou equipamentos que os contenham, é obrigada a celebrar, com a Requerente, um contrato de gestão de resíduos, tendo por base o pagamento, a esta, de uma contrapartida financeira, denominada por Ecovalor. 4. O SGPU assenta numa rede de operadores de recolha, i.e., Pontos de Recolha. Estes consistem em locais de receção, e armazenamento temporário de pneus usados, provenientes de distribuidores, particulares, oficinas, etc. 5. As operações de transporte associadas à atividade desenvolvida pela Requerente consistem:

i. No transporte de pneus usados, das instalações dos distribuidores, até aos Pontos

de Recolha (este transporte é efetuado, nos termos do consignado nos n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de abril, pelos próprios distribuidores, ou pelos Pontos de Recolha, ou transportadores, sendo que, em qualquer destas situações, quer os Pontos de Recolha, quer os transportadores, são subcontratados pelos distribuidores);

ii. No transporte dos pneus usados, a efetuar por transportadores contratados pela

Requerente, dos Pontos de Recolha para os Recicladores/Valorizadores, detidos por esta ultima entidade, com vista ao reprocessamento destes resíduos, com o objetivo de: (i) recuperar-se as respetivas matérias constituintes (i.e., granulado de borracha), ou (ii) serem reaproveitados como combustível (ou outros meios de produção de energia).

6. Face a estes factos, pretende, a Requerente, ver esclarecidas as seguintes questões:

i. O transporte de resíduos dos Pontos de Recolha para os

Recicladores/Valorizadores encontra-se sujeito ao regime, de índole declarativo, imposto pelo RBC?

ii. Na eventualidade de o RBC se aplicar a esta operação de transporte, quem deverá

ser indicado no documento de transporte como remetente e como destinatário? iii. Quem deverá, neste caso, emitir o documento de transporte?

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iv. Fica, esta operação, sujeita à obrigação declarativa, prevista no n.º 5 do artigo 5.º do RBC?

v. O transporte de pneus usados, dos distribuidores, para os Pontos de Recolha, fica,

igualmente, sujeito ao RBC? Se sim, quem deverá ser indicado como remetente e destinatário, nestes documentos de transporte?

vi. Quais as consequências legais, se existirem divergências nos valores das

pesagens, desde o momento em que o transporte se inicia (i.e., instalações dos Pontos de Recolha), até ao momento em que chegam ao respetivo destino (i.e., Recicladores/Valorizadores), em virtude da utilização, nestes mesmos locais, de diferentes básculas? E qual o peso que deve constar do documento de transporte, no que se refere à operação de transporte deste tipo de bens, das instalações dos distribuidores, para os Pontos de Recolha, se, tais resíduos, apenas forem pesados no local de chegada?

II - Enquadramento jurídico-tributário geral Em primeiro lugar, cumpre providenciar o enquadramento jurídico-tributário geral, associado ao transporte de resíduos. Assim: 7. Tendo por base o regime legal aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos, constante do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro), constatamos que incumbe, ao produtor inicial, a responsabilidade pela gestão de resíduos, suportando, para o efeito, os respetivos custos (vide n.º 1 do art.º 5.º deste mesmo regime legal). 8. Por seu turno, devem considerar-se, como resíduos, todos os bens elencados na denominada Lista Europeia de Resíduos (vide Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio, e Portaria n.º 209/2004, de 3 de março). 9. Entendendo-se, doutra índole, por gestão de resíduos, todas as operações referentes à recolha, transporte, valorização e eliminação de resíduos [vide alínea p) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro]. 10. Verificando-se que os resíduos, a transportar, estão previstos na Lista Europeia de Resíduos, resulta que os mesmos destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação ou valorização, a que se referem, respetivamente, os Anexos I e II do supra referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. 11. O que equivale a dizer que existe, à partida, um constrangimento legal que impede que estes resíduos possam ser livremente transacionáveis. 12. Atendendo-se, por seu turno, à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, constata-se que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade.

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13. Pelo que, constatando-se, como dissemos, que o transporte de resíduos, das instalações da Requerente, i.e., produtor inicial, para a entidade gestora de resíduos, se reporta a bens não transacionáveis (já que os mesmos só podem ter, como destino, um dos procedimentos/operações de eliminação/valorização previstos nos Anexos I ou II do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro), importa, em decorrência, concluir pela sua não sujeição ao RBC. 14. Não obstante, existem exceções a este enquadramento legal. Entre as quais se realçam:

i. Resíduos que possam ser submetidos a uma operação de valorização, das previstas

no Anexo II ao Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e após a concretização / efetivação dessa mesma operação (ou seja, numa fase "pós-valorização");

ii. Bens constantes do Anexo E do CIVA.

15. Na realidade, nestes casos, constata-se não existir qualquer impedimento legal à livre comercialização destes resíduos. O que significa que, sendo, tais bens, objeto de uma eventual transmissão, o transporte que se faça, dos mesmos, para o adquirente, tenha de ficar, necessariamente, sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. III - Enquadramento jurídico-tributário específico Atendendo-se, ora, às questões suscitadas pela Requerente, temos que: 16. Os resíduos a transportar, i.e., pneus usados, encontram-se previstos na alínea d) do Anexo E do CIVA. 17. Assim sendo, deve entender-se que não existe, sobre estes resíduos, qualquer constrangimento legal à sua comercialização. O que significa que o respetivo transporte deve, em decorrência, ficar sujeito ao cumprimento das obrigações declarativas, impostas pelo RBC [vide art.º 1.º, bem como a alínea a) do n.º 1, e a alínea a) do n.º 2 do art.º 2.º, e, finalmente, o n.º 1 do art.º 6.º, todos do RBC]. 18. Realce-se que o transporte destes resíduos fica abrangido pelo RBC, quer se faça a partir dos distribuidores para os Pontos de Recolha, quer das instalações, destas últimas entidades, para os Recicladores/Valorizadores. 19. Por seu turno, e de acordo com a alínea d) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, resulta que deve entender-se, por remetente, a pessoa singular ou coletiva, ou entidade fiscalmente equiparada, que colocou os bens em circulação à disposição do transportador, para efetivação do respetivo transporte, ou operações de carga, bem como o transportador, quando os bens em circulação lhe pertençam. 20. Entendendo-se por destinatário, a pessoa singular ou coletiva, ou entidade fiscalmente equiparável, a quem os bens em circulação são postos à disposição [vide alínea g) do n.º 1 do art.º 2.º do RBC).

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21. Assim, e tendo em consideração que as alíneas a) e b), do n.º 2 do artigo 4.º do RBC claramente prescrevem que, todo e qualquer documento de transporte, deve conter a identificação do remetente e do destinatário, importa concluir que.

i. No documento de transporte, associado ao transporte dos resíduos, das

instalações dos distribuidores, para os Pontos de Recolha, deve ser indicado, como remetente, o próprio distribuidor, e como destinatário o Ponto de Recolha;

ii. No documento de transporte, associado ao transporte dos resíduos, dos Pontos de

Recolha, para os Valorizadores/Recicladores, deve ser indicado, como remetente, o próprio Ponto de Recolha, e como destinatário, os Valorizadores/Recicladores.

22. Realce-se que a identificação, destas entidades, deve processar-se por intermédio de menção expressa à respetiva denominação social/firma, tal como consta para efeitos do cadastro de contribuintes, da Autoridade Tributaria e Aduaneira (AT). 23. Por outro lado, e de acordo com o consignado no n.º 1 do artigo 6.º do RBC, os documentos de transporte devem ser processados pelos detentores dos bens (i.e., os respetivos proprietários). Ou seja:

i. No que se refere ao transporte dos bens, das instalações do distribuidor para os

Pontos de Recolha, e dado que a transmissão destes resíduos apenas ocorre no momento em que chegam ao respetivo destino, deve entender-se que incumbe aos distribuidores (na qualidade de proprietários destes bens, no momento em que se inicia o respetivo transporte), a obrigação de emissão do documento de transporte. Isto, independentemente de serem os próprios distribuidores a realizar o transporte, ou de o mesmo se efetuar por transportadores, ou por veículos detidos pelos próprios Pontos de Recolha;

ii. No que se refere ao transporte dos bens, dos Pontos de Recolha para os

Valorizadores/Recicladores, e constatando-se que os Pontos de Recolha limitam-se a armazenar resíduos, cuja propriedade pertence à Requerente, o respetivo documento de transporte deve ser, portanto, emitido por esta última entidade. Devendo, a Requerente, cumprir, igualmente, com a obrigação declarativa, de comunicação, à AT, dos elementos/dados constantes do documento de transporte, nos termos e para efeitos do n.º 5 do artigo 5.º do RBC. Exceto se: (i) a Requerente tiver tido, no período de tributação anterior, um volume de

negócios inferior ou igual a € 100.000 (vide n.º 10 do art.º 5.º do RBC); ou (ii) nos casos em que o documento de transporte consista numa fatura, e esta

tinha sido emitida pelos sistemas informáticos, previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 5.º do RBC (vide n.º 11 do art.º 5.º do RBC).

24. No que concerne à questão de se saber o peso que deve constar do documento de transporte, conexo com a operação de transporte dos resíduos supra mencionados, das instalações dos distribuidores para os Pontos de Recolha, na eventualidade de tais bens apenas serem pesados no local de chegada, cumpre, apenas, mencionar a obrigação legal, prevista, de forma expressa, na alínea d) do n.º 2 do artigo 4.º do RBC, nos termos da qual todo e qualquer documento de transporte deve conter, obrigatoriamente: (i) a designação comercial dos bens; e (ii) a indicação das respetivas quantidades.

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25. Finalmente, e quanto às possíveis consequências legais, relativas a eventuais diferenças de pesagem, que se verifiquem em virtude da utilização de diferentes básculas, no local de início de transporte (i.e., Pontos de Recolha), e no local de chegada dos bens (i.e., Valorizadores/Recicladores), bem como à ausência de pesagem, no momento em que se inicia o transporte dos pneus, quando estes saem dos distribuidores, com destino aos Pontos de Recolha, e na eventualidade de ocorrência de alguma ação de inspeção, por parte das entidades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, deverá atender-se ao consignado no n.º 2 do artigo 14.º do RBC, onde se estipula que: "as omissões ou inexatidões praticadas nos documentos de transporte (...) farão incorrer os infratores nas penalidades referidas no artigo 117.º do Regime Geral das Infrações Tributárias". (Informação vinculativa, Proc. 5755, sancionada por despacho de 20/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

12 - Produtos biológicos que vão ser objeto de exames de diagnóstico, de monitorização terapêutica e/ou de prevenção no domínio da patologia humana - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, relativamente: (i) ao transporte de produtos biológicos, que serão objeto de exames de diagnóstico, de

monitorização terapêutica e/ou de prevenção no domínio da patologia humana; bem como

(ii) ao transporte das geleiras, em que tais produtos biológicos são

colocados/acondicionados. II - Análise 1. Os laboratórios de anatomia patológica e patologia clínica são considerados, nos termos da alínea d) do n.º 4 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 279/2009, de 6 de outubro, como unidades privadas de serviços de saúde. 2. Este tipo de entidades ainda não foi objeto de regulamentação, no âmbito do novo regime jurídico de licenciamento, definido pelo Decreto-Lei n.º 279/2009, de 6 de outubro, mantendo-se, para o efeito, o regime anterior, consubstanciado no Decreto-Lei n.º 217/99, de 15 de junho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 534/99, de 11 de dezembro, e republicado pelo Decreto-Lei n.º 111/2004, de 12 de maio. 3. Sendo que, de acordo com o artigo 31.º deste mesmo diploma legal, resulta que: (i) o acondicionamento e o transporte dos produtos biológicos, para laboratórios, devem

ser efetuados em condições de termoestabilização adequadas, de acordo com as regras estabelecidas no manual de boas práticas;

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(ii) o transporte dos produtos biológicos das unidades de colheita deve ser efetuado por

pessoal e meios próprios dos laboratórios, sendo vedada a utilização de transportes públicos; e

(iii) os produtos destinados a exames anatomopatológicos devem ser transportados em

meios de fixação apropriados e devidamente acondicionados em recipientes destinados para o efeito.

4. Por sua vez, e em concomitância com o Manual de Boas Práticas Laboratoriais (MBPL), aprovado pelo Despacho n.º 8835/2001, do Gabinete da Ministra, do Ministério da Saúde, datado de 27 de abril (vide o ponto 6 do Capítulo II deste despacho ministerial), resulta que: (i) a eliminação de resíduos deverá ser conforme à legislação em vigor; deve ser

conduzida por forma a não pôr em risco a saúde do pessoal do laboratório ou do pessoal encarregue da sua recolha; e não deve ser fonte de poluição do ambiente;

(ii) de acordo com a legislação em vigor, a responsabilidade da gestão de resíduos

perigosos é atribuída ao seu produtor; (iii) no entanto, esta responsabilidade poderá ser transferida para uma entidade

devidamente autorizada para o efeito, mediante a celebração de um contrato de prestação de serviços.

5. Concluímos, assim, que os resíduos, a transportar pela Requerente, destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação, a que se refere o Anexo I do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro). 6. Até porque se tratam de resíduos perigosos, atendendo-se à definição conceitual deste tipo de resíduos, prevista na alínea ll) do artigo 3.º do referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e aos pontos H5, H6 e H9, do Anexo III a este diploma legal (vide, igualmente, o Ponto 18 01 da Lista Europeia de Resíduos, constante da Portaria n.º 209/2004, de 3 de março, que resulta da Decisão n.o 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio). 7. Existindo, portanto, um constrangimento legal que impede que estes resíduos possam ser objeto de quaisquer transações comerciais. 8. Face ao exposto, importa, consequentemente, atender à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. A qual prescreve que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado ("CIVA"). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 9. Pelo que, constatando-se, como dissemos, que o transporte de resíduos, i.e., produtos biológicos, do produtor inicial, pela Requerente, para serem objeto de análise

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laboratorial, se reporta a bens não transacionáveis, importa, em decorrência, concluir pela sua não sujeição ao RBC, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º deste mesmo regime legal, conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA. 10. Finalmente, e no que concerne as geleiras que servem para acondicionar o material biológico, aquando do respetivo transporte, as mesmas beneficiam da não aplicabilidade do RBC, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º, deste mesmo regime legal. Desde que, naturalmente, se comprove tratarem-se de bens do ativo imobilizado da empresa (ora denominado ativo fixo tangível, na definição providenciada pelo Sistema de Normalização Contabilística, constante do parágrafo 6, da Norma Contabilística e de Relato Financeiro 7, homologada pelo Aviso n.º 15655/2009, por Despacho n.º 588/2009/MEF do Senhor Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, de 14 de agosto de 2009, em substituição do Senhor Ministro de Estado e das Finanças). III - Conclusão 11. O transporte de produtos biológicos, encontra-se excluído da aplicabilidade do RBC, em virtude destes bens não serem passíveis de transmissão, nos termos do preceituado na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA. 12. O RBC também não é aplicável ao transporte de geleiras utilizadas para acondicionar aquele material biológico, desde que, estas, façam parte do ativo fixo tangível da Requerente (vide alínea c) do n.º 1 do art.º 3.º daquele regime legal). (Informação vinculativa, Proc. 5375, sancionada por despacho de 20/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

13 - Resíduos (transporte de subprodutos de origem animal para as instalações das entidades gestoras de resíduos, bem como de bens descriminados no Anexo E ao CIVA - pilhas, resíduos e equipamentos elétricos e eletrónicos) - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária ("LGT"), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se providenciar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação ("RBC"), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, relativamente ao transporte dos seguintes bens: - Bens para os quais existe obrigação legal de encaminhamento para tratamento, tal

como definido pela alínea oo) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho);

- Bens em circulação, para os quais existe obrigação legal de encaminhamento para

estabelecimentos autorizados, em conformidade com o Regulamento (CE) n.o 1069/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro;

- Bens em circulação, referentes a resíduos recolhidos em estabelecimentos comerciais,

do setor de distribuição, previstos na Lista Europeia de Resíduos - "LER" (vide Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio, e Portaria n.º 209/2004, de 3 de

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março), os quais, nos termos do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, devem ser entregues a operadores licenciados, que executem as operações de recolha e tratamento, ou entidades licenciadas, responsáveis por sistemas de gestão de fluxos específicos de resíduos;

- Bens em circulação, que respeitem a subprodutos de origem animal (previstos na

categoria 3 do Regulamento (CE) n.º 1069/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro de 2009), recolhidos nos estabelecimentos comerciais, mencionados no ponto precedente.

II - Enquadramento fáctico-jurídico Confinando-nos à matéria supra exposta, e em termos necessariamente abrangentes / generalistas (já que a Requerente não procedeu a uma concretização/descrição pormenorizada do tipo de bens a transportar), cumpre informar o seguinte: 1. A Requerente é uma associação representativa das empresas de distribuição, sendo, os respetivos associados, produtores iniciais de resíduos [na aceção dada pela alínea z) do art.º 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro]. 2. Estes resíduos consistem em:

(i) subprodutos de origem animal, não especificados; e (ii) pilhas, e resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (igualmente não

especificados).

3. Tendo por base o regime legal aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos, constante do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, constatamos que incumbe, ao produtor inicial, a responsabilidade pela gestão de resíduos, suportando, para o efeito, os respetivos custos (vide n.º 1 do art.º 5.º deste mesmo regime legal). 4. Por seu turno, devem considerar-se, como resíduos, todos os bens elencados na denominada Lista Europeia de Resíduos - "LER" (vide Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio, e Portaria n.º 209/2004, de 3 de março). 5. Entendendo-se, doutra índole, por gestão de resíduos, todas as operações referentes à recolha, transporte, valorização e eliminação de resíduos [vide alínea p) do art.º 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro). 6. Concluímos, assim, que os resíduos, a transportar pela Requerente, estando previstos na Lista Europeia de Resíduos (vide, entre outros, Capitulo 02 01, e Capítulo 16 06), destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação ou valorização, a que se referem, respetivamente, os Anexos I e II do supra referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. 7. O mesmo, aliás, resulta da análise dos art.ºs. 10.º, e 14.º do Regulamento (CE), n.º 1069/2009, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, de 2009, onde se consagra, expressamente, e por referência aos subprodutos de origem animal (Categoria

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3), como seja o caso de "carcaças e partes de animais abatidos (...) próprias para consumo humano de acordo com a legislação comunitária, mas que, por motivos comerciais, não se destinem ao consumo humano", e/ou "carcaças ou corpos e partes de animais rejeitadas como impróprias para consumo humano em conformidade com a legislação comunitária, mas que não revelem quaisquer sinais de doença transmissível a seres humanos ou animais", que, estes, devem ser, obrigatoriamente, objeto de operações de gestão de resíduos. De entre as quais cumpre realçar:

a. Eliminação, como resíduos por incineração, com ou sem processamento prévio; b. Recuperação ou eliminação, por coincineração, com ou sem processamento

prévio; c. Eliminação num aterro autorizado, após processamento; d. Compostação ou transformação em biogás; e. Utilização como combustível, com ou sem processamento prévio.

8. Na prática, tratam-se, portanto, no que se refere a estes subprodutos de origem animal, de operações de gestão de resíduos, passíveis, como se referiu, de subsunção nos Anexos I e II do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. 9. Assim sendo, e nestes casos específicos, em que os bens sejam submetidos a um destes processos de gestão de resíduos, haverá que ponderar se existe, ou não, um constrangimento legal, que impede que estes resíduos possam ser livremente transacionáveis. 10. Sendo relevante atender-se à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. A qual prescreve que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado ("CIVA"). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 11. Assim, e constatando-se que o transporte de resíduos, das instalações da Requerente (i.e., produtor inicial), para a entidade gestora de resíduos, se reporta a bens não transacionáveis (já que os mesmos só podem ter, como destino, um dos procedimentos/operações de eliminação/valorização previstos nos Anexos I ou II do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro), isso significaria, à partida, que, o mesmo, não estaria abrangido pelo RBC. 12. Não obstante, há determinadas situações, em que este constrangimento legal, à transmissibilidade dos bens, não se verifica. Falamos de exceções que se fundam nos pressupostos jurídico-normativos, constantes do artigo 61.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, nos termos do qual se consagra um princípio de liberdade de comércio de resíduos. Princípio, esse, de índole generalista, mas que, em termos práticos, deve ser tolhido/cerceado, quando, das normas destinadas a assegurar a proteção do ambiente e da saúde pública, se extraia a sua inoperacionalidade estatutiva.

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13. Resulta, assim, deste princípio geral, a possibilidade, efetiva, de livre comercialização de alguns tipos de resíduos. Importando, destes, destacar:

i. Resíduos que possam ser submetidos a uma operação de valorização, das previstas

no Anexo II ao Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e após a concretização/efetivação dessa mesma operação (ou seja, numa fase "pós-valorização");

ii. Bens constantes do Anexo E do CIVA; e iii. Resíduos que, não constando do Anexo E do CIVA, sejam objeto de transmissão

(numa fase "pré-valorização"), com pagamento de contrapartidas financeiras ao produtor inicial.

14. Na realidade, nestes casos, constata-se não existir, efetivamente, qualquer impedimento legal à livre comercialização dos resíduos. 15. O que significa que, sendo, tais bens, objeto de uma eventual transmissão, o transporte que se faça, dos mesmos, tenha de ficar, necessariamente, sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 16. Por sua vez, e no que concerne ao transporte de pilhas, há a constatar que estes resíduos fazem parte do elenco de resíduos constante do Anexo E do CIVA. 17. Pelo que, não se verificando qualquer constrangimento legal à sua comercialização, deve, o respetivo transporte, ficar, igualmente, sujeito ao cumprimento de todas as obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 18. Não obstante, cumpre realçar que estes resíduos podem, eventualmente, ser considerados como resíduos sólidos urbanos, no sentido de beneficiarem da exclusão do âmbito de aplicação do RBC, previsto na alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º, deste mesmo regime legal. Mas, para que tal aconteça, terão de se mostrar preenchidos os pressupostos normativos constantes da alínea mm) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. Ou seja, terá de se tratar de um "resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja semelhante ao resíduo proveniente de habitações" (algo que se desconhece, face à insuficiência de elementos disponibilizados pela Requerente). 19. Finalmente, e não cedendo, em tudo quanto queda supra exposto, importa realçar que o cumprimento das obrigações declarativas, previstas no RBC, incumbe, nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do RBC, ao proprietário dos bens. Sendo, portanto, necessário determinar-se, neste caso, em concreto, e antes que se inicie o transporte dos resíduos, quem é, nesse momento, o respetivo proprietário (i.e., associados da Requerente, na qualidade de produtores iniciais dos resíduos, ou a entidade gestora de resíduos, para os quais os resíduos ser irão transferir), de molde a determinar-se o sujeito passivo que deve proceder:

(i) à emissão do documento de transporte, e

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(ii) à comunicação, à Autoridade Tributária e Aduaneira ("AT"), dos respetivos dados/elementos [nos termos e para efeitos da alínea b) do n.º 1 do art.º 2.º, do n.º 5 do art.º 5.º, e do n.º 1 do art.º 6.º, todos do RBC].

III - Conclusão 20. Se os bens, a transportar, das instalações da Requerente, para as instalações das entidades gestoras de resíduos, forem subprodutos de origem animal, fica, à partida, o transporte dos mesmos, excluído de sujeição/aplicabilidade do RBC. Isto, desde que estes resíduos se destinem a uma operação de gestão de resíduos, das constantes do Anexo I ou II do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e contanto que não sejam pagas quaisquer contrapartidas, de índole monetário, ao produtor inicial. Visto que, só nesse caso, se pode considerar que estamos perante bens, não suscetíveis de beneficiar do princípio geral de liberdade de comércio, de resíduos, constante do artigo 61.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (i.e., bens não transacionáveis, na aceção do n.º 1 do art.º 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do art.º 2.º do RBC). 21. Contudo, se os bens, em causa, corresponderem a algum ou alguns dos descriminados no Anexo E ao CIVA (como é o caso das pilhas, e dos resíduos e equipamentos elétricos e eletrónicos), então, já se deve considerar que, os mesmos, são passíveis de serem livremente transacionados (nos termos, e de acordo com a definição de transmissão, constante do n.º 1 do art.º 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do art.º 2.º do RBC), beneficiando, portanto, do princípio, de âmbito geral, de livre comercialização de resíduos, constante do artigo 61.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. Devendo, em consequência, o transporte deste tipo de resíduos, ficar sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 22. Sendo que, no caso do transporte das pilhas, pode, este, eventualmente, beneficiar da exclusão do âmbito de aplicação do RBC, constante da alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º, deste mesmo regime legal. Mas, para que tal aconteça, terão de se mostrar preenchidos os pressupostos normativos constantes da alínea mm) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (algo que se desconhece, face à insuficiência de elementos disponibilizados pela Requerente). 23. Não obstante, importa realçar que o cumprimento das obrigações declarativas, previstas no RBC, incumbe, nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do RBC, ao proprietário dos bens. Sendo, portanto, necessário determinar-se, neste caso, em concreto, e antes que se inicie o transporte dos resíduos, quem é, nesse momento, o respetivo proprietário (i.e., associados da Requerente, na qualidade de produtores iniciais dos resíduos, ou a entidade gestora de resíduos, para os quais os resíduos ser irão transferir), de molde a determinar-se a entidade que deve: (i) proceder à emissão do documento de transporte, e (ii) à comunicação, à AT, dos respetivos dados/elementos (nos termos e para efeitos da

alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º, do n.º 5 do artigo 5.º, e do n.º 1 do artigo 6.º, todos do RBC).

(Informação vinculativa, Proc. 5641, sancionada por despacho de 22/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

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14 - Resíduos de construção civil (entulho pré-valorizado) - artigo 1.º

Uma empresa, cuja atividade é a "construção de obras de engenharia civil", transporta, num veículo seu, resíduos de construção civil para a empresa "Y" que vai proceder ao tratamento desses resíduos cobrando o serviço pelo respetivo tratamento. A empresa emite a guia de transporte com os m3 do "entulho". Essa guia de transporte tem que ser comunicada à AT antes ser iniciado o transporte? Como consta da alínea b) da conclusão da Informação Vinculativa resultante do Despacho de 2013-07-22, exarado no Processo n.º 5232, os resíduos em causa (pelo menos na fase "pré-valorização"), não são suscetíveis de serem transacionados, já que os mesmos apenas podem ter como destino uma operação de valorização/eliminação, pelo que, em virtude de se tratar de bens não transacionáveis, o transporte dos mesmos fica excluído de sujeição/aplicabilidade ao Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. No entanto, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência ou destino, prova esta que pode ser feita mediante apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.ºs 3 e 4.º do RBC). Caso o sujeito passivo proceda à venda dos resíduos, antes ou depois de os mesmos serem tratados/valorizados, o transporte dos mesmos para o respetivo adquirente, no âmbito de uma operação económica que implique a respetiva transferência de propriedade, deve ficar submetido às obrigações, de índole declarativo, previstas no RBC, com inclusão da obrigação de comunicação, constante do n.º 5 do artigo 5.º deste mesmo regime legal.

15 - Resíduos gerados por uma clínica dentária (agulhas e compressas) - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se providenciar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, no que concerne ao transporte de resíduos gerados por uma clínica dentária, i.e., agulhas e compressas. II - Análise 1. O Despacho n.º 242/96, datado de 13 de agosto de 1996, do Ministério da Saúde, procedeu a uma classificação, por grupos, dos denominados "resíduos hospitalares", i.e., resíduos provenientes da prestação de cuidados de saúde a seres humanos, incluindo as atividades médicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e investigação.

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2. Tendo por base os resíduos indicados pela Requerente, i.e., agulhas, compressas, e reportando-nos aos pontos 2.1. e ss. do supra mencionado Despacho 242/96, de 13 de agosto, do Ministério da Saúde, constatamos que, os mesmos, são subsumíveis nos denominados Grupo III (Resíduos hospitalares de risco biológico), e Grupo IV (Resíduos hospitalares específicos). A saber: a) Grupo III - Resíduos hospitalares de risco biológico, i.e., aqueles que se encontram

contaminados, ou suspeitos de contaminação, e que devem ser sujeitos a incineração, ou outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano. Insere-se neste grupo: (i) todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infeciosos ou suspeitos, de unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de patologia clínica e de laboratórios de investigação (com exceção dos do Grupo IV); (ii) todo o material utilizado em diálise; (iii) peças anatómicas não identificáveis; (iv) resíduos que resultam da administração de sangue e derivados; (v) sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos (com exceção dos do Grupo IV); (vi) sacos coletores de fluidos orgânicos e respetivos sistemas; (vii) material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas contaminados ou com vestígios de sangue; (viii) material de proteção individual utilizado em cuidados de saúde e serviços de apoio geral, em que haja contacto com produtos contaminados: luvas, máscaras, aventais e/ou outros. Realce-se que, de acordo com o ponto 2 do supra referido despacho ministerial, estes resíduos devem ser considerados como perigosos.

b) Grupo IV - Resíduos hospitalares específicos, i.e., de incineração obrigatória. Incluem-se neste grupo: (i) peças anatómicas identificáveis, fetos e placentas; (ii) cadáveres de animais de experiência laboratorial; (iii) materiais cortantes e perfurantes: agulhas, cateteres, e todo o material invasivo; (iv) produtos químicos e fármacos rejeitados, quando não sujeitos a legislação especifica; (v) citostáticos e todo o material utilizado na sua manipulação e administração. Sublinhe-se que, de acordo com o ponto 2 do supra referido despacho ministerial, estes resíduos devem ser considerados como perigosos.

5. Antes de nos pronunciarmos, em concreto, sobre o enquadramento jurídico-tributário a providenciar, por referência a cada uma destas tipologias de resíduos, importa, antes de mais, referir que, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 5. Assim sendo, deve-se considerar como excluído do âmbito de aplicação do RBC, o transporte de resíduos hospitalares, que, por imposição legal, sejam, exclusivamente, destinados a operações de valorização/incineração/depósito em aterros. 6. Assim, e consubstanciando-nos no que queda supra exposto, temos que:

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 1.º

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a) O transporte dos resíduos referidos no Grupo III do Despacho 242/96, datado de 13 de agosto de 1996, encontra-se excluído da aplicabilidade do RBC, já que este tipo de bens, destinando-se, em exclusivo, a incineração/pré-tratamento, não é suscetível de transmissão, na aceção providenciada pelo n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC.

b) No que concerne aos resíduos do Grupo IV, afigura-se que os mesmos não são,

igualmente, suscetíveis de serem subsumíveis no conceito de bens transmissíveis, providenciado pelo n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. Visto que se destinam a ser, obrigatoriamente, destruídos/incinerados. Assim sendo, o respetivo transporte não deve, igualmente, ficar sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC.

7. Confirma-se, assim, não existir, no que concerne ao transporte dos resíduos supra identificados, i.e., agulhas e compressas, a obrigatoriedade de o mesmo se conformar com as obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 8. Algo que vai, aliás, de encontro com o conteúdo normativo do artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.o 73/2011, de 17 de junho), bem como com a Portaria n.º 335/97, de 16 de maio, que estatui a obrigatoriedade de o transporte dos resíduos perigosos, i.e., resíduos elencados no Grupo III e IV do referido despacho ministerial, se fazer obrigatoriamente acompanhar da denominada guia de acompanhamento de resíduos ("GAR"). Ou seja, o fundamento que subjaz à não sujeição ao RBC, no que se refere os resíduos considerados perigosos, é o facto de os mesmos possuírem, já, um procedimento legal, assente na emissão de um documento específico de transporte, sem o qual os bens não podem circular. Mostrando-se, portanto, incipiente pretender-se sujeitar, o transporte deste tipo de bens, à emissão de outro tipo de documentos, i.e., documentos de transporte previstos no RBC, que legitimassem/titulassem a sua circulação. 9. Por último, realce-se que este entendimento já tinha sido sufragado em anteriores informações, prestadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira ("AT"), como seja o caso da Informação Vinculativa, referente ao Processo no 5110, emitida por despacho de 2013.07.22, do Subdiretor Geral do IVA, por delegação do Diretor Geral, e que se encontra disponível no Portal das Finanças, em www.portaldasfinancas.gov.pt. III - Conclusão 10. O transporte dos resíduos, i.e., agulhas/compressas, fica excluído do âmbito de aplicação do RBC, em virtude de, os mesmos, não se conformarem com o conceito de bens transmissíveis, previsto no n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. (Informação vinculativa, Proc. 5573, sancionada por despacho de 26/08/2013 do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

16 - Resíduos gerados por uma clínica veterinária (agulhas e compressas) - artigo 1.º I - Pedido

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 1.º

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A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária ("LGT"), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se providenciar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, no que concerne ao transporte de resíduos gerados por uma clínica veterinária, i.e., agulhas e compressas. II - Análise 1. O Despacho n.º 242/96, datado de 13 de agosto de 1996, do Ministério da Saúde, procedeu a uma classificação, por grupos, dos denominados "resíduos hospitalares", i.e., resíduos provenientes da prestação de cuidados de saúde a seres humanos, incluindo as atividades médicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e investigação. 2. Foi entendimento da Direção-Geral da Saúde que este mesmo diploma legal se aplica, com as devidas adaptações, às unidades de cuidados de saúde a animais, ou de investigação relacionada (vide Portaria n.º 178/97, de 11 de março). 3. Tendo por base os resíduos indicados pela Requerente, i.e., agulhas, compressas, e reportando-nos aos pontos 2.1. e ss. do supra mencionado Despacho 242/96, de 13 de agosto, do Ministério da Saúde, constatamos que, os mesmos, são subsumíveis nos denominados Grupo III (Resíduos hospitalares de risco biológico), e Grupo IV (Resíduos hospitalares específicos). A saber: a) Grupo III - Resíduos hospitalares de risco biológico, i.e., aqueles que se encontram

contaminados, ou suspeitos de contaminação, e que devem ser sujeitos a incineração, ou outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano. Insere-se neste grupo: (i) todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infeciosos ou suspeitos, de unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de patologia clínica e de laboratórios de investigação (com exceção dos do Grupo IV); (ii) todo o material utilizado em diálise; (iii) peças anatómicas não identificáveis; (iv) resíduos que resultam da administração de sangue e derivados; (v) sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos (com exceção dos do Grupo IV); (vi) sacos coletores de fluidos orgânicos e respetivos sistemas; (vii) material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas contaminados ou com vestígios de sangue; (viii) material de proteção individual utilizado em cuidados de saúde e serviços de apoio geral, em que haja contacto com produtos contaminados: luvas, máscaras, aventais e/ou outros. Realce-se que, de acordo com o ponto 2 do supra referido despacho ministerial, estes resíduos devem ser considerados como perigosos.

b) Grupo IV - Resíduos hospitalares específicos, i.e., de incineração obrigatória. Incluem-se neste grupo: (i) peças anatómicas identificáveis, fetos e placentas; (ii) cadáveres de animais de experiência laboratorial; (iii) materiais cortantes e perfurantes: agulhas, cateteres, e todo o material invasivo; (iv) produtos químicos e fármacos rejeitados, quando não sujeitos a legislação especifica; (v) citostáticos e

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 1.º

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todo o material utilizado na sua manipulação e administração. Sublinhe-se que, de acordo com o ponto 2 do supra referido despacho ministerial, estes resíduos devem ser considerados como perigosos.

4. Antes de nos pronunciarmos, em concreto, sobre o enquadramento jurídico-tributário a providenciar, por referência a cada uma destas tipologias de resíduos, importa, antes de mais, referir que, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 5. Assim sendo, deve-se considerar como excluído do âmbito de aplicação do RBC, o transporte de resíduos hospitalares e/ou gerados por clínicas veterinárias, que, por imposição legal, sejam, exclusivamente, destinados a operações de incineração/depósito em aterros. 6. Assim, e consubstanciando-nos no que queda supra exposto, temos que: a) O transporte dos resíduos referidos no Grupo III do Despacho 242/96, datado de 13 de

agosto de 1996, encontra-se excluído da aplicabilidade do RBC, já que este tipo de bens, destinando-se, em exclusivo, a incineração/pré-tratamento, não é suscetível de transmissão, na aceção providenciada pelo n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC.

b) No que concerne aos resíduos do Grupo IV, afigura-se que os mesmos não são,

igualmente, suscetíveis de serem subsumíveis no conceito de bens transmissíveis, providenciado pelo n.º 1 do art. 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. Visto que se destinam a ser, obrigatoriamente, destruídos/incinerados. Assim sendo, o respetivo transporte não deve, igualmente, ficar sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC.

7. Confirma-se, assim, não existir, no que concerne ao transporte dos resíduos supra identificados, i.e., agulhas e compressas, que sejam gerados por uma clínica veterinária, a obrigatoriedade de o mesmo se conformar com as obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 8. Algo que vai, aliás, de encontro com o conteúdo normativo do artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho), bem como com a Portaria n.º 335/97, de 16 de maio, que estatui a obrigatoriedade de o transporte dos resíduos perigosos, i.e., resíduos elencados no Grupo III e IV do referido despacho ministerial, se fazer obrigatoriamente acompanhar da denominada guia de acompanhamento de resíduos (GAR). Ou seja, o fundamento que subjaz à não sujeição ao RBC, no que se refere os resíduos considerados perigosos, é o facto de os mesmos possuírem, já, um procedimento legal, assente na emissão de um documento específico de transporte, sem o qual os bens não podem circular.

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Mostrando-se, portanto, incipiente pretender-se sujeitar, o transporte deste tipo de bens, à emissão de outro tipo de documentos, i.e., documentos de transporte previstos no RBC, que legitimassem/titulassem a sua circulação. 9. Por último, realce-se que este entendimento já tinha sido sufragado em anteriores informações, prestadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), como seja o caso da Informação Vinculativa, referente ao Processo no 5110, emitida por despacho de 2013.07.22, do Subdiretor-Geral do IVA, por delegação do Diretor Geral, e que se encontra disponível no Portal das Finanças, em www.portaldasfinancas.gov.pt. III - Conclusão 10. O transporte dos resíduos, i.e., agulhas/compressas, que tenham sido gerados por uma clínica veterinária, fica excluído do âmbito de aplicação do RBC, em virtude de, os mesmos, não se conformarem com o conceito de bens transmissíveis, previsto no n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. (Informação vinculativa, Proc. 5576, sancionada por despacho de 26/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

17 - Resíduos de laboratórios clínicos (seringas, pensos e algodão utilizados para tirar o sangue aos utentes) - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, relativamente aos seguintes factos: 1. A Requerente representa um conjunto de laboratórios clínicos. 2. Na prossecução da respetiva atividade, os laboratórios clínicos, efetuam as colheitas de amostras, i.e., produtos biológicos, que serão objeto de exames de diagnóstico, de monitorização terapêutica e/ou de prevenção no domínio da patologia humana. 3. As amostras são recolhidas em diversos pontos de recolha: consultórios médicos, postos de laboratórios, centros de saúde, institutos de saúde, e hospitais. 4. Para o efeito, os laboratórios transportam de um laboratório/armazém central, para cada posto de recolha, materiais consumíveis, tais como tubos, seringas, álcool, algodão, vasilhames de recolha de urina, e outros líquidos. 5. Parte destes materiais são consumidos na colheita das amostras, junto dos utentes, e transformam-se em resíduos (ex: seringas, pensos e algodão utilizados para tirar o sangue aos utentes). 6. Outra parte passa a conter as amostras biológicas dos utentes (ex: tubo contendo sangue dos utentes para medir níveis de hemoglobina).

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7. As amostras são depois transportadas para o laboratório central, para a realização de testes e análises clínicas. 8. Os materiais transportados (quer o material de recolha, quer as amostras) não são, em nenhum momento, objeto de venda ou transmissão por parte dos laboratórios. 9. Pretende, a Requerente, determinar se o transporte destes resíduos se encontra, ou não, sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. II - Análise 10. Os laboratórios de anatomia patológica e patologia clínica são considerados, nos termos da alínea d) do n.º 4 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 279/2009, de 6 de outubro, como unidades privadas de serviços de saúde. 11. Este tipo de entidades ainda não foi objeto de regulamentação, no âmbito do novo regime jurídico de licenciamento, definido pelo Decreto-Lei n.º 279/09, de 6 de outubro, mantendo-se, para o efeito, o regime anterior, consubstanciado no Decreto-Lei n.º 217/99, de 15 de junho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 534/99, de 11 de dezembro, e republicado pelo Decreto-Lei n.º 111/2004, de 12 de maio. 12. De acordo com o artigo 31.º deste último diploma legal, resulta, no que refere, estritamente, aos produtos biológicos (sangue, urina, etc.), que: a) O acondicionamento e o transporte dos produtos biológicos, para laboratórios, devem

ser efetuados em condições de termoestabilização adequadas, de acordo com as regras estabelecidas no manual de boas práticas;

b) O transporte dos produtos biológicos das unidades de colheita deve ser efetuado por

pessoal e meios próprios dos laboratórios, sendo vedada a utilização de transportes públicos; e

c) Os produtos destinados a exames anatomopatológicos devem ser transportados em

meios de fixação apropriados e devidamente acondicionados em recipientes destinados para o efeito.

13. Por sua vez, e em concomitância com o Manual de Boas Práticas Laboratoriais (MBPL), aprovado pelo Despacho n.º 8835/2001, do Gabinete da Ministra, do Ministério da Saúde, datado de 27 de abril (vide o ponto 6 do Capítulo II deste despacho ministerial), resulta que: (i) a eliminação de resíduos deverá ser conforme à legislação em vigor; deve ser

conduzida por forma a não pôr em risco a saúde do pessoal do laboratório ou do pessoal encarregue da sua recolha; e não deve ser fonte de poluição do ambiente;

(ii) de acordo com a legislação em vigor, a responsabilidade da gestão de resíduos

perigosos é atribuída ao seu produtor;

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(iii) no entanto, esta responsabilidade poderá ser transferida para uma entidade devidamente autorizada para o efeito, mediante a celebração de um contrato de prestação de serviços.

14. Concluímos, assim, que os resíduos, a transportar pela Requerente, destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação, a que se refere o Anexo I do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro). 15. Até porque se tratam de resíduos perigosos, atendendo-se à definição conceitual deste tipo de resíduos, prevista na alínea ll) do artigo 3.º do referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e aos pontos H5, H6 e H9, do Anexo III a este diploma legal (vide, igualmente, o Ponto 18 01 da Lista Europeia de Resíduos, constante da Portaria n.º 209/2004, de 3 de março, que resulta da Decisão n.o 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio). 16. A perigosidade deste tipo de resíduos, (no se refere a materiais como tubos, seringas, pensos, algodão, etc.) é, igualmente, confirmada pelo Despacho 242/96, do Ministério da Saúde, datado de 13 de agosto, que procede a uma classificação, por grupos, dos denominados "resíduos hospitalares", i.e., resíduos provenientes da prestação de cuidados de saúde a seres humanos, incluindo as atividades médicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e investigação. 17. Na realidade, este despacho ministerial, no respetivo ponto 2, prescreve que os resíduos dos Grupos III e IV devem ser considerados perigosos. Entendendo-se, como fazendo parte destes grupos, o seguinte tipo de resíduos: a) Grupo III - Resíduos hospitalares de risco biológico, i.e., aqueles que se encontram

contaminados, ou suspeitos de contaminação, e que devem ser sujeitos a incineração, ou outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano. Insere-se neste grupo: (i) todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infeciosos ou suspeitos, de unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de patologia clínica e de laboratórios de investigação (com exceção dos do Grupo IV); (ii) todo o material utilizado em diálise; (iii) sacos coletores de fluidos orgânicos e respetivos sistemas.

b) Grupo IV - Resíduos hospitalares específicos, i.e., de incineração obrigatória.

Incluem-se neste grupo: materiais cortantes e perfurantes (agulhas, cateteres, e todo o material invasivo). 18. Dado que os resíduos, a transportar têm, obrigatoriamente, e como se disse, de ficar sujeitos a um dos processos de revalorização/eliminação, constantes do Anexo I do Decreto-lei n.o 178/2006, de 5 de setembro, constata-se existir um constrangimento legal que impede que, os mesmos, possam ser objeto de quaisquer transações comerciais.

19. Face ao exposto, importa, consequentemente, atender à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. A qual prescreve que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado ("CIVA"). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à

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respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 20. Pelo que, constatando-se que o transporte de resíduos, no âmbito do exercício da atividade de análise laboratorial, se reporta a bens não transacionáveis, importa, em decorrência, concluir pela sua não sujeição ao RBC, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º deste mesmo regime legal, conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA. III - Conclusão 21. O transporte dos resíduos referidos pela Requerente, encontra-se excluído da aplicabilidade do RBC, em virtude destes bens não serem passíveis de transmissão, nos termos do preceituado na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, conjugado com o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA. (Informação vinculativa, Proc. 5417, sancionada por despacho de 21/08/2013 do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

18 - Resíduos líquidos ou sólidos de construção ou demolição, inertes perigosos, industriais, hospitalares e urbanos líquidos (documento de transporte) - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária ("LGT"), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação ("RBC"), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, e alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.o 198/2012, de 24 de agosto (e que veio a ser, já posteriormente, objeto de novas alterações, introduzidas pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 71/2013 de 30 de maio), sobre o seguinte conjunto de questões: "i) O RBC é apenas aplicável aos bens em circulação que são objeto de operações

sujeitas a IVA? ii) Os bens em circulação que necessitem de qualquer operação de valorização, tal como

definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, artigo 3.º, alínea qq), antes de terem valor de mercado, necessitam de documentos de transporte?

iii) O RBC é aplicável aos resíduos líquidos ou sólidos de construção ou demolição,

inertes perigosos, industriais, hospitalares e urbanos líquidos? iv) Caso se entenda que o RBC é aplicável ao transporte deste tipo de resíduos, fica, o

mesmo, sujeito à obrigação declarativa, constante do n.º 5 do artigo 5.º do RBC?" II - Análise 1. Tendo por base o regime legal aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos urbanos, constante do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 1.º

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19 de novembro), constatamos que incumbe, ao produtor inicial, a responsabilidade pela gestão de resíduos, tendo, este, igualmente, de suportar os respetivos custos (vide n.º 1 do artigo 5.º deste mesmo regime legal). 2. Por seu turno, entende-se por resíduos todos os bens elencados na denominada Lista Europeia de Resíduos (vide Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio, e Portaria n.º 209/2004, de 3 de março). 3. Entendendo-se, doutra índole, por gestão de resíduos, todas as operações referentes à recolha, transporte, valorização e eliminação de resíduos [vide alínea p) do art.º 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro]. 4. Concluímos, assim, que os resíduos, a transportar pela Requerente, estando previstos na Lista Europeia de Resíduos, destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação ou valorização, a que se referem, respetivamente, os Anexos I e II do supra referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. 5. Existindo, portanto, um constrangimento legal que impede que estes resíduos possam ser objeto de quaisquer transações comerciais. 6. Face ao exposto, importa, consequentemente, atender à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. A qual prescreve que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado ("CIVA"). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 7. Pelo que, constatando-se, como dissemos, que o transporte de resíduos, do produtor inicial, para a entidade gestora de resíduos, se reporta a bens não transacionáveis, visando-os submeter a um dos procedimentos de eliminação/valorização previstos nos Anexos I ou II do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, importa, em decorrência, concluir pela sua não sujeição ao RBC. Até porque não existe, neste caso, uma transferência de bens para outro ente jurídico. Limitando-se o produtor inicial a recorrer aos serviços de uma transportadora e de uma entidade gestora de resíduos, para o transporte e subsequente eliminação/valorização deste tipo especifico de bens. 8. Não obstante, no que se refere aos resíduos que possam ser submetidos a uma operação de valorização, das previstas no Anexo II ao Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e após a concretização/efetivação dessa mesma operação (ou seja, numa fase "pós-valorização"), constata-se que deixa de existir qualquer impedimento legal na sua comercialização. O que significa que, sendo tais resíduos objeto de uma eventual transação comercial, o transporte que se faça, para o respetivo adquirente, tem de ficar, necessariamente, sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. III - Conclusão 9. Consubstanciando-nos nos factos e fundamentos legais supra mencionados, e nas ilações que, dos mesmos, se extraem, e reportando-nos, em concreto, às questões suscitadas pela Requerente, temos que:

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a) O RBC é apenas aplicável aos bens em circulação que são objeto de operações sujeitas a IVA? De acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º e com a alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º, ambos do RBC, este regime legal apenas se aplica ao transporte de bens, passíveis de transmissão (i.e., sobre os quais não exista qualquer impedimento legal que impossibilite a sua transferência, por forma correspondente ao direito de propriedade), e que se encontrem fora dos respetivos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda a grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência, ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação, ou de simples transferência, efetuadas por sujeitos passivos de imposto, tal como referidos no artigo 2.º do CIVA.

b) Os bens em circulação que necessitem de qualquer operação de valorização, tal como definido no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, artigo 3.º, alínea qq), antes de terem valor de mercado, necessitam de documentos de transporte? Como quedou supra exposto, estes bens (pelo menos na fase "pré-valorização"), não são suscetíveis de serem transacionados. Já que os mesmos apenas podem ter como destino uma operação de valorização/eliminação, cujos custos têm, obrigatoriamente, de ser suportados pelo produtor inicial (vide n.º 1 do art.º 5.º do supra referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro). Assim sendo, e em virtude de se tratar de bens não transacionáveis, na aceção do n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, fica, o transporte dos mesmos, excluído de sujeição/aplicabilidade a este regime legal. Não obstante, importa salientar que a Requerente dedica-se, ainda, à venda de resíduos (algo que ocorre após os mesmos terem sido submetidos a uma das operações de valorização, constantes do Anexo II ao Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro). Neste caso, e constatando-se que, nesta fase "pós-valorização", deixa de existir qualquer constrangimento legal à venda destes bens, passam, os mesmos, a dever ser considerados como transacionáveis. O que significa que o transporte, dos mesmos, para o respetivo adquirente, no âmbito de uma operação económica que implique a respetiva transferência de propriedade, deve ficar submetido às obrigações, de índole declarativo, previstas no RBC (com inclusão da obrigação de comunicação, constante do n.º 5 do artigo 5.º deste mesmo regime legal).

c) O RBC é aplicável aos resíduos líquidos ou sólidos de construção ou demolição, inertes perigosos, industriais, hospitalares e urbanos líquidos? Qualquer um destes resíduos, cuja tipologia consta do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, são, como já referimos, insuscetíveis de serem transacionados. Visto que terão, necessariamente, de ser objeto de uma operação de valorização ou de eliminação. Assim sendo, e dada a resposta providenciada à questão anterior, resulta linear que não pode, o transporte dos mesmos, ficar sujeito às regras do RBC. Apenas numa

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fase "pós-valorização", e desde que tais bens sejam, de facto, objeto de transferência, por forma correspondente ao exercício de propriedade, para outro ente jurídico, é que o respetivo transporte, para o adquirente, terá de ficar sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. Caso se entenda que o RBC é aplicável ao transporte deste tipo de resíduos, fica, o mesmo, sujeito à obrigação declarativa, constante do n.º 5 do artigo 5.º do RBC? Como quedou supra exposto, apenas ficará sujeito à obrigação de comunicação, à Autoridade Tributária e Aduaneira ("AT"), de início do respetivo transporte, prevista no n.º 5 do artigo 5.º do RBC, os resíduos que, numa fase "pós-valorização", sejam objeto de transações comerciais. (Informação vinculativa, Proc n.º 5232, por despacho de 2013/07/22, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

19 - Resíduos para aterro final (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 1.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária ("LGT"), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da eventual aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, no que concerne os seguintes factos: i) Recolha e transporte de resíduos, realizados por um gestor autorizado, para destino final licenciado (como seja o caso de transporte de resíduos para aterro). Existindo, neste caso, um contrato de prestação de serviços, com uma entidade gestora de resíduos, que, no final de cada mês, emite uma fatura, para cobrança destas operações, nas quais se inclui o aluguer de equipamentos para acondicionamento de resíduos. II - Análise 1. Tendo por base o regime legal aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos, constante do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro), constatamos que incumbe, ao produtor inicial, a responsabilidade pela gestão de resíduos, tendo, este, igualmente, de suportar os respetivos custos (vide n.º 1 do art.º 5.º deste mesmo regime legal). 2. Por seu turno, entende-se por resíduos todos os bens elencados na denominada Lista Europeia de Resíduos (vide Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio, e Portaria n.º 209/2004, de 3 de março). 3. Entendendo-se, doutra índole, por gestão de resíduos, todas as operações referentes à recolha, transporte, valorização e eliminação de resíduos [vide alínea p) do art.º 3. do Decreto-Lei n.o 178/2006, de 5 de setembro].

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4. Concluímos, assim, que os resíduos, a transportar pela Requerente, estando previstos na Lista Europeia de Resíduos, destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação ou valorização, a que se referem, respetivamente, os Anexos I e II do supra referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. 5. Existindo, portanto, um constrangimento legal que impede que estes resíduos possam ser livremente transacionáveis. 6. Face ao exposto, importa, consequentemente, atender à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. A qual prescreve que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 7. Pelo que, constatando-se, como dissemos, que o transporte de resíduos, do produtor inicial, para a entidade gestora de resíduos, se reporta a bens não transacionáveis, já que os mesmos só podem ter, como destino, um dos procedimentos/operações de eliminação/valorização previstos nos Anexos I ou II do Decreto-Lei 178/2006, de 5 de setembro, importa, em decorrência, concluir pela sua não sujeição ao RBC. Até porque não existe, nestes casos, uma efetiva transferência de bens para outro ente jurídico. Limitando-se, o produtor inicial, a recorrer aos serviços de uma transportadora e de uma entidade gestora de resíduos, para o transporte e subsequente eliminação/valorização destes bens. 8. Não obstante, existem exceções a este enquadramento legal. Entre as quais se realçam:

i. Resíduos que possam ser submetidos a uma operação de valorização, das previstas no Anexo II ao Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e após a concretização/efetivação dessa mesma operação (ou seja, numa fase "pós-valorização");

ii. Bens constantes do Anexo E do CIVA.

9. Na realidade, nestes casos, constata-se não existir qualquer impedimento legal à livre comercialização destes resíduos. O que significa que, sendo, tais bens, objeto de uma eventual transmissão, o transporte que se faça, dos mesmos, para o adquirente, tenha de ficar, necessariamente, sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. III - Conclusão 10. Consubstanciando-nos nos factos e fundamentos legais supra mencionados, e nas ilações que, dos mesmos, se extraem, e reportando-nos, em concreto, às questões suscitadas pela Requerente, temos que: i) Recolha e transporte de resíduos, realizados por um gestor autorizado para destino final licenciado (como seja o caso de transporte de resíduos para aterro). Como quedou supra exposto, estes bens não são suscetíveis de serem livremente transacionados. Já que, os mesmos, têm, obrigatoriamente, como destino, uma operação de eliminação,

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cujos custos devem ser suportados pelo produtor inicial (vide n.º 1 do art.º 5.º do supra referido Decreto-Lei 178/2006, de 5 de setembro). Assim sendo, e em virtude de se tratar de bens não transacionáveis, na aceção do n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, fica, o transporte dos mesmos, excluído de sujeição/aplicabilidade a este regime legal. (da Informação vinculativa, Proc. 5411, sancionada por despacho de 22/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

20 - Sangue, urina e outras amostras recolhidas para análises clínicas laboratoriais - artigo 1.º Certo médico, que exerce medicina no trabalho, faz o transporte de colheita de sangue, urina e outras dos empregados das empresas que visita, para um laboratório de análises clínicas. Tais colheitas têm que ser acompanhadas por uma guia de transporte e comunicado os seus elementos à AT? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, "todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA, deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do referido diploma". E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, são definidos «Bens», como os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Assim, como as amostras de sangue, urina e outras, recolhidas para análise laboratorial não são suscetíveis de serem transmitidas (vendidas), o seu transporte não implica a emissão de documento de transporte. No entanto, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da circulação de tais bens, as entidades fiscalizadoras, podem exigir prova da sua proveniência e destino (cfr. n.º 3 do art.º 3.º do RBC). A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.º 4 do art.º 3.º do RBC). Tal documento deve ser assinado por um elemento responsável da empresa e, quando possível, ser emitido em papel timbrado da empresa e a assinatura autenticada com carimbo, caso exista.

21 - Sujeitos passivos do imposto sobre o valor acrescentado (quem deve ser considerado como tal) - artigo 1.º Sujeitos passivos do imposto são todas as pessoas singulares ou coletivas abrangidas pelo artigo 2.º do Código do IVA, quer se encontrem enquadradas no Regime Normal,

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quer no Regime Especial de Isenção ou no Regime Especial dos Pequenos Retalhistas, quer mesmo os que pratiquem exclusivamente operações isentas que não conferem direito a dedução, previstas no artigo 9.º do mesmo diploma. Por isso, todos eles, independentemente do regime em que se encontrem enquadrados, estão obrigados a cumprir as regras impostas pelo artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com a ressalva prevista no seu artigo 3.º.

22 - Território nacional (definição) - artigo 1.º Para efeitos das disposições relativas ao IVA, entende-se por «território nacional», o território português, tal como é definido pelo artigo 5.º da Constituição da República Portuguesa. [alínea a) do n.º 2 do artigo 1.º do Código do IVA] Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira. A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos. (cfr. n.ºs 1 e 2 do artigo 5.º da Constituição da República Portuguesa)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 2.º

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Artigo 2.º

Definições

1 - Para efeitos do disposto no presente diploma considera-se: a) «Bens» os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código

do Imposto sobre o Valor Acrescentado; b) «Documento de transporte» a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de

transporte ou documentos equivalentes; (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) c) «Valor normal» o preço de aquisição ou de custo devidamente comprovado pelo

sujeito passivo ou, na falta deste o valor normal determinado nos termos do n.º 4 do artigo 16.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado;

d) «Remetente» a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada que

coloca os bens em circulação à disposição do transportador para efetivação do respetivo transporte ou operações de carga, bem como o transportador quando os bens em circulação lhe pertençam; (redação dada pela Lei n.º 83-C/3013, de 31/12)

e) «Transportador» a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada

que, recebendo do remetente ou de anterior transportador os bens em circulação, realiza ou se propõe realizar o seu transporte até ao local de destino ou de transbordo ou, em caso de dúvida, a pessoa em nome de quem o veículo transportador se encontra registado, salvo se o mesmo for objeto de um contrato de locação financeira, considerando-se aqui o respetivo locatário;

f) «Transportador público regular coletivo» a pessoa singular ou coletiva ou entidade

fiscalmente equiparada que exerce a atividade de exploração de transportes coletivos e que se encontra obrigada ao cumprimento de horários e itinerários nas zonas geográficas que se lhes estão concessionadas;

g) «Destinatário ou adquirente» a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente

equiparada a quem os bens em circulação são postos à disposição; h) «Local de inicio de transporte ou de carga» o local onde o remetente tenha entregue

ou posto à disposição do transportador os bens em circulação, presumindo-se como tal o constante no documento de transporte, se outro não for indicado;

i) «Local de destino ou descarga» o local onde os bens em circulação forem entregues

ao destinatário, presumindo-se como tal o constante no documento de transporte, se outro não for indicado;

j) «Primeiro local de chegada» o local onde se verificar a primeira ruptura de carga.

2 - Para efeitos do disposto no presente diploma:

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a) Consideram-se «bens em circulação» todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado; (ver n.º 8 do art.º 6.º)

b) Consideram-se ainda 'bens em circulação' os bens encontrados em veículos nos atos

de descarga ou transbordo mesmo quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem a Lei n.º 27/2013, de 12 de abril, e o Decreto-Lei n.º 173/2012, de 2 de agosto. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Bens (conceito) - artigo 2.º, n.º 1, alínea a)

Segundo o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, consideram-se «bens», para efeitos deste diploma, os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. De uma maneira geral, «bens» são todas as coisas, móveis ou imóveis, que podem ser objeto de relações jurídicas, ou seja, em sentido lato, qualquer relação da vida social a que o direito atribui efeitos jurídicos. Contudo, para efeitos do Regime dos Bens em Circulação, só interessa considerar os bens móveis corpóreos «que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado», ou seja, as transmissões de bens móveis, não apenas no sentido jurídico mas também no sentido económico (simples transferência por forma correspondente ao direito de propriedade), como se pode ver dos n.ºs 1, 2 e 3 do citado artigo 3.º, onde se diz que: «1 - Considera-se, em geral, transmissão de bens a transferência onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 2 - Para esse efeito, a energia eléctrica, o gás, o calor, o frio e similares são considerados bens corpóreos. 3 - Considera-se ainda transmissão de bens, nos termos do n.º 1 deste artigo:

a) A entrega material de bens em execução de um contrato de locação com

cláusula, vinculante para ambas as partes, de transferência de propriedade;

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b) A entrega material de bens móveis decorrente da execução de um contrato de compra e venda em que se preveja a reserva de propriedade até ao momento do pagamento total ou parcial do preço;

c) As transferências de bens entre comitente e comissário, efectuadas em execução de um contrato de comissão definido no Código Comercial, incluindo as transferências entre consignante e consignatário de mercadorias enviadas à consignação. Na comissão de venda considerar-se-á comprador o comissário; na comissão de compra é considerado comprador o comitente;

d) A não devolução, no prazo de 1 ano a contar da data da entrega ao destinatário, das mercadorias enviadas à consignação;

e) A entrega de bens móveis produzidos ou montados sob encomenda, quando a totalidade dos materiais seja fornecida pelo sujeito passivo que os produziu ou montou;

f) Ressalvado o disposto no artigo 26.º, a afetação permanente de bens da empresa, a uso próprio do seu titular, do pessoal, ou em geral a fins alheios à mesma, bem como a sua transmissão gratuita, quando, relativamente a esses bens ou aos elementos que os constituem, tenha havido dedução total ou parcial do imposto.

g) A afetação de bens por um sujeito passivo a um setor de atividade isento e, bem assim, a afetação ao uso da empresa de bens referidos no n.º 1 do artigo 21.º, quando, relativamente a esses bens ou aos elementos que os constituem, tenha havido dedução total ou parcial do imposto.»

2 - Bens (condições para que se considerem em circulação) - artigo 2.º O Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. De acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste diploma legal, os "bens que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado", ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa ou gratuita, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. Por sua vez, da alínea a) do n.º 2 do citado artigo 2.º conclui-se que a obrigatoriedade do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, a transmissão gratuita, a devolução de mercadorias, a afetação ou a incorporação em prestações de serviços, a remessa à consignação ou a simples transferência de bens entre armazéns situados em locais distintos pertencentes ao mesmo sujeito passivo, implica

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 2.º

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que esses bens sejam acompanhados por um documento de transporte processado nos termos do regime em causa. O local de início do transporte ou de carga deve ser indicados no documento de transporte, presumindo-se como tal os constantes no documento de transporte, se outros não forem indicados. Porque a rutura de carga implica o final de um transporte e o início de um novo transporte, há, por esse motivo, que proceder à emissão de um novo documento de transporte quando tal se verifique. Por outro lado, o mero transbordo dos bens entre meios de transporte não implica necessariamente qualquer rutura de carga, podendo manter-se a utilização do mesmo documento de transporte. Já a mera transferência de bens entre armazéns situados em locais distintos, pertencentes ao mesmo sujeito passivo, implica que esses bens sejam acompanhados por um documento de transporte processado nos termos normais. Também o envio de bens por um sujeito passivo a um prestador de serviços para realização de reparações, transformações ou acabamentos, deve ser acompanhado por um documento de transporte processado nos termos do Regime dos Bens em Circulação, ainda que tal operação seja considerada como uma prestação de serviços para efeitos de IVA.

3 - Bens em circulação (o que se considera como tal) - artigo 2.º, n.º 2 De acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, consideram-se bens em circulação: - todos os bens que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação,

exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado;

- os bens encontrados em veículos nos atos de descarga ou transbordo, mesmo quando

tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação;

- os bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem a Lei n.º 27/2013,

de 12 de abril, e o Decreto-Lei n.º 173/2012, de 2 de agosto (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12).

4 - Documento de transporte (o que se considera como tal) - artigo 2.º, n.º 1, alínea b)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 2.º

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Que documentos, para efeitos do Regime dos Bens em Circulação, se consideram documentos de transporte? Segundo o disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, considera-se documento de transporte: - a fatura; - a guia de remessa; - a guia de transporte; - a nota de devolução; - os documentos equivalentes (guia de movimentação de ativos próprios; guias de

consignação; folha de obra ou outros).

5 - Guia de remessa e guia de transporte ou documentos equivalentes (diferenças entre umas e outras) - artigo 2.º, n.º 1, alínea b) Quais as diferenças entre uma guia de remessa e uma guia de transporte ou documentos equivalentes? Não existem diferenças de conteúdo entre a guia de remessa, a guia de transporte ou outros documentos equivalentes, podendo ser utilizadas de acordo com os usos comerciais. Qualquer daqueles documentos será um documento de transporte se contiver os elementos referidos no artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação. (cfr. FAQ n.º 7, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura, Documentos de transporte / Circulação de bens / Gerais) NOTA: A guia de remessa procura ser documento de entrega da mercadoria encomendada, podendo como tal funcionar como documento de transporte, situação em que deverá conter, pelo menos, os elementos constantes dos n.ºs 2, 3 e 4 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7. A guia de transporte poderá ter uma maior abrangência, uma vez que pode acompanhar todos os bens em circulação em território nacional, seja qual for a sua natureza, quer se trate de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA quer por não sujeitos passivos.

6 - Guia de remessa, guia de transporte ou documentos equivalentes (período de antecedência com que devem ser emitidas em relação ao início do transporte) - artigo 2.º, n.º 1, alínea b)

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O Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, não define qualquer limite temporal entre a data do início do transporte e do seu fim. A validade da guia de transporte é determinada também pela natureza do transporte e dos bens transportados. O regime também não estabelece qual o período de antecedência com que a guia deve ser emitida em relação ao início do transporte, mas esta deve ser sempre emitida antes do início da circulação, tal como impõe o n.º 1 do artigo 6.º do RBC.

7 - Guia de remessa, guia de transporte ou documentos equivalentes (utilização como documento de transporte) - artigo 2.º, n.º 1, alínea b) Uma Gráfica tem por habito transportar trabalhos para uma empresa de plastificação e envernizamento e depois torna a trazer o trabalho para as suas instalações. Qual o documento correto a ser emitido quando deste tipo de transporte? O artigo 1.º do Regime de Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, determina que todos os bens em circulação, em território nacional, deverão ser acompanhados de documentos de transporte. E na alínea b) do n.º 1 do seu artigo 2.º, é definido documento de transporte como "a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes". Ou seja, o nome do documento não é importante, pelo que a empresa em questão pode usar, à sua escolha, para o efeito referido no pedido, guias de remessa, guias de transporte ou documentos equivalentes.

8 - Guia de transporte (o que se considera como tal) - artigo 2.º, n.º 1, alínea b) O que é uma guia de transporte? A guia de transporte é um documento de transporte que acompanha a circulação, em território nacional, dos bens que possam ser objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA (ressalvadas as devidas exclusões previstas no art.º 3.º do Regime dos Bens em Circulação). (cfr. FAQ n.º 4, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura, Documentos de transporte / Circulação de bens / Gerais)

9 - Mercadorias enviadas à consignação (documento de transporte) - artigo 2.º, n.º 2, alínea a) O envio de mercadorias à consignação deve ser acompanhado de documento de transporte?

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O Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. Nos termos do artigo 1.º do citado regime «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma», entendendo-se como tal a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. Tais documentos devem ser processados de harmonia e com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do citado diploma. De referir que a obrigatoriedade do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [cfr. alínea a) do nº 2 do art.º 2º]. Para efeitos do Código Imposto sobre o Valor Acrescentado, lembramos que ao contrato de consignação são aplicáveis as normas respeitantes ao contrato de comissão. Assim, face ao disposto na alínea c) do n.º 3 do artigo 3.º do Código do IVA, o envio de mercadorias à consignação integra o conceito de transmissão de bens previstas no n.º 1 do mesmo normativo. No entanto, e não obstante se ficcionar uma transmissão entre consignatário e consignante, o nascimento de obrigação de liquidação do imposto só se verifica quando ocorrer a transmissão entre o consignatário e o seu cliente, conforme dispõe o n.º 5 do artigo 7.º do CIVA, muito embora a obrigação de faturação tenha de ser cumprida no prazo de 5 dias úteis a contar do envio das mercadorias à consignação, de harmonia com a alínea a) do n.º 1 do artigo 38.º do CIVA. Aquando do nascimento da obrigação de liquidação de imposto pelo consignante, deverá a respetiva fatura ser emitida nos termos e nos prazos previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 38.º do CIVA. Para precaver a situações de prolongamento do período durante o qual as mercadorias saídas do stock dos consignantes se mantêm em suspensão de imposto, o legislador, na alínea d) do n.º 3 do artigo 3.º do CIVA, estabelece uma presunção de transmissão quando as mercadorias não sejam devolvidas ao consignante dentro do prazo de 1 ano a contar da sua remessa ao consignatário.

10 - Notas de crédito ou de débito - artigo 2.º, n.º 1, alínea b)

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As notas de crédito e as notas de débito podem ser utilizadas como documento de transporte? Não. Estes documentos têm apenas como objetivo a retificação de faturas inicialmente emitidas nos termos do Código do IVA. Para efeitos do disposto no Regime dos Bens em Circulação, designadamente na alínea b) do n.º 1 do seu artigo 2.º, considera-se documento de transporte "a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes". Consequentemente, se o adquirente dos bens pretender efetuar uma devolução dos mesmos ao seu fornecedor deve emitir uma nota (ou guia) de devolução para acompanhar os bens devolvidos. Essa nota ou guia de devolução pode ser emitida como um documento de transporte desde que cumpra os requisitos previstos no respetivo regime. Para efeitos do Código do IVA, através do Ofício-Circulado n.º 30 141, de 04/01/2013, da Direção de Serviços do IVA, foi esclarecido que. De harmonia com a nova redação do n.º 7 do artigo 29.º, «quando o valor tributável de uma operação ou o correspondente imposto sejam alterados, por qualquer motivo, incluindo inexatidão, deve ser emitido documento retificativo da fatura», o qual deve conter os elementos referidos na alínea a) do n.º 5 do artigo 36.º, bem como a referência à fatura a que respeita e a menção dos elementos alterados. As notas de crédito e as notas de débito são documentos retificativos de fatura, podendo ser emitidos pelos sujeitos passivos adquirentes dos bens ou destinatários dos serviços, desde que observados os seguintes requisitos: - resultem de acordo entre os sujeitos passivos intervenientes, fornecedor dos bens ou

prestador dos serviços e adquirente ou destinatário dos mesmos; - sejam processados em cumprimento do disposto no n.º 7 do artigo 29.º, ou seja, quando

o valor tributável de uma operação ou o imposto correspondente sejam alterados por qualquer motivo, incluindo inexatidão;

- contenham os elementos a que se refere o n.º 6 do artigo 36.º, dos quais se realça a

referência à fatura a que respeitam.

11 - Trabalho a feitio (documento de transporte) - artigo 2.º, n.º 2, alínea a) O envio de matérias-primas ou produtos em vias de fabrico, efetuado por sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do IVA, a terceiros (normalmente outros sujeitos passivos que trabalham por conta própria) para simples reparações ou operações de beneficiação, transformação ou acabamento (trabalho a feitio com mera aplicação de mão-de-obra e/ou incorporação de matérias subsidiárias), como é o caso, por exemplo, nas industrias de ourivesaria, marcenaria, confeção de objetos de vestuário e calçado, tinturaria, niquelagem, cromagem, etc., há lugar à emissão, por parte do remetente (dono dos bens) do documento de transporte referido no artigo 1.º do Regime dos Bens

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 2.º

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em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, em obediência ao disposto no n.º 1 do artigo 6.º do RBC, com observância de todos os requisitos exigidos nos artigos 4.º, 5.º e 8.º do citado diploma. Por sua vez, quando da remessa dos produtos ao dono da obra, por parte do prestador dos serviços, deve este (prestador dos serviços) igualmente emitir um documento de transporte, rodeado dos mesmos requisitos, no qual deve fazer constar que se trata de bens que foram objeto de simples reparações ou operações de beneficiação, transformação ou acabamento.

12 - Transferência de bens entre estabelecimentos da mesma empresa (documento de transporte) - artigo 2.º, n.º 2, alínea a) Tenho vários estabelecimentos comerciais. Sempre que são transferidas as mercadorias de um estabelecimento para outro, que documento devo emitir? Tratando-se de transferência de mercadorias entre instalações pertencentes ao mesmo agente económico, deve ser emitido e comunicado à AT documento de transporte (guia de movimentação de ativos próprios, etc.), em que o remetente e destinatário é o mesmo. (cfr. FAQ n.º 21, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / emissão) NOTA: Já em 24/07/2007, através de informação vinculativa, Proc. F254 2006064, havia sido distribuída a seguinte doutrina: 1 O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 2 - Nos termos do artigo 1.º do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte" entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente. 3 - Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia e com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do citado diploma. 4 - A obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição ..., etc., por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [art.º 2.º, n.º 2, alínea a)].

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5 - No caso em análise, o sujeito passivo solicita esclarecimento relativamente ao documento de transporte que utiliza na transferência de bens entre os seus estabelecimentos de pronto-a-vestir, referindo que procede do seguinte modo: - no final do dia efetua o transporte dos bens de uma das lojas para o armazém geral; - no dia seguinte a mercadoria sai do armazém com destino a outra loja. Mais refere que apenas utiliza um documento de transporte, mencionando no mesmo os dois lugares de carga como os dois lugares de descarga. 6 - Relativamente a este procedimento, será de referir que, conforme n.º 1 do artigo 6.º do Regime de Bens em Circulação, os documentos de transporte devem ser emitidos antes do início da circulação dos bens. 7 - Atendendo a que no caso exposto estamos perante dois transportes de bens, um que se inicia na loja e outro que se inicia no armazém, deverá o sujeito passivo emitir dois documentos de transporte, com todos os requisitos exigidos e já mencionados no ponto 3 desta informação, não sendo, consequentemente, aceite o procedimento adoptado pelo sujeito passivo. (Informação vinculativa, Proc. F254 2006064, sancionada por despacho do SDG dos Impostos, em substituição do Director-Geral, em 24/07/2007)

13 - Vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados (bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem a Lei n.º 27/2013, de 12/4, e o Decreto-Lei n.º 173/2012, de 2/8 - artigo 2.º, n.º 2, alínea b) O artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, determina que «Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma». E, tal como consta da alínea b) do n.º 2 do artigo 2.º do mesmo regime, os bens expostos para venda em feiras e mercados, a que se refere a Lei n.º 27/2013, de 12 de abril, e o Decreto-Lei n.º 173/2012, de 2 de agosto, são considerados bens em circulação. Todavia, caso se trate de bens transportados por vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados, destinados a venda a retalho, abrangidos pelo Regime Especial de Isenção (REI) ou Regime Especial dos Pequenos Retalhistas (REPR), a que se referem, respetivamente, os artigos 53.º e 60.º do Código do IVA, o documento de transporte pode ser substituído pelas próprias faturas de aquisição, desde que processadas nos termos e de harmonia com os artigos 36.º e 40.º do Código do IVA (cfr. n.º 10 do art.º 4.º do RBC, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12). Se por obrigação (como é o caso dos sujeitos passivos enquadrados no Regime Normal), ou por simples opção (como é o caso dos sujeitos passivos enquadrados no Regime Especial de Isenção ou no Regime Especial dos Pequenos Retalhistas), adoptarem o documento de transporte definido na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º (guia de

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 2.º

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transporte ou documento equivalente), dado que os destinatários dos bens não são ainda conhecidos, deverá tal documento ser processado globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impressos em papel e em triplicado (cfr. n.º 6 do art.º 4.º do RBC). Posteriormente, à medida que forem realizadas as suas vendas, deverão processar, em duplicado, fatura, ou fatura simplificada a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do CIVA, fazendo referência ao respetivo documento global, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens (cfr. n.ºs 6 e 7 do art.º 4.º do RBC).

14 - Vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados (regime jurídico a que está sujeita a atividade de comércio a retalho não sedentária exercida por feirantes e vendedores ambulantes) - artigo 2.º, n.º 2, alínea b) A Lei n.º 27/2013, de 12 de abril, estabelece o regime jurídico a que está sujeita a atividade de comércio a retalho não sedentária exercida por feirantes e vendedores ambulantes, bem como o regime aplicável às feiras e aos recintos onde as mesas se realizam. Para efeitos daquela Lei entende-se por «Feirante» a pessoa singular ou coletiva que exerce de forma habitual a atividade de comércio a retalho não sedentário em feiras [cfr. alínea d) do art.º 3.º da Lei n.º 27/2013, de 12/4]. Por sua vez, entende-se por «Vendedor ambulante» a pessoa singular ou coletiva que exerce de forma habitual a atividade de comércio a retalho de forma itinerante, incluindo em instalações móveis ou amovíveis [cfr. alínea e) do art.º 3.º da Lei n.º 27/2013, de 12/4]. O exercício da atividade de comércio a retalho de forma não sedentária regulada pela presente lei só é permitido (cfr. art.º 4.º do Lei n.º 27/2013, de 12/4): a) Aos feirantes com espaço de venda atribuído em feiras previamente autorizadas nos

termos da presente lei; b) Sem prejuízo do disposto na alínea c) do n.º 3 do artigo 20.º, ao vendedores

ambulantes, nas zonas e locais em que as respetivas autarquias autorizem o exercício da venda ambulante, nos termos da presente lei.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 3.º

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Artigo 3.º

Exclusões

1 - Excluem-se do âmbito do presente diploma: a) Os bens manifestamente para uso pessoal ou doméstico do próprio; b) Os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a consumidores

finais que previamente os tenham adquirido, com exceção dos materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas elétricas, máquinas ou aparelhos recetores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, quando transportados em veículos de mercadorias;

c) Os bens pertencentes ao ativo fixo tangível; (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) d) Os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas de aquicultura ou de

pecuária resultantes da sua própria produção e os bens que manifestamente se destinem a essa produção, transportados pelo próprio ou por sua conta; (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) (ver n.º 6 do art.º 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4)

e) Os bens dos mostruários entregues aos pracistas e viajantes, as amostras destinadas a

ofertas de pequeno valor e o material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda;

f) Os filmes e material publicitário destinados à exibição e exposição nas salas de

espetáculos cinematográficos, quando para o efeito tenham sido enviados pelas empresas distribuidoras, devendo estas fazer constar de forma apropriada nas embalagens o respetivo conteúdo e a sua identificação fiscal;

g) Os veículos automóveis, tal como se encontram definidos no Código da Estada, com

matrícula definitiva; h) As taras e embalagens retornáveis; i) Os resíduos sólidos urbanos ou legalmente equiparados, provenientes das recolhas

efetuadas pelas entidades competentes ou por empresas a prestarem o mesmo serviço; (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

j) Os resíduos hospitalares sujeitos a guia de acompanhamento nos termos do artigo 21.º

do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 173/2008, de 26 de agosto, pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro, e pelos Decretos-Leis n.ºs 183/2009, de 10 de agosto e 73/2011, de 17 de junho; (aditada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

l) Os bens a entregar aos respetivos utentes por instituições particulares de

solidariedade social ou outras entidades no âmbito de acordos outorgados com o sistema de segurança social; (aditada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 3.º

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m) Os bens recolhidos no âmbito de campanhas de solidariedade social efetuadas por organizações sem fins lucrativos; (aditada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

n) Os bens resultantes ou necessários à prossecução das atividades desenvolvidas por

entidades do setor empresarial local ou do Estado que se dediquem à gestão de sistemas de abastecimento de água, de saneamento ou de resíduos urbanos. (aditada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

2 - Encontram-se ainda excluídos do âmbito do presente diploma:

a) Os produtos sujeitos a impostos especiais de consumo, tal como são definidos no

artigo 4.º do Código dos Impostos Especiais de Consumo, publicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 566/99 (a), de 22 de dezembro, quando circularem em regime suspensivo nos termos desse mesmo Código;

(a) - O Decreto-Lei n.º 566/99, de 22/12, está revogado pelo Decreto-Lei n.º 73/2010,

de 21/6, diploma este que aprovou o novo Código dos Impostos Especiais de Consumo.

b) Os bens respeitantes a transações intracomunitárias a que se refere o Decreto-Lei n.º

290/92, de 28 de dezembro; c) Os bens respeitantes a transações com países ou territórios terceiros quando em

circulação em território nacional sempre que sujeitos a um destino aduaneiro, designadamente os regimes de trânsito e de exportação, nos termos do Regulamento (CEE) n.º 2913/92, do Conselho, de 12 de outubro;

d) Os bens que circulem por motivo de mudança de instalações do sujeito passivo,

desde que o facto e a data da sua realização sejam comunicados às direções de finanças dos distritos do itinerário, com pelo menos oito dias úteis de antecedência, devendo neste caso o transportador fazer-se acompanhar de cópia dessas comunicações.

3 - Relativamente aos bens referidos nos números anteriores, não sujeitos à obrigatoriedade de

documento de transporte nos termos do presente diploma, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino.

4 - A prova referida no número anterior pode ser feita mediante a apresentação de

qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Aluguer de longa duração de máquinas agrícolas (exclusão do âmbito do regime dos

bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 3.º

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No caso do aluguer de longa duração de uma máquina agrícola, quando a empresa proprietária da máquina efetua o transporte para proceder à entrega da mesma ao cliente, deve ser emitido documento de transporte? Não. Esta operação está excluída do âmbito do Regime dos Bens em Circulação ao abrigo da alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º do respetivo regime, uma vez que se trata do transporte de um bem que faz parte do ativo fixo tangível da empresa proprietária da máquina. Contudo, como medida cautelar pode a empresa, em conformidade com o disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, fazer-se acompanhar de qualquer documento que comprove a natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, no caso, "uma máquina agrícola do ativo tangível do locador, proveniente deste, com destino ao locatário". (cfr. FAQ n.º 29, disponível no Portal das Finanças em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão)

2 - Amostras destinadas a ofertas de pequeno valor (documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino) - artigo 3.º, n.ºs 3 e 4 As amostras destinadas a ofertas de pequeno valor têm de ser acompanhadas de documento de transporte? Não. As amostras destinadas a ofertas de pequeno valor que cumpram os requisitos definidos no n.º 7 do artigo 3.º do Código do IVA (CIVA), encontram-se excluídas do âmbito do Regime dos Bens em Circulação [art.º 3.º, n.º 1, alínea e)]. Contudo pode ser necessário fazer prova, mediante qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. (cfr. FAQ n.º 41, disponível no Portal das Finanças em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão)

3 - Amostras destinadas a ofertas de pequeno valor (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea e) De acordo com a alínea e) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídas do âmbito de tal regime «... as amostras destinadas a ofertas de pequeno valor e o material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda». Lembramos que, segundo o disposto no n.º 7 do artigo 3.º Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA), «Excluem-se do regime estabelecido na alínea f) do n.º 3, nos termos definidos por portaria do Ministro das Finanças, os bens não destinados a posterior comercialização que, pelas suas caraterísticas, ou pelo tamanho ou formato diferentes do produto que constitua a unidade de venda, visem, sob a forma de amostra, apresentar ou promover bens produzidos ou comercializados pelo próprio sujeito passivo, assim como as ofertas de valor unitário igual ou inferior a € 50 e valor global

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anual não exceda cinco por mil do volume de negócios do sujeito passivo no ano civil anterior, em conformidade com os usos comerciais». Quanto à expressão «em conformidade com os usos comerciais» diremos que se pretende, tão somente, segundo cremos, abranger as relações entre a empresa e os seus clientes e/ou fornecedores, quando tais amostras destinadas a ofertas e material de propaganda (simples lembranças ou objetos de publicidade), inequivocamente, não se destinem a venda. Por sua vez, a Portaria n.º 497/2008, de 24 de junho, regulamenta as condições delimitadoras do conceito de amostras e de ofertas de pequeno valor e define os procedimentos e obrigações contabilísticas a cumprir pelos sujeitos passivos do imposto, para efeitos de aplicação do disposto no n.º 7 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. Dos n.ºs 1 e 2 do artigo 2.º daquela Portaria consta a seguinte definição no que se refere a tais amostras:

«Consideram-se amostras os bens, não destinados a posterior comercialização, de formato ou tamanho diferente do produto que constitua a unidade de venda ou apresentados em quantidade, capacidade, peso ou medida substancialmente inferiores aos que constituem a unidade de venda que se destinem a apresentar ou promover produtos produzidos ou comercializados pelo sujeito passivo. Considera-se ainda amostras: a) Os livros e outras publicações transmitidos gratuitamente pelos editores e

operadores económicos que os possam promover, a membros do corpo docente e estabelecimentos de ensino, a críticos literários, a organizações culturais ou a entidades ligadas à imprensa;

b) Os compact disc (CD), digital vídeo disc (DVD), discos, cassetes, filmes,

vídeos e outros registos de som ou de imagem transmitidos gratuitamente pelos editores ou produtores a operadores económicos, tais como estações de rádio ou televisão, críticos da especialidade, disc jockeys, revistas especializadas, pontos de venda ou de diversão que os possam promover».

Quanto à contabilização das amostras e ofertas, o artigo 4.º da mesma Portaria tem a seguinte redação:

«1 - Os sujeitos passivos devem contabilizar em contas apropriadas as amostras e ofertas, registando separadamente os bens que constituam existências próprias e aqueles que sejam adquiridos a terceiros. 2 - Nas situações a que se refere o n.º 2 do artigo 2.º da presente portaria, os sujeitos passivos devem ainda dispor de registo extracontabilístico que permita conhecer a identificação fiscal dos beneficiários das amostras e o número de exemplares transmitidos. 3 - Os sujeitos passivos que não sejam obrigados a possuir contabilidade organizada para efeitos do imposto sobre o rendimento devem registar as

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amostras e ofertas de forma a permitir o adequado controlo por parte da administração fiscal».

Atente-se ainda que as amostras devem ser bens de formato, tamanho e quantidades não comercializáveis, ou bens como livros, discos e outras publicações de editores nas situações previstas na Portaria n.º 497/2008, antes referida, ou seja, o valor da oferta não pode exceder 50 euros, nem o total anual das ofertas pode exceder 5 por mil do volume de negócios do ano anterior, enquanto que os bens para oferta de pequeno valor podem ser bens em formato e quantidades comercializáveis, mas não podem exceder os limites previstos no n.º 7 do artigo 3.º do CIVA. Se o valor da oferta exceder o limite os bens já tem que ser emitido um documento de transporte. No que se refere aos materiais de propaganda são normalmente bens publicitários, não destinados a venda, que servem para divulgar a marca do sujeito passivo.

4 - Amostras destinadas a ofertas de pequeno valor (modelo da declaração que pode ser utilizada em substituição do documento do transporte) - artigo 3.º, n.º 1, alínea e) Qual o modelo da declaração que pode ser utilizada como documento do transporte das amostras excluídas do âmbito do diploma de circulação dos bens? Não existe modelo de declaração para tal efeito, e o n.º 4 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, diz-nos apenas que a prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. Assim, entendemos que a mesma pode ser do seguinte teor:

DECLARAÇÃO

F ___________________________________________ (nome ou designação), com sede em ___________________________, contribuinte com o NIF __________, declara, nos termos e para os efeitos dos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, que os bens a seguir descritos constituem amostras destinadas a ofertas de pequeno valor, que não se destinam a venda, os quais beneficiam da exclusão do âmbito do referido regime nos termos da alínea e) do n.º 1 do seu artigo 3.º. (segue-se a descrição das amostras transportadas e da respetiva quantidade) ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

___________, __ de _________ de 20___

O declarante,

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Esta declaração, que pode ser impressa num único exemplar, não necessita de ser numerada, nem impressa tipograficamente, mas deve ser datada, assinada por pessoa responsável e rodeado do mínimo de credibilidade.

5 - Amostras de material de climatização para apresentação aos clientes (procedimentos a adoptar quanto ao documento de transporte a emitir) - artigo 3.º, n.º 1, alínea e) 1 - A exponente tem como atividade principal a compra e venda de material de climatização. Por esse facto, transporta usualmente material para amostra aos clientes. 2 - Refere o sujeito passivo que, para acompanhar o referido material (amostras), procede à emissão de uma "nota de carga" que é substituída sempre que haja deterioração do material. 3 - Solicita esclarecimento relativamente ao prazo dos referidos documentos, bem como de eventuais procedimentos a adoptar. 4 - O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 5 - Nos termos do artigo 1.º do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte" entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente - alínea b), n.º 1, artigo 2.º. 6 - Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do citado diploma. 7 - A obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição ..., etc., por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência - alínea a), n.º 2, do art.º 2.º. 8 - Por sua vez, determina o n.º 1 do artigo 6.º do citado regime que os documentos de transporte devem ser processados pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA e pelos detentores dos bens, antes do inicio da sua circulação. 9 - No entanto, nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 3.º do referido Decreto-Lei, estão excluídos, "Os bens dos mostruários entregues aos pracistas e viajantes, as amostras destinadas a ofertas de pequeno valor e o material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda".

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10 - As amostras deverão ser entendidas, de acordo com o disposto no ponto 1 da Circular n.º 19/89, de 18/12/89 (atualmente vigora a Portaria n.º 497/2008, de 24/6), como respeitando a bens comercializados e/ou produzidos pela própria empresa, mas de formato ou tamanho diferente do produto que se pretende "mostrar" ou apresentado, em quantidade, capacidade, peso ou medida, substancialmente inferiores aos que constituem as unidades de venda, e que, por esse facto, não serão destinados a posterior comercialização. 11 - Da exposição do sujeito passivo, verifica-se que os bens em circulação não estão abrangidos no conceito de amostras, definido na referida circular, pelo que os mesmos deverão ser acompanhados de documento de transporte válido e que obedeça aos requisitos já referidos. 12 - Quanto à validade do documento de transporte, não existe em termos legais qualquer limite temporal entre a data do início do transporte e o seu fim, conforme Ofício-Circulado n.º 91 919, de 21/10/87, da ex-Direção de Serviços de Controle. (Informação vinculativa, Proc. F254 2005021, sancionada por despacho de 26/05/2006, do Subdiretor-Geral dos Impostos)

6 - Amostras de produtos dermo-cosméticos entregues aos pracistas e viajantes (documento de transporte) - artigo 3.º, n.º 1, alínea e) Certa empresa, produtora de produtos dermo-cosméticos, entrega amostras desses produtos ao seus vendedores para estes mostrarem aos clientes. Estas amostras não são transmitidas e os vendedores transportam-nas por longos períodos de tempo sem regressar às instalações da empresa. Como proceder em relação às guias de transporte destas amostras? De acordo com o disposto na alínea e) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os bens dos mostruários entregues aos pracistas e viajantes, as amostras destinadas a ofertas de pequeno valor e o material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda, estão excluídos do âmbito do referido Regime, pelo que o seu transporte não terá que ser acompanhado de documento de transporte. No entanto, relativamente aos bens excluídos do âmbito do RBC, não sujeitos à obrigatoriedade de documento de transporte nos termos de tal diploma, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, as entidades fiscalizadoras podem exigir prova da sua proveniência e destino (cfr. n.º 3 do art.º 3.º do RBC). A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.º 4 do art.º 3.º do RBC).

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7 - Aquisição intracomunitária de bens (bens adquiridos em Itália por um sujeito passivo dos com Açores) - artigo 3.º, n.º 2, alínea b) Um fornecedor de Itália vendeu a um cliente dos Açores diversas mercadorias, mercadorias estas que são transportado de Itália no camião do fornecedor e são descarregadas em Lisboa para serem depois transportadas para os Açores. Tais mercadorias são acompanhada por uma CMR, a qual refere que a descarga é feita em Lisboa mas a fatura está a ser emitida em nome do cliente dos Açores. O transitário em Lisboa, que está a efetuar o transporte para os Açores, diz que necessita de um documento de transporte emitido nos termos do Regime dos Bens em Circulação, para circular com as mercadorias até aos Açores. Neste caso, não se aplica a exclusão prevista na alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do RBC? A operação referida consubstancia uma aquisição intracomunitária de bens efetuada pelo sujeito passivo dos Açores. E, de acordo com o disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito, os bens respeitantes a transações intracomunitárias a que se refere o Decreto-Lei n.º 290/92, de 28 de Dezembro. Assim, os bens em questão não necessitam de ser acompanhados de documento de transporte nos termos do Regime dos Bens em Circulação. No entanto, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da circulação de tais bens, as entidades fiscalizadoras podem exigir prova da sua proveniência e destino (cfr. n.º 3 do art.º 3.º do RBC). A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.º 4 do art.º 3.º do RBC). Também o acompanhamento pela fatura, poderá ajudar a esclarecer a natureza da operação. Não sendo obrigatória a emissão de documento de transporte, não haverá que efetuar qualquer comunicação à AT nos termos dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime.

8 - Aquisições intracomunitárias de bens (declaração CMR, "packing list", carta de portes e documento emitido pelo operador logístico) - artigo 3.º, n.º 2, alínea b) Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. I - Exposição do sujeito passivo:

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1. A Requerente, devidamente identificada supra, é uma empresa enquadrada, em sede de IVA, no regime normal mensal, dedicando-se ao exercício de "comércio por grosso não especializado" - CAE 46900 (atividade principal). 2. Através do pedido de informação vinculativa urgente, solicita a confirmação dos seguintes entendimentos: i) que o transporte de bens da entidade espanhola para os clientes da Requerente é uma

transação intracomunitária, nos termos do Decreto-Lei no 290/92, de 28 de dezembro;

ii) que os documentos indicados pela Requerente (CMR; "packing list" emitida pela

entidade espanhola; "documento de controle/carta de portes"; documento emitido pelo operador logístico nos termos da legislação aplicável aos transportadores com referência ao "packing list") fazem prova suficiente da proveniência e destino dos bens;

iii) que a Requerente não necessita de emitir (e comunicar) qualquer documento de

transporte adicional; 3. Caso os documentos acima mencionados não façam prova suficiente da proveniência e destino dos bens, solicita que lhe sejam indicados os documentos que devem ser utilizados. II - Descrição dos factos 4. A Requerente adquire bens a uma entidade pertencente ao mesmo grupo de empresas, sediada em Espanha. Essa entidade contrata um operador logístico (que, por sua vez, pode subcontratar o serviço) que, segundo a Requerente, efetua o transporte de bens do seu centro de distribuição (em Espanha) até às instalações do cliente da Requerente. 5. Refere que os bens são propriedade da entidade espanhola até ao momento em que são entregues ao cliente e que a transferência da propriedade dos bens da Requerente para o seu cliente se dá no momento da aceitação dos bens. 6. Durante o transporte, os bens passam por várias plataformas logísticas intracomunitárias, (incluindo portuguesas) onde ocorre o processo de "cross-docking" (distribuição e agrupamentos das mercadorias por vários camiões), de acordo com a gestão efetuada pelo operador logístico, não havendo armazenagem dos bens. 7. Pelo menos uma dessas plataformas (a última do percurso) situa-se em Portugal, de onde os bens seguem diretamente para as instalações do cliente da Requerente. 8. Os bens são acompanhados pela declaração CMR, pela "packing list" (documento emitido pela entidade espanhola mencionando o local de carga e de entrega dos mesmos), "documento de controle /carta de portes" e documento emitido pelo operador logístico. 9. No entanto, a CMR apenas acompanha o transporte de bens de Espanha para a plataforma logística em Portugal, constando como lugar de descarga, nesse documento, o local da plataforma logística em Portugal.

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10. O transportador solicita uma assinatura na "packing list" quando os bens são entregues nas instalações do cliente, sendo enviada para a Requerente uma cópia desse documento de forma a comprovar a entrega dos bens. 11. Perante a entrada em vigor do novo Regime dos Bens em Circulação (anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto), a Requerente pretende saber se a "packing list", a carta de portes e o documento emitido pelo operador logístico são adequados a acompanhar os bens transportados desde a plataforma logística localizada em território nacional, até às instalações do cliente da Requerente. III - Enquadramento face ao Código do IVA (CIVA) e ao Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias (RITI) 12. De acordo com o artigo 3.º do RITI " considera-se, em geral, aquisição intracomunitária a obtenção do poder de dispor, por forma correspondente ao direito de propriedade, de um bem móvel corpóreo cuja expedição ou transporte para território nacional, pelo vendedor, pelo adquirente ou por conta destes, com destino ao adquirente, tendo tido início noutro Estado membro". 13. São, em regra, tributadas em Portugal, "as aquisições intracomunitárias de bens quando o lugar de chegada da expedição ou transporte com destino ao adquirente se situe no território nacional" (n.º 1 do art.º 8.º do RITI). 14. Por força do n.º 5 do artigo 1.º do CIVA "é equiparado a um transporte intracomunitário de bens qualquer transporte de bens cujos lugares de partida e de chegada se situem no território nacional ou no interior de um outro Estado membro, sempre que esse transporte se encontre diretamente ligado a um transporte intracomunitário dos mesmos bens". 15. O artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação (RBC) estabelece a aplicação deste diploma a "todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado (...)" 16. No entanto, a alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º prevê algumas exclusões ao âmbito de aplicação do RBC, nomeadamente, quanto aos "bens respeitantes a transações intracomunitárias a que se refere o Decreto-Lei n.º 290/92, de 28 de dezembro". 17. Assim, em princípio, os bens transportados para Portugal por força de uma aquisição intracomunitária de bens não estão sujeitos às normas do RBC. 18. Efetivamente, ocorrendo um transporte intracomunitário de bens por via rodoviária, como no caso em análise, há que ter em consideração o disposto no Convenção Relativa ao Contrato de Transporte Internacional de Mercadorias por Estrada (CMR), assinada em 19 de maio de 1956, em Genebra e aprovada, em Portugal, pelo Decreto-Lei n.º 46/235, de 18 de março de 1965, que entrou em vigor a 21 de dezembro de 1969. 19. Esta convenção internacional "aplica-se a todos os contratos de transporte de mercadorias por estrada a título oneroso por meio de veículos, quando o lugar do

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carregamento das mercadorias e o lugar da entrega previsto, tais como são indicados no contrato, estão situados em dois países diferentes, sendo um deles, pelo menos, país contratante e independentemente do domicílio e nacionalidade das partes" (art.º 1.º da Convenção). 20. O contrato de transporte estabelece-se por via da declaração de expedição (art.º 4.º da Convenção). III - Apreciação 21. A operação realizada entre a Requerente e o seu fornecedor configura uma verdadeira aquisição intracomunitária de bens, na medida em que os bens são expedidos de um Estado-membro (Espanha), com destino a Portugal. 22. Consequentemente, os bens respeitantes a esta aquisição intracomunitária estão excluídos do âmbito de aplicação do Regime de Bens em Circulação, por aplicação da alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do RBC. 23. Efetivamente, o transporte intracomunitário dos bens desde Espanha, com destino ao adquirente nacional, é regulado pelas disposições da Convenção CMR. 24. De acordo com a referida Convenção, a declaração de expedição deve acompanhar os bens ao longo de todo o percurso, desde o ponto de partida, até ao destino final, sendo que, no caso em apreço, a declaração apenas acompanha os bens até à última plataforma logística do percurso, que é situada em território nacional. 25. Assim, relativamente ao transporte dos bens efetuado na sua totalidade em Portugal, desde aquela plataforma logística até ao adquirente, cabe dizer o seguinte: 26. Por um lado, que este transporte, por força do n.º 5 do artigo 1.º do CIVA, é equiparado a um transporte intracomunitário de bens pelo que, como se referiu acima, não há lugar à aplicação do RBC. 27. Por outro, que apesar da declaração de expedição, tal como preenchida pela Requerente, não acompanhar os bens até ao seu destino final, a comprovação do transporte das mercadorias está salvaguardada pela previsão do n.º 3 do artigo 3.º do RBC que dita que, mesmo quanto aos bens não sujeitos a documento de transporte nos termos do RBC, como os respeitantes a transações intracomunitárias, ainda que uma parte do transporte se realize inteiramente em território nacional, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino, sempre que haja dúvidas sobre a legalidade da sua circulação. 28. Perante essa possibilidade, parece ser de admitir que a apresentação de documentos como os que a Requerente anexa ao presente processo ("packing list", carta de portes e documento emitido pelo operador logístico), na medida em que comprovem aqueles factos, são adequados ao cumprimento da referida obrigação. IV - Conclusão

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29. Nestes termos, entende-se que o transporte de bens da entidade espanhola para os clientes da Requerente configura uma transação intracomunitária excluída do âmbito de aplicação do Regime de Bens em Circulação. 30. No entanto, ainda que os bens transportados não estejam sujeitos à obrigatoriedade de documento de transporte nos termos do referido diploma, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino, considerando-se que os documentos apresentados pela Requerente ("packing list", carta de portes e documento emitido pelo operador logístico), podem ser aptos para o cumprimento dessa obrigação de comprovação do transporte. (Informação vinculativa, Proc. 5429, sancionada por despacho de 05/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

9 - Aquisições intracomunitárias de bens (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 2, alínea b) Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...Sucursal em Portugal», presta-se a seguinte informação. 1. O sujeito passivo requerente, enquadrado no regime normal mensal desde 2012-01-01, exerce a seguinte atividade: Comércio a Retalho Out. Estab. NE., S/ Pred. Alim., Bebidas Tabaco (CAE 47192), praticando operações que conferem direito à dedução. 2. No âmbito da sua atividade, sempre que os clientes da exponente efetuam determinado pedido de encomenda de bens, e após processamento do mesmo, é enviado um pedido de requisição ao armazém de logística, da propriedade da Requerente - Sucursal em Espanha, sendo posteriormente aí depositados. 3. A exponente adquire as mercadorias à sucursal espanhola, e ainda suporta o custo do transporte desde o armazém de Espanha até aos clientes portugueses. 4. A empresa de logística, externa ao grupo, sediada em Espanha, prepara o pedido, emite uma guia de transporte e subcontrata uma transportadora (igualmente externa ao grupo) para a expedição das mercadorias. 5. Durante a viagem, a mercadoria tem frequentemente como primeiro ponto de paragem os armazéns das próprias transportadoras subcontratadas pela empresa de logística, para que as cargas sejam reagrupadas com outras, para o mesmo destinatário mas de um expedidor diferente e alheio à exponente. 6. Após a efetiva entrega das mercadorias junto dos adquirentes, os transportadores confirmam as descargas à empresa de logística, que, por sua vez, comunica à exponente as descargas efetuadas, para que esta proceda à faturação aos seus clientes. 7. Solicita a exponente, deste modo, esclarecimentos sobre se a cláusula de exclusão prevista na alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do regime de bens em circulação se aplica ao caso "sub judice" e, por inerência, a não obrigatoriedade de comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira dos elementos dos documentos de transporte antes do início do mesmo.

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8. O Regime de Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo DL n.º. 147/2003, de 11 de julho e alterado e republicado pelo DL n.º 198/2012, de 24 de agosto, bem como pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, estabelece as normas sobre os documentos de transporte (DT) que devem acompanhar os bens em circulação bem como a comunicação desses elementos à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). 9. Nos termos do artigo 1.º do mencionado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte", entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes [cf. alínea b) do n.º 1 do art.º 2.º]. 10. Os DT devem ser processados de harmonia e com os elementos elencados nos artigos. 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do referido diploma. 11. Por sua vez, o n.º 1 do artigo 6.º determina que os documentos de transporte devem ser processados pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA e pelos detentores dos bens, antes do início da sua circulação. 12. No entanto, o citado regime exclui do âmbito da sua aplicação os bens referidos na alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º, nomeadamente os "bens respeitantes a transações intracomunitárias a que se refere o Decreto-Lei n.º 290/92, de 28 de dezembro". 13. Nestes termos, os transportes de bens objeto de aquisições ou transmissões intracomunitárias, tal como definidas no RITI, estão dispensados de ser acompanhados por um DT emitido nos termos do RBC. 14. Nos termos do disposto no artigo 3.º do RITI, considera-se aquisição intracomunitária "a obtenção do poder de dispor, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, de um bem móvel corpóreo cuja expedição ou transporte para território nacional, pelo vendedor, pelo adquirente ou por conta destes, com destino ao adquirente, tenha tido início noutro Estado membro". 15. Dispõe, ainda, o n.º 1 do artigo 8.º do referido diploma legal que "São tributáveis as aquisições intracomunitárias de bens quando o lugar de chegada da expedição ou transporte com destino ao adquirente se situe no território nacional". 16. No caso concreto, a operação descrita configura, efetivamente, uma aquisição intracomunitária da parte dos clientes nacionais da exponente, pelo que, como já referido, os transportes relacionados com aquisições intracomunitárias ficam dispensados de ser acompanhados por um DT, assim como a consequente comunicação à AT. 17. Estando, deste modo, no caso "sub júdice", dispensada a emissão do correspondente documento de transporte, fica, igualmente, dispensada a comunicação à AT, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 3.º regime de bens em circulação, que prevê que "sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se a prova da sua proveniência e destino".

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18. A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento que comprove a natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cf. n.º 4 do art.º 3.º), pelo que se nos afigura que a guia mencionada no artigo 36.º do pedido de informação satisfaz os requisitos exigidos. (Informação vinculativa, Proc. 5318, sancionada por despacho de 05/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

10 - Aquisições intracomunitárias de bens (transporte em território nacional) - artigo 3.º, n.º 2, alínea b) Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. O sujeito passivo requerente, enquadrado no regime normal mensal, exerce as seguintes atividades: Comércio por grosso de perfumes e produtos de higiene (CAE 46450 - principal), e Formação profissional (CAE 85591 - secundário), praticando operações que conferem direito à dedução. 2. No âmbito da sua atividade, sempre que os clientes da exponente efetuam determinada encomenda de bens, aquela procede, num primeiro momento, à aquisição dos mesmos ao seu fornecedor espanhol, sendo posteriormente colocados à disposição da exponente na modalidade de "Exworks", num centro logístico em Madrid, correndo por sua conta os riscos e custos associados ao transporte dos bens para Portugal. 3. A exponente efetua o respetivo transporte diretamente do centro logístico de Madrid para Portugal, para as instalações dos clientes, no território nacional, sendo que o mesmo é acompanhado de documentos de transporte desde o início do transporte por cada encomenda/cliente até ao seu destino final (cujos alguns exemplos são juntos pela exponente em anexo ao pedido de informação vinculativa), e que mencionam, entre outros elementos, o remetente, o destinatário, o local de início do transporte (no caso concreto em Espanha) e o local de entrega (no caso concreto em Portugal). 4. Em algumas situações, os bens são acondicionados em Lisboa, sendo distribuídos por diversos camiões, que efetuam o respetivo transporte para as instalações dos vários clientes. 5. Solicita a exponente, deste modo, esclarecimentos sobre se a cláusula de exclusão prevista na alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação se aplica ao caso "sub judice" e, por inerência, a não obrigatoriedade de comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira dos elementos dos documentos de transporte antes do início do mesmo. 6. O Regime de Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo DL n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte (DT) que devem acompanhar os bens em circulação bem como a comunicação desses elementos à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). 7. Nos termos do artigo 1.º do mencionado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado

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deverão ser acompanhados de documentos de transporte", entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes [cf. alínea b) do n.º 1 do art.º 2.º]. 8. Os DT devem ser processados de harmonia e com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do referido diploma. 9. Por sua vez, o n.º 1 do artigo 6.º determina que os documentos de transporte devem ser processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada (redação atual dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12). 10. No entanto, o citado regime exclui do âmbito da sua aplicação os bens referidos na alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º, nomeadamente os "bens respeitantes as transações intracomunitárias a que se refere o Decreto-Lei n.º 290/92, de 28 de dezembro". 11. Nestes termos, os transportes de bens objeto de aquisições ou transmissões intracomunitárias, tal como definidas no RITI, estão dispensados de ser acompanhados por um DT emitido nos termos do RBC. 12. Nos termos do disposto no artigo 3.º do RITI, considera-se aquisição intracomunitária "a obtenção do poder de dispor, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, de um bem móvel corpóreo cuja expedição ou transporte para território nacional, pelo vendedor, pelo adquirente ou por conta destes, com destino ao adquirente, tenha tido início noutro Estado membro". 13. Dispõe, ainda, o n.º 1 do artigo 8.º do referido diploma legal que "São tributáveis as aquisições intracomunitárias de bens quando o lugar de chegada da expedição ou transporte com destino ao adquirente se situe no território nacional". 14. No caso concreto, a operação descrita configura, efetivamente, uma aquisição intracomunitária dos parte dos clientes nacionais da exponente, pelo que, como já referido, os transportes relacionados com aquisições intracomunitárias ficam dispensados de ser acompanhados por um DT, assim como a consequente comunicação à AT. 15. Estando, deste modo, no caso "sub júdice", dispensada a emissão do correspondente documento de transporte, fica, igualmente, dispensada a comunicação à AT, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 3.º Regime de Bens em Circulação, que prevê que "sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se a prova da sua proveniência e destino". 16. A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento que comprove a natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cf. n.º 4 do art.º 3.º), sendo que o documento em anexo ao pedido de informação vinculativa é idóneo no sentido do cumprimento dos referidos requisitos. (Informação vinculativa, Proc. 5355, sancionada por despacho de 05/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

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11 - Bens manifestamente para uso pessoal ou doméstico do próprio (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea a) Tal como consta da alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «os bens manifestamente para uso pessoal ou doméstico do próprio». Assim sendo, não necessitam de serem acompanhados de documento de transporte, mesmo que provenham de sujeitos passivos dos referidos no artigo 2.º do Código do IVA. Contudo, e porque as entidades competentes para a sua fiscalização, sempre que tenham dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, face à sua natureza, espécie e quantidade, podem exigir prova da sua proveniência e destino, é conveniente que sejam acompanhados de qualquer documento comprovativo da sua natureza e quantidade, bem como da sua proveniência e destino (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º do RBC), evitando-se assim a apreensão provisória dos bens e do veículo que os transporta, prevista no n.º 1 do artigo 15.º do respetivo Regime.

12 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (aluguer de empilhadores, contentores, ferramentas, etc.) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Quando uma empresa, cujo objeto social é o aluguer de equipamentos (empilhadores, contentores, ferramentas, etc.) pertencentes ao seu ativo fixo tangível, efetua um contrato de aluguer de equipamentos com um cliente, para circular com os mesmos em território nacional é obrigatório emitir o documento de transporte? Os bens pertencentes ao ativo fixo tangível das empresas, estão excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, dado o disposto na alínea c) do n.º 1 do seu artigo 3.º. Daí que os mesmos não tenham que ser acompanhados de documento de transporte. No entanto, recomenda-se que sejam acompanhados de um documento, sem qualquer formalismo especial, atestando a qualidade, origem e destino dos bens transportados, para os efeitos previstos nos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do Regime. Sobre idêntica matéria, veja ainda o que se disse anteriormente com o título "Aluguer de longa duração de máquinas agrícolas (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação)".

13 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (árvores de uma Câmara Municipal, transportadas por uma empresa transportadora, para plantação na via pública) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c)

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O transporte de árvores para plantação na via pública, pertencentes a certa Câmara Municipal, feito por uma empresa transportadora, obriga à emissão e comunicação do respetivo documento de transporte? Se a empresa transportadora estiver a efetuar o transporte das árvores por conta da Câmara Municipal, no uso dos poderes de autoridade desta, como a mesma, nesta situação, não é, de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 2.º do Código do IVA, um sujeito passivo de imposto, o transporte não tem que ser acompanhado por um documento de transporte nos termos do Regime dos Bens em Circulação. Por outro lado, essas árvores são consideradas como bens do ativo fixo tangível da Câmara Municipal, pelo que, até por esse facto, mesmo que a Câmara fosse um sujeito passivo do imposto, por não estar a usar dos seus poderes de autoridade, o transporte também estava excluído do âmbito do Regime em causa, devendo nesse caso ser acompanhado tão só de qualquer documento emitido nos termos do n.º 4 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Sobre esta matéria, veja-se ainda a Informação Vinculativa, Proc. 5307, sancionada por despacho de 04/09/2013, transcrita em anotação ao artigo 4.º, com o título "Municípios (dispensa da obrigação de emitir documentos de transporte)".

14 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (associação cultural que transporta cenários, maquinas e objetos para poder executar peças de teatro) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Certa associação cultural, que exerce a atividade de "teatro", na sua atividade desloca-se para fazer espetáculos noutros teatros que não são os seus. Nessas deslocações transporta todos os cenários, maquinas e objetos para poder executar o teatro, bens estes que pertencem ao seu ativo fixo tangível. Nestas circunstâncias, os bens em causa, beneficiam da exclusão prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação? De acordo com o normativo referido, tais bens estão excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto Lei 147/2003 de 11/07. Com efeito, trata-se de bens do seu ativo fixo tangível que não necessitam de ser acompanhados de documento de transporte. No entanto, porque podem surgir dúvidas quanto à natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, devem os mesmos ser acompanhados de qualquer documento comprovativo, que pode ser uma simples declaração, se possível em papel timbrado da empresa e autenticada com carimbo (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º do RBC).

15 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (construção civil) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c)

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No caso de uma empresa de construção civil, que tem de levar para as suas obras, bens do seu ativo fixo tangível (equipamentos e ferramentas), terá que emitir algum documento de transporte para acompanhar os mesmos? Tal como consta da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/203, de 11 de julho, excluem-se do âmbito do diploma em causa os bens pertencentes ao ativo fixo tangível. O n.º 3 do mesmo diploma diz-nos que sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino. Por sua vez, o n.º 4 diz que «a prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e qualidade dos bens, sua proveniência e destino». Partindo destes normativos, entendemos que, no caso em apreciação, o sujeito passivo pode fazer acompanhar os bens do seu ativo fixo tangível que transporta (onde se incluem as ferramentas), de uma simples declaração sem qualquer formalismo especial, nela referindo que os bens transportados (que deverão ser descritos), pertencem ao seu ativo fixo tangível, evitando assim uma possível apreensão provisória, quer dos bens quer da viatura que os transporta, caso se possa concluir que os mesmos não integram a exclusão referida.

16 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Tal como consta da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito, quando em circulação, «os bens pertencentes ao ativo fixo tangível», não carecendo de serem acompanhados de documento de transporte, quer sejam transportados por aqueles a quem pertencem quer por terceiros. Para o normativo em causa interessa apenas os bens móveis (viaturas, máquinas, aparelhos, ferramentas e utensílios, moldes, cunhos e cortantes, mobiliário, artigos de conforto e decoração, etc.), que integram, segundo o Sistema de Normalização Contabilística (SNC), a conta 43 «Ativos fixos tangíveis», que a empresa utiliza na sua atividade operacional, quer sejam sua propriedade, por os ter construído ou adquirido a título oneroso ou gratuito, quer estejam em regime de locação financeira. A aplicação deste normativo exige, porém, alguma prudência, dado as medidas que podem ser adoptadas pelas entidades fiscalizadoras (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º e n.º 1 do art.º 15.º), até porque os bens só não carecem de serem acompanhados de documento de transporte desde que não tenham sido objeto de transmissão nos termos do Código do IVA, caso contrário, isto é, se eles forem objeto de transmissão onerosa ou gratuita (v.g. venda, troca, oferta, passagem para o património particular do seu titular, etc., por se encontrarem obsoletos ou qualquer outro motivo), estão, como é óbvio, sujeitos às regras gerais do Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho.

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Assim, será conveniente que tais bens sejam acompanhados de qualquer documento comprovativo da sua natureza e quantidade, bem como da sua proveniência e destino, documento esse que não carece de qualquer formalismo especial, podendo constar de uma declaração emitida pelo proprietário dos bens, se possível em papel timbrado da empresa e com o carimbo da mesma. Em alternativa, poderão ser acompanhados dos registos dos bens, elaboradas nos termos do artigo 51.º do Código do IVA, cuja redação é a seguinte: «1 - Os sujeitos passivos que possuam contabilidade organizada para efeitos de IRS ou IRC ou, nos termos do n.º 3 do artigo 50.º, são obrigados a efetuar registo dos seus bens de investimento, de forma a permitir o controlo das deduções efetuadas e das regularizações processadas. 2 - O registo a que se refere o n.º 1 deve comportar, para cada um dos bens, os seguintes elementos:

a) Data da aquisição ou da conclusão das obras em bens imóveis e do início da

utilização ou ocupação; b) Valor do imposto suportado; c) Percentagem de dedução em vigor no momento da aquisição; d) Somatório das deduções efetuadas até ao ano da conclusão das obras em bens

imóveis; e) Percentagem definitiva de dedução do ano da aquisição ou da conclusão das obras

em bens imóveis; f) Percentagem definitiva de dedução de cada um dos anos do período de

regularização. 3 - O registo a que se referem os números anteriores deve ser efetuado no prazo constante dos artigos 45.º e 48.º, contado a partir:

a) Da data da receção da fatura que certifique a aquisição; b) Da data da conclusão das obras em bens imóveis; c) Da data em que devam ser processadas as regularizações».

17 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (ferramentas pertencentes a terceiros) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Que documento de transporte deverá acompanhar os bens em circulação no caso de um sujeito passivo, enquadrado no regime normal do IVA, transportar ferramentas não pertencentes à sua empresa mas sim a um outro sujeito passivo que lhas emprestou gratuitamente, e que o mesmo irá usar pontualmente?

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De acordo com o disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bem em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do âmbito do referido diploma, os bens pertencentes ao ativo fixo tangível. No entanto, porque podem existir dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, os bens em causa devem ser acompanhados de um qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, nos termos dos n.ºs 3 e 4 do mesmo artigo 3.º. Assim, no caso em apreciação, esse documento poderá consistir numa declaração emitida pelo sujeito passivo que empresta tais bens, nela referindo que se trata de bens do seu ativo fixo tangível, que emprestou ao sujeito passivo que os transporta. De referir que o empréstimo a título gratuito dos referidos bens, é uma operação sujeita a imposto, dado o disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 4.º do Código do IVA, sendo o seu valor tributável, o valor normal do serviço, de acordo com a alínea c) do n.º 2 do artigo 16.º do mesmo diploma.

18 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (transporte para reparação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Uma empresa de reparação de bens, que vá recolher equipamentos para reparação a uma empresa cujo bem pertença ao seu ativo fixo tangível, tem que emitir um documento de transporte? Não. Em virtude do bem pertencer ao ativo fixo tangível da empresa remetente dos bens, não é necessária a emissão de documento de transporte. No entanto, pode ser necessária a prova mediante qualquer documento comprovativo da sua proveniência e destino, como seja, uma declaração da empresa proprietária do bem. (cfr. FAQ n.º 27, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação bens / Emissão)

19 - Bens pertencentes ao ativo fixo tangível (transporte depois de reparados) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Certa empresa, cuja atividade consiste na reparação e bobinagem de motores de outras empresas, vai remeter ao seu proprietário um motor que reparou nas suas instalações (da empresa reparadora), o qual faz parte do ativo fixo tangível do cliente. É obrigatório emitir documento de transporte para efeitos de circulação ou beneficia da exclusão constante da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC? A exclusão da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, apenas se aplica aos bens do ativo fixo tangível do próprio remetente ou transportador.

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Quanto aos bens pertencentes ao ativo fixo tangível de terceiros, objeto de reparação efetuada pelo remetente, deverá ser emitido documento de transporte pelo prestador de serviços, nos termos do disposto na última parte do n.º 1 do artigo 6.º do Regime. Já quando os bens são recolhidos nas instalações do seu proprietário, para serem reparados nas instalações do prestador de serviços, os mesmos não necessitam de ser acompanhados de documento de transporte, por se tratar de bens do ativo fixo tangível do seu remetente, tal como foi esclarecido através da FAQ n.º 27, transcrita na nota anterior. Todavia, mesmo para estes casos, chama-se a atenção para o disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do RBC, onde se diz que: "3 - Relativamente aos bens referidos nos números anteriores, não sujeitos à obrigatoriedade de documento de transporte nos termos do presente diploma, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino. 4 - A prova referida no número anterior pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino."

20 - Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária (cereais, provenientes de produção agrícola própria, transportados pelos agricultores á fabrica para transformação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea d) No caso de Cearas, quando a empresa agrícola faz a colheita para posteriormente ser levada á fabrica para transformação, que documento de transporte deve emitir? De acordo com o disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, estão excluídos do seu âmbito, "os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária resultantes da sua própria produção e os bens que manifestamente se destinem a essa produção, transportados pelo próprio ou por sua conta". Assim, no caso em apreciação, se os bens são transportados pelo próprio produtor ou por sua conta, não necessitam de serem acompanhados de documento de transporte, muito menos de comunicar os elementos à AT. No entanto, de acordo com os n.ºs 3 e 4 do mesmo artigo, é conveniente que os mesmos sejam acompanhados de um qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, de modo a evitar-se uma apreensão provisória nos termos do artigo 15.º do Regime em causa. Porém, quando os bens não são transportados pelo produtor nem por sua conta, é obrigatório os mesmos serem acompanhados por um documento de transporte e comunicado os seus elementos à AT, obrigações estas que, caso não sejam cumpridas pelo produtor, funciona a alternativa prevista no n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, onde se diz que a obrigação de comunicação considera-se também cumprida desde que, cumulativamente:

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a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a).

21 - Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária (empresa de viveiros que exerce uma atividade agrícola) - artigo 3.º, n.º 1, alínea d) Uma empresa de viveiros, que exerce uma atividade agrícola, está dispensada de emitir o documento de transporte para acompanhar os bens produzidos pela própria e por si transportados do local da sua produção até aos seus armazéns? De acordo com o disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a situação em causa está excluída da emissão do documento de transporte, uma vez que se trata de bens produzidos pela própria empresa e por si transportados ou por sua conta. Contudo, também aqui lembramos que relativamente aos bens não sujeitos à obrigatoriedade de documento de transporte nos termos do presente diploma, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, as entidades fiscalizadoras podem exigir prova da sua proveniência e destino, prova essa que pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º do RBC).

22 - Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária (transporte de bovinos pelo produtor dos mesmos) - artigo 3.º, n.º 1, alínea d) Um empresário em nome individual, com a atividade de "Comércio a retalho de carne", que cria bovinos para venda no seu próprio estabelecimento (talho), quando transporta os animais para o local de abate, está obrigado a emitir as respetivas guias de transporte e a comunicar os seus elementos à AT? Nos termos do disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, não há obrigação da emissão de documento de transporte relativamente aos bens provenientes de produção pecuária quando o transporte é efetuado pelo próprio produtor ou por sua conta.

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Não obstante a aplicação da referida dispensa de emissão de documento de transporte com os formalismos que o regime exige quando tal emissão é obrigatória, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da circulação destes bens, as autoridades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, podem exigir prova da sua proveniência, e destino, a qual deve consubstanciar-se em qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º do RBC). Sobre esta matéria veja-se o que consta da Informação Vinculativa, Proc. 5369, sancionada por despacho de 20/08/2013, mais à frente transcrita, em anotação ao artigo 3.º, com o título "Vitelos transportados por conta dos proprietários dos mesmos, produtores de pecuária (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação)". Quanto ao transporte dos animais, depois de abatidos, para o estabelecimento de comercialização, veja-se o que se diz, em anotação ao artigo 4.º, com o título "Matadouros (emissão e comunicação dos documentos de transporte)".

23 - Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária (transportados pelo produtor ou por sua conta para o seu armazém, para a cooperativa, para um adquirente ou para venda numa feira) - artigo 3.º, n.º 1, alínea d) De acordo com a alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária resultantes da sua própria produção e os bens que manifestamente se destinem a essa produção, transportados pelo próprio ou por sua conta», e por isso dispensados de serem acompanhados do documento de transporte a que se refere o artigo 1.º do mesmo Regime. Note-se que para que tal exclusão se verifique é necessário que estejam reunidos, simultaneamente, dois requisitos: - que os produtos resultem de produção própria, e - que os mesmos sejam transportados pelo próprio produtor ou por sua conta. Consequentemente, se um agricultor transportar bens que produziu na sua exploração para o seu armazém, ou para um local de venda (feira, por ex.) ou for entregar os bens por si produzido à cooperativa ou a um armazenista que os adquiriu, não tem que emitir um documento de transporte. Já assim não é quando os respetivos produtos sejam transportados em veículos pertencentes a indivíduos ou empresas que os tenham adquirido aos produtores, mesmo que se trate de produtos agrícolas, apícolas, silvícolas de aquicultura ou pecuários, os quais terão de ser acompanhados do competente documento de transporte, não se aplicando, em tais circunstâncias, a exclusão prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do diploma em causa. Imagine-se, por exemplo, a seguinte situação: Certa empresa de madeiras, ou de produção de papel ou outra similar, procedeu ao corte e aquisição de árvores no terreno

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florestal do produtor silvícola, seu proprietário, cujos toros vai transportar para as sua instalações. Neste caso, a empresa adquirente necessita de um documento de transporte para acompanhar esses bens, do local de corte até às suas instalações. Esta obrigatoriedade existe porque a madeira não está a ser transportada pelo produtor silvícola, ou por um terceiro por sua conta, mas pelo sujeito passivo adquirente, agora proprietário dos bens. Nestes casos, o n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, quando o transporte dos bens, referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, prevê uma forma alternativa de emissão e comunicação à AT dos elementos do documento de transporte dos bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária resultante da sua própria produção, que funciona como exceção à regra, já que a obrigação de comunicação se considera também cumprida, desde que, cumulativamente: a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a).

Como se depreende, no documento de transporte emitido em papel tipográfico pelo adquirente dos bens, o remetente e o adquirente são o mesmo. No entanto, deve-se mencionar o número de identificação fiscal (NIF) do produtor como elemento adicional. Tal exclusão, prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, com a nova redação dada a tal normativo pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, também se aplica quando se trate do transporte de bens do armazém do produtor para a sua exploração. Por exemplo, se um produtor agrícola transportar adubos, sementes, fertilizantes ou outros produtos do seu armazém para a sua exploração. O mesmo não se aplica quando o agricultor transporta produtos depois de os transformar. É o caso, por exemplo, dos vinhos e seus derivados, compotas e outros produtos que, embora tenham sido por si produzidos, sofreram transformação antes de serem colocados no mercado. Nestes casos, para os bens circularem em território nacional, necessitam de serem acompanhados do documento de transporte processado nos termos do respetivo regime. Porém, não se considera transformação a simples lavagem, desinfeção e embalamento. Nestes casos, o transporte dos bens, quando efetuado pelo produtor ou por sua conta, está excluído do âmbito do Regime dos Bens em Circulação.

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Finalmente lembramos que, mesmo observando-se os requisitos para a exclusão, há que ter em atenção ao disposto no n.º 3 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, onde se diz que «relativamente aos bens referidos nos números anteriores, não sujeitos à obrigatoriedade de documento de transporte nos termos do presente diploma, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino». Esta prova, tal como consta do n.º 4 do artigo 3.º do RBC, pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. Caso se trate do transporte de animais para o matadouro, feito pelo sujeito passivo que exerce a atividade de pecuária, ou por sua conta, pode servir como meio de prova as guias da Direção Geral Veterinária, que acompanham os animais do produtor ao matadouro.

24 - Bens provenientes de retalhistas, que se destinem a consumidores finais - artigo 3.º, n.º 1, alínea b) Segundo a alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito, «os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a consumidores finais que previamente os tenham adquirido, com exceção dos materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas elétricas, máquinas ou aparelhos recetores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, quando transportados em veículos de mercadorias». Desta alínea concluímos que, para se verificar a exclusão do âmbito do diploma em causa, torna-se necessário que estejam reunidos, simultaneamente, três condicionalismos: 1.º - Que os bens sejam provenientes de sujeitos passivos que exerçam a atividade de comércio a retalho, quer estejam enquadrados, para efeitos de IVA, no Regime Normal, quer no Regime Especial de Isenção (art.º 53.º) ou no Regime Especial dos Pequenos Retalhistas (art.º 60.º); 2.º - Que os bens se destinem a consumidores finais que os não destinem ao exercício de uma atividade comercial, industrial ou profissional; 3.º - Que não se trate de materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas elétricas, máquinas ou aparelhos recetores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, quando transportados em veículos de mercadorias, ligeiros ou pesados (a).

(a) - Definição de veículo automóvel

Automóvel é o veículo com motor de propulsão, dotado de pelo menos quatro rodas, com tara superior a 550 kg, cuja velocidade máxima é, por construção, superior a 25 km/h, e que se destina, pela sua função, a transitar na via pública, sem sujeição a carris. (artigo 105.º do Código da Estada) Definição de veículos automóveis ligeiros de mercadorias

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Consideram-se automóveis ligeiros de mercadorias, os veículos com peso bruto igual ou inferior a 3500 kg e com lotação não superior a nove lugares, incluindo o do condutor, que se destinam ao transporte de carga. [cfr. alínea a) do n.º 1 e alínea b) do n.º 2 do artigo 106.º do Código da Estada] Definição de veículos automóveis pesados de mercadorias Consideram-se automóveis pesados de mercadorias, os veículos com peso bruto superior a 3500 kg ou com lotação superior a nove lugares, incluindo o do condutor, que se destinam ao transporte de carga. [cfr. alínea b) dos n.ºs 1 e 2 do artigo 106.º do Código da Estada]

Caso se trate de materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas elétricas, máquinas ou aparelhos recetores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, transportados em veículos de mercadorias, ligeiros ou pesados, mesmo que provenientes de retalhistas, em virtude da exceção, terão que ser acompanhados de dois exemplares do documento de transporte, a que se refere o artigo 1.º, com observância de todos os requisitos impostos pelos artigos 4.º, 5.º, 6 e 8.º do Regime dos Bens em Circulação. A razão para a exceção à exclusão deve-se, segundo cremos, à simples presunção de que, nessas circunstâncias, tais bens não se destinam a meros consumidores finais, mas sim a sujeitos passivos que exercem atividades de natureza comercial, industrial ou profissional. No entanto, se aqueles bens forem transportados em outros tipos de veículos, v.g. veículos automóveis ligeiros de passageiros, viaturas de tração animal, etc., os mesmos beneficiam da exclusão do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, por se não aplicar, em tais circunstâncias, a exceção prevista na segunda parte da alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º, e por isso não é obrigatório serem acompanhados de documento de transporte. Contudo tenha-se presente que, relativamente aos bens excluídos do Regime dos Bens em Circulação, a que se refere o Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, sempre que as entidades fiscalizadoras detetem indícios da prática de infração criminal, podem exigir prova da sua proveniência ou destino, a qual deve ser imediatamente feita, sob pena de se proceder à imediata apreensão provisória dos bens e do veículo que os transporte (cfr. n.º 3 do art.º 3.º e n.º 1 do art.º 15.º do RBC). Talvez não seja descabido lembrar também aqui que, mesmo existindo uma exclusão das regras impostas pelo Regime dos Bens em Circulação, existido uma transmissão de bens, o retalhista é obrigado a emitir uma fatura, nos termos do artigo 36.º do Código do IVA, ou uma fatura simplificada, nos termos do n.º 1 do artigo 40.º do mesmo diploma, que pode atestar a natureza, proveniência e o destino desses bens, ainda que não se trate de um documento de transporte emitido nos termos do Regime em causa.

25 - Bens que circulem por motivo de mudança de instalações do sujeito passivo (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 2, alínea d) Segundo o disposto na alínea d) do n.º 2 do artigo 3.º, do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «os bens que circulem por motivo de mudança de instalações do sujeito

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passivo, desde que o facto e a data da sua realização sejam comunicados às direções de finanças dos distritos do itinerário, com pelo menos oito dias úteis de antecedência, devendo neste caso o transportador fazer-se acompanhar de cópia dessas comunicações». Assim sendo, sempre que o itinerário compreenda mais de um distrito, é necessário que a comunicação se faça, com pelo menos 8 dias úteis de antecedência, a todas as direções de finanças dos distritos por onde vão passar os bens. O transportador deve, pois, fazer-se acompanhar da cópia, ou cópias, dessas comunicações, ou de qualquer outro documento de transporte válido como tal. Consequentemente, quando os bens façam parte do património empresarial de sujeitos passivos considerados como tal para efeitos do Código do IVA, relativamente aos quais não se observe os condicionalismos estabelecidos (a comunicação não foi feita, ou sendo-o, não foi respeitado o prazo mínimo estabelecido, ou o transportador não se faz acompanhar da cópia, ou cópias, da respetiva comunicação), porque sujeitos às regras de circulação impostas pelo regime em causa, tais bens ficam sujeitos às consequências da falta de acompanhamento do respetivo documento de transporte (coima e apreensão dos bens e do veículo que os transporta), de que são responsáveis, simultaneamente, o remetente e o transportador. Por sua vez, o transporte de bens pertencentes a pessoas singulares, que embora registadas como sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, que não façam parte do seu património empresarial, mas sim do seu património particular, se for necessário, por qualquer motivo, circular em território nacional, não necessitam de ser acompanhados do documento de transporte. Não obstante, pode a AT, ou qualquer das entidades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do Regime dos Bens em Circulação, exigir prova da sua proveniência ou destino sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da respetiva circulação, pelo que se recomenda que tais bens sejam acompanhados do documento a que alude o n.º 4 do artigo 3.º do RBC, ou seja, qualquer documento comprovativo da sua natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. Da mesma forma, o transporte de bens por motivo de mudança de instalações efetuadas por particulares (não sujeitos passivos para efeitos de IVA), ainda que sejam contratados transportadores, fica igualmente excluído da obrigação de emissão de documento de transporte nos termos do Regime dos Bens em Circulação. Contudo, para evitar possíveis contratempos, também aqui é aconselhável que exista um documento sem qualquer formalismo a atestar a natureza, proveniência e destino desses bens.

26 - Bens respeitantes a transações com países ou territórios terceiros (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 2, alínea c) Tal como consta da na alínea c) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «os bens respeitantes a transações com países ou territórios terceiros quando em circulação em território nacional sempre que sujeitos a um destino aduaneiro,

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designadamente os regimes de trânsito e de exportação, nos termos do Regulamento (CEE) n.º 2913/92, do Conselho, de 12 de outubro». Para efeitos das disposições relativas ao Código do IVA, entende-se por: «País terceiro» um país não pertencente à Comunidade, incluindo os seguintes territórios de Estados membros da Comunidade: - Ilha de Helgoland e território de Busingen, da República Federal da Alemanha, - Ceuta e Melilha, do Reino de Espanha, - Livigno, Campione d'Itália e águas nacionais do lago de Lugano, da República Italiana. [cfr. alínea c) do n.º 2 do art.º 1.º do CIVA, com a redação dada pelo Dec. Lei n.º 102/2008, de 20/6] «Território terceiro» os seguintes territórios de Estados membros da Comunidade, os quais, salvo disposição especial, são tratados como países terceiros: - Ilhas Canárias, do Reino de Espanha, - Departamentos ultramarinos da República Francesa, - Monte Atos, da República Helénica (Grécia), - Ilhas Anglo-Normandas do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, - Ilhas Aland, da República da Finlândia. [cfr. alínea d) do nº 2 do art.º 1º do CIVA] No termo "transações", compreende-se as importações e as exportações de bens.

27 - Bens respeitantes a transações intracomunitárias (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 2, alínea b) O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. Determina o artigo 1.º do citado Regime que "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma". Contudo, bens há que estão excluídos deste regime, o que significa que a sua circulação não implica a obrigatoriedade de serem acompanhados de documentos de transporte. Estão nestas condições os bens que constam dos n.ºs 1 e 2 do artigo 3.º do citado Regime, nomeadamente os bens respeitantes a transações intracomunitárias. De acordo com o disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º referido, estão excluídos do seu âmbito «os bens respeitantes a transações a que se refere o Decreto-Lei n.º 290/92, de 28 de dezembro», ou seja, aquisições e transmissões intracomunitárias.

28 - Brindes para oferecer a clientes (documento de transporte) - artigo 3.º, n.º 1, alínea e)

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Certo sujeito passivo presta serviços por conta própria a uma empresa que consistem em fazer demonstrações e oferecer, por conta dessa empresa, brindes aos clientes da mesma, de acordo com os prémios de quantidade atribuídos, brindes esses que recebe da empresa para esse efeito. O transporte destes brindes está sujeito às regras do Regime dos Bens em Circulação? De acordo com o artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma», entendo-se como tal, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, a fatura, a guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. Contudo, a alínea e) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, diz que são excluídos do regime, as amostras destinadas a ofertas de pequeno valor e o material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda, pelo que o seu transporte não terá que ser acompanhado de documento de transporte. No entanto, nos termos dos n.ºs 3 e 4 do mesmo artigo 3.º, porque podem surgir dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino, prova essa que pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. No caso em apreciação, o referido documento poderá consistir numa declaração da empresa, por conta de quem os brindes são oferecidos, feita em papel, preferencialmente timbrado, e devidamente assinada por pessoa responsável, de modo a que não surjam dúvidas às entidades fiscalizadoras de indícios da prática de infração criminal, evitando-se assim uma apreensão provisória nos termos do artigo 15.º do RBC. Se os brindes em questão não constarem de ofertas de pequeno valor e de material de propaganda, em conformidade com os usos comerciais, mas de ofertas de bens que se possam destinar a venda, deve o seu transporte ser acompanhado de documento de transporte, cujos elementos devem ser comunicados à AT, antes do seu início, nos termos dos n.ºs 5 e seguintes do artigo 5.º do citado Regime dos Bens em Circulação. Nesse caso, deve ser emitido num documento para cada destinatário dos bens, uma vez que os mesmos já são conhecidos no início do transporte.

29 - Contentores que fazem parte do ativo fixo tangível da empresa que os transporta e coloca numa fábrica para recolha de desperdícios de plástico - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação.

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1. O sujeito passivo requerente encontra-se registado em IVA com o CAE 22292 - Fabricação de outros artigos de plástico, N.E., enquadrado no regime normal mensal. 2. Transporta contentores vazios até às instalações dos seus fornecedores (fábricas de plásticos e outras), onde permanecem alguns dias, para que eles coloquem os desperdícios nos mesmos, após o que efetua o transporte dos mesmos, já carregados com os desperdícios, até às suas instalações. 3. Neste transporte, das instalações dos seus fornecedores até às do requerente, no qual os contentores carregam os desperdícios, elabora os respetivos documentos de transporte, guias de remessa ou faturas. 4. Contudo, no transporte inicial dos contentores (vazios), entre as suas instalações e as dos seus fornecedores, não elabora qualquer documento de transporte. Suscitando-lhe dúvidas acerca deste procedimento, vem solicitar informação, no sentido de ser apurado se este transporte dos contentores vazios deve ser acompanhado de documentos de transporte, e, em caso afirmativo, se devem ser previamente comunicados à Administração Tributária e Aduaneira (AT). 5. O Regime de bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA (RBC) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, tendo posteriormente sido alterado pelo Decreto-Lei n.º 238/2006, de 20 de dezembro, pela Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, e pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, tendo sido republicado em anexo a este último normativo legal. Mais recentemente, a Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro (OE 2013), introduziu alterações aos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 8.º, 10.º e 11.º daquele Regime. 6. Refere o artigo 1.º do RBC que "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma.". 7. Consideram-se documentos de transporte, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. 8. Excluem-se do âmbito deste diploma, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, os bens pertencentes ao ativo fixo tangível dos sujeitos passivos. 9. Da análise à situação exposta, verifica-se que os contentores em causa são bens que não vão ser transacionados entre o sujeito passivo requerente e qualquer seu cliente, mas sim bens pertencentes ao seu ativo fixo tangível. 10. Deste modo, o transporte dos mesmos para as instalações dos seus fornecedores, para que eles lá coloquem os desperdícios, não se encontra abrangido pela obrigação de ser acompanhado de documentos de transporte. 11. Contudo, apesar desses contentores estarem excluídos do âmbito deste diploma, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, torna-se conveniente que sejam acompanhados de um documento que comprove a natureza e quantidade dos mesmos, e bem assim a sua proveniência e destino, conforme dispõe o n.º 4 do mesmo artigo 3.º.

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(Informação vinculativa, Proc. 5282, sancionada por despacho de 08/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

30 - Exportação de bens (documento de transporte) - artigo 3.º, n.º 2, alínea c) O transporte de bens que se destinam à exportação estão abrangidos pela obrigação da emissão do documento de transporte constante do RBC? Tal como consta da alínea c) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «encontram-se ainda excluídos do âmbito do presente diploma os bens respeitantes a transações com países ou territórios terceiros quando em circulação em território nacional sempre que sujeitos a um destino aduaneiro, designadamente os regimes de trânsito e exportação, nos termos do Regulamento (CEE) n.º 2913/92, do Conselho, de 12 de outubro». Também através da FAQ n.º 15, disponível no Portal das Finanças em e.fatura, Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão, à pergunta em questão, foi respondido que «o transporte de bens que se destinam à exportação não estão abrangidos pela obrigação de emissão do documento de transporte, desde que os bens sejam sujeitos a um destino aduaneiro, designadamente os regimes de trânsito e exportação, nos termos do Regulamento (CEE) n.º 2913/92, do Conselho, de 12 de outubro». Fora destas situações, tais bens, para circularem em território nacional, não beneficiam de tal derrogação, pelo que terão de ser acompanhados do respetivo documento de transporte, a que se refere o artigo 1.º, emitido com todos os requisitos legais, e os seus elementos serem comunicados à AT antes do início do transporte. Nas situações em que seja obrigatório a emissão do documento de transporte, lembramos que na lei atual não existe disposição igual ou idêntica à que constava do n.º 3 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 45/89, de 11 de fevereiro, onde se dizia que «tratando-se de bens destinados a ser exportados por via rodoviária, o documento de transporte referido no n.º 1 poderia ser substituído pelo documento exigido pela legislação aduaneira ou pela declaração de expedição internacional (CMR) desde que obedecesse ao disposto no n.º 1 do artigo 1.º.» Tal dispositivo permitia, pois, que a declaração de expedição internacional (CMR) substituísse o documento de transporte quando se tratasse da exportação de bens por via rodoviária. Como a lei atual não tem disposição idêntica, o documento de transporte (fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes), não pode agora ser substituído pela declaração de expedição internacional (CMR).

31 - Ferramentas que fazem parte do ativo fixo tangível (documento de transporte) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c)

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As ferramentas que pertençam ao ativo imobilizado (ativo fixo tangível), quando circulam entre as instalações do sujeito passivo e as obras onde vão ser utilizadas, devem ser acompanhadas de documento de transporte? Quanto aos bens em circulação que fazem parte do ativo imobilizado (nomeadamente as ferramentas), não carecem de acompanhamento de documento de transporte, uma vez que estão excluídos do âmbito do Regime de Bens em Circulação, conforme alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º, podendo no entanto ser exigida prova da sua proveniência e destino, a qual poderá ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo dessa proveniência e destino (n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º). (n.º 11 da Informação vinculativa, Proc. F254 2006040, sancionada por despacho de 17/07/2006, do SDG, em substituição do Diretor-Geral)

32 - Filmes e material publicitário destinados a exibição e exposição nas salas de espetáculos cinematográficos - artigo 3.º, n.º 1, alínea f) Tal como consta da alínea f) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito, e por isso dispensados de serem acompanhados do documento de transporte a que se refere o artigo 1.º do mesmo Regime, «os filmes e material publicitário destinados à exibição e exposição nas salas de espetáculos cinematográficos, quando para o efeito tenham sido enviados pelas empresas distribuidoras, devendo estas fazer constar de forma apropriada nas embalagens o respetivo conteúdo e a sua identificação fiscal». Consequentemente, somente estão excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, os filmes e material publicitário, quando, simultaneamente, se verifiquem reunidos os seguintes condicionalismos: - os filmes e o material publicitário em causa se destinem à exibição e exposição nas

salas de espetáculos cinematográficos: - para tal efeito, tenham sido enviados pelas empresas distribuidoras; - as empresas distribuidoras façam constar, nas embalagens, de forma apropriada, o

respetivo conteúdo e a sua identificação fiscal. Assim sendo, não estão abrangidos pela exclusão em causa, os filmes e o material publicitário quando da sua devolução por parte das empresas exibidoras às empresas distribuidoras, nem tão pouco quando do seu envio por parte das empresas produtoras (estúdios) às empresas distribuidoras, situações estas que, por tal motivo (os filmes e o material publicitário) deverão, quando da sua circulação, ser acompanhados do respetivo documento de transporte a que se refere o artigo 1.º, com todos os requisitos exigidos pelo regime dos bens em circulação.

33 - Garrafas vazias para recolha de água para análise laboratorial - artigo 3.º, n.º 1, alínea h)

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Certo sujeito passivo tem necessidade de efetuar o transporte de garrafas vazias para recolha de água para análise laboratorial. Necessita de emitir guia de transporte para circular com as mesmas? Caso as garrafas em causa sejam bens do ativo imobilizado (ativo fixo tangível) ou taras, o seu transporte está dispensado de emissão de documento de transporte, ao abrigo, respetivamente, da alínea c) ou da alínea h) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação. No entanto é conveniente que estes bens sejam acompanhados por um documento sem qualquer formalismo que ateste a referida natureza, a sua proveniência e destino, por força do disposto n.º 3 do artigo 3.º do RBC, de modo a evitar a aplicação do n.º 1 do artigo 15.º do regime em causa, onde se diz que quando as entidades fiscalizadoras detetem indícios da prática de infração criminal, podem exigir prova da sua proveniência ou destino, a qual deve ser imediatamente feita, sob pena de se proceder à imediata apreensão provisória dos mesmo e do veículo transportador, nos termos do artigo 16.º.

34 - Importação de bens (conceito) - artigo 3.º, n.º 2, alínea c) O conceito de importação de bens consta do artigo 5.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA), onde se diz que: «1 - Considera-se importação a entrada em território nacional de: a) Bens originários ou procedentes de países terceiros e que não se encontrem em livre

prática ou que tenham sido colocados em livre prática no âmbito de acordos de união aduaneira;

b) Bens procedentes de territórios terceiros e que se encontrem em livre prática. 2 - Todavia, sempre que os bens sejam colocados, desde a sua entrada em território nacional, sob um dos regimes previstos nos n.ºs I) a IV) da alínea b) do n.º 1 do artigo 15.º, sob o regime de importação temporária com isenção total de direitos, sob o regime de trânsito externo ou sob o procedimento de trânsito comunitário interno, a importação só se verifica quando forem introduzidos no consumo».

35 - Leite adquirido aos produtores por uma cooperativa - artigo 3.º, n.º 1, alínea d) Como devem proceder, em termos do Regime dos Bens em Circulação, os produtores de leite que o entregam e vendem a uma Cooperativa sendo esta a efetuar a recolha e o transporte diário do mesmo? Se fosse o produtor a recolher e transportar o leite da sua exploração para a Cooperativa, o produtor beneficiava da exclusão do documento de transporte nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, onde se diz que «excluem-se do âmbito do presente diploma os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária resultantes da sua própria produção, transportados pelo próprio ou por sua conta».

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Como é a Cooperativa que procede à recolha e transporte do leite, normalmente a pequenos agricultores em zonas isolados, para estes casos foi criada uma alternativa às regras do Regime dos Bens em Circulação, que consta do n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4, onde se diz que «em caso de transporte dos bens referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do regime dos bens em circulação, que não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, a obrigação de comunicação considera-se também cumprida, desde que, cumulativamente: a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a)».

Neste documento de transporte, o remetente e o adquirente são a mesma pessoa, ou seja a Cooperativa, no entanto deve constar também do mesmo o NIF do produtor como elemento adicional.

36 - Material para demonstração (documento de transporte) - artigo 3.º, n.º 1, alínea e) Que documento uma empresa deve levar quando vai fazer demonstrações a clientes de certos bens que comercializa? Lembramos que os bens que transporta não se destinam a venda, mas apenas a serem utilizados na demonstração. De acordo com o disposto na alínea e) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do âmbito do referido diploma, os bens dos mostruários entregues aos pracistas e viajantes, que, inequivocamente, não se destinem a venda. Ou seja, o seu transporte não tem que ser acompanhado de documento de transporte. No entanto, porque podem surgir dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino, que pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º do RBC).

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Ou seja, basta que os bens sejam acompanhados de uma simples declaração da empresa, de preferência emitida em papel timbrado, assinada por pessoa responsável e autenticada com carimbo, confirmando a natureza dos bens transportados.

37 - Mostruários entregues aos pracistas e viajantes (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea e) 1. A requerente, refere que "(...) prestamos serviços de promoção e demonstração de produtos dos nossos clientes, maioritariamente em supermercados e hipermercados, atividade para a qual necessitamos de transportar nas nossas viaturas materiais promocionais, tais como brindes, amostras e materiais de degustação em tudo semelhantes ou mesmo iguais aos produtos comercializados nessas superfícies comerciais". 2. Solicita informação vinculativa relativamente aos documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 3. O Regime de Bens em Circulação, adiante abreviadamente designado por RBC, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 4. Determina o artigo 1.º do citado regime, que "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma", entendo-se como tal, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC (...) a fatura, a guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes". 5. A obrigatoriedade de processamento do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens. Efetivamente, conforme determina a alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, "Consideram-se bens em circulação, todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado". 6. Os referidos documentos de transporte, de acordo com o n.º 1 do artigo 6.º do RBC, devem ser emitidos pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA) e pelos detentores dos bens, antes do inicio da sua circulação e, devem obedecer aos requisitos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do citado regime. 7. No entanto, o citado diploma exclui do âmbito da sua aplicação, os bens referidos, da alínea e) do n.º 1 do artigo 3.º, nomeadamente "Os bens dos mostruários entregues aos pracistas e viajantes, as amostras destinadas a ofertas de pequeno valor e o material

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de propaganda, em conformidade com os usos comerciais e que, inequivocamente, não se destinem a venda". 8. Contudo, nos termos do n.º 3 do mesmo artigo 3.º, apesar de os referidos bens estarem excluídos do âmbito de aplicação do RBC, "sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino". A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento que comprove a natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (n. 4 do art.º 3.º do RBC). (Informação vinculativa, Proc. 5445, sancionada por despacho de 06/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

38 - Obras de arte, v. g. pinturas, esculturas e peças decorativas, de museus públicos e privados (transporte para exposição ao público, bem como ferragens destinadas à montagem da exposição) - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. I - DO PEDIDO 1. O requerente exerce a atividade de "transportes rodoviários de mercadorias" - CAE 49 410, estando enquadrado, para efeitos de IVA, no regime normal, periodicidade mensal. 2. No âmbito da sua atividade presta serviços de transporte de obras de arte, como sejam pinturas, esculturas e peças decorativas, ao Estado Português, a museus públicos e privados, bem como a fundações, institutos e particulares. 3. As referidas obras de arte não são transacionadas, apenas se destinam a exposição ao público. 4. O requerente com vista à organização das exposições transporta, ainda, material de embalagem (caixas de madeira, cartão, papel-bolha e ferramentas) que é de sua propriedade. 5. O sujeito passivo pretende ver esclarecidas as seguintes situações: a) As obras de arte transportadas, tais como pinturas, esculturas e peças decorativas, que

são propriedade dos seus clientes e que não são objeto de qualquer transmissão jurídica, estão abrangidas pelo Regime de Bens em Circulação?

b) As obras de arte transportadas, que são propriedade do Estado ou de Institutos

Públicos, tais como museus, estão também sujeitas ao Regime de Bens em Circulação?

c) Em caso afirmativo, qual o procedimento que deve ser adoptado pelos proprietários

das obras de arte transportados? d) Os materiais de embalagem, que são propriedade da requerente, enquadram-se no

disposto na alínea h), do n.º 1, do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 147/2003, estando excluídos do âmbito de aplicação do referido diploma?

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e) As ferramentas, que são propriedade da requerente e que são por si utilizadas para

montagem de feiras e exposições, estão abrangidas pela alínea c), do n.º 1, do artigo 3.º do 147/2013, estando também excluídas do âmbito de aplicação do referido diploma?"

II - ENQUADRAMENTO 6. O regime de bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA (doravante também designado RBC), aprovado em anexo ao Decreto-Lei 147/2003, de 11 de julho, conforme resulta do seu artigo 1.º, aplica-se a todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado. 7. Ou seja, para que o Regime de Bens em Circulação seja aplicável torna-se necessário que os bens - considerando-se como tais os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.o do Código do IVA: (i) se encontrem em circulação; e (ii) sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado. 8. Desta forma, sempre que os bens que se encontrem em circulação sejam propriedade de particulares, não há lugar à aplicação do regime em referência. 9. No entanto, mesmo os bens objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto que se encontrem em circulação, podem estar excluídos do âmbito de aplicação do regime em referência. Nesse sentido, o artigo 3.º do RBC vem elencar os bens em circulação que, embora nas condições previstas no artigo 1.º do RBC, estão, ainda assim, fora do âmbito de aplicação deste regime e, em consequência, não estão obrigados a ser acompanhados do respetivo documento de transporte. 10. Estão, entre outros, na situação descrita no ponto anterior, os bens pertencentes ao ativo fixo tangível dos sujeitos passivos, conforme resulta do artigo 3.º, n.º 1, alínea c) do RBC. 11. Assim, as obras de arte referidas pela requerente que, conforme mencionado, não se destinam a transmissão, não estão incluídas no âmbito de aplicação do regime de bens em circulação, por aplicação do artigo 3.º n.º 1 alínea c) do RBC. 12. E, do mesmo modo, as ferragens que são propriedade da requerente, fazendo parte do seu ativo fixo tangível, estão fora do âmbito de aplicação deste diploma. 13. Sucede que, embora os bens excluídos do âmbito de aplicação do regime de bens em circulação não tenham de ser acompanhados de documento de transporte, o n.º 3 do artigo 3.º do RBC determina que, quando existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode ser exigida a prova da proveniência ou destino dos bens. 14. Na verdade, apesar de não ser aplicável o regime em referência, os proprietários dos bens ou os seus transportadores, por razões cautelares, devem estar em condições de fazer prova da proveniência e destino dos bens.

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15. Finalmente, no que respeita aos materiais de embalagem, entendendo-se como tal os objetos destinados a conter ou acondicionar as mercadorias ou produtos, quer sejam exclusivamente para uso interno da empresa, quer sejam embalagens retornáveis com aptidão para utilização continuada, nos termos do artigo 3.º, n.º 1, alínea h) do RBC, também não se encontram no âmbito de aplicação deste regime, pelo que, como já referido no ponto 13 desta informação, apenas têm de acautelar os casos em que, havendo dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, seja necessário fazer prova da sua proveniência e destino. III - CONCLUSÃO 16. O Regime de Bens em Circulação apenas se aplica quando os bens, susceptíveis de ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA: i) se encontrem em circulação; e ii) sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado. 17. O artigo 3.º do mesmo diploma elenca os bens que se encontram excluídos deste regime. 18. As obras de arte (pinturas, esculturas e peças decorativas), bem como as ferragens destinadas à montagem da exposição, fazendo parte do ativo fixo tangível do sujeito passivo, estão, nos termos do artigo 3.º n.º 1 alínea c) do RBC, excluídas do âmbito de aplicação deste diploma. 19. As embalagens retornáveis estão, de acordo com o artigo 3.º n.º 1 alínea h) do RBC, fora do âmbito de aplicação do regime de bens em circulação. (Informação vinculativa, Proc. 5378, sancionada por despacho de 11/09/2013 do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

39 - Pão saído dos postos de venda a retalho (para venda ao domicílio a consumidores finais) - artigo 3.º, n.º 1, alínea b) O pão e os produtos de idêntica natureza, tais como gressinos, pães de leite, regueifas e tostas, quando saído dos postos de venda a retalho para distribuição ao domicílio, beneficia da dispensa do acompanhamento do documento de transporte, ao abrigo da alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação? Nestes casos, quando o vendedor inicia o transporte do pão, entendemos que não se pode dizer que os seus destinatários ou adquirentes sejas consumidores finais, uma vez que os mesmos são desconhecidos na altura do início do transporte. Logo, não podem beneficiar do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, cuja redação diz que "excluem-se do âmbito do presente diploma os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a consumidores finais que previamente os tenham adquirido (...)". Em tais situações há que observar o disposto no n.º 6 do artigo 4.º do regime em causa, devendo o documento de transporte, quando o destinatário ou os bens a entregar em cada destino não sejam conhecidos na altura da saída dos bens dos locais referidos no n.º 2 do

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artigo 2.º, ser processado globalmente, nos termos referidos nos artigos 4, 5.º, 6 e 8.º, e impresso em papel e em triplicado, devendo o original e o duplicado acompanhar os bens em circulação. Os seus elementos deverão ser comunicados à AT antes do início do transporte, nos termos gerais do Regime. Quando da entrega efetiva dos bens, em obediência ao disposto na alínea a) do n.º 6 do citado artigo 4.º do RBC, deve ser processado novo documento, acessório do documento inicial global, também impresso em papel, mas agora em duplicado, que pode ser uma fatura (ou uma fatura simplificada nas situações em que tal seja possível de acordo com o n.º 1 do artigo 40.º do CIVA), utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens, devendo fazer-se sempre referência ao respetivo documento global, de acordo com o disposto no n.º 7 do referido artigo 4.º. Quanto à comunicação dos elementos constantes dos documentos acessórios do documento inicial global, os mesmos são comunicados à AT por inserção no Portal das Finanças até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. (cfr. n.º 11 do art.º 4.º do RBC). Ter em atenção que, no caso dos documentos acessórios do documento inicial global, mesmo que a empresa tenha tido, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, um volume de negócios igual ou inferior a € 100.000,00, neste caso não beneficia da dispensa de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação a que o sujeito passivo fica obrigado é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma. Se o documento acessório de um documento inicial global, de entrega parcial de bens, for uma fatura emitida por um sistema de faturação certificado pela AT, nos termos da Portaria n.º 363/2010 de 23/6, fica dispensado da comunicação, até ao 5.º dia útil seguinte ao da emissão, prevista no n.º 11 do artigo 4.º do Decreto-Lei 147/2003 de 11/07. Contudo, estas faturas deverão ser comunicadas à AT até ao dia 25 do mês seguinte ao da sua emissão, em cumprimento do disposto no artigo 3.º do Decreto-Lei 198/2012 de 24/08". Ao concluir, não deixamos de referir que caso os destinatários do pão sejam consumidores finais previamente conhecidos e as quantidades a entregar estejam devidamente definidas, o seu transporte, quando os bens são provenientes de retalhistas, não necessita de ser acompanhado de documento de transporte. Com já antes se disse, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, excluem-se do âmbito do regime, os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a consumidores finais que previamente os tenham adquirido. Contudo, nestes casos, deve ser tido em consideração que, de acordo com o disposto nos n.ºs 3 e 4 do mesmo artigo 3.º, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, as entidades fiscalizadoras podem exigir prova da sua proveniência e destino, prova essa que pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. Sobre esta matéria, ver ainda o que se diz em anotação ao artigo 4.º com o título "Pão saído da fábrica (para venda porta a porta a consumidores finais e a sujeitos passivos)".

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40 - Pneus pertencentes ao ativo imobilizado das empresas, enviados para recauchutagem - artigo 3.º, n.º 1, alínea c) Os pneus, pertencentes ao ativo imobilizado (ativo fixo tangível) das empresas que os enviam às empresas de recauchutagem, para estas os recauchutarem e posteriormente devolverem às empresas donas dos mesmos, beneficiam do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º, do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho? Os bens em causa, fazendo parte do ativo fixo tangível das empresas que os remetem às empresas de recauchutagem, não se destinando a qualquer transferência, quer onerosa quer gratuita, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, destinando-se apenas a serem objeto de uma prestação de serviços e posteriormente devolvidos às empresas donas dos mesmos, beneficiam da exclusão do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, ao abrigo da sua alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º. No entanto, para obviar a dúvidas dos agentes fiscalizadores e a incómodos desnecessários com a sua possível apreensão e dos veículos que os transportam, poderá ser emitido um qualquer documento comprovativo da sua natureza e quantidade, sua proveniência e destino (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º do RBC). Ter em atenção que, no n.º 1 do artigo 15.º do RBC, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12, se diz agora que «quando, em relação aos bens encontrados em circulação nos termos dos artigos 1.º e 3.º, as entidades fiscalizadoras detetem indícios da prática de infração criminal, podem exigir prova da sua proveniência ou destino, a qual deve ser imediatamente feita, sob pena de se proceder à imediata apreensão provisória dos mesmo e do veículo transportador, nos termos do artigo 16.º». No caso dos pneus serem adquiridos (a título oneroso ou gratuito) pelas empresas de recauchutagem, para serem recauchutados e posteriormente vendidos por estas a terceiros, apesar de sofrerem a mesma transformação industrial que na situação anterior, é obrigatória a emissão de documento de transporte, obedecendo aos requisitos do diploma em questão, por nesse caso se tratar de bens objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA.

41 - Prestação de serviços de reboque de viaturas (pronto socorro) - artigo 3.º, n.º 1, alínea g) Tenho como atividade a "prestação de serviços de reboque de veículos (pronto socorro)" e estou obrigado à emissão de faturas através de programa de faturação certificado. No que diz respeito aos documentos de transporte, como se trata de prestação de serviços, estou obrigado à emissão de documento de transporte? De acordo com o disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do

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âmbito do referido diploma, os veículos automóveis, tal como se encontram definidos no Código da Estrada, com matrícula definitiva. Também através da FAQ n.º 30, disponível no Portal das Finanças, em e-fatura / Documentos de transporte / Emissão, à questão: As empresas de pronto socorro estão abrangidas por este regime de bens em circulação? Foi respondido: Não, relativamente às viaturas transportadas, desde que estas possuam matrícula definitiva. Assim sendo, desde que os veículos transportados já tenham matrícula definitiva, o seu transporte não terá que ser acompanhado de documento de transporte. Se, eventualmente, assegurar o transporte de veículos que ainda não possuam matrícula definitiva, terá que exigir ao seu remetente, o original e o duplicado do documento de transporte ou, sendo caso disso, o código de identificação do documento de transporte referido no n.º 7 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 7.º do mesmo diploma.

42 - Produtos sujeitos a impostos especiais de consumo (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação, quando circularem em regime suspensivo) - artigo 3.º, n.º 2, alínea a) De acordo com o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «os produtos sujeitos a impostos especiais de consumo, tal como são definidos no artigo 4.º do Código dos Impostos Especiais de Consumo, publicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 566/99, de 22 de dezembro, quando circularem em regime suspensivo nos termos desse mesmo Código». O Código dos Impostos Especiais de Consumo (CIEC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 566/99, de 22/12, está revogado pelo n.º 1 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 73/2010, de 21/6, diploma este que aprovou o novo Código dos Impostos Especiais de Consumo (CIEC). A redação que constava do artigo 4.º do anterior CIEC consta agora do artigo 5.º do novo CIEC. É o artigo 1.º do atual Código dos Impostos Especial de Consumo que nos diz quais os produtos sujeitos ao imposto em causa, ou seja:

a) O álcool etílico, bem como as bebidas alcoólicas, a que se refere o artigo 66.º do

CIEC; b) Os produtos petrolíferos e energéticos, a que se refere o artigo 88.º do CIEC;

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c) O tabaco manufaturado, a que se refere o artigo 101.º do CIEC. Lembramos que tais produtos estão excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação apenas quando circulem em regime suspensivo, cujas regras gerais de circulação constam do artigo 35.º e dos artigos seguinte do Código dos Impostos Especiais de Consumo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 73/2010, de 21 de junho. Esta dispensa decorre por esses bens estarem incluídos num documento de acompanhamento (DA), para efeitos de controlo aduaneiro. Aquele artigo 35.º, com o título "Regime geral da circulação", tem a seguinte redação: «1 - A circulação de produtos sujeitos a impostos especiais de consumo, em regime de suspensão do imposto, efetua-se de um entreposto fiscal para:

a) Outro entreposto fiscal; b) Um destinatário registado; c) Um dos destinatários isentos previstos no n.º 1 do artigo 6.º, se os produtos forem

expedidos de outro Estado membro; d) A estância aduaneira de saída do território da Comunidade.

2 - A circulação de produtos sujeitos a impostos especiais de consumo, em regime de suspensão do imposto, efetua-se ainda de um local de importação, por um expedidor registado, para:

a) Um entrepostos fiscal; b) Um destinatário registado, se os produtos forem expedidos do Estado membro de

importação; c) Um dos destinatários isentos previstos no n.º 1 do artigo 6.º, se os produtos forem

expedidos do Estado membro de importação.

3 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, são permitidas operações de circulação em regime de suspensão do imposto no território nacional que envolvam a contentorização ou mudança do meio de transporte, desde que se realizem em armazéns de exportação, devidamente autorizados pela estância aduaneira competente. 4 - Nos casos referidos na alínea a) do n.º 1 e na alínea a) do n.º 2, os produtos sujeitos a impostos especiais de consumo podem circular em regime de suspensão do imposto para um local de entrega direta designado pelo depositário autorizado e situado em território nacional». Por sua vez, o artigo 36.º do mesmo Código, com o título "Formalidades da circulação", diz-nos que: «1 - A circulação de produtos sujeitos a impostos especiais de consumo, em regime de suspensão do imposto, é efetuada a coberto de um documento administrativo eletrónico.

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2 - O documento administrativo eletrónico é processado por transmissão eletrónica de dados, devendo ser apresentado, para efeitos de validação, com a antecedência máxima de sete dias relativamente à data de expedição nele indicada, através do sistema informatizado estabelecido pela Decisão n.º 1152/2003/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de junho, relativo á informatização dos movimentos e dos controlos dos produtos sujeitos a impostos especiais de consumo. 3 - Após a validação do documento administrativo eletrónico, o sistema informatizado atribui o respetivo código de referência administrativo. 4 - A circulação referida no n.º 1 deve ser acompanhada pela versão impressa do documento administrativo eletrónico ou por qualquer outro documento comercial que mencione, de forma claramente identificável, o código de referência administrativo». Fora destas situações, a circulação de tais produtos, entre diferentes pontos do território nacional, está sujeita às regras de circulação impostas pelo Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, e por isso terão de ser acompanhados do respetivo documento de transporte.

43 - Prova da proveniência e destino dos bens em circulação (documento comprovativo) - artigo 3.º, n.ºs 3 e 4 Não sendo exigível um documento de transporte nos termos do Regime dos Bens em Circulação, como justificar os bens transportados? Nos casos em que não é obrigatória a emissão de um documento de transporte, pode ser solicitada a prova da proveniência e destino dos bens. Tal prova pode ser feita mediante a apresentação de um documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, da sua proveniência e destino. (cfr. FAQ n.º 16, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documento de Transporte / Circulação de bens / Emissão) NOTA: Relativamente aos bens referidos nos n.ºs 1 e 2 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, não sujeitos à obrigatoriedade de documento de transporte, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, as entidades fiscalizadoras podem exigir prova da sua proveniência e destino (cfr. n.º 3 do artigo 3.º). Tal prova, de acordo com o n.º 4 do artigo 3.º do RBC, pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, documento esse que não necessita de obedecer aos requisitos exigidos nos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 8.º e 10.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, isto é: a) Não necessita de ser impresso tipograficamente. b) Na hipótese de ser impresso tipograficamente:

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- não é necessário que seja numa tipografia autorizada para o efeito, nem que conste do mesmo a designação, sede e número de identificação fiscal de tal tipografia;

- a sua aquisição não necessita de ser feita através de requisição. - a tipografia que o imprimir não necessita de comunicar à AT os elementos de

identificação dos adquirentes. c) Não necessita de ser processado em triplicado, bastando um único exemplar. d) Não necessita de ser numerado. É, por isso, um documento vulgaríssimo, que pode ser feito em papel timbrado ou não, do qual é apenas obrigatório constar, a natureza (qualidade), quantidade, proveniência (nome, firma ou denominação social e a sede ou domicílio e NIF do fornecedor) e destino (nome, firma ou denominação social e a sede ou domicílio e NIF do destinatário ou adquirente) dos bens. Ter em atenção que se não for apresentado qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, caso as entidades fiscalizadoras detetem indícios da prática de infração criminal, podem exigir prova da sua proveniência ou destino, a qual deve ser imediatamente feita, sob pena de se proceder à imediata apreensão provisória dos mesmo e do veículo transportador, nos termos do artigo 16.º (cfr. n.º 1 do art.º 15.º do RBC com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12). Se a prova exigida no n.º 1 do artigo 15.º não for feita de imediato ou não for efetuada dentro de cinco dias úteis, a apreensão provisória converter-se-á em definitiva, passando a observar-se o disposto no artigo 17.º (cfr. n.º 3 do art.º 15.º do RBC). Atente-se que se os veículos que transportarem os bens estiverem afetos aos transportes públicos regulares de passageiros ou mercadorias ou afetos a empresas concessionárias a prestarem o mesmo serviço por conta daqueles, apenas poderão ser apreendidos os bens, nunca os veículos (cfr. parte final do n.º 1 do art.º 14.º do RBC). Já se os veículos que transportam os bens estiverem afetos ao transporte público ocasional rodoviário de mercadorias, tal impedimento não se verifica, pelo que, nesse caso, será de apreender não só os bens mas também os veículos que os transportam.

44 - Resíduos hospitalares (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alíneas i) e j) I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária ("LGT"), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, e alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto (e que veio a ser, já posteriormente, objeto de novas alterações, introduzidas pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 71/2013 de 30 de maio), sobre:

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(i) a possibilidade de exclusão da aplicação deste diploma legal, no que concerne ao transporte de resíduos hospitalares, com vista ao seu tratamento/eliminação;

(ii) a possibilidade de a Requerente se sub-rogar, nos termos do artigo 17.º da Lei Geral

Tributária (LGT), na posição dos seus clientes (sujeitos passivos do Imposto sobre o Valor Acrescentado), na emissão de documentos de transporte, e, ainda, na comunicação prévia à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Pretendendo assumir, portanto, as obrigações acessórias, de índole declarativo, decorrentes do disposto no artigo 5.º do RBC.

II - Análise 1. Confinando-nos à matéria exposta pela Requerente, importa realçar que o Despacho 242/96, datado de 13 de agosto de 1996, procedeu a uma classificação, por grupos, dos denominados "resíduos hospitalares", i.e., resíduos provenientes da prestação de cuidados de saúde a seres humanos, incluindo as atividades médicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e investigação. 2. De acordo com esta classificação grupal (vide pontos 2.1. e ss. do supra mencionado Despacho 242/96, de 13 de agosto, do Ministério da Saúde), os resíduos hospitalares são destrinçados do seguinte modo: a) Grupo I - Resíduos equiparados a urbanos, i.e., aqueles que não apresentam

exigências especiais de tratamento. Contêm-se neste grupo: (i) resíduos provenientes de serviços gerais (como gabinetes, salas de reunião, salas de convívio, instalações sanitárias, vestiários, etc.); (ii) resíduos provenientes de serviços de apoio, como seja o caso de oficinas, jardins, armazéns e outros; (iii) embalagens e invólucros comuns, como seja o caso do papel, cartão, mangas mistas e outros de idêntica natureza; (iv) resíduos provenientes da hotelaria, resultantes da confeção e restos de alimentos servidos a clientes (desde que não incluídos no Grupo III). Realce-se que, de acordo com o ponto 2 do supra referido despacho ministerial, estes resíduos são considerados como não perigosos.

b) Grupo II - Resíduos hospitalares não perigosos, i.e., aqueles que não estão sujeitos a tratamento específico, podendo ser equiparados a urbanos. Incluem-se neste grupo: (i) material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas não contaminados e sem vestígios de sangue; (ii) fraldas e resguardos descartáveis, não contaminados e sem vestígios de sangue;

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(iii) material de proteção individual, utilizado nos serviços gerais e de apoio, com exceção do utilizado na recolha de resíduos; (iv) embalagens vazias de medicamentos, ou de outros produtos de uso clínico comum (com exceção dos incluídos no Grupo III e Grupo IV); (v) frascos de soro não contaminado (com exceção dos do Grupo IV).

c) Grupo III - Resíduos hospitalares de risco biológico, i.e., aqueles que se encontram contaminados, ou suspeitos de contaminação, e que devem ser sujeitos a incineração, ou outro pré-tratamento eficaz, permitindo posterior eliminação como resíduo urbano. Insere-se neste grupo: (i) todos os resíduos provenientes de quartos ou enfermarias de doentes infeciosos ou suspeitos, de unidades de hemodiálise, de blocos operatórios, de salas de tratamento, de salas de autópsia e de anatomia patológica, de patologia clínica e de laboratórios de investigação (com exceção dos do Grupo IV); (ii) todo o material utilizado em diálise; (iii) peças anatómicas não identificáveis; (iv) resíduos que resultam da administração de sangue e derivados; (v) sistemas utilizados na administração de soros e medicamentos (com exceção dos do Grupo IV); (vi) sacos coletores de fluidos orgânicos e respetivos sistemas; (vii) material ortopédico: talas, gessos e ligaduras gessadas contaminados ou com vestígios de sangue; (viii) material de proteção individual utilizado em cuidados de saúde e serviços de apoio geral, em que haja contacto com produtos contaminados: luvas, máscaras, aventais e/ou outros. Realce-se que, de acordo com o ponto 2 do supra referido despacho ministerial, estes resíduos devem ser considerados como perigosos.

d) Grupo IV - Resíduos hospitalares específicos, i.e., de incineração obrigatória. Incluem-se neste grupo: (i) peças anatómicas identificáveis, fetos e placentas; (ii) cadáveres de animais de experiência laboratorial; (iii) materiais cortantes e perfurantes: agulhas, cateteres, e todo o material invasivo; (iv) produtos químicos e fármacos rejeitados, quando não sujeitos a legislação especifica;

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(v) citostáticos e todo o material utilizado na sua manipulação e administração. Sublinhe-se que, de acordo com o ponto 2 do supra referido despacho ministerial, estes resíduos devem ser considerados como perigosos.

3. Antes de nos pronunciarmos, em concreto, sobre o enquadramento jurídico-tributário a providenciar, por referência a cada uma destas tipologias de resíduos hospitalares, importa, antes de mais, referir que, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 4. Assim sendo, deve-se considerar como excluído do âmbito de aplicação do RBC, o transporte de resíduos hospitalares, que, por imposição legal, sejam, exclusivamente, destinados a operações de valorização/incineração/depósito em aterros. 5. Visto que estes bens acabam, na prática, por não poderem ser objeto de transações comerciais (pelo menos até à fase posterior à respetiva valorização/pré-tratamento). 6. Por seu turno, importa, ainda, destacar a existência de um conjunto de resíduos hospitalares que, nos termos do supra referido despacho ministerial, se consideram equiparados a resíduos urbanos. Impondo-se, portanto, a necessidade de aquilatar da sua eventual sujeição ao RBC, atendendo-se ao preceituado na alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º deste mesmo regime legal. 7. Assim, consubstanciando-nos no que queda supra exposto, e avançando-se sequencialmente, tendo por base a tipologia de grupos de resíduos hospitalares, prevista no Despacho n.º 242/96, do Ministério da Saúde, datado de 13 de agosto de 1996, temos que: a) Os resíduos referidos no Grupo I, supra, são objeto de equiparação a resíduos

urbanos, i.e., resíduos domésticos ou outros resíduos semelhantes, em razão da sua natureza ou composição, nomeadamente os provenientes do setor de serviços, ou de estabelecimentos comerciais ou industriais, e de unidades prestadoras de cuidados de saúde, desde que, em qualquer dos casos, a produção diária não exceda 1100 l, por produtor (vide alínea d) do art. 3.º do Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de setembro). Pelo que, na eventualidade de se tratarem de resíduos sólidos urbanos, i.e., quaisquer substâncias ou objetos, passíveis de serem considerados como resíduos urbanos, com consistência predominantemente sólida, de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou obrigação de se desfazer, e que se encontrem previstos na Lista Europeia de Resíduos (vide Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio, e Portaria n.º 209/2004, de 3 de março), o transporte dos mesmos deve ser excluído de sujeição às obrigações acessórias, de índole declarativo, impostas pelo RBC, nos termos da alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º deste mesmo regime legal.

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Não obstante, pode, neste caso, a AT, ou qualquer das entidades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, exigir prova da proveniência de destino, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da respetiva circulação. Esta prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC).

b) Os resíduos referidos no Grupo II supra, podem ser equiparados a resíduos urbanos. A assim suceder, e desde que se tratem de resíduos sólidos urbanos (na aceção supra referida), beneficiam, os mesmos, da exclusão de sujeição, prevista na alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC.

c) O transporte dos resíduos referidos no Grupo III encontra-se excluído da

aplicabilidade do RBC, já que este tipo de bens, destinando-se, em exclusivo, a incineração/pré-tratamento, não é suscetível de transmissão, na aceção providenciada pelo n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC.

d) Por seu turno, o transporte de resíduos, previstos no Grupo III, que se efetive num

momento posterior à respetiva incineração/tratamento, é passível de beneficiar da exclusão prevista na alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, desde que, nesta fase, estes bens possam ser considerado como resíduos sólidos urbanos.

e) No que concerne os resíduos do Grupo IV, afigura-se que os mesmos não são,

igualmente, suscetíveis de serem subsumíveis no conceito de bens transmissíveis, providenciado pelo n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. Assim sendo, o respetivo transporte não deve ficar sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC.

8. Confirma-se, assim, não existir, no que concerne ao transporte, a efetivar pela Requerente, das várias tipologias de resíduos hospitalares, previstas no Despacho n.º 242/96, do Ministério da Saúde, de 13 de agosto de 1996, a obrigatoriedade de o mesmo se conformar com as obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 9. Algo que, aliás, vai de encontro com o conteúdo normativo do artigo 21.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho), bem como com a Portaria n.º 335/97, de 16 de maio, que estatui a obrigatoriedade de o transporte dos resíduos perigosos, i.e., resíduos elencados no Grupo III e IV do referido despacho ministerial, se fazer obrigatoriamente acompanhar da denominada guia de acompanhamento de resíduos ("GAR"). Ou seja, o fundamento que subjaz à não sujeição ao Regime dos RBC, no que se refere aos resíduos considerados perigosos, é o facto de os mesmos possuírem, já, um procedimento legal, assente na emissão de um documento específico de transporte, sem o qual os bens não podem circular. Mostrando-se, portanto, incipiente pretender-se sujeitar, o transporte deste tipo de bens, à emissão de outro tipo de documentos, i.e., documentos de transporte previstos no RBC, que legitimassem/titulassem a sua circulação.

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10. Consequencialmente, e face a tudo quanto queda exposto, resulta, por seu turno, ficar prejudicada a segunda questão suscitada pela Requerente, i.e., a possibilidade de a Requerente se sub-rogar, nos termos do artigo 17.º da Lei Geral Tributária ("LGT"), na posição dos seus clientes (sujeitos passivos do Imposto sobre o Valor Acrescentado), na emissão de documentos de transporte, e, ainda, na comunicação prévia à AT. 11. De facto, não existindo sujeição ao RBC, afigura-se irrelevante a possibilidade de a Requerente sub-rogar-se aos seus clientes, no cumprimento das obrigações legais, impostas por aquele regime. 12. Contudo, e a título meramente incidental, cumpre referir que o transporte de bens, que fiquem sujeitos ao RBC, i.e., bens transacionáveis, que venham a encontrar-se fora dos respetivos locais de produção, por efeito de transmissão onerosa, ou para serem incorporados em prestações de serviços; inexiste, em termos sistemáticos, qualquer normativo legal que possa fundamentar a possibilidade de a entidade transportadora se substituir, aos respetivos clientes, no cumprimento das obrigações acessórias, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 13. De facto, a obrigação de emissão do correspondente documento de transporte, e da sua eventual comunicação à AT (nos casos em que não exista dispensa de comunicação, nos termos do n.º 10.º do artigo 5.º do RBC), incumbe sempre aos detentores dos bens (vide n.º 6 do art.º 5.º e n.º 1 do art.º 6.º, ambos do RBC, e n.º 1 do art.º 2.º da Portaria 161/2013, de 23 de abril). 14. Ficando o transportador apenas vinculado ao dever de exigir, dos remetentes, o original do documento de transporte, e respetivo duplicado, ou o código de identificação do documento (vide n.º 7 do art.º 5.º e n.º 1 do art.º 7.º, ambos do RBC). 15. Não sendo, sequer, possível pretender-se recorrer ao regime da gestão de negócios, consignado no art.º 17.º da Lei Geral Tributária ("LGT"). De facto, o instituto da gestão de negócios prescreve que a pessoa aja "com animus negotia aliena ferendi ou seja, quando assume a direção de negócio alheio e no interesse e por conta dessa pessoa, sem, todavia, estar para tanto autorizada (art.º 464.º do Código Civil)" - in LUÍS MANUEL TELES DE MENEZES FALCÃO, A Responsabilidade do gestor perante o dono do negócio no Direito Civil Português, publicado em Ciência e Técnica Fiscal, n.º 364, página 7. 16. Mostrando-se que o cumprimento das obrigações acessórias/declarativas, impostas pelo RBC, iria concretizar-se com o assentimento/autorização dos clientes da Requerente, verificar-se-ia, por incumprido, o principal dos requisitos do instituto jurídico-normativo da gestão de negócios, i.e., uma atuação, em prol do dono do negócio, mas sem que este tivesse assentido, previamente, na atuação do gestor. III - Conclusão 17. Os resíduos referidos no Grupo I do Despacho n.º 242/96, de 13 de agosto de 1996, emitido pelo Gabinete da Ministra, do Ministério da Saúde, são objeto de equiparação a resíduos urbanos. Pelo que, e em decorrência, e desde que se tratem de resíduos sólidos urbanos, o transporte dos mesmos deve ser excluído de sujeição ao RBC, nos termos da alínea i) do n.º 1 do art.º 3.º deste mesmo regime legal.

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Não obstante, pode a AT, ou qualquer das entidades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, exigir prova da sua proveniência ou destino, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da respetiva circulação. A qual pode consistir na guia de acompanhamento de resíduos, prevista no n.º 1 do artigo 6.º da Portaria n.º 335/97, de 16 de maio. 18. Os resíduos referidos no Grupo II, do referido despacho ministerial, podem ser equiparados a resíduos urbanos. A assim suceder, e desde que se tratem de resíduos sólidos urbanos, deve, o transporte dos mesmos, considerar-se excluído de sujeição ao regime legal instituído pelo RBC, nos termos e para os efeitos indicados no ponto anterior. 19. O transporte dos resíduos referidos no Grupo III, do referido despacho ministerial, fica excluído do âmbito de aplicação do RBC, em virtude de os mesmos não se conformarem com o conceito de bens transmissíveis, previsto no n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. 20. O transporte de resíduos, previstos no Grupo III, que se efetive num momento posterior à respetiva incineração/tratamento, é passível de beneficiar da exclusão prevista na alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, desde que, nesta fase, estes bens possam ser considerado como resíduos sólidos urbanos. 21. O transporte dos bens previstos/elencados no Grupo IV, do supra referido despacho ministerial, encontra-se excluído do âmbito de aplicação do RBC, em virtude de os mesmos não se conformarem com o conceito de bens transmissíveis, previsto no n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. (Informação vinculativa, Proc. n.º 5110, por despacho de 2013/07/22, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral) NOTA: Já depois de prestada a presente Informação Vinculativa, a Lei n.º 83-C/2013, de 31/12 (OE para 2014), aditou a alínea j) ao n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, com a seguinte redação: 1 - Excluem-se do âmbito do presente diploma: j) Os resíduos hospitalares sujeitos a guia de acompanhamento nos termos do artigo

21.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 173/2008, de 26 de agosto, pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro, e pelos Decretos-Leis n.ºs 183/2009, de 10 de agosto, e 73/2011, de 17 de junho.

45 - Resíduos resultantes da poda das árvores, feita pelos agricultores ou silvicultores (bens provenientes da produção agrícola ou silvícola) - artigo 3.º, n.º 1, alínea d) Os resíduos resultantes da poda das árvore feita pelos agricultores ou silvicultores poderão considerar-se resíduo sólido urbano, e como tal excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação?

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De acordo com o disposto na alínea dd) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, diploma este que estabelece o regime geral da gestão de resíduos, entende-se por «Resíduo urbano» o resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja semelhante ao resíduo proveniente de habitações. Consequentemente, os resíduos resultantes da poda das árvores feita pelos agricultores ou silvicultores, não são considerados resíduos sólidos urbanos. Contudo, porque se trata de bens provenientes de produtores agrícolas ou silvícolas, resultantes da sua própria produção, quando transportados pelo próprio ou por sua conta, entendemos que beneficia da exclusão constante da alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, não sendo por isso necessário a emissão e comunicação do respetivo documento de transporte.

46 - Resíduos sólidos urbanos provenientes das recolhas efetuadas pelas entidades competentes ou por empresas a prestar o mesmo serviço (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea i) Tal como consta da alínea i) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «os resíduos sólidos urbanos provenientes das recolhas efetuadas pelas entidades competentes ou por empresas a prestar o mesmo serviço». As regras a que está sujeita a gestão de resíduos, nomeadamente a sua recolha, transporte, armazenagem, tratamento, valorização e eliminação, por forma a não constituir perigo ou causar prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente, estão previstas no Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. Em tal diploma não encontramos a definição de "resíduos sólidos urbanos", encontramos sim, na alínea dd) do seu artigo 3.º, a definição de "resíduos urbanos", onde se diz que: «Para efeitos do disposto no presente decreto-lei, entende-se por «Resíduo urbano» o resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja semelhante ao resíduo proveniente de habitações». Por sua vez, a alínea u) do mesmo diploma dá-nos a seguinte definição de "resíduo": Para efeitos do disposto no presente decreto-lei, entende-se por «Resíduo» qualquer substância ou objeto de que o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se desfazer, nomeadamente os identificados na Lista Europeia de Resíduos, ou ainda os identificados nas diversas subalíneas da alínea citada.

47 - Taras e embalagens retornáveis (conceito) - artigo 3.º, n.º 1, alínea h)

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O Regime dos Bens em Circulação, no seu artigo 3.º, n.º 1, alínea h), exclui do âmbito do mesmo, o transporte dos bens "taras e embalagens" que sejam retornáveis, não impondo aquela disposição legal nenhuma outra condição, apenas que se trate de taras e embalagens retornáveis. "Taras e embalagens retornáveis" são as que não sendo transacionadas são devolvidas aos respetivos proprietários e que se destinam a conter ou acondicionar as mercadorias ou produtos, quer sejam exclusivamente para uso interno da empresa, quer sejam embalagens retornáveis com aptidão para utilização continuada. (cfr. n.ºs 27 e 28 da Informação Vinculativa, Proc. 5440, com despacho de 23/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

48 - Taras e embalagens retornáveis (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea h) Segundo o disposto na alínea h) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «as taras e embalagens retornáveis», e por isso dispensados de serem acompanhados do documento de transporte a que se refere o artigo 1.º do mesmo Regime. Trata-se de bens (v.g. paletes, grades, caixas, garrafas de gás, etc.) em que existe acordo com os clientes para a sua devolução, que servem para facilitar a movimentação e o transporte de uma série de unidades de venda ou embalagens grupadas, a fim de evitar danos físicos durante a movimentação e o transporte. Para efeitos do Código do IVA, as taras e embalagens retornáveis devem nas faturas ser objeto de indicação separada e com menção expressa de que foi acordada a sua devolução [cfr. parte final da alínea b) do n.º 5 do artigo 36.º do CIVA]. Nesse caso, o valor das mesmas será excluído do valor tributável [cfr. alínea b) do n.º 6 do artigo 16.º do CIVA]. São faturadas aos clientes somente quando estes não as restituem à empresa no prazo estipulado. Não confundir, porém, com as embalagens (objetos envolventes ou recipientes) indispensáveis ao acondicionamento e transação das mercadorias e dos produtos vendidos, que se destinem, desde logo, a ser faturadas, embora possam ser susceptíveis de devolução, e o valor das mesmas deve fazer parte do valor tributável da operação.

49 - Taras e embalagens retornáveis (paletes) - artigo 3.º, n.º 1, alínea h) Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. Descrição dos factos

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1. A questão colocada consubstancia-se em saber se o transporte de paletes nas condições descritas, pode estar excluído da aplicação do Regime de Bens em Circulação, em especial, no que concerne à obrigação de comunicação dos elementos dos documentos de transporte. 2. A requerente, sucursal em Portugal da sociedade X de direito espanhol, tem por objeto social principal o aluguer e gestão de paletes utilizadas para distribuição física de materiais. 3. Está integrada, por intermédio da casa mãe, numa das empresas do grupo, líder mundial no negócio do aluguer e gestão de paletes e contentores, gerindo em Portugal um complexo sistema de aluguer de mais de 4 milhões de paletes, utilizado pelos fornecedores e produtores no transporte de um variado leque de produtos de consumo. 4. As paletes que utiliza na sua atividade são propriedade de uma sociedade de cúpula do grupo, com sede na Bélgica e que as cede às entidades operacionais do grupo, incluindo a requerente, a título de aluguer, mediante o pagamento de renda. 5. Para garantir a expedição e recolha contínuas das paletes, mantém uma relação comercial com empresas transportadoras (cerca de 5 em Portugal), as quais realizam o transporte diário de milhões de paletes em todo o país. 6. Aliada à vasta e complexa rede de transporte, mantém um intricado e sempre atualizado sistema informático de contabilização das entradas e saídas de paletes dos seus armazéns, bem como dos locais autorizados de descarga e recolha. 7. Paralelamente emite guias de entrega e de recolha para cada transporte de paletes, contendo todos os elementos exigidos no artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, fazendo especial menção ao facto da operação não comportar a transferência da propriedade das paletes. 8. Em adição ao documento justificativo do transporte, que indica a quantidade dos bens transportados bem como o local de entrega, emite tantas guias de entrega quantos os pontos autorizados de descarga para os quais se dirige numa só deslocação, ficando cada cliente com uma cópia da guia de entrega correspondente à sua encomenda. 9. Aquando da recolha das paletes junto dos distribuidores ou, por vezes, junto do próprio cliente, emite guias de recolha, indicando como número de paletes a recolher o que consta do sistema . Se o número de paletes recolhidas for diferente do que consta no sistema informático, as guias de recolha são retificadas. 10. Na base do sistema de pool da requerente está o contrato de aluguer, comprometendo-se a colocar à disposição dos seus clientes um determinado número de paletes, assumindo o encargo da sua posterior recolha. 11. No contrato, as partes ressalvam que ao longo da cadeia de distribuição, recolha, reparação e redistribuição das paletes a propriedade sobre o equipamento nunca é transferida para a esfera do cliente. 12. Em contrapartida, os clientes da requerente assumem a obrigação de:

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i) informar a requerente sobre todas a transações e movimentos do equipamento, para um ponto de distribuição autorizado ou para um terceiro; ii) permitir o acesso às suas diversas localizações, mediante solicitação prévia; iii) cumprir os procedimentos da standard da requerente; iv) proporcionar previsões referentes à utilização do equipamento, caso seja solicitado; e v) estar informado sobre a localização do equipamento, em qualquer momento, enquanto este estiver alugado, sendo responsável por eventuais danos que este possa sofrer, exceptuando o normal desgaste do equipamento.

13. O preço de aluguer diário como os custos de envio e outros encargos adicionais são faturados mensalmente pela requerente, com liquidação do IVA à taxa legal de 23%, nos termos do artigo 36.º do Código do IVA, sendo contabilizados pela requerente como rendimentos de prestação de serviços. Proposta de enquadramento 14. Estando em causa o transporte de paletes utilizado pelos fornecedores e produtores como alternativa mais ecológica e económica ao uso das caixas em cartão ou a outras caixas não reutilizáveis no transporte dos seus produtos até junto dos seus distribuidores (maioritariamente retalhistas), a requerente entende que se deve aplicar a exclusão de aplicação do Regime de Bens em Circulação prevista no artigo 3.º, n.º 1, alínea h), relativa a "taras e embalagens retornáveis". 15. Entende que se trata de uma situação em tudo idêntica à disponibilização aos clientes de "embalagens retornáveis", com a única particularidade de ser cobrado um preço, de cálculo diário, referindo que, por este facto, procedeu "à cautela" à liquidação de IVA no aluguer das suas paletes. 16. O transporte dos referidos bens não deve estar sujeito ao RBC, em especial no que concerne à obrigatoriedade de comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira dos elementos dos documentos de transporte, cujo cumprimento se afigura impraticável. 17. Não obstante, em cumprimento do n.º 3 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a requerente compromete-se a disponibilizar, sempre que for solicitado um extrato do seu registo interno de entradas e saídas de paletes, do qual se poderá extrair:

i) a natureza e quantidade dos bens transportados, ii) a hora e local de saída dos camiões que transportam as paletes e, bem assim, iii) a hora e local de chegada dos mesmos camiões ao cliente.

Enquadramento legal 18. O Regime de Bens em Circulação (RBC), aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de

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agosto e posteriormente alterado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 19. Conforme determina o artigo 1.º do citado regime, todos os bens em circulação em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado devem ser acompanhados de documentos de transporte. 20. Estão sujeitos ao RBC, os bens que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto Sobre o Valor Acrescentado, isto é, os que sejam susceptíveis de transferência onerosa por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 21. Não obstante, o RBC contempla no artigo 3.º, n.º 1, alíneas a) a i), as situações excluídas do âmbito do mesmo, referindo nomeadamente, no que ao caso concerne, a alínea h) " As taras e embalagens retornáveis". 22. A citada disposição legal compreende os "bens" que se destinam a conter ou acondicionar as mercadorias facilitando a movimentação e o seu transporte para que não se danifiquem estando por sua vez condicionados a acordo do qual resulte a obrigação da sua devolução. 23. A este respeito importa referir que, quando se trate de embalagens não efetivamente transacionadas, devem nas faturas ser objeto de indicação separada com a menção expressa de que foi acordada a sua devolução, conforme artigo 36.º n.º 5 alínea b) do Código do IVA (CIVA). 24. Por sua vez, o artigo 16.º, n.º 6 alínea d) do referido Código exclui do valor tributável as quantias respeitantes a embalagens, desde que as mesmas não tenham sido efetivamente transacionadas e da fatura constem os elementos referidos na citada alínea do artigo 36.º. 25. Da conjugação do disposto na alínea d) do n.º 6 do artigo 16.º e na alínea b) do n.º 5 do artigo 36.º, ambos do CIVA, resultam os seguintes procedimentos a ter no que respeita à tributação das taras e embalagens recuperáveis:

i) As importâncias recebidas a título de caução de depósito, aquando da entrega das embalagens, não são consideradas no cálculo do valor tributável na condição de:

- O fornecedor não as ter efetivamente transacionado, isto é, não as considere transmitidas e, em consequência, não releve contabilisticamente tal operação como transmissão ou adiantamento; - Na fatura, essas quantias serem objeto de uma indicação separada, a mencionar expressamente de que foi acordada a devolução das embalagens. A ausência de retorno das embalagens do cliente nos prazos e nas condições acordadas determina que se considerem efetivamente transmitidas e, como tal, tributadas.

ii) O fornecedor liquida IVA sobre as importâncias recebidas dos clientes pela entrega das embalagens, como se se tratasse de uma transmissão efetiva. Como é

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evidente, nesta situação não se torna exigível qualquer menção na fatura de que foi acordada a sua devolução. A restituição ao cliente das importâncias recebidas a título de caução das embalagens, no momento em que forem devolvidas (no todo ou em parte), originará a correspondente retificação do imposto anteriormente liquidado, efetuada nos termos do artigo 78.º, n.º 3 do CIVA.

26. Conforme se infere das citadas normas, as mesmas abrangem as embalagens que acondicionam a mercadoria que está a ser transacionada definindo as regras sobre a sua (das embalagens) não tributação em sede de IVA. 27. Por outro lado o RBC, no seu artigo 3.º, n.º 1, alínea h), pretende excluir do âmbito do mesmo, o transporte dos bens "taras e embalagens" que sejam retornáveis, não impondo aquela disposição legal nenhuma outra condição, apenas que se trate de taras e embalagens retornáveis. 28. Importa, assim, referir que "taras e embalagens retornáveis" são as que não sendo transacionadas são devolvidas aos respetivos proprietários e que se destinam a conter ou acondicionar as mercadorias ou produtos, quer sejam exclusivamente para uso interno da empresa, quer sejam embalagens retornáveis com aptidão para utilização continuada. 29. No caso exposto, está em causa o transporte de "paletes" que a requerente aluga no âmbito da sua atividade. As mesmas são propriedade de uma sociedade do grupo, com sede na Bélgica, que por sua vez as cede à requerente, a título de aluguer, mediante o pagamento de uma renda. 30. Não obstante a disponibilização do referido equipamento ao cliente por parte da requerente, as partes salvaguardam expressamente numa das clausulas do contrato de aluguer que ao longo da cadeia de distribuição, recolha, reparação e redistribuição das paletes, a propriedade sobre o equipamento nunca é transferida para a esfera do cliente, não se verificando qualquer transferência do direito de propriedade sobre as paletes. 31. Efetivamente da conjugação da alínea d) do n.º 6 do artigo 16.º e parte final da alínea b) do n.º 5 do artigo 36.º, ambos do Código do IVA, resulta que a disponibilização ao cliente de embalagens não efetivamente transacionadas (i.e. retornáveis) não é considerada transferência de bens para efeitos de IVA, desde que o fornecedor não as tenha efetivamente transacionado, isto é, não as registe na contabilidade como venda e na fatura conste de forma expressa que foi acordada a sua devolução. Conclusão 32. Por todo o exposto podemos concluir que, no caso em apreço, os bens em circulação "paletes" não sendo transacionados, têm enquadramento no conceito de "taras e embalagens retornáveis", para efeitos do n.º 3 do artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação, anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. 33. No entanto, importa referir que, ainda que excluídos do âmbito do RBC, por aplicação do seu artigo 3.º, devem ser acompanhados de qualquer documento que, embora não necessite de obedecer aos requisitos exigidos pelo artigo 4.º do citado Regime, deve indicar a natureza, quantidade, proveniência e destino dos mesmos, conforme n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º.

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34. Considerando-se o transporte das "paletes" excluído do âmbito do RBC, nas circunstâncias referidas ao longo desta informação, não se verifica, consequentemente, a obrigação de comunicação a que alude o artigo 5.º n.º 5 do mesmo regime. (Informação vinculativa, Proc. 5440, com despacho de 23/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

50 - Transmissões intracomunitárias de bens (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 2, alínea b) O conceito de transmissões intracomunitárias de bens (vendas), consta do n.º artigo 7.º do Regime do IVA nas Transacções Intracomunitárias (RITI), aprovado pelo citado Decreto-Lei n.º 290/92, onde se diz que:

«1 - Considera-se transmissão de bens efetuada a título oneroso, para além das previstas no artigo 3.º do Código do IVA, a transferência de bens móveis corpóreo expedidos ou transportados pelo sujeito passivo ou por sua conta, com destino a outro Estado membro, para as necessidades da sua empresa. 2 - Não são, no entanto, consideradas transmissões de bens nos termos do número anterior as seguintes operações:

a) Transferência de bens para serem objeto de instalação ou montagem noutro Estado membro nos termos do n.º 1 do artigo 9.º ou de bens cuja transmissão não é tributável no território nacional nos termos dos n.ºs 1 a 3 do artigo 10.º;

b) Transferência de bens para serem objeto de transmissão a bordo de um

navio, de um avião ou de um comboio, durante um transporte em que o lugar de partida e de chegada se situem na Comunidade;

c) Transferência de bens que consista em operações de exportação e

operações assimilares previstas no artigo 14.º do Código do IVA ou em transmissões isentas nos termos do artigo 14.º;

d) Transferência de gás, através do sistema de distribuição de gás natural,

e de eletricidade; e) Transferência de bens para serem objeto de peritagens ou quaisquer

trabalhos que consistam em prestações de serviços a efetuar ao sujeito passivo, materialmente executadas no Estado membro de chegada da expedição ou transporte de bens, desde que, após a execução dos referidos trabalhos, os bens sejam reexpedidos para o território nacional com destino ao sujeito passivo.

f) Transferência de bens para serem temporariamente utilizados em

prestações de serviços a efetuar pelo sujeito passivo no Estado membro de chegada da expedição ou transporte dos bens;

g) Transferência de bens para serem temporariamente utilizados pelo

sujeito passivo, por um período que não exceda 24 meses, no território

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de outro Estado membro no interior do qual a importação do mesmo bem proveniente de um país terceiro, com vista a uma utilização temporária, beneficiaria do regime de importação temporária com isenção total de direitos.

3 - Sempre que se deixe de verificar alguma das condições necessárias para poder beneficiar do disposto no número anterior, considera-se que os bens são transferidos para outro Estado membro nos termos do n.º 1 no momento em que a condição deixar de ser preenchida».

No que se refere ao documento de transporte durante a circulação dos bens no território nacional, os mesmos beneficiam da exclusão constante da alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do Regulamento dos Bens em Circulação. Contudo, o n.º 3 do mesmo artigo estabelece, também para estas transmissões, que sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino. A prova pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino. Se, apesar de não ser obrigatória e emissão do documento de transporte, o sujeito passivo o emitir, entendemos que deverá proceder á comunicação dos seus elementos, nos termos dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime.

51 - Tratores com matrícula definitiva (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea g) Uma sociedade, com a atividade de compra e venda de maquinas agrícolas e industriais, ao transportar um trator já matriculado tem que emitir um documento de transporte? De acordo com o disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os veículos automóveis, tal como se encontram definidos no Código da Estrada, com matrícula definitiva, estão excluídos do âmbito do RBC. Assim, o transporte de veículos que já possuam matrícula definitiva, não necessita de ser acompanhado de documento de transporte, nos termos do referido regime. No entanto, se o sujeito passivo optar pela emissão do documento de transporte, entendemos que deve proceder à comunicação dos seus elementos, nos termos dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime. Caso os veículos transportados ainda não disponham de matrícula definitiva, ou quando, pela sua natureza, não lhes seja atribuída matrícula, o seu transporte tem que ser acompanhado do respetivo documento, cujos elementos terão que ser comunicados à AT, antes do início do transporte.

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52 - Veículos automóveis com matrícula definitiva (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea g) Segundo o disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estão excluídos do seu âmbito «os veículos automóveis, tal como se encontram definidos no Código da Estada, com matrícula definitiva». De acordo com tal norma, apenas estão excluídos do âmbito do presente diploma os veículos automóveis, definidos como tal no artigo 105.º (a) do Código da Estrada, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de Maio, com matrícula definitiva.

(a) - onde se diz que «automóvel é o veículo com motor de propulsão, dotado de pelo menos

quatro rodas, com tara superior a 550 kg, cuja velocidade máxima é, por construção, superior a 25 km/h, e que se destina, pela sua função, a transitar na via pública, sem sujeição a carris.

Assim sendo, os veículos automóveis que não possuam matrícula definitiva, assim como outros veículos não automóveis mesmo que possuam matrícula, para poderem circular, deverão ser acompanhados do respetivo documento de transporte a que se refere o artigo 1.º do regime dos bens em circulação, com todos os requisitos ali exigidos.

53 - Vitelos transportados por conta dos proprietários dos mesmos, produtores de pecuária (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação) - artigo 3.º, n.º 1, alínea d) I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da eventual aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, no que concerne os seguintes factos: i) A Requerente é uma cooperativa agropecuária. ii) Os cooperantes entregam, nas instalações da Requerente, os animais (vitelos) de que

são proprietários, incumbindo, a esta, a responsabilidade de os transportar até ao matadouro mais próximo.

iii) Este transporte é efetuado por conta dos proprietários dos animais, i.e., os

cooperantes, em veículos detidos pela Requerente. iv) Pretende-se saber se este transporte se encontra sujeito ao cumprimento das

obrigações, de índole declarativo, previstas no RBC. II - Análise dos factos Debruçando-nos, especificamente, sobre a questão suscitada pela Requerente, cumpre informar o seguinte:

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1. O regime jurídico das cooperativas agropecuárias encontra-se vertido no Decreto-Lei n.º 335/99, de 20 de agosto. 2. Não obstante, o conceito jurídico-normativo de cooperativa é-nos facultado pelo n.º 1 do artigo 2.º do Código Cooperativo (vide Lei 51/96, de 07 de setembro), nos termos do qual se prescreve: "As cooperativas são pessoas coletivas autónomas, de livre constituição, de capital e composição variáveis, que, através da cooperação e entreajuda dos seus membros, com obediência aos princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais daqueles." 3. Constatando-se, portanto, que apesar de entes jurídicos distintos dos respetivos membros, as cooperativas (com inclusão das cooperativas agropecuárias) visam, exclusivamente, a satisfação de interesses comuns. Estando-lhes vedada a prossecução, nomeadamente, de interesses económicos/comerciais distintos daqueles que lhes foram instituídos pelos cooperantes. 4. Assim, e atendendo-se ao caso da Requerente, comprovamos que ela dispõe de um conjunto de bens do seu ativo fixo tangível, que são postos à disposição dos seus membros. Entre estes, cabendo destacar-se os veículos utilizados no transporte do gado (propriedade dos cooperantes) para os matadouros. 5. Face ao exposto, cabe constatar que os bens, a transportar (vitelos), são, de facto, bens provenientes de produtores pecuários, i.e., os cooperantes, sendo, o transporte dos mesmos, efetuado por conta destes últimos (não podendo, aliás, ser de outra forma, já que, como se disse, a cooperativa apenas pode agir no interesse dos seus membros). 6. Concluindo-se, portanto, que o transporte destes bens encontra-se excluído do âmbito de aplicação do RBC, nos termos e para efeito do consignado na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º deste mesmo regime legal. 7. Não obstante, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da circulação destes bens, as autoridades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, podem exigir prova da sua proveniência, e destino, a qual deve consubstanciar-se em qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC). III - Conclusão 8. O transporte de bens, de produção pecuária, efetuado por uma cooperativa agropecuária, por conta dos respetivos cooperantes, com destino a um matadouro, encontra-se excluído do âmbito de aplicação do RBC [vide alínea d) do n.º 1 do art.º 2.º do RBC]. 9. Não obstante, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da circulação destes bens, as autoridades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, podem exigir prova da sua proveniência, e destino, a qual deve consubstanciar-se em qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC). (Informação vinculativa, Proc. 5369, sancionada por despacho de 20/08/2013 do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

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Artigo 4.º

Documentos de transporte

1 - As faturas devem conter obrigatoriamente os elementos referidos no n.º 5 do artigo 36.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

2 - Sem prejuízo do disposto no n.º 6 do presente artigo, as guias de remessa ou documentos

equivalentes, devem conter, pelo menos, os seguintes elementos: a) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação fiscal

do remetente; b) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou adquirente; c) Número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja sujeito

passivo, nos termos do artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado; d) Designação comercial dos bens, com a indicação das quantidades.

3 - Os documentos de transporte referidos nos números anteriores cujo conteúdo não seja

processado por computador devem conter, em impressão tipográfica, a referência à autorização ministerial relativa à tipografia que os imprimiu, a respetiva numeração atribuída e ainda os elementos identificativos da tipografia, nomeadamente a designação social, sede e número de identificação fiscal.

4 - As faturas, guias de remessa ou documentos equivalentes devem ainda indicar os locais de

carga e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se inicia o transporte. 5 - Na falta de menção expressa dos locais de carga e descarga e da data do início do

transporte, presumir-se-ão como tais os constantes do documento de transporte. 6 - Os documentos de transporte, quando o destinatário ou os bens a entregar em cada

local de destino não sejam conhecidos na altura da saída dos locais referidos no n.º 2 do artigo 2.º, são processados globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impressos em papel, devendo proceder-se do seguinte modo à medida que forem feitos fornecimentos: (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

a) No caso de entrega efetiva dos bens, os documentos previstos no presente diploma,

bem como a fatura simplificada a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, devem ser processados em duplicado, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens; (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) (ver n.º 7)

b) No caso de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos

mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das

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vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) (ver n.ºs 7 e 11)

7 - Nas situações referidas nas alíneas a) e b) do número anterior, deve sempre fazer-se

referência ao respetivo documento global. 8 - As alterações ao destinatário ou adquirente, ou local de destino, ocorridas durante o

transporte, ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados obrigam à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

(ver n.º 11 deste art.º 4 e n.º 4 do art.º 2 da Portaria n.º 161/2013, de 23/4) 9 - No caso em que o destinatário ou adquirente não seja sujeito passivo, far-se-á menção do

facto no documento de transporte, exceto quando for uma fatura processada nos termos e de harmonia com o artigo 36.º do Código do IVA. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

10 - Em relação aos bens transportados por vendedores ambulantes e vendedores em feiras

e mercados, destinados a venda a retalho, abrangidos pelo regime especial de isenção ou regime especial dos pequenos retalhistas a que se referem os artigos 53.º e 60.º do Código do IVA, respetivamente, o documento de transporte pode ser substituído pelas faturas de aquisição processadas nos termos e de harmonia com os artigos 36.º e 40.º do mesmo Código. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

11 - Os documentos referidos nas alíneas a) e b) do n.º 6 e as alterações referidas no n.º 8 são

comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. (redação dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12)

(ver n.º 5 do art.º 3 da Portaria n.º 161/2013, de 23/4) NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Alarmes (transporte de materiais para a sua montagem e reparação) - artigo 4.º

A empresa "A", que se dedica à montagem de alarmes e à sua reparação, funciona como sub-empreiteiro da empresa "B". A empresa "B" envia para a empresa "A" os materiais a aplicar acompanhados do respetivo documento de transporte. Por sua vez, a empresa "A" transporta esses materiais para as obras, de acordo com as instruções do seu cliente, que tanto pode ser uma obra determinada, como reparações em alarmes já instalados, podendo no mesmo dia ou até em dias sucessivos serem mais do que um, se ficarem em caminho. Sendo a empresa "A" mera prestadoras de serviços, como deve emitir os documentos de transporte de materiais de que não é proprietária?

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Os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada. (n.º 1 do art.º 6.º do RBC, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013. de 31/12) Assim, e de acordo com a parte final do normativo transcrito, uma vez que a empresa "A" não é proprietária nem adquirente dos bens que vai utilizar na montagem e reparação dos alarmes, a mesma pode emitir o competente documento de transporte, antes do início do mesmo e comunicar os seus elementos à AT, nos termos dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. O remetente será a empresa "A" e o destinatário o cliente da empresa "B" onde o equipamento vai ser instalado ou reparado. Caso os bens que vão ser objeto de transporte se destinem a ser incorporados em serviços que vão ser prestados a destinatários desconhecidos ou os bens a entregar em cada local de destino não sejam conhecidos na altura da saída dos locais referidos no n.º 2 do artigo 2.º do RBC, a empresa "A" deve adotar os procedimentos previstos nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação. Assim, na altura em que inicia o transporte, a empresa deve fazer acompanhar os bens, de um documento de transporte global, mencionando que os seus destinatários são desconhecidos, cujos elementos deverão ser comunicados à AT, antes do início do transporte, nos termos dos n.ºs 5 e seguintes do artigo 5.º do Regime. Quando os bens são efetivamente incorporados nos serviços prestados, deve a saída ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou outro documento equivalente, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global [cfr. alínea b) do n.º 6 e n.º 7 do art.º 4.º do RBC, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 21/12]. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os elementos constantes das folhas de obra são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Em qualquer momento, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nas referidas folhas de obra. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a ser incorporados em serviços prestados aos clientes.

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2 - Alterações ao destinatário ou adquirente ou ao local de destino, ocorridas no decurso do transporte, ou a não aceitação dos bens pelo adquirente ou destinatário - artigo 4.º, n.ºs 8 e 11 Como proceder no caso de ocorrerem alterações ao destinatário ou adquirente ou ao local de destino no decurso do transporte ou a não aceitação dos bens pelo adquirente ou destinatário? Segundo o disposto no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12, as alterações ao destinatário ou adquirente, ou ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados, obrigam à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado. Por sua vez, o n.º 11 do mesmo artigo, diz que «... as alterações referidas no n.º 8 são comunicadas por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte». Nos termos do n.º 4 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4, «as alterações referidas no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, quando estas forem efetuadas em documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas e processadas pelos transportadores, são comunicadas pelos remetentes, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, sem prejuízo do disposto no número anterior», ou seja «a comunicação dos elementos dos documentos de transporte é efetuada pelos sujeitos passivos remetentes dos bens, podendo estes habilitar terceiros a fazê-la, em seu nome e por sua conta, em funcionalidade no Portal das Finanças» Na FAQ n.º 8, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão, sobre esta questão foi esclarecido que: "Nos casos de alteração ao destinatário ou adquirente ou ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou de não aceitação imediata e total dos bens pelo destinatário, deve emitir-se um documento de transporte adicional. Este documento de transporte adicional, enquanto documento de transporte subsidiário do inicial, é emitido em papel e deve referenciar sempre o documento de transporte inicial. Não obstante a sua emissão em papel, o documento de transporte adicional não necessita de ser previamente comunicado à AT. O emitente deve, no entanto, comunicar os elementos do documento de transporte adicional, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, por inserção no Portal das Finanças, ou através de transmissão eletrónica de dados".

3 - Aquisição de bens no armazém do fornecedor (documento de transporte a emitir) - artigo 4.º

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Um sujeito passivo enquadrado no regime normal de IVA, com atividade de minimercado com volume de negócios superior a 100.000 euros, adquire os bens no armazém do fornecedor e transporta os mesmos na sua viatura para o estabelecimento. Quem deve emitir o documento de transporte, o fornecedor ou o adquirente dos bens com a indicação do destino dos mesmos? Nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA. Assim, no caso em apreciação, os documentos de transporte deverão ser emitidos pelo fornecedor dos bens, que poderão ser as faturas, desde que as mesmas cumpram todas as condições do regime. Daí que, caso o fornecedor seja um retalhista, o adquirente dos bens deva comunicar-lhe que se trata de um sujeito passivo do imposto. É que, em caso contrário, o fornecedor poderá proceder como se a transação beneficiasse da exclusão prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime, não emitindo o documento de transporte.

4 - Armazenistas de ourivesaria (emissão de documentos de transporte de bens para destinatários desconhecidos e comunicação dos respetivos elementos) - artigo 4.º, n.º 6 Certos sujeitos passivos, que exercem a atividade de armazenistas de ourivesaria, quando saem semanalmente, em viagem, para visitar as lojas espalhadas pelo país, emitem um documento de transporte global com a totalidade dos artigos transportados e por cada venda efetuada, emitem uma fatura (documento de entrega efetiva), informaticamente, usando um portátil. A descrição dos artigos, no documento global, pode ser feito por famílias, anéis, brincos pulseiras, etc., ou terá de ser artigo a artigo, o que pode implicar documentos com centenas de páginas? A comunicação das faturas (documentos adicionais de entrega efetiva) no portal das finanças, no prazo de 5 dias úteis, pode ser efetuada através do ficheiro SAF-T, ou implicará a "trabalheira" de repetir a emissão da fatura no portal? A descrição dos artigos não poderá ser efetuada por famílias, devendo cada artigo ser descrito individualmente. Apenas poderão ser descritos em conjunto, quando estiverem em causa artigos rigorosamente iguais. Nos termos do disposto no n.º 11 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os documentos

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referidos na alínea a) do seu n.º 6 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Na FAQ n.º 24, disponível no Portal das Finanças, em e-fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação, quanto à questão: "Como é efetuada a comunicação dos documentos de transporte previstos na alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 147/2003 de 11/07, acessórios de um documento de transporte inicial global?" Foi respondido: "O documento de transporte global é utilizado quando, no momento da saída dos bens, não são conhecidos os destinatários dos mesmos. Neste documento devem constar todos os produtos transportados e terá de ser emitido e comunicado de acordo com as regras gerais do regime de bens em circulação, tendo, no entanto, de ser feita a impressão física do documento para acompanhar os bens, não obstante existir código da AT. Os elementos dos documentos parciais de entrega dos bens, acessórios do documento inicial global, que são emitidos à medida que se efetuam as entregas aos clientes, têm de ser inseridos no Portal das Finanças até ao 5º dia útil seguinte ao da sua emissão. Os dados destes documentos podem ser comunicados à AT por inserção direta no Portal das Finanças, através de ficheiro ou por webservice. Se o documento acessório de um documento inicial global, de entrega parcial de bens, for uma fatura emitida por um sistema de faturação certificado pela AT, nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23/6, ou por software produzido pela própria empresa, titular dos respetivos direitos de autor, fica dispensado da comunicação, até ao 5.º dia útil seguinte ao da emissão, prevista no n.º 11 do artigo 4.º do Decreto-Lei 147/2003 de 11/07. Estas faturas deverão ser comunicadas à AT até ao dia 25 do mês seguinte ao da sua emissão, em cumprimento do disposto no artigo 3.º do Decreto-Lei 198/2012 de 24/08". Finalmente, não esquecer que, em obediência ao disposto no n.º 7 do artigo 4.º do RBC, no documento adicional se deve sempre fazer referência ao respetivo documento de transporte global.

5 - Artefactos de ourivesaria e de relojoaria, cuja venda ocorra em feiras e mercados (documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 10 Como devem proceder, em ternos do documento de transporte, os vendedores de artefactos de ourivesaria e de relojoaria, cuja venda a retalho ocorra em feiras e mercados? Os sujeitos passivos em causa, em relação aos bens transportados para serem vendidos a retalho em feiras e mercados a destinatários não conhecidos na altura da saída dos bens dos locais referidos no n.º 2 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, de harmonia com o disposto no n.º 6 do artigo 4.º do mesmo diploma, são obrigados a emitir, antes do início da circulação, documento de transporte global, salvo se abrangidos pelo Regime Especial de Isenção ou pelo Regime Especial dos Pequenos Retalhistas, a que se referem, respetivamente, os artigos 53.º e 60.º do Código do IVA, caso em que o documento de transporte poderá ser substituído pelas faturas de aquisição

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processadas nos termos e de harmonia com o artigo 36.º do Código do IVA, em conformidade com o disposto no n.º 10 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação. Tratando-se de sujeitos passivos enquadrados no Regime Normal, no documento de transporte global, processado nos termos dos artigos 5.º e 8.º, e impresso em papel, deverá mencionar que os seus destinatários são desconhecidos, cujos elementos deverão ser comunicados à AT antes do início do transporte. Quando os bens são efetivamente entregues aos clientes, devem emitir, em duplicado, de acordo com a alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, documento complementar, que pode ser uma fatura (ou uma fatura simplificada, a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, desde que a venda seja feita a não sujeitos passivos, e o valor da fatura não for superior a € 1000), no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os documentos referidos na alínea a) do n.º 6 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Em qualquer momento, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos das entregas efetuadas aos clientes.

6 - Avaria da viatura que transporta bens em circulação (procedimento a seguir no que respeita ao documento de transporte, haja ou não rutura de carga) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. Descrição dos factos 1. O requerente no âmbito da sua atividade de armazenista de produtos químicos possui uma frota de 10 camiões para distribuição, por todo o país, dos referidos produtos. 2. No âmbito daquela atividade vem questionar sobre o documento de transporte que deve acompanhar os referidos bens, para efeitos do Regime de Bens em Circulação, nomeadamente nas situações em que o transportador não consegue entregar a mercadoria no próprio dia, por razões várias, designadamente, devido a avaria da viatura, referindo que "nestas situações temos vindo a anular as faturas, tirando outras, com grande prejuízo para a empresa. É necessário emitir novas faturas, recibos e notas de crédito em triplicado." Enquadramento legal da situação 3. O Regime de Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação.

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4. Nos termos do artigo 1.º do citado regime, todos os bens em circulação em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado devem ser acompanhados de documentos de transporte, entendendo-se por documento de transporte, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. 5. Por sua vez, os documentos de transporte devem ser processados de harmonia com os artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do mesmo Regime, devendo conter, pelo menos, os seguintes elementos:

a) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação

fiscal do remetente; b) Nome, firma ou denominação social e domicílio ou sede do destinatário ou

adquirente; c) Número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja

sujeito passivo, nos termos do artigo 2.º do Código do IVA; d) Designação comercial dos bens, com indicação das quantidades. Os documentos

de transporte, devem ainda indicar os locais de carga e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se inicia o transporte.

6. Quanto aos locais de carga e descarga bem como a data do início do transporte, refere o n.º 5 do artigo 4.º do RBC que, na falta de menção expressa dos mesmos, presumir-se-ão como tais os constantes do documento de transporte. 7. Importa referir que, quando o documento que titula o transporte for uma "fatura", esta, além dos elementos atrás referidos deve conter os elementos elencados no n.º 5 do artigo 36.º do CIVA. 8. Mais resulta das disposições legais citadas no ponto 5 desta informação, designadamente, do n.º 1 do artigo 6.º e do n.º 1 do artigo 5.º que os documentos de transporte devem ser processados: i) pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA

e pelos detentores dos bens antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do RBC;

ii) por uma das seguintes vias:

a) Por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a

integridade do seu conteúdo, de acordo com o disposto no Código do IVA; b) Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação

pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho;

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c) Através de software produzido internamente pela empresa ou por empresa integrada no mesmo grupo económico, de cujos respetivos direitos de autor seja detentor;

d) Diretamente no Portal das Finanças; e) Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente.

9. Por sua vez, o n.º 5 do artigo 5.º do RBC determina a obrigatoriedade de os sujeitos passivos comunicarem à AT, os elementos dos documentos de transporte, antes do início do transporte e através dos meios referidos no n.º 6 da mesma disposição legal. 10. Não obstante, o n.º 11 do citado artigo 5.º prevê que a referida comunicação é dispensada, nos casos em que a fatura serve também de documento de transporte e seja emitida pelos sistemas informáticos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1 (supramencionadas no ponto 8). 11. Na situação exposta, o requerente está obrigado a emitir as suas faturas através de programa informático de faturação, atendendo a que, conforme afirma, tem uma faturação mensal aproximada de € 1.500.000 e emite cerca de 3.600 faturas mensais. Neste caso, se a fatura for o documento que acompanha os bens para efeitos do RBC, está dispensado da comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) dos elementos dos documentos de transporte. 12. Relativamente ao facto de o transportador não conseguir entregar os bens transportados no dia em que o documento de transporte, no caso a fatura, foi emitido, seja por avaria da viatura, seja por outros fatores relacionados, nomeadamente a distância, devidamente justificáveis, em que, em suma, seja possível aferir da continuidade do transporte, não se afigura ser necessário a emissão de novo documento de transporte. Aliás, no caso concreto de avaria do meio de transporte, verificando-se transbordo dos bens de um veiculo para outro, e ocorrendo, no imediato, a continuação do transporte, não se considera existir rutura de carga, podendo, nesse caso, ser utilizado o documento de transporte que vinha acompanhando a mercadoria. Se por outro lado, o transporte sofre interrupção e é reiniciado dias depois, deve ser emitido novo documento de transporte. 13. Sem prejuízo do mencionado e tendo em atenção que a requerente utiliza a fatura para titular a transmissão dos bens e, em simultâneo, o transporte dos mesmos com destino ao adquirente, deve a mesma ser alertada de que o procedimento que refere vir adotando, de anulação de faturas por notas de crédito e emissão de novas em sua substituição, se encontra incorreto face às disposições legais contidas no Código do IVA. 14. Efetivamente, de acordo com o citado diploma (CIVA), o cumprimento da obrigação de faturação referida na alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º nos prazos previstos no n.º 1 do artigo 36.º determina, nos termos do artigo 8.º, a exigibilidade do imposto no momento da emissão da fatura (caso o prazo seja respeitado ou, não o sendo, no momento em que termina). Por outro lado, e de harmonia com o n.º 7 do artigo 29.º, quando o valor tributável de uma operação ou o correspondente imposto sejam alterados, por qualquer motivo, incluindo inexatidão, deve ser emitido documento retificativo da fatura (nota de crédito ou de débito), o qual deve conter os elementos

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referidos na alínea a) do n.º 5 do artigo 36.º, bem como a referência à fatura a que respeita e a menção dos elementos alterados. Não pode, assim, ser emitida nova fatura, como forma de retificação do valor tributável ou do correspondente imposto, sem prejuízo da possibilidade de anulação da fatura inicial e sua substituição por outra, quando a retificação se deva a outros motivos. 15. Ora, não havendo alteração do valor tributável da operação ou do correspondente imposto, a eventual necessidade de emissão ou alteração dos documentos que acompanham os bens em circulação não constitui motivo justificativo para a anulação da fatura que titula a transmissão dos bens transportados. 16. Do mencionado resulta que, na eventualidade de não ser possível, por força do disposto no RBC, fazer acompanhar os bens em circulação da fatura que titula a respetiva transmissão, deve, para o efeito, ser emitido documento de transporte de diferente natureza (que não a fatura), nomeadamente, guia de remessa, guia de transporte ou equivalente. (Informação vinculativa, Proc. 4778, sancionado por despacho de 06/06/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

7 - Bens em circulação sem destinatário específico (bens a incorporar em prestações de serviços) - artigo 4.º, n.º 6 1 - O Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 2 - Nos termos do artigo 1.º do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte", entendendo-se como tal a factura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. 3 - Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do citado diploma. 4 - A obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição ..., etc., por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [art.º 2.º, n.º 1, alínea a)]. 5 - Por sua vez, determina o n.º 1 do artigo 6.º do citado Regime que os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da sua circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros

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sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada. 6 - Quando se trata de bens em circulação sem destinatário específico, ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser incorporados em cada local de destino, os documentos de transporte são processados globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impressos em papel, conforme o n.º 6 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação, devendo proceder do seguinte modo à medida que forem feitos fornecimentos: 6.1 - No caso de entrega efetiva dos bens, os documentos previstos no presente diploma, bem como a fatura simplificada a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, devem ser processados em duplicado, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens; 6.2 - No caso de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente. 7 - Relativamente ao caso em apreciação, propomos o seguinte procedimento, já superiormente autorizado em caso análogos: - Atendendo ao elevado número de peças a transportar, e caso os bens utilizados nas

reparações sejam repostos sempre que se inicie um novo transporte, o sujeito passivo poderá utilizar uma guia de transporte à qual anexará uma relação com a discriminação dos bens em circulação, constando na guia "material conforme guia anexa", funcionando a guia e a relação anexa como documento global previsto no n.º 6 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação.

- Na guia de transporte constarão todos os elementos exigidos, à exceção da

discriminação dos bens, a qual será feita na relação anexa. 8 - Contudo, também neste caso, à medida em que forem feitos fornecimentos, devem os mesmos ser registados em documento próprio, conforme referido nos pontos 6.1 e 6.2 da presente informação. 9 - Conforme refere o n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, os documentos de transporte devem ser emitidos antes do início da circulação dos bens. 10 - Assim sendo, deverá ser emitido novo documento de transporte sempre que os veículos voltem a sair das instalações em que se inicia um novo transporte. 11- Conforme referido, o procedimento previsto no n.º 6 do artigo 4.º é aplicável aos casos em que não é conhecido o destinatário dos bens em circulação. Assim, sempre que o destinatário seja conhecido, deverá ser emitido o respetivo documento de transporte com todos os requisitos exigidos. (Informação vinculativa, Proc. F254 2005056, sancionada por despacho de 06/06/2006 do Subdirector-Geral dos Impostos, com a devida atualização da redação dada ao n.º 6 do art.º 4.º e n.º 1 do art.º 6.º do RBC pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

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8 - Bens em circulação sem destinatário específico (documento de transporte) - artigo 4.º,

n.º 6 Qual o procedimento correto, em termos de documento de transporte (emissão/comunicação à AT) para uma empresa que pretende adquirir mercadorias em grandes centros grossistas e com uma viatura visitar retalhistas, vendendo no momento e aceitando encomendas para entrega posterior? Na altura em que, se inicia o transporte dos bens com destino a clientes desconhecidos, a partir dos centros grossistas, ou a partir das instalações da empresa, a empresa deve fazer acompanhar os bens, de um documento de transporte global, que pode ser emitido pelo programa informático de faturação certificado, mas tem que ser impresso em papel, mencionando que os seus destinatários são desconhecidos, cujos elementos deverão ser comunicados à AT, antes do início do transporte, nos termos dos n.ºs 5 e seguintes do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 14/2003, de 11 de julho. Quando os bens forem efetivamente entregues aos clientes, a empresa deve emitir, em duplicado, de acordo com o disposto na alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º, novo documento de transporte, que pode consistir numa fatura ou numa fatura simplificada, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os documentos referidos nas alíneas a) do n.º 6 (documentos de transporte adicionais pela vendas) são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Em qualquer momento, os bens transportados (nomeadamente no regresso) devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos das entregas efetuadas aos clientes. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a clientes desconhecidos.

9 - Bens em circulação sem destinatário específico (oficina ambulante) - artigo 4.º Uma empresa de reparação e assistência de equipamentos industriais possui um carro de serviço, género oficina ambulante, que transporta vários materiais para assistência a clientes. De acordo com o diploma que regula a circulação de bens, terá que passar todos os dias uma guia de transporte de todos os materiais transportados no carro, ou basta um inventário dos mesmos? O Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos que devem acompanhar os bens em circulação.

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De acordo com o artigo 1.º daquele Regime, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados por documentos de transporte processados nos termos do presente diploma». No entanto, relativamente às ferramentas e outro tipo de equipamentos, na medida em que se trata de bens do ativo fixo tangível, estão excluídos do conceito de bens em circulação, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime a que se fez referência, pelo que não é obrigatória a emissão de documento para esse fim. Porém, se no carro de serviço forem transportados outros tipos de materiais que sejam susceptíveis de venda, como, por exemplo, peças, estes devem ser acompanhados por documento de transporte, o qual deve ser elaborado, e comunicado à AT os seus elementos, antes do início de cada saída. Não se conhecendo o eventual destinatário, nem as peças que possam vir a ser vendidas, o documento de transporte deve ser processado globalmente, tal como consta do n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impresso em papel, e em triplicado, devendo o original e o duplicado acompanhar os bens em circulação. Nestes casos, quando da venda efetiva dos bens deve ser emitido, em duplicado, documento adicional de acordo com a alínea a) do n.º 6 do citado artigo 4.º, que deve fazer sempre referência ao respetivo documento global (cfr. n.º 7 do art.º 4.º), utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens, de forma que seja possível em qualquer momento conferir as peças que entraram no carro com as que ainda lá estão mais as vendidas. Os documentos adicionais são comunicados à AT por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte (cfr. n.º 11 do art.º 4 do EBC). Mesmo que a empresa tenha tido, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, um volume de negócios igual ou inferior a 100.000,00 euros, neste caso não beneficia da dispensa de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação a que o sujeito passivo fica obrigado é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma.

10 - Bens em circulação sem destinatário específico (reparação de esquentadores ao domicílio) - artigo 4.º, n.º 6 Uma empresa que executa trabalhos de "reparação de esquentadores ao domicílio" como deve proceder quanto à circulação das peças que necessita de transportar para aplicar nos serviços a efetuar? Esta questão prende-se com os bens em circulação destinados a serem incorporados em prestações de serviços a executar pelo remetente dos mesmos.

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Nestes casos, para efeitos do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, deverá ter-se em atenção o que consta da alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º deste diploma. Segundo o n.º 1 do artigo 6.º do RBC, os bens a incorporar em prestações de serviços, quando se encontrem em circulação, devem ser acompanhados de documento de transporte global, processado nos termos dos artigos 5.º e 8.º, e impresso em papel e em 3 exemplares, sendo que os bens utilizados na reparação dão lugar à emissão de documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou outro documento equivalente, no qual deve ser feita referência ao documento global. Assim, o conjunto dos dois documentos referidos permite, em qualquer altura, verificar e comprovar os bens que efetivamente se encontram em circulação. Os elementos da folha de obra ou documento equivalente são comunicados à AT por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte (cfr. n.º 11 do art.º 4 do EBC).

11 - Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária (documento de transporte quando este não é feito pelos produtores nem por sua conta) - artigo 4.º Sou empresário em nome individual e faço a compra de milho, feijão, favas e outros produtos a pequenos agricultores nas suas moradas, para depois os venderem a dois ou três clientes fixos (fábricas que fazem o tratamento e embalagem dos mesmos). A maioria desses agricultores, pessoas singulares, não emite fatura, ou qualquer outro documento de transporte, porque ainda não estão legalizados para tal. Para circular com os produtos posso eu emitir uma ou diversas guias de transporte, identificando os dados do agricultor? Os agricultores em questão são obrigados a registar-se, quer para efeitos de IVA, quer para efeitos de IRS, e emitir os documentos respetivos em todas as vendas que façam. Quanto ao documento de transporte, a responsabilidade da sua emissão e da comunicação dos respetivos elementos é dos agricultores em questão, de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de julho. No entanto, estabelece o n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, que: Em caso de transporte dos bens referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do regime de bens em circulação, que não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, a obrigação de comunicação considera-se também cumprida, desde que, cumulativamente:

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a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a).

12 - Carpintaria (transporte de bens para serem aplicados em diversas obras) - artigo 4.º Uma carpintaria que executa e aplica em obra móveis, chão e outros bens, transporta do seu armazém/fábrica, diverso material, no mesmo carregamento, para o mesmo cliente (empresa), para três obras com moradas diferentes. Que tipo de guia de transporte deve a carpintaria emitir, fazendo essa distribuição de material pelas várias obras? Se a empresa, quando o carregamento sai das suas instalações, já sabe, com rigor, qual o material que vai deixar em cada obra, deve emitir um documento de transporte com o material destinado a cada obra, comunicando à AT, antes do início do mesmo, os elementos dos três documentos de transporte. De referir que, nestes documentos, deve ser indicado como destinatário, não o dono da obra, mas a própria empresa prestadora dos serviços, que será mencionada como remetente e destinatário dos bens. Se, no início do transporte não se sabe quais os bens que se destinam a ser incorporados em serviços prestados em cada obra, a questão encontra-se regulada nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Neste caso, na altura em que se inicia o transporte, a empresa deve fazer acompanhar os bens em causa de um documento de transporte global, cujos elementos deverão ser comunicados à AT, antes do início do transporte, nos termos referidos os artigos 5.º e 8.º do RBC, e impressos em papel. Quando os bens são efetivamente incorporados nos serviços prestados, deve ser emitido documento próprio, de acordo com a alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global.

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De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os elementos constantes das folhas de obra ou qualquer outro documento equivalente são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Em qualquer momento, os bens transportados devem sempre coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nas referidas folhas de obra ou qualquer outro documento equivalente. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a ser incorporados em serviços prestados aos clientes.

13 - Centro Hospitalar (transporte de produtos de saúde, entre unidades hospitalares do mesmo Centro Hospitalar) - artigo 4.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, no que concerne ao transporte de produtos de saúde, entre unidades hospitalares do mesmo Centro Hospitalar. II - Enquadramento jurídico Confinando-nos à matéria supra exposta, e em termos necessariamente abrangentes/generalistas (já que a Requerente não procedeu a uma concretização/descrição pormenorizada do tipo de bens a transportar), cumpre informar o seguinte: 1. O RBC é suscetível de aplicação no que diz respeito aos sujeitos passivos, que ponham, em circulação, no território nacional, bens/mercadorias, por motivo da sua transmissão onerosa (incluindo a troca), de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência, ou para fins de demonstração, ou da sua incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [vide alínea a) do n.º 2 do art.º 2.º do RBC]. 2. Não obstante, e de acordo com a alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC, encontram-se excluídos do cumprimento das obrigações, de índole declarativo, impostas por este regime legal, o transporte de bens pertencentes ao ativo imobilizado das empresas. Realce-se que, em virtude da revogação do Plano Oficial de Contas (POC), e da adoção do Sistema de Normalização Contabilística ("SNC"), que resultou da aprovação do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, constata-se que a terminologia "bens do ativo imobilizado", foi substituída pela de "bens do ativo fixo tangível".

a) Devendo entender-se por bens do ativo fixo tangível, todos os que: (i) sejam

detidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos; (ii) se espera que sejam

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usados durante mais do que um período (vide parágrafo 6 da Norma Contabilística e de Relato Financeiro 7, constante do Aviso n.º 15655/20, resultante do Despacho n.º 588/2009/MEF do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, de 14 de agosto de 2009, em substituição do Ministro de Estado e das Finanças).

b) Assim sendo, importa concluir-se que, na eventualidade de se tratar de bens do

ativo fixo tangível, o seu transporte, entre unidades hospitalares, do mesmo Centro Hospitalar, não fica sujeito às regras, de cariz declarativo, impostas pelo RBC.

c) Não obstante, podem, as entidades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC,

solicitar prova da proveniência/destino destes bens, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da respetiva circulação. Sendo que essa prova pode consistir na apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens a transportar, bem como da sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC).

III - Conclusão 3. O transporte dos diversos produtos de saúde entre unidades hospitalares do mesmo Centro Hospitalar, encontra-se sujeito ao cumprimento integral das obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. 4. Só não será assim, se se tratar de bens do ativo fixo tangível. (Informação vinculativa, Proc. 5946, sancionada por despacho de 20/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

14 - Coima a aplicar quando se verifique a: - falta de indicação no documento de transporte do local de carga e descarga e/ou

a data e hora do início do transporte (coima a aplicar apenas ao remetente) - artigo 4.º, n.º 4

- falta de indicação no documento de transporte do NIF do destinatário ou

adquirente dos bens (coima a aplicar apenas ao remetente) - artigo 4.º, n.ºs 1 e 2 - falta de referência no documento global da entrega efetiva dos bens ou da sua

incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos (coima a aplicar apenas ao remetente) - artigo 4.º, n.º 7

- falta de menção no documento de transporte de que o destinatário ou adquirente

não é sujeito passivo (coima a aplicar apenas ao remetente) - artigo 4.º, n.º 9 Todas estas faltas são tratadas como omissões ou inexatidões que, por não haver imposto a liquidar, são punidas pelo n.º 2 do artigo 119.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), ou seja com coima cujos limites (€ 375 a € 22 500 quando se trate de pessoas singulares ou € 750 a 45 000 quando se trate de pessoas coletivas) são reduzidos a um quarto, ou seja, depois da redução, € 93,75 a 5625 ou € 187,5 a 11.250, respetivamente.

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Quadro prático para aplicação da coimas

Infração Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 93,75 a 5625 (a)

Pes. Sing.

Neg.

€ 93,75 a 2812,5 (b)

Dolo

€ 187,5 a 11 250 (c)

1 – As omissões ou inexactidões relativas à situação tributária que não constituam fraude fiscal nem contraordenação prevista no artigo anterior, praticadas nas declarações, bem como nos documentos comprovativos dos factos, valores ou situações delas constantes, incluindo as praticadas nos livros de contabilidade e escrituração, nos documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir ou noutros documentos fiscalmente relevantes que devam ser mantidos, apresentados ou exibidos são puníveis com coima de € 375 a € 22 500. 2 – No caso de não haver imposto a liquidar, os limites das coimas previstas no número anterior são reduzidos a um quarto.

Pes. Col

Neg.

€ 187,5 a 5625 (d)

(a) € 375 x 1/4 = € 93,75 (c) € 750 x 1/4 = € 187,5

€ 22.500 x 1/4 = € 5.625 € 45 000 x 1/4 = € 11 250 (b) € 375 x 1/4 = € 93,75 (d) € 750 x 1/4 = € 187,5

€ 11 250 x 1/4 = € 2812,5 € 22 500 x 1/4 = € 5625

15 - Companhias de navegação aérea (venda de bens alimentares, destinados a serem consumidos pelas tripulações e pelos passageiros, nas instalações do aeroporto internacional de Lisboa) - artigo 4.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com caráter de urgência, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, sobre o fornecimento de provisões de bordo a companhias de navegação aérea, e, acessoriamente, sobre a venda de bens alimentares, destinados a serem consumidos pelas tripulações e pelos passageiros, de tais companhias de navegação aérea, dentro das instalações do aeroporto internacional de Lisboa. II - Determinação dos pressupostos/requisitos associados ao RBC Antes de nos pronunciarmos, em concreto, sobre o pedido de informação, apresentado pela Requerente, importa descrever, em traços largos, o regime legal vigente para os bens em circulação. Assim:

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1. O RBC é suscetível de aplicação no que diz respeito aos sujeitos passivos, que ponham, em circulação, no território nacional, bens/mercadorias, por motivo da sua transmissão onerosa (incluindo a troca), de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência, ou para fins de demonstração, ou da sua incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [vide alínea a) do n.º 2 do art.º 2.º do RBC). 2. A principal obrigação declarativa, imposta pelo RBC, é a da emissão de um documento de transporte, que deverá acompanhar os bens/mercadorias em circulação. Este documento deve ser emitido: (i) por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a

integridade do seu conteúdo; (ii) através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação pela

Autoridade Tributária e Aduaneira ("AT"), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012, de 24 de janeiro, e pela Portaria 160/2013, de 23 de abril;

(iii) através de software produzido pela própria empresa ou por empresa integrada no

mesmo grupo económico, de cujos direitos de autor seja detentor; (iv) diretamente no Portal das Finanças, em http://www.portaldasfinancas.gov.pt; (v) em papel, utilizando-se, para o efeito, impressos numerados seguida e

tipograficamente [vide as alíneas a) a e) do n.º 1 do art.º 5.º do RBC]. 3. Por outro lado, e no âmbito das recentes alterações ao RBC, foram introduzidas novas obrigações declarativas, que impendem, exclusivamente, sobre sujeitos passivos que tenham obtido, no ano transato, um volume de negócios superior a € 100.000, e que se traduzem na necessidade de comunicação, à AT, dos dados/elementos constantes dos documentos de transporte supra referenciados (vide n.º 5 do art.º 5.º do RBC). 4. Por regra, esta comunicação deve ser efetuada por transmissão eletrónica de dados [vide alínea a) do n.º 6 do art.º 5.º do RBC], e através de uma das seguintes vias: (i) por transmissão eletrónica de dados em tempo real, integrada em programa

informático, utilizando o Webservice disponibilizado pela AT; (ii) através do envio de ficheiro exportado pelo programa informático de emissão,

recorrendo à aplicação de envio de dados disponibilizada no Portal das Finanças, em http://www.portaldasfinancas.gov.pt;

(iii) através da emissão direta, no Portal das Finanças, do documento de transporte [vide

alíneas a) a c) do n.º 1 do art.º 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril]. 5. A comunicação, à AT, dos elementos/dados constantes de um dado documento de transporte, dá origem à atribuição de um código de identificação desse mesmo documento (vide n.º 7 do art.º 5.º do RBC).

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6. Sendo que, sempre que o transportador disponha deste código de identificação, fica, automaticamente, dispensado de se fazer acompanhar do documento de transporte. Considerando-se exibidos os documentos, junto das autoridades que o solicitem, desde que seja apresentado/disponibilizado este mesmo código de identificação (vide n.º 8 do art.º 5.º, e n.º 7.º do art.º 6.º, ambos do RBC). 7. Nos termos do n.º 3 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, são obrigados a proceder à comunicação, por transmissão eletrónica de dados, dos elementos constantes dos documentos de transporte, as entidades que estejam obrigadas à utilização de sistemas informáticos de faturação, nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho. 8. Na eventualidade de o documento de transporte ser emitido em suporte papel, através de impressos numerados seguida e tipograficamente, ou, na eventualidade de inoperacionalidade do sistema informático (desde que devidamente comprovado pelo respetivo operador), a comunicação, à AT, dos dados/elementos constantes dos documentos de transporte, deve ser feita, o mais tardar, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, através de serviço telefónico disponibilizado para o efeito [vide alínea b) do n.º 6 do art.º 5.º do RBC). III - Descrição das operações praticadas pela Requerente Feita esta descrição sumária do regime legal, atualmente vigente, em matéria de bens em circulação, cumpre passar a apreciar o pedido de informação vinculativa, com caráter de urgência, submetido pela Requerente. Assim, e de acordo com os dados/elementos facultados pela própria Requerente, constatamos que a sua atividade se reporta, essencialmente, à prática das seguintes operações: 9. Fornecimento de provisões de bordo, designadamente refeições prontas a consumir, destinadas, exclusivamente, a membros da tripulação e passageiros de companhias de navegação aérea. 10. A título acessório, a Requerente realiza, também, vendas de bens alimentares destinados a serem consumidos por tripulações e por passageiros, mas dentro das instalações do aeroporto internacional de Lisboa. Importa, em decorrência, proceder-se ao enquadramento jurídico-tributário, associado, em concreto, a cada uma destas operações, tendo por referência o regime legal instituído pelo RBC. Assim: IV - Fornecimento de provisões de bordo 11. O RBC apenas é aplicável a bens/mercadorias em circulação no território nacional (vide art.º 1.º do RBC). 12. Em decorrência, e de acordo com os pressupostos normativos constantes das alíneas a) e c) do n.º 2 do artigo 3.º do RBC, não ficam sujeitos, a este regime, os seguintes bens/mercadorias: (i) produtos sujeitos a impostos especiais de consumo (IEC), tal como são definidos no

Código dos Impostos Especiais de Consumo (CIEC), desde que tais bens se encontrem em circulação, em regime suspensivo;

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(ii) bens respeitantes a transações com países ou territórios terceiros, quando em circulação em território nacional, sempre que sujeitos a um destino aduaneiro, designadamente o regime de exportação, nos termos do Código Aduaneiro Comunitário (CAC), aprovado pelo Regulamento CEE n.º 2913/92, do Conselho, de 12 de outubro.

13. Contudo, e mesmo que se mostrem cumpridos estes pressupostos legais, o que origina, necessariamente, a exclusão da possibilidade de aplicação do RBC, relativamente a este tipo de transporte de bens, sempre poderão as entidades fiscalizadoras (previstas no art.º 13.º deste mesmo regime legal), exigir prova da respetiva proveniência e destino. Tal prova deve ser efetuada mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC). V - Vendas de bens alimentares, destinados a serem consumidos dentro das instalações

do aeroporto 14. Como quedou supra referido, a Requerente dedica-se, ainda, à venda de bens alimentares, destinados a serem consumidos, por tripulações e por passageiros, nas instalações do aeroporto internacional de Lisboa. 15. Tratam-se, portanto, de bens em circulação, dentro do território nacional, fora do respetivo local de produção, por motivo de transmissão onerosa, cuja transmissão se encontra sujeita e não isenta de imposto, e que não são subsumíveis/enquadráveis em algum dos pressupostos/causas de exclusão, constantes do n.º 1 e do n.º 2 do artigo 3.º do RBC. 16. Consequentemente, importa concluir que os referidos bens devem fazer-se acompanhar, aquando do respetivo transporte, dos documentos previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. Devendo, concomitantemente, fazer-se cumprir todas as obrigações de índole declarativa, previstas neste regime legal, e que quedaram supra discriminadas. 17. A sujeição às obrigações legais/declarativas, constantes do RBC (entre as quais se destaca a obrigação de comunicar, à AT, o início do transporte), afigura-se, efetivamente, neste caso, como algo de inelutável. Não tendo qualquer suporte legal, a pretensão, da Requerente, de se isentar de tais obrigações, com base numa eventual atribuição, por parte da AT, de um regime de exceção que, para todos os efeitos, não encontra qualquer alicerce/fundamento normativo no RBC. E também não se vislumbra que a concessão de um tal regime de exceção pudesse vir a sustentar-se, como é intenção da Requerente, no n.º 2 do artigo 266.º da Constituição da República Portuguesa (CRP). Nos termos do qual se estatui que: "os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e devem atuar, no exercício das suas funções, com respeito pelos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa-fé". Ou, eventualmente, no conteúdo impositivo constante do artigo 55.º da LGT, em que, em moldes perentórios, se dispõe que a AT "exerce as suas atribuições na prossecução do interesse público, de acordo com os princípios da

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legalidade, da igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da celeridade, no respeito pelas garantias dos contribuintes e demais obrigados tributários". 18. Aliás, da análise destes preceitos legais, resulta, pelo contrário, linear que a AT encontra-se vinculada ao escrupuloso cumprimento do princípio da legalidade. O qual lhe tolhe a possibilidade de adotar decisões de índole administrativo-tributário que possam contender com os pressupostos jurídico-normativos, vertidos nas leis fiscais. 19. Sendo, ainda, certo que a concretização deste princípio jurídico impossibilita, igualmente, a existência de um espectro tão amplo de discricionariedade que legitimasse, por parte da administração tributária, a concessão de regimes de exceção, no sentido de isentar determinados contribuintes do cumprimento das respetivas obrigações fiscais (declarativas ou outras). 20. Na realidade, e de acordo com os ensinamentos de Viera de Andrade (vide "O Ordenamento Jurídico Administrativo Português, in Contencioso Administrativo, Livraria Cruz, Braga, 1986, pag. 40), decorre do princípio da legalidade que a "lei é não só o limite, como fundamento e pressuposto de toda a atividade administrativa". 21. Não podendo, consequentemente, a AT, agir em termos que não tenham, por subjacente, um preceito legal, que fundamente e norteie a sua atuação. Nem pode, por sua vez, a administração tributária atuar para além dos limites impostos pelos pressupostos normativos, e pela estatuição legal, previstas nas normas que perfazem o ordenamento jurídico-tributário português. 22. Por outro lado, a discricionariedade administrativa existe, apenas, quando a lei o consentir, e desde que a mesma não "não colida com qualquer outro princípio norteador da atividade administrativa" (vide Marcelo Rebelo de Sousa, Lições de Direito Administrativo, Vol. I, Lex, 1999, págs. 107/108). 23. Assim sendo, e dado que não existe, no RBC, um dispositivo legal que, expressamente, permita a atribuição/concessão de regimes de exceção, a sujeitos passivos específicos/determinados, ou que possibilitasse, à AT, fazer uso de uma discricionariedade administrativa, com o mesmo propósito/finalidade, importa, portanto, concluir não ser possível aceder à pretensão da Requerente, no sentido de a isentar, no que se refere as operações económicas, ora em análise, das obrigações legais/declarativas, previstas naquele regime legal. VI - Conclusões 24. No que concerne o fornecimento de provisões de bordo, a aeronaves pertencentes a companhias de navegação aérea, apenas não haverá sujeição ao RBC, quando:

a. Se trate de produtos sujeitos a IEC, desde que tais bens se encontrem em

circulação, em regime suspensivo; b. Os mantimentos sejam adquiridos por companhias de navegação aérea, que se

dediquem principalmente ao trânsito internacional, e se mostrem cumpridas as formalidades relativas à declaração de exportação.

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25. Em função dos constrangimentos decorrentes das competências orgânicas, atribuídas a esta Direção de Serviços, abstemo-nos de aprofundar os conceitos, de índole aduaneiro, supra expostos. Pelo que, se a Requerente assim o entender, poderão ser colocadas, aos serviços da AT, responsáveis pela área aduaneira, a concretização/definição dos pressupostos/conceitos legais associados a: (i) produtos sujeitos a IEC's, (ii) circulação de bens em regime suspensivo; (iii) cumprimento das formalidades relativas às declarações de exportação; (iv) companhias aéreas que se dediquem principalmente ao trânsito internacional. 26. O transporte de bens alimentares, destinados a serem consumidos dentro das instalações do aeroporto internacional de Lisboa, fica sujeito às obrigações, de índole declarativo, previstas pelo RBC. (Informação vinculativa, Proc. 5204, sancionada por despacho de 25/07/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

16 - Construção civil (transporte de areia para incorporar em obras que estão a ser construídas por conta própria) - artigo 4.º Uma empresa de construção civil transporta todos os dias areia dos seus estaleiros para as suas obras que está a construir por conta própria. Terá que emitir todos os dias guias de transporte e comunicar os seus elementos à AT? Segundo o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma». Por documento de transporte entende-se a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes, tal como consta da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. No caso concreto, o documento mais apropriado será a guia de transporte. Nestas situações, o remetente e o destinatário a constar do documento de transporte, será a própria empresa e o local de carga e descarga serão as instalações da empresa e a localização da obra, respetivamente. Em nosso entender, nestas situações, não se aplica a norma constante do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, na medida em que a mesma só se aplica quando o destinatário ou os bens a entregar em cada local de destino não sejam conhecidos na altura do início do transporte dos bens, já que, na hipótese referida, o destinatário dos bens transportados é conhecido (a empresa de construção civil que está a construir por conta própria). Por sua vez, o n.º 5 do artigo 5.º do referido regime diz que «os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à AT os elementos dos documentos processados nos termos

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referidos no n.º 1, antes do início do transporte», comunicação essa que é efetuada da forma constante do n.º 6 do mesmo artigo. Assim sendo, a empresa em questão terá que emitir documento de transporte, sempre que transporta areia, tijolos, cimento e outros bens para incorporar nas obras que está a construir por conta própria e a comunicar os seus elementos à AT. Se o transporte se verificar várias vezes ao dia, de todas as vezes terá que ser emitido o competente documento de transporte. A comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000» (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

17 - Construção civil (transporte de tijolos, cimento e outros bens para incorporar em serviços prestados que vão ser efetuados) - artigo 4.º, n.º 6 Como deve proceder, no que se refere ao documento de transporte, uma empresa de construção civil quando transporta tijolos, cimento e outros bens a incorporar em serviços prestados que vai efetuar? A questão em causa encontra-se tratada nos n.ºs 6, 7 e 11 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Assim, o transporte de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos, deve ser acompanhado de um documento de transporte processado globalmente, nos termos dos artigos 5.º e 8.º do RBC, impresso em papel, mencionando como local de descarga a obra a que se destinam. Quando os bens são incorporados nas obras, deve ser emitido, de acordo com a alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º, documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. No regresso à empresa, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos da incorporação nos serviços prestados. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os documentos referidos na alínea b) do n.º 6 (folhas de obra) são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Assim, mesmo que a empresa tenha tido, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, um volume de negócios igual ou inferior a 100.000,00 euros, neste caso não beneficia da dispensa de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação a que o sujeito passivo fica obrigado é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma.

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Não esquecer que os elementos dos documentos globais devem ser comunicados à AT antes do inicio do transporte, enquanto que os referentes aos documentos adicionais devem ser comunicados até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte.

18 - Contentores utilizados para deposição, e posterior transporte, de pensos higiénicos, unidade neutralizadora de cheiros, unidade desinfetante de urinóis, tapetes - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. Descrição dos factos 1. A requerente é uma empresa prestadora de serviços nas áreas de higiene feminina, desinfestação, consultoria e destruição confidencial de documentos. 2. As questões colocadas consubstanciam-se em saber sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação no âmbito das prestações de serviços de higiene feminina, referindo que as mesmas seguem o seguinte procedimento:

- Os clientes contratam à requerente a prestação de um ou mais serviços, contentor

de deposição de pensos higiénicos, unidade neutralizadora de cheiros, unidade desinfectante de urinóis, tapetes, etc.

- O contrato define uma periodicidade para a troca dos serviços contratados, as

unidades instaladas nunca chegam a ser propriedade do cliente. - Em condições normais a viatura sai das instalações com um número fixo de

unidades, regressando com a mesma quantidade de unidades, a única diferença é que vêm sujas.

- Até à data emitia uma guia de transporte impressa em tipografia relativamente aos

bens/unidades, transportados. - Adicionalmente em cada viatura constava uma listagem com detalhes de todos os

clientes a visitar, cliente morada e serviços contratados. 3. Refere que atendendo à legislação vigente, nomeadamente a Portaria 22-A/2012 de 24 de janeiro, e o Decreto-Lei n.º 147/2013, de 11/7, vem colocar as seguintes questões:

i) Se tem que preencher para cada um dos clientes, uma guia de transporte; ii) Se pode emitir uma guia de transporte por cada volta/rota, com as quantidades

totais dos bens em circulação; iii) Se as guias de transporte possuem ou não um prazo de validade;

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iv) No caso especifico das unidades que a requerente transporta para o cliente e que regressam já sujas, existe ou não a obrigatoriedade de documentar na guia de transporte o regresso dessa mercadoria?

v) Se os bens referidos em iv) estão abrangidos pelo conceito de ativo imobilizado.

Enquadramento legal da situação 4. O Regime de Bens em Circulação, doravante designado de RBC, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.o 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 5. Conforme determina o artigo 1.º do citado regime, todos os bens em circulação em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado devem ser acompanhados de documentos de transporte. 6. Para efeitos do citado regime, consideram-se "bens em circulação" todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado; 7. Conforme definição constante no artigo 2.º do RBC, entende-se por documento de transporte, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes, os quais devem ser processados de harmonia com os artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do mesmo Regime. 8. Resulta das citadas disposições legais, designadamente do n.º 1 do artigo 5.º que os documentos de transporte devem ser processados por uma das seguintes vias:

a) Por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a

integridade do seu conteúdo, de acordo com o disposto no Código do IVA; b) Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação

pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012, de 24 de janeiro;

c) Através de software produzido internamente pela empresa ou por empresa

integrada no mesmo grupo económico, de cujos respetivos direitos de autor seja detentor;

d) Diretamente no Portal das Finanças; e) Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente.

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9. Por sua vez, o n.º 5 do artigo 5.º do RBC determina a obrigatoriedade de os sujeitos passivos comunicarem à AT, os elementos dos documentos de transporte, antes do início do transporte e através dos meios referidos no n.º 6 da mesma disposição legal. 10. Não obstante, o n.º 11 do citado artigo 5.º prevê que a referida comunicação é dispensada, nos casos em que a fatura serve também de documento de transporte e seja emitida pelos sistemas informáticos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1 (supramencionadas no ponto 8). 11. Em qualquer caso, os bens em circulação, devem ser acompanhados do respetivo documento de transporte, emitidos antes do início do transporte e através de um dos meios referidos no ponto 8 desta informação, devendo, além dos elementos exigidos pelo artigo 4.º do RBC, ser feita a anotação do fim a que os mesmos se destinam. 12. Quando se trate de bens em circulação sem destinatário específico, ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser aplicados em cada local de destino o sujeito passivo pode optar por emitir um documento de transporte global de harmonia com o n.º 6 do artigo 4.º do RBC. Nesta situação, à medida que forem feitos fornecimentos, deve ter em atenção as alíneas a) e b) daquele preceito, ou seja, deve processar documento em duplicado, nele fazendo referência ao respetivo documento global, utilizando o duplicado para justificar a saída dos bens, de modo que os bens em circulação sejam os elencados no documento global, menos os referidos nos documentos processados. 13. No caso exposto estamos perante dois transportes de bens:

i) um transporte com início nas instalações do requerente, com destino às instalações

do cliente; ii) outro, que se inicia no cliente até às instalações do requerente.

14. Assim, deve ser emitido um documento de transporte relativamente a cada uma das situações supra referidas. 15. No que respeita, ao ativo fixo tangível ou ativo imobilizado, não cabe a esta Direção de Serviços classificar os bens do sujeito passivo nomeadamente quanto ao fim que lhes pretende atribuir. 16. Não obstante, importa referir que o Sistema de Normalização Contabilística, constante do parágrafo 6, da Norma Contabilística e de Relato Financeiro define como "Activos fixos tangíveis" os bens que: - Sejam detidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos; e - Se espera que sejam usados por mais do que um período. São, assim, compreendidos os ativos tangíveis que são mantidos por uma empresa para serem usados na produção ou na comercialização de mercadorias ou serviços, para locação ou para finalidades administrativas. 17. Por sua vez e para efeitos do RBC, é considerado "ativo fixo tangível" (ativo imobilizado) os bens que na contabilidade do sujeito passivo estejam classificados como tal.

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18. De referir no entanto que, mesmo que se trate de bens em circulação excluídos do âmbito do Regime de Bens em Circulação, por aplicação do seu artigo 3.º, devem os mesmos ser acompanhados de qualquer documento comprovativo da natureza, quantidade, proveniência e destino dos mesmos, conforme n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º. CONCLUSÃO 19. Os bens em circulação, desde que não abrangidos por nenhuma das exclusões elencadas no artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação, nomeadamente pela alínea c) do n.º 1, estão obrigados a acompanhamento de documento de transporte, emitido de harmonia com os requisitos do Regime de Bens em Circulação e elencados nos pontos 4 a 14 da presente informação. (Informação vinculativa, Proc. 5934, sancionada por despacho de 07/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

19 - Cortiça adquirida em herdades agrícolas (peso e volume a fazer constar no documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 2, alínea d) Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. O sujeito passivo requerente dedica-se à atividade da indústria da cortiça, encontrando-se enquadrado em IVA no regime normal trimestral. 2. Adquire, com alguma frequência, lotes de cortiça em vários pontos do Alentejo, designadamente em herdades agrícolas ou pequenos produtores. 3. No interior dessas herdades não existe, por vezes, a possibilidade de efetuar comunicações, e o ponto de pesagem dista, em média, entre 5 a 10 quilómetros do local onde carrega a cortiça. Deste modo, apenas nos pontos de pesagem o requerente está em condições de conhecer a quantidade de cortiça que transporta nos veículos, e, consequentemente, emitir o correspondente documento de transporte. 4. Face à situação descrita solicita esclarecimentos, relativamente ao modo como deve agir, em relação à emissão de documentos de transporte, caso seja intercetado pelas autoridades entre o local de carga da cortiça e o local onde procede à pesagem da mesma. 5. O Regime de bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA (RBC) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, tendo posteriormente sido alterado pelo Decreto-Lei n.º 238/2006, de 20 de dezembro, pela Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, e pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, tendo sido republicado em anexo a este último normativo legal. Mais recentemente, a Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, introduziu alterações aos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 8.º, 10.º e 11.º daquele Regime. 6. Refere o artigo 1.º do RBC que "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma".

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7. Nos termos do artigo 2.º do RBC, designadamente a alínea a) do n.º 2, consideram-se, para efeitos deste diploma, "bens em circulação" todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. 8. Refere, ainda, a alínea d) do n.º 2 do artigo 4.º do RBC que as guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter a "designação comercial dos bens, com indicação das quantidades." 9. Tendo em consideração aquelas disposições, verifica-se que a indicação da quantidade de bens em circulação não contém nenhuma medida em concreto que deva ser utilizada para aquele fim, pelo que o requerente, enquanto não pode indicar a quantidade da cortiça em quilogramas, uma vez que a pesagem da cortiça não pode ser efetuada na altura em que a mesma é carregada nos veículos, deve indicar a quantidade da cortiça transportada através de qualquer outra medida, como, por exemplo, a sua volumetria (m3) ou número de peças. (Informação vinculativa, Proc. 5455, sancionada por despacho de 07/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

20 - Cortiça adquirida em herdades agrícolas (transportada pelo comprador ou através de um transportador que contrata para o efeito) - artigo 4.º Certa empresa compra cortiça aos produtores agrícolas, e realiza o transporte através de um transportador que contrata para o efeito. Nestes casos, quem deve emitir o documento de transporte e fazer a comunicação à AT, o comprador, o vendedor ou o transportador? De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, "os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada". Por sua vez, de acordo com alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC estão excluídos do âmbito do presente diploma "os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas de aquicultura ou de pecuária resultantes da sua própria produção e os bens que manifestamente se destinem a essa produção, transportados pelo próprio ou por sua conta". No entanto, o n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, estabelece que:

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"Em caso de transporte dos bens referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do regime de bens em circulação, que não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, a obrigação de comunicação considera-se também cumprida, desde que, cumulativamente: a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a)".

Ou seja, no caso concreto, a obrigação é dos agricultores, mas a mesma considera-se cumprida desde que os adquirentes adotem os procedimentos previstos no n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013. Quanto à comunicação dos elementos dos documentos de transporte, a mesma deve ser efetuada pelo seu emitente, de acordo com o disposto nos n.ºs 5 e seguintes do Regime doa Bens em Circulação ou da referida alínea c) do n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013.

21 - Data e hora da entrega/descarga dos bens que deve ser mencionada no documento de transporte - artigo 4.º É ou não obrigatório fazer constar do documento de transporte a data e hora da entrega/descarga dos bens transportados? Face ao disposto no n.º 2 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 24 de julho, as guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter, pelo menos, os seguintes elementos: a) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação

fiscal do remetente; b) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou adquirente; c) Número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja sujeito

passivo, nos termos do artigo 2.º do Código do IVA; d) Designação comercial dos bens, com indicação das quantidades.

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Por sua vez, o n.º 4 do mesmo artigo diz que as faturas, guias de remessa ou documentos equivalentes devem ainda indicar os locais de carga e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se inicia o transporte. Assim, o preenchimento da data e hora de descarga não constitui elemento obrigatório. Sobre esta matéria, também através da FAQ n.º 33, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão, foi esclarecido que não é obrigatória a indicação no documento de transporte da data e hora da entrega/descarga dos bens.

22 - Data e hora do início do transportes (alteração posterior à data/hora antes comunicada) - artigo 4.º, n.º 4 Se a data comunicada à AT para a saída da mercadoria for alterada face à hora efetiva da saída da mercadoria, deve este documento ser anulado e impresso um outro documento de transporte? Segundo o disposto no n.º 4 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, as faturas, guias de remessa ou documentos equivalentes devem indicar a data e hora em que se inicia o transporte. A data e/ou hora de início do transporte só pode ser retificada no portal das finanças, antes da hora/data prevista para o seu início. Se a retificação for posterior à hora prevista para o início do transporte (entretanto comunicada à AT), o sistema informático não irá permitir essa alteração. Nesta situação, tem de ser emitido um documento de transporte acessório pré-impresso, cujos elementos devem ser introduzidos no Portal das Finanças, no prazo de 5 dias, fazendo referência ao documento inicial. (cfr. FAQ n.º 11, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

23 - Data e hora do início do transporte (podem ser diferentes da data da emissão do documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 4 A data e hora do início do transporte podem ser diferentes da data de emissão do documento? A data de emissão do documento de transporte é sempre anterior à data de início do transporte. Tecnicamente, o documento de transporte pode ser emitido até 30 dias antes da data de início do transporte. (cfr. FAQ n.º 6, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão)

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24 - Data e hora do início do transporte (que deve constar das faturas, guias de remessa ou documentos equivalente) - artigo 4.º, n.º 4 É obrigatório constar do documento de transporte a data e a hora do início do transporte? Nos termos do artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte nos termos estabelecidos naquele diploma». Por sua vez, a alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo regime estabelece que o documento de transporte pode ser a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. Das faturas, guias de remessa ou documentos equivalente, em obediência ao disposto no n.º 4 do artigo 4.º do RBC, devem constar os locais de carga e descarga, referidos como tais, bem como a data e a hora em que se inicia o transporte. Na falta de menção expressa dos locais de carga e descarga e a data do início do transporte, presumir-se-ão como tais os constantes do documento de transporte (cfr. n.º 5 do art.º 4.º do RBC).

25 - Data do início do transporte e o seu fim (tempo que medeia entre o início e o final do transporte) - artigo 4.º, n.º 4 Existe algum limite temporal entre a data de início e o final do transporte? Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 22. A consulente desenvolve parte da sua atividade nos Açores e Madeira, pelo que envia e recebe com frequência materiais para e desses arquipélagos, quer por via marítima, quer por via aérea. O transporte desses materiais tem uma duração média de 3 a 4 dias e são enviados das suas instalações até aos estaleiro, envolvendo transporte terrestre, marítimo e/ou aéreo. Requer, por isso, esclarecimento sobre se o documento de transporte emitido e comunicado, antes do início do transporte, permanece válido até à chegada dos bens ao estaleiro. 25. Independentemente da duração do transporte, o respetivo documento emitido antes do início do transporte permanece válido até que os bens cheguem ao local de destino final. (n.ºs 22 e 25 da Informação vinculativa, Proc. 5121, sancionada por despacho de 05/09/2013 do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral) NOTA: Em termos legais, continua a não existir qualquer limite temporal para o referido intervalo de tempo.

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Neste sentido, e dado que a legislação nesta área não sofreu qualquer alteração até à atualidade, mantém-se a doutrina transmitida através do Ofício-Circulado n.º 91 919, de 21/10/1987, da Direção de Serviços de Controlo do SIVA, cuja redação é a seguinte: «Havendo conhecimento de que existe dualidade de critério na atuação dos agentes fiscalizadores e na resolução de dúvidas colocadas junto dos Serviços de Finanças, relativamente ao período de tempo mais ou menos longo, que medeia entre a data de início do transporte e o seu fim, tenho a honra de comunicar a V. Ex.ª que não existe em termos legais qualquer limite temporal para o referido intervalo de tempo». Existirá, contudo, um mínimo de razões lógicas que justifiquem a data da circulação face à data do início do transporte (cfr. 3.6 da Informação n.º 1135, de 26/01/1998, da Direção de Serviços do IVA, sancionada por despacho de 06/03/1998).

26 - Data do inicio do transporte e o seu fim (transporte interrompido depois feita a comunicação do início do mesmo) - artigo 4.º, n.º 4 Uma empresa que efetua transportes rodoviários de mercadorias por conta de outrem, acontece-lhe com frequência que, depois do motorista ir carregar o camião e o cliente ter feito a comunicação do transporte, por qualquer motivo o camião tem que ficar carregado nas suas instalações e só no dia seguinte é que segue, ou até fica, por exemplo, a meio do percurso à porta do motorista que depois seguirá no dia seguinte ou até após o fim de semana. Como se deverá proceder nestas situações? Terá que ser emitido novo documento de transporte? O facto de o transporte ser interrompido, por motivo de descanso do motorista, ou por qualquer outro motivo de ordem operacional, não significa que o transporte tenha sofrido uma ruptura de carga, pelo que não deve ser emitido novo documento de transporte, devendo os bens continuar a ser acompanhados pelo documento emitido pelo remetente dos mesmos.

27 - Designação comercial dos bens transportados - artigo 4.º, n.º 2, alínea d) 1 - O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 2 - Nos termos do artigo 1.º do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte", entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente.

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3 - Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do Regime dos Bens em Circulação, referindo, nomeadamente, o n.º 2 do artigo 4.º que as guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter, pelo menos, os seguintes elementos:

a) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação

fiscal do remetente; b) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou

remetente; c) Número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja

sujeito passivo, nos termos do artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado;

d) Designação comercial dos bens, com indicação das quantidades.

4 - A questão colocada pelo sujeito passivo prende-se com o facto de, na sequência de uma ação de fiscalização, ter sido levantado um auto de apreensão relativo aos bens em circulação, bem como ao veículo que os transportava. 5 - O motivo da referida apreensão resultou do facto de no documento de transporte não ser especificada a mercadoria transportada com a sua designação comercial. 6 - O sujeito passivo entende que a designação comercial indicada nas guias de remessa respeita aos requisitos legais previstos na alínea d) do n.º 2 do artigo 4.º do Dec. Lei n.º 147/2003, de 11/7, juntando para o efeito documentação para que se afira que em todo o circuito económico a designação comercial utilizada pelos diferentes operadores é idêntica à constante das guias de remessa, objeto do auto de apreensão. 7 - Da análise das guias de remessa objeto do auto de apreensão, verifica-se que a designação comercial dos bens é feita com as seguintes indicações: Ex.: Guia de remessa n.º 6617652 No campo referente ao produto é indicado "Marca X - EP 80W - 208L" sendo esta indicação precedida do respetivo código. 8 - Face ao exposto e verificando-se que os bens estão identificados com a designação com a qual é conhecida comercialmente, não restando dúvidas que se trata de "lubrificantes", entendemos que o procedimento do sujeito passivo é correto, nomeadamente para efeito dos requisitos exigidos pela alínea d) do n.º 2 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7. 9 - Do despacho que recair sobre a presente informação deverá ser dado conhecimento aos Serviços de Inspeção Tributária da Direção de Finanças de Lisboa, bem como à Brigada Fiscal da GNR. (Informação vinculativa, Proc. F254 2006031, sancionada por despacho de 06/06/2006 do Subdirector-Geral dos Impostos) NOTA: Na indicação das quantidades transportadas não pode ser indicado apenas "X volumes" ou "X de caixas", mas antes especificar-se as unidades ou outras medidas

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correspondentes. Também não são admitidas designações genéricas de bens ou expressões como "diversos".

28 - Destinatário ou adquirente não conhecido na altura da saída dos bens (empresas que prestam assistência técnica a máquinas e aparelhos na casa dos clientes) - artigo 4.º, n.º 6, alínea b) Como devem proceder, no que se refere à emissão do documento de transporte, as empresas que prestam assistência técnica, nas casas dos clientes, a máquinas e aparelhos, já que na maioria dos casos, quando os veículos se deslocam para o efeito, não sabem qual ou quais as peças ou materiais que vão ser fornecidos ou empregues nessas reparações? Nesta situação concreta, os documentos de transporte, em obediência ao disposto no n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, são processados globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º do Regime dos Bens em Circulação, e impressos em papel em 3 exemplares, antes do início do transporte. Posteriormente, e de acordo com o disposto na alínea b) do n.º 6 do citado artigo 4.º, logo que os bens sejam incorporados nos serviços em causa, deve a saída dos mesmos ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente, fazendo-se sempre referência ao documento global (cfr. n.º 7 do art.º 4.º). No regresso à empresa, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos da incorporação nos serviços prestados. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os documentos referidos nas alíneas b) do n.º 6 (folhas de obra) são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte.

29 - Destinatário ou adquirente não conhecido na altura da saída dos bens (formalidades a observar) - artigo 4.º, n.º 6 Uma empresa tem vários vendedores que passam pela empresa todos os dias e levam sempre material nos carros, e tem outros que fazem zonas grandes e estão muitas vezes uma semana fora. Que tipo de documento de transporte deve acompanhar esse material? Esta questão encontra-se tratada nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Assim, na altura em que o vendedor sai, deve fazer acompanhar a mercadoria de um documento de transporte global, processado nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impresso em papel em 3 exemplares, antes do início do transporte.

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Quando os bens são efetivamente entregues aos clientes, o vendedor deve emitir, em duplicado, de acordo com a alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º, documento adicional, que pode ser a fatura (ou uma fatura simplificada, a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, desde que a venda seja feita a não sujeitos passivos, e o valor da fatura não for superior a € 1000), no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. O duplicado deve ser utilizado para justificar a saída dos bens. Em qualquer momento, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos das entregas efetuadas aos clientes. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os documentos referidos nas alíneas a) do n.º 6 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Assim, mesmo que a empresa tenha tido, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, um volume de negócios igual ou inferior a 100.000,00 euros, neste caso não beneficia da dispensa de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação a que o sujeito passivo fica obrigado é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que o vendedor parta das instalações da empresa, com mercadorias para venda a clientes desconhecidos. O que se acaba de referir aplica-se a todos os vendedores, quer eles regressem, ou não, todos os dias à empresa.

30 - Destinatário ou adquirente não conhecido na altura da saída dos bens (razões lógicas que justificam a data da circulação face à data do início de transporte) - artigo 4.º, n.º 6, alínea a) 1 - A requerente, no início de cada semana, faz sair das suas instalações diversos funcionários (vendedores) com as viaturas carregadas de mercadorias (café) a fim de, posteriormente, e durante a semana, promoverem e efetuarem a sua auto venda. Emite uma guia de transporte global na 2ª feira. Os seus vendedores, por sua vez, emitem as faturas correspondentes às vendas efetuadas durante a semana, nelas anotando que se reportam à guia de transporte global emitida na 2ª feira. No fim de cada semana, os vendedores da requerente regressam à Empresa para apresentarem contas e recarregarem as viaturas na 2ª feira seguinte. À data de cada recarregamento (2ª feira), a requerente emite uma nova guia de transporte global e o ciclo descrito repete-se.

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2 - Porque, segundo alega, um agente da fiscalização terá dito a um dos seus vendedores que a guia de transporte global tem que ser obrigatoriamente emitida todos os dias, questionou a AT para se pronunciar em conformidade. 3 - Consequentemente, cumpre prestar a seguinte informação: 3.1 - O regime dos bens em circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação, visando o combate à fraude e evasão fiscal com incidência particular na área do IVA. 3.2 - Assim, nos termos do artigo 1.º do citado diploma, todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do diploma em causa, entendendo-se por documento de transporte [cfr. alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º] a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente, os quais devem ser processados de harmonia e com os elementos referidos nos artigos 4.º, 5.º e 8.º daquele diploma. 3.3 - Institucionalizou-se assim um dever jurídico que se consubstancia e se esgota em os bens em circulação terem de ser acompanhados de documento próprio. 3.4 - Por sua vez, o n.º 1 do artigo 6.º do citado diploma determina que os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens sejam objeto de prestação de serviços por ele efetuada. 3.5 - Tratando-se de bens em circulação sem destinatário específico, ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser aplicados em cada local de destino, poderá o sujeito passivo emitir documento de transporte global nos termos do n.º 6 do artigo 4.º do regime dos bens em circulação. Posteriormente, quando os bens forem efetivamente entregues, o documento de transporte, que pode ser uma fatura (ou uma fatura simplificada, a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, desde que a venda seja feita a não sujeitos passivos, e o valor da fatura não for superior a € 1000), guia de remessa, etc.) deve então ser processado em duplicado, onde é feita a referência ao respetivo documento global, para justificar a saída dos bens, de modo que os bens em circulação sejam os elementos elencados no documento global, menos os referidos nos documentos processados. 3.6 - Quanto à validade do documento de transporte, não existe em termos legais qualquer limite temporal entre a data do início do transporte e o seu fim, conforme ofício-circulado n.º 91 919, de 21/10/87, da ex-Direção de Serviços de Controle. Existirá, contudo, um mínimo de razões lógicas que justifiquem a data da circulação face à data do início do transporte.

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3.7 - Face ao exposto, é correto o procedimento adoptado pela consulente e descrito na presente informação. (cfr. Informação n.º 1135, de 26/01/98, da Direcção de Serviços do IVA, sancionada por despacho de 06/03/1998, com as necessárias adaptações devido às alterações posteriormente introduzidas no regime dos bens em circulação)

31 - Destinatário ou adquirente não sujeito passivo (menção a fazer no documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 9 Caso o destinatário ou adquirente dos bens não seja um sujeito passivo para efeitos de IVA, cujo conceito nos é dado pelo artigo 2.º do Código respetivo, o n.º 9 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, obriga a que se faça menção desse facto no documento de transporte, a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, utilizado para acompanhar os bens em circulação, exceto quando este for uma fatura processada nos termos e de harmonia com o artigo 36.º do Código do IVA. Não sendo observado tal normativo, os infratores incorrem na penalidade referida no artigo 117.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 5 de junho, por força do disposto no n.º 2 do artigo 14.º do Regime dos Bens em Circulação, aplicável quer ao remetente dos bens quer ao transportador que não seja transportador público regular de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço. Segundo o disposto no n.º 7 do artigo 14.º, do regime em causa, somente são aplicáveis as sanções referidas neste artigo quando as infrações forem verificadas durante a circulação dos bens. Para o efeitos, e de acordo com o disposto nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, consideram-se: «Bens em circulação» todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. Consideram-se ainda bens em circulação os bens encontrados em veículos nos atos de descarga ou transbordo mesmo quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem os Decretos-Leis n.ºs 252/86, de 25 de agosto, e 259/95, de 30 de setembro. Para aplicação da coima é competente o chefe do serviço de finanças da área onde foram detetadas as infrações ao diploma em causa (cfr. n.º 8 do art.º 14.º do RBC).

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32 - Destinatário ou adquirente que deve constar do documento de transporte quando se trate de subcontratação de trabalho a feitio - artigo 4.º A empresa "A" presta serviços de montagem ou acabamento de calçado à empresa "B". A empresa "B" fornece toda a matéria-prima à empresa "A" e posteriormente esta empresa fatura a mão de obra de montagem ou acabamento à empresa "B". Acontece no entanto que a empresa "A" entrega palmilhas (matéria-prima da empresa "B") a uma empresa "C" para grifagem. Mas a empresa "C" fatura o serviço de grifagem à empresa "B". Quando a empresa "A" transporta as palmilhas à empresa "C" (para grifagem), na emissão do documento de transporte, quem deve ser considerado o destinatário, a empresa "C" ou a empresa "B"? Quando a empresa "A" vai buscar as palmilhas já grifadas à empresa "C", esta (empresa C) entrega uma guia de transporte em que indica como destinatário a empresa "B", o local de carga é na empresa "C" e a descarga é nas instalações da empresa "A". Neste caso está correta a indicação da empresa "B" como destinatário? De acordo com o disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «destinatário ou adquirente» é a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada a quem os bens em circulação são postos à disposição. Assim, o destinatário a mencionar nos documentos de transporte não tem necessariamente que ser o adquirente dos bens ou destinatário dos serviços, a quem os mesmos serão faturados. Consequentemente, na primeira situação, está correto a indicação como destinatário a empresa "C". Na segunda situação deve ser indicado como destinatário a empresa "A".

33 - Devolução de bens (procedimentos a adotar) - artigo 4.º, n.º 8 Temos uma empresa em que o serviço de entrega de mercadorias aos clientes é efetuado por uma transportadora. Por vezes há devolução de alguma mercadoria pelo cliente e o transporte é feito pela transportadora. Que procedimentos devem ser adotados nestas devoluções? No caso de devolução de mercadorias pelo destinatário/adquirente, este deve emitir uma nota de devolução, que servirá de documento de transporte, e comunicar à AT os elementos constantes da mesma, antes do início do transporte, através de uma das vias constantes do n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, ou seja: a) Por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a

integridade do seu conteúdo, de acordo com o disposto no Código do IVA;

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b) Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012 de 24 de janeiro;

c) Através de software produzido internamente pela empresa ou empresa integrada no

mesmo grupo económico, de cujos respetivos direitos de autor seja detentor; d) Diretamente no Portal das Finanças; e) Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente. Não se tratando de devolução, mas da não aceitação imediata e total dos bens transportados, obriga à emissão de documento transporte adicional pelo remetente, pois é este o dono dos bens, impresso em papel em tipografia autorizada para o efeito, identificando a alteração e o documento alterado (cfr. n.º 8 do art.º 4.º do RBC). Os elementos deste documento adicional são comunicados à AT pelo remetente, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, sem prejuízo do remetente habilitar terceiros a fazê-lo, em seu nome e por sua conta (que pode ser o transportador), em funcionalidade disponibilizada no Portal das Finanças (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4).

34 - Devolução de mercadorias através dos CTT (documento de transporte) - artigo 4.º Na devolução de mercadorias a terceiros através por CTT, que documento deve acompanhar os bens? Tratando-se de uma encomenda postal, considerada como um bem que possa ser objeto de transmissão de bens nos termos do Código do IVA, esse transporte deverá ser acompanhado por um documento de transporte nos termos do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Os CTT, enquanto transportador, deverão exigir o documento de transporte ou código de identificação ao remetente das mercadorias. Tal como se encontra previsto no n.º 8 do artigo 4.º do RBC, a não aceitação imediata e total dos bens transportados, obriga à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado. Por sua vez, o n.º 4 da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril diz que as alterações referidas no n.º 8 do artigo 4.º do regime dos bens em circulação, quando estas forem efetuadas em documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas e processadas pelos transportadores, são comunicadas pelos remetentes, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Tratando-se de correspondência postal está a mesma excluída do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, por não se tratar de um bem que possa ser objeto de transmissão de bens nos termos do Código do IVA.

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Mais à frente, e no que se refere ao transporte das encomendas postais e da correspondência postal, ver o que se diz com o título "Encomendas postais (documentos de transporte)".

35 - Documento de transporte (casos em que devido ao volume ou quantidade dos bens transacionados os mesmos não podem ser transportados no mesmo veículo) - artigo 4.º Quando, devido ao volume ou quantidade, os bens transacionados não possam ser transportados no mesmo veículo, havendo por isso necessidade de repartir o seu transporte por mais de um veículo, como proceder quanto ao documento de transporte? Verificando-se tal situação, e mesmo que todos os veículos partam do mesmo local e à mesma hora e sigam em fila na estrada, nem por isso as mercadorias podem ser desacompanhadas, relativamente a cada veículo, do respetivo documento de transporte, do qual constem as indicações referidas no n.º 4 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho (locais de carga e descarga, data e hora em que se inicia o transporte), com a respetiva ressalva do disposto no n.º 5, em que se diz que «na falta de menção expressa dos locais de carga e descarga e da data do início do transporte, presumir-se-ão como tais os constantes do documento de transporte». Nestes casos, deverão ser emitidos tantos documentos de transporte quantos os veículos que forem utilizados ou, no caso de utilização do mesmo veículo mas em transportes diferenciados, quantos os transportes que vierem a ser efetuados.

36 - Documento de transporte (deixou de ser obrigatória a sua utilização uniforme) - artigo 4.º No regime anterior dos bens em circulação (Decreto-Lei n.º 45/89) existia uma norma (n.º 4 do art.º 1.º) que obrigava que a utilização de qualquer tipo dos documentos de transporte (fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente) tivesse que ser uniforme até 31 de dezembro de cada ano, em relação às operações comerciais da mesma natureza ou espécie, isto é, caso se tivesse iniciado o ano emitindo um daqueles documentos teria que se continuar, ao longo desse mesmo ano, a emitir o mesmo tipo de documento para a mesma natureza ou espécie de operações. Tal não acontece na legislação atual do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, que deixou de ter aquele normativo. Assim, caso se tenha iniciado o ano, para efeitos de circulação, com a emissão de fatura relativamente a qualquer tipo de operações, pode-se alternar, em qualquer altura desse ano, se nisso se vir vantagem, para qualquer outro dos tipos de documento de transporte previstos para o efeito. Consequentemente, pode-se hoje emitir, como documento de transporte, uma fatura e amanhã, se houver conveniência nisso, emitir uma guia de remessa ou outro documento

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de transporte, relativamente ao mesmo tipo de operações, e posteriormente voltar novamente ao documento inicial ou qualquer outro. O mesmo é válido para o caso das empresa possuírem dois, ou mais, estabelecimentos distintos, e pretenderem utilizar, num desses estabelecimentos, a fatura como documentos de transporte, e no outro, ou outros estabelecimentos, a guia de remessa, guia de transporte ou outro documento equivalente. Se possuírem um só estabelecimento, podem igualmente, com referência ao mesmo utilizar, como documento de transporte, simultaneamente, a fatura, guia de remessa, guia de transporte ou documento equivalente. Obviamente que, nos casos em que se utilize a fatura como documento de transporte, esta terá que ser emitida em triplicado, e conter obrigatoriamente os elementos referidos no n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA, tal como consta do n.º 1 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação.

37 - Documento de transporte (elementos obrigatórios que deve conter) - artigo 4.º Quais os elementos obrigatórios que o documento de transporte deve conter? O documento de transporte deve conter obrigatoriamente os seguintes elementos: - nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação

fiscal do remetente dos bens; - nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou adquirente

dos bens; - número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja sujeito

passivo de IVA (art.º 2.º do CIVA); - menção, sendo caso disso, de que o destinatário ou adquirente não é sujeito passivo de

IVA; - designação comercial dos bens, com indicação das quantidades; - local de carga e descarga; - data e hora em que se inicia o transporte. Os documentos de transporte emitidos em papel devem ainda conter em impressão tipográfica: - a referência à autorização ministerial relativa à tipografia que os imprimiu; - a respetiva numeração atribuída; e ainda

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- os elementos identificativos da tipografia, nomeadamente a designação social, sede e número de identificação fiscal.

(cfr. FAQ n.º 6, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Gerais)

38 - Documento de transporte (fotocópias) - artigo 4.º É permitida a circulação dos bens com fotocópia do documento de transporte? A circulação de bens com fotocópias do documento de transporte não é permitida em caso algum. O artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, ao referir que «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma», afasta, implícita e inequivocamente, a possibilidade do uso de fotocópias, que mais não são que a reprodução fotográfica do documento. Por sua vez, o n.º 1 do artigo 7.º do mesmo regime diz, claramente, que os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º ou, sendo caso disso, o código referido no n.º 7 do artigo 5.º.

39 - Documento de transporte (limite temporal entre a data do início do transporte e do seu fim) - artigo 4.º No exercício da nossa atividade comercial de "comércio de flores e plantas artificiais", a nossa empresa procede também, através de viaturas próprias, à distribuição e entrega dos produtos comercializados. A morosidade das entregas poderá originar situações em que o motorista não consegue entregar toda a carga num prazo de 24 horas, podendo mesmo demorar vários dias. Nesta situação, quais os procedimentos a ter em conta pelo motorista no sentido de possuir, em todo e qualquer momento, documentos de transporte válidos que possam acompanhar a mercadoria e que sejam válidos para apresentação às autoridades competentes? No n.º 7 da Informação Vinculativa, Proc. F254 2005020, com despacho de 26/05/2006, foi esclarecido que "não existe em termos legais qualquer limite temporal entre a data do início do transporte e o seu fim". Assim, o documento de transporte emitido antes do início do transporte, é válido até que a entrega dos bens seja efetuada e não apenas durante o primeiro dia do circuito de distribuição.

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40 - Documentos de transporte (local de descarga) - artigo 4.º, n.ºs 4, 8 e 11 O sujeito passivo "A", que comercializa resíduos de madeira (serrim, casca, etc.), vai carregar a mercadoria ao seu fornecedor "B" e este emite a respetiva guia de transporte com o código da comunicação à AT. A guia de transporte está emitida em nome do sujeito passivo "A" e com a indicação do local de descarga como sendo: "Morada do cliente" ou "v/instalações". O sujeito passivo "A" sabe, neste caso, que a mercadoria se destina ao seu cliente "C", onde a vai descarregar. É suficiente a comunicação à AT feita pelo fornecedor "B", ou deverá o sujeito passivo "A" elaborar outra guia de transporte sua (e comunicá-la) para a entrega ao seu cliente "C"? E se na guia de transporte do fornecedor "B", em vez de dizer "v/ instalações" for colocada a morada do cliente final "C", será mais correto? O sujeito passivo "A" tem intenção de deixar toda a mercadoria no seu cliente "C". No entanto, no decorrer do transporte, foi resolvido entregá-la a um outro cliente "D". Como proceder neste caso? No 1º caso, o mais correto é que do documento de transporte emitido pelo fornecedor "B" conste, como local de descarga, o local das instalações do cliente "C", onde os bens vão ser entregues. No 2º caso, entendemos que, do documento de transporte emitido pelo fornecedor "B" deve constar, como local de descarga, o local das instalações do cliente do adquirente "C", onde os bens provavelmente vão ser entregues. Caso, no decorrer do transporte seja decidido entregar os bens nas instalações de outro cliente do adquirente, deverá proceder-se à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração do local de descarga e o documento alterado, de acordo com o disposto no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Este documento de transporte adicional deve ser comunicado, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, de acordo com o n.º 11 do mesmo artigo 4.º. Não obstante o disposto no n.º 11 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, a comunicação do documento de transporte adicional, previsto no n.º 8 daquele artigo, pode ser efetuada por transmissão eletrónica de dados, sendo-lhe aplicável o disposto no n.º 8 do artigo 5.º do referido regime (n.º 5 do art.º 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4).

41 - Documento de transporte (não entrega da totalidade dos bens transportados) - artigo 4.º, n.ºs 8 e 11 Certo sujeito passivo tem como atividade a "venda de mobiliário e artigos de decoração". Muitas vezes sai da loja com vários artigos de decoração para ir a um cliente

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ver quais são os artigos que melhor se adaptam ao espaço e gosto do mesmo, regressando à loja com os que não foram escolhidos pelo cliente. Ao sair para o cliente é feita uma guia de transporte, que é comunicada automaticamente à AT por meio de programa informático. As que ficaram no cliente são faturadas. As que não são vendidas não são faturadas. Como "anular" o que já foi comunicado à AT constante da guia de transporte? Nos termos do disposto no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a não aceitação imediata e total dos bens transportados, obriga à emissão de documento de transporte adicional em papel, emitido em papel, identificando a alteração e o documento alterado. E, de acordo com o n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os elementos destes documentos de transporte adicional terão que ser comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Contudo, no caso exposto, afigura-se-nos que a situação mais correta seria a prevista nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, uma vez que os bens a entregar não eram ainda conhecidos na altura da saída dos mesmos da loja de venda do empresário. Consequentemente, devia ser processado um documento de transporte global, tal como se encontra previsto no n.º 6 do artigo 4.º, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, impresso em papel e, quando da entrega efetiva dos bens processar, em duplicado, um documento complementar, que podia ser uma fatura, ou uma fatura simplificada nas situações em que tal é possível de acordo com o n.º 1 do artigo 40.º do CIVA, que faria referência ao documento global. O documento complementar seria então comunicado à AT dentro do prazo previsto no anteriormente citado n.º 11 do artigo 4.º.

42 - Documento de transporte (não pode servir para mais do que uma viatura) - artigo 4.º Um documento de transporte pode servir para mais do que uma viatura, se os bens não puderem ser transportados na mesma? O documento de transporte não pode servir para mais do que uma viatura. Assim, deve ser processado pelo menos um documento de transporte por cada viatura. (cfr. FAQ n. 11, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de Transporte / Circulação de bens / Gerais, um documento de transporte)

43 - Documento de transporte (não podem ser inseridos manualmente os elementos obrigatórios que devem constar do mesmo) - artigo 4.º

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Os elementos obrigatórios que devem constar do documento de transporte podem ser inseridos manualmente? Todos os elementos (obrigatórios e variáveis) constantes do documento de transporte devem ser inseridos através do programa informático incluindo a hora para que os mesmos possam ser comunicados. Porém, quando o documento de transporte for em papel, impresso em tipografia devidamente autorizada para tal, os elementos variáveis podem ser inseridos manualmente, considerando-se como tais: - a data, - a firma ou denominação social do destinatário, - a sede do destinatário, - o número fiscal do destinatário, - a especificação dos bens, - o local de carga e descarga, e - a data e a hora em que se inicia o transporte.

44 - Documento de transporte (NIF do destinatário ou adquirente quando o mesmo não é sujeito passivo de IVA) - artigo 4.º, n.º 9 No documento de transporte é ou não obrigatório fazer constar do mesmo o número de identificação fiscal (NIF) quando o destinatário ou adquirente não é um sujeito passivo para efeitos de IVA? No caso em que o destinatário ou adquirente não seja um sujeito passivo, no documento de transporte não é obrigatório fazer constar do mesmo o seu NIF, exceto quando o documento de transporte for uma fatura processada nos termos e de harmonia com o artigo 36.º do Código do IVA (cfr. n.º 9 do art.º 4.º do RBC, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12). Contudo, caso exista obrigação de emissão do documento de transporte, que não seja uma fatura, entendemos que deve ser colocado no mesmo uma menção expressão de que o destinatário ou adquirente é um "não sujeito passivo". Lembramos ainda que, quando o destinatário ou adquirente for um consumidor final/particular, não sujeito passivo, mesmo que tenha que ser emitido um documento de transporte (os que não estão nas exclusões do artigo 3.º, p.e., eletrodomésticos que tenham sido previamente adquiridos e que sejam transportados em viaturas de mercadorias) ficam dispensados da comunicação dos elementos à AT, tal como se encontra previsto no n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril.

45 - Documento de transporte (preço dos bens transportados) - artigo 4.º, n.º 2 Tenho uma empresa de serralharia que fabrica produtos em alumínio (janelas, portas e outros bens). Quando transporto a mercadoria, em certos casos, ainda não sei o custo

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final da obra, uma vez que só depois da aplicação dos bens é que sei o custo total, com todos os materiais necessários e o tempo ocupado. Poderei emitir o documento de transporte sem que do mesmo conste o preço final? Se o documento de transporte for uma fatura, da mesma terão que constar todos os elementos referidos no n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA, do qual faz parte o preço dos bens transportados (cfr. n.º 1 do art.º 4.º do RBC). Se o documento de transporte for uma guia de remessa, guia de transporte ou documento equivalente, não é obrigatório constar do mesmo o preço dos bens transportados, por o Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, não o exigir.

46 - Documento de transporte (venda de animais vivos em feiras por uma empresa obrigada a emitir faturas através de software certificado) - artigo 4.º Uma empresa está obrigada a emitir faturas através de software certificado a partir de 1 de janeiro de 2014, uma vez que não reúne nenhum dos requisitos de exclusão que constam do n.º 2 do artigo 2.º da Portaria 363/2010. Esta empresa compra e vende animais vivos, pelo que, quando participa com regularidade em feiras, não é de todo prático ter o computador e a respetiva impressora para poder emitir no ato da venda a respetiva fatura, uma vez que muitos clientes são clientes únicos com os quais provavelmente não irão existir novamente contactos comerciais. Atendendo a esta dificuldade, podemos emitir neste tipo de situações faturas manuais impressas por tipografias autorizadas segundo o artigo 8.º da Portaria 363/2010? De acordo com o disposto no artigo 8.º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, com a redação que lhe foi dada pela Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro, os sujeitos passivos obrigados a utilizar programas de faturação certificados, só podem emitir faturas ou documentos de transporte impressas em tipografias autorizadas em caso de inoperacionalidade do programa de faturação, devendo ser posteriormente recuperadas para o programa. E na FAQ n.º 10, disponível no Portal das Finanças, em Apoio ao Contribuinte / Faturação / Regras e mecanismos de comunicação / Certificação de Software de Faturação / FAQs sobre Certificação de Software / Ótica do utilizador, à questão: "Tenho um programa certificado, quais as situações em que posso utilizar faturas emitidas manualmente em documentos impressos por tipografias autorizadas?" foi respondido: "As faturas ou documentos equivalentes só podem ser emitidas de forma manual em caso de inoperacionalidade do programa (nos termos do artigo 8.º da Portaria 363/2010).

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Podem também ser considerados casos de inoperacionalidade do programa, as situações em que o acesso ao programa se mostre inviável. Os documentos assim emitidos devem ser integrados no programa imediatamente após a cessação da sua inoperacionalidade, utilizando uma numeração sequencial própria e uma série específica, anual ou plurianual, por tipo de documento". Assim, o sujeito passivo a que se refere o pedido, poderá emitir, nas feiras, faturas impressas em tipografias autorizadas, já que ali se mostra inviável o acesso ao programa de faturação, desde que, posteriormente, as recupere para o programa informático.

47 - Documento de transporte global (bens em circulação sem destinatário conhecido) - artigo 4.º, n.º 6 Certa empresa, com sede na Póvoa de Varzim, que exerce a atividade de "comércio por grosso de frutas e produtos hortícolas", depois de adquirir os diversos produtos aos produtores agrícolas, transporta-os para venda num veículo pesado, propriedade sua, desde o armazém situado na Póvoa de Varzim até ao mercado Abastecedor do Porto, onde são colocados para venda. No momento da saída emite um documento de transporte global, impresso em papel, com a totalidade dos bens transportados no referido veículo. A venda dos produtos é feita aos diversos clientes retalhistas aos quais emite, como documento de transporte, guias de remessa manuais, impressas em tipografia autorizada, que acompanham os produtos na sua circulação. Este procedimento está correto? A situação em causa encontra-se tratada na alínea a) do n.º 6 e n.º 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Assim, os documentos de transporte, quando o destinatário ou os bens a entregar em cada local de destino não seja conhecido na altura da saída dos bens dos locais referidos no n.º 2 do artigo 2.º, são processados globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impressos em papel (que pode ser emitido por programa informático de faturação certificado, mas tem que ser impresso em papel), mencionando que os seus destinatários são desconhecidos, devendo o original e o duplicado acompanhar os bens em circulação. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a clientes desconhecidos. Quando os bens são efetivamente entregues aos clientes, a empresa deve emitir, em duplicado, de acordo com o disposto na alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, novo documento de transporte, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global, tal como determina o n.º 7 do mesmo artigo 4.º.

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Em qualquer momento, os bens transportados (nomeadamente no regresso) devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos das entregas efetuadas aos clientes. De acordo com o disposto no n.º 11 do já referido artigo 4.º, os documentos referidos na alínea a) do n.º 6 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte.

48 - Documentos de transporte global (bens para serem incorporados em serviços prestados a destinatários desconhecidos) - artigo 4.º, n.ºs 6 e 7 Somos uma empresa de construção civil e obras públicas com alguma especificidade, e temos uma equipa especializada na rutura de ramais que se desloca, quando for chamada (durante o dia e/ou durante a noite), transportando diversos acessórios e equipamentos levados por precaução devido á incerteza do tipo de rutura não sabendo ao certo o material necessário em cada uma, ao ponto de, por várias vezes durante o dia, um elemento da mesma ter que se deslocar ao estaleiro para recolha ou troca de acessórios varias. Neste caso concreto, que tipo de guias se deve utilizar? No caso de um funcionário que se deslocar várias vezes durante o dia ao estaleiro, é necessário efetuar uma guia por cada deslocação? A questão posta encontra-se tratada nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Assim, na altura em que se inicia o transporte, a empresa deve fazer acompanhar os bens de um documento de transporte processado global, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º do RBC, impresso em papel e em triplicado, mencionando que os seus destinatários são desconhecidos, devendo o original e o duplicado acompanhar os bens em circulação. Quando os bens são efetivamente incorporados nos serviços prestados pelo remetente dos mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, de acordo com a alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. Em qualquer momento, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nas referidas folhas de obra. Os elementos da folha de obra ou documento equivalente são comunicados à AT por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte (cfr. n.º 11 do art.º 4 do EBC).

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De referir ainda que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a ser incorporados em serviços prestados aos clientes e não apenas na primeira saída. Assim, se um funcionário se dirige várias vezes ao estaleiro para repor ou reforçar os materiais em falta, de cada vez terá que ser emitido novo documento de transporte global.

49 - Documento de transporte global (caraterísticas) - artigo 4.º, n.º 6 O documento de transporte global, a que se referem os n.ºs 6, 7 e 11 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, é um documento, emitido quando o destinatário dos bens não são conhecidos no momento da saída dos bens. Nestes documentos, além de outros elementos, deve constar a razão da sua emissão, nomeadamente a indicação de se tratar de bens que vão ser entregues a "destinatários não conhecidos na altura da saída dos bens", ou que se trata de "bens que vão ser consumidos em prestações de serviços que vão ser realizadas pelo remetente dos mesmos". Quaisquer que sejam as vias utilizadas para o processamento, o documento de transporte global devem ser sempre impresso em papel (que pode ser emitido por programa informático de faturação certificado, mas tem que ser impresso em papel), e o original e o duplicado devem acompanhar os bens. Regra geral, o documento de transporte global dá origem à emissão de documentos acessórios que complementam o documento de transporte global. Assim, à medida que as vendas se vão realizando deve ser processado, por cada uma, documento em duplicado, fazendo referência ao documento global, servindo o duplicado para justificar a saída dos bens [cfr. alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC)]. Caso se trate de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou outro documento equivalente [cfr. alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC)]. Desta forma, em qualquer momento (nomeadamente no regresso) os bens em circulação têm que corresponder aos constantes do documento global deduzidos dos indicados nos duplicados dos documentos relativos aos fornecimentos, ou aos utilizados nas reparações efetuadas. Estes documentos adicionais, de acordo com o disposto no n.º 11 do artigo 4.º do RBC, devem ser comunicados por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao das entregas efetivas ou do consumo dos bens evidenciados na folha de obra, com base no documento de transporte global.

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A comunicação dos elementos à AT, constantes dos documentos adicionais referidos nas alíneas a) e b) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, acessórios do documento global, mesmo que a empresa tenha tido, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, um volume de negócios igual ou inferior a 100.000,00 euros, neste caso não beneficia da dispensa de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação a que o sujeito passivo fica obrigado é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma.

50 - Documento de transporte global (comunicação dos elementos dos documentos parciais de entrega dos bens) - artigo 4.º, n.º 11 Numa empresa, que comercializa a retalho sacos de plástico, os seus vendedores saem todos os dias de manhã com guias globais para visitar clientes, que são desconhecidos na altura da saída, e vão faturando à medida das entregas. Como deve ser comunicado à AT os elementos dos documentos parciais das entrega efetivas dos bens, que fazem parte documento inicial global? O documento de transporte global é utilizado quando, no momento da saída dos bens, não são conhecidos os destinatários dos mesmos. Neste documento devem constar todos os produtos transportados e terá de ser emitido e comunicado de acordo com as regras gerais do regime de bens em circulação, tendo, no entanto, de ser feita a impressão física do documento para acompanhar os bens, não obstante existir código da AT. Os elementos dos documentos parciais de entrega dos bens, acessórios do documento inicial global, que são emitidos à medida que se efetuam as entregas aos clientes, ou as reparações em que são incorporados, têm de ser inseridos no Portal das Finanças até ao 5.º dia útil seguinte ao da sua emissão. Os dados destes documentos podem ser comunicados à AT por inserção direta no Portal das Finanças, através de ficheiro ou por webservice. Se o documento acessório de um documento inicial global, de entrega parcial de bens, for uma fatura emitida por um sistema de faturação certificado pela AT, nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, fica dispensado da comunicação, até ao 5.º dia útil seguinte ao da emissão, prevista no n.º 11 do artigo 4.º do Decreto-Lei 147/2003 de 11/07. Estas faturas deverão ser comunicadas à AT até ao dia 25 do mês seguinte ao da sua emissão, em cumprimento do disposto no artigo 3.º do Decreto-Lei 198/2012 de 24/08". (cfr. FAQ n.º 24, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

51 - Documento de transporte global (falta de comunicação eletrónica dos documentos parciais de entrega dos bens) - artigo 4.º, n.º 11 A falta de comunicação eletrónica dos documentos acessórios dos documentos de transporte global pode ser causa da apreensão dos veículos e das mercadorias?

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Não, essa comunicação é efetuada até ao 5.º dia útil seguinte ao da emissão, pelo que em caso de fiscalização do transporte devem ser apresentados os documentos de suporte em papel. A falta de comunicação eletrónica desses documentos complementares em caso algum será fundamento de apreensão. (cfr. FAQ n.º 27, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

52 - Documentos de transporte global (laboratório de analises clínicas que transporta, nas suas viaturas, vários materiais consumíveis necessários à recolha de sangue que vai fazer) - artigo 4.º, n.ºs 6 e 7 Uma empresa de analises clinicas tem vários postos de recolha de sangue e por isso transporta nas suas viaturas vário material inerente às necessidades do trabalho que vai executar: agulhas, laminas, frascos de recolha, algodão, álcool, e mais algum material todo ele consumivel e não vendável, não pertencendo também ao imobilizado da empresa. Pode andar na viatura com uma declaração assinada pela gerência, feita em papel timbrado da empresa, contendo esta todo o material que circula em cada viagem que fazem para, no caso de ser mandado parar pelas autoridades, confirmar que todos os matérias não são vendáveis mas sim para consumo nos serviços que vão prestar (recolha do sangue)? O documento referido deve ser apenas utilizado no caso de transporte de bens excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, como é o caso, por exemplo dos bens pertencentes ao ativo fixo tangível (ativo imobilizado) das empresas. Na hipótese referida nem estamos perante o transporte de bens do ativo fixo tangível, nem perante bens que não sejam transacionáveis. O que se verifica é que a empresa em questão não destina esses bens a venda, destinando-os a consumo nos serviços que presta. Mas isso não significa que se trate de bens não transacionáveis. No caso em apreciação, os bens em causa destinam-se a ser incorporados em serviços prestados a destinatários que são desconhecidos no início do seu transporte. Daí que a questão posta se encontre regulada nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação. Assim, antes do início do transporte, a empresa deve fazer acompanhar os bens em causa, de um documento de transporte processado globalmente, mencionando que os seus destinatários são desconhecidos, cujos elementos deverão ser comunicados à AT, antes do início do transporte, nos termos dos n.ºs 5 e seguintes do artigo 5.º do Regime.

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Quando os bens são efetivamente incorporados nos serviços prestados, deve ser emitida, em duplicado, de acordo com a alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, folha de obra ou qualquer outro documento equivalente, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os elementos constantes das folhas de obra ou qualquer outro documento equivalente são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Em qualquer momento, os bens transportados devem sempre coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nas referidas folhas de obra ou qualquer outro documento equivalente. De referir ainda que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a ser incorporados em serviços prestados aos clientes. Sobre esta matéria, ver também o que consta da informação vinculativa, proc. 5417, sancionada por despacho de 21/08/2013, do SDG do IVA, com o título "Resíduos de laboratórios clínicos (seringas, pensos e algodão utilizados para tirar o sangue aos utentes)", que se encontra em anotação ao artigo 1.º.

53 - Documentos de transporte global (produtos de limpeza para aplicação em prestações de serviços - comunicação do DT) - artigo 4.º, n.ºs 6 e 7 Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. A empresa requerente presta serviços de higiene e limpeza nas instalações dos seus clientes, os quais são na maioria empresas, sendo tais serviços prestados por equipas de trabalho da requerente que utilizam materiais de limpeza e que foram previamente colocados nessas instalações por empresas de transporte autorizadas. 2. As equipas de trabalho são coordenadas por um "supervisor" de zona, o qual é responsável por:

i) fiscalizar esses serviços de limpeza e higiene; ii) aferir as necessidades de material de cada equipa e comunicá-las às

transportadoras para reposição do material e dar resposta a qualquer necessidade de material repondo os seus níveis mínimos para que o serviço possa continuar a ser prestado.

3. Efetivamente, no desempenho das suas funções, os supervisores deslocam-se entre as instalações dos vários clientes em viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, transportando consumíveis e produtos de limpeza, como sejam desinfetantes, sabões, detergentes, esfregonas, vassouras, baldes, etc., com o objetivo de colmatar eventuais roturas de produtos que possam prejudicar o correto desempenho das tarefas destinadas às equipas de trabalho.

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4. A reposição dos materiais de limpeza efetuada pelos supervisores pode ser feita em unidades completas (por ex: uma embalagem de detergente) ou em unidades incompletas, como sejam (1/2 frasco de desinfetante, 1/3 de detergente etc.), ou seja, apenas repõem o que consideram essencial para dar resposta às necessidades momentâneas e insupríveis pelo regular método de reposição (recurso a transportadoras autorizadas). 5. Posteriormente, o supervisor desloca-se às instalações de outro cliente, transportando o remanescente dos produtos, agindo exatamente da mesma forma, isto é, fiscalizando os serviços prestados e procedendo à reposição dos produtos de limpeza nos moldes acima descritos, se for caso disso. 6. Refere a empresa requerente que tais produtos nunca serão objeto de uma transmissão de bens para efeitos do art.º 3.º do CIVA, constituindo apenas componentes do preço das prestações de serviços de limpeza, argumentando que após a reposição dos produtos os supervisores transportam embalagens que não se encontram mais seladas, não se encontrando por tal facto, o produto em estado de comercialização, referindo, ainda, ser impossível especificar com exatidão quais as quantidades que são fornecidas pelos supervisores aos clientes e as quantidades que se encontram a ser transportadas após cada fornecimento. 7. Face aos motivos expostos no ponto anterior da presente informação, entende e requer confirmação do seu entendimento, que os produtos transportados pelo supervisor se encontram excluídos do âmbito de aplicação do regime de bens em circulação (RBC) aprovado em anexo ao Decreto-Lei no 147/2003, de 11 de julho. 8. Acresce referir, que todos os transportes programados de produtos de limpeza efetuados com recurso a empresas de transporte autorizadas são acompanhados pelo respetivo código previamente atribuído pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) nos termos do RBC. 9. O Regime de bens em circulação (RBC), aprovado em anexo ao Decreto-Lei no 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 10. Nos termos do artigo 1.º do citado regime "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objecto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte". 11. A alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime de Bens em Circulação considera "«bens» os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado." 12. São considerados documentos de transporte, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, a fatura, a guia de remessa, a nota de devolução, a guia de transporte ou documentos equivalentes. Tais documentos devem ser processados de harmonia com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do mesmo diploma.

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13. Para efeitos do disposto no Regime de bens em circulação, nomeadamente de acordo com o n.º 2 do seu artigo 2.º, consideram-se bens em circulação:

i) Todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação,

exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência;

ii) Os bens encontrados em veículos nos atos de descarga ou transbordo mesmo

quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados.

14. Não obstante o mencionado, o artigo 3.º do RBC contempla alguns casos de circulação de bens que se encontram excluídas da sua aplicação, sem prejuízo de, sempre que existam dúvidas sobre a sua legalidade, poder ser exigida prova da sua proveniência e destino, a qual pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (nos 3 e 4 do citado artigo). 15. O n.º 2 do artigo 4.º do Decreto-Lei no 147/2003, de 11 de julho, refere que os documentos de transporte devem conter os elementos ali referidos, nomeadamente, a designação comercial dos bens, com indicação das quantidades. 16. Por outro lado, o n.º 6 do artigo 4.º do citado regime determina que "os documentos de transporte quando o destinatário não seja conhecido na altura da saída dos bens dos locais referidos no n.º 2 do artigo 2.º, são processados globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impressos em papel, devendo proceder-se do seguinte modo à medida que forem feitos os fornecimentos:

a) No caso de entrega efetiva dos bens, devem ser processados em duplicado,

utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens; b) No caso de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos

mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente".

17. O no 7 do artigo 4.º do regime de bens em circulação impõe que "nas situações referidas nas alíneas a) e b) do número anterior, deve sempre fazer-se referência ao respetivo documento global". 18. Deste modo, aquando do transporte de bens sem destinatário específico ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser incorporados em cada prestação de serviços efetuada ao cliente como, por exemplo, os produtos de limpeza (desinfetantes, sabões e detergentes), pode o sujeito passivo emitir um documento de transporte global, conforme dispõe o n.º 6 do artigo 4.º do citado regime, cujos elementos devem ser comunicados à AT, por foça do n.º 5 do artigo 5.º, antes do inicio do transporte.

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19. Nas situações de emissão de documento global e no sentido de justificar os produtos de limpeza que forem sendo esgotados, deve a saída desses bens ser registada em documento próprio, nomeadamente folha de obra ou outro documento equivalente [alínea b) do referido n.º 6 do artigo 4.º], onde é feita a referência ao documento global, nos termos do n.º 7 do referido artigo, de modo a que os bens em circulação, aferíveis em cada momento, resultem da diferença entre os que constam do documento global e os que constam dos documentos adicionais (Ex. Folha de obra). Os elementos dos documentos adicionais devem ser comunicados à AT até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. 20. Tal como refere o n.º 1 do artigo 6.º do Regime de Bens em Circulação, os documentos de transporte devem ser emitidos antes do início da circulação dos bens, pelo que deve ser emitido novo documento de transporte sempre que os veículos voltem a sair do local do início do transporte. 21. Nestes termos, e conforme se constata das disposições do Regime de Bens em Circulação, no que respeita ao objeto do pedido de informação vinculativa, os bens em circulação, produtos de limpeza, a incorporar nas prestações de serviços que a requerente realiza, são obrigados a acompanhamento de documento de transporte. 22. Apenas as situações elencadas no artigo 3.º do regime se encontram excluídas do âmbito do mesmo, facto que não se verifica na situação exposta. 23. Deste modo, os bens em circulação, produtos de limpeza a incorporar nas prestações de serviços de limpeza de edifícios, devem ser acompanhados do respetivo documento de transporte, emitido e comunicado à AT em conformidade com o disposto no Regime de bens em circulação. 24. Nos casos referidos em que os produtos de limpeza são transportados por um "supervisor" de zona, não existindo conhecimento prévio dos bens que vão ser aplicados em cada local de destino, deve ser emitido documento global, nele fazendo referência aos produtos em circulação e registar em documento adicional, nomeadamente folha de obra, a saída dos bens a incorporar nas prestações de serviços, de modo que os bens em circulação sejam os elencados no documento global, menos os bens que, entretanto, foram incorporados nas respetivas prestações de serviços, ainda que as quantidades utilizadas não respeitem as unidades completas transportadas. 25. Conforme já referido nos pontos 18 e 19 da presente informação, os elementos dos documentos globais devem ser comunicados à AT antes do inicio do transporte enquanto os referentes aos documentos adicionais devem ser comunicados até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. (Informação vinculativa, Proc. 5530, sancionada por despacho de 04/10/2013, do SDG do IVA, por delegação do diretor Geral)

54 - Documentos de transporte global (remanescente de bens que não foram vendidos) - artigo 4.º, n.º 6 Como proceder relativamente ao documento de transporte global se no final do dia existir o remanescente de bens que não foram vendidos?

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Se no final do dia existir unidades por vender, não há qualquer procedimento relativamente a estas unidade. Apenas teremos de recolher no Portal das Finanças os documentos adicionais de entrega efetiva (enquanto comprovativo das saídas em relação ao documento de transporte global). Isto é, comunicamos o documento global inicialmente, antes do início do transporte, e até ao 5.º dia útil seguinte, os documentos parciais referentes às entregas efetivas. (cfr. FAQ n.º 34, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documento de transporte / Circulação de bens / Emissão)

55 - Documentos de transporte global (retorno ao armazém para repor ou reforçar a carga) - artigo 4.º, n.º 6 No início do transporte, se a viatura conter uma carga de 50 unidades e no regresso da volta, ao retornar ao armazém, possuir ainda 2 unidades, quando repuser o stock da carrinha com 48 unidades para perfazer as 50 unidades para uma nova volta, o novo documento de transporte deverá referir 48 ou 50 unidades? Se retornar ao armazém para repor ou reforçar a carga, terá de ser emitido um novo documento de transporte, com a indicação, entre outros elementos, da quantidade dos bens em circulação, ou seja, no caso concreto, 50 unidades. (cfr. FAQ n.º 40, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documento de transporte / Circulação de bens / Emissão)

56 - Donativos em espécie (documento de transporte) - artigo 4.º Segundo o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, todos os bens em circulação em território nacional, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, deverão ser acompanhados de documentos de transporte, quer se trate de sujeitos passivos enquadrados no Regime Normal, no Regime Especial de Isenção a que se refere o artigo 53.º, no Regime Especial dos Pequenos Retalhistas a que se refere o artigo 60.º, quer por sujeitos passivos que efetuem exclusivamente operações isentas sem direito à dedução, nos termos do artigo 9.º do CIVA. Por sua vez, o conceito de "bens em circulação", que consta do n.º 2 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, compreende, entre outras operações, não apenas as transmissões onerosas mas também as transmissões gratuitas. Consequentemente, quando qualquer sujeito passivo (pessoa singular ou coletiva) ofereça um donativo em espécie deve emitir, antes do início da circulação, o respetivo documento de transporte (neste caso, guia de remessa, guia de transporte ou documento equivalente) com todos os requisitos legais, que deverá acompanhar os bens/mercadorias em circulação. Como é sabido, esta obrigação não se aplica aos bens a entregar aos respetivos utentes por instituições particulares de solidariedade social ou outras entidades no âmbito de acordos outorgados com o sistema de segurança social, que estão excluídos do respetivo

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regime, de acordo com a alínea l) do n.º 1 do artigo 3.º, aditada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro.

57 - Eletricistas (material que foi para as obras mas não foi aplicado) - artigo 4.º Uma empresa que faz "instalações elétricas" em obras que contrata, antes das viaturas saírem para a estrada com o material que se julga ser necessário, emite o respetivo documento de transporte e faz a prévia comunicação à AT de todo o material que vai para obra, obras essas que são, maioritariamente, de longa duração (há obras que chegam a durar mais que um ano). Como proceder no caso de parte do material que consta nas guias, não ser aplicado na obra? Nesta situação, a empresa, quando envia o material para as obras, deve efetivamente emitir um documento de transporte, nos termos do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, sempre que inicia o transporte de materiais com destino a uma obra determinada. Não terá que emitir qualquer folha de obra, nos termos da alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º do Regime em causa, nem de efetuar a comunicação, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, de acordo com o n.º 11 do mesmo artigo 4.º. Com efeito, estas obrigações apenas são de cumprir quando o destinatário ou os bens a entregar em cada local de destino não sejam conhecidos na altura do início do transporte dos bens, como resulta do corpo do n.º 6 do referido artigo 4.º. E, na hipótese referida, o destinatário dos bens transportados é conhecido. Assim, a empresa deve limitar-se a emitir um documento de transporte sempre que inicia o transporte de materiais com destino a uma obra determinada e a emitir novo documento de transporte quando parte dos bens regressa às instalações da empresa, por não ter sido utilizado. Em ambos os casos, o remetente e o destinatário será a própria empresa e o local de carga e descarga serão, no envio para as obras, as instalações da empresa e a localização da obra e o inverso no caso de devolução de materiais não utilizados. Como se referiu anteriormente, o material não utilizado deve ser acompanhado, no seu regresso às instalações da empresa, de um documento de transporte emitido pela própria empresa e não pelo cliente.

58 - Emissão de documento de transporte adicional em papel, caso se verifique a alteração ao local de destino ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados - artigo 4.º, n.º 8

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Segundo o disposto no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho «as alterações ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados obrigam à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado». Quanto à comunicação dos elementos, diz-nos o n.º 11 do artigo 4.º do mesmo regime que os documentos referidos no n.º 8 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Por sua vez o n.º 4 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4, diz que «as alterações referidas no n.º 8 do artigo 4.º do regime de bens em circulação, quando estas forem efetuadas em documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas e processadas pelos transportadores, são comunicadas pelos remetentes, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, sem prejuízo do disposto no número anterior, ou seja, a comunicação é efetuada pelos sujeitos passivos remetentes dos bens, podendo estes habilitar terceiros a fazê-la, em seu nome e por sua conta, em funcionalidade disponibilizada no Portal das Finanças.

59 - Empresas de vending (documento de transporte) - artigo 4.º Nas empresas de vending (venda automática através de maquinismos próprios), como se processam os documentos de transporte? Embora no caso das empresas de vending sejam conhecidos os locais de entrega, não existe o conhecimento das quantidades dos produtos para abastecimento em cada um dos seus postos de venda. Desta forma, deve ser emitido um documento de transporte global em 3 exemplares impressos em suporte de papel, que terá de acompanhar a mercadoria. Por cada entrega dos bens, é emitido, em obediência ao disposto na alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, um documento adicional que terá de fazer referência ao documento de transporte inicial (n.º 7 do art.º 4.º). Os elementos dos documentos adicionais devem ser comunicados à AT por inserção no Portal das Finanças até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, em conformidade com o disposto no n.º 11 do artigo 4.º do RBC. (cfr. FAQ n.º 28, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens/ Emissão) NOTA: Como em cima se diz, os elementos dos documentos adicionais devem ser comunicados à AT até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Já os elementos dos documentos globais devem ser comunicados à AT antes do inicio do transporte.

60 - Encomendas postais (documento de transporte) - artigo 4.º

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1 - O Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 2 - Determina o artigo 1.º do citado Regime que todos os bens em circulação em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documento de transporte, entendendo-se por documento de transporte, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes, os quais devem ser processados de harmonia e com os elementos referidos nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do mesmo Regime. 3 - Por sua vez, refere o n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação que, os documentos de transporte são processados pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA e pelos detentores dos bens e antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma. 4 - Para efeitos do Regime dos Bens em Circulação, estão elencados no seu artigo 2.º uma série de conceitos, referindo nomeadamente a alínea a) que se consideram "bens os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado". 5 - A atividade do sujeito passivo - prestação de serviços postais -, consiste no transporte de correspondência postal, bem como no transporte de encomendas postais, estando, consequentemente, subordinada ao disposto no Regime dos Bens em Circulação, nomeadamente no que diz respeito ao transporte de encomendas postais. 6 - Quanto ao transporte de correspondência postal, a mesma não carece de ser acompanhada de documento de transporte, por não enquadrável no conceito de bens referidos no anterior ponto 4.º. 7 - Assim, e na sequência da obrigatoriedade das encomendas postais terem de ser acompanhadas de documentos de transporte, deverá a exponente, enquanto entidade transportadora dos bens, exigir aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do respetivo documento de transporte, conforme determina o n.º 1 do artigo 7.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7. 8 - Face ao exposto, o transportador não pode iniciar a circulação dos bens sem que, previamente, se encontre munido do respetivo documento de transporte. 9 - O Regime dos Bens em Circulação exige que os bens circulem acompanhados de documento de transporte, devendo os mesmos conter todos os elementos a que o mesmo Regime obriga. 10 - As infrações detetáveis no decurso da circulação dos bens estão tipificadas no artigo 14.º do Regime dos Bens em Circulação, sendo aplicáveis as penalidades relativamente às infrações referidas nos n.ºs 1 e 2, quer ao remetente dos bens, quer ao transportador que não seja transportador público regular de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço.

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11 - Independentemente das penalidades aplicáveis, as infrações referidas nos n.ºs 1 e 2 do artigo 14.º do Regime dos Bens em Circulação, relativas aos bens em circulação, implicam a apreensão destes bens, bem como dos veículos que os transportam, sempre que estes veículos não estejam afetos aos transportes públicos regulares de passageiros ou mercadorias ou afetos a empresas concessionárias. 12 - Face ao exposto, deverá a exponente agir em conformidade, ou seja, deverá fazer acompanhar do respetivo documento de transporte, emitido pelo respetivo remetente, os bens em circulação. (Informação vinculativa, Proc. F259 2003012, sancionada por despacho de 10/02/2006, do SDG dos Impostos)

61 - Estabelecimento prisional (material que lhe é entregue para efeitos de acabamento) - artigo 4.º Uma empresa do ramo industrial envia certas peças para um estabelecimento prisional a fim de procederem aí ao seu acabamento final. Concluído o trabalho, o estabelecimento prisional limita-se a passar uma fatura da prestação do serviço e nada mais. Como deverá proceder a empresa (dona da obra) no que se refere aos documentos de transporte na entrega e recebimento do produto? Nos termos do disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, "todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do referido diploma". E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, são definidos bens como os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Ou seja, nem todos os documentos de transporte dão origem a faturas, mas têm que ser emitidos e os seus elementos comunicados à AT, desde que exista transporte de bens, ainda que, por exemplo, se trate de uma mera transferência de bens entre dois estabelecimentos do mesmo sujeito passivo. Assim, no caso em apreciação, a empresa deve emitir um documento de transporte e comunicar os respetivos elementos, antes do início do transporte do material para o estabelecimento prisional e deverá emitir outro documento de transporte e comunicar os respetivos elementos, antes do início do transporte dos produtos do estabelecimento prisional para o respetivo local de descarga. A comunicação dos elementos à AT não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

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62 - Falta de anotação no documento de transporte, por parte do transportador, da

alteração ao local de destino ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados - artigo 4.º, n.º 8 Segundo o disposto no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, «as alterações ao destinatário ou adquirente, ou ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados, obrigam à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado». Por sua vez, o n.º 3 do artigo 14.º do mesmo Regime, diz-nos que "é unicamente imputada ao transportador a infração resultante da alteração do destino final dos bens, ocorrida durante o transporte". A não observação daquele preceito faz, pois, incorrer o transportador na penalidade prevista e punível pelo n.º 2 do artigo 119.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), na medida em que se encontra excluída das omissões ou inexatidões referidas no n.º 2 do artigo 14.º do regime dos bens em circulação, e assim não poder ser penalizada pelo n.º 1 do artigo 117.º do RGIT. Contudo, nestes casos, não há lugar a qualquer apreensão dos bens ou veículos, devendo tão só ser levantado de imediato auto de notícia, em duplicado, que, em nosso entender, deve ser remetido, o mais rápido possível, ao serviço de finanças da área onde foi consumada a infração e não naquele em que foi detetada. Quanto à comunicação dos elementos, diz-nos o n.º 11 do artigo 4.º do RBC que os documentos referidos no n.º 8 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Por sua vez o n.º 4 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4, diz que «as alterações referidas no n.º 8 do artigo 4.º do regime de bens em circulação, quando estas forem efetuadas em documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas e processadas pelos transportadores, são comunicadas pelos remetentes, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, sem prejuízo do disposto no número anterior, ou seja, a comunicação é efetuada pelos sujeitos passivos remetentes dos bens, podendo estes habilitar terceiros a fazê-la, em seu nome e por sua conta, em funcionalidade disponibilizada no Portal das Finanças.

63 - Faturas (autofaturação) - artigo 4.º As faturas emitidas pelos adquirentes dos bens podem ser utilizas como documento de transporte? Quando as faturas forem emitidas pelos adquirentes dos bens (autofaturação) podem as mesmas ser utilizadas como documento de transporte, desde que cumpridos os requisitos referidos no Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho.

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Contudo, a autofaturação está sujeita às condições impostas no n.º 11 do artigo 36.º do Código do IVA, ou seja: a) A existência de um acordo prévio, na forma escrita, entre o sujeito passivo

transmitente dos bens ou prestador dos serviços e o adquirente ou destinatário dos mesmos;

b) O adquirente provar que o transmitente dos bens ou prestador dos serviços tomou

conhecimento da emissão da fatura e aceitou o seu conteúdo; c) Conter a menção "autofaturação". Nestes casos, a obrigação da comunicação dos elementos à AT é sempre do "emitente" (vendedor dos bens), ou seja, do sujeito passivo em nome do qual é emitida a fatura.

64 - Faturas (elementos que devem conter quando utilizadas como documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 1 Podem as faturas ser utilizadas como documento de transporte? Em caso afirmativo quais os elementos obrigatórios que devem constar das mesmas? As faturas podem ser utilizadas como documento de transporte, ainda que a entidade normalmente utilize outro tipo de documentos de transporte, como, por exemplo, guias de remessa, guias de transporte ou documentos equivalentes. Nestes casos, as faturas devem conter obrigatoriamente os elementos referidos no n.º 5 do artigo 36.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (cfr. n.º 1 do art.º 4.º do RBC), ou seja, além de serem datadas e numeradas sequencialmente, deve constar ainda das mesmas: a) Os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de

bens ou prestador de serviços e do destinatário ou adquirente, bem como os correspondentes números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto;

b) A quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados,

com especificação dos elementos necessários à determinação da taxa aplicável; as embalagens não efetivamente transacionadas devem ser objeto de indicação separada e com menção expressa de que foi acordada a sua devolução;

c) O preço, líquido de imposto, e os outros elementos incluídos no valor tributável; d) As taxas aplicáveis e o montante de imposto devido; e) O motivo justificativo da não aplicação do imposto, se for caso disso; f) A data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, em que os

serviços foram realizados ou em que foram efetuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data não coincidir com a da emissão da fatura.

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No caso de a operação ou operações às quais se reporta a fatura compreenderem bens ou serviços sujeitos a taxas diferentes de imposto, os elementos mencionados nas alíneas b), c) e d) devem ser indicados separadamente, segundo a taxa aplicável. Para além destes elementos, as faturas deve ainda conter, de acordo com o n.º 4 do artigo 4.º do RBC: - os locais de carga e descarga, - a data e hora em que se inicia o transporte. Na falta de menção expressa dos locais de carga e descarga e da data do início do transporte, diz-nos o n.º 4 do artigo 4.º do RBC que se presume como tais os constantes do documento de transporte. Nos casos em que a fatura serve também de documento de transporte e seja emitida pelos sistemas informáticos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, fica dispensada a comunicação prevista no n.º 6 do mesmo normativo, devendo a circulação dos bens ser acompanhada da mesma (cfr. n.º 11 do art.º 5.º do RBC). Nestes casos a fatura deve ser processada em 3 exemplares, devendo o original e o duplicado acompanhar os bens e o triplicado ficar na posse do remetente dos bens (cfr. n.º 2 do art.º 5 e n.º 5 do art.º 6.º, ambos do RBC).

65 - Faturas-recibo (podem ser utilizadas como documento de transporte) - artigo 4.º As faturas-recibo, que não as faturas-recibo a que se refere a Portaria n.º 426-B/2012, de 28 de dezembro, podem ser utilizadas como documento de transporte? As faturas-recibo são documentos com a natureza de fatura, pelo que, no caso de o recebimento coincidir com a emissão das faturas, podem servir como documento de transporte, desde que das mesmas constem todos os elementos exigidos no n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA, bem como os restantes exigidos no artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Como é evidente, estamos a referir-nos às faturas-recibo que não sejam emitidas nos termos da Portaria n.º 426-B/2012, de 28/1, e artigo 115.º do Código do IRS, já que estas se reporta apenas a prestações de serviços referidas na alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º, ainda que a título de provisão, adiantamento ou reembolso de despesas, bem como dos rendimentos indicados na alínea c) do n.º 1 do mesmo artigo, e não a transmissões de bens nos termos do artigo 3.º do Código do IVA.

66 - Faturas simplificadas (não podem ser utilizadas como documento de transporte) - artigo 4.º A fatura simplificada pode ser utilizada como documento de transporte?

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Não dispondo dos elementos previstos no n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA, nem dos elementos obrigatórios previstos do Regime dos Bens em Circulação para os documentos de transporte, a fatura simplificada não pode servir como documento de transporte. (cfr. FAC n.º 16, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Gerais) NOTA: Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, as faturas devem conter obrigatoriamente os elementos referidos no n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA. Assim, além de serem datadas e numeradas sequencialmente, devem conter:

a) Os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor

de bens ou prestador de serviços e do destinatário ou adquirente, bem como os correspondentes números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto;

b) A quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços

prestados, com especificação dos elementos necessários à determinação da taxa aplicável; as embalagens não efetivamente transacionadas devem ser objeto de indicação separada e com menção expressa de que foi acordada a sua devolução;

c) O preço, líquido de imposto, e os outros elementos incluídos no valor tributável; d) As taxas aplicáveis e o montante de imposto devido; e) O motivo justificativo da não aplicação do imposto, se for caso disso; f) A data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, em que os

serviços foram realizados ou em que foram efetuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data não coincidir com a da emissão da fatura.

No caso de a operação ou operações às quais se reporta a fatura compreenderem bens ou serviços sujeitos a taxas diferentes de imposto, os elementos mencionados nas alíneas b), c) e d) devem ser indicados separadamente, segundo a taxa aplicável.

Por sua vez, o n.º 2 do artigo 40.º do mesmo diploma, diz que as faturas simplificadas, para além de só podem ser emitidas quando se trate das operações previstas no n.º 1 do mesmo artigo, devem ser datadas, numeradas sequencialmente e conter os seguintes elementos: a) Nome ou denominação social e número de identificação fiscal do fornecedor dos

bens ou prestador dos serviços; b) Quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados; c) O preço líquido de imposto, as taxas aplicáveis e o montante de imposto devido, ou o

preço com a inclusão do imposto e a taxa ou taxas aplicáveis;

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d) Número de identificação fiscal do adquirente ou destinatário, quando for sujeito passivo;

e) O motivo justificativo da não aplicação do imposto, se for caso disso. (a)

(a) - Com esta alínea, aditada pela Lei n.º 51/2013, de 24/7, passa a ser possível a emissão de

faturas simplificadas para titular operações em que não ocorre a liquidação do imposto (por exemplo, operações isentas ao abrigo dos artigos 9.º ou 53.º e operações efetuadas nos termos do regime especial dos pequenos retalhistas previsto no artigo 60.º, todos do CIVA), devendo, nestes casos, a fatura conter o motivo justificativo da não aplicação do imposto. (cfr. ponto 2 do Ofício-Circulado n.º 30 149, de 26/07/2013, da Área da Gestão Tributária do IVA)

As faturas simplificadas devem ainda conter o número de identificação fiscal do adquirente ou destinatário que não seja sujeito passivo quando este o solicite (cfr. n.º 3 do art.º 40.º do CIVA). Ora, à fatura simplifica falta-lhe, para cumprir o disposto no n.º 1 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, o nome, firma ou denominação social, o domicílio ou sede do destinatário ou adquirente, bem como a data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, ou os serviços foram realizados, quando essa data não coincide com a da respetiva emissão, pelo que, em nosso entender, não poderão servir como documento de transporte. As faturas que reunam todos os elementos constantes do n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA, deixam de ser tratadas como faturas simplificadas para passarem a ser faturas normais. É esta a conclusão que tiramos do n.º 9 do Ofício-Circulado n.º 30 136, de 19/11/2012, da Direção de Serviços do IVA. No entanto, as faturas simplificadas podem ser emitidas, não para utilizar como documento de transporte, mas no caso de entrega efetiva dos bens quando se trate da situação prevista na alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12 (OE para 2014), e digam respeito às situações previstas no n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, ou seja: a) Transmissões de bens efetuadas por retalhistas ou vendedores ambulantes a não

sujeitos passivos, quando o valor da fatura não for superior a € 1000; b) Outras transmissões de bens e prestações de serviços em que o montante da fatura

não seja superior a € 100.

67 - Fax do documento de transporte - artigo 4.º Uma empresa possui um armazém de mercadorias em local distinto do escritório e sede social. No escritório são processadas as guias de transporte, obedecendo a todos os requisitos constantes do Regime dos Bens em Circulação, mas enviadas por fax para o armazém referido, fax esse que será o documento que vai acompanhar as mercadorias em circulação.

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É o fax, quando tenha como suporte um documento que obedeça a todos os requisitos constantes do regime dos bens em circulação, considerado documento legal junto das autoridades competentes, nomeadamente das brigadas de fiscalização? As normas reguladoras dos documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação encontram-se definidas no referido Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. O seu artigo 1.º refere que «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objecto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma.» De acordo com a alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º, entende-se por «documento de transporte» a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente». Por sua vez o n.º 2 do mesmo artigo 2.º diz-nos que, para efeitos do disposto no presente diploma: a) Consideram-se «bens em circulação» todos os que se encontrem fora dos locais de

produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuada pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado;

b) Consideram-se ainda bens em circulação os bens encontrados em veículos no ato

de descarga ou transbordo mesmo quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação, bem como os bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem os Decretos-Leis nºs 252/86, de 25 de Agosto, e 259/95, de 30 de Setembro.

Por último, o n.º 1 do artigo 7.º, diz-nos que «os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º», ou seja, fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. Consequentemente, teremos que concluir pela não aceitação do fax como um documento de transporte nos termos acabados de referir, mesmo que o fax tenha como suporte um documento que obedeça a todos os requisitos constantes do Regime dos Bens em Circulação.

68 - Folhas de obra (comunicação à AT dos seus elementos) - artigo 4.º, n.º 11

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As folhas de obra têm de ser comunicadas à AT por inserção no Portal das Finanças? No caso em concreto a empresa, na área da reparação de eletrodomésticos emite/comunica no portal o documento transporte global, e vai emitindo manualmente as folhas de obra nos serviços que presta. Quando regressa á empresa com as folhas de obra, estas, tem de ser comunicadas no Portal das Finanças? Se, no início do transporte não se sabe quais os bens que se destinam a ser incorporados em serviços prestados em cada reparação, a questão encontra-se regulada nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Assim, na altura em que se inicia o transporte, a empresa deve fazer acompanhar os bens em causa, de um documento de transporte global, mencionando que os seus destinatários são desconhecidos, cujos elementos deverão ser comunicados à AT, antes do início do transporte, nos termos dos n.ºs 5 e seguintes do artigo 5.º do Regime. No caso de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos, de acordo com a alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou outro documento equivalente, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º do RBC, os elementos constantes das folhas de obra ou qualquer outro documento equivalente são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. Em qualquer momento, os bens transportados devem sempre coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nas referidas folhas de obra ou qualquer outro documento equivalente. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a ser incorporados em serviços prestados aos clientes.

69 - Garrafas de vinhos sem a especificação da capacidade de cada uma (designação incompleta dos bens transportados) - artigo 4.º, n.ºs 1 e 2 Determinada empresa produtora de vinhos apresentou uma exposição à Administração Tributária alegando que, no decorrer de uma operação STOP relacionada com o regime dos bens em circulação, o seu veículo foi interceptado por uma brigada da inspeção tributária que procedeu, no seu entender erradamente, à apreensão dos bens por verificar que não constava do documento de transporte (guia de remessa) a capacidade das garrafas transportadas, pedindo, pois, para ser esclarecida sobre tal matéria. Os Serviços responderam que, quanto à falta de referência da capacidade das garrafas está-se, de facto, perante uma falta que, no âmbito do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, é de penalizar, na medida em

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que quando a lei diz que do documento de transporte deve constar a "designação comercial dos bens, com indicação das quantidades", é determinado que os bens sejam pormenorizadamente identificados. Assim sendo, não serão de considerar corretamente quantificados os bens quando se indicam "caixas ou volumes", sem se especificar as unidades ou outras medidas correspondentes. (cfr. n.ºs 4, 5 e 6 da Informação n.º 1055, de 31/01/2000, da DSIVA, que acompanhou o Ofício n.º 16681, de 02/02/2000, da Direção de Serviços do IVA)

70 - Gás em garrafa distribuído porta a porta, quando se desconhecer o destinatário final (documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 6 Na distribuição porta a porta de gás em garrafa, caso se desconheça o destinatário final, como se deve proceder? Antes do início do transporte deve ser emitido um documento de transporte global processado por qualquer das vias referidas no n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação e nas condições aí mencionadas. Qualquer que seja a via utilizada para o processamento, o documento de transporte global deve ser sempre impresso em papel (3 exemplares) e acompanhar os bens, ainda que exista código de identificação. À medida que ocorram as entregas efetivas dos bens, deve ser emitido um documento adicional por cada entrega, com referência expressa ao documento de transporte global. Este documento adicional, que pode ser uma fatura (ou uma fatura simplificada, a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, desde que a venda seja feita a não sujeitos passivos, e o valor da fatura não for superior a € 1000), deve ser processado em duplicado, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens, e comunicado, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte (n.º 11 do art.º 4.º do RBC). (cfr. FAC n.º 16, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão) NOTA: No que se refere aos documentos globais, os seus elementos devem ser comunicados à AT antes do início do transporte, tal como se encontra determinado no n.º 5 do artigo 5.º do RBC. Tratando-se de revendedores retalhistas, e caso os adquirentes sejam consumidores finais que previamente encomendaram as garrafas do gás, o seu transporte encontra-se excluído da obrigação de serem acompanhadas por documento de transporte, de acordo com o disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC. Contudo, há que ter em atenção ao disposto nos n.ºs 3 e 4 do referido artigo 3.º, já que, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, pode exigir-se prova da sua proveniência e destino, prova esta que pode ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino.

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71 - Guias de remessa (elementos que devem conter quando utilizadas como documento de transporte) - artigo 4.º, n.ºs 2, 3, 4 e 9 De acordo com o disposto nos n.ºs 2, 3, 4 e 9 do artigo 4.º, do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, as guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter, pelo menos, os seguintes elementos: a) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação

fiscal do remetente (cfr. n.º 2 do artigo 4.º); b) Nome, firma ou denominação social e domicílio ou sede do destinatário ou

adquirente (cfr. n.º 2 do art.º 4.º). c) Número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja

sujeito passivo, nos termos do artigo 2º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (cfr. n.º 2 do art.º 4.º);

d) Designação comercial dos bens, com a indicação das quantidades (cfr. n.º 2 do art.º

4.º); e) Os locais de carga e descarga, bem como a hora e a data em que se inicia o transporte

(cfr. n.º 4 do art.º 4.º); f) A menção de que o destinatário ou adquirente não é sujeito passivo, quando se

verificar esse caso (cfr. n.º 9 do art.º 4.º); g) Quando imprimidas em tipografia, devem conter, em impressão tipográfica, a

referência à autorização ministerial relativa à tipografia que os imprimiu, a respetiva numeração atribuída e ainda os elementos identificativos da tipografia, nomeadamente a designação social, sede e número de identificação fiscal (cfr. n.º 3 do art.º 4.º).

Como se vê, contrariamente ao que se passa quando se utiliza a fatura como documento de transporte, não se impõe, nestes documentos, por desnecessário para o efeito, a obrigatoriedade de fazer constar dos mesmos: - o preço dos bens; - as taxas aplicáveis e o montante de imposto devido; - o motivo justificativo da não aplicação do imposto.

72 - Guias de transporte (anulação) - artigo 4.º É possível anular uma guia de transporte? A anulação só é possível até ao momento imediatamente anterior ao indicado como data e hora do início do transporte.

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Se for o caso, a anulação de guia emitida através do Portal das Finanças pode ser efetuada em opção própria na área "consultar / alterar / anular". Se a guia tiver sido emitida por software certificado, a sua anulação tem de ser efetuada por este mesmo software e obriga a nova comunicação da guia.

73 - Guias de transporte (elementos que devem constar das mesmas) - artigo 4.º, n.º 2 Nas guias de transporte de mercadorias deve-se mencionar todos os artigos e valores dos bens transportados? A emissão dos documentos de transporte obedece ao disposto no Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Os elementos que os referidos documentos devem conter constam do n.º 2 do artigo 4.º do referido regime, já que são os mesmos que constam para as guias de remessa. Assim, devem conter, pelo menos, os seguintes elementos: a) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação

fiscal do remetente; b) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou adquirente; c) Número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja sujeito

passivo, nos termos do artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado; d) Designação comercial dos bens, com indicação das quantidades. E o n.º 4 do mesmo artigo determina que os documentos de transporte devem ainda indicar os locais de carga e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se inicia o transporte. Na falta de menção expressa dos locais de carga e descarga e da data do início do transporte, presumir-se-ão como tais os constantes do documento de transporte. Quanto ao valor ou preço dos bens transportados o mesmo não é obrigatório constar da guia de transporte. Porém, se o contribuinte utilizar como documento de transporte a fatura, a mesma deve conter, obrigatoriamente, todos os elementos referidos no n.º 5 do artigo 6.º do Código do IVA.

74 - Hora do início transporte (alteração posterior à hora antes comunicada) - artigo 4.º, n.º 4 A hora do início do transporte poderá ser alterada depois de comunicada?

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Segundo o disposto no n.º 4 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, as faturas, guias de remessa ou documentos equivalentes devem indicar a hora em que se inicia o transporte. A hora do início do transporte pode ser alterada até ao momento em que o mesmo se inicia. (cfr. FAQ n.º 7, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura, Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão)

75 - Instalação de sistemas de ar condicionado, ventilação ou de segurança eletrónica (retorno ao armazém da empresa dos materiais sobrantes) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa efetuada ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária pela empresa "A", informa-se o seguinte: 1. No âmbito da sua atividade, o sujeito passivo dedica-se a instalação de sistemas de ar condicionado, ventilação ou de segurança eletrónica. 2. Refere o sujeito passivo que, durante a instalação, são transportados para a obra todos os materiais necessários para o efeito, pelos técnicos responsáveis pela sua aplicação. Quando termina a obra, os técnicos preenchem na guia de transporte os materiais sobrantes, que são transportados e devolvidos ao armazém da empresa. 3. Refere, ainda, ser seu entendimento que o "(...) enquadramento mais adequado à nossa atividade é o transporte dos materiais do nosso armazém principal para a obra (estaleiro), sendo neste caso as guias de transporte preenchidas com o destinatário igual ao remetente e respectivo NIF (...)". 4. Questiona, ainda, se no documento de transporte o "(...) destinatário pode ser o próprio remetente". 5. O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto - Lei 147/2003, de 11/07, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 6. Nos termos do artigo 1.° do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte", entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes [alínea b) n.° 1, art.º 2.°]. 7. Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia e com os elementos elencados nos artigos 4.°, 5.°, 6.° e 8.° do citado diploma. 8. A obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição ..., etc. ..., por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de

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incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [alínea a) n.° 2 do art.º 2.° ] . 9. Por sua vez, determina o n.° 1 do artigo 6.° do citado Regime que, os documentos de transporte devem ser processados pelos remetentes, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.° 1 do artigo 2.° do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta antes do início da sua circulação. 10. Deste modo, havendo necessidade de documentar o transporte de bens destinados a utilização em obras e, na conclusão desta, do retorno ao armazém da consulente dos "materiais sobrantes" a exponente deve proceder à emissão de documento de transporte com todos os requisitos exigidos. Efetivamente, sendo conhecido o local de destino e o destinatário, não existe justificação para a emissão de documento global a que se refere o n.° 4 do artigo 6.° do Regime de Bens em Circulação. 11. No que diz respeito à identificação do destinatário dos bens, a alínea g) do n.° 1 do artigo 2.° do citado regime estabelece o conceito de "destinatário ou adquirente" entendendo, como tal, a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada a quem os bens em circulação são postos à disposição. 12. No entanto, no caso em apreço, apesar de se conhecer o destinatário dos bens (dono da obra), o facto é que os bens transportados se destinam a ser incorporados pelo próprio remetente na realização da referida obra, pelo que a identificação do destinatário a mencionar no documento de transporte é a do próprio remetente, devendo, no entanto, ser identificada a obra em causa. (Informação vinculativa, Proc. F254 2008071, com despacho de 21-01-2009 do SDG dos Impostos, substituto legal do Diretor- Geral)

76 - Jardineiros (transporte de pequenas peças, como tubos, cabos, válvulas, pulverizadores) - artigo 4.º O sujeito passivo "A", vem solicitar informação vinculativa relativamente ao modo como os documentos de transporte devem ser emitidos, no âmbito do exercício da sua atividade de jardinagem. Sobre o assunto presta-se a seguinte informação. 1. O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 2. Nos termos do artigo 1.° do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobro o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte" entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes.

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3. Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia e com os elementos elencados nos artigos 4.°, 5.° 6.º e 8.° do citado diploma. 4. A obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, etc., por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [art.º 2.º n.° 2, alínea a)]. 5. Por sua vez, determina o n.º 1 do artigo 6.º do citado Regime que, os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.° do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da sua circulação. 6. Quando se trate de bens em circulação sem destinatário específico ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser aplicados em cada local de destino, poderá o sujeito passivo emitir documento de transporte global conforme o n.° 6 do artigo 4.° do Regime de Bens em Circulação, devendo proceder do seguinte modo: 6.1 À medida que forem feitos fornecimentos deve ser processado, em duplicado, o respetivo documento de transporte, que pode ser uma fatura (ou uma fatura simplificada nas situações em que tal seja possível de acordo com o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA), no qual é feita referência ao respetivo documento global, utilizando o duplicado para justificar a saída dos bens, de modo que os bens em circulação sejam os elencados no documento global, menos os referidos nos documentos processados [cfr. alínea a) do n.° 6 do art.º 4.º]; 6.2 No caso de saída dos bens a incorporar em prestações de serviços, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente [cfr. alínea b) do n.° 6 do art.º 4.º]. 7. No caso em apreço, nomeadamente no que diz respeito ao transporte de pequenas peças, como tubos, cabos, válvulas, pulverizadores, que se encontram no veículo com caráter permanente, e que eventualmente são incorporadas nas prestações de serviço que o requerente efetua, propomos o seguinte procedimento, já Superiormente autorizado em casos análogos: Se os bens utilizados nas reparações forem repostos sempre que se inicia um novo transporte, o sujeito passivo poderá utilizar uma guia de transporte à qual anexará uma relação com a discriminação dos bens em circulação, constando da guia "material conforme relação anexa", funcionando a guia e a relação anexa como documento global previsto no n.° 6 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação. Na guia de transporte constarão todos os elementos exigidos, à excepção da discriminação dos bens, a qual será feita na relação anexa. 8. Contudo, também neste caso, à medida que forem feitos fornecimentos, devem os mesmos ser registados em documento próprio, conforme referido nos pontos 6.1 e 6.2 da

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presente informação, de modo que os bens em circulação sejam os elencados no documento global (guia + relação) menos os referidos nos duplicados dos documentos de transporte. 9. Mais se informa que, conforme refere o n.° 1 do artigo 6.º do Regime de Bens em Circulação, os documentos de transporte devem ser emitidos antes do início da circulação dos bens. 10. Assim sendo, deverá ser emitido novo documento de transporte sempre que os veículos voltem a sair das instalações e/ou em que se inicia um novo transporte. 11. Informa-se ainda que, quando se trate de bens em circulação que façam parte do ativo imobilizado (nomeadamente as ferramentas), estes não carecem de acompanhamento de documento de transporte, uma vez que estão excluídos do âmbito do Regime de Bens em Circulação, conforme alínea c) do n.° 1 do artigo 3.º, podendo no entanto, ser exigida prova da sua proveniência e destino, a qual poderá ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo dessa proveniência e destino (cfr. n.° 3 e 4 do art.º 3.º). (Informação vinculativa, Proc. F254 2006050, sancionada por despacho de 24/04/2008 do SDG dos Impostos, substituto legal do Diretor-Geral, com a devida atualização no que respeita à atual redação do n.º 6 do art.º 4 e n.º 1 do art.º 6.º do RBC)

77 - Lacagem de materiais de serralharia (documento de transporte) - artigo 4.º Certo empresário em nome individual, que exerce a atividade de serralharia, contrata várias vezes uma empresa para esta lhe fazer a lacagem de materiais de serralharia, e é esta empresa que se desloca às instalações do empresário e que transporta a respetiva mercadoria para a suas instalações de lacagem, em camião do próprio. Neste caso, quem deve de emitir o documento de transporte? Segundo o disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, considera-se «remetente» a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada que coloca os bens em circulação à disposição do transportador para efetivação do respetivo transporte ou operações de carga, bem como o transportador quando os bens em circulação lhe pertençam. Assim, no caso em apreciação, o remetente é a empresa que subcontratou o serviço de lacagem, ou seja, o empresário que exerce a atividade de serralharia, sendo indiferente que o veículo seja propriedade do prestador do serviço, ou não. Por sua vez, a alínea c) do n.º 5 do artigo 6.º do mesmo diploma estabelece que o terceiro exemplar do documento de transporte se destina ao remetente dos bens, o que pressupõe que é sua a obrigação da respetiva emissão. De qualquer maneira, de acordo com o n.º 1 do artigo 7.º do regime, os transportadores de bens devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos, o original e o duplicado do documento.

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Caso este não exija a sua emissão, será aplicada coima, de acordo com o n.º 1 do artigo 14.º do mesmo diploma, quer ao remetente dos bens quer ao transportador. Do referido se conclui que o documento de transporte, no caso em apreciação, deve ser emitido pela empresa que subcontrata o serviço, sem prejuízo da responsabilidade do prestador do serviço (na qualidade de transportador), caso não exija a sua emissão. Para além do mais, a empresa que subcontrata o serviço terá todo o interesse na emissão do documento de transporte, para documentar a saída de matéria prima sem emissão de fatura ou documento equivalente, ficando assim a coberto da presunção da sua transmissão, prevista no artigo 86.º do Código do IVA.

78 - Livros transportados para feiras onde vão ser vendidos (documento de transporte) - artigo 4.º Certa empresa comercializa livros em feiras que se realizam para o efeito. Nestes casos, existem condicionalismos a que deve obedecer a emissão das guias de transporte para feiras de livros? Não existe qualquer especificidade, no que à emissão de documentos de transporte e à comunicação dos seus elementos diz respeito, relativamente ao transporte de livros para feiras. Os elementos a constar dos referidos documentos são os mencionados no artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/200, de 11 de julho. De referir apenas que um dos elementos que deve constar dos referidos documentos é a designação comercial dos bens, com indicação das quantidades, pelo que os livros devem ser agrupados por títulos, para facilitar essa indicação. Quando se efetua o transporte para a feira, o destinatário a constar do documento será o próprio remetente e o local de descarga, a localização da feira, o que deverá ser repetido sempre que se transportem mais livros para a feira. No fim da feira, deve ser emitido novo documento de transporte, tendo como destinatário o próprio remetente e tendo como local de descarga, as instalações do sujeito passivo a que os livros se destinam.

79 - Máquina agrícola transportada para exposição numa feira (documento de transporte) - artigo 4.º Que tipo de documento deve ser emitido quando se transporta uma máquina agrícola para exposição numa feira?

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No caso da máquina não possuir ainda matrícula, deve ser emitido um dos documento de transporte referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, concretamente uma guia de remessa, guia de transporte ou documento equivalente, contendo todos os elementos legais, designadamente a data e a hora do início do transporte, o local do início do transporte, o local de carga e descarga, etc., onde o remetente e o destinatário são a mesma entidade (o proprietário da máquina), documento esse que deve ser emitido e os seu elementos comunicados à AT, antes do início da circulação. Na falta de menção expressa dos locais de carga e descarga e da data do início do transporte, presumir-se-ão como tais os constantes do documento de transporte (n.º 5 do art.º 4.º do RBC). Caso a máquina já possua matrícula definitiva, não é obrigatório a emissão de documento de transporte, por beneficiar da exclusão constante da alínea g) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação. (cfr. a FAQ n.º 37, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão)

80 - Matadouros (emissão e comunicação dos documentos de transporte) - artigo 4.º Um Matadouro tem três situações diferentes relativamente á colocação de bens em circulação, ou seja: 1ª - Produtos que pertencem á empresa; 2ª - Produtos (animais) transformados pelo matadouro, entregues por um produtor e cujo

transporte é efetuado pelo cliente. O Matadouro não é detentor da carne apenas presta o serviço de abate e desmancha, o qual irá faturar ao respetivo cliente;

3ª - Produtos (animais) transformados pela empresa, a mesma situação anterior, mas cujo

transporte da carne é efetuado pelo Matadouro para o cliente. Este transporte é faturado posteriormente ao cliente.

Nestas situações, quem tem de emitir o documento de transporte e comunicar os elementos à AT? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/203, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma». E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, define-se «bens» como os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Ou seja, para ter que se emitir documento de transporte e comunicar os respetivos elementos à AT, não é necessário que os bens transportados se destinem a ser

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transmitidos (vendidos), bastando que os mesmos, pela sua natureza, possam ser objeto de transmissão. Assim, nas três situações referidas, é necessário emitir documento de transporte e comunicar os respetivos elementos à AT. A única diferença entre tais situações é a de que apenas na primeira é o Matadouro que deve emitir o documento de transporte e comunicar os seu elementos. Nas 2.ª e 3.ª situações, é ao proprietário dos bens a quem compete emitir tal documento, bem como fazer a comunicar dos elementos. Isso sem embargo de, nos termos do n.º 3 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, os detentores dos bens poderem habilitar o Matadouro a efetuar a comunicação dos elementos dos documentos de transporte, em seu nome e por sua conta, em funcionalidade disponibilizada no Portal das Finanças. A comunicação não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

81 - Materiais de construção destinados a consumidores finais (documento de transporte) - artigo 4.º Uma empresa de construção civil se transportar materiais de construção destinados a consumidores finais deve emitir documento de transporte e comunicar os seus elementos à AT? De acordo com o disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 14/2003, de 11 de julho, estão excluídos do âmbito do regime, os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a consumidores finais que previamente os tenham adquirido, com exceção dos materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas eléctricas, máquinas ou aparelhos receptores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, quando transportados em veículos de mercadorias. Por outro lado, nos termos do n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/20013, de 23 de abril, são excluídos das obrigações de comunicação nos termos do referido Regime, os documentos de transporte em que o destinatário ou adquirente seja consumidor final. Ou seja, o transporte dos materiais de construção, com destino a um consumidor final, ainda que provenientes de retalhistas, obriga à emissão de documento de transporte, nos termos gerais do Regime, mas está dispensada a comunicação dos seus elementos, nos termos do artigo 5.º do mesmo diploma. Só que, quando as empresas de construção civil transportam materiais para aplicação nas obras, certamente que o destinatário não é o dono da obra, mas a própria empresa de construção civil.

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Assim, as mesmas devem emitir documento de transporte em que o remetente e o destinatário é a própria empresa de construção civil, a qual terá que proceder à comunicação dos elementos dos referidos documentos de transporte, nos termos dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime.

82 - Materiais consumíveis durante ações de formação (emissão de documentos de transporte e comunicação dos seus elementos) - artigo 4.º Somos uma empresa que presta serviços de consultoria e formação. Em termos de documentos de transporte, utilizamos um documento interno com referência aos nossos equipamentos (ativos fixos tangíveis) utilizados na formação e para cada cliente consoantes as necessidade de da formação. No entanto, existem materiais/consumíveis que se esgotam durante a formação (p.e. manuais, material de escrita e outros). Estão estes materiais sujeitos à emissão de documento de transporte e à comunicação dos seus elementos à AT? O procedimento que a empresa está a adotar, no que respeita ao transporte dos bens do seu ativo fixo tangível, está correto. O transporte dos materiais consumíveis durante a ação de formação, implica a emissão de documento de transporte nos termos do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, que, neste caso, pode ser uma guia de remessa, guia de transporte ou documento equivalente, e comunicação à AT dos seus elementos antes do início do transporte, em obediência ao disposto nos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime.

83 - Material para reparações de bens de clientes (documento de transporte que deve ser emitido) - artigo 4.º, n.º 6 1 - A questão da exponente prende-se com a utilização de documento de transporte global para acompanhar os bens em circulação que se destinam a ser aplicados nas reparações que efetua, no exercício da sua atividade, aos equipamentos de automatismo bancários. 2 - A exponente tem ao seu serviço técnicos de reparação das referidas máquinas, os quais, quando contactados via telemóvel, se deslocam, em viaturas comerciais próprias, aos diversos locais em que ocorram as avalias. 3 - Atendendo à resposta célere que, por obrigação contratual, tem de ser dada às reparações em questão, nas viaturas encontram-se, por norma, as componentes necessárias às reparações, não se conhecendo, na altura da saída dos bens, o destinatário das mesmas. 4 - O requerente emite documento de transporte global, mencionando como destinatários o número interno do veículo do técnico, a respetiva matrícula, bem como o endereço do

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equipamento que lhe está afeto. Para além destas indicações, a guia de transporte contém a referência "material para substituição ao abrigo de contrato de assistência técnica". 5 - Sempre que os técnicos aplicam material, elaboram um documento justificativo do material utilizado, justificando a saída dos bens, sendo o duplicado anexo à guia de transporte. 6 - Semanalmente, o stock transportado nas viaturas dos técnicos é reposto sendo emitidas novas guias de transporte. 7 - Nos casos em que os técnicos necessitam de determinadas peças e não é possível aguardar a reposição previstas para a viatura, a requerente envia as peças pelo correio, acompanhadas de guia de transporte emitida pelo prestador de serviços de correio. 8 - Além disso, sempre que qualquer técnico se desloca às instalações da requerente é emitida nova guia de transporte. 9 - A requerente faz referência à informação n.º 1244, de 09/12/1998, desta Direção de Serviços, a qual incide sobre as questões em apreço e que esteve na origem de um pedido de esclarecimento do sujeito passivo X. 10 - A citada referência é feita na sequência da requerente ter celebrado com o sujeito passivo X um contrato de trespasse, pelo qual adquiriu a totalidade dos ativos corpóreos e incorpóreos que se encontravam afetos à prossecução da atividade prosseguida por esta última, utilizando a exponente o parecer sancionado na referida informação. 11 - Vem agora a exponente solicitar informação sobre as seguintes questões, referindo o facto de aquando do entendimento sancionado na informação n.º 1244, estar em vigor o Decreto-Lei n.º 45/89, de 11/2: a) O Regime dos Bens em Circulação permite a emissão de documentos de transporte

processados globalmente, fazendo referência ao destinatário como o número interno do veículo do técnico, a respetiva matrícula, bem como o endereço do equipamento que lhe está afeto, e adicionando a indicação "material para substituição ao abrigo de contrato de assistência técnica?

b) As guias de transporte globais têm de ser emitidas diariamente? c) A exponente é obrigada a emitir guias de transporte novas sempre que os técnicos se

desloquem às suas instalações, ainda que não tenha havido lugar à retirada de bens da viatura ou poderá a exponente proceder somente à emissão de novas guias de transporte apenas quando se procede à reposição de stock de material transportado nas viaturas dos técnicos?

12 - O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7 (o qual revogou o Decreto-Lei n.º 45/89, de 11/2), estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 13 - Efetivamente, quando se trate de bens em circulação sem destinatário específico ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser aplicados em cada local de destino, poderá o sujeito passivo emitir documento de transporte global previsto no

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n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, devendo proceder do seguinte modo: 13.1 - À medida que forem feitos fornecimentos deve ser processado, em duplicado, documento no qual é feita referência ao respetivo documento global, utilizando o duplicado para justificar a saída dos bens, de modo que os bens em circulação sejam os elencados no documento global, menos os referidos nos documentos processados - cfr. alínea a) do n.º 6 do art.º 4.º; 13.2 - No caso de saída dos bens a incorporar em prestações de serviços, deve a mesma ser registada em documento próprio, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente - cfr. alínea b) do n.º 6 do art.º 4.º. 14 - Nestes casos particulares, e relativamente à identificação do destinatário poderá ser mencionado por ex. "vários clientes" ou "destinatário desconhecido", atendendo a que os mesmos são desconhecidos no inicio da circulação dos bens ou, sendo conhecidos, não há conhecimento prévio dos bens que serão aplicados em cada local de destino. 15 - Analisando o procedimento do sujeito passivo relativamente à identificação do destinatário, verifica-se que nos documentos de transporte que emite faz constar como destinatário, o número interno de veículo do técnico, a respetiva matrícula, bem como o endereço do equipamento, procedimento que não é correto, pelo que deverá proceder em conformidade com o ponto anterior. Quando à indicação "material para substituição ao abrigo de contrato de assistência técnica", a mesma é correta. 16 - Relativamente ao entendimento sancionado na n/informação nº 1244, e no que diz respeito à possibilidade do documento de transporte semanal, entendemos ser de manter o mesmo, uma vez que a situação agora exposta se mantém em relação àquela que foi objeto da citada informação. 17 - Assim, poderá o sujeito passivo emitir documentos de transporte semanais, ou seja, emitir os documentos de transporte sempre que os veículos voltem a sair das instalações da requerente com o stock reposto. 18 - No entanto, a obrigação da emissão de novo documento subsiste sempre que os veículos voltem a sair das instalações da requerente, independentemente de ter sido reposto o material ou não. (Informação vinculativa, Proc. F254 2005034, sancionada por despacho de 09/06/2006 do Subdiretor-Geral dos Impostos)

84 - Matrícula do veículo que transporta as mercadorias (não é obrigatória a sua indicação no documento de transporte) - artigo 4.º Relativamente à dúvida, que por vezes tem sido questionada, sobre a obrigatoriedade ou não da indicação, no documento de transporte (fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente), da matrícula do veículo que transporta as mercadorias, deve dizer-se, claramente, que, para efeitos do cumprimento das normas constantes do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei

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n.º 147/2003, de 11 de julho, não existe tal obrigação, embora possa ser colocada facultativamente. O artigo 4.º do Regime em causa, bem como qualquer outro normativo do mesmo diploma, nada estabelece quanto à inclusão da matricula do veículo que transporta os bens, no documento de transporte. (cfr. FAC n.º 13, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Gerais)

85 - Médicos veterinários que transportem consigo medicamentos necessárias à prática de clínica diária (documento de transporte) - artigo 4.º O artigo 69.º-A do Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29/7, diz que "aos médicos veterinários que transportam consigo, nas viaturas em que se deslocam, as quantidades de medicamentos e medicamentos veterinários necessárias à sua prática clínica diária é dispensada a guia de transporte, prevista na legislação nacional aplicável". Esta dispensa continua em vigor atualmente? O artigo 69.º-A do Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29/7, aditado pelo Decreto-Lei n.º 314/2009, de 28/10, e republicado no Diário da República, 1.ª Série, n.º 208, de 28/10/2009, diz realmente que «Aos médicos veterinários que transportam consigo, nas viaturas em que se deslocam, as quantidades de medicamentos e medicamentos veterinários necessárias à sua prática clínica diária é dispensada a guia de transporte, prevista na legislação nacional aplicável». Assim, dado que se trata de uma norma posterior ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, que aprovou o Regime dos Bens em Circulação, entendemos que a referida dispensa continua em vigor, pelo que os profissionais em questão não terão que emitir documento de transporte nem comunicar os respetivos elementos, desde que o transporte seja efetuado nas condições referidas no preceito em causa.

86 - Mobiliário emprestado a clientes enquanto não se procede à entrega do bem adquirido (documento de transporte) - artigo 4.º No caso de empréstimo de mobiliário a um cliente enquanto não se procede à entrega do bem adquirido, existe a necessidade de emitir documento de transporte, sabendo-se que esta operação não será alvo de faturação? E quando da recolha do bem emprestado de casa do cliente para as nossas instalações, existe também a necessidade de emitir documento de transporte? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma».

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E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, são definidos "bens", os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Como os casos em apreciação não se encontram excluídos do âmbito do regime nos termos do seu artigo 3.º, e todos eles são suscetíveis de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA, os transportes referidos terão que ser acompanhados de documentos de transporte emitido antes do início da circulação. Lembramos que a obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, etc., por qualquer motivo, designadamente transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [art.º 2.º n.° 2, alínea a)].

87 - Moldes (remetidos a uma empresa para efeitos de testes e regresso ao estabelecimento do seu proprietário) - artigo 4.º A empresa "A", tem como atividade "teste e injeção de plásticos para moldes". O cliente "B" leva-lhe os moldes para a empresa "A" fazer o respetivo teste. Depois do teste o molde volta às instalações do cliente "B". Quem deve emitir o documento de transporte, quer quando o molde vai para a empresa "A", quer quando regressa ás instalações da empresa "B"? De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em nome do remetente e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º. Daí que, no caso em apreciação, o documento de transporte deva ser emitido pelo proprietário dos moldes, o qual será, simultaneamente, remetente e destinatário, apenas diferindo o local de início de transporte ou de carga, do local de destino ou descarga.

88 - Municípios (dispensa ou não da obrigação de emitir documentos de transporte) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), pelo « Município ....A...», presta-se a seguinte informação. I - DO PEDIDO

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1. O consulente pretende esclarecer, em primeiro lugar, se "tem o dever de emitir e comunicar à Autoridade Tributária os documentos de transporte (n.º 5 e 6 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho), antes do início de transporte relativamente à colocação de bens em circulação, mesmo que com afetação a uso próprio." 2. E, em segundo lugar, se o "dever de comunicação respeita a toda e qualquer atividade exercida que envolva a colocação de bens em circulação, independentemente do regime de IVA da respetiva atividade ou, pelo contrário, limita-se às atividades em que o Município é sujeito passivo de IVA". 3. Pretende ainda esclarecer se, estando isento de IRC nos termos do artigo 9.º, n.º 1 alínea a) do CIRC, pode considerar que não é obrigado à comunicação prévia dos documentos de transporte, face ao disposto no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 147/2013, de 11 de julho. II - ENQUADRAMENTO 4. O regime de bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA (doravante também designado RBC), aprovado em anexo ao Decreto-lei 147/2003, de 11 de julho, conforme resulta do seu artigo 1.º, aplica-se a todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado. 5. Ou seja, o Regime de Bens em Circulação apenas se aplica quando os bens - considerando-se como tais os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA: i) se encontrem em circulação; e ii) sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor

acrescentado. 6. Deste modo, importa, por um lado, atender ao artigo 2.º do RBC que define como bens "os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado" e como bens em circulação "todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado." 7. Por outro lado, releva a previsão do artigo 2.º do Código do IVA, que determina quem é, ou não, sujeito passivo de imposto. O n.º 2 deste artigo estabelece que "(o) Estado e demais pessoas coletivas de direito público não são, no entanto, sujeitos passivos do imposto quando realizem operações no exercício dos seus poderes de autoridade, mesmo que por elas recebam taxas ou quaisquer outras contraprestações, desde que a sua não sujeição não origine distorções de concorrência".

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8. Atendendo à delimitação negativa de incidência prevista no artigo 2.º n.º 2 do Código do IVA, a qual determina que as pessoas coletivas de direito público quando atuam no âmbito dos seus poderes de autoridade não são sujeitos passivos de IVA, deve determinar-se sempre os casos em que o Município atua ou não no âmbito daqueles poderes. 9. Recordamos que o Ofício-Circulado 174229/1991, de 20/11, da DSCA, veio elencar as atividades levadas a cabo pelas Câmaras Municipais que se consideram exercidas no âmbito dos poderes de autoridade e aquelas que se consideram fora desse âmbito. 10. Assim, sempre que o Município não atua na qualidade de sujeito passivo de IVA, os bens por si colocados em circulação não estão incluídos no âmbito de aplicação do diploma aprovado em anexo ao Decreto-Lei 147/2003, de 11 de julho, o que se traduz na não obrigação de emitir documento de transporte. Já quando atua na qualidade de sujeito passivo de IVA está obrigado ao cumprimento das regras previstas no citado diploma. 11. No que diz respeito à primeira questão concretamente colocada, importa atender à definição de bens em circulação já mencionada no ponto 6 desta informação, a qual considera bens em circulação todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por terem sido objeto de (i) transmissão onerosa (incluindo troca), (ii) de transmissão gratuita, (iii) de devolução, (iv) de afetação a uso próprio, (v) de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, (vi) de remessa à consignação ou (vii) de simples transferência, em qualquer dos casos efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. 12. Ou seja, os bens destinados, nomeadamente, a afetação a uso próprio, sempre que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, quando tal afetação seja efetuada por um sujeito passivo do imposto sobre o valor acrescentado, são considerados bens em circulação, e, como tal, têm obrigatoriamente de ser acompanhados do respetivo documento de transporte, conforme resulta da conjugação dos artigos 1.º, 2.º n.º 1 alínea b) e n.º 2 alínea a) do RBC. 13. No entanto, chama-se a atenção para as exclusões da aplicação do regime de bens em circulação, nomeadamente, para o artigo 3.º n.º 1 alínea c), o qual determina que este regime não se aplica quando os bens pertençam ao "ativo imobilizado" do sujeito passivo. 14. Nesta conformidade, se o Município, na qualidade de sujeito passivo de imposto, coloca em circulação bens que não fazem parte do "seu ativo imobilizado", mesmo que esses bens se destinem a afetação própria, tem de emitir o documento de transporte devido e comunicar os respetivos elementos à Autoridade Tributária e Aduaneira, nos termos dos artigos 4.º e 5.º do RBC. 15. No que concerne à segunda questão apresentada esclarece-se que, como resulta do artigo 1.º do citado regime, apenas se encontram no seu âmbito de aplicação os bens colocados em circulação que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado. Pelo que, o Município apenas está obrigado ao

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cumprimento das exigências do regime de bens em circulação quando atue na qualidade de sujeito passivo de IVA. 16. Fora destes casos, conforme já mencionado no ponto 10 desta informação, não há lugar à aplicação do regime de bens em circulação. 17. Finalmente, atendendo à última questão suscitada, esclarecemos que o artigo 5.º n.º 10 do RBC somente prevê a dispensa da obrigação de comunicação dos elementos dos documentos de transporte para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos de imposto sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100.000,00. 18. O facto de o sujeito passivo se encontrar isento de imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas, não releva para determinar se está ou não dispensado da obrigação de comunicação dos elementos do documento de transporte. Para apurar esta dispensa torna-se necessário ter em conta o volume de negócios efetivo do sujeito passivo e não o lucro ou o rendimento tributável para efeitos de imposto sobre o rendimento. III - CONCLUSÃO 19. O Município só está obrigado ao cumprimento das obrigações decorrentes do regime de bens em circulação, quando atua na qualidade de sujeito passivo de IVA. Nestas circunstâncias, colocando bens em circulação fica obrigado a emitir um documento de transporte e comunicar os elementos do mesmo à Autoridade Tributária e Aduaneira, nos termos dos artigos 1.º, 4.º e 5.º do RBC. 20. Sempre que atua no âmbito dos seus poderes de autoridade, o Município não está abrangido pelas regras do regime em referência e, em consequência, não há obrigação da emissão de qualquer documento de transporte. 21. Nos termos do artigo 5.º n.º 10 do RBC, apenas estão dispensados de comunicar os elementos dos documentos de transporte os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios igual ou superior a € 100.000,00. (Informação vinculativa, Proc. 5307, sancionada por despacho de 04/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

89 - Não aceitação imediata e total dos bens transportados (procedimentos a adotar) - artigo 4.º, n.º 8 Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. Descrição dos factos 1. A requerente pretende saber como proceder, para efeitos do Regime de Bens em Circulação, nomeadamente no que respeita à emissão de documento de transporte e respetiva comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), na situação da não aceitação dos bens pelos destinatários, conforme descreve:

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i) Exerce a atividade de comércio por grosso de batatas, cebolas e alhos, emitindo a respetiva guia de transporte de acordo com o Regime de bem em Circulação, sendo o transporte efetuado por empresas transportadoras;

ii) Por vezes os clientes não aceitam toda a mercadoria expedida, sendo o excedente

transportado pela empresa de transportes para um armazém de uma entidade terceira;

iii) Posteriormente, vários dias depois, os bens não aceites são transportados do

armazém referido no ponto anterior para as instalações da requerente.

2. Questiona ainda como proceder nas situações em que existem divergências de quantidades (peso) dos bens relacionados na guia de transporte, comunicada, e a respetiva fatura, alegando que tais divergências resultam da diferenças de peso entre a mercadoria expedida e a mercadoria rececionada no cliente, sendo a fatura emitida de acordo com a pesagem dos bens feita no cliente. Enquadramento legal 3. O Regime de Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 4. Nos termos do artigo 1.º do citado regime, todos os bens em circulação em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado devem ser acompanhados de documentos de transporte, entendendo-se por documento de transporte, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. 5. Por sua vez, os documentos de transporte devem ser processados de harmonia com os artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do mesmo Regime. 6. Mais resulta das disposições legais atrás citadas, designadamente, do n.º 1 do artigo 6.º e do n.º 1 do artigo 5.º que os documentos de transporte devem ser processados:

i) pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do

IVA e pelos detentores dos bens antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do RBC;

ii) por uma das seguintes vias:

a) Por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a

integridade do seu conteúdo, de acordo com o disposto no Código do IVA; b) Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação

pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012, de 24 de janeiro;

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c) Através de software produzido internamente pela empresa ou por empresa integrada no mesmo grupo económico, de cujos respetivos direitos de autor seja detentor;

d) Diretamente no Portal das Finanças; e) Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente.

7. De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 7.º do RBC, os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e duplicado do documento de transporte ou, sendo caso disso, o código a atribuir pela AT, a que se refere o n.º 7 do artigo 5.º do mesmo regime. 8. Por sua vez, o n.º 5 do artigo 5.º do RBC vem determinar a obrigatoriedade de os sujeitos passivos comunicarem à AT, os elementos dos documentos de transporte, antes do início do transporte e através dos meios referidos no n.º 6 da mesma disposição legal. 9. O modo de cumprimento das obrigações de comunicação dos elementos dos documentos de transporte foi regulamentado pela Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, encontrando-se definidas no artigo 2.º o âmbito de aplicação da mesma. Conforme se infere da citada norma, nomeadamente do seu n.º 3, a comunicação dos elementos dos documentos de transporte é efetuada pelos sujeitos passivos remetentes dos bens, podendo estes habilitar terceiros a fazê-la, em seu nome e por sua conta, em funcionalidade disponibilizada no Portal das Finanças." 10. Relativamente ao caso exposto, tratando-se da circulação de bens que não são aceites na sua totalidade pelos respetivos destinatários deve ter-se em atenção o preceituado no n.º 8 do artigo 4.º do RBC. 11. Determina a citada disposição legal que, nestes casos deve ser emitido um novo documento de transporte adicional, emitido em papel, nele identificando o motivo da sua emissão bem como a referência ao documento alterado. 12. Não obstante tratar-se de um documento emitido em papel, ou seja, pré-impresso em tipografia autorizada pelo Ministro das Finanças, a sua emissão não necessita de ser previamente comunicada à AT, devendo sê-lo, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte (cfr. n.º 11 artigo 4.º do RBC). 13. Aliás, sobre esta situação importa ainda referir o n.º 4 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, que estabelece "As alterações referidas no n.º 8 do artigo 4.º do regime de bens em circulação, quando estas forem efetuadas em documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas e processadas pelos transportadores, são comunicadas pelos remetentes, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, sem prejuízo do disposto no número anterior." 14. No que respeita ao transporte dos bens que se encontram no armazém de uma entidade terceira até às instalações da requerente, estamos perante um novo transporte devendo, consequentemente, ser emitido um novo documento de transporte antes do início da circulação dos bens, cuja emissão e comunicação está sujeito às regras gerais do RBC.

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15. Quanto à questão da divergência verificada no peso dos bens, e a consequente divergência entre o documento de transporte comunicado e a fatura emitida, é uma anomalia resultante de procedimentos da empresa que deve ser sanada, pois os bens em circulação têm sempre que corresponder, nomeadamente no que respeita às quantidades, aos bens descritos no respetivo documento de transporte. 16. Um dos objetivos do Regime de Bens em Circulação, é o combate à fraude e evasão fiscal, especialmente na área do Imposto Sobre o Valor Acrescentado, cuja eficácia passa pelo controlo das mercadorias em circulação, nomeadamente aferir a correspondência entre os bens em circulação e os mencionados nos respetivos documentos de transporte bem como na respetiva fatura. 17. Importa ainda referir que, conforme o n.º 5 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013 de 23 de abril, apenas está prevista a possibilidade de retificar o documento de transporte, já comunicado, quando se trate da alteração da data e hora em que se inicia o transporte e a necessidade dessa alteração se verifique, antes do inicio do transporte. CONCLUSÃO 18. Quando se trate das situações previstas no n.º 8 do artigo 4.º do RBC, nomeadamente a não aceitação imediata e total dos bens transportados, subsiste a obrigatoriedade de emissão de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado. 19. Neste caso, a comunicação dos elementos do documento de transporte adicional, deve ser efetuada de harmonia com o n.º 4 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, e referidas no ponto 13 desta informação. 20. Os bens em circulação devem sempre coincidir com os descritos no respetivo documento de transporte bem como, na respetiva fatura. (Informação vinculativa, Proc. 5520, sancionada por despacho de 01/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

90 - Pão saído da fábrica (para venda porta a porta a consumidores finais e a sujeitos passivos) - artigo 4.º, n.º 6 Certa industria de panificação, que procede à distribuição do pão "porta a porta", no momento da saída emite um documento de transporte global, e no momento em que entrega o pão a cada cliente emite um documento manual de venda efetiva (fatura simplificada). Do documento de transporte global consta a indicação "destinatários desconhecidos à altura da saída dos bens", uma vez que o pão, como regra geral, se destina a ser vendido a consumidores finais que se desconhecem quem são quando o mesmo sai da fábrica. Nestes casos é ou não obrigatório proceder à comunicação deste documento de transporte global? E se, eventualmente, numa determinada viagem vender o pão a um sujeito passivo?

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Os documentos de transporte globais são processados nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, impressos em papel e em 3 exemplares, devendo o original e o duplicado acompanhar os bens. De acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, são excluídos das obrigações de comunicação previstas no artigo 1.º do mesmo diploma, os documentos de transporte em que o destinatário ou adquirente seja consumidor final. Porém, na hipótese em apreciação, embora os bens se destinem fundamentalmente a consumidores finais, a sua identidade não está definida quando da saída da fábrica, bem como não está afastada a hipótese de os mesmos serem vendidos a sujeitos passivos de imposto. Daí que, os elementos constantes do documento de transporte global emitido tenham que ser comunicados à AT, antes do início do transporte, nos termos gerais do Regime. Contudo, a comunicação destes elementos não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC). Quando da entrega efetiva dos bens aos clientes, em obediência ao disposto na alínea a) do n.º 6 do citado artigo 4.º do RBC, deve ser processado documento acessório do documento inicial global, também impresso em papel, mas agora em duplicado, utilizando o duplicado para justificar a saída dos bens, devendo fazer-se sempre referência ao respetivo documento global, de acordo com o disposto no n.º 7 do referido artigo 4.º. Quanto à comunicação dos elementos constantes dos documentos acessórios do documento inicial global, os mesmos são comunicados à AT por inserção no Portal das Finanças até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. (cfr. n.º 11 do art.º 4.º do RBC). Ter em atenção que, no caso dos documentos acessórios do documento inicial global, mesmo que a empresa tenha tido, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, um volume de negócios igual ou inferior a € 100.000,00, neste caso não beneficia da dispensa de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação a que o sujeito passivo fica obrigado é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma.

91 - Peles adquiridas a talhos, matadouros e particulares (documento de transporte) - artigo 4.º Uma empresa que exerce a atividade de "comércio por grosso de peles", como deve proceder quanto à emissão do documento de transporte, bem como à sua comunicação à AT, quando compra as pelas a talhos, matadouros e a particulares?

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No caso das compras a particulares poderá a empresa emitir um documento com o título "notas de compras a particulares", já que os mesmos não emitem qualquer documento e recusam-se até a fornecer o seu NIF? No caso das compras efetuadas a talhos e matadouros, são estes que terão que emitir os documentos de transporte e de efetuar a comunicação à AT dos respetivos elementos, já que o n.º 1 do artigo 6.º do Regulamento dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, diz que "os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, (...)". O transportador (que poderá ser a empresa), de acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 7.º do Regime, apenas é obrigado a exigir sempre aos remetentes dos bens o original e o duplicado do documento de transporte referido no seu artigo 1.º ou, sendo caso disso, o código referido no n.º 7 do artigo 5.º, sob pena de incorrer em infração e de poder ver os bens e o veículo transportador apreendidos. Nas compras referidas como sendo a particulares, provavelmente são efetuadas a pequenos agricultores ou a pequenos comerciantes de peles, pelo que, nenhum deles é um particular, mas antes um sujeito passivos que eventualmente não se encontra registado para efeitos de IVA e de IRS, categoria B, pelo que os bens por eles vendidos têm que ser acompanhados de documentos de transporte, nos termos normais. Se for este o caso, nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, estão excluídos do seu âmbito, os bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária resultantes da sua própria produção, quando transportados pelo próprio ou por sua conta. Contudo, o n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, estabelece que: «Em caso de transporte dos bens referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do regime de bens em circulação, que não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, a obrigação de comunicação considera-se também cumprida, desde que, cumulativamente: a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a)».

Quanto à comunicação dos elementos dos documentos de transporte, nos termos dos n.ºs 5 e seguintes do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-

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Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a obrigação é sempre do seu emitente, salvo nos casos compreendidos no n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, de que anteriormente se fez referência. Contudo, a comunicação não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

92 - Prazo de validade dos documentos de transporte que acompanham os bens em circulação - artigo 4.º No seguimento da nossa atividade comercial de "comércio de flores e plantas artificiais", a nossa empresa procede também, através de viaturas próprias, à distribuição e entrega dos produtos comercializados. A morosidade das entregas poderá originar situações em que o motorista não consegue entregar toda a carga num prazo de 24 horas, podendo mesmo demorar vários dias. Nesta situação, quais os procedimentos a ter em conta pelo motorista no sentido de possuir, em todo e qualquer momento, documentos de transporte válidos que possam acompanhar a mercadoria e que sejam válidos para apresentação às autoridades competentes? No n.º 7 da Informação Vinculativa, Proc. F254 2005020, com despacho de 26/05/2006, foi esclarecido que "não existe em termos legais qualquer limite temporal entre a data do início do transporte e o seu fim". Assim, o documento de transporte emitido antes do início do transporte, é válido até que a entrega dos bens seja efetuada e não apenas durante o primeiro dia do circuito de distribuição.

93 - Produtores que exerçam a atividade agrícola, apícola, silvícola, de aquicultura ou de pecuária, que transportem bem ou produtos que não resultem da sua produção (documento de transporte e comunicação) - artigo 4.º Os produtores que exerçam a atividade agrícola, apícola, silvícola, de aquicultura ou de pecuária, que transportem bem ou produtos que não resultem da sua produção, para circularem com os mesmos no território nacional, são obrigados a emitir documento de transporte e comunicar os seus elementos à AT? Enquanto produtores que exerçam a atividade agrícola, apícola, silvícola, de aquicultura ou de pecuária, para circularem em território nacional com bens por si produzidos, não necessitam de emitir documento de transporte, por beneficiarem da exclusão constante da alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Contudo, para evitar uma apreensão provisória dos bens e da viatura, aconselha-se que se façam acompanhar de documento que

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comprove tal situação, tal como se encontra previsto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do citado diploma. Se, pelo contrário, transportarem bens ou produtos que não resultaram da sua própria produção, são obrigados a proceder à emissão do respetivo documento de transporte para circularem com os mesmos em território nacional, por neste caso, não beneficiarem daquela exclusão. Nesta situação, e no que se refere à comunicação dos elementos constante do DT, é obrigatória a sua comunicação à AT, ficando porém dispensados da comunicação os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham tido um volume de negócios inferior ou igual a € 100.000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

94 - Refeições confecionadas fornecidas a companhias de navegação aérea e terminais aeroportuários e ouras entidades - artigo 4.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), a emissão de uma informação vinculativa, com caráter de urgência, com o propósito de se providenciar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, sobre os seguintes factos: II - Factos 1. A Requerente é uma sociedade por quotas, cujo objeto social é o fornecimento de refeições a companhias de aviação civil e terminais aeroportuários, bem como o exercício de outras atividades afins, incluindo o fornecimento de refeições confecionadas a quaisquer outras entidades e/ou domicilio ("catering"), a prestação de serviços de limpeza, manutenção e conservação de aeronaves, de vendas a bordo e prestação de outros serviços auxiliares e/ou conexos com o transporte aéreo. 2. Os clientes, da Requerente, são companhias aéreas, maioritariamente com sede fiscal fora de Portugal, cujas rotas fazem escala em aeroportos nacionais. 3. A Requerente utiliza, nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, um sistema informático, que emite ficheiros SAF-T (PT), nos termos, e para os efeitos, da Portaria n.º 321-A/2007, de 26 de março, através do qual emite os respetivos documentos de transporte. 4. Durante o processo de desenvolvimento do sistema informático do módulo de extração de SAF-T (PT), dos dados/elementos constantes dos documentos de transporte emitidos, no âmbito da prestação de serviços de "catering" a entidades não residentes, e cumprindo com as obrigações declarativas, constantes do n.º 2 do artigo 4.º do RBC, e, em particular, da obrigação de menção do número de identificação fiscal (NIF) do destinatário ou adquirente, a Requerente deparou-se com a impossibilidade técnica de cumprir com o dever de comunicação, consignado no n.º 5 do artigo 5.º do RBC. Isto,

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porque o sistema não permite a inserção do NIF de contribuintes não residentes, que não estejam registados junto da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). 5. Face ao exposto, pretende, a Requerente, saber:

a. Se, atendendo-se aos bens a transportar (i.e., bens utilizados na prestação de

serviços de "catering", a companhias de navegação aérea, e terminais aeroportuários, e, igualmente, bens utilizados no fornecimento de refeições a quaisquer outras entidades e/ou ao domicilio), existe, ou não, a obrigação de cumprimento das obrigações, de índole declarativo, previstas no RBC;

b. Em caso afirmativo, pretende, a Requerente, saber se é, ou não, obrigada a incluir,

no documento de transporte, o NIF de entidades não residentes; c. Constatando-se a impossibilidade técnica de submissão do ficheiro SAF-T, em

virtude da extração, deste ficheiro, não permitir a menção do NIF de não residentes, pretende, a Requerente, saber se se mantém, nestes casos, a obrigação de cumprimento das obrigações declarativas, impostas pelo RBC.

III - Descrição das operações praticadas, pela Requerente, e respetivo enquadramento

normativo De acordo com os dados/elementos facultados, pela própria Requerente, constatamos que a sua atividade se reporta, essencialmente, à prática das seguintes operações:

a) fornecimento de refeições confecionadas a companhias de navegação aérea; b) fornecimento de refeições confecionadas a terminais aeroportuários; e, c) fornecimento de refeições confecionadas a quaisquer outras entidades e/ou

domicílio.

Importa, em decorrência, proceder-se ao enquadramento jurídico-tributário, associado, em concreto, a cada uma destas operações, tendo por referência o regime legal instituído pelo RBC. Assim: a) Fornecimento de provisões de bordo 6. O RBC apenas é aplicável a bens/mercadorias em circulação no território nacional (vide art.º 1.º do RBC). 7. Em decorrência, e de acordo com os pressupostos normativos, constantes das alíneas a) e c) do n.º 2 do artigo 3.º do RBC, não ficam sujeitos, a este regime, os seguintes bens/mercadorias:

(i) produtos sujeitos a impostos especiais de consumo (IEC), tal como são definidos

no Código dos Impostos Especiais de Consumo (CIEC), desde que, tais bens, se encontrem em circulação, em regime suspensivo;

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(ii) bens respeitantes a transações com países ou territórios terceiros, quando em circulação em território nacional, sempre que sujeitos a um destino aduaneiro, designadamente o regime de exportação, nos termos do Código Aduaneiro Comunitário (CAC), aprovado pelo Regulamento CEE n.º 2913/92, do Conselho, de 12 de outubro.

8. Contudo, e mesmo que se mostrem cumpridos estes pressupostos legais, o que origina, necessariamente, a exclusão da possibilidade de aplicação do RBC, relativamente a este tipo de transporte de bens, sempre poderão as entidades fiscalizadoras (previstas no art.º 13.º deste mesmo regime legal), exigir prova da sua proveniência e destino. Devendo, tal prova, ser efetuada mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC). b) Fornecimento de refeições a terminais aeroportuários 9. Como quedou supra referido, a Requerente dedica-se, ainda, à venda de refeições a terminais aeroportuários, localizados em território nacional. 10. Tratam-se, portanto, de bens em circulação, dentro do território nacional, fora do respetivo local de produção, por motivo de transmissão onerosa, cuja transmissão se encontra sujeita e não isenta de imposto, e que não são subsumíveis/enquadráveis em algum dos pressupostos/causas de exclusão, constantes do n.º 1 e do n.º 2 do artigo 3.º do RBC. 11. Consequentemente, importa concluir que os referidos bens devem fazer-se acompanhar, aquando do respetivo transporte, dos documentos previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. Devendo, concomitantemente, fazer-se cumprir todas as demais obrigações declarativas, previstas neste mesmo regime legal. c) Fornecimento de refeições confecionadas a quaisquer outras entidades/domicílio 12. O transporte de refeições, por parte da Requerente, efetuado em território nacional, para entidades residentes, ou para entidades não residentes, deve ficar sujeito ao cumprimento de todas as obrigações, de índole declarativo, previstas no RBC. Visto que se tratam de bens que se encontram em circulação, fora dos respetivo local de produção, por motivo de transmissão onerosa [vide alínea a) do n.º 2 do art.º 2.º do RBC]. 13. Não obstante, cumpre informar, a título incidental, que, na eventualidade de o destinatário/adquirente não ser um sujeito passivo de imposto, deve, tal facto, ser, de acordo com o n.º 9 do artigo 4.º do RBC, devidamente mencionado, no documento de transporte. 14. Excluindo-se, neste caso, em concreto, e de acordo com o n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, a obrigação de comunicação, à AT, dos dados/elementos constantes dos documentos de transporte. IV - Impossibilidades técnicas, verificadas no ficheiro SAF-T 15. As competências orgânico-funcionais, atribuídas a esta Direção de Serviços, não permitem que nos pronunciemos sobre esta questão. Assim sendo, e se a Requerente o

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entender conveniente/oportuno, deverá, este assunto, ser submetido, nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 19.º da Portaria n.º 320-A/2011, de 30 de dezembro, à Direção de Serviços de Planeamento e Coordenação da Inspeção Tributária ("DSPCIT"). V - Conclusões 16. No que concerne ao fornecimento de provisões de bordo, a companhias de navegação aérea, apenas não haverá sujeição ao RBC, quando:

a) Se trate de produtos sujeitos a IEC, desde que tais bens se encontrem em

circulação, em regime suspensivo; b) Os mantimentos sejam adquiridos por companhias de navegação aérea, que se

dediquem principalmente ao trânsito internacional, e se mostrem cumpridas as formalidades relativas à declaração de exportação.

17. Em função dos constrangimentos decorrentes das competências orgânicas, atribuídas a esta Direção de Serviços, abstemo-nos de aprofundar os conceitos, de cariz aduaneiro, supra expostos. Pelo que, se a Requerente assim o entender, poderão ser colocadas, aos serviços da AT, responsáveis pela área aduaneira, a concretização/definição dos pressupostos/conceitos legais associados a:

(i) produtos sujeitos a IEC's, (ii) circulação de bens em regime suspensivo; (iii) cumprimento das formalidades relativas às declarações de exportação; (iv) companhias aéreas que se dediquem principalmente ao trânsito internacional

(vide art.º 11.º da Portaria n.º 320-A/2011, de 30 de dezembro).

18. O transporte de bens alimentares, destinados a serem consumidos dentro de terminais aeroportuários, situados em Portugal, fica sujeito às obrigações, de índole declarativo, previstas pelo RBC. 19. O fornecimento de refeições a outras entidades/domicílio fica, igualmente, sujeita às obrigações, de índole declarativo, constantes do RBC. Não obstante, se o adquirente/destinatário, não for um sujeito passivo de imposto, deixa de ser necessário o cumprimento da obrigação de comunicação, constante do n.º 5 do artigo 5.º do RBC. 20. Por último, importa salientar que as competências orgânico-funcionais, atribuídas a esta Direção de Serviços, não permitem que nos pronunciemos sobre a questão da impossibilidade técnica de extração do ficheiro SAF-T, para efeitos do cumprimento da obrigação de comunicação dos dados/elementos, constantes do documento de transporte, tal como preceituado pelo n.º 5 do artigo 5.º do RBC. Assim sendo, e se a Requerente o entender conveniente/oportuno, deverá, este assunto, ser submetido, nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 19.º da Portaria n.º 320-A/2011, de 30 de dezembro, à DSPCIT. (Informação vinculativa, Proc. 5759, sancionada por despacho de 22/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

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95 - Refeições distribuídas ao domicílio (documento de transporte) - artigo 4.º

As empresas distribuidoras de refeições ao domicílio estão obrigadas à emissão de um documento de transporte? Caso o remetente conheça, antes do início do transporte, o destinatário, terá que emitir um documento de transporte em função de cada um dos destinatários. Caso os destinatários não sejam conhecidos deve ser emitido um documento de transporte global, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, do Regime dos Bens em Circulação, em triplicado e impresso em suporte papal, que terá que acompanhar a mercadoria, e registar as entregas em documento apropriado (documento complementar), processado em duplicado, que terá que fazer referência ao documento de transporte inicial, em conformidade com o disposto na alínea a) do n.º 6 e n.º 7 do artigo 4.º do mesmo Regime. O documento global é comunicado à AT antes do início do transporte, de acordo com as regras gerais, enquanto que o documento complementar é comunicado, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, tal como se encontra previsto no n.º 11 do artigo 4.º do RBC. (cfr. FAQ n.º 23, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão)

96 - Remessa de bens para confeção (destinatário que deve constar das guias de transporte) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. O sujeito passivo requerente, com sede no concelho de ...., encontra-se registado em IVA com a atividade principal constante do CAE 14131 - Confeção de outro vestuário exterior em série, e com as atividades secundárias constantes dos CAE 46410 - Comércio por grosso de têxteis e 13910 - Fabricação de tecidos de malha, enquadrado no regime normal mensal. 2. Para a tecelagem de determinados bens, subcontrata uma empresa (B), dando-lhe a indicação que deve entregar esses bens nas instalações do seu fornecedor (C), que vai proceder à confeção dos mesmos. 3. Nas guias de transporte emitidas pela empresa subcontratada (B) para efetuar o transporte dos bens até às instalações do seu fornecedor (C), aquela empresa coloca o seu fornecedor (C) na qualidade de destinatário. 4. Contudo, é entendimento do requerente que, naquelas guias de transporte, deve constar como destinatário ele próprio, uma vez que é ele quem faz a aquisição dos serviços de tecelagem, e que as instalações do seu fornecedor (C) deve constar, apenas, como sendo o lugar de destino ou descarga dos bens.

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5. Este seu entendimento baseia-se nas definições constantes do Regime de bens em circulação, que considera "Destinatário ou adquirente" a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada a quem os bens em circulação são postos à disposição; e "Local de destino ou descarga" o local onde os bens em circulação forem entregues ao destinatário, presumindo-se como tal o constante do documento de transporte, se outro não for indicado. 6. Em face desta divergência de entendimentos, o requerente vem solicitar informação, no sentido de ser apurado quem é o destinatário que deve constar nas referidas guias de transporte, designadamente se é o requerente, a quem são postos os bens à disposição, e a quem vão ser posteriormente faturados, ou, pelo contrário, se é o seu fornecedor (C), a quem são entregues para, simplesmente, efetuar a confeção de bens e posterior entrega dos mesmos ao requerente. 7. O Regime de bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, e republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, refere no seu artigo 1º que "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma." 8. O artigo 2.º daquele regime, nas alíneas g) e i) considera, para efeitos do disposto naquele diploma, que o destinatário ou adquirente é "a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada a quem os bens em circulação são postos à disposição; e que o local de destino ou descarga é "o local onde os bens em circulação forem entregues ao destinatário, presumindo-se como tal o constante no documento de transporte, se outro não for indicado;". 9. Uma vez que o transporte dos bens entre os sujeitos passivos designados por "B" e "C" ocorre sempre em território nacional, conforme foi esclarecido pelo requerente na sequência de um pedido adicional de elementos, cabe ao sujeito passivo designado por "B", que coloca os bens em circulação, após a tecelagem que lhe foi adjudicada pelo requerente, a emissão do respetivo documento de transporte, que deve conter, na qualidade de destinatário ou adquirente dos bens, o sujeito passivo requerente, uma vez que é a este que os bens são postos à disposição, conforme determina a alínea g) do artigo 2.º daquele Regime. 10. Em virtude dos referidos bens serem colocados pelo transportador, a pedido do requerente, nas instalações do sujeito passivo (C), que vai proceder à confeção dos mesmos, a referida guia de transporte deve referir que o local de destino ou descarga dos bens são as instalações do sujeito passivo (C), conforme determina a alínea i) do mesmo artigo 2.º. 11. Por último, uma vez que o requerente solicita informação acerca daqueles procedimentos serem, ou não, diferentes, caso o sujeito passivo requerente tenha a sua sede em território Espanhol, refere-se que tal facto não é relevante para que devam ser alterados aqueles procedimentos, dado que o transporte dos bens continua a ocorrer em território nacional, pelo que o transportador dos bens, ou seja, o referido sujeito passivo B, ao transportar os bens para o local das instalações do sujeito passivo C, deve proceder à emissão do respetivo documento de transporte, que deve indicar, como destinatário ou

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adquirente dos bens, o sujeito passivo com sede em Espanha, uma vez que é a este que os bens são postos à disposição, e a referida guia de transporte deve referir que o local de destino ou descarga dos bens são as instalações do sujeito passivo (C). (Informação vinculativa, Proc. 4928, com despacho de 30/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

97 - Reparação de eletrodomésticos (documento de transporte) - artigo 4.º Um empresário em nome individual, com a atividade de "reparação de eletrodomésticos" (máquinas de lavar, frigoríficos, etc.), e um volume de negócios de 35 000 euros anuais, sai todos os dias com peças e ferramentas para assistência em casa dos clientes. Que documento deve acompanhar as peças em causa? A questão posta encontra-se tratada nos n.ºs 6 e 7 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Assim, na altura em que se inicia o transporte, a empresa deve fazer acompanhar os bens (peças e consumíveis), de um documento de transporte processado globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impressos em papel e em 3 exemplares, mencionando que os seus destinatários são desconhecidos. Quando os bens são efetivamente incorporados nos serviços prestados, deve ser emitido, em duplicado, de acordo com a alínea b) do n.º 6 do artigo 4.º (redação dada pela Lei n.º 83-C/3013, de 31/12), documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou outro documento equivalente, no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. Em qualquer momento, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nas referidas folhas de obra. Os elementos da folha de obra ou documento equivalente são comunicados à AT por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte (cfr. n.º 11 do art.º 4 do EBC). Em qualquer momento, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados na folha de obra ou documento equivalente. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que uma viatura sai das instalações da empresa, com bens destinados a ser incorporados em serviços prestados aos clientes. O transporte de ferramentas, dado que se encontra excluído do âmbito do Regime, nos termos da alínea c) do n.º 1 do seu artigo 3.º, deve ser acompanhado por qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, nos termos dos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do Regime.

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Se as máquinas tiverem que ser transportadas das instalações dos clientes para a oficina do empresário reparador, as mesmas devem ser acompanhadas por um documento de transporte emitido pelo cliente ou, caso o cliente seja um particular, por qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, nos termos dos referidos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º.

98 - Resíduos valorizáveis (cartão, papel e/ou plástico, escórias, sucatas/metais e outros constantes do Anexo E do CIVA) - artigo 4.º I - Pedido A Requerente solicita, nos termos do artigo 68.º da Lei Geral Tributária ("LGT"), a emissão de uma informação vinculativa, com o propósito de se determinar o enquadramento jurídico-tributário, para efeitos de determinação da eventual aplicabilidade do Regime dos Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, no que concerne os seguintes factos: ii) Recolha e transporte de resíduos valorizáveis, como seja o caso de cartão, papel e/ou

plástico, para destino final licenciado. Existindo, igualmente, neste caso, um contrato de prestação de serviços, com uma entidade gestora de resíduos, que, no final de cada mês, emite uma fatura, para cobrança destas operações, nas quais se inclui o aluguer de equipamentos para acondicionamento de resíduos.

iii) Recolha e transporte de resíduos valorizáveis, como seja o caso de escórias, para fora

de Portugal (i.e., movimento transfronteiriço), por um transportador, por conta do recetor dos resíduos.

iv) Recolha e transporte de resíduos valorizáveis, pelo gestor licenciado, em que é

emitida uma guia de remessa, e, posteriormente, uma fatura referente à carga (como seja o caso de transporte de sucatas/metais).

v) Transporte de resíduos realizados por viaturas da empresa. II - Análise 1. Tendo por base o regime legal aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos, constante do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e que transpôs, para a ordem jurídica interna, a Diretiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro), constatamos que incumbe, ao produtor inicial, a responsabilidade pela gestão de resíduos, tendo, este, igualmente, de suportar os respetivos custos (vide n.º 1 do art.º 5.º deste mesmo regime legal). 2. Por seu turno, entende-se por resíduos todos os bens elencados na denominada Lista Europeia de Resíduos (vide Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de maio, e Portaria n.º 209/2004, de 3 de março).

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3. Entendendo-se, doutra índole, por gestão de resíduos, todas as operações referentes à recolha, transporte, valorização e eliminação de resíduos [vide alínea p) do art.º 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro]. 4. Concluímos, assim, que os resíduos, a transportar pela Requerente, estando previstos na Lista Europeia de Resíduos, destinam-se, obrigatoriamente, a ser objeto de um dos processos de eliminação ou valorização, a que se referem, respetivamente, os Anexos I e II do supra referido Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. 5. Existindo, portanto, um constrangimento legal que impede que estes resíduos possam ser livremente transacionáveis. 6. Face ao exposto, importa, consequentemente, atender à alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. A qual prescreve que apenas se encontra sujeito, às obrigações de índole declarativo, previstas neste regime legal, o transporte de bens que sejam suscetíveis de transmissão, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ou seja, bens sobre os quais se proceda (ou possa proceder) à respetiva transferência onerosa, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. 7. Pelo que, constatando-se, como dissemos, que o transporte de resíduos, do produtor inicial, para a entidade gestora de resíduos, se reporta a bens não transacionáveis, já que os mesmos só podem ter, como destino, um dos procedimentos/operações de eliminação/valorização previstos nos Anexos I ou II do Decreto-Lei 178/2006, de 5 de setembro, importa, em decorrência, concluir pela sua não sujeição ao RBC. Até porque não existe, nestes casos, uma efetiva transferência de bens para outro ente jurídico. Limitando-se, o produtor inicial, a recorrer aos serviços de uma transportadora e de uma entidade gestora de resíduos, para o transporte e subsequente eliminação/valorização destes bens. 8. Não obstante, existem exceções a este enquadramento legal. Entre as quais se realçam: i. Resíduos que possam ser submetidos a uma operação de valorização, das previstas no

Anexo II ao Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, e após a concretização/efetivação dessa mesma operação (ou seja, numa fase "pós-valorização");

ii. Bens constantes do Anexo E do CIVA. 9. Na realidade, nestes casos, constata-se não existir qualquer impedimento legal à livre comercialização destes resíduos. O que significa que, sendo, tais bens, objeto de uma eventual transmissão, o transporte que se faça, dos mesmos, para o adquirente, tenha de ficar, necessariamente, sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. III - Conclusão 10. Consubstanciando-nos nos factos e fundamentos legais supra mencionados, e nas ilações que, dos mesmos, se extraem, e reportando-nos, em concreto, às questões suscitadas pela Requerente, temos que:

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i) Recolha e transporte de resíduos, realizados por um gestor autorizado para destino final licenciado (como seja o caso de transporte de resíduos para aterro). Como quedou supra exposto, estes bens não são suscetíveis de serem livremente transacionados. Já que, os mesmos, têm, obrigatoriamente, como destino, uma operação de eliminação, cujos custos devem ser suportados pelo produtor inicial (vide n.º 1 do art.º 5.º do supra referido Decreto-Lei 178/2006, de 5 de setembro). Assim sendo, e em virtude de se tratar de bens não transacionáveis, na aceção do n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, fica, o transporte dos mesmos, excluído de sujeição/aplicabilidade a este regime legal.

ii) Recolha e transporte de resíduos valorizáveis, para destino final licenciado (como

seja o caso de transporte de cartão/papel/plástico). Os bens previstos no Anexo E ao CIVA (como é o caso do cartão/plástico/papel), são passíveis de serem livremente transacionados nos termos, e de acordo com a definição de transmissão, constante do n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. O que significa que deve, o respetivo transporte, ficar sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC.

iii) Recolha e transporte de resíduos valorizáveis para fora de Portugal (i.e., movimento

transfronteiriço), por um transportador, por conta do recetor dos resíduos (como seja o caso de escórias). Como quedou exposto, no ponto imediatamente antecedente, os bens previstos no Anexo E ao CIVA (como é o caso das escórias), são passíveis de serem livremente transacionados (nos termos, e de acordo com a definição de transmissão, constante do n.º 1 do artigo 3.º do CIVA, aplicável por remissão da alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC). O que significa que deve, o respetivo transporte, ficar sujeito às obrigações, de índole declarativo, impostas pelo RBC. Não obstante, e tendo por base os dados/elementos disponibilizados pela Requerente, constatamos que, nesta situação, em concreto, o transporte dos bens previstos no Anexo E do CIVA, i.e., escória, é efetuado no âmbito de uma transação transfronteiriça. Assim sendo, e dado que a alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do RBC claramente prescreve que se encontram excluídos do âmbito de aplicação do RBC, todos os transportes de bens, que se reportem a transações efetuadas nos termos do Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias (RITI), tal como previsto no Decreto-Lei n.º 290/92, de 28 de dezembro, e, atendendo-se, igualmente, ao disposto na alínea c) do mesmo n.º 2 do artigo 3.º do RBC, que, expressamente, consagra não estar sujeito, a este regime, o transporte de bens com destino a países ou territórios terceiros, quando em circulação, em território nacional, sempre que sujeitos a um destino aduaneiro, designadamente o de exportação (nos termos do Regulamento (CEE) n.º 2913/92, do Conselho, de 12 de outubro), deve, consequentemente, concluir-se que, nesta situação, em concreto, exposta pela Requerente, o transporte deste tipo de resíduos, i.e., escórias, não tem de cumprir com as obrigações legais, impostas pelo RBC. No entanto, sempre que existam dúvidas sobre a legalidade da circulação destes bens (objeto de transações transfronteiriças), as autoridades fiscalizadoras, previstas no artigo 13.º do RBC, podem exigir prova da sua proveniência, e destino, a qual deve consubstanciar-se em qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino (vide n.º 3 e n.º 4 do art.º 3.º do RBC).

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iv) Recolha e transporte de resíduos valorizáveis, pelo gestor licenciado, em que é

emitida uma guia de remessa, e, posteriormente, uma fatura referente à carga (como seja o caso de transporte de sucatas/metais). Face ao entendimento descrito nos pontos anteriores, de onde se extrai que o transporte dos bens previstos no Anexo E do CIVA deve cumprir com todas as obrigações, de índole declarativo, previstas no RBC (exceto se realizadas no âmbito de uma transação comunitária, ou exportação), importa concluir que qualquer transporte de sucatas/metais, a efetivar em território nacional, por qualquer um dos motivos previstos na alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, deve fazer-se acompanhar de um dos documentos de transporte, previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC. O qual pode consistir numa guia de remessa (se a emissão da fatura não coincidir com o início do transporte), ou na própria fatura (se a emissão, desta, coincidir com o momento de início daquele mesmo transporte).

v) Transporte de resíduos realizado por viaturas da empresa. Sujeito ao entendimento exposto nos pontos precedentes.

(Informação vinculativa, Proc. 5411, sancionada por despacho de 22/08/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

99 - Resíduos valorizáveis (sucata de ferro e metais ferrosos, constantes do Anexo E do CIVA) - artigo 4.º Quando do transporte de resíduos de sucata de ferro e metais ferrosos, passíveis de serem valorizados e recolhidos por um operador autorizado, é emitida uma guia de acompanhamento de acordo com a legislação do Ministério do Ambiente. Nestes casos, para além daquela guia, é também obrigatório emitir um documento de transporte de acordo com o RBC? Conforme foi esclarecido no n.º 12 da Informação Vinculativa, Proc. 5749, sancionada por despacho de 18/10/2013, [à frente transcrita com o título "Sucata (bens previstos no Anexo E - sucatas/metais")] "todos os bens em circulação, não expressamente excluídos do artigo 3.º do RBC, devem fazer-se acompanhar de um dos documentos de transporte, previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, ou seja: "...fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes". E no n.º 14 da mesma Informação Vinculativa, concluiu-se que "o transporte dos bens previstos no Anexo E (sucatas/metais) ao Código do IVA, deve fazer-se acompanhar por fatura, nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do RBC ou, qualquer outro documento de transporte dos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, que devem conter os elementos referidos no n.º 2 do artigo 4.º do RBC. Esses documentos de transporte são processados nos termos do artigo 5.º do Decreto-Lei. n.º 147/2003, de 11 de julho, quer o transporte seja efetuado em viaturas da empresa ou através de transportador autorizado".

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Assim, desde que os resíduos em causa sejam transacionáveis, devem ser acompanhados de documento de transporte emitido nos termos do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, ainda que também tenha que ser emitida guia de acompanhamento, de acordo com a legislação do Ministério do Ambiente.

100 - Rutura de carga dos bens transportados (implicações em sede do RBC) - artigo 4.º Que implicações tem, em sede do Regime dos Bens em Circulação, a rotura de carga dos bens transportados? A rotura de carga dos bens transportados implica o final de um transporte e o início de um novo transporte. Assim sedo, haverá que proceder à emissão de um novo documento de transporte em consequência dessa rutura de carga. Já um mero transbordo dos bens entre meios de transporte não implica necessariamente qualquer rutura de carga, e por isso não implica a emissão de um novo documento de transporte.

101 - Serviços de montagem e assistência técnica a equipamentos de frio, nomeadamente frigoríficos, arcas frigoríficas e equipamentos afins (transporte de ferramentas e peças de substituição) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. O sujeito passivo requerente presta serviços de montagem e assistência técnica a equipamentos de frio, nomeadamente frigoríficos, arcas frigoríficas e equipamentos afins, encontrando-se registado em IVA, enquadrado no regime normal trimestral. 2. Não comercializa aqueles equipamentos, nem as respetivas peças para substituição, apenas efetua ao seu cliente, que é o distribuidor desses equipamentos, mediante uma remuneração mensal, a prestação de serviços de montagem e reparações dos equipamentos, nas instalações dos clientes do referido distribuidor. 3. Apenas são propriedade do sujeito passivo requerente as ferramentas utilizadas para os serviços de montagem e reparação, fazendo parte do seu ativo imobilizado (denominado atualmente por ativo fixo tangível), sendo os equipamentos e respetivas peças de substituição propriedade do seu cliente e distribuidor dos mesmos. 4. Tendo surgido dúvidas acerca dos documentos de transporte que devem acompanhar os bens nas quatro situações a seguir descritas, vem solicitar informação, no sentido de cumprir corretamente o estipulado na Lei. 4.1 Transporte de equipamentos e peças de substituição, propriedade do distribuidor, entre as instalações deste e as do requerente;

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4.2 Transporte de equipamentos e peças de substituição, propriedade do distribuidor, entre as instalações do requerente e as instalações dos clientes do distribuidor (com destinatário específico); 4.3 Transporte de equipamentos e peças de substituição, propriedade do distribuidor, entre as instalações do requerente e as instalações dos clientes do distribuidor, mas que permanecem nos veículos do requerente durante certo tempo, uma vez que não têm destinatário específico quando saem das instalações do requerente, sendo colocados apenas nas reparações, à medida que são necessários. 4.4 Transporte das ferramentas necessárias aos serviços de montagem e reparação dos equipamentos, propriedade do requerente, e que fazem parte do seu ativo fixo tangível. 5. O Regime de bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA (RBC) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, tendo posteriormente sido alterado pelo Decreto-Lei n.º 238/2006, de 20 de dezembro, pela Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, e pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, tendo sido republicado em anexo a este último normativo legal. Mais recentemente, a Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, introduziu alterações aos artigos 4.º, 5.º, 6.º, 8.º, 10.º e 11.º daquele Regime. 6. Refere o artigo 1.º do RBC que "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma.". 7. Excluem-se daquela obrigação, entre outros bens, os pertencentes ao ativo imobilizado dos sujeitos passivos, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º do RBC. 8. Consideram-se documentos de transporte, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. 9. Quanto ao transporte dos bens sem destinatário específico, refere o n.º 6 do artigo 4.º do RBC que: "Os documentos de transporte, quando o destinatário ou os bens a entregar em cada local de destino não seja conhecido na altura da saída dos bens dos locais referidos no n.º 2 do artigo 2.º, são processados globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, e impressos em papel, devendo proceder-se do seguinte modo à medida que forem feitos os fornecimentos:

a) No caso de entrega efetiva dos bens, os documentos previstos no presente

diploma, bem como a fatura simplificada a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, devem ser processados em duplicado, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens;

b) No caso de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos

mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente."

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10. Ainda acerca daqueles bens sem destinatário específico, determina o n.º 7 do mesmo artigo 4.º que: "Nas situações referidas nas alíneas a) e b) do número anterior, deve sempre fazer-se referência ao respetivo documento global.". 11. Deste modo, analisando as situações referidas pelo requerente, constata-se o seguinte: 11.1 Transporte dos bens (equipamentos e peças de substituição) entre as instalações do distribuidor e as do requerente Este transporte de bens até às instalações do requerente, muito embora estes bens se destinem, posteriormente, a serem transportados pelo requerente para as instalações dos clientes do distribuidor, obriga a que tenham de ser elaborados os respetivos documentos de transporte, designadamente uma guia de remessa ou uma guia de transporte, e devem conter, na qualidade de remetente, o distribuidor dos bens, e na qualidade de destinatário o requerente e transportador dos mesmos. Como local de início de transporte devem ser indicadas as instalações do distribuidor, onde aquele sujeito passivo coloca os bens à disposição do requerente, e como local de destino ou descarga, devem ser indicadas as instalações do requerente. 11.2 Transporte dos bens (equipamentos e peças de substituição) entre as instalações do requerente e as instalações dos clientes do distribuidor Este transporte de bens obriga, também, a que tenham de ser processados os respetivos documentos de transporte, designadamente uma guia de remessa ou uma guia de transporte, e devem conter, na qualidade de remetente, o distribuidor dos bens, e na qualidade de destinatário os clientes do distribuidor. Deve ser indicado, como local de início de transporte, as instalações do requerente, e como local de destino ou descarga, devem ser indicadas as instalações dos clientes do distribuidor. 11.3 Já no que respeita à situação referida no ponto 4.3, o processamento dos documentos de transporte é diferente da referida anteriormente, dado que, no início do transporte, não são conhecidos os destinatários desses bens, uma vez que, tratando-se de peças de substituição que podem, ou não, ser utilizadas nas reparações, o requerente não tem conhecimento prévio dos locais onde vão ser incorporados naquelas prestações de serviços. Neste caso, o sujeito passivo requerente deve emitir um documento de transporte global, em papel, conforme dispõe o n.º 6 do artigo 4.º do RBC. Naquela guia de transporte global devem constar todos os bens transportados, podendo, inclusivamente, ser referido que se trata de bens que vão ser incorporados em prestações de serviços, nos termos do citado n.º 6 do artigo 4.º. Posteriormente, no sentido de justificar as peças que vão sendo aplicadas nas reparações, deve ter-se em atenção o disposto na alínea b) daquele n.º 6 do artigo 4.º, ou seja, deve ser processado um documento próprio (folha de obra ou qualquer outro documento equivalente), onde é feita a referência ao documento global, nos termos do n.º 7 do referido artigo, utilizando este documento para justificar a saída dos bens, de modo a que os bens em circulação (as peças que ainda não foram incorporadas nas reparações) sejam os elencados no documento global, abatidos dos bens constantes dos documentos entretanto processados.

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11.4 A situação referida no ponto 4.4, ou seja, o transporte das ferramentas necessárias aos serviços de montagem e reparação dos equipamentos, propriedade do requerente, e que fazem parte do seu ativo fixo tangível, informa-se que, apesar de estarem excluídos, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º, da obrigação de serem acompanhados de documentos de transporte, torna-se conveniente que sejam acompanhados de um documento que comprove a natureza e quantidade dos mesmos, e bem assim a sua proveniência e destino, conforme dispõe o n.º 4 do mesmo artigo 3.º. (Informação vinculativa, Proc. 5278, sancionada por despacho de 31/10/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral, com a devida atualização do n.º 6 do art.º 6.º após a alteração introduzida pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

102 - Serviços Sociais da Universidade (circulação de refeições confecionadas, géneros alimentícios, produtos de cafetaria, etc., que se destinam a afetação e uso próprio) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. O Requerente vem solicitar informação vinculativa sobre "se o transporte das mercadorias entre os campus e as diversas unidades das cidades, estão sujeitas ao Regime dos Bens em Circulação, previsto no Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7 e a Portaria 161/2013 de 23/4." 2. Embora refira que "é isenta de IVA ao abrigo do artigo 9.º, nas suas atividades de alimentação e alojamento, quando prestadas aos alunos/comunidade académica, uma vez que são atividades conexas com o ensino", consultado o Sistema de Registo de Contribuintes, constata-se que o Requerente se encontra registado em IVA, apenas pelas "Atividades de Apoio Social com Alojamento, n.e." - CAE 87902; e enquadrado no regime normal trimestral por opção, praticando transmissões de bens que não conferem direito à dedução. 3. Nos termos do disposto no artigo 1.° do Regime dos Bens em Circulação (doravante RBC), "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte", entendendo-se como tal, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes. 4. Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia e com os elementos elencados nos artigos 4 °, 5 °, 6 ° e 8 ° do citado diploma. 5. A obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está portanto, condicionada à efetiva transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição (...), por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado - cfr. art.º 2.°, n.° 2, alínea a) do RBC.

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6. Deste modo, conclui-se que os bens destinados, nomeadamente, a afetação a uso próprio, sempre que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, quando tal afetação seja efetuada por um sujeito passivo do imposto sobre o valor acrescentado, são considerados bens em circulação, e, como tal, têm obrigatoriamente de ser acompanhados do respetivo documento de transporte, conforme resulta da conjugação dos artigos 1.º, 2.º n.º 1 alínea b) e n.º 2 alínea a) do RBC. 7. Assim, o Requerente, na qualidade de sujeito passivo de imposto, quando coloca em circulação bens (refeições confecionadas, géneros alimentícios, produtos de cafetaria, mercearias, etc.), mesmo que esses bens se destinem a afetação própria, tem de emitir o documento de transporte devido e comunicar os respetivos elementos à Autoridade Tributária e Aduaneira, nos termos dos artigos 4.º e 5.º do RBC. 8. Porém, o n.º 10 do artigo 5.º do RBC prevê a dispensa da obrigação de comunicação dos elementos dos documentos de transporte para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos de imposto sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100.000,00. 9. Para apurar esta dispensa torna-se necessário ter em conta o volume de negócios efetivo do sujeito passivo, determinado nos termos do n.º 3 do artigo 18.º do CIRC e não o lucro ou o rendimento tributável para efeitos de imposto sobre o rendimento. (Informação vinculativa, Proc. 5851, sancionada por despacho de 20/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

103 - Sucata (adquirida a pessoas singulares que a recolhem para posterior venda) - artigo 4.º Uma empresa da área das sucatas e resíduos por vezes desloca-se a casa de alguns dos seus fornecedores, particulares não sujeitos passivos de IVA, para adquirir e transportar para o seu armazém aqueles produtos. Quando da aquisição das sucatas, os vendedores, por não estarem coletados, não emitem fatura. Que documento de transporte deverá ser emitido e por quem, para acompanhar a mercadoria até ao armazém da empresa e como é que é comunicado à Administração Tributária (AT)? Se a venda de sucata é efetuada por não sujeitos passivos do imposto, não está sujeita a qualquer imposto, nem os bens necessitam de ser acompanhados de documento de transporte. Apenas devem ser acompanhados de um documento sem qualquer formalismo, comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino, para afastar quaisquer dúvidas sobre a legalidade da sua circulação, nos termos do disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho.

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Mas da questão posta parece resultar que não se trata de não sujeitos passivos do imposto, mas de pessoas singulares que recolhem sucata para posterior venda e que não se encontram legalizados. Sendo assim, não estamos perante não sujeitos passivos do imposto, mas perante sujeitos passivos de IVA e de IRS, categoria B, que terão de se legalizar. Estes sujeitos passivos, antes de iniciar a atividade, deveriam apresentar a declaração de início de atividade prevista no artigo 31.º do Código do IVA e no artigo 112.º do Código do IRS. O transporte de tais bens deve ser acompanhado de documento de transporte, emitido nos termos do Regime dos Bens em Circulação, devendo os respetivos elementos ser comunicados à AT, antes do seu início, nos termos do mesmo Regime. A responsabilidade pela emissão dos documentos de transporte e pela comunicação dos respetivos elementos é do vendedor dos bens, nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Regime. Mas o adquirente não pode ignorar que, de acordo com o n.º 1 do artigo 7.º do mesmo diploma, «Os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º ou, sendo caso disso, o código referido no n.º 7 do artigo 5.º». A comunicação dos elementos à AT não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

104 - Sucata (bens previstos no Anexo E - sucatas/metais) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. I - QUESTÃO(ÕES) SUSCITADA(S) 1 - Vem o sujeito passivo, solicitar esclarecimento vinculativo, quanto aos procedimentos a ter em conta, no âmbito do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA), quando da aquisição de sucatas e outros resíduos a particular(es), nomeadamente, quanto aos documentos necessários à circulação de tais bens. II - ENQUADRAMENTO FACE AO CÓDIGO DO IVA 2 - Através de consulta ao sistema informático, verifica-se que o sujeito passivo se encontra enquadrado no Regime Normal de Tributação - Periodicidade Trimestral, para efeitos do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA), com o Código de Classificação de Atividade Económica (CAE) - "38311 DESMANTELAMENTO DE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS, EM FIM DE VIDA".

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III - ANÁLISE DA QUESTÃO SUSCITADA 3 - Sendo o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) um imposto geral sobre o consumo de bens e serviços, abrangendo toda a atividade económica, ainda que decorrente de prática ocasional, inclui no conceito de sujeito passivo, um vasto leque de operadores económicos. De matriz comunitária, os seus princípios encontram-se plasmados na Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro, relativa à harmonização das legislações dos Estados membros. 4 - Para efeitos do Código do IVA estão sujeitas a imposto, de acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º: "As transmissões de bens e as prestações de serviços efetuadas no território nacional, a título oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal", sendo que, para efeitos de incidência subjetiva considera a alínea i) do n.º 1 do artigo 2.º que são sujeitos passivos deste imposto: "As pessoas singulares ou coletivas referidas na alínea a) que, no território nacional, sejam adquirentes dos bens ou dos serviços mencionados no anexo E ao presente Código e tenham direito à dedução total ou parcial do imposto, desde que os respetivos transmitentes ou prestadores sejam sujeitos passivos do imposto". 5 - Para que haja lugar à aplicação da regra de inversão do sujeito passivo, referida na alínea i) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA, é necessário que as sucatas e outros resíduos (não reutilizáveis) referidos pelo exponente, sejam enquadráveis em qualquer das alíneas que compõem o Anexo E ao referido Código, aditado pela Lei n.º 33/2006, de 28 de julho e, posteriormente, atualizado pelo Decreto-Lei n.º 393/2007, de 31 de dezembro, não se enquadrando neste regime especial as transmissões de bens ou materiais usados, suscetíveis de serem reutilizados no estado em que se encontram ou após reparação. 6 - O Decreto-Lei n.º 197/2012, de 24 de agosto, em vigor a partir de 1 de janeiro de 2013, veio estabelecer a obrigatoriedade da emissão de fatura para todas as transmissões de bens e prestações de serviços, independentemente da qualidade do adquirente dos bens ou destinatário dos serviços, sob pena de aplicação das penalidades legalmente previstas. 7 - Estabelece o n.º 15 do artigo 29.º do CIVA que: "Os sujeitos passivos referidos na alínea i) do n.º 1 do artigo 2.º são obrigados a emitir uma fatura por cada aquisição de bens ou de serviços aí mencionados quando o respetivo transmitente ou prestador não seja um sujeito passivo, não se aplicando, nesse caso, os condicionalismos previstos no n.º 11 do artigo 36.º". 8 - Sendo o destinatário/adquirente obrigado à emissão de fatura, com os elementos referidos n.º 5 do artigo 36.º do CIVA, bem como no n.º 1 do artigo 4.º, do DL. n.º 147/2003, de 11 de julho deve, aí fazer constar a expressão 'IVA - autoliquidação'. 9 - O Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, aprovou regime de bens em circulação (RBC), objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA, bem como a obrigatoriedade e requisitos dos documentos de transporte que os acompanham. 10 - Dispõe artigo 1.º deste diploma que: "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser

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acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma". 11 - Em complemento, a alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, considera «bens em circulação»: "...todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico ou transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado". 12 - Neste sentido, todos os bens em circulação, não expressamente excluídos do artigo 3.º do RBC, devem fazer-se acompanhar de um dos documentos de transporte, previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, ou seja: "...fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes". 13 - Assim, se a emissão da fatura (vd. ponto n.º 7, da presente informação), coincidir com o início do transporte, constitui documento suficiente. Caso contrário, deve ser emitida guia de remessa/transporte, com os elementos referidos no n.º 2 do artigo 4.º do RBC, nomeadamente: - Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação fiscal do remetente que, nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC se considera ser a: "pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada que colocou os bens em circulação à disposição do transportador para efetivação do respetivo transporte ou operações de carga, bem como o transportador quando os bens em circulação lhe pertençam"; - Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou adquirente, bem como o respetivo número de identificação fiscal (NIF); - Designação comercial dos bens, com a indicação das quantidades. IV - CONCLUSÕES 14 - Em conclusão, o transporte dos bens previstos no Anexo E (sucatas/metais) ao Código do IVA, deve fazer-se acompanhar por fatura, nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do RBC ou, qualquer outro documento de transporte dos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC, que devem conter os elementos referidos no n.º 2 do artigo 4.º do RBC. Esses documentos de transporte são processados nos termos do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, quer o transporte seja efetuado em viaturas da empresa ou através de transportador autorizado. 15 - Neste último caso, o transportador dos bens deve, de acordo com o n.º 1 do artigo 7.º do RBC, exigir sempre ao remetente (pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada que colocou os bens em circulação), o original e o duplicado do documento de transporte, ou, sendo caso disso, do código de identificação do documento, quando a comunicação do transporte é efetuada por transmissão eletrónica de dados ou através de serviço telefónico. (Informação vinculativa, Proc. 5749, sancionada por despacho de 18/10/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

105 - Sucata (peso que deve constar do documento de transporte) - artigo 4.º

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Certo "sucateiro" procede por vezes à desmantelação de fábricas inativas. Desloca-se com as suas viaturas ao local e, após a desmantelação, transporta essa mercadoria para o seu estaleiro ou leva-a diretamente para o seu cliente, se por acaso já vendeu a mercadoria. Este tipo de mercadoria é negociada, normalmente ao kg., ou em alternativa ao lote. Acontece que, ao carregar a mercadoria, não tem possibilidade de a pesar, e quando é possível pesar a mercadoria, quando a mesma chega ao destino é novamente pesada e acontece com frequência o peso no destino ser diferente do peso na origem (por diversas razões, por ex. a calibragem das balanças). Perante estas situações, como é que a empresa deve proceder no que respeita à emissão do documento de transporte? Na hipótese referida no pedido, entendemos que, nos documentos de transporte, deve ser colocado o peso da sucata transportada, devendo esse peso ser calculado, por aproximação, de acordo com a experiência do vendedor e do adquirente. Por uma questão de segurança, somos de opinião que poderá inscrever, à frente do peso, a expressão (aproximado). Nestas situações, o Regime dos Bens em Circulação não é suficientemente claro, dizendo apenas a alínea d) do n.º 2 do seu artigo 4.º que as guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter a designação comercial dos bens, com indicação das quantidades.

106 - Sujeitos passivos enquadrados no Regime Especial de Isenção (transporte de bens para prestação de serviços ao domicílio) - artigo 4.º 1 - No âmbito da sua atividade, o sujeito passivo X procede a reparações ao domicílio, nomeadamente, arranjos de persianas, desentupimentos e pichelaria, a maior parte com caráter de urgência. 2 - Para proceder a essas reparações, mantém e transporta na sua viatura um determinado número de peças e material diverso. 3 - Refere que, atendendo ao seu enquadramento no Regime Especial de Isenção do artigo 53.º do CIVA, não tem feito acompanhar esses materiais de documentos de transporte, tendo-lhe sido em consequência, levantados alguns problemas em operações STOP da Guarda Nacional Republicana. 4 - Deste modo, solicita esclarecimentos quanto aos procedimentos a adoptar e qual o enquadramento legal. 5 - O Regime de Bens em Circulação foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, em vigor desde 09/09/2003, e estabelece as normas sobre os documentos que devem acompanhar os bens em circulação.

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6 - O artigo 1.º do citado Regime, estabelece que «Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, deverão ser acompanhados de documentos de transporte», os quais devem ser processados antes do início do transporte (n.º 1 do art.º 6.º). 7 - De acordo com a alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º deste Regime, entende-se como documento de transporte, "a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes". 8 - Nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º não carecem, contudo, de acompanhamento de documento de transporte, os bens em circulação que fazem parte do ativo fixo tangível, uma vez que estão excluído do âmbito do já citado Regime. No entanto, poderá ser exigida prova da sua proveniência e destino, a qual poderá ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e qualificação dos bens, sua proveniência e destino (n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º). 9 - Quando se trata de bens em circulação sem destino específico, ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser incorporados em cada local de destino, poderá o sujeito passivo emitir documento global, conforme n.º 6 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação. 10 - Nessa situação (emissão de documento global), no sentido de justificar os fornecimentos que forem sendo feitos, devem ter-se em atenção as alíneas a) e b) daquele preceito, sendo que, nos termos da alínea b), "No caso de saída de bens a incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos, deve a mesma ser registada em documento próprio, processado por uma das vias previstas no n.º 1 do artigo 5.º nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente". 11 - No caso do sujeito passivo transportar um número elevado de peças e material, sendo que alguns bens saídos são posteriormente repostos para efetuar novas prestações de serviços, poderá, de acordo com entendimento superiormente sancionado, utilizar uma guia de transporte, à qual anexará uma relação com a discriminação dos bens, fazendo constar do documento de transporte "material conforme relação anexa", funcionando a guia e a relação anexa como documento global (referido no ponto 8 desta informação). 12 - De referir que, neste caso, a guia de transporte deverá conter os requisitos exigidos pelo Regime de Bens em Circulação, à exceção da discriminação dos bens, a qual constará da relação anexa. 13 - Neste caso particular (emissão de documento de transporte global) e conforme entendimento sancionado por estes Serviços, torna-se desnecessário a indicação do local de descarga e da hora do início de transporte. 14 - Quanto ao enquadramento do sujeito passivo no regime especial de isenção do artigo 53.º do CIVA, determina o n.º 10 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação que "Em relação aos bens transportados por vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados, destinados a venda a retalho, abrangidos pelo regime especial de isenção ou no regime especial dos pequenos retalhistas a que se referem os artigos 53.º e

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60.º do Código do IVA, respetivamente, o documento de transporte poderá ser substituído pelas faturas de aquisição processadas nos termos e de harmonia com o artigo 36.º do mesmo Código". 15 - Pelo exposto, consistindo a atividade do sujeito passivo na realização de prestações de serviços, não havendo, portanto, lugar à aplicação do n.º 10 do artigo 4.º do citado Regime, que apenas se refere a vendedores ambulantes e a vendedores em feiras e mercados, deverá fazer acompanhar os bens em circulação destinados a incorporar em prestações de serviços, do respetivo documento de transporte. (Informação vinculativa, Proc. F254 2004055, com despacho concordante do Subdiretor-Geral dos Impostos, de 13/12/2005)

107 - Tabaco manufaturado (abastecimento das máquinas de distribuição automáticas colocadas em estabelecimentos comerciais) - artigo 4.º, n.ºs 6 Que documento de transporte deve emitir um fornecedor de tabaco quando vai proceder ao abastecimento das máquinas de distribuição automática, que tem em vários estabelecimentos comerciais, quando não sabe a quantidade que vai deixar em cada máquina? O fornecedor de tabaco, quando sai do seu armazém com o produto em causa, caso não saiba as quantidades a abastecer em cada máquina, de acordo com o disposto no n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, deve emitir um documento de transporte global, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, impresso em papel e em 3 exemplares, cujo original e o duplicado devem acompanhar os bens em circulação. No momento do abastecimento efetivo das máquinas deve emitir, em duplicado, um documento complementar por cada entrega no qual deve fazer referência expressa ao respetivo documento global, utilizando-se o duplicado para justificar a saída dos bens (cfr. n.ºs 6 e 7 do art.º 4.º do RBC). De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os documentos referidos na alínea a) do n.º 6 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. (cfr. FAQ n.º 18, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação) NOTA: Mesmo que a empresa tenha tido, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, um volume de negócios igual ou inferior a 100.000,00 euros, neste caso não beneficia da dispensa de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação a que o sujeito passivo fica obrigado é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma.

108 - Tabaco manufaturado (circulação de tabaco para destruição, no trajeto entre o entreposto fiscal e o local onde vai ser inutilizado sob controlo aduaneiro) - artigo 4.º

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Objeto do pedido 1. A Requerente, na qualidade de advogada do seu cliente, que é um titular de entrepostos fiscais autorizados nos termos do Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo (CIEC), doravante designado como Depositário Autorizado, que tem como atividade principal o "comércio por grosso de tabaco", solicita informação vinculativa, ao abrigo do artigo 68.º da Lei Geral Tributária (LGT), sobre a aplicação do Regime de Bens em Circulação (RBC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, à circulação de tabaco para destruição, no trajeto entre o entreposto fiscal e o local onde vai ser inutilizado. Situação factual 2. No exercício da atividade principal, o Depositário Autorizado dedica-se à compra e venda, importações e exportações, armazenamento, transporte e distribuição de tabaco, tanto de matéria-prima como produto final e acessórios relacionados com o seu consumo e distribuição de outros produtos aos vendedores de tabaco e selos e aos diferentes canais de comercialização dos artigos acessórios e complementares do tabaco. 3. No âmbito da sua atividade, o Depositário Autorizado transporta tabaco já introduzido no consumo, que se destina a ser inutilizado sob controlo aduaneiro por ter excedido os prazos legais de comercialização. 4. Para a inutilização e posterior emissão do auto de destruição, o Depositário Autorizado, na qualidade de distribuidor nacional de tabaco das marcas que comercializa, procede da seguinte maneira:

- envia aos grossistas uma comunicação na qual informa o dia em que irá recolher o tabaco com estampilha antiga, cuja quantidade já foi comunicada pelo retalhista;

- diligência a recolha do tabaco com estampilhas antigas das instalações dos

grossistas localizadas em todo o país; - requer à estância aduaneira competente (EAC) a entrada desse tabaco no seu

entreposto fiscal, que apenas pode ocorrer após ser deferido; - requer o agendamento da destruição enviando, para o efeito, o mapa de quantidades

de tabaco a inutilizar e, em alguns casos, requer à GNR o acompanhamento de segurança e desembaraçamento de trânsito nos vários transportes utilizados durante a deslocação para o local da destruição (viaturas seladas pelos funcionários da AT).

5. Outras razões de natureza comercial, previstas na legislação aplicável aos impostos especiais sobre o consumo (IEC), ou estado de conservação podem justificar a inutilização de produtos de tabaco. 6. A circulação desses produtos de tabaco, independentemente da razão da destruição, é permanentemente acompanhada pela Alfândega, na medida em que todo o processo, desde o pedido de destruição, contagens físicas, carga e selagem dos carros, descarga e

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finalmente, destruição efetiva do tabaco, é supervisionado pela estância aduaneira competente. 7. Perante tal situação de facto, a Requerente pretende ser esclarecida "sobre se no trajeto entre o entreposto fiscal da exponente e o local de destruição do tabaco, o tabaco que se destina a destruição (por estar excedido o prazo legal de comercialização ou se verificarem outros fundamentos de reembolso dependentes de destruição) tem de ser acompanhado por documento de transporte nos termos previsto no RBC." Enquadramento legal e respetiva análise 8. Tendo por referência o pedido concreto, interessa, desde logo, conhecer o âmbito de aplicação o Decreto-Lei n.º 147/2003, definido no seu artigo 1.º, que se pode ler: "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma." 9. Para efeitos do Decreto-Lei n.º 147/2003, a alínea a) do n.º 1 do seu artigo 2.º considera "«Bens» os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado." 10. De acordo com o n.º 1 do artigo 3.º do CIVA: "Considera-se, em geral, transmissão de bens a transferência onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade." 11. Tendo em conta que o tabaco é um bem sujeito a IEC, importa, assim, saber o que ditam as normas gerais e específicas aplicáveis aquele produto, por forma a concluir se é passível de transmissão nos termos do artigo 3.º do CIVA e, com efeito, determinar a aplicação ou não do RBC. 12. No que respeita às condições de comercialização, diz o n.º 1 do artigo 108.º do CIEC que é "proibida a comercialização no mercado nacional de produtos de tabaco que não satisfaçam as condições legalmente exigidas para o efeito, designadamente as que se afastem do quadro de características e do preço de venda ao público, conforme o disposto nos números seguintes." 13. No que respeita ao sistema de selagem, dispõe o artigo 110.º do CIEC que: "1 - As embalagens de venda ao público de tabaco manufaturado para consumo no território nacional devem ter aposta, antes da sua introdução no consumo e de modo a não permitir a reutilização, uma estampilha especial, cujo modelo e forma de aposição são regulamentados por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças. (..) 3 - As embalagens de tabaco manufaturado para venda ao público devem ostentar estampilha especial com as características definidas para o ano da respetiva comercialização, sendo proibida a comercialização de produtos que ostentem

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estampilhas diferentes, salvo nas situações e nos períodos consagrados na portaria prevista no número anterior." 14. As regras de requisição, fornecimento e controlo da estampilha especial para o tabaco manufaturado encontram-se definidas na Portaria n.º 1295/2007, de 1 de outubro, na redação dada pela Portaria n.o 53/2012, de 5 de março. 15. Desse diploma, há, desde logo, a destacar o n.º 1 do artigo 1.º que define o seu âmbito de aplicação, conforme se pode ler: "A presente portaria aplica-se aos produtos de tabaco manufaturado destinado a ser introduzido no consumo no território nacional, devidamente acondicionado em embalagens de venda ao público, nos termos e nas condições de comercialização estabelecidos pelo Código dos Impostos Especiais de Consumo e restante legislação aplicável." 16. Também, o artigo 14.º estabelece que: "As estampilhas especiais são obrigatoriamente apostas nas embalagens de produtos de tabaco manufaturado antes de serem declarados para introdução no consumo, nos entrepostos fiscais de produção, nos entrepostos fiscais de armazenagem, nos entrepostos aduaneiros e nas estâncias aduaneiras onde aqueles produtos forem declarados para introdução em livre prática e consumo." 17. Sobre as estampilhas especiais, refere-se que a cor de fundo é fixada através de despacho do Ministro de Estado e das Finanças, sendo diferenciada por ano económico, por força do disposto no artigo 3.º da Portaria n.º 1295/2007. 18. Prevê o artigo 16.º que a "aposição das estampilhas nos módulos de venda ao público deve ser efetuada de modo a não permitir a sua reutilização." 19. No que se refere a inutilização de estampilhas, importa ler o artigo 21.º que dispõe: "A inutilização de estampilhas deve ser solicitada às autoridades aduaneiras, com indicação do local, data e motivos justificativos, sendo obrigatoriamente efetuada sob controlo presencial daquelas, lavrando-se o respetivo auto, que identificará, designadamente, o tipo de produto, o espaço fiscal e o ano económico a que respeitam as estampilhas, procedendo-se, ainda, ao registo na conta corrente." 20. Estabelece o artigo 25.º que: "As estampilhas especiais não utilizadas até 31 de dezembro do ano a que respeitem devem ser destruídas sob controlo presencial das autoridades aduaneiras, nos termos do n.º 21.º." 21. A comercialização e venda ao público de produtos de tabaco manufaturado com estampilha especial depois do ano económico em que foi aposta apenas é possível dentro dos prazos fixados no artigo 27.º da Portaria n.º 1295/2007, de 1 de outubro, na redação dada pelo artigo 1.º da Portaria n.º 250-A/2010, de 3 de maio, conforme prevê o artigo 3.º da Portaria n.º 53/2012, de 5 de Março.

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22. Resumidamente, dos preceitos legais acima transcritos resulta que a inutilização de produtos de tabaco, incluindo o já introduzido no consumo, assim como de estampilhas especiais, é um destino previsto e obrigatório sempre que não se verifiquem as condições legalmente definidas para a sua comercialização e utilização, no CIEC e demais legislação aplicável. 23. Refere-se, a título exemplificativo, as embalagens de tabaco manufaturado com estampilha especial depois do ano económico em que foi aposta e esgotado o prazo legalmente fixado para a sua comercialização. 24. Por força dos artigos 47.º, n.ºs 3 e 4 do CIEC, a inutilização dos produtos em regime de suspensão de IEC é efetuada sob controlo aduaneiro, previamente autorizada pela estância competente, nos termos do artigo 52.º do mesmo Código. 25. Para o efeito, o tabaco é transportado até ao local de inutilização e na data acordado com a EAC, podendo verificar-se em circulação, por exemplo: - tabaco já introduzido no consumo, tendo sido objeto de recolha por parte do

depositário autorizado; - tabaco não declarado para introdução no consumo, apesar de estampilhado por força

do disposto no artigo 14.º da Portaria n.º 1295/2007. - tabaco não estampilhado, pelo seu estado de deterioração /conservação. 26. Tendo, necessariamente, o tabaco de ser transportado desde o entreposto fiscal para o local de inutilização, independentemente do motivo, questiona-se a aplicabilidade do Decreto-Lei n.º 147/2003 à circulação desse produto entre os referidos locais. 27. Se por aplicação do CIEC e demais legislação específica, o tabaco que não pode ser objeto de comercialização deve ser inutilizado sob controlo aduaneiro, quer dizer que, em sede de IVA, o mesmo tabaco não pode ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do CIVA. Conclusão 28. O que permite concluir, neste caso, que a circulação de tabaco do entreposto fiscal para o local de inutilização sob controlo aduaneiro, na sequência do cumprimento das regras e formalidades previstas na legislação aplicável, nomeadamente, de autorização da estância aduaneira competente, está excluído do âmbito de aplicação do Decreto-Lei n.º 147/2003, definido no seu artigo 1.º. (Informação vinculativa, Proc.5599, sancionada por despacho de 08/11/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral)

109 - Tabaco manufaturado (venda por uma empresa depositária aos seus clientes) - artigo 4.º Uma empresa depositária de tabaco, quando vende o mesmo aos seu clientes, é obrigada a emitir documento de transporte, ou o tabaco pode circular sem esse documento?

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De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma». E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, são definidos "bens", como os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Contudo, da alínea a) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação consta que estão excluídos do seu âmbito «os produtos sujeitos a impostos especiais de consumo, tal como são definidos no artigo 4.º do Código dos Impostos Especiais de Consumo, publicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 566/99, de 22 de dezembro, quando circularem em regime suspensivo nos termos desse mesmo Código». Porém, na situação posta, não se verifica a situação do tabaco circular em regime suspensivo nos termos da legislação referida, pelo que, face ao Regime dos Bens em Circulação, quando o sujeito passivo vender o mesmo aos seus clientes é obrigado a emitir o respetivo documento de transporte, que pode ser uma fatura, guia de remessa, guia de transporte ou documentos equivalentes.

110 - Transporte de águas residuais (documento de transporte) - artigo 4.º Uma empresa, com alvará de transportes, procede à recolha de águas residuais que são descarregadas em Etar's, serviço este que é realizado tanto para empresas como para particulares, sendo a carga que transporta acompanhada por uma declaração do ambiente. O transporte em causa deve ainda ser acompanhado do documento de transporte nos termos do Regime dos Bens em Circulação? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do referido diploma». E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, são definidos «bens», como os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Contudo, em nossa opinião, se as águas residuais não tiverem qualquer valor económico, não podendo ser objeto de transmissão nos termos do referido artigo 3.º, o seu transporte não terá que ser acompanhado por qualquer documento emitido nos termos do Regime dos Bens em Circulação. Com vista a afastar dúvidas sobre a natureza dos bens transportados, deverão ser acompanhados de qualquer documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens,

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sua proveniência e destino, de acordo com o disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 3.º do Regime. Caso as águas residuais tenham valor económico e possam ser objeto de transmissão (por exemplo a agricultores), o seu transporte deverá ser acompanhado de documento de transporte, nos termos gerais do Regime dos Bens em Circulação, apesar de já serem acompanhadas de uma declaração de acompanhamento de resíduos.

111 - Transporte de materiais para serem objeto de "tratamento de superfície" (em nome de quem deve ser emitido o documento de transporte) - artigo 4.º Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 14. A Requerente, efetua o transporte de materiais para serem objeto de "tratamento de superfície" nas instalações da empresa que presta este serviço. Nestes casos, pretende saber se "as guias de transporte devem ser emitidas e comunicadas nos mesmos termos das que transportem bens objeto de transmissão, ou o destinatário continuará a ser também a Requerente, uma vez que os bens transportados são de sua propriedade". 15. O artigo 1.º do RBC estabelece que "todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma". 16. Nestes termos, exceptuando os casos expressamente excluídos pelo artigo 3.º do RBC do âmbito de aplicação deste diploma, todos os bens (entendendo-se como tal os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, que se encontrem em circulação e que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA, têm de ser acompanhados de documentos de transporte emitidos e comunicados nos termos dos artigos 4.º, 5.º e 6.º do RBC). 17. Desta forma, os materiais transportados das instalações da requerente para serem objeto de qualquer "tratamento" na sede de outra empresa, devem ser acompanhados de documento de transporte emitido e comunicado, nos termos do Regime de Bens em Circulação. 18. O remetente dos bens é, conforme resulta da definição contemplada no artigo 2.º n.º 1 alínea d) do RBC, "a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada que colocou os bens em circulação à disposição do transportador para efetivação do respetivo transporte ou operações de carga, bem como o transportador quando os bens lhe pertençam." 19. E o destinatário dos bens é, de acordo com o artigo 2.º n.º 1 alínea g) do RBC, "a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada a quem os bens em circulação são postos à disposição".

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20. Assim, a requerente quando remete os seus bens à empresa que presta o serviço deve emitir e comunicar, nos termos dos artigos 4.º, 5.º e 6.º do RBC, o devido documento de transporte, identificando a empresa prestadora de serviços como destinatária dos bens. 21. Posteriormente, quando os bens forem devolvidos à Requerente será o prestador de serviços a emitir e comunicar o documento de transporte, sendo, nesse caso, a requerente indicada no documento de transporte como destinatária dos bens. (n.ºs 14 a 21 da Informação vinculativa, Proc. 5121, sancionada por despacho de 05/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

112 - Transporte de material novo para reparações de material danificado dos clientes (documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 6 1 - A exponente tem como atividade principal a "assistência técnica em aparelhos de aquecimento central e climatização". Por esse facto, transporta material novo para reparação do material danificado dos clientes. 2 - Solicita o sujeito passivo esclarecimentos quanto aos procedimentos a adoptar relativamente ao transporte diário desses materiais, nomeadamente quanto ao prazo de validade dos documentos que os acompanham. 3 - O Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 4 - Nos termos do artigo 1.º do citado regime, "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte", entendendo-se como tal a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes - alínea b), n.º 1 do art.º 2.º. 5 - Os documentos de transporte devem ser processados de harmonia com os elementos elencados nos artigos 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do citado diploma. 6 - Quando se trata de bens em circulação sem destinatário específico, ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser incorporados em cada local de destino, poderá o sujeito passivo emitir documento de transporte global, conforme o n.º 6 do artigo 4.º do Regime de Bens em Circulação, devendo proceder do seguinte modo: 6.1 - À medida que forem feitos fornecimentos deve ser processado, em duplicado, documento no qual é feita referência ao respetivo documento global, utilizando o duplicado para justificar a saída dos bens, de modo que os bens em circulação sejam os elencados no documentos global, menos os referidos nos documentos processados - alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º; 6.2 - No caso de saída dos bens a incorporar em prestações de serviços, deve a mesma ser registada em documento próprio, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente - alínea b) do n.º 6 do art.º 4.º.

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7 - Nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Regime de Bens em Circulação os documentos de transporte devem ser emitidos antes do início da circulação dos bens. Quanto à validade do documento de transporte, não existe em termos legais qualquer limite temporal entre a data do início do transporte e o seu fim, conforme Ofício-Circulado n.º 91 919, de 21/10/87, da ex-Direção de Serviços de Controle. 8 - Pelo exposto, quanto à questão colocada e tal como se refere no ponto 6.1 da presente informação, a folha de obra é documento suficiente para justificar a saída dos bens utilizados na assistência técnica, efetuada durante a circulação. (cfr. Informação vinculativa, Proc. F254 2005020, sancionada por despacho de 26/05/2006 do Subdirector-Geral dos Impostos)

113 - Urnas vazias transportadas por uma agência funerária (em nome de quem deve ser emitido o documento de transporte) - artigo 4.º Uma agência funerária quando transporta urnas do seu armazém para o hospital, em nome de quem deve emitir o documento de transporte: em seu nome ou em nome de quem vai pagar o serviço que vai ser efetuado? E nos casos em que a agência funerária transporta as urnas do seu armazém para a sua loja? Quando a urna é transportada do armazém para o hospital, o destinatário do bem não é o cliente, mas a própria agência funerária, que transporta a urna para poder prestar o serviço ao cliente. Assim, no documento de transporte, é a agência funerária que figurará como remetente e como destinatário do bem. O que também se verifica no transporte dos bens do armazém para a loja. Em qualquer uma das duas situações referidas, os elementos do documento de transporte devem ser comunicados à AT antes do início do mesmo, nos termos do disposto nos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º147/2003, de 11 de julho.

114 - Urnas vazias e urnas com os corpos (documento de transporte) - artigo 4.º As urnas vazias e as urnas com os corpos, quando em circulação, devem ser acompanhadas do documento de transporte? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma».

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E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, são definidos "Bens", como os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Como não se encontram excluídas do âmbito do RBC, nos termos do seu artigo 3.º, e como se trata de bens suscetíveis de ser transacionados, as urnas vazias terão que ser acompanhadas de documentos de transporte, nos termos gerais do Regime. O transporte das urnas com os corpos, no âmbito de serviços funerários, não necessitam da emissão de documento de transporte, dado que não se trata de bens transacionáveis.

115 - Valor unitário de cada bem - artigo 4.º É obrigatória fazer constar o valor unitário de cada bem no documento de transporte? Por lei, o valor unitário de cada bens não é um elemento obrigatório do documento de transporte. (cfr. FAQ n.º 14, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documento de transporte / Circulação de bens / Emissão)

116 - Veículos ainda sem matrícula que vão à oficina para reparação (documento de transporte) - artigo 4.º Quando transporto um veículo para reparação, sendo o local de carga o stand, e que não possui ainda matrícula, deve ser emitido documento de transporte? Sim. Como o veículo ainda não tem matrícula deve ser emitido o respetivo documento de transporte antes da circulação do mesmo, e comunicados os seus elementos à AT. O remetente é o stand e o destinatário é a oficina. (cfr. FAQ n.º 31, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documento de transporte / Circulação de bens / Emissão)

117 - Veículos automóveis novos, sem matrícula (transporte do parque do importador para o concessionário) - artigo 4.º No transporte de veículos novos sem matrícula do parque do importador para o concessionário, que documento de transporte deve ser emitido? Deve ser emitido, antes do início do transporte, e comunicado à AT, um documento de transporte de acordo com as regras gerais do Regime dos Bens em Circulação. (cfr. FAQ n.º 36, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documento de transporte / Circulação de bens / Emissão)

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118 - Veículos automóveis novos, sem matrícula, importados (documento probatório do desalfandegamento) - artigo 4.º No transporte de veículos automóveis novos, sem matrícula, importados, o documento de desalfandegamento serve de documento de transporte? Nestes casos, o documento probatório do desalfandegamento serve, efetivamente, de documento de transporte entre a estância aduaneira de desalfandegamento e o local do primeiro destino ali referenciado. (cfr. FAQ n.º 35, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documento de transporte / Circulação de bens / Emissão)

119 - Venda de bens a um sujeito passivo espanhol mas entregues a um seu cliente no Algarve (documento de transporte) - artigo 4.º Um sujeito passivo português procede à venda de bens a um sujeito passivo espanhol. A pedido deste faz a entrega dos bens ao seu cliente localizado em Faro. Existe obrigação da emissão de documento de transporte? Não obstante o cliente ser espanhol, como não estamos na presença de uma transmissão intracomunitária de bens, há obrigatoriedade de emissão de documento de transporte. Neste caso, deve-se indicar como destinatário a entidade que efetivamente vais receber os bens, ou seja o cliente sujeito passivo espanhol e como local de entrega as instalações do seu cliente em Faro. (cfr. FAQ n.º 38, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão) NOTA: Lembramos que, de acordo com o disposto na alínea a) do artigo 14.º do Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias, para que se verifique uma transmissão intracomunitária é necessário que as transmissões de bens, efetuadas por um sujeito passivo dos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º, sejam expedidos ou transportados pelo vendedor, pelo adquirente ou por conta destes, a partir do território nacional para outro Estado membro com destino ao adquirente, quando este seja uma pessoa singular ou coletiva registada para efeitos de imposto sobre o valor acrescentado em outro Estado membro, que tenha utilizado o respetivo número de identificação para efetuar a aquisição e aí se encontre abrangido por um regime de tributação das aquisições intracomunitárias de bens.

120 - Vendedores ambulante (conceito) - artigo 4.º, n.º 10 Para efeitos da presente lei entende-se por «vendedor ambulante» a pessoa singular ou coletiva que exerce de forma habitual a atividade de comércio a retalho de forma itinerante, incluindo em instalações móveis ou amovíveis. [alínea e) do artigo 3.º da Lei n.º 27/2013, de 12/4]

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121 - Vendedores ambulantes (regime jurídico a que está sujeita a atividade de comércio a

retalho não sedentária exercida feirantes e vendedores ambulantes) - artigo 4.º, n.º 10 A Lei n.º 27/2013, de 12 de abril, estabelece o regime jurídico a que está sujeita a atividade de comércio a retalho não sedentária exercida por feirantes e vendedores ambulantes, bem como o regime aplicável às feiras e aos recintos onde as mesas se realizam.

122 - Vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados enquadrados no REI (que vendem apenas artesanato de produção própria) - artigo 4.º, n.º 10 Os sujeitos passivos, enquadrados, para efeitos de IVA, no Regime Especial de Isenção (REI) a que se refere o artigo 53.º do CIVA, que vendem em feiras e mercados apenas produtos por si fabricados, que documento de transporte devem emitir para circulares com os mesmos? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA, deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do referido diploma». Como estes sujeitos passivos não possuem faturas de compra dos bens que transportam, uma vez que são resultantes de produção própria, não beneficiam do disposto no n.º 10 do artigo 4.º do regime em causa. Nestes casos, e dado que o destinatário não é conhecido na altura da saída dos bens dos locais referidos no n.º 2 do artigo 2.º, devem emitir um documento de transporte processado globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, impresso em papel e em triplicado, antes do início do transporte (cfr. n.º 6 do art.º 4.º do RBC). Quando os bens são efetivamente entregues aos clientes, o sujeito passivo deve emitir, em duplicado, de acordo com o disposto na alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC, novo documento de transporte complementar, que pode ser uma fatura (ou uma fatura simplificada, a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, desde que a venda seja feita a não sujeitos passivos, e o valor da fatura não for superior a € 1000), no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global, tal como determina o n.º 7 do mesmo artigo 4.º. Em qualquer momento, os bens transportados (nomeadamente no regresso) devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos das entregas efetuadas aos clientes. De acordo com o disposto no n.º 11 do já referido artigo 4.º, os documentos referidos na alínea a) do n.º 6 são comunicados à AT, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte.

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123 - Vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados enquadrados no REPR (documento de transporte) - artigo 4.º, n.º 10 Certo sujeito passivo, enquadrado, para efeitos de IVA, no Regime Especial dos Pequenos Retalhistas, que exerce a atividade de "vendedor ambulante de frutas e legumes a consumidores finais", foi mandado parar numa operação STOP feita pela GNR, que o questionaram quanto ao documento de transporte dos bens que transportava. Estes vendedores ambulantes não estão dispensados de tal formalismo? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, "todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de IVA, deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos desse diploma". No entanto, dispõe o n.º 10 do artigo 4.º do mesmo diploma que, em relação aos bens transportados por vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados (venda a retalho), abrangidos pelo Regime Especial de Isenção (REI) ou Regime Especial dos Pequenos Retalhistas (REPR), a que se referem, respetivamente, os artigos 53.º e 60.º do Código do IVA, o documento de transporte poderá ser substituído pelas faturas de aquisição processadas nos termos e de harmonia com o artigo 36.º do mesmo Código. Por outro lado, de acordo com a alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do mesmo diploma, estão excluídos do âmbito deste diploma, os bens provenientes de retalhistas, sempre que tais bens se destinem a consumidores finais que previamente os tenham adquirido, com exceção dos materiais de construção, artigos de mobiliário, máquinas elétricas, máquinas ou aparelhos receptores, gravadores ou reprodutores de imagem ou de som, quando transportados em veículos de mercadorias. Daqui decorre que os vendedores ambulantes, enquadrados no REI ou no REPR, não necessitam de emitir documentos de transporte relativamente aos bens por si transportados, destinados a venda a retalho, desde que se façam acompanhar das faturas de aquisição dos mesmos. Contudo, se optarem por emitir documentos de transporte, nos termos dos artigos 4.º e seguintes do Regime dos Bens em Circulação, estão dispensado da comunicação dos respetivos elementos à AT se, no período de tributação anterior, para efeitos do imposto sobre o rendimento, tenham tido um volume de negócios igual ou inferior a € 100.000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

124 - Vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados enquadrados no Regime Normal (documento de transporte) - artigo 4.º Os vendedores ambulantes e os vendedores em feiras e mercados, enquadrados, para efeitos do Código do IVA, no Regime Normal, podem beneficiam do disposto no n.º 10 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação?

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Os bens transportados, por vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados enquadrados no Regime Normal, mesmo que destinados à venda a retalho, estão sujeitos à regra geral de circulação de bens. Consequentemente, estes sujeitos passivos, antes de circularem com os bens, terão que emitir o respetivo documento de transporte. Na verdade, tais sujeitos passivos não beneficiam do disposto no n.º 10 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Logo, neste caso, o documentos de transporte não pode ser substituído pelas faturas de aquisição. Assim, os vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados que se encontrem enquadrados no Regime Normal do IVA, terão que emitir documento de transporte, antes do início do mesmo, com destino a clientes desconhecidos, nos termos da alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do Regime. Consequentemente, na altura em que se inicia o transporte, a empresa deve fazer acompanhar os bens de um documento de transporte processado globalmente, nos termos referidos nos artigos 5.º e 8.º, impresso em papel e em triplicado, mencionando que os seus destinatários são desconhecidos. Quando os bens são efetivamente entregues aos clientes, o sujeito passivo deve emitir, em duplicado, de acordo com a alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º, documento adicional, que pode ser uma fatura (ou uma fatura simplificada, a que se refere o n.º 1 do artigo 40.º do Código do IVA, desde que a venda seja feita a não sujeitos passivos, e o valor da fatura não for superior a € 1000), no qual deverá sempre ser feita referência ao respetivo documento de transporte global. Em qualquer momento, os bens transportados devem coincidir com a diferença entre os bens mencionados no documento de transporte global e os bens mencionados nos documentos comprovativos das entregas efetuadas aos clientes. De referir que o documento de transporte global terá que ser emitido todas as vezes que o sujeito passivo parta das instalações da empresa, com mercadorias para venda a clientes desconhecidos. De acordo com o disposto no n.º 11 do mesmo artigo 4.º, os documentos referidos nas alíneas a) do n.º 6 são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte.

125 - Viaturas-oficinas (transporte de peças que vão ser incorporadas em serviços de reparação/assistência, quer em Portugal quer em Espanha) - artigo 4.º, n.º 6 1 - O sujeito passivo exerce a atividade de compra e venda de veículos automóveis ligeiros e pesados, a importação e venda de máquinas e equipamentos para a construção civil e obras públicas, a compra e venda das respetivas peças e outros componentes,

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dispondo ainda de oficinas de reparação para a devida assistência aos equipamentos vendidos. 2 - As reparações e assistência são, muitas vezes, efetuadas fora das suas oficinas, possuindo, para o efeito, viaturas-oficinas nas quais são transportadas ferramentas e um stock de peças necessárias para a realização das prestações de serviço. 3 - A questão do sujeito passivo prende-se com o documento de transporte a utilizar relativamente às peças transportadas nas viaturas-oficinas, sendo que no início do transporte podem não ser conhecidas as reparações e assistências que vão efetuar, não sendo possível determinar as peças que vão ser aplicadas em cada local. 4 - O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, estabelece as normas que devem acompanhar os bens em circulação. 5 - Quando se trata de bens em circulação sem destinatário específico ou sem conhecimento prévio dos bens que vão ser aplicados em cada local de destino, poderá o sujeito passivo emitir documento global previsto no n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, devendo proceder do seguinte modo: 5.1 - À medida que forem feitos fornecimentos deve ser processado, em duplicado, documento no qual é feita referência do respetivo documento global, utilizando o duplicado para justificar a saída dos bens, de modo que os bens em circulação sejam os elencados no documento global, menos os referidos nos documentos [cfr. alínea a) do n.º 6 do art.º 4.º]. 5.2 - No caso de saída dos bens a incorporar em prestações de serviços, deve a mesma ser registada em documento próprio, nomeadamente folha de obra ou qualquer outro documento equivalente [cfr. alínea b) do n.º 6 do art.º 4.º]. 6 - O procedimento do sujeito passivo, quanto à emissão do documento global, é correto por reunir as condições da ditada disposição, nomeadamente da sua alínea b). 7 - Chama-se, no entanto, a atenção do requerente que, nestes casos particulares (emissão de documento global), e relativamente à identificação do destinatário dos bens, poderá ser mencionado por ex. "vários clientes" ou "destinatário desconhecido", atendendo a que os mesmos são desconhecidos no início da circulação dos bens ou, sendo conhecidos, não há conhecimento prévio dos bens que vão ser aplicados em cada local de destino. 8 - Analisando o documento anexo ao requerimento, verifica-se que o sujeito passivo não faz qualquer referência ao destinatário, pelo que deverá proceder em conformidade com o ponto anterior. 9 - Mais se informa que os bens em circulação que fizerem parte do ativo imobilizado (nomeadamente as ferramentas) não carecem de acompanhamento de documento de transporte, uma vez que estão excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, conforme alínea c) do n.º 1 do artigo 3.º, podendo, no entanto, ser exigida prova da sua proveniência e destino, a qual poderá ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo dessa proveniência e destino (cfr. n.ºs 3 e 4 do art.º 3.º).

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10 - Quanto às prestações de serviços de assistência e reparação efetuadas em Espanha será de referir que só os bens respeitantes a transações intracomunitárias a que se refere o Decreto-Lei n.º 290/92, de 28/12, é que estão excluídos do âmbito do Regime de Bens em Circulação, conforme alínea b) do n.º 2 do artigo 3.º do mesmo Regime. 11 - O sujeito passivo transporta as peças que vão ser incorporadas na prestação de serviços de reparação/assistência que vai efetuar aos seus clientes, em Espanha, não configurando, portanto, uma transmissão intracomunitária de bens e, consequentemente, não abrangidos pela exclusão referida no ponto anterior. 12 - Assim, estando em causa o transporte de bens com início no território nacional e com destino a Espanha, informa-se: 12.1 - Relativamente à circulação dos bens em território nacional está a mesma sujeita às regras do Regime de Bens em Circulação. 12.2 - Quanto à circulação dos bens em território espanhol não cabe a esta Direção de Serviços pronunciar-se sobre o assunto, sendo tal competência da Administração Fiscal Espanhola. (Informação vinculativa, Proc. F254 2005032, sancionada por despacho do SDG dos Impostos, em substituição do Director-Geral, em 27/07/2006)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 5.º

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Artigo 5.º

Processamento dos documentos de transporte

1 - Os documentos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º devem ser emitidos por uma das seguintes vias: (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

a) Por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a integridade do

seu conteúdo, de acordo com o disposto no Código do IVA; (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

b) Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação pela

Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012 de 24 de janeiro; (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

c) Através de software produzido internamente pela empresa ou por empresa integrada no

mesmo grupo económico, que seja detentora dos respetivos direitos de autor; (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

d) Diretamente no Portal das Finanças; (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) e) Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente. (redação dada pelo

Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) 2 - Os documentos emitidos nos termos das alíneas b) a e) do número anterior devem ser

processados em três exemplares, com uma ou mais séries, convenientemente referenciadas. (2) 3 - A numeração dos documentos emitidos nos termos do n.º 1 deve ser progressiva, contínua

e aposta no ato de emissão. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) 4 - Quando, por exigência de ordem prática, não seja bastante a utilização de um único

documento dos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º, deve utilizar-se o documento com o número seguinte, nele se referindo que é a continuação do anterior.

5 - Os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à AT os elementos dos documentos

processados nos termos referidos no n.º 1, antes do início do transporte. (aditado pelo Dec. Lei n.º

198/2012, de 24/8) (ver n.º 10) 6 - A comunicação prevista no número anterior é efetuada da seguinte forma: (aditado pelo Dec.

Lei n.º 198/2012, de 24/8) (ver n.º 11)

a) Por transmissão eletrónica de dados para a AT, nos casos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1; (aditado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) (ver n.º 5 do art.º 2.º e n.º 1 do art.º 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4)

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b) Através de serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com indicação dos elementos essenciais do documento emitido, com inserção no Portal das Finanças até ao 5.º dia útil seguinte, nos casos da alínea e) do n.º 1 ou, nos casos de inoperacionalidade do sistema informático da comunicação, desde que devidamente comprovado pelo respetivo operador. (redação dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12)

7 - Nas situações previstas na alínea a) do número anterior, a AT atribui um código de

identificação ao documento. (aditado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) 8 - Nos casos referidos no número anterior, sempre que o transportador disponha de código

fornecido pela AT, fica dispensado de se fazer acompanhar de documento de transporte. (redação dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12)

9 - A AT disponibiliza no Portal das Finanças o sistema de emissão referido na alínea d) do n.º

1 e o modelo de dados para os efeitos previstos na alínea a) do n.º 6. (aditado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

10 - A comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no

período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000. (aditado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) (ver n.º 1 do art.º 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4)

11 - Nos casos em que a fatura serve também de documento de transporte e seja emitida

pelos sistemas informáticos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1, fica dispensada a comunicação prevista no n.º 6, devendo a circulação dos bens ser acompanhada da respetiva fatura emitida. (aditado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12)

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Código de comunicação atribuído pela AT (não tem que ser impresso) - artigo 5.º, n.º 7

O código de comunicação do documento atribuído pela AT tem que ser impresso e acompanhar a mercadoria? A comunicação à AT dos elementos do documento de transporte por transmissão eletrónica de dados, nos casos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, permite a obtenção de um código de identificação para esse documento (cfr. n.º 7 do mesmo art.º 5.º), que substitui os exemplares impressos que acompanham os bens, nomeadamente para efeitos de controlo da inspeção tributária ou de outros agentes de fiscalização e para utilização do transportador durante o transporte. Assim, o código de comunicação fornecido pela AT não tem que ser impresso (cfr. FAQ n.º 7, disponível no Portal das Finanças, em e-fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação).

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O código pode ser armazenado, pode ser inscrito no documento de transporte, pode ser memorizado, pode ser escrito num papel, pode ser enviado por mensagem de telemóvel, etc. O importante é que, num controlo de estrada, o motorista esteja em condições de informar as entidades fiscalizadoras, quer da AT, quer da brigada da GNR, que a mercadoria constante daquela viatura se encontra ao abrigo de um ou vários códigos da AT".

2 - Código de comunicação atribuído pela AT (quando é atribuído) - artigo 5.º, n.º 7 Quando é atribuído o código de identificação do documento de transporte? O código de identificação do documento de transporte é atribuído logo que a informação do documento de transporte é recebida na AT e a hora/data de início do transporte é posterior à data de comunicação. Quando a comunicação do documento de transporte é posterior à hora/data de início do transporte, a AT aceita o documento mas não atribui código de identificação do mesmo. (cfr. FAQ n.º 4, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Questões técnicas / Gerais)

3 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (ano do início da atividade) - artigo 5.º Iniciei a atividade no corrente ano. Terei obrigação de comunicar à AT os elementos dos documentos de transporte? Não. A comunicação dos documentos de transporte à AT é obrigatória apenas para os sujeitos passivos que no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios superior a € 100 000,00. Assim, e uma vez que não teve qualquer atividade no ano anterior, existe a obrigação de emitir os documentos de transporte, mas não de os comunicar. (cfr. FAQ n.º 22, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

4 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária, cujo transporte não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta) - artigo 5.º Em caso de transporte dos bens referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º (ou seja, bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária) do regime de bens em circulação, que não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, a obrigação de comunicação considera-se também cumprida, desde que, cumulativamente:

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a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a).

(n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4)

5 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (casos em que os elementos são comunicados através de serviço telefónico) - artigo 5.º, n.º 6 Quais os casos em que os elementos dos documentos de transporte são comunicados através de serviço telefónico? A comunicação, antes do início do transporte, por serviço telefónico, pode ser efetuada em duas circunstâncias: - nos casos de emissão manual, em papel impresso em tipografias autorizadas, dos

documentos de transporte; - nos casos de inoperacionalidade do sistema de comunicação do agente económico

desde que devidamente comprovada pelo respetivo operador de telecomunicações. Em qualquer dos casos em que esteja consentida a comunicação prévia por serviço telefónico, o agente económico tem a obrigação de, no Portal das Finanças e até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, complementar a informação sobre o documento de transporte. (cfr. FAQ n.º 13, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

6 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (como deve ser feita) - artigo 5.º, n.º 6 A comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte é feita, antes do início do transporte, de acordo com o disposto nos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, da seguinte forma: - Por transmissão eletrónica de dados para a AT, nos casos previstos nas alíneas a) a d)

do n.º 1 do artigo 5.º do RBC, por uma das seguintes vias (cfr. n.º 1 do art.º 3,º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4):

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a) Por transmissão eletrónica em tempo real, integrada em programa informático,

utilizando o Webservice disponibilizado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT);

b) Através do envio de ficheiro exportado pelo programa informático de emissão,

recorrendo à aplicação de envio de dados disponibilizada no Portal das Finanças na Internet (www.portaldasfinancas.gov.pt).

c) Através da emissão direta no Portal das Finanças do documento de transporte.

Neste caso, a AT disponibiliza no Portal das Finanças uma aplicação informática, com as funcionalidades de emissão e comunicação necessárias ao cumprimento das obrigações previstas no regime de bens em circulação (cfr. n.º 4 do art.º 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4).

- Através de serviço telefónico automático (cfr. art.º 4.º da Portaria n.º 161/2013, de

23/4): 1 - A comunicação dos elementos dos documentos de transporte é realizada através de serviço telefónico automático, nos seguintes casos:

a) Quando os documentos de transporte sejam emitidos nos termos da alínea e)

do n.º 1 do artigo 5.º do regime de bens em circulação (documentos emitidos em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente), pelas entidades não abrangidas pelo disposto no artigo anterior [ou seja, as entidades que constam das alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 5.º do RBC]; A inserção no Portal das Finanças dos elementos dos documentos de transporte emitidos em papel pode também ser efetuado através de uma das vias previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 3.º, ou seja (cfr. art.º 7.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4): - Por transmissão eletrónica em tempo real, integrada em programa

informático, utilizando o Webservice disponibilizado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT);

- Através do envio de ficheiro exportado pelo programa informático de

emissão, recorrendo à aplicação de envio de dados disponibilizada no Portal das Finanças na Internet (www.portaldasfinancas.gov.pt).

b) Durante o período de inoperacionalidade do sistema de comunicação utilizado pelas entidades referidas no n.º 3 do artigo anterior, desde que devidamente comprovada pelo respetivo operador.

2 - Para efeitos do disposto no número anterior, a AT disponibiliza no Portal das Finanças, mediante autenticação das entidades que a solicitem, uma senha individual de acesso ao serviço telefónico automático.

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3 - As entidades referidas no n.º 1 do artigo 2.º acedem ao serviço telefónico automático da AT, identificado no Portal das Finanças, fornecendo o seu número de identificação fiscal e a senha referida no número anterior. 4 - Na comunicação telefónica indicam-se os seguintes elementos do documento de transporte:

a) Os quatro últimos dígitos do número do documento de transporte, devendo, se inferior ao milhar, ser precedido de "zeros" até completar os quatro dígitos;

b) A data de início do transporte (dia e mês, por esta ordem, com a inserção de

quatro dígitos); c) A hora do início do transporte (hora e minuto, por esta ordem, com a

inserção de quatro dígitos); d) O número de identificação fiscal do adquirente, quando aplicável.

5 - A AT valida a comunicação efetuada nos termos dos números anteriores com a atribuição de um código de comunicação telefónica, através de mensagem de voz e escrita, que atesta que a comunicação daqueles elementos foi efetuada com sucesso. 6 - Nos casos de comunicação através de serviço telefónico automático, as entidades referidas no n.º 1 do artigo 2.º devem inserir no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, os elementos do documento de transporte ainda não comunicados na forma prevista no n.º 4, mediante o acesso ao registo do documento através do código de comunicação telefónica.

7 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (depois da hora que consta no documento como início do transporte) - artigo 5.º, n.º 5 Uma empresa emitiu uma guia de transporte em 08/01/2014 e colocou a data da saída às 12H00. Mas ao imprimir a guia não repararam que não tinha gerado o código da AT. Ao consultar no portal a guia, verificou-se que a hora da saída ficou 12H00, mas a data da comunicação ficou 12H06. A mercadoria ficou apreendida porque o agente notificou no auto que não tinha sido feita a comunicação e originou a respetiva coima. Estará correto assumir que não houve comunicação, quando a mesma está no portal, apenas não gerou o código porque demorou (não se sabe o porquê) a fazer a comunicação. De acordo com o disposto no n.º 5 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 14/2003, de 11 de julho, os sujeitos passivos são

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obrigados a comunicar à AT os elementos dos documentos processados nos termos referidos no n.º 1, antes do início do transporte. Se a comunicação é efetuada depois da hora que consta no documento como início do transporte, a AT não valida a comunicação e não atribui o código de identificação ao documento. Ou seja, para todos os efeitos, a empresa não efetuou a comunicação dos elementos dos documentos do transporte.

8 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (dispensa de imprimir o documento de transporte em papel quando a comunicação é feita por transmissão eletrónica de dados) - artigo 5.º Se efetuar a comunicação dos elementos do documento de transporte por transmissão eletrónico de dados, terei que imprimir o documento de transporte em papel? Se efetuar a comunicação dos elementos dos documentos de transporte por transmissão eletrónica de dados, não é necessário imprimir o documento de transporte em papel. O código de identificação atribuído pela AT substitui o documento de transporte impresso em papel, mesmo para efeitos de fiscalização no decurso do transporte. Contudo, sempre que se trate de um documento de transporte global, o mesmo deve ser obrigatoriamente impresso. (cfr. FAQ n.º 9, disponível no Portal das Finanças em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

9 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (documento global) - artigo 5.º, n.º 5 Os sujeitos passivos que vendem "porta a porta" a consumidores finais, e que emitem um documento de transporte global, pois desconhecem o clientes e as mercadorias que irão vender, terão que efetuar a comunicação à AT antes do início do transporte? Nestes casos não se aplica a exclusão de comunicação prevista no n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril? De acordo com o disposto no n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, quando o destinatário não seja conhecido na altura do início do seu transporte deve ser emitido um documento de transporte global e impresso em papel, cujos elementos devem ser comunicados à AT, nos termos dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do mesmo diploma. É que, quando se inicia o seu transporte, não se pode dizer que os seus destinatários ou adquirentes são consumidores finais, já que os mesmos são desconhecidos na altura do início do transporte.

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E, nos termos do n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, apenas são excluídos das obrigações de comunicação previstas no seu artigo 1.º, os documentos de transporte em que o destinatário ou adquirente seja consumidor final. Assim, entendemos que os elementos dos documentos de transporte global, emitidos no termos do n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, terão que ser comunicados nos termos dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do mesmo diploma, antes do início do transporte. Contudo, a comunicação destes elementos não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC). Quanto aos documentos adicionais referidos na alínea a) do n.º 6 do artigo 4.º do RBC os mesmos são comunicados, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao transporte (cfr. n.º 11 do art.º 4 do RBC), e não beneficiam da dispensa de comunicação prevista no n.º 10 do artigo 5.º do Regime, já que esta apenas se aplica à comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do mesmo artigo e a comunicação, por inserção no Portal das Finanças, de tais documentos adicionais é a prevista no n.º 11 do artigo 4.º do mesmo diploma.

10 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (exclusão, dispensa e não obrigação) - artigo 5.º, n.ºs 10 e 11 São excluídos das obrigações de comunicação os documentos de transporte em que o destinatário ou adquirente seja consumidor final (cfr. n.º 2 do art.º 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4). Nos casos em que a fatura serve também de documento de transporte e seja emitida pelos sistemas informáticos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, fica dispensada a comunicação prevista no n.º 6, devendo a circulação dos bens ser acompanhada da respetiva fatura emitida (cfr. n.º 11 do art.º 5.º do RBC). A comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

11 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (nos casos de haver alterações ao local de destino ou a não aceitação dos bens pelo adquirente) - artigo 5.º As alterações ao local de destino e a não aceitação dos bens pelo adquirente obrigam à emissão de um documento de transporte adicional. Nestes casos, como devem ser comunicados à AT?

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A comunicação do documento de transporte adicional varia em função do modo de emissão do mesmo: 1) Quando emitido em papel, o documento de transporte adicional deve fazer referência ao documento de transporte inicial, não sendo necessário efetuar a prévia comunicação à AT, através de serviço telefónico. No entanto, o sujeito passivo deve comunicar os elementos do documento de transporte adicional, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte. 2) Quando emitido pela via eletrónica, desde que garantida a autenticidade da sua origem e a integridade do seu conteúdo (p.e. através de aposição de assinatura eletrónica avançada ou emissão pelo sistema EDI), e com a consequente atribuição do código de identificação, fica dispensada a impressão do documento de transporte adicional e a necessidade de, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, inserir no Portal das Finanças os elementos dos documentos de transporte. (cfr. FAQ n.º 16, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

12 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (prazo para a comunicação prévia) - artigo 5.º Qual o prazo para a comunicação prévia de um documento de transporte? O documento de transporte tem de ser emitido e comunicado antes do início do transporte. A comunicação é feita à AT e pode ser efetuada pelas formas previstas na Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril. Tecnicamente é possível comunicar os elementos do documento de transporte até 30 dias antes do seu início. (cfr. FAQ n.º 20 e 21, disponíveis no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

13 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (procedimento a ter em caso de inoperacionalidade do sistema da AT) - artigo 5.º, n.º 5 Como proceder em caso de inoperacionalidade do sistema da AT? Em caso de inoperacionalidade do sistema da AT (portal das finanças) o documento de transporte a acompanhar os bens, deve ser emitido em suporte de papel e comunicado à AT no prazo de 5 dias. (cfr. FAQ n.º 14, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação) NOTA: Sobre esta matéria, ver o que se diz mais à frente com os títulos "Inoperacionalidade dos sistemas da AT (comunicação dos elementos dos documentos de transporte)".

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 5.º

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14 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (quando é que é

feita) - artigo 5.º, n.ºs 5 e 10

Segundo o disposto no n.º 5 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à AT os elementos dos documentos de transporte processados nos termos referidos no n.º 1, antes do início do transporte. Por sua vez, o n.º 3 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, diz-nos que «a comunicação dos elementos dos documentos de transporte é efetuada pelos sujeitos passivos remetentes dos bens, podendo estes habilitar terceiros a fazê-la, em seu nome e por sua conta (que pode ser o transportador), em funcionalidade disponibilizada no Portal das Finanças». Nos casos em que se verifiquem alterações ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados, a comunicação destes factos é efetuada por inserção no Portal das Finanças até ao 5.º dia útil seguinte ao da sua emissão (cfr. n.º 11 do art.º 4.º do RBC e n.º 5 do art.º 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4). Também nos casos de inoperacionalidade dos sistemas da AT que suportam a gestão da comunicação dos elementos dos documentos de transporte, a obrigação da comunicação dos elementos dos documentos de transporte é efetuada até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte (cfr. n.º 1 do art.º 5.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4). No caso anterior, o transportador deve fazer-se acompanhar dos documentos de transporte em suporte de papel (cfr. n.º 2 do art.º 5.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4). A obrigação de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, prevista nos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do RBC, não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100.000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

15 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (quem está obrigado a fazer a comunicação) - artigo 5.º Quem está obrigado a fazer a comunicação dos elementos dos documentos de transporte? Estão obrigados a fazer a comunicação dos elementos dos documentos de transporte os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios superior a € 100 000". (cfr. FAQ n.º 1, disponível no Portal das Finanças em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

16 - Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte (venda de tabaco a destinatários que não são conhecidos na altura da saída dos bens) - artigo 5.º, n.ºs 5 e 6

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Certa empresa que comercializa tabaco, quando a mercadoria sai do seu armazém para venda aos clientes estes ainda não são conhecidos. Por tal facto, emite um documento de transporte global e à medida que as vendas se vão realizando emite faturas aos clientes. Como deve proceder a empresa quanto à comunicação à AT dos elementos constantes dos documentos de transporte global, bem como das faturas emitidas aos clientes? Pode a empresa gerar um ficheiro SAF-T (PT) das vendas aos clientes, que por dia geram, em média, a emissão de 500 faturas e envia-lo? Os elementos dos documentos globais de transporte, emitidos nos termos do corpo do n.º 6 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/003, de 11 de julho, têm que ser comunicados antes do início do transporte, nos termos do dos n.ºs 5 e 6 do artigo 5.º do mesmo diploma. Os elementos das faturas ou dos documentos de transporte emitidos nos termos da alínea a) do referido n.º 6 do artigo 4.º, têm que ser comunicados à AT, por inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, de acordo com o n.º 11 do mesmo artigo. Daí que, em nossa opinião, os elementos destes últimos documentos não possam ser enviados através de ficheiro, mas tenham que ser inseridos, documento a documento, no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte.

17 - Destinatário ou adquirente dos bens que seja consumidor final (exclusão de comunicação dos elementos) - artigo 5.º Quando o destinatário ou adquirente dos bens seja consumidor final, o remetente (vendedor) é ou não obrigado a comunicar à AT os elementos do documento de transporte? Tal como consta do n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 161/2013, de 23 de abril, são excluídos da obrigação de comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte, previstos no Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, quando o destinatário ou adquirente seja consumidor final. Esta exclusão visa reforçar a proteção dos dados pessoais dos consumidores finais, em linha com o disposto no Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto (do preâmbulo da Portaria n.º 161/2013, de 23/4).

18 - Devolução de bens (com guia ou nota emitida pelo adquirente) - artigo 5.º, n.ºs 5 e 6 A devolução de bens com guia ou nota de devolução emitida pelo adquirente dos bens serve de guia de transporte e dispensa a comunicação prevista no Regime dos Bens em Circulação à semelhança do que acontece com a fatura?

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Sim, a guia ou nota de devolução emitidas pelo adquirente dos bens servem como documento de transporte nos termos do RBC. No entanto, esses documentos não dispensam a obrigação de comunicação à AT, devendo o sujeito passivo comunicar pelas vias previstas no n.º 6 do artigo 5.º do RBC, consoante o seu enquadramento". (cfr. FAQ n.º 10, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de Transporte / Circulação de bens / Comunicação)

19 - Devolução de bens (comunicação à AT) - artigo 5.º, n.ºs 5 e 6 Tendo por referência o pedido de informação vinculativa solicitada, ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), por « ....A...», presta-se a seguinte informação. 1. O sujeito passivo transporta materiais do armazém central para os seus estaleiros, sitos em Portugal Continental, Madeira ou Açores, e, posteriormente, os estaleiros devolvem ao armazém central os bens que não foram incorporados nas empreitadas. "(...) aquando da devolução dos materiais dos estaleiros para o armazém central, os mesmos não têm acesso ao programa nem a impressora, porque não têm meios informáticos disponíveis, nem qualquer possibilidade de instalação que permita acesso remoto". 2. A consulente pretende resolver esta dificuldade, "recorrendo ao processamento dos documentos de transporte diretamente no Portal das Finanças. O funcionário do estaleiro, antes de iniciar o transporte, comunicará telefonicamente para a sede para se efetuar a inserção dos dados no portal da AT, a qual lhe informará o código de identificação e poderá iniciar o transporte, mas sem impressão do documento." 3. Pretende, por isso, saber se o artigo 5.º n.º 8 do RBC apenas dispensa de impressão os documentos de transporte que sejam processados de acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 5.º do referido diploma. 4. O artigo 5.º n.º 5 do RBC determina que os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) os elementos dos documentos processados nos termos referidos no n.º 1 do mesmo artigo. 5. Por sua vez, o n.º 6 daquele artigo estabelece a forma como é efetuada a referida comunicação: a) Por transmissão eletrónica de dados para a AT, nos casos previstos nas alíneas a) a d)

do n.º 1; b) Através do serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com indicação dos

elementos essenciais do documento emitido, com inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte, nos casos da alínea e) do n.º 1 ou, nos casos de inoperacionalidade do sistema informático da comunicação, desde que devidamente comprovado pelo respetivo operador.

6. Assim, nos casos em que os documentos são emitidos (i) por via eletrónica, (ii) através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação pela AT, (iii) através de software produzido internamente pela empresa ou por empresa integrada

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no mesmo grupo económico, de cujos direitos de autor seja detentor, ou (iv) diretamente no Portal das Finanças, a sua comunicação deve ser efetuada por transmissão eletrónica de dados para a AT, sendo, nesses casos, atribuído um código de identificação ao documento, conforme prevê o artigo 5.º n.º 7 do RBC. 7. O n.º 8 do artigo 5.º do RBC estabelece que nas circunstâncias já referidas no ponto anterior e sempre que o transportador disponha do código fornecido pela AT, fica dispensado de se fazer acompanhar do documento de transporte. 8. Nestes termos, caso a consulente emita o documento de transporte diretamente no Portal das Finanças, o mesmo considera-se comunicado, nos termos do artigo 5.º n.º 6 alínea a) do RBC, por transmissão eletrónica de dados para a AT, sendo-lhe atribuído o citado código de identificação do documento que estando na posse do transportador o dispensa de se fazer acompanhar do documento de transporte. 9. Acresce que, o artigo 6.º n.º 7 do RBC, determina que nos casos referidos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo 5.º do mesmo diploma se consideram exibidos os documentos comunicados à AT, desde que, apresentado o código atribuído de acordo com o n.º 7 do artigo 5.º do RBC. (n.ºs 1 a 9 da Informação vinculativa, Proc. 5121, sancionada por despacho de 05/09/2013, do SDG do IVA, por delegação do Diretor-Geral)

20 - Documentos de transporte (continuação nas folhas seguintes) - artigo 5.º, n.º 4 Quando, por exigência de ordem prática, não seja bastante a utilização de um único documento de transporte dos referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º (fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente), deve utilizar-se o documento com o número seguinte, nele se referindo que é a continuação do anterior. (cfr. n.º 4 do art.º 5. do RBC, tal como já o previa o n.º 2 do art.º 9.º do Decreto-Lei n.º 45/89, de 11/2)

21 - Documentos de transporte (número de exemplares a processar) - artigo 5.º, n.º 2 Em quantos exemplares devem ser processadas as faturas, as guias de remessa, notas de devolução, guias de transporte ou documentos equivalentes? De acordo com o n.º 4 do artigo 36.º do Código do IVA, as faturas devem ser processados em duplicado, destinando-se o original ao cliente e a cópia ao arquivo do fornecedor. Contudo, quando as faturas forem utilizadas também como documento de transporte, terão que ser emitida em triplicado. Quanto aos restantes documentos de transporte (guias de remessa, notas de devolução, guias de transporte ou documentos equivalentes) devem os mesmos ser igualmente processados em triplicado, com uma ou mais séries, convenientemente referenciadas, de acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 5.º do Regime de Bens em Circulação.

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Os exemplares dos documentos de transporte são destinados (cfr. no n.º 5 do art.º 6.º do RBC): - O original, que acompanha os bens, ao destinatário ou adquirente dos mesmos; - O duplicado, que igualmente acompanha os bens, à inspeção tributária, sendo recolhido

nos atos de fiscalização durante a circulação dos bens pelas entidades referidas no artigo 13.º do mesmo Regime, e junto do destinatário pelos serviços da AT;

- O triplicado, ao remetente dos bens.

22 - Documento de transporte (processamento quando se utiliza um programa de faturação certificado) - artigo 5.º, n.º 1 Uma empresa que use, por obrigação ou opção, um programa informático de faturação certificado, está impedida de emitir documentos de transporte em papel, utilizando impressos numerados seguida e tipograficamente? A partir de 1 de janeiro de 2014, com a entrada em vigor da nova redação dada ao artigo 8.º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, pela Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro, onde agora se diz que «os sujeitos passivos referidos no artigo 2.º só podem emitir faturas ou documentos de transporte impressas em tipografias autorizadas em caso de inoperacionalidade do programa de faturação, devendo ser posteriormente recuperadas para o programa», ficou claro que os sujeitos passivos obrigados a utilizar programas de faturação certificados só podem emitir faturas ou documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas em caso de inoperacionalidade de programa de faturação, devendo estes ser posteriormente recuperados para o programa. Com esta alteração, os sujeitos passivos obrigados a possuir programas informáticos de faturação certificados têm de emitir igualmente documentos de transporte certificados, podendo, contudo, emiti-los diretamente no Portal das Finanças. Por tal motivo, deixa de ter aplicação a informação vinculativa da Administração Tributária, constante do processo n.º 3474, com despacho de 16/07/2013, do SDG do IVA, disponível no Portal das Finanças, por contrariar agora a nova redação dada a tal normativo pela Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro.

23 - Documentos de transporte (séries e numeração) - artigo 5.º, n.ºs 2 e 3 É possível emitir diferentes séries do documento de transporte? Sim, é possível emitir diferentes séries de documentos de transporte, desde que convenientemente referenciadas, efetuando-se a distinção através de prefixo ou sufixo na numeração do documento de transporte. (FAC n.º 5, disponível em e.fatura / documentos de transporte / circulação de bens / emissão) NOTA:

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A este respeito, os n.ºs 2 e 3 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, dizem-nos que os documentos de transporte podem ser processados, em triplicado, em uma ou mais séries, convenientemente referenciadas, com numeração progressiva, contínua e aposta no ato de emissão.

24 - Documentos de transporte (vias a utilizar para o seu processamento) - artigo 5.º, n.º 1 Quais as vias a utilizar para o processamento dos documentos de transporte? Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os documentos de transporte (faturas, guias de remessa, notas de devolução, guias de transporte ou documentos equivalentes) referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, devem ser emitidos por uma das seguintes vias: a) Por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a

integridade do seu conteúdo, de acordo com o disposto no Código do IVA; b) Através de programa (de computador) informático que tenha sido objeto de prévia

certificação pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012 de 24 de janeiro;

c) Através de software (programa de computador) produzido internamente pela empresa

ou empresa integrada no mesmo grupo económico, de cujos respetivos direitos de autor seja detentor;

d) Diretamente no Portal das Finanças; e) Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente.

25 - Documento de transporte global (documentos acessórios do documento de transporte global que tenham a forma de fatura) - artigo 5.º, n.º 5 Quando os documentos acessórios de transporte complementares do documento de transporte global tenham a forma de fatura, é também obrigatória a sua comunicação nos 5 dias úteis seguintes? É, mas nos casos em que essas faturas sejam emitidas por sistema certificado pela AT, nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, ou por software produzido pela empresa e de que seja titular dos direitos de autor, fica dispensada a obrigação de comunicação prevista no Regime dos Bens em Circulação, sem prejuízo da obrigação de comunicação dos elementos das faturas a que se refere o Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, ou seja até ao dia 25 do mês seguinte ao da sua emissão, em cumprimento do disposto no artigo 3.º de tal diploma. (cfr. FAQ n.º 26, disponíveis no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

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26 - Entidades não residentes, sem sede nem direção efetiva ou estabelecimento estável

em Portugal - artigo 5.º As entidades não residentes, sem sede nem direção efetiva ou estabelecimento estável em território nacional, são ou não obrigadas a comunicar à AT os elementos dos documentos de transporte que tenham de emitir? As entidades não residentes, sem sede nem direção efetiva ou estabelecimento estável em território nacional, são obrigadas a emitir o respetivo documento de transporte, mas não são obrigadas a comunicar à AT os elementos dos mesmos. (cfr. FAQ n.º 17, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

27 - Extração de areias para venda à construção civil (transferências das mesmas do local de extração para o estaleiro do sujeito passivo que tem programa de faturação certificado) - artigo 5.º, n.ºs 7 e 8 Certo sujeito passivo, que exerce a atividade de "extração de areias para mais tarde vender à construção civil", possui, por obrigação, um programa de faturação certificado, ao abrigo do qual emite faturas que funcionam como documento de transporte na altura da venda. Porém, quando transporta as areias dos vários terrenos onde são extraídas para o seu estaleiro com vista à sua seleção e tratamento antes da venda, que documento de transporte deve emitir dado que o sistema informático que possui está centrado no estaleiro para a venda? De acordo com o disposto no artigo 1.º do Regime dos bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, "todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma". E na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do mesmo diploma, são definidos «bens» como os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do IVA. Por outro lado, de acordo com a alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, consideram-se «bens em circulação» todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de simples transferência, efetuadas pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do IVA. Ou seja, nem todos os documentos de transporte têm que dar, necessariamente, origem a faturas. Assim, no caso em apreciação, o sujeito passivo terá que emitir documentos de transporte e comunicar os respetivos elementos, nos termos gerais do Regime dos Bens em Circulação, quando transfere areia do local de extração para o seu estaleiro.

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A única particularidade é que o remetente e o destinatário dos bens, a mencionar no documento de transporte é o mesmo, diferindo o «local de início de transporte ou de carga» do «local de destino ou descarga» Nestes casos, está previsto no artigo 8.º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, com a nova redação que lhe foi dada pela Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro, que se possam emitir faturas ou documentos de transporte (que no caso concreto pode ser uma guia de remessa ou uma guia de transporte) impressas em papel em tipografias autorizadas em caso de inoperacionalidade do programa de faturação, devendo ser posteriormente recuperadas para o programa. Os documentos assim emitidos devem ser integrados no programa imediatamente após a cessação da sua inoperacionalidade, utilizando uma numeração sequencial própria e uma série específica, anual ou plurianual, por tipo de documento". Assim, o sujeito passivo poderá emitir documentos de transporte em impressos de papel numerados em tipografias autorizadas, nas transferências da areia, do local de extração para o seu estaleiro, desde que os mesmos sejam integrados no programa imediatamente após chegada ao estaleiro. Como alternativa, o transportador pode solicitar, por telefone, ao estaleiro, que emita o documento de transporte através do programa de faturação, que comunique os respetivos elementos e que lhe dê conhecimento do código de identificação do documento, atribuído pela AT, nos termos do n.º 7 do artigo 5.º do Regime, com o qual poderá efetuar o transporte, dado o disposto no n.º 8 do mesmo artigo 5.º.

28 - Fatura (dispensa da obrigação de comunicação prévia dos seus elementos) - artigo 5.º, n.º 11 Certo sujeito passivo tem um volume de negócios superior a 100.000 euros, e emite as faturas através de programa de faturação certificado. Nestes casos, em que a fatura serve também de documento de transporte, é obrigatória a comunicação dos seus elementos antes ou depois do início do transporte? Se o documento de transporte que acompanha os bens for uma fatura e esta tenha sido emitida por sistema de emissão de faturas certificadas pela AT, nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23/6, ou por software produzido pela empresa, do qual seja titular dos direitos de autor, é dispensada da obrigação de comunicação prévia prevista no Regime dos Bens em Circulação, sem prejuízo da obrigação de comunicação dos elementos das faturas, até ao dia 25 do mês seguinte ao da emissão, a que se refere o Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto. (cfr. FAQ n.º 25, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação) NOTA: Segundo o disposto no n.º 11 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, "nos casos em que a fatura serve também de documento de transporte e seja emitida pelos sistemas informáticos previstos nas alíneas a) a d) do n.º 1, fica dispensada a

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comunicação prevista no n.º 6, devendo a circulação dos bens ser acompanhada da respetiva fatura emitida". Para que as faturas sirvam também de documento de transporte, terão que conter todos os elementos referidos no artigo 4.º do RBC.

29 - Faturas (emissão em triplicado quando servem também como documento de transporte) - artigo 5.º, n.º 2 Segundo o disposto no n.º 4 do artigo 36.º do Código do IVA, a emissão de faturas deve ser efetuada em duplicado destinando-se o original ao cliente e a cópia ao arquivo do fornecedor. Nos casos em que a fatura serve também como documento de transporte, mantém-se a obrigação de emissão em duplicado ou é necessário que seja em triplicado? Em conformidade com o disposto no n.º 2 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, quando a fatura serve também de documento de transporte, a mesma deve ser emitida em triplicado. Se a fatura foi emitida em duplicado, servirá apenas de fatura e não de documento de transporte.

30 - Faturas (não é possível atribuir código de identificação do documento caso as mesmas sejam impressas e numeradas em tipografias autorizadas) - artigo 5.º, n.º 7 Um sujeito passivo que utiliza, como documentos de transporte, faturas impressas e numeradas em tipografias autorizadas, pode solicitar à AT para lhe atribuir um código de identificação do documento antes do início do transporte? Esta pergunta advém do facto de no sitio da internet para inserção dos documentos de transporte previamente comunicados, não aparece a figura de fatura mas tão só a de guia. Como o sujeito passivo emite os seus documentos de transporte (no caso faturas) impressos numerados em tipografias autorizadas, nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, deve proceder à comunicação dos respetivos elementos através de serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com indicação dos elementos essenciais do documento emitido, com inserção no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte, de acordo com a alínea b) do n.º 6 do mesmo artigo. Sendo a comunicação feita desta forma (como deverá ser), a AT não atribuirá qualquer código, já que, de acordo com o n.º 7 do mesmo artigo 5.º, o mesmo apenas é atribuído nas situações previstas na alínea a) do n.º 6, ou seja, quando os documentos de transporte não são emitidos em impressos numerados em tipografias.

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A propósito lembramos que o n.º 5 do artigo 5.º do RBC diz que «os sujeitos passivos são obrigados a comunicar à AT os elementos dos documentos processados nos termos referidos no n.º 1, antes do início do transporte». E o n.º 6 do mesmo artigo diz que «a comunicação prevista no número anterior é efetuada da seguinte forma: a) Por transmissão eletrónica de dados para a AT, nos casos previstos nas alíneas a) a d)

do n.º 1; b) Através de serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com indicação dos

elementos essenciais do documento emitido, com inserção no Portal das Finanças até ao 5.º dia útil seguinte, nos casos da alínea e) do n.º 1 ou, nos casos de inoperacionalidade do sistema informático da comunicação, desde que devidamente comprovado pelo respetivo operador.»

31 - Faturas (utilização de programas de faturação certificados pela AT) - artigo 5.º Com a entrada em vigor, em 01/01/2014, da Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro, que alterou a Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, apenas ficaram dispensados de utilizar programas informáticos de faturação certificados os sujeitos passivos que tenham tido, no período de tributação anterior, um volume de negócios inferior ou igual a € 100.000,00. Assim, os sujeitos passivos que tenham emitido, no período anterior, um número de faturas inferior a 1000 unidades passaram a estar obrigados a ter programa de faturação certificado a partir de 1 de janeiro de 2014, desde que registem um volume de negócios superior a € 100 000,00, no período anterior. Consequentemente, o número de documentos emitido deixou de ser relevante face à revogação, pela Portaria 340/2013, de 22 de novembro, da alínea c) do n.º 2 do artigo 2.º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho. Lembramos que, aquela alínea c), agora revogada, dizia que os sujeitos passivos de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), ou de imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC), estavam excluídos de emitir faturas, nos termos dos artigos 36.º e 40.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), através de programas informáticos de faturação que tivessem sido objeto de prévia certificação pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), desde que tivessem emitido, no período de tributação anterior, um número de faturas inferior a 1000 unidades.

32 - Faturas emitidas através de sistema eletrónico de faturação (dispensa de comunicação do documento acessório emitido para o retorno dos bens, no caso de não aceitação dos mesmos, alteração ao local de destino ou alteração da data e hora) - artigo 5.º, n.º 11 Quando o documento de transporte inicial é uma fatura emitida através de sistema eletrónico de faturação, por sistema certificado pela AT nos termos da Portaria n.º

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363/2010, de 23/6, ou por software produzido pela empresa de cujos direitos de autor seja titular, e, como tal, dispensada de comunicação nos termos do disposto no n.º 11 do artigo 5. do RBC, os documentos acessórios emitidos referente a este inicial, também estão dispensados de comunicação? Sim, neste caso os documentos acessórios estão dispensados de comunicação. O documento de transporte acessório emitido para o retorno dos bens, no caso de não aceitação total e imediata, para alteração ao local de destino ou para a alteração da data e hora, está dispensado de comunicação em virtude do documento inicial (fatura) também não ter sido comunicado. (cfr. FAQ n.º 28, disponível através do Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de Transporte / Circulação de bens / Comunicação)

33 - Guias de transporte (obrigação das mesmas serem emitidas através de programa certificado, caso a empresa utilize, por obrigação ou opção, programa de faturação certificado) - artigo 5.º A partir de 1 de janeiro de 2014, com a entrada em vigor da nova redação dada ao artigo 8.º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, pela Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro, onde agora se diz que «os sujeitos passivos referidos no artigo 2.º só podem emitir faturas ou documentos de transporte impressas em tipografias autorizadas em caso de inoperacionalidade do programa de faturação, devendo ser posteriormente recuperadas para o programa», ficou claro que os sujeitos passivos obrigados a utilizar programas de faturação certificados só podem emitir faturas ou documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas em caso de inoperacionalidade de programa de faturação, devendo estes ser posteriormente recuperados para o programa. Com esta alteração, os sujeitos passivos obrigados a possuir programas informáticos de faturação certificados têm de emitir igualmente os documentos de transporte certificados (no caso concreto, as guias de transporte). Por tal motivo, deixa de ter aplicação a informação vinculativa da Administração Tributária, constante do processo n.º 3474, com despacho de 16/07/2013, do SDG do IVA, por contrariar agora a nova redação dada a tal normativo pela Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro. Por sua vez, a alínea a) do n.º 3 do artigo 2.º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, com a nova redação dada pela Portaria n.º 340/2013, de 22 de novembro, diz agora que são ainda obrigados a utilizar programa certificado os sujeitos passivos referidos no n.º 1, ainda que abrangidos por qualquer das exclusões constantes do número anterior, quando optem, a partir da entrada em vigor da presente portaria, pela utilização de programa informático de faturação.

34 - Inoperacionalidade dos sistemas - artigo 5.º A comunicação através de serviço telefónico é aplicável apenas aos documentos emitidos em papel e também nos casos de inoperacionalidade do sistema informático.

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Dos vários tipos de inoperacionalidade que podem surgir destacamos: - a inoperacionalidade do Portal das Finanças; - a inoperacionalidade do operador de telecomunicações; - a inoperacionalidade do programa do sujeito passivo; - a inoperacionalidade de proceder à emissão do documento através de via eletrónica.

35 - Inoperacionalidade dos sistemas da AT (comunicação dos elementos dos documentos de transporte) - artigo 5.º, n.º 6, alínea b) Como proceder, quanto à comunicação dos documentos de transporte, nos casos de inoperacionalidade dos sistemas da AT? 1 - Em caso de inoperacionalidade dos sistemas da AT que suportam a gestão da comunicação dos elementos dos documentos de transporte, as entidades referidas no n.º 1 do artigo 2.º ficam dispensadas da comunicação prévia prevista no n.º 5 do artigo 5.º do regime de bens em circulação, sendo obrigadas a comunicar os elementos dos documentos de transporte, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte. 2 - No caso previsto no número anterior, o transportador deve fazer-se acompanhar dos documentos de transporte em suporte de papel. (artigo 5.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4) NOTA: Também através da FAQ n.º 5, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de Transporte / Questões tecnológicas / Acesso telefónico, foi esclarecido que «Em casos de inoperacionalidade do sistema da AT, fica dispensada a comunicação prévia ao início do transporte. Porém, o documento de transporte deve ser impresso em suporte de papel e acompanhar os bens em circulação, uma vez que não foi possível a obtenção do código de identificação do documento. A sua comunicação à AT deve ser efetuada posteriormente, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte».

36 - Inoperacionalidade do sistema da AT (conservação, por parte da AT, do registo histórico da ocorrência) - artigo 5.º Nos casos em que ocorra indisponibilidade dos sistemas da AT que suportam a gestão da comunicação dos elementos dos documentos de transporte, a AT deverá conservar, por um período de 60 dias, o registo histórico das ocorrências e a sua delimitação temporal, para efeitos da verificação da prática de infrações e levantamento do auto de notícia, quando a ele haja lugar. (artigo 6.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4)

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37 - Inoperacionalidade do sistema dos sujeitos passivos (comunicação dos elementos dos documentos de transporte) - artigo 5.º A comunicação dos elementos dos documentos de transporte é realizada através de serviço telefónico automático, durante o período de inoperacionalidade do sistema de comunicação utilizado pelas entidades referidas no n.º 3 do artigo anterior, desde que devidamente comprovada pelo respetivo operador. Para efeitos do disposto no número anterior, a AT disponibiliza no Portal das Finanças, mediante autenticação das entidades que a solicitem, uma senha individual de acesso ao serviço telefónico automático. [cfr. alínea b) do n.º 1 e n.º 2 do artigo 4.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4]

38 - Numeração dos documentos de transporte (deixou de ter a limitação de 11 dígitos) - artigo 5.º, n.º 3 Segundo o n.º 3 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a numeração dos documentos de transporte (faturas, guias de remessa, notas de devolução, guias de transporte ou documentos equivalentes) deve ser progressiva, contínua e aposta no ato de emissão. Com a atual redação, dada àquele normativo pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12, deixou de existir a proibição dos documentos de transporte terem mais de 11 dígitos, quer sejam imprimidos tipograficamente quer sejam emitidas por qualquer das restantes vias previstas.

39 - Procedimento para verificar se o remetente excedeu ou não os € 100.000 de volume de negócios - artigo 5.º, n.º 10 Segundo o disposto no n.º 10 do artigo 5.º do RBC, a comunicação prevista nos n.ºs 5 e 6 não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000. Qual o procedimento para as entidades fiscalizadoras verificarem se o remetente excedeu ou não tal montante? Não existe qualquer procedimento específico previsto para isso. No entanto, os agentes a quem está incumbida a respetiva fiscalização [funcionários da Administração Tributária e Aduaneira (AT) e da unidade com as atribuições tributárias, fiscais e aduaneiras da Guarda Nacional Republicada (GNR)] dispõem de um acesso próprio no Portal E-Fatura. Também o n.º 4 do artigo 13.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, permite que os funcionários a quem incumbe a fiscalização prevista no n.º 1 consultem os elementos constantes da base de dados dos

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bens em circulação disponibilizada pela AT, mediante acesso individual e certificado, e sempre que se verifiquem quaisquer infrações às normas do diploma em causa.

40 - Restauração (comunicação do transporte de matérias-primas e refeições entre os diversos refeitórios) - artigo 5.º Na restauração coletiva são transportadas matérias-primas e refeições entre os diversos refeitórios onde a empresa presta serviços. É obrigatória a emissão e comunicação de documento de transporte? É sempre obrigatório a emissão e comunicação de bens transportados entre os diversos refeitórios. (cfr. FAQ n.º 23, disponível no Portal da Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

41 - Senha individual de acesso ao serviço telefónico automático - artigo 5.º 1 - A comunicação dos elementos dos documentos de transporte é realizada através de serviço telefónico automático, nos seguintes casos: a) Quando os documentos de transporte sejam emitidos nos termos da alínea e) do n.º 1

do artigo 5.º (documentos emitidos em papel numerados seguida e tipograficamente) do regime de bens em circulação, pelas entidades não abrangidas pelo disposto no artigo anterior;

b) Durante o período de inoperacionalidade do sistema de comunicação utilizado pelas

entidades referidas no n.º 3 do artigo anterior, desde que devidamente comprovada pelo respetivo operador.

2 - Para efeitos do disposto no número anterior, a AT disponibiliza no Portal das Finanças, mediante autenticação das entidades que a solicitem, uma senha individual de acesso ao serviço telefónico automático. (n.ºs 1 e 2 do artigo 4.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4)

42 - Séries e numeração dos documentos de transporte - artigo 5.º, n.ºs 2 e 3 Posso emitir mais que uma série dos documentos de transporte? Tal como consta dos n.ºs 2 e 3 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os documentos de transporte podem ser processados em uma ou mais séries, desde que estas sejam convenientemente referenciadas. A numeração dos documentos deve ser progressiva, contínua e aposta no ato de emissão.

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43 - Sujeitos passivos com faturação anual igual ou inferior a € 100 000 (o valor da venda

de tabaco também conta para efeitos do limite) - artigo 5.º, n.º 10 Os sujeitos passivos com um volume de faturação igual ou inferior a 100.000 euros, não são obrigados a comunicar os elementos dos documentos de transporte. O valor da venda de tabaco também conta para efeitos do limite dos 100.000 Euros? De acordo com o disposto no n.º 10 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a comunicação dos elementos dos documentos de transporte não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios igual ou inferior a € 100.000,00. Em nossa opinião, o valor da venda de tabaco também é de ter em conta para efeitos de tal limite.

44 - Telefone (casos em que os elementos do documentos de transporte são comunicados através desta via) - artigo 5.º Quais os casos em que os elementos do documentos de transporte são comunicados através de serviço telefónico? A comunicação, antes do início do transporte, por serviço telefónico, pode ser efetuada em duas circunstâncias: - nos casos de emissão manual, em papel impresso em tipografias autorizadas, dos

documentos de transporte; ou - nos casos de inoperacionalidade do sistema de comunicação do agente económico,

desde que devidamente comprovada pelo respetivo operador de telecomunicações. Em qualquer dos casos em que esteja consentida a comunicação prévia por serviço telefónico, o agente económico tem a obrigação de, no Portal das Finanças e até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, completar a informação sobre o documento de transporte. (cfr. FAQ n.º 1, disponível no Portal das Finanças, em e.fatura / Documentos de transporte / Questões técnicas / Acesso telefónico)

45 - Telefone (elementos do documento de transporte que devem ser fornecidos quando da comunicação telefónica) - artigo 5.º Na comunicação telefónica indicam-se os seguintes elementos do documento de transporte: a) Os quatro últimos dígitos do número do documento de transporte, devendo, se

inferior ao milhar, ser precedido de "zeros" até completar os quatro dígitos;

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b) A data de início do transporte (dia e mês, por esta ordem, com a inserção de quatro

dígitos); c) A hora do início do transporte (hora e minuto, por esta ordem, com a inserção de

quatro dígitos); d) O número de identificação fiscal do adquirente, quando aplicável. (n.º 4 do artigo 4.º da Portaria n.º161/2013, de 23/4)

46 - Telefone (número a utilizar para a comunicar os elementos essenciais do documentos de transportes à AT) - artigo 5.º, n.º 6, alínea b) Qual o número de telefone disponibilizado para comunicar os documentos de transporte à Administração Tributária? O número de telefone para efetuar a comunicação nos termos da alínea b) do n.º 6 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/200, de 11 de julho, é o 210 49 39 50.

47 - Utilização de programas informático de faturação certificados - artigo 5.º 1 - Os sujeitos passivos de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), ou de imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC), para emissão de faturas, nos termos dos artigos 36.º e 40.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), estão obrigados a utilizar, exclusivamente, programas informáticos de faturação que tenham sido objeto de prévia certificação pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). (redação dada pela Portaria n.º 160/2013, de 23/4) 2 - Excluem-se do disposto no número anterior os sujeitos passivos que reúnam algum dos seguintes requisitos:

a) Utilizem software produzido internamente ou por empresa integrada no mesmo

grupo económico, do qual sejam detentores dos respetivos direitos de autor (revogada pela Portaria n.º 340/2013, de 22/11);

b) Tenham tido, no período de tributação anterior, um volume de negócios inferior

ou igual a € 100 000; c) Tenham emitido, no período de tributação anterior, um número de faturas inferior

a 1000 unidades. (revogada pela Portaria n.º 340/2013, de 22/11) d) Os documentos emitidos através de aparelhos de distribuição automática ou

prestações de serviços em que seja habitual a emissão de talão, bilhete de ingresso ou de transporte, senha ou outro documento pré-impresso e ao portador comprovativo do pagamento. (redação dada pela Portaria n.º 340/2013, de 22/11)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 5.º

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3 - São ainda obrigados a utilizar programa certificado: a) Os sujeitos passivos referidos no n.º 1, ainda que abrangidos por qualquer das

exclusões constantes do número anterior, quando optem, a partir da entrada em vigor da presente portaria, pela utilização de programa informático de faturação; (redação dada pela Portaria n.º 340/2013, de 22/11)

b) Os sujeitos passivos que utilizem programa de faturação multiempresa.

4 - Para efeitos do disposto no n.º 1, consideram-se também programas de faturação os programas que emitam apenas guias de transporte ou de remessa, que sirvam de documento de transporte, de acordo com o disposto no regime de bens em circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. (aditado pela Portaria n.º 160/2013, de 23/4) (artigo 2.º da Portaria n.º 363/2010, de 23/6)

48 - Validação pela AT dos elementos dos documentos de transporte comunicados através de serviço telefónico - artigo 5.º 1 - A comunicação dos elementos dos documentos de transporte é realizada através de serviço telefónico automático, nos seguintes casos:

a) Quando os documentos de transporte sejam emitidos nos termos da alínea e) do

n.º 1 do artigo 5.º do regime de bens em circulação, pelas entidades não abrangidas pelo disposto no artigo anterior;

b) Durante o período de inoperacionalidade do sistema de comunicação utilizado

pelas entidades referidas no n.º 3 do artigo anterior, desde que devidamente comprovada pelo respetivo operador.

5 - AT valida a comunicação efetuada nos termos dos números anteriores com a atribuição de um código de comunicação telefónica, através de mensagem de voz e escrita, que atesta que a comunicação daqueles elementos foi efetuada com sucesso. (n.ºs 1 e 5 do artigo 4.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4)

49 - Vias de emissão dos documentos de transporte - artigo 5.º, n.º 1 Quais as vias de emissão dos documentos de transporte? Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, os documentos de transporte, referidos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º, devem ser emitidos por uma das seguintes vias: a) Por via eletrónica, devendo estar garantida a autenticidade da sua origem e a

integridade do seu conteúdo, de acordo com o disposto no Código do IVA;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 5.º

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b) Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certificação pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), nos termos da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012 de 24 de janeiro;

c) Através de software produzido internamente pela empresa ou empresa integrada no

mesmo grupo económico, que seja detentora dos respetivos direitos de autor; d) Diretamente no Portal das Finanças; e) Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente.

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Artigo 6.º

Circuito e validade dos documentos de transporte

1 - Os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

2 - Ainda que processados nos termos do número anterior, para efeitos do presente diploma

consideram-se não exibidos os documentos de transporte emitidos por sujeito passivo que se encontre em qualquer das seguintes situações:

a) Que não esteja registado; b) Que tenha cessado atividade nos termos dos artigos 33.º ou 34.º do Código do IVA;

(redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) c) Que esteja em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do artigo

41.º do Código do IVA, durante três períodos consecutivos. 3 - O disposto no número anterior aplica-se apenas aos casos em que simultaneamente se

verifiquem a qualidade de remetente e transportador. 4 - Consideram-se ainda não exigidos os documentos de transporte na pose de um sujeito

passivo que, sendo simultaneamente transportador e destinatário, se encontre em qualquer das situações referidas no n.º 2 do presente artigo.

5 - Os exemplares dos documentos de transporte referidos no n.º 2 do artigo anterior são

destinados: (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8) a) Um, que acompanha os bens, ao destinatário ou adquirente dos mesmos; b) Outro, que igualmente acompanha os bens, à inspeção tributária, sendo recolhido nos

atos de fiscalização durante a circulação dos bens pelas entidades referidas no artigo 13.º, e junto do destinatário pelos serviços da AT; (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

c) O terceiro, ao remetente dos bens.

6 - Sem prejuízo do disposto no artigo 52.º do Código do IVA, devem ser mantidos em

arquivo, até ao final do 2.º ano seguinte ao da emissão, os exemplares dos documentos de transporte destinados ao remetente e ao destinatário, bem como os destinados à inspeção tributária que não tenham sido recolhidos pelos serviços competentes.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 6.º

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7 - Nos casos referidos nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo anterior, consideram-se exibidos

os documentos comunicados à AT desde que apresentado o código atribuído de acordo com o n.º 7 do mesmo artigo. (redação dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12)

8 - Sempre que exigidos os documentos de transporte ou de aquisição relativos aos bens

encontrados nos locais referidos na alínea a) do n.º 2 do artigo 2.º, cujo transporte ou circulação tenha estado sujeita à disciplina do presente diploma, e o sujeito passivo ou detentor dos bens alegue que o documento exigido não está disponível no local, por este ser diferente da sua sede ou domicílio fiscal ou do local de centralização da escrita, notificar-se-á aquele para no prazo de cinco dias úteis proceder à sua apresentação, sob pena da aplicação da respetiva penalidade.

9 - Relativamente aos bens sujeitos a fácil deterioração, o documento exigido no número

anterior deve ser exibido de imediato. 10 - Se ultrapassado o prazo estabelecido na parte final do n.º 6 do presente artigo,

considera-se exibido o documento exigido nos termos do n.º 8 se os bens em causa se encontrarem devidamente registados no inventário final referente ao último exercício económico.

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Coima a aplicar quando se verifique a falta de arquivo dos documentos de transporte

até ao final do 2.º ano seguinte ao da sua emissão, por parte do remetente e do destinatário ou adquirente dos bens - artigo 6.º, n.º 6

Segundo o disposto no n.º 6 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, sem prejuízo do disposto no artigo 52.º do Código do IVA, os exemplares dos documentos de transporte destinados ao remetente e ao destinatário, bem como os destinados à inspeção tributária que não tenham sido recolhidos pelos serviços competentes, devem ser mantidos em arquivo até ao final do 2.º ano seguinte ao da emissão. Os sujeitos passivos que não respeitem esta norma incorrem na penalidade prevista e punível pelo n.º 2 do artigo 122.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), ou seja, em coima que vai de € 75 a € 750 quando se trate de pessoas singulares, e € 150 a € 1500 quando se trate de pessoa coletiva.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração

Moldura penal aplicável desde 01/01/2012 (Mínimo e máximo)

1 – A falta de apresentação, no prazo legal e antes da respetiva utilização, de livros, registos ou outros documentos relacionados com a contabilidade ou

Pes. Sing.

Dolo

€ 75 a 750

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 6.º

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Neg.

€ 75 a 375 (a)

Dolo

€ 150 a 1500 (b)

exigidos na lei é punível com coima de € 75 a € 750. 2 – A mesma sanção é aplicável à não conservação pelo prazo estabelecido na lei fiscal, dos documentos mencionados no número anterior.

Pes. Col.

Neg.

€ 150 a 750 (b)

(a) n.º 2 do artigo 24.º do RGIT (b) n.º 4 do artigo 26.º do RGIT

NOTA: O artigo 52.º do Código do IVA tem a seguinte redação: 1 - Os sujeitos passivos são obrigados a arquivar e conservar em boa ordem durante os 10 anos civis subsequentes todos os livros, registos e respetivos documentos de suporte, incluindo, quando a contabilidade é estabelecida por meios informáticos, os relativos à análise, programação e execução dos tratamentos. 2 - Para os registos previstos na alínea d) do n.º 1 do artigo 50.º e no artigo 51.º e documentos anexos, o prazo de 10 anos referido no número anterior deve ser contado a partir da data em que for efetuada a última das regularizações previstas nos artigos 24.º e 25.º. 3 - Os sujeitos passivos com sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional são obrigados a manter os livros, registos e demais documentos referidos no n.º 1 em estabelecimento ou instalação situado em território nacional, salvo se o arquivamento for efetuado por meios eletrónicos. 4 - É permitido o arquivamento em suporte eletrónico das faturas emitidas por via eletrónica desde que se encontre garantido o acesso completo e em linha aos dados e assegurada a integridade da origem e do conteúdo e a sua legibilidade. 5 - Os sujeitos passivos com sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional que pretendam proceder ao arquivamento em suporte eletrónico dos documentos referidos no número anterior fora do território da Comunidade devem solicitar autorização prévia à Autoridade Tributária e Aduaneira, a qual pode fixar condições específicas para a sua efetivação. 6 - Os sujeitos passivos que não disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional que pretendam manter o arquivo dos livros, registos e demais documentos, incluindo os referidos no n.º 4, fora do território da Comunidade, devem solicitar autorização prévia à Autoridade Tributária e Aduaneira, a qual pode fixar condições específicas para a sua efetivação. 7 - É ainda permitido o arquivamento em suporte eletrónico das faturas ou de quaisquer outros documentos com relevância fiscal desde que processados por computador, nos termos definidos por portaria do Ministro das Finanças (ver Portaria n.º 1370/2007, de 19/10).

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2 - Decorador de interiores (bens que se encontram nas suas instalações, mas não lhe pertencem, que vai transportar para proceder à sua instalação ou montagem) - artigo 6.º, n.º 1 Tendo por referência o pedido de informação vinculativa ao abrigo do artigo 68.° da Lei Geral Tributária (LGT), respeitante ao sujeito passivo A, cumpre prestar a seguinte INFORMAÇÃO 1. O sujeito passivo acima referido, encontrando-se enquadrado em IVA no regime normal mensal, vem expor e solicitar o seguinte: 1.1 Exerce a atividade de decoração de interiores, comércio de equipamentos para sala de banho e ainda a prestação de serviços técnicos, ou seja, montagem e assistência técnica dos produtos por ele comercializados. 1.2 É representante em Portugal de determinada marca, que comercializa divisórias de banheira e duche, efetuando, simultaneamente, a venda e montagem de tais produtos. 1.3 A J, sujeito passivo espanhol, celebrou um acordo com o sujeito passivo português B, onde foi acordado que lhe faturava diretamente bens, mas que os mesmos seguiam para o armazém do sujeito passivo exponente A, acompanhados dos respetivos documentos de transporte, sendo os custos devidos pelo sujeito passivo B. 1.4 O exponente ficou responsável pelo transporte e respetiva montagem dos bens vendidos pelo sujeito passivo B, nos locais e dias por ele definidos, debitando-lhe, apenas, a montagem dos referidos bens. 1.5 Para isso, o exponente efetua o transporte daqueles bens desde o seu armazém até aos locais dos clientes do sujeito passivo B. 1.6 Tendo em atenção que os bens não são vendidos nem faturados pelo exponente, mas que são transportados desde o seu armazém até aos locais onde vai proceder à sua montagem ou instalação, vem solicitar uma informação vinculativa relativamente ao tipo de documentos que deve acompanhar aquele transporte de bens. 1.7 Questiona, igualmente, acerca dos procedimentos a observar com referência ao armazenamento de mercadorias que não lhe pertencem. 2. O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei 147/2003, de 11/7, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 3. Nos termos do artigo 1.° daquele normativo legal: "Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma". 4. Consideram-se documentos de transporte a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes [alínea b) n.° 1, do artigo 2.°].

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5. As guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter, pelo menos, os seguintes elementos (n.° 2 do artigo 4.°): a) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede e número de identificação

fiscal do remetente; b) Nome, firma ou denominação social, domicílio ou sede do destinatário ou adquirente; c) Número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente, quando este seja sujeito

passivo, nos termos do artigo 2.° do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado; d) Designação comercial dos bens, com indicação das quantidades. 6. As guias de remessa ou documentos equivalentes devem ainda indicar os locais de carga e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se inicia o transporte (n.° 4 do artigo 4.°). 7. A obrigatoriedade do processamento do documento de transporte não está condicionada à transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, etc., por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência [alínea a) do n.° 2 do art.º 2.°]. 8. Por sua vez, determina o n.° 1 do artigo 6.° do citado Regime que os documentos de transporte devem ser processados pelos sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.° 1 do artigo 2.° do Código do IVA e pelos detentores dos bens, antes do início da sua circulação, ou seja, dependendo do tipo de documento de transporte utilizado, tanto o remetente dos bens como o transportador dos mesmos podem emitir o documento de transporte, desde que o façam antes do início da circulação dos bens. (ver NOTA) 9. Refira-se ainda que, no âmbito do referido Regime é irrelevante quem é o titular do veículo para efetuar o transporte das mercadorias, desde que as mesmas sejam acompanhadas com os respetivos documentos de transporte. 10. Deste modo, o sujeito passivo exponente A quando transporta os bens, desde o seu armazém até ao local onde os vai instalar, deve processar os documentos de transporte com os elementos já referidos anteriormente, independentemente de emitir as respetivas faturas de instalação ou montagem ao seu cliente B. Efetivamente, apesar da sua prestação de serviços se resumir à montagem ou instalação dos bens, e não à sua venda, que é faturada pelo sujeito passivo B, uma vez que efetua o transporte desses bens, deve processar os respetivos documentos de transporte com os elementos descritos anteriormente, tendo como local de carga o seu armazém, e descarga o local onde vai instalar os bens que, como já foi referido, não estão condicionados à sua transmissão, mas sim ao seu efetivo transporte. 11. Quanto ao facto do sujeito passivo A ter no seu armazém bens que não lhe pertencem, mas que vai proceder à sua instalação ou montagem, por conta do sujeito

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passivo vendedor (B), toma-se necessário dar cumprimento ao estipulado no artigo 86.° do CIVA (anterior artigo 80.° antes da renumeração efetuada pelo D.L. 102/2008, de 20 de junho). Quer isto dizer que, em princípio, poder-se-ia afirmar que aqueles bens pertenciam ao sujeito passivo A, em virtude de se presumirem adquiridos por se encontrarem no armazém do exponente. No entanto, o referido artigo permite que seja afastada aquela presunção quando exista prova em contrário. Ou seja, o sujeito passivo A deve ter na sua posse os documentos de transporte processados pelo sujeito passivo espanhol J, onde figura o adquirente sujeito passivo B, mas tendo como local de descarga o armazém do exponente. Adicionalmente o exponente deverá ter um registo próprio detalhado com as entradas e saídas desses bens, para complementar os documentos de transporte referidos. (Informação vinculativa, Proc. F254 2008079, com despacho de 07-11-2008 do SDG dos Impostos, substituto legal do Director-Geral) NOTA: Atualmente, com a redação dada pela Lei do OE para 2014, o n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, tem a seguinte redação «os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada».

3 - Devolução de bens (processamento do documento de transporte) - artigo 6.º No caso de devolução de bens, quem deve processar o documento de transporte? Quando exista a devolução de bens por parte do adquirente inicial que na altura os aceitou e recebeu, e posteriormente, por qualquer razão os devolve ao fornecedor, se aquele (adquirente) for um sujeito passivo de IVA, é ele que tem a obrigação de processar o documento de transporte (nota de devolução, guias de remessa, guia de transporte ou documento equivalente), bem como de comunicar à AT os elementos do mesmo. A devolução de bens não deve ser confundida com a não aceitação dos bens pelo adquirente ou destinatário prevista no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Neste caso (não aceitação dos bens), a emissão do documento de transporte adicional é efetuada pelo remetente (dono e fornecedor dos bens), ou eventualmente o transportador, mas nesse caso em nome e por conta do remetente. A comunicação dos elementos à AT não é obrigatória para os sujeitos passivos que, no período de tributação anterior, para efeitos dos impostos sobre o rendimento, tenham um volume de negócios inferior ou igual a € 100 000 (cfr. n.º 10 do art.º 5.º do RBC).

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4 - Documento de transporte (número de exemplares que deve acompanhar os bens) - artigo

6.º, n.º 5 Em princípio, todos os bens em circulação, seja qual for a sua natureza ou espécie, deverão ser acompanhados por dois exemplares do documento de transporte, ou seja, pelo original, que se destina ao adquirente ou destinatário dos bens, e pelo duplicado, que se destina à inspeção tributária (cfr. n.º 5 do art.º 6.ºdo RBC), Note-se que nas alíneas a) e b) do n.º 5 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, não se diz agora, claramente, como o faziam as alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 45/89, que os documentos que acompanham os bens em circulação terão que ser o original e o duplicado, mas sim que os documentos de transporte se destinam «um» ao destinatário ou adquirente dos bens e o «outro» à inspeção tributária. No entanto o n.º 1 do artigo 7.º do mesmo regime diz-nos que o transportador dos bens deve exigir sempre aos remetente dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º, e não pode ter outro sentido que não seja o original destinar-se ao destinatário ou adquirente e o duplicado à inspeção tributária, até porque, se for a fatura que seja utilizada como documento de transporte, o original desta destina-se ao cliente (cfr. n.º 4 do art.º 36.º do CIVA).

5 - Documentos de transporte (por quem devem ser processados quando os bens são remetidos para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira) - artigo 6.º, n.º 1 Nas vendas de material informático efetuadas para clientes das ilhas dos Açores e da Madeira, existe um ponto intermédio (transitário ou despachante) onde a mercadoria é colocada antes do envio para o local de descarga final (Ilhas). Sendo a mercadoria da nossa responsabilidade apenas até ao transitário/despachante, quem tem a obrigação de emitir o documento de transporte do transitário/despachante até ao local de descarga final? De salientar ainda que a responsabilidade da mercadoria é estabelecida por mútuo acordo entre a nossa empresa e o destinatário dos bens. De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com a nova redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12, "os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por ele efetuada". Por outro lado, dispõe o n.º 1 do artigo 7.º do mesmo diploma que os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem

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exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º ou, sendo caso disso, o código referido no n.º 7 do artigo 5.º.

6 - Documentos de transporte (por quem devem ser processados quando se trate de contentores colocados em tipografias para recolha de desperdícios de papel para reciclagem) - artigo 6.º, n.º 1 Certo sujeito passivo tem como atividade o "comercio de papel velho", e tem vários contentores em algumas tipografias para recolha de desperdícios de papel para reciclagem. Quando os contentores estão cheios, a tipografia telefona e o sujeito passivo em causa vai buscar o referido papel. Quem tem obrigação de emite o documento de transporte, as tipografias ou o sujeito passivo em causa? Para efeitos do Regime dos Bens em Circulação, e segundo o disposto na alínea a) do n.º 1 do seu artigo 2.º, considera-se «bens» os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. Assim, os desperdícios em causa têm que ser acompanhados de documento de transporte, que deve ser emitido pelas tipografias, que são as suas proprietárias, antes do início da circulação, dado o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime citado, tipografias essas que também devem proceder à comunicação dos respetivos elementos, nos termos dos n.ºs 5 e seguintes do artigo 5.º do mesmo diploma.

7 - Documentos de transporte (prazo durante o qual devem ser mantidos em arquivo os exemplares destinados ao remetente, destinatário e à inspeção tributária) - artigo 6.º, n.º 6 Qual o prazo pelo qual se devem manter em arquivo os documentos de transporte, sabendo-se que o n.º 6 do artigo 6.º do RBC diz "até ao final do 2.º ano seguinte ao da emissão mas sem prejuízo do artigo 52.º do Código do IVA", que nos remete para 10 anos? De acordo com o disposto no n.º 6 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «sem prejuízo do disposto no artigo 52.º do Código do IVA, devem ser mantidos em arquivo, até ao final do 2.º ano seguinte ao da emissão, os exemplares dos documentos de transporte destinados ao remetente e ao destinatário, bem como os destinados à inspeção tributária que não tenham sido recolhidos pelos serviços competentes». Por sua vez, o n.º 1 do artigo 52.º do Código do IVA diz que «os sujeitos passivos são obrigados a arquivar e conservar em boa ordem durante os 10 anos civis subsequentes todos os livros, registos e respetivos documentos de suporte, incluindo, quando a contabilidade é estabelecida por meios informáticos, os relativos à análise, programação e execução dos tratamentos».

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Daqui resulta que os exemplares dos documentos de transporte que não sirvam de documento de suporte a registos contabilísticos, apenas terão que ser mantidos em arquivo, até ao final do 2.º ano seguinte ao da sua emissão. Quando os mesmos servirem de documento de suporte a registos contabilísticos, os seus exemplares terão que ser mantidos em arquivo durante os 10 anos civis subsequentes à sua emissão.

8 - Empresa estrangeira, sem estabelecimento em Portugal, mas com mercadorias para venda no estabelecimento de um seu cliente em Portugal (processamento do documentos de transporte) - artigo 6.º, n.º 1 A empresa estrangeira "A", não tendo armazém em Portugal, acordou com um dos seus clientes - empresa "B" - ter alguma mercadoria no armazém desse cliente e, sempre que concretiza uma venda no mercado nacional, o cliente, no âmbito do acordo que têm, providencia o transporte da mercadoria para o seu destino. A propriedade da mercadoria é da empresa "A". Neste caso, de quem é a obrigação de comunicação do documento de transporte, da empresa "A" ou da empresa "B"? De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, com a nova redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12, os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada. Daí que, no caso em apreciação, o documento de transporte deva ser emitido pelo proprietário dos bens (empresa "A"), ou, mediante acordo prévio, pela empresa "B" em nome do proprietário dos bens e por sua conta. Deve ser tido em conta que, nos termos do n.º 1 do artigo 7.º do mesmo diploma, os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º ou, sendo caso disso, o código referido no n.º 7 do artigo 5.º.

9 - Empresas que prestam serviços de peritagens para seguradoras (processamento do documento de transporte) - artigo 6.º, n.º 1 Uma empresa de peritagens para seguradoras, por vezes, tem que recolher os bens sinistrados dos segurados (particulares ou empresas) e transportá-los para o armazém de salvados ou para uma empresa que irá proceder à análise técnica desse equipamento.

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Tendo em conta que esse bem não é propriedade da empresa de peritagens, é correta a emissão de guia de transporte em que o remetente e destinatário é a empresa de peritagens? Nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os documentos de transporte podem ser processados pelos prestadores de serviços, apesar de os bens não serem sua propriedade, quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada. Tal normativo, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, diz, textualmente, o seguinte: «Os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada». O remetente e destinatário a mencionar no documento de transporte será a própria empresa de peritagens.

10 - Leite recolhido junto dos diversos produtores por uma empresa de laticínios (documento de transporte) - artigo 6.º, n.º 1 Uma empresa cuja atividade consiste na indústria de laticínios procede à recolha, com os seus veículos e à sua inteira responsabilidade, do leite junto dos diversos produtores, os quais somente emitem as respetivas faturas no final de cada mês. Considerando as novas regras previstas no Regime dos Bens em Circulação e a obrigação de comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte, quem deve emitir o documento de transporte e comunicar à AT tais elementos, a empresa de laticínios ou os produtores do leite? De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, com a nova redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12, os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA (pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com caráter de habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio ou prestação de serviços, incluindo as atividades extrativas, agrícolas e as das profissões livres), ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada. Se fosse o produtor a recolher e transportar o leite da sua exploração para a empresa de laticínios, o produtor beneficiava da exclusão do documento de transporte nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 3.º do Regime dos Bens em Circulação, onde se diz que «excluem-se do âmbito do presente diploma os bens provenientes de produtores

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agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária resultantes da sua própria produção, transportados pelo próprio ou por sua conta». Como é a empresa de laticínios que procede à recolha do leite com o seu equipamento e o transporta nos seus veículos e à sua inteira responsabilidade, para estes casos foi criada uma alternativa às regras do Regime dos Bens em Circulação, que consta do n.º 6 do artigo 3.º da Portaria n.º 161/2013, de 23/4, onde se diz que «em caso de transporte dos bens referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do regime dos bens em circulação, que não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, a obrigação de comunicação considera-se também cumprida, desde que, cumulativamente: a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias

autorizadas, à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal

das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a)».

Neste documento de transporte, o remetente e o adquirente são a mesma pessoa, ou seja a empresa de laticínios, no entanto deve constar também do mesmo o NIF do produtor como elemento adicional.

11 - Matéria-prima enviada a uma empresa para transformação (documento de transporte quando do envio e quando do retorno dos bens) - artigo 6.º, n.º 1 Certa empresa (A) desloca matérias-primas suas para o armazém de uma outra empresa (B) que as transformas em produtos acabados. Quando os bens estão prontos, a empresa (A) desloca-se à empresa (B) que os levanta e os transporta para as suas instalações. Em ambas as situações, quem deve emitir o documento de transporte? De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, os documentos de transporte são processados pelos remetentes, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA (pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com caráter de habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio ou prestação de serviços, incluindo as atividades extrativas, agrícolas e as das profissões livres), ou, mediante acordo prévio, por terceiros e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do RBC.

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Daí que, no caso em apreciação, o documento de transporte deva ser emitido, em ambas as situações, pelo proprietário dos bens, ou seja, a empresa "A". Assim, nos casos referidos, a empresa (A) deve emitir um documento de transporte e comunicar os respetivos elementos à AT antes do início do transporte das matérias-primas para a empresa "B", e deverá emitir outro documento de transporte e comunicar os respetivos elementos à AT antes do início do transporte dos produtos transformados pela empresa "B", para as suas instalações. Assim, o 1.º documento de transporte poderá ter como destinatário "B" e como local de descarga o respetivo armazém, mas também poderá ter como destinatário "A". Quanto ao 2.º documento, uma vez que é emitido por "A", deverá ter como remetente e destinatário a empresa "A", como local de carga, o armazém da empresa "B" e como local de descarga, as instalações de "A", se esse for o seu destino.

12 - Operadores logísticos que procedem á expedição dos bens - artigo 6.º, n.º 1 Quando os bens estão armazenados nas instalações de um operador logístico e é este que procede à expedição dos mesmos, quem é obrigado a emitir o documento de transporte e comunicar os seus elementos à AT? Nos casos em que os bens estão armazenados nas instalações de um operador logístico, contratado pelo sujeito passivo proprietário dos bens, e a expedição para os clientes deste se faça pelo operador logístico, a obrigação de proceder à emissão do documento de transporte antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, bem como a respetiva comunicação à AT, é da responsabilidade do proprietário dos bens. No entanto, mediante acordo prévio, o operador logístico pode elaborar esses documentos de transporte em nome e por conta do proprietário, tal como se encontra previsto no n.º 1 do artigo 6.º do RBC.

13 - Processamento dos documentos de transporte (remetentes dos bens) - artigo 6.º Quem tem a obrigação de processar o documento de transporte? Com a nova redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12, ao n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA (i. e, pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com caráter de habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio ou prestação de serviços), ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do RBC, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada.

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Quando se trate de um transportador, contratado pelo sujeito passivo para efetuar o transporte de bens, e existam alterações ao destinatário ou adquirente, ou ao local de destino, ocorridas durante o transporte, ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados, o n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação obriga à emissão de um novo documento de transporte adicional por parte do remetente dos bens, pois é este o seu detentor. Contudo, nestes casos, o transportador pode elaborar esses documento de transporte adicional mas em nome e por conta do remetente. De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 7.º do citado regime, os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento de transporte ou, sendo caso disso, o código de identificação referido no n.º 7 do artigo 5.º.

14 - Remetente dos bens que seja, simultaneamente, o seu transportador (caso em que o documento de transporte se considera não exibido) - artigo 6.º, n.ºs 2 e 3 Os documentos de transporte, cuja definição nos é dada pela alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, ainda que processados nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação por sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA, isto é, por pessoas singulares ou coletivas, independentemente do regime em que se encontrem (ou deviam encontrar) enquadrados para efeitos deste imposto, consideram-se não exibidos quando o remetente/transportador se encontre em qualquer das seguintes situações (cfr. n.º 2 do art.º 6.º do RBC): a) Que não esteja registado; b) Que tenha cessado atividade nos termos dos artigos 33.º ou 34.º do Código do IVA; c) Que esteja em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do

artigo 41.º do Código do IVA (envio da declaração periódica do IVA), durante três períodos consecutivos.

Esta disposição aplica-se apenas aos casos em que simultaneamente se verifiquem a qualidade de remetente e transportador (cfr. n.º 3 do art.º 6.º do RBC). Se tal acontecer, há lugar à aplicação, ao remetente, da coima que se mostra devida por força do disposto no n.º 1 do artigo 14.º do mesmo diploma.

15 - Transportador que seja, simultaneamente, destinatário dos bens (caso em que o documento de transporte se considera não exibido) - artigo 6.º, n.º 4 De acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, consideram-se não exigidos os documentos de transporte na pose de um sujeito passivo que, sendo simultaneamente

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 6.º

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transportador e destinatário, se encontre em qualquer das seguintes situações referidas no n.º 2 do presente artigo, ou seja: - não esteja registado; - tenha cessado a atividade nos termos dos artigos 33.º ou 34.º do Código do IVA; - esteja em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do artigo 41.º

do Código do IVA (envio da declaração periódica do IVA), durante três períodos consecutivos.

Se tal acontecer, há lugar à aplicação da coima que se mostra devida por força do disposto no n.º 1 do artigo 14.º do mesmo diploma.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 7.º

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Artigo 7.º

Transportador

1 - Os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º ou, sendo caso disso, o código referido no n.º 7 do artigo 5.º. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

2 - Tratando-se de bens importados em Portugal que circulem entre a estância aduaneira de

desalfandegamento e o local do primeiro destino, o transportador deve fazer-se acompanhar, em substituição do documento referido no número anterior, de documento probatório do desalfandegamento dos mesmos.

3 - Quando o transporte dos bens em circulação for efetuado por transportador público

regular coletivo (a) de passageiros ou mercadorias ou por empresas concessionárias a prestarem o mesmo serviço, o documento de transporte ou código referido no n.º 7 do artigo 5.º pode acompanhar os respetivos bens em envelope fechado, sendo permitida a abertura às autoridades referidas no artigo 13.º. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

(a) - Para o efeito considera-se «transportador público regular coletivo» a pessoa singular ou

colectiva ou entidade fiscalmente equiparada que exerce a atividade de exploração de transportes coletivos e que se encontra obrigada ao cumprimento de horários e itinerários nas zonas geográficas que se lhes estão concessionadas. [cfr. alínea f) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação]

4 - A disciplina prevista neste artigo não se aplica ao transportador público de passageiros

quando os bens em circulação pertencerem aos respetivos passageiros. NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Importação de bens (documento de transporte que deve acompanhar os bens quando os

mesmos circulem entre a estância aduaneira de desalfandegamento e o local do primeiro destino) - artigo 7.º, n.º 2

Que tipo de documento deve acompanhar os bens importados em Portugal quando os mesmos circulem entre o posto aduaneiro de desalfandegamento e o local do primeiro destino? De acordo com o n.º 2 do artigo 7.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, quando se trate de bens importados em Portugal que circulem entre a estância aduaneira de desalfandegamento e o local do primeiro destino, o transportador deve fazer-se acompanhar, em substituição do documento de transporte referido no artigo 1.º, de documento probatório do desalfandegamento dos mesmos.

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Tal documento alfandegário, é válido apenas até ao local do primeiro destino determinado pelo importador, não interessando se o mesmo (local) está ou não afeto exclusivamente à atividade económica que o importador desenvolve. A circunstância de, em tais casos, se utilizarem instalações de outrem, para armazenagem dos bens, até serem transferidos para outros locais do adquirente, conduz a que, para os efeitos do citado n.º 2 do artigo 7.º, tais instalações devem considerar-se como seus armazéns. Isto significa que a circulação dos bens posterior ao local do primeiro destino, nomeadamente a circulação das mercadorias entre o armazém do transitário ou terminal internacional (terrestre, marítimo ou aéreo) e o armazém dos clientes, está sujeita às imposições do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho.

2 - Transmissões de bens entre o Continente e as Regiões Autónomas, ou vice versa (documento de transporte) - artigo 7.º, n.º 2 As transmissões de bens entre o continente e as Regiões Autónomas não estão sujeitas ao mesmo tratamento alfandegário das exportações propriamente ditas, isto é, não existe, nestes casos, desembaraço alfandegário. A guia de circulação emitida pela Alfândega apenas serve como documento comprovativo do envio dos bens. Deste modo, não é de aplicar o disposto no n.º 2 do artigo 7.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho. Assim sendo, o remetente dos bens deverá proceder de modo idêntico ao praticado no transporte de mercadorias no continente, ou seja, processar um único documento de transporte, em triplicado, contendo todos os requisitos exigidos pelos n.ºs 2, 3 e 4 do artigo 4.º daquele diploma, que acompanhará os bens desde as instalações do remetente até ao local indicado para descarga.

3 - Transportador de bens (casos em que pode processar o documento de transporte) - artigo 7.º Em que circunstâncias o transportador pode processar e comunicar à AT o documento de transporte? Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 6.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com a redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, "os documentos de transporte são processados pelos remetentes dos bens, sujeitos passivos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA (pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com caráter de habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio ou prestação de serviços, incluindo as atividades extrativas, agrícolas e as das profissões livres), ou, mediante acordo prévio, por terceiros em seu nome e por sua conta, antes do início da circulação nos termos do n.º 2 do artigo 2.º do presente diploma, podendo ainda ser processados por outros sujeitos passivos quando os bens em circulação sejam objeto de prestação de serviços por eles efetuada".

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 7.º

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O transportador apenas pode processar o documento de transporte e efetuar a comunicação à AT em nome e por conta do remetente dos bens, nomeadamente, quando se trate de documentos de transporte adicionais por alteração ao local de destino ou não aceitação dos bens pelo adquirente/destinatário, podendo utilizar a funcionalidade de subutilizador prevista no Portal das Finanças. No entanto, tal situação é apenas opcional, cabendo a obrigação de emissão e comunicação, em primeiro lugar, ao remetente dos bens.

4 - Transportador de bens (comunicação dos elementos dos documentos de transporte) - artigo 7.º Quando o transporte dos bens for efetuado por um transportador, que não seja remetente dos bens, ou pelo adquirente, quem deverá comunicar os elementos dos documentos de transporte à AT? A obrigação de comunicação dos elementos dos documentos de transporte cabe à entidade que emitir o documento de transporte, ou seja, ao sujeito passivo remetente dos bens ou ao adquirente que tome posse dos bens, antes do início do transporte. (cfr. FAQ n.º 15, disponível no Portal das Finanças, em e-fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Comunicação)

5 - Transportador de bens (definição) - artigo 7.º Para efeitos do disposto no Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, considera-se «transportador» a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada que, recebendo do remetente ou de anterior transportador os bens em circulação, realiza ou se propõe realizar o seu transporte até ao local de destino ou de transbordo ou, em caso de dúvida, a pessoa em nome de quem o veículo transportador se encontra registado, salvo se o mesmo for objeto de um contrato de locação financeira, considerando-se aqui o respetivo locatário. [cfr. alínea e) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC]

6 - Transportador de bens (obrigação de exigir aos remetentes dos bens o original e o duplicado do documento de transporte) - artigo 7.º, n.º 1 O transportador dos bens está sempre obrigado a exigir o original e o duplicado do documento de transporte aos remetentes dos mesmos? A empresa transportadora dos bens deve exigir sempre aos remetentes dos bens, sujeitos passivos de IVA, o original e o duplicado do documento de transporte ou, sendo caso disso, o código de identificação atribuído aquando da comunicação por transmissão eletrónica de dados. (cfr. FAQ n.º 3, disponível no Portal das Finanças, em e-fatura / Documentos de transporte / Circulação de bens / Emissão)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 7.º

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NOTA: Tal como consta do n.º 1 do artigo 7.º do Regime dos Bens em Circulação, os transportadores de bens, seja qual for o seu destino e os meios utilizados para o seu transporte, devem exigir sempre aos remetentes dos mesmos o original e o duplicado do documento referido no artigo 1.º ou, sendo caso disso, o código referido no n.º 7 do artigo 5.º. No regime em causa, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, não existe qualquer exceção. Assim sendo, seja qual for o seu destino (continente, Açores e Madeira) e os meios utilizados para o seu transporte (rodoviários, ferroviários, navais ou aéreos), o n.º 1 do artigo 7.º impõe, clara e inequivocamente, aos transportadores de bens sujeitos à disciplina do Regime dos Bens em Circulação (quer seja por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, quer seja por transmissão gratuita, devolução, afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, de remessa à consignação ou de simples transferência entre estabelecimentos do mesmo sujeito passivo), a obrigação de exigirem sempre, aos remetentes dos bens, o original e o duplicado do documento de transporte, seja ele a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes, com todos os requisitos previstos pelo diploma. O não cumprimento desta obrigação origina que, quando lhe for solicitado pelas entidades competentes, o transportador não possa exibir tal documento, o que implica a imediata apreensão dos bens e dos veículos que os transportem (sempre que estes veículos não estejam afetos aos transportes públicos regulares de passageiros ou mercadorias ou afetos a empresas concessionárias a prestarem o mesmo serviço por conta daqueles), bem como, de acordo com o n.º 1 do artigo 14.º, à aplicação da respetiva coima (quer ao remetente quer ao transportador), como falta de emissão do documento de transporte, na medida em que o n.º 6 do mesmo artigo, nos diz que «presume-se não emitido o documento de transporte que não seja imediatamente exibido pelo transportador». Tal infração é punida pelo n.º 1 do artigo 117.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), ou seja, com coima de € 150 a € 3750 quando se trate de pessoa singular, ou com coima de € 300 a € 7500 quando se trate de pessoa coletiva.

7 - Transportador público regular coletivo (definição) - artigo 7, n.º 3 Para efeitos do disposto no Regime dos Bens em circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, considera-se «Transportador público regular coletivo» a pessoa singular ou coletiva ou entidade fiscalmente equiparada que exerce a atividade de exploração de transportes coletivos e que se encontra obrigada ao cumprimento de horários e itinerários nas zonas geográficas que se lhes estão concessionadas. [cfr. alínea f) do n.º 1 do artigo 2.º do RBC]

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 7.º

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8 - Transportador público regular coletivo (documento de transporte que lhe seja entregue em envelope fechado) - artigo 7.º, n.º 3 Segundo o disposto no n.º 3 do artigo 7.º do dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, quando o transporte dos bens em circulação for efetuado por transportador público regular coletivo de passageiros ou mercadorias ou por empresas concessionárias a prestarem o mesmo serviço, o documento de transporte ou código referido no n.º 7 do artigo 5.º pode acompanhar os respetivos bens em envelope fechado, sendo permitida a abertura às autoridades referidas no artigo 13.º. Também quando se trate de um transportador que não seja transportador público regular coletivo de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestarem o mesmo serviço, nada obsta que o documento de transporte acompanhe os bens em circulação em envelope fechado. Se tal acontecer, o transportador, nestes casos, deve exigir, quando lhe for entregue o envelope, que este só seja fechado após ele ter examinado que o documento em causa reúne todos os requisitos exigidos pela lei.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 8.º

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Artigo 8.º

Impressão dos documentos de transporte

1 - A impressão tipográfica dos documentos de transporte referidos na alínea e) do n.º 1 do artigo 5.º só pode ser efetuada em tipografias devidamente autorizadas pelo Ministro das Finanças, devendo obedecer a um sistema de numeração unívoca. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

2 - Os sujeitos passivos podem processar os referidos documentos através de sistemas

informáticos, desde que utilizem software que garanta a sua numeração conforme o disposto no nº 2 do artigo 5º, e obedeçam aos requisitos exigidos nos nºs 2 e seguintes do art.º 5º do Decreto-Lei nº 198/90, de 19 de Junho. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

3 - Os documentos de transporte processados nos termos do número anterior devem conter a

expressão «processado por computador». (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) 4 - Nos casos em que, por exigências comerciais, for necessário o processamento de mais de

três exemplares dos documentos referidos, é permitido à tipografia autorizada executá-los, com a condição de imprimir nos exemplares que excedam aquele número uma barra com a seguinte indicação: «Cópia de documento não válida para os fins previstos no Regime dos Bens em Circulação.»

5 - A autorização referida no n.º 1 é concedida, mediante a apresentação do respetivo pedido,

às pessoas singulares ou coletivas ou entidades fiscalmente equiparadas que exerçam a atividade de tipografia ou que a iniciem, na condição de que:

a) Não tenham sofrido condenação nos termos dos artigos 87.º a 107.º, nem se encontrem

em situação punível pelos artigos 108.º a 111.º, 113.º, 114.º, 116.º a 118.º, 120.º, 122.º, 123.º e 127.º, todos do Regime Geral das Infrações Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 5 de junho, nem nos termos das normas correspondentes dos regime jurídicos das infrações fiscais aduaneiras e não aduaneiras, aprovados, respetivamente, pelos Decretos-Leis n.ºs 376-A/89, de 25 de outubro, e 20-A/90, de 15 de janeiro; (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

b) Não estejam em falta, relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do n.º

1 do artigo 27.º, do artigo 28.º, dos n.ºs 1 e 2 do artigo 41.º do Código do IVA, do n.º 1 do artigo 57.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares ou do n.º 1 do artigo 104.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas; (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

c) Não se encontrem em estado de falência ou de insolvência; (redação dada pela Lei n.º 66-

B/2012, de 31/12) d) Não tenham sido condenadas por crimes previstos nos artigos 256.º, 258.º, 259.º, 262.º,

265.º, 268.º e 269.º do Código Penal.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 8.º

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6 - O pedido de autorização referido no número anterior deve ser entregue por via

eletrónica, no Portal de Finanças, contendo a identificação, as atividades exercidas e local dos estabelecimentos de tipografia, e deve ser acompanhado dos seguintes elementos: (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

a) Certificado do registo criminal do proprietário da empresa ou, tratando-se de sociedade,

de cada um dos sócios gerentes ou administradores em exercício; b) Certificado, processado pela entidade judicial respetiva, para efeitos da alínea c) do

número anterior. NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Autorização para as tipografias imprimirem documentos de transporte (condições) -

artigo 8.º, n.º 5 A impressão tipográfica dos documentos de transporte referidos na alínea e) do n.º 1 do artigo 5.º só pode ser efetuada em tipografias devidamente autorizadas pelo Ministro das Finanças, devendo obedecer a um sistema de numeração unívoca. De acordo com o disposto no n.º 5 do artigo 8.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, a autorização para a impressão tipográfica dos documentos de transporte é concedida, mediante a apresentação do respetivo pedido, às pessoas singulares ou coletivas ou entidades fiscalmente equiparadas que exerçam a atividade de tipografia ou que a iniciem, na condição de que: RGIT - Não tenham sofrido condenação nos termos dos seguintes artigos do Regime Geral

das Infrações Tributárias (RGIT): Artigo 87.º - Burla tributária Artigo 88.º - Frustração de créditos Artigo 89.º - Associação criminosa Artigo 90.º - Desobediência qualificada Artigo 91.º - Violação de segredo Artigo 92.º - Contrabando Artigo 93.º - Contrabando de circulação Artigo 94.º - Contrabando de mercadorias de circulação condicionada em

embarcações Artigo 95.º - Fraude no transporte de mercadorias em regime suspensivo Artigo 96.º - Introdução fraudulenta no consumo Artigo 97.º - Qualificação Artigo 97.º-A - Contrabando de mercadorias susceptíveis de infligir a pena de morte

ou tortura Artigo 98.º - Violação das garantias aduaneiras Artigo 99.º - Quebras de marcas e selos Artigo 100.º - Recepção de mercadorias objecto de crime aduaneiro

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 8.º

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Artigo 101.º - Auxílio material Artigo 102.º - Crimes de contrabando previstos em disposições especiais Artigo 103.º - Fraude Artigo 104.º - Fraude qualificada Artigo 105.º - Abuso de confiança Artigo 106.º - Fraude contra a segurança social Artigo 107.º - Abuso de confiança conta a segurança social Artigo 108.º - Descaminho Artigo 109.º - Introdução irregular no consumo Artigo 110.º - Recusa de entrega, exibição ou apresentação de documentos e

mercadorias Artigo 110.º-A - Falta ou atraso de entrega, exibição ou apresentação de documentos

ou de declarações Artigo 111.º - Violação do dever de cooperação Artigo 113.º - Recusa de entrega, exibição ou apresentação de escrita e de

documentos fiscalmente relevantes Artigo 114.º - Falta de entrega da prestação tributária Artigo 116.º - Falta ou atraso de declarações Artigo 117.º - Falta ou atraso na apresentação ou exibição de documentos ou de

declarações Artigo 118.º - Falsificação, viciação e alteração de documentos fiscalmente

relevantes Artigo 120.º - Inexistência de contabilidade ou de livros fiscalmente relevantes Artigo 122.º - Falta de apresentação, antes da respetiva utilização, dos livros de

escrituração Artigo 123.º - Violação do dever de emitir ou exigir recibos ou faturas Artigo 127.º - Impressão de documentos por tipografias não autorizadas

RJIFA e RJIFNA - Não tenham sofrido condenação nos termos das normas correspondentes dos Regimes

Jurídicos das Infrações Fiscais Aduaneiras e não Aduaneiras; CIVA - Não estejam em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do n.º

1 do artigo 27.º, do artigo 28.º, dos n.ºs 1 e 2 do artigo 41.º do Código do IVA; Artigo 27.º, n.º 1 - Pagamento do imposto apurado pelo sujeito passivo Artigo 28.º - Pagamento do imposto liquidado pela administração Artigo 41.º, n.ºs 1 e 2 - Prazo de entrega das declarações periódicas

CIRC - Não estejam em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do n.º

1 do artigo 104.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas; Artigo 104.º, n.º 1 - Pagamentos por conta e entrega da declaração periódica de rendimentos

CIRS - Não estejam em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do n.º

1 do artigo 57.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 8.º

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Artigo 57.º, n.º 1 - Entrega da declaração de rendimentos

- Não se encontrem em estado de falência ou de insolvência; Código Penal - Não tenham sido condenadas por crimes previstos nos seguintes artigos do Código

Penal: Artigo 256.º - Falsificação ou contrafação de documento Artigo 258.º - Falsificação de notação técnica Artigo 259.º - Danificação ou subtração de documento e notação técnica Artigo 262.º - Contrafação de moeda Artigo 265.º - Passagem de moeda falsa Artigo 268.º - Contrafação de valores selados Artigo 269.º - Contrafação de selos, cunhos, marcas ou chancelas

2 - Coima a aplicar quando se verifique a impressão dos documentos de transporte em tipografias não autorizadas - artigo 8.º, n.º 1 Segundo o disposto no n.º 1 do artigo 8.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, "a impressão tipográfica dos documentos de transporte referidos na alínea e) do n.º 1 do artigo 5.º só pode ser efetuada em tipografias devidamente autorizadas pelo Ministro das Finanças, devendo obedecer a um sistema de numeração unívoca". De acordo com o n.º 1 do artigo 127.º do Regime Geral das Infracções Tributárias (RGIT) a impressão de documentos fiscalmente relevantes por pessoas ou entidades não autorizadas para o efeito, sempre que a lei o exija, bem como a sua aquisição, é punível com coima de € 750 a € 37 500 quando se trate de pessoas singulares, e € 1500 a € 75 000 quando se trate de pessoas coletivas. Tenha-se em atenção que, caso se verifique esta infração, e tal como consta do n.º 1 do citado artigo 127.º, há que aplicar duas penalidades distintas: uma à tipografia que imprimiu os documentos em causa e a outra ao adquirente dos documentos impressos, já que, tal preceito pune não só a sua impressão por entidades não autorizadas para o efeito, mas também a sua aquisição.

Quadro prático para aplicação da coima

Infração

Moldura penal aplicável desde 01/01/2012 (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 750 a € 37 500

Pes. Sing.

Neg.

€ 750 a 18 750 (a)

1 – A impressão de documentos fiscalmente relevantes por pessoas ou entidades não autorizadas para o efeito, sempre que a lei o exija, bem como a sua aquisição, é punível com coima de € 750 a € 37 500. 2 – O fornecimento de documentos fiscalmente relevantes por pessoas ou entidades autorizadas sem observância das formalidades legais, bem como a sua

Pes. Col.

Dolo

€ 1500 a 75 000 (b)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 8.º

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aquisição ou utilização, é punível com coima de € 750 a € 37 500.

Neg.

€ 1500 a 37 500 (b)

(a) - n.º 2 do artigo 24.º do RGIT (b) - n.º 4 do artigo 26.º do RGIT

Trata-se de uma contraordenação grave já que é punida com coima cujo limite máximo é superior a € 5750 (cfr. n.º 3 do art.º 23.º do RGIT).

3 - Documentos de transporte (expressão "processado por computador") - artigo 8.º Nos documentos de transporte é ou não obrigatório fazer constar a expressão "processado por computador"? Com a revogação, pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, do n.º 3 do artigo 8.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, deixou de ser obrigatória a inclusão da expressão "processado por computador" nos documentos de transporte emitidos através de programas ou sistemas informáticos.

4 - Documentos de transporte (processamento de mais de três exemplares) - artigo 8.º, n.º 4 Segundo o disposto no n.º 2 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, os documentos de transporte (faturas, guias de remessa, notas de devolução, guias de transporte ou documentos equivalentes) emitidos nos termos das alíneas b) a e) do n.º 1 do mesmo artigo devem ser processados em três exemplares, com uma ou mais séries, convenientemente referenciadas, devendo o original e o duplicado (cfr. n.º 5 do art.º 6.º) acompanhar os bens transportados e o triplicado fica na posse do remetente dos bens. Quando tais documentos sejam impressos em tipografias autorizadas [que são os emitidos nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 5.º do RBC], se, por exigências comerciais, for necessário o processamento de mais de três exemplares do documento de transporte, o n.º 4 do artigo 8.º diz-nos que é permitido à tipografia autorizada executá-los, com a condição de imprimir nos exemplares que excedam aquele número uma barra com a seguinte indicação: «Cópia de documento não válida para os fins previstos no Regime dos Bens em Circulação».

5 - Tipografias autorizadas a imprimir os documentos de transporte em papel (publicação no Diário da República da autorização) - artigo 8.º, n.º 1 Periodicamente são publicadas no Diário da República, II Série, declarações das tipografias autorizadas, pelo Ministro das Finanças, a imprimir documentos de transporte em papel destinados a acompanhar bens em circulação. Das declarações em causa é normal constar: - o número de identificação fiscal da empresa a quem foi concedida tal autorização;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 8.º

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- o nome ou designação social; - o local do estabelecimento autorizado; e - a data do despacho ministerial que autorizou a impressão.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 9.º

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Artigo 9.º

Subcontratação

1 - É permitido às tipografias autorizadas encarregar outras tipografias, desde que também autorizadas, da impressão dos documentos que lhes forem requisitados, desde que façam acompanhar os seus pedidos da fotocópia das requisições recebidas.

2 - Tanto a tipografia que efetuou a impressão como a que a solicitou devem efetuar os

registos e a comunicação referida no artigo 10.º. NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Subcontratação da impressão dos documentos de transporte (registo e comunicação) -

artigo 9.º Segundo o disposto no artigo 9.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, as tipografias autorizadas a imprimir documento de transporte, podem subcontratar outras tipografias a imprimir os documentos que lhes foram requisitados, desde que estas (subcontratadas) estejam também autorizadas a imprimir os documentos em causa, e aquelas lhe remetam fotocópia das requisições recebidas. Nestes casos, tanto a tipografia que efetuou essa impressão como a tipografia que a solicitou, devem efetuar os registos das requisições em suporte informático e a comunicação prévia à AT por via eletrónica, no Portal das Finanças, do fornecimento dos documentos.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 10.º

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Artigo 10.º

Aquisição de documentos de transporte

1 - A aquisição dos impressos referidos no n.º 1 do artigo 8.º é efetuada mediante requisição escrita do adquirente utilizador, a qual contém os elementos necessários ao registo a que se refere o n.º 2 do presente artigo.

2 - O fornecimento dos impressos é registado previamente pela tipografia autorizada, em

suporte informático, devendo conter os elementos necessários à comunicação referida no n.º 5. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

3 - Podem as tipografias optar, em substituição do livro referido no número anterior, por

registo informático adequado que contenha os mesmos elementos, sendo, neste caso, obrigatória a entrega em suporte informático da comunicação referida no nº 5 do presente artigo. (revogado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

4 - As requisições e os registos informáticos referidos nos números anteriores devem ser

mantidos em arquivo, por ordem cronológica, pelo prazo de quatro anos. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

5 - Por cada requisição dos sujeitos passivos, as tipografias comunicam à AT por via

eletrónica, no Portal das Finanças, previamente à impressão dos respetivos documentos, os elementos identificativos dos adquirentes e as gamas de numeração dos impressos referidos no n.º 1 do artigo 8.º. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

6 - A comunicação referida no número anterior deve conter o nome ou denominação social,

número de identificação fiscal, concelho e distrito da sede ou domicílio da tipografia e dos adquirentes, documentos fornecidos, respetiva quantidade e numeração atribuída.

7 - Esta comunicação pode ser substituída pela remessa de duplicados ou fotocópias das

requisições ou fotocópias das folhas do livro a que se referem os n.ºs 1 e 2 do presente artigo com a menção de que está conforme o original, aposta pela tipografia. (revogado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

8 - Nos casos em que os adquirentes não se encontrem registados na AT para o exercício de

uma atividade comercial, industrial ou agrícola, a AT emite, em tempo real, no Portal das Finanças, um alerta seguido de notificação, advertindo a tipografia de que não pode proceder à impressão dos documentos, sob pena de ser cancelada a autorização de impressão. (aditado pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 10.º

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NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Coima a aplicar quando se verifique a falta de arquivo das requisições dos

documentos de transporte - artigo 10.º, n.º 4 Tal como consta do n.º 4 do artigo 10.º do Regime dos Bens em Circulação, as requisições e os registos informáticos, devem ser mantidos em arquivo, por ordem cronológica, pelo prazo de quatro anos. A não observância de tal norma faz incorrer os infratores na penalidade prescrita no n.º 2 do artigo 122.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), ou seja, em coima variável entre € 75 a € 750 caso se trate de pessoas singulares, e € 150 a 1500 caso se trate de pessoas coletivas.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 75 a 750

Pes. Sing.

Neg.

€ 75 a 375 (a)

Dolo

€ 150 a 1500 (b)

(Falta de arquivo das requisições dos documentos de transporte) 1 – A falta de apresentação, no prazo legal e antes da respetiva utilização, de livros, registos ou outros documentos relacionados com a contabilidade ou exigidos na lei é punível com coima de € 75 a € 750. 2 – A mesma sanção é aplicável à não conservação pelo prazo estabelecido na lei fiscal, dos documentos mencionados no número anterior.

Pes. Col

Neg.

€ 150 a 750 (b)

(a) n.º 2 do artigo 24.º do RGIT (b) n.º 4 do artigo 26.º do RGIT

É competente para a aplicação das coimas por infrações ao Regime dos Bens em Circulação o chefe do serviço de finanças da área onde as mesmas foram detetadas (cfr. n.º 8 do art.º 14.º do RBC.

2 - Coima a aplicar quando se verifique a falta ou atraso no registo do fornecimento dos documentos de transporte - artigo 10.º, n.º 2 Segundo o disposto no n.º 2 deste artigo 10.º, o fornecimento dos impressos por tipografia autorizada é registado previamente em suporte informático, isto é, antes de serem fornecidos aos clientes. O atraso ou falta de tal registo faz incorrer os infratores na penalidade prevista no n.º 1 do artigo 121.º do Regime Geral das Infracções Tributárias (RGIT), ou seja, com coima variável entre € 75 a 2750 caso se trate de pessoas singulares, e € 150 a 5500 caso se trate de pessoas coletivas.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 10.º

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Dolo

€ 75 a 2750

Pes. Sing.

Neg.

€ 75 a 1375 (a)

Dolo

€ 150 a 5500 (b)

(Falta ou atraso no registo do fornecimento dos documentos de transporte) A não organização da contabilidade de harmonia com as regras de normalização contabilística, bem como o atraso na execução da contabilidade, na escrituração de livros ou na elaboração de outros elementos de escrita, ou de registo, por período superior ao previsto na lei fiscal, quando não sejam punidos como crime ou como contra-ordenação mais grave, são puníveis com coima de € 75 a 2750.

Pes. Col

Neg.

€ 150 a 2750 (b)

(a) n.º 2 do artigo 24.º do RGIT (b) n.º 4 do artigo 26.º do RGIT

É competente para a aplicação das coimas por infrações ao Regime dos Bens em Circulação o chefe do serviço de finanças da área onde as mesmas foram detetadas (cfr. n.º 8 do art.º 14.º do RBC.

3 - Coima a aplicar quando se verifique a falta de comunicação do fornecimento de elementos identificativos dos adquirentes dos documentos de transporte - artigo 10.º, n.º 5 De acordo com o disposto no n.º 5 do artigo 10.º do Regime dos Bens em Circulação, as tipografias autorizadas a imprimir documentos de transporte, devem comunicar à AT por via eletrónica, no Portal das Finanças, previamente à impressão dos respetivos documentos, os elementos identificativos dos adquirentes e as gamas de numeração dos impressos fornecidos. A não observância desta disposição faz incorrer os infratores na penalidade prevista no n.º 1 do artigo 117.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), ou seja, com coima variável entre € 150 a € 3750 caso se trate de pessoas singulares, ou € 300 a € 7500 caso se trate de pessoas coletivas.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 150 a 3750

Pes. Sing.

Neg.

€ 150 a 1875 (a)

Dolo

€ 300 a 7500 (b)

(Falta de comunicação do fornecimento de elementos identificativos dos adquirentes dos documentos de transporte) A falta ou atraso na apresentação ou a não exibição, imediata ou no prazo que a lei ou a administração tributária fixarem, de declarações ou documentos comprovativos dos factos, valores ou situações constantes das declarações, documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir, comunicações, guias, registos, ainda que magnéticos, ou outros documentos e a não prestação de informações ou esclarecimentos que autonomamente devam ser legal ou administrativamente exigidos são puníveis com coima de € 150 a € 3750.

Pes. Col

Neg.

€ 300 a 3750 (b)

(a) n.º 2 do artigo 24.º do RGIT (b) n.º 4 do artigo 26.º do RGIT

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É competente para a aplicação das coimas por infrações ao Regime dos Bens em Circulação o chefe do serviço de finanças da área onde as mesmas foram detetadas (cfr. n.º 8 do art.º 14.º do RBC.

4 - Coima a aplicar quando se verifique a não observância das formalidades legais no fornecimento e aquisição de documentos de transporte - artigo 10.º, n.º 1 De acordo com o n.º 2 do artigo 127.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT) o fornecimento de documentos fiscalmente relevantes por pessoas ou entidades autorizadas sem observância das formalidades legais (v.g. falta da respetiva requisição ou dos elementos que da mesma devem constar), bem como a sua aquisição ou utilização, é punível com coima variável entre € 750 a € 37 500 caso se trate de pessoas singulares, e € 1500 a 75 000 caso se trate de pessoas coletivas.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração

Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 750 a 37 500

Pes. Sing.

Neg.

€ 750 a 18 750 (a)

Dolo

€ 1500 a 75 000 (b)

(Não observância das formalidades legais no fornecimento e aquisição de DT) O fornecimento de documentos fiscalmente relevantes por pessoas ou entidades autorizadas sem observância das formalidades legais, bem como a sua aquisição ou utilização, é punível com coima de € 750 a € 37 500.

Pes. Col

Neg.

€ 1500 a 37 500 (b)

(a) n.º 2 do artigo 24.º do RGIT (b) n.º 4 do artigo 26.º do RGIT

Caso se verifique esta infração, e tal como consta do n.º 2 do citado artigo 127.º, há que aplicar duas penalidades distintas: uma à tipografia que forneceu os documentos em causa e a outra ao adquirente dos documentos impressos, já que tal preceito pune não só o seu fornecimento por pessoas ou entidades autorizadas sem observância das formalidades legais, mas também a sua aquisição. Trata-se de uma contraordenação grave já que é punida com coima cujo limite máximo é superior a € 5750 (cfr. n.º 3 do art.º 23.º do RGIT). É competente para a aplicação das coimas por infrações ao Regime dos Bens em Circulação o chefe do serviço de finanças da área onde as mesmas foram detetadas (cfr. n.º 8 do art.º 14.º do RBC.

5 - Coima a aplicar quando se verifique omissões ou inexatidões nas comunicações do fornecimento dos documentos de transporte - artigo 10.º, n.º 5

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 10.º

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Esta infração, relacionada com omissões e inexatidões cometidas nas comunicações à AT do fornecimento dos documentos de transporte, considera-se uma omissão ou inexatidão que, por não haver imposto a liquidar, é punida pelo n.º 2 do artigo 119.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), ou seja, com coima variável (reduzia a 1/4 tal como o normativo em causa determina), entre € 93,75 a 5625 caso se trate de pessoas singulares, e € 187,5 a 11 250 caso se trate de pessoas coletivas.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 93,75 a 5625 (a)

Pes. Sing.

Neg.

€ 93,75 a 2812,5 (b)

Dolo

€ 187,5 a 11 250 (c)

(Omissões ou inexatidões nas comunicações do fornecimento dos documentos de transporte) 1 – As omissões ou inexactidões relativas à situação tributária que não constituam fraude fiscal nem contraordenação prevista no artigo anterior, praticadas nas declarações, bem como nos documentos comprovativos dos factos, valores ou situações delas constantes, incluindo as praticadas nos livros de contabilidade e escrituração, nos documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir ou noutros documentos fiscalmente relevantes que devam ser mantidos, apresentados ou exibidos são puníveis com coima de € 375 a € 22 500. 2 – No caso de não haver imposto a liquidar, os limites das coimas previstas no número anterior são reduzidos a um quarto.

Pes. Col

Neg.

€ 187,5 a 5625 (d)

(a) € 375 x 1/4 = € 93,75 (c) € 750 x 1/4 = € 187,5

€ 22.500 x 1/4 = € 5.625 € 45 000 x 1/4 = € 11 250

(b) € 375 x 1/4 = € 93,75 (d) € 750 x 1/4 = € 187,5 € 11 250 x 1/4 = € 2812,5 € 22 500 x 1/4 = € 5625

Caso não houve-se lugar à redução para 1/4, a coima seria variável entre € 375 a € 22.500 caso se trate de pessoas singulares, e € 750 a 45 000 caso de trate de pessoas coletivas. É competente para a aplicação das coimas por infrações ao Regime dos Bens em Circulação o chefe do serviço de finanças da área onde as mesmas foram detetadas (cfr. n.º 8 do art.º 14.º do RBC.

6 - Registo do fornecimento dos documentos de transporte pelas tipografias que estão autorizadas a proceder à sua impressão - artigo 10.º, n.º 2

Com a nova redação dada pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, ao n.º 2 do artigo 10.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, o registo dos fornecimentos dos impressos tipográficos dos documentos de transporte [documentos em papel impressos e numerados tipograficamente a que se refere a alínea e) do n.º 1 do art.º 5.º] é agora efetuado através de suporte informático, devendo conter os elementos identificativos dos adquirentes e as gamas de numeração

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 10.º

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dos impressos, deixando assim de existir o livro de registo do fornecimento de tais impressos que existia na redação anterior.

7 - Requisições dos documento de transporte (dos adquirentes utilizadores) - artigo 10.º, n.º 1

Uma empresa de Designer pediu a uma empresa de artes gráficas, autorizada a imprimir documentos de transporte, para produzir documentos de transporte em nome de um seu cliente. Por quem deve ser emitida a requisição? E a guia de remessa do fornecimento dos documentos deve ser passada em nome da empresa de Designer ou em nome do cliente da Designer? Em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 10.º do Regime dos Bens em Circulação, a aquisição de documentos de transporte junto de uma tipografia autorizada será sempre de efetuar mediante requisição escrita do adquirente utilizador, neste caso o cliente da empresa de Designer, sendo o fornecimento dos documentos impressos registado previamente pela tipografia autorizada em suporte informático, tal como consta do n.º 2 do citado artigo 10.º e comunicado à AT por via electrónica. Assim, no caso exposto, a requisição deve, obrigatoriamente, ser feita pelo adquirente utilizador. Quanto à guia de remessa do fornecimento dos documentos, a mesma deve ser passada pela tipografia que os imprimiu em nome do referido adquirente utilizador. Lembramos ainda que, com a nova redação dada ao n.º 2 do artigo 10.º do RBC, pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24/8, as tipografias deixam de poder efetuar o registo dos fornecimentos dos impressos de documentos de transporte em livro próprio, esse registo, tal como anteriormente se disse, passa agora a ser efetuado em suporte informático, contendo os elementos da respetiva requisição comunicada à AT, no Portal das Finanças.

8 - Requisições dos documentos de transporte (elementos que devem constar das mesmas) - artigo 10.º, n.ºs 2 e 5 A aquisição de documentos de transporte, cuja definição nos é dada pela alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do Regime dos Bens em Circulação (faturas, guias de remessa, notas de devolução, guias de transporte ou documentos equivalentes), a tipografias devidamente autorizadas pelo Ministro das Finanças, por parte das empresas que deles necessitem, só pode ser feita mediante requisição escrita do adquirente utilizador, que contenham os elementos necessários à comunicação que as tipografias têm que fazer à AT por via eletrónica, no Portal das Finanças, com os elementos identificativos dos adquirentes e as gamas de numeração dos impressos requisitados, ou seja: - número e data da requisição; - nome ou denominação social do requisitante;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 10.º

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- sede ou domicílio fiscal; - número de identificação fiscal do requisitante; - quantidade e tipo de documentos requisitados (faturas, guias de remessa, etc.); e as - gamas (séries) de numeração dos impressos requisitados. No que se refere à sua feitura, tais requisições não obedecem a qualquer formalismo legal. Assim sendo, e desde que delas constem, pelo menos, os elementos anteriormente referidos, podem as mesmas ser total ou parcialmente manuscritas, à máquina ou através de quaisquer meios informáticos em computador, imprimidas tipograficamente em tipografias autorizadas ou não para imprimir os documentos de transporte.

9 - Requisições dos documentos de transporte (responsável pela comunicação à AT dos elementos que constam das requisições) - artigo 10.º, n.º 5 Quem é responsável pela comunicação à AT das requisições dos documentos de transporte em papel tipográfico? São as tipografias que imprimirem tais documentos, tal como consta do n.º 5 do artigo 10.º do Regime dos bens em Circulação, onde se diz que «por cada requisição dos sujeitos passivos, as tipografias comunicam à AT por via eletrónica, no Portal das Finanças, previamente à impressão dos respetivos documentos, os elementos identificativos dos adquirentes e as gamas de numeração dos impressos referidos no n.º 1 do artigo 8.º». A comunicação em causa tem em vista o alerta, seguido de notificação, previsto n.º 8 do artigo 10.º referido, onde se diz que, «nos casos em que os adquirentes não se encontrem registados na AT para o exercício de uma atividade comercial, industrial ou agrícola, a AT emite, em tempo real, no Portal das Finanças, um alerta seguido de notificação, advertindo a tipografia de que não pode proceder à impressão dos documentos, sob pena de ser cancelada a autorização de impressão».

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 11.º

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Artigo 11.º

Revogação da autorização de impressão de documentos de transporte

O Ministro das Finanças, por proposta do diretor-geral da AT, pode determinar a revogação da autorização concedida nos termos do artigo 8.º em todos os casos em que se deixe de verificar qualquer das condições referidas no seu n.º 5, sejam detetadas irregularidades relativamente às disposições do presente diploma ou se verifiquem outros factos que ponham em causa a idoneidade da empresa autorizada. (redação dada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31/12)

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Tipografias autorizadas a imprimir os documentos de transporte em papel

(publicação no Diário da República da revogação da autorização que havia sido concedida) - artigo 11.º Sempre que necessário, são publicadas no Diário da República, II Série, as declarações das tipografias a quem for revogada, nos termos do artigo 11.º do Regime dos Bens em Circulação, a autorização para impressão de documentos de transporte destinados a acompanhar bens em circulação. Das declarações em causa é normal constar: - o número de identificação fiscal da empresa a quem foi revogada tal autorização; - o nome ou designação social; - o local do estabelecimento autorizado; e - a data do despacho ministerial que revogou a autorização.

2 - Tipografias autorizadas a imprimir os documentos de transporte em papel (revogação da autorização de impressão de documentos de transporte) - artigo 11.º Segundo o disposto no artigo 11.º do Regime dos Bens em Circulação, o Ministro das Finanças, por proposta do diretor-geral da AT, pode determinar a revogação da autorização concedida nos termos do artigo 8.º em todos os casos em que se deixe de verificar qualquer das condições referidas no seu n.º 5, sejam detetadas irregularidades relativamente às disposições do presente diploma ou se verifiquem outros factos que ponham em causa a idoneidade da empresa autorizada. As condições referidas no n.º 5 do artigo 8.º, deixam de se verificar quando as entidades, a quem foi concedida a autorização para a impressão dos documentos, deixem de cumprir as condições ali imposto, isto é:

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 11.º

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a) Sofram condenação nos termos dos artigos 87.º a 91.º, 103.º a 107.º, 113.º, 114.º, 116.º a 118.º, 120.º, 122.º e 123.º do Regime Geral das Infracções Tributárias (RITI), aprovado pela Lei nº 15/2001, de 5 de junho, ou nos termos das normas correspondentes do Regime Jurídico das Infrações Fiscais não Aduaneiras, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 20-A/90, de 15 de janeiro;

b) Estejam em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes do n.º 1

do artigo 2.º e dos n.ºs 1 e 2 do artigo 41º do Código do IVA, do n.º 1 do artigo 57.º do Código do IRS ou do n.º 1 do artigo 120.º do Código do IRC;

c) Se encontrem em estado de falência; d) Tenham sido condenadas por crimes previstos nos artigos 256.º, 258.º, 259.º, 262.º,

265.º, 268.º e 269.º do Código Penal. Não basta, pois, ter um comportamento idóneo apenas até ao momento do pedido de concessão da autorização. A lei exige muito mais, na medida em que obriga a que esse comportamento se mantenha enquanto as empresas exerçam a sua atividade. É que a razão principal da existência das medidas consagradas no Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, é, como se sabe, a luta contra a evasão e a fraude fiscal, dado os nefastos reflexos que tem, quer para o Erário público, traduzidos na perda de avultadas receitas, contribuindo para o agravamento dos défices orçamentais e da dívida pública, quer para os contribuintes que cumprem escrupulosamente as suas obrigações fiscais, na medida em que sofrem uma concorrência desleal por parte de indivíduos que, servindo-se de meios fraudulentos para fugirem à liquidação e ou entrega do imposto nos cofres do Estado, ficam em condições de transacionarem as suas mercadorias a preços inferiores. É por isso necessário e imperioso que as empresas, a quem seja concedida tal autorização, colaborem em todo este complicado processo, mantendo uma postura idónea e credível de modo a atenuar este flagelo.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 12.º

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Artigo 12.º

Obrigação de utilização de documento de transporte impressos tipograficamente

Quando forem detetadas situações irregulares ou anómalas resultantes da utilização dos documentos processados por computador, o Ministro das Finanças, por proposta do diretor-geral dos Impostos, pode determinar, por despacho, a obrigatoriedade de os sujeitos passivos utilizarem exclusivamente documentos de transporte impressos tipograficamente, por um período não inferior ao determinado no referido despacho, num mínimo de um ano civil e máximo de quatro anos civis. (revogado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 13.º

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Artigo 13.º

Entidades fiscalizadoras

1 - Sem prejuízo das competências atribuídas por lei a outras entidades, a fiscalização do cumprimento das normas previstas no presente diploma compete à AT e à unidade com as atribuições tributárias, fiscais e aduaneiras da Guarda Nacional Republicana, cabendo também a esta última, conjuntamente com as restantes autoridades, designadamente a Polícia de Segurança Pública, prestar toda a colaboração que lhes for solicitada para o efeito. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

2 - Para assegurar a eficácia das ações de fiscalização, as entidades fiscalizadoras podem

proceder à abertura das embalagens, malas ou outros contentores de mercadorias. 3 - Relativamente à abertura de embalagens ou contentores acondicionantes de produtos que,

pelas suas caraterísticas de fácil deterioração ou perigo, não devam ser manuseados ou expostos ao meio ambiente, devem ser tomadas as seguintes providências:

a) As embalagens ou contentores de tais produtos devem ser sempre rotulados ou

acompanhados de uma declaração sobre a natureza do produto; b) As entidades fiscalizadoras, em tais casos, não devem abrir as referidas embalagens,

sem prejuízo de, em caso de dúvida quanto aos bens transportados, serem tomadas as medidas adequadas para que se verifique, em condições aconselháveis, se os bens em circulação condizem com os documentos de transporte que os acompanham.

4 - Os funcionários a quem incumbe a fiscalização prevista no n.º 1 consultam os elementos

constantes da base de dados dos bens em circulação disponibilizada pela AT, mediante acesso individual e certificado, e sempre que se verifiquem quaisquer infrações às normas do presente diploma devem levantar o respetivo auto de notícia, com a ressalva do disposto no número seguinte. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

5 - Sempre que as outras autoridades atuem em conjunto com a AT, cabe aos funcionários

desta autoridade levantar os autos de notícia a que haja lugar. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

6 - Sempre que a infração for detetada no decurso de operações em que colaborem duas ou

mais autoridades, a parte do produto das coimas que se mostrem devidas destinadas ao autuante será repartida, em partes iguais, pelos serviços envolvidos.

7 - Sempre que aplicável, as entidades referidas neste artigo devem averbar no original do

documento de transporte o facto de ter sido recolhido o respetivo duplicado. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 13.º

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NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Abuso de poder por parte dos funcionários ou violação de deveres inerentes às suas

funções (punição) - artigo 13.º, n.º 1 O funcionário que, fora dos casos previstos nos artigos anteriores, abusar de poderes ou violar deveres inerentes às suas funções, com intenção de obter, para si ou para terceiro, benefício ilegítimo ou causar prejuízo a outra pessoa, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal. (artigo 382.º do Código Penal)

2 - Autarquias locais (ações de fiscalização efetuadas a veículos que lhes pertençam quando transportem bens e utensílios afetos às atividades por elas desenvolvidas) - artigo 13.º, n.º 1 Certa Câmara Municipal vem solicitar esclarecimento sobre a aplicabilidade do regime dos bens em circulação, relativamente ao transporte de bens e utensílios afetos às atividades que desenvolve, designadamente a recolha de resíduos sólidos, execução de obras, tratamento e conservação de redes de águas e esgotos, jardins e espaços verdes, parques infantis e demais operações materiais, as quais implicam o transporte de bens e equipamento. Consequentemente solicita a emissão de diretivas adequadas aos serviços de fiscalização competentes, a fim de esclarecer o procedimento a adoptar pelos respetivos agentes fiscalizadores relativamente a veículos em serviço das autarquias locais. Sobre o assunto informa-se: 1 - O regime dos bens em circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação, visando o combate à fraude e evasão fiscal com incidência particular na área do IVA e do IRC. 2 - Determina o artigo 1.º do citado diploma que, "todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma", entendendo-se por documento de transporte, a fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documento equivalente [cfr. alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º]. 3 - Por sua vez, nos termos da alínea a) n.º 1 do artigo 2.º, do mesmo diploma, consideram-se bens os que puderem ser objeto de transmissão nos termos do artigo 3.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, normativo este que nos dá o seguinte conceito de transmissão de bens:

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 13.º

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"Consideram-se, em geral, transmissão de bens a transferência onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade". 4 - Contudo, bens há que estão excluídos do âmbito do regime dos bens em circulação, o que significa que, a sua circulação não implica a obrigatoriedade da emissão de documento de transporte. Estão nestas condições os que constam das alíneas a) a n) do n.º 1 do artigo 3.º do regime aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, bem como todos aqueles que não provenham de sujeitos passivos considerados como tal pelo artigo 2.º do Código do IVA. 5 - No caso em análise, está em causa o transporte de bens e utensílios afetos às atividades desenvolvidas por aquele Município, designadamente a recolha de resíduos sólidos, execução de obras, tratamento e conservação de redes de águas e esgotos, jardins e espaços verdes, parques infantis. 6 - O n.º 2 do artigo 2.º do Código do IVA determina a não sujeição a IVA do Estado e demais pessoas coletivas de direito público, quando atuem no âmbito das suas atribuições típicas, com vista a uma satisfação direta e imediata do interesse público, fazendo uso das suas prerrogativas de autoridade. 7 - Todavia, de acordo com a parte final do normativo citado, o regime de não sujeição das entidades públicas é limitado ao exercício de atividades cuja não sujeição não origine distorções de concorrência, ou seja, aquelas que sejam cometidas aos utentes públicos em regime de exclusividade legal ou, quando estejam em causa as atividades elencadas no n.º 3 do mesmo artigo, que sejam exercidas de forma não significativa. 8 - A Câmara em causa ao desenvolver as atividades descritas, está abrangida pela regra de não sujeição a que se refere o n.º 2 do artigo 2.º do Código do IVA uma vez que se tratam de operações realizadas no exercício dos seus poderes de autoridade e consequentemente não abrangidas pelas regras impostas pelo regime dos bens em circulação. 9 - Assim, tratando-se de uma situação específica e exclusiva do campo de incidência do IVA, afigura-se que não deverá ser exigido por parte dos agentes fiscalizadores o documento justificativo da proveniência dos bens a que se refere o artigo 1.º do regime dos bens em circulação, aprovado pelo já citado Decreto-Lei n.º 147/2003. (Informação nº 1926, de 19/11/99, Proc. F254 19999016, da DSIVA, sancionada por Despacho de 19/11/99, com a devida atualização)

3 - Autos de notícia (competência para o seu levantamento) - artigo 13.º, n.ºs 4 e 5 Segundo o disposto no artigo 59.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), nem todos os funcionários são competentes para levantar autos de notícia relevantes para efeitos de instauração de processos contraordenacionais tributários. Assim, e sem prejuízo do disposto em lei especial, são apenas competentes para o levantamento do auto de notícia, em caso de contraordenação tributária, além do

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órgão de polícia criminal com competência para fiscalização tributária, as seguintes entidades: a) Diretor-Geral e subdiretores-gerais da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT); b) Diretores de serviços da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT); c) Diretores de finanças; d) Diretores de finanças-adjuntos; e) Diretores das Diretores Regionais de Contencioso e Controlo Aduaneiro; f) Diretores de Alfândega; g) Chefes das declarações aduaneiras; h) Coordenadores de postos aduaneiros; i) Chefes de finanças; j) Pessoal técnico superior e pessoal técnico da área da inspeção tributária da

Autoridade Tributária e Aduaneira (AT); l) Outros funcionários da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) que exerçam funções

de inspeção, quer atribuídas por lei quer por determinação de superiores hierárquicos mencionados nas alíneas anteriores.

4 - Auto de notícia (elementos que deve conter) - artigo 13.º, n.º 4 O auto de notícia deve conter, sempre que possível: a) A identificação do autuante e do autuado, com menção do nome, número fiscal de

contribuinte, profissão, morada e outros elementos necessários; b) O lugar onde se praticou a infração e aquele onde foi verificada; c) O dia e hora da contraordenação e os da sua verificação; d) A descrição dos factos constitutivos da infração; e) A indicação das circunstâncias respeitantes ao infrator e à contraordenação que

possam influir na determinação da responsabilidade, nomeadamente a sua situação económica e o prejuízo causado ao credor tributário;

f) A menção das disposições legais que prevêem a contraordenação e cominam a

respetiva sanção; g) A indicação das testemunhas que possam depor sobre a contraordenação;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 13.º

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h) A assinatura do autuado e, na sua falta, a menção dos motivos desta; i) A assinatura do autuante, que poderá ser efetuada por chancela ou outro meio de

reprodução devidamente autorizado, podendo a autenticação ser efetuada por aposição de selo branco ou por qualquer forma idónea de assinatura e do serviço emitente.

(n.º 2 do art.º 57.º do Regime Geral das Infrações Tributárias) NOTA: A autoridade ou agente de autoridade só pode levantar o auto de notícia se verificar pessoalmente os factos constitutivos da contraordenação tributária, se para isso for competente (cfr. n.º 1 do art.º 57.º do RGIT). Se o conhecimento dos factos constitutivos da contraordenação tributária não derivar de verificação pessoal, o funcionário que tiver tal conhecimento deverá efetuar participação por escrito, de acordo com o disposto nos n.ºs 1 e 5 do art.º 60.º do RGIT. Se algum funcionário sem competência para levantar auto de notícia tiver conhecimento, no exercício ou por causa do exercício das suas funções, de qualquer contraordenação, participá-lo-á, por escrito, ou verbalmente, à autoridade competente para o seu processamento (n.º 1 do art.º 60.º do RGIT).

5 - Auto de notícia (força probatória) - artigo 13.º, n.º 4 O auto de notícia, que pode servir de base ao processo de contraordenação [cfr. alínea a) do art.º 56.º do RGIT], tem força probatória que lhe advém do disposto no n.º 2 do artigo 69.º do RGIT, ou seja, da presunção legal de verdade, dispensando a instrução do processo e sendo fundamento bastante para aplicar a coima, sem prejuízo, no entanto, da obtenção de outros elementos indispensáveis para a prova da culpabilidade do arguido ou para demonstrar a sua inocência. Todavia, para que o auto seja dotado de tal validade e eficácia, é necessário que se verifiquem reunidos determinados requisitos, dos quais realçamos a presencialidade dos factos pelo autuante. A autoridade ou agente tem de verificar direta e pessoalmente os factos constitutivos de uma contraordenação (cfr. n.º 1 do art.º 57.º do RGIT). Na falta deste requisito, deve o agente efetuar a participação, verbalmente ou por escrito, ao Serviços de Finanças competente para a perseguição da contraordenação (cfr. nº 5 do artigo 60.º do RGIT). Mesmos assim, é ainda necessário que o autuante tenha competência para o levantamento do auto, competência essa que o artigo 59.º do RGIT nos diz a quem está atribuída.

6 - Averbamento da recolha do duplicado do documento de transporte pelas entidades fiscalizadoras - artigo 13.º, n.º 7

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 13.º

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Quando o transportador estiver na posse do Código de identificação, como é possível as entidades fiscalizadores averbar no original do documento de transporte a recolha do duplicado? O n.º 7 do artigo 13.º do Regime dos Bens em Circulação, diz que «sempre que aplicável, as entidades referidas neste artigo devem averbar no original do documento de transporte o facto de ter sido recolhido o respetivo duplicado». Ora, no caso citado, o averbamento não é possível na medida em que, quando o transportador estiver em posse do Código de identificação, não é necessário os bens serem acompanhados do documento de transporte impresso em papel, por isso a lei diz «sempre que aplicável». É esta a conclusão que se tira do n.º 8 do artigo 5.º do Regime dos Bens em Circulação, onde se diz que sempre que o transportador disponha de código fornecido pela AT, fica dispensado de se fazer acompanhar de documento de transporte.

7 - Entidades competentes para a fiscalização do cumprimento das obrigações impostas pelo regime dos bens em circulação - artigo 13.º, n.º 1 A exemplo do que acontece noutros Estados membros da Comunidade Europeia, constata-se hoje a existência de fortes indícios de fraude e evasão fiscais, a que nenhuma administração fiscal pode ficar alheia. Trata-se, com efeito, de um fenómeno de contornos sempre bem definidos e de difícil deteção que, além dos prejuízos causados nos cofres públicos, falseia as regras da concorrência entre os próprios agentes económicos, nomeadamente em relação aos que cumprem regularmente as suas obrigações fiscais. De uma maneira geral, a fiscalização assume particular relevância no Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), dadas as suas caraterísticas, já que visa tributar todo o consumo de bens materiais e serviços, abrangendo na sua incidência todas as fases do circuito económico, desde a produção ao retalho, e ainda o facto de ser arrecadado segundo o método da autoliquidação, transferindo, assim, para os contribuintes as tarefas de o calcular e entregar nos cofres do Estado. À Administração Fiscal incumbe, essencialmente, conferir as operações e fiscalizar o funcionamento do sistema, de forma a garantir o cumprimento da lei e evitar a fraude e a evasão fiscal, num domínio a elas especialmente propício. O artigo 13.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, mais propriamente o seu n.º 1, atribui competência para a fiscalização do cumprimento das normas em causa, sem prejuízo das competências atribuídas por lei a outras entidades, às seguintes entidades: a) À Autoridade Tributária e Aduaneira (AT); b) À unidade com as atribuições tributárias, fiscais e aduaneiras da Guarda Nacional

Republicana, cabendo-lhe também, conjuntamente com as restantes autoridades,

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 13.º

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designadamente a Polícia de Segurança Pública, prestar toda a colaboração que lhes for solicitada para o efeito.

Só estas entidades, isoladamente ou em colaboração, têm competência para fiscalizar as obrigações impostas pelo Regime dos Bens em Circulação, o mesmo já não acontecendo com a Polícia de Segurança Pública, à qual a lei não atribui competência para, isoladamente, exercer tal tarefa. Consequentemente, a P.S.P. não tem competência para, nesta matéria, e à luz do normativo em causa, elaborar autos de apreensão de bens e veículos em circulação, nem levantar os autos de notícia que lhe estejam associados, autos estes que, mesmo quando a P.S.P. colabore com aquelas entidades, deverão ser sempre levantados pelos funcionários das mesmas.

8 - Fiscalização da circulação de produtos que, pelas suas caraterísticas de fácil deterioração ou perigo, não devam ser manuseados ou expostos ao meio ambiente - artigo 13.º, n.º 3 Tal como consta do n.º 3 do artigo 13.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, quando se trate da circulação de produtos que, pelas suas caraterísticas de fácil deterioração ou perigo, não devam ser manuseados ou expostos ao meio ambiente, as entidades competentes para a fiscalização do cumprimento das obrigações impostas por aquele diploma, não deverão abrir as respetivas embalagens. Porém, em caso de dúvida, tal normativo permite que se tomem, como é óbvio, as medidas adequadas para que se verifique, em condições aconselháveis de segurança, se os bens em circulação condizem com os documentos de transporte que os acompanham. Para tal entendemos que, quando necessário, deverão as entidades fiscalizadoras solicitar a colaboração do pessoal técnico da Direção-Geral do Ambiente, entidade competência para, entre outras medidas, aprovar, modificar ou rejeitar quaisquer medidas relativas à classificação, embalagem e rotulagem de uma substância, bem como às recomendações de segurança referentes ao uso da mesma, e adoptar, sempre que se revele necessário para a avaliação do perigo que pode representar uma substância, as providências adequadas.

9 - Participação de infrações tributárias por funcionários sem competência para levantar o auto de notícia - artigo 13.º, n.º 4

Como já antes se disse, se algum funcionário sem competência para levantar auto de notícia tiver conhecimento, no exercício ou por causa do exercício das suas funções, de qualquer contraordenação, participá-lo-á, por escrito, ou verbalmente, à autoridade competente para o seu processamento (cfr. n.º 1 do art.º 60.º do RGIT).

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 13.º

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Tratando-se de funcionário com competência para levantar auto de notícia, que teve conhecimento da contraordenação, mas que não a verificou pessoalmente, deve igualmente apresentar participar do facto (cfr. n.º 5 do art.º 60.º do RGIT). Só os funcionários com competência para levantar auto de notícia, que verifiquem pessoalmente a contraordenação tributária, é que devem levantar o respetivo auto de notícia e enviá-lo imediatamente à entidade que deva instruir o processo (cfr. n.º 1 do art.º 57.º do RGIT).

10 - Polícia de Segurança Pública (não tem competência para, isoladamente, fiscalizar o cumprimento das obrigações impostas pelo novo regime dos bens em circulação) - artigo 13.º, n.ºs 1 e 5 Tal com já antes se disse, a Polícia de Segurança Pública (P.S.P.) não tem competência para, em matéria da fiscalização do cumprimento das normas previstas no artigo 13.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, elaborar autos de apreensão de bens e veículos em circulação, nem levantar os autos de notícia que lhe estejam associados, autos estes que, mesmo quando a P.S.P. colabore com as autoridades competentes para tal (a AT ou a unidade própria da GNR), deverão ser sempre levantados pelos funcionários destas autoridades (cfr. n.ºs 1 e 5 do art.º 13.º do RBC).

11 - Violação do dever de cooperação - artigo 13.º 1 - A recusa de colaboração e a oposição à ação da inspeção tributária, quando ilegítimas, fazem incorrer o infrator em responsabilidade disciplinar, quando for caso disso, contraordenacional e criminal, nos termos da lei. 2 - Para efeitos do número anterior, devem os funcionários da inspeção tributária comunicar a recusa ou oposição ao dirigente máximo do serviço ou ao representante do Ministério Público competente, quando delas resultem respetivamente responsabilidade disciplinar, contra-ordenacional ou criminal. (artigo 32.º do Regulamento da Inspeção Tributária)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 14.º

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SECÇÃO I

Infrações

Artigo 14.º

Infrações detetáveis no decurso da circulação de bens

1 - A falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte ou dos documentos referidos no artigo 1.º e no n.º 2 do artigo 7.º e ainda as situações previstas nos n.ºs 2 e 4 do artigo 6.º, farão incorrer os infratores nas penalidades previstas no artigo 117.º do Regime Geral das Infrações Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 5 de junho, aplicáveis quer ao remetente dos bens quer ao transportador que não seja transportador público regular de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço.

2 - As omissões ou inexatidões praticadas nos documentos de transporte referidos no artigo

1.º e no n.º 2 do artigo 7.º, que não sejam a falta de indicação do número de identificação fiscal do destinatário ou adquirente dos bens, ou de qualquer das menções referidas nos n.ºs 4 e 8, ou ainda o não cumprimento do disposto no n.º 7, todos do artigo 4.º, fazem incorrer os sujeitos passivos a que se refere o n.º 1 do artigo 6.º nas penalidades previstas no artigo 117.º do Regime Geral das Infrações Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 5 de junho. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

3 - É unicamente imputada ao transportador a infração resultante da alteração do destino

final dos bens, ocorrida durante o transporte. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) 4 - Quando os bens em circulação, transportados num único veículo, provierem de mais de

um remetente, a cada remetente será imputada a infração resultante dos bens por ele remetidos. 5 - Sempre que o transportador dos bens em circulação em situação irregular não

identifique o seu remetente, ser-lhe-á imputada a respetiva infração. 6 - Consideram-se não emitidos os documentos de transporte sempre que não tenham sido

observadas as normas de emissão ou de comunicação constantes dos artigos 5.º e 8.º. (redação dada pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

7 - Somente são aplicáveis as sanções referidas no presente artigo quando as infrações forem

verificadas durante a circulação dos bens. (redação dada pela Lei nº 3-B/2010, de 28/4) 8 - É sempre competente para a aplicação de coimas por infrações ao presente diploma o chefe

do serviço de finanças da área onde foram detetadas. (aditado pela Lei nº 3-B/2010, de 28/4)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 14.º

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9 - Sempre que aplicável, considera-se falta de exibição do documento de transporte a não apresentação imediata do código previsto no n.º 7 do artigo 5.º. (aditado pelo Dec. Lei n.º 198/2012, de 24/8)

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Coima a aplicar quando se verifique a falsificação, viciação, ocultação, destruição ou

danificação dos documentos de transporte - artigo 14.º De acordo com o n.º 1 do artigo 118.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), quem dolosamente falsificar, viciar, ocultar, destruir ou danificar elementos fiscalmente relevantes, quando não deva ser punido pelo crime de fraude fiscal (previsto no artigo 103.º do mesmo diploma), é punido com coima variável entre € 750 e o triplo do imposto que deixou de ser liquidado, até € 37 500. Por sua vez, o n.º 3 do mesmo artigo diz-nos que, no caso de não haver imposto a liquidar, os limites das coimas previstas no número anterior são reduzidos a metade. Atente-se que, no n.º 1 do citado artigo 118.º, se faz expressa referência ao caráter doloso da contraordenação. Esta menção expressa do caráter doloso das condutas descritas (falsificação, viciação, ocultação, destruição ou danificação) deve ser interpretada como uma disposição expressa que visa afastar a punição por negligência, para efeitos do n.º 1 do artigo 24.º, onde se diz que «salvo disposição expressa da lei em contrário, as contraordenações tributárias são sempre puníveis a título de negligência». Com efeito, nas restantes contraordenações fiscais previstas no RGIT, descrevem-se tipos legais em que está inserida a punição a título de dolo, apesar de não existir qualquer referência expressa nesse sentido. Assim sendo, a referência expressa a punição a título de dolo deve ser interpretada como manifestação de uma intenção legislativa de afastar, no âmbito deste artigo, a punição por negligência, genericamente admitida pelo n.º 1 do artigo 24.º. Contudo, as condutas aqui referidas (falsificação, viciação, ocultação, destruição ou danificação), caso sejam praticadas a título de negligência, não deixam de ser punidas, na medida em que têm cabimento no artigo 119.º do RGIT, o qual abrange todas as omissões e inexatidões que não sejam puníveis pelo artigo 118.º, em que se incluirão as praticadas por negligência.

Quadro prático para aplicação da coima (artigo 118.º do RGIT)

Infrações Moldura penal aplicável

(mínimo e máximo) (Falsificação, viciação, ocultação, destruição ou danificação dos documentos de transporte) 1 - Quem dolosamente falsificar, viciar, ocultar, destruir ou danificar

Pes. Sing.

Com imposto

Dolo

Variável entre € 750

e o triplo do imposto que deixou de ser liquidado,

até € 37 500

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 14.º

329

Pes. Col.

a liquidar

Dolo

Variável entre € 1500

e o sêxtuplo do imposto que deixou de ser

liquidado, até

€ 75 000

Pes. Sing.

Dolo

€ 375 a 18.750

elementos fiscalmente relevantes, quando não deva ser punido pelo crime de fraude fiscal, é punido com coima variável entre € 750 e o triplo do imposto que deixou de ser liquidado, até € 37 500. 3 – No caso de não haver imposto a liquidar, os limites das coimas previstas nos números anteriores são reduzidos a metade.

Pes. Col

Sem imposto a liquidar

Dolo

€ 750 a 37.500 (a)

(a) - n.º 4 do artigo 26.º

2 - Coima a aplicar quando se verifique a falta de anotação no documento de transporte da alteração ao local de destino ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados - artigo 14.º, n.º 3 Segundo o disposto no n.º 8 do artigo 4.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, as alterações ao local de destino, ocorridas durante o transporte, obrigam à emissão de documento de transporte adicional em papel, identificando a alteração e o documento alterado. A não observância desta disposição faz incorrer unicamente o transportador (cfr. n.º 3 do art.º 14.º do RBC) na penalidade prevista no n.º 2 do artigo 119.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), na coima cujos limites (€ 375 a € 22 500 quando se trate de pessoas singulares ou € 750 a 45.000 quando se trate de pessoas coletivas) previstos no n.º 1, são reduzidos a um quarto, ou seja, depois da redução, € 93,75 a 5.625 ou € 187,5 a 11 250 respetivamente.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 93,75 a 5625 (a)

Pes. Sing.

Neg.

€ 93,75 a 2812,5 (b)

Dolo

€ 187,5 a 11 250 (c)

(Alterações ao local de destino ocorridas durante o transporte quando o transportador não cumpre as obrigações estabelecidas) 1 – As omissões ou inexactidões relativas à situação tributária que não constituam fraude fiscal nem contraordenação prevista no artigo anterior, praticadas nas declarações, bem como nos documentos comprovativos dos factos, valores ou situações delas constantes, incluindo as praticadas nos livros de contabilidade e escrituração, nos documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir ou noutros documentos fiscalmente relevantes que devam ser mantidos, apresentados ou exibidos são puníveis com coima de € 375 a € 22 500. 2 – No caso de não haver imposto a liquidar, os limites das coimas previstas no número anterior são reduzidos a um quarto.

Pes. Col

Neg.

€ 187,5 a 5625 (d)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 14.º

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(a) € 375 x 1/4 = € 93,75 (c) € 750 x 1/4 = € 187,5

€ 22.500 x 1/4 = € 5.625 € 45 000 x 1/4 = € 11 250 (b) € 375 x 1/4 = € 93,75 (d) € 750 x 1/4 = € 187,5

€ 11 250 x 1/4 = € 2812,5 € 22 500 x 1/4 = € 5625 É competente para a aplicação da coima o chefe do serviço de finanças da área onde for detetada a infração (cfr. n.º 8 do art.º 14.º do RBC).

3 - Coima a aplicar quando se verifique a falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte, ou dos documentos referidos no n.º 2 do artigo 7.º e ainda as situações previstas nos n.ºs 2 e 4 do artigo 6.º - artigo 14.º, n.º 1

O n.º 1 do artigo 14.º do Regime dos Bens em Circulação aplica-se às seguintes infrações: a) Falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte referido no

artigo 1.º (fatura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes);

b) Falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte referido no n.º

2 do artigo 7.º, isto é, quando se trate da importação de bens em Portugal que circulem entre a estância aduaneira de desalfandegamento e o local do primeiro destino;

c) Às situações previstas nos n.ºs 2 e 4 do artigo 6.º, ou seja:

i) Nos casos em que os documentos de transporte se devem considerar não

exibidos, por terem sido emitidos por sujeitos que se encontrem em qualquer das seguintes situações: - que não estejam registados; - que tenham cessado a atividade nos termos dos atrigo 33.º ou 34.º do CIVA; ou - que estejam em falta relativamente ao cumprimento das obrigações constantes

do artigo 41º do CIVA, durante três períodos consecutivos. ii) Documentos de transporte na posse de sujeitos passivos que, sendo

simultaneamente transportador e destinatário, se encontrem em qualquer das situações referidas na subalínea anteriormente.

Contudo, as respetivas sanções só serão aplicáveis quando as infrações forem verificadas durante a circulação dos bens (cfr. n.º 7 do artigo 14.º do RBC), tendo-se presente que, segundo o disposto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 2.º, os bens se consideram em circulação quando:

- forem encontrados fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição,

dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 14.º

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consignação ou de simples transferência, efetuada pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado;

- forem encontrados em veículos no ato de descarga ou transbordo mesmo quando

tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação;

- se encontrem expostos para venda em feiras e mercados a que se referem os

Decretos-Leis n.ºs 252/86, de 25 de agosto, e 259/95, de 30 de setembro. Tais infrações determinam a aplicação de coima variável entre € 150 a € 3750 caso se trate de pessoas singulares, ou € 300 a € 7500 caso se trate de pessoas coletivas.

Quadro prático para aplicação da coimas

Infração Moldura penal aplicável (Mínimo e máximo)

Dolo

€ 150 a 3750

Pes. Sing.

Neg.

€ 150 a 1875 (a)

Dolo

€ 300 a 7500 (b)

(Falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte) A falta ou atraso na apresentação ou a não exibição, imediata ou no prazo que a lei ou a administração tributária fixarem, de declarações ou documentos comprovativos dos factos, valores ou situações constantes das declarações, documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir, comunicações, guias, registos, ainda que magnéticos, ou outros documentos e a não prestação de informações ou esclarecimentos que autonomamente devam ser legal ou administrativamente exigidos são puníveis com coima de € 150 a € 3750.

Pes. Col

Neg.

€ 300 a 3750 (b)

(a) n.º 2 do artigo 24.º do RGIT (b) n.º 4 do artigo 26.º do RGIT

Para além das respetivas coimas, a não exibição imediata do documento de transporte pelo transportador implica ainda a apreensão da viatura e dos bens transportados. Considera-se como não emitido o documento de transporte quando não se tenha efetuado a comunicação à AT dos elementos desse documento, quando tal seja exigido. É ainda considerado como não emissão do documento de transporte quando estes não tenham sido processados nos termos do artigo 5.º ou 8.º do Regime dos Bens em Circulação (por meios eletrónicos, informáticos ou em papel). É considerada falta de exibição imediata do documento de transporte, a não apresentação imediata do Código de Identificação pela comunicação à AT do documento de transporte através de transmissão eletrónica de dados.

4 - Documentos de transporte (comunicação inexata dos elementos) - artigo 14.º, n.º 6 Em caso de comunicação errada dos elementos do documento de transporte (por ex., no processamento do documento indicaram-se 100 unidades mas na comunicação referiram-se apenas 50) existe alguma penalidade específica aplicável?

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 14.º

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E no caso de o remetente dos bens habilitar terceiro a comunicar os elementos do documento de transporte, em seu nome e por sua conta, caso esse terceiro comunique de forma errada algum desses elementos, sobre quem recairá a responsabilidade daí decorrente? De acordo com o disposto no n.º 6 do artigo 14.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, consideram-se não emitidos os documentos de transporte sempre que não tenham sido observadas as normas de emissão ou de comunicação constantes dos artigos 5.º e 8.º. Assim, no caso em apreciação, verifica-se que não foram corretamente observadas as normas de comunicação dos elementos dos documentos de transporte, pelo que, no caso de ser solicitada a sua exibição no decorrer do transporte, os documentos de transporte consideram-se como não emitidos, o que será punido nos termos do artigo 117.º do RGIT, por força do disposto no n.º 1 do artigo 14.º do Regime. Caso a empresa habilite um terceiro a proceder, em seu nome e por sua conta, à emissão e comunicação dos elementos dos documentos de transporte, a responsabilidade pelas infrações cometidas nessa emissão ou comunicação, será sempre da empresa emitente e não do terceiro habilitado para o efeito.

5 - Dolo (noção) - artigo 14.º 1 - Age com dolo quem, representando um facto que preenche um tipo de crime, actua com a intenção de o realizar. 2 - Age ainda com dolo quem representar a realização de um facto que preenche um tipo de crime como consequência necessária da sua conduta. 3 - Quando a realização de um facto que preenche um tipo de crime for representada como consequência possível da conduta, há dolo se o agente actuar conformando-se com aquela realização. (artigo 14.º do Código Penal) NOTA: 1 - Entende-se por dolo qualquer sugestão ou artifício que alguém empregue com a intenção ou consciência de induzir ou manter em erro o autor da declaração, bem como a dissimulação, pelo declaratário ou terceiro, do erro do declarante. 2 - Não constituem dolo ilícito as sugestões ou artifícios usuais, considerados legítimos segundo as concepções dominantes no comércio jurídico, nem a dissimulação do erro, quando nenhum dever de elucidar o declarante resulte da lei, de estipulação negocial ou daquelas concepções. (artigo 253.º do Código Civil)

6 - Graduação das coimas - artigo 14.º, n.ºs 1 e 2

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Sem prejuízo dos limites máximos fixados no artigo 26.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT), a coima deverá ser graduada em função da gravidade do facto, da culpa do agente, da sua situação económica e, sempre que possível, exceder o benefício económico que o agente retirou da prática da contraordenação (cfr. n.º 1 do art.º 27.º do RGIT). Se a contra-ordenação consistir na omissão da prática de um ato devido, a coima deverá ser graduada em função do tempo decorrido desde a data em que o facto devia ter sido praticado (cfr. n.º 2 do art.º 27.º do RGIT). Como se vê do n.º 1 do artigo 27.º do RGIT a coima deve exceder, sempre que possível, o benefício económico que o agente retirou da prática da contraordenação. Contudo, tal não será possível quando este benefício exceder o limite legal admissível que for aplicável ao caso e quando ele ultrapasse o máximo previsto no tipo legal de contraordenação. Note-se que nos casos em que esteja em causa o pagamento de uma prestação tributária, relativamente ao benefício económico que o agente retirou da infração, deverão ter-se em conta os juros compensatórios, na medida em que estes se integram na dívida tributária, com a qual são conjuntamente liquidados (cfr. n.º 8 do art.º 35.º da L.G.T.), razão de deverem ter um tratamento idêntico.

7 - Negligência (noção) - artigo 14.º Age com negligência quem, por não proceder com o cuidado a que, segundo as circunstâncias, está obrigado e de que é capaz: a) Representar como possível a realização de um facto que preenche um tipo de crime

mas atuar sem se conformar com essa realização; ou b) Não chegar sequer a representar a possibilidade de realização do facto.

(artigo 15.º do Código Penal)

8 - Transportadores públicos regulares de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço - artigo 14.º, n.ºs 1 e 2 Segundo o disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 14.º do Regime dos Bens em Circulação, as faltas ali referidas não se aplicam aos transportadores públicos regulares de passageiros ou mercadorias ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço. Já na vigência do Decreto Lei n.º 97/86, de 16 de maio, através do Ofício-Circulado n.º 47 993, de 19/05/88, da DS de Controle do SIVA, se havia decidido que «às empresas mencionadas não devem ser imputadas responsabilidades pelas infrações cometidas como transportadoras, sempre que as faltas praticadas respeitem à não coincidência entre os bens transportados e os mencionados no documento de transporte que os acompanhem.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 14.º

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Contudo, verificando-se as faltas antes referidas, não deixarão de levantar-se os autos de notícia com vista à aplicação das penalidades imputadas aos emitentes dos bens, como é evidente.» Chama-se contudo à atenção para o facto de que o normativo em causa se refere apenas aos veículos afetos aos transportes públicos regulares de passageiros ou mercadorias, e não aos veículos que estejam afetos ao transporte público ocasional. Consequentemente, caso os veículos que transportam os bens estejam afetos ao transporte público ocasional rodoviário de mercadorias, e se verifique a infração em causa, será de penalizar não só as empresas remetentes dos bens, mas também as empresas que os transportam.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 15.º

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SECÇÃO II

Da apreensão

Artigo 15.º

Apreensão provisória

1 - Quando, em relação aos bens encontrados em circulação nos termos dos artigos 1.º e 3.º, as entidades fiscalizadoras detetem indícios da prática de infração criminal, podem exigir prova da sua proveniência ou destino, a qual deve ser imediatamente feita, sob pena de se proceder à imediata apreensão provisória dos mesmo e do veículo transportador, nos termos do artigo 16.º. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

2 - Do auto devem obrigatoriamente constar os fundamentos que levaram à apreensão

provisória, designadamente os requisitos exigidos no número anterior. 3 - Se a prova exigida no n.º 1 não for feita de imediato ou não for efetuada dentro de cinco

dias úteis, a apreensão provisória converter-se-á em definitiva, passando a observar-se o disposto no artigo 17.º.

4 - O disposto no presente artigo aplica-se, com as devidas adaptações, às situações previstas

nos n.ºs 2 e 4 do artigo 6.º. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Crimes fiscais (abuso de confiança) - artigo 15.º, n.º 1

1 – Quem não entregar à administração tributária, total ou parcialmente, prestação tributária de valor superior a € 7500, deduzida nos termos da lei e que estava legalmente obrigado a entregar é punido com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias. 2 – Para os efeitos do disposto no número anterior, considera-se também prestação tributária a que foi deduzida por conta daquela, bem como aquela que, tendo sido recebida, haja obrigação legal de a liquidar, nos casos em que a lei o preveja. 3 – É aplicável o disposto no número anterior ainda que a prestação deduzida tenha natureza parafiscal e desde que possa ser entregue autonomamente. 4 – Os factos descritos nos número anteriores só são puníveis se:

a) Tiverem decorrido mais de 90 dias sobre o termo do prazo legal de entrega da

prestação;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 15.º

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b) A prestação comunicada à administração tributária através da correspondente declaração não for paga, acrescida dos juros respetivos e do valor da coima aplicável, no prazo de 30 dias após a notificação para o efeito.

5 – Nos casos previstos nos números anteriores, quando a entrega não efetuada for superior a € 50 000, a pena é de prisão de um cinco anos e de multa de 240 a 1200 dias para as pessoas coletivas. 6 – Se o valor da prestação a que se referem os números anteriores não exceder € 2000, a responsabilidade criminal extingue-se pelo pagamento da prestação, juros respectivos e valor mínimo da coima aplicável pela falta de entrega da prestação no prazo legal, até 30 dias após a notificação para o efeito pela administração tributária. (revogado pela Lei nº 64-A/2008, de 31/12) 7 – Para efeitos do disposto nos números anteriores, os valores a considerar são os que, nos termos da legislação aplicável, devam constar de cada declaração a apresentar à administração tributária. (artigo 105.º do Regime Geral das Infrações Tributárias)

2 - Crimes fiscais (fraude) - artigo 15.º, n.º 1 1 – Constituem fraude fiscal, punível com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias, as condutas ilegítimas tipificadas no presente artigo que visem a não liquidação, entrega ou pagamento da prestação tributária ou a obtenção indevida de benefícios fiscais, reembolsos ou outras vantagens patrimoniais susceptíveis de causarem diminuição das receitas tributárias. A fraude pode ter lugar por:

a) Ocultação ou alteração de factos ou valores que devam constar dos livros de

contabilidade ou escrituração, ou das declarações apresentadas ou prestadas a fim de que a administração fiscal especificamente fiscalize, determine, avalie ou controle a matéria coletável;

b) Ocultação de factos ou valores não declarados e que devam ser revelados à

administração tributária; c) Celebração de negócio simulado, quer quanto ao valor, quer quanto à natureza,

quer por interposição, omissão ou substituição de pessoas. 2 – Os factos previstos no número anterior não são puníveis se a vantagem patrimonial ilegítima for inferior a € 15 000. 3 – Para efeitos do disposto nos números anteriores, os valores a considerar são os que, nos termos da legislação aplicável, devam constar de cada declaração a apresentar à administração tributária. (artigo 103.º do Regime Geral das Infrações Tributárias)

3 - Crimes fiscais (fraude qualificada) - artigo 15.º, n.º 1

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 15.º

337

1 – Os factos previstos no artigo anterior são puníveis com prisão de um a cinco anos para as pessoas singulares e multa de 240 a 1200 dias para as pessoas coletivas quando se verificar a acumulação de mais de uma das seguintes circunstâncias:

a) O agente se tiver conluiado com terceiros que estejam sujeitos a obrigações

acessórias para efeitos de fiscalização tributária; b) O agente for funcionário público e tiver abusado gravemente das suas funções; c) O agente se tiver socorrido do auxílio do funcionário público com grave abuso

das suas funções; d) O agente falsificar ou viciar, ocultar, destruir, inutilizar ou recusar entregar,

exibir ou apresentar livros, programas ou ficheiros informáticos e quaisquer outros documentos ou elementos probatórios exigidos pela lei tributária;

e) O agente usar os livros ou quaisquer outros elementos referidos no número

anterior sabendo-os falsificados ou viciados por terceiros; f) Tiver sido utilizada a interposição de pessoas singulares ou coletivas residentes

fora do território português e aí submetidas a um regime fiscal claramente mais favorável;

g) O agente se tiver conluiado com terceiros com os quais esteja em situação de

relações especiais. 2 – A mesma pena é aplicável quando:

a) A fraude tiver lugar mediante a utilização de faturas ou documentos equivalentes

por operações inexistentes ou por valores diferentes ou ainda com a intervenção de pessoas ou entidades diversas das da operação subjacente; ou

b) A vantagem patrimonial for de valor superior a € 50 000.

3 - Se a vantagem patrimonial for de valor superior a € 200 000, a pena é a de prisão de 2 a 8 anos para as pessoas singulares e a de multa de 480 a 1920 dias para as pessoas coletivas. 4 – Os factos previstos nas alíneas d) e e) do n.º 1 do presente preceito com o fim definido no n.º 1 do artigo 103.º não são puníveis autonomamente, salvo se pena mais grave lhes couber. (artigo 104.º do Regime Geral das Infrações Tributárias)

4 - Poder discricionário dos funcionários encarregues da fiscalização - artigo 15.º, n.º 1 O poder discricionário dado, pelo n.º 1 do artigo 15.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, às entidades fiscalizadoras é, em nosso entender, muito lato, já que a lei nos diz que a apreensão provisória pode ser feita «quando, em relação aos bens encontrados em circulação nos

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 15.º

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termos dos artigos 1.º e 3.º, as entidades fiscalizadoras detetem indícios da prática de infração criminal, podem exigir prova da sua proveniência ou destino, a qual deve ser imediatamente feita, sob pena de se proceder à imediata apreensão provisória dos mesmo e do veículo transportador, nos termos do artigo 16.º». Exigida a prova da sua proveniência ou destino, se esta não for imediatamente feita, as respetivas autoridades procedem logo à apreensão provisória dos bens e dos veículos, nos termos do n.º 1 do artigo 15.º. É, pois, um poder muito amplo, que exige das entidades fiscalizadoras o uso do bom senso, como aliás deve ser seu apanágio, mas também aos donos dos bens ou transportadores se recomenda a prudência necessária para evitar situações desagradáveis e incómodas (a apreensão provisória dos bens e dos veículos que os transportem), motivo para, também aqui, aconselharmos que, mesmo quando se trate de bens excluídos do âmbito do Regime dos Bens em Circulação, os mesmos sejam acompanhados (quando possa haver um mínimo de suspeitas de fraude fiscal) de qualquer documento que, embora não necessite de obedecer aos requisitos exigidos pelos artigo 4.º, 5.º, 6.º e 8.º do Regime citado, deve, no entanto, ser rodeado do mínimo de credibilidade.

5 - Prova de que os bens em circulação não provêm de um sujeito passivo - artigo 15.º, n.º 1

Tal como consta do artigo 1.º do Regime dos Bens em Circulação, só os bens que sejam objeto de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, considerados como tal pelo artigo 2.º do Código do IVA, deverão ser acompanhados de documentos de transporte. Assim, bens há que estão excluídos das obrigações constantes de tal diploma, quer porque não provêm daqueles sujeitos passivos, quer porque, embora provenientes desses sujeitos passivos, o próprio diploma os exclui do seu âmbito, como é o caso das situações previstas no artigo 3.º. Todavia, quando se trate de bens que possam ser considerados em circulação nos termos das alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 2.º, ou seja:

- todos os que se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação,

exposição, dos estabelecimentos de venda por grosso e a retalho ou de armazém de retém, por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devolução, de afetação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em prestações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência, efetuada pelos sujeitos passivos referidos no artigo 2.º do Código do IVA;

- Os bens encontrados em veículos nos atos de descarga ou transbordo mesmo

quando tenham lugar no interior dos estabelecimentos comerciais, lojas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casa de habitação;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 15.º

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- Os bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem a Lei n.º 27/2013, de 12 de abril, e o Decreto-Lei n.º 173/2012, de 2 de agosto,

e o seu detentor ou transportador declare que os mesmos não provêm de um sujeito passivo de IVA, as entidades encarregadas da sua fiscalização poderão exigir prova da sua proveniência ou destino, sob pena de se proceder à imediata apreensão provisória desses mesmos bens e do veículo transportador, se essa prova não for imediatamente feita (cfr. n.º 1 do art.º 15.º). Do auto de apreensão deve constar obrigatoriamente os fundamentos que levaram à apreensão provisória (cfr. n.º 2 do art.º 15.º). Caso se levante o auto de apreensão provisória (sinal de que o detentor ou transportador dos bens não fez a prova imediata), tal prova pode ainda ser feita, nos 5 dias seguintes à apreensão provisória, mas agora perante o chefe do Serviço de Finanças da área onde foi detetada a presumível infração, e se este a aceitar o auto de apreensão provisória será mandado arquivar ou, no caso da prova nesse prazo não seja feita ou, embora feita, o chefe do Serviço de Finanças a não aceite, passará então a observar-se o disposto no artigo 17.º do Regime dos Bens em Circulação (cfr. n.º 3 do art.º 15.º).

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 16.º

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Artigo 16.º

Apreensão dos bens em circulação e do veículo transportador

1 - Independentemente das sanções aplicáveis, as infrações referidas nos n.ºs 1 e 2 do artigo 14.º relativas aos bens em circulação implicam a apreensão destes, bem como dos veículos que os transportarem, sempre que estes veículos não estejam afetos aos transportes públicos regulares de passageiros ou mercadorias ou afetos a empresas concessionárias a prestarem o mesmo serviço por conta daqueles. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

2 - No caso de os bens apreendidos nos termos do artigo anterior estarem sujeitos a fácil

deterioração, observa-se o disposto no Código de Processo Civil, bem como as disposições do Código de Procedimento e de Processo Tributário, com as devidas adaptações. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

3 - Da apreensão dos bens e dos veículos será lavrado auto em duplicado ou, no caso do n.º 6

do presente artigo, em triplicado, sendo os mesmos entregues a um fiel depositário, de abonação correspondente ao valor normal dos bens apreendidos expressamente referidos nos autos, salvo se puderem ser removidos, sem inconveniente, para qualquer depósito público.

4 - O original do auto de apreensão é entregue ao serviço de finanças da área onde foi

detetada a infração, devendo este serviço dar conhecimento imediato ao órgão de polícia criminal com competência na matéria. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

5 - O duplicado do auto de apreensão será entregue ao fiel depositário mediante recibo. 6 - Quando o fiel depositário não for o condutor do veículo ou o transportador, será entregue a

este último, ou na sua ausência ao primeiro, um exemplar do auto de apreensão. 7 - Nos casos de apreensão em que o remetente não seja o transportador dos bens,

proceder-se-á, no prazo de três dias úteis, à notificação do remetente para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 17.º.

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Apreensão dos bens em circulação e do veículo que os transportam (ato de limitação

do exercício do direito de propriedade) - artigo 16.º A apreensão de bens é um ato de limitação do exercício do direito de propriedade, na medida em que cerceia os direitos que compõem o respetivo conteúdo do direito pleno, nos termos do artigo 1305.º do Código Civil, ou seja dos direitos do uso, fruição e disposição das coisas que constituem o respetivo objeto.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 16.º

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2 - Apreensão dos bens em circulação e do veículo que os transportam (bens sujeitos a fácil deterioração) - artigo 16.º, n.º 2 A apreensão de bens é um ato de limitação do exercício do direito de propriedade, na medida em que cerceia os direitos que compõem o respetivo conteúdo do direito pleno, nos termos do artigo 1305.º do Código Civil, ou seja dos direitos do uso, fruição e disposição das coisas que constituem o respetivo objeto. Tal como o arresto, o arrolamento e a penhora [figuras que se encontram previstas, nos artigos (arresto) 136.º a 139.º e 214.º, (arrolamento) 140.º a 142.º, (penhora) 215.º a 236.º do CPPT], a apreensão de bens é um procedimento cautelar que tem um caráter meramente preventivo, visando garantir o pagamento das coimas que se mostrem devidas bem como das despesas originadas pela apreensão. Efetuado o pagamento das coimas bem como as despesas originadas pela apreensão, será a apreensão levantada oficiosamente, e se o processo for mandado arquivar o respetivo despacho ordenará o seu levantamento. No caso dos bens apreendidos estarem sujeitos a fácil deterioração, procede-se à sua venda antecipada por negociação particular, em conformidade com o preceituado no artigo 814.º do Código de Processo Civil aprovado pela Lei n.º 41/2013, de 26 de junho, bem como das disposições constantes do n.º 2 do artigo 252.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário aplicáveis.

3 - Apreensão dos bens em circulação e do veículo que os transportam (casos em que não há lugar a apreensão) - artigo 16.º

Independentemente das sanções aplicáveis, as infrações referidas nos n.ºs 1 e 2 do artigo 14.º relativas aos bens em circulação implicam a apreensão destes, bem como dos veículos que os transportem, sempre que estes veículos não estejam afetos aos transportes públicos regulares de passageiros ou mercadorias ou afetos a empresas concessionárias a prestarem o mesmo serviço por conta daqueles. Contudo casos há em que não há lugar a tais apreensões, mas apenas ao pagamento da respetiva coima, caso se trate das seguintes situações: - Alteração do local de destino, ocorrida durante o transporte, sem que tal facto seja

anotado pelo transportador (cfr. n.º 3 do artigo 14.º); - Falta de emissão de documento de transporte adicional em papel quando se verifique

alterações ao local de destino ou a não aceitação imediata dos bens transportados (n.º 8 do art.º 4.º);

- Falta de indicação do NIF do destinatário ou adquirente dos bens (cfr. n.ºs 1 e 2 do

art.º 4.º);

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 16.º

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- Falta de indicação dos locais de carga e descarga, data e hora do início do transporte (n.º 4 do art.º 4.º e n.º 3 do art.º 14.º);

- Falta de menção no documento de transporte de que o destinatário ou adquirente não

é sujeitos passivo (n.º 9 do art.º 4.º); - Falta de referência no documento de transporte global impresso em papel, da entrega

efetiva dos bens, ou da sua incorporação em serviços prestados pelo remetente dos mesmos constante de folha de obra (n.º 7 do art.º 4.º);

- Omissões e inexatidões cometidas nas comunicações dos documentos de transporte

(n.º 5 do art.º 10.º).

4 - Apreensão dos bens em circulação e do veículo que os transportam (recurso para o tribunal judicial de 1.ª instância) - artigo 16.º Segundo o disposto no n.º 11 do artigo 17.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, da decisão da apreensão cabe recurso para o tribunal judicial de 1.ª instância, com competência criminal, na área em que foi efetuada a apreensão.

5 - Auto de apreensão (assinatura) - artigo 16.º O auto de apreensão deve ser assinado, não só pelo apreensor, mas também pelo fiel depositário, salvo se este não souber, não puder ou se recusar a assinar, caso em que se fará constar tal facto do mesmo e será então assinado por duas testemunhas.

6 - Auto de apreensão (número de exemplares a lavrar e entidades a quem se destinam) - artigo 16.º, n.ºs 3, 4, 5 e 6

Quando for nomeado fiel depositário o condutor do veículo ou o transportador dos bens considerados em circulação, o auto de apreensão é lavrado apenas em duplicado, devendo o original ser entregue no Serviço de Finanças da área onde foi detetada a infração, enquanto que o duplicado deve ser entregue ao fiel depositário, que deve passar recibo do seu recebimento (cfr. n.ºs 3, 4 e 5 do art.º 16.º). Quando não for possível (ou conveniente) nomear fiel depositário o condutor do veículo ou o transportador dos bens considerados em circulação, mas sim uma terceira pessoa, o auto de apreensão é lavrado em triplicado, destinando-se, neste caso, o original ao Serviço de Finanças da área onde foi detetada a infração, o duplicado a ser entregue ao fiel depositário, que deve passar recibo do seu recebimento, e o triplicado ao transportador, se estiver presente no momento do levantamento do auto, que igualmente deve passar recibo do seu recebimento, ou ao condutor do veículo, na ausência do transportador, caso em que o recibo deverá ser passado pelo condutor (cfr. n.ºs 3, 4, 5 e 6 do art.º 16.º).

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Atente-se que a lei não manda, em caso algum, entregar uma cópia do auto ao remetente dos bens apreendidos, mas apenas ao fiel depositário, e em certos casos, já referidos, ao transportador ou ao condutor do veículo. Quanto ao recibo a passar pelo fiel depositário, transportador ou condutor, onde deverão declarar que receberam o exemplar que lhes é entregue, registe-se que não existe modelo oficial ou oficioso, pelo que pode ser passado no original do próprio auto ou em impresso separado.

7 - Bens apreendidos sujeitos a fácil deterioração (procedimentos a adoptar) - artigo 16.º, n.º 2 Para os devidos efeitos, tenho a honra de comunicar a V. Ex.ª que, por despacho de 2 do correste mês, proferido por subdelegação pelo Exm.º Sr. Subdiretor-Geral da área de Justiça Tributária, foi, em relação ao pedido constante do ofício supra, sem número (pedido de esclarecimento sobre procedimentos a observar na apreensão de bens deterioráveis nos termos do n.º 2 do artigo 16.º RBC), entendido que não existindo possibilidade de ser cumprido o disposto no n.º 2 do artigo 16.º do D.L. n.º 147/2003, de 11 de julho, ter-se-á sempre de cumprir o disposto no n.º 3 do mesmo normativo legal, até porque nos termos deste diploma, ao caso em apreço, ter-se-á que aplicar o disposto no artigo 886.º-C (atual art.º 814.º) do Código der Processo Civil. Sendo que a entidade competente para o efeito, que em princípio é o Sr. Diretor de Finanças da área onde foi detetada a infração, poderá autorizar a venda dos bens, designadamente quando eles não possuam ou não devam conservar-se por estarem sujeitos a deterioração ou depreciação, devendo esta (venda), em princípio, ser efetuada pelo depositário, como se retira do preceituado no artigo 886.º-C (atual art.º 814.º) do Código der Processo Civil e, podendo até a respetiva autorização ser dispensada, se se impuser uma decisão imediata, como o legislador prevê no n.º 2 daquele preceito legal. (Ofício nº 5052, de 05/07/2004, da Direcção de Serviços de Justiça Tributária, enviado ao Comandante da Secção de Operações da Brigada Fiscal da Guarda Nacional Republicana)

8 - Extinção do procedimento por contraordenação - artigo 16.º O procedimento por contraordenação extingue-se nos seguintes casos: a) Morte do arguido; b) Prescrição ou amnistia, se a coima ainda não tiver sido paga; c) Pagamento voluntário da coima no decurso do processo de contraordenação tributária; d) Acusação recebida em processo criminal. (artigo 61.º do Regime Geral das Infrações Tributárias) NOTA: Neste artigo indicam-se as causas de extinção do procedimento por contraordenação fiscal, cuja verificação tem como consequência o arquivamento do processo de

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contraordenação, com a consequente extinção da responsabilidade contraordenacional do infrator (cfr. n.º 1 do art.º 77.º do RGIT). A morte, além de extinguir a responsabilidade contraordenacional do infrator, extingue também as consequentes obrigações de pagamento da coima e sanções acessórias (cfr. art.º 62.º do RGIT).

9 - Fiel depositário (dever de apresentar os bens) - artigo 16.º, n.º 3 1 - Quando solicitado pelo agente de execução, o depositário é obrigado a apresentar os bens que tenha recebido, salvo o disposto nos artigos anteriores. 2 - Se o depositário não apresentar os bens que tenha recebido dentro de cinco dias e não justificar a falta, é logo ordenado pelo juiz arresto em bens do depositário suficientes para garantir o valor do depósito e das custas e despesas acrescidas, sem prejuízo de procedimento criminal. 3 - No caso referido no número anterior, o depositário é, ao mesmo tempo, executado, no próprio processo, para o pagamento do valor do depósito e das custas e despesas acrescidas. 4 - O arresto é levantado logo que o pagamento esteja feito, ou os bens apresentados, acrescidos do depósito da quantia de custas e despesas, que será imediatamente calculada. (artigo 771.º do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n.º 41/2013, de 26/6)

10 - Fiel depositário (escolha do) - artigo 16.º, n.º 3 Neste caso especifico e dado as circunstâncias do momento (hora e lugar), a escolha do fiel depositário recai, normalmente, no condutor do veículo. Contudo, é ao apreensor que cabe a escolha do fiel depositário, a qual deve recair sobre pessoa idónea e de abonação correspondente ao valor normal dos bens apreendidos expressamente referidos nos autos, salvo se puderem ser removidos, sem inconveniente, para qualquer depósito público [cfr. alínea b) do art.º 221.º, alínea c) do art.º 231.º e alínea a) do art.º 232.º, todos do Código de Procedimento e de Processo Tributário].

11 - Fiel depositário (guarda da coisa) - artigo 16.º, n.º 3

O depositário pode guardar a coisa de modo diverso do convencionado, quando haja razões para supor que o depositante aprovaria a alteração, se conhecesse as circunstâncias que a fundamentam; mas deve participar-lhe a mudança logo que a comunicação seja possível. (artigo 1190.º do Código Civil)

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12 - Fiel depositário (nomeação e aceitação obrigatória do cargo) - artigo 16.º, n.º 3

Como se vê do n.º 3 do artigo 16.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, feita a apreensão dos bens e dos veículos que os transportam, e lavrado o respetivo auto, são aqueles (bens e veículos) entregues pelo apreensor a um fiel depositário (ou simplesmente depositário como lhe chama, entre outros, os artigos 221.º, 231.º, 232.º e 233.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, os artigos 1187.º a 1198.º do Código Civil e os artigos 756.º, 760 e 761.º do novo Código de Processo Civil), por si escolhido, cargo este que, por se tratar de função pública, é de aceitação obrigatória, podendo, no entanto, o escolhido escusar-se quando invoque motivos ponderosos. Caso o escolhido se escuse sem que invoque motivos ponderosos, incorre no crime de desobediência, punível pelo artigo 348.º do Código Penal (a). Como é evidente, para que esta pena possa ser aplicada é necessário que o respetivo funcionário faça a comunicação ao Tribunal Judicial competente.

(a) - Cuja redação é a seguinte:

«1 - Quem faltar à obediência devida a ordem ou a mandato legítimos, regularmente comunicados e emanados de autoridade ou funcionário competente, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias se:

a) Uma disposição legal cominar, no caso, a punição da desobediência simples; ou b) Na ausência de disposição legal, a autoridade ou o funcionário fizerem a

correspondente comunicação. 2 - A pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias nos casos em que uma disposição legal cominar a punição da desobediência qualificada.»

13 - Fiel depositário (outras obrigações) - artigo 16.º, n.º 3

O depositário é obrigado: a) A guardar a coisa depositada; b) A avisar imediatamente o depositante, quando saiba que algum perigo ameaça a coisa

ou que terceiro se arroga direitos em relação a ela, desde que o facto seja desconhecido do depositante;

c) A restituir a coisa com os seus frutos.

(artigo 1187.º do Código Civil)

14 - Fiel depositário (responsabilidade) - 16.º, n.º 3 À responsabilidade dos depositários dos bens penhorados aplicar-se-ão as seguintes regras:

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a) Para os efeitos da responsabilização do depositário pelo incumprimento do dever de apresentação de bens, aquele será executado pela importância respetiva, no próprio processo, sem prejuízo do procedimento criminal;

b) O depositário poderá ser oficiosamente removido pelo órgão da execução fiscal; c) Na prestação de contas o órgão da execução fiscal nomeará um perito, se for

necessário, e decidirá segundo o seu prudente arbítrio. (artigo 233.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário)

NOTA: Circulação de veículos apreendidos 1 - A apreensão, a penhora e o arresto envolvem a proibição de o veículo circular. 2 - A circulação do veículo com infração da proibição legal sujeita o depositário às sanções aplicáveis ao crime de desobediência qualificada. (artigo 22.º do Dec. Lei n.º 54/75, de 12/2) O depositário de veículo apreendido que o utiliza no seu interesse, mas com intenção de voltar a colocá-lo no lugar do depósito, até que tem um acidente que lhe causa danos, comete, por força do disposto no artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 54/75, de 12 de fevereiro, um crime de desobediência qualificada, previsto e punível pelo artigo 388.º, n.º 3 (atual n.º 2 do art.º 348) do Código Penal, e não de violação de apreensão legítima, previsto e punível pelo artigo 397.º (atual art.º 355.º), também do Código Penal. (Ac. RC de 4/2/87, transcrito no Código Penal Português, anotado e comentado por M. Maia Gonçalves, 10ª edição, pág. 898)

15 - Fiel depositário (substituição caso se verifique o seu falecimento) - artigo 16.º, n.º 3 Como já anteriormente se disse, o depositário exerce uma função pública que não pode recusar, se não nos casos especialmente previstos na lei. As suas obrigações mantêm-se enquanto lhe estiverem confiados os bens. De acordo com a alínea b) do artigo 233.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, o depositário pode, no entanto, ser oficiosamente removido pelo órgão da execução fiscal. E será ao abrigo deste normativo que, na hipótese de se verificar o seu falecimento, ele deve ser oficiosamente substituído, na medida em que a sua função, pessoal e intransmissível, não passa para os herdeiros que, no entanto, são responsáveis pela entrega dos bens e rendimentos recebidos.

16 - Fiel depositário (uso da coisa) - artigo 16.º, n.º 3 O depositário não tem o direito de usar a coisa depositada nem de a dar em depósito a outrem, se o depositante o não tiver autorizado. (artigo 1189.º do Código Civil)

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17 - Notificação do remetente dos bens apreendidos, quando não seja ele o transportador dos mesmos - artigo 16.º, n.º 7 Segundo o disposto no n.º 7 do artigo 16.º do Regime dos Bens em Circulação, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, «nos casos de apreensão em que o remetente não seja o transportador dos bens, proceder-se-á, no prazo de três dias úteis, à notificação do remetente para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 17.º», normativo este que, com a nova redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12, diz agora que «nos 15 dias seguintes à apreensão ou à notificação referida no n.º 7 do artigo anterior, poderem os infratores demonstrar a proveniência ou destino dos bens perante o órgão de polícia criminal, sem prejuízo da coima que ao caso couber». As notificações serão pessoais nos casos previstos na lei ou quando a entidade que a elas proceder o entender necessário (cfr. n.º 5 do art.º 38.º do CPPT). Dado que, no caso concreto, a lei não ordena que a notificação se faça pessoalmente, pode a mesma ser efetuada pela via postal, por carta registada com aviso de receção (cfr. n.º 1 do art.º 38.º do CPPT), da qual entendemos dever constar, pelo menos, os seguintes elementos: - a infração cometida; - o nome e a categoria do funcionário que ordenou a apreensão dos bens; - a hora e o local em que a mesma ocorreu; - o normativo infringido e o punitivo; - o montante da coima aplicável a tal infração; - o direito de redução da coima que assiste ao infrator; - quais as circunstâncias necessárias para que se considere regularizada a situação; e - o prazo em que pode ser invocado tal direito. Porque, sobre esta matéria entendemos que tem plena atualidade a doutrina constante dos n.ºs 3 e 4 do Ofício-Circulado n.º 82 737, de 12/09/88, da Direção de Serviços de Controle do SIVA, com as adaptações resultantes da publicação do atual Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11/7, transcrevemos o seu texto: «Nos casos de apreensão dos bens em circulação, em que o remetente não seja o transportador, o prazo referido no n.º 1 do artigo 17.º deverá ser contado, relativamente ao remetente, a partir da data da notificação que lhe deverá ser feita por carta registada com aviso de receção. O chefe do serviço de finanças deverá diligenciar no sentido de que a notificação, a que se refere o número anterior, seja efetuada no prazo de três dias úteis seguintes ao da receção do auto de apreensão». As notificações efetuadas por carta registada com aviso de receção consideram-se efetuadas na data em que ele for assinado e tem-se por efetuada na própria pessoa do notificando, mesmo quando o aviso de receção haja sido assinado por terceiro presente no domicílio do contribuinte, presumindo-se neste caso que a carta foi oportunamente entregue ao domiciliário (cfr. n.º 3 do art.º 39.º do CPPT).

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 16.º

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18 - Notificações eletrónicas (contribuintes obrigados a possuir caixa postal eletrónica) - artigo 16.º, n.º 7 Os sujeitos passivos do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas com sede ou direção efetiva em território português e os estabelecimentos estáveis de sociedades e outras entidades não residentes, bem como os sujeitos passivos residentes enquadrados no regime normal do imposto sobre o valor acrescentado, são obrigados a possuir caixa postal eletrónica, nos termos do n.º 2, e a comunicá-la à administração tributária no prazo de 30 dias a contar da data do início de atividade ou da data do início do enquadramento no regime normal do imposto sobre o valor acrescentado, quando o mesmo ocorra por alteração (n.º 9 do artigo 19.º da Lei Geral tributária). Desde o dia 1 de janeiro de 2012, que a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) passou a notificar os contribuintes por via eletrónica. A notificação eletrónica passou a ser obrigatória para todos os contribuintes que sejam sujeitos passivos do IRC e para os sujeitos passivos residentes enquadrados no regime normal do IVA, bem como para os restantes sujeitos passivos que, voluntariamente, aderiram às notificações eletrónicas. As notificações eletrónicas de dados equivalem, consoante os casos, à remessa por via postal registada ou por via postal registada com aviso de receção (cfr. n.º 9 do art.º 38.º do CPPT). Sobre quando estas notificações se consideram feitas, os n.ºs 9, 10 e 11 do artigo 39.º do Código de Procedimento e de Processo tributário, dizem-nos que: - As notificações efetuadas por transmissão eletrónica de dados consideram-se feitas no

momento em que o destinatário aceda à caixa postal eletrónica. - A notificação considera-se efetuada no 25.º dia posterior ao seu envio, caso o

contribuinte não aceda à caixa postal eletrónica em data anterior. - A presunção do número anterior só pode ser ilidida pelo notificado quando, por facto

que não lhe seja imputável, a notificação ocorrer em data posterior à presumida e nos casos em que se comprove que o contribuinte comunicou a alteração daquela nos termos do artigo 43.º do CPPT.

19 - Resistência e coação sobre os funcionários que pretendam fazer a apreensão - artigo 16.º 1 - Quem empregar violência, incluindo ameaça grave ou ofensa à integridade física, contra funcionário ou membro das Forças Armadas, militarizadas ou de segurança, para se opor a que ele pratique ato relativo ao exercício das suas funções, ou para o constranger a que pratique ato relativo ao exercício das suas funções, mas contrário aos seus deveres, é punido com pena de prisão até cinco anos. 2 - A mesma pena é aplicada a quem desobedecer ao sinal de paragem e dirigir contra funcionário ou membro das Forças Armadas, militarizadas ou de segurança, veículo,

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 16.º

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com ou sem motor, que conduza em via pública ou equiparada, ou embarcação, que pilote em águas interiores fluviais ou marítimas, para se opor a que ele pratique ato relativo ao exercício das suas funções, ou para o constranger a que pratique ato relativo ao exercício das suas funções, mas contrário aos seus deveres, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal. (artigo 347.º do Código Penal, com a redação dada pela Lei n.º 59/2007, de 4/9)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 17.º

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Artigo 17.º

Regularização das apreensões

1 - Nos 15 dias seguintes à apreensão ou à notificação referida no n.º 7 do artigo anterior, podem os infratores demonstrar a proveniência ou destino dos bens perante o órgão de polícia criminal, sem prejuízo da coima que ao caso couber. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 341/12)

2 - No caso previsto no número anterior, o órgão de polícia criminal dá conhecimento ao

serviço de finanças da área onde foi detetada a infração da inexistência de indícios de crime, devendo o serviço de finanças prosseguir com o processo de contraordenação, levantando-se, para o efeito, o respetivo auto de notícia relativo à infração praticada. (redação totalmente nova dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

3 - As despesas originadas pela apreensão são da responsabilidade do infrator, sendo cobradas

conjuntamente com a coima. (era o anterior n.º 2 - Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) 4 - Para efeitos do número anterior, o serviço de finanças comunica o facto ao apreensor,

que, após o levantamento do auto respetivo, lho remete. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

5 - Nos casos em que o chefe do serviço de finanças competente constate que a apreensão foi

feita sem preencher os requisitos previstos no presente diploma ou de que foi feita a prova referida no n.º 1 do artigo 15.º, não deverá ser levantado auto de notícia, arquivando-se o auto de apreensão, depois de ouvido o apreensor sempre que tal se mostre conveniente. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

6 - Nos casos de haver manifesta impossibilidade em fazer a prova referida no n.º 1 do artigo

15.º, pode o chefe do serviço de finanças proceder de conformidade com o disposto no número anterior após proceder às diligências que se mostrarem necessárias. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

7 - As decisões proferidas nos termos dos n.ºs 5 e 6 do presente artigo podem ser alteradas,

no prazo de 30 dias, por despacho do diretor de finanças do distrito, a quem o respetivo processo será remetido. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

8 - O despacho proferido nos termos do número anterior pode determinar o prosseguimento

do processo, unicamente para pagamento das coimas que se mostrarem devidas, considerando-se sempre definitiva a libertação dos bens e meios de transporte. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 17.º

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9 - Nos casos referidos no número anterior são os infratores notificados do despacho do diretor de finanças, podendo utilizar a faculdade prevista no n.º 1 do presente artigo, contando-se o prazo aí referido a partir da data da notificação. (revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

10 - As decisões a que se referem os n.ºs 5 e 7 serão sempre comunicadas ao apreensor.

(revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12) 11- Da decisão da apreensão cabe recurso para o tribunal judicial de 1.ª instância, com

competência criminal, na área em que foi efetuada a apreensão. (redação dada pela Lei n.º 83-C/2013, de 31/12)

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Direito à redução das coimas (regra geral) - artigo 17.º

As obrigações fiscais têm que ser cumpridas nos termos e prazos prescritos nas leis tributárias. Quando o contribuinte comete uma infração fiscal, isto é, quando este não cumpre a obrigação fiscal a que está vinculado, é aos serviços da Administração Fiscal que está adstrita a função de averiguar das circunstâncias, dos elementos constitutivos da infração e identificar o autor da ação infratora. Contudo, nada obsta a que o contribuinte, numa atitude de dignidade, responsabilidade e colaboração, vá junto dos serviços fiscais autodenunciar a infração e simultaneamente regularizar a sua situação tributária. É o próprio contribuinte que beneficia com esta conduta, visto que pode beneficiar da redução da coima cominada para a contraordenação por ele praticada. O contribuinte tem toda a vantagem em regularizar o mais rapidamente possível a situação tributária, dado que o tempo decorrido entre o termo do prazo fixado na lei para cumprir a obrigação fiscal e o montante da autodenúncia é relevante para determinar o valor da redução da coima. Sobre esta matéria, o artigo 29.º do Regime Geral das Infrações Tributárias, diz que: «1 - As coimas pagas a pedido do agente são reduzidas nos termos seguintes: a) Se o pedido de pagamento for apresentado nos 30 dias posteriores ao da prática da

infração e não tiver sido levantado auto de notícia, recebida participação ou denúncia ou iniciado procedimento de inspeção tributária, para 12,5% do montante mínimo legal;

b) Se o pedido de pagamento for apresentado depois do prazo referido na alínea

anterior, sem que tenha sido levantado auto de notícia, recebida participação ou iniciado procedimento de inspeção tributária, para 25% do montante mínimo legal;

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 17.º

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c) Se o pedido de pagamento for apresentado até ao termo do procedimento de inspeção tributária e a infração for meramente negligente, para 75% do montante mínimo legal.

2 – Nos casos das alíneas a) e b) do número anterior, é considerado sempre montante mínimo da coima o estabelecido para os casos de negligência».

2 - Morte do infrator (extinção do procedimento contraordenacional) - artigo 17.º, n.º 3 A morte do infrator, ocorrida antes da instauração do processo contraordenacional, ou na sua pendência, tem como efeitos a extinção da responsabilidade contraordenacional [cfr. alínea a) do no art.º 61.º do RGIT], e implica, no caso de já estar instaurado o respetivo processo, o seu arquivamento. A declaração da extinção do procedimento contraordenacional e consequente arquivamento do processo é proferida pela entidade competente para a aplicação da coima (cfr. n.º 1 do artigo 77.º do RGIT). O decesso do infrator, além de extinguir a sua responsabilidade contraordenacional, extingue também as consequentes obrigações de pagamento da coima e sanções acessórias (cfr. art.º 62.º do RGIT), isto é, não transitam para os seus herdeiros. Assim, mesmo que tenha havido decisão condenatória transitada em julgado, e a coima já esteja a ser objeto de execução fiscal, a superveniência da morte do arguido/executado extingue a obrigação de pagamento e consequentemente a execução, tal como se pode ver da alínea a) do n.º 2 do artigo 176.º do Código de Procedimento e do Processo Tributário (CPPT), onde se diz que «nas execuções por coimas ou outras sanções pecuniárias o processo executivo extingue-se também por morte do infrator». Diga-se, no entanto, que a extinção da obrigação do pagamento da coima, nem sempre foi assim. Na verdade, na vigência do Código de Processo das Contribuições e Impostos a obrigação do pagamento das multas relativamente a transgressões fiscais era transmissível aos herdeiros do infrator se a decisão tivesse transitado em julgado em vida deste (art.º 113.º, § único).

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 18.º

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Artigo 18.º (1)

Decisão quanto à apreensão

1 - À decisão sobre os bens em circulação e veículos de transporte apreendidos ou ao produto da sua venda é aplicável o disposto no n.º 4 do artigo 73.º do Regime Geral das Infrações Tributárias com as necessárias adaptações.

2 - O levantamento da apreensão do veículo e dos bens respetivos só se verificará quando:

a) Forem pagas as coimas aplicadas e as despesas originadas pela apreensão e, bem

assim, exibidos o comprovativo de emissão ou, sendo caso disso, o original e o duplicado ou, no caso de extravio, segunda via ou fotocópia do documento de transporte ou dos documentos mencionados no n.º 2 do artigo 7.º, ou se encontrem regularizadas as situações previstas nos n.ºs 2 e 4 do artigo 6.º.

b) For prestada caução, por meio de depósito em dinheiro ou de fiança bancária, que

garanta o montante das coimas e dos encargos referidos na alínea a); c) Se verificar o trânsito em julgado da decisão que justifica a infração ou apreensão

insuficiente. 3 - Nos casos de apreensão em que o remetente não seja transportador dos bens, o

levantamento da apreensão, quer dos bens quer do veículo, será efetuado nos termos do número anterior, relativamente a cada um deles, independentemente da regularização efetuada pelo outro infrator.

(1) - Revogado pelo artigo 188.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12

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Artigo 19.º

Legislação subsidiária

Ao presente regime complementar é aplicável subsidiariamente o Regime Geral das Infrações Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 5 de junho.

NOTAS E COMENTÁRIOS 1 - Legislação subsidiária (RGIT) - artigo 19.º

Neste artigo diz-se que ao Regime dos Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, se aplica, subsidiariamente, o Regime Geral das Infrações Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de 5 de junho. A consulta de tal diploma vai ser, provavelmente, constante, principalmente na área das contraordenações. Contudo, não transcrevemos na integra todo o seu texto para não tornar demasiado longo este trabalho. Consequentemente, limitamo-nos a transcrever os artigos que estão referidos na alínea a) do n.º 5 do artigo 8.º do RBC, bem como outros que igualmente nos parecem relevantes. Assim temos:

Regime Geral das Infrações Tributárias

Artigo 18.º Perda de mercadorias objeto do crime

1 – As mercadorias que forem objeto dos crimes previstos nos artigos 92.º, 93.º, 94.º, 95.º e 96.º desta lei serão declaradas perdidas a favor da Fazenda Nacional, salvo se pertencerem a pessoa a quem não possa ser atribuída responsabilidade na prática do crime. 2 – No caso previsto na parte final do número anterior, o agente será condenado a pagar à Fazenda Nacional uma importância igual ao valor das mercadorias, sendo o seu proprietário responsável pelo pagamento dos direitos e demais imposições que forem devidos. 3 – Quando as mercadorias pertencerem a pessoa desconhecida não deixarão de ser declaradas perdidas. 4 – Se as mercadorias não tiverem sido apreendidas, o agente responderá pelo quantitativo equivalente ao seu valor de mercado, salvo quando o mesmo não se possa determinar, caso em que o agente pagará uma importância a fixar pelo tribunal entre € 15 e € 15 000. 5 – Sem prejuízo dos casos em que por lei é vedada, os interessados poderão requerer a reversão das mercadorias sujeitas a perda a favor da Fazenda Nacional, desde que, satisfeitas a multa e demais quantias em dívida no processo, paguem uma importância igual ao seu valor.

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6 – As mercadorias perdidas a favor da Fazenda Nacional nos termos do presente artigo, quando se trate de equipamentos de telecomunicações e de informática ou outros com interesse para a instituição que procedeu à sua apreensão, ser-lhe-ão afetos sempre que esta reconheça interesse na afetação. 7 – As mercadorias objeto de crime previsto no artigo 97.º-A são sempre declaradas perdidas a favor da Fazenda Pública.

Artigo 19.º Perda dos meios de transporte

1 – Os meios de transporte utilizados para a prática dos crimes previstos no n.º 1 do artigo anterior serão declarados perdidos a favor da Fazenda Nacional, excepto se:

a) For provado que foi sem conhecimento e sem negligência dos seus proprietários

que tais meios foram utilizados, caso em que o infrator pagará o respetivo valor; b) O tribunal considerar a perda um efeito desproporcionado face à gravidade da

infração e, nomeadamente, ao valor das mercadorias objeto da mesma, caso em que fixará a perda da quantia que entender razoável.

2 – À perda de meios de transporte é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.ºs 3 e 5 do artigo anterior. 3 – Os meios de transporte perdidos a favor da Fazenda Nacional nos termos do presente artigo serão afetos à instituição que procedeu à sua apreensão, sempre que esta reconheça o interesse na afetação.

Artigo 20.º Perda de armas e outros instrumentos

1 – As armas e demais instrumentos utilizados para a prática de quaisquer crimes aduaneiros, ou que estiverem destinadas a servir para esse efeito, serão declarados perdidos a favor da Fazenda Nacional, salvo se se provar que foi sem conhecimento e sem culta dos seus proprietários que tais armas e instrumentos foram utilizados, caso em que o infrator pagará o respetivo valor. 2 – É aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no n.º 3 do artigo 18.º e, quanto aos instrumentos que não sejam armas, é-lhes aplicável o disposto no n.º 5 do mesmo artigo. 3 – As armas, munições e outros instrumentos perdidos a favor da Fazenda Nacional, nos termos do presente artigo, serão afetos à Brigada Fiscal sempre que por despacho do comandante-geral da Guarda Nacional Republicana for reconhecido o seu interesse para a atividade policial. Republicana for reconhecido o seu interesse para a actividade policial.

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Artigo 24.º Punibilidade da negligência

1 – Salvo disposição expressa da lei em contrário, as contraordenações tributárias são sempre puníveis a título de negligência. 2 – Se a lei, relativamente ao montante máximo da coima, não distinguir o comportamento doloso do negligente, este só pode ser sancionado até metade daquele montante.

Artigo 26.º Montante das coimas

1 – Se o contrário não resultar da lei, as coimas aplicáveis às pessoas coletivas, sociedades, ainda que irregularmente constituídas, ou outras entidades fiscalmente equiparadas podem elevar-se até ao valor máximo de:

a) € 165 000, em caso de dolo; b) € 45 000, em caso de negligência.

2 – Se o contrário não resultar da lei, as coimas aplicáveis às pessoas singulares não podem exceder metade dos limites estabelecidos no número anterior. 3 – O valor mínimo da coima a pagar é de € 50, excepto em caso de redução da coima em que é de € 25. 4 – Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, os limites mínimo e máximo das coimas previstas nos diferentes tipos legais de contraordenação, são elevados para o dobro sempre que sejam aplicadas a uma pessoa coletiva, sociedade, ainda que irregularmente constituída, ou outra entidade fiscalmente equiparada.

Artigo 27.º Determinação da medida da coima

1 – Sem prejuízo dos limites máximos fixados no artigo anterior, a coima deverá ser graduada em função da gravidade do facto, da culpa do agente, da sua situação económica e, sempre que possível, exceder o benefício económico que o agente retirou da prática da contraordenação. 2 – Se a contraordenação consistir na omissão da prática de um ato devido, a coima deverá ser graduada em função do tempo decorrido desde a data em que o facto devia ter sido praticado. 3 – No caso de a mercadoria objeto da contraordenação ser de importação ou de exportação proibida ou tabacos, gado, carne e produtos cárneos, álcool ou bebidas alcoólicas, tais circunstâncias são consideradas como agravantes para efeitos da determinação do montante da coima.

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4 – Os limites mínimo e máximo da coima aplicável à tentativa, só punível nos casos expressamente previstos na lei, são reduzidos para metade.

Artigo 28.º Sanções acessórias

1 – São aplicáveis ao agentes das contraordenações tributárias graves as seguintes sanções acessórias:

a) Perda de objetos pertencentes ao agente; b) Privação do direito a receber subsídios ou subvenções concedidos por entidades

ou serviços públicos; c) Perda de benefícios fiscais concedidos, ainda que de forma automática,

franquias aduaneiras e benefícios concedidos pela administração da segurança social ou inibição de os obter;

d) Privação temporária do direito de participar em feiras, mercados, leilões ou

arrematações e concursos de obras públicas, de fornecimento de bens ou serviços e de concessão, promovidos por entidades ou serviços públicos;

e) Encerramento de estabelecimento ou de depósito; f) Cassação de licenças ou concessões e suspensão de autorizações; g) Publicação da decisão condenatória a expensas do agente da infração.

2 – Sempre que a infração prevista no n.º 6 do artigo 108.º seja cometida a título de dolo e o montante de dinheiro líquido objeto da referida infração seja de valor superior a € 150 000, é decreta, a título de sanção acessória, a perda do montante total que exceda aquele quantitativo. 3 – Os pressupostos da aplicação das sanções acessórias previstas nos números anteriores são os estabelecidos no regime geral do ilícito de mera ordenação social. 4 – A sanção acessória de inibição de obter benefícios fiscais e franquias aduaneiras tem a duração máxima de dois anos e pode recair sobre quaisquer benefícios ou incentivos direta ou indiretamente ligados aos impostos sobre o rendimento, a despesa ou o património e às prestações tributárias a favor da segurança social. 5 – As mercadorias de importação ou de exportação proibida são sempre declaradas perdidas.

Artigo 29.º Direito à redução das coimas

1 – As coimas pagas a pedido do agente são reduzidas nos termos seguintes:

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a) Se o pedido de pagamento for apresentado nos 30 dias posteriores ao da prática da infração e não tiver sido levantado auto de notícia, recebida participação ou denúncia ou iniciado procedimento de inspeção tributária, para 12,5% do montante mínimo legal;

b) Se o pedido de pagamento for apresentado depois do prazo referido na alínea

anterior, sem que tenha sido levantado auto de notícia, recebida participação ou iniciado procedimento de inspeção tributária, para 25% do montante mínimo legal;

c) Se o pedido de pagamento for apresentado até ao termo do procedimento de

inspeção tributária e a infração for meramente negligente, para 75% do montante mínimo legal.

2 – Nos casos das alíneas a) e b) do número anterior, é considerado sempre montante mínimo da coima o estabelecido para os casos de negligência. 3 – Para o fim da alínea c) do n.º 1 deste artigo, o requerente deve dar conhecimento do pedido ao funcionário da inspeção tributária, que elabora relatório sucinto das faltas verificadas, com a sua qualificação, que será enviado à entidade competente para a instrução do pedido. 4 - Nas situações a que se refere o n.º 1, pode não ser aplicada coima quando o agente seja uma pessoa singular e desde que, nos cinco anos anteriores, o agente não tenha:

a) Sido condenado por decisão transitada em julgado, em processo de

contraordenação ou de crime por infrações tributárias; b) Beneficiado de pagamento de coima com redução nos termos deste artigo; c) Beneficiado da dispensa prevista no artigo 32.º.

Artigo 30.º Requisitos do direito à redução da coima

1 – O direito à redução da coima previsto no artigo anterior depende:

a) Nos casos das alíneas a) e b),do pagamento nos 15 dias posteriores ao da

entrada nos serviços da administração tributária do pedido de redução; b) No caso da alínea c), bem como no do artigo 31.º, do pagamento nos 15 dias

posteriores à notificação da coima pela entidade competente; c) Da regularização da situação tributária do infrator dentro do prazo previsto nas

alíneas anteriores; d) De não ser aplicável sanção acessória. (revogada pelo artigo 42.º da Lei n.º 55-

B/2004, de 30/12)

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2 – Em caso de incumprimento do disposto no número anterior, é de imediato instaurado processo contraordenacional. 3 – Entende-se por regularização da situação tributária, para efeitos deste artigo, o cumprimento das obrigações tributárias que deram origem à infração. 4 – Sempre que nos termos das alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 29.º a regularização da situação tributária do agente não dependa de tributo a liquidar pelos serviços, vale como pedido de redução a entrega da prestação tributária ou do documento ou declaração em falta. 5 – Se, nas circunstâncias do número anterior, o pagamento das coimas com redução não for efetuado ao mesmo tempo que a entrega da prestação tributária ou do documento ou declaração em falta, o contribuinte é notificado para o efetuar no prazo de 15 dias, sob pena de ser levantado auto de notícia e instaurado processo contraordenacional.

Artigo 31.º Coima dependente de prestação tributária em falta

ou a liquidar e correção das coimas pagas

1 – Sempre que a coima variar em função da prestação tributária, é considerado montante mínimo, para efeitos das alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 29.º, 10% ou 20% da prestação tributária devida, conforme a infracção tiver sido praticada, respetivamente, por pessoa singular ou coletiva. 2 – Se o montante da coima depender de prestação tributária a liquidar, a sua aplicação aguardará a liquidação, sem prejuízo do benefício da redução, se for paga nos 15 dias posteriores à notificação. 3 - No caso de se verificara falta das condições estabelecidas para a redução das coimas, a liquidação destas é corrigida, levando-se em conta o montante já pago.

Artigo 32.º Dispensa e atenuação especial das coimas

1 – Para além dos casos especialmente previstos na lei, pode não ser aplicada coima, desde que se verifiquem cumulativamente as seguintes circunstâncias:

a) A prática da infração não ocasione prejuízo efetivo à receita tributária; b) Estar regularizada a falta cometida; c) A falta revelar um diminuto grau de culpa.

2 – Independentemente do disposto no n.º 1, a coima pode ser especialmente atenuada no caso de o infrator reconhecer a sua responsabilidade e regularizar a situação tributária até à decisão do processo.

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Artigo 38.º Depósito de mercadorias e instrumentos do crime nas estâncias

aduaneiras ou depósitos públicos e venda imediata

1 – As mercadorias, meios de transporte, armas e outros instrumentos do crime apreendidos serão depositados nas estâncias aduaneiras ou depósitos públicos, a não ser que estes não possam recebê-los por falta de espaço. 2 – Mediante despacho da autoridade judiciária competente, os objetos referidos no número anterior, apreendidos pela Brigada Fiscal, podem ser por esta utilizados provisoriamente até à declaração de perda ou de restituição, sempre que seja reconhecido interesse na sua utilização. 3 – Se a apreensão respeitar a coisas perecíveis, perigosas ou deterioráveis, é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 185.º do Código de Processo Penal, devendo a decisão ser proferida no prazo de dois dias. 4 – As operações de venda são realizadas pelos órgãos competentes da administração tributária, nos termos das leis aplicáveis, sendo o produto da venda depositado à ordem do processo respetivo. 5 – Se a decisão final não decretar a perda, o produto da venda será entregue ao proprietário dos objetos apreendidos.

Artigo 61.º Extinção do procedimento por contraordenação

O procedimento por contraordenação extingue-se nos seguintes casos: a) Morte do arguido; b) Prescrição ou amnistia, se a coima ainda não tiver sido paga; c) Pagamento voluntário da coima no decurso do processo de contraordenação tributária; d) Acusação recebida em procedimento criminal.

Artigo 62.º Extinção da coima

A obrigação de pagamento da coima e de cumprimento das sanções acessórias extingue-se com a morte do infrator.

Artigo 73.º Apreensão de bens

1 – A apreensão de bens que tenham constituído objeto da contraordenação pode ser efetuada no momento do levantamento do auto de notícia ou no do decurso do processo

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pela entidade competente para a aplicação da coima, sempre que seja necessária para efeitos de prova ou de garantia da prestação tributária. 2 – O disposto no número anterior vale também para os meios de transporte utilizados na prática das contraordenações previstas nos artigos 108.º e 109.º, quando a mercadoria objeto da infração consista na parte de maior valor relativamente à restante mercadoria transportada e desde que esse valor líquido de imposto exceda € 3750, salvo se se provar que a utilização foi efetuada sem o conhecimento e sem a negligência dos seus proprietários. 3 – As armas e demais instrumentos utilizados na prática das contraordenações referidas no número anterior, ou que estiverem destinados a servir para esse efeito, serão igualmente apreendidos, salvo se se provar que a utilização foi efetuada sem o conhecimento e sem a negligência dos seus proprietários. 4 – São correspondentemente aplicáveis as disposições do n.º 6 do artigo 18.º, do n.º 3 do artigo 19.º, do n.º 3 do artigo 20.º, dos n.ºs 1 e 2 do artigo 38.º e do artigo 39.º. 5 - Tratando-se da apreensão de dinheiro líquido, na acepção da legislação comunitária e nacional sobre movimentos de dinheiro líquido à entrada e à saída do território nacional, os valores são depositados em instituição de crédito devidamente autorizada, à ordem das autoridades competentes. 6 - Quando a apreensão tiver por objeto bens móveis sujeitos a registo, serão igualmente apreendidos os respetivos documentos identificativos. 7 – O interessado pode requerer ao tribunal tributário competente a revogação da decisão que determine a apreensão de bens com fundamento em ilegalidade. 8 - Autuadas as infrações previstas no presente diploma em matéria de imposto sobre veículos e de imposto único de circulação, há lugar à apreensão ou imobilização imediata do veículo, bem como à apreensão dos documentos que titulem a respetiva circulação, até ao cumprimento das obrigações tributárias em falta.

Artigo 75.º Antecipação do pagamento da coima

1 – O arguido que pagar a coima no prazo para a defesa beneficia, por efeito da antecipação do pagamento, da redução da coima para um valor igual ao mínimo legal cominado para a contraordenação e da redução a metade das custas processuais. 2 - O pagamento antecipado da coima não é aplicável às contraordenações aduaneiras em que o valor da prestação tributária em falta for superior a € 15 000 ou, não havendo lugar a prestação tributária, a mercadoria objeto de infração for de valor aduaneiro superior a € 50 000 e, em qualquer caso, não afasta a aplicação das sanções acessórias previstas na lei. 3 – Caso o arguido não proceda, no prazo legal ou no prazo que for fixado, à regularização da situação tributária, perde o direito à redução previsto no n.º 1 e o processo de contraordenação prossegue para fixação da coima e cobrança da diferença.

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Artigo 78.º Pagamento voluntário

1 – O pagamento voluntário da coima determina a sua redução para 75% do montante fixado, não podendo, porém, a coima a pagar ser inferior ao montante mínimo respetivo, e sem prejuízo das custas processuais. 2 - Fixada a coima pela entidade competente, o arguido é notificado para a pagar voluntariamente no prazo de 15 dias, sob pena de perder o direito à redução. 3 – O pagamento voluntário da coima não afasta a aplicação das sanções acessórias previstas na lei. 4 – Se o arguido, até à decisão, não regularizar a situação tributária, perde o direito à redução a que se refere o n.º 1 e o processo prossegue para cobrança da parte da coima reduzida.

Artigo 87.º Burla tributária

1 – Quem, por meio de falsas declarações, falsificação ou viciação de documento fiscalmente relevante ou outros meios fraudulentos, determinar a administração tributária ou a administração da segurança social a efectuar atribuições patrimoniais das quais resulte enriquecimento do agente ou de terceiro é punido com prisão até três anos ou multa até 360 dias. 2 – Se a atribuição patrimonial for de valor elevado, a pena é a de prisão de 1 a 5 anos para as pessoas singulares e a de multa de 240 a 1200 dias para as pessoas coletivas. 3 – Se a atribuição patrimonial for de valor considerado elevado, a pena é a de prisão de dois a oito anos para as pessoas singulares e a multa de 480 a 1920 dias para as pessoas coletivas. 4 – As falsas declarações, a falsificação ou viciação de documentos fiscalmente relevantes ou a utilização de outros meios fraudulentos com o fim previsto no n.º 1 não são puníveis autonomamente, salvo se pena mais grave lhes couber.

Artigo 88.º Frustração de créditos

1 – Quem, sabendo que tem de entregar tributo já liquidado ou em processo de liquidação ou dívida às instituições de segurança social, alienar, danificar ou ocultar, fizer desaparecer ou onerar o seu património com intenção de, por essa forma, frustar total ou parcialmente o crédito tributário é punido com prisão até dois anos ou multa até 240 dias.

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2 – Quem outorgar em atos ou contratos que importem a transferência ou oneração de património com a intenção e os efeitos do número anterior, sabendo que o tributo já está liquidado ou em processo de liquidação ou que tem dívida às instituições de segurança social, é punido com prisão até um ano ou multa até 120 dias.

Artigo 89.º Associação criminosa

1 – Quem promover ou fundar grupo, organização ou associação cuja finalidade ou actividade seja dirigida à prática de crimes tributários é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave não lhe couber, nos termos de outra lei penal. 2 – Na mesma pena incorre quem apoiar tais grupos, organizações ou associações, nomeadamente fornecendo armas, munições, instrumentos de crime, armazenagem, guarda ou locais para as reuniões, ou qualquer auxilio para que se recrutem novos elementos. 3 – Quem chefiar, dirigir ou fizer parte dos grupos, organizações ou associações referidos nos números anteriores é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos, se penha mais grave não lhe couber, nos termos de outra lei penal. 4 – As penas referidas podem ser especialmente atenuadas ou não ter lugar a punição se o agente impedir ou se esforçar seriamente para impedir a continuação dos grupos, organizações ou associações, ou comunicar à autoridade a sua existência, de modo a esta poder evitar a prática de crimes tributários.

Artigo 90.º Desobediência qualificada

A não obediência devida a ordem ou mandado legítimo regularmente comunicado e emanado do diretor-geral dos impostos ou do diretor-geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo ou seus substitutos legais ou de autoridade judicial competente em matéria de derrogação do sigilo bancário é punida com desobediência qualificada, com pena se prisão até dois anos ou de multa até 240 dias.

Artigo 91.º Violação de segredo

1 – Quem, sem justa causa e sem consentimento de quem de direito, dolosamente revelar ou se aproveitar do conhecimento do segredo fiscal ou da situação contributiva perante a segurança social de que tenha conhecimento no exercício das suas funções ou por causa delas é punido com prisão até um ano ou multa até 240 dias. 2 – O funcionário que, sem estar devidamente autorizado, revele segredo de que teve conhecimento ou que lhe foi confiado no exercício das suas funções ou por causa delas com a intenção de obter para si ou para outrem um benefício ilegítimo ou de causar prejuízo ao interesse público, ao sistema de segurança social ou a terceiros é punido com prisão até três anos ou multa até 360 dias.

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3 – A pena prevista no número anterior é aplicável ao funcionário que revele segredo de que teve conhecimento ou que lhe foi confiado no exercício das suas funções ou por causa delas, obtido através da derrogação do sigilo bancário ou outro dever legal de sigilo.

Artigo 92.º Contrabando

1 – Quem, por qualquer meio:

a) Importar ou exportar ou, por qualquer modo, introduzir ou retirar mercadorias

do território nacional sem as apresentar às estâncias aduaneiras ou recintos diretamente fiscalizados pela autoridade aduaneira para cumprimento das formalidades de despacho ou para pagamento da prestação tributária aduaneira legalmente devida;

b) Ocultar ou substituir quaisquer mercadorias à ação da administração aduaneira

no interior das estâncias aduaneiras ou recintos diretamente fiscalizados pela administração aduaneira;

c) Retirar do território nacional objetos de considerável interesse histórico ou

artístico sem as autorizações impostas por lei; d) Obtiver, mediante falsas declarações ou qualquer outro meio fraudulento, o

despacho aduaneiro de quaisquer mercadorias ou um benefício ou vantagem fiscal:

é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 360 dias, se o valor da prestação tributária em falta for superior a € 15 000 ou, não havendo lugar a prestação tributária, a mercadoria objeto da infração for de valor aduaneiro superior a € 50 000, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição lega. 2 – A tentativa é punível.

Artigo 93.º Contrabando de circulação

1 – Quem, por qualquer meio, colocar ou detiver em circulação, no interior do território nacional, mercadorias em violação das leis aduaneiras relativas à circulação interna ou comunitária de mercadorias, sem o processamento das competentes guias ou outros documentos legalmente exigíveis ou sem a aplicação de selos, marcas ou outros sinais legalmente prescritos, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 360 dias, se o valor da prestação tributária em falta for superior a € 15 000 ou, não havendo lugar a prestação tributária, a mercadoria objeto da infração for de valor aduaneiro superior a € 50 000. 2 - A tentativa é punível.

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Artigo 94.º

Contrabando de mercadorias de circulação condicionada em embarcações

Quem, a bordo de embarcações de arqueação não superior a 750 t, detiver mercadorias de circulação condicionada destinadas a comércio, com excepção de pescado, é punido com prisão até três anos ou com pena de multa até 360 dias.

Artigo 95.º Fraude no transporte de mercadorias em regime suspensivo

1 – Quem, por qualquer meio, no decurso do transporte de mercadorias em regime suspensivo:

a) Subtrair ou substituir mercadorias transportadas em tal regime; b) Alterar ou tornar ineficazes ou meios de selagem, de segurança ou de

identificação aduaneira, com o fim de subtrair ou de substituir mercadorias; c) Não observar os itinerários fixados, com o fim de se furtar à fiscalização; d) Não apresentar as mercadorias nas estâncias aduaneiras de destino;

é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 360 dias, se o valor da prestação tributária em falta for superior a € 15 000 ou, não havendo lugar a prestação tributária, a mercadoria objeto da infração for de valor aduaneiro superior a € 50 000. 2 – A tentativa é punível.

Artigo 96.º Introdução fraudulenta no consumo

1 – Quem, com intenção de se subtrair ao pagamento dos impostos especiais sobre o álcool e as bebidas alcoólicas, produtos petrolíferos e energéticos ou tabaco:

a) Introduzir no consumo produtos tributáveis sem o cumprimento das

formalidades legalmente exigidas; b) Produzir, receber, armazenar, expedir, transportar, detiver ou consumir produtos

tributáveis, em regime suspensivo, sem o cumprimento das formalidades exigidas;

c) Receber, armazenar, expedir, transportar, detiver ou consumir produtos

tributáveis, já introduzidos no consumo noutro Estado membro, sem o cumprimento das formalidades exigidas;

d) Introduzir no consumo, comercializar, detiver ou consumir produtos tributáveis

com violação das normas nacionais ou europeias aplicáveis em matéria de marcação, coloração, desnaturação ou selagem;

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e) Introduzir no consumo, detiver ou consumir produtos tributáveis destinados a

consumo noutra parcela do território nacional ou com fiscalidade diferenciada; f) Obtiver, mediante falsas declarações ou qualquer outro meio fraudulento, um

benefício ou vantagem fiscal, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 360 dias, se o valor da prestação tributária em falta for superior a € 15 000 ou, não havendo lugar a prestação tributária, se os produtos objecto da infração forem de valor líquido de imposto superior a € 50 000.

2 - Na mesma pena incorre quem, com intenção de se subtrair ao pagamento da prestação tributária devida, introduzir no consumo veículo tributável com obtenção de benefício ou vantagem fiscal mediante falsas declarações, ou qualquer outro meio fraudulento, se o valor da prestação tributária em falta for superior a € 15 000. 3 – A tentativa é punível.

Artigo 97.º Qualificação

Os crimes previstos nos artigos anteriores são punidos com pena de prisão de 1 a 5 anos para as pessoas singulares e de multa de 240 a 1200 dias para as pessoas coletivas, quando se verifique qualquer das seguintes circunstâncias: a) A mercadoria objeto da infração for de importação ou de exportação proibida; b) A mercadoria objeto da infração tiver valor superior a € 100 000; c) Tiverem sido cometidos com uso de armas, ou com o emprego de violência, ou por

duas ou mais pessoas; d) Tiverem sido praticados com corrupção de qualquer funcionário ou agente do Estado; e) O autor ou cúmplice do crime for funcionário da administração tributária ou agente

de órgão de polícia criminal; f) Quando em águas territoriais tiver havido transbordo de mercadorias contrabandeadas; g) Quando a mercadoria objeto da infração estiver tipificada no anexo à Convenção

sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção.

Artigo 97.º-A Contrabando de mercadorias susceptíveis de infligir a pena de morte ou tortura

1 - Quem importar ou exportar, sem as correspondentes autorizações emitidas pelas autoridades competentes, ou, por qualquer modo, introduzir ou retirar do território nacional sem as apresentar às estâncias aduaneiras, as mercadorias que, na prática, só podem ser utilizadas para aplicar a pena de morte ou infligir tortura ou tratamentos

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cruéis, desumanos ou degradantes, tipificados no anexo II do Regulamento (CE) n.º 1236/2005, do Conselho, de 27 de Junho, é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos para as pessoas singulares e de multa de 240 a 1200 dias para as pessoas coletivas. 2 - Quem exportar, sem as correspondentes autorizações emitidas pelas autoridades competentes, ou, por qualquer modo, retirar do território nacional sem as apresentar às estâncias aduaneiras, as mercadorias susceptíveis de serem utilizadas para infligir tortura ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, previstas no anexo III do Regulamento (CE) n.º 1236/2005, do Conselho, de 27 de Junho, é punido com pena de prisão até três anos ou pena de multa até 360 dias. 3 - A tentativa é punível.

Artigo 98.º Violação das garantias aduaneiras

1 – Quem, sendo dono, depositário, transportador ou declarante aduaneiro de quaisquer mercadorias apreendidas nos termos da lei, as alienar ou onerar, destruir, danificar ou tornar inutilizáveis, no ato de apreensão ou posteriormente, é punido com prisão até três anos ou com pena de multa até 360 dias. 2 – Na mesma pena incorre quem, depois de tomar conhecimento da instauração contra si ou contra um comparticipante de processo por crime ou contraordenação relativos a infração prevista no presente diploma, destruir, alienar ou onerar bens apreendidos ou arrestados para garantia do pagamento da importância da condenação e prestação tributária, ainda que esta seja devida por outro comparticipante ou responsável.

Artigo 99.º Quebras de marcas e selos

1 – Quem abrir, romper ou inutilizar, total ou parcialmente, marcas, selos e sinais prescritos nas leis aduaneiras, apostos por funcionário competente, para identificar, segurar ou manter inviolável mercadoria sujeita a fiscalização ou para certificar que sobre esta recaiu arresto, apreensão ou outra providência cautelar, é punido com prisão até três anos ou com pena de multa até 360 dias. 2 – A tentativa é punível.

Artigo 100.º Receptação de mercadorias objeto de crime aduaneiro

1 – Quem, com intenção de obter para si ou para terceiro vantagem patrimonial, dissimular mercadorias objeto de crime aduaneiro, a receber em penhor, a adquirir por qualquer título, a detiver, conservar, transmitir ou contribuir para transmitir, ou de qualquer forma assegurar a sua posse, é punido com prisão até três anos ou com pena de multa até 360 dias.

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2 – Se o agente tiver modo de vida da receptação, a pena é de prisão até cinco anos ou multa até 600 dias. 3 – A pena pode ser livremente atenuada, ou ser decretada a isenção da pena, se o agente do crime, antes de iniciado o processo penal ou no seu decurso, entregar a mercadoria objeto de crime aduaneiro à autoridade competente e indicar, com verdade, de quem a recebeu. 4 – O disposto no número anterior não é aplicável se no decurso do processo se provar que o arguido faz da receptação de mercadorias objeto de crime aduaneiro modo de vida, bem como se se verificar que já foi condenado pelo crime previsto no n.º 1.

Artigo 101.º Auxílio material

Quem auxiliar materialmente outrem a aproveitar-se do benefício económico proporcionado por mercadoria objeto de crime aduaneiro é punido com prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.

Artigo 102.º Crimes de contrabando previstos em disposições especiais

Os factos expressamente qualificados em disposições especiais como crimes de contrabando são punidos, conforme as circunstâncias, com as penas previstas nos artigos anteriores, salvo se daquelas disposições resultar pena mais grave.

Artigo 103.º Fraude

1 – Constituem fraude fiscal, punível com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias, as condutas ilegítimas tipificadas no presente artigo que visem a não liquidação, entrega ou pagamento da prestação tributária ou a obtenção indevida de benefícios fiscais, reembolsos ou outras vantagens patrimoniais susceptíveis de causarem diminuição das receitas tributárias. A fraude pode ter lugar por:

a) Ocultação ou alteração de factos ou valores que devam constar dos livros de

contabilidade ou escrituração, ou das declarações apresentadas ou prestadas a fim de que a administração fiscal especificamente fiscalize, determine, avalie ou controle a matéria coletável;

b) Ocultação de factos ou valores não declarados e que devam ser revelados à

administração tributária; c) Celebração de negócio simulado, quer quanto ao valor, quer quanto à natureza,

quer por interposição, omissão ou substituição de pessoas.

2 – Os factos previstos no número anterior não são puníveis se a vantagem patrimonial ilegítima for inferior a € 15 000.

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3 – Para efeitos do disposto nos números anteriores, os valores a considerar são os que, nos termos da legislação aplicável, devam constar de cada declaração a apresentar à administração tributária.

Artigo 104.º Fraude qualificada

1 – Os factos previstos no artigo anterior são puníveis com prisão de um a cinco anos para as pessoas singulares e multa de 240 a 1200 dias para as pessoas coletivas quando se verificar a acumulação de mais de uma das seguintes circunstâncias:

a) O agente se tiver conluiado com terceiros que estejam sujeitos a obrigações

acessórias para efeitos de fiscalização tributária; b) O agente for funcionário público e tiver abusado gravemente das suas funções; c) O agente se tiver socorrido do auxílio do funcionário público com grave abuso

das suas funções; d) O agente falsificar ou viciar, ocultar, destruir, inutilizar ou recusar entregar,

exibir ou apresentar livros, programas ou ficheiros informáticos e quaisquer outros documentos ou elementos probatórios exigidos pela lei tributária;

e) O agente usar os livros ou quaisquer outros elementos referidos no número

anterior sabendo-os falsificados ou viciados por terceiros; f) Tiver sido utilizada a interposição de pessoas singulares ou coletivas residentes

fora do território português e aí submetidas a um regime fiscal claramente mais favorável;

g) O agente se tiver conluiado com terceiros com os quais esteja em situação de

relações especiais.

2 – A mesma pena é aplicável quando: a) A fraude tiver lugar mediante a utilização de faturas ou documentos

equivalentes por operações inexistentes ou por valores diferentes ou ainda com a intervenção de pessoas ou entidades diversas das da operação subjacente;

b) A vantagem patrimonial for de valor superior a € 50 000.

3 - Se a vantagem patrimonial for de valor superior a € 200 000, a pena é a de prisão de 2 a 8 anos para as pessoas singulares e a de multa de 480 a 1920 dias para as pessoas coletivas. 4 – Os factos previstos nas alíneas d) e e) do n.º 1 do presente preceito com o fim definido no n.º 1 do artigo 103.º não são puníveis autonomamente, salvo se pena mais grave lhes couber.

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Artigo 105.º

Abuso de confiança

1 – Quem não entregar à administração tributária, total ou parcialmente, prestação tributária de valor superior a € 7500, deduzida nos termos da lei e que estava legalmente obrigado a entregar é punido com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias. 2 – Para os efeitos do disposto no número anterior, considera-se também prestação tributária a que foi deduzida por conta daquela, bem como aquela que, tendo sido recebida, haja obrigação legal de a liquidar, nos casos em que a lei o preveja. 3 – É aplicável o disposto no número anterior ainda que a prestação deduzida tenha natureza parafiscal e desde que possa ser entregue autonomamente. 4 – Os factos descritos nos número anteriores só são puníveis se:

a) Tiverem decorrido mais de 90 dias sobre o termo do prazo legal de entrega da

prestação; b) A prestação comunicada à administração tributária através da correspondente

declaração não for paga, acrescida dos juros respetivos e do valor da coima aplicável, no prazo de 30 dias após a notificação para o efeito.

5 – Nos casos previstos nos números anteriores, quando a entrega não efetuada for superior a € 50 000, a pena é de prisão de um cinco anos e de multa de 240 a 1200 dias para as pessoas colectivas. 6 – Se o valor da prestação a que se referem os números anteriores não exceder € 2000, a responsabilidade criminal extingue-se pelo pagamento da prestação, juros respetivos e valor mínimo da coima aplicável pela falta de entrega da prestação no prazo legal, até 30 dias após a notificação para o efeito pela administração tributária. (revogado pela Lei n.º 64-A/2008, de 31/12) 7 – Para efeitos do disposto nos números anteriores, os valores a considerar são os que, nos termos da legislação aplicável, devam constar de cada declaração a apresentar à administração tributária.

Artigo 106.º Fraude contra a segurança social

1 – Constituem fraude conta a segurança social as condutas das entidades empregadoras, dos trabalhadores independentes e dos beneficiários que visem a não liquidação, entrega ou pagamento, total ou parcial, ou o recebimento indevido, total ou parcial, de prestações de segurança social com intenção de obter para si ou para outrem vantagem ilegítima de valor superior a € 7500. 2 – É aplicável à fraude contra a segurança social a pena prevista no n.º 1 do artigo 103.º e o disposto nas alíneas a) a c) do n.º 1 e no n.º 3 do mesmo artigo.

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3 – É igualmente aplicável às condutas previstas no n.º 1 deste artigo o disposto no artigo 104.º. 4 – Para efeitos deste artigo também se consideram prestação da segurança social os benefícios previstos na legislação da segurança social.

Artigo 107.º Abuso de confiança conta a segurança social

1 – As entidades empregadoras que, tendo deduzido do valor das remunerações devidas a trabalhadores e membros dos órgãos sociais o montante das contribuições por estes legalmente devidas, não o entreguem, total ou parcialmente, às instituições de segurança social, são punidas com as penas previstas nos n.ºs 1 e 5 do artigo 105.º. 2 – É aplicável o disposto nos n.ºs 4 e 7 do artigo 105.º.

Artigo 108.º Descaminho

1 – Os factos descritos nos artigos 92.º, 93.º e 95.º da presente lei que não constituam crime em razão do valor da prestação tributária ou da mercadoria objeto da infração, ou, independentemente destes valores, sempre que forem praticados a título de negligência, são puníveis com coima de € 250 a € 165 000. 2 – Os meios de transporte utilizados na prática da contraordenação prevista no número anterior serão declarados perdidos a favor da Fazenda Nacional quando a mercadoria objeto da infração consistir na parte de maior valor relativamente à restante mercadoria transportada e desde que esse valor exceda € 3750, valendo também nesses casos, as exceções consagradas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 19.º. 3 – A mesma coima é aplicável:

a) Quando for violada a disciplina legal dos regimes aduaneiros ou destinos

aduaneiros; b) Quando tenha havido desvio do fim pressuposto no regime aduaneiro aplicado

à mercadoria; c) Quando forem utilizadas ou modificadas ilicitamente mercadorias em regime de

domiciliação antes do desembaraço aduaneiro ou as armazenar em locais diversos daqueles para os quais foi autorizada a descarga, de modo a impedir ou dificultar a ação aduaneira, sem prejuízo da suspensão do regime prevista nas leis aduaneiras;

d) Quando, através de diversos formulários de despacho, se proceder à importação

de componentes separados de um determinado artefacto que, após montagem no País, formem um produto novo, desde que efetuado com a finalidade de ilidir a perceção da prestação tributária devida pela importação do artefacto

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acabado ou se destine a subtrair o importador aos efeitos das normas sobre contingentação de mercadorias.

4 – A mesma coima é aplicável às seguintes infrações, praticadas no âmbito do regime geral e regimes especiais da fiscalização automóvel: (revogado pelo art.º 9.º da Lei n.º 22-A/2007, de 29/6)

a) O incumprimento dos prazos de apresentação às alfândegas dos veículos que

se destinam a ser introduzidos no consumo ou a permanecer temporariamente em território nacional;

b) A condução ou utilização de veículo com guia aduaneira ou livrete de trânsito

caducados ou fora das condições impostas por lei ou pelas autoridades aduaneiras, bem como a posse de veículo em situação irregular por falta de pagamento do imposto no prazo legalmente previsto;

c) A obtenção de despacho de benefício ou vantagem fiscal por meio de falsas

declarações ou por qualquer outro meio fraudulento que tenha induzido em erro os serviços aduaneiros;

d) A utilização do veículo em desvio do fim e o incumprimento de quaisquer

condicionalismos ou ónus que acompanhem a concessão do benefício ou vantagem fiscal, designadamente em matéria de alienação, aluguer, cedência ou empréstimo a terceiros não autorizados legalmente;

e) A circulação de veículos a que foram alteradas as caraterísticas da

classificação fiscal, designadamente a alteração da cilindrada do motor para uma superior, a mudança de chassi e a transformação de veículos que implique a reclassificação fiscal numa categoria a que corresponda uma taxa de imposto mais elevada, sem que se mostre previamente regularizado o pagamento do imposto devido;

f) A permanência de veículo em território nacional para além dos prazos de

admissão ou importação legalmente estabelecidos.

5 – A mesma coima é aplicável a infrações praticadas no âmbito dos regimes especiais de admissão ou importação, com quaisquer isenções, de bens destinados a fins sociais, culturais ou filantrópicos, quando forem afetos ou cedidos a terceiros, ao comércio ou a outros fins, em violação do respetivo regime. 6 - A mesma coima é, ainda, aplicável a quem, à entrada ou saída do território nacional, violar o dever legal de declaração de montante de dinheiro líquido, como tal definido na legislação comunitária e nacional, igual ou superior a € 10 000, transportado por si e por viagem. 7 - Considera-se que esse dever não foi cumprido quando a informação constante do formulário não esteja correta ou esteja incompleta, salvo quando os elementos incorretos ou em falta possam ser supridos ou mandados suprir ao declarante, no ato de controlo, e as inexatidões ou omissões não sejam culposas. 8 – A tentativa é punível.

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Artigo 109.º Introdução irregular no consumo

1 – Os factos descritos no artigo 96.º que não constituam crime em razão do valor da prestação tributária ou da mercadorias objeto da infração, ou, independentemente destes valores, sempre que forem praticados a título de negligência, são puníveis com coima de € 1500 a € 165.000. 2 – São puníveis com coima de € 250 a € 165 000 os seguintes factos:

a) Não apresentar os documentos de acompanhamento, as declarações de

introdução no consumo ou documento equivalente e os resumos mensais de vendas, nos termos e prazos legalmente fixados;

b) Desviar os produtos tributáveis do fim pressuposto no regime fiscal que lhe é

aplicável ou utilizá-los em equipamentos não autorizados; c) Não dispuser da contabilidade nos termos do Código dos Impostos Especiais

sobre o Consumo ou nela não inscrever imediatamente as expedições, receções e introduções no consumo de produtos tributáveis;

d) Expedir produtos tributáveis em regime suspensivo, sem prestação da garantia

exigível ou quando o seu montante seja inferior ao do respetivo imposto; e) Armazenar produtos tributáveis em entreposto fiscal diferente do especialmente

autorizado em função da natureza do produto; f) Misturar produtos tributáveis distintos sem prévia autorização da estância

aduaneira competente; g) Apresentar perdas de produtos tributáveis em percentagens superiores às

franquiadas por lei; (revogada prelo Dec. Lei nº 73/2010, de 21/6) h) Não cumprir as regras de funcionamento dos entrepostos fiscais previstas no

Código dos Impostos Especiais de Consumo, na entrada e na saída de produtos tributáveis;

i) Expedir produtos tributáveis já introduzidos no consumo, titulando essa

expedição com faturas ou documentos equivalentes que não contenham os elementos referidos no artigo 105.º do Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo; (revogada prelo Dec. Lei nº 73/2010, de 21/6)

j) Omitir a comunicação do não apuramento do regime de circulação em

suspensão do imposto, findo o prazo de dois meses a contar da data de expedição dos produtos; (revogada prelo Dec. Lei nº 73/2010, de 21/6)

l) Não dispuser ou não atualizar os certificados de calibração e não mantiver em

bom estado de operacionalidade os instrumentos de medida, tubagens indicadores automáticos de nível e válvulas, tal como exigido por lei;

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m) Alterar as caraterísticas e valores metrológicos do equipamento dos entrepostos

fiscais sem a comunicação prévia à instância aduaneira competente; n) Introduzir no consumo ou comercializar produtos tributáveis a preço diferente

do preço homologado de venda ao público, quando ele exista; o) Recusar, obstruir ou impedir a fiscalização das condições do exercício da sua

atividade, nomeadamente a não prestação de informação legalmente prevista ao serviço fiscalizador;

p) Introduzir no consumo, expedir, detiver ou comercializar produtos com violação

das regras de selagem, embalagem, detenção ou comercialização, designadamente os limites quantitativos, estabelecidas pelo Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo e em legislação complementar;

q) Adquirir ou consumir gasóleo colorido e marcado sem ser titular de cartão com

microcircuito. r) Utilizar produtos que beneficiem de isenção, sem o reconhecimento prévio da

autoridade aduaneira, nos casos em que esta for exigível pela legislação aplicável.

3 - A coima prevista no número anterior é igualmente aplicada a quem:

a) Introduzir no consumo, expedir, exportar, utilizar ou mantiver a posse de

veículos tributáveis sem o cumprimento das obrigações previstas na lei; b) Utilizar veículo tributável com documentos inválidos ou fora das condições

previstas por lei ou pela Direção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo ou violar o prazo de apresentação à alfândega de veículos tributáveis que se destinem a ser introduzidos no consumo ou a permanecer temporariamente em território nacional;

c) Utilizar veículo tributável em violação de condicionalismos ou ónus que

acompanhem o reconhecimento de benefício fiscal, designadamente em matéria de alienação, aluguer, cedência a terceiros ou identificação exterior do veículo;

d) Transformar ou utilizar veículo tributável transformado, mudar o chassis ou

alterar o motor, desde que tais operações impliquem a sujeição a imposto ou a taxa de imposto elevada;

e) Obtiver benefício ou vantagem fiscal em veículos tributáveis por meio de falsas

declarações ou por qualquer outro meio fraudulento.

4 – A tentativa é punível. 5 – O montante das coimas nos números anteriores é reduzido a metade no caso de os produtos objeto da infração serem tributados à taxa zero.

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6 - O montante máximo da coima é agravado para o dobro nos casos previstos na alínea p) do n.º 2.

Artigo 110.º Recusa de entrega, exibição ou apresentação de documentos e mercadorias

1 – A recusa de entrega, exibição ou apresentação de escrita, contabilidade, declarações e documentos ou a recusa de apresentação de mercadorias às entidades com competência para a investigação e instrução das infrações aduaneiras é punível com coima de € 150 a € 15 000. 2 – A mesma coima é aplicável a quem, por qualquer meio, impedir ou embaraçar qualquer verificação, reverificação ou outra qualquer ação de fiscalização, ainda que preventiva, de mercadorias, livros ou documentos, ordenada por funcionário competente, em qualquer meio de transporte ou em qualquer estabelecimento, loja, armazém ou recinto fechado que não seja casa de habitação.

Artigo 110.º-A Falta ou atraso de entrega, exibição ou apresentação de

documentos ou de declarações

A falta ou atraso na apresentação, ainda que por via electrónica, ou a não exibição imediata ou no prazo que a lei ou a administração aduaneira fixarem, de declarações ou documentos comprovativos dos factos, valores ou situações constantes das declarações, documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir, comunicações, guias, registos, mesmo que magnéticos, ou outros documentos e a não prestação de informações ou esclarecimentos que autonomamente devam ser legal ou administrativamente exigidos são puníveis com coima de € 75 a € 3750.

Artigo 111.º Violação do dever de cooperação

A violação dolosa do dever legal de cooperação, no sentido da correta perceção da prestação tributária aduaneira, ou a prática de inexatidões, erros ou omissões nos documentos que aquele dever postula, quando estas não devam ser consideradas como infrações mais graves, é punível com coima de € 75 a € 7500.

Artigo 111.º-A Omissões e inexactidões nas declarações ou em outros

documentos tributariamente relevantes

As omissões ou inexatidões que não constituam a contraordenação prevista no artigo anterior, praticada nas declarações, bem como nos documentos comprovativos dos factos, valores ou situações delas constantes, incluindo as praticadas nos documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir ou noutros documentos tributariamente relevantes que devam ser mantidos, apresentados ou exigidos, são puníveis com coima de € 75 a € 5750.

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Artigo 112.º Aquisição de mercadorias objeto de infração aduaneira

1 – Quem, sem previamente se ter assegurado da sua legítima proveniência, adquirir ou receber, a qualquer título, coisa que, pela sua qualidade ou pela condição de quem lha oferece ou pelo montante do preço proposto, faça razoavelmente suspeitar de que se trata de mercadoria objeto de infração aduaneira, quando ao facto não for aplicável sanção mais grave, é punido com coima de € 75 a € 7500. 2 – É aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 100.º.

Artigo 113.º Recusa de entrega, exibição ou apresentação de escrita

e de documentos fiscalmente relevantes

1 – Quem dolosamente recusar a entrega, a exibição ou apresentação de escrita, de contabilidade ou de documentos fiscalmente relevantes a funcionário competente, quando os factos não constituam fraude fiscal, é punido com coima de € 375 a € 75 000. 2 – Quando a administração tributária deva fixar previamente prazo para a entrega, exibição ou apresentação de escrita, de contabilidade e de documentos fiscalmente relevantes a funcionário competente, a infração só se considera consumada no termo desse prazo. 3 – Considera-se recusada a entrega, a exibição ou a apresentação de escrita, de contabilidade ou de documentos fiscalmente relevantes quando o agente não permitir o livre acesso ou a utilização pelos funcionários competentes dos locais sujeitos a fiscalização de agentes da administração tributária, nos termos da lei. 4 – Para os efeitos dos números anteriores, consideram-se documentos fiscalmente relevantes os livros, demais documentos e respetivas versões eletrónicas, indispensáveis ao apuramento e fiscalização da situação tributária do contribuinte.

Artigo 114.º Falta de entrega da prestação tributária

1 – A não entrega, total ou parcial, pelo período até 90 dias, ou por período superior, desde que os factos não constituam crime, ao credor tributário, da prestação tributária deduzida nos termos da lei é punível com coima variável entre o valor da prestação em falta e o seu dobro, sem que possa ultrapassar o limite máximo abstratamente estabelecido. 2 – Se a conduta prevista no número anterior for imputável a título de negligência, e ainda que o período da não entrega ultrapasse os 90 dias, será aplicável coima variável entre 15% e metade do imposto em falta, sem que possa ultrapassar o limite máximo abstratamente estabelecido.

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3 – Para os efeitos do disposto nos números anteriores considera-se também prestação tributária a que foi deduzida por conta daquela, bem como aquela que, tendo sido recebida, haja obrigação legal de liquidar nos casos em que a lei o preveja. 4 – As coimas previstas nos números anteriores são também aplicáveis em qualquer caso de não entrega, dolosa ou negligente, da prestação tributária que, embora não tenha sido deduzida, o devesse ser nos termos da lei. 5 – Para efeitos contraordenacionais são puníveis com falta de entrega da prestação tributária:

a) A falta de liquidação, liquidação inferior à devida ou liquidação indevida de

imposto em fatura ou documento equivalente, a falta de entrega, total ou parcial, ao credor tributário do imposto devido que tenha sido liquidado ou que devesse ter sido liquidado em fatura ou documento equivalente, ou a sua menção, dedução ou retificação sem observância dos termos legais;

b) A falta de pedido de liquidação do imposto que deva preceder a alienação ou

aquisição de bens; c) A falta de pedido de liquidação do imposto que deva ter lugar em prazo

posterior à aquisição de bens; d) Alienação de quaisquer bens ou o pedido de levantamento, registo, depósito ou

pagamento de valores ou títulos que devam ser precedidos do pagamento de impostos;

e) A falta de liquidação, do pagamento ou da entrega nos cofres do Estado do

imposto que recaia autonomamente sobre documentos, livros, papéis e atos; f) A falta de pagamento, total ou parcial, da prestação tributária devida a título de

pagamento por conta do imposto devido a final, incluindo as situações de pagamento especial por conta.

6 – O pagamento do imposto por forma diferente da legalmente prevista é punível com coima de € 75 a € 2000.

Artigo 116.º Falta ou atraso de declarações

1 – A falta de declarações que para efeitos fiscais devam ser apresentadas a fim de que a administração tributária especificadamente determine, avalie ou comprove a matéria colectável, bem como a respectiva prestação fora do prazo legal, é punível com coima de € 150 a € 3750. 2 – Para efeitos deste artigo, são equiparadas às declarações referidas no número anterior as declarações que o contribuinte periodicamente deva efetuar para efeitos estatísticos ou similares.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 19.º

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Artigo 117.º Falta ou atraso na apresentação ou exibição de documentos ou de declarações

1 – A falta ou atraso na apresentação ou a não exibição, imediata ou no prazo que a lei ou a administração tributária fixarem, de declarações ou documentos comprovativos dos factos, valores ou situações constantes das declarações, documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir, comunicações, guias, registos, ainda que magnéticos, ou outros documentos e a não prestação de informações ou esclarecimentos que autonomamente devam ser legal ou administrativamente exigidos são puníveis com coima de € 150 a € 3750. 2 – A falta de apresentação, ou a apresentação fora do prazo legal, das declarações de início, alteração ou cessação de atividade, das declarações autónomas de cessação ou alteração dos pressupostos de benefícios fiscais e das declarações para inscrição em registos que a administração fiscal deva possuir de valores patrimoniais é punível com coima de € 300 a € 7500. 3 – A falta de exibição pública dos dísticos ou outros elementos comprovativos do pagamento do imposto que seja exigido é punível com coima de € 35 a € 750. 4 – A falta de apresentação ou apresentação fora do prazo legal das declarações ou fichas para inscrição ou atualização de elementos do número fiscal de contribuinte das pessoas singulares é punível com coima de € 75 a € 375. 5 – A falta de comunicação, ou a comunicação fora do prazo legal, da adesão à caixa postal eletrónica é punível com coima de € 50 a € 250. 6 – A falta de apresentação no prazo que a administração tributária fixar da documentação respeitante à política adoptada em matéria de preços de transferência é punível com coima de € 500 a € 10 000. 7 – A falta de apresentação no prazo que a administração tributária fixar dos elementos referidos no n.º 9 do artigo 66.º do Código do IRC é punível com coima de € 500 a € 10.000. 8 - A falta de apresentação ou apresentação fora do prazo legal das declarações previstas nas alíneas b) e d) do n.º 8 do artigo 69.º do Código do IRC é punível com coima de € 500 a € 22 500.

Artigo 118.º Falsificação, viciação e alteração de documentos fiscalmente relevantes

1 – Quem dolosamente falsificar, viciar, ocultar, destruir ou danificar elementos fiscalmente relevantes, quando não deva ser punido pelo crime de fraude fiscal, é punido com coima variável entre € 750 e o triplo do imposto que deixou de ser liquidado, até € 37 500. 2 – Quem utilizar, alterar ou viciar programas, dados ou suportes informáticos, necessários ao apuramento e fiscalização da situação tributária do contribuinte, com o objetivo de obter vantagens patrimoniais susceptíveis de causarem diminuição das

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 19.º

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receitas tributárias, é punido com coima variável entre € 750 e o triplo do imposto que deixou de ser liquidado, até € 37 500. 3 – No caso de não haver imposto a liquidar, os limites das coimas previstas nos números anteriores são reduzidos a metade.

Artigo 119.º Omissões e inexatidões nas declarações ou em outros

documentos fiscalmente relevantes

1 – As omissões ou inexatidões relativas à situação tributária que não constituam fraude fiscal nem contraordenação prevista no artigo anterior, praticadas nas declarações, bem como nos documentos comprovativos dos factos, valores ou situações delas constantes, incluindo as praticadas nos livros de contabilidade e escrituração, nos documentos de transporte ou outros que legalmente os possam substituir ou noutros documentos fiscalmente relevantes que devam ser mantidos, apresentados ou exibidos, são puníveis com coima de € 375 a € 22 500. 2 – No caso de não haver imposto a liquidar, os limites das coimas previstas no número anterior são reduzidos a um quarto. 3 – Para os efeitos do n.º 1 são consideradas declarações as referidas no n.º 1 do artigo 116.º e no n.º 2 do artigo 117.º. 4 – As inexatidões ou omissões praticadas nas declarações ou fichas para inscrição ou atualização de elementos do número fiscal de contribuinte das pessoas singulares são puníveis com coima entre € 35 e € 750.

Artigo 120.º Inexistência de contabilidade ou de livros fiscalmente relevantes

1 – A inexistência de livros de contabilidade ou de escrituração e do modelo de exportação de ficheiros, obrigatórios por força da lei, bem como de livros, registos e documentos com eles relacionados, qualquer que seja a respetiva natureza, é punível com coima entre € 225 e € 22 500. 2 – Verificada a inexistência de escrita, independentemente do procedimento para aplicação da coima prevista no número anterior, é notificado o contribuinte para proceder à sua organização num prazo a designar, que não pode ser superior a 30 dias, com a cominação de que, se o não fizer, fica sujeito à coima do artigo 113.º.

Artigo 122.º Falta de apresentação, antes da respetiva utilização, dos livros de escrituração

1 – A falta de apresentação, no prazo legal e antes da respetiva utilização, de livros, registos ou outros documentos relacionados com a contabilidade ou exigidos na lei é punível com coima de € 75 a € 750.

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Regime dos Bens em Circulação Art.º 19.º

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2 – A mesma sanção é aplicável à não conservação pelo prazo estabelecido na lei fiscal, dos documentos mencionados no número anterior.

Artigo 123.º Violação do dever de emitir ou exigir recibos ou faturas

1 – A não passagem de recibos ou faturas ou a sua emissão fora dos prazos legais, nos casos em que a lei o exija, é punível com coima de € 150 a € 3750. 2 – A não exigência, nos termos da lei, de passagem ou emissão de faturas ou recibos, ou a sua não conservação pelo período de tempo nela previstos, é punível com coima de € 75 a € 2000.

Artigo 127.º Impressão de documentos por tipografias não autorizadas

1 – A impressão de documentos fiscalmente relevantes por pessoas ou entidades não autorizadas para o efeito, sempre que a lei o exija, bem como a sua aquisição, é punível com coima de € 750 a € 37 500. 2 – O fornecimento de documentos fiscalmente relevantes por pessoas ou entidades autorizadas sem observância das formalidades legais, bem como a sua aquisição ou utilização, é punível com coima de € 750 a € 37 500.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4

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Portaria n.º 161/2013

de 23 de abril

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4

382

Portaria n.º 161/2013,

de 23 de abril

(Modo de cumprimento das obrigações de comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte)

O Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, introduz alterações ao regime de bens em circulação aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, determinando, designadamente, a obrigação de comunicação à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) dos elementos dos documentos de transporte.

O novo regime permite à AT um reforço do controlo efetivo das operações realizadas pelos

agentes económicos. Por outro lado, o novo regime foi concebido para tornar mais simples e mais rápido o cumprimento de obrigações de emissão dos documentos de transporte pelas empresas.

A definição dos meios de emissão dos documentos de transporte e das formas de

comunicação dos seus elementos encontra-se prevista no artigo 5.º do referido regime. O modo de cumprimento das obrigações de comunicação foi, porém, remetido para portaria do Ministro das Finanças.

No âmbito desta portaria, estabelece-se ainda a exclusão das obrigações de comunicação dos

documentos de transporte sempre que o destinatário ou adquirente seja consumidor final. Esta exclusão visa reforçar a proteção dos dados pessoais dos consumidores finais, em linha com o disposto no Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto.

Por fim, de forma a permitir uma melhor adaptação dos agentes económicos às novas regras

aplicáveis aos bens em circulação e por razões operacionais relacionadas com o novo sistema de comunicação por transmissão eletrónica de dados, estabelece-se que o novo regime apenas entrará em vigor no dia 1 de julho de 2013.

Assim: Manda o Governo, pelo Ministro do Estado e das Finanças, ao abrigo do disposto no artigo 8.º

do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, o seguinte:

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 1.º

383

Artigo 1.º

Objeto

O presente diploma regulamenta o modo de cumprimento das obrigações de comunicação dos elementos dos documentos de transporte previstas no regime de bens em circulação, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, e republicado pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 2.º

384

Artigo 2.º

Âmbito de aplicação

1 - O presente diploma aplica-se às entidades referidas no n.º 1 do artigo 6.º do regime de bens em circulação, sem prejuízo da dispensa de comunicação prevista no n.º 10 do artigo 5.º do mesmo regime.

2 - São excluídos das obrigações de comunicação prevista no artigo anterior os documentos

de transporte em que o destinatário ou adquirente seja consumidor final. 3 - A comunicação dos elementos dos documentos de transporte é efetuada pelos sujeitos

passivos remetentes dos bens, podendo estes habilitar terceiros a fazê-la, em seu nome e por sua conta, em funcionalidade disponibilizada no Portal das Finanças.

4 - As alterações referidas no n.º 8 do artigo 4.º do regime de bens em circulação, quando

estas forem efetuadas em documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas e processadas pelos transportadores, são comunicadas pelos remetentes, até ao 5.º dia útil seguinte ao do transporte, sem prejuízo do disposto no número anterior.

5 - O disposto no número anterior é também aplicável quando, após a comunicação de dados

prevista na alínea a) do n.º 6 do artigo 5.º do regime dos bens em circulação, se verifique, antes do início do transporte, a necessidade de retificação em particular da data e hora em que aquele se inicia, e estas alterações sejam efetuadas pelos transportadores em documentos de transporte impressos em tipografias autorizadas, devendo nestes referenciar-se o documento alterado.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 3.º

385

Artigo 3.º

Comunicação por transmissão eletrónica de dados

1 - A comunicação por transmissão eletrónica de dados prevista na alínea a) do n.º 6 do artigo 5.º do regime de bens em circulação é efetuada por uma das seguintes vias:

a) Por transmissão eletrónica em tempo real, integrada em programa informático, utilizando o

Webservice disponibilizado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT); b) Através do envio de ficheiro exportado pelo programa informático de emissão, recorrendo

à aplicação de envio de dados disponibilizada no Portal das Finanças na Internet (www.portaldasfinancas.gov.pt).

c) Através da emissão direta no Portal das Finanças do documento de transporte. (ver n.º 4) 2 - A obrigação de comunicação efetuada nos termos do número anterior considera-se

cumprida no momento em que é disponibilizado o código de identificação atribuído ao documento. 3 - As entidades referidas no artigo anterior que se encontrem sujeitas às obrigações previstas

na Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, alterada pela Portaria n.º 22-A/2012, de 24 de janeiro, e pela Portaria n.º 160/2013, ou que emitam os documentos de transporte através de sistemas informáticos, utilizam um dos meios de comunicação referidos no n.º 1.

4 - Para efeitos do disposto na alínea c) do n.º 1, a AT disponibiliza no Portal das Finanças

uma aplicação informática, com as funcionalidades de emissão e comunicação necessárias ao cumprimento das obrigações previstas no regime de bens em circulação.

5 - Não obstante o disposto no n.º 11 do artigo 4.º do regime de bens em circulação, a

comunicação do documento de transporte adicional, previsto no n.º 8 daquele artigo, pode ser efetuada por transmissão eletrónica de dados, sendo-lhe aplicável o disposto no n.º 8 do artigo 5.º do referido regime.

6 - Em caso de transporte dos bens referidos na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º do regime de

bens em circulação, que não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta, a obrigação de comunicação considera-se também cumprida, desde que, cumulativamente:

a) Seja comunicado previamente pelo adquirente, nos termos e condições previstas no

presente artigo, e em documento próprio, pelo menos o número de identificação fiscal de cada produtor e a data do início do transporte;

b) Sejam emitidos documentos de transporte em papel, impressos em tipografias autorizadas,

à medida que os bens forem objeto de carga, identificando o número de identificação fiscal do produtor, a designação comercial dos bens e as quantidades, bem como o local, o dia e a hora de carga, devendo tais documentos acompanhar o transporte de bens;

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 3.º

386

c) Os elementos dos documentos referidos na alínea anterior sejam inseridos no Portal das

Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, fazendo menção do documento comunicado nos termos da alínea a).

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 4.º

387

Artigo 4.º

Comunicação através de serviço telefónico

1 - A comunicação dos elementos dos documentos de transporte é realizada através de serviço telefónico automático, nos seguintes casos: (ver n.º 2)

a) Quando os documentos de transporte sejam emitidos nos termos da alínea e) do n.º 1 do

artigo 5.º do regime de bens em circulação, pelas entidades não abrangidas pelo disposto no artigo anterior;

b) Durante o período de inoperacionalidade do sistema de comunicação utilizado pelas

entidades referidas no n.º 3 do artigo anterior, desde que devidamente comprovada pelo respetivo operador.

2 - Para efeitos do disposto no número anterior, a AT disponibiliza no Portal das Finanças,

mediante autenticação das entidades que a solicitem, uma senha individual de acesso ao serviço telefónico automático.

3 - As entidades referidas no n.º 1 do artigo 2.º acedem ao serviço telefónico automático da

AT, identificado no Portal das Finanças, fornecendo o seu número de identificação fiscal e a senha referida no número anterior.

4 - Na comunicação telefónica indicam-se os seguintes elementos do documento de

transporte:

a) Os quatro últimos dígitos do número do documento de transporte, devendo, se inferior ao milhar, ser precedido de "zeros" até completar os quatro dígitos;

b) A data de início do transporte (dia e mês, por esta ordem, com a inserção de quatro

dígitos); c) A hora do início do transporte (hora e minuto, por esta ordem, com a inserção de quatro

dígitos); d) O número de identificação fiscal do adquirente, quando aplicável. 5 - AT valida a comunicação efetuada nos termos dos números anteriores com a atribuição de

um código de comunicação telefónica, através de mensagem de voz e escrita, que atesta que a comunicação daqueles elementos foi efetuada com sucesso.

6 - Nos casos de comunicação através de serviço telefónico automático, as entidades referidas

no n.º 1 do artigo 2.º devem inserir no Portal das Finanças, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte, os elementos do documento de transporte ainda não comunicados na forma prevista no n.º 4, mediante o acesso ao registo do documento através do código de comunicação telefónica.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 5.º

388

Artigo 5.º

Comunicação em caso de inoperacionalidade dos sistemas da Autoridade Tributária e Aduaneira

1 - Em caso de inoperacionalidade dos sistemas da AT que suportam a gestão da comunicação dos elementos dos documentos de transporte, as entidades referidas no n.º 1 do artigo 2.º ficam dispensadas da comunicação prévia prevista no n.º 5 do artigo 5.º do regime de bens em circulação, sendo obrigadas a comunicar os elementos dos documentos de transporte, até ao 5.º dia útil seguinte ao do início do transporte.

2 - No caso previsto no número anterior, o transportador deve fazer-se acompanhar dos

documentos de transporte em suporte de papel.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 6.º

389

Artigo 6.º

Inoperacionalidade dos sistemas da Autoridade Tributária e Aduaneira

Nos casos em que ocorra indisponibilidade dos sistemas da AT que suportam a gestão da comunicação dos elementos dos documentos de transporte, a AT deverá conservar, por um período de 60 dias, o registo histórico das ocorrências e a sua delimitação temporal, para efeitos da verificação da prática de infrações e levantamento do auto de notícia, quando a ele haja lugar.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 7.º

390

Artigo 7.º

Inserção dos elementos dos documentos de transporte

A inserção no Portal das Finanças dos elementos dos documentos de transporte emitidos em papel pode também ser efetuado através de uma das vias previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 3.º.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 8.º

391

Artigo 8.º

Instruções e especificações técnicas

A AT disponibiliza no Portal das Finanças as instruções e especificações técnicas, para cumprimento das obrigações previstas no presente diploma.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 9.º

392

Artigo 9.º

Produção de efeitos

As alterações ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, previstas no artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, e na Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, entram em vigor no dia 1 de julho de 2013.

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Portaria n.º 161/2013, de 23/4 Art.º 10.º

393

Artigo 10.º

Entrada em vigor

A presente portaria entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.

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INDICE GERAL ALFABÉTICO

A Abastecimento de tabaco manufaturado das máquinas de distribuição automáticas:

- ver "Tabaco manufaturado (abastecimento das máquinas de distribuição automáticas)" - artigo 4.º ..................................................................................

Abertura de embalagens: - embalagens ou contentores acondicionantes de produtos de fácil deterioração ou

perigo - artigo 13.º, n.º 3 ....................................................................................... - malas ou outros contentores de mercadorias - artigo 13.º, n.º 2 ............................

Abuso de poder: - por parte dos funcionários ou violação de deveres inerentes às suas funções

(punição) - artigo 13.º .......................................................................................... Adquirente:

- ver "Destinatário ou adquirente" - artigo 2.º, n.º 1, alínea g) ................................ Agricultura:

- ver "Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária" - artigo 3.º ...............................................................

Águas residuais: - ver "Transporte de águas residuais (documento de transporte)" - artigo 4.º .......

Alarmes: - transporte de materiais para a sua montagem e reparação - artigo 4.º .................

Alterações ao destinatário ou adquirente ou ao local de destino: - ocorridas no decurso do transporte, ou a não aceitação dos bens pelo adquirente

ou destinatário - artigo 4.º ................................................................................... Aluguer de longa duração de máquinas agrícolas:

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... Amostras destinadas a ofertas de pequeno valor:

- documento comprovativo da natureza e quantidade dos bens, sua proveniência e destino - artigo 3.º, ..............................................................................................

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... - modelo da declaração que pode ser utilizada em substituição do documento do

transporte - artigo 3.º ........................................................................................... Amostras de material de climatização para apresentação aos clientes:

- procedimentos a adoptar quanto ao documento de transporte a emitir - artigo 3.º Amostras de produtos dermo-cosméticos entregues aos pracistas e viajantes:

- documento de transporte - artigo 3.º .................................................................... Animais cadáveres:

- cães e gatos - artigo 1.º ........................................................................................ Anulação de guias de transporte:

- ver "Guias de transporte (anulação)" - artigo 4.º .................................................. Apicultura:

- ver "Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária" - artigo 3.º ...............................................................

Apreensão: - provisória dos bens e do veículo transportador - artigo 15.º, n.º 1 ........................

Apreensão dos bens em circulação e do veículo que os transportam: - ato de limitação do exercício do direito de propriedade - artigo 16.º ..................

Pág.

240

319 319

320

56

87

245

128

130

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71

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73

14

196

87

335

340

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395

- bens sujeitos a fácil deterioração - artigo 16.º ..................................................... - casos em que não há lugar a apreensão - artigo 16.º ........................................... - recurso para o tribunal judicial de 1.ª instância - artigo 16.º ...............................

Aquisição de bens no armazém do fornecedor: - documento de transporte a emitir - artigo 4.º ......................................................

Aquisição de documentos de transporte em papel, impressos em tipografias autorizadas: - comunicam à AT dos elementos identificativos dos adquirentes - artigo 10.º, n.º

5 ........................................................................................................................... - elementos que deve conter a comunicação - artigo 10.º, n.º 6 ............................. - prazo para serem mantidos em arquivo as requisições e os registos informáticos

- artigo 10.º, n.º 4 ................................................................................................. - registo do fornecimento dos impressos pela tipografia em suporte informático -

artigo 10.º, n.º 2 ................................................................................................... - requisição escrita do adquirente utilizador para a sua aquisição - artigo 10.º, n.º

1 ........................................................................................................................... Aquisições intracomunitárias de bens:

- bens adquiridos em Itália por um sujeito passivo dos com Açores - artigo 3.º .... - declaração CMR, "packing list", carta de portes e documento emitido pelo

operador logístico - artigo 3.º .............................................................................. - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... - transporte em território nacional - artigo 3.º ........................................................

Areia: - ver "Extração de areias para venda à construção civil" - artigo 5.º .....................

Armas de caça, de desporto e defesa: - transportadas para realizar testes no exterior das instalações fabris (protótipos)

em fase de desenvolvimento ou em fase final de homologação - artigo 1.º ...... Armazenistas de ourivesaria:

- emissão de documentos de transporte de bens para destinatários desconhecidos e comunicação dos respetivos elementos - artigo 4.º ..........................................

Arquivo dos documentos de transporte: - ver "Documentos de transporte (prazo durante o qual devem ser mantidos em

arquivo os exemplares destinados ao remetente, destinatário e à inspeção tributária)" - artigo 6.º .........................................................................................

Arquivo das requisições dos documentos de transporte: - prazo durante o qual deve ser mantido - artigo 10.º, n.º 4 ...................................

Artefactos de ourivesaria e de relojoaria, cuja venda ocorra em feiras e mercados: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Artesãos que vendem os seus produtos em feiras e mercados: - ver "Vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados enquadrados

no REI (que vendem apenas artesanato de produção própria)" - artigo 4.º ......... Assistência técnica em aparelhos de aquecimento central de climatização:

- ver "Transporte de materiais para serem objeto de "tratamento de superfície" (em nome de quem deve ser emitido o documento de transporte)" - artigo 4.º ...

Atividade agrícola, apícola, silvícola, de aquicultura ou de pecuária: - ver "Produtores que exerçam a atividade agrícola, apícola, silvícola, de

aquicultura ou de pecuária, que transportem bem ou produtos que não resultem da sua produção (documento de transporte e comunicação)" - artigo 4.º ...........

Autarquias locais: - ações de fiscalização efetuadas a veículos que lhes pertençam quando

transportem bens e utensílios afetos às atividades por elas desenvolvidas - artigo 13.º .............................................................................................................

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Auto de apreensão: - assinatura - artigo 16.º .......................................................................................... - número de exemplares a lavrar e entidades a quem se destinam - artigo 16.º .....

Autofaturação: - ver "Faturas (autofaturação)" - artigo 4.º .............................................................

Autorização ministerial relativa à tipografia que imprimiu os documentos de transporte - referência a fazer constar dos mesmos - artigo 4.º, n.º 3 .....................................

Autorização para as tipografias imprimirem documentos de transporte: - condições - artigo 8.º ............................................................................................ - revogação da autorização - artigo 11.º .................................................................

Autos de notícia: - competência para o seu levantamento - artigo 13.º ............................................... - elementos que deve conter - artigo 13.º ................................................................ - força probatória - artigo 13.º .................................................................................

Avaria da viatura que transporta bens em circulação: - procedimento a seguir no que respeita ao documento de transporte, haja ou não

rutura de carga - artigo 4.º ................................................................................... Averbamento da recolha do duplicado do documento de transporte:

- pelas entidades fiscalizadoras - artigo 13.º ..........................................................

B

Bens: - conceito - artigo 2.º .............................................................................................. - condições para que se considerem em circulação - artigo 2.º ............................... - sujeitos a fácil deterioração - artigo 6.º, n.º 9 ........................................................

Bens apreendidos sujeitos a fácil deterioração: - procedimentos a adoptar - artigo 16.º ..................................................................

Bens em circulação: - documento de transporte - artigo 1.º ..................................................................... - o que se considera como tal - artigo 2.º ................................................................

Bens em circulação sem destinatário específico: - bens a incorporar em prestações de serviços - artigo 4.º ..................................... - documento de transporte - artigo 4.º, Notas ........................................................ - oficina ambulante - artigo 4.º .............................................................................. - reparação de esquentadores ao domicílio - artigo 4.º ..........................................

Bens enviados à consignação: - ver "Mercadorias enviadas à consignação (documento de transporte)" - artigo

2.º ......................................................................................................................... Bens expostos para venda em feiras e mercados:

- artigo 2.º, n.º 2, alínea b) ...................................................................................... Bens a incorporar em prestações de serviços:

- ver "Bens em circulação sem destinatário específico (bens a incorporar em prestações de serviços)" - artigo 4.º .....................................................................

Bens manifestamente para uso pessoal ou doméstico do próprio: - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º .....................

Bens para demonstração: - ver "Material para demonstração (documento de transporte) - artigo 3.º" ..........

Bens pertencentes ao ativo fixo tangível: - aluguer de empilhadores, contentores, ferramentas, etc. - artigo 3.º ...................

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- árvores de uma Câmara Municipal, transportadas por uma empresa transportadora, para plantação na via pública - artigo 3.º ...................................

- associação cultural que transporta cenários, maquinas e objetos para poder executar peças de teatro - artigo 3.º .....................................................................

- construção civil - artigo 3.º .................................................................................. - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... - ferramentas pertencentes a terceiros - artigo 3.º .................................................. - transporte para reparação - artigo 3.º ................................................................... - transporte depois de reparados - artigo 3.º ...........................................................

Bens provenientes de particulares: - ver "Bens transportados por pessoas não consideradas sujeitos passivos para

efeitos de IVA" - artigo 1.º .................................................................................. Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária:

- cereais, provenientes de produção agrícola própria, transportados pelos agricultores á fabrica para transformação - artigo 3.º..........................................

- documento de transporte quando este não é feito pelos produtores nem por sua conta - artigo 4.º ..................................................................................................

- empresa de viveiros que exerce uma atividade agrícola - artigo 3.º .................... - transporte de bovinos pelo produtor dos mesmos - artigo 3.º .............................. - transportados pelo produtor ou por sua conta para o seu armazém, para a

cooperativa, para um adquirente ou para venda numa feira - artigo 3.º .............. Bens provenientes de retalhistas:

- que se destinem a consumidores finais - artigo 3.º .............................................. Bens que circulem por motivo de mudança de instalações do sujeito passivo:

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... Bens recolhidos no âmbito de campanhas de solidariedade social:

- exclusão do âmbito do RBC - artigo 3.º, n.º 1, alínea m) .................................... Bens respeitantes a transações com países ou territórios terceiros:

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... Bens respeitantes a transações intracomunitárias:

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... Bens sujeitos a fácil deterioração:

- o documento de transporte ou de aquisição deve ser exibido de imediato - artigo 6.º, n.º 9 ................................................................................................................

Bens transportados por pessoas não consideradas sujeitos passivos para efeitos de IVA: - artigo 1.º ...............................................................................................................

Bens transportados por vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados: - enquadrados no REI ou no REPR, destinados a venda a retalho - artigo 4.º, n.º

10 ......................................................................................................................... Brindes para oferecer a clientes:

- documento de transporte - artigo 3.º ...................................................................

C

Caixa postal eletrónica - ver "Notificações eletrónicas (contribuintes obrigados a possuir caixa postal

eletrónica)" - artigo 16.º ...................................................................................... Câmaras municipais:

- ver "Municípios (dispensa da obrigação de emitir documentos de transporte)" -

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artigo 4.º ............................................................................................................... Carpintaria:

- transporte de bens para serem aplicados em diversas obras - artigo 4.º .............. Centro Hospitalar:

- transporte de produtos de saúde, entre unidades hospitalares do mesmo Centro Hospitalar - artigo 4.º ..........................................................................................

Circulação de bens com destino a clientes desconhecidos: - ver "Bens em circulação sem destinatário específico (bens a incorporar em

prestações de serviços)" - artigo 4.º .................................................................... Clínica dentária:

- ver "Resíduos gerados por uma clínica dentária (agulhas e compressas)" - artigo 1.º .........................................................................................................................

Clínica veterinária: - ver "Resíduos gerados por uma clínica veterinária (agulhas e compressas)" -

artigo 1.º ............................................................................................................... Código de comunicação atribuído pela AT:

- não tem que ser impresso - artigo 5.º ................................................................... - quando é atribuído - artigo 5.º ..............................................................................

Coima a aplicar quando se verifique a: - falsificação, viciação, ocultação, destruição ou danificação dos documentos de

transporte - artigo 14.º ......................................................................................... - falta de anotação no documento de transporte da alteração ao local de destino

ou a não aceitação imediata e total dos bens transportados - artigo 14.º ............ - falta de arquivo:

- das requisições dos documento de transporte - artigo 10.º ...................... - dos documentos de transporte até ao final do 2.º ano seguinte ao da sua

emissão, por parte do remetente e do destinatário ou adquirente dos bens - artigo 6.º ........................................................................................

- falta ou atraso no registo do fornecimento dos documento de transporte - artigo 10.º ......................................................................................................................

- falta de comunicação do fornecimento dos elementos identificativos dos adquirentes dos DT - artigo 10.º .........................................................................

- falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte, ou dos documentos referidos no n.º 2 do artigo 7.º e ainda as situações previstas nos n.ºs 2 e 4 do artigo 6.º - artigo 14.º ......................................................................

- falta de indicação no documento de transporte: - do local de carga e descarga e/ou a data e hora do início do transporte -

artigo 4.º .................................................................................................. - do NIF do destinatário ou adquirente dos bens - artigo 4.º .....................

- falta de menção no documento de transporte de que o destinatário ou adquirente não é sujeito passivo - artigo 4.º ..........................................................................

- falta de referência no documento global da entrega efetiva dos bens ou da sua incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos - artigo 4.º, Notas

- impressão dos documentos de transporte em tipografias não autorizadas - artigo 8.º .........................................................................................................................

- não observância das formalidades legais no fornecimento e aquisição de documento de transporte - artigo 10.º ..................................................................

- omissões ou inexatidões nas comunicações do fornecimento dos documento de transporte - artigo 10.º ........................................................................................

Coimas por infrações ao RBC: - entidade competente para a sua aplicação - artigo 14.º, n.º 8 ..............................

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- extinção por morte do infrator: - ver "Morte do infrator (extinção do procedimento contraordenacional)" -

artigo 17.º .................................................................................................... Companhias de navegação aérea:

- venda de bens alimentares, destinados a serem consumidos pelas tripulações e pelos passageiros, nas instalações do aeroporto internacional de Lisboa - artigo 4.º .........................................................................................................................

Comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte: - ano do início da atividade - artigo 5.º .................................................................... - bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas ou de pecuária,

cujo transporte não seja efetuado pelo produtor ou por sua conta - artigo 5.º ...... - casos em que os elementos são comunicados através de serviço telefónico -

artigo 5.º ............................................................................................................... - como deve ser feita - artigo 5.º .............................................................................. - depois da hora que consta no documento como início do transporte - artigo 5.º .. - dispensa de imprimir o documento de transporte em papel quando a

comunicação é feita por transmissão eletrónica de dados - artigo 5.º .................. - documento global - artigo 5.º ................................................................................ - exclusão, dispensa e não obrigação - artigo 5.º ..................................................... - nos casos de haver alterações ao local de destino ou a não aceitação dos bens

pelo adquirente - artigo 5.º ................................................................................... - número do telefone a utilizar - artigo 5.º:

- ver "Telefone (número a utilizar para a comunicar os elementos essenciais do documentos de transportes à AT)" ........................................................

- prazo para a comunicação prévia - artigo 5.º ........................................................ - procedimento a ter em caso de inoperacionalidade do sistema da AT - artigo 5.º - quando é que é feita - artigo 5.º ............................................................................. - quem está obrigado a fazer a comunicação - artigo 5.º ......................................... - venda de tabaco a destinatários que não são conhecidos na altura da saída dos

bens - artigo 5.º ..................................................................................................... Consignação de mercadorias:

- ver "Mercadorias enviadas à consignação" - artigo 2.º ........................................ Construção civil:

- transporte de areia para incorporar em obras que estão a ser construídas por conta própria - artigo 4.º .....................................................................................

- transporte de tijolos, cimento e outros bens para incorporar em serviços prestados que vão ser efetuados - artigo 4.º ........................................................

Contentores: - que fazem parte do ativo fixo tangível da empresa que os transporta e coloca

numa fábrica para recolha de desperdícios de plástico - artigo 3.º ..................... - utilizados para deposição e posterior transporte de pensos higiénicos, unidade

neutralizadora de cheiros, unidade desinfetante de urinóis, tapetes - artigo 4.º ... Cortiça adquirida em herdades agrícolas:

- peso e volume a fazer constar no documento de transporte - artigo 4.º ............... - transportada pelo comprador ou através de um transportador que contrata para o

efeito - artigo 4.º .................................................................................................. Crimes fiscais:

- abuso de confiança - artigo 15.º ........................................................................... - fraude - artigo 15.º ............................................................................................... - fraude qualificada - artigo 15.º ............................................................................

Custódia e gestão do arquivo documental dos seus clientes,

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- e o transporte das caixas de cartão para acondicionar e embalar os documentos - artigo 1.º ...............................................................................................................

D

Data e hora da entrega/descarga dos bens: - que deve ser mencionada no documento de transporte - artigo 4.º ......................

Data e hora do início do transporte: - alteração posterior à data/hora antes comunicada - artigo 4.º ............................... - podem ser diferentes da data da emissão do documento de transporte - artigo 4.º - que deve constar das faturas, guias de remessa ou documentos equivalente -

artigo 4.º ................................................................................................................ Data do início do transporte e o seu fim:

- tempo que medeia entre o início e o final do transporte - artigo 4.º .................... - transporte interrompido depois feita a comunicação do início do mesmo - artigo

4.º ......................................................................................................................... Decorador de interiores:

- bens que se encontram nas suas instalações, mas não lhe pertencem, que vai transportar para proceder à sua instalação ou montagem - artigo 6.º .................

Designação comercial dos bens transportados - artigo 4.º ............................................... Destinatário ou adquirente:

- definição - artigo 2.º, n.º 1, alínea g) ..................................................................... Destinatário ou adquirente dos bens que seja consumidor final:

- exclusão de comunicação dos elementos - artigo 5.º ........................................... Destinatário ou adquirente não conhecido na altura da saída dos bens:

- empresas que prestam assistência técnica a máquinas e aparelhos na casa dos clientes - artigo 4.º ..............................................................................................

- formalidades a observar - artigo 4.º .................................................................... - razões lógicas que justificam a data da circulação face à data do início de

transporte - artigo 4.º ........................................................................................... Destinatário ou adquirente não sujeito passivo:

- menção a fazer no documento de transporte - artigo 4.º ..................................... Destinatário ou adquirente que deve constar do documento de transporte:

- quando se trate de subcontratação de trabalho a feitio - artigo 4.º ...................... Devolução de bens:

- com guia ou nota emitida pelo adquirente - artigo 5.º ......................................... - comunicação à AT - artigo 5.º ............................................................................. - procedimentos a adotar - artigo 4.º ...................................................................... - processamento do documento de transporte - artigo 6.º ......................................

Devolução de mercadorias através dos CTT: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Direito à redução das coimas: - regra geral - artigo 17.º ........................................................................................

Documento de transporte: - averbamento no original da recolha do respetivo duplicado - artigo 13.º, n.º 7 .... - casos em que devido ao volume ou quantidade dos bens transacionados os

mesmos não podem ser transportados no mesmo veículo - artigo 4.º ................ - comunicação inexata dos elementos - artigo 14.º ................................................. - continuação nas folhas seguintes - artigo 5.º ........................................................ - definição - artigo 2.º, n.º 1, alínea b) ....................................................................

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- deixou de ser obrigatória a sua utilização uniforme - artigo 4.º ............................ - destino dos exemplares - artigo 6.º, n.º 5 .............................................................. - elementos obrigatórios que deve conter - artigo 4.º ............................................. - expressão "processado por computador" - artigo 8.º ............................................ - fotocópias - artigo 4.º, Notas ................................................................................ - limite temporal entre a data do início do transporte e do seu fim - artigo 4.º ...... - local de carga - artigo 4.º, n.º 4 ............................................................................. - local de descarga - artigo 4.º ................................................................................. - não entrega da totalidade dos bens transportados - artigo 4.º ............................... - não pode servir para mais do que uma viatura - artigo 4.º .................................... - não podem ser inseridos manualmente os elementos obrigatórios que devem

constar do mesmo - artigo 4.º .............................................................................. - NIF do destinatário ou adquirente quando o mesmo não é sujeito passivo de IVA - número de exemplares:

- a processar - artigo 5.º ................................................................................ - que deve acompanhar os bens - artigo 6.º ..................................................

- o que se considera como tal - artigo 2.º ................................................................. - por quem devem ser processados:

- quando os bens são remetidos para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira - artigo 6.º ................................................................................

- quando se trate de contentores colocados em tipografias para recolha de desperdícios de papel para reciclagem - artigo 6.º .....................................

- prazo durante o qual devem ser mantidos em arquivo os exemplares destinados ao remetente, destinatário e à inspeção tributária - artigo 6.º, Notas ..................

- preço dos bens transportados - artigo 4.º ............................................................... - processamento de mais de três exemplares - artigo 8.º ......................................... - processamento quando se utiliza um programa de faturação certificado - artigo

5.º .......................................................................................................................... - séries e numeração - artigo 5.º ............................................................................... - venda de animais vivos em feiras por uma empresa obrigada a emitir faturas

através de software certificado - artigo 4.º ........................................................... - vias a utilizar para o seu processamento - artigo 5.º .............................................

Documento de transporte global: - bens em circulação sem destinatário conhecido - artigo 4.º ................................ - bens para serem incorporados em serviços prestados a destinatários

desconhecidos - artigo 4.º ................................................................................... - caraterísticas - artigo 4.º ...................................................................................... - comunicação dos elementos dos documentos parciais de entrega dos bens -

artigo 4.º .............................................................................................................. - documentos acessórios do documento de transporte global que tenham a forma

de fatura - artigo 5.º ............................................................................................. - falta de comunicação eletrónica dos documentos parciais de entrega dos bens -

artigo 4.º .............................................................................................................. - laboratório de analises clinicas que transporta, nas suas viaturas, vários

materiais consumíveis necessários à recolha de sangue que vai fazer - artigo 4.º - produtos de limpeza para aplicação em prestações de serviços (comunicação do

DT) - artigo 4.º .................................................................................................... - remanescente de bens que não foram vendidos - artigo 4.º ................................. - retorno ao armazém para repor ou reforçar a carga - artigo 4.º ...........................

Dolo: - noção - artigo 14.º ................................................................................................

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Donativos em espécie: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

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Eletricistas: - material que foi para as obras mas não foi aplicado - artigo 4.º ..........................

Embalagens retornáveis: - ver "Taras e embalagens retornáveis (paletes)" - artigo 3.º ..................................

Emissão de documento de transporte adicional em papel: - caso se verifique a alteração ao local de destino ou a não aceitação imediata e

total dos bens transportados - artigo 4.º .............................................................. Empresa estrangeira sem estabelecimento em Portugal:

- mas com mercadorias para venda no estabelecimento de um seu cliente em Portugal (processamento do documentos de transporte) - artigo 6.º ...................

Empresas que prestam serviços de peritagens para seguradoras: - processamento do documento de transporte - artigo 6.º ......................................

Empresas transportadoras de mercadorias - ver "Transportador de bens (casos em que pode processar o documento de

transporte)" - artigo 7.º ........................................................................................ Empresas de vending:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Encomendas postais:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Engomadorias:

- ver "Lavandarias e engomadorias (documento de transporte)" - artigo 1.º ......... Entidade competente para a aplicação de coimas por infrações ao RBC:

- artigo 14.º, n.º 8 ................................................................................................... Entidades competentes para a fiscalização:

- do cumprimento das obrigações impostas pelo regime dos bens em circulação - artigo 13.º ............................................................................................................

Entidades não residentes: - sem sede nem direção efetiva ou estabelecimento estável em Portugal - artigo

5.º ......................................................................................................................... Entulho removido após as demolições:

- transporte para o vazadouro - artigo 1.º ............................................................... Envelope fechado:

- ver "Transportador público regular coletivo (documento de transporte que lhe seja entregue em envelope fechado)" - artigo 7.º .................................................

Envio de mercadorias à consignação: - ver "Mercadorias enviadas à consignação" - artigo 2.º .......................................

Estabelecimento prisional: - material que lhe é entregue para efeitos de acabamento - artigo 4.º ....................

Exportação de bens: - documento de transporte - artigo 3.º ....................................................................

Extinção da coima por morte do infrator: - ver "Morte do infrator (extinção do procedimento contraordenacional)" - artigo

17.º ...................................................................................................................... Extinção do procedimento por contraordenação - artigo 16.º .......................................... Extração de areias para venda à construção civil:

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- transferências das mesmas do local de extração para o estaleiro do sujeito passivo que tem programa de faturação certificado - artigo 4.º ............................

F

Falta de anotação no documento de transporte, por parte do transportador: - da alteração ao local de destino ou a não aceitação imediata e total dos bens

transportados - artigo 4.º ..................................................................................... Falta de arquivo das requisições dos documentos de transporte:

- ver "Coima a aplicar quando se verifique a falta de arquivo das requisições dos documentos de transporte" - artigo 10.º ..............................................................

Falta ou atraso no registo do fornecimento dos documentos de transporte: - ver Coima a aplicar quando se verifique a falta ou atraso no registo do

fornecimento dos documentos de transporte" - artigo 10.º ................................. Falta comunicação do fornecimento de elementos identificativos dos adquirentes DT:

- ver "Coima a aplicar quando se verifique a falta de comunicação do fornecimento dos elementos identificativos dos adquirentes dos documentos de transporte" - artigo 10.º .......................................................................................

Falta de emissão ou de imediata exibição do documento de transporte: - ver "Coima a aplicar quando se verifique a falta de emissão ou de imediata

exibição do documento de transporte, ou dos documentos referidos no n.º 2 do artigo 7.º e ainda as situações previstas nos n.ºs 2 e 4 do artigo 6.º" - artigo 14.º

Falta de indicação no documento de transporte: - ver "Coima a aplicar quando se verifique a falta de indicação no documento de

transporte do local de carga e descarga e/ou a data e hora do início do transporte" - artigo 4.º .........................................................................................

- ver "Coima a aplicar quando se verifique a falta de indicação no documento de transporte do NIF do destinatário ou adquirente dos bens" - artigo 4.º ..............

Falta de menção no documento de transporte de que o destinatário não é SP: - ver "Coima a aplicar quando se verifique a falta de menção no documento de

transporte de que o destinatário ou adquirente não é sujeito passivo" - artigo 4.º Falta de referência no documento global:

- ver "Coima a aplicar quando se verifique a falta de referência no documento global da entrega efetiva dos bens ou da sua incorporar em serviços prestados pelo remetente dos mesmos" - artigo 4.º .............................................................

Faturas: - autofaturação - artigo 4.º ....................................................................................... - dispensa da obrigação de comunicação prévia dos seus elementos - artigo 5.º .... - elementos que devem conter quando utilizadas como DT - artigo 4.º .................. - emissão em triplicado quando servem também como DT - artigo 5.º .................. - não é possível atribuir código de identificação do documento caso as mesmas

sejam impressas e numeradas em tipografias autorizadas - artigo 5.º .................. - utilização de programas de faturação certificados pela AT - artigo 5.º ................

Faturas emitidas através de sistema eletrónico de faturação: - dispensa de comunicação do documento acessório emitido para o retorno dos

bens, no caso de não aceitação dos mesmos, alteração ao local de destino ou alteração da data e hora - artigo 5.º .....................................................................

Faturas-recibo: - podem ser utilizadas como documento de transporte - artigo 4.º ........................

Faturas simplificadas:

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310

310

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143

143

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- não podem ser utilizadas como documento de transporte - artigo 4.º ................. Fax do documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Ferramentas que fazem parte do ativo fixo tangível:

- documento de transporte - artigo 3.º .................................................................... Fiel depositário:

- dever de apresentar os bens - artigo 16.º ............................................................... - escolha do - artigo 16.º .......................................................................................... - guarda da coisa - artigo 16.º .................................................................................. - nomeação e aceitação obrigatória do cargo - artigo 16.º ...................................... - outras obrigações - artigo 16.º .............................................................................. - responsabilidade - artigo 16.º ............................................................................... - substituição caso se verifique o seu falecimento - artigo 16.º .............................. - uso da coisa - artigo 16.º .......................................................................................

Filmes e material publicitário: - destinados à exibição e exposição nas salas de espetáculos cinematográficos -

artigo 3.º ................................................................................................................ Fiscalização da circulação de produtos que:

- pelas suas caraterísticas de fácil deterioração ou perigo, não devam ser manuseados ou expostos ao meio ambiente - artigo 13.º ....................................

Folhas de obra: - comunicação à AT dos seus elementos - artigo 4.º ..............................................

Forma de comunicação à AT dos elementos dos documentos de transporte: - artigo 5.º, n.º 6 .......................................................................................................

G

Garrafas vazias: - para recolha de água para análise laboratorial - artigo 3.º ...................................

Garrafas de vinhos sem a especificação da capacidade de cada uma: - designação incompleta dos bens transportados - artigo 4.º .................................

Gás em garrafa distribuído porta a porta, quando se desconhecer o destinatário final: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Geleiras utilizadas no transporte e acondicionar de produtos biológicos: - ver "Produtos biológicos que vão ser objeto de exames de diagnóstico, de

monitorização terapêutica e/ou de prevenção no domínio da patologia humana" - artigo 1.º ............................................................................................................

Graduação das coimas - artigo 14.º .................................................................................. Guias de remessa:

- elementos que devem conter quando utilizadas como documento de transporte - artigo 4.º ...............................................................................................................

Guia de remessa e guia de transporte: - diferenças entre umas e outras - artigo 2.º ........................................................... - período de antecedência com que devem ser emitidas em relação ao início do

transporte - artigo 2.º ........................................................................................... - utilização como documento de transporte - artigo 2.º .........................................

Guias de transporte: - anulação - artigo 4.º, Notas .................................................................................. - elementos que devem constar das mesmas - artigo 4.º ........................................ - o que se considera como tal - artigo 2.º ............................................................... - obrigação das mesmas serem emitidas através de programa certificado, caso a

188 190

97

344 244 244 345 345 345 346 346

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empresa utilize, por obrigação ou opção, programa de faturação certificado - artigo 5.º ...............................................................................................................

H

Hora do início do transporte: - alteração posterior à hora antes comunicada - artigo 4.º ......................................

I

Importação de bens: - conceito - artigo 3.º ................................................................................................ - documento de transporte que deve acompanhar os bens quando os mesmos

circulem entre a estância aduaneira de desalfandegamento e o local do primeiro destino - artigo 7.º .................................................................................................

Impressão tipográfica dos documentos de transporte por tipografias não autorizadas: - ver "Coima a aplicar quando se verifique a impressão dos documentos de

transporte em tipografias não autorizadas" - artigo 8.º ........................................ Infrações detetáveis no decurso da circulação de bens - artigo 14.º ................................. Inoperacionalidade dos sistemas - artigo 5.º ..................................................................... Inoperacionalidade do sistema da AT:

- comunicação dos elementos dos documentos de transporte - artigo 5.º, Notas ... - conservação, por parte da AT, do registo histórico da ocorrência - artigo 5.º .....

Inoperacionalidade do sistema dos sujeitos passivos: - comunicação dos elementos dos documentos de transporte - artigo 5.º ................

Instalação de sistemas de ar condicionado, ventilação ou de segurança eletrónica: - retorno ao armazém da empresa dos materiais sobrantes - artigo 4.º ..................

Instituições Particulares de Solidariedade Social: - exclusão do âmbito do RBC - artigo 3.º, n.º 1, alínea l) .....................................

J

Jardineiros: - transporte de pequenas peças, como tubos, cabos, válvulas, pulverizadores -

artigo 4.º ...............................................................................................................

L

Laboratório de analises clínicas: - transporte de amostras de produtos biológicos, colhidas no domicílio dos

utentes, ou em postos de colheita; material para efetuar a colheita; desperdícios/resíduos tóxicos decorrentes da colheita - artigo 1.º ......................

- ver também "Documentos de transporte global (laboratório de analises clínicas que transporta, nas suas viaturas, vários materiais consumíveis necessários à recolha de sangue que vai fazer)" - artigo 4.º .....................................................

Lacagem de materiais de serralharia: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

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Lavandarias e engomadorias: - documento de transporte - artigo 1.º ....................................................................

Legislação subsidiária: - RGIT - artigo 19.º ................................................................................................

Leite adquirido aos produtores: - por uma cooperativa - artigo 3.º ...........................................................................

Leite recolhido junto dos diversos produtores por uma empresa de laticínios: - documento de transporte - artigo 6.º .....................................................................

Limite temporal entre a data do início do transporte e do seu fim: - ver "Documento de transporte (limite temporal entre a data do início do

transporte e do seu fim)" - artigo 4.º .................................................................... Livros e outras publicações transmitidos gratuitamente:

- ver "Amostras destinadas a ofertas de pequeno valor (exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação)" - artigo 3.º .......................................................

Livros transportados para feiras onde vão ser vendidos: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Local de carga e descarga: - artigo 4.º, n.º 4 ..................................................................................................... - falta de menção expressa dos locais de carga e descarga - artigo 4.º, n.º 5 .........

Local de destino ou descarga: - definição - artigo 2.º, n.º 1, alínea i) ......................................................................

Local de inicio de transporte ou de carga: - definição - artigo 2.º, n.º 1, alínea h) .....................................................................

M

Máquina agrícola transportada para exposição numa feira: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Matadouros: - emissão e comunicação dos documentos de transporte - artigo 4.º .....................

Matéria-prima enviada a uma empresa para transformação: - documento de transporte quando do envio e quando do retorno dos bens - artigo

6.º ......................................................................................................................... Materiais de construção destinados a consumidores finais:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Materiais consumíveis durante ações de formação:

- emissão de documentos de transporte e comunicação dos seus elementos - artigo 4.º ..............................................................................................................

Material de propaganda: - artigo 3.º, n.º 1, alínea e) .....................................................................................

Material para demonstração: - documento de transporte - artigo 3.º ....................................................................

Material para reparações de bens de clientes: - documento de transporte que deve ser emitido - artigo 4.º ..................................

Matrícula do veículo que transporta as mercadorias: - não é obrigatória a sua indicação no documento de transporte - artigo 4.º .........

Médicos veterinários: - que transportem consigo medicamentos necessárias à prática de clínica diária -

artigo 4.º .............................................................................................................. Mercadorias enviadas à consignação:

27

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- documento de transporte - artigo 2.º .................................................................... Mobiliário emprestado a clientes enquanto não se procede à entrega do bem adquirido:

- documento de transporte - artigo 4.º ................................................................... Moldes:

- remetidos a uma empresa para efeitos de testes e regresso ao estabelecimento do seu proprietário - artigo 4.º .............................................................................

Morte do infrator: - extinção do procedimento contraordenacional - artigo 17.º ................................

Mostruários entregues aos pracistas e viajantes: - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ......................

Mudança de instalações do sujeito passivo: - ver "Bens que circulem por motivo de mudança de instalações do sujeito

passivo" - artigo 3.º ............................................................................................... Mudanças:

- bens de particulares transportados por uma empresa transportadora - artigo 1.º Municípios:

- dispensa ou não da obrigação de emitir documentos de transporte - artigo 4.º ...

N

Não aceitação imediata e total dos bens transportados: - procedimentos a adotar - artigo 4.º .............................................……….............

Não observância das formalidades legais no fornecimento e aquisição de DT: - ver "Coima a aplicar quando se verifique a não observância das formalidades

legais no fornecimento e aquisição de documentos de transporte" - artigo 10.º .. Negligência:

- noção - artigo 14.º ................................................................................................ Notas de crédito ou de débito - artigo 2.º ......................................................................... Notificação do remetente dos bens apreendidos:

- quando não seja ele o transportador dos mesmos - artigo 16.º ............................ Notificações eletrónicas:

- contribuintes obrigados a possuir caixa postal eletrónica - artigo 16.º ................ Numeração dos documentos de transporte:

- deixou de ter a limitação de 11 dígitos - artigo 5.º ..............................................

O

Obras de arte, pinturas, esculturas e peças decorativas, de museus públicos e privados: - transporte para exposição ao público, bem como ferragens destinadas à

montagem da exposição - artigo 3.º .................................................................... Omissões ou inexatidões:

- ver "Coima a aplicar quando se verifique omissões ou inexatidões nas comunicações do fornecimento dos documentos de transporte" - artigo 10.º .....

Operadores logísticos: - que procedem á expedição dos bens - artigo 6.º ..................................................

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Paletes: - ver "Taras e embalagens retornáveis (paletes)" - artigo 3.º ................................

Pão saído da fábrica: - para venda porta a porta a consumidores finais e a sujeitos passivos - artigo 4.º

Pão saído dos postos de venda a retalho: - para venda ao domicílio a consumidores finais - artigo 3.º .................................

Participação de infrações tributárias: - por funcionários sem competência para levantar o auto de notícia - artigo 13.º ..

Pecuária: - ver "Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de

aquicultura ou de pecuária" - artigo 3.º ............................................................... Peles adquiridas a talhos, matadouros e particulares:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Pneus pertencentes ao ativo imobilizado das empresas:

- enviados para recauchutagem - artigo 3.º ............................................................ Pneus usados:

- deixados pelos clientes nas oficinas que procedem à colocação de novos nas viaturas dos clientes - artigo 1.º ...........................................................................

- transporte das instalações dos distribuidores até aos Pontos de Recolha e destes para os recicladores - artigo 1.º ............................................................................

Poder discricionário: - dos funcionários encarregues da fiscalização - artigo 15.º ..................................

Polícia de Segurança Pública: - não tem competência para, isoladamente, fiscalizar o cumprimento das

obrigações impostas pelo novo regime dos bens em circulação - artigo 13.º ..... Portaria n.º 161/2013, 23/4 ............................................................................................... Portaria n.º 363/2010, de 23/6:

- ver "Utilização de programas de faturação certificados" - artigo 5.º .................. Prazo para conservação dos documentos de transporte:

- ver "Documentos de transporte (prazo durante o qual devem ser mantidos em arquivo os exemplares destinados ao remetente, destinatário e à inspeção tributária)" - artigo 6.º .........................................................................................

Prazo de validade dos documentos de transporte: - que acompanham os bens em circulação - artigo 4.º ...........................................

Prestação de serviços de reboque de viaturas: - pronto socorro - artigo 3.º ....................................................................................

Primeiro local de chegada: - definição - artigo 2.º, n.º 1, alínea j) .....................................................................

Procedimento para verificar: - se o remetente excedeu ou não os € 100.000 de volume de negócios - artigo 5.º

Processamento dos documentos de transporte: - remetentes dos bens - artigo 6.º ...........................................................................

Produtores que exerçam a atividade agrícola, apícola, silvícola, de aquicultura ou de pecuária:

- que transportem bem ou produtos que não resultem da sua produção (documento de transporte e comunicação) - artigo 4.º ........................................

Produtos biológicos: - que vão ser objeto de exames de diagnóstico, de monitorização terapêutica e/ou

de prevenção no domínio da patologia humana - artigo 1.º ................................ Produtos sujeitos a impostos especiais de consumo:

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação, quando circularem em

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regime suspensivo - artigo 3.º ............................................................................. Pronto socorro:

- ver "Prestação de serviços de reboque de viaturas (pronto socorro)" - artigo 3.º Prova da proveniência e destino dos bens em circulação:

- documento comprovativo - artigo 3.º .................................................................. Prova de que os bens em circulação:

- não provêm de um sujeito passivo - artigo 15.º ...................................................

Q

Quantidade dos bens transportados: - ver "Designação comercial dos bens transportados" - artigo 4.º .........................

R

Recurso para o Tribunal Administrativo e Fiscal: - das decisões da apreensão dos bens e dos veículos - artigo 17.º, n.º 11 ...............

Refeições confecionadas: - fornecidas a companhias de navegação aérea e terminais aeroportuários e ouras

entidades - artigo 4.º ............................................................................................ Refeições distribuídas ao domicílio:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Regime Geral das Infrações Tributárias:

- artigo 18.º ............................................................................................................ - artigo 19.º ............................................................................................................ - artigo 20.º ............................................................................................................ - artigo 24.º ............................................................................................................ - artigo 26.º ............................................................................................................ - artigo 27.º ............................................................................................................ - artigo 28.º ............................................................................................................ - artigo 29.º ............................................................................................................ - artigo 30.º ............................................................................................................ - artigo 31.º ............................................................................................................ - artigo 32.º ............................................................................................................ - artigo 38.º ............................................................................................................ - artigo 61.º ............................................................................................................ - artigo 62.º ............................................................................................................ - artigo 73.º ............................................................................................................ - artigo 75.º ............................................................................................................ - artigo 78.º ............................................................................................................ - artigo 87.º ............................................................................................................. - artigo 88.º ............................................................................................................. - artigo 89.º ............................................................................................................. - artigo 90.º ............................................................................................................. - artigo 91.º ............................................................................................................. - artigo 92.º ............................................................................................................. - artigo 93.º ............................................................................................................. - artigo 94.º ............................................................................................................. - artigo 95.º .............................................................................................................

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- artigo 96.º ............................................................................................................. - artigo 97.º ............................................................................................................. - artigo 97.º-A ......................................................................................................... - artigo 98.º ............................................................................................................. - artigo 99.º ............................................................................................................. - artigo 100.º ........................................................................................................... - artigo 101.º ........................................................................................................... - artigo 102.º ........................................................................................................... - artigo 103.º ........................................................................................................... - artigo 104.º ........................................................................................................... - artigo 105.º ........................................................................................................... - artigo 106.º ........................................................................................................... - artigo 107.º ........................................................................................................... - artigo 108.º ........................................................................................................... - artigo 109.º ........................................................................................................... - artigo 110.º ........................................................................................................... - artigo 110.º-A ....................................................................................................... - artigo 111.º ........................................................................................................... - artigo 111.º-A ....................................................................................................... - artigo 112.º ........................................................................................................... - artigo 113.º ........................................................................................................... - artigo 114.º ........................................................................................................... - artigo 116.º ........................................................................................................... - artigo 117.º ........................................................................................................... - artigo 118.º ........................................................................................................... - artigo 119.º ........................................................................................................... - artigo 120.º ........................................................................................................... - artigo 122.º ........................................................................................................... - artigo 123.º ........................................................................................................... - artigo 127.º ...........................................................................................................

Regiões Autónomas: - ver "Transmissões de bens entre o Continente e as Regiões Autónomas, ou vice

versa (documento de transporte)" - artigo 7.º ..................................................... Registo do fornecimento dos documentos de transporte pelas tipografias:

- que estão autorizadas a proceder à sua impressão - artigo 10.º ........................... Regularização das apreensões - artigo 17.º ...................................................................... Remessa de bens para confeção:

- destinatário que deve constar das guias de transporte - artigo 4.º ........................ Remetente:

- definição - artigo 2.º, n.º 1, alínea d) ..................................................................... Remetente dos bens que seja, simultaneamente, o seu transportador:

- caso em que o documento de transporte se considera não exibido - artigo 6.º .... Reparação de eletrodomésticos:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Requisições dos documentos de transporte:

- coima a aplicar quando se verifique a falta de arquivo - artigo 10.º ................... - dos adquirentes utilizadores - artigo 10.º ............................................................ - elementos que devem constar das mesmas - artigo 10.º ..................................... - responsável pela comunicação à AT dos elementos que constam das requisições

- artigo 10.º .......................................................................................................... Resíduos:

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- transporte de subprodutos de origem animal para as instalações das entidades gestoras de resíduos, bem como de bens descriminados no Anexo E ao CIVA (pilhas, resíduos e equipamentos elétricos e eletrónicos) - artigo 1.º .................

Resíduos de construção civil: - entulho pré-valorizado - artigo 1.º .......................................................................

Resíduos gerados por uma clínica dentária: - agulhas e compressas - artigo 1.º .........................................................................

Resíduos gerados por uma clínica veterinária: - agulhas e compressas - artigo 1.º .........................................................................

Resíduos hospitalares: - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º .....................

Resíduos de laboratórios clínicos: - seringas, pensos e algodão utilizados para tirar o sangue aos utentes - artigo 1.º

Resíduos líquidos ou sólidos: - de construção ou demolição, inertes perigosos, industriais, hospitalares e

urbanos líquidos (documento de transporte) - artigo 1.º ...................................... Resíduos para aterro final:

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 1.º, Notas ......... Resíduos resultantes da poda das árvores, feita pelos agricultores ou silvicultores:

- bens provenientes da produção agrícola ou silvícola - artigo 3.º ......................... Resíduos sólidos urbanos:

- provenientes das recolhas efetuadas pelas entidades competentes ou por empresas a prestar o mesmo serviço - artigo 3.º ...................................................

Resíduos valorizáveis: - cartão, papel e/ou plástico, escórias, sucatas/metais e outros constantes do

Anexo E do CIVA - artigo 4.º ............................................................................. - sucata de ferro e metais ferrosos, constantes do Anexo E do CIVA - artigo 4.º ..

Resistência e coação sobre os funcionários: - que pretendam fazer a apreensão - artigo 16.º .....................................................

Restauração: - comunicação do transporte de matérias-primas e refeições entre os diversos

refeitórios - artigo 5.º ........................................................................................... Rutura de carga dos bens transportados:

- implicações em sede do RBC - artigo 4.º .............................................................

S

Sangue, urina e outras amostras: - recolhidas para análises clínicas laboratoriais - artigo 1.º ...................................

Senha individual de acesso: - ao serviço telefónico automático- artigo 5.º ........................................................

Séries e numeração dos documentos de transporte - artigo 5.º ........................................ Serviço competente para a aplicação das coimas por infrações ao:

- artigo 14.º, n.º 8 .................................................................................................... Serviços de montagem e assistência técnica:

- a equipamentos de frio, nomeadamente frigoríficos, arcas frigoríficas e equipamentos afins (transporte de ferramentas e peças de substituição) - artigo 4.º .........................................................................................................................

Serviços postais: - ver "Encomendas postais (documento de transporte)" - artigo 4.º ......................

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Serviços de reboque (pronto socorro): - ver "Prestação de serviços de reboque de viaturas (pronto socorro)" - artigo 3.º

Serviços Sociais da Universidade: - circulação de refeições confecionadas, géneros alimentícios, produtos de

cafetaria, etc., que se destinam a afetação e uso próprio - artigo 4.º ................... Silvicultura:

- ver "Bens provenientes de produtores agrícolas, apícolas, silvícolas, de aquicultura ou de pecuária" - artigo 3.º ...............................................................

Simples transferência de bens entre armazéns da mesma empresa: - ver "Transferência de bens entre estabelecimentos da mesma empresa

(documento de transporte)" - artigo 2.º ............................................................ Subcontratação da impressão dos documentos de transporte:

- registo e comunicação - artigo 9.º ........................................................................ Sucata:

- adquirida a pessoas singulares que a recolhem para posterior venda - artigo 4.º - bens previstos no Anexo E (sucatas/metais) - artigo 4.º ...................................... - peso que deve constar do documento de transporte - artigo 4.º ...........................

Sujeitos passivos com faturação anual igual ou inferior a € 100 000: - o valor da venda de tabaco também conta para efeitos do limite - artigo 5.º ......

Sujeitos passivos enquadrados no Regime Especial de Isenção: - transporte de bens para prestação de serviços ao domicílio - artigo 4.º ..............

Sujeitos passivos do imposto sobre o valor acrescentado: - quem deve ser considerado como tal - artigo 1.º ..................................................

T

Tabaco manufaturado: - abastecimento das máquinas de distribuição automáticas colocadas em

estabelecimentos comerciais - artigo 4.º .............................................................. - circulação de tabaco para destruição, no trajeto entre o entreposto fiscal e o

local onde vai ser inutilizado sob controlo aduaneiro - artigo 4.º ....................... - venda por uma empresa depositária aos seus clientes - artigo 4.º .......................

Taras e embalagens retornáveis: - conceito - artigo 3.º .............................................................................................. - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º ..................... - paletes - artigo 3.º ................................................................................................

Telefone: - casos em que os elementos do documentos de transporte são comunicados

através desta via - artigo 5.º .................................................................................. - elementos do documento de transporte que devem ser fornecidos quando da

comunicação telefónica - artigo 5.º ....................................................................... - número a utilizar para a comunicar os elementos essenciais do documentos de

transportes à AT - artigo 5.º ................................................................................. Território nacional:

- definição - artigo 1.º ............................................................................................. Tipografias:

- comunicação à AT dos elementos identificativos dos adquirentes e gamas de numeração dos impressos - artigo 10.º, n.ºs 5 e 6 ................................................

- documentos que devem acompanhar o pedido de autorização para imprimirem documentos de transporte - artigo 8.º, n.º 6 ..........................................................

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413

- pedido de autorização entregue por via eletrónica - artigo 8.º, n.º 6 ..................... - registo prévio do fornecimento dos documentos de transporte - artigo 10.º, n.º 2 - requisitos para que a autorização seja concedida - artigo 8.º, n.º 5 ......................

Tipografias autorizadas a imprimir os documentos de transporte em papel: - publicação no D.R. da autorização - artigo 8.º .................................................... - publicação no D. R. da revogação da autorização que havia sido concedida -

artigo 11.º ............................................................................................................ - revogação da autorização que havia sido concedida - artigo 11.º .......................

Trabalho a feitio: - documentos de transporte - artigo 2.º .................................................................

Transações intracomunitárias: - ver "Bens respeitantes a transações intracomunitárias" - artigo 3.º ......................

Transferência de bens entre estabelecimentos da mesma empresa: - documento de transporte - artigo 2.º ....................................................................

Transmissões de bens entre o Continente e as Regiões Autónomas, ou vice versa: - documento de transporte - artigo 7.º ....................................................................

Transmissões intracomunitárias de bens: - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º .....................

Transportador de bens: - casos em que pode processar o documento de transporte - artigo 7.º ................... - comunicação dos elementos dos documentos de transporte - artigo 7.º ............... - definição - artigo 7.º .............................................................................................. - obrigação de exigir aos remetentes dos bens o original e o duplicado do

documento de transporte - artigo 7.º ..................................................................... Transportador público regular coletivo:

- definição - artigo 7.º .............................................................................................. - documento de transporte que lhe seja entregue em envelope fechado - artigo 7.º

Transportador que seja, simultaneamente, destinatário dos bens: - caso em que o documento de transporte se considera não exibido - artigo 6.º ....

Transportadores públicos regulares de passageiros ou mercadorias: - ou empresas concessionárias a prestar o mesmo serviço - artigo 14.º .................

Transporte de águas residuais: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Transporte de materiais para serem objeto de "tratamento de superfície": - em nome de quem deve ser emitido o documento de transporte - artigo 4.º .......

Transporte de material novo para reparações de material danificado dos clientes: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Tratores com matrícula definitiva: - exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º .....................

U

Urnas vazias transportadas por uma agência funerária: - em nome de quem deve ser emitido o documento de transporte - artigo 4.º .......

Urnas vazias e urnas com os corpos: - documento de transporte - artigo 4.º ....................................................................

Utilização de programas de faturação certificados - artigo 5.º .........................................

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Validação pela AT dos elementos dos documentos de transporte:

- comunicados através de serviço telefónico - artigo 5.º ........................................ Validade dos documentos de transporte que acompanham os bens em circulação:

- ver "Prazo de validade dos documentos de transporte que acompanham os bens em circulação" - artigo 4.º ...................................................................................

Valor normal: - definição - artigo 2.º, n.º 1, alínea c) .....................................................................

Valor unitário de cada bem - artigo 4.º ............................................................................. Veículos ainda sem matrícula que vão à oficina stand para reparação:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Veículos automóveis com matrícula definitiva:

- exclusão do âmbito do RBC - artigo 3.º .............................................................. Veículos automóveis novos, sem matrícula:

- transporte do parque do importador para o concessionário - artigo 4.º ............... Veículos automóveis novos, sem matrícula, importados:

- documento probatório do desalfandegamento - artigo 4.º ................................... Venda de bens a um SP espanhol mas entregues a um seu cliente no Algarve:

- documento de transporte - artigo 4.º .................................................................... Vendedores ambulante:

- conceito - artigo 4.º .............................................................................................. - regime jurídico a que está sujeita a atividade de comércio a retalho não

sedentária exercida feirantes e vendedores ambulantes - artigo 4.º ..................... Vendedores ambulantes e vendedores em feiras e mercados:

- bens expostos para venda em feiras e mercados a que se referem a Lei n.º 27/2013, de 12/4, e o Dec. Lei n.º 173/2012, de 2/8 - artigo 2.º ..........................

- enquadrados no REI: - que vendem apenas artesanato de produção própria - artigo 4.º .................

- enquadrados no REPR: - documento de transporte - artigo 4.º ...........................................................

- enquadrados no Regime Normal: - documento de transporte - artigo 4.º ...........................................................

- regime jurídico a que está sujeita a atividade de comércio a retalho não sedentária exercida por feirantes e vendedores ambulantes - artigo 2.º ..............

Vias de emissão dos documentos de transporte - artigo 5.º .............................................. Viaturas-oficinas:

- transporte de peças que vão ser incorporadas em serviços de reparação/assistência, quer em Portugal quer em Espanha - artigo 4.º, Notas ....

Violação do dever de cooperação - artigo 13.º ................................................................. Vitelos transportados por conta dos proprietários dos mesmos, produtores de pecuária:

- exclusão do âmbito do regime dos bens em circulação - artigo 3.º .....................

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