manual de pastoral vocacional da companhia...

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1 Região Brasil amazônia - BAM MANUAL DE PASTORAL VOCACIONAL DA COMPANHIA DE JESUS PARA AMÉRICA LATINA Tradução do original em espanhol, feita pelo Pe. Paulo Finkler, revisada pelo Pe. Adelson Araújo março-2007 CONTEÚDO

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Região Brasil amazônia - BAM

MANUAL DE PASTORAL

VOCACIONAL DA

COMPANHIA DE JESUS PARA

AMÉRICA LATINA

Tradução do original em espanhol,

feita pelo Pe. Paulo Finkler,

revisada pelo Pe. Adelson Araújo

março-2007

CONTEÚDO

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Abreviaturas

Apresentação

Introdução

1. Ministério vocacional

2. Animação vocacional

3. Promoção vocacional - Objetivo

- Metas

- Perfil do promotor vocacional

- Onde fazer a promoção vocacional?

- Recursos da promoção vocacional

- Políticas da promoção vocacional

4. Acompanhamento vocacional - Objetivos

- Funções do acompanhante

- Atitudes do acompanhante

- Processos do acompanhamento

- Perguntas que deve fazer o acompanhante vocacional

- Gradualidade do acompanhamento vocacional

- Aspetos a ter em conta no acompanhamento

5. Prenoviciado - Objetivos

- Áreas de formação

- Perfil dos candidatos

- Modalidades do prenoviciado

- Experiências do prenoviciado

- Consulta de admissão

- Preparação final para o ingresso ao noviciado

6. Unidos na missão e em rede - No âmbito regional

- No âmbito continental

7. Linhas para um trabalho inaciano com jovens - Antecedentes

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- Proposta

- Objetivo do trabalho juvenil com inspiração inaciana

- Dimensões desta inspiração inaciana

- Sugestões para inspirar nosso trabalho com jovens

8. Conclusão

9. Bibliografia consultada

ABREVIATURAS

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4

AAA Associação de Antigos Alunos

AL América Latina

CG Congregação Geral

CONPAV Comissão Nacional de Pastoral Vocacional

(Brasil)

Const Constituições da Companhia de Jesus

COMVOCAL Comissão Vocacional de América Latina.

CPAL Conferência de Provinciais Jesuítas de

América Latina

CVX Comunidades de Vida Cristã

EE Exercícios Espirituais

NC Normas Complementares

PyH Princípio e Horizonte de nossa missão na

América Latina

PN Prenoviciado

PV Pastoral Vocacional

RAI Rede Apostólica Inaciana

SJ Companhia de Jesus

APRESENTAÇÃO

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Uma das nossas principais preocupações na América Latina

hoje, como também o é da Companhia de Jesus em todo o

mundo, é a de garantir que tenhamos sucessores, jovens de

qualidades e de grandes desejos, que respondam ao chamado de

Deus, sigam o mesmo caminho que nós temos seguido, possamos

continuar levando adiante nossa missão e manter vivo e atuante o

carisma e a espiritualidade que nos caracteriza e que, através de

Inácio, Deus concedeu como um precioso dom à sua Igreja.

Ainda que as situações difiram de um país a outro, hoje em

dia, no mundo globalizado em que vivemos, partilhamos uma

cultura que nos marca profundamente e não podem deixar de

marcar ainda mais aos jovens de hoje, expostos como estão a

seus contínuos estímulos e aos valores ou contra valores que essa

cultura encarna e promove. Por estes motivos, os problemas e os

desafios que devemos enfrentar para promover vocações para a

Companhia de Jesus, e para acompanhar, selecionar e preparar

para sua incorporação nela aos que se sintam chamados a seguir

nosso caminho, não diferem tanto de um país para outro, senão

que, ao contrário, com freqüência são muito parecidos.

O Manual de Pastoral Vocacional da Companhia de Jesus

para a América Latina, aprovado pela 11ª Assembléia da CPAL,

realizado em Florianópolis nos dias 26 a 30 de abril de 2005,

reflete esta realidade, em alguns aspectos tão diverso, mas em

outros tão semelhante. Nele temos procurado recolher a

experiência acumulada ao longo dos últimos anos, no campo da

Pastoral Vocacional, nas diversas Províncias e Regiões da

América Latina nas quais trabalhamos e, uma vez recolhida,

partilhamos com todos.

É muito provável que nesta primeira tentativa de sintetizar

o melhor dessa experiência, se tenham perdido aspectos ou

matizes importantes e enriquecedores, que deverão que ir-se

incorporando em futuras edições deste Manual. Por isso o

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chamamos de documento de trabalho. Não porque não tenha sido

cuidadosamente elaborado por jesuítas com longa experiência na

pastoral vocacional e não tenha passado por várias revisões,

senão simplesmente porque é importante, neste mundo que muda

tão rapidamente, manter-nos abertos a novas experiências e

novos aportes por parte daqueles cuja missão é trabalhar nesse

campo.

Uma parte importante do Manual é a que trata, não da

pastoral vocacional como tal, mas do trabalho com jovens,

através de uma pastoral juvenil bem elaborada e de uma ampla

política vocacional que tenha em conta “a cultura e valores da

juventude”, promova vocações para a Companhia, ao sacerdócio,

à vida religiosa e ao laicato comprometido com o Reino “(PyH,

n. 33,a). É sobretudo neste terreno bem cultivado de uma pastoral

juvenil, inspirada e animada pela espiritualidade e o carisma

inacianos, que nossa pastoral vocacional poderá prosperar e dar

fruto”.

Pe. Francisco Ivern, SJ - Presidente da CPAL

Rio de Janeiro, 5 de maio de 2005.

INTRODUÇÃO

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1. Neste mundo de relações interpessoais mais ou menos

intensas, a “palavra” é de capital importância. Usamo-la de

muitas formas: falamos, orientamos, rezamos... Ela pode ser

“bendita” - bem dita - , ou “maldita” - mal dita - . O próprio

Inácio de Loyola, depois de sua conversão, notava que as

palavras que ouvia ou dizia tinham, muitas vezes, uma magia

intrigante, sedutora e tocava o coração quando eram bem

ditas. Ele mesmo passou de uma “conversão” sentida a uma

“conversação” pensada e dirigida, mantida até a sua morte.

2. Vivemos inundados pelas palavras. Muitas delas inúteis e

vazias. Não é fácil encontrar palavras significativas que

tragam sentido à vida e calor ao coração. Nossas palavras,

geralmente, fazem muito ruído e produzem pouco fruto. Nos

acostumamos a desconectarmos por dentro e não deixamos

que nos impactem, talvez porque já não cremos nelas; são

mentirosas ou destrutivas e não dizem nada. As palavras

humanas têm a força e a debilidade de quem as pronuncia.

3. Deus também fala. A Bíblia é testemunha dessas palavras.

A Palavra de Deus tem a força de Deus.

4. Palavras humanas, palavras divinas... Umas são vento,

outras evento, pois sempre realizam o que dizem (cfr. Is 55,

10). Deus não fala em vão. Suas palavras são como sementes

carregadas de vida, por isso não só devem ser escutadas, mas

também acolhidas e vividas. Quem assim vive, se transforma

e cresce. Deus continua falando, criando e chamando.

5. O candidato à Companhia de Jesus é fundamentalmente

um “ouvinte” da palavra interior de Deus, escutada mais com

o coração que com os ouvidos. Deus fala, inquieta, propõe,

chama e espera de nós uma resposta.

6. Necessitamos educar os jovens a ter esta sensibilidade

para “ouvir” as palavras interiores e “ver” as coisas de Deus.

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O discernimento inaciano se fundamenta nessas premissas.

Quem assim vive abre seus horizontes, sai de si mesmo e se

coloca no caminho. Sem ouvir nem entender a “palavra

interior” de Deus, os jovens nunca se colocarão no caminho

nem tomarão decisões importantes e significativas em sua

vida.

7. A vocação pressupõe ouvir esta Palavra encantadora,

dentro de um burburinho imenso, para responder com

generosidade e liberdade (“eleição” nos EE). Isso é

fundamental para o ser humano.

8. Com este espírito, as Províncias e Regiões da América

Latina (AL) da Companhia de Jesus têm avançado no

trabalho da Pastoral Vocacional (PV). Na maioria delas há

um Coordenador de PV, uma equipe de reflexão e de trabalho

e, em algumas, pré-noviciado ou outra instância de

acompanhamento dos candidatos ao noviciado. Tudo isso é

necessário, mas ainda falta um manual para orientar o

ministério de descobrir e acompanhar vocações na AL de

acordo com o novo paradigma de atuação apostólica adotada

pela CPAL.

9. Ao perguntarmos que tipo de vocações necessitamos hoje

para nossa missão, como ajudar a nossos companheiros no

ministério vocacional? Aonde e como contatar os possíveis

candidatos para nossa missão apostólica? Como acompanhá-

los e selecioná-los? Como aumentar a colaboração inter e

supra-Provincial na PV? Parece-nos importante oferecer um

manual de PV da Companhia de Jesus na América Latina; um

instrumento prático para todos os jesuítas, especialmente para

os Coordenadores e para os colaboradores comprometidos na

PV. Ao mesmo tempo, o manual pretende oferecer uma visão

articulada entre todas as dimensões de nosso apostolado,

superando suas próprias fronteiras.

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10. O manual deve apontar aos novos Coordenadores certos

critérios comuns que garantam a continuidade do processo e

evitem as improvisações neste ministério tão prioritário para

Santo Inácio e para a Companhia hoje (1).

11. Na elaboração deste manual, tivemos em conta as

experiências exitosas de nossas Províncias e Regiões, os

encontros realizados na AL pelos Coordenadores da PV e os

documentos que a Companhia e a Igreja tem publicado

recentemente sobre este tema (2).

12. Conscientes das diferenças que existem nas Regiões da

AL, trazemos um horizonte comum desejável para a PV,

apostamos por uma crescente colaboração interprovincial e

aspiramos criar um programa articulado e progressivo,

reunindo os esforços e iniciativas mais significantes de nossas

Províncias. Desejamos “superar os modos de pensar e de

atuar excessivamente condicionados por interesses menos

universais ou pelas rígidas fronteiras de nossas próprias

Províncias e Regiões” (3) e abrimos às novas dimensões da

Igreja e da Companhia, sem descuidar a necessária inserção

na realidade local, regional e nacional.

13. Este manual trata só das vocações à Companhia de Jesus.

Contudo, desde o horizonte aberto do “novo sujeito

apostólico” – formado por jesuítas, leigos (as) e religiosas,

segundo o Princípio e Horizonte (PyH) 21 – desejamos que

todos, dentro desta mútua colaboração, participemos no

trabalho por descobrir e acompanhar as vocações inacianas.

14. O manual apresenta as distintas áreas do ministério da PV

e inclui como anexos os documentos que a inspiram.

Estas áreas são:

1. Ministério vocacional

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2. Animação vocacional de nossas comunidades

apostólicas.

3. Promoção vocacional à Companhia de Jesus

4. Acompanhamento vocacional.

5. Pré-noviciado e suas distintas modalidades.

6. Unidos na missão e em rede.

7. Linhas para um trabalho inaciano com jovens.

Com esta perspectiva os convidamos a ler e colocar em

prática este documento.

1. MINISTÉRIO VOCACIONAL

15. Para levar a cabo sua missão, Jesus formou um grupo de

discípulos a quem convidou a experimentar sua vida e

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missão. Este chamado, com suas palavras “Venham e vejam”

(jo 1, 39), tem sido a regra de ouro de toda a PV.

16. Inácio de Loyola, a exemplo de Jesus, teve interesse por

formar um grupo de companheiros (4). Durante seus estudos

em Paris convidou a Fabro, Lainez, Salmerão, Xavier e

Bobadilha a fazer seus Exercícios Espirituais (EE) para

“escuta o chamado de Cristo e cumprir sua santíssima

vontade” (5) e os acompanhou em seu processo de

discernimento. Mais tarde, sendo Pe. Geral da nascente

Companhia. recomendou convidar “os sujeitos mais aptos” a

seguir a Jesus realizando para eles os EE.

17. “Os Jesuítas não esperavam passivamente a que os jovens

chamados na suas portas. Já em 1562 Nadal contava mais

bem com que cada comunidade tivesse um promotor

encarregado especialmente a ter os olhos bem abertos para

possíveis candidatos e guiar àqueles que se acercavam em

atitude de busca. Insistem que cada jesuíta teria que se

comprometer para que „os mais possíveis entre os melhores‟

entrassem na Companhia... Ainda que os jesuítas devessem

respeitar a liberdade do que pedia informações, Nadal

administrava um programa de oração, leitura, conversação e

reflexão para usá-lo como fomento da vocação, se esta se

dava” (6). Nosso trabalho se inspira, então, no modo de

Inácio de descobrir, acompanhar e convocar aos primeiros

companheiros da nascente Companhia de Jesus.

18. Não tenhamos medo de convidar, de chamar. Vamos ao

encontro dos jovens e convidemos aqueles que julgamos

aptos para a missão evangelizadora. Deus geralmente não

chama de modo direto às pessoas senão que se serve de

muitas mediações. O encontro com alguém que foi chamado

pode transformar-se em um novo chamado, como foi o caso

da comunidade apostólica (7).

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19. Devemos reconhecer e superar nossas resistências na

realização deste ministério. O pudor ou receio de chamar

pode ter suas raízes em nossa comodidade, em nossa

insegurança ou uma falsa questão de respeito à liberdade

alheia. Na atualidade o Padre Geral nos convida a exercer

uma promoção “agressiva” (8), com um termo que tem

chegado a causar desconforto; contudo, as circunstâncias nos

estão pedindo uma ação desta importância. Se crermos que a

Companhia de Jesus contudo tem muito que dizer ao mundo,

teremos que tomar o ministério da PV como um dos mais

importante que podemos exercer atualmente.

2. ANIMAÇÃO VOCACIONAL

20. A animação vocacional consiste em fomentar e inspirar a

fecundidade vocacional do corpo apostólico que nos faz a

todos promotores de vocações (9). É necessário passar da

responsabilidade assumida por um só animador vocacional, à

responsabilidade assumida por todos: a comunidade

vocacional. Uma comunidade identificada com seu carisma e

missão, motivarão vocacionalmente aqueles que nos

procuram.

21. Para que surjam vocações é fundamental o testemunho

pessoal e comunitário no interior de uma proposta religiosa e

apostólica significativa.

a) A nível pessoal:

22. Uma profunda e integradora experiência pessoal de Deus é

o maior aporte que cada jesuíta pode oferecer à promoção

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vocacional. Sem essa experiência de Deus, nossa atividade

apostólica se torna estéril e pouco significativa. Quando a

vida espiritual, apostólica e comunitária andam separados e

não tem incidência, se empobrece notavelmente nossa

vocação religiosa, privando-a de sua capacidade de

“encantar” a outros e de sua dimensão profética (10).

23. A promoção vocacional não consiste somente em falar do

fundador, de seu carisma ou da própria congregação, mas de

partilhar a experiência do próprio chamado. Quem

impulsiona a animação vocacional fala por si, de seu

caminho vocacional, confessa sua fé e se converte em

testemunho de Jesus; é um mistagogo, que inicia

pedagogicamente a outros no mistério de Deus.

24. A orientação espiritual e o contato pessoal com os jovens

devem ser cada vez mais valorizados em nossa pastoral, pois

“no interior das relações pessoais se podem dizer as palavras

com as que se suscita e se reconhece uma vocação” (11).

Deve haver sabedoria, sensibilidade e tato para captar se

existem as condições humanas e espirituais para uma

vocação e saber convidar a tempo.

b) A nível comunitário

25. Nosso estilo de vida comunitário é também um grande

apoio para despertar e reforçar a opção vocacional e a

perseverança. Para o PyH “nossas comunidades apostólicas

são abertas e de identidade bem definidas, acolhedoras e

transparentes, integradas e festivas, solidárias e simples,

profundamente orantes e fraternas” logrando convocar a

outros à missão convocados por esta mística (12). Como nos

recorda o Pe. Nadal, o papel contagiante da comunidade é

característica da primeira Companhia (13).

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26. Estamos convencidos de que as vocações surgem em

ambientes com uma forte experiência de Deus, da qual

deriva um amor e um serviço gratuitos aos mais pobres. O

consagrado é, antes de tudo, um “homem de Deus” e assim

deve mostrar-se. Todos nós temos que nos perguntar se

nossos ambientes refletem e contagiam aos jovens desejosos

de entrega incondicional ao Senhor, gozo por viver a

radicalidade evangélica e esperança de futuro, ou pelo

contrário, cultivam vidas medíocres e apagadas que não

suscitam o desejo de ser compartilhada. A vida evangélica

contém uma graça que sempre encanta.

27. O Pe. Geral disse em seu discurso à Congregação de

Procuradores: “A Companhia inteira está chamada a viver

mais explícita e visivelmente nossa missão inaciana. Do

contrário, corremos o risco de convidar candidatos a vir e

ver, “para descobrir que no fundo não há nada que que os

atraia à vida e ao trabalho da Companhia” (14).

28. Para conseguir que nossas comunidades assumam este

objetivo, propomos os seguintes meios:

Rezar de forma constante para que o Senhor nos

envie muitas, boas e santas vocações.

Refletir os compromissos concretos que se derivam

das orientações do Pe. Geral sobre as vocações.

Partilhar nas conversas comunitárias o que sentimos

e vivemos em nosso trabalho pastoral e vocacional, o

que fazemos e seus resultados.

Sensibilizarmos-nos positivamente diante das

perguntas que os jovens se colocam sobre nós e sobre

nosso estilo de vida, tal como o fez a CG 34 (15).

Criar as condições para que cada comunidade

religiosa se abra aos jovens com inquietude

vocacional.

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Ajudar-nos a superar nossas resistências diante as

exigências que implicam uma adequada animação

vocacional.

c) A nível apostólico:

29. A PV deve trabalhar intimamente relacionada com os

diferentes Setores e Comissões apostólicas da Companhia na

AL, no interior de um Plano apostólico articulado, fazendo

realidade o chamado que o Pe. Geral fez aos Superiores

Maiores para que “considerem a promoção vocacional como

uma prioridade real, claramente expressada nos projetos

apostólicos Provinciais” (16).

30. Todas as nossas obras apostólicas devem ter uma clara

identidade evangelizadora e eclesial que expresse os valores

inacianos (17). Deste modo, as pessoas que trabalham nelas

ou se beneficiam de suas ações possam perceber um eventual

chamado do Senhor e “que esse chamado se possa realizar de

um modo eminente na vida consagrada e em particular, na

Companhia de Jesus” (18).

31. O horizonte de nossa promoção vocacional é aumentar e

fortalecer o corpo apostólico para a missão do Reino de

Deus; por isso, a necessária interação entre a PV e a missão

apostólica deve injetar novas forças, desafios e sonhos aos

projetos apostólicos que estamos realizando. Deus trabalha,

mas também deseja ardentemente nossa colaboração criativa.

32. A experiência dos últimos anos nos diz que as seguintes

decisões são positivas:

Coordenadores Provinciais de PV sejam nomeados a

tempo completo.

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Participação do Coordenador nas reuniões de outros

Setores apostólicos.

Participação do Coordenador de PV na reunião dos

Superiores e Diretores de obras da Província.

Participação da Pastoral Vocacional nas reuniões

sobre o projeto apostólico da Província.

d) A nível eclesial:

33. Toda vocação religiosa implica comunhão e participação

com toda a Igreja. Por isso, teremos de cultivar com maior

empenho, nos grupos onde trabalhamos, um espaço explícito

aos diversos modos de ser parte dela. A desqualificação de

outras formas de ser Igreja não promove vocações, mais bem

as afugenta.

34. Por ser uma atividade da Igreja, o animador, a equipe

vocacional, a comunidade vocacional e toda a Província

devem estar vinculados à Igreja local (19). Um carisma se

empobrece quando se isola de sua referência eclesial.

35. O “novo sujeito apostólico” tem um aspeto particular na

visibilidade e animação dos diversos modos de participação

na dimensão evangelizadora da Igreja: como leigos ou

religiosos, como irmãos ou sacerdotes. A diversidade

enriquece quando se vive uma identidade expressada com

alegria, convicção e sem ambigüidade. Por isso mesmo, o

“novo sujeito apostólico” é, ao mesmo tempo, animador

vocacional e destinatário da animação.

36. Hoje em dia não é estanho que nos venham vocações que

tenham pertencido, de algum modo, a outras confissões

cristãs. Salvando as necessárias implicações jurídicas para

seu ingresso à Companhia, cremos que estas vocações são

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um dom de Deus e nos ajudam a viver o ecumenismo “como

uma nova forma de ser cristã” (20).

e) A questão da Pastoral Vocacional e de sua equipe:

37. O trabalho específico de todo animador vocacional e de sua

equipe se inscreve no conjunto do corpo apostólico e

eclesial. “O promotor deve fomentar e animar o interesse

prático pelas vocações em todos os jesuítas e realizar um

projeto que envolva de diversas formas as comunidades e

obras apostólicas da Província” (21). Desse modo, o

promotor (ou melhor, Coordenador da pastoral vocacional)

se dedica principalmente à animação e programação da PV, à

implementação do plano vocacional dentro do plano

orgânico de pastoral da Província, e ao acompanhamento dos

candidatos.

38. Estas funções implicam:

Que exista um plano de PV, conhecido e assumido

por toda a Província, no qual cada comunidade

participe segundo suas possibilidades e capacidades.

Que a equipe de PV organize e coordene os esforços

das distintas obras, ajudando a criar planos regionais

que tenham objetivos e atividades concretas.

Que a equipe de PV ofereça materiais de promoção

que facilitam a integração do maior número possível

de jesuítas e leigos no trabalho vocacional.

Que se fomentem os espaços oportunos para

informar à Província sobre o que se faz na promoção

vocacional.

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18

3. PROMOÇÃO VOCACIONAL

39. A promoção vocacional é o conjunto de atividades que

apresenta aos jovens o que somos, o que fazemos e por quê o

fazemos, para colaborar com Deus que hoje continua

chamando-os, porque “as vocações são um dom de Deus,

mas um dom condicionado a nossos esforços por suscitá-las

e descobri-las” (22).

40. A promoção vocacional à Companhia se fomenta,

sobretudo, com a apresentação e convite a “sentir e gostar”

nossa experiência fundante e como a vivemos nas

comunidades apostólicas.

41. Uma autêntica promoção vocacional ajuda os jovens a

descobrir sua identidade vocacional (e-voca), os incentiva a ir

além de nós mesmos, descobrindo a vida como dom (pro-

voca) e os chama a formar comunidade para assumir juntos a

missão (com-voca).

42. As vocações se promovem por meio da oração; através de

alguma apresentação clara do nosso carisma e missão; através

do contato pessoal com os jovens nos distintos campos

apostólicos e convidando-os a participar em nossas obras e

ministérios, dando assim a conhecer a Companhia, sua

missão e seus santos por meio de poster, livros, vídeos, rádio,

televisão e internet, mas esses meios por si não bastam.

Requer-se, sobretudo, a relação pessoal onde se propõe ao

jovem a vocação à Companhia como uma alternativa de

realização pessoal e cristã.

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a) Objetivo

43. Dar a conhecer aos jovens e crianças, de forma motivadora

e adaptada à sua sensibilidade e cultura, a vida e missão dos

jesuítas para que possam descobrir, como uma possível opção

de vida, a vida religiosa à Companhia de Jesus, em suas

modalidades de sacerdote e irmão, se assim Deus o quiser.

b) Metas

44. São as seguintes:

Compartilhar com os destinatários da PV nosso ser e

missão, o que nos dá identidade e é nosso

fundamento: o seguimento de Jesus e sua proposta à

maneira de Inácio.

Oferecer aos Jovens a experiência dos EE como

instrumento privilegiado para seu discernimento

vocacional.

Criar espaços de reflexão e de encontro em que os

participantes se abram ao chamado pessoal de Deus.

Convidar os jovens a visitar nossas comunidades e a

participar em atividades apostólicas onde possam

partilhar nosso modo de vida e também sua

experiência espiritual.

Criar os materiais necessários para oferecer uma

adequada informação vocacional.

Dar a conhecer, de forma motivadora, a vida e

missão de nossos santos e beatos.

Convidar os inquietos vocacionalmente a provar

nosso modo de proceder em alguma comunidade

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vocacional ou em alguma casa de formação durante

certo tempo e a nível próprio dos aspirantes.

Conseguir que cada Província consolide uma maneira

de proceder a respeito da promoção vocacional.

c) Perfil do Promotor Vocacional

45. O P. Geral disse: “Em cada Província ou Região deve

haver um promotor ou animador vocacional de tempo

completo, que conte com o apoio real de superiores e seja

capaz de suscitar e descobrir as possíveis vocações” (23).

46. O promotor é um apóstolo que:

Transmite com sua vida e em seu contato com os

jovens uma visão motivadora do que hoje significa

ser jesuíta.

Estabelece com os jovens uma relação de

proximidade que expressa sua vivência de Jesus,

seu carisma e sua espiritualidade.

Acompanha o processo de discernimento

vocacional do jovem e respeita as decisões que

surjam deste.

Tenha mobilidade e disponibilidade de tempo para

sair ao encontro dos jovens e atendê-los.

Convoca os diversos delegados jesuítas regionais

da Província e a outros colaboradores não jesuítas

para animar o ministério da promoção vocacional.

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d) Onde fazer promoção vocacional?

47. É necessário preparar ações pastorais e detectar os lugares

que mais preparem e disponham os jovens para seu

questionamento e resposta vocacional. É também urgente

fazer-nos presentes nos novos cenários para fazer a pergunta

vocacional no ambiente e cultura atual. Necessitamos ser

mais agressivos e lançar o desafio oportuno num ambiente

correto, onde o seguimento de Jesus se vive com gozo,

credibilidade e sensibilidade social. Para isso a promoção

vocacional deve fazer-se:

Onde trabalhamos e vivemos.

Onde estão os jovens com qualidades e grandes

desejos, capazes de fazer uma séria opção

vocacional (24).

Onde tenham jovens com estrutura, com

capacidade para as rupturas próprias de nosso

carisma e adaptáveis a outros ambientes e culturas

(25).

48. Não nos resignamos à esterilidade vocacional de algumas

de nossas obras. Cremos que se consolidarmos nossa

identidade religiosa e jesuítica resultaremos mais

significativos e provocaremos vocacionalmente a nossos

destinatários.

e) Recursos da Promoção Vocacional

Humanos

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22

49. Os seguintes:

O Padre Provincial, pois é quem toma as decisões

pertinentes para fazer deste ministério uma prioridade

apostólica de todos os jesuítas.

Os Coordenadores nacionais de PV, que impulsionam o

projeto vocacional da CPAL com linhas e critérios

comuns.

A equipe de PV da Província, que se reúne para organizar

e avaliar a realização do projeto de pastoral vocacional,

com a ajuda de irmãos e estudantes jesuítas, o quanto seja

possível.

As comunidades jesuítas, que rezam pelas vocações e

estão disponíveis para identificar e receber jovens com

inquietude vocacional.

Os delegados regionais, que recebem e acompanham os

jovens com inquietude vocacional.

Todos os membros do novo sujeito apostólico, que vivem

este ministério como parte de sua missão eclesial.

Os leigos, sobretudo as CVX e as Redes Apostólicas

Inacianas, em sintonia com a espiritualidade inaciana, que

sejam co-responsáveis na promoção vocacional.

Pastorais

50. Os seguintes:

O acompanhamento sistemático de jovens que

manifestam inquietude vocacional.

O EE: fonte de nossa espiritualidade e experiência que

ajuda a sentir e a consolidar o chamado.

As convivências vocacionais com os mais

interessados.

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A oração, liturgias e eucaristias pelas vocações.

O convite para viver um tempo em alguma

comunidade vocacional.

Os acampamentos de trabalho e missão.

As Páscoas jovens, as vigílias de Pentecostes e demais

celebrações do calendário litúrgico da Igreja.

O mês inaciano, para apresentar o carisma, projeto

apostólico e estilo de vida da Companhia, por meio de

liturgias e concursos, obras de teatro, canções,

convivências, vídeos.

Materiais

51. Suficientes recursos materiais e financeiros.

f) Políticas da promoção vocacional

52. Sugestões de políticas e ações aos Provinciais (26).

Que se garantam uma maior permanência e

continuidade dos Coordenadores da PV.

Que junto com os Superiores locais se impulsione o

desejo de um trabalho juvenil com inspiração inaciana

– adequado à nova cultura, integral e progressiva –

que capacite para a eleição de um estado de vida,

“dentro de uma ampla política vocacional” (27). A

fecundidade da PV supõe também a existência deste

trabalho juvenil, ainda que não lhe compita seu desejo

e colocação em prática.

Que se impulsione a articulação da PV com os

distintos Setores apostólicos, de modo que, nos

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24

projetos apostólicos de todas as obras da Província se

inclua a PV.

Que se celebre no dia 5 de novembro a festa de todos

os santos e beatos da Companhia de Jesus, como dia

de oração pelas vocações à Companhia.

Em nossos Colégios

53. Que os Provinciais e superiores locais animem a nossos

colégios e a Associação de Antigos Alunos para que, em

coordenação com a equipe de PV, incentivem:

A oração pelas vocações em seus distintos níveis.

A informação ampla e detalhada sobre a Companhia

de Jesus, mediante folhetos, periódicos, revistas,

vídeos, palestras, etc.

A vinculação da PV com as instâncias e pessoas do

colégio (jesuítas, educadores, pessoal administrativo,

funcionários e familiares) que nos permitam contatar

com possíveis candidatos à Companhia.

A participação dos jovens inquietos vocacionalmente

nas atividades da PV.

O acompanhamento espiritual por parte de algum

jesuíta, que ajude o discernimento vocacional dos

jovens com inquietude pela vida sacerdotal e

religiosa.

A integração destes jovens inquietos vocacionalmente

em algum programa de voluntariado ou trabalho

juvenil inaciano.

A realização de experiências, especialmente com os

mais pobres.

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25

Em nossas Universidades

54. A possibilidade de promover as vocações nas

Universidades se depara com a etapa onde o jovem já tem

tomado suas primeiras decisões importantes, tais como a

eleição de uma profissão e escolha de um trabalho e de uma

vida futura. O desafio é de explicitar a opção da vocação,

talvez nos primeiros anos da profissão, para que seja

considerada como uma possível opção de vida. De forma

igual, o jovem universitário tem feito uma experiência maior

de vida, a qual permite-lhe considerar esta opção como algo

mais fundamental e duradouro. Pode-se então considerar a

promoção vocacional como um elemento que inclui aspectos

de maior desafio, pressupondo um atrativo para considerá-la

como uma possibilidade dentro dos diferentes estilos de vida.

55. Que os Provinciais e Superiores locais animem as nossas

Universidades para que, em consideração com a equipe de

PV incentivem:

A informação suficiente sobre a vida e missão da

Companhia e sobre o desafio de ser jesuíta hoje.

A constituição de mecanismos que permitam

promover a vocação e missão da Companhia na

Província e no mundo.

O desenho de programas e oficinas de crescimento

espiritual e superação pessoal, direcionados para a

descoberta da vocação.

O acompanhamento de jovens que tenham alguma

inquietude pelo nosso estilo de vida.

O contato de jovens vocacionalmente inquietos com a

PV.

Acompanhamento espiritual que ajude o

discernimento vocacional de jovens.

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26

Oferecimento de atividades extracurriculares:

missões, páscoas universitárias, voluntariados, retiros,

exercícios, etc.

Em nossas Paróquias

56. Que os Provinciais e superiores locais animem as nossas

paróquias, em coordenação com a equipe de PV, para que

impulsionem:

A oração e missas pelas vocações.

Uma catequese na chave vocacional ampla.

A informação adequada sobre a Companhia de Jesus

mediante folhetos, jornais, revistas, palestras, vídeos,

etc.

O contato com jovens da paróquia, especialmente com

os que manifestam inquietude vocacional.

A participação de jovens com inquietude vocacional

em atividades próprias da PV, como são EE,

convivências, missões e outras.

O acompanhamento vocacional de jovens com

inquietude pela vida sacerdotal e religiosa.

As experiências de vida cristã comprometida.

As experiências de contato com os pobres.

Em nossos Centros de Espiritualidade

57. Que os Provinciais e superiores locais animem os nossos

centros de espiritualidade para que, em coordenação com a

equipe de PV promovam:

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27

Uma reflexão sobre o modo de dar os EE aos jovens

de hoje.

Uma oferta gradual de EE para jovens, especialmente

universitários, que culmine com a eleição de um

estado de vida.

Um plano de formação em EE e em acompanhamento

espiritual para os estudantes jesuítas, em colaboração

com as instâncias de formação da Província.

O envio de jovens com inquietação à PV.

58. Daquilo que foi dito anteriormente sugere-se uma nova

compreensão do trabalho vocacional e um modo de proceder

mais sereno e autêntico que afete profundamente a nossa

missão, identidade e modo de atuar: “O serviço de promoção

vocacional é decisivo e imperativo para o futuro da

Companhia e para o serviço que ela está chamada a prestar na

Igreja” (28).

4. ACOMPANHAMENTO VOCACIONAL

59. O acompanhamento vocacional é um ministério de todo

jesuíta, assumido de forma mais direta por quem tiver maior

vinculação com a PV.

60. O acompanhamento permite que o candidato conheça a

Companhia de Jesus e que o acompanhante avalie a

motivação, maturidade e capacidade afetiva, intelectual,

comunitária e apostólica do candidato e o prepare para seu

ingresso no noviciado.

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a) Objetivos

61. Os seguintes:

Conhecer o candidato, especialmente nos aspectos

que mais afetam a sua vida e vocação.

Oferecer ao candidato as ferramentas que permitam-

lhe discernir e eleger sua vocação.

Conseguir que o candidato, por meio de leituras e

contatos com jesuítas e obras, adquira um

conhecimento realista da Companhia de Jesus.

Introduzir o candidato em nossa espiritualidade e

modo de proceder por meio dos EE.

Completar as carências que apresente o candidato e

prepará-lo para o seu ingresso ao noviciado.

b) Funções do acompanhante

62. As seguintes são necessárias:

Rezar pelos seus dirigidos e pelas vocações.

Testemunhar o que é ser jesuíta: um mestre de vida e

homem espiritual que vive centrado na missão,

coerente com o nosso modo de proceder e que

transmite Jesus em sua vida.

Ser guia espiritual, motivando o candidato para que

se disponha a ouvir a Deus e oferecendo-lhe

ferramentas para que possa entender para onde o

conduz com seus chamados.

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29

Dar a conhecer a Companhia de Jesus, orientando o

candidato no conhecimento da história, opções e

projetos da Companhia de Jesus e iniciá-lo na vida de

oração, apostolado e estilo próprio da Companhia.

c) Atitudes do acompanhante

63. Cremos que estas são necessárias:

Proximidade e cordialidade. Criar um espírito de amizade

que ajude o candidato a mostra-se com total liberdade.

Empatia. Contatar com a outra pessoa desde sua

interioridade e entender o que ela quer expressar, além de

suas palavras. A partir da aceitação de sua realidade

sintonizar com o que ela é, sente e expressa. Esta

liberdade permite que o candidato possa expressar as

dimensões mais profundas de sua vida.

Respeito pelo caminho e ritmo do processo vocacional,

sem querer influir na decisão vocacional do jovem.

Esperança. Confiar que durante o processo se irá

aclarando a opção vocacional.

Paciência. Começar desde o ponto onde se encontra o

candidato e avançar conforme o seu ritmo.

Humildade. Saber-se instrumento de Deus no

acompanhamento leva pedir luz para saber orientar, não

se atribuir os êxitos ou fracassos, nem se fazer o

protagonista. Viver os encontros como uma autêntica

experiência de fé.

Honestidade. Reconhecer as próprias limitações e saber

delegar ou interromper o processo a tempo, quando seja

conveniente.

Cuidado e reserva com a interioridade do jovem

acompanhado.

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d) Processos de acompanhamento

64. Parecem necessárias as seguintes experiências:

Auto-conhecimento. É importante que o candidato

conheça sua história pessoal e vá exercitando suas

atitudes, consiga uma positiva valorização de si e um

equilíbrio emocional. A clareza sobre o grau de

maturidade afetivo-sexual do candidato e sua capacidade

para enfrentar os desafios que supõe a Vida Religiosa é

fundamental.

Reconciliação consigo mesmo, com os outros e com Deus

para enfrentar e assumir as realidades dolorosas de sua

história, seus próprios limites e fragilidades. Somente

quem tenha sentido a necessidade de pedir perdão e se

tenha perdoado adquire uma atitude de misericórdia para

os demais e a consciência de que Deus segue trabalhando

em sua fragilidade.

Formação espiritual. O candidato deve crescer em sua

capacidade de introspecção e discernimento;

identificando-se com a pessoa de Cristo e sua causa;

enfrentando e assumindo desde as suas próprias

inconsistências, é dizer a contradição entre o que se

deseja e o que se vive. Assim ordena os afetos que estão

na base do desejo de ser jesuíta, o fundamento na

experiência de Deus, de forma que sua decisão seja clara

e reta e não somente uma fuga de conflitos ou uma busca

de promoção pessoal.

Iniciação ao apostolado. Os jovens participem em

atividades apostólicas que os ajudem a descobrir as

realidades sociais e eclesiais, estando em sintonia com o

modo de proceder próprio da Companhia. O apostolado

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se realize em coordenação com o pré-noviciado, para

obter critérios e métodos comuns.

Capacidade para viver e trabalhar em equipe e em

comunidade. Não ser um constante centro de atenção;

saber dialogar e colaborar; corrigir e ser corrigido. Ser

amigo dos companheiros de caminhada, e também dos

formadores.

Conhecimento realista da Companhia, através de leituras,

contatos com jesuítas, visitas às casas de formação e às

comunidades apostólicas e obras da Província.

Sensibilidade social. Adquirir consciência das

necessidades do país por meio de experiências de inserção

social.

Capacidade intelectual e nível cultural. Disposição

suficientemente para os estudos prolongados e a formação

que os apostolados da Companhia exigem.

e) Perguntas que deve fazer-se o acompanhante vocacional

65. As seguintes:

É um jovem com “madeira” para ser jesuíta? Tem a base

humana para viver com paz e fecundidade apostólica

nosso modo de vida?

Por quê deseja ser jesuíta? Expressa uma motivação

válida e livre? Suas razões são convincentes?

Na sua partilha há experiência de Deus? Em sua vida

espiritual aparece Jesus e sua causa? Busca ajudar os

demais? Tem sentido apostólico?

Tem sinceridade e transparência em sua comunicação?

Mostra-se tal como é? Deseja conhecer ou se suspeita que

engana e diz o que o acompanhante deseja ouvir?

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É responsável em seu processo vocacional? É pontual e

responsável com suas entrevistas? Percebem-se mudanças

em sua vida desde que começou o processo vocacional?

Que falta fazer para que esteja pronto para o seu ingresso

ao noviciado e entre com maior maturidade possível? Que

passos ainda são necessários?

f) Gradualidade do acompanhamento vocacional

Níveis de decisão vocacional

66. Distinguimos três níveis de decisão vocacional no jovem

acompanhado:

O inquieto (“talvez sim, talvez não…”): é um jovem que

tem ainda muitas dúvidas a respeito do seu estado de

vida; ainda não sabe claramente se o seu é o estado de

sacerdócio, a vida religiosa ou o laicato.

O aspirante (“Sim, mas ainda não porque…”): é uma

vocação que tem decidido entrar na provação, mas quer

amadurecer alguns aspectos de sua personalidade ou

resolver algum assunto que poderia perturbar-lhe uma vez

ingressado no noviciado.

O candidato (“Sim, estou pronto”): é uma vocação que se

encontra muito decidida e quer confirmar por vários

meses sua decisão, antes do seu próximo ingresso ao

noviciado.

Atividades adaptadas ao estado de decisão

67. Com os inquietos deve-se fazer o seguinte:

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Pedir o nome, telefone e endereço ou correio eletrônico

de quem solicite informação sobre a Companhia.

Entrevistá-lo cara a cara: isso oferece um conhecimento

pessoal que não se consegue por longas conversas por

telefone ou Internet.

Tomar os dados gerais numa ficha de vida ou

vocacionados.

Oferecer informações suficientes da Companhia por meio

de folhetos.

Oferecer elementos de oração e discernimento.

Convidar a celebrações como ingressos ao noviciado,

votos, ordenações, aniversários, jubileus, funerais dos

Nossos onde possam expressar e reforçar seu interesse

vocacional.

Convidá-lo a visitar algumas de nossas comunidades e

participar em experiências vocacionais pontuais.

Relacionar-se com a família para envolvê-lo no

discernimento.

Expressar e comunicar a equipe vocacional sua primeira

impressão.

Fixar uma próxima entrevista, se lhe parecer pertinente.

68. Com os aspirantes deve-se fazer o seguinte:

Integrar o grupo de aspirantes para que mutuamente se

fortifiquem em sua busca vocacional.

Ter encontros com regularidade: Eucaristia, reuniões

comunitárias, passeios com a comunidade local, partilhar

de discernimento, leituras espirituais, palestras sobre

nosso estilo de vida, a formação e a maneira de viver os

votos na Companhia.

Prepará-los para as rupturas que se lhe exigirá a nova

etapa e estilo de vida do noviciado: família, amizades,

dívidas, contextos não apropriados para o

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desenvolvimento da vocação, tratamentos médicos ou

odontológicos, trabalho e outros.

69. Com os candidatos deve-se fazer o seguinte:

Colocar-se em contato com os encarregados do pré-

noviciado para entregar-lhes o aspirante e seu respectivo

processo.

Visitar a família do candidato para conhecer suas

circunstâncias, condicionamentos e disposições para ter

um filho jesuíta e apresentar-lhes pessoalmente a

Companhia de Jesus.

Oferecer-lhe um acompanhamento espiritual que o ajude

a confirmar seu chamado.

Acompanhar com proximidade o candidato nas atividades

que se propõe no pré-noviciado, mantendo uma boa

distância, que permita-lhe ter a liberdade necessária para

tomar uma decisão.

g) Aspectos a ter em conta no acompanhamento

70. Convém ter presente o seguinte:

Trabalhar como acompanhante sua própria dimensão

afetiva. Ser consciente das mútuas transferências que

surgem no processo de acompanhamento.

Observar no aspirante sua capacidade para assimilar o

nosso modo de proceder.

Observar a maturidade do aspirante nas entrevistas e em

outros espaços e ambientes de interação como são o

trabalho apostólico, a convivência informal, a oração e o

descanso.

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Contar com a ajuda de um psicólogo que ilumine e ofreça

um diagnóstico profissional nos casos mais difíceis.

Trabalhar em equipe com outros companheiros jesuítas

para conseguir ser mais objetivo no discernimento.

Apresentar a vocação à Companhia como um meio para

responder a Deus e não como um absoluto. Ajudá-lo a ter

alternativas de vida.

Verificar o ambiente da comunidade local antes de

apresentar-lhes um jovem vocacionalmente inquieto.

Dar por terminado o processo de discernimento à

Companhia quando se tenha claridade com ele.

5. PRÉ-NOVICIADO

71. O processo de discernimento à Companhia de Jesus é

progressivo. Para poder conhecer o candidato antes de seu

ingresso ao noviciado, convêm que se viva um tempo de

Pré-noviciado (PN).

72. O PN é uma etapa de provação, preparação e seleção do

candidato para seu ingresso no noviciado da Companhia de

Jesus. Supõe um tempo privilegiado para o mútuo

conhecimento entre a Companhia e o candidato antes da

consulta da admissão.

73. O candidato que é admitido para a experiência do PN é um

jovem que quer ser ajudado no seu discernimento para

verificar seus desejos e clarificar suas dúvidas vocacionais.

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74. É conveniente que na equipe do PN tenha um Irmão jesuíta

para que, neste período de discernimento e opção, os

candidatos possam confrontar-se e conviver com a vida,

vocação e testemunho dos Irmãos na Companhia.

a) Objetivos

75. Favorecer uma experiência de vida humana, comunitária,

apostólica, espiritual e de estudos que ajude a:

Verificar se o candidato é apto para a vida religiosa como

jesuíta.

Nivelar as carências do candidato a fim de ter os

requisitos necessários para seu ingresso ao noviciado.

Ajudar-lhe a purificar no Senhor suas motivações

vocacionais.

Preparar-lhe para as rupturas próprias do noviciado.

b) Áreas de formação

76. As seguintes nos parecem fundamentais:

A humana: que busca o crescimento integral da pessoa,

através de seu auto-conhecimento, o desenvolvimento de

suas atitudes e a vida em comunidade.

A cristã: para aprofundar a experiência de Deus que se

revela em Jesus Cristo e como entende a Igreja.

A apostólica: para começar uma certa introdução no

Corpo Apostólico da Companhia, para trabalhar em

equipe e para colaborar com os outros na construção do

Reino de Deus.

A vocacional: para que o candidato conheça o carisma da

Companhia, suas obras e comunidades, as exigências que

exigem a consagração a Deus na vida religiosa e sua

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aptidão para assimilar o nosso modo de proceder, ao

menos na esperança.

c) Perfil dos candidatos

77. Para entrar na Companhia, como sacerdote ou irmão, é

necessário querê-lo, poder realizá-lo e ter reta intenção. Estas

três características expressam o dom da vocação e se

convertem em seu critério de verificação

78. O candidato que é admitido para a experiência do pré-

noviciado é um jovem que quer ser ajudado em seu

discernimento para clarificar suas dúvidas e questionamentos

vocacionais.

79. “Sem uma preocupação obsessiva pelo número, o promotor

vocacional deve buscar candidatos de qualidade apostólica,

com fé profunda, sãos, equilibrados e de vida sacramental;

que tenham enfrentado e assumido os aspectos obscuros de

sua vida, sua sexualidade; jovens que amem a Igreja e

creiam na sua renovação; com capacidade intelectual para

assumir a formação acadêmica exigida pela nossa missão

apostólica” (29).

Da idoneidade de um candidato

80. Valorizamos os dados seguintes no nível humano:

A saúde e bons costumes.

As qualidades humanas notáveis para este gênero de vida

(30).

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A capacidade para conhecer a fundo, especialmente seus

dados obscuros.

A capacidade para crescer em maturidade humana,

incluindo sua sexualidade.

O equilíbrio emocional e a capacidade para suportar

tensões, a solidão e a possíveis frustrações.

A capacidade para integrar-se e pertencer a um grupo e

também para deixar e “despedir-se” daquilo que fica para

trás.

A capacidade para viver na rotina.

81. Valorizamos os dados seguintes no nível religioso:

O desejo constante de ser religioso na Companhia de

Jesus.

A capacidade para cultivar a intimidade com o Senhor na

oração.

A inclinação para viver a pobreza evangélica, a castidade

e a obediência.

A capacidade para ir mais além de si mesmo e sair de seu

próprio amor, querer e interesse.

A capacidade para viver em comunidade.

A transparência e confiança com seus formadores e

orientadores.

A docilidade para deixar-se formar e corrigir.

A coerência de vida.

A atitude de serviço humilde no apostolado.

A capacidade para os estudos que exigem o apostolado da

Companhia.

O conhecimento e identificação com o carisma da

Companhia de Jesus hoje.

A solidariedade social e sensibilidade diante das

injustiças, motivada por uma experiência de Deus.

A capacidade para fazer os Exercícios de mês.

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Antecedentes e situações que podem dificultar e

desaconselhar a admissão (31)

82. Trata-se de circunstâncias ou realidades que não afetam a

validade ou licitude da admissão, mas que fazem o candidato

menos apto para a vida e missão da Companhia. Ao

constatarem-se estas ocorrências, quem tiver a faculdade para

admitir ao noviciado deverá considerar se tais limitações

estão compensadas por outras qualidades que recomendam a

admissão do candidato.

83. Estas circunstâncias, entre outras, são as seguintes:

Escassa formação humana.

Dificuldade notável para assumir o que propõe a

Companhia.

Saúde física ou mental precária, assim como as

deformações notáveis.

Paixões ou afetos muito difíceis de dominar: indolência,

devoções indiscretas, apego excessivo a própria forma de

pensar, caprichos, carência notáveis de juízo e de sentido

comum, consumo compulsivo, caráter conflitivo que

dificulta a vida em comunidade, ansiedade exagerada por

entrar no noviciado, incapacidade para soltar-se dos laços

familiares e do modo de vida anterior.

Falta de perseverança, instabilidade e incapacidade para

superar obstáculos e desafios.

Ter sido seminarista ou ter pertencido a uma comunidade

e manter um estilo e mentalidade que obstaculizam a

assimilação do nosso modo de proceder.

Ter passado por muitas faculdades sem concluir nenhuma

ou por muitos processos vocacionais sem terminá-los.

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Ter uma idade avançada, sobretudo quando não se tem

concluído uma carreira Professional.

Ter obrigações civis a respeito a bens ou pessoas (dívidas,

manutenção de familiares, deveres judiciais, etc.).

Haver tido vícios importantes com drogas, alcoolismo ou

promiscuidade sexual. Incapacidade para viver um tempo

prolongado de tranqüila continência.

Ser um convertido de outra religião ou da incapacidade

absoluta por assumir a nova identidade corporativa da

Companhia.

Proibições que afetam a licitude da admissão

84. Há impedimentos que tornam ilícita a admissão e cuja

dispensa está reservada ao Papa ou ao Pe. Geral:

Ter feito votos temporais em outro Instituto Religioso ou

a primeira incorporação em um Instituto Secular ou em

uma Sociedade de Vida Apostólica ou de vida comum,

similar a dos religiosos.

Ser sacerdote ou diácono, admitido à Companhia sem

consulta prévia do bispo.

Ter-se afastado publicamente da Igreja Católica,

renegando em qualquer modo a fé, depois de ter

completado os dezesseis anos.

Ter cometido publicamente homicídio voluntário.

Ter provocado efetivamente um aborto ou ter colaborado

ativamente com ele.

Ser maior de 50 anos.

Ter dívidas que não possa pagar.

Ter perdido a boa fama por delitos ou maus costumes.

Não ter passado mais de três anos desde sua conversão à

fé cristã ou a plena comunhão eclesial.

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Impedimentos que afetam a validade da admissão

85. Há impedimentos estabelecidos pelo direito comum da

Igreja e que somente podem ser dispensados pela Santa Sé:

Não ser católico.

Ter menos de dezessete anos.

Estar casado em matrimônio válido, civil ou religioso.

Estar ligado com votos temporais ou definitivos a um

Instituto de Vida Consagrada ou Sociedade de Vida

Apostólica.

Entrar no noviciado induzido por violência, medo grave

ou engano. Falta da devida liberdade.

Ocultar a incorporação passada a um Instituto de Vida

Consagrada ou Sociedade de Vida Apostólica.

d) Modalidades de Pré-noviciado

86. É desejável que cada Província tenha seu próprio pré-

noviciado. Aí se propõe um conjunto orgânico de

experiências de vida que são um primeiro ensaio do nosso

modo de proceder. Na AL se podem classificar três categorias

existentes de pré-noviciado: numa comunidade vocacional,

em nossas comunidades apostólicas e na própria casa do

candidato.

Numa comunidade vocacional

87. Esta modalidade se realiza ou com um grupo estável, que

ingressa na mesma data e com um programa relativamente

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comum; ou com um grupo aberto, que ingressa em diversos

momentos do ano e com programas diferenciados e

personalizados.

88. O objetivo desta modalidade é aprofundar o

acompanhamento de um jovem, já iniciado antes de sua

entrada ao PN, para ajudar-lhe a comprovar e purificar a

consistência de sua motivação vocacional e, ao mesmo

tempo, proporcionar-lhe uma formação humana, acadêmica,

comunitária e apostólica, tanto cristã como jesuítica, que o

prepare para o noviciado.

89. Os critérios de admissão a esta modalidade são os

seguintes:

Ter tempo suficiente de acompanhamento

Manifestar em sua vida indícios e capacidades para ser

jesuíta.

Desejar ser jesuíta com uma motivação adequada.

Ter pelo menos 17 anos completados e menos de 30.

Ter terminado o ensino médio.

Ter uma afetividade equilibrada.

Ter atividade pastoral ou pertencer a algum movimento

da Igreja.

Ter boa saúde.

Ser apreciado e querido em seu ambiente cotidiano,

familiar, social e acadêmico.

Estar livre de vícios e dependências.

Nas nossas comunidades apostólicas

90. O objetivo é proporcionar ao candidato uma experiência de

vida em uma comunidade apostólica, para que possa discernir

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e confirmar sua opção vocacional à Companhia e esta possa

conhecê-lo melhor.

91. Além dos critérios já ditos na modalidade anterior,

podemos acrescentar os seguintes:

A experiência se realizará numa comunidade que tenha

um projeto atrativo aos jovens e ofereça um ambiente

adequado para o acompanhamento vocacional.

A comunidade apostólica deve estar de acordo em receber

o candidato.

O candidato mantenha contato com jesuítas, leigos e

outras pessoas que o ajudem no seu discernimento e deve

assumir algum serviço comunitário e participar de alguma

atividade pastoral.

O candidato deve elaborar um plano de vida a ser

aprovado pelo Coordenador da PV.

O candidato deve participar de todas as atividades

comuns do plano de candidatos.

O candidato será destinado a essa comunidade pelo

Coordenador da PV.

Na sua própria casa

92. O objetivo é proporcionar os meios que permitam a um

jovem discernir sua vocação à Companhia e ser conhecido

por esta em sua vida cotidiana.

93. Deve-se ter em conta os mesmos critérios de admissão à

comunidade vocacional, especialmente, o seguinte:

Ter vivido um tempo de acompanhamento vocacional.

Ter participado em alguma das atividades da PV.

Ter participado em alguma obra da Companhia,

assumindo um compromisso apostólico sério.

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Ter sido apresentado ao Coordenador da PV por seu

acompanhante vocacional.

94. Perceber que tenha maturidade vocacional para um próximo

ingresso ao noviciado.

e) Experiências do Pré-noviciado

95. Nas seguintes áreas:

Humana: para buscar o crescimento integral da pessoa,

através de seu auto-conhecimento, do desenvolvimento de

suas atitudes e da vida em comunidade.

Cristã: para aprofundar a experiência de Deus que se

revela em Jesus Cristo e como entende sua Igreja.

Apostólica: para começar uma certa aproximação ao

corpo apostólico da Companhia, trabalhar em equipe e

colaborar com outros na construção do Reino de Deus.

Vocacional: para que o candidato conheça o carisma da

Companhia, suas obras e comunidades, as exigências que

colocam a consagração a Deus na vida religiosa e sua

aptidão para assimilar o nosso modo de proceder, ao

menos na esperança (32).

Área humana:

96. Elaboração de sua autobiografia. O candidato dedicará um

tempo, mais ou menos longo, para escrever sua história,

abordando de modo claro e objetivo seu processo de

crescimento humano e sua consistência vocacional.

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97. Avaliação psicológica. Confirmar a aptidão do candidato à

Companhia e desenhar um plano personalizado durante o PN.

É necessário também contar com um conhecimento do

candidato em outros espaços para ter maior objetividade. O

informe psicológico é somente uma ajuda para a admissão e

não determina a aptidão do candidato; é preciso ver a

totalidade da vida e seu processo como candidato.

98. Estudos. Adquirir métodos e hábitos de estudo tendo em

conta a formação atual do candidato, buscando uma

progressiva formação humanística e desenvolvendo uma

consciência crítica diante a realidade. Em alguns casos é

necessário sanar as deficiências de preparação acadêmica e

avaliar a capacidade intelectual do candidato para assumir os

estudos que exigem os apostolados da Companhia.

99. Experiência de trabalho. Desenvolver aptidões do

candidato, ganhar em auto-estima e ajudar nos custos de seu

processo de formação.

Área cristã:

100. Uma instrução catequética e teológica suficientes.

Que o candidato conheça o fundamental da fé e os costumes

da Igreja, porque antes de ser jesuíta primeiro deve ser

cristão.

101. As celebrações litúrgicas da Igreja. A introdução do

jovem no ritmo anual das festas e expressões de fé da Igreja.

Área apostólica:

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102. Experiências de apostolado. Iniciar e fortalecer o

candidato na experiência de serviço da fé e da promoção da

justiça, como aspectos de uma mesma opção apostólica; e no

trabalho em equipe; e na aproximação paulatina ao corpo

apostólico da Província. O apostolado tem duas dimensões:

O serviço social ou voluntariado, que procura educar

o candidato na responsabilidade, na disponibilidade e

na gratuidade, através da colaboração e contato com

obras populares.

A evangelização: experiências pastorais para

fortalecer e confirmar o empenho cristão do

candidato, seu sentir com a Igreja e seu desejo de

servir ao povo de Deus com o anúncio explícito de

Jesus Cristo.

Área vocacional:

103. A experiência pessoal de oração. O candidato é

convidado a expor com realismo sua vida diante Deus sendo

acompanhado no método inaciano de rezar. Participa em

alguma das modalidades de Exercícios Espirituais (fim de

semana, oito dias, na vida corrente, etc.).

104. O acompanhamento espiritual. Ajuda a configurar no

candidato seu chamado. Deve ser freqüente (semanal ou

quinzenal) e com um jesuíta experimentado.

105. Os Exercícios Espirituais. Ajudam a vivenciar uma

oração profunda segundo o método inaciano, a centrar sua

afetividade na pessoa e proposta de Jesus Cristo e a buscar a

liberdade interior que possibilita a opção vocacional.

106. A instrução inaciana. O jovem irá adquirindo os

elementos básicos da espiritualidade da Companhia,

facilitando seu discernimento.

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107. O conhecimento prático da etapa do noviciado. Partilhar

por um breve período a vida dos noviços oferecendo ao

candidato elementos para confirmar sua vocação e verificar

se é o momento oportuno para seu ingresso ao noviciado.

108. O conhecimento prático de obras e comunidades

jesuítas.

f) Consulta de admissão

109. O Padre Provincial se reúne com sua consulta de

admissão para discernir as razões a favor e tomar uma

decisão final.

110. A consulta tenha em conta os seguintes dados sobre o

candidato:

Ficha de identificação.

Autobiografia.

Informe psicológico.

Informe médico.

Informe de três entrevistadores jesuítas.

Informe do seminário ou da comunidade religiosa, se for

o caso.

Informe da comunidade apostólica onde tenha realizado

sua experiência.

Parecer do Diretor da comunidade vocacional e do

Coordenador Provincial.

111. O Padre Provincial informa ao candidato sua decisão

(admitido à Companhia, não admitido ou não admitido por

enquanto) e delega a equipe vocacional o processo final desta

decisão, com os passos que devem ainda serem tomados.

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g) Preparação final para o ingresso ao Noviciado

112. Ter em conta o seguinte:

Advertência sobre os desafios e dificuldades que surgem

neste tempo prévio ao ingresso.

Qualidade e reforço de sua vida espiritual: sacramentos,

oração e acompanhamento.

Clara informação a respeito do seu ingresso ao noviciado:

data de entrada, o que necessita levar e disposição interior

positiva.

Atitude de transparência com o Padre Mestre.

Preparação para as rupturas que terá que enfrentar

(familiares, estilo de vida, relações afetivas e

profissionais, etc.).

Dedicação de tempo para a convivência familiar.

Atividades pastorais que favoreçam a identidade e

integração do grupo dos admitidos (acampamento, missão

com jovens, experiências sociais, etc.).

6. UNIDOS NA MISSÃO E EM REDE

113. A PV na AL valoriza as características próprias de cada

país contemplado nos diversos Planos vocacionais de cada

Província. Atualmente, com o novo paradigma de “fomentar

uma maior unidade, comunicação e visão comum entre

todos, fixar prioridades apostólicas comuns que permitam

ações conjuntas e um emprego mais racional e efetivo dos

recursos humanos e materiais”, fomentando maior

solidariedade e ajuda mútua entre as Províncias e Regiões

de AL e entre elas de outros continentes “(33), existe um

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Coordenador da CPAL para o Setor de Vocações e uma

Comissão Vocacional (COMVOCAL)”.

114. Os Coordenadores da PV das Províncias e Regiões de

AL, conscientes de que as vocações são uma prioridade da

CPAL e da Companhia universal, estão intimamente unidos

entre si pela missão recebida. Trabalhamos para o corpo

apostólico da Companhia que é uma. Esta consciência de

identidade e pertença, renovada pelo novo paradigma da

CPAL, nos anima a reforçar nossos laços de união por meio

de uma rede solidária e eficiente, em âmbito regional e

continental.

115. O conceito de rede começa a ser normal em nossas

propostas, pois pensamos em formas de trabalho global e

menos isoladas. Desse modo, ainda que mudem as pessoas e

os contextos, sempre fica de pé a missão que teremos que

realizar. A dualidade local – global forma parte de nossa

visão e missão.

116. Para viver entre nós este espírito de maior comunhão e

comunicação, propomos:

Manter atualizada uma lista dos Coordenadores de PV e

animadores vocacionais em nosso catálogo de endereços.

Manter contatos freqüentes, não somente com os

companheiros da própria Província, mas com os demais

Coordenadores e com o Setor de vocações da CPAL.

Partilhar nossas experiências exitosas.

Partilhar generosamente os materiais que usamos em

nossa prática vocacional.

Enviar para as nossas comunidades e obras as notícias de

interesse vocacional.

a) No âmbito regional: Coordenadores de cada região

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117. Reuniões dos Coordenadores da PV de AL por Regiões

geográficas nos anos ímpares. Estas são as Regiões

geográficas de nosso continente:

- Brasil: BNE, BAM, BRC, BRM e BMT, formando a

CONPAV (Comissão Nacional de Pastoral Vocacional do

Brasil).

- Norte: ANT, CAM, COL, CUB, ECU, MEX, PRI e

VEN.

- Sul: ARG, BOL, CHL, PAR, PER, URU e o

Coordenador da CONPAV.

118. São reuniões breves e se centram em partilhar a

motivação, o estado de ânimo com que vivemos nossa

missão, e trocar as experiências exitosas e o material

vocacional.

119. Propomos, a modo de exemplo, a seguinte dinâmica de

reunião:

Dedicar um dia ou dia e meio a realizar algo semelhante a

uma “revisão de vida” entre todos os integrantes do grupo

(Como me encontro? Dificuldades do meu trabalho? etc.)

Dedicar os outros dois dias a partilhar, analisar e

reformular experiências que tenham que ver com os

quatro níveis de animação, promoção, acompanhamento e

pré-noviciado, favorecendo um clima fraterno, de

conhecimento mútuo e de amizade, que permita formar

uma verdadeira equipe interprovincial; razão pela qual

convêm atender ao descanso diário, a partilha informal e

demais atividades que ajudem a este propósito, sem que

sejam o objetivo central da reunião.

120. A cada dois anos e de forma rotativa, se realiza a reunião

em uma das Províncias dessa região, sendo o coordenador

dessa Província o responsável pela realização do encontro. Os

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resultados de cada reunião regional serão partilhados com

todos os das outras Regiões e evidentemente com o

Coordenador do Setor de vocações da CPAL.

b) No âmbito continental: os Coordenadores das três Regiões

121. Teremos reuniões de todos os Coordenadores da PV da

AL nos anos pares.

122. Será uma reunião mais longa centrada na formação.

Busca transmitir pontos e conteúdos que reforçam a

motivação e a qualidade do nosso trabalho.

123. Propomos a seguinte dinâmica:

Expor a caminhada geral dos grupos por Região e uma

síntese da reunião realizada pelos três grupos regionais do

ano anterior.

Dedicar-se um tempo a escolher, em cada um dos três

grupos, as experiências mais interessantes para partilhá-

las e analisá-las no plenário.

Expor e trabalhar, com método adequado, o tema de

fundo da reunião: afetividade, discernimento vocacional,

métodos de promoção, juventude, pastoral juvenil-

vocacional, etc., recorrendo, se for o caso, a ajuda de um

especialista no tema.

Sistematizar as conclusões unir os critérios e modos de

trabalho e concretizar a colocação em prática do manual

de pastoral vocacional da América Latina.

Ao final da reunião, se fixa a Província que acolherá o

próximo encontro, buscando que se altere nas três

Regiões.

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124. O Coordenador do Setor de vocações da CPAL com a

ajuda da CONVOCAL assume a orientação e direção desse

encontro e a Província anfitriã facilita o suporte logístico.

125. Parece enriquecedor que alguma vez sejam convidados os

Coordenadores da PV de outras assistências da Companhia:

USA, Europa, África, etc.

7. ORIENTAÇÕES PARA UM TRABALHO

INACIANO COM JOVENS

126. Nossa missão como Coordenadores de PV consiste em

apresentar a Companhia de Jesus, especialmente aos jovens

(o que somos, realizamos e sonhamos realizar) e acompanhar

o processo de discernimento de quem se sente chamado a

seguir a Jesus ao estilo de Santo Inácio.

127. Esta PV, hoje prioritária, não podemos realizá-la

sozinhos. Depende do testemunho que, jesuítas e leigos,

damos da experiência de Jesus que nos motiva a segui-lo e a

realizar nossa missão, especialmente com os jovens. Mas não

de qualquer pastoral juvenil, senão de um apostolado

embutido da força, visão e chamados que brotam dos EE e de

todo o patrimônio espiritual inaciano.

128. Esta pastoral não substitui a pastoral vocacional jesuíta

nem se põe exclusivamente a serviço das Vocações à

Companhia. Não se trata de criar um movimento juvenil, nem

uma pastoral de juventude paralela, senão de potencializar o

trabalho dos grupos e movimentos existentes com os

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elementos que nos aportam a espiritualidade inaciana e que

brotam dos EE.

129. Não é tarefa da pastoral vocacional jesuíta ou o desejo e a

vivência prática desta pastoral juvenil, mas sim oferecer

algumas orientações desde nossa experiência.

a) Antecedentes

130. Movidos por este desejo de co-responsabilidade

partilhamos, tanto com os jesuítas que trabalham na pastoral

vocacional como os companheiros que trabalham nas diversas

obras a serviço dos jovens, as seguintes constatações:

Em boa parte de nossas Províncias da AL as vocações

provém majoritariamente de obras que não são da

Companhia. Isto nos leva a reconhecer e agradecer o

grande valor destas vocações, mas não queremos

descuidar da promoção vocacional que também devemos

fazer em nossas instituições.

Em certas Províncias constatamos a enorme quantidade

de jovens que passam por nossas obras (educativas,

paróquias, sociais, de espiritualidade, de movimentos e

voluntariados, etc.), e o grande esforço que a Companhia

investe nelas, do que todos esperaríamos uma maior

fecundidade cristã e vocacional.

Em nossas obras de trabalho com jovens, de caráter

social, educativo ou pastoral, encontramos um contexto

natural e privilegiado para descobrir e formar jovens

vocacionalmente aptos para partilhar a missão da

Companhia na Igreja.

b) Proposta

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131. Conscientes de que:

Muitos jovens de nossas obras aspiram a viver um

cristianismo mais exigente, se identificam com o

seguimento de Jesus à maneira de Inácio e desejam

partilhar nossa missão e espiritualidade;

A missão de Cristo necessita contar com

companheiros religiosos e leigos para enfrentar os

desafios da fé e a justiça na AL;

A pastoral juvenil e a PV são vasos comunicantes

vinculados entre si e que um bom trabalho na

pastoral juvenil é uma plataforma para que surjam

as vocações à vida consagrada.

132. É importante que os Provinciais, nossas comunidades e

obras apostólicas:

Implementem a inspiração inaciana no nosso

trabalho juvenil, como modo de implantar uma

“ampla política vocacional que tenha em conta a

cultura e os valores da juventude, promova as

vocações para a Companhia, ao sacerdócio, a vida

religiosa e ao laicato comprometido com o Reino”

(34).

c) Objetivo do trabalho juvenil com inspiração inaciana

Sugestões para inspirar nosso trabalho com jovens:

133. Oferecer a todos os jovens de nossas obras um processo

de acompanhamento, enriquecido com os elementos da

espiritualidade inaciana, que os ajude a eleger sua vocação,

sua missão dentro da Igreja, do país e do continente como o

melhor modo de investir sua vida a serviço dos demais, em

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resposta ao amor de Deus (35). Toda pastoral inaciana deve

conduzir a um encontro pessoal, de chamado e resposta,

com o Senhor. O objetivo de toda evangelização está em

que cada um descubra onde Deus o quer e o sonha (36).

d) Dimensões desta inspiração inaciana

134. Para que nosso trabalho com jovens mantenha sua

inspiração inaciana, como pede o decreto 26 da CG 34,

deve-se:

Fomentar o desenvolvimento de toda a pessoa

oferecendo experiência e formação para que os

jovens adquiram sua plena maturidade e realização

nas diferentes dimensões de sua pessoa.

Fomentar o encontro pessoal com Jesus Cristo,

apresentando um Jesus em missão que nos convida

a ser seus companheiros. Este Jesus, como se

experimenta nos EE, se converte no modelo ou

ideal de nossa vida.

Promover a experiência de oração pessoal e

comunitária. Isto fomenta que a doutrina cristã seja

pessoalmente significativa mediante o silêncio

interior e o “sentir e gostar das coisas

internamente”, e introduz ao ser contemplativo na

ação.

Ter o discernimento espiritual como o meio

privilegiado para descobrir e responder aos

constantes convites que Deus faz, para evitar as

falsas propostas que oferece a sociedade e para

buscar a Deus em todas as coisas e a todas as coisas

nele.

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Oferecer um acompanhamento espiritual para

revisar a vida e concretizar o melhor modo de

responder aos chamamentos de Deus.

Preparar para o compromisso e solidariedade com

os mais necessitados. Formar para respondermos a

Deus com nosso trabalho pela fé, a justiça e o

diálogo inter-cultural e inter-religioso.

Abrir-se à pergunta vocacional, pois estamos

sempre em busca do “magis”. Isto conduz também

à busca, eleição e realização da própria vocação,

seja leiga, religiosa ou sacerdotal, como um

chamamento para a santidade.

e) Sugestões para inspirar nosso trabalho com jovens

135. Estabelecer em cada Província uma instância de

coordenação e intercâmbio entre os representantes, jesuítas

e leigos, das diversas obras que trabalham com jovens,

onde esteja convidado também o Coordenador Provincial

da PV.

136. Esta instância deve ser convocada por um

Coordenador Provincial de pastoral juvenil, onde o tiver,

com o apoio pleno do Padre Provincial.

137. A Coordenação deve procurar que:

Se favoreça o intercambio de experiências juvenis.

Se estudem as novas culturas juvenis e familiares

deixando-se ajudar por especialistas.

Definir os objetivos comuns.

Definir um perfil comum do jovem que se forma em

nossos apostolados.

Definir os parâmetros de avaliação com indicadores de

rumo nas diversas dimensões da pastoral juvenil.

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8. CONCLUSÃO

138. Ressaltamos a importância deste Manual de PV por seu

caráter inédito de querer ajudar no trabalho vocacional de

todas as Províncias e Regiões da América Latina. Todos,

jesuítas e leigos, devemos ir mais além do que aqui apenas

se disse para poder implantar uma cultura de co-

responsabilidade vocacional.

139. Sobre vocações já está dito quase tudo. Foram feitos

inúmeros planos e surgiram infinitas iniciativas. Às vezes,

com tantos planejamentos, parece que pretendemos rejeitar

a Deus. Não é isto que se pretende! Para que tudo isto não

fique em letra morta é necessário abrirmos e acolher com

esperança aquela “Palavra interior” do bom Espírito (37), e

colocá-la em prática com fé e generosidade. É necessário

confiar em Deus que atua suscitando vocações e pessoas

inspiradas. Confiar também em tantas possibilidades e

capacidades que nos foram dadas. Confiar, por fim, no dom

de nosso carisma congregacional e nos jovens que se

aproximam de nós, em sua capacidade de entrega e de

compromisso radical, quando vêem algo que vale a pena.

140. A aprovação deste Manual coincide, felizmente, com a

canonização do Pe. Alberto Hurtado que trabalhou com

entusiasmo, criatividade e perseverança com tantos jovens,

despertando neles muitas vocações para o laicato, o clero, a

vida religiosa e, evidentemente, para a Companhia de

Jesus.. “Ele nos marcou no caminho. Sigamo-lo!”

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141 Por último, como implementar as linhas mestras deste

Manual? Tocará aos Coordenadores de PV de cada

Província tomar o pulso evangelizador das Comunidades e

Obras apostólicas, partilhando com elas as partes

correspondentes, e ao Coordenador do Setor de Vocações

da CPAL encontrar novas estratégias para que isso suceda.

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

- Companhia de Jesus. Província de Espanha: Un tesoro a

desenterrar… Algunas sugerencias para la pastoral

vocacional, 2005.

- Congregação Geral 34.

- Constituções da Companhia de Jesus e Normas

Complementares.

- CPAL: Princípio e Horizonte de nossa missão na América

Latina. Rio, 2002.

- Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.

- Kolvenbach, Peter-Hans: A formação do jesuíta, Cúria

Geral da Companhia de Jesus, Roma, 2003, p. 34.

- O’Malley, John W.: Los primeros jesuitas. Mensajero-Sal

Terrae.

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Aprovado na 11a. Assembléia da CPAL,

Florianópolis, Brasil, 30 de Abril de 2005