manual de biosseguranÇa em odontologia

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MANUAL DE BIOSSEGURANA EM ODONTOLOGIA

Biossegurana o conjunto de aes voltadas para a preveno, minimizao ou eliminao de riscos inerentes s atividades de pesquisa, produo, ensino, desenvolvimento, tecnologia e prestao de servio visando sade do homem, dos animais, a preservao do meio ambiente e a qualidade dos resultados. [CTbio/FIOCRUZ]. Os profissionais de Odontologia, Cirurgies-Dentistas, Auxiliares de Consultrio Odontolgico, Higienistas, Tcnico de Higiene Dental e Tcnico de Laboratrio de Prtese esto sob risco constante de adquirir doenas no exerccio de suas funes. Comprovadamente os microrganismos tem driblado as medidas de segurana adotadas na atualidade, colocando em risco profissionais e pacientes, e a falta de cuidados em relao biossegurana, tem propiciado a intensificao do ciclo de infeces cruzadas. responsabilidade do Cirurgio-Dentista a orientao e manuteno da cadeia assptica por parte da equipe Odontolgica e o cumprimento das normas de qualidade e segurana quanto ao radiodiagnstico e descarte de resduos gerados pelo atendimento. O controle de infeco constitudo por recursos materiais e protocolos que agrupam as recomendaes para preveno, vigilncia, diagnstico e tratamento de infeces, visando segurana da equipe e dos pacientes, em quaisquer situaes ou local onde se prestem cuidados de sade. A biossegurana nunca completa quando profissionais da Sade atendem a um paciente ou manipulam instrumentos, material biolgico e superfcies contaminadas. Porm, o fato de sempre haver um risco, deve ser isto um estmulo nossa dedicao, e no o inverso, ou seja, uma justificativa s nossas falhas. As principais doenas infecto-contagiosas que representam riscos em consultrio odontolgico podem ser causadas por vrus como Catapora, Hepatite B, Hepatite C, Conjuntivite Herptica, Herpes Simples, Herpes Zoster, Mononucleose Infecciosa, Sarampo, Rubola, Parotidite, Gripe, Papilomavrus Humano, Citomegalovrus, HIV. Podem ser causadas por bactrias que levam a Pneumonia, Infeco por Estafilococos, Estreptococos, Pseudomonas, Klebsiella, bacilos como o da Tuberculose, e ainda os fungos, mais comumente associado Candidase. Os profissionais de odontologia tambm devem se vacinar, embora no existam todas as vacinas para preveno destas doenas. Os servios de Odontologia necessitam cumprir as normas de biossegurana baseadas em leis, portarias e normas tcnicas do Ministrio da Sade, Ministrio do Trabalho e Secretarias Estaduais e Municipais, que observam desde protees contra radiaes ionizantes, radiaes de luz halgena, medidas para o controle de doenas infecto-contagiosas, destinao de resduos e proteo ao meio ambiente. As sanes previstas na lei podem ir desde uma simples advertncia ou multa classificada em leve, grave ou gravssima, at interdio do estabelecimento odontolgico. [Lei Federal 6.437, de 20/08/1977]. O que temos que implantar a cultura da valorizao do homem e a valorizao da sua qualidade de vida. Sabemos que a cada segundo, substncias qumicas e microrganismos esto sendo introduzidos no meio ambiente e que os resultados

dessa verdadeira alquimia biotecnolgica ainda so desconhecidas para a humanidade.

Verso para impresso e leitura off-line.

Biossegurana em Odontologia o conjunto de procedimentos adaptados no consultrio com o objetivo de dar proteo e segurana ao paciente, ao profissional e sua equipe (Lima, Minholo & Ito). O nico meio de prevenir a transmisso de doenas o emprego de medidas de controle de infeco como equipamento de proteo individual (EPI), esterilizao do instrumental, desinfeco do equipamento e ambiente, anti-sepsia da boca do paciente. So essenciais a padronizao e manuteno das medidas de biossegurana como forma eficaz de reduo de risco ocupacional, de infeco cruzada e transmisso de doenas infecciosas.

1 Conceitos

=> Assepsia: o conjunto de medidas adotadas para impedir que determinado meio seja contaminado. => Anti-sepsia: a eliminao das formas vegetativas de bactrias patognicas de um tecido vivo. => Limpeza: a remoo da sujidade de qualquer superfcie, reduzindo o nmero de microrganismos presentes. Esse procedimento deve obrigatoriamente ser realizado antes da desinfeco e/ou esterilizao. => Desinfeco: um processo que elimina microrganismos patognicos de seres inanimados, sem atingir necessariamente os esporos. Pode ser de alto nvel, intermedirio ou baixo. => Esterilizao: um processo que elimina todos os microrganismos: esporos, bactrias, fungos e protozorios. Os meios de esterilizao podem ser fsicos ou qumicos.

2 Classificao dos Instrumentos

=> Instrumentos crticos: so instrumentos de corte ou ponta que penetram nos tecidos sub-epiteliais. Devem ser obrigatoriamente esterilizados. => Instrumentos semi-crticos: so instrumentos que entram em contato com a mucosa ou pele ntegra (moldeiras, espelhos, instrumentais para restauraes). Podem ser desinfetados, mas quando possvel e preferencialmente esterilizados. => Instrumentos no crticos: entram em contato apenas com a pele ntegra ou no entram em contato com o paciente. (pina perfuradora de lenol de borracha, arco de Young, mufla). Devem ser desinfetados.

3 Procedimentos segundo o risco de contaminao

=> Procedimentos crticos: quando h penetrao no sistema vascular (cirurgias e raspagens sub-gengivais) => Procedimentos semi-crticos: quando entram em contato com secrees orgnicas (saliva) sem invadir o sistema vascular (insero de material restaurador, aparelho ortodntico). => Procedimentos no crticos: quando no h contato com secrees orgnicas nem penetrao no sistema vascular. Na Odontologia no existe nenhum procedimento que possa ser classificado nessa categoria.

4 Medidas de Proteo Pessoal (Profissional e Equipe)

4.1 Imunizao contra Hepatite B

A imunizao contra a Hepatite B realizada em trs doses. A segunda dose um ms aps a primeira e a terceira, seis meses aps a segunda. Deve-se fazer teste sorolgico para confirmao da imunizao. Deve ser feito reforo da vacina a cada 5 anos.

4.2 Equipamento de Proteo Individual (Barreiras)

=> Gorro (tipo touca): deve recobrir todo o cabelo e orelhas, protegendo-os principalmente dos aerossis. Deve ser de uso nico e descartveis em lixo contaminado. => Avental: evita o contato da pele e roupas pessoais com os microrganismos do campo de trabalho. Seu uso deve ser restrito ao local de trabalho.Podem ser: - no cirrgico: para procedimentos semi-crticos. Devem ser trocados diariamente ou quando apresentarem contaminao visvel por sangue ou fluidos. - cirrgico estril: para procedimentos crticos. vestido aps a paramentao do profissional e degermao das mos. => Mscara: proteo das vias areas superiores (3 camadas) - descartvel. => culos de Proteo: proteo biolgica e mecnica. Devem ser fechados lateralmente. Devem ser lavados e desinfetados. => Luvas: as mos devem ser lavadas antes de calar as luvas que devem ser descartadas a cada procedimento em lixo contaminado. 3 tipos: - procedimentos: no estreis para procedimentos semi-crticos. - cirrgicas: embaladas individualmente para procedimentos crticos. - limpeza: ltex grosso e resistente. Para a manipulao de instrumental contaminado, para procedimentos de limpeza e desinfeco do consultrio. Devem ser desinfetadas aps o uso. So reutilizveis. => Sobre Luvas: Utilizadas quando o profissional deixar o campo de trabalho para tocar em algum objeto ou superfcie, e retirada quando o mesmo voltar para o campo de trabalho. Deve ser trocada a cada paciente.

5 Campos de trabalho

=> Campo estril: para procedimentos crticos. => Barreiras de PVC: para procedimentos semi-crticos. Devem ser trocadas a cada paciente.

6 Preparo do instrumental para esterilizao

=> Pr lavagem: remoo da sujidade. - ultra-som: com soluo enzimtica ou desencrostante (2 10 min.); - mecnica: o instrumental deve ficar imerso em soluo enzimtica (2 10 min) e depois lavado em gua corrente. => Secagem: toalha ou ar. => Embalagem: de acordo com o mtodo de esterilizao.

7 Mtodos de Esterilizao

=> Calor mido (Autoclave): vapor sob presso (1 2 atmosferas). Tempo de 15 30 minutos. Temperatura de 121 132 C. => Calor Seco (Estufa): tempo de 1 hora 170C ou 2 horas 160C, sem a abertura da mesma durante o processo. => Processos Qumicos: xido de etileno por 4 horas; glutaraldedo 2% por 10 horas e soluo de formaldedo 38% por 18 horas.

8 Descarte de lixo

=> No contaminado: lixo comum, saco preto. => Contaminado (contm sangue e secrees) saco branco identificado. => Perfurocortantes: Descartex

Consultorio

Em todos os instrumentos odontolgicos, dos mais simples aos mais sofisticados, esconde-se um universo imenso de microorganismos patognicos.

Alguns estudos demosntram que os germicidas quando entram em contato com os lubrificantes das pontas de alta e baixa rotao, perdem a ao, e ainda, sugerem que esses lubrificantes estariam permitindo a proliferao de microorganismos. A flora bucal abriga em mdia 300 diferentes microorganismos. O protocolo de Biossegurana deve ser seguido, no s para proteo do paciente como do prprio profissional. Consta como parte da biossegurana o uso de equipamentos e materiais por parte do profissional e equipe auxiliar como: mscaras descartveis, gorros descartveis, luvas de procedimento e cirrgicas, protetor de pontas descartveis (alta e baixa rotao e outras pontas auxiliares), agentes qumicos de desinfeco e esterilizao de superfcies e instrumentais, filme plstico para cobertura de reas tocadas durante os procedimentos (deve ser trocado a cada paciente), antisspticos para o paciente fazer bochecho antes de qualquer procedimento. aconselhvel que o profissional e sua equipe tomem vacinas contra: Hepatite B Sarampo Rubola Parotidite Ttano (mesmo que o risco seja quase nulo) Enquanto na populao em geral a hepatite B apresenta-se em torno de 4%, entre os profissionais de odontologia gira em torno de 13% Vejamos alguns procedimentos importantes para a segurana do CD, auxiliares e pessoal de laboratrio de prtese: MOLDAGENS COM FINALIDADE PROTTICA

Antes de serem enviados ao laboratrio, os moldes e modelos devem ser limpos e desinfetados para remoo de saliva, sangue e outras sujidades. Sendo assim, mercaptanas, siliconas, polisteres, gesso e hidrocolides devem ser desinfetados atravs de imerso em lquido desinfetante Sempre faa as moldagens e vaze o gesso utilizando EPI, principalmente luvas e protetor ocular. PONTAS DE ALTA E BAIXA ROTAO E PONTAS DE PERIFRICOS Algumas podem ser autoclavadas, e essa a melhor maneira de realizar a esterilizao. Quanto quelas que no podem ser autoclavadas, use protetores descartveis de ltex ou filme plstico. Os de ltex existentes no mercado, oferecem uma eficcia grande, e vale a pena investir. Quando associadas desinfeco com substncias qumicas auxiliares, as barreiras de ltex aumentam a eficcia contra a contaminao cruzada. Em testes, encontraram numa nica ponta de alta rotao mais de mil streptococcus do tipo mutans Em virtude de funcionarem base de gua e ar comprimido, as pontas de alta rotao e outras, aps a operao, existe um refluxo de lquidos que pode chegar at as cnulas. Os que tem o sistema check valve, impedem esse retorno dos lquidos, mas no removem a quantidade de secreo que fica em seu interior. O maior foco de contaminao onde ficam as turbinas, na cabea. Uma das formas de se manter as pontas no autoclavveis limpas, uma criteriosa limpeza com gua e sabo neutro para remoo de debridamentos orgnicos, e fazer a lubrificao antes do empacotamento em luva com soluo desinfetante (dependendo do tipo de soluo voc vai deixar mais ou menos tempo). H no mercado produtos com essa finalidade, onde voc faz a limpeza da ponta, lubrifica e depois coloca-a dentro dessa luva que contm solues desinfetantes e impedem o crescimento bacteriano. Mesmo assim, esse mtodo no totalmente eficaz, o ideal ter pontas autoclavveis.

USO DE SOBRELUVAS (LUVAS PLSTICAS) Mos caladas com luvas j contaminadas ou no, devem ser protegidas com uma sobreluva plstica tambm descartvel, antes de tocar qualquer coisa (gavetas, telefone, interfone, caneta, blocos, etc.), a fim de evitar a contaminao cruzada. DESINFECO DE SUPERFCIES - IODOPOVIDINE EM SPRAY -LCOOL 70 EM SPRAY - APLICAR 2 VEZES CLORETO DE BENZALCNIO SPRAY LCOOL GEL 70 LENIS DE CLORHEXEDINE -CIDO PERACTICO ( O MAIS EFICAZ QUANDO COMPARADO A OUTROS AGENTES QUMICOS) CLORHEXEDINE 2% + LCOOL 70 EM SPRAY ( O SEGUNDO MAIS EFICAZ QUANDO COMPARADO A OUTROS AGENTES QUMICOS) OBS: HIV PERMANECE VIVO FORA DO ORGANISMO POR 72 HORAS HBV - PERMANECE VIVO FORA DO ORGANISMO POR 2 SEMANAS LIMPEZA DE MOLDES E MODELOS IODFIROS OU HIPOCLORITO 1% - IMERSO POR 10 MINUTOS CIDO PERACTICO IMERSO POR 10 MINUTOS Tanto as imerses em cido peractico como em hipoclorito apresentam boa estabilidade dimensional , sem mostrar diferenas clinicamente relevantes quando imersos nos diferentes produtos, desde que obedecido o tempo de imerso. LIMPEZA DE PRTESES E APARELHOS ORTODNTICOS HIPOCLORITO 1% - IMERSO POR 10 MINUTOS PARA DESINFECO

- IMERSO POR 30 MINUTOS PARA ESTERILIZAO DIGLUCONATO DE CLORHEXEDINE 10% IMERSO POR 10 MINUTOS VINAGRE 30% - IMERSO POR 30 MINUTOS PARA PRTESES TOTAIS OUTRAS OBSERVAES: GLUTARALDEDO cancergeno e txico ao meio ambiente, j est proibido em diversas localidades brasileiras CIDO PERACTICO esporocida, bactericida, virucida, esteriliza em 30 minutos e seguro para o profissional DETERGENTE ENZIMTICO Utilizado para desinfeco e limpeza de terminal, no destri os microorganismos 5 a 10 minutos de imerso. CAMPOS DE TNT Podem ser esterilizados em autoclave, desde que devidamente embalados (no colocar os campos de TNT sem embalagem na autoclave, e no tentar esterilizar os mesmos em estufa)

ESTUFA 17O - 1 hora 160 - 2 horas Um erro que muitas pessoas comentem, em relao a esse tempo, que deve ser contado somente aps a estufa atingir a temperatura ideal. Usar sempre o termmetro de bulbo para ter certeza que a temperatura indicada no termostato est correta. PAPEL ALUMNIO

uma tima opo para embalar e esterilizar, a ainda pode servir de barreira em alas de refletores, puxadores de gavetas, etc. Tem a vantagem de poder ser esterilizado antes do uso (descartvel). ARMAZENAGEM EM GAVETAS OU ESTUFA Deve-se obedecer as seguintes medidas, no mximo 50 cm abaixo do teto e no mnimo 30 cm acima do piso. Validade de 7 dias. ISOLAMENTO ABSOLUTO Oferece 80% de proteo ao dentista POLIMENTO E PROFILAXIA Dar preferncia a taas e cones de borracha, as escovas retm muitos microorganismos) PORTA RESDUOS Eliminar o uso de porta resduos. O ideal utilizar um saquinho plstico cada paciente para descartar algodo, gaze e outros. LUVAS Streptococcus passam pelas luvas. Aps uma hora de uso, o ideal troc-las por um novo par. No esquecer que deve-se usar sobreluvas plsticas quando quiser tocar objetos como gavetas, telefones, etc. Para lavagem do instrumental, utilizar luvas grossas de borracha. LAVAGEM DE ROUPAS Lavar em local separado das roupas de casa com hipoclorito 1:5 FERIMENTOS Lavar sem esfregar, no utilizar hipoclorito na lavagem, apenas gua e sabo neutro. Hospital Municipal - Teste rpido de HIV, Teste de HBV

BOCHECHOS Antes de qualquer procedimento, pedir ao paciente que faa bochecho de 15 a 30 segundos com soluo antissptica (Periogard bem indicado para essa finalidade) LAVAGEM DAS MOS 1. Retirar anis, pulseiras e relgio. 2. Abrir a torneira e molhar as mos sem encostar na pia. 3. Colocar nas mos aproximadamente 3 a 5 ml de sabo. O sabo deve ser lquido e hipoalergnico. 4. Ensaboar as mos friccionando-as por aproximadamente 15 segundos. 5. Friccionar a palma, o dorso das mos com movimentos circulares, espaos interdigitais, articulaes, polegar e extremidades dos dedos (o uso de escovas dever ser feito com ateno). 6. Os antebraos devem ser lavados cuidadosamente, tambm por 15 segundos. 7. Enxaguar as mos e antebraos em gua corrente abundante, retirando totalmente o resduo do sabo. 8. Enxugar as mos com papel toalha. 9. Fechar a torneira acionando o pedal, com o cotovelo ou utilizar o papel toalha; ou ainda, sem nenhum toque, se a torneira for fotoeltrica. Nunca use as mos. 10.EM CASO DE CIRURGIAS O SABO DEVE TER AO ANTISSPTICA TAMBM. CULOS DE PROTEO Sempre utilizar culos de proteo durante os procedimentos, e se possvel oferecer ao paciente tambm. de suma importncia o uso de sabonete lquido, toalhas descartveis, lixeira com pedal, torneira acionada por pedal, luvas e sobreluvas, pias separadas para lavagem das mos e lavagem de instrumental, e uso de recipiente rgido para descarte de agulhas e materiais

prfuro-cortantes,que devero juntamente com o lixo contaminado, serem recolhidos atravs de coleta especial da sua cidade.