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O CIDADÃO COMO PARCEIRO MANUAL DA OCDE SOBRE INFORMAÇÃO, CONSULTA E PARTICIPAÇÃO NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

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O CIDADÃO COMO PARCEIROMANUAL DA OCDE SOBRE INFORMAÇÃO,

CONSULTA E PARTICIPAÇÃO NA FORMULAÇÃODE POLÍTICAS PÚBLICAS

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Ministério do Planejamento, Orçamento e GestãoSecretaria de Gestão

Coleção Gestão PúblicaBrasília2002

O CIDADÃO COMO PARCEIROMANUAL DA OCDE SOBRE INFORMAÇÃO,

CONSULTA E PARTICIPAÇÃO NA FORMULAÇÃODE POLÍTICAS PÚBLICAS

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2002Impresso no BrasilPrinted in Brazil

NORMALIZAÇÃO: DIBIB/CODIN/SPOA

Presidente da República

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão

GUILHERME GOMES DIAS

Secretário-Executivo

SIMÃO CIRINEU DIAS

Secretário-Executivo Adjunto

PEDRO CÉSAR LIMA DE FARIAS

Secretária de Gestão

EVELYN LEVY

Equipe Editorial:

MARIANNE NASSUNO

CRISTÓVÃO DE MELO

CARLOS H. KNAPP

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO

SECRETARIA DE GESTÃOESPLANADA DOS MINISTÉRIOS, BLOCO K – 4º ANDAR

CEP: 70.040-906 – Brasília – DFFONES: (61) 429-4905

FAX: (61) 429-4917www.planejamento.gov.br - www.gestaopublica.gov.br

E-MAIL: [email protected]

O CIDADÃO COMO PARCEIRO - MANUAL DA OCDE SOBRE INFORMAÇÃO, CONSULTA EPARTICIPAÇÃO NA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Tradução – Maria Emília Soares Mendes – MEPreparação do Texto – Paulo Anthero Soares Barbosa

Revisão – Helena Jansen

Organização Para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

O CIDADÃO COMO PARCEIRO - manual da OCDE sobre infor-mação, consulta e participação na formulação de políticas públi-cas / Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Eco-nômico. – Brasília : MP, SEGES, 2002.124 p.

1. Planejamento econômico e social - manual 2. Política egoverno I. Título

CDU 332.145+316.43

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ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO

E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Em conformidade com o Artigo 1o da Convenção firmada em Paris em 14de dezembro de 1960, que entrou em vigor em 30 de setembro de 1961,a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico(OCDE) promoverá políticas que busquem:

• alcançar o mais alto nível de desenvolvimento econômico sustentá-vel e de emprego e um padrão de vida progressivamente melhor nospaíses membros, mantendo ao mesmo tempo a estabilidade financei-ra e contribuindo, por conseguinte, para o desenvolvimento da eco-nomia mundial;• contribuir para a expansão econômica estável, tanto nos paísesmembros quanto nos não membros em processo de desenvolvimentoeconômico; e• contribuir para a expansão do comércio mundial calcada nomultilateralismo e na não discriminação, de conformidade com asobrigações internacionais.

Integraram a OCDE, originalmente, os seguintes países membros: Ale-manha, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos,França, Grécia, Holanda, Irlanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega,Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça e Turquia. Posteriormente, foramadmitidos como países membros, nas datas indicadas: Japão (28 de abrilde 1964), Finlândia (28 de janeiro de 1969), Austrália (7 de junho de1971), Nova Zelândia (29 de maio de 1973), México (18 de maio de1994), República Checa (21 de dezembro de 1995), Hungria (7 de maiode 1996), Polônia (22 de novembro de 1996), Coréia (12 de dezembrode 1996) e República Eslovaca (14 de dezembro de 2000). A Comissãodas Comunidades Européias participa dos trabalhos da OCDE (Artigo 13o

da Convenção da OCDE).Obra publicada originalmente pela OCDE em inglês e em francês sob

os títulosCITIZENS AS PARTNERS: OECD HANDBOOK ON INFORMATION,

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CONSULTATION AND PUBLIC PARTICIPATION IN POLICY-MAKING;DES CITOYENS PARTENAIRES: MANUEL DE L’OCDE SUR

L’INFORMATION, LA CONSULTATION ET LA PARTICIPATION À LAFORMULATION DES POLITIQUES PUBLIQUES

© 2001, Organisation for Economic Co-operation and Development(OECD), Paris.

Todos os direitos reservados

Edição em português:© 2002, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Brasil.

Publicada com permissão da Organização para a Cooperação e o De-senvolvimento Econômico ( OCDE) Paris

Permissões para a reprodução parcial do presente trabalho, para propósi-tos não comerciais ou uso para fins de formação, deverão ser obtidas noCentre Français d’Exploitation du Droit de Copie (CFC), 20, rue des Grands-Augustins, 75006 Paris, França, tel. (33-1) 44 07 47 70, fax (33-1) 46 3467 19, para todos os países, com exceção dos Estados Unidos. Nos Esta-dos Unidos, as permissões deverão ser obtidas no Copyright ClearanceCenter, Customer Service, (508) 750-8400, 222 Rosewood Drive, Danvers,MA 01923 EUA, ou por meio de CCC On-line: www.copyright.com. Quais-quer outras solicitações referentes à permissão para reprodução ou tradu-ção integral ou parcial do presente livro deverão ser endereçadas à OCDEPublications, 2, rue André-Pascal, 75775 Paris Cedex 16, França.

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A pressão sobre os governos, no sentido de fortalecer suas relações comos cidadãos, é uma tendência internacional e merece especial destaqueno Brasil.

Este livro trata de propostas e experiências que proporcionam umaparticipação mais ampla dos cidadãos no processo político. Tem comopressuposto a idéia de que a democracia não se materializa apenas porocasião do exercício do direito de voto, mas está baseada em interaçõespermanentes entre o governo e os cidadãos. Para além do período eleitoral.

Desta forma, o desafio consiste em aperfeiçoar os mecanismos derelacionamento do governo com a sociedade, em que a aplicação dasregras e princípios da democracia ampliada não substitua e nem limite acapacidade do governo de tomar decisões.

A tradução e publicação de “Cidadãos como parceiros: um manual da

OCDE sobre informação, consulta e participação na formulação de políti-

cas públicas” visa oferecer um guia prático para dirigentes públicos queestejam interessados em desenvolver novas formas de relacionamentocom a sociedade, fortalecendo os vínculos entre Estado e cidadão.

Esperamos que a publicação sirva de inspiração para o desenvolvi-mento de uma abordagem profissional e bem sucedida que fortaleça osvínculos entre o Estado e a sociedade e contribua para o fortalecimentoda cidadania no Brasil.

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APRESENTAÇÃOGuilherme Dias

Ministro do Planejamento,Orçamento e Gestão

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PREFÁCIO

O presente manual é um guia prático elaborado para uso das autoridadesgovernamentais nos países membros e não-membros. Oferece um “mapa”prático para a elaboração de estruturas sólidas para informar, consultar eengajar cidadãos no processo de formulação de políticas públicas. Omanual reconhece a grande diversidade – nos diferentes países – decontextos, objetivos e medidas que visam ao fortalecimento das relaçõesgoverno-cidadão e por essa razão não oferece receitas ou soluções pron-tas. Em vez disso, busca esclarecer as questões e decisões-chave enfren-tadas pelas autoridades governamentais, em seus respectivos países, quan-do da elaboração e implementação de medidas para garantir acesso ainformações, a oportunidades para consultas e à participação pública naformulação de políticas.

As lições e exemplos de políticas oferecidos no manual foram extraí-dos do relatório da OCDE intitulado “Cidadãos como Parceiros: Informa-ção, Consulta e Participação Pública na Formulação de Políticas”. O rela-tório é o resultado de mais de dois anos de esforços conjuntos por partedos países membros da OCDE e representa uma fonte única de informa-ções comparativas sobre medidas tomadas para fortalecer o acesso ainformações, a consultas e à participação dos cidadãos na formulação depolíticas. Um Resumo de Política, contendo as principais conclusões elições do relatório – elaborada para formuladores de políticas – estátambém disponível no web site da OCDE.

O autor deste manual da OCDE, é Marc Gramberger, consultor inde-pendente em comunicações estratégicas ([email protected]). A re-dação contou com a cooperação de Joanne Caddy, do Serviço de GestãoPública da OCDE. As ilustrações são de Lászlo Quitt. O relatório é publi-cado sob a responsabilidade do Secretário-Geral da OCDE.

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SUMÁRIO

BEM-VINDO! 15

COMO USAR ESTE MANUAL 19

PARTE I

POR QUE RELAÇÕES GOVERNO - CIDADÃO? 21

O que são as relações governo – cidadão 21

Por que fortalecer as relações governo - cidadão 23

Qual é o preço 26

PARTE II

COMO FORTALECER AS RELAÇÕES GOVERNO – CIDADÃO 31

Construa uma estrutura 31

Quais elementos de informação aplicar? 32

Quais elementos de consulta aplicar? 37

Quais elementos de participação ativa aplicar? 41

Quais elementos de avaliação aplicar? 42

Desenvolver quais capacidades gerais? 43

PLANEJE E ATUE ESTRATEGICAMENTE 47

Quais são os objetivos? 48

A quem dirigir? 49

Como selecionar ferramentas e atividades? 51

A questão dos recursos 53

Como planejar a avaliação? 55

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ESCOLHA E USE AS FERRAMENTAS 57

Quais são as ferramentas disponíveis? 57

Quais ferramentas usar para informação? 60

Quais ferramentas usar para consulta? 66

Quais ferramentas usar para a participação ativa? 71

Quais ferramentas usar para avaliação? 75

APROVEITE A NOVA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) 79

Por que TIC? 79

Estruturas para apoiar o uso das TIC 81

Como podem as TIC ajudar na informação? 83

Como podem as TIC ajudar na consulta e na participação ativa? 88

Como usar TIC para avaliação? 92

Quais são as limitações das TIC e como lidar com elas? 93

PONHA OS PRINCÍPIOS EM PRÁTICA 99

1. Comprometimento 100

2. Direitos 100

3. Clareza 101

4. Prazo 102

5. Objetividade 102

6. Recursos 103

7. Coordenação 104

8. Responsabilidade 105

9. Avaliação 105

10. Cidadania ativa 106

PARTE III

SUGESTÕES A SEGUIR 109

Dez sugestões para ação 109

Sugestão 1 – Leve a sério 109

Sugestão 2 – Parta da perspectiva do cidadão 110

Sugestão 3 – Cumpra o prometido 111

Sugestão 4 – Observe os prazos 112

Sugestão 5 – Seja criativo 112

Sugestão 6 – Equilibre os diferentes interesses 113

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Sugestão 7 – Esteja preparado para críticas 115

Sugestão 8 – Envolva seu pessoal 116

Sugestão 9 – Desenvolva uma política coerente 116

Sugestão 10 – Aja agora 117

PARTE IVONDE OBTER MAIS INFORMAÇÕES 119

Fontes da OCDE 120

Visão e informações gerais 120Marco legal 120

Marco político 121

Marco institucional 121

Avaliação 122

Ferramentas para informação 122

Ferramentas para consulta 122

Ferramentas para participação ativa 122

Ferramentas para avaliação 123

Ferramentas TIC para informação 123

Ferramentas TIC para consulta e participação ativa 123

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BEM-VINDO!

Bem-vindo ao Manual da OCDE sobre Informação, Consulta e Participa-ção Pública na Formulação de Políticas – um guia prático sobre comoinformar, consultar e engajar cidadãos no desenvolvimento de políticaspúblicas.

Este manual tem uma finalidade clara: dar às autoridades governamen-tais assessoria prática no fortalecimento das relações entre o governo eos cidadãos.

As relações governo–cidadão são importantes na agenda pública. Nosúltimos anos, os cidadãos e as organizações da sociedade civil tornaram-se cada vez mais ativos, levantando questões e demandas e tentandoinfluenciar os formuladores de políticas. Ao mesmo tempo, os cidadãos

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participam cada vez menos nos processos democráticos formais. O com-parecimento de eleitores às eleições se reduz. Diante da diminuição deconfiança, os governos são levados a se relacionar com os cidadãos deformas novas, e estão cada vez mais conscientes de que o engajamentodos cidadãos pode ser um poderoso recurso para a formulação de políti-cas – especialmente em um mundo cada vez mais complexo.

O manual explora os antecedentes, pressões e objetivos que levam osgovernos a se tornarem ativos no fortalecimento de suas relações com oscidadãos.

Muitos governos já tomaram as primeiras iniciativas para informar,consultar e engajar ativamente os cidadãos na formulação de políticas.Alguns possuem vasta experiência nessa área. Entretanto, quando tentamobter uma visão geral sobre como fortalecer as relações de seu governocom os cidadãos, as autoridades usualmente verificam que estão quasesozinhas. Poucas publicações proporcionam uma visão geral abrangentee orientação sobre aspectos práticos do assunto.

O manual preenche uma lacuna: apresenta uma visão geral das

práticas correntes mais atualizadas em informação, consulta e

engajamento de cidadãos na formulação de políticas.

A visão geral e os exemplos práticos descritos neste manual são tira-dos de um estudo amplo sobre o fortalecimento das relações governo-cidadão conduzido pela Organização para Cooperação e Desenvolvi-mento Econômico (OCDE), juntamente com autoridades governamentaisem países membros. O relatório final desse estudo – Cidadãos como

Parceiros: Informação, Consulta e Participação Pública na Formulação

de Políticas (OCDE, 2001) – proporciona uma comparação atualizada eanálises das atividades governamentais nessa área. Um resumo é forneci-do em um Resumo de Política. Ambas as publicações estão disponíveisno web site da OCDE (ver Referências na Parte IV).

O manual combina exemplos, conceitos e análises com percepções erecomendações práticas.

O manual examina as causas do fortalecimento das relações governo–cidadão; quais são suas razões, seus mecanismos, seus custos e suascondições. Mostra como elaborar uma estrutura adequada; como planejaratividades estrategicamente; que ferramentas usar e como empregartecnologia de informação e comunicação (TIC) para suporte. Fornece aosseus leitores dez princípios norteadores que deverão ser lembrados quandodo fortalecimento das relações do governo com os cidadãos, bem como

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dez sugestões práticas cruciais para o sucesso. Indica, ainda, onde obtermais informações.

O manual é dirigido às autoridades públicas em diversos cargos econtextos.

O manual oferece orientação abrangente a iniciantes, e visão específi-ca a peritos na área. É dirigido às autoridades nos principais cargos admi-nistrativos, bem como às lideranças políticas. Proporciona assessoria aautoridades governamentais dos países membros da OCDE, bem comode países não-membros. É dirigido a autoridades que atuam em diferen-tes culturas de administração, no respeita à diversidade entre os governosem suas abordagens para fortalecer as relações governo-cidadão.

A abordagem e atividades descritas neste manual apóiam ecomplementam instituições formais de democracia, e fortalecem o pro-cesso democrático.

O manual é baseado na experiência de democracia representativa eapóia seu desenvolvimento. Quando envolvidos nas atividades para for-talecer suas relações com cidadãos, os governos não renunciam a seudireito e obrigação de fazer política e tomar decisões. Em vez disso,introduzem novas formas para exercê-los. Informar, consultar e engajarefetivamente os cidadãos na formulação de políticas não diminui os direi-tos de legislaturas – na realidade, os próprios parlamentos adotaram ati-vamente práticas similares para fortalecer suas relações com os cidadãos.As atividades abrangidas neste manual não substituem as instituições tra-dicionais da democracia. A abordagem e as atividades descritas apóiam ecomplementam essas instituições e fortalecem o processo democrático.

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COMO USAR ESTE MANUAL

Este manual de relações entre governo e cidadão tem quatro partes:

• A Parte I trata da questão Por que relações governo–cidadão?

Explora o que são as relações governo-cidadão, porque fortalecê-las equais são seus custos.

• A Parte II trata de Como fortalecer as relações governo-cida-

dão.

Os capítulos dessa parte oferecem exemplos, ferramentas e princípi-os norteadores. Abrangem a montagem de uma estrutura para fortaleceras relações governo–cidadão, o planejamento e a atuação estratégicos, aescolha e uso de ferramentas e o aproveitamento da tecnologia de infor-mação e comunicação (TIC). Também apresentam dez princípiosnorteadores desenvolvidos pela OCDE, e mostram como pô-los em práti-ca ao informar, consultar e engajar cidadãos na formulação de políticas.

• A Parte III oferece Sugestões a seguir.

Baseada em experiência prática, esta parte apresenta dez sugestões aserem seguidas quando da realização das atividades abrangidas por estemanual.

• A Parte IV fornece palpites e propostas sobre Onde obter mais

informações.

Fazendo referência a diversas questões abrangidas por este manual,essa parte relaciona fontes para maior exploração do fortalecimento dasrelações governo–cidadão – incluído o relatório original da OCDE e oResumo de Política em que este manual se baseia.

O manual é dirigido a autoridades que possuem históricos variados etêm necessidades diferentes. Podem usar o manual de formas diferentes:

• Iniciantes podem decidir ler o manual como uma diretriz, e usá-lopasso a passo.

• Usuários avançados podem querer acessar diretamente partes ecapítulos acima mencionados.

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• Peritos podem estar interessados somente em elementos específi-cos, que podem acessar facilmente através do sumário detalhado.

• Autoridades em cargos administrativos podem querer estudar eusar detalhadamente o manual e suas visões gerais, exemplos e suges-tões práticas. As Partes II e III podem lhes ser especialmente úteis.

• Autoridades em cargos de liderança podem achá-lo útil paraobter uma visão geral sobre os fundamentos, os custos e os pontos cruciaisde sucesso para o processo de fortalecimento das relações governo-cidadão. Podem se concentrar nas Partes I e III, analisar a Parte II ouacessar o Resumo de Política da OCDE (disponível on line; ver a Parte IVpara obter referências).

• Para todos os usuários, o manual pode ser útil como um compên-dio de boas práticas.

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POR QUE RELAÇÕES

GOVERNO – CIDADÃO?

O QUE SÃO AS RELAÇÕES GOVERNO-CIDADÃO

Primeiro, uma resposta direta: As relações governo–cidadão são asinterações entre o governo e os cidadãos em uma democracia. O quesignifica isso, concretamente?

As relações entre o governo e os cidadãos existem em uma diversida-de de áreas, desde a formulação de políticas até a prestação e consumode serviços públicos. Este manual analisa a relação governo–cidadão naformulação de políticas. O Governo opera em níveis diferentes: lo-cal, regional, nacional e internacional. Em todos esses níveis, o governoestá em contato com cidadãos. Neste livro, concentramo-nos no nível

nacional, que é o mais importante para a formulação de políticas. Oscidadãos se relacionam com o governo como indivíduos ou como partede grupos organizados, como as organizações da sociedade civil

(OSC), que são todas consideradas nesta publicação. A Democracia sebaseia no consentimento dos cidadãos. Para assegurar esse consentimen-to, a democracia representativa se baseia em um conjunto de regras eprincípios formais tradicionais – como as eleições e as respectivas cam-panhas. Nos períodos entre as eleições, a democracia representativa étambém baseada em interações permanentes entre o governo e os cida-dãos. Este manual trata desse tipo de interação. Olhando para essarelação, o manual assume o ponto de vista do governo e indaga: Comopodem os governos fortalecer suas relações com os cidadãos? Em termospráticos, isso significa:

InformaçãoO governo divulga informações sobre formulação de políticas por suaprópria iniciativa – ou os cidadãos acessam as informações de acordocom suas necessidades.

Em ambos os casos, as informações fluem essencialmente em uma

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direção, do governo para os cidadãos numa relação em um só sentido.

Exemplos, são o acesso a registros públicos, diários oficiais e websites do governo.

ConsultaO governo pergunta e recebe respostas dos cidadãos sobre formulaçãode políticas.

Para receber respostas, o governo define que pontos de vista sãobuscados, sobre que questões, durante a formulação de políticas. Rece-ber a resposta requer também que o governo forneça informações aoscidadãos com antecedência. A consulta cria, assim, uma relação bidirecional

limitada entre o governo e os cidadãos.São comentados exemplos sobre projetos de legislação e pesquisas de

opinião pública.

Participação ativaOs cidadãos se envolvem ativamente na tomada de decisão e na for-mulação de políticas.

Participação ativa significa que os próprios cidadãos assumem umpapel na formulação de políticas como, por exemplo, quando pro-põem opções políticas. Ao mesmo tempo, a responsabilidade pelaformulação de políticas e a decisão final, recaem sobre o governo.Envolver os cidadãos na formulação de políticas é uma re lação

bidire c ional avançada entre o governo e os cidadãos, baseada noprincípio de parceria.

Exemplos são os grupos de trabalho abertos, painéis de legislado-res e processos de diálogo.

Desde a informação até a consulta e a participação ativa, cresce ainfluência que os cidadãos podem exercer na formulação de políticas.Essa influência por parte dos cidadãos não substitui a aplicação deregras e princípios formais de democracia – como as eleições livres ejustas, assembléias legislativas, executivos responsáveis, uma admi-nistração pública politicamente neutra, pluralismo, respeito pelos di-reitos humanos. Esses princípios são parte dos critérios para filiação àOCDE. As atividades complementares de informação,consulta e parti-cipação ativa sempre existiram em democracias, de alguma forma ecom alguma extensão. Entretanto, com a crescente evolução da demo-cracia – os cidadãos exigindo maior abertura e transparência, e as

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sociedades e os desafios se tornando cada vez mais complexos – osgoverno estão agora buscando ativamente fortalecer essas interações.

POR QUE FORTALECER AS RELAÇÕES GOVERNO – CIDADÃO

Empregando informações, consultas e participação ativa, os governosfortalecem suas relações com os cidadãos. Por que os governos fazemisto? Há três razões principais, que se apóiam uma às outras:

Melhor política públicaRelações governo–cidadão mais fortes incentivam os cidadãos a gastartempo e esforços em questões públicas. Utilizam e valorizam como umrecurso a contribuição dos cidadãos. As informações, consultas e partici-pação ativa proporcionam ao governo uma melhor base para a formu-

lação de políticas, possibilitando que ele se torne uma organização deaprendizagem. Ao mesmo tempo, garante implementação mais efeti-

va, na medida em que os cidadãos se tornam mais bem informados sobreas políticas e participam de seu desenvolvimento.

Maior confiança no governoInformações, consulta e participação ativa proporcionam aos cidadãosuma chance de aprender sobre os planos políticos do governo, fazer com

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que suas opiniões sejam ouvidas e fornecer contribuições para a tomadade decisões. Esse envolvimento dá maior aceitação às ações políticas. Ogoverno revela abertura, o que o torna mais confiável para o cidadão –o soberano em qualquer democracia. Aumentando a confiança no gover-no e em melhores políticas públicas, o fortalecimento das relações go-verno-cidadão faz crescer a legitimidade do governo.

Democracia mais forteInformação, consulta e participação ativa tornam o governo mais transpa-rente e mais responsável. O fortalecimento das relações governo–cida-dão realça a base e incentiva a cidadania mais ativa na sociedade.Estimula, ainda, o envolvimento do cidadão na esfera pública, como aparticipação em debates políticos, em votações, em associações etc. Tudoisso leva a uma democracia mais forte.

Os esforços dos governos para informar, consultar e engajar os cida-dãos na formulação de políticas não podem substituir a democracia re-presentativa e não pretendem fazê-lo. Em lugar disso, complementam efortalecem a democracia como um todo.

A crescente preocupação dos governos com o fortalecimento de suasrelações com os cidadãos é o resultado de um contexto adaptado à

formulação de políticas. O governo nacional se vê diante de um mun-do cada vez mais interligado e mais complexo. A sociedade e os merca-dos exigem que cuidados cada vez mais minuciosos sejam dados a umnúmero cada vez maior de áreas. Muitos desafios ultrapassam as frontei-ras nacionais ou administrativas. Considere-se, por exemplo, a evasãofiscal, o crime e a degradação ambiental. As modernas tecnologias deinformação e comunicação (TIC) aumentaram e aceleraram essasinterdependências. Esses desafios exigem cooperação e acordos entre osdiversos níveis de governo – sejam eles locais, regionais, nacionais ouglobais.

Como resultado, a formulação de políticas de governo torna-se mais

complicada. Fica mais difícil para os cidadãos entender e confiar nogoverno, cujos recursos limitados tornam difícil garantir a formulação depolíticas e sua implementação. No meio dessa complexidade, os cida-dãos percebem que a influência de seu voto é cada vez menor, e issoreduz a confiança no governo. Fala-se mais do “déficit democrático” e dalegitimidade reduzida do governo.

Os governos são cada vez mais pressionados para garantir que as

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políticas públicas sejam efetivas e legítimas. Têm consciência de que nãoconseguirão realizar e implementar efetivamente políticas, por melhoresque possam ser, se seus cidadãos não as entenderem e apoiarem.

Ao buscar fortalecer suas relações com os cidadãos, os gover-

nos estão reagindo a pressões que afetam todas as fases da formula-ção de políticas: desde a identificação do problema, o desenvolvimentoda política, a tomada de decisão, até a implementação e a avaliação.Fazendo assim, os governos:

Atendem a exigências de maior transparência e responsabilidadeOs governos reagem às crescentes exigências públicas e ao aumento davigilância de seus atos por parte da imprensa e dos cidadãos. Fornecendoinformações sobre uma nova política em planejamento, em desenvolvi-mento e as condições de sua implementação, o governo proporciona aocidadão um conhecimento melhor, mais correto e atual. O cidadão ficamais bem armado para entender e acompanhar a atividade do governo.Isso cria a base para uma cidadania mais ativa.

Atendem às expectativas dos cidadãos de que seus pontos de vista são levadosem consideraçãoAo buscar e incluir a contribuição dos cidadãos na formulação de políticas,os governos tentam atender às expectativas dos cidadãos de que suasvozes sejam ouvidas, e seus pontos de vista sejam levados em considera-ção. Ao aumentar o círculo de participantes na formulação de políticas, ogoverno ganha acesso a novas fontes de informação. Ao dar a todas aspartes interessadas a chance de contribuir para a formulação de políticas,os governos aumentam a chance de uma maior adesão voluntária.

Conter o declínio do apoio públicoOs governos tentam ações que visam diminuir a abstenção nas eleições,aumentar a filiação em partidos políticos e melhorar os resultados depesquisas que indicam perda de confiança nas instituições públicas maisimportantes. Por meio da informação, consulta e participação ativa, osgovernos reduzem os obstáculos para que os cidadãos conheçam, enten-dam, discutam e participem da formulação de políticas. Ajudam os cida-dãos a saber e a atuar. Deixam o cidadão perceber em primeira mão queo governo faz o que deve fazer: servir ao povo. Os cidadãos percebemque vale a pena seu envolvimento construtivo na sociedade democrática.

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Qual é o preço

O fortalecimento das relações governo–cidadão é uma atividade impor-tante que pode ajudar os governos a alcançar políticas melhores, maisconfiança no governo e democracia mais forte. Mas freqüentemente sãoouvidas objeções. Vamos examinar três das reservas que você podeenfrentar como praticante das relações governo-cidadão. E assim fazen-do, reflita sobre a importância da liderança e o compromisso que decorredessas reservas.

Uma coisa é clara: informações, consulta e participação ativa exigem

recursos – tempo, experiência e dinheiro –, como qualquer outra ativi-dade do governo. Entretanto, qualquer que seja a política que se conside-re, os recursos necessários para se conseguir resultados significativos pormeio de informações, consultas e participação ativa são geralmente pe-quenos em comparação com o total. Esses recursos são bem gastos? Se osresultados do fortalecimento das relações governo–cidadão – como aschances para melhor implementação, melhores políticas, adesão voluntá-ria e mais confiança no governo – são proveitosos, então são bem gastos.Tendo em vista os problemas decorrentes de políticas mal planejadas emal implementadas, os governos na realidade consideram que o for-

talecimento de suas relações com os cidadãos vale o investimento.

Também aprendem que o não envolvimento pode causar custos muitomais elevados, em razão da falha de políticas em curto prazo, bem comode uma perda de confiança, legitimidade e eficácia de políticas em longoprazo.

Toda essa parceria dogoverno com os cidadãosnão custa muito?Vale a pena?

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A tarefa do governo é governar, fazer política – não há dúvida sobreisso. Informações, consultas e participação ativa não substituem as inicia-tivas e as decisões que devem ser tomadas pelo governo. O governo temum papel de liderança, e os cidadãos esperam que o cumpra – afinal decontas, é para isso que o elegem. A questão, entretanto, não é se o

governo deve liderar, mas como liderar. Os governos podem praticara liderança de duas formas. Podem ignorar as preocupações e contribui-ções diretas dos cidadãos, o que os coloca em crise de falta de confiança.Ou podem praticar uma liderança aberta às preocupações e contribui-ções diretas dos cidadãos. Isso possibilita ao governo a chance de conse-guir maiores recursos, de forma a desenvolver melhores políticas e ga-nhar mais confiança e legitimidade, o que está alinhado com um tipoinformado e colaborativo de liderança que equilibra comando e entendi-mento. Fortalecer as relações governo–cidadão é um meio do governocumprir seu papel de liderança, de forma aberta e com mais eficiência,credibilidade e sucesso. Ao utilizar informações, consultas e participaçãoativa, o papel da liderança no governo é escolher e decidir sobre aabordagem a ser adotada. Que ferramentas usar, para que finalidade?Que montante de recursos gastar? Também é necessário decidir sobrecomo usar a contribuição para a formulação de políticas. O papel da

administração é prover a liderança com a melhor base para tomar essasdecisões: dar sugestões abrangentes e amplas; organizar e conduzir asatividades, facilitando a relação com os cidadãos; e comunicar o resultadodas atividades aos formuladores de políticas, sempre que não tenhamsido diretamente envolvidos. Assim como qualquer outra ação governa-

Não se espera que umgoverno eleito faça apolítica e se torne seuregente?

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mental, essas atividades estão sujeitas ao escrutínio do parlamento – olegislativo –, que possui suas próprias relações privilegiadas com oscidadãos.

Fortalecer as relações governo-cidadão não é um passe de mágica.Apenas simular que os pontos de vista e contribuições dos cidadãos sãolevados em consideração é provavelmente contraproducente – levando amenos confiança no governo e na democracia. É por isso que, em todasas tentativas para fortalecer as relações governo-cidadão, o compromis-

so e a liderança são vitais para o sucesso. Sem o comprometimentodo nível político do governo e dos servidores civis de escalões superio-res, as iniciativas de informação, consulta e participação ativa decrescem,não conseguem alcançar a formulação de políticas e não conseguemalcançar seus efeitos. Evidentemente, o fortalecimento das relações go-verno-cidadão não é forma garantida para o sucesso. Proporcionar aopúblico maiores oportunidades de informação, consulta e participaçãoativa pode gerar oposição. Pode impor atrasos significativos à formulaçãode políticas. Pode ser dispendioso. Esses riscos devem, entretanto, sercomparados com os efeitos negativos e os custos do não envolvimento

dos cidadãos.A questão enfrentada pelos governos, hoje, não é se devem fortalecer

as relações governo-cidadão. A questão é como fazê-lo profissional-

mente e com êxito. Por vezes o governo desejará envolver o público

Mas isso não retarda otrabalho do governo? Elerealmente quer que todossaibam o que está fazendo einterfiram o tempo todo?

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de forma geral. Em outras oportunidades, pode desejar concentrar-se emgrupos específicos – para contribuição específica – ou manter reservassobre certos tipos restritos de informação. Fortalecer as relações gover-no-cidadão é uma atividade séria que provavelmente tem efeitos muitopositivos – se for realizada com atenção e cuidado. É aqui que o manualentra – para mostrar o potencial, apontar falhas e retratar as melhorespráticas –, ajudando a fazer medições para tornar um sucesso a informa-ção, a consulta e a participação ativa.

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COMO FORTALECER AS

RELAÇÕES GOVERNO – CIDADÃO

CONSTRUA UMA ESTRUTURA

Ao iniciar o fortalecimento das relações governo-cidadão, a construçãode uma estrutura é um pré-requisito. Uma estrutura provê o ambiente noqual essas relações podem evoluir e ser fortalecidas. Diz respeito aosdireitos legais dos cidadãos à informação, consulta e participação ativana formulação de políticas governamentais e às instituições encarre-gadas das tarefas. Abrange ainda a avaliação de atividades e capacida-

des gerais para conduzi-las. Muito da estrutura legal e de políticas envol-ve o acesso à informação – uma condição para fortalecimento das rela-ções governo-cidadão. As seções a seguir mostram o estado da arte quan-to ao design prático de uma estrutura e ilustram tanto as normas desen-volvidas como as diferentes abordagens. Proporcionam um menu para aformação de novas estruturas e para a revisão e o fortalecimento das jáexistentes. É evidente que cada um dos elementos mencionados tem queser adaptado para se ajustar à situação e às estruturas legais e institucionaisde cada país.

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QUAIS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO APLICAR?

Elementos legais para informaçãoInformação é a base para todo o fortalecimento das relações governo–cidadão. As leis sobre o acesso do cidadão às informações (freqüentementechamadas de leis de liberdade de informação – ou leis FOI) variam muitode país para país. A Suécia introduziu suas primeiras leis sobre esse assun-to no início de 1766. A Finlândia, em 1951, foi o primeiro país a adotar alegislação moderna. Os EUA a seguiram, em 1966, com a Lei da Liberdadeda Informação. Após um crescimento rápido, entre 1980, 2001 e 2001,quatro dentre os países membros da OCDE possuem legislação sobre esseassunto. A Áustria, os Países Baixos, Hungria e Polônia inseriram, em suasconstituições, o direito do cidadão ao acesso à informação. Disposiçõesadicionais fomentando o acesso à informação têm sido criadas em áreascomo o meio-ambiente, proteção do consumidor e saúde.

Ao elaborar essas leis, todos os países enfrentam um desafio duplo:equilibrar o direito de acesso à informação, de um lado, com o direitoindividual à privacidade. E equilibrá-lo, por outro lado, com a necessida-de de manter em sigilo informações que, se fossem divulgadas, poderiamprejudicar o interesse público. É por isso que o acesso à informação seencaixa melhor em uma estrutura que envolve: legislação sólida, mecanis-mos institucionais claros e judiciário independente, para fazer cumpri-los.Quando da elaboração ou revisão das leis sobre o acesso à informaçãopelos cidadãos, é aconselhável ter os seguintes aspectos em mente.

Defina que informação está acessível aos cidadãos:• Qual é o princípio básico. A legislação dá ao cidadão acesso à

informação. A legislação pode declarar explicitamente que o acesso é aregra, e o sigilo a exceção (exemplos da Noruega, Nova Zelândia, Fin-lândia).

• Quais são as exceções. A legislação prevê principalmente a exclu-são para o acesso pelo cidadão à informação nas seguintes áreas: segu-rança nacional, dados de companhia privada, privacidade individual eprocessos legais. Alguns países estendem isso a atas de reuniões deGabinete (por exemplo, a Islândia) e documentos internos de trabalhoespecíficos para o orçamento anual (por exemplo, a Noruega). Algunspaíses (por exemplo, a Espanha, a Polônia) definem explicitamente as

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informações classificadas, permitindo direitos amplos de apelação (porexemplo, a Finlândia).

• Informações de quem.: A legislação pode se referir ao governo ea suas dependências em nível nacional, regional e local (por exemplo, oReino Unido), a diversos órgãos públicos desde ministérios até hospitais(por exemplo, a Nova Zelândia) e a todas as organizações e indivíduosquando exercerem autoridade.

• Qual a forma. Informações podem ser fornecidas de diversas for-mas: impressas, em áudio, em vídeo, eletrônicas etc. Algumas leis po-dem necessitar de atualização para incluir documentos eletrônicos (comofoi feito nos EUA em 1996).

• Privacidade e proteção de dados: Estas são usualmente leis espe-cíficas para proteger os direitos individuais de privacidade. Algumas sãobaseadas em diretrizes da OCDE sobre o assunto. Uma diretriz da UniãoEuropéia (Diretriz sobre Proteção de Dados da UE, 95/46/EC) foiimplementada por lei nacional nos Estados membros da UE e nos paísesda Europa Central que são candidatos a acesso (por exemplo, a Repúbli-ca Tcheca e a Polônia). Outrossim, pode haver necessidade de atualizar alegislação para estender essa proteção à área eletrônica, como foi feitocom a Lei de Proteção às Informações Pessoais e aos Documentos Eletrô-nicos, de abril de 2000, do Canadá.

Defina como as informações podem ser acessadas e/ou recebidas:.• Como solicitar acesso: A legislação pode não exigir nenhuma

identificação nem motivos explícitos por parte dos cidadãos quando abor-dam o governo com um pedido de informações. Alguns países ainda têmleis que exigem que os indivíduos se identifiquem ou demonstrem uminteresse legítimo nas informações solicitadas – o que estabelece limitesao escopo de seus pedidos.

• Como acusar e recorrer de uma recusa: A lei pode obrigar asautoridades a dar uma explicação por escrito dos motivos de rejeição deum pedido de acesso à informação (por exemplo, Áustria, Finlândia,Polônia). Os procedimentos para apelar dessas recusas são geralmenteinformados.

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• O que o estado deve divulgar ativamente. A legislação pode exi-gir que o estado torne públicas informações-chave de forma ativa – semum pedido específico por parte dos cidadãos. As informações abrangidaspodem incluir, por exemplo, leis, regras e procedimentos, serviços ofe-recidos, estruturas organizacionais etc. (por exemplo, Espanha e NovaZelândia).

• Idiomas: Em países com diversos idiomas oficiais, a legislação podegarantir que os cidadãos recebam as informações que buscam em qual-quer um dos idiomas oficiais (por exemplo, Canadá, Finlândia, Luxemburgoe Suíça).

• Qual o prazo máximo de resposta: Freqüentemente, as leis esta-belecem um prazo para a remessa das informações. O prazo concedido àadministração pública para responder a um pedido de informações podevariar de 15 dias (por exemplo, Coréia) até 8 semanas (por exemplo,Áustria).

Elementos para a política de informaçãoAs políticas que tratam do acesso à informação dão substância aos direitoslegais. Garantem que os cidadãos recebam as informações buscadas. Po-dem também estabelecer diretrizes para a divulgação ativa das informa-ções para os cidadãos.

Para fixar normas sobre o fornecimento ativo ou requisitado de informações,procure apurar:

• Qual o prazo real de resposta: A política pode exigir que asadministrações respondam em um prazo menor do que o previsto por lei.Isso pode abranger circunstâncias como o prazo de resposta para indaga-ções da imprensa (por exemplo, 24 horas na Polônia), ou de pedidos viae-mail (por exemplo, 16 horas na Coréia).

• Cobrança da informação: As informações podem ser dadas gra-tuitamente em todos os casos (exemplo da Áustria) ou gratuitamente sobcertas circunstâncias, se forem usadas para finalidade pública (exemploda Nova Zelândia) ou para cumprimento de direitos democráticos bási-cos. Alguns países seguem explicitamente a política de que os preçosnão devem ser um obstáculo para os cidadãos acessarem informações.

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• Como processar os pedidos informais: Os governos podem re-ceber muitos pedidos informais de acesso a informações e podem reagirgenerosamente. Isso necessita ser baseado em regras internas claras so-bre que tipo de documentos internos pode ser passado aos cidadãos semreferência a procedimentos formais, segundo as Leis de Liberdade deInformação. Comparado com procedimentos formais usualmente mais tra-balhosos, essa abordagem pode ajudar a liberar recursos internos, comoobserva o governo da Irlanda.

• Como gerir as informações: Ser capaz de implementar legislaçãosobre acesso à informação depende efetivamente da gestão das informa-ções. Melhorar permanentemente a capacidade interna para garantir aqualidade, proteção e segurança das informações é um investimento inte-ligente.

• Como disseminar as informações ativamente: Publicar ativa-mente as informações é um aspecto importante da política de informa-ção. As atividades de disseminação variam desde as campanhas de infor-mações públicas (por exemplo, sobre saúde pública) até a publicaçãoregular de material impresso (por exemplo, jornais oficiais e relatóriosanuais, brochuras, panfletos), bem como transmissões (por rádio, televi-são).

• Como apresentar as informações: Para que o acesso e a divulga-ção das informações tenham os efeitos desejados, as informações gover-namentais precisam ser compreendidas pelos cidadãos. Por esse motivo,elas têm que ser claras e abrangentes – freqüentemente um grande desa-fio para as administrações em todo o mundo. Para apoiar o pessoal admi-nistrativo nessas tarefas, alguns países desenvolveram diretrizes e manu-ais de estilo para seus empregados, quando da elaboração de materiaisdestinados ao público (exemplos da Itália e Espanha).

• Contato com os cidadãos: Normas e diretrizes podem tambémajudar o pessoal do governo a estabelecer um contato profissional erespeitoso com os cidadãos. As normas do Reino Unido para o governocentral solicitam que o pessoal seja atencioso, prestativo, pontual e tam-bém que forneçam informações claras sobre procedimentos de reclama-ção.

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Elementos institucionais para informaçãoAs instituições que lidam com informações certificam-se de que as tarefassão cumpridas na forma prevista por lei. Quando não se encarregamdiretamente do fornecimento de informações, controlam e determinam oseu fornecimento.

Ao implantar ou re-examinar instituições para a informação, leve em conta:• Quem faz a tarefa. Os serviços de informação governamentais em

cada ministério ou organismo público – ou até mesmo em todos os níveisdo governo (exemplo da Itália) – podem ser encarregados das tarefas deinformações. Isso também ajuda a tornar ativo o uso das informações. Éimportante que os serviços tenham uma ligação direta com a liderança daqual recebam os encargos e o apoio.

• Quem coordena. Quando diversas unidades estiverem ocupadasem informar os cidadãos, é necessário cuidar da coordenação. Um servi-ço de coordenação pode reunir certas atividades, dar orientação e fiscali-zar se a política de informações está sendo executada conforme previsto.Repetindo, receber os encargos e o apoio da alta liderança é essencial. Acoordenação é geralmente feita por escritórios subordinados ao primeiroministro ou ao conselho de ministros (exemplos do Canadá, Países Bai-xos, Finlândia, Noruega e Reino Unido).

• Quem supervisiona, controla e impõe. Instituições independen-tes podem desempenhar um papel importante no controle do cumpri-mento das leis sobre acesso à informação, proteção de dados e privacida-de. Servem de ponto de contato para os cidadãos que querem apresentaruma reclamação, investigam as bases das reclamações e podem tambématuar por sua própria iniciativa. Suas decisões podem ser determinantes(exemplo da Finlândia) ou apenas recomendações. Em muitos países,essa função é cumprida por uma instituição chefiada por um Ombudsmanou Comissário e apoiada por pessoal profissional. O chefe da instituiçãoé geralmente nomeado pelo Parlamento, ao qual ele/ela se reporta. NoReino Unido, existe um Comissário tanto para acesso à informação comopara proteção de dados.

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QUAIS ELEMENTOS DE CONSULTA APLICAR?

A estrutura para consulta é geralmente mais simples do que a estruturapara informação. Muitos países começaram apenas recentemente areconhecê-la como um elemento essencial de formulação de políticaspúblicas. Em alguns países, a consulta pública e a contribuição do cida-dão são uma prática estabelecida há muito tempo (exemplos da Finlân-dia, Islândia, Noruega, Suécia) – quase sempre com regras informais. NaSuíça, a constituição prevê consulta sobre projetos importantes e tratadosinternacionais. O sistema político da Suíça também prevê o referendo,através de plebiscito, como instrumento direto de tomada de decisõespelos cidadãos. Isso não está coberto por este manual, que se concentraexclusivamente em ferramentas e processos que não colidem com odireito do governo de tomar decisões. A consulta pode também tomar aforma de recebimento de retornos por meio de reclamações – potencial-mente um grande recurso para formulação de políticas.

Elementos legais para consultaConsidere os seguintes elementos para uma estrutura legal sobre consulta:

• Como tratar a questão dos plebiscitos: Um plebiscito é umavotação formal sobre uma questão política, da qual todos os cidadãos comdireito a voto podem participar. Pode ser exigido para mudanças daconstituição, ser convocado pelo governo ou ser realizado a pedido decerto número de cidadãos (exemplo da Suiça). O plebiscito pode seconstituir em uma mera consulta (exemplos da Finlândia, Países Baixos,Nova Zelândia, Luxemburgo) ou em uma decisão que obrigue o governoa cumpri-la se, por exemplo, um número suficiente de cidadãos tiverparticipado (exemplo da Polônia). Os resultados de plebiscitos consulti-vos têm um tremendo peso moral e um impacto elevado na tomada dedecisão governamental. A adoção de plebiscitos que obriguem o governosignifica tomada de decisão direta pelos cidadãos. Isso constitui umaprofunda mudança no sistema de governo, com conseqüências relevan-tes para a liderança política. Levanta amplas questões que estão fora doalcance do presente manual.

• Os direitos de petição: Os cidadãos podem ter o direito de apre-sentar petições ao governo. Esses direitos podem ser estabelecidos na

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constituição (exemplos da Espanha, Polônia e Suíça) ou em leis (exemploda República Tcheca).

• Como elaborar leis sobre procedimentos administrativos: Es-sas leis podem fortalecer os direitos dos cidadãos quando forem potenci-almente afetados por uma decisão política (exemplos da Islândia, Coréia,Luxemburgo, Polônia, Noruega). As leis podem incluir aviso prévio eaudiências públicas em que os cidadãos podem fazer perguntas e defen-der seus interesses. Esses direitos podem envolver todos os cidadãosinteressados (exemplo da Finlândia) ou apenas os diretamente afetados(exemplo da Itália). Podem conceder o direito de objeção e apelaçãoapós a decisão ser tomada, mas antes da decisão ser implementada (exemplodos Países Baixos).

• Como as leis de avaliação de impacto podem fortalecer a con-

sulta: Essas leis exigem que as autoridades avaliem o impacto esperadodas leis, políticas e, em alguns casos, até de programas, antes de suaadoção. Podem envolver regulamentos genéricos, ou de setores específi-cos, como o meio ambiente, ou construção e uso da terra. As disposiçõesdessas leis podem garantir que os cidadãos afetados recebam informa-ções prévias e possam expressar sua opinião sobre as questões de inte-resse (como em todos os 15 Estados Membros da União Européia, Canadáe Japão).

• Como tratar grupos de interesse especial: As leis podem exigirque os governos e as autoridades consultem grupos de interesse especí-ficos que possam ser afetados por leis e tomadas de decisão (exemplodas associações profissionais na Áustria e dos povos indígenas no Cana-dá).

Elementos de política para consultaA consulta pública efetiva e a contribuição dos cidadãos podem ser tam-bém incorporadas na formulação de políticas, sem envolver a legislação.Alguns países (como, por exemplo, a Finlândia, a Islândia) se baseiamem declarações de política, regras formais ou práticas informais. Mesmonos casos em que a lei existe, as políticas apóiam a legislação e propor-cionam orientação sobre sua implementação.

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Ao elaborar ou re-examinar uma política para consulta, atente para:• O que incluir nas declarações da política. Políticas oficiais po-

dem exigir que o governo e as autoridades consultem cidadãos e partesinteressadas (exemplo do Canadá). Podem abranger o desenvolvimento emodificação de regulamentos e programas. Podem determinar que a con-sulta seja oportuna e ampla e podem definir e detalhar todos esses ter-mos. Podem ainda exigir uma boa coordenação de consulta em diversasáreas, de forma a reduzir a duplicidade, evitar a “fadiga da consulta” efazer o melhor uso dos esforços por parte das autoridades do governo edos cidadãos.

• Como elaborar regras. Podem ser usadas regras para especificar aconsulta pública sobre regulamentos e decisões governamentais ou mes-mo documentos preparatórios (como na Noruega). Essas regras podemexigir notificação pública e especificar como os cidadãos podem enviarcomentários – por exemplo, por carta, fax, e-mail e audiência pública(exemplo do Japão). Podem exigir que toda proposta de lei apresenteum resumo das consultas realizadas – como os interessados consultados,os processos usados e os resultados alcançados (como no Canadá).

• Como as diretrizes podem ajudar. As diretrizes podem auxiliar asautoridades públicas na preparação e gerenciamento das relações com opúblico. Podem ainda prover orientação sobre como consultar efetiva-mente grupos específicos – como os povos indígenas (como, por exem-plo, no Canadá e na Nova Zelândia).

As normas O estabelecimento de normas pode também afetar a con-tribuição e a consulta do cidadão. A Norma Australiana sobre Tratamentode Reclamações, por exemplo, estabelece três critérios para sistemasque tratam da contribuição de cidadãos: precisam ser visíveis, acessíveise confiáveis.

Elementos Institucionais para consultaAs melhores leis e políticas não funcionarão se não existirem instituiçõespúblicas para implementá-las. Essas instituições são o primeiro ponto decontato para os cidadãos enviarem ao governo seus comentários e recla-mações.

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Ao considerar elementos institucionais para consulta, observe:• Como os conselhos consultivos poderiam ajudar. Órgãos, co-

missões e conselhos consultivos podem ajudar os governos a consultar ereceber informações relevantes de cidadãos e de organizações da socie-dade civil (OSC) sobre opções políticas em áreas específicas. Os gover-nos podem estabelecer órgãos permanentes ou ad hoc. Diversos paísespossuem experiências com fóruns tripartites: governo, empresas e repre-sentantes dos trabalhadores (exemplos da Islândia, Luxemburgo, Polônia).Outros órgãos incluem representantes de interesse público em áreas comorelações étnicas, invalidez ou reforma administrativa.

• As interfaces institucionais para reclamações. Aonde devemos cidadãos levar suas reclamações e sugestões? Muitos países desenvol-veram interfaces dedicadas com esse fim. Os cidadãos podem apresentarsuas reclamações através de agências governamentais e seus escritóriosde campo, centros de orientação administrativa e hotlines telefônicas(exemplo do Japão). As campanhas de informações via televisão, rádio eimprensa servem para elevar a percepção dos cidadãos sobre essas opor-tunidades.

• Que papel os comitês parlamentares poderiam desempenhar:Os comitês parlamentares podem também proporcionar oportunidadespara consulta. Como parte de seu trabalho, podem convidar o público aapresentar reações e contribuições, e elevar a conscientização por meiode divulgação pela mídia (exemplo da Nova Zelândia).

• Instituições para supervisionar. O papel de supervisão doOmbudsman ou do Comissário, mencionados anteriormente, pode ir alémda área de informação. Pode também abranger os direitos e políticasreferentes a consultas e a legalidade das ações e decisões da administra-ção pública. Aqui, também, o Ombudsman ou o Comissário pode atuarpor sua própria iniciativa ou na base de reclamações dos cidadãos. Emalguns países, os próprios parlamentos revêem os resultados das consul-tas públicas realizadas pelos governos, antes de considerarem um novoprojeto de lei (por exemplo, Dinamarca, Noruega e Suécia).

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QUAIS ELEMENTOS DE PARTICIPAÇÃO ATIVA APLICAR?

A participação ativa se baseia na percepção de que os cidadãos podemdar uma contribuição positiva e original para a tomada de decisões. Utili-za os recursos mais amplos da sociedade para encarar os muitos desafiosde governança hoje enfrentados por nossas sociedades. Prevê o papel dogoverno, não como um micro gerente, mas como um viabilizador e pro-vedor de estruturas. Dentro dessas estruturas, o mercado e a sociedadecivil, os cidadãos individualmente e os grupos podem organizar suasatividades e relações. Aqui, a relação entre o governo e os cidadãos naformulação de políticas pode tornar-se uma parceria.

O envolvimento dos cidadãos na formulação de políticas se baseia emalgumas condições. Em primeiro lugar, o governo precisa reconhecer acapacidade autônoma dos cidadãos de discutir e gerar opções políti-cas. Precisa também compartilhar a elaboração de agendas. E exige umcompromisso do governo de que as propostas políticas geradas em con-junto serão levadas em consideração para se chegar a uma decisão final.Os cidadãos, por outro lado, precisam aceitar um grau mais elevado deresponsabilidade para acompanhar seu próprio papel valorizado naformulação de políticas.

A participação ativa é uma nova fronteira nas relações governo–cidadão. Alguns países estão começando a explorá-la. No Canadá, oenvolvimento do cidadão é estabelecido como uma prioridade política. Ogoverno interativo é uma abordagem marcante nos Países Baixos, queconvoca a participação dos cidadãos na preparação de decisões, e ondeas decisões devem ser feitas em cooperação e consenso entre as autori-dades e os cidadãos. Até agora, entretanto, a experiência em geral élimitada e existe principalmente em níveis locais. Existem poucos ele-mentos para uma rede legal, política e institucional, fora os direitos tradi-cionais concedidos a cidadãos.

Para reunir elementos de apoio a uma estrutura para a participação ativa docidadão, considere:

• Se a legislação e os plebiscitos iniciados pelos cidadãos são

aplicáveis. As constituições ou leis podem conceder ao cidadão o direi-to de propor legislação (exemplos da Áustria, Polônia, Espanha) ou inici-ar plebiscitos não determinantes (exemplo da Nova Zelândia). Para ple-biscitos determinantes iniciados pelos cidadãos (exemplo da Suíça), ter

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em mente que introduzem um forte elemento de “democracia direta”com implicações para sistemas de governo baseados na democracia re-presentativa. Essas questões vão alem do escopo do presente manual.

• Se as políticas sobre participação ativa constituem uma op-

ção. As resoluções do governo podem estabelecer o objetivo de criar edar andamento a possibilidades para a participação ativa do cidadão (exem-plo da Finlândia). Aqui, os cidadãos e suas organizações devem desem-penhar um papel importante em dar forma a políticas que os afetem,enquanto que os governos são vistos no papel de facilitadores. A políticado governo pode alcançar esse objetivo ao transferir a responsabilidadepara as autoridades locais, para os cidadãos e para suas organizações(como nos Países Baixos). As diretrizes para a implementação e avaliaçãode um maior envolvimento do cidadão podem apoiar a participação ativa(exemplo do Canadá).

• Como o governo pode estimular a evolução de uma participa-

ção ativa. Não existem responsabilidades institucionais claras, até o mo-mento, para a participação ativa nos países da OCDE. O governo podecontribuir para o desenvolvimento de participação ativa por meio dediversas atividades destinadas a estimular as boas práticas, elevar aconscientização, desenvolver diretrizes para o engajamento dos cidadãos.

QUAIS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO APLICAR?

A avaliação permite que os governos saibam se suas atividades tiveramsucesso ou não. Isso fornece a base para atividades novas ou reprojetadas.A avaliação é uma parte central do planejamento e operação de ativida-des de informação, consulta e participação ativa. Alguns países estabele-ceram estruturas legais e políticas para apoiar a avaliação.

Ao considerar os elementos de estrutura para avaliação, verifique:• Se as exigências legais para avaliação são adequadas.

As leis podem exigir uma avaliação automática por avaliadores inde-pendentes após cinco anos (como na lei sobre administração nos PaísesBaixos).

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• Se os relatórios anuais de avaliação devem ser tornados obri-

gatórios, Os Ministérios podem ser obrigados por lei a remeter relatóriosanuais sobre reclamações e propostas recebidas de cidadãos (exemploda Espanha).

• Se a publicação de relatórios de avaliação for obrigatória.

A legislação sobre a liberdade de informação pode exigir que o go-verno realize e publique avaliações da implementação da lei em relatóri-os anuais (exemplo da Noruega).

• Como as diretrizes podem ajudar. O governo pode desenvolverdiretrizes internas sobre avaliação para auxiliar seu pessoal no planeja-mento e implementação de avaliações. A qualidade de uma avaliaçãodepende grandemente da qualidade dos dados disponíveis. Deve serdada atenção à definição dos tipos de dados necessários para avaliação eà forma como devem ser coletados na fase de projeto.

• Como envolver os cidadãos. Os processos de avaliação podemincluir os cidadãos diretamente (por exemplo, por meio da participaçãoem conselhos de revisão) ou indiretamente (por meio de pesquisas).

DESENVOLVER QUAIS CAPACIDADES GERAIS?

Para realizar atividades concretas visando fortalecer suas relações com oscidadãos, os governos necessitam desenvolver uma capacidade geral parainformar, consultar e envolver efetivamente os cidadãos na formulaçãode políticas. Um mínimo de capacidade geral é necessário como baseoperacional e é condição para a eficácia. O desenvolvimento dessa capa-cidade geral fomenta o profissionalismo no fortalecimento das relaçõesgoverno–cidadão e acentua o sucesso. A lista a seguir dá uma visãoampla dos aspectos-chave da capacidade geral, estendendo-se dos níveismínimos aos máximos necessários.

No desenvolvimento e na otimização da capacidade geral para o fortalecimentodas relações governo–cidadão, concentre-se nestes pontos:

• Estrutura adequada. As responsabilidades do governo pelas ativi-dades de fortalecimento das relações governo–cidadão devem ser clara-

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mente estabelecidas. Muitos governos designaram unidades como res-ponsáveis por especificar atividades ou pela coordenação e orientação(para maiores informações, ver “Elementos institucionais para informa-ções” em “Quais elementos institucionais aplicar?”).

• Comprometimento geral por parte da liderança e acesso à

tomada de decisão. Os esforços das autoridades públicas para informar,consultar e envolver os cidadãos na formulação de políticas somentepodem ser eficazes se tiverem o apoio da liderança superior. O compro-metimento por parte da liderança política e da liderança superior é,portanto, essencial. Na prática, exige que a liderança tenha um interesseativo e forneça suporte visível a essas atividades. Ao mesmo tempo, aliderança necessita assegurar-se de que as contribuições recebidas doscidadãos sejam efetivamente consideradas na tomada de decisão – e issoenvolve também as autoridades encarregadas dessas atividades.

• Uma base de recursos gerais. Os governos precisam prover re-cursos financeiros e humanos para informação, consulta e participaçãoativa. Sem um nível mínimo de recursos financeiros e humanos, nenhumaatividade pode ser realizada e as relações com os cidadãos não podemser fortalecidas.

• Desenvolvimento de aptidões internas. As atividades para forta-lecer as relações do governo requerem aptidões específicas. Muitas des-sas aptidões deveriam ser desenvolvidas e colocadas à disposição dentrodo governo. Cursos de treinamento podem ajudar a preparar o pessoalexistente para planejar e conduzir essas atividades. O recrutamento depessoal com experiência profissional e capacidade na área também ajudaa desenvolver e realçar as aptidões internas. O conhecimento e a experi-ência em técnicas de comunicação – como as de jornalismo, relaçõespúblicas, publicidade e propaganda – são certamente úteis, especialmen-te para muitas das tarefas técnicas. Entretanto, a gama completa de apti-dões necessárias para fortalecer as relações governo–cidadão é muitomais ampla. Vai desde competência estratégica, política e produtiva, pla-nejamento de processos, moderação e capacidades de facilitação até ap-tidões de comunicação e gestão.

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• Orientação externa e terceirização. Ao fortalecerem suas rela-ções com os cidadãos, os governos se beneficiam de experiência externa– quer sejam relativamente novos ou tenham longa experiência na área.A experiência de fora da administração varia desde orientação estratégicade alto nível (para ajudar a desenvolver a estrutura legal e institucionalou planejar os eventos) até serviços técnicos para realizá-la (por exem-plo, web site design). A aproximação com a experiência externa propor-ciona ao governo a oportunidade de aprender com outros. A terceirizaçãopode ainda reduzir a carga de trabalho nos serviços internos. É crucial,entretanto, que os governos não obtenham orientação externa eterceirização como uma desculpa para não investirem e desenvolveremsua própria competência interna. Devido à ligação direta com a elabora-ção de políticas, são necessárias experiência e aptidões internas – nomínimo para certificar-se de que a assistência externa segue as diretrizesdo governo!

• Conscientização interna e cultura de comunicação aberta: Nogoverno, é útil designar unidades e indivíduos com responsabilidadesespecíficas para informar, consultar e envolver ativamente os cidadãos.Para alcançar melhores resultados, entretanto, os esforços no sentido defortalecer as relações governo-cidadão precisam ser igualmente apoiadosno governo e na administração pública. Os governos conseguem issoelevando a conscientização sobre as obrigações legais, as oportunidadese as ferramentas concretas para fortalecer as relações com os cidadãos.Outrossim, podem utilizar os exemplos das melhores práticas, recom-pensas e elementos de política como diretrizes para despertar o interessee a ação nessa área. Dessa forma, os governos podem visar o desenvolvi-mento de uma cultura geral de transparência, abertura e comunicação.

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PLANEJE E ATUE ESTRATEGICAMENTE

Ao montar a estrutura, os governos podem adotar ações concretas parafortalecer as relações governo–cidadão. A coisa mais importante, entre-tanto, não é partir diretamente para a ação – mas pensar primeiro: Oque você quer alcançar? Como pode melhor alcançar o que quer? Comoconseguirá saber se teve sucesso? Se as atividades de fortalecimento dasrelações governo–cidadão causarem problemas, isso ocorre quase sem-pre por que as questões não foram tratadas com antecedência.

Para ações bem-sucedidas em informação, consulta e participação ati-va, os governos necessitam planejar e atuar estrategicamente. Vocêprecisa distinguir entre as diferentes fases: a fase de desenvolvimento deconceito e planejamento, a fase de implementação e a fase de avaliação.A primeira fase, conceito e planejamento, é um investimento que traráfrutos em todos os estágios. Possibilita o esclarecimento dos objetivosque você quer alcançar, do público que você quer atingir e dos recursosà sua disposição. Fornece as bases para a seleção das diversas ferramen-tas e a implementação das atividades. Planejar a avaliação desde o iníciodá a você a chance de saber se e até onde suas atividades tiveramsucesso, e de melhorar o planejamento e ação para o futuro.

Desenvolver um conceito e planejar pode ser um processo passo a

passo, seguindo o caminho fornecido neste capítulo. Freqüentemente,entretanto, as autoridades governamentais podem achar que precisam ir

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de um lado para outro entre os elementos, de forma a se responsabili-zarem pelas inter-relações. A criatividade é uma capacidade central paraqualquer planejamento de atividades de informação, consulta e participa-ção ativa – assim como a análise. Para funcionar, a criatividade necessitade espaço para manobras. Deve ser levado em conta, entretanto, queobjetivos e públicos são os elementos mais importantes; no final, asatividades necessitam seguir os objetivos, e não o contrário.

QUAIS SÃO OS OBJETIVOS?

Os objetivos descrevem o que alcançar. São os resultados, os efeitos

que você deseja concretizar. Os objetivos ajudam você a se concentrarnas questões importantes, quando do planejamento, execução ou avalia-ção. Ajudam você a identificar que ações são necessárias. Ajudam a justi-ficar as ações. E põem essas ações em uma perspectiva ampla.

A Parte I deste manual estabelece diversos objetivos para o fortaleci-mento das relações governo-cidadão – e o mais importante: maior confi-ança no governo. O manual também trata de uma diversidade de efeitosamplos que o fortalecendo das relações governo-cidadão pode ter; porexemplo, melhor funcionamento da democracia, melhores políticas, me-lhor implementação, mais adesão voluntária etc. E salienta os mecanis-mos que levam a esses efeitos, como o acesso dos cidadãos à informa-ção, a busca e uso de suas contribuições, e seu envolvimento na formula-ção de políticas. Juntos, esses elementos descrevem o contexto, efeitos

e mecanismos gerais para atividades que fortalecem as relações gover-no-cidadão em uma estrutura de política. Os elementos estão ligadosentre si e correspondem a diferentes níveis de objetivos. Quando doplanejamento das atividades para fortalecer as relações governo-cidadão,há pelo menos três níveis de objetivos:

• Qual é a contribuição para objetivos mais amplos do governo?

Como se encaixam nas metas de política de forma geral ou num determi-nado setor?

• Que efeitos o conjunto de atividades visa alcançar? Qual será oresultado direto e o efeito das atividades planejadas?

• O que é necessário para que esses efeitos sejam alcançados?

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Quais são os mecanismos? Quais são os resultados concretos?

Quando desenvolver os objetivos,• Estabeleça os objetivos em todos os níveis: Isso coloca as ativi-

dades no contexto e faz a ligação com metas do governo mais amplas.

• Seja realista. Não há nada errado com ambições – mas fixá-las emnível altamente irreal, em sua fase de planejamento, pode levar a expec-tativas infladas e a decepções, quando não forem alcançadas.

• Combine os objetivos com os públicos, recursos e atividades.

• Registre os objetivos. Isso torna os objetivos explícitos e proporci-ona a base para avaliação.

• Compartilhe. Desenvolva objetivos juntamente com o pessoal – e,na pior das hipóteses, informe-os ao pessoal, de forma que saibam noque estão trabalhando. Faça o mesmo, se e como for possível, com osenvolvidos e com o público.

A QUEM DIRIGIR?

Quais cidadãos devem receber as informações, ser consultados ou parti-cipar ativamente? Provavelmente, todos os cidadãos de seu país. Porvezes, entretanto, são apenas os cidadãos que, por exemplo, estão resi-dindo em uma área específica. Em outras oportunidades, você pode tam-bém querer ou necessitar atingir outros cidadãos, de outros países. Essesgrupos de cidadãos são chamados públicos. Por vezes eles são denomi-nados “grupos alvo”. Os públicos são grupos de cidadãos que você queralcançar ou envolver em atividades para o fortalecimento das relaçõesgoverno–cidadão. Distinguir públicos como grupos de cidadãos é umprimeiro passo necessário e pode ser feito em termos de

• Setores políticos específicos: por exemplo, serviços públicos desaúde.

• Políticas geográficas: grupos locais de cidadãos, por exemplo, nocaso de políticas para comunidades rurais ou remotas.

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• Fases diferentes do ciclo de políticas: dependendo da fase dociclo de políticas, você pode necessitar tratar de tamanhos e tipos dife-rentes de grupos de cidadãos.

• Características divergentes: minorias lingüísticas, étnicas ou ou-tras, ou grupos distinguidos por idade, sexo, profissão etc.

• Uso da mídia: cidadãos que utilizam a internet ou jornais.

Quando cidadãos têm um interesse direto na questão em jogo, sãochamados de envolvidos. Devido ao seu interesse direto, usualmentesão públicos cujo envolvimento na formulação de políticas é muito im-portante. Ao mesmo tempo, os governos também podem considerar im-portante equilibrar o envolvimento desse público especial com oenvolvimento do público em geral, ou do conjunto de cidadãos interes-sados na questão. Em seus esforços para fortalecer as relações governo–cidadão, os governos geralmente tratam dos públicos compostos de cida-

dãos individuais. Ao mesmo tempo, podem tratar especificamente dospúblicos de organizações de cidadãos – como organizações trabalhistas,empresariais, profissionais, outros grupos de interesse ou Organizações

da Sociedade Civil (OSC). Essas organizações e seus dirigentes podemrepresentar, formal ou informalmente, pontos de vista de apenas partedos cidadãos sobre questões específicas. Mas é importante atingi-las por-que esse é um meio de atingir os cidadãos que têm contato com elas. Aomesmo tempo, essas organizações têm interesses próprios, que não ne-cessariamente refletem os dos cidadãos por detrás delas. É preciso nãoconfundir essas organizações, por mais importantes que sejam, com ospróprios cidadãos individuais.

Quando da definição de públicos:• Responda: quem é importante envolver na questão usando critéri-

os como os acima mencionados.

• Seja específico: Quando da seleção de quem você deseja informar,consultar ou envolver seja específico. A imprecisão cria o risco de causarperda de recursos.

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• Reveja as características dos públicos: Seu uso da mídia, locali-zação, interesse por tópicos etc. proporciona ajuda importante para des-cobrir uma abordagem adequada e atividades adequadas.

• Combine públicos com objetivos, recursos e atividades.

• Seja inclusivo: abertura e igualdade de acesso são princípios im-portantes para fortalecer as relações governo–cidadão.

COMO SELECIONAR FERRAMENTAS E ATIVIDADES?

Como selecionar ferramentas para atividades que atingirão os públicos ecumprirão os objetivos? Selecionar as ferramentas é um passo importanteno planejamento da informação, consulta e participação ativa. A seleçãode ferramentas depende muito da situação que um governo estiver en-frentando. Depende de

• Objetivos: Se o resultado que você pretende alcançar for o aumen-to da conscientização e do conhecimento públicos, as ferramentas con-centradas na informação são adequadas. Se o objetivo é receber contri-buição de cidadãos, selecionar ferramentas de consulta fará sentido. Se oefeito desejado for o de envolver os cidadãos no desenvolvimento denovas opções de políticas, aplicam-se as ferramentas para participaçãoativa.

• Públicos: As ferramentas necessitam ser selecionadas e adaptadaspara se adequarem ao público com o qual o governo pretende entrar emcontato. Para dar um exemplo: Se a meta é atingir diretamente todos oscidadãos do país, é aconselhável usar ferramentas que apresentem asinformações de uma forma que seja entendida por todos.

• Recursos disponíveis: Sem recursos adequados, as ferramentasnão podem ser usadas. As ferramentas escolhidas precisam se adequar àdisponibilidade de pessoal e de equipamento técnico e ao que o governopode e deseja gastar.

Ao combinar as ferramentas com os objetivos, os públicos e os recur-

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sos disponíveis, as autoridades governamentais podem achar que umaferramenta não é suficiente para criar o nível necessário de contato comos públicos e de alcançar seus objetivos. Geralmente, é necessária umamistura de ferramentas, que pode também dar aos governos a chancede empregar seus esforços de diversas formas, para melhor atingir ospúblicos e alcançar os objetivos. Integrar as ferramentas é especialmenteimportante quando do uso de nova tecnologia de informação e comunica-ção (TIC). Integrar as ferramentas tradicionais e de TIC pode ajudara apoiar a eficácia e suplantar muitos limites de TIC.

O capítulo seguinte (“Escolha e use as ferramentas”) oferece uma vi-são geral, uma estrutura e muitos exemplos de ferramentas. Consideran-do sua principal linha de uso, as ferramentas estão divididas em ferra-mentas para informação, ferramentas para consulta, ferramentas para par-ticipação ativa e ferramentas para avaliação. O capítulo subseqüente de-vota atenção especial a ferramentas baseadas em novas tecnologias deinformação e comunicação (TIC). A visão geral, estrutura e exemplosestão incluídos para proporcionar a você inspiração e criatividade quan-do elaborar a mistura correta de ferramentas para combinar com a situa-ção específica e com os desafios que seu governo estiver enfrentando.

Ao definir uma mescla de ferramentas e atividades,• Tenha uma visão geral das ferramentas disponíveis. A experi-

ência de outros governos nacionais – ou de governos locais em seupróprio país – pode fornecer exemplos úteis.

• Crie uma mistura de ferramentas combinando os objetivos,

públicos e recursos. Escolha as ferramentas com base em objetivos,públicos e recursos definidos – não o contrário. Por mais atrativo quepossa ser o enfoque sobre a criação de uma mistura de ferramentas: elasainda têm que ser adaptadas para se adequar às circunstâncias.

• Pense como as ferramentas tradicionais podem ser integra-

das com as novas ferramentas de TIC, se for viável.

• Seja específico sobre como as ferramentas serão usadas: Ummaior planejamento sobre o uso concreto das ferramentas (quando, onde,quem fazer que tarefa etc.) ajuda a levar a atividades eficazes.

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A QUESTÃO DOS RECURSOS

Quais são os recursos à sua disposição para tratar dos públicos e alcançarseus objetivos? Isto significa concretamente: Quem deve fazer qual tare-fa? Que materiais ou serviços são necessários? Quanto custa? De ondevêm o dinheiro e as pessoas?

Basicamente, dois tipos de recursos são importantes para fortalecer asrelações governo-cidadão: recursos financeiros e capacidade humana.

• Recursos financeiros são os fundos disponíveis para pagar osmateriais e serviços necessários. São geralmente providos no orçamentodo setor da administração encarregado da tarefa de desenvolver umaatividade para fortalecer as relações governo-cidadão. Pode ser, entretan-to, que os recursos para essas atividades estejam disponíveis através deoutras linhas de orçamento, sejam elas administrativas gerais ou de políti-cas específicas.

• Capacidade humana é, acima de tudo, o tempo que o pessoal podegastar nas atividades. Quantas pessoas estão disponíveis para cumprir astarefas relacionadas à atividade, e quanto de seu trabalho elas podemgastar nela. A capacidade humana também diz respeito às habilidades daspessoas disponíveis. Qual é sua escolaridade e experiência relacionada àstarefas a serem cumpridas durante o planejamento, implementação e avali-ação? E as necessidades de gerenciamento? Existe comprometimento daliderança política, da administração superior e do pessoal?

Dispor dos recursos adequados é vital. Sem eles, as atividades parafortalecer as relações governo-cidadão não podem ir adiante. A naturezae o montante dos recursos disponíveis determina que tipo de atividadespode ser implementado. Eles têm um imenso impacto: determinam se –ou até onde – os públicos podem ser envolvidos e os objetivos podemser alcançados. São uma parte crucial da concretização prática do fortale-cimento das relações governo-cidadão. É por isso que é importante com-

parar os recursos com o objetivo, os públicos e as atividades/fer-

ramentas. Que recursos certas atividades exigem? Os recursos disponí-veis permitem isso ou não? Até onde os públicos podem ser envolvidos eos objetivos alcançados? Se os recursos atendem ao planejado, muitobem. Se não forem suficientes, tente:

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• Seja criativo com os recursos existentes: Verifique se existemformas menos dispendiosas e menos demoradas para usar as ferramentas.Pode haver outras ferramentas que têm efeitos similares e que exigemmenos recursos.

• Use um recurso para compensar o outro: Se tiver muitos recur-sos financeiros, mas poucos recursos humanos, você pode pensar nadelegação de algumas das tarefas a contratados fora da administração –até onde isso não infringir as prerrogativas políticas do governo. Aocontrário, com poucos recursos financeiros e muitos recursos humanos,você pode pensar em ter o pessoal interno realizando tarefas que deve-riam ser originalmente dadas aos contratados de fora da administração.Avalie criticamente o quanto isto é realista, por exemplo, em termos deexperiência interna.

• Aumente a base de recursos: Você pode tentar pedir mais recur-sos da hierarquia superior. Aqui, novamente, o comprometimento da li-derança é essencial. Você pode também tentar obter recursos financeiros,ou pessoal de apoio de outras unidades administrativas, ou de outrosprogramas, se uma parte de suas atividades abrangerem o fortalecimentodas relações governo–cidadão.

• Estabeleça prioridades: Quaisquer que sejam os recursos à suadisposição, no final, você não pode fazer e alcançar tudo ao mesmotempo. Você precisa estabelecer prioridades. E se, apesar de todas astentativas, seus recursos ainda forem insuficientes, você precisa dar prio-ridade a certas atividades, públicos e objetivos.

• Reconheça os limites: Os recursos para fortalecer as relaçõesgoverno-cidadão, como para qualquer outra atividade governamental, sãolimitados. Se os recursos não forem suficientes para fazer o que se pre-tende, confirme explicitamente e visualize as conseqüências: reduçãodas atividades, dos públicos envolvidos, dos objetivos a serem alcança-dos. Certifique-se de que essas conseqüências sejam conhecidas da lide-rança.

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Quando da consideração dos recursos:• Garanta o comprometimento da liderança política, da alta admi-

nistração e do pessoal. Essa é uma pré-condição para as atividades bem-sucedidas no fortalecimento das relações governo–cidadão.

• Re-examine os recursos de que dispõe em termos de finanças ecapacidade humana.

• Confronte os recursos com os objetivos, públicos e atividades.

• Não subestime as necessidades humanas ou financeiras.

• Siga os pontos acima mencionados, se você achar que os recursosnão são suficientes.

COMO PLANEJAR A AVALIAÇÃO?

Uma vez estabelecidos os objetivos, definidos os públicos, alocados osrecursos e escolhidas as ferramentas, resta um passo final importante nafase de planejamento: avaliação. O planejamento e a realização de ava-liação ajudam as autoridades do governo a

• Verificar se suas atividades foram bem-sucedidas: As ferramen-tas foram eficazes? Os públicos foram contatados conforme planejado?Os recursos foram adequados? Os objetivos foram alcançados?

• Demonstrar para os outros que as atividades foram bem-suce-

didas: Isso é importante para justificar o planejamento e as atividades.

• Aprender com a experiência: A avaliação e o compartilhamentodos resultados permite que o governo aprenda com suas atividades. Possibi-lita que os governos comparem as atividades e estabeleçam parâmetrospara a prática correta. Isso dá incentivos para melhorar o planejamento ea prática e eleva a conscientização para o fortalecimento das relaçõesgoverno–cidadão na organização.

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• Re-projetar as atividades e criar novas com base em uma refle-xão sobre sua experiência. Isso aumenta a chance de sucesso no futuro eforma capacidades para responder às demandas novas e emergentes.

• Fazer tudo isso durante e após as atividades de implementação.

Planejar as atividades de avaliação dá uma chance de rastrear o sucessoe, eventualmente, modificar atividades não apenas após, mas tambémdurante a implementação.

A avaliação necessita ser parte do planejamento apropriado. Se osgovernos começarem a pensar sobre a avaliação somente durante oumesmo após a implementação, não apenas se privam de algumas dasoportunidades acima mencionadas, como quase certamente terão proble-mas, porque as medições não estão definidas, os dados necessários nãoestão coletados, e os recursos para avaliação não estão disponíveis. Osdois capítulos a seguir fornecem uma visão geral e exemplos de ferra-mentas para avaliação e de como pô-las em prática. O planejamento daavaliação inclui a escolha de ferramentas e a preparação para seu uso.

Para avaliação e re-desenho, lembrar-se de• Incluir ferramentas para avaliação e usá-las no planejamento.

• Combinar as ferramentas de avaliação com os objetivos, públi-cos, recursos e ferramentas para informação, consulta e participação ativa.

• Realizar a avaliação não somente após, mas se possível tam-

bém durante as atividades.

• Fazer uso pleno do potencial de avaliação: Usá-lo para medir osucesso, para demonstrá-lo, para possibilitar o aprendizado a partir daexperiência e conscientização de apoio na organização e para melhorar aimplementação agora e no futuro.

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ESCOLHA E USE AS FERRAMENTAS

QUAIS SÃO AS FERRAMENTAS DISPONÍVEIS?

Que ferramentas estão disponíveis para fortalecer as relações governo-cidadão? Uma coisa é clara: não existe escassez. Parece haver um núme-ro quase interminável de ferramentas, e infinitas possibilidades paracombiná-las – uma grande base para o praticante. Ao mesmo tempo, issocria a necessidade de ir às raízes para se obter uma visão apropriada.

Informação, consulta e participação ativa requerem contato e comuni-cação entre o governo e os cidadãos. Isso significa concretamente que háuma troca de mensagens, cuja essência é o conteúdo: O que dizem ouexpressam os que enviam uma mensagem? O que ouvem ou entendemos que recebem uma mensagem? Para o raciocínio complexo por detrásde uma proposta de política, as mensagens não podem ser qualquercoisa simples como o horário de abertura de um centro de informações.

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A forma como essas mensagens são trocadas é também importante: Comoa mensagem será expressa, enviada e recebida? Os meios são incontáveis,e todos terão características específicas, como.

• Forma: considerando um ou mais sentidos humanos, os meios po-dem ser auditivos (por exemplo, discursos e debates), visuais (textos eimagens ou slides), e quaisquer combinações audiovisuais dos mesmos,(por exemplo, filmes de vídeo, shows de slide comentados etc.).

• Suporte: os governos podem se comunicar sem outro suporte –por exemplo, falando ou escutando em uma platéia. Podem ainda usarobjetos e produtos para se relacionar com os cidadãos – por exem-plo, cópias impressas, como documentos e livros, ou suas versões ele-trônicas.

• Canal de transmissão: os governos podem escolher entre diferen-tes canais para transmitir os comunicados. Os canais podem ser físicos:por meio de comunicados diretos, pelo correio, ou eletrônicos: portelefone, rádio, televisão, e-mail etc. Os governos podem também com-por esquemas de cooperação com pessoas e organizações e usá-lascomo intermediárias para comunicados, como por exemplo, as Organi-zações da Sociedade Civil.

Os governos podem escolher entre diferentes abordagens no fortale-cimento de suas relações com os cidadãos. Os governos podem escolherentre:

• Falar/enviar ou ouvir/receber – ou ambos: Os governos podemfalar ou enviar mensagens (como num discurso), ouvir e receber mensa-gens (como ao ouvir questões ou comentários) ou ambos, como numaconversação.

• Ativo ou passivo: Os governos podem contatar os cidadãos ativa-mente, por sua própria iniciativa, quando da organização de uma confe-rência com debates abertos, por exemplo. Ou podem reagir passivamen-te aos pedidos dos cidadãos, por exemplo, quando dão acesso a umdocumento do governo.

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Controle ou não controle: O governo pode escolher um canal queele controla (como um folheto informativo ou brochura) ou um canalsobre o qual não tem controle (por exemplo, ao dar informações a umrepresentante de uma OSC que, então, publica um artigo no própriofolheto informativo da organização).

• Ad hoc ou permanente: Os governos podem entrar em contatocom os cidadãos de forma ad hoc (como em um debate público sobrepolítica de saúde) ou de forma permanente (por exemplo, com um inter-câmbio contínuo sobre questões da saúde por meio de mesas redondaspermanentes).

• Amplas ou restritas: Os governos podem decidir se comunicaramplamente (alcançando uma grande audiência por meio de um anúnciona televisão) ou de forma restrita (para alcançar um conjunto pequeno,bem definido de cidadãos)

• Interação limitada ou significativa: Os governos podem visarníveis limitados de interação com os cidadãos (quando da divulgação deum documento em um web site para comentários) ou níveis amplos detrocas com cidadãos, por exemplo, instalando um estande em um localpúblico, para contatos diretos.

Geralmente, as ferramentas para fortalecer as relações governo–cida-dão são uma mescla de diversas características e abordagens. Nos capí-tulos seguintes, nesta parte, o manual mostra estruturas e exemplos deferramentas para informação, consulta e participação ativa. São exemplosde ferramentas amplamente conhecidas ou inovadoras de boas práticaspara o fortalecimento de relações governo–cidadão. Foram escolhidaspara agir como inspiração para ação. Não são receitas prontas. O sucessona utilização dessas ferramentas requer que sejam feitas sob medida

para se ajustarem aos objetivos, públicos e recursos, que podem variargrandemente em diferentes situações e países. A ação bem-sucedidaexige o uso de imaginação e análise, para se chegar a ferramentasadaptadas e novas, que possam atender aos desafios. Veja os exemplos aseguir, e pense em termos de mensagens, meios, características e abor-dagens; isso pode ajudá-lo.

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Numa visão panorâmica das possíveis ferramentas para ações, considere:• Características diferentes de ferramentas em termos de forma,

meio e canal de transmissão.

• Abordagens diferentes para uso das ferramentas pelo governo,como envio/recebimento, ativo/passivo, com controle/sem controle, ad

hoc/permanente, amplo/restrito, interação limitada/significativa.

• Usar tanto análise como criatividade para identificar, selecionar,adaptar, inventar e mesclar as ferramentas necessárias.

QUAIS FERRAMENTAS USAR PARA INFORMAÇÃO?

Ao informar, os governos criam uma relação em um só sentido com oscidadãos: O governo envia e os cidadãos recebem informações. As in-formações são a base do fortalecimento das relações governo–cidadão. Éuma condição para que outras atividades de consulta e participação ativafuncionem. Os governos podem propiciar passivamente o acesso à infor-mação, ou informar os cidadãos ativamente, por sua própria iniciativa.Podem usar produtos de informação, canais diretos e controlados ou ca-nais independentes para transmitir a informação.

O governo propicia passivamente aos cidadãos acesso a documen-tos oficiais mediante sua solicitação – por exemplo, por força de disposi-ção de uma lei sobre liberdade de informação.

Para essa provisão de acesso à informação, as ferramentas impor-tantes são:

• Interfaces para o acesso pelo cidadão: Para os cidadãos teremacesso a documentos oficiais, o governo precisa apresentar-lhes os docu-mentos. Uma forma para fazer isso é enviar aos cidadãos uma cópia dodocumento pelo correio ou por correio eletrônico. Outra forma, maissimples, é oferecer um escritório nas dependências do governo, equipa-do com uma máquina copiadora.

• Gestão de informações internas: O governo precisa ser capaz deidentificar e localizar os documentos que os cidadãos estão procurando.

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Isso pode ser feito classificando permanentemente e arquivando docu-mentos, assim como bases de dados, como é o exemplo da Finlândia. Éimportante usar um único conjunto de regras para isso e aplicá-las emtoda a administração.

• Catálogos, registros e índices: Encontrar as informações pode serdifícil – tanto para os cidadãos como para as autoridades. Catálogos,registros e índices são ferramentas para achar as informações com maisfacilidade, pois relacionam e selecionam os dados, e os tornam maisacessíveis. Isso preocupa algumas áreas, como a de políticas do meioambiente. Nos EUA, a liberação de um inventário de substâncias tóxicaspropicia aos cidadãos acesso a informações sobre a localização de produ-tos químicos tóxicos. Os catálogos também tornam mais fácil encontrarpublicações – sejam elas na forma de documentos oficiais como de fil-mes de vídeo, como na Bélgica (Flandres).

• Perguntas e respostas: As autoridades governamentais dão respos-tas diretas a perguntas recebidas. Essa é uma forma mais interativa detratar de pedidos dos cidadãos e faz parte de muitas outras ferramentastratadas mais adiante nesta seção. Se o governo tratar a contribuição doscidadãos simplesmente como um pedido de informação, a resposta àsperguntas dos cidadãos é um relacionamento de um só sentido. Se osgovernos analisarem o padrão de pedidos recebidos dos cidadãos ou seconcentrarem em seu conteúdo, os pedidos de informação podem tornar-se uma fonte útil de contribuição.

Ativamente, os governos podem tomar a iniciativa de informar aoscidadãos sobre a formulação de políticas através de uma diversidade deprodutos ou publicações de informações, que compreendem, porexemplo:

• Documentos oficiais: Além de atender aos pedidos dos cidadãosdando-lhes acesso, a documentos, passivamente, com base nas leis deliberdade da informação, os governos podem publicar documentos ofici-ais por sua própria iniciativa. Em muitos países, as disposições legaisdeterminam a publicação de certos documentos, como por exemplo, ad

hoc através de avisos públicos ou sistematicamente em um jornal oficial(ver capítulo “Construa uma estrutura”). Os documentos oficiais podem

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ser leis, regulamentos, agendas de gabinete e atas, prazos para decisões,planos de implementação com responsabilidades claras, relatórios de ava-liação, anúncios ou oportunidades de participar em exercícios de consul-ta etc.

• Política preparatória e documentos legais: Para informar os ci-dadãos sobre políticas planejadas ou iniciativas legais, os governos po-dem criar e emitir documentos preparatórios específicos, declarando seupensamento ou planejando uma questão. Isso usualmente toma a formade um documento de política ou um documento apresentando um projetode lei. Por vezes, os governos usam nomes de cores para indicar a fasede elaboração em que se encontra um documento político e seu anda-mento no processo político de aprovação. Um Documento Verde é umdocumento em sua primeira fase, apresentando a primeira abordagem dogoverno a uma questão. Um white paper significa que a proposta depolítica já está em um estágio avançado de preparação. Antes da tomadade decisão, os governos podem também publicar projetos de lei. Osdocumentos Verdes e Brancos e as publicações de projeto de lei fazemgeralmente parte de exercícios de consulta – ver a seção sobre ferramen-tas de consulta, mais adiante.

• Relatórios: Na fase de implementação e avaliação, os governospodem usar relatórios temáticos para dar informações sobre os resultadosdas políticas. Esses relatórios podem abranger uma política específica oupartes da mesma. Podem fornecer uma visão geral de todas as atividadesdo governo, como em um relatório anual. E esse relatório anual podetambém anunciar planos de políticas novos e em andamento, como nocaso do Reino Unido, onde o relatório anual do governo estabelece metasclaras ou marcos. Os cidadãos podem utilizar os relatórios para avaliarcomo o governo está procedendo no fornecimento do que está prometido.

• Manuais, guias, brochuras, panfletos e cartazes: Documentosoficiais, papéis e relatórios não são normalmente muito fáceis de ler eentender. Para os cidadãos que querem obter uma visão geral ou buscarpeças de informações relevantes, pode ser limitado e tedioso usá-los. Osgovernos podem re-trabalhar e recondicionar as informações de forma atorná-las mais acessíveis e mais atraentes para que os cidadãos as leiam eutilizem. Dessa forma, os governos também aumentam a conscientização

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das questões políticas em pauta. Manuais, guias, brochuras, folhetos epôsteres são formas de fazer isso. Eles apresentam visões gerais e resu-mos, linguagem clara e fácil de entender, elementos visuais, como gráfi-cos e desenhos, e leiaute atraente. Muitos governos utilizam essa ferra-menta extensamente, como por exemplo, na descrição do funcionamentode instituições e nos processos de formulação de políticas. Essas publica-ções podem ainda envolver os direitos dos cidadãos, por exemplo, naforma de um manual ou de uma série de guias (exemplo do Guia doCidadão na Grécia ou os guias da União Européia sobre a introdução damoeda única).

• Fitas de áudio, filmes e jogos: Além do recondicionamento dasinformações em novos tipos de textos, os governos podem apresentá-lasem diferentes formas e em outros suportes. As ferramentas incluem fitasde áudio e filmes ou slides de apresentação. Testes e outros jogos retra-tam as informações de forma mais divertida e podem atingir públicosespecíficos – como os jovens.

Os produtos sobre informações somente informam os cidadãos se che-garem até eles. Para atingir os cidadãos, os governos podem usar canaisdiferentes de distribuição. Primeiramente, os governos podem distri-

buir as informações diretamente, por meio dos canais que contro-

lam, tais como:

• Declarações e discursos: As autoridades do governo fazem dis-cursos e apresentam informações verbalmente sobre questões de políti-ca. Essa é uma das formas mais amplamente utilizadas para informar egeralmente é parte de um conjunto de ferramentas. Os discursos podemser enriquecidos com produtos de informação, como suportes visuais eaudiovisuais como, por exemplo: slides com textos e gráficos, documen-tos de suporte, filmes de curta metragem etc.

• Mala direta: Entregar produtos de informação diretamente na portados cidadãos é uma ferramenta muito ampla e relativamente dispendiosa.Nos Países Baixos, o governo usou a mala direta para informar aos cida-dãos, com uma descrição de uma página (Y2K), sobre as medidas toma-das quanto ao problema de computadores no ano 2000.

• Serviços telefônicos: Os governos oferecem aos cidadãos a opor-

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tunidade de ligar diretamente, para receber informações sobre uma ques-tão ou assunto específico. O serviço telefônico é geralmente com disca-gem grátis, como no centro de informações do governo do Canadá. Asinformações são fornecidas aos interessados por operadores individuais.O serviço telefônico pode ser ainda parcial ou totalmente pré-gravado,com o cidadão navegando ao pressionar as teclas telefônicas.

• Centros de informação e pontos de informação: Os centros deinformação são espaços de informação fixos acessíveis aos cidadãos. Oscentros são atulhados de produtos de informações do governo e geral-mente têm pessoal para ajudar os cidadãos a encontrar as informaçõesque procuram. Na Grécia, toda prefeitura tem seu próprio centro deinformação. Os centros podem também se concentrar em questões espe-cíficas, como no centro de informações ambientais globais, no Japão.Outrossim, os governos podem usar postos de informação como espaçosmóveis ad hoc ou permanentes dentro de suas próprias instalações (porexemplo, escritórios locais, bibliotecas públicas) ou em feiras e eventosorganizados por outros.

• Eventos e exposições próprias: Organizar eventos especiais como con-ferências ou exposições leva informação aos cidadãos através de uma varieda-de de formatos e suportes, utilizando e combinando muitas das ferramentasacima mencionadas. A Polônia, por exemplo, utilizou exercícios e competi-ções quando da explicação das reformas do estado a um amplo público.

• Publicidade: Divulgar, comprar e usar espaço na mídia é outraforma controlada dos governos informarem os cidadãos. Pode ser usadoespaço em todos os tipos de mídia, como boletins, jornais, rádio, televi-são ou internet. Na Irlanda, o governo colocou anúncios em catálogostelefônicos para informar os cidadãos sobre a introdução da lei da liber-dade da informação.

Além dos canais sobre os quais exercem controle, os governos podemtambém usar terceiros para canalizar informações aos cidadãos. Entreesses canais independentes e indiretos estão:

• Press-releases, reportagens, entrevistas coletivas etc. Utili-zando os jornalistas e a mídia como intermediários, os governos solicitam

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à mídia que informe sobre políticas e iniciativas. A reportagem, cujoformato final o governo não controla, serve também para levar informa-ção aos cidadãos.

• Cooperação com as Organizações da Sociedade Civil: Os go-vernos associam-se a organizações da sociedade civil (OSC), como asso-ciações de cidadãos e de empresas, ou sindicatos de trabalhadores, paraque canalizem as informações para os cidadãos. As possibilidades dessacooperação vão desde meios muito restritos – como informar os repre-sentantes das OSC, que por sua vez informam seus membros – até parce-rias para informação conjunta aos cidadãos. Nos EUA, por exemplo, aAgência de Proteção Ambiental bancou os custos e trabalhou junto comas ONG para dar publicidade a informações ambientais.

Quanto às ferramentas de informação, tenha estes cuidados:• Escolher e adaptar as ferramentas para atender aos objetivos:

As ferramentas de informação são mais ou menos adequadas e têm queser usadas diferentemente, dependendo dos objetivos a serem alcança-dos. Por exemplo, criar conscientização ou desenvolver um profundoentendimento sobre uma questão de política exige muitas abordagens eferramentas diferentes.

• Selecionar as ferramentas adequadas ao público específico:

Públicos diferentes têm características diferentes. As ferramentas devemser escolhidas e usadas de acordo, por exemplo, em termos de apresen-tação, linguagem, estilo etc.

• Certificar-se de que as informações chegam ao público: Denada adianta escolher as ferramentas apropriadas e adequadas se as in-formações não chegarem ao público a que são dirigidas. É importanteverificar se a informação atinge o alvo.

• Tornar as informações atraentes: Quando os públicos rece-bem informações do governo, provavelmente estão predispostos ausá-las, se o governo torná-las fáceis e atraentes. Na maioria doscasos, isso pode ser conseguido com o mínimo de investimento emprojetos claros e concisos. Em nenhum caso a simplificação deve le-var à desinformação.

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• Respeitar a independência de canais não controlados: Os ca-nais independentes são, por sua natureza, não controlados. Quando usaremesses canais, os governos têm que reconhecer e aceitar sua independênciaquanto à forma como as informações governamentais serão usadas. É dointeresse do governo, por conseguinte, garantir que a mídia e os cidadãosrecebam um conjunto de informações o mais completo possível.

QUAIS FERRAMENTAS USAR PARA CONSULTA?

A consulta é uma relação nos dois sentidos entre o governo e os cida-dãos. Os governos recebem passivamente a contribuição não solicitadados cidadãos passivamente, ou ativamente, colocando questões e convi-dando os cidadãos a responde-las.

A contribuição não solicitada dos cidadãos pode conter informa-ções valiosas para o governo. Por exemplo, pedidos de informaçõespodem revelar a necessidade de adaptar ou redesenhar as atividades deinformação. As sugestões podem conter propostas úteis para considera-ção pelos formuladores de políticas. As reclamações podem apontar paraajustes necessários das políticas públicas. As ferramentas que apóiam

o uso de contribuição não solicitada são:

• Caixas postais para a recepção de sugestões e reclamações, quepermitem coletar dados, canalizar e acompanhar as informações dentrodo governo e garantir que o recebimento seja confirmado e as respostassejam dadas.

• Pacotes de software de gerenciamento de informações, quefacilitam a coleta e a análise quantitativa e qualitativa de contribuição nãosolicitada.

• Relatórios analíticos sobre essa alimentação de dados, permitin-do que os governos os utilizem. Os relatórios podem ser também publi-cados e muitos demonstram o comprometimento das administrações pú-blicas com a transparência e a responsabilidade.

Os governos recebem contribuição solicitada de cidadãos quandoinformam aos cidadãos sobre uma questão e solicitam seus pontos de

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vista sobre ela. As ferramentas que estimulam a contribuição solici-

tada compreendem as seguintes ações:

• Perguntar, ouvir e informar: Não existe contribuição sem per-guntas. Chegar aos cidadãos com perguntas e estar aberto para suasrespostas é vital. Em princípio, perguntar e ouvir pode ser uma parte dequalquer contato com os cidadãos. Para os governos poderem usar oinput recebido, os relatórios para pessoas encarregadas dessas questõessão essenciais.

• Comentar prazos e ações: Utilizando essa ferramenta, o governodefine um prazo para receber comentários ou apelações de cidadãossobre uma proposta ou tema de política, como o impacto ambiental deuma atividade planejada. Seleciona ainda os métodos para submeter co-mentários – por exemplo, por e-mail para um endereço específico (“cai-xa postal”) e por uma linha telefônica gratuita – e decide sobre: a formapela qual os cidadãos são informados, o tema, o prazo e a forma deapresentar comentários. O governo do Reino Unido organizou períodosde comentário sobre temas como reforma da educação e o projeto delegislação sobre liberdade de informação. Os cidadãos são informadossobre eles por meio de notas distribuídas por anúncios nos supermerca-dos e nos jornais.

• Constituir grupos selecionados: Essa ferramenta reúne um grupode cidadãos em um local, por um dia ou menos. Os participantes devemser escolhidos de forma representativa em termos de população ou depúblicos específicos. Os membros do grupo central recebem informa-ções e são entrevistados individualmente e em sessão plenária sobreseus pontos de vista e reações. Essa ferramenta permite que os governosrecebam contribuições de grande alcance.

• Pesquisas: Com pesquisas, os governos apresentam uma série deperguntas aos cidadãos, coletam suas respostas e as analisam. Quandovisarem resultado conclusivo, os cidadãos que devem participar da pes-quisa são selecionados como uma amostragem representativa da popula-ção. Um questionário estruturado relaciona as perguntas. Com as pergun-tas fechadas, os cidadãos têm a possibilidade de escolher entre diversasperguntas pré-definidas. Com perguntas abertas, os cidadãos podem res-ponder livremente. As pesquisas podem ser preenchidas pelos próprios

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cidadãos ou pelos entrevistadores. O governo do Canadá realiza pesqui-sas semestrais mediante o envio dos questionários e recebe cerca de3.000 respostas pelo correio – os resultados são usados para estabelecerprioridades.

• Pesquisas de opinião pública: Pesquisas de opinião pública sãoinstrumentos estabelecidos para retratar as opiniões da população sobreum determinado tema em um determinado momento. Para que possamfornecer resultados estatisticamente válidos, as pesquisas de opinião pú-blica seguem uma metodologia rígida que envolve amostras aleatórias,entrevistadores treinados e questionários pré-testados. Por exemplo, aDinamarca realizou pesquisas sobre a confiança dos cidadãos no setorpúblico. Das respostas recebidas, o governo dinamarquês pôde tirar con-clusões referentes a áreas críticas de política e a ações destinadas afomentar a confiança no governo.

Em contraste com o recebimento de respostas dos cidadãos, a interaçãoentre o governo e os cidadãos é mais intensa na consulta. A consulta ad

hoc diz respeito a um tema ou a tarefas específicos e é feita em umprazo limitado. Os governos usam as seguintes ferramentas para a

consulta ad hoc:

• Inclusão de cidadãos individuais em órgãos consultivos: Osgovernos podem solicitar a cidadãos individuais – como peritos ou repre-sentantes das Organizações da Sociedade Civil – que se filiem comomembros de órgãos revisores na avaliação de políticas ou programas dogoverno, como é comumente praticado, por exemplo, na Finlândia. Ainteração resultante entre o governo e os cidadãos é intensa. Ao mesmotempo, a interação é restrita a uma ou poucas pessoas selecionadas edepende de que ações elas tomem para informar e envolver um círculomais amplo de organizações ou grupos.

• Workshops, seminários, conferências: Esses eventos possibili-tam que o governo participe de uma troca direta com um grupo decidadãos e representantes de grupos de interesse. Durante os workshops,seminários e conferências, o governo pode apresentar informações, soli-citar aos participantes que respondam e então participem de debate aberto.O governo Irlandês realizou uma série desses eventos em todo o país

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quando introduz seu white paper sobre desenvolvimento rural. O gover-no coreano organizou diversos workshops de consulta sobre a reformagovernamental. Suas autoridades também participaram de seminários econferências, realizadas por Organizações da Sociedade Civil sobre otema, e relataram os inputs recebidos.

• Audiências públicas: Podem ser necessárias audiências públicasem certos processos de tomada de decisão (como em levantamentos deimpacto ambiental) ou para estabelecer uma prática na formulação depolíticas. São abertas não apenas para peritos e não peritos especifica-mente convidados, mas para todos os cidadãos que desejarem participar.Um painel liderado por uma autoridade do governo conduz os eventos.Os membros do painel podem ser designados pelo governo, pelas orga-nizações da Sociedade Civil e pelo Parlamento. Os formuladores de polí-ticas de alto nível podem participar, como os Comissários Europeus nocaso da consulta da UE sobre políticas ambientais específicas. O debatepode explorar o tema em uma estrutura mais ampla ou se concentrar naspropostas concretas de política.

• Plebiscitos não obrigatórios: Plebiscitos não obrigatórios podemser usados para uma consulta concreta de toda a população sobre umtema específico, com uma escolha de respostas. Os plebiscitos obrigató-rios vão além e colocam a decisão diretamente nas mãos dos cidadãos.Não estão, portanto, abrangidos por este manual (Ver o capítulo “Cons-

trua uma estrutura!)

Quando querem consultar os cidadãos de uma forma mais constante epermanente, os governos utilizam ferramentas para consulta per-

manente, como:

• Open hours: Essa ferramenta oferece aos cidadãos oportunidadesregulares para se encontrarem e conversarem com os formuladores depolíticas. Na Islândia, todos os ministros têm open hours uma vez porsemana em um determinado horário e local. Open hours possibilitam aconsulta direta, embora somente para um número limitado de pessoas.

• Grupos-amostra de cidadãos: Esses grupos são compostos decidadãos selecionados na base de amostragem representativa da popula-

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ção. Os governos consultam regularmente o grupo-amostra de cidadãospor meio de pesquisas pelo correio ou por telefone, entrevistas ouworkshops a fim de conhecer reações sobre diversas iniciativas de políti-ca. No Reino Unido, o Grupo do Povo (People’s Panel) é composto de5.000 cidadãos selecionados aleatoriamente e representativos da popula-ção em termos de idade, sexo e região.

• Comitês consultivos: São compostos de representantes do interes-se público designados por órgãos governamentais, com o objetivo degarantir ampla representatividade e propiciar um fórum para consultapermanente. Na Polônia, por exemplo, um conselho consultivo nacionalassessora o governo sobre políticas e temas de relevância para os porta-dores de deficiências. A Dinamarca criou 31 comitês com representantesde grupos de interesse, cada um cobrindo uma área específica das políti-cas da União Européia.

Ao escolher ferramentas para consultar e receber respostas dos cidadãos naformulação de políticas, certifique-se de que:

• A consulta é anunciada. Para que possam manifestar seus pontosde vista nas consultas, os cidadãos precisam tomar conhecimento dasmesmas. Os governos precisam informar amplamente os públicos sobredata, local e objeto da consulta antes de seu início.

• Os procedimentos escolhidos são aplicados. A escolha de quemserá consultado não é apenas crucial para a qualidade das respostas recebi-das, mas também para a eficácia da consulta. Se a seleção dos cidadãos eos participantes não for representativa e o critério usado for a sua proximi-dade com o governo ou suas autoridades, então os resultados serão semvalor e o exercício pode provocar a falta de confiança em lugar de aumen-to de confiança no governo. É preciso estabelecer, divulgar e respeitarregras claras, assim como fazer a seleção com transparência.

• Garantir o uso da contribuição recebida. Se os governos nãofizerem uso do input recebido, e desde o início não têm intenção fazê-lo,então a atividade não tem utilidade para o fortalecimento das relaçõesgoverno-cidadão.

• Levar em conta a demora. Os exercícios de consulta podem de-

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mandar tempo e podem gerar oposição e atrasos na formulação de polí-ticas. Convém planejar integralmente as consultas, definir claramente suasmetas e seus limites.

QUAIS FERRAMENTAS USAR PARA PARTICIPAÇÃO ATIVA?

A forma mais avançada de fortalecer as relações governo–cidadão é oenvolvimento dos cidadãos em participação ativa na formulação de polí-ticas. Significa que o governo reconhece e apóia o papel autônomo epróprio do cidadão nesse relacionamento. Os cidadãos participam noestabelecimento da agenda da política e na elaboração do diálogo entreeles mesmos e o governo, e podem preparar e propor opções políticas.Com isso, o governo abre mão, de forma expressiva, do controle exclusi-vo do conteúdo e dos canais de comunicação, permitindo que a parceriase desenvolva. Apesar da participação ativa significar que os cidadãospodem exercer influência significativa na formulação de políticas, a deci-são final ainda fica com o governo. Esse é um ponto crucial: nem aparceria e a participação ativa, nem a informação e a consulta reduzemos direitos e atribuições do governo para tomar decisões políticas. Osgovernos permanecem responsáveis pelas decisões que tomam – e sãoresponsáveis perante os parlamentos eleitos e os cidadãos, que são ossoberanos na democracia.

Além das iniciativas principalmente locais, como a chamada formula-ção de políticas interativas nos Países Baixos, os governos tambémcriam e experimentam ferramentas para a participação ativa no nívelnacional. Algumas dessas ferramentas se concentram no estabeleci-

mento da agenda política referente a um tema específico. Isso en-volve identificar e deliberar sobre temas específicos e aspectos refe-rentes a um tema e fazer recomendações. Essas ferramentas envol-vem profundamente um pequeno grupo de cidadãos não-peritos notema em questão. As ferramentas para engajar cidadãos na fixação

da agenda pública são:

• Conferências de consenso: Um grupo de 10 a 15 cidadãos reúne-se para questionar os peritos sobre um tema político. Após oquestionamento, discutem o tema entre eles. Ao final, apresentam publi-camente as conclusões que compartilham – o consenso. O grupo de

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cidadãos é selecionado aleatoriamente. São todos leigos (ou seja, não-peritos) com relação ao tema que analisarão. Essa ferramenta é ampla-mente utilizada em países como a Dinamarca e a Noruega, que realizamconferências de consenso sobre muitos aspectos da nova tecnologia, comoos alimentos geneticamente modificados.

• Júris de cidadãos: Essa ferramenta mais recente é bastante similaràs conferências de consenso, mas contém algumas diferenças importan-tes. O questionamento ocorre como em uma sala de julgamento, abertoao público em geral. O tempo para questionamento e deliberação émuito curto, e as conclusões não têm que produzir um consenso amplo.De antemão, o governo divulga amplamente a iniciativa – por exemplo,através de anúncio –, incluindo o procedimento de seleção dos membrosdo júri. O procedimento é aberto a não-peritos. Na França, um júri popu-lar participou de uma revisão geral do sistema de saúde.

Outro grupo de ferramentas envolve fortemente certos segmentosespecializados, em que se encontram principalmente representantes degrupos de interesse, como as Organizações da Sociedade Civil. As ferra-mentas levam a propostas concretas de políticas ou mesmo de coo-

peração na formulação e implementação de políticas. Devido à suanatureza restrita, sua capacidade de envolver cidadãos individuais é muitolimitada. As ferramentas para envolver segmento especializados são:

• Avaliação pelos participantes: Essa ferramenta coloca a avalia-ção de políticas governamentais nas mãos de um grupo de especialistase representantes de grupos de interesse e de Organizações da Socieda-de Civil. O governo permite acesso aos dados necessários e se compro-mete a publicar os resultados da avaliação. Os resultados contêm análi-se da política e recomendações atuais para mudanças na política. Ogoverno italiano fez com que associações de usuários realizassem avali-ações das atividades do governo para fortalecer suas relações com oscidadãos.

• Comissões tripartites tradicionais e grupos de trabalho con-

junto: Essas ferramentas reúnem um grupo selecionado de representan-tes especializados de entidades com um grupo com representantes go-vernamentais. O grupo então elabora propostas concretas para a formula-

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ção de políticas. Opera com autonomia e está freqüentemente sujeito acerto grau de sigilo até chegar a uma conclusão. Essas restrições limitama possibilidade dessa ferramenta em lograr um aumento da participaçãopopular. A conclusão pode ser um acordo sobre uma política ou umprojeto de lei alternativo e pode envolver implementação compartilhadaatravés de parcerias públicas-privadas, por exemplo. Uma ferramentatradicional nessa área são as comissões tripartites compostas por gover-no, empresa e trabalhador, como na Áustria e na Alemanha.

Visando envolver mais do que alguns cidadãos e especialistas, o go-verno emprega um grupo de ferramentas destinadas a alcançar umengajamento popular mais amplo. Essas ferramentas podem compreen-der recomendações, propostas políticas e cooperação na formulação eimplementação de políticas. Entre as ferramentas envolvendo

engajamento popular mais amplo encontram-se as seguintes:

• Grupos de trabalho abertos: Essa ferramenta utiliza estruturasidênticas e atinge resultados similares às comissões tripartites e gruposde trabalho conjuntos acima apresentados. Em contraste com essas abor-dagens tradicionais, os grupos de trabalho abertos operam publicamentee utilizam oportunidades para envolver partes mais amplas da população.O Governo de Flandres (Bélgica) estabeleceu grupos de trabalho conjuntoscom delegados de associações que representam ou ajudam os pobres adesenvolverem novas iniciativas políticas para combater a pobreza e aexclusão social. As reuniões se espelharam em processos locais sobre aprestação de serviços envolvendo cidadãos pobres e suas famílias.

• Visão participativa e desenvolvimento de cenário: Em um pro-cesso facilitado, um grupo de cidadãos, autoridades governamentais eperitos desenvolvem uma visão coerente, ou diversos cenários divergen-tes sobre os desenvolvimentos futuros. Os conjuntos de possíveis cenári-os futuros estão enfocados em um tópico e em uma área de políticaespecíficos, ou mesmo em unidades territoriais como cidades e países.As ferramentas de informação, como artigos, vídeos ou exposições, le-vam, então, a visão ou os cenários a um público mais amplo. Em combi-nação com a consulta e os instrumentos de participação, o desenvolvi-mento de visão e de cenários envolve os cidadãos num debate ativosobre opções políticas, contribuindo para a formulação de políticas. Di-

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versas cidades nos Países Baixos utilizaram essa ferramenta para envol-ver grandes grupos de cidadãos na formulação de políticas locais.

• Fórum de cidadãos: Um fórum de cidadãos reúne um grupo gran-de e amplo de representantes da sociedade civil em torno de uma áreaou assunto específico de política. Propicia uma estrutura para deliberar ecooperar, para desenvolver propostas de políticas, bem como para en-volver um número maior de cidadãos. O resultado dos fóruns de cidadãosé um input direto para política governamental e, novamente, atinge maisgrupos de cidadãos. Os fóruns de cidadãos podem tornar-se atividadespermanentes desenvolvidas pelas Organizações da Sociedade Civil. NaNoruega, o Fórum da Juventude para a Democracia reúne cidadãos comidades de 15 a 26 anos, muitos dos quais são representantes de organiza-ções de jovens. O fórum identifica barreiras que impedem os jovens dese envolverem em política e propõe novas políticas e providências. Oministro de assuntos da criança e da família recebe essas propostas dire-tamente.

• Processos de diálogo: Os processos de diálogo envolvem direta-mente um grupo amplo de cidadãos na formulação de políticas. Paratanto, usam diversas ferramentas adaptadas a diferentes fases do proces-so. Como exemplo, o input dos cidadãos pode ser reunido em uma sériede workshops abertos, interativos, realizados em todo o país, como noDiálogo Rural do Canadá ou no Processo de Diálogo, na estrutura doFórum nacional Canadense sobre Saúde. O input é usado em conferênci-as com peritos e representantes de grupos de interesse e do governo,que elaboram propostas de política. Essas propostas podem ser testadaspor meio de workshops de cidadãos, antes da proposta de política serfinalizada. As estruturas criadas para o processo de diálogo podem sertambém usadas para a participação ativa permanente.

Para ferramentas de participação ativa:• Providencie tempo e recursos adequados: Envolver os cidadãos

em participação ativa geralmente requer mais tempo e recursos do queas atividades de informação e consulta. Para os cidadãos se envolveremem diálogo inteligível, é necessário que possam desenvolver um altonível de conscientização e conhecimento. Freqüentemente também sãoenvolvidos em diversas fases do ciclo de política, como, por exemplo,

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nas fases de projeto e avaliação. Isso aumenta o tempo e os recursos queos governos precisam gastar em atividades de participação ativa.

• Garanta equilíbrio e justiça: Devido á sua forte influência sobre atomada de decisões, um processo equilibrado e justo é fundamental paraas ferramentas de participação ativa. A tentação de manipular pode seralta, com conseqüências danosas. Os governos podem querer avaliarantecipadamente os efeitos do uso dessas ferramentas sobre a tomada dedecisão.

• Lide com interesses divergentes: O envolvimento de grupos di-ferentes de cidadãos pode resultar em soluções também divergentes. Vera Parte III deste Manual (“Dez sugestões para ação”).

• Respeite o papel e os direitos dos poderes legislativos: Os par-lamentos são a arena principal para a representação dos interesses docidadão. Podem ser sensíveis a atividades que infringem seu papel edireitos. Os governos devem evitar usar ferramentas para a participaçãoativa que possam diminuir o papel e os direitos de poderes legislativos.Em alguns casos, incluir representantes do poder legislativo em ativida-des de participação ativa pode ser uma opção, assim como informar aoparlamento os resultados desses exercícios.

• Re-examine as características das ferramentas de consulta que

também se aplicam à participação ativa: Em princípio, a necessidadede divulgação adequada, a seleção representativa, a garantia do uso doinput e a possibilidade de atrasos para a tomada de decisão também seaplicam a algumas ferramentas de participação ativa. Os governos po-dem querer levar isso em conta para o planejamento e a implementaçãode participação ativa.

QUAIS FERRAMENTAS USAR PARA AVALIAÇÃO?

Os governos avaliam as atividades de informação, consulta e participaçãoativa a fim de aquilatar seu sucesso no fortalecimento das relações go-verno-cidadão. Verificam até onde essas atividades são eficientes, efica-zes e adequadas em vista dos objetivos antecipadamente estabelecidos.

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Para isso, os governos podem usar uma variedade de ferramentas, cujautilização lhes permite definir os dados que serão usados na avaliação(por exemplo, pesquisas de opinião pública) e como elas medem osucesso (por exemplo, através da medição do comparecimento e dasatisfação do cidadão com uma conferência). Entre as ferramentas de

avaliação estão:

• Revisões informais. Por meio de contatos informais com as OSC eos cidadãos – e ao perguntar e ouvir seus comentários –, as autoridadesgovernamentais recolhem uma impressão de como suas atividades foramrecebidas pelo público. Por meio de discussões abertas com o pessoal dogoverno, os gerentes seniores podem se informar de como as atividadessão avaliadas internamente. Essas revisões podem ser formalizadas eestendidas para workshops. Caso contrário essas revisões informais per-manecem simples ferramentas que não transmitem informações sistemá-ticas. Entretanto, dão algumas indicações sobre o sucesso das atividades.

• Coleta e análise de dados quantitativos. Os governos podemcoletar dados em diversas áreas relevantes, como o número de pedidosde documentos e produtos de informação, a quantidade e conteúdo dasreclamações e propostas recebidas, o comparecimento a eventos etc.Para coletar esses números nos ministérios e órgãos – e compará-los –, osgovernos precisam estabelecer procedimentos e medidas normativas. Naestrutura de sua Lei de Liberdade de Informação, a Noruega coleta dadosde todos os ministérios e do gabinete do Primeiro Ministro sobre todos ospedidos de documentos e sobre recusas e seus motivos.

• Análise dos participantes e pesquisas de opinião pública. Asanálises sobre os freqüentadores de eventos ou leitores de publicaçõesgovernamentais podem fornecer informações sobre como eles as usam esobre como vêem seu contato com o governo. Para a população maisampla, as pesquisas de opinião pública podem ajudar os governos adeterminar os efeitos de suas atividades. A Itália utiliza pesquisas paraavaliar o impacto de suas atividades de informação. O governo Suíçorealiza uma pesquisa de opinião pública após cada referendo, de forma aaprender mais sobre os motivos do voto dos cidadãos e sobre suas fontesde informação.

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• Revisões. São avaliações sistemáticas e intensivas de atividades.Podem envolver coleta diversificada e ampla de dados e análiseaprofundada. Essa ferramenta pode ser especialmente importante paraatividades altamente relevantes, dispendiosas, de natureza experimental,ou complexas. O Canadá e o Reino Unido realizaram avaliações intensi-vas de atividades amplas de consulta e identificaram muitos aspectos queexigiam melhoras, como a necessidade de melhor coordenação entreserviços e de participação de servidores civis de alto nível.

• Quem avalia? Os governos, é claro, realizam avaliações – é umaparte importante do fortalecimento das relações governo-cidadão. Se osgovernos quiserem ter uma perspectiva mais isenta sobre suas ativida-des, podem pedir que peritos independentes realizem avaliações. AFrança fez com que um comitê de peritos revisse o funcionamento de umjúri de cidadãos. Foram recomendadas diversas melhorias, como melhortreinamento e representação mais ampla, objetivos mais claros etc. Emalguns países, como o Reino Unido, comitês parlamentares realizamsuas próprias avaliações de atividades para fortalecer as relações gover-no-cidadão. Utilizando a própria avaliação como uma ocasião para forta-lecer suas relações com os cidadãos, os governos podem também solici-tar que os cidadãos ou os representantes da sociedade civil avaliemsuas atividades (ver seção “Quais ferramentas usar para participação ati-

va?”) Isso pode estimular percepções importantes e profundas sobre comoos grupos alvo entenderam os esforços do governo.

É claro que os governos precisam utilizar os resultados da avaliaçãopara que o esforço empregado na sua realização faça sentido. Uma vezfeita a avaliação, ela precisa ser divulgada no âmbito do governo. Issopode ocorrer via relatórios e apresentações. Os governos podemtambém decidir publicar os relatórios de avaliação, contribuindo assimpara uma maior transparência e responsabilidade. As exigências legaisou políticas podem tornar obrigatórias as avaliações e sua publicação,como nos Países Baixos ou na Espanha (ver seção “Que elementos de

avaliação aplicar?”). Finalmente, os governos podem aprender com aavaliação e modificar suas atividades ou políticas. Após a avaliaçãodas atividades de consulta, o governo Norueguês nomeou coordenadoresespeciais e organizou cursos especiais de treinamento para melhorar osresultados de suas atividades.

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Quando usar as ferramentas de avaliação, lembre-se de:• Definir antecipadamente as necessidades de dados. Esclarecer

a ferramenta e as bases antes de começar a avaliar: Em que tipo de dadosa avaliação se baseará? Quem coleta os dados e como? Como é medido osucesso? Quais são os indicadores? Quem irá avaliar? O que ocorrerá coma avaliação após ter sido feita?

• Investir na avaliação e desenvolver sua prática. Os investimen-tos em diretrizes, referências e treinamento podem ajudar a desenvolvera prática de avaliação (ver a seção “Quais elementos de avaliação apli-

car?”).

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APROVEITE A NOVA TECNOLOGIA DE

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC)

POR QUE TIC?

As novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) tornaram-se umimportante recurso dos governos para fortalecer suas relações com oscidadãos. Muitos governos têm grande esperança nelas. As TIC são com-

putadores ou outros terminais com monitores, bases de dados,

aplicações de software e redes para ligá-los. E, na realidade, as TICpodem propiciar ferramentas poderosas para o fortalecimento das rela-ções governo-cidadão.

Ao mesmo tempo, permanecem como tal – ferramentas – e não de-vem tornar-se um fim em si mesmas.

Além disso, são apenas uma entre outras ferramentas poderosas apre-sentadas na Seção “Escolha e use as ferramentas”. As ferramentas de TICsão relativamente novas e têm certas vantagens e limitações específicas– é por isso que são tratadas aqui em uma seção separada. A TIC atrai emerece atenção devido às suas características especiais:

• Mais, mais rápido, mais longe: As TIC codificam as informações

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em dados eletrônicos, calculam e tratam esses dados em velocidade altae crescente, e podem transmiti-los rapidamente e a um grande númerode receptores. Eletronicamente, as TIC permitem então que se faça mais,mais rápido, mais longe – automatizando procedimentos e transferindoresultados quase que instantaneamente para muitos lugares, mesmo dis-tantes, por exemplo, por e-mail e pela internet. Isso abre muitas oportu-nidades novas para tornar disponíveis as informações, para disseminá-lase recebê-las.

• Novas formas, voltadas para o usuário, de prover e organizar

informações: A TIC permite que você organize os dados de formasdiferentes e simultaneamente. Pode suportar simultaneamente hierarqui-as – como mapas de sites – e estruturas associativas – como índices elinks cruzados. Pode fazer isso mesmo no nível de pequenos bits deinformação, que de outra forma poderiam estar escondidos em textos oulistas longas. Isso permite que os governos forneçam e organizem infor-mações de formas novas, fáceis de usar.

• Multimídia e interação: A TIC possibilita a combinação de infor-mações de formas diferentes: textos, gráficos, efeitos sonoros e audiovisuais.A TIC possibilita ainda a interatividade e a escolha pelo usuário sobre comoabsorver as informações apresentadas e como reagir a elas. Essas capacida-des interativas e de multimídia abrem novas oportunidades para a apresenta-ção de informações em formas mais leves. Permitem também um consumode informações mais independente e menos pré-definido, bem como aprodução e compartilhamento de novos conhecimentos entre os cidadãos.

Essas qualidades levaram a um boom geral no uso de TIC por umagrande variedade de razões e para uma grande variedade de tarefas.Os governos apóiam o uso de TIC em seus países, de forma a fomentar asociedade da informação e manter suas economias competitivas. Ao mes-mo tempo, os governos fazem cada vez mais uso das TIC. Fazem issoespecialmente com a prestação de serviços on-line1, pela demonstraçãoe promoção do uso de TIC e pela comercialização e venda de seuspróprios arquivos de dados – de estatísticas nacionais até previsões detempo. Os governos estão também usando cada vez mais as TIC nofortalecimento de suas relações com os cidadãos. Entre os motivos que osgovernos da OCDE apresentam para seu interesse crescente estão: odesejo de estabelecer visibilidade e presença on-line e de prestar mais

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informações, de forma eficiente e eficaz. Alguns governos também co-meçaram a aplicar TIC para apoiar a consulta e a participação de cida-dãos na formulação de políticas.

Ao avaliar o impacto das TIC, diversos governos informaram que seuuso elevou a níveis bem superiores a resposta dos cidadãos – por exem-plo, no Japão e na Espanha, assim como na União Européia. Ao mesmotempo, os governos – por exemplo, na Noruega e na Suíça – acharamque seu contato com os cidadãos tornou-se mais rápido e informal. Asseções a seguir dão exemplos de como usar as TIC no fortalecimento dasrelações governo-cidadão, e em seguida examinam os limites de TIC e asformas de lidar com eles.

Quando usar TIC, preste atenção nestes pontos:• Como as estruturas e ferramentas de TIC precisam ser adapta-

das: TIC é uma área muito dinâmica. A base técnica para seu uso atualmelhora e se expande continuamente. As estruturas e ferramentas de TICpara o fortalecimento das relações governo-cidadão podem precisar serpermanentemente adaptadas.

• Que inovações técnicas surgem no horizonte: O advento denovas tecnologias já pode ser contemplado, como a televisão interativa,as redes móveis em alta velocidade etc. Essas tecnologias podem trazernovas oportunidades para o fortalecimento das relações governo-cidadãopela expansão da internet.

ESTRUTURAS PARA APOIAR O USO DAS TIC

Alguns governos começaram a expandir as estruturas legais, de política einstitucionais existentes, de forma a apoiar o uso das TIC. Como o usoamplo das TIC é razoavelmente recente, essas estruturas estão ainda

em um estágio inicial de desenvolvimento. Na maioria dos casos,dizem respeito a aspectos gerais da TIC, em vez de seu uso específicono fortalecimento das relações governo-cidadão. Esse é certamente ocaso das estruturas legais. Aqui, os governos estão introduzindo e revi-sando leis sobre diversos aspectos referentes a TIC, entre outros: promo-ção do uso de TIC, salvaguarda da privacidade, proteção de dados epossibilidade de transações on-line.

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Estruturas de política também se concentram nos aspectos gerais douso de TIC. Alguns tratam da questão como parte de políticas sobre e-

government (como, por exemplo, na Coréia e na Noruega) ou no contextode políticas sobre a modernização de serviços públicos (como, porexemplo, na França). Em alguns países, as estruturas de política tam-bém se referem diretamente a relações governo–cidadão. Envolvem,por exemplo:

• Promoção do uso de TIC para informação, consulta e partici-

pação ativa: As políticas sobre a preparação para a sociedade da infor-mação (como, por exemplo, na Dinamarca, Irlanda ou Suíça) podempromover ou exigir o uso da TIC pelos governos, para informação, con-sulta e participação ativa de cidadãos.

• Compromisso de publicar e consultar on-line: Alguns governosassumiram o compromisso de divulgar todas as informações do governoaté uma determinada data (como na Austrália, Canadá e Islândia). Podemtambém estabelecer a meta de empregar TIC em suas consultas aoscidadãos.

• Manuais e diretrizes apóiam uma abordagem coerente para o usode TIC por todo o governo e pela administração. Isso se aplica a critériosgerais técnicos, de formato e de conteúdo (como, por exemplo, no ReinoUnido, Países Baixos, Suíça), bem como a aspectos específicos, como aresposta a e-mails e revisões de avaliação de home pages (como naFrança e na Dinamarca).

O uso de elementos institucionais para TIC, pelo governo, podeser bem diferente de país para país. O uso de TIC pode ser organizadode forma centralizada ou descentralizada. A responsabilidade pode recairem departamentos ministeriais específicos, agências especiais (na Itália),ou representantes especiais (como no Reino Unido). Para apoiar umaabordagem descentralizada, os Países Baixos criaram recentemente umcentro interno de especialização no Ministério do Interior e Assuntos doReino. Ao usar TIC – seja para o fortalecimento das relações governo-cidadão, como de outra forma – os governos devem assegurar-se de quepossuem recursos técnicos, financeiros e humanos adequados.

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Ao formar estruturas para apoiar o uso de TIC, leve em consideração:• Até onde são necessárias disposições específicas para apoiar

as relações governo-cidadão: A maioria das estruturas nacionais seconcentra no apoio do uso de TIC em geral. No entanto, alguns elemen-tos específicos podem ser úteis no fortalecimento das relações governo-cidadão – por exemplo, declarações e manuais de políticas.

• Como se adaptar ao desenvolvimento dinâmico de TIC: Dada ataxa rápida de inovação no campo da TIC, as estruturas para apoiar o usode TIC nas relações governo-cidadão podem rapidamente se tornar ina-dequadas.

COMO PODEM AS TIC AJUDAR NA INFORMAÇÃO?

Informação é a área das relações governo-cidadão na qual as TIC têmsido mais freqüentemente usadas, até à presente data. Isso não surpreen-de, já que as TIC são ferramentas poderosas para o tratamento de dados.As administrações governamentais e públicas dispõem de grande quanti-dade de dados, que podem ser processados, disponibilizados e distribuí-dos rápida e eficientemente, graças às TIC. Isso também se aplica ainformações relevantes para a formulação de políticas. As principais

ferramentas de TIC que os governos usam para informação são:

• Web sites: No ano de 2000, em torno de 80 por cento de todas asunidades dos governo centrais de países membros da OCDE informaramter um web site, e a quantidade está aumentando. Em muitos países, todasas unidades do governo central têm seu próprio web site, como na Bélgica,Dinamarca, Irlanda, Japão, Coréia, Países Baixos, Suíça e Reino Unido.

• Portais: Alguns governos criam portais como front doors para aces-so a todas as ofertas do governo na Internet (como tem sido feito naIrlanda, Nova Zelândia, França e Bélgica). Isso oferece um ponto únicode acesso a diversos setores do governo central (em Portugal), bem comoa outros níveis de governo (como, por exemplo, na Noruega).

• Utilitários de busca, estruturas claras de site e links: Essasferramentas ajudam os usuários a encontrar rapidamente as informações

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que buscam. Estruturas claras de site e links para outros sites contendoinformações relevantes tornam a navegação mais fácil. Os utilitários debusca permitem que os usuários procurem documentos com entrada atra-vés de palavras chaves simples e gratuitas, propiciando-lhes uma relaçãode links e acesso direto aos documentos identificados. Os web sites dogoverno podem ainda oferecer diversos níveis de utilitários de busca pordepartamento, tornando mais fácil enfocar a pesquisa (como no Canadá).

• Quiosques eletrônicos: Os governos podem oferecer acesso ainformações públicas on-line através de quiosques eletrônicos e termi-nais de computador localizados em prédios públicos liberados para usopelos cidadãos (por exemplo, na Grécia, Portugal e México).

• CD-ROM, disquetes de computador: Os CD-ROM, como um dis-positivo de armazenamento off-line, facilitam o acesso a aplicativos com-plexos. Os governos de Portugal e Noruega, por exemplo, utilizam-nosem suas atividades de informação. Os disquetes são utilizados para divul-gar quantidades pequenas de dados eletronicamente e off-line.

Os governos utilizam essas ferramentas para publicar documentos eusam, também, muitos dos produtos de informação mencionados emQuais fer ramentas usar para informação. Os produtos de informação

comumente publicados e distribuídos através das TIC são:

• Documentos de proposta de políticas, projetos de lei e relató-

rios: Os governos da Áustria, Dinamarca e França, por exemplo, publi-cam propostas de políticas ou projetos de lei na internet. Os parlamentostambém publicam projetos de lei em seus web sites (como na NovaZelândia). Os governos publicam ainda avaliações e outros relatórios,nessa forma.

• Documentos oficiais, legislação corrente, informações orça-

mentárias, documentos de catálogo: Os governos como os deLuxemburgo e Áustria propiciam acesso livre on-line à legislação corren-te. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, publica na internetdocumentos sobre o orçamento do país (incluindo textos e gráficosexplicativos).

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• Processos e procedimentos para formulação de políticas: Mui-tos governos divulgam uma variedade ampla de informações relevantespara a formulação de políticas (notas de imprensa e discursos, estruturasgovernamentais e escalas legislativas) em seus web sites.

• Banco e arquivo de publicações: Como resultado da inserção dedocumentos oficiais e outros produtos de informação em seus web sites,os governos criam um banco e arquivo de publicações. Isso é muito útilpara os cidadãos, que podem transferir as informações eletronicamentepara seus computadores ou terminais.

O uso das ferramentas de TIC para armazenamento e distribuiçãorápida e eficiente das informações existentes faz sentido. Apenas isso,entretanto, não esgota todas as possibilidades das TIC. Na realidade, aTIC pode ser um suporte poderoso para os governos criarem e trocareminformações novas, tornar as informações mais acessíveis e presentes deformas inovadoras. Ao mesmo tempo, o uso de TIC deve ser integradocom as atividades tradicionais de informação.

Os governos podem inovar para tornar acessíveis, através de TIC, as informaçõesnovas ou não publicadas anteriormente, como:

• Dados oficiais sobre as estruturas e o pessoal do governo: Dentreesses, estão os detalhes de estruturas governamentais e os nomes, cargose endereços para contato de autoridades públicas específicas. A Suíça,México e Nova Zelândia, por exemplo, também propiciam orientaçãoon-line sobre estruturas, procedimentos e contatos no governo nacional eaté mesmo em organizações internacionais.

• Textos on-line adaptados e FAQ (Respostas a Perguntas Fre-

qüentes)): Países como o Canadá, têm colocado textos on-line espe-cificamente escritos para responder a usuários on-line, como as FAQetc.

• Informações pessoais: Para aumentar a transparência e a seguran-ça de dados, os Países Baixos estão explorando formas de possibilitarque os cidadãos obtenham acesso direto a suas próprias informaçõespessoais mantidas por autoridades governamentais, e as monitorem.

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Os cidadãos podem ter dificuldade de encontrar detalhes de informa-ções – mesmo se disponíveis em publicações tradicionais – por comple-xidades do acesso ou necessidade de conhecimento prévio de ondeprocurar. Os governos podem facilitar a busca e o acesso de infor-

mações através das seguintes atividades baseadas em TIC:

• Reorganização de catálogos, arquivos e acervos de documen-

tos existentes. Os governos, como o dos Estados Unidos, reorganizaramos catálogos, arquivos e acervos de documentos existentes, utilizando aspossibilidades de conexão de dados de TIC.

• Guias adaptados à internet e detalhes dinâmicos de procedi-

mentos administrativos: A Coréia publica guias adaptados à internet edetalhes de procedimentos administrativos em andamento; isso tambémajudou a aumentar a consulta a cidadãos. A Dinamarca coloca “em temporeal” on-line a situação das listas de espera para determinados serviçosde assistência à saúde.

• Navegação orientada para o usuário: Os governos agrupam, cri-am e apresentam informações sob títulos específicos que tornam maisfácil para os cidadãos encontrar seu caminho nos espaços virtuais dogoverno. Dessa forma, os países podem orientar os usuários para títulosdestinados a públicos específicos, como funcionários de empresas, peri-tos ou cidadãos etc. A Dinamarca orienta os usuários para tópicos eserviços específicos, ao agrupar informações sobre “eventos da vida”,como “ter um bebê” e “mudando de casa”. Dessa forma, os cidadãos nãoprecisam saber de antemão que unidades administrativas tratam dessesassuntos.

Os governos estão explorando formas de integrar medidas inovadoras comprodutos de informação mais tradicionais como, por exemplo, através de:

• Entretenimento: As TIC dão ao governo a possibilidade de tornarmais agradável aos cidadãos o acesso às informações com a utilização defilmes, seqüências de áudio ou de música, gráficos animados, jogos etestes. A versão on line do relatório anual do governo do Reino Unidoapresenta dez filmes explicativos sobre como as políticas são executadaspelo pessoal da linha de frente.

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• Perguntas e respostas interativas: Para a preparação da introdu-ção à nova moeda (o euro), a União Européia criou uma base de dadosinterativa, chamada Quest. A base de dados contém mais de 150 pergun-tas e respostas concisas e fáceis de ler sobre o euro, em onze idiomas. Asperguntas e respostas estão conectadas por meio de estruturas, índices,utilitários de busca e referências cruzadas diretas. A base de dados cres-ceu por meio de atualizações freqüentes com novas perguntas apresenta-das pelos cidadãos. É também usada como referência pelos speakers daUE, por exemplo, e está acessível em exposições sobre o euro, bemcomo no formato impresso.

• Integração de web sites e serviços telefônicos: O Reino Unidocombina um serviço factual, em linguagem simples, e informações sobrepolítica em um web site específico sobre o Sistema Nacional de Saúde.Ao mesmo tempo, o site é integrado a um serviço telefônico 24 horas.

Quando usar ferramentas TIC para dar acesso à informação, leve eem contaque é preciso:

• Atender à necessidade de gestão de informações. Colocar textose documentos novos e existentes nos web sites leva rapidamente a umaquantidade enorme de informações eletrônicas continuamente acessíveis.A capacidade do governo gerir e rever as informações precisa cresceradequadamente: Que textos e documentos estão disponíveis on-line equais não estão? Qual é a situação de cada um desses documentos: sãoatuais, ultrapassados ou precisam ser atualizados? São validados oficial-mente? Em que idioma? Nesse contexto, a gestão profissional de informa-ções e a capacidade de conectar o escritório central (web site) com oescritório de apoio (ou seja, os processos e procedimentos adotados pelogoverno) torna-se uma necessidade absoluta.

• Adaptar as informações aos pontos fortes e fracos da TIC: Osdocumentos que foram preparados originalmente para outras mídias –como versões eletrônicas de brochuras impressas, folhetos informativos,discursos ou documentos mais longos – não se adaptam bem às atuaistelas dos monitores de computadores. No atual estado do desenvolvi-mento da tecnologia, ler documentos eletrônicos pode se tornar cansativoe caro. As cópias eletrônicas de produtos de informação impressa podemser apropriadas para downloading, mas são menos adequadas para con-

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sumo direto através das TIC. Informação em texto é geralmente mais fácilde ler, em monitores, se for curta e concisa. De forma geral, compatibilizaras informações com a forma de apresentá-las permite maior eficiência emelhor resultado.

• Considerar as variações técnicas na ponta do usuário: Oequipamento dos cidadãos pode ter padrão diferente e software nãoatualizado.

• Considerar expectativas e demandas crescentes: Na TIC, a apli-cação mais recente de ontem pode rapidamente se tornar o padrão dehoje, e os meios desatualizados de amanhã. Ao mesmo tempo, as expec-tativas dos cidadãos de velocidade, extensão e formato da informaçãoestão crescendo. Os governos devem se preparar para atender rapida-mente às demandas e suas repercussões sobre recursos.

• Extrair lições da experiência: Muitos dos pontos que merecematenção quando se usam ferramentas tradicionais para o fornecimento deinformações (ver capítulo “Escolha e use as ferramentas”) também devemser observados no uso de ferramentas de TIC para informação.

COMO PODEM AS TIC AJUDAR NA CONSULTA E NA PARTICIPAÇÃO ATIVA?

Além das muitas formas de se usar TIC para fornecer informações, osgovernos também começaram a usar TIC para consultas aos cidadãos.Alguns deles até declararam que isso é uma meta explícita de suas polí-ticas de TIC (como na Noruega e nos Países Baixos).

As ferramentas TIC para consulta com os cidadãos incluem:• Caixas de correio: As caixas de correio eletrônicas dão aos cida-

dãos a oportunidade de enviar contribuições aos governos. Podem serendereços de e-mail para os quais os cidadãos podem escrever livre-mente. Podem existir diversas caixas de correio dedicadas a assuntosdiferentes. As caixas de correio na web podem oferecer formulários on-

line, com diferentes seções pré-definidas para serem preenchidas (comono Reino Unido).

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• Listas de distribuição de e-mail: Através dessas listas, os gover-nos fazem circular documentos, como projetos de políticas para partesinteressadas. Os cidadãos podem se inscrever nessas listas por meio deum web site. Após receber as informações, podem enviar suas reações ecomentários ao governo (como na Islândia).

• Fóruns de web e newsgroups: Apesar dessas ferramentas seremsimilares a listas de distribuição de e-mail, apresentam uma diferençadecisiva: os cidadãos podem conhecer as reações de todos os participan-tes e podem, por sua vez, reagir e interagir. O web site do governo daRepública Tcheca apresenta um fórum on-line sobre seu programa dereforma administrativa. A Coréia instalou um sistema de discussão sobreseu processo de planejamento orçamentário, que recebe aproximada-mente 5.000 comentários por ano. Os governos podem deixar esse inter-câmbio completamente aberto, usar facilitadores ou empregar moderado-res para detectar e eliminar comentários ofensivos. O governo da Finlân-dia abriu um fórum de política na web no qual os cidadãos não tinham umregistro – a experiência mostrou que os moderadores só tinham queintervir em poucas oportunidades (por exemplo, para remover comentá-rios racistas).

• Eventos de chat ao vivo on-line: As listas de e-mail e os fóruns daweb são divulgados durante longos períodos, havendo, de forma geral,um time-lag na interação dos usuários. Em contraste, os eventos de chat

ao vivo oferecem aos participantes a possibilidade de trocar pontos devista de imediato, ao vivo e em “tempo real”, em um determinado perío-do – geralmente duas horas. O Ministro da Educação da Dinamarca man-tém um chat on-line uma vez por semana. A União Européia, ocasional-mente, oferece chats abertos, em diversos idiomas, com os Comissários.Por vezes, os governos restringem o número de participantes para 12-15de forma a permitir uma conversa em grupo mais consistente.

• Pesquisas: Os governos podem também realizar pesquisas sobre aqualidade de seus serviços ou sobre questões de política, em seus web

sites ou por meio de e-mails. Apesar dessas pesquisas poderem oferecerinsights interessantes, são raramente representativas da população comoum todo.

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As TIC estão começando a ser usadas pelos governos para consultasem diversos assuntos. Especialmente na fase inicial de uso dessa novaavenida, os próprios tópicos escolhidos pelos governos estão ligados anovas tecnologias de informação e comunicação. Esse foi o caso na Dina-marca, Noruega, Irlanda e Reino Unido, onde questões como projetos delei sobre comércio eletrônico foram assunto de consulta on-line. Tendoem vista que muitos funcionários do governo, os cidadãos e os represen-tantes de grupos de interesse envolvidos nessa área provavelmente seinteressam pessoalmente por TIC, aqueles tópicos favorecem as iniciati-vas exploratórias do governo e a primeira experiência com consulta on-

line aos cidadãos. Ao mesmo tempo, esses tópicos – e o uso de TIC –também limitam a extensão do público atingido. Alguns cidadãos podemsimplesmente não estar on-line, ou podem desconhecer completamenteo exercício de consulta. Para elevar a conscientização pública sobre asoportunidades oferecidas pela consulta on-line, o Canadá começou aenvolver cidadãos e organizações da sociedade civil no projeto de ativi-dades de consulta apoiadas por TIC.

O uso de TIC por cidadãos ativamente envolvidos na formula-

ção de políticas é, até agora, a área menos desenvolvida das atividadesque usam TIC para fortalecer as relações governo–cidadão. É uma áreaainda amplamente inexplorada. Entretanto, algumas ferramentas TIC

que permitirão aos governos envolver os cidadãos ativamente, es-

tão começando a emergir, tais como:

• Ligação externa: os governos podem criar links a partir de seusweb sites com web sites externos. Estes podem ser sites de Organizaçõesda Sociedade Civil (OSC), de grupos de interesse, de cidadãos individuaisou, como no caso do site do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido,da mídia. Chamando a atenção ou até mesmo publicando os pontos devista de política que não são necessariamente os seus – ou até mesmoopostos –, os governos adotam uma abordagem aberta à formulação depolíticas. Dessa forma, apóiam efetivamente o estabelecimento de agen-da conjunta com cidadãos e a sociedade civil e fomentam o intercâmbioaberto.

• Uso de fóruns do governo na web e chats on-line: Essas ferramen-tas de consulta a cidadãos podem, em princípio, ser também usadas para

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envolvê-los ativamente na formulação de políticas. Para tanto, os governosprecisam fomentar o desenvolvimento de propostas de políticas em coope-ração com cidadãos, por meio de seus próprios fóruns na web e chats.

• Uso de fóruns de cidadãos na web e chats on-line: O governopode considerar a participação no diálogo com os cidadãos não somentenos seus web sites, mas também nos web sites dos cidadãos. Mesmo queessas oportunidades não sejam sempre fáceis de identificar, podem serum meio importante para os governos alcançarem e envolverem os cida-dãos na formulação de políticas.

• Jogos interativos e planejamento de cenários: Os governos po-dem criar formas inovadoras de usar TIC para envolver os cidadãos nodesenvolvimento de opções de políticas ou propostas, por meio de jogoson-line e planejamento de cenários – como fez a cidade de Tampere, naFinlândia, com relação aos planos de desenvolvimento urbano.

• Espaços de trabalho virtual: Os governos da Finlândia e do Cana-dá têm criado espaços de trabalho virtual na forma de grupos de trabalhoon-line, com bibliotecas virtuais e arquivos, para os cidadãos se envolve-rem na formulação de políticas do governo. O governo do Canadá criouum web site específico para esse fim – em cooperação com organizaçõesparceiras que representem cidadãos que o governo busca envolver (porexemplo, os jovens).

Quando usar ferramentas TIC para consulta e participação ativa, leve emconsideração:

• O uso de aplicativos de coleta de dados e análise: Esses softwares

podem oferecer ajuda valiosa na coleta, compilação e análise do proces-so de informações ao público e seu retorno.

• O envolvimento dos cidadãos na concepção de projetos: En-volver os cidadãos e representantes de organizações da sociedade civilna fase de concepção das atividades de consulta pode aumentar muito aschances de uma maior participação.

Precaução na a moderação e facilitação: A moderação ou facilita-ção das atividades de consulta eletrônica podem ser necessárias para

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garantir que todos os participantes tenham uma chance de ser ouvidos eque nenhum comentário ilegal ou inapropriado perturbe o exercício. Noentanto, a linha entre a moderação e a censura pode ser fina e a censuracontradiz a idéia de consulta pública livre e aberta. Os governos preci-sam levar cuidadosamente essas questões em consideração quando damoderação ou facilitação de atividades de consulta on-line.

• Experiência anterior: Muitos dos pontos a serem observados quandose usam ferramentas tradicionais para consulta e participação ativa (vercapítulo “Escolha e use as ferramentas”) – bem como Ferramentas TIC

para informação (ver seção anterior) – também podem ser aqui aplica-dos.

COMO USAR TIC PARA AVALIAÇÃO?

Com suas capacidades poderosas de processar dados, a TIC é uma ajudavaliosa para a avaliação de informações, consulta e atividades de partici-pação ativa – quer sejam baseadas em TIC ou não. As TIC podem ajudarna coleta de dados, na preparação de análises quantitativas e na gestãode informações. As ferramentas para avaliar as atividades apoiadas porTIC para fortalecer as relações governo-cidadão fazem uso de TIC, mastambém envolvem elementos de ferramentas de avaliação mais tradicio-nais. Entre as ferramentas que apóiam a avaliação estão:

• Aplicativos de software como, por exemplo, entrada para dados,armazenamento, análise e fluxo de trabalho.

• Estatísticas na web: Os governos podem coletar estatísticas deta-lhadas e abrangentes sobre, por exemplo, o uso do web site para avaliarquantitativamente suas atividades de TIC (como no México). Os aplicativosde software permitem a coleta automática e a informação regular dessasestatísticas.

• Resposta do usuário: Alguns países, como o Reino Unido e aFrança, solicitaram especificamente aos usuários de seus web sites queforneçam informação detalhada de sua experiência. As ferramentas TICpara isso são similares às utilizadas na consulta.

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• Re-exame dos web sites: Estudos de revisão oferecem oportuni-dades para uma avaliação qualitativa mais profunda do uso de TIC. NaFrança, a pedido do governo nacional, agências independentes realizamestudos extensos de avaliação nos web sites do governo, utilizando umagrade de mais de 120 critérios e indicadores de qualidade.

Quando usar TIC em avaliação, tenha em conta:• A avaliação baseada em TIC está ainda na sua infância: Atual-

mente, as ferramentas de TIC somente podem oferecer suporte limitadopara avaliação. O desenvolvimento dinâmico da TIC pode, entretanto,levar rapidamente a ferramentas mais poderosas, que sejam também maisadaptadas às necessidades específicas de esforços de avaliação para for-talecer as relações governo–cidadão.

• As TIC não podem realizar avaliação automática: A TIC podeajudar na avaliação e pode ser usada para automatizar muitas tarefas quede outra forma, comparadas com ela, seriam demoradas (como a coleta eanálise de dados). A preparação e o resultado do suporte de avaliação deTIC, entretanto, necessita de planejamento humano e análise para forne-cer informações úteis.

QUAIS SÃO AS LIMITAÇÕES DAS TIC E COMO LIDAR COM ELAS?

Apesar das muitas vantagens e oportunidades oferecidas pelas TIC parainformação, consulta e participação ativa, o uso de TIC também tem seuslimites. Os governos devem estar conscientes desses limites se preten-dem que suas atividades apoiadas por TIC fortaleçam as relações gover-no-cidadão. A relação dos principais limites é longa e significativa.

• Barreira digital: A barreira digital se refere à distância entre os quetêm e os que não têm acesso a TIC (e especialmente à internet). Essaseparação existe entre os indivíduos com níveis diferentes de renda,escolaridade, sexo e idade. Existe também entre lares, empresas e áreasgeográficas e países. Em janeiro de 2000, o percentual de cidadãos comassinaturas em provedores de internet variava amplamente, de 20 porcento no Canadá, Dinamarca e Coréia para cerca de 2 por cento naRepública Tcheca, Grécia, Hungria e México. Com relação a TIC, a bar-

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reira digital marca a diferença entre os possuidores de informação” e os“não-possuidores de informação”. Trata-se de uma limitação significativapara quaisquer planos governamentais que pretendam usar exclusiva-mente as TIC para atingir os cidadãos, e levanta a questão de comogarantir igualdade de acesso a todos os cidadãos.

• Utilização por grupos especiais: Alguns grupos da sociedadetêm problemas específicos no acesso e uso de TIC. São, por exemplo,pessoas com deficiências, os mais idosos e grupos de minorias em que alinguagem pode ser uma barreira.

• Treinamento dos cidadãos em computador e TIC: Mesmo que oscidadãos tenham acesso às TIC, isso não significa que saibam como usá-las.É possível que as TIC, no futuro, se tornem mais fáceis de ser usadas,através de televisores interativos, por exemplo. Por enquanto, entretanto,as TIC exigem que os usuários tenham aptidões específicas e “saibam usarcomputador”. Essas são aptidões que não se adquirem de um dia para ooutro e provavelmente não serão disseminadas no futuro imediato.

• Capacidade humana no governo: O treinamento em computadorpode ser também um problema do lado do governo. Nos países membrosda OCDE, uma média de mais de 50% dos empregados públicos nogoverno central têm acesso a um computador em seu local de trabalho –em alguns países o número é de 100% (como, por exemplo, na Austrália,Finlândia, Canadá, Dinamarca e Países Baixos, Suíça, Japão). Mesmo queesses números sejam mais altos do que os do público em geral, o usoativo das TIC nas relações governo-cidadão também demanda maioresníveis de capacitação. O uso de TIC provavelmente também aumentará aquantidade de informações a processar, o que poderá sobrecarregar osrecursos humanos, bem como os recursos técnicos.

• Capacidades técnicas: Utilizar TIC para apoiar a informação, aconsulta e a participação ativa requer equipamento técnico adequado deambos os lados: o do governo e o dos cidadãos. Quando as atividadestiverem sucesso, as necessidades técnicas do lado do governo aumenta-rão rapidamente. Além disso, os sistemas de TIC usados para fortaleceras relações governo–cidadão podem não ser, necessariamente, compatí-veis com os sistemas de TIC anteriores usados no governo.

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• Custos e limites financeiros: Em comparação com outras ferra-mentas, a TIC usualmente parece ser uma atividade que economiza cus-tos. Esse pode, realmente, ser o caso. Ao mesmo tempo, maiores deman-das e expectativas em termos de quantidade, qualidade e pontualidadepodem anular as economias de custo.

• Questões de situação legal e responsabilidade: A estrutura legale política para algumas atividades baseadas em TIC não foram aindatotalmente desenvolvidas. Isso diz respeito, por exemplo, ao papel e àsituação legal das autoridades do governo durante as ações on-line deconsulta e participação. Por outro lado, isso causa preocupação com rela-ção à responsabilidade daquelas autoridades.

• Privacidade e segurança: As questões de privacidade e segu-rança de dados são a principal fonte de preocupação para os cidadãos– e devem ser consideradas, se se pretende que o uso de TIC parainformações on-line , consulta e participação atenda ao que dele seespera.

• Peculiaridades do meio: TIC são um meio eletrônico e funcionamatualmente com displays eletrônicos. Não criam contato direto entre aspessoas. As TIC dependem de fornecimento de energia e boas conexõesde telecomunicações para funcionarem apropriadamente. Essas e outrasparticularidades criam limitações para o uso de TIC no fortalecimento dasrelações governo-cidadão, para as quais, em muitos casos, os meios não-eletrônicos podem oferecer vantagens comparáveis.

Esses limites não devem fazer com que os governos se assustem como uso das TIC, que podem oferecer grandes ferramentas para o fortaleci-mento das relações governo-cidadão. Ao mesmo tempo, entretanto, énecessário lidar com suas atuais limitações. As medidas para lidar com

essas limitações são:

• Garantir o acesso: O governo pode criar acesso mais amplo à TICcolocando PC conectados ou quiosques eletrônicos em bibliotecas públi-cas (como na Dinamarca, Irlanda e Países Baixos), em escolas públicas(como no Canadá), em asilos para idosos (como na Finlândia) e em outrosespaços públicos (como, por exemplo, no México e Grécia).

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• Atender às necessidades especiais: Tecnologias de reconheci-mento de voz para os deficientes visuais, como na Áustria e Dinamarca,ou apoio especial para os mais idosos, como na Noruega, são formas deajudar grupos especiais no acesso e uso de TIC. É política do Governo dePortugal que seus web sites garantam acessibilidade a deficientes.

• Familiarização com o suporte: Os governos podem levantar aconscientização e promover a familiarização com TIC por meio de apre-sentações e treinamento locais, a exemplo dos centros comunitários e deum cyberbus touring, nos Países Baixos.

• Medidas técnicas, de treinamento e de organização, dentro do

governo: Buscando suplantar as limitações técnicas internas de TIC, osgovernos estão desenvolvendo esforços para propiciar equipamento téc-nico adequado e atualizado e para garantir a interoperabilidade entre asunidades governamentais e os sistemas TIC existentes (como no Japão ena Turquia), bem como procurando meios para criar uma infra-estruturade TIC segura (como, por exemplo, no Canadá). O treinamento e osuporte de TIC ao pessoal fortalecem a capacidade humana interna dosgovernos. A coordenação organizacional pode ajudar a garantir o sucessodesses esforços.

• Previsão e planejamento estratégico: Para evitar que os investi-mentos dos governos em TIC, geralmente pesados, apresentem falhas emaus resultados financeiros, a previsão e o planejamento estratégico po-dem identificar riscos e ajudar a desenvolver estratégias eficazes paraantecipar e evitar problemas.

• Emendas legais e políticas para garantir a privacidade e a se-

gurança: As emendas à legislação e às políticas existentes sobre, porexemplo, dados pessoais, autenticação etc. podem esclarecer questõesabertas nessas áreas e propiciar maiores garantias aos cidadãos.

• Integrar ferramentas de TIC com as ferramentas tradicionais:

Mesclar e integrar as ferramentas de TIC com as ferramentas mais tradici-onais para fortalecer as relações governo–cidadão (ver “Como selecionarferramentas e atividades?) pode ser uma forma interessante a ser adotada.Os governos podem experimentar e colher os benefícios das novas opor-

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tunidades através de TIC, mantendo, ao mesmo tempo, suas atividadestradicionais e até mesmo utilizando TIC para apoiá-las. Dessa forma, osgovernos não são apanhados nas limitações de TIC. Entretanto, quandoda aplicação dessa estratégia dupla, voltada para a integração, os gover-nos têm que ter cuidado especial para gastar recursos sensatamente.

Em suma, até certo ponto os governos podem reduzir algumas limita-ções do uso de TIC. Outras limitações, entretanto, como a divisória digitale as particularidades do meio, devem permanecer bastante fortes, porenquanto. Os governos precisam, assim, reconhecer a existência

de limitações ao usar TIC no fortalecimento das relações governo–

cidadão.

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PONHA OS PRINCÍPIOS EM PRÁTICA

Ao montar uma estrutura, elaborar um planejamento estratégico e utilizarferramentas e TIC, os governos necessitam de princípios para orientarsuas ações. Com base na experiência dos países membros, o Grupo deTrabalho sobre Fortalecimento das Conexões Governo-Cidadão, da Orga-nização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), pro-põe um conjunto de dez princípios orientadores para que as atividadesde informação, consulta e participação ativa na formulação de políticassejam bem-sucedidas. Esses princípios representam os elementos essen-ciais para a prática correta em países da OCDE e estão estipulados inte-gralmente no Resumo de Política (disponível on-line, ver Parte IV paramaiores detalhes).

Esses princípios são decisivos para o sucesso. Reconhecer sua impor-tância não é suficiente. O sucesso provém da sua efetiva prática. Estecapítulo mostrará como fazê-lo. Como os princípios estão também pre-sentes em todo o manual, você encontrará referências a outras seçõespara revisão posterior.

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1. COMPROMETIMENTO

A liderança e o firme comprometiment com a informação, consulta eparticipação ativa na formulação de políticas ssão necessários em todosos níveis, dos políticos aos gestores as autoridades públicas.

Para pôr esse princípio em prática:• Eleve a conscientização entre os políticos de seu papel na pro-

moção aberta, transparente e responsável na formulação de políticas. Porexemplo, forneça exemplos de boa prática de outros países; organizeeventos especiais; divulgue iniciativas bem-sucedidas etc.

• Propicie oportunidades para a troca de informações entre ge-

rentes seniores, por exemplo, com a realização de reuniões regulares,revisões pelos pares e com a aplicação de ferramentas para avaliação dedesempenho e gestão do conhecimento.

• Propicie apoio dirigido às autoridades públicas por meio de,por exemplo, treinamento, códigos de conduta, normas e promoção daconscientização geral. Iniciativas especiais, como esquemas de premiação,podem apoiar essa atividade.

Veja também o capítulo “Construa uma estrutura”.

2. DIREITOS

Os direitos do cidadão de ter acesso informações, dar contribuições, serconsultado e participar ativamente na formulação de políticas devem serfirmemente baseados na lei ou em políticas. A obrigação do governo deresponder ao cidadão no exercício dos seus direitos deve ser tambémclaramente estabelecida. É essencial para a vigência desses direitos afiscalização por parte de autoridades independentes, ou seu equivalente.

Para pôr esse princípio em prática:• Garanta que as autoridades conheçam e apliquem a lei: Serão

úteis o apoio (por meio de, por exemplo, treinamento, site da intranetsobre boas práticas) e a orientação (através de um programa centralizadode ajuda, por exemplo).

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• Fortaleça instituições independentes para fiscalização: A fis-calização pode ser oriunda de procedimentos estabelecidos (por exem-plo, revisão parlamentar) ou de órgãos especializados (por exemplo,Ombudsman).

• Eleve a conscientização pública: Use meios de informação (pu-blicidade em televisão, folhetos, show cases, etc.), educação (por exem-plo, em escolas) e parcerias (com organizações da sociedade civil).

Veja também “Qual é o preço?” (Parte I), e a seção “Desenvolverquais capacidades gerais?” em “Construa uma estrutura” (Parte II).

3. CLAREZA

Os objetivos e os limites do sistema de informação, consulta e participa-ção ativa na formulação de políticas devem estar bem definidos desde oinício. Os respectivos papéis e responsabilidades dos cidadãos (de res-ponder) e do governo (nas tomadas de decisão que lhes incumbem)devem ser claros para todos.

Para pôr esse princípio em prática• Evite criar falsas expectativas: Desde o início, e enquanto você

puder, defina e comunique seus objetivos (tais como conhecer as prio-ridades de políticas dos cidadãos ou desenvolver soluções políticasconjuntas). Especifique comprometimentos (como, por exemplo, publi-car resultados de pesquisas) e o peso relativo a ser dado ao inputpúblico (como, por exemplo, obrigações assumidas em tratado interna-cional).

• Forneça informações completas sobre onde encontrar materiaisrelevantes de contribuições (de fontes governamentais ou não-governa-mentais), sobre como apresentar comentários (por exemplo, oralmenteem uma audiência pública, por escrito, por e-mail), sobre qual é o pro-cesso (por exemplo, metas-chave, pessoas para contato principal), bemcomo sobre quais são os próximos passos para a tomada de decisão.

Veja também “Planeje e atue estrategicamente” (Parte II) e Sugestão 3(Parte III).

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4. PRAZO

No processo político.,a consulta pública e a participação ativa devem serrealizadas tão logo seja possível.. Isso permite que surja uma grandevariedade de soluções políticas. Promove, ainda, as chances de sucessona implementação. Deve haver prazo suficiente para que a consulta e aparticipação sejam eficazes. A informação é necessária em todos os está-gios do ciclo político.

Para pôr esse princípio em prática:• Comece cedo a avaliação das necessidades de informações e a

identificação de ferramentas apropriadas para envolver os cidadãos emcada estágio do processo de formulação de políticas. Planeje com antece-dência a informação e o envolvimento público no ciclo político.

• Seja realista ao prever prazo suficiente para as informações públicase a consulta nos cronogramas de tomada de decisão. Garanta que o prazopara consulta esteja estreitamente relacionado à realidade dos calendáriosgovernamentais para a tomada de decisão (por exemplo, com relação aosprogramas legislativos ou prazos para negociações internacionais).

Veja também a Sugestão 4 (Parte III).

5. OBJETIVIDADE

As informações fornecidas pelo governo durante a formulação de políti-cas devem ser objetivas, completas e acessíveis. Todos os cidadãos de-vem ter tratamento igual quando exercerem seus direitos de acesso àsinformações e à participação.

Para pôr esse princípio em prática:• Estabeleça padrões para os serviços de informações públicas (como

os fornecidos pelos servidores civis profissionais) e produtos (por exem-plo, projetos de diretrizes). Faça cumprir as normas por meio de revisãoe monitoramento interno pelos pares. Estabeleça procedimentos clarospara consulta pública, provisão de diretrizes e treinamento para autorida-des públicas (por exemplo, códigos de conduta) e considere alternativas(por exemplo, nomeação de facilitador independente).

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• Garanta o acesso utilizando canais múltiplos para informação (fo-lhetos, publicidade em televisão, internet etc.) e consulta (por exem-plo, escrita e oral). Proveja informações em linguagem clara e direta.Adapte procedimentos de consulta e participação às necessidades doscidadãos (por exemplo, audiências públicas realizadas após os horáriosde expediente).

• Estabeleça e mantenha direitos de apelação ao introduzir e pu-blicar opções para que os cidadãos possam exercer seus direitos deacesso à informação, consulta e participação, como, por exemplo, proce-dimentos para reclamação, revisões judiciais e intervenções peloOmbudsman.

Veja “Quais elementos de informação aplicar?” em “Construa uma es-trutura” (Parte II) bem como a Sugestão 2 e 3 (Parte III).

6. RECURSOS

São necessários recursos financeiros, humanos e técnicos adequados paraque a informação, a consulta e a participação ativa na formulação depolíticas sejam eficazes. As autoridades governamentais devem ter aces-so a técnicas especializadas, orientação e treinamento apropriados.. Umacultura organizacional que apóie seus esforços é muito importante.

Para pôr esses princípios em prática:• Estabeleça prioridades e aloque recursos suficientes para projetar

e realizar as atividades, incluindo recursos humanos (por exemplo, tem-po do pessoal interno, peritos externos), financeiros (por exemplo, paracobrir os custos e taxas de publicação) e técnicos (por exemplo, vídeo-conferência).

• Crie aptidões por meio de programas de treinamento específicos(sobre como elaborar folhetos com informações, moderar uma mesa re-donda pública etc.), manuais práticos e eventos para troca de informa-ções.

• Promova valores de relações governo–cidadão em toda a admi-nistração, pela sua divulgação (por exemplo, na forma de cartas) e dando

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exemplos (por exemplo, por meio da participação direta para autorida-des seniores e políticos).

Veja também “Quais capacidades gerais desenvolver?” em “Cons-trua uma estrutura” e “E os recursos?”, em “Planeje e atue estrategi-camente”.

7. COORDENAÇÃO

Iniciativas para informar cidadãos, solicitar sua resposta e consultá-losdevem ser coordenadas no governo. Isso valoriza a gestão do conheci-mento, garante a coerência política, e evita duplicidades. Reduz ainda orisco de “fadiga da consulta” – reações negativas devidas a demasiadasobreposição de consultas realizadas precariamente – entre cidadãos eorganizações da sociedade civil. Os esforços de coordenação não devemreduzir a capacidade das unidades do governo de garantir a inovação e aflexibilidade.

Para pôr esse princípio em prática:• Fortaleça as capacidades de coordenação: Por meio de instru-

mentos como site dedicado na Internet, você pode possibilitar que asautoridades oficiais e os cidadãos saibam que ações de informações,consultas e participação estão em andamento no governo em um dadomomento. As diretrizes e o treinamento podem ajudar a assegurar que oscidadãos utilizem os mesmos padrões quando interagem com partes dife-rentes da administração.

• Construa redes de autoridades públicas responsáveis pelas ativida-des de informação, consulta e participação. As reuniões regulares sãouma base para isso. As redes podem agregar aptidões (por exemplo,com base de dados on-line de nomes e áreas de experiência) e possibi-litar o compartilhamento de experiências (como as experiências do go-verno local ou de outros países).

• Incentive a inovação: Identifique e divulgue exemplos de boaspráticas (via uma unidade central de política, web site de notícias regula-res etc.) e práticas inovadoras de recompensa (como, por exemplo, umprêmio anual).

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Veja também “Quais elementos de informação aplicar?” em “Construauma estrutura” (Parte II).

8. RESPONSABILIDADE

Os governos têm obrigação de se responsabilizar pelo uso que fazem daresposta recebida oferecida pelos cidadãos – seja por meio de contribui-ções, consulta pública ou participação ativa. Para aumentar essa respon-sabilidade, os governos necessitam garantir um processo aberto e trans-parente de formulação de políticas, sujeito a inspeção externa e revisão.

Para pôr esse princípio em prática:• Dê indicações claras sobre a programação para a tomada de deci-

são, sobre como os cidadãos podem fornecer seus comentários e sugestões(por exemplo, através de informações, folhetos, audiências públicas) esobre como seu input foi acessado e incorporado às decisões adotadas (porexemplo, com um relatório resumido ou sessão de instruções final).

• Esclareça responsabilidades e atribua tarefas específicas a deter-minadas unidades ou autoridades públicas (por exemplo, para a prepara-ção de informações, ou para informe). Garanta que essas responsabilida-des sejam de conhecimento público (por exemplo, fornecendo endere-ços de e-mail para contato no site da internet).

Veja também “Construa uma Estrutura” e “Quais Ferramentas usar paraavaliação” em “Escolha e use as ferramentas” (Parte II) e Sugestão 9 (Parte III).

9. AVALIAÇÃO

A avaliação é essencial para que a formulação de políticas se adapte anovas exigências e a condições mutáveis. Os governos necessitam deferramentas, informações e capacidade para avaliar seu desempenho nofortalecimento de suas relações com os cidadãos.

Para pôr esse princípio em prática:• Colete dados sobre aspectos-chave das iniciativas de informação,

consulta e participação (por exemplo, reclamações recebidas) e faça

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planos para a coleta de dados desde o início (por exemplo, por meio depesquisas periódicas de opinião pública, número de participantes emaudiências públicas).

• Desenvolva ferramentas apropriadas para avaliação. Isso podeser feito, por exemplo, por meio de grupos de trabalho interdisciplinaresde peritos sobre consulta, avaliação e auditoria. Promova o uso de ferra-mentas.

• Envolva os cidadãos nos eventos específicos de avaliação (porexemplo, por meio de questionários) bem como nos esforços governa-mentais gerais para fortalecer as relações governo-cidadão (por exem-plo, com um painel de revisão).

Veja também “Quais elementos de avaliação aplicar?” em “Construiruma estrutura”; veja “Como planejar avaliação e redesenho?” em “Planejee atue estrategicamente”; veja “Quais ferramentas usar para avaliação”em “Escolha e use as ferramentas” e, finalmente, veja “Como avaliar comTIC” em “Aproveite a nova tecnologia da informação e comunicação(TIC)” (Parte II).

10. CIDADANIA ATIVA

Os governos se beneficiam de cidadãos ativos e de uma sociedade civildinâmica. Podem tomar medidas concretas para facilitar o acesso pelocidadão à informação e à participação, aumentar a conscientização efortalecer a educação cívica e as aptidões. Podem apoiar a construção decapacidades entre as organizações da sociedade civil.

Para pôr esse princípio em prática:• Invista na educação cívica para adultos e jovens (por exemplo, através

de escolas, eventos especiais, campanhas de crescimento de conscientização).Apóie iniciativas realizadas por outros com o mesmo objetivo (por exem-plo, patrocínio de eventos de organizações da sociedade civil).

• Incentive a sociedade civil desenvolvendo uma estrutura legal deapoio (com direitos de associação, incentivos fiscais etc.), provendo as-sistência (com subvenções e treinamento), fomentando parcerias (comprojetos conjuntos, prestação de serviço delegado, etc.) e propiciando

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oportunidades regulares para diálogo – por exemplo, em uma estruturaconjunta definida para interações governo-sociedade civil.

Veja também “Por que fortalecer as relações governo-cidadão” (ParteI) e “Escolha e use as ferramentas” (Parte II).

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SUGESTÕES A SEGUIR

DEZ SUGESTÕES PARA AÇÃO

Pronto para prosseguir com a informação, a consulta e a participaçãoativa? Espere um momento, por favor – ou, melhor, dez: nesta parte,você encontrará dez sugestões importantes que você deve ter em mentepara o fortalecimento das relações do governo com os cidadãos. Essassugestões são baseadas em experiência prática na área. Ajudam você a

ter sucesso quando informar, consultar e ativamente envolver os cidadãosna formulação de políticas.

SUGESTÃO 1 – LEVE A SÉRIO

Produzir muitos folhetos não é suficiente para fortalecer as rela-

ções governo–cidadão. O estado das relações governamentais com oscidadãos não pode ser medido pelo número de impressos que o governo

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publica. Nem por quantos vídeos foram produzidos. Embora esses núme-ros possam ser importantes, é importante saber o que acontece com essematerial. Que informações contém? Chega ao público ou fica esquecidoem algum armário? Os usuários empregam efetivamente as informações– ou as rejeitam? O governo reconhece e valoriza as reações dos cida-dãos – ou se faz de surdo? Essa atividade fortalece as relações com oscidadãos ou é de indiferente para pior? Para ter sucesso, os governos têmde planejar as atividades de informação, consulta e participação ativa. Ofortalecimento das relações governo-cidadão significa trabalho – trabalhointeressante e até mesmo compensador, uma tarefa a ser levada a sério.Envolve o estabelecimento de metas, atividades de planejamento eimplementação e avaliação de resultados. Trata-se de abrir o governo,alcançando os cidadãos, formar e fomentar as relações para o apoio dademocracia. Isso posto, pode-se então pensar, também, sobre utilizarfolhetos sofisticados para alcançar o público – se isso se ajustar à meta.

SUGESTÃO 2 – PARTA DA PERSPECTIVA DO CIDADÃO

Considere primeiro a perspectiva do cidadão, e a trate com respei-

to. Em primeiro lugar, por que os cidadãos deveriam estar interessadosem ser informados ou contribuir? De fato, muitos cidadãos geralmenterelutam ou não desejam se envolver em atividades de informação, con-sulta e participação lançadas pelo governo. Podem achar que não vale apena perder tempo com isso. Podem deixar o assunto para o governo, oparlamento e outros cidadãos. Podem também desconfiar das informa-ções do governo ou de seus motivos para abordá-los e engajá-los.Quandoos governos e suas autoridades não consideram a perspectiva dos cida-dãos, podem facilmente desenvolver expectativas não-realistas sobre aque-las reações. Muito freqüentemente, o resultado é o desapontamento. Asautoridades públicas podem, por sua vez, desenvolver uma atitude con-descendente para com os cidadãos. Essa falta de respeito pode provavel-mente agravar suas relações, em vez de melhorá-las.Quando os governosconsideram primeiramente a perspectiva do cidadão, percebem que otempo dos cidadãos é um recurso escasso. Os governos devem adaptarsuas atividades às necessidades dos cidadãos, a fim de chamar sua aten-ção e incentivá-los a se engajarem. Isso significa adaptar a linguagem e oestilo ao público e, ao mesmo tempo, tornando a interação atraente einteressante, amigável, honesta e não-condescendente. Quando os go-

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vernos envolvem os cidadãos na formulação de políticas, criam expecta-tivas. Os governos precisam demonstrar aos cidadãos que seus inputs sãovaliosos e que são levados em consideração quando da formulação dapolítica. Se não conseguirem fazê-lo, os cidadãos podem não querergastar seu tempo precioso respondendo a convites futuros do governo.

SUGESTÃO 3 – CUMPRA O PROMETIDO.

Simulação e manipulação são um tiro pela culatra. Manter a pala-

vra e criar confiança é essencial. Se os governos quiserem fortalecersuas relações com os cidadãos, então têm que cumprir o que promete-rem. Simular o fornecimento de informações completas, a solicitação deopiniões dos cidadãos, o engajamento ativo na formulação de políticas enão fazê-lo, levará à desilusão. Tornará mais difícil envolver os cidadãosno futuro. Simular é desenvolver atividades apenas para aparentar ação epara poder dizer que os cidadãos foram consultados. Simular é anunciar oenvolvimento dos cidadãos de forma aberta e representativa, mas narealidade convidar apenas aqueles cujos pontos de vista sejam similaresaos seus próprios. Simular é agir como se os direitos dos cidadãos deigual acesso a informações completas e imparciais fossem respeitados,enquanto que, na realidade, se provê informações unilaterais ou incom-pletas a apenas alguns.

É claro que os governos podem usar as ferramentas apresentadasneste manual para outros fins que não sejam o fortalecimento das rela-ções governo-cidadão. Podem usá-las, por exemplo, para protelar pro-testos, desviar críticas, adiar decisões difíceis, transferir a culpa por deci-sões impopulares e responder com ações cosméticas a pressões interna-cionais. Agindo assim, entretanto, devem estar conscientes de que corro-em as relações com os cidadãos – com sérias conseqüências para sualegitimidade e para a democracia. Fortalecer as relações governo-cidadãonão é “vender políticas”. Nas suas relações com os cidadãos, nada existepara os governos venderem e nada para os cidadãos comprarem. Colheros benefícios do engajamento dos cidadãos na formulação de políticasexige que os governos sigam as diretrizes e princípios estipulados naParte II – não apenas a forma, mas o espírito.

Mesmo movido pelas melhores das intenções, os governos podemainda cair da armadilha de não cumprir promessas e desapontar o cida-

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dão. Isso pode ocorrer porque as atividades têm que ser suspensas àmedida que os recursos se esgotem ou pelo fato da liderança não entenderplenamente ou não valorizar sua finalidade e importância. As autoridadespúblicas podem, assim, ficar sozinhas em momentos cruciais, por exemplo,quando o input dos cidadãos necessita ser incorporado à tomada de decisão.Aqui, novamente, os esforços para planejar, orçar e garantir o comprometi-mento duradouro, por parte da liderança, são cruciais para o sucesso.

SUGESTÃO 4 – OBSERVE OS PRAZOS

Relações mais fortes governo–cidadão necessitam de tempo para

serem construídas e para mostrar resultados. As atividades de infor-mação, consulta e participação ativa necessitam de tempo – não existesolução imediata. Para falar claramente, os cidadãos não vão mostrarsubitamente maior confiança no governo, simplesmente porque ele aca-bou de começar a engajá-los em uma única iniciativa política. Nem oscidadãos conseguem contribuir para a formulação de políticas sem tertido tempo para se familiarizarem com os assuntos e para desenvolveremsuas próprias propostas. As atividades montadas para o fortalecimentodas relações governo–cidadão precisam de tempo para ser implementadase tempo para mostrar resultados.

Os efeitos diretos do engajamento dependem muito de quando oscidadãos se tornam envolvidos. Se isso ocorrer em um estágio posteriordo ciclo político – perto ou mesmo após a tomada de decisão – então oscidadãos podem ter pouca influência real na formulação de políticas.Envolver os cidadãos muito tarde pode ter efeitos negativos. Emcontrapartida, quando os cidadãos se envolvem cedo no ciclo político –como durante os estágios preparatórios e exploratórios – os governospodem alcançar melhores resultados.

SUGESTÃO 5 – SEJA CRIATIVO

Não existe solução pronta para os seus desafios. As relações entre ogoverno e os cidadãos não são as mesmas de país para país. É por issoque os governos necessitam desenvolver suas atividades – no contextode situações e de desafios específicos – criativa e inovadoramente. Os méto-

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dos e exemplos apresentados neste manual são projetados para propiciarinsight e inspiração no desenvolvimento de suas abordagens próprias. Aofortalecer as relações governo–cidadão, as lições-chave são: aprender comos outros, identificar novas oportunidades, levar a dinâmica em conta e usarsua própria criatividade.

Deveria ser tão fácil. Apenas estabelecer objetivos, públicos e ferramen-tas, uma só vez – e está feito. Feliz – ou infelizmente – não é assim queacontece. As relações entre os governos e os cidadãos são dinâmicas: ocontexto para essa relação muda com o tempo – e assim acontece com asáreas, questões e opções para a formulação de políticas, bem como com ospúblicos afetados e os cidadãos individuais. Os governos são levados asurpresas desagradáveis se suas ações não estiverem afinadas com suasmetas políticas gerais, se esquecerem de envolver novos públicos importan-tes e se suas ferramentas estiverem desatualizadas e não mais atingirem oscidadãos.

Novas ferramentas, como a tecnologia de informação e comunicação(TIC), oferecem oportunidades novas e interessantes. Isso ocorreu, na histó-ria, com a introdução do jornal, do rádio e da televisão. Como ocorreu comcada passo na evolução da mídia, o desenvolvimento de uma nova tecnologiaparece expandir e complementar a mídia estabelecida – em lugar de substi-tuí-la. Os governos seriam imprudentes em ignorar essa lição da história econcentrar todos os seus esforços nas TIC buscando uma solução instantâneailusória para todos os seus desafios. Para serem eficazes, as TIC precisam serintegradas com as ferramentas tradicionais. E seus desafios necessitam serconsiderados, como o de assegurar acesso para todos.

Os objetivos, públicos e instrumentos não podem ser fixados de umavez por todas – dependem da forma em que o relacionamento está sedesenvolvendo e dos desafios que o governo, os cidadãos e o país estãoenfrentando. Isso significa que os governos necessitam projetar e adaptarseus objetivos, ferramentas e ações para fortalecer as relações governo–cidadão e adaptá-las ao contexto. O relacionamento é dinâmico, como

deveriam ser as ações para fortalecê-lo.

SUGESTÃO 6 – EQUILIBRE OS DIFERENTES INTERESSES

Equilibrar inputs divergentes é um desafio: aceite-o. No fortaleci-mento das relações governo–cidadão através da consulta e participação

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ativa dos cidadãos, os governos recebem diversos inputs e podem usarisso para melhorar a formulação de políticas. Até aqui, tudo bem. Mas oque acontece quando o governo receber inputs conflitantes de ladosdiferentes? Grupos importantes de interesse e Organizações da Socieda-de Civil (OSC) poderiam ser fortemente a favor de certas opções políti-cas. Em contrapartida, pesquisas de opinião pública poderiam revelarque grande parte dos cidadãos entrevistados são contrários a elas. Se osgovernos se concentrarem em inputs de grupos de interesse organizados,formados por OSC e especialistas, podem descobrir que eles cuidamapenas do interesse específico de alguns. Se os governos apostarem nossentimentos do público em geral, podem negligenciar as necessidadesde grupos importantes ou de outras áreas políticas. Que caminho tomar?O governo é eleito para desenvolver políticas e tomar decisões. O go-verno pode decidir-se pelas demandas de cidadãos e grupos, abrindo-seao input dos cidadãos na tomada de decisões. Ou pode seguir seu pró-prio caminho – mostrando liderança. Que direção seguir? Como resolveresses dilemas?

A resposta é que os governos devem fazer todas essas coisas aomesmo tempo: necessitam tomar decisões e exercer liderança, abrindo-sao mesmo tempo para os inputs do público. Precisam levar em containteresses gerais e difusos, bem como interesses organizados. Precisamequilibrar interesses, possibilitando a continuidade e mudando ao mesmotempo. De certa forma, essa é uma descrição do trabalho do governo.Fortalecer as relações governo–cidadão oferece ferramentas para lidarcom esses dilemas. Não estabelece o resultado das decisões governa-mentais. Informação, consulta e participação ativa podem levar a umaacomodação ampla de interesses e a um consenso amplo. Entretanto,podem ainda revelar pontos de vista divergentes e levantar questõesabertas de lados diferentes. O que o fortalecimento das relações gover-no-cidadão faz é fomentar o entendimento e o esclarecimento de umaquestão política, proporcionar aos cidadãos e às partes interessadas aoportunidade de fazer com que suas vozes sejam ouvidas, garantir seuinput e compartilhá-lo com outros. Dessa forma, cria a chance de consen-so quanto à forma, em primeiro lugar. E propicia ao governo uma visãomais ampla de opiniões e interesses, uma forma de equilibrá-la e umabase melhor para a tomada de decisões.

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SUGESTÃO 7 – ESTEJA PREPARADO PARA CRÍTICAS

Crítica e debate fazem parte da democracia. A consulta e o engajamentodos cidadãos na formulação de políticas raramente resulta em elogiosconstantes para o governo. Especialmente se os cidadãos quase nuncativerem tido a chance de serem ouvidos, podem usar essa primeira opor-tunidade para propalar sua raiva e frustração. Ou podem simplesmentedecidir não seguir as opções propostas pelo governo. Para os idealistasno governo, essa pode ser uma experiência muito decepcionante. Aopensar que as políticas do governo são certas e boas – e no melhorinteresse dos cidadãos – podem ficar preocupados quando forem con-frontados abertamente com reações opostas do público. A regra douradana informação, consulta e participação ativa é: se você convidar os cida-dãos a dizerem o que pensam, não fique surpreso se terminarem fazendoexatamente isso. E esteja preparado para descobrir que as idéias delespodem não se adequar às suas próprias idéias. Afinal, a meta é obterinputs dos cidadãos – e não aplausos.

Assim como acontece com a crítica dos cidadãos, as autoridades go-vernamentais podem ter problemas com representantes críticos da im-prensa, grupos de interesse e Organizações da Sociedade Civil (OSC). Oscríticos do governo podem na realidade tentar usar a consulta do governoe as atividades de participação ativa como uma oportunidade de articularsua oposição. A situação é bem similar à dos cidadãos individuais – mas aresposta pode ser muito mais difícil. As vozes da mídia e das OSC atin-gem um público amplo, em contraste com a do cidadão individual. Acrítica pela mídia e pelas OSC podem levar a desacordo aberto e aconflitos. É claro que os governos não têm que deixar a crítica injustificadasem resposta. Têm o direito (ou o dever? – os governantes) de esclarecerseu ponto de vista. O que têm que levar em conta, entretanto, é opotencial para crítica e conflito mesmo que a abordagem aos cidadãos, àsOSC e à mídia seja aberta e inclusiva. A informação, consulta e participa-ção ativa aumentam as chances de debate construtivo, de melhores polí-ticas e de mais confiança no governo. Não dão, entretanto, qualquergarantia contra crítica e conflito, pois isso, simplesmente, faz parte dademocracia.

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SUGESTÃO 8 – ENVOLVA SEU PESSOAL

Esteja aberto e se engaje tanto interna como externamente. Os go-vernos podem usar as atividades de informação, consulta e participaçãoativa como uma oportunidade para se olhar no espelho e se perguntar:Como tratamos da formulação de políticas e da implementação interna,no governo? Os funcionários estão informados sobre novas iniciativaspolíticas? Seu input é solicitado e levado em conta? Os funcionáriosparticipam ativamente no desenvolvimento e planejamento de políticas ena sua implementação? Estão envolvidos na criação da estrutura, planeja-mento e ações para fortalecer as relações governo–cidadão?

Se os governos pedem aos cidadãos para dar um input importantepara uma melhor formulação de políticas, podem igualmente usar seusrecursos internos para o mesmo fim. Assim como envolver os cidadãos,envolver funcionários não significa desistir do direito de tomar decisões.Significa usar diferentes formas de chegar a decisões. Os gerentes seniorespodem recear que informar e envolver seus subordinados em uma escalamais ampla pode levar a trabalho e esforços extras. Inicialmente issopode ser verdadeiro, mas pode muito bem significar menos trabalho, nofinal. Isso porque, ao compartilhar informação com os empregados eutilizar seu input, os governos podem alcançar seus objetivos melhor emais eficazmente. Ao praticar internamente o que visam externamente,os governos agem coerentemente. Passo a passo, podem construir umacultura interna de abertura, transparência e envolvimento – uma culturaque, por sua vez, apóia o fortalecimento bem-sucedido das relaçõesgoverno–cidadão.

SUGESTÃO 9 – DESENVOLVA UMA POLÍTICA COERENTE

Lembre-se: fortalecer as relações governo-cidadão é por si só uma

política. Fortalecer as relações governo–cidadão é por si só uma política– nem mais nem menos. É um apoio útil para a tomada de decisão dogoverno e para o processo de democracia. Não é um substituto para aresponsabilidade do governo de tomar decisões. Não é uma alternativapara instituições formais estabelecidas e processos de democracia repre-sentativa – como o debate parlamentar e a votação. Em lugar disso, é umimportante complemento, e pode ser extensamente usado como tal.

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Entender que a informação, consulta e participação ativa é uma políti-ca tem suas implicações. Os governos podem querer considerar até ondefaz sentido adotar essa política. Um conjunto básico de leis, regras eestruturas formais parece ser adequado para prover a estrutura para rela-ções a serem desenvolvidas mais tarde. A consulta obrigatória pode levara atrasos significativos – justamente nos casos em que é necessária umaação rápida e em tempo hábil. Podem ser usados métodos mais informaise flexíveis para projetar a aplicar regras e atividades – deixando maiorliberdade ao governo para a escolha de que tipo de atividades serácolocado em prática em um determinado momento, sem reduzir a obriga-ção de informar, consultar e engajar os cidadãos.

Qualquer que seja a abordagem que escolherem, os governos precisamse conscientizar de que o que conta é a forma como a política é executada.Terão que se apresentar para explicar e dar os motivos para suas decisõessobre quem eles informaram, consultaram, engajaram, e de que forma.Transparência, seriedade, responsabilidade – e a necessidade de fiscaliza-ção – aplicam-se a essa, como a qualquer outra área da política.

SUGESTÃO 10 – AJA AGORA

É melhor prevenir do que remediar. Não espere até que seu governoenfrente problemas e seja forçado a reagir. Seja pro-ativo e utilize asoportunidades existentes. Em primeiro lugar, tente impedir que surjamproblemas de relações precárias com cidadãos. Não retarde a ação até omomento em que você tenha que enfrentar uma crise. Restaurar a confi-ança perdida no governo é muito mais difícil do que mantê-la.

Para os governos com pouca experiência anterior com as ferramentasapresentadas nesse manual, é importante começar a agir – mas não ne-cessariamente fazendo tudo ao mesmo tempo. Os tomadores de decisãopolítica, autoridades da administração e cidadãos, todos precisam de tem-po para se acostumar à informação, consulta e participação ativa. É ne-cessária uma abordagem passo a passo. Os governos podem começarpor elaborar a estrutura legal, política e institucional geral e lançar açõespiloto específicas para ganhar experiência. Podem achar mais fácil co-meçar com atividades voltadas para a informação e consulta. Para paísescom experiência longa, a participação ativa certamente é uma área naqual podem investir para criar novas bases e desenvolver boas práticas.

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Em todos os estágios do desenvolvimento do fortalecimento das relaçõesgoverno–cidadão, os países podem aprender com as experiências dosoutros – por exemplo, as experiências apresentadas nesse manual e norelatório da OCDE em que está baseado.

Não há motivo para esperar e muitos para começar.Vamos em frente!

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ONDE OBTER MAIS INFORMAÇÕES

Esta parte final do manual fornece a você referências para mais infor-mações. Estão agrupadas sob diversos títulos, para possibilitar uma iden-tificação mais fácil. Essas fontes abrangem visões gerais, documentosanalíticos, bem como descrições e links para exemplos práticos de forta-lecimento das relações governo–cidadão.

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TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOCidadãos como Parceiros:Informação, Consulta eParticipação Pública na Formulaçãode Políticas (2001)

Essa publicação oferece uma descriçãodetalhada e uma análise das atividadesnos países da OCDE na área. Umdocumento de referência chave e a basedeste manual.

À venda na Livraria On-line da OCDE:http://www.OECD.org/bookshop

DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Engajando Cidadãos na Formula-ção de Políticas (2001)

Resumo de Política PUMA No. 10 parapolíticos e autoridades seniores dogoverno.

Livre on-line no Website de GestãoPública da OCDE:http://www.OECD.org/puma/

Cidadãos como Parceiros: Manualda OCDE sobre Informação,Consulta e Participação Pública naFormulação de Políticas (2001)

Esse manual oferece orientação naaplicação de lições de política na prática eem exemplos concretos da experiência em

países da OCDE.

À venda na Livraria Online da OCDE: http://www.OECD.org/bookshop eLivre on-line no Website de GestãoPública da OCDE:http://www.OECD.org/puma/

Confiança no Governo:Medidas Éticas em Países da OCDE(2000)

Esta publicação revê a gestão de ética nospaíses da OCDE, incluindo tendências epráticas promissoras.

À venda na Livraria Online da OCDE:http://www.OECD.org/bookshop

Formando Confiança Pública:medidas Éticas em Países da OCDE(2000)

Resumo de Política PUMA No. 7 parapolíticos e autoridades seniores dogoverno.

Livre on-line no Website de GestãoPública da OCDE:http://www.OECD.org/puma/

Análise do Impacto Regulador:Melhores Práticas em Países daOCDE (1997)

Uma revisão da análise do impactoregulador em países da OCDE, incluindo

referência a consulta pública.

À venda na Livraria Online da OCDE: http://www.OECD.org/bookshop

TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULO DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Visão e informações gerais

Documento sobre Governança naUE, Comissão Européia (2001)

O documento contém um conjunto derecomendações sobre como ampliar ademocracia na Europa.

www.europa.eu.int/comm/governance/áreas/group3/index_em.htm

Relatório do Grupo de Trabalhosobre Consulta e Participação daSociedade Civil. Comissão Européia(2001)

O Relatório revê formas de formalizar ascondições para participação no processode tomada de decisão.

www.europa.eu.int/comm/governance/áreas/group3/index_em.htm

A Campanha Aberta Sueca, Ministroda Justiça da Suécia (2001)

Uma iniciativa para aumentar o acesso e aabertura no setor público.

http://www.oppnasverige.gov.se/se/?24335

Serviços de Alta Qualidade, BoaGovernança e uma Sociedade CívicaResponsável: Diretrizes da Políticade Governança, Ministério daFazenda da Finlândia (1998)

Um exemplo de uma estrutura de políticanacional para boa governança eengajamento do cidadão.

http://www.vn.fi/vn/vm/english/public_management/govern.htm

TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULO DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Marco legal

Convenção sobre Acesso àInformação, Participação Pública naTomada de Decisão e Acesso àJustiça em Questões Ambientais,Comitê das UM-ECE sobre PolíticaAmbiental (1998)

Essa Convenção, também conhecidacomo a “Convenção Aarhus”, estabeleceuma estrutura de direitos para cidadãosna área do meio ambiente e visa“promover a responsabilidade e atransparência na tomada de decisão”.

http://www.mem.dk/aarhus-conference/issues/public-participation/ppartikler.htm

Fontes da OCDE

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Marco político

Política de Comunicações doGoverno Canadense (1996)

Um exemplo de uma política governamen-tal nacional sobre provisão “ativa” deinformações.

http://www.tbs-sct.gc.ca/plubs_pol/sipubs/comm/comm1e.html

Código de Prática sobre Consultapor Escrito – Gabinete do RU(2000); Registro on-line dasconsultas do governo

Um conjunto de diretrizes práticas paraservidores civis e informações sobreoportunidades de consulta pra cidadãos.

http://www.cabinet-office.gov.uk/servicefirst/index/consultation.htm

Consultando Comunidades ÉtnicasMinoritárias: Introdução paraServiços Públicos – Gabinete do RU(2001)

Uma revisão resumida de questões-chavena realização de consulta com sucessoem diversas comunidades.

http://www.cabinet-office.gov.uk/servicefirst/index/consultation.htm

Registro de Consulta Comunitária;Protocolo de Consulta Comunitária;Um Guia para processos deConsulta para o Governo ACT;Manual de Consulta Comunitária;Ajuda para Planejar EstratégiasEficazes de Consulta – Território daCapital Australiana (2001)

Um “pacote” combinado de diretrizes depolíticas sobre consulta e instrumentospráticos para cidadãos e servidores civis.

http://www.act.gov.au/cmd/documents.cfm

Aperfeiçoando Instrumentos dePolítica através de Avaliação doImpacto – documento da SIGMANo. 31, OCDE (2001)

Inclui informações sobre como realizarconsulta durante a avaliação do impacto.

http://www1.OECD.org/puma/sigmaweb

TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULO DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Marco institucional

La Commission d’Accés auxDocuments Administratifs (Comissãode Acesso aos DocumentosAdministrativos) – França

Uma instituição que visa informar eassessorar na aplicação dos direitos doscidadãos de acessar informações.

http://www.cada.fr/

Lei sobre Abertura das Atividadesdo Governo – Finlândia (1999)

Um exemplo da legislação nacional sobreacesso à informação

http://www.om.fi/1184.htm#alku

Lei da Liberdade da Informação –EUA (1966, emendada em 1996)

Um exemplo de atualização da legislaçãonacional existente sobre liberdade deinformação para abranger documentoseletrônicos

http://usdoj.gov/oip/foia_updates/Vol_XVII_4/page2.htm

Força-Tarefa de Revisão do Acessoà Informação – Canadá

Uma força tarefa para melhorar o acessoàs informações do governo para todos oscidadãos que utilizam consulta.

http://www.atirtf-geai.gc.ca/homer-e.html

Comissário Parlamentar paraProteção de Dados e Liberdade deInformação – Hungria

Um exemplo de uma Instituição de“ombudsman” encarregada desupervisionar os direitos dos cidadãos deacesso a informações e à privacidade.

http://www.obh.hu/

Commission Nationale du DébatPublic (Comissão Nacional deDebates Públicos)

Uma comissão permanente incluindoautoridades do governo, PMs e ONG,encarregada de organizar audiênciaspúblicas e debates sobre o impactoambiental dos principais projetos deinfra-estrutura.

http://www.environment.gouv.fr/ministere/comitesconseils/cndp-fiche-descriptive.htm

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TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULO DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Avaliação

Uma Avaliação do Guia doGabinete: Como ConduzirExercícios de Consulta Escritos –Gabinete do RU (2000)

Uma avaliação da adoção de um guia dogoverno central sobre consulta e seuimpacto.

http://www.cabinet-Office.gov.uk/servicefirst/2000/consult/code/evaluate.htm

Controle pelo Cidadão dasAvaliações: A Questão de FormularAlternativas – Agência Sueca deAdministração Pública (2000)

Uma revisão do input do público nosprocessos de avaliação.

http://www.statskontoret.se/english/index.htm

TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULO DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Ferramentas para informação

Ferramentas para informação Um centro de informações que visaaumentar a conscientização sobre asquestões ambientais e propiciar umaplataforma para a cooperação entre ogoverno, as empresas e as ONG.

www.gelc.or.jp

Guia dos Cidadãos – Grécia (anual) Um manual com mais de 1.300 páginas deinformações sobre onde encontrarinformações sobre procedimentosadministrativos e serviços públicos.Também disponível on-line.

www.gspa.gr

TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULO DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Ferramentas para consulta

Os Cidadãos e o Setor Público –Ministério da Fazenda daDinamarca (1998)

Um exemplo da utilização de pesquisaspara avaliar a satisfação e a confiança doscidadãos com relação ao setor público.

www.fm.dk/udgivelser/publikationer/citizens_public_sector_1998)

Pesquisas de Opinião Públicacomo input para a ReformaAdministrativa – Documento daSIGMA No. 25, OCDE (1998)

Uma revisão da prática na coleta eincorporação de dados de opinião pública.

http://www1.OECD.org/puma/sigmaweb/

Guide des bonnes pratiques pourl’écoute des beneficiaires (Guiade Boa Prática na Escuta dosBeneficiários) – Ministério deEquipamento, Transporte eMoradia (2001)

Um guia com exemplos práticos sobrecomo coletar e usar a contribuição doscidadãos.

http://www.minefi.gouv.fr/minefi/index.htm

Fórum da Juventude para aDemocracia – Noruega

Um fórum de cidadãos para garantirinputs da juventude na formulação depolíticas.

odin.dep.no/bfd/engelsk/

TÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULOTÍTULO DESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃODESCRIÇÃO DETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTEDETALHES DA FONTE

Ferramentas para participação ativa

Kit de Ferramentas de Política paraEnvolvimento Público na Tomada deDecisão – Saúde Canadá (2000)

Um guia abrangente para autoridades dogoverno sobre como engajar os cidadãosativamente na formulação de políticas.

http://www.hc-sc.gc.ca/english/index.htm

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Ferramentas para avaliação

Quem são os formuladores deperguntas? Um Guia de AvaliaçãoParticipativa – OESP/PNUD (1997)

Um guia prático e módulo de treinamentopara o engajamento de cidadãos nosexercícios de avaliação.

http://www.undp.org/eodocuments/who.htm

Avaliação dos Procedimentos deEnvolvimento Público da Comissãode Transportes Metropolitanos –MTC, São Francisco, EUA (2000)

Um exemplo de relatório de uma avaliaçãorecente de um programa de envolvimentopúblico.

http://www.mtc.ca.gov/whats_happening/outreach_eval.htm

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Ferramentas TIC para informação

Estratégia On-line do Governo –Austrália (2000)

Uma estrutura estratégica para uso pelogoverno de novas tecnologias na prestaçãode informações e serviços on-line.

http://govonline.gov.au/projects/strategy/Strategicpriorities.htm

Guida alle norme (Guia dalegislação) – Conselho Italiano deMinistros

Um guia das fontes on-line de legislação eprocedimentos para elaboração de leis.

http://www.governo.it/sez_guida/ricerca_sito.html

Perguntas e Respostas sobre oEuro – Comissão Européia

Uma base de dados interativa sobre a novemoeda da União Européia, publicada emtodos os 11 idiomas oficiais.

europa.eu.int/euro/quest

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Ferramentas TIC para consulta e participação ativa

Compartilhe seus Pontos de VistaConosco! – Departamento deAdministração Pública, Ministérioda Fazenda da Finlândia

Um fórum on-line de discussão abertasobre tópicos específicos, no qual oscidadãos são convidados a discutir, bemcomo material de apoio e links.

www.otakantaa.fi

Guide du courrier élétronique (Guiado Correio Eletrônico) – DelegaçãoInterministerial sobre a Reforma doEstado (DIRE) – França

Um guia para serviços públicos norecebimento e resposta a e-mails doscidadãos.

www.fonction-publique.gouv.fr/lactualite/lesgrandsdossiers/guidecourrierelectronique2/dire/intro.htm

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