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Manual Controle de Mastite Prezados clientes, A Zoetis está disponibilizando esse material como parte de sua política de prover aos seus clientes as mais recentes informações relacionadas à sanidade animal e tecnologia na produção de alimentos. Tanto a Zoetis como os parceiros que trabalharam nesse manual preconizam a melhoria da qualidade do leite atendendo as exigências do consumidor por produtos de melhor qualidade, assim como a busca por maior produtividade e lucratividade das empresas de nossos clientes que produzem leite. Esse manual não pretende esgotar o assunto “qualidade do leite”, no entanto fornece informações valiosas para promover melhorias na produção de leite. Registramos aqui nosso especial agradecimento ao Prof. Dr. Marcos Veiga dos Santos, Coordenador do Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite QUALILEITE-FMVZ-USP que prontamente nos cedeu todas as imagens presentes nesse material, e autor do livro “Qualidade do leite e controle de mastite, 1ª edição 2007, Editora Lemos”, que foi utilizado como base de todo o conteúdo do manual. Desejamos a todos boa leitura e esperamos que esse material seja utilizado na busca da melhoria da produção e qualidade do leite. Atenciosamente,

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Page 1: Manual Controle de Mastite - iqmax.com.br Mastite.pdf · Mastite Definição Mastite é a inflamação da glândula mamária causada em grande parte por bactérias, no entanto microorganismos

Manual Controle de Mastite

Prezados clientes,

A Zoetis está disponibilizando esse material como parte de sua

política de prover aos seus clientes as mais recentes informações

relacionadas à sanidade animal e tecnologia na produção de alimentos.

Tanto a Zoetis como os parceiros que trabalharam nesse manual

preconizam a melhoria da qualidade do leite atendendo as exigências do

consumidor por produtos de melhor qualidade, assim como a busca por

maior produtividade e lucratividade das empresas de nossos clientes que

produzem leite.

Esse manual não pretende esgotar o assunto “qualidade do leite”,

no entanto fornece informações valiosas para promover melhorias na

produção de leite.

Registramos aqui nosso especial agradecimento ao Prof. Dr. Marcos

Veiga dos Santos, Coordenador do Laboratório de Pesquisa em Qualidade

do Leite QUALILEITE-FMVZ-USP que prontamente nos cedeu todas as

imagens presentes nesse material, e autor do livro “Qualidade do leite e

controle de mastite, 1ª edição 2007, Editora Lemos”, que foi utilizado

como base de todo o conteúdo do manual.

Desejamos a todos boa leitura e esperamos que esse material seja

utilizado na busca da melhoria da produção e qualidade do leite.

Atenciosamente,

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Mastite

Definição

Mastite é a inflamação da glândula mamária causada em grande parte por

bactérias, no entanto microorganismos como fungos, leveduras e algas também são

responsáveis pela mastite. A mastite inicia-se quando ocorre uma multiplicação dos

microorganismos que invadem a glândula mamária através do canal do teto.

Classificação quanto ao tipo de manifestação

A mastite pode ser dividida em dois grupos quanto á forma de manifestação, a

mastite clinica e a mastite sub-clínica. Quando os sinais da inflamação da glândula são

evidentes como aumento de temperatura, edema, dor, endurecimento, acompanhado

ou não da presença de grumos e/ou pus no leite, chamamos então de mastite clinica.

Quando não é possível observar qualquer alteração na glândula ou no leite, mas o leite

apresenta alteração na sua composição como aumento na contagem de células

somáticas (CCS), aumento dos teores de Na+ e proteínas séricas ou diminuição de

lactose, gordura e caseína, chamamos de mastite sub-clínica.

Classificação quanto ao agente causador

Outra grande divisão conceitual da mastite considera o agente causador da

infecção. Tais agentes podem estar presentes na vaca ou no próprio ambiente em que

o animal permanece, classificando então a mastite em mastite contagiosa e mastite

ambiental. Os agentes causadores podem ser bactérias, leveduras, fungos, algas e

raramente vírus, no entanto as bactérias certamente são os principais causadores da

infecção da glândula mamária.

Mastite contagiosa

A mastite contagiosa, na grande maioria dos casos, manifesta-se de forma sub-

clínica, geralmente de longa duração ou crônica. Caracteriza-se por apresentar alta

contagem de células somáticas (acima de 200 mil cel/mL de leite) sendo causada por

patógenos habitantes da pele do próprio teto ou do interior da glândula. A transmissão

ocorre principalmente durante a ordenha, por meio de ligação entre o quarto

infectado e o quarto sadio, através das teteiras, mãos dos ordenhadores e toalhas

utilizadas na limpeza dos tetos. Outra forma importante de transmissão se dá através

das moscas, principalmente nas novilhas no peri-parto em locais de alta incidência do

inseto.

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Os agentes causadores da mastite contagiosa dividem-se em dois grupos,

principais e secundários.

Principais:

Staphylococcus aureus

Bactéria Gram-positiva que causa lesão e necrose do parênquima

mamário com produção de toxinas, tendo como conseqüência a perda de

função secretora com queda na produção de leite. Bactéria altamente invasora

com a capacidade de atingir locais profundos da glândula geralmente com

tecido fibroso, o que dificulta a ação dos antibióticos caracterizando a mastite

como sendo de longa duração ou crônica, difícil de ser curada.

Streptococcus agalactiae

Bactéria Gram-positiva altamente contagiosa. Causa queda na produção

do leite, altas contagens de CCS e perda do quarto afetado quando o

diagnóstico e tratamento são realizados tardiamente, porém possui uma boa

resposta à antibioticoterapia podendo até ser erradicada.

Mycoplasma bovis

Esse microorganismo é altamente contagioso, caracteriza-se por possuir

alta resistência aos antimicrobianos. Uma vez que a vaca foi acometida será

uma fonte de infecção pelo resto da vida, eliminando o agente pelo leite.

Ocorre queda abrupta da produção do quarto infectado podendo até cessar a

produção de leite. Para a eliminação da doença no rebanho recomenda-se o

descarte do animal infectado e controle da entrada dos animais

Secundário:

Corynebacterium bovis

Bactéria Gram-positiva considerada a principal causadora de mastite sub-

clínica, presente em cerca de 20 a 30% dos isolamentos. É um agente infeccioso de

baixa patogenicidade, porém altamente contagioso. Pode ser isolada também em

animais clinicamente saudáveis, por isso alguns pesquisadores acreditam ser uma

bactéria normalmente presente na flora da glândula mamária, e que em situações

favoráveis, causa a mastite.

Mastite ambiental

A mastite ambiental caracteriza-se pela alta incidência de casos clínicos, de

curta duração manifestando-se de forma aguda. É causada por agentes presentes no

ambiente, principalmente em locais que contêm barro, esterco, urina e camas

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orgânicas. A infecção ocorre no período entre as ordenhas, diferentemente da mastite

contagiosa, na qual a infecção ocorre durante a ordenha. Acomete preferencialmente

fêmeas no peri-parto e no pós-parto imediato, porém todas as categorias animais

(novilhas, vacas secas e vacas em lactação) podem ser acometidas uma vez que os

microorganismos estão presentes no meio ambiente, principalmente em períodos

quentes e chuvosos, quando a possibilidade de ocorrer a infecção é maior devido à

presença de água e lama.

Os agentes causadores da mastite ambiental são divididos em três grupos, os

coliformes, os estreptococos ambientais e os enterococos.

Coliformes:

Estão presentes no grupo dos coliformes algumas bactérias Gram negativas

como E. coli, Enterobacter aerogenes, Klebesiella pneumoniae e Serratia sp. São

bactérias que habitam o trato intestinal dos animais e o solo. A Klebesiella possui ainda

a capacidade de multiplicação em camas orgânicas de serragem. A mastite causada

pelos coliformes geralmente está associada à baixa CCS (menor que 150 mil cel/mL) e

sem infecção por outro microorganismo. A infecção ocorre via canal do teto em

seguida da ordenha, quando o teto entre em contato com o ambiente. A categoria que

apresenta maior taxa de novos casos é a categoria de vacas Secas. As vacas com até

sessenta dias de lactação, vacas mais velhas e vacas mais produtivas, assim como vacas

secas, são as mais acometidas. Das vacas que apresentam os sinais cínicos no início da

lactação, 50% são infectadas no período seco, nas quais o agente permanece em

estado latente até a lactação.

Estreptococos ambientais:

Grupo formado principalmente pelos Streptococcus uberis e Streptococcus

dysgalactiae. São agentes de difícil eliminação do rebanho por estarem presentes no

ambiente e por possuírem dupla aptidão de transmissão, podem ser transmitidos de

vaca para vaca e do ambiente para a vaca. Assim como as mastites causadas por

coliformes, a mastite causada por estreptococos ambientais acometem fêmeas no

período da secagem, mais especificamente nas duas semanas após a secagem e nas

duas semanas pós-parto. Durante a lactação o período com maior incidência está nos

primeiros 75 dias pós-parto.

Impacto econômico

A mastite é a doença que mais afeta os rebanhos leiteiros ao redor do mundo

além de ser a doença que mais causa prejuízos para a indústria leiteira. Os prejuízos

acontecem em decorrência do aumento de custo da produção e da diminuição da

produtividade. Nos EUA a mastite causa um prejuízo estimado de 1,8 bilhões de

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dólares ao ano, o que significa um custo de 200 dólares por animal ao ano. No Brasil,

devido à alta prevalência da doença, as perdas chegam a 15% da produção.

A mastite subclínica é responsável por 70% dos prejuízos causados pela mastite

principalmente em decorrência da redução na produção de leite, enquanto que a

mastite clínica representa os outros 30%, onde são considerados custos com

tratamento, descarte de leite e morte e descarte prematuro de animais.

Perda de leite por mastites subclínicas

O principal indicador dos prejuízos causados pela mastite subclínica é a CCS,

seja a contagem de cada vaca, seja a contagem do tanque. A contagem de células

somáticas está diretamente relacionada com a produção de leite. Quanto maior o

valor da CCS, maior o prejuízo em decorrência da queda na produção de leite. A tabela

a seguir apresenta a estimativa das perdas de produção de leite em Kg/305 dias em

relação à contagem de células somáticas:

Média do ECS

(escore de células

somáticas)

Média da CCS

(x1000/mL)

1ª lactação 2ª Lactação

0 12,5 - -

1 25 - -

2 50 - -

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3 100 91 182

4 200 182 364

5 400 273 545

6 800 364 727

7 1600 455 909

Fonseca, Veiga (2007)

Gastos com mastite clínica

Inúmeros fatores são responsáveis pelos gastos com a presença de mastite

clínica no rebanho, no entanto o descarte do leite em função dos tratamentos e a

redução da produção são os principais fatores. Outros gastos como serviços extras,

medicamentos e serviços veterinários também devem ser levados em consideração,

assim como morte de animais, construção de instalações para animais em tratamento,

maior risco de aborto, treinamentos de mão de obra, dentre outros. Estima-se que o

gasto total com a mastite clínica seja por volta de U$107,00 por caso, podendo variar

de U$46,00 a U$142,00. Somente o descarte do leite e a queda da produção

representam cerca de 85%.

Descarte de animais

O descarte de um animal do rebanho é uma decisão difícil de ser tomada. De

maneira geral, a decisão final do descarte deve levar em consideração que a produção

total durante a vida produtiva do animal de reposição deve ser maior do que a

produção total do animal a ser descartado, levando em conta ainda o preço do leite e

o valor dos animais de reposição para cada rebanho. O descarte por mastite não pode

atingir 3% do descarte total de vacas, no entanto os motivos do descarte se

confundem, pois uma queda de produção pode estar relacionada à um problema de

casco associado à mastite, sendo muitas vezes difícil determinar a causa real do

descarte.

Em se tratando de descarte de animais por mastite crônica, entende-se que é

pouco justificável manter uma vaca nessa condição no rebanho, esses animais são

verdadeiros reservatórios de agentes contagiosos, apresentam baixa produtividade e

problemas de fertilidade, podem disseminar a doença no rebanho. A idade da vaca é

mais um complicador a ser considerado no descarte, pois a medida que aumenta a

idade, menor a chance de cura.

De maneira geral, as seguintes premissas devem ser consideradas para o

descarte de vacas com mastite crônica:

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Baixa produção (volume de leite não cobre nem o custo com

alimentação);

Vacas de primeira cria com produção 30% menor que a média do

rebanho;

Vacas com infecções clínicas crônicas cujo descarte do leite segue por

mais de 16 dias;

Vacas com mastite subclínica crônica cuja CCS se mantém elevada por

mais de 2 meses, e que mesmo após o tratamento de vaca seca, a

infecção se mantém após o parto.

Prevenção de mastite

O controle de mastite compreende a eliminação das infecções existentes,

prevenção de novas infecções e o monitoramento da saúde da glândula mamária. Para

a eliminação das infecções e redução da taxa de novas infecções, medidas como

tratamento de vacas secas, o descarte de vacas com casos crônicos, tratamento

durante a lactação, medidas de higiene de ordenha, adequado funcionamento do

sistema de ordenha, entre outras medidas deve ser implementadas. Para que os

métodos de controle sejam aceitáveis e mensuráveis, eles devem dar lucro, ser

práticos para que sejam utilizados continuamente e serem eficazes numa ampla faixa

de condições ambientais e manejo.

Anatomia básica:

O úbere da vaca é uma glândula secretora composta por quatro quartos

funcionalmente separados. Por ser uma estrutura pesada e volumosa, o úbere possui

uma estrutura de sustentação composta pela pele e por um conjunto de ligamentos,

dentre os quais se destacam os ligamentos suspensórios medial e lateral. O ligamento

suspensório medial é o mais importante, esse ligamento tende a ceder ao longo da

vida do animal em decorrência das lactações, o que torna o úbere mais susceptível às

infecções. O lado direito do úbere é completamente separado do lado esquerdo pelo

ligamento suspensório medial, no entanto os quartos dianteiros esquerdos e os

direitos separam-se dos quartos traseiros do mesmo lado apenas por uma membrana.

Os alvéolos dos quartos dianteiros e traseiros compartilham do mesmo sistema de

irrigação sanguínea. Cada quarto possui seu teto, cada teto possui seu orifício que se

mantém fechado entre as ordenhas por um esfíncter. Os tetos devem possuir uma

conformação e tamanho ideal a fim de facilitar a ordenha.

A produção do leite está diretamente relacionada ao suprimento sanguíneo da

glândula mamária, estima-se que para cada litro de leite produzido seja necessário a

passagem de 500 L de sangue pela glândula.

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A glândula mamária é composta por dois tipos de tecido, o tecido conjuntivo e

o tecido secretor (células secretoras) responsável pela secreção do leite para os

alvéolos que, em seguida passa pelos ductos condutores armazenando-se na cisterna

da glândula, a qual drena o leite para a cisterna do teto.

Fisiologia básica

A liberação do leite é estimulada principalmente pelo movimento de sucção do

bezerro ou pelo ordenhador/teteiras. Esse estímulo gera impulsos nervosos que

chegam até o cérebro fazendo com que o hipotálamo libere um hormônio

denominado Ocitocina. Esse hormônio, em cerca de 20 segundos, atinge a

musculatura que envolve os alvéolos estimulando a contração e expulsando o leite

para os ductos. Outros estímulos como sons, presença do bezerro, lavagem de

ordenhadeiras também contribuem para a liberação do leite, porém o estimulo mais

importante é o estímulo tátil nos tetos antes do início da ordenha.

Além da contração da musculatura que envolve os alvéolos, ocorre

relaxamento do esfíncter, assim como contração dos ductos que levam o leite para a

cisterna da glândula.

Estima-se que somente 30% do leite esteja armazenando nas cisternas, o

restante depende da contração da musculatura dos alvéolos estimulada pela ação da

Ocitocina, no entanto essa ação perdura somente cerca de 3,5 minutos, por isso

recomenda-se que as teteiras sejam acopladas em até 1,5 minutos após o toque na

teta. Caso as teteiras sejam acopladas tardiamente, 5 minutos depois do primeiro

toque, a porcentagem de leite residual é de 24,8% do total do leite do úbere,

enquanto que se as teteiras forem acopladas em até 1 minuto após o primeiro toque

(estímulo) nas tetas, o leite residual representa apenas 11,2% do leite total.

Existem alguns estímulos nervosos que interferem na liberação do leite,

estímulos como dor ou estresse causam liberação de adrenalina a qual promove um

bloqueio parcial ou total na liberação da ocitocina pela hipófise, além do efeito

vasoconstritor nas arteríolas e capilares sanguíneos da glândula e ainda a competição

pelos receptores da ocitocina nas células musculares que envolvem os alvéolos.

Higiene de instalações, manejo de cama e bem estar animal

Quando entramos num estábulo, devemos utilizar todos os sentidos para

avaliar a potencial existência de fatores adversos ao conforto, produtividade e saúde

da vaca. Deve-se verificar o acúmulo de amônia, um indicativo de má ventilação, assim

como o odor ácido de estrume, o que indica problemas digestivos no rebanho. Deve

haver termômetros em locais estratégicos e esses devem ser periodicamente

verificados. Deve-se observar também o estado de saúde dos animais, atentando-se

para corizas, tosse, respiração difícil, se estão deitados nos corredores ao invés de

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estarem deitadas no freestall ou camas, o que sugere freestall mal projetado com

cama de medidas inadequadas, aglomeração de animais em área de estábulo onde

haja um melhor fluxo de ar, animais esperando a vez no bebedouro, animais que

relutam em andar, indicando problemas de cascos, digestivos ou problemas com o

piso. Para confirmar se as instalações são adequadas, basta observar se as vacas, ao

invés de estarem deitadas no local correto, estão ruminando de pé ou deitadas nos

corredores.

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A fim de se obter o maior conforto possível às vacas, as camas devem prover

um local limpo e confortável para as vacas descansarem e ruminarem. O correto

dimensionamento das camas, tipo de material utilizado (orgânico ou inorgânico) com a

devida espessura (15 a 20 cm), assim como o correto manejo de limpeza são fatores

primordiais para o bem estar dos animais. As camas devem estar limpas e secas, o

terço posterior da cama deve ser limpo todos os dias quando as vacas estiverem na

ordenha. Os corredores limpos ajudam a manter as camas mais limpas, pois as vacas

trazem estrume para a cama. A cama não deve estar compactada e úmida, a fim de

evitar a proliferação dos microorganismos causadores da mastite e prover conforto ao

animal. Para manter a cama macia e nivelada, uma vez que a cama é empurrada para

traz pelos animais ao entrarem e saíram das baias, deve-se sempre repor a cama na

frente em intervalos mais curtos de tempo e nivelar o conteúdo, essa é a maneira mais

prática e mais econômica do que trocar todo o conteúdo a cada 14 ou 15 dias.

Existem dois tipos de cama, as camas orgânicas e as inorgânicas. Na

composição das camas utilizam-se normalmente pó de serra, palha de milho e casca de

arroz, materiais estes que exigem uma manutenção constante e intensiva. As camas

orgânicas possibilitam a proliferação de microorganismos causadores das mastites,

como a Klebesiela em cama de pós de serra verde e Etreptococcus uberis em camas de

palha. Nas camas inorgânicas costuma-se utilizar areia, que deve ser seca e limpa, este

é a melhor opção para camas em freestall, pois possibilitam que as vacas mantenham-

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se secas e limpas, é confortável, reduz problemas nos cascos e reduz a incidência de

mastites.

No que diz respeito á umidade das camas, especialistas recomendam o teste do

joelho. Ajoelha na cama por 10 segundos, se os joelhos ficarem úmidos ao se levantar,

é um indicativo de que a cama está sendo um fator predisponente para a proliferação

de bactérias e precisa ser manejada.

O estresse está intimamente correlacionado com queda na produção de leite,

fatores estressantes como altas temperaturas, radiação solar, superlotação, moscas,

má ventilação, estão ligados á mastite e queda na produção de leite. As vacas

preferem uma temperatura ambiente de 5° a 25°C, por isso no Brasil, precisamos

adotar estratégias para reduzir o estresse térmico, a fim de manter o bom consumo de

alimentos e condição ideal de conforto térmico. Deve-se fornecer sobra o tanto

quanto possível, disponibilidade de água limpa, ventiladores e aspersores. Estudos

indicam que em condições de conforto térmico adequado a produção aumenta cerca

de 10 a 15%. Muitos produtores adotaram um sistema de chuveiros e ventiladores

adjacentes à sala de ordenha, esse processo de resfriamento pré-ordenha possibilita

num acréscimo de 0,8 Kg de leite/vaca/dia, e estimula que a vaca se alimente após a

saída da ordenha ao invés de procurar uma sombra ou ambiente mais fresco. Além de

que vacas refrescadas produzem crias maiores, desenvolvem menos problemas

metabólicos, têm maiores taxas de concepção, menos problemas de cascos, dentre

outros benefícios.

Setor de ordenha

Condições inadequadas de higiene proporcionam uma maior exposição dos

animais a agentes patogênicos aumentando significativamente o risco de

ocorrência de mastite e comprometendo a qualidade do leite. Para superar tal

desafio, faz-se necessária a implementação de práticas de manejo e higiene na

ordenha, dentre as quais, a obtenção de indicadores que retratam a atual condição

e direcionam para onde se pode atuar a fim de melhorar a qualidade do leite e

evitar prejuízos. De acordo com procedimentos recomendados pela Clínica do Leite

(ESALQ-USP), existem indicadores dentro do setor de ordenha que devem ser

avaliados periodicamente.

Diariamente Semanalmente Mensalmente

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Produção de leite do

tanque

Temperatura de leite

do tanque

Higiene dos tetos

Sobra de leite do

úbere

Qualidade de

ordenha – tetos

CCS e CBT do leite

do tanque

Cultura do leite do

tanque

CCS individual

Integridade dos

tetos

Ocorrência de

mastite

A avaliação da higiene dos tetos deve ser realizada semanalmente, acusando

um problema quando mais de 20% dos quartos avaliados obtiverem um escore

acima de 3. O quadro abaixo sugere a classificação em escores de 1 a 4.

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É recomendada ainda a avaliação semanal da qualidade da ordenha através do

escore de abertura do esfíncter. Deve-se avaliar o úbere e não teto individual até 1

minuto após a retirada das teteiras. O escore de abertura do esfíncter pode ser

classificado de 1 a 4. Recomenda-se um índice de até 20% de esfíncter aberto (escore 3

e 4).

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AVALIAÇÃO DE ESCORE DE ESFÍNCTER DE TETO

EEssccoorree 11

EEssccoorree 22

EEssccoorree 33

EEssccoorree 44

EEssccoorree 55

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Leite residual

A ordenha incompleta significa que grande quantidade de leite permanece no

úbere após o final da ordenha. Esse leite é chamado de leite residual, é a porção que

permanece dentro dos alvéolos após a ordenha. O leite residual varia de 10 a 20% do

total de leite do úbere. Grandes quantidades de leite residual estão relacionadas à alta

taxa de estresse antes da ordenha gerado por problemas no manejo como agressão

dos animais, altas temperaturas, desconforto e demora na colocação das teteiras após

o primeiro estimulo. Para detectar o problema de ordenha incompleta, basta realizar o

repasse manual em pelo menos 20 vacas, se mais de 20% dos quartos possuir mais de

100 mL, pode-se admitir que exista um problema.

Procedimentos de ordenha

A ordenha é uma das fazes mais importantes na produção de leite, é o

momento em que o produto a ser vendido é coletado, o momento mais susceptível da

vaca às mastites e o momento de alto risco de contaminação microbiana do leite. O

correto manejo de ordenha torna-se uma das principais medidas de controle de

mastite, além de melhorar a qualidade do leite e diminuir o leite residual aumentando

a produção.

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O manejo de ordenha afeta a ocorrência de mastite basicamente pela redução

da contaminação dos tetos através da boa higiene das mãos dos ordenhadores, pelo

uso de toalhas de papel para secagem dos tetos e pelo uso de pré-dipping e pós-

dipping para desinfecção dos tetos.

O objetivo principal é assegurar que os tetos estejam limpos e secos antes do

início da ordenha, para isso os seguintes passos devem ser seguidos:

1. Higiene das mãos do ordenhador, as quais são uma importante fonte de

transmissão do Sataphylococcus aureus. Deve-se lavar as mãos antes da

ordenha com água e sabão, seguida da desinfecção com solução desinfetante a

base de iodo, cloro ou clorexidina. Se possível utilizar luvas de látex ou vinil

durante a ordenha, também para a proteção da pele das mãos do próprio

ordenhador.

2. Retirada dos 3 ou 4 primeiros jatos de leite, em uma caneca telada ou de fundo

preto para diagnosticar mastite clinica, estimular a descida do leite e retirar do

conteúdo do leite que apresenta maior contaminação bacteriana. Esse manejo

deve sempre obedecer ao pré-dipping.

3. Lavagem dos tetos com água corrente, só deve ser aplicada em casos de tetos

visualmente sujos com esterco ou barro. Deve-se utilizar uma mangueira com

água de baixa pressão para evitar respingos e lavar somente os tetos, evitando

assim molhar as partes altas do úbere que não entram em contato com as

mãos do ordenhador.

4. Pré-diiping, trata-se da imersão dos tetos em solução desinfetante antes da

colocação das teteiras. O objetivo principal é evitar novas infecções, que estão

altamente correlacionadas com a presença de patógenos nas extremidades dos

tetos. Esse procedimento reduz em até 50% a incidência de novas infecções

causadas por patógenos ambientais. Deve-se fazer a imersão completa dos

tetos em soluções a base de iodo, clorexidina ou cloro (produtos com

recomendação em bula). A desinfecção dos tetos antes da ordenha pode

reduzir em até 70% a contagem de coliformes, além da redução das bactérias

psicrotróficas (capazes de se multiplicar em baixas temperaturas) que causam

danos à qualidade do leite, além da redução da CCS em decorrência da

diminuição da incidência de incidência de mastite.

5. Secagem dos tetos com papel toalha descartável, 30 segundos após o pré-

diiping é necessária a secagem dos tetos a fim de evitar a contaminação do

leite por desinfetante e evitar o deslizamento das teteiras. Deve-se utilizar

toalhas individuais para cada vaca o que reduz o risco de transmissão de

patógenos de uma vaca para outra. Essa medida reduz a contagem bacteriana

do leite.

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6. Colocação das teteiras deve ser realizada 1 minuto após a retirada dos

primeiros jatos ou do inicio da estimulação dos tetos, otimizando a ação da

ocitocina possibilitando uma ordenha mais rápida e mais completa.

7. Ajustes das teteiras. Atentar-se aos deslizamentos das teteiras a fim de evitar a

entrada de ar e conseqüente flutuação do vácuo no sistema, o que pode causar

lesões nos tetos. A queda das teteiras pode promover o fluxo inverso do leite e

levar sujidades para a glândula.

8. Retirada das teteiras ao término da ordenha: deve-se evitar ao máximo a

sobre-ordenha, retirando-se as teteiras ao termino do efluxo de leite. A

presença do vácuo no momento em que o leite já foi todo retirado pode causar

lesões nos tetos predispondo ao aparecimento de mastite. A retirada do

conjunto ainda com vácuo deve ser evitada bastando fechar o registro antes da

retirada, além disso, o ato de pressionar as teteiras para baixo ao final da

ordenha, bastante comum nas fazendas, também pode causar lesões nos tetos

e deve ser evitado.

9. Pós-diiping, trata-se de uma das medidas mais importantes no controle e

prevenção da mastite. É o ato de imergir o teto em solução desinfetante. Deve

ser utilizadas canecas sem retorno para evitar a contaminação da solução.

Controle da mastite no período seco

O período seco pode ser dividido em 3 fases distintas, a involução ativa,

involução constante e lactogênese.

A fase de involução ativa inicia-se após a última ordenha e dura cerca de 30

dias. A fase de involução constante é a fase em que a glândula está completamente

involuída, nessa fase há um tampão de queratina no orifício do teto que impede a

entrada de microorganismos, sendo a fase de menor incidência de mastite dentre as

três. E por fim o período de lactogênese, que se inicia geralmente de 15 a 20 dias antes

do parto.

São vários os fatores que favorecem a instalação de novas infecções no período

seco, com a parada das imersões dos tetos nas soluções desinfetantes, ocorre um

aumento da quantidade de bactérias no canal do teto aumentando a predisposição ás

mastites. Destacamos também o grande volume de leite acumulado que aumenta a

pressão interna e facilita a entrada de microorganismos pelo esfíncter do teto, o leite

não é mais removido além de a atividade fagocítica dos leucócitos ser reduzida.

O momento mais crítico durante a secagem são as duas primeiras semanas, é o

momento em que ocorrem mais casos de novas infecções (mastite clínica), até mesmo

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do que no período da lactação. As infecções intramamárias no período seco são

consideradas um dos principais fatores que afetam a manifestação de mastite clínica

durante o inicio da lactação. Cerca de 36% das mastites causadas por estreptococos, e

mais da metade das mastites causadas por coliformes que se manifestam no inicio da

lactação, são originárias do período seco.

Por causa da descontinuidade da ordenha as vacas no período seco estão mais

susceptíveis aos agentes ambientais do que aos agentes contagiosos, além do mais, as

glândulas mamárias apresentam queda de resistência nas duas primeiras semanas de

secagem e três primeiras semanas pós-parto, o que aumenta ainda mais o risco de

infecções por agentes ambientais. Mais de 60% das mastites que se manifestam no

início da lactação são causadas por agentes ambientais, principalmente quando são

isolados os seguintes agentes: Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus fecalis,

Escherichia coli, Enterobacter spp. e Corynebacterium spp., indicando a grande

importância do período seco como origem das infecções e como importante momento

para o controle.

Terapia da vaca seca

O objetivo principal do controle da mastite no período de seco é que as vacas

no momento do parto apresentem redução de casos de mastite em relação aos

existentes na secagem.

Trata-se da realização de infusões intramamárias de antibióticos de longa ação

em cada quarto após a última ordenha. Tais infusões intramamárias, além de prevenir

as infecções durante o período de secagem tratam as mastites contagiosas da lactação

antecedente. Em quadros de mastites subclínicas, a taxa de cura fica em torno de 70 a

90%. Dentre as principais vantagens do tratamento de vacas secas, destacamos uma

maior taxa de cura do que na lactação, possibilidade de utilizar maiores concentrações

de antibióticos, redução de novas infecções (de 50 a 70%), redução da mastite clínica

nas primeiras semanas após o parto e menor risco de resíduo de antibiótico no leite.

Processo de secagem

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O método de secagem está intimamente ligado ao número de casos de mastite,

quanto maior o volume de leite produzido na secagem, maior a probabilidade de a

vaca apresentar mastite. Para cada aumento de 5 Kg na produção de leite acima dos

12,5 Kg na secagem, o risco de novas infecções por agentes ambientais aumenta em

77% logo após o parto. Isso ocorre porque somente 50% dos tetos produzem o

tampão de queratina após 7 dias da secagem, aumentado a susceptibilidade à mastite

clínica em 4 vezes para as vacas que apresentam dificuldade de fechamento dos tetos.

Existem basicamente dois métodos de secagem, a secagem abrupta

(interrupção abrupta da ordenha) e a secagem intermitente (redução da freqüência

diária de ordenha ou o número de ordenhas por semana). Independentemente do

método utilizado, a redução da produção de leite na semana antecedente à secagem é

extremamente importante, retirando-se alimento concentrado durante 7 a 10 dias e

oferecendo-se volumoso de média qualidade. O ideal é que a secagem seja baseada

sempre na data prevista do parto.

Procedimentos para tratamento intramamário da vaca seca

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Deve-se garantir a distribuição uniforme do medicamento no interior da

glândula, atentando-se para não levar microorganismos para dentro da glândula, por

isso cuidados com a higiene no momento da aplicação do intramamário é primordial.

Sugere-se que os seguintes passos sejam seguidos:

1. Ordenhar completamente os quartos.

2. Fazer a imersão do teto em desinfetante para pós-dipping, aguardar 30

segundos e secar com papel toalha descartável.

3. Desinfetar o esfíncter (ponta do teto) com algodão em álcool 70%.

4. Realizar a infusão intramamária utilizando-se cânula curta.

5. Fazer a desinfecção com produto pós-dipping.

Uso de selantes de teto no período seco

O objetivo dessa prática é promover uma barreira física para impedir a entrada

de microorganismos pelo orifício dos tetos no período seco, uma vez que apenas 50%

dos tetos têm o tampão de queratina formado em até 7 dias.

Procedimentos para aplicação do selante:

• Antes da infusão, tetos devem ser limpos, desinfetados e secos.

• Infusão intramamária;

• Aplica-se antimastico para vaca seca;

• depois aplica-se selante sem massagear;

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Ordenha mecânica

Limpeza de equipamentos e manutenção

1. De acordo com o preconizado pela CBQL (Conselho Brasileiro de Qualidade do

Leite), para a limpeza de ordenha devemos seguir os seguintes procedimentos:

2. Determinar a dureza da água, o teor de alcalinidade ativa e o teor de cloro mínimo necessários para uma limpeza eficiente do equipamento de ordenha. Os testes determinarão a quantidade necessária de detergente a ser utilizada.

3. Imediatamente após a ordenha enxaguar o sistema por completo com água

morna a 40o C , até a água ficar limpa, sem leite, não circular.

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4. Preparar uma solução de detergente alcalino clorado ( pH maior que 11) e água com temperatura entre 70º e 75º C. Esta água deverá circular por 10 minutos. Não deixe que a temperatura chegue a menos que 40ºC no final da limpeza.

5. Drenar toda a solução de limpeza.

6. Uma vez por semana (ou diariamente) circular uma solução de detergente

ácido (pH menor que 3) à temperatura de 30 a 35ºC (não pode ser superior a 60ºC) por 5 minutos. Utilizar sempre a concentração determinada pelo fabricante.

7. Sempre escovar as partes externas do equipamento com uma solução de

detergente alcalino para limpeza manual, utilizando escovas próprias para este fim.

8. Antes do início da ordenha circular pelo equipamento solução sanitizante,

contendo 25 ppm de iodo ou 130 ppm de cloro, por 5 minutos à temperatura ambiente. O equipamento não deve ser enxaguado após a sanitização.

Manejo de tanque/Cuidados com o leite cru

Exigências da Instrução Normativa 51 do Ministério da Agricultura Pecuaria e Abastecimento, estabelecem instruções de manejo para com o leite cru, incluindo o controle de CCS, determinação dos teores de proteína, contagem total de bactérias e resíduo no leite, no entanto a qualidade microbiológica do leite cru é fundamental, pois é determinada por fatores de higiene, manejo e procedimentos de ordenha, seja para o estabelecimento da qualidade do leite em tanques coletivos, quanto para tanques individuais.

A avaliação microbiológica é o parâmetro utilizado por diversos países para estabelecer programas de bonificação. O teste tradicionalmente utilizado é a contagem padrão em placas ou contagem total de microorganismos aeróbios. O resultado é dado em unidades formadoras de colônias (UFC) por mililitro (mL) após incubação da placas. A Instrução Normativa 51 estabeleceu para o leite cru, após o ano de 2011, o máximo de 100.000 UFC/mL para os produtores individuais e 300.000 UFC/mL para os tanques coletivos para as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

A contaminação microbiana do leite cru tem como origem o ambiente, glândula mamária, superfície das tetas e úbere, utensílios, equipamentos de ordenha e armazenamento. O leite é contaminado principalmente pelas bactérias, que podem ser divididas em três grupos, as mesófilas, as termodúricas e psicrotroficas. A identificação dos grupos de microorganismos contaminantes do leite crua ajuda a identificar problemas de higiene e direcionar ações para o controle.

Mesófilas: multiplicam-se bem em temperaturas entre 20° e 40°C quando o

leite não está sob refrigeração. São os estreptococos, coliformes e lactococos. Essas bactérias causam fermentação do leite causando acidez. São originárias da falta de higiene de utensílios e de temperaturas inadequada de armazenamento.

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Termodúricas: são bactérias esporuladas e que suportam a altas temperaturas.

São bactérias do gênero Clostidium e Bacillus. A alta contagem de bactérias termodúricas estão associadas à deficiência na limpeza dos equipamentos de ordenha, borracha rachadas e ordenha de tetas sujas de terra e matéria orgânica.

Psicrotróficas: existem diversas bactérias dentro desse grupo que crescem em variadas temperaturas. Geralmente são bactérias produtoras de enzimas proteolíticas e lipases, que degradam lipídeos e proteínas, dentre elas, Pseudomonas, Aeromonas, Chromobacterium, Flavobacterium, Lactobacillus, Arthrobacter. Altas contagens de bactérias psicrotróficas estão associadas a deficiências na higiene de equipamentos de ordenha incluindo limpeza de tanque, resfriamento inadequado do leite e longo tempo de estocagem. Se as condições de higiene forem ruins, as bactérias psicrotróficas podem chegar a 75% do total da população bacteriana. Essas bactérias são eliminadas em altas temperaturas, no entanto suas enzimas são resistentes ao calor, tanto na pasteurização quanto no processo UHT. São as principais responsáveis pelas alterações de odor, textura e sabor do leite.

A tabela abaixo apresenta as ações necessárias em cada ponto do manejo para

controlar a qualidade do leite cru de acordo com o grupo de bactérias presentes na contagem bacteriana total:

Grupos de bactérias Fonte Controle

Psicrotróficos -Deficiências na higiene da ordenha; -Refrigeração inadequada do leite; -Água contaminada.

-Ordenhar tetos limpos e secos; -Fazer a desinfecção dos tetos antes da ordenha; -Manter o leite refrigerado a 4°C ou ligeiramente menos. O leite deve alcançar esta temperatura em até três horas após a ordenha. -Fazer análise microbiológica da água e realizar o tratamento, se necessário; -Fazer regularmente a limpeza das caixas d’água.

Termodúricos -Deficiências crônicas ou persistentes na limpeza dos equipamentos de ordenha; -Tetas com sujeiras do solo.

-Ordenhar tetos limpos e secos; -Fazer a desinfecção dos tetos antes da ordenha; -Rever a prática de limpeza dos equipamentos de ordenha, tanque de refrigeração e utensílios. -Trocar regularmente os componentes de borracha dos equipamentos de ordenha.

Coliformes -Contaminação da cama e tetas com fezes; -Água contaminada.

-Ordenhar tetos limpos e secos; -Fazer a desinfecção dos tetos antes da ordenha;

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-Fazer análise microbiológica da água e realizar o tratamento, se necessário; -Fazer regularmente a limpeza das caixas d’água.

Fonseca, Veiga (2007) Limpeza de equipamentos de ordenha e tanques resfriadores A deficiência na limpeza dos equipamentos proporciona consideráveis aumentos de carga microbiana do leite pós-ordenha, mesmo em fazendas com um bom sistema de resfriamento e controle de mastite. A função básica da limpeza é a remoção dos resíduos dos componentes do leite das superfícies internas das tubulações. Esse resíduo proporciona um ambiente favorável para a multiplicação bacteriana. Os resíduos podem ser orgânicos (proteínas, gordura, lactose) oriundos do leite ou inorgânicos (sais minerais como Cálcio, Magnésio e ferro) oriundos do leite e da água de lavagem. Os resíduos orgânicos devem ser retirados o mais rápido possível após a ordenha para reduzir a adesão ao equipamento. A remoção da gordura depende da alcalinidade e temperatura da solução de limpeza, uma vez que a gordura tende a se solidificar a temperaturas abaixo de 35°C, já a alcalinidade está relacionada à quebra dos glóbulos de gordura. Para a remoção da proteína, deve-se utilizar um detergente alcalino clorado, que tem a função de quebrar a proteína em partes menores. Os resíduos minerais devem ser removidos com o uso de soluções detergente ácida. Essa solução realiza a quebra das precipitações de sais minerais que, por sua vez, são um excelente local para o desenvolvimento de bactérias contaminantes do leite. Fatores que influenciam a eficácia da limpeza Tempo: para solução alcalina e ciclo deve ser de 10 minutos, para soluções ácidas o tempo deve ser de 5 minutos Temperatura: é um dos fatores mais críticos, pois o detergente alcalino clorado não atua bem em temperaturas baixas. Para o enxágüe inicial a temperatura da água deve ser entre 35° e 43°C. Durante o ciclo do detergente alcalino, a temperatura inicial deve ser de 70°C e no final de 40°C. Para solução ácida, o ciclo deve ser realizado em água fria. Volume de água e concentração da solução: deve-se seguir recomendações dos fabricantes dos produtos de limpeza. Varia de acordo com a configuração do equipamento. Velocidade e turbulência das soluções de limpeza: a turbulência e velocidade da limpeza conferem a ação mecânica na limpeza, que podem ser aumentadas pela injeção de ar nas tubulações.

Drenagem adequada: depende da inclinação do equipamento, que deve estar de acordo com as recomendações dos fabricantes. Problemas observados na limpeza dos equipamentos:

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1. Temperatura inadequada da água 2. Volume insuficiente de água 3. Velocidade e turbulência inadequadas 4. Dosagem inadequada de detergentes 5. Demora no início da limpeza após a ordenha ou retirada do leite pelo caminhão

Diagnóstico de Mastite

É fundamental que se disponha de instrumentos de análise e monitoramento da situação da doença para que seja possível a tomada de decisões de controle ou manutenção da baixa prevalência. Os conceitos de prevalência e incidência devem ser utilizados no monitoramento. A prevalência é definida como número de quartos ou animais diagnosticados como infectados divididos pelo numero total de quartos ou de vacas sob risco de infecção em determinado ponto do tempo. A incidência pode ser definida como o número de novos casos de mastite na população sob risco de infecção em um dado período. A mensuração da incidência permite avaliar como o estado de saúde da glândula mamária está mudando.

Para se determinar a incidência e prevalência da doença, é extremamente importante que se tenham registros da presença de mastite clinica, subclínica e de quais patógenos estão presentes no rebanho, para isso, existem testes que detectam a doença assim como o grau de infecção.

Para a detecção da mastite clínica, além da observação e palpação do úbere, deve-se realizar o teste da caneca de fundo preto. Para mastites subclínicas, o parâmetro mais importante é a mensuração da CCS.

Detecção da mastite clínica - Eliminação dos primeiros jatos Após a observação e exame físico do úbere deve-se realizar a eliminação dos

primeiros jatos para a verificação da existência de anormalidades no leite (descoloração, coágulos, flóculos, aquosidade). Os jatos devem ser desprezados numa caneca de fundo preto ou diretamente no chão para a observação. Caso haja a presença de algumas dessas alterações, a mastite clinica é detectada. Cuidados de higiene com o local em que o leite foi desprezado devem ser tomados, uma vez que esse leite pode vir a contaminar outros animais. A caneca ou o chão devem ser lavados com água antes da entrada de outra vaca. Este teste deve ser realizado diariamente.

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Detecção de mastite subclínica Os testes para a detecção da mastite subclínica são baseados na quantificação

da CCS, uma vez que as células somáticas estão relacionadas com processos inflamatórios e infecciosos da glândula mamária, tendo sua concentração variada de acordo com o microorganismo envolvido e com o grau de inflamação. Quanto mais grave a infecção maior a CCS, sendo que uma CCS maior do que 200.000 células/mL já indica anormalidade. A técnica mais comumente utilizada e com boa correlação com a CCS é o CMT (Califórnia Mastitis Test). Como a CCS aumenta normalmente durante a ordenha, o momento ideal de avaliar a CCS do leite através do CMT é logo após o descarte dos primeiros jatos e logo antes do início da ordenha. Coloca-se um volume de leite na medida indicada na raquete e o reagente. A quantificação da CCS se dá de acordo com o grau de gelatinização da mistura. Quanto maior a formação de gel, maior a contagem de CCS. Recomenda-se realizar o CMT ao menos uma vez ao mês.

De acordo com Philpot e Nickerson (1991), existe uma correlação relação entre o resultado do CMT e a CCS:

Escore Viscosidade CCS

0 Ausente 100.000 Traços Leve 300.000

+ Leve/Moderada 900.000 ++ Moderada 2.700.000

+++ Intensa 8.100.000

Existem outras formas de mensurar a CCS, dentre elas destacamos a contagem

eletrônica de células somáticas, normalmente feita na amostra total (mistura do leite de todos os quartos) e a Condutividade Elétrica, que fornece a CCS através da mensuração da diferença de concentração de íons entre amostra de quartos infectados e não infectados.

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Cultura de amostras do leite Para se fechar o diagnóstico da mastite e estabelecer medidas de controle mais

específicas, deve-se identificar o agente através do perfil microbiológico. A identificação do agente permite estabelecer o tratamento e a tomada de decisão em relação ao descarte de vacas.

Nos casos de mastite clínica, deve-se coletar uma amostra sempre que houver

um caso. Essa amostra pode ser congelada por até 30 dias e submetida à analise quando houver um número de amostras coletadas o suficiente.

Nos casos de mastite subclínica, no inicio do programa de controle da mastite, deve-se selecionar 20% das vacas com maior CCS do rebanho, coletar amostra do teto que apresentou maior CCS ao CMT, e submeter imediatamente ao laboratório sob refrigeração. Esse procedimento pode ser repetido a cada dois meses no primeiro semestre e depois a cada seis meses.

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Princípios para protocolos de tratamentos

O aparecimento de casos novos de mastite é inevitável mesmo com a adoção de estratégias de controle como melhorias na higiene e nos procedimentos de ordenha. Por isso, o uso de antibióticos ainda é uma das principais ferramentas de controle da mastite. Em razão das limitações da cura espontânea e da dificuldade em descartar animais com mastite, a terapia de vacas em lactação passa a ser uma medida essencial para o controle da mastite. É mais vantajoso optar pelo tratamento do que descartar o animal, com exceção daqueles animais com mastite crônica e com recorrência. O tratamento da mastite, além de assegurar o bem-estar-animal, possui ainda os seguintes objetivos:

Eliminar infecções;

Prevenir recidivas;

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Diminuir a disseminação para quartos não infectados;

Restaurar a qualidade do leite de quartos infectados;

Evitar a morte do animal em casos agudos;

Prevenir novas infecções no período seco.

A taxa de cura da mastite durante a lactação é bastante variável, sendo que diversos fatores podem estar associados ao sucesso da terapia.

O conhecimento do agente a ser tratado é de extrema importância, pode tanto definir o tratamento (produtos, protocolos de uso) quanto à decisão de não tratar os animais. O Streptococcus agalactiae, por exemplo, é extremamente sensível à antibioticoterapia, com taxas de cura de 80 a 100% apenas com infusões intramamárias, enquanto que o Staphylococcus aureus é extremamente resistente aos tratamentos, apresentando taxas de cura na ordem de 25 a 30%, devendo até, na maioria das vezes, não se utilizar antibióticos para seu tratamento por ser inviável economicamente.

Deve-se ainda levar em conta o estágio da lactação, uma vez que tratamentos no início da lactação respondem melhor do que tratamentos realizados no final da lactação. A idade da vaca (vacas mais velhas respondem menos aos tratamentos do que novilhas) e a gravidade da infecção, principalmente para evitar a perda do animal nos casos de mastite clínica aguda, geralmente causada por agentes ambientais (Eschericschia coli e Klebesiella pneumoniae).

De maneira geral, o tratamento de mastite durante a lactação é indicado em três situações, (1) as vacas são infectadas com Streptococcus agalactiae, (2) a CCS do rebanho é superior a 400.000 cel/mL e (3) quando a mastite é clínica. Uma fazenda leiteira deve esperar aproximadamente 45 casos de mastites clínica a cada 100 vacas/ano.

Tratamento de mastite clínica durante a lactação

A mastite clínica é a principal razão para o uso de antibióticos em vacas em

lactação. O tratamento durante a lactação é indicado tão logo seja diagnosticado a mastite clínica através da caneca de fundo preto e/ou observação de sinais de inflamação. O tratamento de animais com mastite clínica subaguda, que não correm risco de morte, é realizado com infusões intramamárias de produtos específicos para vacas em lactação por um período de pelo menos 3 dias, continuando por mais um dia após a cura clinica, até atingir a cura microbiológica.

Em se tratando de mastite aguda em que o quadro clínico do animal é bastante grave, o tratamento deve ser focado não somente na eliminação dos agentes como também no controle da endotoxemia, uma vez que endotoxinas produzidas pelas bactérias causam sintomas como diarréia, fraqueza, desidratação e até choque endotoxemico, levando o animal a morte. Para controlar a toxemia, deve-se utilizar fluidoterapia em grandes volumes, ordenha constante e antiinflamatório. Os quadros de mastite aguda podem durar de 4 a 9 dias.

Em casos de mastites subclínicas, o custo benefício da terapia durante a lactação deve ser avaliado, pois dificilmente essas mastites respondem aos

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tratamentos, com exceção das mastites causadas pelo Streptococcus agalactiae. O maior prejuízo causado pela mastite subclínica está na queda de produtividade dos animais.

Antibióticos

A escolha do quimioterápico adequado é um ponto importante para o sucesso do tratamento, diversos fatores devem ser considerados na escolha do antibiítico para tratamento:

Sensibilidade da bactéria;

Capacidade de difusão da droga na glândula;

Manutenção de concentração suficiente para eliminação do agente;

Efetividade da droga na presença de leite e seus componentes;

Ação bactericida ou bacteriostática do princípio;

Período de carência do antibiótico;

Custo.

Levando em consideração que o local de ação do antibiótico é o úbere, e que por sua vez esse antibiótico estaria em contato com proteínas, gordura e sob um pH de 6,8, o antibiótico ideal para administração intramamária é aquele que possui baixa ligação com proteínas, alta lipossolubilidade e ser uma base fraca em função do pH, além de atingir os microorganismos presentes no processo infeccioso. Além da necessidade de se utilizar produtos eficientes e de boa qualidade, deve-se ressaltar que a cânula ideal de aplicação do antimastítico é a cânula curta, uma vez que a cânula longa promove abertura do canal do teto viabilizando uma porta de entrada de microorganismos através do orifício do teto.

Espectro de antibióticos Streptococcus agalactiae O S. agalactiae é extremamente sensível aos antibióticos intramamários, acarretando em programas eficientes de erradicação. Estudos confirmaram a ótima eficácia da erotromicina, penicilinas, cloxacilina e cefalosporinas para o controle desse agente, tanto em vacas em lactação como em vacas secas. Já a gentamicina, neomicina e polimixina B apresentam baixa efetividade. Estreptococos ambientais Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis fazem parte desse grupo de bactéria, que podem ser transmitidas de vaca para vaca, porém têm o ambiente como reservatório, tornado raro a erradicação desses microroganismos. Esse grupo de bactérias é comumente sensíveis às penicilinas, cefalosporinas, cloxacilina e eritromicina, e resistente a gentamicina, neomicina, estreptomicina, nitrofurazona

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e polimixina B. O S. dysgalactiae responde bem aos tratamentos na lactação e no período seco, enquanto que o S. uberis responde melhor na lactação. Staphylococcus aureus

Como citado anteriormente, essa bactéria possui taxas de cura extremamente baixas. Dessa forma, para a sua erradicação, recomendam-se estratégias de tratamento alternativas que serão discutidas a seguir. Estudos de resistência a penicilina possuem resultados variados (0 a 82%), tornando impossível chegar a aguma conclusão em relação ao seu tratamento.

Agentes gram-negativos

As mastites causadas por agentes gram-negativos ambientais é um problema de grande importância em rebanhos bem manejados e com baixos índices de mastites contagiosas. Os agentes responsáveis são: E. coli, Klebesiella sp. e Enterobacter sp.. Cerca de 90% dos agentes gram-negativos causadore de mastite são sensíveis a gentamicina, cloranfenicol e polimixina B.

Novas estratégias para o tratamento da mastite As baixas taxas de cura em tratamentos convencionais para o controle do S. aureus, têm estimulado a busca por diferentes alternativas. As novas estratégias que estão em evidênciaia são a terapia combinada, terapia estendida e a vacinação combinada com tratamento. Terapia combinada Utiliza-se a combinação de tratamento intramamário com aplicação via sistêmica. Essa estratégia permite com que o antibiótico atinja altas concentrações na glândula e permaneça por mais tempo. Com a terapia combinada para S. aureus pode-se aumentar a taxa de cura de 25 para 50%, além da maior redução da CCS com a terapia combinada comparando-se com a terapia intramária. Terapia estendida

A terapia estendida baseia-se na aplicação de antibióticos intramamários por 6 a 8 dias visando à ação em S. aureus. Há uma redução significativa na CCS, melhoria na qualidade do leite e aumento de produção, no entanto, a perda por descarte e o custo do medicamento deve ser levado em conta na tomada da decisão. Tratamento combinado com vacinação A estratégia proposta de vacinação combinada com tratamento também visa o controle do S. aureus. Baseia-se na aplicação de 2 doses de vacina com intervalo de

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2 semanas logo antes da aplicação de intramamário, procede-se a aplicação do intramamário por 6 dias, e aplica-se uma terceira dose no último dia do tratamento. Essa estratégia leva a uma taxa de cura de até 80%, sendo uma boa alternativa para rebanhos com altas taxas de mastite crônica por S. aureus.

Resíduos no leite

Atualmente, com a intensificação da produção de leite, o uso de antibióticos é essencial para a manutenção da saúde dos animais, no entanto, para que o leite seja seguro e de boa qualidade deve ser isento de resíduos de drogas como antibióticos e pesticidas.

Os testes para detecção de resíduos de antibióticos no leite podem ser qualitativos, quantitativos ou semi-quantitativos. Os testes qualitativos apresentam resultado positivo ou negativo, em função de uma concentração limite pré-determinada para um grupo de antibióticos ou de um antibiótico específico. O teste quantitativo é normalmente utilizado para a confirmação de uma suspeita previamente identificada em um teste qualitativo. Os testes semi-quantitativos apresentam resultados em faixas de concentração.

O Ministério da Agricultura preconiza valores estabelecidos por diversos órgãos internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Codex Alimentarium para determinar o LMR (Limite máximo de resíduo) de cada medicamento. O LMR determina o período de carência dos medicamentos, sendo que um alimento é seguro para o consumo humano somente quando a concentração de determinado princípio ativo estiver igual ou inferior ao LMR. Por sua vez, a indústria captadora de leite pode estabelecer as suas próprias exigências e padrões de qualidade do leite a ser recebido. Na maioria das vezes, as indústrias captadoras utilizam Kits comerciais como método de triagem para a detecção de antibióticos no leite. O grande problema, é que estes testes de triagem utilizados nas indústrias captadoras para a condenação de leite, são testes qualitativos, ou seja, o resultado é positivo ou negativo para a presença de antibióticos, não sendo possível saber a quantidade exata de antibióticos em ppb (partes por bilhão) que está presente naquele leite.

A maioria dos testes é voltada para a detecção de betalactâmicos por ser o grupo mais utilizado para o tratamento das mastites. São classificados quanto ao seu modo de ação, os mais comumente utilizados são:

Inibição de crescimento bacteriano:

1. Delvotest-SP

2. Charm Farm

Testes imunológicos:

1. CITE Snap Idexx

Provas enzimáticas:

1. Penzime

2. Idexx Snap test

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Os testes de inibição de crescimento bacteriano são qualitativos e utilizados como triagem, apresentam limitações quanto à detecção de alguns antibióticos, porém são de baixo custo e de fácil execução. Baseiam-se na incubação de um microorganismo (Bacillus stearothermophilus) com uma amostra de leite. Caso haja concentração suficiente de antibiótico no leite (amostra), o crescimento bacteriano é

eliminado ou reduzido. No teste Charm Farm possui um indicador de pH, quando há crescimento bacteriano ocorre a mudança de cor do indicador. Em casos de vacas com mastite, existe a possibilidade de ocorrer um falso positivo no teste de inibição de crescimento bacteriano, pois o leite desse animal contém inúmeros componentes de defesa contra as bactérias, como leucócitos e anticorpos, lisozima, lactoferrina, e complemento. Esses componentes causam uma inibição de crescimento bacteriano que pode ser confundida com a presença de antibiótico no leite. Os resultados falso-positivos causam enormes prejuízos ao produtor, uma vez que o custo do leite que deve ser descartado é do produtor. Por isso, é importante estabelecer um procedimento de repetição do teste de triagem e a confirmação com teste quantitativo.

Prevenção de resíduos

Qualquer antibiótico utilizado em vacas pode resultar em resíduos no leite, por qualquer via de administração (intra-mamária, intramuscular, intra-uterina, oral, tópica). Em se tratando de intra-mamários, a droga aplicada em um quarto atinge a corrente sanguínea passa para o leite dos outros quartos. Uma vez que a droga atinge a circulação sanguínea, inicia-se o processo de metabolização e diminuição da sua concentração no organismo do animal, até permanecer abaixo do LMR (limite máximo de resíduo permitido para consumo humano estabelecido pela FAO – Food and Agriculture Organization), por isso deve-se obedecer ao período de carência estabelecido pelo fabricante para a droga utilizada. As principais razões para a presença de resíduos de antibióticos no leite são:

1. Não observação do período de carência do antibiótico; 2. Erro na identificação dos animais ou na anotação dos dados; 3. Uso de dosagens ou esquemas diferentes do indicado em bula; 4. Descarte de leite apenas do quarto tratado; 5. Vacas que parem antecipadamente encurtando o período seco; 6. Uso de produtos para vacas secas em vacas em lactação; 7. Ordenha acidental de vacas secas ou vacas recém tratadas; 8. Mistura de leite com e sem resíduo.

As medidas para prevenir a presença de resíduos no leite são:

1. Implementar medidas para diminuir a ocorrência de mastite no rebanho; 2. Ordenhar os animais tratados separadamente; 3. Respeitar o período de carência; 4. Utilizar produtos com doses e esquemas recomendados em bula;

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5. Treinar funcionários sobre o correto uso de antibióticos em animais em lactação e manejo de animais tratados.

Qualidade do leite

Contagem de células somáticas e qualidade do leite

A contagem de células somáticas (CCS) do leite é um critério de qualidade mundialmente adotado pela indústria, produtores e mercado de lácteos de forma geral. Após o surgimento de métodos automatizados de CCS, essa análise tornou-se amplamente empregada para o diagnóstico da mastite e também como parâmetro de avaliação da qualidade do leite. A partir de 1992, os países da União Européia, a Nova Zelândia e a Austrália adotaram como limite máximo legal para a CCS do leite para consumo humano, o valor de 400.000 cel/mL, enquanto no Canadá e nos EUA, os limites fixados são respectivamente: 500.000 e 750.000 cel/mL. No Brasil, os limites de CCS do leite foram inicialmente definidos pela Instrução Normativa MAPA 51/2002, a qual previa que a partir de 2005 a CCS máxima do leite cru seria de 1.000.000 células/ml. Em 2011, a IN 51/2002 foi revogada e substituída pela Instrução Normativa MAPA 62/2011, com a adoção de limite legal de CCS de 600.000 células/ml (avaliação de média geométrica de três meses consecutivos), com validade de janeiro/2012 a junho/2014, para as regiões Sul/Sudeste/Centro-Oeste. Além da maior rapidez na realização do teste em relação ao CMT, a CCS possibilita a conservação das amostras em temperatura ambiente para posterior envio a um laboratório, além de os resultados poderem ser comparados entre si sem a interferência da interpretação da pessoa que o faz.

Fatores que afetam a CCS

O fator que tem maior efeito sobre a CCS é o nível de infecção da glândula mamária. Vacas que estão livres de infecção intramamária apresentam CCS significativamente menor que as vacas infectadas, no entanto existe grande variação da CCS em função do tipo de agente causador da mastite.

A CCS de amostra composta (dos quatro quartos) do leite de uma vaca depende do número de quartos infectados, da gravidade da infecção e da produção de leite em cada quarto. Dessa maneira, existe relação positiva entre a CCS do leite do tanque e a porcentagem de quartos infectados no rebanho. O aumento da CCS no tanque é um reflexo direto do aumento do número de quartos infectados, o que resulta em aumento nas perdas de produção de leite.

A CCS pode variar também durante a ordenha e em função do método de amostragem. A CCS é menor imediatamente antes do início e maior nas porções finais da ordenha. Amostras coletadas na ordenha da tarde podem ter CCS maior que na ordenha da manhã, o que significa que as amostras compostas devem ser obtidas a partir do leite das duas ordenhas (manhã e tarde). Adicionalmente, pode ocorrer variação diária da CCS de

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vacas, o que pode ser explicado pelas flutuações na produção, eliminação espontânea de infecções, estresse e mesmo variação normal.

Outros fatores podem ter efeito indireto sobre a CCS, como a época do ano, o estágio de lactação e a idade da vaca. São observados aumentos na CCS à medida que a idade da vaca e o estágio de lactação avançam, em função de maior resposta celular de vacas adultas, aumento da prevalência de infecções e lesões residuais de infecções anteriores. Observa-se grande elevação da CCS após o parto e os níveis normais somente retornam cerca de 8 a 14 dias depois. Pode ser observado também aumento da CCS antes da secagem, quando a produção de leite cai abaixo de 4 kg/dia. Entretanto, tanto a idade como o estágio de lactação não alteram a CCS em vacas não-infectadas, uma vez que o aumento da CCS observado no final da lactação está associado à maior probabilidade do animal ter se infectado ao longo da lactação e na medida em que fica mais velho.

Além disso, verifica-se aumento da ocorrência de casos clínicos e de mastite subclínica nos meses mais quentes do ano. No entanto, não há relação causal entre a CCS e a época do ano, visto que o aumento da CCS somente ocorre quando há aumento do número de infecções existentes no rebanho. Nos quartos não-infectados ocorrem variações mínimas na CCS ao longo do ano, inclusive nos períodos mais quentes. As condições ambientais, como temperatura elevada e umidade relativa alta apresentam pouco impacto sobre a CCS dos quartos não-infectados. As condições ambientais dos meses mais quentes do ano aumentam os fatores de risco para a ocorrência de novas infecções, as quais são as causas principais da elevação da CCS. Em condições de estresse térmico ocorre maior exposição do teto aos agentes causadores de mastite (maior proliferação dos microrganismos em função da alta umidade e temperatura) e concomitantemente verifica-se redução da capacidade de resistência da vaca. Essa resistência diminuída do sistema imune da vaca pode ser ocasionada pela menor ingestão de nutrientes como Se e vitamina E (essenciais para a resposta imune do animal) e pela alteração hormonal provocada pelo estresse. Dessa forma, para superar o maior desafio a que os animais estão submetidos durante o verão, é necessária a implantação de medidas adicionais de controle de mastite, assim como o uso de um programa nutricional diferenciado e a melhoria do conforto na área de permanência dos animais. Relação entre a CCS e a produção de leite

A elevação da CCS de um quarto mamário com mastite está associada à diminuição na produção de leite naquele quarto e, consequentemente, na produção total do animal. Essa redução na produção ocorre em razão das alterações das células epiteliais secretoras e pelas alterações na permeabilidade vascular no alvéolo secretor durante a infecção. Em termos econômicos, a elevação da CCS traz grandes prejuízos tanto ao produtor de leite como à indústria de laticínios. Com relação ao produtor, as maiores perdas estão relacionadas à queda na produção por parte dos animais infectados. Além da queda na produção de leite, outros custos adicionais estão associados à incidência de mastite, que podem ser quantificadas na seguinte ordem:

Valor da produção de leite perdida (66% do total);

Descarte prematuro de vacas (22,6% do total);

Valor do leite descartado com resíduos (5% do total)

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Despesas com veterinário e tratamentos (5 a 6% do total).

A CCS é uma das principais formas de estimar as perdas de produção de leite causada pela mastite subclínica. As estimativas das perdas de produção podem variar de 10 a 30% da produção leiteira por lactação, sendo que a extensão das perdas é influenciada por diversos fatores, como gravidade da infecção, tipo de microrganismo causador, duração, idade do animal, época do ano, estado nutricional e potencial genético. A ocorrência de mastite pode resultar em perdas de produção sobre a próxima lactação, ainda que os efeitos principais sejam sobre a lactação atual na qual ocorre o caso de mastite. Os efeitos negativos da mastite sobre a próxima lactação são da ordem de 20 a 30% das perdas observadas na lactação atual. Efeito da CCS sobre a composição do leite

A mastite acarreta mudanças nas concentrações dos principais componentes do leite (proteína, gordura e lactose) e também de outras substâncias, como minerais e enzimas. Os principais mecanismos pelos quais ocorre alteração nos níveis desses componentes são: a) lesão das células epiteliais, que pode resultar em alteração da concentração de lactose, proteína e gordura; b) aumento da permeabilidade vascular, que determina maior passagem de substâncias do sangue para o leite, tais como sódio, cloro, imunoglobulinas e outras proteínas séricas.

As alterações na composição do leite em função da mastite dependem da gravidade da infecção e do estágio da doença. Mudanças mais pronunciadas podem ser observadas nos casos clínicos, quando comparadas com os casos subclínicos da mastite.

Alterações da composição do leite associadas com alta contagem de células somáticas:

Componente g/100 mL

CCS (x 1.000 cel/mL) Razão da

mudança <100 <250 500-1.000 >1.000

Lactose 4,9 4,74 4,6 4,21 Redução

da síntese Caseína 2,81 2,79 2,65 2,25

Gordura 3,74 3,69 3,51 3,13

Proteína do soro 0,81 0,82 1,10 1,31

Passagem do sangue

Soroalbuminas 0,02 0,25 0,23 0,35

Imunoglobulinas 0,12 0,14 0,26 0,51

Cloro 0,091 0,096 0,121 0,147

Sódio 0,057 0,062 0,091 0,105

Potássio 0,173 0,180 0,135 0,157

pH 6,6 6,6 6,8 6,9

Fonte: Schallibaum, 2001.

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Em animais com mastite ocorre aumento na concentração de proteínas de origem do sangue e concomitante redução na concentração de caseína do leite, resultando assim em alterações mínimas na concentração de proteína total no leite. Dentre as proteínas séricas presentes no leite com altas CCS, ocorrem aumentos na concentração de albumina sérica e na concentração de imunoglobulinas, possivelmente pela perda da integridade do epitélio mamário pela ação de toxinas bacterianas. Paralelamente ao aumento na concentração de proteínas séricas no leite, ocorre diminuição na concentração de caseína no leite com altas CCS..

As alterações nas frações de proteínas do leite causadas pela mastite apresentam importantes implicações sobre o potencial do leite como matéria-prima para a fabricação de derivados, em especial de queijo. Sendo assim, os sistemas de pagamento baseados em porcentagem de proteína total, sem levar em conta a CCS, apresentam limitações, uma vez que o rendimento industrial do leite está associado à fração de caseína.

De maneira geral, ocorre redução na concentração de gordura no leite de vacas com mastite. Além disso, ocorre ação enzimática de lipases de origem leucócitária, assim como da própria lipase lipoprotéica presente no epitélio secretor da glândula mamária. Ambas as enzimas atuam sobre a membrana dos glóbulos de gordura, expondo os triacilglicerídeos à ação de outras lipases, acarretando elevação da concentração de ácidos graxos livres e o aparecimento da rancidez do leite.

A mastite provoca diminuição na concentração de lactose no leite decorrente da lesão tecidual, a qual reduz a capacidade de síntese pelo epitélio glandular e, como resultado, afeta significativamente a quantidade de leite produzida. Adicionalmente, ocorre passagem de lactose do leite para o sangue, o que pode ser comprovado pelas concentrações mais elevadas de lactose no sangue e na urina de vacas com mastite.