mano de uma forma escrita desde o ensaios históricos - formacao folha.pdf · ensaios históricos...

2
Ensaios Históricos Leopold Rodés Formação do folha A etimologia ajuda na interpretação da história A polpação das fibras vegetais e a iiitiiiiií atura de folhas de papel 1 Oram evoluindo à medida que estas ati vidades foram se deslocando ao longo das antigas rotas do comércio com pousos mais ou menos prolongados em localidades que abrigaram moinhos papeleiros em tempos passados quer seja pela disponibilidade de matérias primas fibrosas quer pela proximidade de grandes centros consumidores de papel A história nos diz que estes pousos propiciaram freqüentemente a introdu ção de pequenas melhorias nos procedi menios operacionais das manufaturas pa peleiras apesar de ter sido consagra dos por um longo uso e pela tradição oral A incorporação de inovações foi decorrente principalmente do nível cultural das habilidades da capacitação e da imaginação criativa dos artesãos locais A sua difusão em novos países e continentes tornou possível um lento acu mular a resultados daquelas pequenas e sucessivas melhorias que conjuntamen te representam uma interessante evolução tecnológica para o artesanato das manufaturas papeleiras porquanto essa evolução as levou à preparação de agregados fibrosos formando camadas finas pelo entrelaçamento de fibras vegetais de tal modo que seus agregados resultaram flexíveis e resistentes ao uso A superfície plana de ambas as faces destas finas camadas fibrosas demons traram ser e ainda são de grande utili dade para registrar o pensamento hu mano de uma forma escrita Desde o início da sua manufatura na Europa medieval estas finas camadas de fibra sol ídarriente entrelaçadas foram deslocan do gradativamente o papiro de origem egípcio de suas funções de uso tradicional naquela época como suporte da escrita ao ponto delas tomarem posse do termo papel etimologícarnenle des cendente do grego púpyros passando pelo latim ptipyru e pelo catalão Imiper Os trapeiros representam um I fator de continuidade na linha evolutiva papeleira Não menos interessante é a análise desta evolução quando ela é dissecada nos seus principais componentes e dei xando a descoberto suas interdepen dências Esta análise mostra que o cultivo das plantas fibrosas a colheita das fibras virgens ou a coleta de trapos velhos pe daços de pano usados rasgados surra dos e sujos visando o reaproveitamento ea reciclagem de fibras usadas para outras finalidades sua classificação e limpeza o seu beneficiamento primário o processamento industrial preliminar dos feixes fibrosos obtidos a preparação cuidadosa de finas camadas com libras entrelaçadas formando folhas o desa u ua do e secado das mesmas e final mente o seu enrolado e acabamento superficial são atividades aparentemente independentes que na prática configu ram etapas intimamente interligadas de um processo produtivo descontínuo A quantidade de sujeira que acompa nhava os trapos velhos era formada por partículas aderidas às fibras vegetais por bolor e outros fungos por partículas lidas de materiais fibrosos e não fibrosos por cabelos pêlos e outros resíduos con figurando um lixo muito variado Os trapeiros cuidavam também de apanhar papéis livros velhos e cartonagens usa das e sendo os trapos velhos por muito tempo a principal fonte de fornecimento das fibras que alimentavam os moinhos papeleiros deve se concordar sobre a conveniência de se proceder a uma sele ção cuidadosa das fibras vegetais adqui ridas como matéria prima para as manu faturas papeleiras tanto as virgens como as a ser recicladas e simultaneamente exercer um controle de qualidade capri chado sobre cada uma das etapas interli gadas cuja seqüência configurava o pro cesso manufatureiro do papel A pasta que resultava da maceração e 1 0 0 Papel Fevereiro 1995

Upload: phamtruc

Post on 09-Jan-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Ensaios HistóricosLeopold Rodés

Formação do folha

A etimologia ajuda nainterpretação da história

Apolpação das fibras vegetais e aiiitiiiiiíatura de folhas de papel

1 Oram evoluindo à medida que estas atividades foram se deslocando ao longodas antigas rotas do comércio compousos mais ou menos prolongados emlocalidades que abrigaram moinhospapeleiros em tempos passados quer sejapela disponibilidade de matériasprimasfibrosas quer pela proximidade degrandes centros consumidores de papelA história nos diz que estes pousospropiciaram freqüentemente a introdução de pequenas melhorias nos procedimenios operacionais das manufaturas papeleiras apesar de já ter sido consagrados por um longo uso e pela tradição

oral A incorporação de inovações foidecorrente principalmente do nívelcultural das habilidades da capacitaçãoe da imaginação criativa dos artesãoslocais A sua difusão em novos países econtinentes tornou possível um lento acumular a resultados daquelas pequenas esucessivas melhorias que conjuntamente representam uma interessanteevolução tecnológica para o artesanatodas manufaturas papeleiras porquantoessa evolução as levou à preparação deagregados fibrosos formando camadasfinas pelo entrelaçamento de fibrasvegetais de tal modo que seus agregadosresultaram flexíveis e resistentes ao uso

A superfície plana de ambas as facesdestas finas camadas fibrosas demons

traram ser e ainda são de grande utilidade para registrar o pensamento hu

mano de uma forma escrita Desde o

início da sua manufatura na Europamedieval estas finas camadas de fibra

sol ídarriente entrelaçadas foram deslocando gradativamente o papiro de origemegípcio de suas funções já de usotradicional naquela época como suporteda escrita ao ponto delas tomarem possedo termo papel etimologícarnenle descendente do grego púpyros passandopelo latim ptipyru e pelo catalão Imiper

Os trapeiros representam umI

fator de continuidade na linhaevolutiva papeleira

Não menos interessante é a análise

desta evolução quando ela é dissecadanos seus principais componentes e deixando a descoberto suas interdependências Esta análise mostra que o cultivodas plantas fibrosas a colheita das fibrasvirgens ou a coleta de trapos velhos pedaços de pano usados rasgados surrados e sujos visando o reaproveitamentoe a reciclagem de fibras já usadas paraoutras finalidades sua classificação elimpeza o seu beneficiamento primárioo processamento industrial preliminar dosfeixes fibrosos obtidos a preparaçãocuidadosa de finas camadas com libras

entrelaçadas formando folhas o desauuado e secado das mesmas e final

mente o seu enrolado e acabamento

superficial são atividades aparentementeindependentes que na prática configuram etapas intimamente interligadas deum processo produtivo descontínuo

A quantidade de sujeira que acompanhava os trapos velhos era formada porpartículas aderidas às fibras vegetais porbolor e outros fungos por partículas sólidas de materiais fibrosos e não fibrosos

por cabelos pêlos e outros resíduos configurando um lixo muito variado Ostrapeiros cuidavam também de apanharpapéis livros velhos e cartonagens usadas e sendo os trapos velhos por muitotempo a principal fonte de fornecimentodas fibras que alimentavam os moinhospapeleiros devese concordar sobre aconveniência de se proceder a uma seleção cuidadosa das fibras vegetais adquiridas como matériaprima para as manufaturas papeleiras tanto as virgens comoas a ser recicladas e simultaneamente

exercer um controle de qualidade caprichado sobre cada uma das etapas interligadas cuja seqüência configurava o processo manufatureiro do papel

A pasta que resultava da maceração e

1 0 0 Papel Fevereiro 1995

huúozcuto das õ800 limpas n classificadas era dispersada nm água numa vasilhacom uma capacidade adequada para manter uma concentração uodionoe mesmoquc mediante o uso do molde manualhouvesse retiradas contínuas dc6bmmparau preparação das folhas depapelewobmqücnncmemmrealimentações com novasparcelas dc pasta celulósica recentementehuidoa nos maços ncfiuudorrs

A forma ou molde itemimportante no evolução dasmanufaturas papeleiras

Na formação du folha dc papel ocupaum lugar de destaque u peneira moldeou forma usada já noa tempos dnWuiLun para a preparação manual ooformação individual de cada folha de papelEste artefato consistia inicialmente nu

mas peneiras flexíveis confeccionadascom taquaras finas de bambu interligadas com fios de xcduimoxadu ou com

pêlos decrinas animais ou uindu comfios de fibras vegetais o6 que u evolução doueturlcvuuúwboomasoopcocizunrígidas desenvolvidas pelos árabes Osluúmuennn honnatom edpnx diferentes depeneirasmoldes que podem ser observadoscnuoexomplus ainda vivos cozregiões extremadamente isoladas c isentas deinfluêocinamodernizuntompnnniomnccoonúuiruapdncipuinetupauguedescorhnamu linha evolutiva mestre das

mxouCuurux pupcicuNo presente ensaio pmrém nos limi

taremos o focalizar efonnuçüo das foibmm manufaturadas na primeira metadedeste milênio ou seja o ponto duevouão tecnológica pupcciu no qualocorreu o declínio úu influência árabe o

o início daera industrial na EuropaNaquela época u puuxu oeuóuiuu n

wuaotc do buúmcmodou fibras era dis

pcmaduouúDuuccmúdooumoúnodcpedfiloval nu vasilha do madeira formada dc

uducmm provida de uma cmnpm na faixacentral que deixava duas áreas u1eruiasem tampa c pelas quais era fácil por unilado retirar com omolde ou forma a quantidade dc fibras cm suspensão destinada uformar tinia folha e pelo outro odo dexonbeuomuntcradixpnmú000nvcoiontemcotcaêúadayumcviuoumodimcntug8odas úbmuá tina tinha seu fundo homnado

por uma chapa metálica que pcnniúaumaquecimento moderado da suspensãolíquida nela contida mediante brasasiricandescentes colocadas com esta finali

dade tia parte inferior da vasilha

Inicialmente as peneiras consistiamem taquaras finas on afinadas justapostas dnixuudounaiotermdicmcmtreiuosen

tre elas c mantidos cm pox9Üa purucumediante fios dc fibras vegetais dosedatrançada crinas de animais ou suas c000binmJõeo o que resultava em puumiousflexíveis nos pontos onde um taquarasfinas eram mantidas unidas entrexpelosfios que as interligavam B8mís recentemente o molde passou a ser forrnado poruma moldura de mudohu de forma

retangular sobre uquu era fixada urnapeneira formada por umentrelaçamentoperpendicular entre diversos fios

metúliooanu moldura cúo lado ooqualera fixado o crivo ou peneira era colocado um nnbnmnde cujo ycMD infcriocpor superposição apresentava umencaixe perfeito com o perfil superior domoldura retangular que suportava ocrivo àmoim nmtc subnmude formava

ooniuomnemc com a moldura uma oxguuddu uma espécie dc omüxübo ondeficava ioxcddnu peneira A área dasuperfície livre do peneira oamimn cunaixudueu altura do lado interno dosobre

molde deaxminuvumn volume de sus

pensão u4uomuúc fibras retirado da tinacada vez que a forma uu conjunto moiúcoobremode era mergulhado nu tina comesta finalidade

kretirada úu Oonnu carregada erarealizada numa seqüência de mnÜnoomou o serem seguidos dehnnuouidudnxummutc repetitiva porquanto constituíam um houu considerado parte impopianodopnomesoodcCummuçQnúefnhaxxim sendo e forma devia ser retirada

úm tina numa posição dchorízontaJidudequase perfeita Nesta posição horizontalu retirada du forma não podia ser nembrusca nem lenta demais até o momen

to de pcnÍcr o contato com uaupecõciclíquida do conteúdo dutina Imediatamente após perder ocontato com u superfície do líquido n operador imprimiana forma urna sacudidela circular cujaamplitude c intensidade determinavam uentrelaçamento das fibras nela contidasainda com uma boa parte da água semter tido tempo de oc esgotar através dopeneira sob n ação du força dugravidadeBatr esgotamento era completadoquuodu após cuidadosamente retirarmohomodo a moldura com u peneirasobre u qual u folha iniciou sua formação era deixada numa posição inclinadaapoiada num suporte vertical dcmadeirainserido sobre a tampa central úatina

Os feltros e lã unNcaminho

poroso para o desaguamentodos folhas de papel

Neste ponto as fibras entrelaçadas formando oguc poderíamos denominar deprouofbUW não apresentavam aindauma onoaxtAncio suficientemente firme

para poder ser destacadas do peneira Porumtoeruoommuoocuidudoguemcdavuuma virada dc QOuomolde assim dci

xunduupcoo6oihanuparte inferior domolde ccmposição de oc deitada uodoúmida sobre um pano do feltro Seguindoeme riÓuul ua camadas dn fibras vegetaisooralupuduy mcunz cuidadosamentedcimdou sobre um úiun de üecom

muito cuidado tmnhémcobertas por outro OclondelúsobreoquuJecudcpootuúauma nova camada dm fibras entrelaçadas eainda úmidas Esta operação era repetidaaté ter folhas empilhadas e intercaladasnum total úe2b2 panos dcfeltro As pilhasassim formadas pela superposição alternada d camadas dcfibras celulósicas

de puunm dm feltro eram weguidamcumocolocadas ouom grande prensa de roscavertical denominada Prensa deMaoch8o

e cujo uciooanuento mediante uma longaalavanca lateral donnm6nadamanohã

apressava u eliminação du água retida entreas Gbom das fuUma de papel ainda emformação pressão exercida sobre opilhadc folhas depapel cón feltros intercaladosespremia para fora u água das camadascduÚoinuu forçando seu esgotamento através dos panos de lã féomdu após oqueaquelas camadas de fibrasnâetuiu comsua umidade já bein reduzida se apresentavam com uma resistência suficiente parapmdermrretiradas dos feltros ependuradasnum o ventilado onde após serem secasuoarrecc6cradenominmyúodehohunde papel Exru ximbiooe mu linha deprodução entre os feltros e o papel deveter propiciado uma opnzxinuaçQoetamUiuiidâ1 entre nu papeleiros que utilizavam os feltros e as tecriologias em uso nafétroêem da ü É evidente que o pisamento usado para conseguir n houzxdndas fibras deiüünOuiuoo desenvolvimen

to doxpümiúvnxmmiobumpmpolenuxsuxyJ0en c baterias dcmaços

Após o prensagem da pilha usfolhasdc papel eram destacadas dos feltros osquais ú medida que ficavam livres dassuas respectivas folhas eram empilhadose nesta forma colocados cm posição dealimentar uivero8uciude 0uhao de pupeleútnox úa uma nova pihu

0 PapelFevereiro l995 11