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  • 7/25/2019 Manifesto do grupo Verde.pdf

    1/2

    M NIFESTO DO GRUPO VERDE

    D E C T G U Z E S

    Este manifesto no uma explicao. Uma ex

    plicao nossa no seria compreeendida pelos criti-

    ticos da terra , pelos innumerav eis conselheiros b. b.

    que dogmatizam empoleirados nas columnas preten

    sas importantes dos jornaes mirins do interior. E seria

    intil para os que j nos comp reenderam e esto nos

    apoiando.

    Nem uma limitao dos nossos fins e proces

    sos, porque o moderno innumeravel .

    Mas uma limitao entre o que temos feito e o

    monte do que os outros fizeram.

    Uma separao en tre ns e a raba da dos nos

    sos ades istas de ultima ho ra, cuja adeso mu des

    conforto. '

    Pretendem os tamb m focalisar a linha divisria

    que nos pe do lado oposto ao outro lado dos demais

    modernistas brasileiros e extrangeiros.

    Ns no soffremos a influencia direc ta extr an-

    geira. Todos ns fizemos questo de esquecer o

    francs.

    Mas no pense ningum que pretendemos dizer

    que somosos daquitodo s iguaes.

    Somos differentes. Diversissimcs at. Mais mui

    to m ais differentes do pessoal da s casas v isinhas.

    Nossa situao topog raphica faz com que te

    nham os, facto, uma viso sem elhante do conjucto

    brasileiro e am ericano e da hora que passou, passa e

    que est para passar.

    Dahi a unio du grup o "VERDE". Sem prejuiso,

    entretan to, da liberdade pessoal, processos e :.iodo

    de cada um de ns.

    Um dos muitos particulares caractersticos do

    nosso grupo 6 o objectivismo.

    Todos somos objectivstas quasi. E xplicao ?

    No precisa. Basta mettor a mo na cabea, pensar,

    comparar e... concordar.

    O logar que hoje bem nosso no Brasi intelle-

    ctnal foi conqu istado to so men te ao d ionisaco em

    pree ndim ento do forte grup o de Rello Horizonte, ten

    do frente o en thusiasmo m oo de Carlos Drum-

    mond, Martins de Almeida e Emlio Moura, com a funda

    o da A REVISTA, que embora no tendo tido vida

    longa, marcou poca na historia da innovao mo

    derna em Minas. (*)

    Apesar de citarmos os nom es dos rapazes de

    Bello Horisonte, no temos, absolutamente, nenhum a

    ligao com o estilo e vida literria delles.

    Som es ns. Somos VERDES. E este manifesto

    foi feito especialm ente p ara pro vo car um gostossimo

    escndalo interior e at vaias intimas.

    No faz mal, no. E' isso mesmo.

    Acompanhamos S. Paulo e Rio em todas p.s suas

    innovaes e renov aes estticas, quer na lite ra tur a

    como em todas as a rtes belias, no fomos e nem so

    mos influenciados por elles, com o q uerem alguns.

    No temos pes esp ritaaes\ Ao passo que ou

    tros grupos, apesar de gritos e protestos e o diabo

    no "iiUdo do ab rasileiramento de nossos motivos e de

    ia fala, vivem por ahi a p asc har p "mo das" br

    baro do sr. Cendrars e outros franceses escovados ou

    pacatssimos.

    No temos preten o alguma d e escanch ar os

    nossos amigos. No. Absolutamente.

    Queremos dem onstrar ap enas a nossa inde

    pen dn cia no sentido escolastico, ou m elhor, parti-

    pario.

    O nosso movimento VERDE nasceu de um sim

    ples jnmaleco da terraJAZZ BAND.

    i m pequeno jornalsinho com tendncias mo

    dernistas que logo escandalizaram os pacatssimos

    habitan *es destn Mfeia-Pataca. Chegou-se m esmo af a-

    m bengaladas...

    E dali- nasceu a nossa von tade firme de mos

    trar a esta gente toda oue. embora morando em uma

    nha do interior," temos coragem de com petir

    com o pessoal l de cima.

    A falta de publicaes, casas editoras e dinhei

    rotinha feiv com que ficssemos espera do mo

    mento propicio para apparecer.

    Mas VERDE sahiu. VERDE venceu. Podemos dar

    pancadas ou tomar. No esperamos applausos ou va

    ias publicas, porqu e aquillo que provoca verd adeiro

    escndalo pe o brasileiro indifferente, na appa ren-

    ci a . . . com medo ou com vergonha de en trar no ba

    rulho.

    Sim. No esperamos applausos eu vaias pu

    blicas. Os applausos de certos pblicos envergonham

    a quem os recebe, porque nivelam a obra applau-

    dida com aquelles que o compreenderam.

    No fica atraz a vaia. A vaia as vezes ain

    da uma simulada expresso de reconhecimento de va

    lores . . .

    Porisso p referimos a indifferena. E sta se r a

    mais bella homenagem que nos prestar o os que no

    no*

    compreendem. Porque atacar VERDE? Somos

    o que queremos ser e no o que os outros querem

    que sejamos. Isto parece complicado, mas simples.

    Exemplo: os outros querem que escrevamos

    sonetos lricos e acrosticos portuguezes com nomes

    e sobrenomes.

    Ns preferimos deixar o soneto na sua cova.

    com os seus quatorze cyprestes importados, e can

    tar simplesmente a terra brasileira. No gostam ?

    Pouco importa.

    O que importa, de verdade, a gloria de VER

    DE, a victoria de VERDE. Esta j ganhou terreno

    nas mais cultas cidades do paiz.

    Considera-nos, a grande imprensa, os nicos

    literatos que teem coragem inaudita de manter uma

    revistr. mod erna no Brasil, emq uanto o publico de

    nossa terra , o resp eitvel pub lico, nos tm em con ta

    de uns simples malucos creadores de coisas absoluta

    mente incrveis.

    E' positivamente engraado. E foi para dizer

    estas coisas que lanamos o manifesto de hoje, que

    apesar de to encrencado nada tem de manifesto

    apenas um ligeiro rodeo em torno da nossa gente,

    nosso meio.

    RESUMINDO :

    I

    o

    .) Trabalham os independ entemen te de qual

    quer outro grupo literrio.

    2

    o

    .) Temos perfeitamente focalisada a linha di

    visria que nos separa dos demais modernistas brasi

    leiros e estrangeiros.

    3

    o

    .) Nossos processos literrios so perfeitamen

    te definidos.

    4.) Somos o bjectivstas, em bora diversissimo s,

    uns dos outros.

    5

    o

    .) No temos ligao de espcie nenhuma com

    o estilo e o modo literrio de outras rodas.

    G.) Que remo s dei xar bem frisado a nossa inde

    pendncia no sentido "escolastico".

    7 .) No damos a mnima importncia critica

    dos que no nos compreendem.

    E s isso.

    Henrique de Resende

    Ascanio Lopes

    Rosrio Fusco

    Guilhermir.o Csar

    Christophoro Fonfe Ba

    Martins Mendes

    Oswafdo Abri tia

    Ca mi io Soares

    Francisco I. Peixoto.

    () Elles que prim eiro c atech izaram os

    luraes de Minas e nos animaram com o exemplo

    para a publicao de

    Verde.

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