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Manejo Sustentável da Caatinga Lucas Fonseca Menezes Oliveira Analista Eng. Agrônomo Fortaleza / CE 2015

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Manejo Sustentável da

Caatinga

Lucas Fonseca Menezes Oliveira Analista – Eng. Agrônomo

Fortaleza / CE

2015

Semiárido

» Nordeste: 1,56 milhões

de km²;

» Semiárido: 982.563 km²;

» Chuva concentrada em

poucos meses do ano;

» Temperatura média de

23 a 27 °C

Semiárido

» 22.040.065 habitantes no

semiárido;

» 42,8% da população do

Nordeste;

» Agricultura familiar;

» Caprinos: 7.841.373 – 90,6%;

» Ovinos 9.325.885 – 55,5%.

A caatinga

» Área de aproximadamente

844.853 km²;

» Composta por árvores e

arbustos de pequeno porte;

» De folhas pequenas e

caducas;

» Com diversas espécies de

bromélias, cactáceas

euforbiáceas e leguminosas.

A caatinga

Cactáceas

Bromélias

Euforbiáceas

Leguminosas

Exploração da Caatinga

» Modelo migratório ou itinerante com desmatamento total,

queimada da madeira, cultivo de até dois anos e pousio;

Agricultura

Silvicultura

» Produto principal – lenha

» Pequenas propriedades – todas as espécies lenhosas presentes;

» Propriedades maiores – reduzido número de espécies (sabiá,

catingueira, jurema preta e pau-branco).

Exploração da Caatinga

Pecuária

» Modelo de exploração mista – 90% das propriedades criam bovinos,

ovinos e caprinos simultaneamente;

» Caatinga como fonte de alimento para os animais;

» Manejo extensivo e superpastejo;

» 70% das espécies nativas da Caatinga compõem a dieta dos animais;

» Extrato herbáceo principal fonte de alimento no período chuvoso;

» Folhagem das plantas lenhosas utilizada na época seca.

Exploração da Caatinga

» O desmatamento e as queimadas eliminam a cobertura do solo

aumentando o índice de ocorrências de erosões, tanto em

sulcos quanto laminar (superfície);

» A limpeza rápida do terreno traz apenas uma vantagem

econômica aparente no primeiro ano de cultivo, pois perdem-se

toneladas de matéria orgânica dos garranchos e da

serapilheira;

Impactos sobre a Caatinga

Exploração da Caatinga

» Quanto à cinza gerada pela queimada, sua

contribuição para a melhoria da fertilidade do

solo é irrelevante, já que é varrida quase

totalmente pelos ventos no final da estação

seca;

» Outro problema é o superpastejo, excesso

de animais na área;

» Além da aceleração do processo de

desertificação.

Impactos sobre a Caatinga

Agroecossistemas

O que é um Agroecossistema?

Sistema ecológico e

socioeconômico que compreende

plantas e ou animais

domesticados e as pessoas que

nele vivem, com o propósito de

produção de alimentos, fibras ou

outros produtos agrícolas;

Quanto mais próximo do

ecossistema da região, maior a

probabilidade que o

agroecossitema seja sustentável.

Manipulação da Caatinga

» A Caatinga possui um elevado número de espécies vegetais

forrageiras em seu estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo;

» No entanto, a disponibilidade de forragem pode ser baixa

durante todo o ano, devido à altura do dossel arbóreo na

época chuvosa e ao baixo valor nutritivo da forragem

disponível na época seca;

» É necessário o emprego de técnicas de manejo da

vegetação, visando o aumento da disponibilidade e a

melhoria da qualidade da forragem produzida;

Produção e composição da

fitomassa da Caatinga Nativa

Manipulação da Caatinga

» Na estação das chuvas a forragem é abundante e de boa

qualidade nutritiva, mas encontra-se, em sua quase

totalidade, fora do alcance dos animais;

» Na época seca, a forragem ao alcance dos animais é

abundante, devido à queda das folhas das espécies

arbóreas e arbustivas, mas sua qualidade nutricional é muito

baixa;

» É importante um estudo da composição botânica da área em

todas as épocas do ano, verificando-se a disponibilidade de

forragem e a qualidade da mesma.

Produção e composição da

fitomassa da Caatinga Nativa

Manipulação da Caatinga

» Qualquer modificação introduzida pelo homem na cobertura

florística da área, visando adequá-la aos objetivos da

exploração desejada pode ser considerada manipulação da

caatinga;

» A vegetação lenhosa pode ser manejada para aumentar a

produção e a disponibilização de forragem, tanto no estrato

arbustivo-arbóreo, como no herbáceo;

» O estrato herbáceo pode ser enriquecido com espécies

exóticas ou nativas, estabilizando a composição florística ao

longo dos anos;

» É possível fazer o repovoamento de áreas de vegetação

degradada, com espécies nativas, e a formação / manejo de

bancos de proteína.

Manipulação da Caatinga

» Preservação de até 400 árvores por hectare, ou o

equivalente a 40% de cobertura arbórea:

Preservação da biodiversidade da vegetação nativa;

Interceptação de boa parte da água das chuvas;

Matéria orgânica para manutenção da fertilidade do solo;

Produção de forragem;

Conforto térmico.

Recomendações Básicas

Manipulação da Caatinga

» Utilização máxima de 60% da forragem disponível:

Proteção do solo quanto à erosão eólica e laminar;

Adição de matéria orgânica ao solo;

Controle da temperatura do solo;

Proteção do banco de sementes;

Recomendações Básicas

» Preservação da mata ciliar em toda a malha de

drenagem da pastagem:

Proteção dos recursos hídricos;

Evitar assoreamento dos mananciais e nascentes;

Corredor ecológico e abrigo para a fauna.

Manipulação da Caatinga

Manipulação da Caatinga

» Broca manual de espécies lenhosas:

Aumenta o acesso à forragem de árvores e arbustos;

Melhora a qualidade alimentar da dieta dos animais;

Estende a produção de folhagem verde por mais tempo;

» Reduz o sombreamento das árvores e aumenta a

produção de fitomassa pelo estrato herbáceo;

» O método deve ser utilizado em áreas de vegetação

lenhosa formada em maior parte por árvores e arbustos

reconhecidamente forrageiros.

Rebaixamento da Vegetação

Manipulação da Caatinga

» Controle seletivo de espécies lenhosas com o objetivo de

elevar a produtividade da pastagem nativa, reduzindo o

sombreamento e a densidade de árvores e arbustos

indesejáveis;

» Método melhor aproveitado por rebanhos de bovinos e

ovinos, cuja alimentação é basicamente de espécies

herbáceas;

» Não é recomendado a áreas com declividade superior a 25%;

» Três tipos: em savanas, em bosques e em faixas.

Raleamento da Vegetação

Manipulação da Caatinga

» Raleamento em savana – as árvores são preservadas como

indivíduos isolados. É apropriado para áreas com declive de no

máximo 10%;

» Raleamento em bosques – poupa-se árvores por grupos que

ocorrem naturalmente na área. A declividade da área deve ser de

no máximo 10%;

» Raleamento em faixas – deve ser usado em terrenos

acidentados, com declividade superior a 10%, colocando-se

faixas de vegetação nativas intocadas e perpendiculares ao

declive do terreno, seguindo as curvas de nível, a fim de conter a

erosão.

Raleamento da Vegetação

Manipulação da Caatinga

Raleamento da Vegetação

Manipulação da Caatinga

» São encontradas extensas áreas, cuja vegetação, em

consequência do uso indiscriminado, já perdeu a diversidade

florística que lhe própria e teve sua produção de forragem

reduzida a valores incompatíveis com a exploração pastoril

rentável;

» A recuperação ecológica e econômica da pastagem pode ser

obtida pela introdução e ressemeio de forrageiras nativas e/ou

exóticas adaptadas às condições da região.

Enriquecimento da Vegetação

Manipulação da Caatinga

» O enriquecimento pode ser feito no estrato herbáceo ou lenhoso:

Na estação seca o raleamento da vegetação lenhosa;

Na estação chuvosa o plantio da forrageira;

» Áreas de Caatinga enriquecida principalmente com leguminosas

constituem, na realidade, bancos de proteína para uso na estação

seca;

» Recomenda-se adubação fosfatada, controle de espécies

espontâneas, replantio periódico da forrageira, rebaixamento ou

retirada de macega ao fim da estação e combate a possíveis

pragas;

» No banco de proteínas, recomenda-se a consorciação da

leguminosa com sorgo, milho ou milheto.

Enriquecimento da Vegetação

Manipulação da Caatinga

Enriquecimento da Vegetação

Sistemas Agroflorestais

» Os Sistemas de Produção Agroflorestais (SAF) são formas de uso e

manejo da terra, nos quais árvores e arbustos são utilizados em

associação com cultivos agrícolas e/ou animais, numa mesma área,

de maneira simultânea ou numa sequência temporal;

» Objetivo: Simular os ecossistemas naturais, com base na

conservação dos recursos naturais renováveis, resultando em

melhoria da produtividade e sustentabilidade da produção.

Sistemas Agroflorestais

» Capoeira melhorada – Plantio de árvores na fase de repouso e

continuação da exploração da área com as culturas tradicionais;

» Taungya – Estabelecimento de lotes florestais, o plantio de árvores é

associado com o de culturas alimentares nos primeiros anos;

» Cultivo em aleias – As árvores são plantadas em fileiras

regularmente espaçadas, entre as quais são estabelecidas as

culturas;

» Cultivo de árvores em padrão multi-estratificado – Espécies

arbóreas em plantio aleatório associadas com outras culturas anuais

ou perenes.

Modelos de SAF’s

Sistemas Agroflorestais

Modelos de SAF’s

Sistemas Agroflorestais

» Cercas-vivas e quebra-ventos – Plantio de árvores em torno das

culturas, com o objetivo de proteger e causar mudanças no

microclima para melhorar as condições de produção;

» Árvores em pastagens naturais nativas ou introduzidas – Pastagens

arborizadas. São inseridos os métodos de manejo da Caatinga;

» Áreas florestadas associadas a pastejo – Implantação de florestas

comerciais em que os espaços são ressemeados com forrageiras;

» Banco de proteínas – Plantio intensivo de leguminosas forrageiras

arbustivas e arbóreas para suplementação animal.

Modelos de SAF’s

Sistemas Agroflorestais

Modelos de SAF’s

Sistemas Agroflorestais

» Roçado ecológico – Consórcio de leguminosas forrageiras

plantadas em aleias, culturas diversas e animais. Sequência

temporal: Chuvas – cultivos alimentares, adubo verde e feno.

Seca – pastejo controlado;

» Pomares domésticos ou quintais produtivos – Combinação de

árvores frutíferas, plantas medicinais, hortaliças e culturas

agrícolas;

» Quintais produtivos com animais – Semelhante aos quintais

produtivos, mas associados com animais.

Modelos de SAF’s

Sistemas Agroflorestais

Modelos de SAF’s

Sistemas Agroflorestais

» Excelentes alternativas para recuperação ecológica e econômica

de ecossistemas degradados – conservação da matéria

orgânica, proteção do solo contra erosão, incremento da

atividade biológica do solo, proporciona condições para o

estabelecimento da circulação de nutrientes;

» A presença das árvores ameniza a temperatura, purifica o ar e

aumenta a taxa de vapor de água na atmosfera, com efeitos

benéficos na ocorrência de chuvas;

» Regula a quantidade, a velocidade e a qualidade da água que

alcança os corpos de água – controla a erosão do solo e as

enxurradas.

Benefícios dos SAF’s

Sistemas Agroflorestais

» Ao preservar o componente arbóreo da mata ciliar, mantém-se

a diversidade da vegetação, permitindo o ressurgimento de

animais silvestres, pela recuperação de seus hábitats;

» O fim das queimadas e a arborização conservadora do SAF

contribuem no controle do efeito estufa, pela redução da

emissão e pelo sequestro de gás carbônico.

Benefícios dos SAF’s

Recuperação da Caatinga

» São cálculos da quantidade de forragem disponível e da

necessidade de forragem de sistemas pastoris;

» A orçamentação forrageira busca garantir um equilíbrio

adequado entre produção e demanda de forragem

possibilitando a realização do planejamento alimentar da

propriedade;

» O produtor deve elaborar seu orçamento no começo de cada

ano e ir adequando ao longo do tempo.

Orçamentação Forrageira

Recuperação da Caatinga

» Busca compreender os

benefícios da serapilheira de

árvores e arbustos da Caatinga

na recuperação de áreas

degradadas:

» A partir quantificação da

produção de serapilheira;

» Da mensuração degradação do

folhedo de árvores e arbustos da

Caatinga;

» E dos efeitos da aplicação deste

material na fertilidade do solo e

produção de cultura agrícola em

solo degradado.

Serapilheira da Caatinga na Recuperação de

Áreas Degradadas

Recuperação da Caatinga

» O manejo inadequado do solo pelas práticas agropecuárias

pouco conservacionistas juntamente com intempéries do

clima, ocasionam processos de degradação do solo e

redução da capacidade produtiva dos mesmos;

» Recuperar a fertilidade do solo é etapa essencial para a

regeneração vegetal e consequente recuperação de áreas

em processo de desertificação;

» Esta pesquisa busca avaliar o uso e manejo de insumos e

plantas na recuperação de área degradada em núcleo de

desertificação.

Recuperação de Áreas Degradadas pelo uso de

Insumos e Culturas Agrícolas

Recuperação da Caatinga

Recuperação de Áreas Degradadas pelo uso de

Insumos e Culturas Agrícolas

Recuperação da Caatinga

Redesenho de Agroecossistemas

» Sustentabilidade Ambiental

Com o que se produz (base de recursos disponíveis);

Como se produz (uso dado aos recursos disponíveis e tecnologias utilizadas);

» Produtividade

Quanto se produz por área;

» Estabilidade

Manutenção da produção com o passar do tempo;

» Equidade

Distribuição da produção e custos entre as pessoas;

» Autonomia

Conseguir produzir sem dependência.

Recuperação da Caatinga

Redesenho de Agroecossistemas

» Avaliação de agroecossistemas

para redesenho:

» Seleção do agroecossistema para

redesenho;

» Atribuição de notas de avaliação

das propriedades do

agroecossistema;

» Redesenho a partir da avaliação

das propriedades do

agroecossistema.

Obrigado

[email protected]