manejo e interpretação ambiental da trilha das samambaias no refúgio de vida silvestre metrópole...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA NÚCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZÔNICOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU- PPLS PROGRAMA INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS EM DESENVOLVIMENTO DE ÁREAS AMAZÔNICAS FIPAM XXV CURSO PLANEJAMENTO E GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO E DO LAZER HELIANI DO SOCORRO FERREIRA DE SÁ LAISSE LIMA PALHETA MANEJO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL DA TRILHA DAS SAMAMBAIAS NO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE METRÓPOLE DA AMAZÔNIA MARITUBA- PARÁ: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Belém - Pará 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA NÚCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZÔNICOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU- PPLS PROGRAMA INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE ESPECIALISTAS EM

DESENVOLVIMENTO DE ÁREAS AMAZÔNICAS – FIPAM XXV CURSO PLANEJAMENTO E GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO E DO LAZER

HELIANI DO SOCORRO FERREIRA DE SÁ

LAISSE LIMA PALHETA MANEJO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL DA TRILHA DAS SAMAMBAIAS NO

REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE METRÓPOLE DA AMAZÔNIA – MARITUBA-

PARÁ: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Belém - Pará 2015

HELIANI DO SOCORRO FERREIRA DE SÁ

LAISSE LIMA PALHETA

MANEJO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL DA TRILHA DAS SAMAMBAIAS NO

REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE METRÓPOLE DA AMAZÔNIA – MARITUBA-

PARÁ: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Projeto de Intervenção, apresentado ao Núcleo de Altos Estudos Amazônicos-NAEA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Planejamento e Gestão Pública do Turismo e do Lazer.

Orientadora: MSc. Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues de Almeida

Belém – Pará

2015

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Profa. MSc. Maria do Perpétuo Socorro Rodrigues de

Almeida SEMA/PA - Orientadora

____________________________________

Profa. Dra. Mirleide Chaar Bahia

UFPA – Examinadora 1

____________________________________

Profa. MSc. Brenda Batista Cirilo

SEMA/PA – Examinadora 2

AGRADECIMENTOS

A Deus por tornar a finalização desse trabalho possível mesmo após tantos

obstáculos e por ter me presenteado com a paciência e a determinação

necessárias para tanto.

Aos meus pais, Maria e Pedro. Eles que sempre foram os maiores

incentivadores da minha vida acadêmica. Sempre preocupados em proporcionar a

melhor educação possível.

Ao Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, seus funcionários e professores.

Confesso que desde a graduação nutria um sonho acadêmico de ser discente de

tão conceituada unidade acadêmica.

Aos professores e amigos do curso que indiscutivelmente me

proporcionaram ampliar meus conhecimentos na área. Foi muito bom conhecer

vocês!

A professora Profa. MSc. Socorro Almeida pela orientação, dedicação e

apoio nesse trabalho.

A Minha companheira nessa empreitada, Laisse Palheta, obrigada pela

parceria nesse trabalho.

A Pietra de Sá Vieira, minha bebê, que durante os nove meses, enquanto

aguardava a sua chegada, foi a minha principal companhia nas minhas idas e

vindas ao NAEA.

Ao Wildney Vieira, meu amor, companheiro e confidente. Pela

compreensão e incentivo.

A todos que ajudaram na produção desse trabalho e em especial, ao Sr.

Jonas e ao Capitão da Policia Militar Macedo, a ajuda deles foi essencial durante

a pesquisa de campo.

Heliani Sá

AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao meu maravilhoso Deus por me guiar e me sustentar

sempre em meio a tantas adversidades nas trilhas da vida.

Aos meus amados pais Daniel e Roseane, e as minhas irmãs Larissa e

Ludi, minha família meu porto seguro. A vocês a minha gratidão pelo amor, apoio,

carinho e principalmente pela paciência nos dias difíceis. Sou grata a DEUS pela

vida de vocês. Obrigada mais uma vez pela confiança em mim depositada. Eu os

amo muito.

Aos meus queridos amigos de longa data e as novas amizades construídas

durante esta trajetória. Obrigada a cada um pelo apoio e incentivo.

À minha orientadora Prof. MSc. Maria do P. Socorro R. de Almeida, pelo

incentivo e carinho e em mesmo a pouco tempo que lhe coube teve a paciência

de nos orientar tornando possível a conclusão desta pós-graduação.

Á todos os professores do Curso de Especialização em Planejamento e

Gestão Pública do Turismo e do Lazer, pelos conhecimentos compartilhados.

Todos vocês foram importante para nosso crescimento profissional!

Aos colegas desta especialização, pelos conhecimentos e momentos de

lazer compartilhados. O NAEA não será mais o mesmo depois dessa

turma...Todos vocês são importantes. Sentirei saudades!

Á Heliani Sá, carinhosamente chamada de Lili, que abraçou esse projeto

comigo, obrigada pela confiança.

Á gerencia do Revis/SEMAS pelo incentivo a esta pesquisa;

O Senhor Jonas por compartilhar conosco suas vastas experiências sobre

nossa maravilhosa Floresta amazônica. Seu conhecimento foi essencial para esta

pesquisa.

Ao Capitão da Policia Militar Macedo pela disposição em nos ajudar e

partilhar suas vivências durante sua trajetória no BPA Policiais do Batalhão

Ambiental. E claro aos outros policiais ambientais pelo apoio na segurança.

Á vocês fica o meu respeito, minha admiração e amizade. Enfim á todas as

pessoas que me apoiaram, não poderia deixar de expressar à minha imensa

gratidão. Sou imensamente grata a DEUS pela vida de cada um. Muito obrigada!

Laisse Palheta

“Mesmo que eu soubesse que o mundo acabaria amanhã, eu ainda

Plantaria uma árvore hoje” (Martinho Lutero)

RESUMO

A ampliação das possibilidades de formulação de alternativas que permitam ao ser humano um estreitamento em relação à natureza tem sido um objetivo cada vez mais pensado no atual debate acerca da problemática ambiental, haja vista que o ser humano é o principal elemento perturbador, porém componente dessa dinâmica. Nesse sentido, novas metodologias que permitam o contado humano em ambientes naturais sensíveis têm feito com que o paradigma ambiental de que a natureza necessita estar dissociada do ser humano para que possa ser encarada como próspera e preservada, deixe de fazer sentido. As Unidades de Conservação (UC), nesse contexto, têm representado um exemplo de abertura de objetivos ligados à natureza, o que tem permitido a inserção do ser humano como elemento fundamental e componente para que se alcancem os objetivos ligados à sustentabilidade ambiental. Pensando em tais questões, o objetivo desse trabalho é realizar um levantamento sobre as possibilidades de uso público de uma trilha, localizada no interior da UC Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, denominada de “trilha das Samambaias”, sob a ótica do lazer e do turismo, possibilitando aos turistas, observadores da natureza e, principalmente, as populações do entorno da UC, se apropriarem do espaço, e assim melhor compreender a necessidade da preservação por meio de atividades que possibilitem uma interação harmônica com o local. Para a composição desse estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica do lócus em questão e dos temas bases desse estudo: unidades de conservação, lazer, turismo e meio ambiente. Foram realizadas visitas técnicas na área objeto de estudo, para que fosse possível o atual diagnóstico da estrutura local, e para que fossem identificadas as alternativas de intervenções e sugestões de atividades ecoturísticas de lazer que poderiam ser desenvolvidas no trajeto da trilha. Após a inventariação da trilha em questão foram identificados trinta pontos divididos em doze pontos para a interpretação e quatorze pontos para a intervenção, ratificando que os quarto pontos restantes são considerados pontos que não necessitam de modificações. E a partir da análise e interpretação dos dados coletados durante a pesquisa foi sugerida propostas de intervenção e de ecoturistica de lazer.

Palavras-chaves: Unidade de Conservação; Uso Público; Turismo; Lazer; Natureza; Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia.

ABSTRACT

The possibilities‟s expansion of formulation about alternative that permits to the human a narrowing toward the nature has been an increasingly thought goal in the current debate about the environmental issues, considering that the human is the main troublemaker, but component of this dynamics. In this terms, new methodologies that allow the human contact in the sensitive natural environments have caused that the environmental paradigm that nature needs to be separated from the human so can be seen as prosperous and preserved to leave makes sense. The Conservation Units (CU), in this context, have represented an example of opening goals related to nature, which allowed the man to insertion as a fundamental element and component to achieving the goals related to environmental sustainability. Thinking about this issues, the aim of this study is to make a survey about the public use possibilities of a trail, located inside the “Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia” called "Trilha das Samambaias", under the leisure and the tourism perspective, enabling that the tourists, observers of nature and especially the populations surrounding the CU, to appropriate the space, and so better understand the need to preservation through activities that enable a harmonious interaction with the place. For the composition of this study it was realized a bibliographic search about the locus in question and bases themes of this study: conservation units, leisure, tourism and environment. Technical visits were in the study area, so that the current diagnosis of the local structure was possible, and that alternative interventions and suggestions of ecotourism recreational activities were identified which could be developed in the track course. After the trail‟s inventorying in question have been identified thirty points divided in twelve interpretation‟s points and fourteen intervention„s points, and the first and the last, respectively, mark the beginning and the end of the path. From the analysis and interpretation of data collected during the research it was suggested intervention proposals.

Keywords: Conservation Unit; Public use; Tourism; Leisure; Nature; Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia.

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Categorías de Manejo de Áreas Protegidas de la UICN (UICN,

1994)....................................................................................................................... 19

Quadro 02: Grupos e Categorias de UC, Conforme o SNUC.............................. 22

Quadro 03: Unidades de Conservação do Território Paraense com Gestão

Estadual.................................................................................................................. 28

Quadro 04: Quanto as Formas de Trilhas............................................................. 64

Quadro 05: Pontos Interpretativos da Flora........................................................... 85

Quadro 06: Lista de siglas utilizadas para intervenção......................................... 91

Quadro 07: Proposta de manejo e interpretação ambiental da trilha das

Samambaias........................................................................................................... 92

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Áreas Protegidas na Amazônia Legal ................................................................... 25

Figura 02: Unidades de Conservação do Estado do Pará................................................. 27

Figura 03: Localização do REVIS .................................................................................................. 35

Figura 04: Mapa Participação do município de Ananindeua no REVIS ...................... 36

Figura 05: Mapa Participação do município de Marituba no REVIS ............................. 37

Figura 06: Mapa Participação do município de Benevides no REVIS ......................... 38

Figura 07: Mapa Participação do município de Santa Izabel do Pará no REVIS ........................................................................................................................................................... 39

Figura 08: Mapa do Mosaico de Áreas Protegidas da Região Metropolitana de Belém ..................................................................................................................................................... 41

Figura 09: Centro de Endemismo Belém ................................................................................... 44

Figura 10: Trilha das Samambaias ............................................................................................... 68

Figura 11: Extração do látex observada na Trilha das Samambaias ........................... 71

Figura 12: Samambaia Crespa (Dvalia fejeensis) ................................................................. 72

Figura 13: Samambaia (Blechnum occidentale) ..................................................................... 72

Figura 14: Guarita do Posto do Batalhão de Policia Ambiental

(BPA)............................................................................................................................................................. 73

Figura 15: Acesso do Posto do BPA a Vila Três Marcos ................................................... 73

Figura 16: Acesso a Vila Três Marcos ........................................................................................ 74

Figura 17: Vila Três Marcos ............................................................................................................. 74

Figura 18: Perímetro de Localização da trilha no REVIS ................................................... 75

Figura 19: Caminho de Acesso à entrada da Trilha das Samambaias ....................... 77

Figura 20: Mapa de marcações de pontos da Trilha das Samambaias ...................... 80

Figura 21: Traçado da Trilha das Samambaias ...................................................................... 81

Figura 22: Pontos interpretativos ................................................................................................... 84

Figura 23: Marupá (Simarouba amara Aubl.) .......................................................................... 86

Figura 24: Tatapiririca (Tapirira guianensis Aubl) .................................................................. 86

Figuras 25: Abacaterana (Aniba burchelii Kosterm) e Cipó Tajá

(Ssp) .............................................................................................................................................................. 86

Figuras 26: Quaruba Cedro (Vochysia sp)................................................................................ 86

Figuras 27: Ossada de Cutia (Dasyprocta azarae) ............................................................... 87

Figura 28: Casa de Tatu (Dasypus novencintus) ................................................................... 87

Figura 29: Mapa dos Pontos de Intervenção ........................................................................... 89

Figura 30: Ponto 05 - Erosão próxima da Trilha ..................................................................... 96

Figura 31: Ponto 13 - Declive acentuado ................................................................................... 97

Figura 32: Área propícia para a atividade “analisando a trilha” ...................................... 98

Figura 33: Lixo encontrado na trilha ............................................................................................. 99

Figura 34: Relações interpessoais na trilha ............................................................................ 100

Figura 35: Contemplação da flora ............................................................................................... 101

Figura 36: Prática de Observação de Aves ............................................................................ 101

Figura 37: Área sugerida para “Circuito de Arvorismo”. .................................................... 102

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA - Área de Proteção Ambiental

ARIE - Área de Relevante Interesse

Ecológico BD - Barreira d‟água a Direita

BE - Barreira d‟água a Esquerda

BPA - Batalhão de Polícia Ambiental

CE - Contenção de Encostas ou Erosão

CL - Clareamento CEB - Centro de Endemismo Belém

COEMA - Conselho Estadual de Meio Ambiente

CONAMA - Conselho Nacional do Meio

Ambiente DIAP - Diretoria de Áreas Protegidas CI - Conservação Internacional

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ESEC - Estação Ecológica. FLONA - Floresta Nacional

GEMAM - Gerência de Monitoramento Ambiental

GPS - Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System)

TIs - Terras Indígenas

IDEFLOR-Bio - Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do

Estado do Pará

IMAZON - Instituto do Homem e Meio Ambiente na

Amazônia IA - Interpretação de árvores

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IDEFLOR-Bio - Instituto de Desenvolvimento de Florestas e da Biodiversidade

IDEP - Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará IUCN

ou UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos

Naturais

MPEG - Museu Paraense Emílio Goeldi

MT - Mudança de Traçado MMA - Ministério de Meio Ambiente

MONU - Monumento Natural

MTUR - Ministério do Turismo

NF - Nada a Fazer neste trecho

OMT - Organização Mundial de

Turismo PS - Placas de Sinalização PARNA - Parque Nacional

PNAP - Plano Nacional de Áreas

Protegidas PUP - Plano de Uso Público RAD - Recuperação de Área Degradada

RDS - Reserva de Desenvolvimento Sustentável

REBIO - Reserva Biológica REFAU - Reserva de Fauna.

RMB - Região Metropolitana de Belém

RESEX - Reserva Extrativista

RP - Regularização do Piso

RS - Recuperação do Solo RVS ou REVIS - Refúgio de Vida Silvestre RPPN -

Reserva Particular do Patrimônio Natural

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SECTAM - Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente

SEMAS – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade

UC - Unidades de Conservação

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15

1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ................................................................................ 18

1.1 Unidades de Conservação Estaduais ......................................................................... 24

2 REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE METRÓPOLE DA AMAZÔNIA ............... 30

2.1 Histórico da Área e Criação do REVIS ....................................................................... 30

2.2 Características Gerais ......................................................................................................... 33

2.3 Localização e Acessos ....................................................................................................... 34

2.4 Relevo, Clima e Hidrografia .............................................................................................. 42

2.5 Vegetação e Fauna .............................................................................................................. 42

2.6 Aspectos Socioeconômicos .............................................................................................. 45

3 USO PÚBLICO ....................................................................................................................... 46

3.1 Lazer ............................................................................................................................................ 49

3.2 Turismo ....................................................................................................................................... 54

3.3 Atividades na Natureza ....................................................................................................... 61

3.3.1 Trilhas Ecológicas ................................................................................................................. 62

3.3.2 Planejamento de Trilhas .................................................................................................... 65

3.4 Interpretação Ambiental ..................................................................................................... 66

4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA .............................................. 68

4.1 Área de Estudo ....................................................................................................................... 68

4.2 Tipo de Pesquisa ................................................................................................................... 68

5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL

NA TRILHA DAS SAMAMBAIAS ................................................................................ 71

5.1 Trilha das Samambaias: Breve Histórico ................................................................... 71

5.2 Acesso e Localização .......................................................................................................... 72

5.3 Situação Atual da Trilha ..................................................................................................... 76

5.4 Inventariação da Trilha das Samambaias ................................................................. 78

5.4.1 Classificação da Trilha ........................................................................................................ 81

5.4.2 Pontos interpretativos .......................................................................................................... 82

5.4.3 Pontos de intervenção ........................................................................................................ 87

5.5 Proposta de Manejo e Atividades Ecoturísticas de Lazer ................................. 90

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 106

ANEXOS .................................................................................................................................. 113

15

INTRODUÇÃO

Com o advento da Revolução Industrial surgiram também várias

transformações nos centros urbanos, de cunho político, econômico, social, cultural

e ambiental. Esta última certamente tem se configurado como uma das mais

debatidas em várias áreas do conhecimento, por conta da exploração dos

recursos naturais de forma desregulada, causando a degradação ambiental, sem

que isso fosse levado em conta como um fator preocupante para o futuro, fato

este, que foi e ainda é uma realidade no mundo atual, qual vem ameaçando a

qualidade de vida na Terra.

Neste contexto, com a consolidação da sociedade industrial e o manejo

inadequado dos recursos naturais, ocorreram significativas reduções dos espaços

territoriais naturais primitivos, tornando a biodiversidade alvo de intervenções e

interesses caracterizando-a como “moeda de troca” e sendo ignorados os seus

valores e significados, ocasionando assim, problemas ambientais que fizeram

manifestar questionamentos a respeito do ser humano e a sua relação com a

natureza (VALLEJO, 2002; NEIMAN; RABINOVICI, 2010).

A busca por uma nova relação entre o ser humano e a natureza se

transformou em uma tentativa de recuperar o equilíbrio psicofísico desgastado

pelo estresse, um resultante incitado pelo desenvolvimento dos núcleos urbanos.

Desta forma, nota-se que á um grande crescimento na necessidade desse contato

com a natureza, fato este observado na movimentação em praças, parque

urbanos e outros espaços, onde a presença do verde é o maior apelo,

principalmente nas áreas verdes mais próximas às cidades. Essas áreas hoje

estão mais raras, tal é a necessidade de moradia e de desenvolvimento das

cidades.

Com isso, de modo geral as Unidades de Conservação (UC) são o grande

alvo dessa busca pelo verde, pois nelas ainda se encontram atualmente

ecossistemas preservados e/ou conservados, que proporcionam a satisfação

tanto procurada pelas pessoas em busca da qualidade de vida desejada, quanto

para a realização de atividades em contato com a natureza.

Por se tratar de um ambiente sensível, essas áreas protegidas necessitam

conciliar o objetivo primordial de preservação de seus recursos com atividades

sustentáveis que permitam o convívio humano, a fim de estabelecer relações

16

harmônicas e incentivar a consciência ambiental. Entre as atividades que podem

ser consideradas adequadas para serem desenvolvidas em meio a ambientes

naturais, por possuírem tais características, estão o turismo e o lazer.

Refletindo sobre o assunto, e visando as potencialidades das Unidades de

Conservação do Estado do Pará. A área de concentração da pesquisa escolhida

para este estudo foi o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia (REVIS),

uma Unidade de Conservação (UC) de Proteção Integral estadual, que possui

uma vocação natural para a prática dessas atividades. O REVIS, popularmente

conhecido como “Pirelli”, uma referência ao antigo nome dado à fazenda que

antes existira no local, Fazenda da Pirelli, foi criado por meio do Decreto Estadual

nº 2.211, de 30 de março de 2010, e possui 6.367,27 hectares, distribuídos pelos

municípios de Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Izabel do Pará. A antiga

Fazenda abriga uma ampla variedade de espécies da biodiversidade amazônica,

inclusive algumas delas inseridas na lista de espécies ameaçadas de extinção,

sendo assim, de suma importância à preocupação com a preservação da área.

Assim, o objetivo desse trabalho é realizar um levantamento sobre as

possibilidades de uso público de uma trilha, localizada no interior da UC Refúgio

da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, denominada de “Trilha das

Samambaias”, sob a ótica do lazer e do turismo, possibilitando aos turistas,

observadores da natureza e, principalmente, as populações do entorno da UC, se

apropriarem do espaço, e assim melhor compreender a necessidade da

preservação por meio de atividades que possibilitem uma interação harmônica

com o local.

E pela proximidade da cidade de Belém e de outros centros urbanos, nos

municípios que têm parte de seu território dentro da UC, é um fator de grande

importância para a consolidação do Uso Público no REVIS, pois facilita o

deslocamento e o aproveitamento da infraestrutura necessária. No caso da prática

das atividades de turismo, tendo a cidade de Belém com toda a infraestrutura

hoteleira e de equipamentos necessários à acomodação e outras necessidades

do turista. Com relação ao lazer, podendo atender às populações que moram no

entorno da UC, proporcionando, também, a apropriação desse espaço público

pela comunidade do entorno, fazendo com que haja uma transformação no

comportamento desse público, no sentido de desejar a conservação ambiental,

entendendo a manutenção das espécies no Planeta, e

17

não simplesmente preservar um espaço para atividades físicas ao ar livre. Este

trabalho também pode vir a contribuir para o Plano de Uso Público da UC, o que

pode auxiliar na gestão por parte do órgão competente.

Para tanto, a realização do levantamento bibliográfico sobre os temas base

desse estudo: áreas protegidas, turismo, lazer e uso público, tem a perspectiva da

pesquisa qualitativa. Sendo que para a construção do levantamento teórico, foram

consultados livros, artigos, sites institucionais, trabalhos acadêmicos, etc. Houve

também uma pesquisa documental, visto que se recorreram à consulta de

instrumentos como leis e decretos sobre os temas em questão. Realizamos

pesquisa de campo, onde foi possível observar o objeto de estudo, a trilha das

Samambaias, e assim construir um parecer por meio do seu mapeamento e de

seu levantamento de dados.

Considera-se relevante tal estudo, pois trata-se de uma temática ainda

emersa na figuração das prioridades de formulação de propostas de resguardo do

meio ambiente bem como do turismo e do lazer.

Assim, o trabalho aqui apresentado é constituído por cinco tópicos, os

quais são descritos abaixo:

O primeiro tópico versa sobre as UC, onde é feito um apanhado geral sobre

o processo histórico de criação dessa Áreas protegidas, sua constituição em

âmbito nacional através do SNUC- Sistema Nacional de Unidades de

Conservação, ressaltando também as Unidades de conservação do Estado do

Pará, qual está inserida o local de pesquisa.

O tópico seguinte apresenta o lócus da pesquisa, onde ressalta-se o

histórico de criação da área, bem como suas características, localização,

aspectos naturais e socioeconômicos coletadas durante a pesquisa bibliográfica.

O terceiro tópico, diz respeito ao uso público das unidades de conversação, onde

são apresentadas discursões teóricas que visam as alternativas do turismo e do

lazer como propostas propícias para conciliar os objetivos de preservação e/ou

conservação das áreas naturais, através de atividades na natureza dando ênfase

nas trilhas ecológicas mesclando a interpretação ambiental. O tópico quatro

descreve a metodologia do trabalho, demonstrando com base teóricas como este

foi realizado, e por fim no quinto tópico são apresentados os resultados da

pesquisa de campo para a formulação da proposta de intervenção e interpretação

ambiental na trilha das samambaias.

18

1 - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Com as transformações que centros urbanos enfrentaram, após o advento

da Revolução Industrial, partes significativas de áreas verdes foram perdidas, por

conta das intervenções inadequadas no meio ambiente natural. Devido a esses

processos de reconstrução do espaço urbano que o mundo vivenciou, surgiram

várias discussões e debates acerca das ações voltadas para a conservação da

biodiversidade, sendo de grande relevância para a preservação do meio natural.

Para preservar áreas verdes em todo o mundo, ao longo de anos vêm sendo

desenvolvidas várias políticas, que atentam não somente para conservar suas

paisagens cênicas, mas como principalmente para assegurar a sobrevivência das

espécies e dos ecossistemas. A criação de Áreas Naturais Protegidas1 foi uma

das formas que o poder público encontrou de minimizar os problemas

ocasionados pelas ações desordenadas do ser humano e o uso inadequado dos

seus recursos naturais.

A primeira definição de Áreas Naturais surgiu a partir da Conferência

Mundial de Parques Nacionais iniciadas década de 1960, em Seattle nos Estados

Unidos, onde foram realizados, pela primeira vez, debates para definir critérios de

classificação dessas áreas, dando à IUCN - União Internacional para a

Conservação da Natureza dos Recursos Naturais2, a função de sistematizar as

distintas terminologias e finalidades aos diferentes tipos de áreas naturais

protegidas a serem criadas (MILANO, 2000; MORSELLO, 2001). Porém, a

efetivação de sua definição foi concebida apenas no ano de 1992, reconhecendo

seis Categorias de Manejo, conforme quadro abaixo:

1As áreas protegidas, definidas pela IUCN como uma superfície de terra ou mar especialmente

consagrada à proteção e preservação da diversidade biológica, assim como dos recursos naturais e culturais associados, e gerenciada através de meios legais ou outros meios eficazes (IUCN, 2006, p. 7). 21948 foi criada a atual UICN (União Internacional para a conservação da Natureza), órgão

vinculado a ONU (Organização das Nações Unidas), que tem como objetivo promover ações científicas visando a conservação da natureza e que passou a desempenhar um papel fundamental para o desenvolvimento da filosofia de áreas naturais protegidas, atuando também no assessoramento para o planejamento e manejo destas áreas em nível mundial. (MARQUES; NUCCI, Apud SILVEIRA, 2011, p. 15).

19

Quadro 01: Categorías de Manejo de Áreas Protegidas de la UICN (UICN, 1994).

Categoría Descripción

I Reserva Natural Estricta/Área Natural Silvestre: Área protegida manejada principalmente con fines científicos o con fines de protección de la naturaleza.

Ia Reserva Natural Estricta: Área protegida manejada principalmente con fines científicos.

Ib Área Natural Silvestre: Área protegida manejada principalmente con fines de protección de la naturaleza.

II Parque Nacional: Área protegida manejada principalmente para la conservación de ecosistemas y com fines de recreación.

III Monumento Natural: Área protegida manejada principalmente para la conservación de características naturales específicas.

IV Área de Manejo de Hábitat/Especies: Área protegida manejada principalmente para la conservación, com intervención a nivel gestión.

V Paisaje Terrestre y Marino Protegido: Área protegida manejada principalmente para la conservación de paisajes terrestres y marinos y con fines recreativos.

VI Área Protegida con Recursos Manejados: Área protegida manejada principalmente para la utilización sostenible de los ecosistemas naturales.

Fonte: Eagles (2001, p. 24).

No entanto, o interesse pela preservação desses territórios ocorreu bem

antes do estabelecimento de terminologias e categorização de manejo. No ano

1872, nos Estados Unidos, foi criada a primeira área protegida, denominada

Parque Nacional de Yellowstone, e ainda que existam contestações sobre o fato

de que o Parque Nacional Yosemite (1864), na Califórnia, tenha surgido bem

antes e logo após a criação do Yellowstone federalizado, o mesmo ainda assim é

considerada por muitos pesquisadores, a primeira área institucionalmente

protegida no mundo (MILANO, 2012).

Criado devido à expansão urbana e industrial, esse modelo tinha uma

perspectiva preservacionista, que considerava sua proteção total o principal meio

de conservação das belezas naturais do local, sendo permitindo somente para

apreciação dos visitantes, proibindo qualquer tipo de exploração econômica dos

recursos naturais ou moradia no interior da área. Essa ideia tornou-se um

referencial em preservação, expandiu-se pelo mundo inteiro, sendo um marco

fundamental para a consolidação dos sistemas de áreas naturais protegidas

(DIEGUES, 2001; BRITO, 2003).

Segundo Costa (2002), diversos países adotaram essa estratégia para a

conservação da biodiversidade, criando Parques Nacionais, que visavam à

conservação de seus territórios verdes, tendo como base o modelo norte-

americano preservacionista. E entre as primeiras nações a seguir o esse exemplo

de preservação estão Austrália (1879), Canadá (1885), Nova Zelândia (1894),

20

África do Sul (1898), México (1899), Argentina (1903), Chile (1892), Equador

(1934), Venezuela e Brasil (1937).

No Brasil, algumas dessas áreas passariam a ser chamadas de Unidades de

Conservação (UC)3, e como citada anteriormente, a criação aconteceu na década

de trinta mais precisamente em 1937, no governo de Getúlio Vargas, onde foi

criada a primeira área protegida institucionalizada no território brasileiro, na

categoria de Parque Nacional, intitulado Parque Nacional de Itatiaia, abrangendo

os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, tendo como finalidade

proporcionar as pesquisas científicas e as práticas de lazer na natureza.

O Parque de Itatiaia é considerado a primeira Unidade de Conservação (UC)

oficial do país, embasado a sua institucionalização a partir do Código Florestal de

1934, que definiu os primeiros conceitos de Parque Nacional, Floresta Nacional

Floresta Protetora e Área de Preservação em Propriedades Privadas (COSTA,

2002; NEIMAN, 2010).

Com as modificações que ocorreram nas legislações ambientais no território

nacional, com a constituição Federal de 1988, a fim de tornar eficaz o direito ao

meio ambiente, pronunciado no Art. 2254, que prevê como obrigatoriedade do

poder público, dentre outras instituições, a criação de Espaços Territoriais

Especialmente Protegidos (ETEP), passando a ser também um dos instrumentos

de conservação de áreas com grande valor biológico. Mas em virtude de uma

ampla interpretação do termo e a não definição do que seriam esses espaços,

houve a necessidade de uma produção legislativa, a qual alguns autores

passaram a defender que espaços territoriais especialmente protegidos,

abrangeriam somente as Unidades de conservação (LEUZINGER, sem data).

Deste modo, em meio a Decretos e Resoluções sobre a conservação do

Patrimônio Natural, o reconhecimento das Unidades de Conservação da Natureza

(UC), foi promulgado no Projeto de Lei nº 2.892/92, que institui o Sistema

3 Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com

características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (SNUC, 2000, art. 2º, I). 4Art. 225. “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do

povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (IBAMA, sem data, sem página).

21

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)5, deferido pelo

Decreto Lei 9.985, de 18 de junho de 2000.

O SNUC foi um fato significativo para a formalização das Unidades de

Conservação, pois teve como virtude na sua lei, ordenar e unir todos os textos

legais dispersos essencialmente no Código Florestal, Lei de Proteção da Fauna e

nos regulamentos e resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), reunindo suas melhores práticas em um só documento, tornando-se

um dos seus aspectos positivos para ajudar na criação, implementação e gestão

das UC, possuindo em sua íntegra objetivos distintos, de acordo com cada

categoria de manejo, todos atrelados à preservação, manutenção e restauração

da biodiversidade que se encontra no interior e no entorno das UC (NEIMAN;

PATRICIO, 2010; PÁDUA, 2011).

As Unidades de Conservação são instrumentos estratégicos e eficazes para

manter um regime de proteção à natureza e contém, em sua legislação, várias

finalidades, dentre elas estão à definição de limites territoriais para conservar a

biodiversidade; proteção de espécies ameaçadas de extinção, contribuindo para

sua manutenção biológica; preservação e restauração da diversidade e dos

ecossistemas naturais existentes, garantindo a sobrevivência dos mesmos;

função de assegurar a preservação das paisagens e suas características

relevantes; assegurar a sobrevivência dos recursos hídricos e edáficos,

garantindo também a sua recuperação; a desaceleração do desmatamento e

recuperação de ecossistemas degradados; e ainda incentivar o estudo de

monitoramento ambiental e pesquisas científicas, além de promover condições

para educação ambiental, lazer e recreação em contato com a natureza.

A criação desses espaços protegidos por lei também contribui para a

valorização dos aspectos étnicos, culturais, estéticos e simbólicos das populações

tradicionais e povos indígenas, assegurando o direito de permanência e

sobrevivência, de acordo com as suas atividades tradicionais, promovendo o

desenvolvimento sustentável dos recursos naturais (BRASIL, 2000). Cabe

ressaltar que, originalmente, só eram consideradas áreas protegidas as Unidades

de Conservação, porém, com a formulação do Plano Nacional de Áreas

5O Sistema Nacional de Unidades de Conservação é composto pelo conjunto de Unidades de

Conservação federais, estaduais, municipais e particulares, distribuídas em doze categorias de manejo, conhecido também como Lei do SNUC (Sem data).

22

Protegidas (PNAP)6 em 2006, pelo (Decreto n.º 5.758/2006) incluíram

conceitualmente, dentre os territórios protegidos, as Terras Quilombolas e Terras

Indígenas (TIs), pois ambos também abrangem “áreas naturais definidas

geograficamente, regulamentadas, administradas e/ou manejadas com objetivos

de conservação e uso sustentável da biodiversidade” (IMAZON, 2011, p.11).

A Lei nº 9.985/00 tem por mérito a sistematização do tratamento normativo dessas unidades de conservação, que antes estavam previstas, de forma desordenada, em diferentes leis e atos normativos e, embora nem todos os espaços ambientais tenham sido contemplados pela Lei do SNUC, estabeleceu este diploma legal doze categorias de UCs [...] (LEUINGER, sem data, p. 3).

Das categorias das UC padronizadas, segundo o SNUC, estão as Unidades

de Proteção Integral e as Unidades de Uso ou Manejo Sustentável, ambas com

finalidades distintas, descritas no quadro a seguir:

Quadro 02: Grupos e categorias de UC, conforme o SNUC.

GRUPO CATEGORIA CARACTERÍSTICAS

Área de Proteção Área em geral extensa, com certo grau de ocupação Ambiental (APA) humana, dotada de atributos naturais, estéticos e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem- estar das populações.

Área de Relevante Área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma

Interesse ocupação humana e com características naturais

singulares, cujo objetivo é manter ecossistemas

Ecológico naturais de importância regional ou local e regular

(ARIE) o uso admissível dessas áreas. Permite a existência

de propriedades privadas em seu interior. Uso

Sustentáv Floresta Área com cobertura florestal onde predominam

(FLONA, FLOTA) espécies nativas, cujo principal objetivo é o uso

sustentável e diversificado dos recursos florestais

e a pesquisa científica.

Reserva Área natural com o objetivo principal de proteger os

Extrativista meios, a vida e a cultura de populações tradicionais,

cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, ao

(RESEX) mesmo tempo, assegurar o uso sustentável dos recursos naturais existentes.

Reserva de Fauna Área com populações animais de espécies nativas,

(REFAU) terrestres ou aquáticas, onde são incentivados

estudos técnico-científicos sobre o manejo

econômico sustentável dos recursos faunísticos.

Reserva de Área natural onde vivem populações tradicionais

Desenvolvimento que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração

dos recursos naturais.

6É um instrumento que define princípios, diretrizes e objetivos, que levarão o país a reduzir a taxa

de perda de biodiversidade, por meio da consolidação de um sistema abrangente de áreas protegidas, ecologicamente representativas e efetivamente manejado, integrado a paisagens terrestres e marinhas mais amplas (MMA, sem data)

23

Sustentável (RDS)

Reserva Particular do Área privada criada para proteger a biodiversidade

Patrimônio Natural a partir de iniciativa do proprietário.

(RPPN)

Estação Ecológica Área destinada à preservação da natureza e à realização

(ESEC) de pesquisas científicas.

Reserva Biológica Área destinada à preservação da diversidade biológica,

(REBIO) onde podem ser efetuadas medidas de recuperação

de ecossistemas alterados e de preservação

e recuperação do equilíbrio natural, da diversidade biológica e dos processos ecológicos naturais.

Parque Área destinada à proteção dos ecossistemas naturais

(PARNA, PAREST) de grande relevância ecológica e beleza cênica, onde

Proteção podem ser realizadas atividades de recreação,

educação e interpretação ambiental, e desenvolvidas Integral

pesquisas científicas.

Monumento Natural Área que tem como objetivo básico a preservação de (MONU) lugares singulares, raros e de grande beleza cênica. Permite a existência de propriedades privadas em seu interior.

Refúgio de Vida Ambiente natural onde se asseguram condições

Silvestre para a existência ou reprodução de espécies ou

comunidades da flora local e da fauna residente

(RVS ou REVIS) ou migratória. Permite a existência de propriedades privadas em seu interior.

Fonte: BRASIL (2000).

As Unidades de Proteção Integral são as áreas cujo objetivo básico é a

preservação ambiental, sendo permitido apenas o uso indireto dos seus recursos

naturais. Algumas UC dessa categoria, como por exemplo, a ESEC e REBIO, têm

uma utilização mais restrita, de acordo com a sua importância, por necessitarem

de determinados cuidados especiais e por possuírem altos níveis de fragilidade.

As UC que constituem o grupo de Uso Sustentável podem ter os seus

recursos naturais utilizados de maneira direta, têm como objetivos promover e

garantir a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus

recursos.

Dada esta compreensão às categorias de manejo das UC, é possível

analisar, em quais dessas áreas é permitido o uso público, para proporcionar

vivências significativas, como as atividades de turismo e lazer.

A Lei do SNUC trouxe grandes avanços, principalmente com a criação e

gestão das UC nos três domínios de governo (federal, estadual e municipal), pois

estabeleceu mecanismos que regulamentam a participação popular como a

criação dos Conselhos, de maneira geral consultivos para as UC de uso direto e

24

deliberativos para as de Uso Indireto, otimizando e potencializando a relação

entre o Estado, os cidadãos e o meio ambiente (MMA, 2011).

Contudo, ainda existem muitos desafios para a efetiva implementação da lei

vigente e, consequentemente, para a consolidação das Unidades de Conservação

no território nacional, pois ainda existem muitos problemas a serem solucionados,

sendo alguns dos mais comuns a falta de investimento; a infraestrutura

inadequada e muitas vezes inexistentes; a insuficiência de técnicos alocados nas

UC; as questões fundiárias, entre outras.

1.1 – Unidades de Conservação Estaduais

A Amazônia, considerada o maior bioma do País, pode ser entendida como

um “todo complexo”, com diversidade étnica associada a uma superlativa

biodiversidade, com estimativa de milhões de espécies de animais e plantas, além

de milhões de interações das espécies entre si e com o ambiente (IMAZON,

2011). Dessa forma, é fundamental reconhecer a grande necessidade de se criar

áreas protegidas, principalmente na categoria de Unidades de Conservação,

como uma estratégia para a conservação dos recursos naturais, sobretudo devido

à grande pressão imposta pelo desmatamento.

Por longos anos a Amazônia brasileira sofre com a extração ilegal dos seus

recursos naturais, problemáticas indutoras de vários processos degenerativos que

ameaçam a vida útil das áreas verdes existentes, como também das populações

tradicionais. A criação das UC Federais e Estaduais na Amazônia Legal ocorreu

de forma intensiva no período de 2003 a 2006, estabelecendo 487.118 km2

dessas áreas. Até o ano de 2010 essas áreas correspondiam a 22,2% da região.

Na figura abaixo estão descritas as Áreas Protegidas na Amazônia Legal, em

dezembro de 2010, as quais estão incluídas esta categoria.

25

Figura 1: Áreas Protegidas na Amazônia Legal

Fonte: IMAZON (2011).

26

Entre os Estados que compõem a Amazônia Legal, o Pará especificamente, é um

dos que, atualmente, abriga em seu território uma das maiores áreas de Unidades

de Conservação do mundo, e é a região onde nas últimas décadas teve um

considerável avanço no que se diz respeito a criação e manutenção de áreas

verdes especialmente protegidas (IMAZON, 2014).

Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia – IMAZON,

revelam que o território paraense é composto por 67 UC, distribuídas nas esferas

Federais e Estaduais, como evidenciadas na figura 2 a seguir:

27

Figura 2: Unidades de Conservação do Estado do Pará.

Fonte: IMAZON (2014).

28

Estas UC somam, aproximadamente, 41,7 milhões de hectares protegidos por Lei,

o que significa um terço do seu território estadual. Tendo em vista, que deste total

- 21,4 milhões de hectares, são distribuídos nas 21 UC que compõem o Sistema

de Estadual de Unidades de Conservação da Natureza, que tem como gestão a

Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMA, que por meio da Diretoria de

Áreas protegidas - DIAP, tem o papel de planejar e coordenar a criação e a

gestão das UC, assim como implementar e dar cumprimento às ações de

desenvolvimento socioambientais nessas áreas (IMAZON, 2014; SEMA, sem

data).

Todavia, a partir de 01 de janeiro de 2015, a SEMA passa por uma

mudança administrativa estrutural, de acordo com a Lei Estadual 8.096 de

01/01/2015, passando a ser denominada Secretaria de Estado de Meio Ambiente

e Sustentabilidade – SEMAS. A DIAP foi extinta, e a gestão das UC, agora como

a denominação de Diretoria de Gestão e Monitoramento de Unidades de

Conservação da Natureza passa a ficar por conta do Instituto de Florestas e da

Biodiversidade - IDEFLOR-BIO, antes IDEFLOR.

Entre as 21 UC estaduais existentes no Pará encontrar-se: 07 de Proteção

Integral e 14 de Uso Sustentável, somando 17% de áreas protegidas, em relação

ao Estado do Pará, que serão descritas no Quadro 3, a seguir:

Quadro 3: Unidades de Conservação do território paraense com gestão estadual.

CATEGORIA DE ÁREA LOCALIZAÇÃO ATO LEI DE CRIAÇÃO MANEJO (HA)

Unidades de Uso indireto (Proteção Integral)

Parque estadual do Utinga 1.340 Município de Belém e Decreto nº 1.552, de 03/05/9 Ananindeua

Parque Estadual da Serra d o 24.897 Município de São Lei nº 5.982, de 25/07/96

Martírios/Andorinhas Geraldo do Araguaia

Parque Estadual Monte Aleg 5.800 Município de Monte Lei nº 6.412, de 09/11/01 Alegre

Parque Estadual Charapucu 65.181,9 4 Município de Afuá Decreto Nº 2.592, de

09/11/2010

Reserva Biológica Maicuru 1.151.760 Municípios de Almerim e Decreto 2.610, de 04/12/06 Monte Alegre

Estação Ecológica do Grão- 4.245.81 9 Municípios de Alenquer, Decreto 2.609, de 04/12/06.

Pará Monte Alegre, Óbidos e

Oriximiná.

Refúgio de Vida Silvestre 6.367 Municípios de Decreto nº2.211, de 30.03.10 Metrópole da Amazônia Ananindeua, Benevides,

Marituba e Santa Isabel

29

do Pará

Unidades de Uso Direto (Uso sustentável)

Área de Proteção Ambiental 5.500.000 Oceano atlântico, rio Art. 13, § 2 o da Constituição do Arquipélago do Marajó – amazonas e baia do do Estado do Pará, APA Marajó Marajó promulgada em 05/10/89

Área de Proteção Ambienta l 2.378 Município de Maracanã Lei nº 5.621, de 27/11/90 de Algodoal-Maiandeua – A P

Algodoal

Área de Proteção Ambiental 7.226 Municípios de Belém e Decreto lei de 1.551 de da Região Metropolitana de Ananindeua 03/05/93 Belém

Área de Proteção Ambienta l 29.655 Rio Araguaia; Município Lei nº 5.983, de 25/07/96 de de são Geraldo do

São Geraldo do Araguaia - Araguaia

APA Araguaia

Área de Proteção Ambiental 1.500 Município de Belém Lei nº 6.083 de 13/11/97 da Ilha do Combu

Área de Proteção Ambienta l 56.129 Município de Monte Lei nº 6.426 de 17/12/01 Paytuna Alegre

Área de Proteção Ambiental 503.490 Municípios de Breu

do lago de Tucuruí Branco, Goianésia do

Pará, Itupiranga, Lei nº 6.451, de 08/04/02 Jacundá, Nova Ipixuna,

Novo Repartimento e

Tucuruí

Área de Proteção Ambienta l 1.679.28 0 Municípios de São Félix Decreto 2.612 de 04/12/06 Triunfo do Xingu do Xingu e Altamira.

Reserva de Desenvolvimento 36.128 Municípios de Novo Lei nº 6.451, de 08/04/02 Sustentável Alcobaça Repartimento e Tucuruí

Reserva de Desenvolvimen to 29.049 Municípios de Novo Lei nº 6.451, de 08/04/02

Sustentável Pucuruí-Ararão

Repartimento e Tucuru í

Floresta Estadual de Faro 635.935 Municípios de Faro e Decreto 2.605 de 04/12/06 Oriximiná.

Floresta Estadual do Iriri 440.493 Município de Altamira Decreto 2.606 de 04/12/06

Floresta Estadual do 3.172.978 Municípios de Oriximiná Decreto 2.607 de 04/12/06 Trombetas e Óbidos

Floresta Estadual do Paru 3.612.91 4 Municípios de Almerim,

Monte Alegre, Alenque r, Decreto 2.608 de 04/11/06 Prainha e Óbidos

Fonte: SEMA (2010), adaptada pelas autoras (2014).

Sabe-se que os desafios para a consolidação das UC são muitos, e na

mesma proporção os órgãos gestores devem encontrar soluções para minimizar

os impactos e dar a cada UC a utilização adequada. Nesse contexto, o objeto

deste estudo visa auxiliar na gestão do Refúgio de Vida Silvestre (REVIS)

Metrópole da Amazônia, UC de Proteção Integral da Região Metropolitana de

Belém.

30

2 - REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE METRÓPOLE DA AMAZÔNIA

O Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) tem em seu objetivo de criação,

exposto na lei do SNUC (2000), no Art. 13, “a proteção dos ambientes naturais

onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou

comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória”. Assim como as

outras categorias de proteção, é permitida a visitação, desde que esteja de acordo

com suas normas estabelecidas em seu Plano de Gestão ou Plano de Manejo.

O REVIS foi criado como uma estratégia para resguardar e assegurar a

sobrevivência das populações e das espécies presentes na UC, algumas delas

inseridas na lista de espécies endêmicas7 do Estado do Pará. São permitidas

atividades ligadas ao turismo ecológico, às pesquisas científicas, à educação e

interpretação ambiental por meio de do lazer e da recreação em contato com a

natureza, com objetivos de colaborar para a manutenção dos serviços ambientais,

bem como garantir os processos ecológicos naturais (SEMA, 2010; ALMEIDA,

2013).

2.1 - Histórico da Área e Criação do REVIS

Com o trabalho “Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização

Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira” realizado

pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA, em 2007, a região Nordeste do Estado

do Pará foi categorizada como de importância muito alta e extremamente alta,

devido à presença de espécies ameaçadas de extinção e algumas endêmicas,

ano em que também ocorreu a homologação da primeira “lista vermelha” da

região amazônica, por meio da Resolução COEMA nº 54, de 24/10/2007, sendo

identificadas um total de 181 espécies ameaçadas, incluídas nas categorias

criticamente em perigo (13 espécies), em perigo (47) e vulneráveis (121

espécies).

A criação do REVIS Metrópole da Amazônia surgiu a partir de uma

iniciativa do Governo do Estado do Pará, especialmente para cumprir as metas do

Programa Extinção Zero e também as conclusões e determinações do trabalho

iniciado no ano de 2008, o projeto “Espécies Ameaçadas e Áreas Críticas para a

7 Próprio a uma região ou população específica (Dicionário online de português, 2015).

31

Biodiversidade no Pará, 2009”, com a parceria da Secretaria de Estado de Meio

Ambiente (SEMA), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e Conservação

Internacional (CI) no âmbito do Projeto Biota Pará, iniciativa institucionalizada por

meio do Decreto Estadual nº. 802 de 20/02/2008. Essas instituições foram

responsáveis pelos trabalhos que precederam a lista das espécies da flora e da

fauna ameaçadas no Estado do Pará, considerada como um importante

instrumento para gestão ambiental e para a conservação da biodiversidade

existente na área, tornando o Nordeste do Pará conhecido como “Centro de

Endemismo Belém” (ALMEIDA, 2013).

Nesse contexto, a criação do REVIS seria importante para proteger todos

os remanescentes florestais desse, que é o maior fragmento de floresta da Região

Metropolitana de Belém, além de assegurar a proteção de populações das

espécies existentes na Unidade de Conservação, que fazem parte dessa lista de

espécies ameaçadas, proporcionando a conectividade ecológica necessária para

a reprodução e a manutenção da vida silvestre, elevando ao máximo o curso de

indivíduos das distintas espécies que compõem as comunidades florísticas,

faunísticas e outros organismos vivos, realizando uma ligação sob proteção oficial

das áreas já institucionalizadas e protegidas como o Parque Estadual do Utinga e

a APA da Região Metropolitana de Belém e APA da Ilha do Combu, assim como

outras áreas e floresta conservadas, a exemplo da EMBRAPA e do Quilombo

Abacatal.

Segundo estudos realizados pela SEMA para a criação do REVIS, a área

está fundamentada por algumas referências históricas, com destaque para a

antiga Fazenda Pirelli, produtora de seringa.

[...] à propriedade remetem ao ano de 1917 com a Carta de Arrematação em nome do Conselheiro Nicolau Martins. Em 1954 foi comprada pela Empresa Pirelli S.A. e denominava – se Fazenda Guamá, com o propósito de produzir látex, matéria prima para produção de pneus, logo foi implementada uma plantação de seringueira Hevea brasiliensis; em seguida foi introduzido o urucu Bixa orellana L. e pastagem para a criação de gado bovino (SEMA, sem data, sem paginação).

A área está situada entre as coordenadas geográficas aproximadas de

01o23‟30” a 01

o29‟30” de Latitude Sul e 48

o10‟ 00” à 48

o22‟00” de Longitude (W.

Gr). Sua floresta continua abrange um território que soma cerca de 1.193,83 Km2.

32

Em documentos antigos, a propriedade media 7.787,33 hectares, sendo

adquirida pelo Governo do Estado do Pará, onde houve uma divisão da área para

diferentes usos, no entanto, a parte maior foi designada para a criação do REVIS,

fundamentada nas atribuições dadas ao Governo do Estado do Pará, o qual lhe

confere o artigo 23, incisos VI e VII e o artigo 225, parágrafo 1º, inciso III da

Constituição Federal; e de acordo com o artigo 17, incisos VI e VII c/c artigo 255,

inciso V da Constituição do Estado do Pará, e bem como o disposto no artigo 22 §

2o c/c artigo 9° a Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e o artigo 9° da Lei

Estadual nº 6.745, de 06 de maio de 2005, que institui o Macrozoneamento

Ecológico-Econômico do Estado do Pará e dá outras providências (SEMA, 2010).

No ano de 2010, foi criada, por meio do Decreto Lei nº 2.211, de 30 de

março de 2010 a Unidade de Conservação de Proteção Integral Refúgio de Vida

Silvestre Metrópole da Amazônia. Como descreve-se na minuta de criação, no

seu artigo 1º:

Fica criado nos municípios de Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Isabel do Pará, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, com o objetivo de proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna residente ou migratória. A visitação é permitida, possibilitando a realização de turismo ecológico, de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental e de recreação em contato com a natureza. Visa também contribuir para a manutenção dos serviços ambientais, bem como garantir os processos ecológicos naturais (PARÁ, 2010, sem página).

A forma da área é de um polígono irregular, envolvendo uma superfície de

6.367,27 ha (seis mil, trezentos e sessenta e sete hectares, e vinte e sete

centímetros), e com perímetro de 65.952,88 metros. O nome Refúgio de Vida

Silvestre Metrópole da Amazônia ainda não se popularizou, ficando a UC

conhecida ainda popularmente como “Pirelli”, devido à tradicionalidade de sua

nomenclatura inicial. A área ganhou esse título desde 1954, quando foi comprada

pela Empresa Pirelli S.A., para a produção do látex e fabricação de pneus

(ALMEIDA, 2013).

Assim como também é valido ressaltar, que após a posse da área para o

poder público cogitou-se a possibilidade de criar um núcleo ecoturístico na área,

assunto este muito debatido entre o trade turístico da região, chegando até

mesmo à fase de elaboração, por uma empresa alemã, de um projeto

33

arquitetônico para implementar algumas estruturas que viriam a potencializar o

turismo no Estado, projeto esse que não teve êxito devido ao momento político da

ocasião (ALMEIDA, 2013).

2.2 - Características Gerais

Das suas características gerais, encontradas no levantamento ambiental,

destacam-se os aspectos biológicos, com seus ecossistemas que constituem a

área, sendo estes distribuídos com 6,5% de lâmina d‟água, formados pelo rio

Guamá, com pequenos furos e igarapés; 25,7% de terra firme e 67,8% de áreas

de várzeas, com terrenos baixos e planos, junto à superfície d‟água, cobertos por

florestas resguardadas, e as de terra firme, com testemunhos de florestas, com

predominância de capoeiras, pastagens abandonadas, assim como plantações de

seringueiras (Hevea brasiliensis) e urucum (Bixa orellana) (ALMEIDA, 2013).

As várzeas dos rios Guamá e Uriboca possuem um grande potencial

paisagístico natural e são compostas por modelos florestais de grande porte como

a sumaúma (Seiba pentandra) e ucuúba (Virola surinamensis), assim como

macacos e outras espécies de animais, flores e frutos os quaiscontribuem ainda

mais para a valorização paisagística da Unidade de Conservação.

Segundo Almeida (2013), neste cenário encontra-se também:

A rodovia denominada Alça Viária8, com 61,80 hectares, corta a

área em diagonal no sentido Norte-Sul, com aproximadamente 60 metros de área de largura, é um fator bastante prejudicial para os ecossistemas da Unidade de Conservação e um complicador da gestão da UC. A estrada possui um tráfego bastante intenso, causando mortes de animais por atropelamentos, além da facilitação de caçadores, palmiteiros, madeireiros outros e predadores das florestas, já que, ao longo da rodovia, existem entradas clandestinas para dentro da Unidade, pois a mesma não possui delimitação física (a não ser por piquetes) que impeça a entrada de pessoas para cometer tais ilícitos (ALMEIDA, 2013, p. 46).

Os fatores mencionados em destaque causam preocupações, porém,

técnicos da SEMA, em parceria com o Batalhão de Polícia Ambiental – BPA,

realizam fiscalizações sistemáticas na área para minimizar algumas dessas

consequências.

8 É o nome dado à rodovia PA-483, construída a fim realizar a integração da Região Metropolitana

de Belém ao interior do Estado, totalizam mais de 74 km de rodovias e 4,5 km de pontes. Resultando em um complexo de pontes e estradas. (ALMEIDA, 2013).

34

Da análise dos aspectos fisiográficos, destacam-se dois macro-domínios,

identificados como:

a) O Domínio Norte: tem a formação de terra firme e tem como limite natural o

Sul e ao Leste, do rio Uriboca e a Oeste o igarapé Uriboquinha. Com a

identificação do relevo nas áreas de cotas mais elevadas, alguns divisores de

água, sendo principal e secundários nas quais foram identificadas três

unidades básicas morfológicas: a Cumeada Norte, a Depressão Central que

contém a principal linha d`água, qual é o igarapé Apará, e a Cumeada Sul.

b) O Domínio Sul: é uma área de várzea, com pequenas amostras a Oeste e

Sudeste, representando 68% da área total, e confronta com o rio Guamá. Por

essas constatações, foi identificado que a vocação natural da UC era de fato

para proteção integral.

2.3 - Localização e Acessos

O REVIS é uma área contínua e encontra-se localizada na Região

Metropolitana de Belém (RMB), distribuída pelos municípios de Ananindeua,

Marituba, Benevides e Santa Izabel, conforme ilustrado nos mapas abaixo,

ocupando 6,3% de território destes municípios, com seu principal acesso, pelo

quilometro 14 da BR 316 no município de Marituba, seguindo por um raio 4 km

pela estrada da Pirelli, a cerca de 23 km do centro de Belém-Pará.

35

Figura 3: Localização do REVIS

Fonte: Rodrigo Santos apud Socorro Almeida (2013).

36

Figura 4: Mapa Participação do município de Ananindeua no REVIS

Fonte: Gerência de Monitoramento Ambiental da SEMA – GEMAM (2013).

37

Figura 5: Mapa Participação do município de Marituba no REVIS

Fonte: Gerência de Monitoramento Ambiental da SEMA – GEMAM (2013).

38

Figura 6: Mapa Participação do município de Benevides no REVIS

Fonte: Gerência de Monitoramento Ambiental da SEMA – GEMAM (2013).

39

Figura 7: Mapa Participação do município de Santa Izabel do Pará no REVIS

Fonte: Gerência de Monitoramento Ambiental da SEMA - GEMAM (2013).

40

Ao Sul, a UC estende-se às margens do rio Guamá, com cerca de dezoito

quilômetros de extensão ao longo do rio, entre a foz do rio Caraparu-Miri e o

igarapé Uriboquinha (próxima à APA Belém e Parque Estadual do Utinga - PEUt).

A Oeste faz confluência com a APA da Ilha do Combu, todas UC estaduais, além

do Quilombo Abacatal, conforme mostra a figura 08.

41

Figura 08: Mapa do Mosaico de Áreas Protegidas da Região Metropolitana de Belém

Fonte: SEMA (2009).

42

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do

Estado do Pará - IDEFLOR-Bio, está em andamento um projeto para a

constituição de um Mosaico de Unidades de Conservação, que irá unir legalmente

as UC da Região Metropolitana de Belém, fortalecendo assim a proteção do

território.

2.4 - Relevo, Clima e Hidrografia

O relevo é caracterizado por ser plano a ondulado, com erosão moderada,

circunscrita a pequenas áreas, não ocasionado a diminuição efetiva do estoque

de vazão dos recursos hídricos. Também é diferenciado por estar situado na

macrorregião, constituído por colinas onduladas de grande potencial paisagístico,

que podem servir para diversos usos, como pesquisa científica, para o

ecoturismo, educação/interpretação ambiental ou até como parque

etnozoobotânico. Essas características de colinas se observam principalmente ao

Norte da UC, nas áreas que estão nos municípios de Benevides e Santa Izabel do

Pará. Suas altitudes podem ter uma variação de 03 a 35 metros. A temperatura

média anual é de 26ºC, variando também entre 18ºC a 34ºC, com umidade média

anual de 85%, variando entre 75% a 95%. A precipitação média anual é de 2.580

mm (2.140 mm a 3.000 mm). A velocidade dos ventos tem média anual de 10

km/hora (07 km/hora a 14 km/hora); e insolação média anual de 10 horas/dia (08

horas/dia a 12 horas/dia).

A UC possui importantes mananciais de recursos hídricos superficiais e

subterrâneos bem conservados, devido a sua limitação na área da Bacia

Hidrográfica do rio Guamá, rio Uriboca, igarapé Apara, e represa do Dique, de

pequeno porte, como marcos relevantes do REVIS.

2.5 - Vegetação e Fauna

Com os estudos incipientes realizados na década 1990 para a criação da

Unidade de Conservação, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio

Ambiente – SECTAM (Hoje Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Sustentabilidade - SEMAS/ Instituto de Desenvolvimento Florestal e da

Biodiversidade do Estado do Pará-IDEFLOR-Bio), em parceria com o Instituto do

Desenvolvimento Econômico-Social do Pará - IDESP e o Museu Paraense Emilio

Goeldi – MPEG identificaram os ecossistemas pertencentes ao bioma amazônico,

43

caracterizado por ser uma área de floresta contínua com a predominância de

floresta ombrófila densa de várzea, floresta ombrófila de terra firme e igapós.

Áreas antropizadas (colinas) com gramíneas, capoeiras e plantações de urucu

(Bixa orellana) e seringueiras (Hevea brasiliensis).

De acordo com esse levantamento foram identificados 348 espécies de

flora (como por exemplo, espécies medicinais com componentes que combatem

asma, diarreias, hemorragias, inflamações e micoses), espécies madeireiras,

espécies ornamentais e espécies alimentícias como açaí (Euterpe Oleracea),

cacau (Theobroma cacao), cupuí (Theobroma subincanum), ingá (Inga edulis) e

tucumã (Astrocaryum aculeatum). Entre elas também estão as espécies de

vegetais encontrados na lista de ameaçadas de extinção, como o acapu

(Vouacapoua americana), o angelim (Pthecellobium racemosum), o cedro

(Cedrella odorata), a castanheira do Pará (Bertholletia excelsa) e a ucuuba branca

(Virola surinamensis).

Sobre a Fauna foram identificadas: 248 espécies / subespécies de aves

das quais 148 das espécies são de habitats florestais; 82 mamíferos localmente

registrados como a paca (Cuniculus paca), o veado mateiro (Mazama

nemorivaga), o tatu (Dasypus novencintus) e a capivara (Hidrochaeris

hydrochaeris), entre outras; 35 espécies de anfíbios; 27 espécies de lagartos e; 46

espécies de serpentes com 05 tipos de peçonhentos. Algumas espécies de

Jacarés como o Jacaré-tinga (Caiman crocodylus) e também espécies de

quelônios. Assim também alguns primatas como a conhecida espécie de primata

macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus). Na lista paraense das espécies ameaçadas

de extinção inclui-se o arapaçu-canela-de-belém (Dendrexetastes rufigula

paraensis) e o bicudo-verdadeiro (Oryzoborus maximiliani), espécies que

provavelmente podem ser encontradas no REVIS. A área refugia uma diversidade

bastante significativa da flora e da fauna amazônica inclusa em uma região

metropolitana, por isso o seu potencial biológico é muito alto em relação ao

Centro de Endemismo Belém - CEB, como mostra o mapa abaixo:

44

Figura 09: Centro de Endemismo Belém

Fonte: Vieira e Almeida (2006).

45

2.6 - Aspectos Socioeconômicos

O REVIS Metrópole da Amazônia localiza-se em uma área com

características bastante diferenciadas no aspecto socioeconômico, no que se

refere à grande dimensão da área. Uma dessas características pode ser

identificada facilmente entre as comunidades de residem dentro da UC, como é o

caso da Vila de Dique9, por sua proximidade ao centro urbano de Belém e do

município de Marituba, onde fica a entrada oficial da UC, tendo o acesso pela

rodovia BR-316, o que não ocorre com as comunidades que habitam as margens

do rio Guamá, furos e igarapés, tendo mais restrições de acessos e de locomoção

(ALMEIDA, 2013).

Segundo Almeida (2013), em uma referência sobre um levantamento

socioeconômico, realizado pela gestão do REVIS, na antiga SEMA, no ano de

2012, onde destaca a existência de 28 familias que residem dentro da UC, sendo

que nove dessas famílias residem às margens de rios e igarapés que cortam o

REVIS, e são consideradas populações tradicionais, por sua forma de relação

com os recursos naturais da região. O extrativismo de que dependem esses

moradores, ainda é uma atividade com práticas intensivas pelos mesmos. Dessa

forma, a Gestão do REVIS, iniciou neste ano de 2014, o Programa de Educação

Ambiental para os municípios, com intuito de realizar a sensibilização para a

conservação dos recursos naturais da UC, a fim de minimizar os conflitos e o uso

exacerbado, tendo em vista que esses recursos não são inesgotáveis e que, do

ponto de vista dos objetivos da UC, chegam a conflitar entre si (objetivos e modo

de vida da população tradicional), sendo necessárias várias ações que ajudem a

convergir os pontos de vista e os usos dos recursos.

[...] a extração do látex da seringueira (Hevea brasiliensis) ou da coleta de urucum (Bixa orellana) e cacau (Theobroma cacao), plantas que foram cultivadas na área e que até hoje ainda existem na floresta, são fontes de obtenção de renda para as comunidades residentes. [...] A pesca também é praticada para subsistência, da mesma forma como há dez anos. O açaí (Euterpe oleracea) é abundante na região e serve de alimento para os moradores, porém, também é alvo de invasores da área, que colhem o fruto e o palmito para comercialização, prática não autorizada pelo órgão responsável pela UC, já que a existência do açaí contribui para a alimentação e reprodução da vida silvestre, objetivo principal da criação da Unidade de Conservação (ALMEIDA, 2013, p.51-52).

9 Vila do Dique é um conjunto de casas que abrigava os antigos trabalhadores da Fazenda Pirelli,

onde ainda hoje existem moradores remanescentes (ALMEIDA, 2013, p.45).

46

Deste modo, o uso dos recursos pelas populações que vivem no interior da

UC, é permitido, até que o Plano de Manejo10

seja elaborado e os interesses e

direitos definidos, segundo a necessidade e a sua relação tradicional, pois com a

autorização do órgão gestor, em admitir a utilização, acabam enfrentando

situações de práticas abusivas, que não condizem com os objetivos da Unidade

de Conservação e acabam prejudicam a mesma e seus objetivos. Dentre algumas

casos de uso predatório encontrados no REVIS Metrópole da Amazônia estão a

criação de gado no entorno, que muitas vezes adentra à UC e a extração de

aterro para comercialização, os chamados “curvões” na sua Zona de

Amortecimento11

(ALMEIDA, 2013).

3 - USO PÚBLICO

Com a insuficiência de espaços públicos naturais, por consequência do

crescimento populacional e do desenvolvimento dos centros urbanos, a utilização

das Unidades de Conservação tornou-se uma grande oportunidade para o

público, de vivenciar momentos junto à natureza, por meio de práticas de lazer,

turismo e recreação, entre outras, que vem ganhando espaço e tendo um

crescimento bastante considerável nos últimos anos. (RUSCHMANN, 2008;

ALMEIDA, 2013).

Segundo Takahashi (2004), boa parte dos atrativos naturais estão

localizados dentro das Unidades de Conservação, e devido à crescente procura,

seus gestores têm a difícil tarefa de conciliar esse uso com a conservação dos

recursos naturais e culturais, sem que o meio ambiente seja penalizado com

algum tipo de impacto negativo.

O aproveitamento das UC para a visitação pública é a utilização para

atividades ao ar livre, além de ser uma forma de aproximação das pessoas junto à

natureza, gerando maior consciência ambientalista, pode proporcionar

oportunidades de geração renda para as comunidades do entorno, bem como

10 Plano de Manejo, segundo o SNUC é o “Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, bem como a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade”. (SNUC, 2000, p. 3).

11 Zona de Amortecimento é “o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”. (SNUC, 2000, p. 3).

47

contribuir para a manutenção e conservação da Unidade de Conservação, por

meio de cobranças de taxas que sejam revertidas para essa finalidade. São

atividades como a pesquisa cientifica, a educação ambiental, o turismo e a

recreação, pertinentes e condizentes com os objetivos da maioria das UC, e

recomendáveis se realizadas de acordo com os preceitos da conservação

(NELSON, 2012).

Para melhor compreensão sobre o uso público em Unidades de

Conservação, Almeida (2013) em sua obra, destaca que;

O Uso Público, denominação dada a essa frequência de pessoas em áreas protegidas, mais especificamente em Unidades de Conservação, faz com que os gestores dessas áreas se preocupem cada vez mais com a segurança e o bem estar dos usuários, e isso requer o planejamento adequado da atividade, que precisa ser responsável, cauteloso e que gerencie o impacto causado pela visitação, cumprindo o seu papel que é a manutenção da biodiversidade da UC (ALMEIDA, 2013, p.19).

Nelson (2012) reforça que o Uso Público das Unidades de Conservação

[...] pode se dar de várias formas e engloba toda atividade que pode ser desenvolvida na UC, dependendo, obviamente, de sua categoria e zoneamento. Pode ser turismo, visitas educativas, educação ambiental, pesquisa, entre outras. Os visitantes podem ir em grupo, ou sozinhos; podem ser de países diferentes ou de uma escola próxima; podem ser idosos ou jovens; podem ter ou não dificuldades de se locomover, escutar ou ver, e assim por diante. O ideal da visitação, de uma forma geral, é que ela seja aberta a todos, independentemente dos seus desafios e habilidades. Essas atividades são complexas e devem ser organizadas e regulamentadas para ocorrerem paralelamente, buscando minimizar os impactos no meio ambiente (NELSON, 2012, p. 216).

Com isso, cabe aos administradores cumprir com os objetivos

estabelecidos nas diretrizes para essas áreas, com a formulação de instrumentos

que venham a otimizar as ações de preservação destinadas às UC. Dentre os

principais instrumentos a serem criados para a consolidação das Unidades de

Conservação está o Plano de Manejo12

ou Plano de Gestão, como é conhecido

em várias regiões do Brasil, documento de gestão da UC que deve ser elaborado

até cinco anos após a sua criação, definindo limites para todos os tipos de uso,

bem como para o uso dos recursos naturais existentes na região da UC,

12

“Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de

Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade” (IBAMA, 2002, p. 16).

48

construções de estruturas necessárias para a gestão da Unidade, onde definem

as normas, para quais as atividades a serão realizadas nas UC. O Plano de Uso

Público (PUP)13

é um componente do Plano de Manejo e é um também é uma

das ferramentas administrativas essenciais e indispensáveis para assegurar a

sobrevivência de uma UC.

Segundo Nelson (2012, p. 216): “o PUP é um documento oficial, detalhado,

que aborda uma variedade de assuntos, devendo estar em consonância com

todos os outros planos da UC”, ou seja, com a elaboração desse documento é

possível realizar um melhor planejamento e o ordenamento da visitação pública,

sendo uma das formas estratégicas que auxiliam o monitoramento ambiental e na

gestão as Unidades de Conservação.

Nesse sentindo, devido ao crescimento dos impactos causados pelas

práticas de lazer nessas áreas naturais, o PUP é de grande relevância, pois

proporciona o planejamento e o monitoramento das atividades, visando,

principalmente, à educação ambiental, voltada todos os usuários, sejam eles

visitantes, turistas ou comunidades do interior e entorno da UC, de forma que as

atitudes dos visitantes não venham a comprometer os objetivos da Unidade de

Conservação e nem alterem o modo de vida das populações tradicionais que

habitam a mesma (ALMEIDA, 2013; BAHIA ; SAMPAIO, 2007).

Segundo Almeida (2013, p. 28) “As Unidades de Conservação sempre são

oportunidades para conhecer e valorizar os seus recursos, porém as estruturas

devem ser adequadas para a visitação e prática dessas atividades”. Ou seja, a

importância de se ter um bom planejamento assegura a preservação dessas

áreas naturais. Entende-se dessa forma que, quando a utilização da UC é bem

planejada, permite o cumprimento das finalidades das UC e favorece o

entendimento e a apropriação pelas pessoas que as visitam, de tal modo, se

estabelece uma relação com a sociedade (TAKAHASHI, 2004).

Para isso, tanto a educação pelo e para o lazer, a educação ambiental e o

planejamento da visitação tornam-se atividades fundamentais, e devem utilizar-se

de formação profissional daqueles que irão atuar como promotores das

13

Documento técnico que define o conjunto de atividades que podem ser desenvolvidas pelas pessoas durante a visitação a uma determinada unidade de conservação (MMA, 2010, p 8).

49

atividades, além de ferramental e métodos que conciliem uso e conservação

(BAHIA; SAMPAIO, 2007).

Observamos a cada dia, a constante procura por vivências de lazer em

áreas naturais, pois essas áreas podem proporcionar um estreitamento da relação

entre o ser humano e a natureza (CABRAL; BAHIA, 2013). Com isso, as práticas

do lazer e do turismo, tornaram-se aspectos predominantes do uso público dentro

das unidades de conservação. Dessa forma, é necessário fazer abordagens

conceituais que desenham as percepções que sustentam este estudo.

3.1 – Lazer

Novas sensibilidades relacionadas às questões ambientais têm possibilitado

a abertura para novas mentalidades, motivando uma variedade de práticas, dentre

elas, as atividades de lazer na natureza, estas por sua vez, vêm ganhando

espaço e despertando, cada vez mais, novos olhares e saberes (MARINHO,

2007). Desta forma, para entender o relevante papel do lazer dentro do PUP é

necessário compreendermos como o mesmo vem sendo debatido ao longo dos

anos.

É notório que na atualidade os debates acerca da temática em questão, vêm

ganhando cada vez mais espaço, visto que estes se tornaram mais acessíveis no

cotidiano das pessoas, tanto no senso-comum quanto no meio intelectual,

objetivando a compreensão de suas práticas ligadas à busca do deleite e da

satisfação pessoal do ser humano.

Devido às dinâmicas ocorrentes na sociedade, entende-se que o lazer é um

fenômeno social moderno que vive em constantes transformações. Os

questionamentos quanto ao seu desfrute intensificou-se a partir do

reconhecimento dos trabalhos alienados vivenciados pela sociedade após o

período urbano-industrial, principalmente pela exploração do ser humano pelas

grandes fábricas na Europa, o qual se iniciou com uma série de reivindicações

trabalhistas, por meio de grupos sociais que lutavam para terem um momento de

descanso.

A discussão do que seria lazer e de como este seria democratizado surge

como um reflexo de contraposição à lógica capitalista, que durante o processo da

Revolução Industrial trouxe à tona o trabalho quase que como uma religião, onde

muitos eram explorados em benefício de poucos. Os trabalhadores cumpriam

50

extensas jornadas de trabalho e o pouco tempo livre que tinham servia, ainda que

precariamente, para o descanso e a reposição da força de trabalho para o dia

seguinte, não restando assim, tempo disponível para o lazer.

Dada a insustentável situação que se instaurava naquele momento, os

trabalhadores começaram a se organizar e reivindicar melhores condições de

trabalho, dentre as quais, a redução na jornada de trabalho. Paul Lafargue foi um

desses trabalhadores e em 1881 publicou um panfleto intitulado "O direito à

preguiça" que propunha diversas ações que objetivavam a melhoria na qualidade

de vida dos trabalhadores, além de tecer duras críticas ao sistema de trabalho

que ali se configurava.

Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta tortura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho, levado até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e da sua progenitora. Em vez de agir contra essa aberração mental, os padres, os economistas, os moralistas sacrossantificaram o trabalho. (LAFARGUE, sem data, p. 7).

Mediante essas reivindicações, de outro modo o capitalismo toma força, e

tem conferido como estratégia a subsistência segura sob a forma de salário, onde

impulsiona os trabalhadores ao consumo durante o seu tempo livre. Pois o

trabalho de forma alienada não permite a afirmação pessoal, mantém o sujeito em

busca de necessidades imediatistas. Ou seja, a relação do trabalho e do lazer

tomou novos caminhos, uma dinâmica que estabeleceu um modo de vida

baseado no consumismo, sendo um objeto de manipulação do poder público e,

principalmente, do mercado.

Com isso, observa-se que a prática de lazer nos dias atuais é a mais

comum, a qual pessoas usam o seu tempo livre em espaços que viabilizem uma

variedade de utilidades e equipamentos que proporcionem o prazer de comprar

como forma de lazer e também muitas vezes a buscar status social, o que se

chama de consumo conspícuo (BAHIA, 2012).

A partir deste contexto, um dos autores que teve uma influência significativa

para o desenvolvimento teórico do lazer, principalmente no Brasil, foi o sociólogo

francês Dumazedier, o qual destaca em sua literatura, que o Lazer, Configura-se como um conjunto de ocupações às quais os indivíduos podem entregar-se de livre vontade, divertir-se,

51

entreter-se, para repousar, desenvolver sua concepção desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações familiares, profissionais e sociais (DUMAZEDIER apud LEHN, 2004, p.17).

Sinteticamente, o lazer sustenta-se em dois pilares, que são: o tempo livre

(tudo que se realiza fora de suas obrigações cotidianas) e a atitude ou escolha.

Marcellino (2007) faz sua replica a esta abordagem, não limitando o Lazer

em apenas o “Tempo livre”. O mesmo destaca a importância da relação do lazer

com a sociedade moderna, que se dá a partir de diversos olhares. Compreendê-lo

seria utilizá-lo no sentido de humanização da sociedade, que implica no

aperfeiçoamento e na interação dos seres humanos com o meio que o cerca.

Neste caso, tratando-se do lazer é importante também considerar suas

potencialidades que, ao mesmo tempo em que pode proporcionar o

desenvolvimento humano e social, pode vir a ser um veículo e um objeto de

educação.

O lazer é, portanto, entendido como a cultura compreendida em seu sentido mais amplo, vivenciada no tempo disponível. É fundamental como traço definidor, o caráter desinteressado dessa vivência. Ou seja, não se busca, pelo menos basicamente, outra recompensa além da satisfação provocada pela própria situação (MARCELLINO, 1995, p. 31).

Para Gomes (2004, p. 124), “a cultura institui uma expressiva possibilidade

para se conceber o lazer em nossa realidade histórico-social”, pautando-se no

pressuposto de que “a cultura constitui um campo de produção humana em várias

perspectivas, e o lazer representa uma de suas dimensões: inclui a fruição de

diversas manifestações culturais”.

Entender o lazer como uma cultura vivenciada, não é compreendê-lo como

uma atividade restrita ou isolada, mas sim é avaliá-lo de maneira coesa e sobre

múltiplos aspectos sociais e suas vivências. Esses aspectos precisam estar

intimamente integrados, para que possam dar a possibilidade de usufruir do lazer.

Nesta concepção, deve estar atrelado aos valores capazes de torná-lo favorável

para o divertimento, o descanso e o desenvolvimento individual e social, o qual

está associado a essas ações humanas, caracterizadas pela livre aderência e a

satisfação, a um entendimento de cultura na sua acepção ampliada

(MARCELLINO, 1995; BAHIA; SAMPAIO, 2007).

52

Em outra perspectiva, o lazer também pode ser entendido a partir de duas

perspectivas:

[...] como um direito social, em princípio proveniente das conquistas dos trabalhadores por um tempo legalmente regulamentado; e como uma possibilidade de produção de cultura, por meio da vivência lúdica de diferentes conteúdos. Essa vivência é mobilizada pelo desejo e permeada pelos sentidos de liberdade, autonomia, criatividade e prazer, os quais são coletivamente construídos (WERNECK, 2000a, p. 78).

O lazer se constrói a partir de suas vivências, possibilitando a produção de

cultura para o desenvolvimento pessoal e social, sendo um direito garantindo e

assegurado na sociedade pela Constituição Federal Brasileira de 1988, como está

exposto em seu Art. 6º que diz serem direitos sociais, a saúde, a educação, a

alimentação, o trabalho, a moradia, e o lazer. Assim como o que refere-se o seu

Art. 7º, inciso IV, da mesma constituição que expõem-se que o salário mínimo

deverá atender às necessidades básicas dos trabalhadores e suas respectivas

famílias, referindo-se também ao lazer. No Art. 217, em seu parágrafo 3º, nos

afirma que o Poder Público tem como incentivar o lazer, através da promoção

social. Já em seu Art. 227, enfatiza-se que o dever da família, da sociedade e do

Estado é assegurar à criança e ao adolescente, a prioridade incondicional, ao

direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, e também ao lazer e etc

(BRASIL, 2012).

No entanto, o que se tem visto são políticas de lazer sendo deixadas de

lado, não sendo reconhecidas como prioridades nos planejamentos do setor

público. A apropriação desigual do lazer é ainda hoje uma questão vista de forma

secundária, uma vez que a prioridade das necessidades humanas para a

formulação de políticas públicas continua sendo por saúde e educação, no

entanto a cobrança pela democratização do lazer não deve ser estagnada, e sim

estruturada também como uma estratégia aliada, para contribuir para diversos

aspectos do desenvolvimento humano, inclusive por meio da educação, já que

pelo lazer pode-se educar.

Apesar de o lazer ser um direito assegurado a todos cidadãos, as políticas

públicas vêm se refletindo em políticas de bem-estar social, como forma de

minimizar os impactos causados pelo ritmo frenético do capitalismo demasiado.

Como descrito por Mascarenhas (2004), as políticas neoliberais ganham força no

Brasil no início da década de 1990, com seu discurso modernizador e suas

53

premissas liberalizantes da reforma administrativa, as quais passam a subordinar,

de forma explícita, às regras da política às leis de mercado. Tornando assim o

lazer em uma proporção comercial e tendo lazer/ócio como um bom negócio.

O que se tem percebido é que os bens e serviços de lazer se tornaram um

tipo muito específico de negócio e de propriedade, que só aqueles possuidores de

um poder aquisitivo mais elevado, têm conseguido valer-se do direito ao consumo

de diversas vivências lúdicas. Este tipo de lazer pode ser conhecido como

"mercolazer", citado por Mascarenhas (2005), como uma forma atualizada e

tendencial de manifestação do lazer como mercadoria, impossibilitando o acesso

igualitário dos espaços por todos os indivíduos.

Com isso, observa-se que surgiram certas barreiras para o acesso ao lazer,

o qual nem todos têm a possibilidade de acesso às vivências e aos equipamentos,

seja pela falta de políticas públicas direcionadas a esse campo, ou pelas

condições financeiras que limitam o acesso a esses equipamentos de lazer, ou

mesmo, pela carência no planejamento para as animações sócioculturais nesses

espaços e de uma democratização.

Além destas barreiras, outras limitam as oportunidades ao acesso das

pessoas às práticas de lazer, como o gênero – as mulheres e suas duplas

jornadas; a faixa etária – as crianças e idosos que muitas vezes são esquecidos

nas formulações de políticas públicas de lazer; nível de instrução, entre outros

fatores (MARCELLINO, 2007; BAHIA, 2005).

A existência de entraves que comprometem as vivências de lazer,

atualmente configura-se como objeto de estudos e críticas. Esses entraves

geralmente estão relacionados aos aspectos financeiros, que corresponde a um

elemento quase que determinante para o desfrute de suas atividades, restando

assim, poucas opções para um lazer mais acessível às classes mais baixas.

Infelizmente as práticas de lazer na natureza não estão livres dos modismos

e da alienação que o lazer pode incorporar. A natureza também pode sofrer

influência do mercado e por este motivo a necessidade de planejamento de uso

público em áreas protegidas pode representar uma oportunidade (desde que bem

planejada e executada) para que essa situação se reverta e possa proporcionar

ao público outra lógica que leve em consideração que o contato do ser humano

54

com a natureza é uma maneira de se resgatar as sensibilidades das pequenas

emoções perdidas em meio às dinâmicas do cotidiano.

Mediante esta abordagem sobre o lazer, é valido ressaltar a importância

dessas práticas dentro desses espaços, pois as mesmas além de proporcionar

um bem estar nas pessoas, também podem ser consideradas como um relevante

instrumento de sensibilização para a conservação da biodiversidade.

Algumas práticas de lazer que têm como ponto de fundo o ambientalismo como movimento crítico-social surgem ou despontam com outras características a partir de 1960, muito próximas as peregrinações dos movimentos hippie ou aos seus propósitos de volta ao campo, em que a busca pela natureza representava uma contestação de valores em relação à produção e ao consumo. A natureza como território da experiência sofre alterações, atualmente afastando-se da ênfase na contestação de valores, embora ainda pretenda manter uma aura diferencial em relação ao consumo, ao desperdício e ao luxo [...] (BRUHNS, 2009, p. 18).

A natureza, por se tratar de um ambiente sensível, requer que as práticas

de lazer desenvolvidas levem em consideração três aspectos interdependentes: “a prática; a conservação ambiental e o processo educativo” (MARINHO, 2004, p.

6). Assim, as atividades de lazer na natureza devem possuir um caráter

comprometido com a atual problemática ambiental.

As UC geralmente são locais que ainda possuem uma área verde de

relevante interesse para a preservação de espécies da biodiversidade e que

paralelamente com tais objetivos de proteger estes recursos, existe também o

interesse pelo uso público dessas áreas. O lazer e o turismo são duas importantes

motivações para o uso público em UC, nesse sentido, se faz importante

compreender não apenas o lazer, mas também a perspectiva que envolve o

turismo nessas áreas.

3.2 – Turismo

Assim como o lazer, o turismo também pode representar uma alternativa de

uso público para o planejamento e gestão de UC. O turismo é um fenômeno social

marcado pela prática humana de deslocamento em busca de lazer e satisfação

pessoal. Apresenta-se hoje como um fenômeno que constrói, em sua dinâmica de

deslocamentos e consumo, um importante instrumento na geração de renda em

todo o mundo e que pode possibilitar o desenvolvimento de

55

estruturas para o desenvolvimento humano. Por isso, o fenômeno turístico, cada

vez mais, ganha destaque e interesse em todo o mundo.

Para compreender melhor esta prática, é válido buscar o turismo em sua

essência, no meio do século XIX, quando o mundo passava por sua mais

contundente transformação – a Revolução Industrial. Os países europeus,

principalmente a Inglaterra, passavam por uma grande mudança, em razão do

início do capitalismo industrial. (FIGUEIREDO; RUSCHMANN, 2004).

Com o advento do capitalismo na era moderna, as viagens se

intensificaram e deu-se origem a profundas mudanças na organização social e

espacial que até então era mantida há séculos, estimulando o aparecimento de

diversos interesses nas viagens, como afirma Ignarra (2003, p. 4): “o aumento da

riqueza, a ampliação da classe de comercializantes e a secularização da

educação estimularam o interesse por outras culturas e pelo conceito de que

viajar era uma forma de educação”.

Nesse momento, viajar passou a ser uma atividade não apenas motivada

pelo caráter econômico exigido pelo comércio; assumia também uma alternativa

de lazer para as classes ricas, que a partir desse momento, se expandiam pela

Europa. A Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX rendeu ao turismo o

melhoramento da infraestrutura com a construção de estradas, ferrovias e meios

de transportes, fatos que proporcionaram deslocamentos de distâncias maiores

em menos tempo. Além desses fatos, a substituição do trabalho artesanal pelo

assalariado proporcionou a criação dos direitos trabalhistas e dentre os quais, as

férias remuneradas, rendendo também ao turismo mais um impulso. Nesse

momento, surgiam os primeiros agentes de viagens como Thomas Cook, Tomas

Bennett e Robert Smart que agregaram facilidades em seus serviços de viagens e

foram, o que se pode dizer, os precursores do turismo moderno.

A partir deste contexto, pode-se entender que o turismo é uma atividade

proveniente da sociedade contemporânea, e está ligada intrinsicamente com a

vontade do turista em conhecer o “novo” (culturas, linguagens, paisagens, hábitos

e costumes).

Dessa forma, o fluxo contínuo de pessoas se deslocando pelo mundo com

objetivos iniciais ligados à realização do lazer e, portanto, à busca do prazer,

ganhou grandes proporções (AZEVEDO; FIGUEIREDO; NÓBREGA;

MARANHÃO, 2013). Devido a esses deslocamentos pela busca do prazer, a

56

atividade turística surge de modo bastante significativo para a economia mundial,

sendo um relevante propulsor econômico, e um grande gerador de empregos

(diretos e indiretos) e, consequentemente, divisas para diversos países que

investem na atividade.

No entanto, por mais, que o turismo seja considerado um agente

incentivador da economia, não se pode permitir esquecer que a atividade turística

se dá a partir do envolvimento de pessoas. O despertar para o entendimento do

turismo como um fenômeno que, além de satisfazer os anseios dos turistas (que

geralmente buscam qualidade dos serviços utilizados durante uma viagem e um

ambiente agradável para as suas práticas de lazer), também deve firmar

compromisso com as comunidades receptoras, trazendo consigo o desafio de

inserí-los nos processos de planejamento, gestão e monitoramento e assim, de

forma efetiva, esperar os resultados positivos: desenvolvimento próspero e

duradouro, minimizando os impactos negativos e ampliando os resultados de

sustentabilidade.

Porém, o potencial econômico do turismo não vem acompanhado apenas

de aspectos positivos nos cotidianos socioculturais e ambientais das comunidades

receptoras, também traz consigo aspectos negativos, que devem ser trabalhados

pelo poder público em conjunto com empresas privadas e organizações sociais

em forma de políticas públicas, que possam atender às necessidades do setor

turístico sem prejudicar as comunidades locais (BURSTYN; BARTHOLO;

DELAMARO, 2008).

Hoje, o turismo é visto como uma importante atividade econômica mundial

em muitas regiões que detêm atrativos turísticos naturais, culturais e/ou artificiais

que acreditam que o turismo possa transformar instantaneamente a economia

destas.

Sobre a problemática, Mesquita (2003, p. 7) ressalta que:

O turismo, como qualquer outra atividade econômica, deve ter o seu desenvolvimento racionalmente predeterminado, para que as necessidades e potencialidades sejam gerenciadas e se transformem em estratégias que conduzam a inserção do patrimônio natural, histórico e cultural no circuito econômico, evidenciando através do uso não predatório do mesmo.

A carência de debates e estudos pode ser responsável pela ilusão de que

desenvolver o turismo representa para muitas regiões do planeta de ser

57

apresentado como o “salvador da pátria” que irá acelerar o desenvolvimento

econômico e gerar melhoria na qualidade de vida dos seus autóctones14

, mesmo

que o planejamento deste não contemple aspectos importantes e decisivos sobre

seus impactos negativos no ambiente em que é desenvolvido. Para Molina (2005,

p. 35):

Os países que apresentam um baixo grau de desenvolvimento relativo, tanto econômico como social, acreditaram encontrar no turismo uma importante alternativa para solucionar alguns de seus problemas estruturais. Este foi o caso das nações latino-americanas, nas quais o setor turístico expandiu-se de forma extraordinária, a ponto de exceder a capacidade dos países para controlar seus efeitos. Por causa disso foram gerados sérios desequilíbrios e mudanças que ultrapassam o campo estritamente turístico, e cujas consequências são transferidas para outros setores da vida nacional.

Molina (2005) ressalta a preocupação com a carência do planejamento

turístico e os problemas decorrentes destes.

Dando um indicativo no debate acerca do ideal desejado, quanto ao

planejamento da atividade turística, Dencker (2004, p. 22) afirma que:

A qualidade turística requer a capacitação e a educação da comunidade, do reconhecimento e conservação do patrimônio e do entorno, da melhoria da imagem urbana e das relações entre os diferentes espaços orientados por uma política de planejamento e gestão cuja cultura envolva empresários, trabalhadores, turistas e hospedeiros, atentando igualitariamente as necessidades de todos.

Não obstante da proposição feita por Dencker, Cruz (2008, p. 141) alerta

que:

No campo do turismo, a necessidade de uma nova institucionalidade para o planejamento é latente, objetivando alcançar os avanços nas discussões em torno da definição de políticas que possam ser respaldadas pelos agentes sociais envolvidos nos processos. Que essa nova institucionalidade seja capaz de organizar as redes e ações culturais e políticas, o aproveitamento do conhecimento local, assim na sustentabilidade de uso dos recursos.

A real possibilidade de comprometimento dos recursos turísticos com o uso

desordenado e degradante suscita a ideia de que é necessário um planejamento

participativo na definição das prioridades e metas a serem desenvolvidas. No

entanto, lidar com os agentes endógenos como membros indispensáveis e ativos

14

Que é natural da região ou do território em que habita; aborígene, indígena; nativo. (Dicionário online de português, 2015)

58

nesse processo ainda esbarra em problemas de cunho histórico que envolve

outras vertentes, geralmente ligadas ao interesse das elites tendenciarem suas

decisões aos seus interesses através da propagação de uma ideologia dominante

(VILLAÇA, 1999).

Nesse sentido, deve-se pensar ações para a promoção do desenvolvimento

local, com melhoramento da infraestrutura e com a criação de novos postos de

trabalho. Onde, para Cruz (2008, p. 99), “o crescimento econômico é visto como

um vetor principal para o desenvolvimento social”, e assim:

[...] o desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e, principalmente humana e social. Desenvolvimento nada mais é que o crescimento (...) transformado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do ser humano, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, entre outras (OLIVEIRA apud CRUZ, 2002).

Assim, motivado por algumas discussões sobre a questão dos recursos

naturais surge o conceito de desenvolvimento sustentável, onde Cruz (2008), em

sua obra, expõe sobre o surgimento do debate acerca do tema, em que no

Relatório Brundtland (1987), apresenta:

Este relatório, motivado por uma discussão, em escala mundial, sobre os limites do crescimento econômico no que diz respeito ao uso dos recursos naturais, propõe uma mudança de paradigma que, em certo sentido, aproxima-se da abordagem estruturalista nascida ainda na década de 1940 (BRUNDTLAND Apud CRUZ, 2008).

O conceito de desenvolvimento sustentável ultrapassa o caráter do

crescimento econômico, e enfatiza a necessidade de um equilíbrio ambiental,

para que o meio natural e o meio social possam viver em harmonia, utilizando-se

os recursos naturais de forma planejada, para que a geração presente possa

satisfazer suas necessidades sem comprometer as necessidades das gerações

futuras terem atendidas as suas próprias necessidades. Assim, o termo

“desenvolvimento sustentável” começou a ser utilizado em várias pesquisas que

atentavam para o crescimento da população mundial e para a consequente

escassez dos recursos naturais não renováveis (SWARBROOKE, 2000).

Portanto, o desenvolvimento sustentável encontra seu viés no turismo como

uma forma de lazer harmonioso, que valoriza as características culturais das

59

comunidades locais e leva em consideração os aspectos relevantes do meio

natural, bem como a sua conservação.

A preocupação com as questões ambientais surge por conta da crise

ocasionada pela escassez dos recursos naturais, decorrente do uso

descontrolado, incessante e irracional destes, que por sua vez, é motivado pelo

ritmo desenfreado e frenético do crescimento global (POLES; RABINOVICI, 2010,

p.1).

Deste modo, a identificação dos problemas oriundos da degradação

ambiental e do uso desenfreado dos recursos naturais, vem despertando na

sociedade uma mudança de comportamento no que se diz respeito à questões

que submergem a sustentabilidade, a conservação da natureza e a qualidade de

vida, “visto que a natureza não é um meio inesgotável de recursos e possui um

significado de suma importância para a humanidade” (PALHETA, 2011, p.25)

Assim, Ruschmann (2008) trabalha a questão das consequências do uso

dos recursos naturais de modo desenfreado nas áreas naturais: O Turismo

contemporâneo é um grande consumidor da natureza e sua evolução nas últimas

décadas ocorreu por consequência da “busca do verde” e das “fugas” dos

tumultos dos grandes aglomerados urbanos (RUSCHMANN, 2008, p. 9).

Para se entender essa relação turismo e natureza, pode-se destacar,

observando-se o acelerado desenvolvimento da atividade, ocasionando-se uma

série de problemas, principalmente de cunho social e ambiental, desencadeados,

sobretudo, pelo turismo de massa. Portanto, com o crescimento desse tipo de

prática, as décadas de 1970 e 1980, são emblemáticas, pois iniciaram várias

discussões acerca das questões ambientais, onde iniciam-se novos padrões que

contestaram a ameaças, que as práticas predatórias da atividade turística

representavam. Surgindo assim novas tendências do turismo, tendo a natureza

como seu principal atrativo (FACO; NEIMAN, 2010)

Desta forma, a implantação do turismo em áreas naturais tem tido um

crescimento significativo, nos últimos anos, devido esse aumento de interesse

sobre as preocupações com relação às questões ambientais. São perceptíveis as

mudanças de comportamento entre os indivíduos da sociedade, que buscam por

experiências de lazer junto a natureza. O turismo de natureza é uma atividade embasada em princípios de ecologia e turismo. Trata-se de prática de natureza econômica,

60

sociocultural, muitas vezes, em áreas naturais, em especial, em Unidades de Conservação Ambiental. A essência dessa atividade é entretenimento e lazer em viagem e a essência da ecologia é a conservação ambiental (CORIOLANO; SAMPAIO; BARBOSA, et al., sem ano, p.12).

Trata-se, de uma atividade do turismo diferenciada, que proporciona a

oportunidade de vivências fora das atividades habituais da sociedade, que atende

a estilos de vida buscam resgatar a relação entre homem/natureza,

proporcionando experiências significativas e responsáveis, de grande valor para o

enriquecimento da vida do ser humano.

Dentre as variadas modalidades, destaca-se o ecoturismo, como uma opção

a ser considerada a mais próxima dos interesses do desenvolvimento sustentável.

Segundo, o Ministério do Turismo (2010), o ecoturismo é definido como:

Um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações (MTUR, 2010, p.17).

E ainda, segundo Wearing e Neil (2001, p.5):

O Ecoturismo pode ser geralmente descrito como um turismo interpretativo de mínimo impacto, discreto em que se busca a conservação, o entendimento e a apreciação do meio ambiente e das culturas visitadas. Trata-se de uma área do turismo especializada em viagens para áreas naturais, ou onde a presença humana é mínima, em que o ecoturista envolvido na experiência externa a uma motivação explicita de satisfazer sua necessidade por educação e conscientização ambiental, social e/o cultural por meio da visita à área e a vivencia nela.

De acordo com a abordagem acima, pode-se entender que o ecoturismo é

uma prática vinculada à sustentabilidade, que deve fazer a interação entre o ser

humano e o meio natural, por meio de uma relação vivenciada, compreendendo e

refletindo sobre as relações e a maneira que os recursos naturais devem ser

utilizados. Todavia, essa atividade constitui-se como um turismo de valores e

atitudes, uma nova forma de se fazer turismo. Assim o mesmo possibilita vivenciar

várias atividades junto à natureza. (FACO; NEIMAN, 2010).

61

3.3 - Atividades na Natureza

Das atividades elencadas, conforme o Ministério do Turismo recomenda

(2010), podemos citar algumas, aos quais tem um grande potencial turístico e de

lazer junto à natureza e que são desenvolvidas nas Unidades de Conservação,

tais como:

a) Observação de fauna (aves): Atividade de observação do cotidiano das aves

existentes na Unidade de Conservação, estudando seus comportamentos,

habitats, comunidade existente, formas de reprodução, rotas migratórias, origens

e quaisquer outros estudos relacionados, visando um conhecimento mais

especifico desses animais; b) Observação de flora: Diante de uma diversidade biológica de flora existente

na referida UC, permite-se compreender, e por conseguinte, através do processo

de ensino e aprendizagem, propor soluções às principais problemáticas locais.

Além disso, torna-se uma importante ferramenta de preservação do meio

ambiente, uma vez que somente pode-se preservar aquilo que conhecemos; c) Observação de formações geológicas: Atividade ainda pouco explorada no

país e que consiste em deslocamento por áreas de formações geológicas

peculiares onde remontam a constituição, processo de formação e importância

para a estrutura daquela determinada área; d) Visitação a cavernas (Espeleoturismo): Atividade recreativa destinada a

exploração de cavidades e suas importâncias no meio ambiente; e) Caminhadas ao ar livre: Percursos a pé em itinerário predefinido. Com a

apresentação de conhecimentos ecológicos e socioambientais da localidade e

região. f) Safáris fotográficos: Itinerários organizados para fotografar paisagens

singulares ou animais que podem ser feitos a pé ou com a utilização de um meio

de transporte. g) Práticas de aventuras: Englobam as corridas de orientação; tirolesa; rapel;

escalada; arvorismo; entre outras; h) Trilhas interpretativas: As trilhas (auto guiadas ou não) podem ser um dos

principais atrativos de uma localidade finalidades socioambientais, realizando a

conexão entre o natural/social.

Essas atividades são de grande importância para o desenvolvimento da

consciência da necessidade de conservação do meio ambiente, além de

62

proporcionar valores significativos para incentivar e desenvolver o ecoturismo nas

referidas UC, principalmente por meio da interpretação ambiental.

3.3.1 - Trilhas Ecológicas

Trilhas são caminhos ou trajetos delineados dentro de um ambiente natural,

utilizados para caminhadas ao ar livre. Foi uma das formas que o ser humano

encontrou para deslocar-se de um ponto para um determinado local, para suprir

suas necessidades, principalmente para busca de alimento e água, entre outros

fins.

Em alguns lugares menos populosos, ou lugares inóspitos como as áreas

protegidas e/ou Unidades de Conservação, que em geral estão situadas em

regiões de difícil acesso, ainda se utilizam as trilhas em sua função tradicional,

que é suprir as necessidades, como por exemplo, as populações tradicionais que

habitam nesses espaços, que têm as mesmas como único meio de acesso a

outras áreas, como um simples meio de deslocamento (ANDRADE, 2003;

LECHER, 2006).

Porém verifica-se com o passar do tempo, na medida em que houve

alterações nos valores em relação às trilhas, passaram a ter outra finalidade, com

característica recreativa, sendo voltada para o lazer e o turismo, surgindo como

novo meio de contato a natureza.

Desta forma, surgem as trilhas interpretativas como um instrumento muito

utilizado nas UC, como um meio de se interpretar a natureza, buscando a

percepção ambiental e a educação do visitante, por meio de atividades

ecoturísticas e de lazer, com cunho de Educação Ambiental15

.

Guillaumon, apud (ANDRADE, 2003), enfatiza que "podem ser definidas

como sendo um percurso em um sítio natural que consegue promover um contato

mais estreito entre homem e a natureza". Ou seja, caminhadas estas que vem

ganhando seu espaço e a cada dia vem aumento também um consideravelmente

os números de adeptos. Desta forma as trilhas ecológicas interpretativas,

emergem como um instrumento significativo na tomada da conscientização

ambiental, promovendo a reflexão sobre a relação do ser humano e o meio

15

Segundo a Lei nº 9795/1999, Art 1º “Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 2014).

63

ambiente a ser utilizada pelas as comunidades locais e visitantes nas Unidades

de Conservação.

De acordo com Andrade e Rocha (2008) as trilhas são um dos caminhos

viáveis para caminhar em áreas naturais de forma organizada, segura e

consciente. Podem levar a atrativos como cavernas ou cachoeiras, além de

possibilitar a preservação do ambiente.

Em áreas naturais, as trilhas desempenham importantes funções sendo também consideradas instrumentos de manejo. Entre as funções destacam-se a de conectar os visitantes com o lugar, criando maior compreensão e apreciação dos recursos naturais e culturais; provocar mudanças de comportamento, atraindo e envolvendo as pessoas nas tarefas de conservação; aumentar a satisfação dos usuários, criando uma impressão positiva sobre a área; influenciar a distribuição dos visitantes, tornando-a planejada e menos impactante (VASCONCELOS apud ANDRADE e ROCHA, 2008, p.15).

Como forma de organizar sistematicamente as trilhas, estas podem vim a

ser um considerável atrativo planejado para o ecoturismo, Andrade (2003) em sua

literatura destaca a classificação desses trajetos quanto a sua função, forma e

grau de intensidade.

a) Quanto à função: As trilhas podem ser utilizadas para fins de serviços

administrativos, normalmente por vigias ou guardas, em suas atividades de

patrulhamento a pé ou dependendo da área cavalo ou pelo público visitante, e em

atividades educativas e/ou recreativas. “Nestes casos, podem ser divididas em

trilhas de curta distância, as chamadas "trilhas interpretativas" (Nature Trails) ou

de trilhas selvagens e de longa distância (Wilderness Trails)” (ANDRADE, 2003, p.

248). b) Quanto à forma: Existem várias caminhos e trajetos diferentes de trilhas

ecológicas, porém em espaços naturais protegidos, são utilizadas somente quatro

formas. As quais podem ser visualizadas conforme o quadro abaixo:

64

Quadro 04: Quanto as formas de trilhas

a) Trilha Circular: A trilha circular oferece a possibilidade de se voltar ao ponto de partida sem repetir o percurso no retorno. Pode-se também definir um sentido único de uso da trilha, o que permite que o visitante faça o percurso sem passar por outros visitantes no sentido contrário

b) Trilha em Oito: Essas trilhas são muito eficientes em áreas limitadas, pois aumentam a possibilidade de uso desses espaços;

c) Linear: É o formato de trilha mais simples e comum. Geralmente seu objetivo é conectar o caminho principal, quando já não é o próprio, a algum destino como lagos, clareiras, cavernas, picos, etc. Apresenta as desvantagens do caminho de volta ser igual ao de ida, e a possibilidade de cruzar outros visitantes no sentido contrário e;

d) Trilha em Atalho: Esse tipo de trilha tem início e fim em diferentes pontos de uma trilha ou caminho principal. Apesar do nome, o objetivo na trilha em atalho não é “cortar caminho”, mas sim mostrar uma área alternativa à trilha ou caminho principal (ANDRADE, 2003, p.248 e 249).

Fonte : Andrade (2003).

c) Quanto ao grau dificuldade: Este um aspecto subjetivo, pois existem

diversas classificações desenvolvidas por vários autores. O grau de intensidade

ou dificuldade, como é nomeado, varia de pessoa para pessoa dependendo,

fundamentalmente, do condicionamento físico e também do ambiente onde se

encontra a trilha. Na maioria das vezes esta classificação é organizada e utilizada

com combinações de letras alternando de (A a E) e números de (1 a 3), sendo

que a utilização das letras refere-se ao nível técnico e os números à intensidade

da atividade, mas pode-se ressaltar que não são inseridas respectivamente.

Para a implementação de um sistema de trilhas em Unidades de

Conservação também se deve levar em consideração a classificação das trilhas

65

como fator fundamental. De acordo com as literaturas encontradas, esta forma de

categorização é uma maneira organizada de designar diversas atividades para as

mesmas.

Atualmente uma das principais atividades em ecoturismo é a caminhada em trilhas e suas variantes. As trilhas oferecem aos visitantes a oportunidade de desfrutar de uma área de maneira tranquila e alcançar maior familiaridade com o meio natural. Trilhas bem construídas e devidamente mantidas protegem o ambiente do impacto do uso, e ainda asseguram aos visitantes maior conforto, segurança e satisfação. Terão papel significativo na impressão que o visitante levará sobre a área e a instituição que a gerencia (ANDRADE, 2003, p. 247).

Por meio das trilhas interpretativas pode-se desenvolver práticas

recreativas, de lazer e de turismo, sensibilizando para a conservação e para o

desenvolvimento de uma conscientização ecológica, possibilitando a mesclagem

de atividades de aventura, interpretação da natureza e educação ambiental. É

importante ressaltar que nesse processo devem ser envolvidas as comunidades

que vivem no interior e no entorno da UC, pois, por elas, pode-se entender a

dinâmica local e, por conseguinte, traçar oportunidades e soluções às principais

problemáticas da área.

As trilhas têm um papel essencial para o Uso Público das UC, para seu

monitoramento ambiental e para o desenvolvimento das atividades ecoturísticas e

de lazer. Porém, para se obter atividades de excelência, o planejamento das

trilhas é um fator fundamental para um melhor aproveitamento das atividades.

3.3.2- Planejamento de trilhas

As trilhas costumam ser um dos primeiros elementos de infraestrutura

desenvolvidos em áreas especialmente protegidas logo após a sua criação, e é

com frequência que isso ocorre, mesmo antes da elaboração do seu Plano de

Manejo, pois se configuram inclusive, um importante instrumento para essa

finalidade, já que facilitam os deslocamentos de pesquisadores no interior da UC,

para os estudos comparativos que auxiliarão no Plano de Manejo.

O planejamento das trilhas ecológicas é de suma importância para o melhor

aproveitamento das atividades na natureza.

Segundo Lecher (2006), não é raro de ocorrer o planejamento das trilhas de

forma imprópria, e, em muitos casos, acabam resultando em impactos negativos

66

ao meio ambiente, aumentando o custo das construções ou o não recebimento da

manutenção adequada. No planejamento da trilha ou dos sistemas de trilhas

deve-se atentar não apenas aos objetivos da UC, mas também ao seu contexto

social, no que diz respeito ao usufruto permitido, minimizando os impactos e

possibilitando vivências culturais por visitantes, e principalmente o estreitamento

das relações entre gestão e comunidades locais, de modo que sejam identificadas

as oportunidades de comunicação, transporte, fiscalização entre outros, e aos

riscos, como as atividades ilegais como caça, corte de madeira, pesca predatória,

etc.

3.4 - Interpretação Ambiental

A interpretação ambiental é uma prática bem antiga e está diretamente

ligada a criação dos primeiros Parques Nacionais, onde os naturalistas - pessoas

com conhecimentos de valores naturais, compartilhavam suas experiências pelos

caminhos e trilhas (VASCONCELOS, 2003).

Esta forma de interação com a natureza é bastante desenvolvida, e deve

atingir diretamente o visitante, por diversos meios, como: Centro de Visitantes,

monitores e guias para a prestação de serviço de informação ou de condução dos

visitantes, placas de sinalização, etc.

Segundo Vasconcelos (2003, p. 262), entende-se que a Interpretação

Ambiental “é uma tradução da linguagem da natureza para a linguagem comum

dos visitantes, fazendo com que os ecoturistas sejam informados em vez de

distraídos, e educados, além de divertidos”.

Para Espírito Santo (sem data, sem página), a Interpretação Ambiental:

Se fundamenta na captação e tradução das informações do Meio Ambiente. Contudo, não lida apenas com a obtenção de informações, mas com significados, buscando firmar conhecimentos e despertar para novos, exercitar valores cognitivos, criar perspectivas, suscitar questionamentos, despertar para novas perspectivas, fomentando a participação da comunidade e trabalhando a percepção, a curiosidade e a criatividade humana.

Deve-se utilizar um conteúdo adequado, por meio do qual se aborde todos

os elementos constituintes da paisagem e suas inter-relações, pois por trás disso

existe uma ferramenta que contribui para otimizar a experiência que os visitantes

podem ter nas UC, permitindo que eles tenham uma vivência mais rica e aprazível

67

durante a visita, admitindo a aprendizagem, não somente sobre a Unidade de

Conservação, mas também sobre o papel da conservação no mundo, o que pode

influenciar nas mudanças de atitudes e valores. A interpretação ambiental

também é uma ferramenta de manejo e pode vir a ajudar na gestão da UC

(NELSON, 2012).

A autora também faz uma observação sobre a aprendizagem por meio da

interpretação ambiental, quando afirma que:

Os visitantes podem aprender de várias maneiras, entre elas: lendo, conversando e/ ou assistindo a um documentário ou a uma aula. Geralmente, as atividades que têm demonstrado melhores resultados são aquelas em que eles participam ativamente, ou seja, “aprendem a fazer, fazendo”. Estudos mostram que quanto mais participativa a pessoa é, mais informação ela é capaz de reter e o aprendizado se dá de forma muito mais divertida (NELSON, 2012, p.218).

As atividades utilizadas como meio para sensibilização do visitante, tendem

a prender a atenção dos interlocutores, provocando uma autocrítica acerca do

papel enquanto cidadãos do mundo. Daí a importância da interpretação ambiental

dentro das áreas verdes principalmente nas UC, como forma de educação

ambiental. Um desses instrumentos são as trilhas ecológicas. Por meio do uso

das trilhas é possível se fornecer um eficiente recurso de aprendizagem de

interpretação ambiental, pois estimulam a sensibilização do visitante.

68

4 – TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA.

4.1 - Área de Estudo

A pesquisa aqui proposta tem como objeto de estudo a trilha das

Samambaias, localizada no interior da UC de proteção integral, estadual,

denominada Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia (antiga fazenda da

Pirelli), criada por meio do Decreto Estadual nº 2.211, de 30 de março de 2010.

Possui 6.367,27 hectares distribuídos entre os municípios de Ananindeua, Marituba,

Benevides e Santa Izabel. A área abriga uma ampla variedade de espécies da

biodiversidade amazônica, com algumas delas inseridas na lista de espécies

ameaçadas de extinção, assim, sendo de suma importância à preocupação para a

preservação dessa área.

Figura 10: Trilha das Samambaias

Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo (BPA)/ Heliani Sá e Laísse

Palheta (2015).

4.2 – Tipo de pesquisa

Este trabalho tem como base a pesquisa descritiva, pois, segundo os

dizeres de Andrade (2009, p. 114): “os fatos são observados, registrados,

analisados, classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles.

Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas

69

não manipulados pelo pesquisador”. Trata-se, portanto, de uma coleta de cunho

impessoal cujo objetivo é a descrição de uma realidade.

Quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles. Visa a descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 52).

Assim como também possui uma abordagem qualitativa, tendo sido

realizada em duas etapas, com uma combinação de pesquisa bibliográfica e de

pesquisa de campo (SEVERINO, 2000).

Segundo Ludke e André (1986, p. 12), a pesquisa qualitativa deve

considerar alguns fatores:

1- A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento.

2- Os dados coletados são predominantemente descritivos. 3- A preocupação com o processo é muito maior do que com o

produto. 4- O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida soa

focos de atenção especial pelo pesquisador. 5- A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Os

pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem hipóteses definidas antes do início dos estudos.

Com isso, a priori, foi realizado um levantamento bibliográfico e documental

acerca da temática em questão, onde procurou-se abranger a dinâmica de

relações sociais constituídas nos âmbitos dos processos de socialização da

preservação da natureza e da particularidade das trilhas ecológicas e das

possíveis práticas do lazer, sabendo que o Lazer e o turismo são práticas de valor

nas interações entre diferentes atores sociais.

Esta primeira etapa fundou-se a pesquisa bibliográfica se fundamentou,

como descreve Oliveira (2008, p. 96), baseada “[...] na necessidade de se fazer

revisões bibliográficas periódicas, que visam apresentar, de modo organizado, o

estágio atual do conhecimento de um determinado assunto”.

Para o aprofundamento do estudo, foram referenciados, portanto, diversos

autores que discutem sobre a temática, tendo sido realizadas buscas em livros,

artigos científicos, monografias, dissertações, teses e sites acadêmicos e

70

institucionais. Também foi realizada uma pesquisa documental, uma vez que

instrumentos legais foram consultados como: Leis, Decretos, etc.

Na segunda etapa institui-se a pesquisa de campo, onde se propôs

realizar o mapeamento e o levantamento de dados por meio de análises sobre a

Trilha das Samambaias, buscando coletar o máximo de informações possíveis de

forma detalhada quanto aos recursos existentes na mesma, levando-se em

consideração o seu uso atual e a possibilidades de novos usos.

Desta forma também foi realizada as observações durante a trajetória da

trilha, para a identificação de seus principais recursos naturais, pontos de

intervenção e possíveis pontos para a interpretação ambiental, para a formulação

de propostas de manejo, bem como para a identificação de propostas de

atividades de lazer. Esse levantamento foi feito por meio dos seguintes

instrumentos metodológicos:

GPS: para coletar as coordenadas geográficas e pontos significativos para interpretação ambiental, bem como para plotar as espécies e outros eventos de ocorrência na trilha, como por exemplo, vestígios de animais;

Trena: para a medição da trilha;

Máquina fotográfica: para registrar as imagens da trilha;

Bloco de notas: Para descrever pontos e as observações.

Tendo em vista o processo de levantamento de dados, também foi realizada

a divisão de fases durante a pesquisa de campo, que aconteceram em três

momentos: reconhecimento da área, coleta de dados, e análise, como será

descrito no capítulo a seguir.

71

5 – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL NA

TRILHA DAS SAMAMBAIAS.

O planejamento da trilha das Samambaias aconteceu em três etapas. A

primeira foi a fase de reconhecimento da área; na segunda foi realizada a

verificação da situação atual da trilha e a coleta de dados; e na terceira foram

realizadas a análise dos dados, e a proposta de manejo e de atividades

ecoturísticas de lazer da trilha.

5.1- Trilha das Samambaias: Breve Histórico

Toda a área da UC é entrecortada por trilhas que, primeiramente, serviam

para escoar a produção agrícola da antiga fazenda da Pirelli e para a coleta do

látex nas seringueiras. Estas eram as estradas e caminhos por onde passava o

“jerico”, um tipo de trator com uma carroceria, que fazia o transporte da borracha,

e era chamado dessa forma pelos seringueiros da época. Hoje, as trilhas

existentes na UC servem como via de acesso para a fiscalização da área, além de

continuarem sendo utilizadas para a extração de látex, frutos e sementes pelas

comunidades, tanto as que habitam o interior da UC, como as do seu entorno.

Uma das atividades que podem ser visualizadas na figura 11 abaixo:

Figura 11: Extração do látex observada na trilha das Samambaias.

Fonte: Heliani Sá (2015).

72

Um desses trajetos hoje é chamado de Trilha das Samambaias, eleita

como objeto deste estudo. O nome escolhido para esta trilha ocorreu devido à

incidência de várias espécies de samambaias encontradas durante a sua

trajetória. As samambaias são espécies do grupo das Pteridófitas, é conhecida

por ser uma planta extremamente resistente suportando a variações térmicas

extremas, e ainda assim conseguem germinar e proliferar durante anos. Porém,

devido ao desmatamento desordenado das florestas nativas e a sua extração

inadequada para sua comercialização e a utilização em ornamentações, essas

espécies têm desaparecido dos territórios verdes. As samambaias são grandes

indicadoras de preservação e conservação, e no REVIS pode-se encontrar

diversas espécies, como podem ser observadas nas figuras 12 e 13 abaixo:

Figura 12: Samambaia Crespa Figura 13: Samambaia (Blechnum (Dvalia fejeensis) occidentale) encontradas na Trilha

das Samambaias

Fonte: Heliani Sá (2015). Fonte: Laísse Palheta (2015).

5.2 – Acesso e Localização

A trilha das Samambaias encontra-se no interior da UC Estadual Refúgio

de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia no município de Marituba - PA. O

acesso à mesma se dá a partir da guarita da UC, onde funciona o posto do

Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) do Estado do Pará, a entrada oficial da UC.

73

Figura 14: Guarita do Posto de policiamento da Policia Ambiental

Fonte: Heliani Sá (2015). Fonte: Laísse Palheta (2015).

A partir deste ponto, adentra-se ao REVIS, e se inicia um caminho de

acesso a trilha das Samambaias percorrendo 267 metros até a Vila Três Marcos,

onde há um acesso para o início da trajetória da trilha, como se pode observar na

figura 15 do mapa abaixo:

Figura 15: Acesso do Posto do BPA á Vila Três Marcos.

Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo (BPA)/ Heliani Sá e Laísse Palheta (2015).

74

Figura 16: Acesso a Vila Três Marcos. Figura 17: Vila Três Marcos.

Fonte: Heliani Sá (2015) Fonte: Laísse Palheta (2015).

Ao chegar à Vila Três Marcos, inicia-se um breve percurso de 250m para

chegar ao ponto de início da Trilha das Samambaias, considerando que sua

localização está na parte Sul da UC, com latitude e longitude 1º23‟52.10”S e

48º18‟38.40”O, referente ao seu ponto inicial onde está localizada a Vila Três

Marcos, e latitude e longitude 1º24‟4.60”S e 48º18‟5.40”O que se refere-se ao final

da trilha onde está localizado o seringal, finalizando a trilha em uma estrada de

terra que dá acesso a outra vila chamada Vila do Dique. Como descreve a figura

18 a seguir:

75

Figura 18: Perímetro de localização da trilha no Revis

Posto do BPA- Batalhão De Policiamento Ambiental (267m) Vila Três Marcos/ Acesso a Trilha (250m) Trilha das Samambaias - Início/final da trajetória (1563m). Percurso total: 2080m

Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo (BPA)/ Heliani Sá e Laísse Palheta, 2015 / Socorro Almeida (2013).

76

Nesta imagem se tem uma visão geral de todo o percurso desde a entrada

da UC até o final do percurso da trilha, em uma estrada de terra batida,

considerada a principal via de acesso, pois pela mesma se dá também o acesso a

outras extremidades do REVIS. Com isso, nesta primeira fase foi realizado o

reconhecimento da área, verificando o seu breve histórico e a sua localização

dentro do REVIS. Na segunda etapa deste processo, foram coletadas

informações sobre as especificidades da Trilha das Samambaias, por meio de

observações e descrições sobre a mesma, verificando a sua situação atual, e

realizando a inventariação e o mapeamento da área.

5.3 - Situação Atual da Trilha

Como já citado anteriormente, no local existe uma variedade de utilização

dos caminhos, aqui denominado de trilhas. Neste contexto, Almeida (2013) faz um

breve comentário sobre a situação atual dessas trilhas, quando a autora atribui a

atual utilização das mesmas aos seringueiros que residem dentro da UC, para a

extração do látex, e enfatiza que existem algumas em bom estado de

conservação e outras, picadas (aberturas na mata) bem fechadas, dificultando a

entrada e/ou caminhadas dentro da floresta. Isto se dá devido à falta de

manutenção desses caminhos, dentre estes está a Trilha das Samambaias,

escolhida como objeto deste estudo.

No dia 21 de fevereiro de 2015 inicia-se as etapas da pesquisa de campo,

qual foi realizado o reconhecimento da área de estudo onde ocorreram as

primeiras observações em campo, mesclando com a inventariação da Trilha das

Samambaias. A equipe contou com o apoio técnico do Capitão Macedo, da

Polícia Militar (BPA) e o “mateiro” Sr. Jonas, ambos, conhecedores da área. O

percurso para a chegada a entrada da trilha iniciou na Vila Três Marcos, partindo

do lado direto da mesma, onde se observou uma área descampada,

remanescente dos pastos da antiga Fazenda Pirelli. Observou-se a proliferação

de uma vegetação rasteira popularmente conhecida como capim. Esta vegetação

tomou todo o caminho e quase não se percebe o mesmo. Contudo mesmo com a

predominância do capim durante a caminhada pode se notar a exposição do solo,

com lama, devido às chuvas do inverno amazônico. Como pode ser observado na

figura 19 abaixo:

77

Figura 19: Caminho de acesso à entrada da trilha das Samambaias

Fonte: Laísse Palheta (2015)

.

O lado esquerdo da trilha pode-se dizer que é o quintal da Vila Três

Marcos. Identificou-se uma árvore de porte grande que, segundo o Senhor Jonas,

esta espécie foi trazida pelo antigo dono da área, na época quando a área ainda

era chamava fazenda da Pirelli, e foram plantadas algumas mudas dessa espécie,

cujo nome não se sabe ao certo, e por isso está foi denominada de “Árvore da

Alemanha”. Logo atrás da árvore notou-se uma construção antiga ainda da época

da Fazenda, identificada como “confinamento dos solteiros” era onde os

trabalhadores solteiros moravam enquanto trabalhavam na fazenda. Passando

deste ponto, inicia-se um breve percurso para se chegar até à entrada da Trilha

das Samambaias. Ao chegar à entrada da trilha verificou-se que o caminho para

adentrar a mesma estava um pouco fechado, porém não representou dificuldade

para ter acesso à mesma.

Dando continuidade, para a coleta de dados, ainda realizando a observação

na trilha, cada vez mais detalhada compreendeu-se que mesmo que não tenha

tanta transição de pessoas pela mesma, ainda assim encontra-se um tanto

fragilizada. Atribui-se ao fato de ter sido muito utilizada por um período muito

longo como estrada como citado anteriormente, mas ainda sim pode-se dizer que

78

a mesma está de certa forma, conservada em vários trechos, pois assim como

existem partes em que a trilha está tomada por serapilheira16

onde se tem a

conservação do solo. Assim contatou-se que existem áreas bem críticas nessa

trajetória que requer uma intervenção urgente para o melhor aproveitamento da

mesma, pois estas encontram-se, com a exposição do solo, áreas que com as

constantes chuvas da região amazônica tornam-se escorregadias e propícia a

acidentes devido a erosão. Haja vista estas áreas necessitam ser realizada a

recuperação do solo. De modo geral, a área em si apresenta-se em um bom

estado de conservação, alguns pontos de floresta densa e, em outros somente

registros de algumas espécies pioneiras, com isso necessita-se do manejo e

intervenção humana para a melhores adequações do percurso.

A Trilha das Samambaias está em uma área de terra firme. No entanto, se

passa por pequenos igapós e brejos. Seu solo onduloso com alguns declives

acentuados e com aclives leves, além de pontos de escoamento de água de

chuva que estão causando erosão do solo.

Na caminhada pode-se observar diversos obstáculos naturais, buracos no

chão, muitas vezes feitos por animais, e rastros de animais, entre outros vestígios.

Observou-se também uma diversidade de espécies arbóreas florísticas e

frutíferas, algumas implantadas e outras nativas da região.

Durante toda a caminhada, notou-se que existe um cercado que acompanha

quase até o final da trajetória, onde anteriormente era uma pastagem de gado da

Fazenda Pirelli. Para esclarecimento e melhor entendimento a primeira e segunda

fase da pesquisa foram realizadas simultaneamente as observações, o

mapeamento e levantamento, se mesclaram para que pudesse fundar a coleta de

dados sobre a trilha. 5.4 - Inventariação da Trilha das Samambaias

Ainda no andamento da coleta de dados sobre a trilha que aconteceu do

dia 21 de fevereiro a 01 de março de 2015, onde foi realizado o mapeamento e o

levantamento de dados em toda a extensão do caminho percorrido. Durante este

processo ocorreu à marcação dos pontos, a partir das observações realizadas,

16

Consiste em um tipo de vegetação morta, como frutos, folhas, caules ramos e cascas em diferentes estágios de decomposição, que forma uma cobertura sobre o solo de uma floresta ou em sedimentos aquáticos . Esta camada é a principal fonte de nutrientes para ciclagem em ecossistemas florestais e agroflorestais. Assim também contribui para a recuperação de áreas degradadas. (ANDRADE, TAVARES e COUTINHO, 2003)

79

com isso foram verificados pontos de maior possibilidade para a interpretação

ambiental, assim como pontos de intervenção para melhor ordenamento da

trajetória, como se pode observar na figura 20 a seguir:

80

Figura 20: Mapa de marcações de pontos da trilha das Samambaias

Posto do BPA - Batalhão de Policiamento Ambiental a Vila Três Marcos 01 (267m) Vila Três Marcos 01 ao Acesso a Trilha 03 (250m) Trilha das Samambaias - Inicio 03/ final da trajetória 30 (1563m).

Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo(BPA)/ Heliani Sá e Laísse Palheta (2015).

81

Como está ilustrado no mapa acima, foram marcados 30 pontos mesclando

pontos para intervenções e pontos para interpretação. Assim a partir dessas

marcações, pode ser confeccionado o mapa do trajeto da trilha e realizada a sua

classificação.

5.4.1- Classificação da trilha

De acordo com a literatura descrita anteriormente no referencial teórico, a

Trilha das Samambaias pode ser classificada como uma trilha de cunho

interpretativo, com possibilidades para práticas ecoturísticas e de lazer, de curta

distância, com aproximadamente 1.563 metros de extensão. Seu traçado se

enquadra na categoria linear, possuindo pontos distintos de início e fim de sua

trajetória, mas que pode se voltar pelo mesmo caminho, como pode ser

observado na figura 21 a seguir:

Figura 21: Traçado da trilha das Samambaias.

Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo: Heliani Sá/ Laísse Palheta (2015).

82

Quanto ao seu grau de dificuldade ou de intensidade é bem relativo,

variando de acordo com o condicionamento físico de cada visitante, que de

alguma forma pode influenciar na sua duração, pois é uma trilha fácil, que não

exige experiência especifica e nem requer equipamentos de uma caminhada

longa. Tem em seu percurso alguns obstáculos naturais que tornam a trilha mais

interessante, ajudando em seu contorno. A duração de caminhada nessa trilha

varia de 1 hora a 1h30, conforme cada grupo e atividades propostas.

5.4.2 - Pontos interpretativos

O método para a interpretação de uma trilha tem início a partir de

observações e estudos de todos os seus recursos naturais e culturais. Deste

modo, realiza-se o inventário do que existe de mais relevante no local, elege-se

um tema a ser interpretado e começa-se, então, o processo de seleção dos

pontos que farão parte do programa de visitação na trilha (MAGRO; FREIXÊDAS,

1998).

A partir deste contexto, a trilha das Samambaias possui uma trajetória

atraente devido sua paisagem e as variedades de ecossistemas existentes na

área. Um cenário que possui uma diversidade de espécies florísticas e faunísticas

além dos sons de várias espécies de avefaunísticas.

Com isso, a equipe de estudo, fundamentalmente contou com o apoio e

conhecimento prático do senhor Jonas, que é um grande conhecedor da região

Amazônico devido suas atividades como “mateiro” e principalmente por ter sido

funcionário e morador da fazenda Pirreli até mesmo depois da criação da Revis,

continuando cumprindo com seu ofício e agora ajudando a pesquisadores nas

dependências da UC. Devido a sua aproximação com Refúgio e com um vasto

conhecimento sobre as espécies florísticas foi possível coletar dados sobre tais

espécies que podem ser atrativos relevantes para o processo de interpretação

ambiental na trilha.

Dentre as espécies florísticas existentes na trilha das samambaias foram

encontradas: Açaí (Euterpe oleracea); Caroba ou Caraoba (Ficus sp); Caranã

(Mauritiella armata); Cipó Cebola Braba (Clusia glandiflora); Cipó Papa-terra

(Miconia pyrifolia Naudim); Cipó Escada-de-jabuti (Bauhinia guianensis);

Dendezeiro (Elaeais guineensis Jaquim); Embaúba (Cecropia peltata); Guarumã

(Ischnosiphon arouma) Helicônia-papagaio (Heliconia psittacorum); Quaruba

83

Cedro (Vochysia sp); Quaruba (Vochysia guianensis); Marupá (Simarouba amara

Aubl.); Ucuúba (Virola surinamesis); Tatapiririca (Tapirira guianensis Aubl.);

Taperebá (Spondias mombin L.); Mumbaca (Astrocaryum gynacanthum Mart);

Seringueira (Hevea brasiliensi); Palmeira Tucum (Bactris setosa); Samambaia

Crespa (Dvalia fejeensis); Samambaia (Blechnum occidentale); Morototó

(Didymopanax morototoni Aubl.); Embauba (Cecropia palmata); Envira Cana

(Xylopia nitida Dunal); Abacaterana (Aniba burchelii Kosterm); Louro (Aniba

guianensis Aubl) e Ingá (Inga edulis Mart) entre outras.

Durante o processo de inventariação da trilha das Samambaias, foram

identificadas algumas espécies relevantes, para fins de interpretação ambiental,

como é o caso da Seringueira (Hevea brasiliensis), esta que é uma espécie com

um valor ecológico relevante para meio ambiente natural por possuir uma grande

distinção genética e uma alta produtividade dentro das florestas, umas das mais

conhecidas na região Amazônica. Assim quanto ao seu valor histórico-cultural,

onde através desta pode-se contar um pouco do processo de desenvolvido do

Estado do Pará, através do extrativismo ocorrido nos séculos XIX e séculos XX,

levando a região amazônica a um período de grande prosperidade econômica

conhecida como a Bellé Epoque, que se refletem até hoje através do patrimônio

histórico e também do artesanato ainda existentes em algumas localidades do

Estado.

Portanto, foram realizadas as observações durante o percurso da trilha e o

levantamento prévio das espécies florísticas encontradas no Revis com o intuito

de analisar as espécies mais próximas ao caminho a ser percorrido pelo visitante.

Assim, foi efetuado a marcação de pontos definidos como pontos interpretativos,

sendo identificadas uma diversidade de espécies arbóreas da região Amazônica,

de incidência de mata secundária, de várzeas, além de brejos e igapós. Estes

denominados como possíveis pontos para interpretação da natureza, conforme

estão expostos na figura 22 a seguir:

84

Figura 22: Pontos interpretativos

Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo: Heliani Sá/ Laísse Palheta (2015).

85

Foram identificados e marcados, por meio de GPS, máquina fotográfica e

bloco de notas, 12 pontos interpretativos da flora para a contemplação. Estes

pontos são referências da área de localização e/ou onde ocorre a incidências

dessas espécies, foi possível analisar algumas destas, conforme descritas no

quadro 5, a seguir: Quadro 5: Pontos Interpretativos da Flora

PONTOS

ESPÉCIES FLORÍSTICAS

06 Marupá (Simarouba amara Aubl.) e Embauba (Cecropia palmata)

08 Tucum (Bactris setosa) e Açaí (Euterpe oleracea

09 Louro (Aniba guianensis Aubl)

11 Caroba ou Caraoba (Fícus sp) e Ucuúba (Virola surinamesis);

12 Envira Cana (Xylopia nitida Dunal)

15 Caranã (Mauritiella armata)

17 Quaruba Cedro (Vochysia sp) e Samambaia (Blechnum occidentale)

19 Abacaterana (Aniba burchelii Kosterm) e Cipó Tajá (ssp)

20 Tatapiririca (Tapirira guianensis Aubl.)

22 Seringueira (Hevea brasiliensi)

23 Quaruba (Vochysia guianensis)

24 Morototó (Didymopanax morototoni Aubl.)

Fonte: Heliani Sá e Laisse Palheta (2015).

Essas espécies são de grande relevância ecológica para a unidade de

conservação além de ser de grande importância para a fins de interpretação

ambiental podendo vim a serem utilizadas como pontos de paradas por futuros

condutores estes que podem ser das comunidades tradicionais do entorno do

REVIS, onde se tem o conhecimento empírico, como foi utilizado pelo o senhor

Jonas durante a pesquisa, assim também podendo ser capacitados através de

oficinas técnicas oferecidas pela gestão para melhor atender as demandas de

visitantes apreciadores da flora amazônica.

86

Figura 23: Marupá (Simarouba Figura 24: Tatapiririca (Tapirira

amara Aubl.). guianensis Aubl.) Fonte: Heliani Sá (2015). Fonte: Laisse Palheta (2015).

Figura 25: Abacaterana (Aniba Figura 26: Cipó Tajá (ssp) e

burchelii Kosterm). Quaruba Cedro (Vochysia sp)

Fonte: Heliani Sá (2015). Fonte: Laísse Palheta (2015).

Além das espécies arbóreas identificadas na medição da trilha, também

puderam ser observados possíveis indícios da fauna, como por exemplo:

Capivara (Hidrochaeris hydrochaeris) Tatu (Dasypus novencintus); Paca

87

(Cuniculus paca) Cutia (Dasyprocta azarae.), macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus),

Quati (Nasua nasua), Preguiça (Bradypus tridatylus.); animais peçonhentos

Jararaca (Bothrops cotiara), Surucucu (Lachesis muta), como também as

espécies da avifauna: sanhaço azul (Thraupis sayaca), Chorró-pião-vovô

(Drymophila ochropyga) está ameaçada de extinção, Surucuá (Trogon surrucura)

entre outras espécies. No decorrer do percurso da trilha foi possível registrar

indícios de rotas e habitats de animais, como pode ser visto nas figuras 27 e 28

abaixo:

Figura 27: Ossada de Cutia Figura 28: casa de Tatu (Dasypus

(Dasyprocta azarae). novencintus)

Fonte: Heliani Sá (2015). Fonte: Laísse Palheta (2015).

Tendo em vista este levantamento, se pôde analisar a importância da

realização do manejo dessa trilha para a preservação da diversidade de espécies

existentes no local.

5.4.3 - Pontos de intervenção

Foram mapeados e analisados 14 pontos para a intervenção, identificados

por GPS, câmera fotográfica e bloco de anotações, assim como foi feito com os

pontos interpretativos. E valido ressaltar que mesmo que não haja transição

frequente de pessoas na trilha das Samambaias, existem alguns impactos

ambientais preocupantes, por consequência de antes ter sido utilizada como

estrada, como visto anteriormente.

88

No decorrer da trajetória, foram verificados pontos que precisam de

clareamento, drenagem devido às chuvas constantes da região amazônica,

contenção de erosão, impactos estes que também aparecem sobre o solo,

principalmente em áreas de declives e aclives sendo áreas de risco para o

visitante. Identificando assim, a necessita de recuperação do solo, além da

sinalização, tanto para orientação, como para a interpretação.

Estes pontos, que estão sendo apresentados neste estudo, foram

denominados como possíveis pontos de intervenção e necessitam imediatamente

do manejo, por apresentarem problemas para percurso da trilha, que merece uma

atenção para o melhor aproveitamento da mesma para uma futura visitação. A

partir das observações e coletas de dados foi confeccionado o mapa onde são

identificados os pontos de intervenção, conforme está exposto na figura 29 do

mapa que caracterizam os pontos intervenção:

89

Figura 29: Mapa dos pontos de intervenção

Fonte: Mapa construído a partir de Google Earth - Capitão Macedo: Heliani Sá/ Laísse Palheta (2015).

90

Depois de realizado o inventário, e a análise das observações em campo,

com a coleta de informações, sugere-se o manejo da Trilha das Samambaias,

para que se possa também propor atividades ecoturísticas e de lazer, que deverá

ser utilizada por públicos diversos, variando entre turistas, observadores da

natureza e, principalmente, pelas populações do entorno da Unidade de

Conservação que, ao se apropriar do espaço, pode melhor compreender a

necessidade da preservação.

5.5 - Proposta de Manejo e Atividades Ecoturísticas e de Lazer

Com relação ao planejamento de trilhas ecológicas em caminhos já

existentes, e tendo em vista a situação atual da Trilha das Samambaias, tendo

como subsídio a inventariação do espaço e o seu mapeamento, surge a proposta

de manejo para a mesma, a fim de melhorar a trajetória para receber visitação.

Haja vista que:

Muitas trilhas são locadas, mais por tradição do que por planejamento, em leitos de antigos arreios de exploração madeireira ou de transporte rural. Embora isso possa ser aceitável para trilhas largas de áreas urbanas, isto representa desafios sérios para a construção de trilhas naturais para pedestres/cavaleiros. Em muitos casos, esses caminhos esses caminhos para escoar madeira não foram concebidos com considerações apropriadas sobre drenagem u declividades, ou medidas para conter a erosão (LECHER, 2006, p.51).

Neste estudo foram escolhidos e trabalhados como referência, a literatura

de Andrade e Rocha (2008), onde se segue uma lista de siglas e significados

adaptadas à realidade da Trilha das Samambaias, a fim de identificar as possíveis

propostas de manejo na trilha, como será descrita no quadro 6 seguir:

91

Quadro 6: Lista de siglas utilizadas para intervenção

SIGLAS SIGNIFICADOS

Banco --------------

BD Barreira d‟dágua á direita

BE Barreira d‟dágua á esquerda

CE Contenção de Encostas ou Erosão

CL Clareamento

Corrimão -------

Degraus Construções de degraus

Estiva ou Estrutura para ultrapassagem de área alagada

Estrados

IA Interpretação de árvores (direita, esquerda ou no ponto)

MT Mudança de Traçado

NF Nada a fazer neste trecho

PS Placas de sinalização

Ponte ou

pinguela ----------

RAD Recuperação de área degradada

RP Regularização do piso

RS Recuperação do solo

Fonte: Andrade e Rocha (2008), adaptada pelas autoras (2015).

Com este quadro será possível verificar as possíveis intervenções na trilha,

a parti de sua inventariação. Quais serão pontuados e descritos os 14 pontos de

intervenção e 12 pontos de interpretação, identificando os pontos que necessitam

de uma intervenção mais leve, até pontos que exigem intervenções mais técnicas.

Assim formulando uma proposta de manejo e de interpretação ambiental na trilha

das samambaias. Ratificando que 4 pontos restantes, que somam os 30 pontos

mapeados e descritos, são os que não necessitam de qualquer intervenção. Qual

estão em sequência no quadro 7 abaixo:

92

Quadro 7: Proposta de manejo e interpretação ambiental da trilha das Samambaias Trilha das Samambaias

Pontos Coordenadas Latitude e Referências Observações Intervenção Interpretaçã

longitude

o

Vila Três Marcos Área descampada com proliferação de vegetação rasteira (capim) PS- CL- RS-

01 1°23‟52.10”S até a entrada da trilha. Devem ser realizada a limpeza e o RAD Estiva

48°18‟38.40”O clareamento do Caminho de acesso à entrada da trilha; ou Estrados

02 1°23‟53.80”S Árvore da Recuperação do solo; a inserção de estrados no caminho devido à

48°18‟38.40”O Alemanha área de lama por conta das chuvas; Reflorestamento (à direita), este ponto pode se utilizado por visitante para a realização do

plantio simbólico. Assim contribuindo para preservação d área.

Ângulo horizontal do caminho 2,85 metros

03 1°23‟54.90”S Trilha encontra-se fechada, a necessidade de clareamento

48°18‟38.60”O Início da trilha respectivamente a 1m de largura e também a inserção de uma CL- OS placa indicativa de início da trilha identificando seu traçado, sua

função, duração grau de intensidade.

04 1°23‟53.80”S ----------------- Do ponto 03 ao 04 necessita-se de regularização do piso. RP

48°18‟38.40”O

05 1°23‟57.20”S Declive leve a Observou-se que a um declive leve a esquerda e a direita. Porém

48°18‟38.10”O esquerda e a do lado esquerdo encontra-se erosão do solo que está adentrando CE- BE direita na rota da trilha. Necessita-se de contenção da erosão e drenagem

da água da chuva.

06 1°23‟58.50”S Neste ponto foram identificadas espécies florística. Neste caso PS- IA Marupá

48°18‟38.10”O Espécies florística deve ser implantada placas de identificação de espécie. As

Embaúba Marupá

espécies estão localizadas entre o ponto 06 e 07 Marupá

Simarouba amara Aubl.) e a direita e Embaúba (Cecropia peltata L)

à esquerda.

07 1°23‟58.90”S Nada a fazer no trecho. NF

48°18‟37.90”O

93

08 1°24‟0.01”S Espécies florística Espécies florística entre o ponto 08 ao 09. Qual existe a PS- IA Palmeira 48°18‟37.70”O necessidade de implantação de Placa de identificação de espécie. Tucum,

Tucum (Bactris setosa) e Açaí (Euterpe oleracea). Açaí

09 1°24‟0.70”S Espécies florística Espécies florística Louro (Aniba guianensis Aubl) para interpretação PS- IA Louro 48°18‟37.70”O ambiental e ponto de provável rota de animais.

10 1°24‟1.70”S Nestas áreas observou-se a floresta mais plana e descampada

48°18‟37.60”O espaço amplo para a possibilidade de atividade de lazer na trilha NF ponto para observação da flora e da fauna e atividades de

orientação com bússola.

11 1°24‟3.10”S Espécies florística Placa de identificação de espécie Caroba ou Caraoba (Fícus sp) e PS- IA Ucuuba e

48°18‟37.60”O Ucuúba (Virola surinamesis);. Caraoba

12 1°24‟5.20”S Neste ponto a um declive acentuado a esquerda, também a Envira cana 48°18‟37.60”O Declive necessidade de clareamento e a inserção de placa de identificação CL- PS- IA de espécie entre o ponto 11 e 12 onde observou-se a espécie

Envira Cana (Xylopia nitida Dunal). Ângulo horizontal 420 cm de

largura

13 1°24‟6.00”S Declive Este é um dos pontos que mais necessita de intervenção, pois a Corrimão a

48°18‟37.20”O acentuado um declive acentuado, com o solo exposto e derrapante (perigoso direita e a

ao visitante) em tempos chuvosos. A Construção de degraus e um esquerda- corrimão é uma sugestão para melhorar a trajetória da trilha neste Degraus- RS-

ponto.

OS

14 1°24‟7.50”S Neste ponto observou-se a existência de vários olhos d‟água que Estivas ou

48°18'37.50"O Olhos d‟água se formam um pequeno igarapé, no lado direito quanto do lado Estrados

esquerdo do trajeto. Pode também observar que já houve uma

intervenção na área, pois a existência de tubo de ultrapassagem de

agua do igarapé. E em épocas de chuvas a alagamento e a área

também e de circulação de animais peçonhentos.

15 1°24‟7.40”S Espécies Espécies florística Caranã (Mauritiella armata) entre o ponto 14 e PS- IA Caranã 48°18'35.40"O florística 15 Placa de identificação.

16 1°24‟8.60”S Observou-se a existência de um aclive leve com o solo um pouco

48°18'33.50"O exposto. Assim como também onde percebeu a presença de CL- RS rastros de animais. Aclive ângulo horizontal da trilha 290 metros

94

17 1°24‟6.90”S Este ponto é propicio para pratica de atividades de lazer. A área da Quaruba 48°18'30.50"O Clareira floresta está mais ampla, um pouco descampada, o solo exposto RS-Bancos do Cedro no momento com lama devido chuvas, este pode ser utilizado como lado direito- Corredor de um ponto de apoio, como também como área para implantação de PS- IA- CL Samambaias

um mirante para a observação de aves, ou trilha suspensa para o

divertimento visitante. Também foi observado a espécies Quaruba

Cedro (Vochysia sp) e Samambaia (Blechnum occidentale).

18 1°24‟6.70”S Ângulo horizontal da trilha de 140 cm de largura. Nada a fazer NF

48°18'29.00"O nesse trecho.

19 1°24‟6.40”S Espécies florística Placa de identificação de espécie Abacaterana (Aniba burchelii PS- IA-CL Tajá cipó; 48°18'26.90"O Kosterm) e também conhecida como Rabo de Arara uma árvore de Abacatiarana porte grande. Cipó Tajá (ssp)

20 1°24‟6.30”S Espécies florística Placa de identificação de espécie Tatapiririca (Tapirira guianensis PS- IA-CL Tatapiririca 48°18'25.80"O Aubl.)e Limpeza do caminho.

21 1°24‟6.50”S Nada a fazer nesse trecho. NF

48°18'23.90"O

22 1°24‟6.20”S Espécies florística Placa de identificação de espécie de uma seringueira (Hevea PS- IA-CL Seringueira 48°18'23.30"O brasiliensi) considerada a mais antiga da área e Clareamento. Foi

possível observar do lado esquerdo o seringal.

23 1°24‟5.90”S Placa de identificação de espécie Quaruba (Vochysia guianensis) e PS- IA-CL Quaruba 48°18'18.30"O Ângulo horizontal da trilha 2,30 metros

24 1°24‟5.70”S Vale Declive leve, e limpeza da área, e contenção de barragem em PS- IA-CE Morototó 48°18'15.90"O alguns pontos e Placa de identificação de espécie Morototó

(Didymopanax morototoni Aubl.)entre o ponto 24 e 25.

25 1°24‟5.50”S Declive Declive leve; Recuperação do solo; limpeza. 230 m de largura RS- CL

48°18'14.45"O

26 1°24‟5.40”S Final Vale Trilha fechada. Necessidade de clareamento CL

48°18'12.90"O

27 1°24‟4.80”S Curva a esquerda devido a árvore caída necessidade de mudança CL- MT-PS

48°18'10.60"O no traçado em sequência inserir placa de direção.

28 1°24‟5.20”S Aclive, rota de animais e erosão do solo. Ângulo horizontal da trilha RS-RP

48°18'9.80"O de 160 metros

29 1°24'5.20"S Clareamento Limpeza – à direita ponto de apoio. Ângulo horizontal CL-Banco

95

48°18'7.61"O 390 cm de largura

30 1°24‟4.70”S Final da trilha Clareamento Limpeza. Fim da trilha. Estrada de acesso a vila do CL- PS

48°18'5.10"O Dique

Fonte: Heliani Sá e Laísse Palheta, 2015

96

Neste quadro foram descritos todos os pontos, tanto para manejo como

para os pontos de interpretação. E com as observações realizadas em campo

notou-se que as intervenções não devem acontecer somente do ponto que se

inicia e finaliza a trilha das Samambaias, e sim em toda trajetória da trilha, desde

do caminho de acesso a mesma, como foi observado como uma área propicia

para reflorestamento; identificando também áreas com uma necessidade

intervenção mais especifica, e deve ser estudada com um melhor detalhamento,

como por exemplo, a inserção de corrimão em áreas com declives, pensando

também na acessibilidade desta trilha.; uma intervenção leve de recuperação de

solo e/ou sinalização para identificação das espécies arbóreas. Almejando enfim

adapta-la para receber a visitação na UC. Abaixo podem ser observados alguns

pontos como podem ser observadas nas figuras 30 e 31 a seguir:

Figura 30: Ponto 05 - Erosão próxima da trilha

Fonte: Laísse Palheta (2015).

97

Figura 31: Ponto 13 - Declive acentuado

Fonte: Heliani Sá (2015).

Tendo em vista a realização do levantamento para a proposta de manejo,

também foi pensada a possibilidade de propor atividades que venham a

intensificar, de forma positiva, a preservação da área, pois a vivência de tais

práticas pode vir a ser uma oportunidade para o aparecimento de novos

horizontes, atitudes e sentimentos (BAHIA, 2007).

Essas sensações podem ser vivenciadas pelas pessoas que moram,

trabalham e visitam o REVIS. Essas atividades também podem vir a ser

estratégias de aproveitamento para o programa de educação ambiental que está

sendo implantado na Unidade (segundo a gerência do REVIS).

A partir de pesquisas realizadas para a formulação de uma proposta de lazer

para a Trilha das Samambaias, e tendo em vista que a mesma foi classificada e

categorizada como uma trilha interpretativa voltada para recreação, as propostas

de atividades têm que ser de baixo impacto, ainda mais por se tratar de ser uma

Unidade de Conservação de Proteção Integral, tendo seu uso indireto.

Dentre as atividades selecionadas para diversos públicos e que podem ser

realizadas durante o percurso da trilha, voltadas para educação ambiental, estas

citadas por Bahia, (2007) onde visa um repertório de atividades por ambientes

neste caso em um ambiente natural, foram selecionadas as possíveis atividades

98

que podem ser trabalhadas pelos futuros monitores e/ou condutores17

na Trilha

das Samambaias, são:

Analisando a trilha: Atividade cujo objetivo é estimular o aprendizado dos

visitantes sobre a percepção da biodiversidade. Esta atividade requer alguns

materiais como: lupa, barbante, pequenas cadernetas de papel e canetas

esferográficas. O material deverá ser distribuído para os visitantes, que serão

divididos em duplas. Cada dupla escolherá uma área dos pontos escolhida pelo

condutor, durante o percurso da trilha, os mesmos estenderão o barbante no solo,

para realizar as observações com a lupa. Tudo que cada dupla observar deverá

ser anotado e posteriormente comentado no término da atividade. A partir desta

breve descrição, sugere-se que essa atividade venha acontecer entre os pontos

29 e 30 onde a trilha encontra-se mais aberta, e o condutor poderá visualizar toda

a dinâmica do grupo. Esta atividade tem fins educacionais, realizadas por público

escolar e ou em geral. Na figura 32 abaixo demostra-se uma possível área para a

realização da atividade.

Figura 32: Área propícia para a atividade “analisando a trilha”

Fonte: Laísse Palheta (2015). 17

Ele é o principal elo entre o visitante, o local e a comunidade visitada. É o guia que vai apresentar a cidade visitada e os recantos naturais existentes. O condutor deve estar sempre atualizado sobre a oferta de serviços, opções de entretenimento e lazer, atrativos naturais e culturais (DIAS e ANDRADE, 2001, p.3)

99

Conhecendo o lixo: Esta atividade propõe conscientizar o visitante sobre o

problema da grande produção de lixo, principalmente quando se visita uma área

natural. A proposta da autora fez com que se analise a possibilidade de adaptar a

mesma para ser praticada durante o percurso da trilha. Com isso, sugere-se que o

condutor deverá ter armazenado em um saco ou caixa, diversos tipos de lixo

(limpo) produzidos pelo ser humano. O condutor deverá espalhar o lixo por parte

do percurso da trilha em pontos estratégicos para que os mesmos possam sejam

retirados após a atividade. Logo no inicio da trilha, o animador deverá dividir o

grupo em equipes, e passará o comando e os materiais para coleta (saco de lixo).

A atividade funciona como uma caça ao tesouro, neste caso o “tesouro” é o lixo. A

equipe que coletar mais lixo ganhará a competição. Também é uma forma de

estimular a percepção e observação dentro da trilha, e pode ser praticada por

grupos diversos. Esta atividade pode vir a ser realizada por diversos públicos

principalmente para fins educativos. Na figura 33 abaixo mostra-se o lixo

encontrado na trilha.

Figura 33: Lixo encontrado na trilha

Fonte: Heliani Sá (2015).

Sentidos da natureza por meio dos sons: Atividade para estimular a

sensibilização, percepção e concentração. O condutor deverá selecionar um

ponto amplo onde o grupo de visitantes deverá fechar os olhos e se concentrar

nos sons que o ambiente proporciona. Após alguns minutos, tempo estipulado

pelo condutor, os visitantes vão expor o que eles sentiram e o que eles

100

escutaram. Esta atividade vem despertar a sensibilização dos visitantes sobre o

ambiente, e pode ser praticada por diversos grupos.

Caminhadas orientadas com um monitor ou condutor: São as mais

praticadas em trilhas interpretativas, onde os condutores têm o papel de realizar a

condução na floresta, realizando a interpretação da mesma no seu percurso,

contanto a história do local, e nos pontos interpretativos identificados realizar a

interpretação. Esta atividade também é estimuladora para as relações

interpessoais.

Figura 34: Relações interpessoais na trilha

Fonte: Socorro Almeida (2010).

Atividades de observação da flora e da fauna: São praticadas para a

contemplação da natureza, seja ela para observar fauna ou flora, com ênfase para

a observação de aves. Atividade já relacionada como possível de se realizar no

REVIS. Estas atividades podem ser mescladas a um safári fotográfico, onde no

itinerário da trilha pode-se observar paisagens singulares para registros. Na figura

35 e 36 pode-se observar as duas práticas.

101

Figura 35: Contemplação da flora. Figura 36: Avifauna

Fonte: Laisse Palheta (2013). Fonte: Socorro Almeida (2012).

Pequeno circuito de Arvorismo (trilhas suspensas): Esta atividade é uma

prática do turismo de aventura que proporciona se locomover por percursos na

altura, instalados em árvores ou em outras estruturas. A trilha das Samambaias

proporciona áreas extremamente acessíveis para instalação de um circuito, que é

uma atividade que proporciona o divertimento indo de árvore em árvore e

passando por alguns obstáculos. Sendo uma atividade que pode oferecer risco

para o visitante, é necessário que os condutores tenham um treinamento

específico para manusear os equipamentos de segurança, para a segurança dos

mesmos e dos visitantes da Unidade que vierem a praticar a atividade. Uma das

áreas observadas para uma implantação desse porte é no ponto 17 com as

coordenadas 1°24‟6.90”S e 48°18'30.50"O conforme está exposta na figura 37 a

seguir:

102

Figura 37: Área sugerida para círculo de Arvorismo

Fonte: Laísse Palheta (2015).

Estas atividades podem ser identificadas como de baixo impacto ambiental,

que podem proporcionar aos visitantes um melhor aproveitamento da visita, além de

serem propostas que vão contribuir para as Políticas Públicas de Uso Público da UC

tomando-a reconhecida como um espaço de turismo e de lazer.

103

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das questões ambientais na atualidade, tem-se observado uma

crescente e significava procura por espaços naturais, para o desenvolvimento de

práticas ligadas ao turismo e ao lazer, fato que acontece devido ao crescimento

progressivo das cidades e, paralelamente, a redução de equipamentos de lazer e

de áreas verdes nas mesmas.

A criação de áreas naturais, principalmente nas categorias de UC, têm sido

significativa, uma vez que as mesmas surgem como um instrumento relevante

não apenas quanto ao objetivo primordial de preservação da biodiversidade, mas

também para proporcionar ao ser humano elementos que os possibilitem o

desenvolvimento de práticas e de interações junto à natureza. Observa-se que as

práticas de lazer e turismo nessas áreas se intensificam, e as visitações se

tornaram mais frequentes. Devido a essas dinâmicas, o Plano de Uso Público é

essencial para que os gestores possam ter o controle sobre essas demandas e

para que os visitantes possam usufruir de uma visitação de qualidade e com o

mínimo de impacto possível na área.

Neste sentido, o estudo proposto é relevante, pois o planejamento ambiental

para a implementação de trilhas ecológicas ou de um sistemas de trilhas em UC

requer estudos adequados que constituem práticas de manejo, que atendam à

conservação ambiental e às dinâmicas das necessidades dos visitantes nas suas

práticas ecoturísticas e/ou de lazer, principalmente no que diz respeito às trilhas

interpretativas.

Com isso, esta pesquisa vem como uma contribuição sobre uma proposta a

intervenção e interpretação ambiental na trilha das Samambaias, existente no

Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, uma área com um valor

ecológico relevante, na abrangência do centro de endemismo de Belém, que tem

sofrido com a pressão antrópica e imobiliária em algumas de suas extremidades.

Nesse contexto foi realizado o levantamento e o mapeamento da trilha das

Samambaias, a fim de propor o manejo e as atividades de lazer e de interpretação

ambiental.

Sabe-se que esta proposta limitou-se a uma fase de levantamento de

dados (devido à amplitude da UC, e também a questão de tempo e de clima): o

mapeamento e a proposta de estruturação física da trilha, cuja ampliação dos

104

objetivos serão, futuramente, pensados, onde almeja-se em uma próxima etapa a

realização de uma integração com a comunidade local, pois sabe-se que uma

proposta de intervenção, requer a participação popular.

Com este conhecimento, pensa-se, futuramente, que esta proposta pode

vir a ser debatida junto à comunidade local para que esta participe de seu

desenvolvimento e também para a sua capacitação, onde, por meio deste estudo

prévio, poderá traçar oportunidades e soluções de tais anseios das comunidades

que residem dentro e no entorno da UC, tais como: inclusão dos moradores do

entorno como defensores das UC; possibilidade de empregos alternativos à

comunidade local, como o artesanato e o trabalho como monitores ou condutores

do REVIS, e também permitirá a aproximação da comunidade com os órgãos

fiscalizadores para o combate aos “ilícitos” decorrentes nessas áreas.

Tendo em vista que existem vinte e oito famílias que residem nas

dependências da UC (como foi citado durante o desenvolvimento da pesquisa) e

somente nove destas (as que residem às margens de rios e igarapés que cortam

o REVIS) são consideradas populações tradicionais, conforme a Lei do SNUC,

devido a sua relação com o ambiente que convivem, e suas práticas de

subsistência tendo o extrativismo como uma prática intensiva na área. Isto pode

vir a valorizar ainda mais a UC, como também pode vir a ser uma oportunidade de

se trabalhar o turismo em base comunitária, onde a comunidade se sinta

pertencente daquele espaço, além de ser uma boa proposta para ordenamento

das atividades ecoturísticas de lazer propostas, de forma que se possa integra os

interesses para a conservação e o desenvolvimento regional dessas

comunidades. Assim, não somente a gestão do Revis virá a ter ganho com a

valorização e a preservação da área, como também a comunidade local, tendo as

trilhas existentes no Refúgio, incluído a trilha das Samambaias, como seu

principal meio de integração entre gestão e comunidade.

Portanto, a realização do levantamento e do mapeamento da trilha das

Samambaias foi cumprida, assim como a proposta de manejo e de interpretação

ambiental da mesma. Agora o que se busca é que tais resultados possam

contribuir como uma importante ferramenta para assegurar a sobrevivência da

UC, com ênfase nas práticas de lazer e turismo, importantes para a sensibilização

e para a conservação e o desenvolvimento de uma conscientização ecológica,

mesclando interpretação da natureza e educação ambiental, bem como poderá

105

contribuir para as Políticas Públicas de Uso Público da UC, tonando-a

reconhecida como espaço de turismo e de lazer.

106

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UICN. As áreas protegidas podem contribuir para a redução da pobreza? Oportunidades e limitações. IUCN, Gland, Suíça e Cambridge, Reino Unido. viii + 60pp Lea M. Scherl et al. (2006). Disponível em: <https://portals.iucn.org/library/efiles/documents/2004-047-Pt.pdf>. Acesso em: 22/11/2014.

SILVEIRA, Vanessa Cotta. Valoração Econômica e Percepção Ambiental da Área De Proteção Ambiental Estadual Cachoeira Das Andorinhas. Bacia do Rio das Velhas-MG, 2011. Disponível em: <http://www.proamb.ufop.br/defesas/123.pdf>. Acessado em: 23/11/2014.

SEVERINO, Antonio. Metodologia do Trabalho Cientifico. São Paulo, SP: CORTEZ, 2000.

112

SEMA-Secretaria de Estado de Meio Ambiente Disponível em:

<http://www.sema.pa.gov.br/diretorias/areas-protegidas/>. Acesso em:

20/01/2015.

SEMA-Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Resumo dos Estudos para da Criação do Refúgio de Vida Silvestre Nome proposto: Metrópole da Amazônia. Belém. Sem data.

SEMA-Secretaria De Estado De Meio Ambiente. Minuta de Projeto de Decreto para Criação Legal do Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, nos Municípios de Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Isabel Do Pará. Belém. 2010.

SEMA-Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Exposição de Motivos Para a Criação Legal do Refúgio de Vida Silvestre “Metrópole da Amazônia” Nos Municípios de Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Isabel Do Pará. Belém. Sem data.

PARÁ- Estado do. D e c r e t o nº 2.211, de 30 de março de 2010 Cria O Refúgio De Vida Silvestre Metrópole Da Amazônia Nos Municípios De Ananindeua, Benevides, Marituba E Santa Isabel Do Pará E Dá Outras Providências. Belém, 2010.

CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Planejamento governamental do turismo: convergências e contradições na produção do espaço. San Pablo, Dezembro, 2006.

WEARRING,S.; NEIL,J. Ecoturismo: impactos, potencialidades e possibilidades.

WERNECK, Christianne Luce G. a construção do lazer como campo de estudos científicos no Brasil: implicações do discurso sobre a cientificidade autonomia deste campo. In ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, 12, 2000, Balneário Camburiú. Coletânea... Balneário Camburiú: Roca/ Universidade do Vale do Itajaí, 2000. p. 77.88.

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ANEXOS

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ANEXO A

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE

Diretoria de Áreas Protegidas Coordenadoria de Ecossistemas

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS PARA A CRIAÇÃO LEGAL DO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE “METRÓPOLE DA AMAZÔNIA” NOS MUNICÍPIOS DE ANANINDEUA,

BENEVIDES, MARITUBA E SANTA ISABEL DO PARÁ

De acordo com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que regulamenta o art. 225, §1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza; os Refúgios de Vida Silvestre (REVIS) são Unidades de Conservação da Natureza (UCs) do Grupo de Proteção Integral (PI) cujo objetivo é de proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna residente ou migratória. A visitação é permitida, possibilitando a realização de turismo ecológico, de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental em contato com a natureza e de recreação.

No trabalho “Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira” / MMA, 2007, a região nordeste paraense é categorizada como de importância muito alta e extremamente alta, devido a presença de espécies ameaçadas de extinção e endêmicas. No mesmo ano foi homologada a lista das espécies da flora e da fauna ameaçadas no Estado do Pará, por meio da Resolução COEMA nº 54, de 24/10/2007. A primeira lista vermelha da região amazônica identificou um total de 181 espécies ameaçadas, incluídas nas categorias criticamente em perigo (13 espécies), em perigo (47) e vulneráveis (121 espécies). Neste contexto, com a criação do Refúgio de Vida Silvestre, garante - se a proteção de populações das espécies presentes na Unidade de Conservação que fazem parte da lista de espécies ameaçadas no Estado do Pará.

Outro fator que justifica a criação de unidade de conservação de proteção integral, é o compromisso do Governo do Estado com as metas do Programa Extinção Zero, o qual conta com o apoio do projeto “Espécies Ameaçadas e Áreas Críticas para a Biodiversidade no Pará”, coordenado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) em parceria com a Conservação Internacional (CI) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) no âmbito do projeto Biota Pará; iniciativa, devidamente institucionalizada por meio do Decreto Estadual no. 802 de 20/02/2008, que criou o Programa Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção - Programa Extinção Zero, e declara as espécies da fauna e flora silvestre ameaçadas de extinção no Estado do Pará, e dá outras providências.

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Em 2009, o MPEG e a CI, publicaram o trabalho “Espécies Ameaçadas e Áreas Críticas para a Biodiversidade no Pará”, onde em suas conclusões e recomendações afirma que - O nordeste do Pará, conhecido como centro de endemismo Belém, concentra grande número das espécies ameaçadas, e é uma região em que a maioria dos registros de ocorrência é antiga. Seria importante proteger todos os remanescentes florestais e desenvolver estudos para avaliar a viabilidade da persistência das espécies nessa região fragmentada.

O contexto econômico de implementação e manutenção das UCs a serem criadas também devem ser considerado, pois somente a criação de UC de proteção integral garante os recursos de compensação advindos de impactos ambientais por empreendimentos. Os estudos que versam sobre de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, destacam que esta região configura como uma das mais alteradas da Amazônia brasileira clássica, com mais de 03 (três) séculos de antropismo, onde se encontra a maior concentração da população, com aproximadamente 2.000.000 de pessoas na Região Metropolitana de Belém. Então, torna - se de importância a proteção legal dos testemunhos florestais, para garantir os serviços ecossistêmicos e a conservação da biodiversidade.

A criação do REVIS Metrópole da Amazônia, além de garantir a preservação da biodiversidade, proporcionará a conectividade, maximizando o fluxo de indivíduos das diferentes espécies que compõem as comunidades florísticas, faunísticas e outros organismos vivos; conectando sob proteção oficial as áreas já protegidas como o Parque Estadual do Utinga e as Áreas de Proteção Ambiental “Região Metropolitana de Belém” e “Ilha do Combu”, assim como as áreas conservadas da EMBRAPA e do Quilombo Abacatal.

FICHA TÉCNICA

Categoria de Manejo e REFUGIO DE VIDA SILVESTRE “METRÓPOLE DA Nominação AMAZÔNIA”

Área e Localização 6.367,27 ha. Mesorregião Metropolitana de Belém, Microrregião Belém (municípios de Ananindeua, Benevides e Marituba) e Microrregião Castanhal (município de Santa Isabel do Pará).

Bioma e Ecossistemas Bioma Amazônico com predominância de floresta ombrófila densa de várzea, testemunho de floresta ombrófila de terra firme, igapós. Áreas antropizadas (colinas) com gramíneas, capoeiras e plantações de seringueiras e urucu. Rios, igarapés e pequenas represas.

Marcos Relevantes Rio Oriboca, Igarapé Apará, limita com o rio Guamá. Domínio norte com sistema de colinas e represa do Dique.

Potencial Biológico Muito Alto em relação ao Centro de Endemismo Belém.

Integridade Domínio Norte - Média e Baixa e Domínio Sul - Alta e Muito Alta.

Serviços Ambientais Extremamente Alto em relação a Região Metropolitana de Belém. Proteção de ecossistemas terrestres, mistos e aquáticos.

Benefícios Econômicos Alto. Geração de emprego e renda para os municípios por meio de pagamento por serviços ambientais, ICMS

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Ecológico e Ecoturismo.

Benefícios Ambientais Extremamente Alto. Preservação da biodiversidade, manutenção dos serviços ambientais, conectividade com o Parque Estadual do Utinga, APA Belém, APA Combu, EMBRAPA e Quilombo Abacatal.

Aderência ao MacroZonemanto Alto. Ecológico-Econômico

Aderência ao Zonemanto Alto. Ecológico-Econômico.

Entidade Responsável Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA

Diretoria de Áreas Protegidas – DIAP

Coordenadoria de Ecossistemas - CEC

Trav. Lomas Valentinas, 2.717, Marco

CEP: 66.095-770, Belém-Pará

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ANEXO B

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

D E C R E T O Nº 2.211, DE 30 DE MARÇO DE 2010 Cria o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia nos Municípios de

Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Isabel do Pará e dá outras providências.

A GOVERNADORA DO ESTADO DO PARÁ, no uso das atribuições que lhe confere o art. 23, incisos VI e VII e o art. 225, § 1º, inciso III da Constituição Federal; e de acordo com o art. 17, incisos VI e VII combinado com o art. 255, inciso V, da

Constituição do Estado do Pará, e bem como o disposto no art. 22, § 2o, combinado com

o art. 9°, a Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000 e o art. 9°, da Lei Estadual nº 6.745, de 6 de maio de 2005, que institui o Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará e dá outras providências,

D E C R E T A: Art. 1º Fica criado nos Municípios de Ananindeua, Benevides, Marituba e

Santa Isabel do Pará, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, com o objetivo de proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna residente ou migratória. A visitação é permitida, possibilitando a realização de turismo ecológico, de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental e de recreação em contato com a natureza. Visa também contribuir para a manutenção dos serviços ambientais, bem como garantir os processos ecológicos naturais.

Art. 2º O Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia tem uma área com forma de um polígono irregular, envolvendo uma superfície de 6.367,27ha (seis mil trezentos e sessenta e sete hectares e vinte e sete centiares) e perímetro de 65.952,88 metros (sessenta e cinco mil novecentos e cinqüenta e dois metros e oitenta e oito centímetros).

Esta descrição inicia no Ponto M1, de coordenadas UTM 9.845.607,43 N, 801.491,80 E e geográficas aproximadas (c.g.a.) Lat. 01° 23‟ 42,94” S Long. 48° 17‟ 26,88” W.Gr., SAD 69 referida pelo meridiano central -51° W.Gr., coincidente com o Marco M10B-PIRELLI, da Aviventação de Demarcação da Área de Terras pertencente ao Estado do Pará, de 24/12/2004 através do Decreto Nº 2.112 de 17 de Abril de 1997; deste Marco, segue em linha reta na direção Sul, confrontado com quem de direito, até alcançar o Ponto 02, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 10,00” S e Long. 48° 17‟ 26,00” W.Gr., deste ponto, segue numa linha reta na direção Oeste, confrontando com o loteamento para a construção de Residencial da Companhia de Habitação do Estado do Pará (COHAB), até alcançar o Ponto 3, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 10,00” S e Long. 48° 17‟ 42,00” W.Gr., deste ponto, segue em linha reta na direção geral Sudoeste, confrontado com o referido loteamento, até o Ponto 4, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 15,00 S e Long. 48° 17‟ 43,00” W.Gr., deste, segue na mesma direção geral Sudoeste, confrontado com o referido loteamento, até encontrar o Ponto 5, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 20,00” S e Long. 48° 17‟ 51,00” W.Gr., deste ponto, segue em linha reta na direção geral Sul, confrontado com o referido loteamento até encontrar o Ponto 6, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 22,00” S e Long. 48° 17‟ 50,00” W.Gr., deste ponto, segue em linha reta na direção geral Sul, ainda confrontando com o loteamento até encontrar o Ponto 7, de c.g.a. Lat. 01° 24‟

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34,00” S e Long. 48° 17‟ 50,00” W.Gr., deste ponto, segue confrontado com o loteamento da COHAB em uma linha reta na direção geral Sul até encontrar o Ponto 8, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 36,00” S e Long. 48° 17‟ 50,00” W.Gr., deste ponto, segue confrontado com o referido loteamento em linha reta na direção Sul, até encontrar o Ponto 9, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 58,00” S e Long. 48° 17‟ 48,00” W.Gr., deste ponto, segue em linha reta na direção geral Sudoeste, confrontado com o referido loteamento até o Ponto 10, de c.g.a. Lat. 01° 25‟ 10,00” S e Long. 48° 18‟ 14,00” W.Gr., deste ponto, segue em linha reta na direção geral Sudeste, confrontado com o referido loteamento até encontrar o Ponto 11, de c.g.a. Lat. 01° 25‟ 43,00” S e Long. 48° 18‟ 08” W.Gr., deste ponto, segue por uma linha reta na direção geral Nordeste, confrontado com o referido loteamento até encontrar o Ponto 12, de c.g.a. Lat. 01° 25‟ 22,00” S e Long. 48° 16‟ 36.00” W.Gr., deste ponto, segue numa linha reta na direção geral Noroeste, ainda confrontado com o referido loteamento até encontrar o Ponto 13, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 31,00” S e 48° 16‟ 51,00” W.Gr., deste ponto, toma a direção geral Nordeste, em uma linha reta, confrontando com quem de direito e com a Fazenda Fortaleza, até alcançar o Ponto 14 de c.g.a. Lat 01° 24‟ 20,54” S e Long. 48° 15‟ 36,05” W.Gr.; deste ponto, segue em linha reta na direção geral Sudeste confrontando com quem de direito e com lote de Regina Oliveira Guimarães, até o Ponto 15 de c.g.a. Lat. 01° 25‟ 34,97” S e Long. 48° 15‟ 23,22” W.Gr., deste ponto, segue confrontando com quem de direito em direção geral Nordeste, até o Ponto 16, de c.g.a. Lat. 01° 25‟ 25,07” S e Long. 48° 13‟ 58,92” W.Gr.; deste ponto, segue pela margem direita do rio Taiassuí até encontrar o Ponto 17 de c.g.a. Lat. 01° 26‟ 26,15” S e Long. 48° 14‟ 20,86” W.Gr., deste ponto, segue na direção Oeste confrontando com quem de direito da Comunidade Santo Amaro, até o Ponto 18, de c.g.a Lat. 01° 26‟ 25,94” S e Long. 48° 15‟ 16,34” W.Gr., deste ponto, confrontado com a Comunidade Santo Amaro, segue em linha reta na direção Sul até encontrar o Ponto 19, de c.g.a. Lat. 01° 26‟ 3,68” S e Long. 48° 15‟ 16,13” W.Gr., deste ponto, ainda confrontado com a referida Comunidade, segue a montante pela margem direita dos rios Taiassuí e Piri até encontrar o Ponto 20, de c.g.a. Lat. 01° 27‟ 08,93” S e Long. 48° 12‟ 36,05” W.Gr., deste ponto em linha reta, toma a direção geral Sudoeste, confrontando com quem de direito no município de Santa Isabel do Pará até encontrar o Ponto 21, de c.g.a.Lat. 01° 28‟ 33,56” S e Long. 48° 12‟ 47,70” W.Gr., localizado na margem direita do Rio Guamá, deste ponto, segue pela citada margem, até ao Ponto 22, de c.g.a. Lat. 01° 27‟ 04,10” S e Long. 48° 20‟ 41,33” W.Gr., localizado na foz do rio Oriboca; deste ponto, segue pela margem esquerda do rio Oriboca, até a altura da foz do igarapé Oriboquinha, onde atravessa o rio Oriboca até alcançar o Ponto 23, de c.g.a. Lat. 01° 23‟ 59,03” S e Long. 48° 20‟ 38,53” W.Gr., localizado na margem esquerda do igarapé Oriboquinha, no sentido do fluxo da água; deste ponto, segue pela margem esquerda do referido igarapé na direção geral Noroeste, até encontrar limite do Quilombo Abacatal, objeto do Ponto 24, de c.g.a. Lat. 01° 26‟ 26,34” S e Long. 48° 21‟ 00,60” W.Gr., coincidente com Marco M-2 do Titulo de Reconhecimento de Domínio Coletivo que o Governo do Estado do Pará, através do instituto de Terras do Pará - ITERPA, outorga aos moradores de Abacatal, através da Associação dos Moradores e Produtores de Abacatal / Aurá, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CPNJ sob o nº 22.930.614/0001-05, área de terras localizada no município de Ananindeua, de 02 de dezembro de 2008; deste ponto, segue pela margem esquerda do igarapé Oriboquinha na direção geral Nordeste, confrontando com as terras da referida Associação, a qual também é proprietária das terras descritas no Título de Reconhecimento de Domínio que o Governo do Estado do Pará, através de ITERPA, de 13 de maio de 1999, Quilombo Abacatal, até alcançar o Ponto 25, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 53,00” S e Long. 48° 20‟ 04,00” W.Gr., coincidente com o Marco MI-005, descrito no Titulo de Reconhecimento de Domínio que o Governo do Estado do Pará, através do Instituto de Terras do Pará - ITERPA, outorga em favor de Associação dos Moradores do Abacatal - Aura, CGC 22.930.614/0001-05, de 13 de maio de 1999, localizado no município de Ananindeua; daí, segue ainda confrontando com o Quilombo Abacatal, em linha reta na direção geral Oeste até o alcançar o Ponto 26, de c.g.a. Lat. 01° 25‟ 01,73” S e Long. 48° 20‟ 49,97” W.Gr., deste ponto, segue ainda confrontado com o Quilombo

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Abacatal, em linha reta na direção Noroeste até o Ponto 27, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 56,73” S e Long. 48° 20‟ 51,73” W.Gr., deste ponto, segue em linha reta na direção Noroeste, até o Ponto 28, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 49,24” S e 48° 21‟ 01,05” Long. W.Gr.; deste ponto, segue em linha reta na direção Norte, confrontando neste trecho com quem de direito e com o lote de Alfredo Gantuss até alcançar o Ponto 29, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 00,43” S e Long. 48° 21‟ 03,20” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Leste até alcançar o Ponto 30, localizado próximo a Rodovia Alça Viária, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 00,00” S e Long. 48° 20‟ 58,07” W.Gr., deste ponto, segue limitando-se com o Lote reservado à COHAB na direção geral Sudeste nos pontos: Ponto 31, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 05,02” S e Long. 48° 20‟ 31,05” W.Gr., deste ponto segue-se ao Ponto 32, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 06,00” S e Long. 48° 20‟ 27,00” W.Gr., deste ponto segue-se ao Ponto 33, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 07,00” S e Long. 48° 20‟ 22,00” W.Gr., deste ponto segue-se ao Ponto 34, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 33,90” S e Long. 48° 20‟ 18,00” W.Gr., deste ponto segue-se ao Ponto 35, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 23,00” S e Long. 48° 20‟ 07” W.Gr., deste ponto segue-se ao Ponto 36, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 34,00” S e Long. 48° 19‟ 59,00” W.Gr., deste ponto, toma a direção Sudoeste seguindo em linha reta até encontrar o Ponto 37, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 39,00” S e Long. 48° 20‟ 5,00” W.Gr., já com a área onde será construída uma elevatória; deste ponto, segue-se em linha reta na direção Sudeste até encontrar o Ponto 38, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 48,00” S e Long. 48° 19‟ 58,00” W.Gr., deste ponto ainda confrontado com o Lote da COHAB, segue-se em linha reta na direção Nordeste até encontrar o Ponto 39, de c.g.a. Lat 01° 24‟ 44,00” S e Long. 48° 19‟ 53,00” W.Gr., localizado nas proximidades da Rodovia Alça Viária; deste ponto, segue-se em linha reta na direção geral Sul até encontrar o Ponto 40, de c.g.a. 01° 24‟ 47,00” S e Long. 48° 19‟ 52,00” W.Gr., deste ponto, ainda em linha reta na direção Sul encontra o Ponto 41, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 56,00” S e Long. 48° 19‟ 52,00” W.Gr., deste ponto, segue confrontado com o referido Lote da COHAB para construção de residencial, na direção Leste até encontrar o Ponto 42, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 55,00” S e Long. 48° 19‟ 48,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 43, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 54,00” S e Long. 48° 19‟ 46,00” W.Gr., ainda, confrontado com o referido Lote, segue na direção geral Nordeste até o Ponto 44, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 50,00” S e Long. 48° 19‟ 45,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 45, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 50,00” S e Long. 48° 19‟ 42,00” W.Gr.; ainda, confrontando com o referido Lote, segue na direção geral Nordeste até o Ponto 46, de c.g.a. 01° 24‟ 45,00” S e Long. 48° 19‟ 39,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até o Ponto 47, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 45,00” S e 48° 19‟ 37,00” W.Gr., deste ponto segue na mesma confrontação, na direção geral Sudeste até encontrar o Ponto de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 48,00” S e Long. 48° 19‟ 33,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Leste até encontrar o Ponto 49, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 48,00” S e Long. 48° 19‟ 22,00” W.Gr.; ainda, confrontado com o referido Lote, segue na direção geral Nordeste até o Ponto 50, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 46,00” S e Long. 48° 19‟ 21,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até o Ponto 51, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 45,00” S e Long. 48° 19‟ 20,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Norte até encontrar o Ponto 52, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 40,00” S e Long. 48° 19‟ 20,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Noroeste até encontrar o Ponto 53, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 39,00” S e Long. 48° 19‟ 21,00” W.Gr.; deste ponto, segue na direção geral Noroeste até encontrar o Ponto 54, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 37,00” S e Long. 48° 19‟ 24,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Noroeste até encontrar o Ponto 55, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 35,00” S e Long. 48° 19‟ 25,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção Norte até encontrar o Ponto 56, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 30,00” S e Long. 48° 19‟ 26,00” W.Gr., deste ponto, ainda confrontado com o referido Lote para a construção de residencial, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 57, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 30,00” S e Long. 48° 19‟ 26,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 58, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 28,00” S e Long. 48° 19‟ 26,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 59, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 23,00” S e Long. 48° 19‟ 23,00” W.Gr., deste ponto, confrontado com o referido Lote, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 60, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 17,00” S

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e Long. 48° 19‟ 16,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 61, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 16,00” S e Long. 48° 19‟ 14,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Sudeste até encontrar o Ponto 62, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 16,00” S e Long. 48° 19‟ 11,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Sudeste até encontrar o Ponto 63, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 18,00” S e Long. 48° 19‟ 10,00” W.Gr., deste ponto, ainda confrontado com o referido Lote, segue na direção geral Sudeste até encontrar o Ponto 64, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 21,00” S e Long. 48° 19‟ 04,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção Leste até encontrar o Ponto 65, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 20,00” S e Long. 48° 19‟ 02,00” W.Gr.; daí, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 66, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 05,00” S e Long. 48° 18‟ 45,00” W.Gr., deste ponto, na mesma confrontação, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 67, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 04,00” S e 48° 18‟ 43,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 68, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 04,00” S e Long. 48° 18‟ 42,00” W.Gr., deste ponto, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 69, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 03,00” S e Long. 48° 18‟ 38,00” W.Gr., deste ponto, ainda confrontando com o referido Lote para construção de residencial, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 70, de c.g.a. Lat. 01° 23‟ 54,00” S e Long. 48° 18‟ 35,00” W.Gr., deste ponto, confrontando com o Lote da COHAB para construção de residencial, segue na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 71, de c.g.a. Lat. 01° 23‟ 51,00” S e Long. 48° 17‟ 56,00” W.Gr., deste ponto, confrontando com o residencial a ser construído e deixando a plantação de seringueira Hevea brasiliensis dentro do Refúgio, segue em linha reta para o Sul até o Ponto 72, de c.g.a. Lat. 01° 23‟ 58,00” S e Long. 48° 17‟ 55,00” W.Gr., deste ponto, ainda no limite da plantação, segue em linha reta na direção geral Sudoeste até o Ponto 73, de c.g.a. Lat. 01° 23‟ 60,00” S e Long. 48° 18‟ 07,00” W.Gr.; deste ponto, segue em linha reta na direção Sul, até o Ponto 74, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 13,00” S e Long. 48° 18‟ 06,00” W.Gr., deste ponto, toma a direção geral Nordeste, paralelo ao Lago da Represa do Dique até o Ponto 75, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 07,00” S e Long. 48° 17‟ 52,00” W.Gr., deste ponto, confrontando com o Lote da COHAB, segue em linha reta na direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 76, de c.g.a. Lat. 01° 24‟ 01,00” S e Long. 48° 17‟ 51,00” W.Gr., deste ponto, confrontando com o Lote da COHAB para construção de residencial, segue em linha reta em direção geral Nordeste até encontrar o Ponto 77, de c.g.a. Lat. 01° 23‟ 55,00” S e Long. 48° 17‟ 48,00” W.Gr., deste ponto, segue em linha reta na direção Norte até encontrar o Ponto 78, de c.g.a. Lat. 01° 23‟ 44,00” S e Long. 48° 17‟ 49,00” W.Gr.; finalmente, deste ponto, segue confrontando com quem de direito na direção Leste até alcançar o Ponto 01, início da descrição deste perímetro, fechando o polígono irregular.

Art. 3º O trecho da Rodovia denominada Alça Viária inserida no limite do “Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia”, será objeto de intervenções técnicas para possibilitar a vida da fauna local e migratória, assim como trabalhos de cunho paisagísticos para minimizar a poluição visual e sonora, na forma da legislação federal e estadual pertinente e nos termos do seu plano de manejo.

Art. 4º O trecho da estrada que está localizado no interior do “Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia”, entre os lotes destinados para habitação, de responsabilidade da COHAB, que passa pela represa que forma o Lago do Dique, no sentido da Vila do Dique, será objeto de intervenções técnicas para possibilitar o acesso entre os referidos lotes, sem prejuízo aos ecossistemas adjacentes, assim como medidas técnicas e legais devem ser implementadas para minimizar a poluição visual e sonora, na forma da legislação federal e estadual pertinente e nos termos do seu plano de manejo.

Art. 5º As áreas inseridas nos limites do Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia poderão ser utilizadas para fins de compensação de reserva legal na forma da legislação federal e estadual pertinente e nos termos do seu plano de manejo.

Art. 6º Ficam autorizados a Procuradoria-Geral do Estado - PGE e o Instituto de Terras do Pará - ITERPA a promoverem as medidas administrativas e

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judiciais necessárias a regularização fundiária da área integrante do Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia.

Art. 7º Caberá a Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMA administrar e presidir o Conselho Consultivo do Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, a ser constituído por representantes de órgãos públicos e de organizações da sociedade civil, adotando as medidas necessárias à sua efetiva proteção e implantação.

Art. 8º Fica atribuída ao Comando-Geral da Polícia Militar do Estado em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente a responsabilidade pela guarda e conservação da área descrita no art. 2º deste Decreto, competindo ao Comando-Geral da Polícia Militar do Estado a adoção de providências necessárias para evitar invasões e danificações de qualquer natureza, e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, compete o estabelecido na legislação em vigor.

Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 10. Revoga-se o Decreto nº 1.660, de 16 de junho de 2005. PALÁCIO DO GOVERNO, 30 de março de 2010.

ANA JÚLIA DE VASCONCELOS CAREPA

Governadora do Estado

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ANEXO C