manejo, conservação e impacto em recursos naturais

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Sumário    

Introdução.......................................................................................................................  5  

Unidade  1  –  Relaçao  Homem  X  Natureza  

Introdução.......................................................................................................................  7  

Uma  Visão  Histórica.........................................................................................................  7  

Desenvolvimento  Sustentável.......................................................................................  10  

As  Convenções  da  Organização  das  Nações  Unidas  -­‐  ONU...........................................  11  

Unidade  2  –  Recursos  Naturais  e  Energia  

Introdução.....................................................................................................................  17  

Definição  de  Recursos  Naturais.....................................................................................  17  

Fontes  de  energia  renováveis........................................................................................  19  

Fontes  de  energia  não  renováveis.................................................................................  23  

Unidade  3  –  Manejo  e  conservação  de  rercursos  naturais  

Introdução.....................................................................................................................  28  

Utilização  da  natureza...................................................................................................  28  

Planos  de  manejo  para  proteger  as  unidades  de  conservação.....................................  31  

Históricos  das  Unidades  de  conservação.......................................................................  33  

Unidades  de  conservação  de  proteção  integral............................................................  35  

Unidades  de  conservação  de  uso  sustentável...............................................................  37  

Unidade  4  –  Área  de  preservação  permanete  e  reserva  legal  

Introdução.....................................................................................................................  43  

Áreas  de  preservação  permanente................................................................................  43  

Reserva  Legal.................................................................................................................  47  

 

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4    

Unidade  5  –  Impactos  ambientais  

Introdução.....................................................................................................................  51  

Impacto  ambiental  e  desenvolvimento  econômico......................................................  51  

Estudos  de  impactos  ambientais...................................................................................  53  

Exemplos  de  impactos  causados    no  meio  ambiente....................................................  56  

Unidade  6  –  Gestão  ambiental  

Introdução.....................................................................................................................  62  

Aplicação  da  Gestão  Ambiental.....................................................................................  62  

Eco-­‐economia  evolução  do  modelo  econômico............................................................  66  

Referências  ...................................................................................................................  70  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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5    

Introdução    

  A  gestão  dos  recursos  naturais  nos  últimos  anos  vem  ganhando  mais  eficiência  

e  uma  nova  orientação.  Essa  eficiência  e  orientação  no  trato  com  esses  recursos  está  

sendo  operacionalizada  com  a  aplicação  das    técnicas  de  manejo  e  de  conservação  dos  

recursos  oferecidos  pela  natureza.  O  manejo  ou  a  administração  dos  recursos  naturais  

objetiva  a  utilização  adequada  do  meio  ambiente  de  modo  a  respeitar  sua  capacidade  

de  suporte,  já  a  conservação  ambiental  é  o  nome  que  se  dá  a  preocupação  em  utilizar  

de  forma  racional  os  recursos  que  a  natureza  nos  oferece.  

  Esta  edição  da  disciplina  MANEJO,  CONSERVAÇÃO  E  IMPACTOS  EM  RECURSOS  

NATURAIS,   envolverá   na   Unidade   1   o   estudo   das   relações   homem   x   natureza.   Em  

seguida  o  conceito  e  a  classificação  de   recursos  naturais  e  energia   será  abordado  na  

unidade   2.   A   definição   e   a   relação   de   manejo   e   conservação   ambiental   será  

apresentada  na  unidade  3.  As  áreas  de  preservação  permanentes  e  reserva  legal  serão  

apresentadas   na   unidade   4.   O   conceito   e   o   estudo   de   impactos   ambientais   serão  

abordados   na   unidade   5.  Na   unidade   6   será   abordada   a   temática   gestão   ambiental,  

que  está  inserindo  a  variável  ambiental  no  mundo  empresarial.  

  As  ferramentas  que  serão  utilizadas  para  permitirem  o  aprendizado  a  distância  

da  disciplina  Manejo,  Conservação  e  Impactos  em  Recursos  Naturais  –  aulas  em  Power  

point,  construção  de  textos,  fórum  de  dúvidas  e  avaliação  e  estudos  dirigidos.  

 

 

 

 

 

 

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6    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UNIDADE  1    RELAÇÃO  HOMEM  X  NATUREZA  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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7    

1.  Introdução  

  O  homem  e  o  meio  ambiente   são  duas  palavras  que  vêm  sendo  utilizadas  de  

forma   separadas   e   até  mesmo,   em   alguns   casos,   opostas.  Muitos   autores   relatam   a  

utilização   dos   recursos   naturais   pelo   homem   como   meio   para   o   crescimento  

econômico.   No   entanto,   atualmente,   sabemos   que   crescimento   econômico   não   é  

sinônimo  de  desenvolvimento,   visto  que  o   crescimento  atinge  uma  pequena  parcela  

da  população,  já  o  desenvolvimento  atinge  um  numero  maior  numero  de  pessoas  e  se  

o  mesmo  ocorrer  de  forma  sustentável,  que  use  os  recursos  naturais  de  forma  racional  

e   leva   em   conta   também   o   aspecto   social   resultará   em   um   desenvolvimento  

sustentável.  Esse  tipo  de  desenvolvimento  engloba  os  aspectos  sociais,  econômicos  e  

ambientais.    

1.1  Uma  Visão  Histórica  

Nos   primórdios   da   humanidade   o   ser   humano,   ainda   nômade,   (ver   figura   1)  

utilizava   os   recursos   naturais   de   um   determinado   local   conforme   suas   necessidades  

diárias.  Quando  os  alimentos  se  esgotavam,  ele  se  mudava.  Não  possuía  território  fixo  

ia  diversas  vezes  de  um  lugar  para  outro,  utilizando  os  recursos  disponíveis  e  quando  

estes  acabavam  ele  escolhia  um  novo  local  para  permanecer  por  mais  um  período  de  

tempo.  

 Fonte:  http://historiajaragua.blogspot.com/  

  Figura  1  –  grupos  de  pessoas  nômades  no  período  pré-­‐histórico.  

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  Aquele   espaço,   para   o   ser   humano,   era   apenas   um   ponto   no   qual   se  

consumiam  os   recursos  naturais  existentes  até  que  os  mesmos   se  esgotassem.     Este  

local   não   era   ainda   considerado   como   “lugar”   vivido   e   sentido,   não  havia,   portanto,  

ainda,  uma  relação  e  sentimento  com  o   local  onde  o  ser  humano  habitava  conforme  

disposto  por  ALBAGLI  (1993).  

  Neste  aspecto,  observamos  que  no  começo  da  história  humana  o  “lugar”  ainda  

não   havia   sido   construído,   as   relações   sociais   eram   as   mais   básicas   e   primitivas  

possíveis.   Portanto,   o   homem   não   possuía   sentimento   pelo   lugar   próprio.   Com   o  

surgimento   da   agricultura   a   mais   de   10.000   anos,   o   ser   humano   foi   aprendendo   a  

entender  os  ciclos  da  natureza  e  a  conviver  em  comunidade,  começando  a  se  prevenir  

dos  períodos  de   frio,  de  seca  de  escassez  de  alimentos.  Não  se  extrais  apenas  o  que  

seria   utilizado   imediatamente,   aprendia-­‐se   a   estocar   e   armazenar,   planejando   e  

prevenindo  para  o  futuro.  

  O  ser  humano,  no  decorrer  da  sua  evolução,  adquiriu  a  capacidade  de  analisar  

situações  atuais,  imaginar  aquilo  que  ainda  não  foi  vivido  para  manipular  a  realidade  e,  

até  mesmo  em  alguns  casos,  simular  o  futuro.  As  pessoas  e  famílias  começaram  a  se  

organizar   em   grupos   tornando-­‐se   comunidades,   civilizações,   povos   e   nações,  

formaram-­‐se   redes   de   relações   humanas,   construindo   aos   poucos   sua   própria  

identidade.   Finalmente,   adquirindo   o   seu   próprio   lugar   e   permanecendo   nele.   Este  

lugar  tornou-­‐se  algo  repleto  de  sentimento  e  emoção.  

  No   decorrer   da   evolução   humana,   quando   o   homem   diz   ter   se   tornado  

civilizado,  ocorreu  o  seu  desprendimento  com  o  lugar  e  formularam-­‐se  idéias  das  quais  

os   recursos   naturais   eram   bens   infinitos.   A   utilização   indiscriminada   dos   recursos  

naturais   tornou   o   ser   humano   causador   de   grandes   impactos   ambientais   gerando   o  

desequilíbrio  da  cadeia  da  vida,  consequentemente,  causando  o  colapso  e  a  quebra  do  

sistema.  

  O   desequilíbrio   ambiental   gerado   pelo   homem   ocasionou   a   eliminação   de  

espécie   e   até   mesmo   a   dizimação   de   populações.   Segundo   Albagli   (1993)   este  

desequilíbrio  ambiental  pode  ser  classificado  através  de  seis  modalidades;  

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  -­‐destruição  do  habitat;  

  -­‐caça,  pesca  ou  matança  deliberada  em  larga  escala;  

  -­‐introdução  de  predadores  ou  competidores;  

  -­‐introdução  de  elementos  patogênicos;  

  -­‐Poluição.  

  Devido  a  estas  degradações  ambientais  a  biodiversidade  planetária  vem  sendo  

colocada  em  risco.  Quatro  macros  ameaças  á  sobrevivência  de  várias  espécies  podem  

ser  destacadas:  

  -­‐destruição,  e  degradação  de  habitat;  

  -­‐exploração  predatória;  

  -­‐introdução  de  espécies  exóticas  e  

  -­‐aumento  de  pragas  e  doenças.  

  A   contínua   e   crescente   pressão   exercida   pelo   homem   sobre   os   recursos  

naturais  visa  apenas  benefícios   imediatos  de  suas  ações,  privilegiando  o  crescimento  

econômico   a   qualquer   custo   e   relegando,   a   um   segundo   plano,   a   capacidade   de  

recuperação   dos   ecossistemas.   Com   isto,   observa-­‐se   que   o   crescimento   econômico  

desacertado,   além   de   causar   danos   ao   meio   ambiente,   não   promoverá   o  

desenvolvimento,   pois   ao   se   analisar   o   aspecto   global   concluiu-­‐se   que   os   recursos  

necessários  para  a  recuperação  do  ecossistema  tornarão  este  crescimento  econômico  

inviável.    

  Na  tentativa  de  aliar  crescimento  econômico  e  a  proteção  ambiental,  surge  na  

década   de   1950/1960   a   economia   ambiental,   que   estabeleceu   uma   ponte   entre   a  

economia  e  a  ecologia.  Mais  tarde  nasceu  a  teoria  econômica  do  desenvolvimento  e  o  

meio  ambiente,  que  receberia  o  nome  de  Desenvolvimento  Sustentável.  Em  1987,  as  

Nações  Unidas  definiram  o  conceito  de  desenvolvimento   sustentável,  no  documento  

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“Nosso   Futuro   Comum”,   elaborado   pela   Comissão  Mundial   sobre  Meio   Ambiente   e  

Desenvolvimento.   Segundo   diz,   o   desenvolvimento   deve   ser   suportável,   viável   e  

durável,  portanto,  um  desenvolvimento  que  atenda  ás  necessidades  do  presente  sem  

comprometer  a  capacidade  das  gerações  futuras.    

  Sustentabilidade   e   desenvolvimento   são   dois   conceitos   atualmente  

considerados  característicos  da  problemática  contemporânea,  sendo  que  não  há  como  

considerá-­‐los   separadamente,   pois   não   existe   desenvolvimento   sem   que   haja  

sustentabilidade.  (CMMAD,  1991)  

1.2.  Desenvolvimento  Sustentável  

  O   Desenvolvimento   Sustentável   é   aquele   que   atende   ás   necessidades   do  

presente  sem  comprometer  a  possibilidade  de  as  gerações  futuras  atenderem  a  suas  

próprias  necessidades.  Ele  contém  dois  conceitos  chaves:  

  -­‐   O   conceito   de   “necessidades”,   sobretudo   as   necessidades   essenciais   dos  

pobres  do  mundo,  que  devem  receber  a  máxima  propriedade;  

  -­‐   A   noção  das   limitações   que  o   estágio   da   tecnologia   e   da   organização   social  

impõe   ao   meio   ambiente,   impedindo-­‐o   de   atender   ás   necessidades   presentes   e  

futuras.  

  Satisfazer   as   necessidades   e   as   aspirações   humanas   é   o   principal   objetivo   de  

desenvolvimento.  Nos  países  em  desenvolvimento  as  necessidades  básicas  de  grande  

número   de   pessoas   -­‐   alimento,   roupas,   habitação,   emprego   –   não   estão   sendo  

atendidas.   Além   dessas   necessidades   básicas,   as   pessoas   também   aspiram  

legitimamente   a   uma   melhor   qualidade   de   vida.   Num   mundo   onde   a   pobreza   e   a  

injustiça  são  endêmicas,   sempre  poderão  ocorrer  crises  ecológicas  e  de  outros   tipos.  

Para  que  haja  um  Desenvolvimento  Sustentável  é  preciso  que  todos  tenham  atendidas  

as   suas   necessidades   básicas   e   lhes   sejam   proporcionadas   oportunidades   de  

concretizar  suas  aspirações  a  uma  vida  melhor.  

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  O  Desenvolvimento  Sustentável  requer  a  promoção  de  valores  que  mantenham  

os   padrões   de   consumo   dentro   do   limite   das   possibilidades   ecológicas,   no   entanto  

crescimento   e   desenvolvimento   econômico   produzem   mudanças   no   ecossistema  

físico.  Nenhum  ecossistema,  seja  onde   for,  pode   ficar   intacto.  Uma  floresta  pode  ser  

desmatada  em  uma  parte  de  uma  bacia  fluvial  e  ampliada  em  outro  lugar  e  isto  pode  

não  ser  mau,  se  a  exploração  tiver  sido  planejada  e  se  levarem  em  conta  os  níveis  de  

erosão  do  solo,  os   regimes  e  as  perdas  genéticas.  Em  geral  não  é  preciso  esgotar  os  

recursos   renováveis,   como   florestas   e   peixes,   desde   que   sejam   usados   dentro   dos  

limites  de  regeneração  e  crescimento  natural.  

  No  tocante  a  recursos  não  renováveis,  como  minerais  e  combustíveis  fósseis,  o  

uso  reduz  a  quantidade  de  que  disporão  as  futuras  gerações.   Isto  não  quer  dizer  que  

esses   recursos  não  devem  ser  usados.  Mas  os  níveis  de  uso  devem   levar  em  conta  a  

disponibilidade   do   recurso,   de   tecnologias   que   minimizem   seu   esgotamento   e   a  

probabilidade   de   se   obterem   substitutos   para   ele.   Portanto,   a   terra   não   deve   ser  

deteriorada  além  de  um   limite   razoável  de   recuperação.  No  caso  dos  minerais  e  dos  

combustíveis  fósseis,  é  preciso  dosar  o  índice  de  esgotamento  e  a  ênfase  na  reciclagem  

e  no  uso  econômico,  para  garantir  que  o  recurso  não  se  esgote  antes  de  haver  bons  

substitutos  para  ele.  O  Desenvolvimento  Sustentável  exige  que  o  índice  de  destruição  

dos  recursos  não  renováveis  mantenha  o  máximo  de  opções  futuras  possíveis.  

  Em  essência,  o  Desenvolvimento  Sustentável  é  um  processo  de  transformação  

no   qual   a   exploração   dos   recursos,   a   direção   dos   investimentos,   a   orientação   do  

desenvolvimento  tecnológico  e  a  mudança   institucional  se  harmonizam  e  reforçam  o  

potencial  presente  e  futuro,  a  fim  de  atender  as  necessidades  e  aspirações  humanas.  

1.3.  As  Convenções  da  Organização  das  Nações  Unidas  -­‐  ONU    

  Em   1972,   ocorre   a   1ª   Conferência   Internacional   sobre   Meio   Ambiente   das  

Nações   Unidas   em   Estocolmo,   cuja   publicação   deu   foco   ao   debate   Limit   to   Growth  

(Limites  do  Crescimento)  que,  em  resumo,  procura  alertar  o  mundo,  principalmente  as  

superpotência  da  época,  quanto  á  forma  de  desenvolvimento  econômico  e  tecnológico  

que   estava   sendo   implantado   nas   últimas   décadas,   com   efeitos   devastadores.   A  

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preocupação  com  uma  guerra  nuclear  e  do  uso  de  armas  químicas  e  biológicas  começa  

a   despertar   uma   consciência   ambiental   global.   Pela   primeira   vez,   de   forma   mais  

organizada,   o   ser   humano   toma   conhecimento   sobre   assuntos   e   palavras   como   ecologia,  

biodiversidade,   consciência   ecológica   ou   ambiental   e   surgem   as   primeiras   organizações   não  

governamentais  –  ONGs.  

  Os   próximos   anos   seriam   de   um   avanço   nos   estudos   sobre   as   degradações  

ambientais  inimagináveis  nas  décadas  anteriores:  o  efeito  estufa,  a  ruptura  na  camada  

de  ozônio,  as  chuvas  ácidas,  o  envenenamento  dos  solos  e  das  águas,  as  ilhas  de  calor  

e  a  inversão  térmica  alcançam  destaque  na  imprensa  mundial  e  passam  a  ser  assuntos  

obrigatórios  nos  currículos  escolares.  

  Na   conferência   da   Suécia,   ficou   claro   o   antagonismo   de   ideias   entre   aqueles  

que   defendiam   o   “desenvolvimento   zero”   e   aqueles   que   defendiam   o  

“desenvolvimento  a  qualquer  custo”.  O  tempo  veio  mostrar  que  os  extremismos  não  

correspondiam  à  realidade  mundial.  

  As  principais  resoluções  de  Estocolmo  foram:  

  -­‐  O  direito  a  um  ambiente  sadio  e  equilibrado  e  á  justiça  social;  

  -­‐  Planejamento  ambiental;  

  -­‐  Alerta  aos  riscos  da  urbanização  descontrolada;  

  -­‐  A  busca  de  fontes  alternativas  de  energia;  

  -­‐  A  ciência  deve  estar  aliada  á  preservação  do  meio  ambiente;  e  

  -­‐  A  importância  da  educação  ambiental.  

  Em   1980,   como   resultado   da   1ª   Conferência  Mundial   sobre  Meio   Ambiente,  

surge  a  estratégia  mundial  para  a  conservação,  onde  o  destaque  maior  foi  a  definição  

de   Desenvolvimento   Sustentável,   já   abordada   anteriormente.   A   definição   de  

Desenvolvimento   Sustentável   foi   muito   combatida   pelos   ambientalistas,   que  

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13    

acreditam   que   os   adeptos   do   capitalismo   utilizam   esta   expressão   para   continuar  

degradando  a  natureza,  enganando  e  fugindo  das  pressões  exercidas  pela  sociedade.  

  Em  1987  é  publicado  o  relatório  Nosso  Futuro  Comum,  documento  da  ONU  que  

pela  primeira  vez  demonstrar  as  desigualdades  na  distribuição  da   renda  e  a  pobreza  

em  relação  á  destruição  do  meio  ambiente.    

  Vinte   anos   após   Estocolmo,   em   1992   acontece   no   Rio   de   Janeiro   a   2ª  

Conferência  Mundial   para   o  Meio  Ambiente,   a   Rio-­‐92  ou   ECO  –   92.  Muito   pouco   se  

avançou  no  mundo  e  no  Brasil  em  termos  de  implementação  de  Políticas  Públicas  para  

a   conservação   da   natureza,   neste   período.   Até   este   ano   foram   muitas   conferências,  

protocolos   assinados,  mas   ações   de   conservação   ou   estratégias   para   conservação   ainda   são  

tímidas.  O  que  dificulta  ainda  um  pouco  é  que  cada  uma  das  Conferências  está  dirigida  a  um  

público  de  especialistas  com  um  tema  específico  e  a    comunicação  entre  elas  depende  muito  

das  resoluções  estabelecidas  na  Agenda  21.    

  Marcada  pelas  divergências  entre  os   interesses  do   “norte  em   relação  aos  países”  do  

“sul”,  esta  conferência   teve  como  base  o  “relatório  de  Brundtland”,  que  defendia  alterações  

no   modelo   de   consumo   atual   propondo   a   sua   troca   por   um   modelo   mais   sustentado  

ecologicamente,  resultando  em  5  propostas  principais:      

  -­‐   A   carta   da   Terra   –   os   países   ricos   são   os   principais   responsáveis   pela   degradação  

  ambiental,  portanto,  devem  investir  mais  em  sua  preservação;  

  -­‐  Agenda  21  –  exige  o  cumprimento  da  Carta  da  Terra  até  a  virada  do  século;  como  já  

  sabemos  as  metas  não  foram  atingidas  apesar  dos  esforços  para  construção  de  Agenda  

  21  locais;  

  -­‐  Convenção  da  Diversidade  Biológica  –  DCB  –  o  compromisso  dos  países  em  manter  a  

  diversidade  biológica  presente  nos  ecossistemas  naturais;  

  -­‐  Convenção  do  Clima  –  redução  dos  elementos  que  poluem  a  atmosfera  e  alteram  a  

  dinâmica  climática  do  planeta;  

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14    

      -­‐   Convenção   das   Florestas   –   todo   país   é   soberano   sobre   o   uso   de   suas   florestas,   ao  

  mesmo   tempo   em   que   elimina   as   barreiras   comerciais   para   a   madeira   e   para   a  

  borracha  natural,  desde  que  a  exploração  seja  feita  de  forma  racional.  

  Essas  convenções  e  acordos  acima  indicam  um  bom  progresso  em  muitas  áreas  

no   papel   e   em   discussão,   inclusive   uma   maior   compreensão   da   importância   do  

desenvolvimento   sustentável.   Entretanto,   apesar   destes   acordos   internacionais,   a  

exploração  dos  recursos  mundiais  continua  sendo  realizada,  cada  vez  mais  à  custa  das  

pessoas  do  Hemisfério  Sul,  principalmente  devido  às  demandas  dos  consumidores  do  

Hemisfério  Norte.  

A  sustentabilidade  para  uma  melhor  relação  homem  x  natureza  

  Ao  se  definir  desenvolvimento  sustentável  também  está  se  discutindo  o  que  é  

sustentabilidade.   Para   alguns   autores   como   Clovis   Cavalcanti   sustentabilidade  

“significa  a  possibilidade  de  se  obterem  continuamente  condições  iguais  ou  superiores  

de  vida  para  um  grupo  de  pessoas  e  seus  sucessores  em  dado  ecossistema”  Cavalcanti  

(2003).   Para   o   autor,   as   discussões   atuais   sobre   o   significado   do   termo  

“desenvolvimento  sustentável”  mostram  que  se  está  aceitando  a  ideia  de  colocar  um  

limite   para   o   progresso   material   e   para   o   consumo,   antes   visto   como   ilimitado,  

criticando   a   ideia   de   crescimento   constante   sem   preocupação   com   o   futuro  

(CAVALCANTI,  2003).  

  Para   facilitar   a   compreensão   do   conceito   de   sustentabilidade,   Sachs   (1993)   a  

divide   em   cinco   classificações:   a   sustentabilidade   ambiental,   a   econômica,   a  

sustentabilidade  ecológica,  a  sustentabilidade  social  e  a  sustentabilidade  política.    

O  conceito  descrito  por  Sachs  (1993)  refere-­‐se  à  sustentabilidade  como:  

“Sustentabilidade  ecológica  –  refere-­‐se  à  base  física  do  processo  de  crescimento  e  tem  

como   objetivo   a   manutenção   de   estoques   dos   recursos   naturais,   incorporados   as  

atividades  produtivas.  

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15    

Sustentabilidade  ambiental  –  refere-­‐se  à  manutenção  da  capacidade  de  sustentação  

dos   ecossistemas,   o   que   implica   a   capacidade   de   absorção   e   recomposição   dos  

ecossistemas  em  face  das  agressões  antrópica.  

Sustentabilidade  social  –  refere-­‐se  ao  desenvolvimento  e  tem  por  objetivo  a  melhoria  

da   qualidade   de   vida   da   população.   Para   o   caso   de   países   com   problemas   de  

desigualdade   e   de   inclusão   social,   implica   a   adoção   de   políticas   distributivas   e   a  

universalização   de   atendimento   a   questões   como   saúde,   educação,   habitação   e  

seguridade  social.  

Sustentabilidade   política   –   refere-­‐se   ao   processo   de   construção   da   cidadania   para  

garantir  a  incorporação  plena  dos  indivíduos  ao  processo  de  desenvolvimento.  

Sustentabilidade  econômica  –  refere-­‐se  a  uma  gestão  eficiente  dos  recursos  em  geral  e  

caracteriza-­‐se  pela  regularidade  de  fluxos  do  investimento  público  e  privado.  “Implica  a  

avaliação  da  eficiência  por  processos  macro  social.”  

  O   desenvolvimento   sustentável   não   deve   ser   apresentado   como   um   slogan  

político.   As   condições   ambientais   já   estão   bastante   prejudicadas   pelo   padrão   de  

desenvolvimento  e  consumo  atual,  deste  modo,  o  desenvolvimento  sustentável  pode  

ser  uma  resposta  aos  anseios  da  sociedade.  

  A   sustentabilidade   consiste   em   encontrar   meios   de   produção,   distribuição   e  

consumo   dos   recursos   existentes   de   forma   mais   coesiva,   economicamente   eficaz,  

ecologicamente  viável  e  Priorizar  o  desenvolvimento  social  e  humano  com  capacidade  

de  suporte  ambiental.  (SACHS,  1993)  

 

 

   

 

   

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16    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

UNIDADE  2    RECURSOS  NATURAIS  E  ENERGIA  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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17    

1.Introdução  

Neste  capitulo,  abordaremos  a  definição,  classificação  e  o  papel  dos  principais  

recursos  naturais,  os  problemas  decorrentes  do  seu  uso  abusivo  e  mostrar  que  mesmo  

os  recursos  considerados  renováveis  correm  o  risco  de  esgotamento.  Serão  abordadas  

também  as  fontes  de  energia  e  sua  classificação.    

  Os  recursos  naturais  são  inesgotáveis?  A  humanidade  pode  retirar  o  que  deseja  

da  natureza  e  despejar  toda  a  sorte  de  resíduos  na  biosfera?  Existem  fortes  evidências  

de   que   não!   Os   combustíveis   fósseis,   cuja   exploração   continua   aumentando  

rapidamente,  são  finitos,  e  sua  queima  contribui  para  o  aumento  do  efeito  estufa  que  

vem  elevando  a  temperatura  na  superfície  da  Terra.  (SCHORR,  2010)  

1.1  Definição  de  Recursos  Naturais  

  Recursos   naturais   são   elementos   da   natureza   com   utilidade   para   o   Homem,  

com   o   objetivo   do   desenvolvimento   da   civilização,   sobrevivência   e   conforto   da  

sociedade  em  geral.  Pode  ser  renovável,  como  a  energia  do  Sol  e  do  vento.  Já  a  água,  o  

solo   e   as   árvores   que   estão   sendo   considerados   limitados,   são   chamados   de  

potencialmente   renováveis.   E   ainda   não   renováveis   como   o   petróleo   e  minérios   em  

geral.  

  Os   recursos   naturais   são   componentes,   materiais   ou   não,   da   paisagem  

geográfica,   mas   que   ainda   não   tenham   sofrido   importantes   transformações   pelo  

trabalho  humano  e  cuja  própria  gênese  é  independente  do  Homem,  mas  aos  quais  lhes  

foram  atribuídos,  historicamente,  valores  econômicos,  sociais  e  culturais.  Portanto,  só  

podem  ser  compreendidos  a  partir  da  relação  homem-­‐natureza.  Os  recursos  naturais  

são  muito  importantes  para  o  Mundo.  

  Recurso  natural  é  qualquer   insumo  de  que  os  organismos,  as  populações  e  os  

ecossistemas  necessitam  para  sua  manutenção.  Portanto,   recurso  natural  é  algo  útil.  

Existe   um   envolvimento   entre   recursos   naturais   e   tecnologia,   uma   vez   que   há   a  

necessidade   da   existência   de   processo   tecnológico   para   utilização   de   um   recurso.  

Exemplo  típico  é  o  magnésio,  que  até  pouco  tempo  não  era  recurso  natural  e  passou  a  

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18    

sê-­‐lo  quando  se  descobriu  como  utilizá-­‐lo  na  confecção  de   ligas  metálicas  de  aviões.  

Recursos   naturais   e   economia   interagem   de  modo   bastante   evidente,   uma   vez   que  

algo  é  recurso  na  medida  em  que  sua  exploração  é  economicamente  viável.  (SCHORR,  

2010)  

  Nem   todos   os   recursos   que   a   natureza   oferece   ao   ser   humano   podem   ser  

aproveitados   em   seu   estado   natural.   Quase   sempre   o   ser   humano   precisa   trabalhar  

para   transformar   os   recursos   naturais   em   bens   capazes   de   satisfazer   alguma  

necessidade  humana.  Os   recursos   hídricos,   por   exemplo,   têm  de   ser   armazenados   e  

canalizados,   quer   para   consumo   humano   direto,   para   irrigação,   ou   para   geração   de  

energia  hidrelétrica.  

Os  recursos  naturais  classificam  em:  

Renováveis:  elementos  naturais  que  usados  da  forma  correta  podem  se  renovar.  

Exemplos:  animais,  vegetação,  água.  

Não  renováveis:  São  aqueles  que  de  maneira  alguma  não  se  renovam,  ou  demoram  

muito  tempo  para  se  produzir.  Exemplos:  petróleo,  ferro,  ouro.  

  Frequentemente  são  classificados  como  recursos   renováveis  e  não  renováveis  

quando  se  tem  em  conta  o  tempo  necessário  para  que  se  dê  a  sua  reposição.  Os  não  

renováveis  incluem  substâncias  que  não  podem  ser  repostas  ou  renovadas,  como  por  

exemplo,  o  petróleo  e  os  minérios  em  geral.  Os  renováveis  são  aqueles  que  podem  se  

renovar  ou  serem  recuperados,  com  ou  sem  interferência  humana,  como  as  florestas,  

luz  solar,  ventos  e  a  água.  

  Há   situações  nas  quais  um   recurso   renovável  passa  a   ser  não   renovável.   Essa  

condição   ocorre   quando   a   taxa   de   utilização   supera   a   máxima   capacidade   de  

sustentação  e  renovação  do  sistema.  O  que  poderá  ocorrer  com  a  água  potável.  

  Os   recursos   naturais   também   podem   ser   classificados   em   energéticos   e   não  

energéticos,  se  atenderem  à  capacidade  de  produzir  energia.  Os  carvões  e  o  petróleo  

são  recursos  naturais  energéticos.  Por  vezes  a  água  é  também  considerada  um  recurso  

energético,   pois   as   barragens   transformam   a   energia   potencial   da   água   em   energia  

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19    

produtiva.  Dessa   forma  os  recursos  naturais  além  de  fornecerem  matéria-­‐prima  para  

as  atividades  humanas  também  fornecem  energia,  ou  seja,  são  fontes  de  energia,  que  

se  dividem  em  renováveis  e  não  renováveis.  

1.2  Fontes  de  energia  renováveis  

  Os  fluxos  naturais  de  energia,  que  são  utilizados  há  milênios  (sol,  água,  vento  e  

madeira)  são  conhecidos  como  fontes  renováveis.  Antes  da  Revolução  Industrial,  o  Sol  

era  uma  das  fontes  de  energia  mais  utilizadas,  ele  fornecia  energia  para  os  músculos  

(do   ser   humano   e   dos   animais   empregados   na   tração   de   cargas).   Além   disso,  

aproveitava-­‐se   a   força   do   vento   e   da   água   para   mover   moinhos   e   máquinas.     A  

madeira,   sob   a   forma   de   carvão,   era   igualmente   utilizada   desde   a   pré-­‐história.  

(SCHORR,  2010)  

Energia  solar  

  Energia   solar   é   aquela   proveniente   do   Sol   (energia   térmica   e   luminosa).   Esta  

energia   é   captada   por   painéis   solares,   formados   por   células   fotovoltaicas,   e  

transformada  em  energia  elétrica  ou  mecânica  (ver  figura  1).  A  energia  solar  também  é  

utilizada,  principalmente  em  residências,  para  o  aquecimento  da  água.    

  A  energia  solar  é  considerada  uma  fonte  de  energia  limpa  e  renovável,  pois  não  

polui  o  meio  ambiente  e  não  acaba.  Este   tipo  de  energia  ainda  é  pouco  utilizado  no  

mundo,   pois   o   custo   de   fabricação   e   instalação   dos   painéis   solares   ainda   é   muito  

elevado.  Outro  problema  é  a  dificuldade  de  armazenamento  da  energia  solar.  

Os  países  que  mais  produzem  energia  solar  são:  Japão,  Estados  Unidos  e  Alemanha.  

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20    

 

Fonte:  http://ambiente.hsw.uol.com.br/  

Figura  1  -­‐  células  de  captação  de  energia  solar  

 

Vantagens  da  utilização  da  energia  solar:  

●  A  energia  solar  não  polui  durante  seu  uso.  A  poluição  decorrente  da  fabricação  dos          

equipamentos  necessários  para  a  construção  dos  painéis  solares  é  totalmente  

controlável  utilizando  as  formas  de  controles  existentes  atualmente.  

●  As  centrais  necessitam  de  manutenção  mínima.  

●  Em  países  tropicais,  como  o  Brasil,  a  utilização  da  energia  solar  é  viável  em  

praticamente  todo  o  território,  e,  em  locais  longe  dos  centros  de  produção  energética,  

sua  utilização  ajuda  a  diminuir  a  demanda  energética.  

Desvantagens  da  energia  solar:  

●  Um  painel  solar  consome  uma  quantidade  enorme  de  energia  para  ser  fabricado.  

●  Os  custos  de  instalação  são  muito  elevados  em  relação  aos  outros  meios  de  energia.    

●   Existe   variação  nas  quantidades  produzidas  de   acordo   com  a   situação  atmosférica  

(chuvas,  neve),  além  de  que  durante  a  noite  não  existe  produção  alguma,  o  que  obriga  

a  que  existam  meios  de  armazenamento  da  energia  produzida  durante  o  dia  em  locais  

onde  os  painéis  solares  não  estejam  ligados  à  rede  de  transmissão  de  energia.  

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21    

Energia  maremotriz  (ondas  do  mar)  

  Energia  maremotriz  é  o  modo  de  geração  de  eletricidade  através  da  utilização  

da  energia  contida  no  movimento  de  massas  de  água  devido  às  marés.  Dois  tipos  de  

energia  maremotriz  podem  ser  obtidos:  energia  cinética  das  correntes  devido  às  marés  

e  energia  potencial  pela  diferença  de  altura  entre  as  marés  alta  e  baixa.  

  Em   qualquer   local   a   superfície   do   oceano   oscila   entre   pontos   altos   e   baixo,  

chamados  marés,  a  cada  12  horas  e  25  minutos.  Em  certas  baías  estuários,  como  junto  

ao  Monte  Saint-­‐Michel,  no  estuário  do  rio  Rance,  na  França,  ou  em  São  Luís,  no  Brasil,  

essas   marés   são   bastante   amplificadas,   podendo   atingir   alturas   da   ordem   de   15  

metros.     As   gigantescas   massas   de   água   que   cobrem   dois   terços   do   planeta  

constituem   o   maior   coletor   de   energia   solar   imaginável.   As   marés,   originadas   pela  

atração  lunar,  também  representam  uma  tentadora  fonte  energética.  Em  conjunto,  a  

temperatura   dos   oceanos,   as   ondas   e   as   marés   poderiam   proporcionar   muito   mais  

energia   do   que   a   humanidade   seria   capaz   de   gastar   —   hoje   ou   no   futuro,   mesmo  

considerando  que  o  consumo  global  simplesmente  dobra  de  dez  em  dez  anos.  

   A  energia  das  marés  é  obtida  de  modo  semelhante  ao  da  energia  hidrelétrica.  

Trata-­‐se  de  uma  obra  complexa  de  Engenharia  Hidráulica.  Constrói-­‐se  uma  barragem,  

formando-­‐se   um   reservatório   junto   ao  mar.   Quando   a  maré   é   alta,   a   água   enche   o  

reservatório,  passando  através  da  turbina  hidráulica,  tipo  bulbo,  e  produzindo  energia  

elétrica.  Na  maré  baixa,   o   reservatório   é   esvaziado  e   a   água  que   sai   do   reservatório  

passa   novamente   através   da   turbina,   em   sentido   contrário,   produzindo   a   energia  

elétrica.  Este  tipo  de  fonte  é  também  usado  no  Japão,  na  França  e  na  Inglaterra.  

Energia  eólica  

  A  energia  eólica  é  a  energia  que  provém  do  vento.  O  termo  eólico  vem  do  latim  

aeolicus,   pertencente   ou   relativo   à   Éolo,   Deus   dos   ventos   na   mitologia   grega   e,  

portanto,  pertencente  ou  relativo  ao  vento.  

  A   energia   eólica   tem   sido   aproveitada   desde   a   antiguidade   para   mover   os  

barcos  impulsionados  por  velas  ou  para  fazer  funcionar  a  engrenagem  de  moinhos,  ao  

mover   as   suas   pás.   Nos   moinhos   de   vento   a   energia   eólica   era   transformada   em  

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energia  mecânica,  utilizada  na  moagem  de  grãos  ou  para  bombear  água.  Os  moinhos  

foram  usados  para  fabricação  de  farinhas  e  ainda  para  drenagem  de  canais,  sobretudo  

nos  Países  Baixos  (Holanda).  

  Na  atualidade  utilizam-­‐se  a  energia  eólica  para  mover  aerogeradores  -­‐  grandes  

turbinas   colocadas   em   lugares   de   muito   vento   (ver   figura   2).   Essas   turbinas   têm   a  

forma   de   um   cata   vento   ou   um   moinho.   Esse   movimento,   através   de   um   gerador,  

produz   energia   elétrica.   Precisam   agrupar-­‐se   em   parques   eólicos,   concentrações   de  

aerogeradores,   necessários   para   que   a   produção   de   energia   se   torne   rentável,   mas  

podem   ser   usados   isoladamente,   para   alimentar   localidades   remotas   e   distantes   da  

rede  de   transmissão.   É  possível   ainda   a  utilização  de   aerogeradores  de  baixa   tensão  

quando  se  trate  de  requisitos  limitados  de  energia  elétrica.  

  A   energia   eólica   pode   ser   considerada   uma   das   mais   promissoras   fontes  

naturais   de   energia,   principalmente   porque   é   renovável,   ou   seja,   não   se   esgota   é  

limpa,   amplamente   distribuída   globalmente   e,   se   utilizada   para   substituir   fontes   de  

combustíveis  fósseis,  auxilia  na  redução  do  efeito  estufa.  Em  países  como  o  Brasil,  que  

possuem  uma  grande  malha  hidrográfica,  a  energia  eólica  pode  se  tornar   importante  

no  futuro,  porque  ela  não  consome  água,  que  é  um  bem  cada  vez  mais  escasso  e  que  

também  vai  ficar  cada  vez  mais  controlado.  (SCHORR,  2010)  

 

Fonte:  http://www.fc-­‐solar.com/  

 

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  Figura  2  -­‐  aerogeradores  (turbinas  para  geração  de  energia  a  partir  do  vento)  

Energia  hidráulica  

  A   energia  hidráulica  ou  energia  hídrica   é   a   energia  obtida   a  partir   da  energia  

potencial  de  uma  massa  de  água.  A  forma  na  qual  ela  se  manifesta  na  natureza  é  nos  

fluxos  de  água,  como  rios  e  lagos  e  pode  ser  aproveitada  por  meio  de  um  desnível  ou  

queda  d'água.  Pode  ser  convertida  na  forma  de  energia  mecânica  (rotação  de  um  eixo)  

através  de  turbinas  hidráulicas  ou  moinhos  de  água.  As  turbinas  por  sua  vez  podem  ser  

usadas   como  acionamento  de  um  equipamento   industrial,   como  um  compressor,  ou  

de  um  gerador  elétrico,  com  a  finalidade  de  prover  energia  elétrica  para  uma  rede  de  

energia.  

  No  Brasil,   devido  a   sua  enorme  quantidade  de   rios,   a  maior  parte  da  energia  

elétrica  disponível  é  proveniente  de  grandes  usinas  hidrelétricas.  A  energia  primária  de  

uma   hidrelétrica   é   a   energia   potencial   gravitacional   da   água   contida   numa   represa  

elevada.  Antes  de  se  tornar  energia  elétrica,  a  energia  primária  deve  ser  convertida  em  

energia  cinética  de  rotação.  O  dispositivo  que  realiza  essa  transformação  é  a  turbina.  

1.3  Fontes  de  energia  não  renováveis  

  As  fontes  de  energia  não  renováveis  são  aquelas  que  se  encontram  na  natureza  

em  quantidades  limitadas  e  se  extinguem  com  a  sua  utilização.  Uma  vez  esgotadas,  as  

reservas  não  podem  ser  regeneradas.  Consideram-­‐se  fontes  de  energia  não  renováveis  

os   combustíveis   fósseis   (carvão,   petróleo   bruto   e   gás   natural)   e   o   urânio,   que   é   a  

matéria-­‐prima  necessária  para  obter  a  energia   resultante  dos  processos  de   fissão  ou  

fusão   nuclear.   Todas   estas   fontes   de   energia   têm   reservas   finitas,   uma   vez   que   é  

necessário   muito   tempo   para   sua   reposição,   e   a   sua   distribuição   geográfica   não   é  

homogênea,  ao  contrário  das  fontes  de  energia  renováveis,  originada  graças  ao  fluxo  

contínuo  de  energia  proveniente  da  natureza.  As  fontes  de  energia  não  renováveis  são  

denominadas   fontes   de   energia   convencionais.   São   também   consideradas   energias  

sujas,   já   que   sua   utilização   causa   significativos   impactos   ambientais   para   o   meio  

ambiente   e   para   a   sociedade:   destruição   de   ecossistemas,   danos   em   bosques   e  

aquíferos,   doenças,   redução   da   produtividade   agrícola,   corrosão   de   edificações,   e  

atualmente  um  dos  problemas  ambientais  mais  graves  resultante  do  uso  de  fontes  de  

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energia  não-­‐renováveis  e  o  efeito  estufa  que  tem  causado  o  aumento  do  aquecimento  

global.   A   alternativa   ao   uso   da   energia   nuclear   como   fonte   de   energia   surgiu   como  

uma   solução  possível   face   ao   problema  do   efeito   de   estufa   (não   são   emitidos   gases  

poluentes   para   a   atmosfera;   contribui   para   a   diversificação   das   fontes   de   energia,  

diminuindo   a   vulnerabilidade   dos   países   ás   oscilações   de   preço   dos   combustíveis  

fósseis;  etc.),  mas  os  riscos  inerentes  à  produção  de  energia  elétrica  recorrendo  a  esta  

fonte   (perigo   de   explosão   nuclear   e   de   produção   de   resíduos   radioativos;  

contaminação  radioativa;  etc.),  sem  esquecer  também  o  custo  elevado  de  construção  

e  manutenção   das   instalações,   contribuem   significativamente   para   que   o   uso   desta  

fonte  de  energia  continue  a  ser  encarada,  por  muitos,  como  um  risco  desaconselhável.    

Petróleo  

  O  petróleo(óleo  mineral),  de  cor  escura  e  cheiro  forte,  é  um  combustível  fóssil,  

produzido  há  milhões  de  anos  pela  pressão  de  material  orgânico,  e  é  hoje  encontrado  

em  algumas  zonas  do  subsolo  da  Terra.  É  a  principal  fonte  de  energia  atual.  O  petróleo  

e   o   gás   natural   são   encontrados   tanto   em   terra   quanto   no  mar,   principalmente   nas  

bacias   sedimentares   (onde   se   encontram   meios   mais   porosos   -­‐   reservatórios).   A  

refinação   do   petróleo   bruto   consiste   na   sua   separação   em   diversos   componentes   e  

permite  obter  os  mais  variados  combustíveis  e  matérias-­‐primas.  

  É  de  fácil  transporte,  mas  seu  potencial  destruidor  do  meio-­‐ambiente  é  muito  

grande,   pois   libera   grande   quantidade   CO2   para   atmosfera   sendo   um   dos   grandes  

"vilões"   do   chamado   aquecimento   global,   por   causa,   da   sua   grande   utilização   nos  

meios  de  transportes  como  carros  e  motos.  

Carvão  Mineral  

  O   carvão   é   uma   rocha   orgânica   com   propriedades   combustíveis,   constituída  

majoritariamente  por  carbono.  A  exploração  de   jazidas  de  carvão  é   feita  em  mais  de  

50   países,   o   que   demonstra   a   sua   abundância.   Esta   situação   contribui,   em   grande  

parte,  para  que  este  combustível  seja  também  o  mais  barato.  

  Inicialmente,  o  carvão  era  utilizado  em  todos  os  processos  industriais  e,  ao  nível  

doméstico,   em   fornos,   fogões,   etc.   Foi   inclusive   o   primeiro   combustível   fóssil   a   ser  

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utilizado  para  a  produção  de  energia  elétrica  nas  centrais  térmicas.  Em  1950,  o  carvão  

cobria   60%   das   necessidades   energéticas   mundiais.   Nos   dias   de   hoje,   devido   ao  

significativo  uso  do  petróleo  e  seus  derivados,  deixou  de  ser  utilizado  na  indústria,  com  

exceção  da  metalúrgica,  e  do  setor  doméstico.  O  principal  problema  da  utilização  do  

carvão   prende-­‐se   com   os   poluentes   resultantes   da   sua   combustão.   De   fato,   a   sua  

queima,   conduz   à   formação   de   cinzas,   dióxido   de   carbono,   dióxidos   de   enxofre   e  

óxidos   de   azoto,   em  maiores   quantidades   do   que   os   produzidos   na   combustão   dos  

restantes  combustíveis  fósseis.  

Gás  Natural  

  O   gás   natural   é   um   combustível   fóssil   com   origem   muito   semelhante   à   do  

petróleo  bruto,  ou  seja,  formou-­‐se  durante  milhões  de  anos  a  partir  dos  sedimentos  de  

animais  e  plantas.  É  o  mais  barato  e  menos  poluente  dos  combustíveis  fósseis,  porém  

de  mais  difícil  extração  Vem  sendo  utilizadas  principalmente  pelas   indústrias,  e  pelos  

automóveis,  mas  também  nas  casas  como  gás  de  cozinha.  

  Tal  como  o  petróleo,  encontra-­‐se  em  jazidas  subterrâneas,  de  onde  é  extraído.  

A  principal  diferença  prende-­‐se  com  a  possibilidade  de  ser  usado  tal  como  é  extraído  

na  origem,  sem  necessidade  de  refinação.    

Energia  Nuclear  

  A  usina  nuclear  é  umas  formas  de  geração  de  energia.  Que  pode  ser  produzida  

através   das   reações   de   fissão   ou   fusão   dos   átomos,   durante   as   quais   são   libertadas  

grandes   quantidades   de   energia   que   podem   ser   utilizadas   para   produzir   energia  

elétrica.   A   fissão   nuclear   utiliza   o   urânio,   um   mineral   presente   na   Terra   em  

quantidades   finitas,   o   processo   de   produção   de   energia   consiste   na   partição   de   um  

núcleo  pesado  em  dois  núcleos  de  massa  aproximadamente  igual.  

  Ainda   que   a   quantidade   de   energia   produzida   através   da   fissão   nuclear   seja  

significativa,  este  processo  apresenta  problemas  de  difícil  resolução:  

• Perigo  de  explosão  nuclear;    

• Produção  de  resíduos  radioativos;    

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26    

• Contaminação  radioativa  e    

• Poluição  térmica.  

  O   grande   inconveniente   do   processo   de   fissão   está   na   produção   de  

radiatividade  e  na  contaminação  radiativa  do  meio  ambiente,  com  todas  as  conhecidas  

consequências  para  a  vida  de  seres  humanos,  animais  e  vegetais  observados  nos  locais  

onde  houve  explosão  de  bombas  atômicas.    

As  discussões  sobre  a  problemática  ambiental  mundial  desencadeada  pelo  uso  

intensivo   e   não   racional   das   fontes   energéticas   não   renováveis   tem   resultado   em  

várias   pesquisas   científicas   que   propiciem   uma   melhor   gestão   desses   recursos  

energéticos.  

  A  gestão  dos  recursos  naturais  nos  últimos  vinte  anos  ganhou  maior  eficiência  

e,  ao  que  tudo  indica  uma  nova  orientação.  Por  conta  dessa  orientação  e  da  convicção  

de  que  a  curto  e  em  médio  prazo  seria  impossível  mudar  a  matriz  energética  mundial,  

a  solução  encontrada  foi  obter  economias  significativas  no  consumo  de  energia,  graças  

a   novas   tecnologias.   Assim,   os   “sistemas   inteligentes”   de   iluminação   e   aquecimento  

dos  edifícios  e  os  sistemas  eletrônicos  para  controle  de  consumo  de  combustível  dos  

carros  conseguiram  maior  eficiência  por  unidade  de  energia  consumida.  O  mesmo  tipo  

de  ação  está  se  realizando  em  relação  à  água,  ainda  que  ela  seja  um  recurso  renovável,  

é  preciso  uma  gestão  cuidadosa  dos  recursos  hídricos.  Hoje,  aproximadamente  trinta  

países  vivem  a  ameaça  de  escassez  de  água.  

  A   energia,   a   água,   os   minerais,   entre   outros   recursos   da   natureza,   não   são  

inesgotáveis.  Nosso  planeta  é  um  sistema  fechado  e  nós  estamos  alcançando  os  seus  

limites.  Por   isso  existe  a  necessidade  de  utilizar  esses   recursos  de   forma  racional.  As  

novas   tecnologias   devem   ser   difundidas   para   que   sejam   adotados   novos  

comportamentos  sociais,  a  partir  de  políticas  ambientais.  A  sociedade  conservacionista  

depende,  fundamentalmente,  do  compromisso  dos  indivíduos  que  a  compõem.  

 

 

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27    

 

 

 

 

 

 

 

 

UNIDADE  3  MANEJO  E  CONSERVAÇÃO  DE  RECURSOS  

NATURAIS      

 

 

 

 

 

 

 

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28    

1  Introdução  

Manejo   ou   a   administração   dos   recursos   naturais   objetiva   a   utilização  

adequada   dos   recursos   naturais   e   dos   ecossistemas,   de   modo   a   respeitar   sua  

capacidade  de  reprodução  e  de  carga  e  sua  utilização  em  forma  sustentável.  Manejar  

os  recursos  naturais  significa  aplicar  ao  mesmo  um  conjunto  de  técnicas  com  a  finalidade  

não  só  de  protegê-­‐lo  como  também  de  melhorar  a  produção  dos  mesmos.  Nesse  sentido,  

pode-­‐se   falar   em   manejo   do   solo,   florestal,   pesqueiro,   etc.   A   administração   dos  

recursos  naturais  pode  ser  realizada  de  forma  mais  adequada  dentro  dos  quadros  do  

gerenciamento  ambiental.  Já  a  conservação  dos  recursos  naturais  é  o  nome  que  se  dá  

à  moderna   preocupação   em   utilizar   adequadamente   os   recursos   da   natureza   que   o  

homem   transforma   ou   consome.   Conservar,   nesse   caso,   não   significa   guardar   e   sim  

utilizar  racionalmente.  

1.1  Utilização  da  Natureza  

A   natureza   deve   ser   consumida   ou   utilizada   para   atender   às   necessidades  

presente  dos  seres  humano,  mas  levando  em  conta  o  futuro  representado  pelas  novas  

gerações  que  ainda  não  nasceram,  mas  para  as  quais  temos  a  obrigação  de  deixar  um  

meio   ambiente   sadio.  Dessa   forma   manejo   e   conservação   dos   recursos   naturais  

implicam  em  usá-­‐los  de   forma  econômica  e   racional   para  que,   os   renováveis   não   se  

extingam  por  mau  uso  e  os  não  renováveis  não  se  extingam  rapidamente.    

  Como  visto  na  descrição  dos  conceitos  de  manejo  e  conservação  dos  recursos  

naturais   existe   um   inter-­‐relacionamento   entre   os   dois,   visto   que   com   o   manejo  

adequado  dos  recursos  naturais  também  está  sendo  feita  a  conservação  dos  mesmos.    

Parâmetros  e  técnicas  utilizadas  no  manejo  de  recursos  naturais  

  Vários  são  os  parâmetros  utilizados  no  manejo  de  recursos  naturais  renováveis.  

O  critério  de  produção  máxima  sustentável  é  baseado  exclusivamente  em  parâmetros  

biológicos  e  define  o  volume  de  recursos  naturais  (peixes,  por  exemplo)  que  pode  ser  

utilizado   sem   que   a   reprodução   das   espécies   corra   perigo.   Critérios   de   caráter  

econômico   (rendimento   máximo   econômico)   ou   social   (máximo   benefício   social)  

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29    

também  são  utilizados.  Os  três  critérios  isolados  apresentam  problemas  de  utilização  e  

uma  combinação  dos  três  é  necessária.  O  peso  que  receberá  cada  um  deles  depende  

dos  objetivos  mais  amplos  ditados  pelo  tipo  de  desenvolvimento  que  leve  em  conta  os  

benefícios  para  a  geração  atual  e  futura.  

  As  técnicas  de  gerenciamento  ou  manejo  de  recursos  naturais  variam  segundo  

os  tipos  de  recursos  (solos,  águas,  florestais,  pesqueiros),  mas  se  compõem  de  vários  

tipos   de   restrições   (de   acesso   aos   recursos   naturais   em   certos   períodos,   de   uso   de  

certos   equipamentos   ou   tecnologias,   etc.).   A   educação   ambiental   também   pode   ser  

usada  como  uma  técnica  de  manejo  ambiental,  visto  que  conscientiza  os  indivíduos  no  

trato  com  o  meio  ambiente.  

  Exemplos  de  manejo  ambiental  nas  atividades  humanas:  

Manejo  Florestal  

  O  manejo  sustentável,  ou  bom  manejo,  é  a  melhor  solução  para  a  exploração  

racional  de  madeira  e  outras  riquezas  não-­‐madeireiras  da  floresta.  Urna  floresta  bem  

manejada   continuará   oferecendo   essas   riquezas   para   as   gerações   futuras,   pois   a  

madeira  e  seus  outros  produtos  são  recursos  renováveis.  

  O  decreto  Nº  1.282,  de  19  de  outubro  de  1994  que  regulamentou  a  exploração  

das   florestas   na   Amazônia   define   o   manejo   sustentável   corno   "a   administração   da  

floresta   para   a   obtenção   de   benefícios   econômicos   e   sociais,   respeitando-­‐se   os  

mecanismos   de   sustentação   do   ecossistema   objeto   do   manejo".   Atualmente,   o  

conceito   foi   ampliado   para   manejo   florestal   de   uso   múltiplo,   passando   a   incluir  

"múltiplos   produtos   e   subprodutos   não   madeireiros   a   utilização   de   outros   bens   e  

serviços  naturais  da  floresta".  

  O   bom   manejo   implica   urna   exploração   cuidadosa,   de   impacto   ambiental  

reduzido,  a  aplicação  de  tratamentos  silviculturais,  para  potencializar  a  regeneração  da  

floresta   e   fazer   crescer   outra   colheita,   e   o   monitoramento,   para   controlar   essa  

regeneração  e  ajudar  o  manejador  na  tornada  de  decisões  técnicas  e  comerciais.  

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30    

  Em  termos  ambientais,  o  bom  manejo  contribui  para  que  a  floresta  mantenha  

sua  forma  e  função  mais  próximas  de  seu  estado  original.  A  manutenção  da  forma  se  

dá  na  medida  em  que  se  minimizam  os  danos  à  floresta  e,  em  consequência,  às  árvores  

comerciais   remanescentes.   Mantida   a   sua   forma,   a   floresta   pode   continuar   a  

desempenhar  suas  funções:  proteger  o  solo  contra  a  erosão,  preservar  a  qualidade  da  

água,   abrigar   a   biodiversidade   e   outras.   Além   disso,   a   floresta   remanescente   corre  

menos  riscos  de  incêndios  e  pode  ser  enriquecida  com  os  tratamentos  silviculturais.  

  O  bom  manejo  é  economicamente  viável  e,  em  longo  prazo,  mais  barato  que  a  

exploração  convencional.  

Manejo  do  solo  

  O  solo  se  constitui  no  recurso  mais  importante  da  agricultura,  uma  verdadeira  

dádiva  da  natureza,   significando  dizer  que  deve  ser  bem  cuidado,  para  passar  de  pai  

para  filho,  como  um  legado  usufruto,  beneficiando  as  gerações  subsequentes.  

  Para   tanto,   há   que   se   atentar   para   os   cuidados   e   técnicas   de   manejo   que  

possibilitem  tirar  o  máximo  da  terra  sem  lhe  causar  maiores  danos.    

  Exemplos  de  cuidados  e  técnicas  de  manejos  de  solos  resumidos:    

I.  Evitar  as  queimadas,  uma  vez  que  ela  provoca  a  morte  dos  micro-­‐organismos  do  solo  

e,   mais   ainda,   destrói   a   matéria   orgânica,   rompendo   as   unidades   estruturais,  

ocasionando   o   arraste   da   capa   superficial   pela   ação   erosiva   das   gotas   de   chuvas,  

empobrecendo  rapidamente  a  terra;  

II.   Não   se   deve   deixar   o   solo   desprotegido,   ou   seja,   nu,   inclusive   nos   intervalos   dos  

cultivos,  a   fim  de  evitar   também  o  desgaste  da  capa  organo-­‐mineral,  agravada  ainda  

com  a  invasão  das  ervas  daninhas  que  consomem  os  nutrientes  do  terreno;  

III.   Não   cultivar   o   solo   em   relevos   muito   fortes,   escarpados,   a   não   ser   o   seu   terço  

inferior,  porém  mantendo  a  vegetação   intacta  no  seu  topo.  E,  quando  o  fizer,   jamais  

plantar  morro  abaixo,  mas  no  sentido  das  curvas  de  níveis,  de  modo  a  evitar  a  erosão  

do  solo.  

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31    

IV.   Não   realizar   tráfegos   constantes   na   área,   sobretudo   com   máquinas   pesadas   e  

práticas   de   aração   e   gradagem   com   o   solo   úmido,   evitando-­‐se   a   compactação   do  

terreno;  

V.  De  tempo  em  tempo,  variar  o  tipo  de  cultivo  na  mesma  área,  ou  fazer  sequencias  de  

culturas,   com   a   finalidade   de   se   quebrar   os   ciclos   dos   inimigos   naturais   (pragas   e  

doenças)  e  se  dispor  de  resíduos  orgânicos  mais  ricos  ou  diversificados  no  solo;  

VI.   No   caso   de   plantios   em   cova,   sobretudo   em   solos   pobres,   fazê-­‐los   em   buracos  

profundos  (40x40x40cm),  adicionando  à  massa  do  solo  retirada,  3  a  5  kg  de  esterco  de  

curral,   ou   outra   fonte   orgânica,   com   a   finalidade   de   propiciar   melhores   condições  

desenvolvimento  para  as  plantas;  

VII.   Manter   as   matas   ciliares   (árvores   que   margeiam   os   rios),   a   vegetação   das  

nascentes  e  dos   topos  das  vertentes,  com  a   finalidade  de,  além  de  conservar  o  solo,  

preservar  o  manancial  hídrico,  mantendo  regularizados  os  cursos  de  água.  

1.2  Planos  de  Manejo  Para  Proteger  as  Unidades  de  Conservação  (UC)  

  A  aplicação  de  práticas  de  manejo  ambientalmente  corretas  é  umas  das  chaves  

para   a   proteção   ambiental,   visto   que   o   manejo   adequado   ajuda   a   controlar   as  

alterações  impostas  pelas  atividades  humanas  e,  possivelmente,  servirá  para  prevenir  

a  completa  degradação  dos  ecossistemas.  Mais  do  que  nunca  é  reconhecida  a  validade  

do  provérbio:  mais  vale  prevenir  do  que  remediar.  

O  manejo  de  uma  área  protegida  pode  ser  definido  como  o  conjunto  de  ações  

que  resultam  em  um  melhor  aproveitamento  e  permanência  de  uma  área  protegida,  

permitindo   que   os   objetivos   para   os   quais   fossem   estabelecidas   se   cumpram.   Esse  

conjunto  de  ações  para  as  áreas  protegidas  são  denominados  de  plano  de  manejo.  

O  plano  de  manejo  é  um  instrumento  dinâmico  que  apresenta  diretrizes  básicas  

para  o  manejo  de  áreas  protegidas,  mediante  a   análise  dos   seus   recursos  naturais   e  

dos  fatores  antrópicos  que  a  afetam,  resultando  num  amplo  processo  de  planejamento  

para  a  indicação  das  ações  ativas  e  passivas  a  serem  realizadas  na  área  de  intervenção,  

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32    

com  base  em  informações  coletadas  e  analisadas.  No  plano  de  manejo,  deve-­‐se  definir  

o   zoneamento   da   área,   caracterizando   cada   uma   de   suas   zonas   de   acordo   com   as  

atividades   a   serem   nelas   desenvolvidas   e   estabelecendo   diretrizes   para   seu   uso  

imediato  e  a  médio  e   longo  prazo,  através  de  programas  de  gerenciamento   (IBAMA,  

2009).    

Os  planos  de  manejo  são  os  documentos  oficiais  de  planejamento  das  unidades  

de   conservação   e   todas   devem   possuir   um.   No   entanto,   muitas   unidades   de  

conservação  no  Brasil  não  possuem  planos  de  manejo  e  por  vezes  chegam  a  existir  por  

mais  de  uma  década  sem  qualquer  documento  de  planejamento.  (IBAMA,  2009).  

1.3  Unidades  de  Conservação  (UCs)  

  Unidades   de   Conservação   são   espaços   de   relevante   importância   ambiental,  

delimitados,   instituídos   e   protegidos   com   base   a   Legislação   Federal,   Estadual   e/ou  

Municipal   com  o   intuito  de  proteger   suas  valiosas  características  para  a  conservação  

do   elenco   e   o   usufruir   das   futuras   gerações.   Espaço   territorial   e   seus   recursos  

ambientais,   incluindo   as   águas   jurisdicionais,   com  características   naturais   relevantes,  

legalmente   instituídos   pelo   Poder   Público,   com   objetivos   de   conservação   e   limites  

definidos,   sob-­‐regime   especial   de   administração,   ao   qual   se   aplicam   garantias  

adequadas  de  proteção  (EMBRAPA,  2007).  

  Podemos  ter  por  Unidades  de  Conservação,  espaços  especialmente  protegidos  

para   a   conservação   da   natureza,   com   diferentes   objetivos,   como   por   exemplo:   uso  

sustentável   dos   recursos   naturais,   pesquisa,   educação   ambiental   e   visitação   em  

ambientes  naturais  (MARETTI,  2007).    

  São   áreas   protegidas   por   lei,   para   conservar   e   proteger   ecossistemas   naturais   e  processos  ecológicos  necessários  à  manutenção  da  vida,  contribuir  para  a  preservação  da  biodiversidade  e     de   formas   de   vida   ameaçadas   de   extinção,   assegurar   a  sustentabilidade  do  uso  de  recursos  naturais  renováveis,  estimular  o  desenvolvimento  econômico,  permitir  realização  de  pesquisas     científicas,   atividades   turísticas,  recreacionais   e   solidificar   a   identidade   cultural   de   populações   humanas   (EMBRAPA,  2007).  

  No   tocante   a   Legislação,   esses   espaços   são   instrumentos   imprescindíveis   para   a  

conservação   e   revitalização   de   diversas   características   do   conjunto   da   biodiversidade;  

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33    

numa   postura   política   que   vise   o   aproveitamento   pelas   futuras   gerações   de   recursos  

naturais  que,  nos  dias  de  hoje,  apresentam-­‐se  em  abundância,  mas  que  correm  o  risco  de  

não  existência,  a  pequeno,  médio  e/ou  longo  prazo.  

1.4  Histórico  das  Unidades  de  Conservação  

  Existem  indícios  de  que  a  prática  de  criar  áreas  com  características  naturais  ou  

culturais   relevantes   já   era   realizada   desde   a   Antiguidade   por   algumas   civilizações,  

como,   por   exemplo,   os   egípcios   (BRITES   2011).   Abraçando   simplesmente   a   ideia   de  

Unidade   de   Conservação   como   espaço   delimitado   pelo   homem,   dedicado   à   reserva  

natural   e   ao   laser   humano,   podemos   concluir   que   estes   espaços   foram   introduzidos  

com  os  babilônios  e  seus   famosos   Jardins  da  Babilônia   (Jardins  Suspensos),  por  volta  

de  600  a.C.  Na  concepção  moderna,  a  primeira  Unidade  de  Conservação  a  ser  criada  

foi   o  Parque  Nacional  de  Yellowstone,   nos   Estados  Unidos  da  América  do  Norte,   em  

1872.  

  Em  âmbito  nacional,  a  primeira  Unidade  de  Conservação  foi  o  Parque  Nacional  

do  Itatiaia,  em  1937,  em  região  montanhosa  e  de  Mata  Atlântica  no  Estado  do  Rio  de  

Janeiro   (ver   figura   01).   Essa   Unidade   foi   introduzida   a   partir   da   campanha  

conservacionista  iniciada  por  André  Rebouças1,  que  contribuiu  também  para  a  criação  

de  duas  outras  Unidades  nos  anos  seguintes:  Serra  dos  Órgãos,  também  localizada  no  

Rio  de  Janeiro;  e  Iguaçu,  no  Paraná  (IBAMA,  2009).  

Fonte  http://www.parquenacionaldoitatiaia.com.br/  

Figura  1  -­‐  paisagem  do  parque  nacional  Itatiaia.  

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34    

  Em   Alagoas,   a   criação   de   Unidades   de   Conservação   ocorreu   de   forma   ainda  

mais  tardia  e  boa  parte  da  riqueza  ambiental  do  Estado  foi  perdida,  processo  ao  qual,  a  

expansão   e   exploração   territorial   da   monocultura   latifundiária   da   cana   (Saccharum  

officinarum)   destacam-­‐se,   cobrindo   grande   parte   do   território   alagoano   e  

aprofundando  impactos  relevantes  como  o  êxodo  rural  e  a  pobreza.  

O   processo   de   degradação   da   Mata   Atlântica   iniciou-­‐se   com   a   retirada  indiscriminada   do   Pau-­‐Brasil   (Caesalpina   Ecnhinata)   e   de   outras  madeiras   de   lei.  Teve  continuidade  com  a  chegada  do     ciclo   da   Cana-­‐de-­‐açúcar.   Com   o   processo  de   modernização,   esses   engenhos   foram   se   transformando   na   agroindústria  açucareira,   com   suas   grandes   usinas,   promovendo-­‐se   uma   rápida   expansão   das  fronteiras   agrícolas   associada   ao   crescimento   dos   centros   urbanos,   resultando  numa  contínua  redução  da  cobertura  vegetal  da  área  original  (AUTO,  1998).  

  Para   agrave   da   situação,   muito   do   que   foi   perdido   nunca   foi   registrado.  

Segundo   Auto   (1998),   O   Parque   Municipal   de   Maceió   foi   a   Primeira   Unidade   de  

Conservação  legalmente  introduzido  do  Estado  de  Alagoas,  no  ano  de  1978  (somente  

quarenta  e  um  anos  após  a  criação  da  primeira  Unidade  de  Conservação  do  Brasil).  

3.4  Sistema  Nacional  de  Unidades  de  Conservação  (SNUC)    

  Norteia  nacionalmente,   a   gestão  das  Unidades  de  Conservação;   sistematiza  o  

conjunto   de   leis   direcionadas   às   categorias   de  Manejo   das   três   esferas   de   Poder   de  

institucionalização  de  Unidades  de  Conservação:  Federal,  Estadual  e  Municipal.  Em  Lei  

nº   9.985,   de   18   de   junho  de   2000,   capítulo   I,   Artigo   2º,   entende-­‐se   por  Unidade  de  

Conservação:    

Espaço   territorial   e   seus   recursos   ambientais,   incluindo   as   águas   jurisdicionais,  com  características  naturais  relevantes,  legalmente  instituídos  pelo  Poder  Público  com   objetivos   de   conservação   e   limites   definidos,   sob   regime   especial   de  administração   ao   qual   se   aplicam   garantias   adequadas   de   proteção   (IBAMA,  2009).    

   Ainda   conforme   o   SNUC,   as   Unidades   de   Conservação   dividem-­‐se   em   duas  

categorias:  de  Proteção  Integral,  que  tem  como  objetivo  básico  preservar  a  natureza,  

Sendo   admitido   apenas   o   uso   indireto   dos   seus   recursos   naturais,   com   exceção   dos  

casos  previstos  nessa  Lei;  e  as  Unidades  de  Uso  Sustentável,  que   tem  como  objetivo  

compatibilizar  a  conservação  da  natureza  com  o  uso  sustentável  de  parcela  dos  seus  

recursos  naturais.  

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35    

  Apesar   do   avanço   que   representa   a   criação   do   SNUC,   não   há   nenhum  

mecanismo  que  centralize  e  publicize  a  relação  de  todas  as  Unidades  de  Conservação  

espalhadas   pelo   território   brasileiro,   nas   três   esferas   governamentais,   de   maneira  

cotidiana  ou,  ao  menos,  em  curto  espaço  de  tempo.  Segundo  estudo  elaborado  pela  

Diretoria   de   Ecossistemas   do   Instituto   Brasileiro   do  Meio   Ambiente   e   dos   Recursos  

Naturais  Renováveis   (IBAMA),   atualizada  em  31  de  dezembro  de  2006,  no   tocante  a  

esfera  Federal  (excluídas  as  RPPNs  –  Reserva  Particular  do  Patrimônio  Natural),  existia  

no  Brasil  728  (setecentas  e  vinte  e  oito)  Unidades  de  Conservação.    

  Entre   essas,   cento   e   vinte   e   seis   (17,31%)   são   de   Proteção   Integral,   ou   seja,  

manutenção  dos  ecossistemas  livres  de  alterações  causadas  por  interferência  humana,  

admitido  apenas  o  uso  indireto  dos  seus  atributos  naturais;  seiscentos  e  duas  Unidades  

de   Conservação   (82,69%)   possuíam   caráter   de   Uso   Sustentável,   com   exploração   do  

ambiente   garantida   de   maneira   a   preservar   a   perenidade   dos   recursos   ambientais  

renováveis   e   dos   processos   ecológicos,   mantendo   a   biodiversidade   e   os   demais  

atributos  ecológicos,  de  forma  socialmente  justa  e  economicamente  viável.    

1.4  Unidades  de  Conservação  de  Proteção  Integral    

  As   primeiras   Unidades   de   Conservação   introduzidas   no   Brasil   pertencem   ao  

grupo   de   Proteção   Integral.   Segundo   o   SNUC,   está   dividido   em   cinco   subconjuntos:  

Estação  Ecológica;  Reserva  Biológica;  Parque  Nacional;  Monumento  Natural  e  Refúgio  

de  Vida  Silvestre.    

1.4.1  Estação  Ecológica    

  Tem   como   objetivo   a   preservação   da   natureza   e   a   realização   de   pesquisas  

científicas   (EMBRAPA,  2007).  A   circulação  de  pessoas  é   limitada,  mas  é  possível,  por  

meio   de   prévia   autorização   do   órgão   gestor   da   área,   desenvolver   atividades   de   fins  

científicos,  bem  como  utilizar  o  espaço  para  fins  de  Educação  Ambiental,  respeitando  o  

Plano  de  Manejo  e  ou  regulamento  específico.  Alguns  exemplos  de  Estações  Ecológicas  

são:  Grão-­‐Pará,  no  Estado  do  Pará,  maior  Estação  Ecológica  do  mundo,  Guanabara,  no  

Estado  do  Rio  de  Janeiro;  e  Murici,  em  Alagoas.    

Page 36: manejo, conservação e impacto em recursos naturais

36    

1.4.2  Reserva  Biológica    

  Tem  como  objetivo  a  preservação  integral  da  biota  e  demais  atributos  naturais  

existentes   em   seus   limites,   sem   interferência   humana   direta   ou   modificações  

ambientais,  excetuando-­‐se  as  medidas  de  recuperação  de  seus  ecossistemas  alterados  

e   as   ações   de  manejo   necessárias   para   recuperar   e   preservar   o   equilíbrio   natural,   a  

diversidade  biológica  e  os  processos  ecológicos  naturais   (BRASIL,   2000).  A   circulação  

de  pessoas  é  limitada,  mas  é  possível,  por  meio  de  prévia  autorização  do  Órgão  Gestor  

da   área,   desenvolver   atividades   de   fins   científicos,   bem   como  utilizar   o   espaço   para  

fins   de   Educação   Ambiental,   respeitando   o   Plano   de   Manejo   e   ou   regulamento  

específico.   São   áreas   de   domínio   coletivo,   havendo   propriedade   privada   dentro   de  

seus   limites,   prosseguirá   processo   de   desapropriação,   salvo   o   estipulado   pela  

Legislação.  Alguns  exemplos  de  Reservas  Biológicas  são:  Contagem,  no  Distrito  Federal;  

Uatumã,  no  Estado  do  Amazonas;  e  de  Pedra  Talhada,  em  Alagoas.    

1.4.3  Parque  Nacional    

Tem   como   objetivo   básico   a   preservação   de   ecossistemas   naturais   de   grande  relevância     ecológica   e   beleza   cênica,   possibilitando   a   realização   de   pesquisas  científicas   e   o   desenvolvimento   de   atividades   de   educação   e   interpretação  ambiental,  de  recreação  em  contato     com   a   natureza   e   de   turismo   ecológico  (IBAMA,  2009).  

   A  legislação  ambiental  dos  Parques  Nacionais  também  é  empregada  a  Parques  

Estaduais  e  Municipais,  salvo  adaptações.  Alguns  exemplos  de  Parques  são:  O  Parque  

nacional  das   Ilhas  Galápagos,  no  Equador;  Parque  Nacional  do   Itatiaia,  no  Estado  do  

Rio   de   Janeiro;   e   o   Parque   Municipal   de   Maceió.   Foi   justamente   a   criação   dos  

primeiros   Parques   que   marcou   no   começo   da   Idade   Contemporânea,   o   início   da  

Moderna  Política  de  implantação  de  espaços  para  a  conservação  do  meio  ambiente  e  

contemplação   da   Natureza.   Yellowstone   (em   nível   Mundial)   e   Itatiaia   (em   nível  

Nacional)   foram   o   que   se   pode   informalmente   chamar   de   “Plano   Piloto”,   ou   mais  

vulgarmente  “Cobaias”;  colocadas  como  referência  para  criação  às  demais  unidades  de  

conservação,  em  suas  diferentes  esferas.  

 

 

Page 37: manejo, conservação e impacto em recursos naturais

37    

1.4.4  Monumento  Natural    

  Tem   como   objetivo   básico   preservar   sítios   naturais   raros,   singulares   ou   de  

grande   beleza   cênica   (BRASIL,   2000).   Pode   localizar-­‐se   inserido   em   área   de  

propriedade   privada,   observando-­‐se   a   viabilidade   de   atividades   antrópicas   que  

respeitem   a   conservação   das   características   da   Unidade   de   Conservação.   Alguns  

exemplos   são:   Monumento   Natural   das   Pegadas   de   Dinossauros   de   Ourém/Torres  

Novas,   em   Portugal;  Monumento   Natural   dos  Morros   de   Pão   de   Açúcar   e   Urca,   no  

estado  do  Rio  de  Janeiro;  e  Grota  do  Angico,  No  estado  de  Sergipe.  

1.4.5  Refúgio  da  Vida  Silvestre    

  Tem  como  objetivo  proteger  ambientes  naturais  onde  se  asseguram  condições  

para  a  existência  ou  reprodução  de  espécies  ou  comunidades  da  flora  local  e  da  fauna  

residente   ou   migratória   (BRASIL,   2000).   Pode   localizar-­‐se   inserido   em   área   de  

propriedade   privada,   observando-­‐se   a   viabilidade   de   atividades   antrópica   que  

respeitem  a  conservação  das  características  da  Unidade  de  Conservação.  Exemplos  de  

Refúgio  da  Vida  Silvestre  são:  Sauim-­‐Castanheira,  no  estado  do  Amazonas;  Corixão  da  

Mata  Azul,  no  Mato  Grosso  do  Sul;  e  Rio  dos  Frades,  no  Sul  da  Bahia.    

1.5  Unidades  de  Conservação  de  Usos  Sustentável    

  Também  conhecidas  com  categorias  de  Unidades  de  Conservação  de  uso  

direto,  este  grupo  surge  por  um  esforço  para  conciliar  áreas  de  preservação  com  a  

atividade  antrópica,  de  forma  a  integrada  e  respeitosa.    

1.5.1  Área  de  Proteção  Ambiental  (APA)    

  É  uma  área  em  geral  extensa,  com  certo  grau  de  ocupação  humana,  dotada  de  

atributos  abióticos,  bióticos,  estéticos  ou  culturais  especialmente   importantes  para  a  

qualidade   de   vida   e   o   bem-­‐estar   das   populações   humanas,   e   tem   como   objetivos  

básicos   proteger   a   diversidade   biológica,   disciplinar   o   processo   de   ocupação   e  

assegurar   a   sustentabilidade   do   uso   dos   recursos   naturais   (BRASIL,   2000).   Estas  

Unidades  objetivam  assegurar  a  qualidade  de  vida  das  populações  e  não   impedem  o  

uso  de  uma  região  (...).  Em  sua  concepção  legal  são  mantidos  os  princípios  que  regem  

o  direito  a  propriedade,  permanecendo  as  terras  sob  domínio  dos  proprietários  (AUTO,  

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38    

1998).    Representam  um  dos   tipos  de  Unidades  de  Conservação  de  maior  ocorrência  

no   Brasil,   dispondo   obrigatoriamente   de   Conselho   presidido   pelo   órgão   gestor,  

adicionado  outros  órgãos  públicos  e  a  sociedade  civil  organizada.  Exemplos:  Fernando  

de  Noronha,  Chapada  dos  Veadeiros  (GO)  e  Ilha  de  Santa  Rita,  em  Alagoas.    

1.5.2  Área  de  Relevante  Interesse  Ecológico  (ARIE)  

É   uma   área   em   geral   de   pequena   extensão,   com   pouca   ou   nenhuma  ocupação  humana,  com     características   naturais   extraordinárias   ou  que   abriga   exemplares   raros   da   biota   regional,   e   tem   como   objetivo  manter  os  ecossistemas  naturais  de  importância  regional  ou  local  e  regular  o   uso   admissível   dessas   áreas,   de   modo   a   compatibilizá-­‐lo   com   os  objetivos  de  conservação  da  natureza.  (BRASIL,  2009).    

  Estas   Unidades   interam-­‐se   em   áreas   públicas   ou   privadas,   havendo   a  

possibilidade  de  estabelecimento  de  normas  e  restrições  segundo  o  interesse  público  

assegurado   pela   constituição.   Exemplos:   Vale   dos   Dinossauros   (PB),   Seringal   Nova  

Esperança  (AC)  e  Complexo  Florestal  de  Murici,  em  Alagoas.    

1.5.3  Floresta  Nacional    

  É  uma  área  com  cobertura  florestal  de  espécies  predominantemente  nativas  e  

tem   como   objetivo   básico   o   uso   múltiplo   sustentável   dos   recursos   florestais   e   a  

pesquisa  científica,  com  ênfase  em  métodos  para  exploração  sustentável  de  florestas  

nativas  (IBAMA,  2009).    

  No   Brasil,   estas   Unidades   interam   em   áreas   de   domínio   público,   havendo  

desapropriação   de   propriedades   privadas,   com   exceção   às   populações   tradicionais.  

Estas   últimas   desempenham   participação   no   Conselho   Consultivo   da   Unidade,   em  

companhia   da   administração,   dos   Órgãos   públicos   e   sociedade   civil   organizada.  

Visitação  e  pesquisa  são  permitidas  sob  ponderações  descritas  no  estatuto  da  Unidade  

de   Conservação.   Exemplos   de   Unidades   de   Floresta   Nacional:   de   Lorena   (SP),   São  

Francisco  de  Paula  (RS)  e  Shoshone,  nos  Estados  Unidos  da  América  do  Norte.  

1.5.4  Reserva  Extrativista  (RESEX)    

É   uma   área   utilizada   por   populações   extrativistas   tradicionais,   cuja   subsistência  baseia-­‐se  no     extrativismo   e,   complementarmente,   na   agricultura   de  subsistência   e   na   criação   de   animais   de   pequeno   porte,   e   tem   como   objetivos  

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básicos  proteger  os  meios  de  vida  e  a   cultura  dessas  populações,  e  assegurar  o  uso  sustentável  dos  recursos  naturais  da  unidade.  (BRASIL,  2000).    

  Estas   Unidades   interam-­‐se   em   áreas   públicas   e   demonstram-­‐se   de   suma  

importância   enquanto   ambiente   de   conservação   natural   e   cultural,   uma   vez   que  

privilegia   a   sobrevivência   de   populações   tradicionais.   A   gestão   pode   ser  

desempenhada  por  um  conselho  deliberativo,  com  representação  do  poder  público,  da  

sociedade  civil  organizada  e  das  populações  tradicionais.    

  Por  outro   lado,  é  proibida  a  extração  mineral  e   caça  amadora  ou  profissional  

(salvo  a  necessária  a   sobrevivência  da  população   local);  pesquisa  e   visitação   seguem  

parâmetros   estatuintes,   bem   como   a   exploração   de   recursos   madeireiros   de   forma  

controlada  e  sustentável.  Exemplos:  Mandira  (SP),  Angelim  (RO)  e  Jequiá  da  Praia,  em  

Alagoas.  

1.5.5  Reserva  de  Fauna    

  A   Reserva   de   fauna   é   uma   área   natural   com  populações   animais   de   espécies  

nativas,   terrestres   ou   aquáticas,   residentes   ou  migratórias,   adequadas   para   estudos  

técnico-­‐científicos   sobre   o   manejo   econômico   sustentável   de   recursos   faunísticos  

(Brasil,   2000).   Estas   Unidades   interam-­‐se   em   áreas   públicas,   devendo   haver  

desapropriação   da   área   privadas   em   sua   introdução.   É   proibida   a   caça   amadora   ou  

profissional;  a  pesquisa  e  visitação  são  controladas  e  seguem  parâmetros  estatuintes  e  

da  lei,  bem  como  a  exploração  de  recursos.  Exemplo:  Baía  da  Babitonga  (SC).    

1.5.6  Reserva  de  Desenvolvimento  Sustentável    

É  uma  área  natural  que  abriga  populações  tradicionais,  cuja  existência  baseia-­‐se  

em  sistemas  sustentáveis  de  exploração  dos  recursos  naturais,  desenvolvidos  ao  

longo  de  gerações  e    adaptados   às   condições   ecológicas   locais   e   que  

desempenham  um  papel  fundamental  na  proteção  da  natureza  e  na  manutenção  

da  diversidade  biológica  (BRASIL,  2000).  

   Estas  Unidades   interam-­‐se  em  áreas  públicas;   quando  da  existência  de  áreas  

privadas,  desenvolve-­‐se  processo  de  desapropriação  se  necessário.  Abriga  populações  

tradicionais   integradas   a   dinâmica   da   reserva.   Pesquisa   e   visitação   são   incentivadas,  

obedecendo   a   parâmetros   do   manejo   local.   A   exploração   dos   recursos   obedece   ao  

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40    

manejo   e   ao   previsto   na   Lei.   Exemplos:   Mamirauá   (AM),   Itatupã-­‐Baquiá   (PA),   Tupé  

(AM).            

1.5.7  Reserva  Particular  de  Patrimônio  Natural  (RPPN)    

  A  Reserva  Particular  do  Patrimônio  Natural   é  uma  área  privada,   gravada   com  

perpetuidade,  com  o  objetivo  de  conservar  a  diversidade  biológica  (BRASIL,  2009).      

  O   estabelecimento   destas   unidades   de   conservação   depende   do   conjunto  

natural   da   área   e   do   interesse   do   poder   público,   na   figura   do   órgão   ambiental  

responsável.  Além  disso,  faz-­‐se  necessária  liberdade  para  pesquisa  e  visitação  pública  

(estabelecidas  em  regularmente).  Esta  modalidade  vem  despertando  visível   interesse  

dos  proprietários  privados,   os  quais   podem  ser   consagrados   com   incentivos   fiscais   e  

benefícios  financeiros  de  mercado  (como  no  caso  do  setor  canavieiro),  possibilitando  

uma   reprodução  em   longa  escala  de  RPPN’s  na  última  década.  Exemplos:  Vera  Cruz,  

Rosa  do  Sol  e  São  Pedro  (todas  em  Alagoas).  

 1.6  Gestão  de  Unidades  de  Conservação    

O   processo   de   gestão   ambiental   inicia-­‐se   quando   se   promovem  adaptações  e  modificações  no  ambiente  natural,  de  forma  a  adequá-­‐lo   às   necessidades   individuais   ou   coletivas,   gerando   dessa   forma   o  ambiente  urbano  nas  suas  mais  diversas  variedades  de  conformação  e  escala  (PHILLIPI     JÚNIOR;  2004).  

  Gestão   de  Unidade   de   Conservação   pode   ser   entendida   como   o   conjunto   de  

políticas   que   abrange   as   práticas   necessárias   para   garantir   a   eficácia   e   eficiência,   no  

sentido   de   assegurar   a   sustentabilidade   dos   recursos   de   uma   determinada   área   de  

relevância   ambiental.   Geralmente   a   Gestão   das   Unidades   de   Conservação   é  

desempenhada  unicamente  pelo  órgão   federal,  estadual  ou  municipal  designado  por  

meio   da   autarquia   de   poder.   Embora   isso,   é   possível   também   uma   gestão   por  

organizações   da   Sociedade   Civil,   respaldada   pelo   SNUC,   ou   mesmo,   uma   gestão  

coletiva   entre   o   órgão   gerenciador   e   a   comunidade,   por   exemplo,   por   meio   de  

Conselho  Gestor.  No  Brasil,  as  primeiras  Unidades  de  Conservação  foram  geridas  pelo  

Serviço   Florestal   do   Ministério   da   Agricultura.   Na   década   de   sessenta   foi   criado   o  

Instituto  Brasileiro  do  Desenvolvimento  Florestal  (IBDF),  por  meio  do  Decreto  –  Lei  nº  

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41    

289  de  1967,  que  passou  a  ser  responsável  pela  criação  e  administração  das  Unidades.  

Na   década   de   oitenta   foram   criadas   duas   importantes   instâncias   para   a   Gestão  

Ambiental   no   Brasil,   a   Secretaria   Especial   de   Meio   Ambiente   (SEMA   -­‐   Ligada   ao  

Ministério   do   Interior),   a   qual   também   era   outorgada   a   institucionalização   de  

Unidades;  e  o  Conselho  Nacional  de  Meio  Ambiente  (CONAMA).  

   Apesar   do   avanço   representado   com   a   criação   do   IBAMA,   integrando   e  

centralizando  a  Gestão  Ambiental  no  Brasil,  havia  uma   luta  histórica  encampada  por  

parte   do   Movimento   Ambientalista   Brasileiro   no   sentido   da   criação   de   Instituto  

específico   para   a   Gestão   das   Unidades   de   Conservação.   Esse   campo   de   Mudança  

demonstrou-­‐se   extremamente   fértil   no   ano   de   2007.  Quando  polêmicas   envolvendo  

interesses   conservacionistas   contra   interesses   “progressistas”   do   Governo   Lula,  

colocou   “Em   xeque”   o   poder   do   IBAMA.   Esse   contexto   corrobora   para   que   este  

Instituto  venha  a  ser  dividido,  por  meio  da  Medida  Provisória  n°  366,  de  26  de  abril  de  

2007.  Assim,  é  criado  o  Instituto  Chico  Mendes,  entidade  Responsável  pela  Gestão  das  

Unidades   de   Conservações   Federais.   Em   nível   estadual   o   órgão   fiscalizador   das  

Unidades  de  Conservação  é  o  Instituto  de  Meio  Ambiente  (IMA),  ligado  a  Secretaria  de  

Recursos  Hídricos;  e,  em  nível  Municipal,  a  Secretária  Municipal  de  Meio  Ambiente  ou  

órgão  que  englobe  tal  responsabilidade.  

Desafios  Futuros  

  A  posição  do  Brasil  como  um  país  megadiverso  confere  uma  responsabilidade  

global  maior  em  proteger  três  grandes  regiões  naturais  –  a  Amazônia,  o  Pantanal,  e  a  

Caatinga   –   e   duas   áreas   de   relevância   de   biodiversidade   –   a   Mata   Atlântica   e   o  

Cerrado.  As  unidades  de  conservação  são  a  chave  para  conservar  o  que  resta.  Mas  há  

um  grande  número  de  desafios  frente  ao  sistema  de  unidades  de  conservação:  alguns  

intrínsecos   a   cada   unidade;   outros   do   sistema;   e,   ainda,   outros   em   oposição   ao  

conjunto   de   ações   humanas   que   as   unidades   de   conservação   são   destinadas   a  

bloquear.   As   circunstâncias   e   o   contexto   social   para   a   criação   de   uma   unidade   de  

conservação  influenciam  o  manejo  da  área,  mesmo  anos  após  a  criação.  

 

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42    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UNIDADE  4  ÁREA  DE  PRESERVAÇÃO  PERMANENTE  

(APP)  E  RESERVA  LEGAL  

   

 

 

 

 

 

 

 

 

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1.  Introdução  

  As  áreas  de  preservação  permanente,  comumente  encentradas  no   interior  de  

uma   propriedade   ou   posse   rural,   são   áreas   protegidas   com   a   função   ambiental   de  

preservar  os  recursos  hídricos,  a  paisagem,  a  estabilidade  geológica,  a  biodiversidade,  

o   fluxo   gênico   de   fauna   e   flora,   proteger   o   solo   e   assegurar   o   bem-­‐estar   das  

populações  humanas”.  Estas  áreas  são  protegidas  pela  Lei  4.771  de  15/09/65  presente  

no   código   florestal   brasileiro.   Distinguem-­‐se   das   áreas   de   “Reserva   Legal”,   também  

definidas   no   mesmo   Código,   por   não   serem   objeto   de   exploração   de   nenhuma  

natureza,  como  pode  ocorrer  no  caso  da  Reserva  Legal,  a  partir  de  um  planejamento  

de  exploração  sustentável.    

1.1  Áreas  de  preservação  permanentes  (APPs)  

  A   proteção   de   Áreas   de   Preservação   Permanente   (APP)   emerge   do  

reconhecimento  da  importância  da  manutenção  da  vegetação  de  determinadas  áreas,  

as   quais   ocupam   porções   particulares   de   uma   propriedade,   não   apenas   para   os  

legítimos   proprietários   dessas   áreas,   mas,   em   cadeia,   também   para   os   demais  

proprietários  de  outras  áreas  de  uma  mesma  comunidade,  de  comunidades  vizinhas,  e,  

finalmente,  para  todos  os  membros  da  sociedade.  

  Exemplos   de   APP   são   as   áreas   marginais   dos   corpos   d’água   (rios,   córregos,  

lagos,   reservatórios)   e   nascentes;   áreas   de   topo   de  morros   e  montanhas,   áreas   em  

encostas  acentuadas,  restingas  e  mangues,  entre  outras.  As  definições  e  limites  de  APP  

são  apresentados,  em  detalhes,  na  Resolução  CONAMA  n°  303  de  20/03/2002.    

  No  meio   rural,   as   APP   assumem   importância   fundamental   no   alcance   do   tão  

desejável  desenvolvimento  sustentável.  Tomando  como  exemplos  as  APP  encontradas  

no   ambiente   rural,   como   áreas   de   encostas   acentuadas,   as  matas   ciliares   em   áreas  

marginais  de  córregos,  rios  e  reservatórios,  bem  como  áreas  próximas  às  nascentes,  é  

possível   apontar   uma   série   de   benefícios   ambientais   decorrentes   da   manutenção  

dessas  áreas.  

  Nesses   casos,   esses   benefícios   podem   ser   analisados   sob   dois   aspectos:   o  

primeiro  deles  com  respeito  à  importância  das  APP  como  componentes  físicos  do  agro  

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ecossistema;   o   segundo,   com   relação   aos   serviços   ecológicos   prestados   pela   flora  

existente,  incluindo  todas  as  associações  por  ela  proporcionadas  com  os  componentes  

bióticos  e  abióticos  do  agro  ecossistema.  Esses  papéis  podem  ser  assim  destacados:  

 Importância  Física    

●Em   encostas   acentuadas,   a   vegetação   promove   a   estabilidade   do   solo   pelo  

emaranhado   de   raízes   das   plantas,   evitando   sua   perda   por   erosão   e   protegendo   as  

partes  mais  baixas  do  terreno,  como  as  estradas  e  os  cursos  d’água;    

●Na  área  agrícola,  evitando  ou  estabilizando  os  processos  erosivos;  

●  Como  quebra-­‐ventos  nas  áreas  de  cultivo;    

●Nas  áreas  de  nascentes,  a  vegetação  atuando  como  um  amortecedor  das  chuvas,  

evitando  o  seu  impacto  direto  sobre  o  solo  e  a  sua  paulatina  compactação.  Permite,  

pois,  juntamente  com  toda  a  massa  de  raízes  das  plantas,  que  o  solo  permaneça  

poroso  e  capaz  de  absorver  a  água  das  chuvas,  alimentando  os  lençóis  freáticos;  por  

sua  vez,  evita  que  o  escoamento  superficial  excessivo  de  água  carregue  partículas  de  

solo  e  resíduos  tóxicos  provenientes  das  atividades  agrícolas  para  o  leito  dos  cursos  

d’água,  poluindo-­‐os  e  assoreando-­‐os;    

●Nas  margens  de  cursos  d’água  ou  reservatórios,  garantindo  a  estabilização  de  suas  

margens  evitando  que  o  seu  solo  seja  levado  diretamente  para  o  leito  dos  cursos;  

atuando  como  um  filtro  ou  como  um  “sistema  tampão”.  Esta  interface  entre  as  áreas  

agrícolas  e  de  pastagens  com  o  ambiente  aquático  possibilita  sua  participação  no  

controle  da  erosão  do  solo  e  da  qualidade  da  água,  evitando  o  carreamento  direto  

para  o  ambiente  aquático  de  sedimentos,  nutrientes  e  produtos  químicos  

provenientes  das  partes  mais  altas  do  terreno,  os  quais  afetam  a  qualidade  da  água,  

diminuem  a  vida  útil  dos  reservatórios,  das  instalações  hidroelétricas  e  dos  sistemas  de  

irrigação;    

●No  controle  hidrológico  de  uma  bacia  hidrográfica,  regulando  o  fluxo  de  água  

superficial,  e  assim  do  lençol  freático.  

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Serviços  Ecológicos  

●Geração  de  sítios  para  os  inimigos  naturais  de  pragas  para  alimentação,  reprodução;  

●Fornecimento  de  refúgio  e  alimento  (pólen  e  néctar)  para  os  insetos  polinizadores  de  

culturas;    

●Refúgio  e  alimento  para  a  fauna  terrestre  e  aquática;  

●Corredores   de   fluxo   gênico   para   os   elementos   da   flora   e   da   fauna   pela   possível  

interconexão  de  APP  adjacentes  ou  com  áreas  de  Reserva  Legal;  

●Detoxificação   de   substâncias   tóxicas   provenientes   das   atividades   agrícolas   por  

organismos  da  meso  e  microfauna  associada  às  raízes  das  plantas;  

●Controle  de  pragas  do  solo;  

●Reciclagem  de  nutrientes;  

●Fixação  de  carbono,  entre  outros.  

A  partir  das  considerações  e  exemplos  relatados  acima,  fica  claro  a  importância  

das   APP   para   que   se   viabilize   uma   produção   sustentável   a   longo   prazo   no   campo,  

associando  uma  produção  agrícola  saudável,  a  qualidade  ambiental  e  o  bem-­‐estar  das  

populações.  Como  colocado   inicialmente,   todos  os  benefícios  advindos  da  adoção  de  

boas  práticas  associadas  à  manutenção  dessas  áreas  extrapolam  as  fronteiras  de  uma  

unidade   de   produção   rural,   adquirindo,   no   conjunto,   uma   grande   importância   social  

com   impactos   no   ambiente   urbano,   afetando   toda   a   sociedade.   Um   dos   exemplos  

emblemáticos   nesse   sentido   se   refere   à   questão   da   disponibilidade   dos   recursos  

hídricos,   onde   a   frequente   escassez   de   água   para   abastecimento   em   vários   centros  

urbanos,   bem   como   o   recente   racionamento   no   fornecimento   de   energia   elétrica  

provocado   pelo   baixo   nível   dos   reservatórios,   poderia   ser   atribuída,   em   parte,   à  

degradação   crônica   das   matas   ciliares   e   de   áreas   de   nascentes   em   diversas   bacias  

hidrográficas  brasileiras  nas  últimas  décadas.    

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De  acordo  com  o  código  florestal  a  faixa  marginal  de  vegetação  ou  mata  ciliar  

(APP)  varia  de  acordo  com  a  largura  do  curso  d’água.  Como  demonstrado  abaixo  no  

quadro1.  Largura  do  curso  d’água  Faixa  marginal  (APP)  e  na  figura  1  tem-­‐se  uma  

ilustração  da  largura  do  corpo  d’água  e  sua  respectiva  faixa  de  mata  ciliar.  

Quadro1  variação  da  vegetação  marginal  em  relação  à  largura  do  curso  d’água  Largura  do  curso  d’água   Faixa  da  vegetação  marginal  10  m   30  m  10-­‐  50  m   50m  50-­‐200m   100m  200-­‐600m   200m  Mais  de  600m   500m  

 

 

FONTE.  www.proambientecampinas.com.br  

Figura  1  –  Largura  do  corpo  d’água  e  sua  respectiva  faixa  de  vegetação  marginal  

 

 

 

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1.2  Reserva  Legal  

  Á   reserva   legal   é   a   área   localizada   no   interior   de   uma   propriedade   ou   posse  

rural,   excetuada   a   de   preservação   permanente,   necessária   ao   uso   sustentável   dos  

recursos   naturais,   à   conservação   e   reabilitação   dos   processos   ecológicos,   à  

conservação  da  biodiversidade  e  ao  abrigo  e  proteção  de  fauna  e  flora  nativas  (art.  1º,  

§   2º,   III,   da   Lei   nº   4.771/65,   com   redação   dada   pela   Medida   Provisória   nº   2.166-­‐

67/2001).  

1.2.1  Aspectos  Legais    

●  Trata-­‐se  de  uma  obrigação  legal  que  incide  apenas  sobre  floresta  de  domínio  privado  

e  não  dá  direito  ao  proprietário  à  indenização  de  qualquer  natureza.    

●Espaço  especialmente  protegido,  nos  termos  do  art.  225,  §  1º,  III  da  Constituição  

Federal,  cuja  violação  pode  configurar  o  crime  previsto  no  art.  50  da  Lei  nº  9.605/98.  

●  Não  pode  ser  suprimida.  Não  se  admite  o  corte  raso1,  apenas  utilização  sob  regime  

de  

manejo  florestal  sustentável,  de  acordo  com  princípios  e  critério  técnicos  e  científicos  

estabelecidos   pelo   órgão   ambiental   competente.   No   restante   da   propriedade   é  

facultada   ao   proprietário   a   supressão   e   exploração   da   vegetação,   mediante   prévia  

autorização   do   órgão   ambiental   competente   e   desde   que   não   sejam   consideradas  

áreas   de   preservação   permanente.   -­‐   O   percentual   da   área   de   Reserva   Legal   a   ser  

averbada   é   determinado   de   acordo   com   a   região   ou   fisionomia   vegetal   (tipo   de  

vegetação),  da  propriedade  e  pode  ser:    

I  –  80%  da  propriedade  rural  localizada  na  Amazônia  Legal;    

II  –  35%  da  propriedade  rural  localizada  no  bioma  cerrado  dentro  dos  estados  que  compõem  a  Amazônia  Legal;  

III-­‐  20%  nas  propriedades  rurais  localizadas  nas  demais  regiões  do  país.  

 

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48    

●Não   devem   ser   computadas   no   cálculo   do   percentual   da   Reserva   Legal   as   áreas  

consideradas   de   preservação   permanente   que   são   aquelas   áreas   protegidas,   nos  

termos  dos  artigos  2o  e  3º  do  Código  Florestal,  cobertas  ou  não  por  vegetação  nativa.  

●Deve-­‐se  zelar  para  que  a  Reserva  Legal  incida  em  áreas  contínuas,  próximas  e/ou  

contíguas  às  áreas  de  preservação  permanente,  outras  áreas  de  reserva  legal  ou  

espaços  territoriais  especialmente  protegidos  (v.g.  unidades  de  conservação).  

●O  possuidor  tem  a  mesma  obrigação  de  cumprir  e  manter  a  reserva  legal  que  o  

proprietário.  

●O  proprietário  da  área  deve  medir,  demarcar  e  delimitar  a  área  de  Reserva  Legal  e  

proceder  a  devida  averbação  na  inscrição  da  matrícula  do  imóvel  no  cartório  de  

registro  de  imóveis  competente.  A  averbação  pode  ser  feita  por  qualquer  pessoa  e  a  

Reserva  Legal  está  isenta  do  pagamento  do  imposto  territorial  rural.  

●  Uma  vez  constituída  a  reserva  legal,  não  poderá  ser  mais  modificada,  mesmo  

ocorrendo  a  transmissão  a  qualquer  título,  desmembramento  ou  ratificação  da  área  

para  fins  de  parcelamento  

●  É  gratuita  a  averbação  da  reserva  legal  da  pequena  propriedade.  

●   O   proprietário   ou   possuidor   de   imóvel   rural   com   área   de   floresta   nativa,   natural,  

primitiva  ou  regenerada  ou  outra  forma  de  vegetação  nativa  em  extensão  inferior  ao  

previsto   na   própria   lei   deve   adotar   as   seguintes   alternativas,   isoladas   ou  

conjuntamente:  recomposição,  compensação  e  regeneração  de  reservas  legais.  Se  for  

necessário,  ou  o  órgão  ambiental  exigir,  o  proprietário   fica  obrigado  a   recompor  em  

sua   propriedade   a   área   da   reserva   legal,   podendo   optar   por   alguns   dos   seguintes  

procedimentos:  

• Plantio,  a  cada  três  anos,  de  no  mínimo  1/10  da  área  total  necessária  à  sua  complementação,  com  espécies  nativas;  

• Plantio  em  parcelas  anuais  ou  implantação  de  manejos  agro  florestais;    

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49    

• Isolamento  total  da  área  correspondente  à  complementação  da  reserva  legal  e  adoção  de  técnicas  adequadas  à  condução  de  sua  regeneração  natural;    

• Aquisição  e  incorporação  à  propriedade  de  gleba  contígua,  com  área  correspondente  à  da  reserva  legal  a  ser  recomposta;    

• Compensação  de  área  de  reserva  legal  por  outra  equivalente  em  importância  ecológica  e  extensão.  

 

●A  área  da  reserva  legal  sobrepõe-­‐se  à  de  preservação  permanente.  Quer  dizer,  além  

de  manter  intacta  a  APP,  os  agricultores  ainda  devem  manter  outro  pedaço  da  sua  

fazenda  coberto  de  floresta  nativa.    

●Reserva   legal   condominial   –   o   Código   Florestal   permite   que   duas   ou   mais  

propriedades   formem   reserva   legal   em   regime   de   condomínio,   desde   que   as  

propriedades   sejam   contínuas   e   que   a   totalidade   da   reserva   legal   do   condomínio  

corresponda  à  soma  do  percentual  de  todas  as  propriedades  que  dele  fizerem  parte.  

Vale  ressaltar  que  a  reserva  legal  condominial  deve  ser  aprovada  pelo  órgão  ambiental  

estadual   competente   e   se   faz   necessário   realizar   as   averbações   relativas   a   todos   os  

imóveis  integrantes  do  condomínio.  

Por  que  é  importante  manter  a  reserva  legal?  

  Manter  a   reserva   legal   traz   alguns  benefícios  para  o  p   proprietário   rural   e   para  

todo  o  meio  ambiente.  Por  exemplo,  mantendo  uma  área  com  mata  o  proprietário  diminui  a  

quantidade   de   pragas   na   plantação,   aumenta   o   número   de   polinizadores,   garante   abrigo   e  

alimento   para   diversos   animais   que   deixam   de   invadir   as   roças   para   se   alimentar,   evita   a  

erosão  do  solo,  além  de  proteger  rios,  nascentes  e  as  águas  que  correm  no  interior  do  solo.  No  

entanto,  o  proprietário  torna-­‐se  responsável   legal  pela  preservação  e  a  manutenção  da  área,  

ficando  sujeito  a  severas  multas.  

 

     

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50    

 

 

 

 

 

 

 

UNIDADE  5  IMPACTOS  AMBIENTAIS  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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51    

1.  Introdução  

  Impacto   ambiental   é   entendido   como   qualquer   alteração   nas   propriedades  

físicas,   químicas   e   biológicas   do   meio   ambiente,   causada   por   qualquer   forma   de  

matéria  ou  energia   resultante  das  atividades  humanas  que,  direta  ou   indiretamente,  

afetam:   a   saúde,   a   segurança   e   o   bem-­‐estar   da   população;   as   atividades   sociais   e  

econômicas;   a   biota;   as   condições   estéticas   e   sanitárias   do   meio   ambiente;   e   a  

qualidade  dos  recursos  ambientais  (CONAMA).  

1.1.Impacto  ambiental  e  desenvolvimento  econômico  

  A  maioria  dos  impactos  é  devido  ao  rápido  desenvolvimento  econômico,  sem  o  

controle  e  manutenção  dos  recursos  naturais.  A  consequência  pode  ser  poluição,  uso  

incontrolado  de  recursos  como  água  e  energia  etc.  Outras  áreas  sofrem  impactos  pelo  

subdesenvolvimento   que   traz   como   consequência   a   ocupação   urbana   indevida   em  

áreas  protegidas  e  falta  de  saneamento  básico.  

É   essencial   que   as   empresas   tenham  plena   consciência   de   todos   os   impactos  

gerados   por   sua   atividade,   para   que   dessa   forma   possa   preparar-­‐se   e   realizar   os  

procedimentos  indicados  ao  seu  caso.  Cada  atividade  industrial  gera  um  tipo,  ou  vários  

tipos   de   resíduos   diferenciados,   portanto,   não   é   viável   a   adoção   de   tratamentos  

generalizados.   A   indústria   ainda   é   atualmente   considerada   a  maior   responsável   pela  

geração  e  lançamento  de  resíduos  no  meio  ambiente.  (BARBIERI,  2004).  

De  maneira  geral,  os  impactos  ambientais  mais  significativos  encontram-­‐se  nas  

regiões   industrializadas,   que   oferecem   mais   oportunidades   de   emprego   e   infra-­‐

estrutura   social,   acarretando,   por   isso,   as   maiores   concentrações   demográfica.   No  

quadro  1  será  elencado  os  principais  impactos  ambientais,  suas  atividades  geradoras  e  

os  tipos  de  degradação.  

 

 

 

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52    

Quadro  1  principais  impactos  ambientais  

ATIVIDADES  DE  MAIOR  

POTENCIAL  DE  IMPACTO  AMBIENTAL  

 TIPO  DE  DEGRADAÇÃO  

Garimpo  de  ouro   Assoreamento  e  erosão  nos  cursos  d'água;  

Poluição  das  águas,  aumento  da  turbidez  e  metais  pesados;  

Formação  de  núcleos  populacionais  com  grandes  problemas  sociais;  

Degradação  da  paisagem;  

Degradação  da  vida  aquática  com  conseqüências  diretas  sobre  a  pesca  e  a  população;  

 

Mineração  industrial,  Ferro,  

Manganês,  Cassiterita,  Cobre  Bauxita,  etc.  

 

 

Degradação  da  paisagem;  

Poluição  e  assoreamento  dos  cursos  d'água;  

Esterilização  de  grandes  áreas;  

Impactos  sócio-­‐econômicos;  Agricultura  e  pecuária  

extensivas  (grandes  projetos  agropecuários)  

 

Incêndios  florestais,  destruição  da  fauna  e  flora;  

Contaminação  dos  cursos  d'água  por  agrotóxicos;  

Erosão  e  assoreamento  dos  cursos  d'água;  

Destruição  de  áreas  de  produtividade  natural;  

Reservas  extrativistas;  

Grandes  Usinas  Hidrelétricas  

 

Impacto  cultural  -­‐  provas  indígenas;  

Impacto  socioeconômico;  

Inundação  de  áreas  florestais,  agrícolas,  vilas,  etc.;  

Impacto  sobre  flora,  fauna  e  ecossistemas  adjacentes  Pólos  industriais  e/ou  grandes  indústrias  

Poluição  do  ar,  água  e  solo;  

Geração  de  resíduos  tóxicos;  

Conflitos  com  o  meio  urbano;  Caça  e  pesca  predatórias   Extinção  de  mamíferos  aquáticos  e  diminuição  e  peixes;  

Drástica  redução  de  animais  de  valores  econômico  e  ecológico  Indústrias  de  Alumínio   Poluição  atmosférica;  

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53    

Poluição  marinha;  

Impactos  indiretos  pela  enorme  demanda  de  energia  elétrica;  Crescimento  populacional  

vertiginoso  (migração  interna)  

Ocupação  desordenada  do  solo  com  sérias  consequências  sobre  os  recursos  naturais  

Fonte:  http://www.sivam.gov.br  

 

1.2  Estudos  de  Impactos  Ambientais  -­‐  EIA  

  Para  Silva   (1989)  Estudo  de   Impacto  Ambiental   -­‐  EIA  consiste  em  processo  de  

estudo   utilizado   para   prever   as   consequências   ambientais   resultantes   do  

desenvolvimento   de   um   projeto.   Este   projeto   pode   ser   uma   construção   de   uma  

hidrelétrica,   irrigação  em  larga  escala,  um  porto,  uma  fábrica  de  cimento  ou  um  pólo  

turístico,   entre   outros.   Depende   de   elaboração   de   EIA/   RIMA   o   licenciamento   de  

atividades  modificadoras  do  meio  ambiente.  

  O   objetivo   do   EIA   é   assegurar   que   os   problemas   em   potenciais   possam   ser  

previstos   e   atacados   no   estágio   inicial   da   elaboração   do   projeto,   isto   é,   no   seu  

planejamento  e  design.  No  sentido  de  atingir  este  objetivo,  um  resumo  conclusivo  do  

EIA,  contendo  previsões  e  denominado  de  Relatório  de   Impacto  Ambiental   -­‐  RIMA,  é  

apresentado   aos   segmentos   envolvidos   no   empreendimento,   tanto   da   parte   dos  

investidores,   planejadores,   projetistas,   como   das   partes   dos   órgãos   governamentais  

federais  e/  ou  estaduais  do  meio  ambiente.  

1.3  Relatório  de  Impacto  Ambiental  -­‐  RIMA  

  O   RIMA   é   o   documento   que   apresenta   resultados   dos   estudos   técnicos   e  

científicos  de   avaliação  de   impacto   ambiental.   Constitui   um  documento  do  processo  

de  avaliação  de  impacto  ambiental  e  deve  esclarecer  todos  os  elementos  da  proposta  

em   estudo,   de   modo   que   possam   ser   divulgados   e   apreciados   pelos   grupos   sociais  

interessados  e  por  todas  as  instituições  envolvidas  na  tomada  de  decisão.  

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54    

Segundo   a   resolução   CONAMA   001/86,   a   RIMA   deve   ser   apresentada   de   forma  

objetiva  e  adequada  à   sua  compreensão,  devendo  as   informações   ser   traduzidas  em  

linguagem   acessível,   ilustradas   por  mapas,   quadros,   cartas,   gráficos   etc.   Objetiva-­‐se  

assim   que   sejam  mais   facilmente   transmitidas   as   informações   sobre   as   vantagens   e  

desvantagens   do   projeto,   bem   como   sobre   as   consequências   ambientais   da   sua  

implementação.  

1.4  Avaliação  de  Impacto  Ambiental  -­‐  AIA  

  A   AIA   surgiu   no   Brasil   por   exigência   de   órgãos   financiadores   internacionais,  

sendo,   posteriormente,   incorporada   como   instrumento   da   política   nacional   do  meio  

ambiente,  no  início  da  década  de  80.  A  Avaliação  de  Impacto  Ambiental  é  estabelecida  

a  partir  dos  Estudos  de  Impacto  Ambiental  -­‐  EIA.  Estes  estudos  integram  um  conjunto  

de   atividades   técnicas   e   científicas   que   incluem   o   diagnóstico   ambiental   com   a  

característica   de   identificar,   prevenir,   medir   e   interpretar,   quando   possível,   os  

impactos  ambientais.  Nos  EIA  e  RIMA,  que  dão  origem  à  AIA  para  os   licenciamentos  

exigidos  por  lei,  três  setores  são  estudados  e  enfocados  por  equipes  multidisciplinares,  

objetivando  obter   o   cenário   daquele  momento,   a   fim  de   que   se   possa   construir   um  

programa  que  controle  o  uso  múltiplo  dos  recursos  naturais  envolvidos.  São  eles:  

 i)  meio  físico  –  estuda  a  climatologia,  qualidade  do  ar,  o  ruído,  a  geologia,  a  

geomorfologia,  os  recursos  hídricos  (hidrologia,  hidrologia  superficial,  oceanografia  

física,  qualidade  das  águas,  uso  da  água),  e  o  solo;  

 ii)  meio  biológico  -­‐  estuda  os  ecossistemas  terrestre,  aquático  e  de  transição;    

iii)  meio  antrópico  -­‐  estuda  a  dinâmica  populacional,  o  uso  e  a  ocupação  do  solo,  o  

nível  de  vida,  a  estrutura  produtiva.  

Atividades  humanas  e  os  impactos  ambientais  

   A  harmonia  nas  relações  entre  os  seres  vivos  e  o  meio  ambiente  é  chamada  de  

equilíbrio  ecológico.  A  quebra  dessa  harmonia  é  denominada  de  impacto  ambiental,  o  

qual   teve   seu   conceito   discutido   no   inicio   desse   capítulo   Os   impactos   ambientais  

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55    

podem  ocorrer  em  escala  local,  regional  ou  global.  Entre  os  impactos  ambientais  mais  

importantes  podemos  destacar:    

·∙                        os  desmatamentos,    

·∙                        a  erosão  do  solo,    

·∙                        a  desertificação,    

·∙                        a  poluição  do  ar,  da  água  e  do  solo,    

·∙                        o  problema  do  lixo,    

  Dessa  forma  pode-­‐se  afirmar  que  a  interferência  humana  e  suas  atividades  é  a  

maior   responsável  pelos  grandes   impactos  ambientais  em  ecossistemas  naturais.    As  

figuras   1,   e   2   apresentam   algumas   paisagens   que   revelam   impactos   ambientais  

causados  pelas  atividades  antrópica.  

 

Figura  1  Desmatamento  fonte:  www..mma.gov.br  

Figura  1  -­‐  Desmatamento  de  florestas  

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56    

 

Fonte:  www.infoescola.com  

Figura  2  -­‐  Disposição  de  lixo  em  local  inapropriado  

Dentre  as  atividades  humanas  o  grande  vilão  em  agressão  ao  meio  ambiente  é  a  

indústria,  que  afeta  o  ar,  a  água,  as  florestas,  o  solo  e  fabrica  quase  tudo  que  se  torna  

lixo  na  sociedade,  ou  seja,  a  maior  responsável  pela  poluição.  Na  figura  3  é  

apresentada  uma  indústria  expelindo  poluentes  para  a  atmosfera.  

 

 

 

 

 

 

Fonte:  www.sbc.org.br  

Figura  3  -­‐  emissão  de  poluentes  para  a  atmosfera.  

1.4  Exemplos  de  Impactos  causados  no  meio  ambiente  

Poluição  das  águas  

  O   lançamento   de   resíduos   orgânicos   acima   da   capacidade   de   absorção   pelos  

organismos   decompositores   e   o   de   resíduos   inorgânicos   não   biodegradáveis,   muito  

tóxicos  e  cumulativos,  em  córregos,  rios,  lagos  e  mares  caracterizam  o  que  chamamos  

de   poluição   das   águas.   A   poluição   das   águas   subterrâneas   só   vem   piorando   as  

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expectativas   em   relação   ao   fornecimento   de   água   para   as   gerações   futuras.   Os  

oceanos  e  mares  também  sofrem  vários  tipos  de  agressões,  entre  as  quais  se  destacam  

aquelas   provocadas   pelo   derramamento   ou   vazamento   de   petróleo,   que   causam  

violentos  impactos  ambientais  ameaçando  a  vida  de  milhares  de  espécies  de  animais  e  

vegetais  da  orla  marinha.  

  Os   derramamentos   de   petróleo   em   alto   mar   também   provocam   manchas  

escuras   nas   águas   dos   oceanos,   chamadas   de  marés   negras.   Quando   estes   tipos   de  

marés   chegam   às   praias,   destroem   a   fauna   e   flora   local   tornando-­‐as   inclusive,  

impróprias  para  banho.  

Poluição  do  Solo  

  É   a   contaminação   do   solo   por   resíduos   industriais   ou   agrícolas   transportados  

pelo  ar,  pela  chuva  e  pelo  homem.  O  uso  indevido  do  solo  e  de  técnicas  atrasadas  na  

agricultura,   os   desmatamentos,   as   queimadas,   o   lixo,   os   esgotos,   a   chuva   ácida,   a  

mineração   são   agentes   causadores   do   desgaste   de   nossa   litosfera.   As   causas   da  

Poluição   do   Solo   são:   na   agricultura   os   inseticidas   usados   no   combate   às   pragas  

prejudicam   o   solo,   a   vegetação   e   os   animais;   as   técnicas   atrasadas   utilizadas   na  

agricultura  como  a  queima  da  vegetação  para  depois  começar  o  plantio  por  desse  uso  

de  técnicas  o  terreno  fica  exposto  ao  sol  e  ao  vento  ocasionando  a  perda  de  nutrientes  

e  a  erosão  do  solo;  o  lixo  também  tem  o  seu  papel  importante  na  degradação  do  solo  

devido  a  sua  grande  quantidade  e  composição  ele  contamina  o  terreno  chegando  até  a  

contaminar  os  lençóis  de  água  subterrâneos.  

    Os   reservatórios   de   combustíveis   dos   postos   também   são   impactantes,   pois  eles   ficam  enterrados  no   solo,   correndo  o   risco  de   vazamento  devido   à   corrosão  do  material  usado  no  revestimento  dos  reservatórios.  

Lixo  Urbano  

  As   atividades   humanas   produzem   muito   lixo   e   isto   vem   sendo   um   grande  

problema   para   o   planeta,   pois   geramos   cada   vez   mais   detritos,   muitos   de   difícil  

decomposição.   Mas   nem   sempre   foi   assim,   quando   o   homem   se   baseava   no  

extrativismo   vegetal   para   sua   sobrevivência,  menos   resíduo   eram   gerados,   logo   não  

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havia  a  necessidade  de  preocupação  com  eles.  Mesmo  sendo  de  fácil  decomposição,  o  

excesso   de   lixo   é   prejudicial   aos   ecossistemas.   Além   de   causar   problemas   como   a  

poluição  das  águas  e  do  solo,  na  decomposição  da  matéria  orgânica  há   formação  de  

gás  metano   (CH4),   que   aquece   cerca   de   23   vezes  mais   que  o   gás   carbônico   (CO2)   e  

contribui  muito  para  o  agravamento  do  efeito  estufa.  A  partir  do  momento  em  que  o  

homem   passou   a   extrair   da   natureza   mais   do   que   era   necessário   para   sua  

sobrevivência,   havendo   um   excedente   para   o   comércio,   a   sobra   de   material   foi  

inevitável   e   surgiram   os   primeiros   problemas   relacionados   com   o   lixo:   a  

impossibilidade   de   armazenamento   desta   quantidade   extra   que   muitas   vezes  

estragava   e   causava  mau   cheiro   e   proliferação   de   vetores,   no   caso   de   alimentos,   e  

outros   incômodos  para   a   sociedade   como   ter   que  destinar   um   local   para  o  material  

não  utilizado.  

  Após   a   Revolução   Industrial   na   Europa,   a   “cara”   do   lixo   começou   a   mudar.  

Houve  uma  grande  exploração  de   recursos  naturais  em  todo  o  planeta  e,  ao  mesmo  

tempo,  a  produção  de  uma  quantidade  enorme  de  resíduos,  cujo   impacto  ambiental  

era  desconhecido.  Mesmo  se  organizando  para  que  seja  feita  a  coleta  desse  material,  a  

sociedade   ainda   enfrenta  muitos   problemas,   pois   cada   vez  mais   a   produção   de   lixo  

aumenta.  

  No  decorrer  dos  anos  os  materiais  produzidos  pelo  homem  sempre  tiveram  o  

intuito   de   facilitar   sua   vida,   tornando-­‐a   mais   cômoda.   Alguns   materiais   trazem  

conforto   ou   praticidade   como   é   o   caso   dos  materiais   feitos   de   plástico,   que  muitas  

vezes   são   resistentes   e   leves   podendo   substituir   madeiras,   vidros   e   metais.   Muitos  

materiais  plásticos  são  descartáveis,  por   isso  são  utilizados  somente  uma  vez.  Outros  

materiais   conferem   status,   como  aparelhos   eletrônicos   que  mudam  o   tempo   todo  e  

acabam   sendo   substituídos   em   um   ritmo   muito   acelerado,   mesmo   que   o   anterior  

ainda  esteja  em  boas  condições  de  uso.  

  Devido   à   relação   custo   benefício   favorável,   os   plásticos   foram   ganhando  

mercado  e  hoje  os  encontramos  em  diversos  produtos,  desde  o  copo  descartável  até  

dentro  dos  motores  de  automóveis.  O  acúmulo  deste  material  de  difícil  decomposição  

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59    

–   borrachas   e   plásticos   ficam   no   ambiente   por   muito   tempo   –   tornou-­‐se   um   grave  

problema.  

  Na  década  de  1970,  a  produção  mundial  de  plástico  superou  a  de  aço.  Com  o  

aumento   do   preço   do   petróleo   e   a   consequente   elevação   do   preço   dos   materiais  

poliméricos  (plásticos),  começou  a  se  pensar  a  ideia  de  reciclagem  deste  material,  até  

hoje  mal  sucedida.  

  O   desafio   do   século   XXI   é   otimizar   ainda   mais   a   produção   e   utilização   dos  

plásticos  já  existentes  e  criar  maneiras  mais  efetivas  de  reciclagem  e  reaproveitamento  

deste  material.  A  reciclagem  é  fundamental  para  diminuir  os   impactos  ambientais  no  

planeta;   ao   reciclar,   economizamos   recursos   naturais   não   renováveis   e   energia,  

geramos   empregos   diretos   ou   indiretos   e   evitamos   o   depósito   de   materiais   tóxicos  

e/ou  de  difícil  decomposição  no  ambiente.  Para  que  a   reciclagem  seja   satisfatória,  o  

sistema  de  coleta  e  a  separação  do  lixo  devem  ser  eficientes,  o  que  depende  do  poder  

público  –   responsável  pela   coleta  e  pelo  destino  dado  ao   lixo  –  e  de   cada  cidadão  –  

responsável   por   separar   seu   lixo   de   maneira   adequada.   Outra   medida   de   extrema  

importância  é  a  reutilização  de  materiais,  pois  assim  nem  chegamos  a  gerar  lixo.  

  Apesar   da   reciclagem   e   da   reutilização   ser   medidas   importantes,   podemos  

destacar  a  redução  como  principal  medida.  A  redução,  como  o  próprio  nome  já  indica,  

consiste  em  diminuir  o  consumo  e,  consequentemente,  diminuir  a  quantidade  de  lixo.  

Essa   medida   depende   da   conscientização   em   consumir   apenas   o   que   é   realmente  

necessário,   diminuindo   além   dos   resíduos,   os   gastos   energéticos   e   a   extração   de  

recursos  naturais.  

Esgoto  Doméstico  causador  de  impactos  no  ambiente  e  na  saúde  humana  

  A   água   usada   nas   atividades   domésticas   se   transforma   no   resíduo   líquido  

conhecido   como  esgoto,  que  pode   causar   sérios  problemas   tanto  ao  meio  ambiente  

quanto   à   saúde   das   pessoas.   O   esgoto   doméstico   pode   ser   tratado   com   relativa  

facilidade   antes   de   ser   lançado   no   ambiente.   Infelizmente,   tratamento   de   esgoto  

nunca  foi  prioridade  para  o  poder  público  e  para  a  população  em  geral,  o  que  resulta  

em  baixos  índices  de  coleta  e  tratamento  no  Brasil.  

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60    

  Quando   falamos   no   problema   do   esgoto   temos   que   pensar   em  dois   tipos   de  

impacto:  o  sanitário  e  o  ambiental.  O  impacto  sanitário  envolve  os  problemas  de  saúde  

pública  causados  pelo  esgoto,  que  propaga  doenças  quando  não  é  coletado  e  tratado  

corretamente.   As   estatísticas   mostram   que   a   qualidade   de   vida   da   população   está  

ligada  diretamente  a  boas  condições  sanitárias.  Por  muito  tempo,  as  ações  públicas  e  

individuais   em   relação   ao   esgoto   deram  prioridade   somente   ao   aspecto   sanitário.   A  

questão   ambiental   só   começou   a   ser   considerada   recentemente.   No   mundo   atual,  

porém,  não  faz  sentido  resolver  apenas  os  problemas  do  esgoto  que  ameaçam  a  saúde  

da   população.   A   saúde   do   ambiente   também   deve   ser   preservada,   afinal,   se   o  

ambiente  se  degradar,  a  qualidade  de  vida  da  população  vai  cair  também.  Na  figura  4  

abaixo  é  apresentado  uma  localidade  sem  rede  coletora  de  esgotamento  sanitário,  em  

vista  disso  o  esgoto  está  exposto  no  passeio  público.  

Fonte:  http://smartbiy.blogspot.com/  

Figura  4  -­‐  esgoto  a  céu  aberto  em  passeio  público  

  A   estratégia   sensata   para   usufruir   dos   recursos   naturais   de   maneira  

ambientalmente   responsável,   evitando   impactos   e   agressões   ao  meio   ambiente   é   a  

pratica  de  gestão  ambiental  em  todos  os  segmentos  das  atividades  econômicas  quer  

seja  públicos  ou  privados,  essa  prática  será  abordada  no  próximo  capitulo.  

 

 

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61    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UNIDADE  6    GESTÃO  AMBIENTAL  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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62    

1.  Introdução  

  A   Gestão   Ambiental   surgiu   da   necessidade   do   ser   humano   organizar   melhor  

suas  diversas  formas  de  se  relacionar  com  o  meio  ambiente  (MORALES,  2006).  

  Segundo  a  Enciclopédia  Britânica:  “gestão  ambiental  é  o  controle  apropriado  do  

meio   ambiente   físico,   para  propiciar   o   seu  uso   com  o  mínimo  de   abuso,   de  modo  a  

manter  as  comunidades  biológicas,  para  o  beneficio  continuado  do  ser  humano.”  Ou  

ainda,  a  Gestão  Ambiental  consiste  na  administração  do  uso  dos  recursos  ambientais,  

por  meio  de  ações  ou  medidas  econômicas,  investimentos  e  potenciais  institucionais  e  

jurídicos,   com   a   finalidade   de   manter   ou   recuperar   a   qualidade   de   recursos   e  

desenvolvimento  social  (CAMPOS,  2002).    

1.1  Aplicação  da  gestão  ambiental  

  Segundo   Tachizawa   (2001),   a   Gestão   Ambiental   (GA)   é   um   importante  

instrumento   gerencial   para   capacitação   e   criação   de   condições   de   competitividade  

para   as   organizações   independentemente   do   seu   segmento   econômico,   em   outras  

palavras,   a   Gestão   Ambiental   é   a   resposta   natural   das   organizações   ao   seu   novo  

cliente,   que   é   o   consumidor   verde   e   ecologicamente   correto,   pois   empresa   verde   é  

sinônima  de  bom  negócio.  A  aplicação  desse  tipo  de  gestão  está  se  transformando  em  

uma  das  principais  formas  de  empreender  negócios  de  forma  duradoura  e  lucrativa,  ou  

seja,  quanto  antes  às  organizações  modernas  enxergarem  o  meio  ambiente  como  seu  

principal   desafio   e   como   oportunidade   competitiva,   maior   será   a   chance   da   sua  

sobrevivência  no  mercado  mundilalizado.  

  A   Gestão   Ambiental   envolve   a   passagem   do   pensamento  mecanicista   para   o  

sistêmico.  Um  aspecto  essencial  dessa  mudança  é  que  a  percepção  do  mundo  como  

máquina  cede  lugar  à  percepção  do  mundo  como  um  sistema  vivo.  Sendo  um  sistema  

vivo,  o  mesmo  não  pode  ser  rigidamente  controlado  por  meio  de   intervenção  direta.  

Porém,  pode  ser  influenciada  pela  transmissão  de  orientações  e  emissão  de  impulsos.  

Esse   novo   estilo   de   administração   induz   à   gestão   ambiental   associada   à   ideia   de  

solução  dos  problemas  ecológicos  e  ambientais  da  organização.  

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  Dentro  da  visão  de  Tachizawa   (2001),  um  dos  maiores  desafios  que  o  mundo  

enfrentará   neste   novo   milênio   é   fazer   com   que   as   forças   de   mercado   protejam   e  

melhorem   a   qualidade   do   ambiente,   com   a   ajuda   de   padrões   baseados   no  

desempenho  e  uso  criterioso  de  instrumentos  econômicos,  num  contexto  harmonioso  

de  regulamentação.  O  novo  contexto  econômico  se  caracteriza  por  uma  rígida  postura  

dos  clientes  voltada  à  expectativa  de  interagir  com  organizações  que  sejam  éticas,  com  

boa   imagem   institucional   no   mercado,   e   que   atuem   de   forma   ecologicamente  

responsável.   Com   isso,   surge   um   novo   gerenciamento,   que   ganha   cada   vez   maior  

importância  no  meio  empresarial  e  pode  representar  a  garantia    de  que  o  homem  será  

mesmo  eco-­‐eficiente  e  capaz  de  alcançar  um  desenvolvimento  sustentável.  Trata-­‐se  de  

um  método   de   gestão   que   se   apoia   em   um   conjunto   de   procedimentos,   normas   e  

cuidados,   capaz   de   usufruir   dos   recursos   naturais   de   maneira   ambientalmente  

responsável,   evitando   impactos,   ou   agredi-­‐los,   de   maneira   irreversível.   Essa   nova  

concepção   traz   uma   preocupação   com   a   utilização   de   tecnologias   limpas,   a  

minimização   do   desperdício   e   gestão   sustentável   dos   recursos   naturais,   o  

entendimento   e   adequação   às   leis   ambientais   vigentes,   buscando   superá-­‐las   através  

de   ações   inovadoras,   com   o   fito   de   estabelecer   uma   prática   de   aperfeiçoamento  

contínuo  e  preservação  do  meio  ambiente.  

  A   gestão   ambiental   torna-­‐se   um   importante   instrumento   gerencial   para  

capacitação  e  criação  de  condições  de  competitividade  para  as  organizações,  qualquer  

que   seja   o   seu   segmento   econômico.   Dessa   maneira,   empresas   siderúrgicas,  

montadoras   automobilísticas,   indústria   de   papel   e   celulose,   química   e   petroquímica  

investem  em  gestão  ambiental  e  marketing  ecológico.  

  Como   já   foi   abordado   no   capítulo   anterior   o   segmento   industrial   é   um   dos  

grandes   responsáveis   pela   degradação   ambiental   ocorrida   em   nosso   planeta   no  

decorrer  dos  anos.  A  partir  da  década  de  70  o  referido  setor   inicia  uma  mudança  de  

postura   produtiva   com   a   incorporação   da   variável   ambiental   em   seus   processos  

produtivos   expressado   pela   combinação   de   negócios   com   aspectos   ambientais   o  

marco   principal   para   essa   mudança   de   postura   começa   depois   da   Conferência   das  

Nações   Unidas   de   1972   (Conferência   de   Estocolmo),   quando   uma   comissão  

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64    

independente   foi   criada:   a  Comissão  Mundial   de  Desenvolvimento  e  Meio  Ambiente  

(Brundtland   Comission).   Esta   Comissão   encarregou-­‐se   da   tarefa   de   reavaliar   o  meio  

ambiente  no  contexto  do  desenvolvimento  e  publicou  seu  relatório  Nosso  Futuro  em  

Comum  em  1987,  que  hoje  é  considerado  um  marco.  Esse  relatório  introduziu  o  termo  

Desenvolvimento   Sustentável   e   incitou   as   indústrias   a   desenvolverem   sistemas   de  

gestão  ambiental  eficientes.  O  relatório  foi  assinado  por  mais  de  50  líderes  mundiais,  

que  agendaram  uma  conferência  geral  para  discutir  a  necessidade  do  estabelecimento  

de  ações  a  serem  implementadas.  

  Segundo  a  Comissão  Mundial  do  Meio  Ambiente,  o  desafio  do  desenvolvimento  

sustentável   é   trazer   as   considerações   ambientais   para   o   centro   das   tomadas   de  

decisões   econômicas,   para   o   centro   do   planejamento   futuro   em   todos   os   níveis.   A  

velocidade   de   implantação   do   desenvolvimento   sustentável   depende   da   vontade  

coletiva  dos  cidadãos  de  cada  região  para  vencer  a  inércia  das  estruturas  e  processos  

preexistentes.  

  Na  década  de  90  ocorre  outra  conferencia  ambiental  de  grande  relevância  para  

a  gestão  do  meio  ambiente,  organizada  pela  ONU,  a  Conferência  de  Desenvolvimento  

e   Meio   Ambiente   das   Nações   Unidas   (Unced),   também   conhecida   como   ECO   92,  

realizada   no   Rio   de   Janeiro   em   junho   de   1992.   Líderes   de   governos,   próceres  

comerciais,   representantes   de   mais   de   cinco   mil   organizações   não   governamentais,  

jornalistas  internacionais  e  grupos  privados  de  várias  partes  do  globo  se  reuniram  para  

discutir  como  o  mundo  poderia  mudar  em  direção  ao  desenvolvimento  sustentável.  

  O   resultado  da  ECO  92   foi  a  Agenda  21,  um  “consenso  global  e   compromisso  

político   do   mais   alto   nível   ”,   mostrando   como   os   governos,   as   empresas,   as  

organizações  não  governamentais  e  todos  os  setores  da  ação  humana  podem  cooperar  

para  resolver  os  problemas  ambientais  cruciais  que  ameaçam  a  vida  no  planeta.  

  Por  conta  da  realização  das  conferências  ambientais,  desde  a  metade  dos  anos  

80,   e   mais   recentemente   nas   economias   emergentes   e   dinâmicas   do   Oriente   e   do  

Ocidente,   o   segmento   empresarial   está   tomando   uma   atitude   mais   proativa   e  

reconhecendo  que  a  gestão  ambiental,  como  iniciativa  voluntária,  pode   intensificar  a  

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imagem  de  corporação.  Pode  também  aumentar  os  lucros  e  a  competitividade,  reduzir  

os   custos   e   evitar   os   desperdícios.   Uma   evidência   disso   é   vista   na   mudança   para  

“produtos  verdes”,  com  o  aumento  da  “avaliação  do  ciclo  de  vida”  –  que  identifica  os  

impactos  ambientais  de  um  produto  do  “berço  ao  berço”.  

  Também  têm  sido  produzidas   inúmeras  ferramentas  de  gestão  ambiental,  tais  

como  auditoria  ambiental  e  sistemas  de  gestão  ambiental.  Essas  ferramentas,  em  sua  

maioria,  começaram  como  iniciativas  voluntárias  dentro  das  companhias,  mas  agora  já  

existem   as   políticas   e   regulamentações   nacionais   e   internacionais   que   restringe   a  

circulação  de  mercadorias  que  tenham  sido  produzidos  sem  preocupação  ambiental.  

  A   implementação   de   sistemas   de   gestão   ambiental   em   empresas   permanece  

voluntária.   No   entanto,   organizações   em   todo   o   mundo   estão   estimando  

cuidadosamente   não   só   os   benefícios   financeiros   (identificação   e   redução   de  

desperdícios,   melhora   na   eficiência   da   produção,   novo   potencial   de  marketing   etc.)  

que  podem  surgir  de  tais  atividades,  mas  também  os  riscos  de  não  empregar  soluções  

organizacionais   e   técnicas   para   problemas   ambientais   (acidentes,   incapacidade   de  

obter  crédito  bancário  e  investimento  privado,  perda  de  mercado  e  da  clientela).    

  Neste  início  do  século  21,  o  homem  passa  a  assumir  a  meia  culpa  pelo  passado  

de  uso  predatório  dos   recursos  naturais.  Fala  de  desenvolvimento  sustentável,   como  

forma  de  redimir-­‐se  dos  danos  causados  ao  meio  ambiente  em  que  vive.  

  Passar   do   discurso   do   desenvolvimento   sustentável   para   a   prática   das   ações  

ambientais   diárias   é   um   caminho   que   envolve   mudanças   de   comportamento,   de  

procedimentos;  demora  tempo  e  custa  dinheiro,  que  nem  sempre  está  disponível  para  

essa  finalidade.  Falar  de  desenvolvimento  sustentável  é  falar  de  coisas  novas,  é  rever  

conceitos.  É  falar  de  biotecnologia,  de  tecnologias  limpas,  de  mudanças  de  padrões  de  

produção   e   consumo,   de   reciclagem,   de   reuso,   de   reaproveitamento   e   de   outras  

formas   de   diminuir   a   pressão   sobre  matérias-­‐primas,   e   ao  mesmo   tempo   reduzir   os  

impactos  causados  pelos  descartes  de  substâncias  e  objetos  no  meio  ambiente.  

  É   importante   ressaltar   que   cada   cidadão   tem   o   dever   de   exercitar  

procedimentos  de  gestão  ambiental  onde  quer  que  exerça  suas  atividades:  no  lar,  no  

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trabalho,  nas   instituições  de  ensino,  nos  ambientes  de   lazer  e,  também,  nas  ruas  por  

onde  passa.  Dê  sua  contribuição  de   forma  coerente  e  promova  esforços  para  que  as  

crianças  sigam  rumo  certo  no  caminho  da  sustentabilidade  ambiental,  como  condição  

para  a  sobrevivência  da  própria  espécie  humana  no  planeta  Terra.    

  Esse   inter-­‐relacionamento  que  está   se  processando  no   segmento  empresarial  

entre   economia   e   ecologia   está   sendo   denominado   de   eco-­‐economia,   que   será  

abordado  no  tópico  seguinte.  

1.3  Eco-­‐economia  evolução  do  modelo  econômico  

  A  necessidade   de   novas   abordagens   que   subordinem  os   processos   decisórios  

de   planejamento   e   execução   ao   desenvolvimento   econômico   e   social   encontra-­‐se  

atualmente   acuada   pela   emergência   das   questões   ambientais.   Estas   questões  

suscitaram   o   surgimento   da   Eco-­‐   Economia   ou   Economia   Ecológica.   A   Economia  

Ecológica  é  uma  nova  abordagem  transdisciplinar  que  contempla  toda  gama  de  inter-­‐

relacionamentos  entre  os  sistemas  econômicos  e  ecológicos.  Para  que  sejam  realizadas  

todas  as   transformações,   sugeridas  com  muita  esperança,  pelo  Relatório  Brundtland,  

devemos  entender  que,  “O  tema  comum  a  essa  estratégia  do  DS  é  a  necessidade  de  

incluir  considerações  econômicas  e  ecológicas  no  processo  decisório.  Afinal,  economia  

e   ecologia   estão   interligadas   nas   atividades   do  mundo   real.   Para   tanto   será   preciso  

mudar   atitudes   e   objetivos   e   chegar   a   novas   disposições   institucionais   em   todos   os  

níveis”.  (MELLO,  2002).  

  A  eco-­‐econômia,  procura  focalizar  sua  abordagem  nos  problemas  ambientais  e  

socioeconômicos,   pôr   uma   ótica   que   privilegia   a   transdisciplinaridade,   tentando  

integrar   e   sintetizar   muitas   perspectivas   disciplinares   diferentes.   Não   é   uma   nova  

disciplina,  mas  uma  nova  maneira  pluralista  de  abordar  os  problemas.  

  Para  esta   finalidade,  o  domínio  pretendido  pela  economia  ecológica  é  aquele  

que  congrega  a  economia  convencional,  a  economia  ambiental,  a  análise  de  impactos  

ambientais,  a  economia  de  recursos  naturais  e  a  ecologia  convencional.  

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67    

  Conforme   Cánepa   (2003)   algumas   ferramentas   e   modelos   propostos   pela  

economia   ecológica   com   o   intuito   de   expressar   os   custos   das   degradações  

socioambientais   e   da   exaustão   dos   recursos   naturais   e   artificiais   se   expressam   nos  

conceitos   de   “produção   sacrificada”   e   “disposição   para   pagar”.   O   conceito   de  

produção  sacrificada  diz  que  é  possível  medir  o  custo  econômico  de  utilização  do  meio  

ambiente  em  função  de  impactos  ambientais  limitados  geograficamente,  que  levam  a  

uma  perda  parcial  ou  total  da  produção  da  daquela  região.  Por  exemplo,  o  alagamento  

de  uma  localidade  produtora  de  gado,  em  função  da  construção  de  uma  barragem.  

  O   conceito   de   disposição   para   pagar,   fala   da   valorização   hipotética   que   os  

consumidores  dão  aos  bens  que  desejam  adquirir.  É  aplicado  como  técnica  prospectiva  

dos  possíveis  custos  aos  serviços  ambientais  e  ao  futuro  uso  dos  recursos  naturais.  A  

operacionalização   destes   conceitos   pode   se   dar   através   de   imposição   de   padrões  

ambientais,  tais  como:  

a)   taxação:   ao   agente   poluidor   é   cobrada   uma   taxa   em   que   seu   valor   arbitrado  

independente   do   dano   ambiental   produzido.   Esta   é   escalonada   e   aumenta  

proporcionalmente  às  emissões  de  poluentes;  

b)   mercado   de   licenças   de   poluição:   o   governo   emite   títulos,   que   são   licenças   de  

poluição   negociável   no   mercado   financeiro.   Os   agentes   poluidores   são   obrigados   a  

comprar  estes  títulos  e  passam  a  emitir  uma  quantidade  de  poluição  proporcional  às  

cotas   adquiridas   no  mercado,   dependendo   do   seu   grau   de   emissão   de   gases   ou   de  

efluentes,  que  são  mensurados  de  acordo  com  o  ramo  de  atividade  da  entidade;  

c)   controle   direto:   utilização   de   monitoramento   ambiental   com   a   finalidade   de  

antecipar  e  atuar  nos  problemas  ambientais  que  ocorre   inesperadamente,   como  por  

exemplo,   incêndios   de   florestas   com   origem   tanto   criminosa   quanto  meteorológica,  

acidentes  industriais,  etc.  

d)   subsídios:   ao   invés   de   punir   os   agentes   poluidores,   cobrando   taxas   e   multas  

relativas  à  emissão  de  poluentes,  é  aplicado  um  incentivo  de  redução  da  poluição  via  

subsídio.  Assim,  o  agente  que  minimizar  o  grau  de  poluição  de  seu  processo  produtivo,  

adquire  incentivo  fiscal  e  tributário  em  suas  operações.  

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  Ainda,   segundo   Cánepa   (2003),   dentro   desta   temática,   mais   dois   princípios  

compõem   a   abordagem   da   economia   ecológica:   o   princípio   do   custo   integral   e   o  

princípio  da  capacidade  de  suporte.  

O   princípio   do   custo   integral:   estipula   que   todos   os   consumidores   dos   recursos  

ambientais  deveriam  pagar  o  custo  integral  da  utilização  dos  mesmos,  sem  exceções.  

Este   princípio   é   mais   abrangente   do   que   o   princípio   do   poluidor   pagador.   Neste,  

somente  as  indústrias  pagam;  naquele,  todos  os  cidadãos  pagam.  A  implementação  de  

tal   princípio   –   do   custo   integral,   se   faria   através   da   inclusão   sistemática   de   custos  

ambientais   na   contabilidade   da   renda   nacional   e   nas   avaliações   de   projetos   de  

investimento   por   parte   do   governo.   Com   este   intuito,   haveria   uma   progressiva   e  

constante  mudança  do  enfoque  tributário,  que  se  tem  orientado  pôr  tributar  o  capital  

e   o   trabalho,   passando,   agora,   a   tributar   as   emissões   da   produção   e   do   consumo  

industriais  e  as  extrações  dos  recursos  naturais  e/ou  seus  usos  in  natura.  O  princípio  da  

capacidade  de  suporte  nos  diz  que:  o  meio  ambiente  possui  um  limite  biogeoquímico  

para   absorver   os   resíduos   e   a   poluição   que   são   nele   depositados,   tendo   cada  

ecossistema  uma  tolerância  diversa.  

  Portanto,   na   ótica   destes   princípios,   deve-­‐se   voltar   à   atenção   para   o  

esgotamento   dos   recursos,   como   também,   para   capacidade   de   o   meio   ambiente  

suportar  as  emissões  derivadas  das  ações  antroposociais.  

  Apesar  do  enfoque  da  economia  ecológica  demonstrar-­‐se  como  um  avanço  no  

campo   da   investigação   científica   sobre   o  meio   ambiente,   apresenta   limites   que   são  

admitidos  dentro  de  seu  próprio  campo  teórico.  Por  exemplo,  Canepa  (2003)  diz  que  

“[...]   a   teoria   (ou   modelo)   global,   são   empregadas   abordagens   dualistas   do   tipo  

econômico-­‐ecológicas  que,  mesmo  úteis  no  assunto”;  ou  seja,  a   transdiciplinaridade,  

aqui  pleiteada,  não  é  consenso,  ainda  é  uma  promessa  a  ser  construída.  A  dificuldade  

advém  de  três  pontos  básicos  

a)   a   análise   neoclássica   se   baseia   nos   valores  monetários   do  mercado,  mas   o  meio  

ambiente  não  tem  “cotação”  neste  mercado;  

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b)  princípio  de  soberania  do  consumidor  é  um  dos  conceitos  básicos  da  construção  do  

sistema  neoclássico,  mas  a  demanda  de  meio  ambiente  não  é  levada  em  consideração;  

c)  patrimônio  natural  não  é  também  levado  em  consideração,  uma  vez  que  a  análise  

destaca  preponderantemente  os  fluxos.  

  As  valorações  econômicas,  demandas  ambientais  e  gestão  patrimonial  do  meio  

ambiente,   ainda   são   “equações”   sem   soluções,   mas   não   será   por   isso   que   todo   o  

esforço   empreendido   pelo   pensamento   que   se   denomina   economia   ecológica,   deva  

ser   descartado.   Deve,   sim,   ser   entendido   como   um   método   que   procura   oferecer  

propostas  viáveis  de  serem  implantadas  na  atualidade  do  cenário  da  crise  ambiental,  

mesmo   porque,   moderadamente   o   meio   empresarial   vem   perdendo   “preconceitos”  

quanto  às  questões  ambientais.  Isto  é  o  que  evidencia  o  surgimento  do  ecobusiness  –  

uma  tentativa  de  se  criar  um  mercado  verde.  Este  novo  setor  da  atividade  econômica,  

o   ecobusiness,   tem   sido   pouco   estudado   e   designa   uma   gama   de   produtos   cuja  

demanda  cresce  com  a  difusão  da  consciência  ecológica.  Sob  a  mesma  designação  de  

ecobusiness  classificam-­‐se  a  indústria  de  equipamento  de  depuração,  as  empresas  de  

serviço  de  despoluição  dor  ar  e  da  água,  a  reciclagem  de  lixo,  o  controle  de  ruídos,  e  

uma  extensa  lista  de  produtos  que  são  vendidos  a  partir  de  sua  imagem  ecológica.  

  A  partir  das  considerações  abordadas  sobre  gestão  ambiental,  desenvolvimento  

sustentável  e  eco-­‐economia  vislumbram-­‐se  essas  dimensões  como  respostas  para  a  o  

desafio   de   se   implantar   a   conservação   e   o   manejo   dos   recursos   naturais.   Nesse  

contexto  de  preocupação  e  conservação  ambiental  as  organizações,  precisam  partilhar  

o   entendimento   de   que   deve   existir   um   objetivo   comum,   e   não   um   conflito,   entre  

desenvolvimento   econômico   e   proteção   ambiental,   tanto   para   o  momento   presente  

como  para  as  gerações  futuras.  

 

   

 

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