mandioca na regiÃo centro sul do brasil

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MANDIOCA NA REGIÃO CENTRO SUL DO BRASIL INTRODUÇÃO Originária do continente americano, provavelmente do Brasil Central, a mandioca (Manihot escul enta Crantz) já era amplamente cultivada pelos arborígenes, por ocasião da descoberta do Brasil. Eles foram os responsáveis pela sua disseminação em quase toda a América e os portugueses pela sua difusão por outros continentes, especialmente África e Ásia. Atualmente, a mandioca é cultivada em muitos países compreendidos por uma extensa faixa do globo terrestre, que vai de 30º de latitude norte a sul. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DESEMPENHO DA MANDIOCA NOS CONTINENTES Com uma produção acima de 170 milhões de toneladas, a mandioca constitui uma das principais explorações agrícolas do mundo (Tabela 1). Entre as tuberosas, perde apenas para a batata. Nos trópicos, essa importância aumenta. Dentre os continentes, a África (53,32%) é o maior produtor mundial, seguido pela Ásia (28,08%), Américas (18,49%) e Oceania (0,11%). Quanto ao rendimento, destacam-se a Ásia (14,37 t/ha) e as Américas (12,22 t/ha), seguidas pela Oceania (11,57 t/ha) e África (8,46 t/ha) (Tabela 1). Tabela 1. Área colhida, produção e rendimento da mandioca no mundo, por continente, em 2000. Continentes Variáveis Área Colhida ( ha) Produção ( t) Rendimento ( t/ha) África 10.804.484 91.451.289 8,46 Ásia 3.351.119 48.163.007 14,37 Américas 2.596.719 31.719.755 12,22 Oceania 15.848 183.292 11,57 Mundo 16.768.170 171.517.343 10,23 Fonte: FAO, 2001a. O desempenho da mandioca nos continentes, no período de 1970-2000, apresentou os melhores índices na África e Ásia. Na África, a evolução na produção foi de 3,18% a.a. e na Ás ia de 2,13%. As Amé ricas apr esentaram um cre sci mento negativo (-0,50% a.a.), isto porque a produção sofreu declínio ou se estabilizou nos países produtores locais. ÁFRICA O continente africano é o maior produtor mundial de mandioca. A produção é distribuída por vários países, com destaque para a Nigéria e a República Democrática do Congo que, juntos, contribuem com aproximadamente metade da produção do continente. A outra metade é produzida em outros 37 países. Apesar de a dieta básica da maioria dos africanos ser representada pelo arroz, a mandioca é cultivada no sentido de garantir um abastecimento alimentar no caso de uma frustração da colheita do arroz, bem como impedir que sejam praticados

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MANDIOCA NA REGIÃO CENTRO SUL DO BRASIL

INTRODUÇÃO

Originária do continente americano, provavelmente do Brasil Central, a mandioca(Manihot esculenta Crantz) já era amplamente cultivada pelos arborígenes, porocasião da descoberta do Brasil. Eles foram os responsáveis pela sua disseminaçãoem quase toda a América e os portugueses pela sua difusão por outros continentes,especialmente África e Ásia. Atualmente, a mandioca é cultivada em muitos paísescompreendidos por uma extensa faixa do globo terrestre, que vai de 30º de latitudenorte a sul.

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

DESEMPENHO DA MANDIOCA NOS CONTINENTES

Com uma produção acima de 170 milhões de toneladas, a mandioca constitui uma

das principais explorações agrícolas do mundo (Tabela 1). Entre as tuberosas,perde apenas para a batata. Nos trópicos, essa importância aumenta.

Dentre os continentes, a África (53,32%) é o maior produtor mundial, seguido pelaÁsia (28,08%), Américas (18,49%) e Oceania (0,11%). Quanto ao rendimento,destacam-se a Ásia (14,37 t/ha) e as Américas (12,22 t/ha), seguidas pela Oceania(11,57 t/ha) e África (8,46 t/ha) (Tabela 1).

Tabela 1. Área colhida, produção e rendimento da mandioca no mundo, por continente, em 2000.

ContinentesVariáveis

Área Colhida (ha) Produção (t) Rendimento (t/ha)África 10.804.484 91.451.289 8,46

Ásia 3.351.119 48.163.007 14,37

Américas 2.596.719 31.719.755 12,22

Oceania 15.848 183.292 11,57

Mundo 16.768.170 171.517.343 10,23Fonte: FAO, 2001a.

O desempenho da mandioca nos continentes, no período de 1970-2000, apresentouos melhores índices na África e Ásia. Na África, a evolução na produção foi de

3,18% a.a. e na Ásia de 2,13%. As Américas apresentaram um crescimentonegativo (-0,50% a.a.), isto porque a produção sofreu declínio ou se estabilizou nospaíses produtores locais.

ÁFRICA

O continente africano é o maior produtor mundial de mandioca. A produção édistribuída por vários países, com destaque para a Nigéria e a RepúblicaDemocrática do Congo que, juntos, contribuem com aproximadamente metade daprodução do continente. A outra metade é produzida em outros 37 países.

Apesar de a dieta básica da maioria dos africanos ser representada pelo arroz, amandioca é cultivada no sentido de garantir um abastecimento alimentar no casode uma frustração da colheita do arroz, bem como impedir que sejam praticados

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altos preços no mercado para arroz, pois nesse caso essa gramínea é substituídapela euforbiácea.

O maior consumo da mandioca na África é sob a forma de farinha fermentada,conhecida por “gari”, “foo-foo”, etc. Ocorre também a demanda de outras formas,como raízes frescas, farinha de raspas, fécula e folhas.

Os principais problemas agrícolas da cultura na África são:

a) baixo nível tecnológico;b) incidência de doenças, principalmente o mosaico africano;c) ocorrência de pragas, como cochonilha, ácaros, gafanhoto, etc.

ÁSIA

No continente asiático, a maioria da produção provém da Tailândia e da Indonésia.Quase todos os países têm demonstrado, nos últimos anos, uma tendência de

aumento. Nesse continente, a produção da mandioca é voltada para aindustrialização. Nesse sentido, a Tailândia é o maior exportador de derivados demandioca do mundo.

Quanto aos problemas agrícolas da cultura na Ásia, pode-se afirmar que o níveltecnológico é bem melhor do que na África, o que pode ser comprovado pelorendimento da mandioca que, apesar de ser ainda baixo, é o maior do mundo.Nesse continente, os principais países produtores possuem rendimentos médiosacima de 12 t/ha, como por exemplo a Tailândia (13,9 t/ha), Indonésia (11,7 t/ha),Índia (18,2 t/ha) e China (14,7 t/ha). Com relação à ocorrência de pragas edoenças, o grave problema que afeta a cultura da mandioca na Ásia é o mosaicoafricano, que é encontrado apenas na Índia. Nos outros países não ocorre

problemas fitossanitários importantes que possam limitar a produção.

AMÉRICAS

O Brasil é o maior produtor de mandioca do continente. A produção brasileira,apesar de ser bastante significativa, praticamente estagnou nos últimos anos, oraapresentando pequenos decréscimos, ora apresentando pequenos acréscimos,porém, nada significativo. Na maioria dos países das Américas, o principal consumoda mandioca é sob a forma fresca, à exceção do Brasil, que apresenta a farinha demesa o seu principal produto. Os principais problemas agrícolas da cultura nasAméricas são:

a) processo de produção bastante empírico;

b) bacteriose, doença que ocorre no Centro-Sul do Brasil,Paraguai, Colômbia e outra regiões;

c) ocorrência de pragas como mandarová, ácaros,cochonilhas, etc.;

d) apodrecimento de raízes, nas regiões quentes e úmidas.

OCEANIA

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A produção da oceania é muito pequena e se concentra em Papua e Nova Guiné,embora não se tenha muitas informações sobre o nível tecnológico utilizado, nemsobre as principais formas de produção.

DESEMPENHO DA MANDIOCA NOS PAÍSES PRODUTORES

Na Figura 2, verifica-se a produção dos oito principais países produtores. O Brasilse destaca na produção, sendo o segundo produtor mundial, atrás da Nigéria, omaior produtor. Merecem destaque as produções de: Tailândia, Congo, Indonésia,Gana e Tanzânia.

Figura 2. Principais países produtores de mandioca em 2000.Fonte: FAO, 2001a.

Porém, no período de 1970-2000, todos os principais países produtores demandioca apresentaram crescimento na sua produção. A exceção foi o Brasil, queapresentou ligeiro decréscimo (Tabela 2). Gana apresentou um acréscimo deprodução de 6,40% no período; a Nigéria, 5,13%; a Tailândia, 4,85%; a Tanzânia,2,14%; a República Democrática do Congo, 2,11%; e a Indonésia, 1,39%. NoBrasil, o decréscimo foi de –0,99%.

Tabela 2. Desempenho da mandioca nos principais países produtores no períodode 1970-2000.

Países Produção (% a.a)

Nigéria 5,13

Brasil -0,99

Tailândia 4,85

República Democrática do Congo 2,11

Indonésia 1,39

Gana 6,40

Tanzânia 2,14

Mundo 1,95

Fonte: FAO, 2001a.

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BRASIL

O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca (12,7% do

total). Cultivada em todas as regiões, tem papel importante na alimentaçãohumana e animal, bem como matéria-prima para inúmeros produtos industriais ena geração de emprego e de renda. Estima-se que na fase de produção primária eno processamento de farinha e fécula sejam gerados um milhão de empregosdiretos e que a atividade mandioqueira proporcione receita bruta anual equivalentea 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares; aprodução que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, receitasequivalentes a 600 milhões e 150 milhões de dólares. 

O Brasil, apesar de não ter uma participação significativa no mercado internacional,exporta alguns derivados de mandioca, notadamente a fécula e a farinha. Osmaiores compradores de fécula do Brasi, são os países da América Latina, em

particular a Argentina, Venezuela e Colômbia. (Tabela 3).

Tabela 3. Exportações brasileiras de fécula de mandioca, por países dedestino.

Países1999 2000 2001*

M US$ t M US$ t M US$ t

Argentina 1.144 4.523 912 3.059 527 2.330

Venezuela 589 2.120 779 2.506 767 2.765

Colômbia 21 60 335 1.036 284 924

Estados Unidos 266 465 199 367 157 336

Uruguai 121 496 179 613 113 581Bolívia 223 1.184 113 486 0,0 0,0

México 66,5 220 103 348 53,0 182

Peru 0,0 0,0 51,8 135 50,0 135

Paraguai 9,3 15,4 36,7 263 84,9 618

Canadá 87,2 300 34,8 120 61,4 241

Total 2.682 9.749 2.820 9.086 2.215 8.432Fonte: Mandioca (2002).

M US$ = US$ 1000 FOB*Até jul/2001

Outro derivado de mandioca que o Brasil tem exportado é a farinha. Os maiorescompradores de farinha brasileira são: Portugal, Estados Unidos, Uruguai, Japão eCabo Verde (Tabela 4).

Tabela 4. Exportações brasileiras de farinha de mandioca, por países dedestino.

Países1999 2000 2001*

M US$ t M US$ t M US$ t

Portugal 120,2 338,2 151,7 465,0 110,0 396,1

Estados Unidos 96,0 200,9 104,3 206,4 70,0 165,4

Uruguai 78,3 259,4 80,4 243,5 34,7 143,5

Japão 28,0 46,9 61,9 98,7 30,9 55,2

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Cabo Verde 18,4 52,2 32,1 88,8 25,7 93,9

Itália 5,9 8,0 5,2 7,0 0,0 0,0

Paraguai 3,2 4,9 5,0 6,8 7,5 15,3

Alemanha 0,0 0,0 5,0 7,5 0,0 0,0

Total 372 947 450 1.134 308 1.007Fonte: Mandioca (2002).

M US$ = US$ 1000 FOB*Até jul/2001

Em função do tipo de raiz, a mandioca pode ser classificada em: 1) de “mesa” - écomercializada na forma in natura; e 2) para a indústria, transformadaprincipalmente em farinha, que tem uso essencialmente alimentar, e fécula que,

 junto com seus produtos derivados, têm competitividade crescente no mercado deamiláceos para a alimentação humana, ou como insumos em diversos ramosindustriais tais como o de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração,têxtil e farmacêutica (Figura 3).

 Figura 3. Potencialidades de uso do amido no Brasil.

A produção nacional da cultura projetada pela CONAB para 2002 será de 22,6milhões de toneladas de raízes, numa área plantada de 1,7 milhões de hectares,com rendimento médio de 13,3 t/ha.

Dentre os principais Estados produtores destacam-se: Pará (17,9%), Bahia(16,7%), Paraná (14,5%), Rio Grande do Sul (5,6%) e Amazonas (4,3%), querespondem por 59% da produção do país. A Região Nordeste sobressai-se com umaparticipação de 34,7% da produção nacional, porém com rendimento médio deapenas 10,6 t/ha. As demais regiões participam com 25,9% (Norte), 23,0% (Sul),10,4% (Sudeste) e 6,0% (Centro-Oeste). As Regiões Norte e Nordeste destacam-secomo principais consumidoras, sob a forma de farinha. No Sul e Sudeste, comrendimentos médios de 18,8 t/ha e 17,1 t/ha, respectivamente, a maior parte daprodução é para a indústria, principalmente no Paraná, São Paulo e Minas Gerais.Na região Centro-Oeste, destaca-se a produção de Mato Grosso do Sul, cujaprodução se destina, basicamente, para a industrialização, em particular, de fécula.

REGIÃO CENTRO SUL BRASILEIRA

A região Centro Sul Brasileira, compreendida pelos Estados de São Paulo, Paraná eMato Grosso do Sul, foi responsável, em 2000 (Mandioca, 2002), por 23,19% da

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produção nacional, com um total de 5.411.121 t produzidas (Tabela 5). Acaracterística peculiar dessa região, em detrimento das demais, é a forteindustrialização, em particular, de fécula. Essa região, mais o Estado de SantaCatarina, produzem em torno de 97% da produção nacional de fécula de mandioca.

Tabela 5. Área colhida e produção de mandioca na Região Centro Sul doBrasil.

Estados

1998 1999 2000

Área (ha) Produção(tx1000)

Área (ha) Produção(tx1000)

Área (ha) Produção(tx1000)

PR 152.980 3.198 171.000 3.500 192.300 4.050

SP 27.330 585 32.165 701 34.320 770

MS 27.658 541 33.082 623 32.519 591

Brasil 1.578.879 19.503 1.582.495 20.891 1.721.739 23.336Fonte: Mandioca (2002)

Nessa região, o Paraná apresenta maior área plantada, seguido por São Paulo eMato Grosso do Sul. Em 2000, a área plantada por essa região representou 15,05%da área plantada brasileira e com uma participação de 23,19% na produção. Esseresultado se deve à produtividade observada que, para a região, é de 20.558kg/ha. O Estado de São Paulo apresenta a maior produtividade brasileira (22.433kg/ha), seguido pelo Paraná (21.061 kg/ha) e pelo Mato Grosso do Sul (18.181kg/ha).

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA PLANTA

No desenvolvimento da cultura da mandioca têm sido verificadas cinco fasesfisiológicas, sendo quatro ativas e uma de repouso (Conceição, 1979). As cincofases são:

1- Brotação da estaca;

2- Formação do sistema radicular;

3- Desenvolvimento da parte aérea;

4- Enchimento das raízes de reserva;

5- Repouso.

A duração de cada fase está na dependência de fatores relacionados com a própriadiversidade genética da cultura e de fatores do ambiente.

1. Brotação da estaca

Em condições favoráveis de umidade e temperatura, após 5 a 7 dias do plantio, háo brotamento das estacas e o surgimento das primeiras raízes absorventes ao níveldos nós e da extremidade das estacas. Cerca de 15 dias é o tempo necessário parao atingimento desta fase.Em regiões onde existe a possibilidade de ocorrência de estresse hídrico na fase de

brotação das estacas, aconselha-se utilizar manivas maiores para o plantio(aproximadamente 20cm), porque manivas com essa dimensão podem manter aplântula com umidade e nutrientes por um período razoável de tempo.

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2. Formação do sistema radicular

Essa fase dura, em média, 80 dias e se caracteriza pelo desaparecimento dasprimeiras raízes formadas em detrimento do aparecimento de outras. Essas novasraízes são chamadas raízes fibrosas e são responsáveis pela absorção de água enutrientes.As raízes de reserva são formadas pelo crescimento secundário das raízes fibrosase esse processo se inicia em torno de 3 semanas após o plantio.O número de raízes de armazenamento, que varia de cinco a doze, é definido noinício do ciclo da cultura (dois a três meses), embora algumas cultivares possamproduzir novas raízes até com sete meses de idade. Por essa razão, qualquerestresse (água, temperatura, competição, ataque de insetos, etc.) que ocorra nafase inicial do crescimento da mandioca poderá dificultar a fixação das raízes dearmazenamento com significativo comprometimento da produtividade.

3. Desenvolvimento da parte aérea

No sétimo dia após o plantio aparecem os primeiros ramos aéreos e aos dez diassurgem as primeiras folhas. Após o aparecimento, e sob condições normais, asfolhas alcançam seu crescimento máximo entre o 10º e o 12º dia.Quanto à duração de cada folha na planta, ela é dependente, sobretudo, da cultivare do nível de sombreamento ao qual a planta é submetida, embora o estressehídrico e temperaturas altas também possam acelerar o início da senescência foliar.A duração mínima encontrada para uma folha de mandioca foi de 37 dias, e amáxima de 210 dias.

4. Enchimento das raízes de reserva

Nesta fase há um direcionamento de carboidratos das folhas para as raízes. O início

da deposição de amido nas raízes ocorre aos 25 dias após plantio.5. Repouso

Esta fase é bem caracterizada em regiões onde ocorrem baixas temperaturas, oque é o caso da região Centro Sul Brasileira. Neste período, a planta perde toda asua folhagem permanecendo apenas a migração de amido para as raízes. Aocompletar um ciclo de 12 meses, segue-se um segundo período de atividades emque se processa a formação de novos ramos e folhas até o 16° mês. Do 17° ao 22°mês haverá novamente a formação de amido para que a planta entre novamenteem repouso. 

CLIMA

A mandioca é cultivada entre 30 graus de latitudes Norte e Sul, embora suaconcentração de plantio esteja entre as latitudes 15oN e 15oS. Suporta altitudes quevariam desde o nível do mar até cerca de 2.300 metros, sendo mais favoráveis asregiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 metros.

A faixa ideal de temperatura situa-se entre 20 e 27oC (média anual). Astemperaturas baixas, em torno de 15oC, retardam a germinação e diminuem oumesmo paralisam sua atividade vegetativa, entrando em fase de repouso.

A faixa mais adequada de chuva é entre 1.000 a 1.500 mm/ano, bem distribuídos.

Em regiões tropicais, a mandioca produz em locais com índices de até 4.000mm/ano, sem estação seca em nenhum período do ano; nesse caso, é importante

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que os solos sejam bem drenados, pois o encharcamento favorece a podridão deraízes. É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm dechuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época deplantio para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses decultivo, o que prejudica a produção; a deficiência de água após os primeiros cincomeses de cultivo, quando as plantas já formaram suas raízes de reserva, não causa

maiores reduções na produção.

O período de luz ideal está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos de luzmais longos favorecem o crescimento de parte aérea e reduzem o desenvolvimentodas raízes de reserva, enquanto que os períodos diários de luz mais curtospromovem o crescimento das raízes de reserva e reduzem o desenvolvimento dosramos.

SOLOS

Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos

profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos ou de textura média,por possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pelafacilidade de colheita. Os solos muito argilosos devem ser evitados, pois são maiscompactos, dificultando o crescimento das raízes, apresentam maior risco deencharcamento e de apodrecimento das raízes e dificultam a colheita,principalmente se ela coincide com a época seca. Os terrenos de baixada, comtopografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos, são também inadequadospara o cultivo da mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento dasplantas e o apodrecimento das raízes. É importante observar o solo emprofundidade, pois a presença de uma camada argilosa ou compactadaimediatamente abaixo da camada arável pode limitar o crescimento das raízes,além de prejudicar a drenagem e a aeração do solo.

Com relação à topografia, deve-se buscar terrenos planos ou levemente ondulados,com declividade de até 5%, podendo ir até 10%. Em ambos os casos, deve-seutilizar práticas conservacionistas do solo, pois os plantios de mandioca estãosujeitos a acentuadas perdas de solo e água por erosão.

A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7, sendo 6,5 o ideal, embora a mandioca sejamenos afetada pela acidez do solo do que outras culturas. Ela produz muito bemem solos de alta fertilidade, embora rendimentos satisfatórios sejam obtidos emsolos degradados fisicamente e com baixos teores de nutrientes, onde a maioriados cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente. Os solos de cerrado, desdeque melhorados por calagem e adubações, oferecem condições ótimas ao cultivo damandioca.

PREPARO DO SOLO

Além do controle do mato, o preparo do solo visa melhorar as suas condiçõesfísicas para a brotação das manivas e crescimento das raízes e, conseqüentemente,das partes vegetativas, pelo aumento da aeração e infiltração de água e redução daresistência do solo ao crescimento radicular.

Se for necessário desmatamento e destoca para a instalação do mandiocal, quandofeitos mecanicamente, deve-se evitar muita movimentação da camada superficialdo solo, pela desestruturação que causa compactação, além de remover a matéria

orgânica; quando feitos manualmente, no caso de áreas para pequenos plantios,esses problemas são mínimos. Em ambos os casos, deve-se deixar faixas devegetação natural na área, bem como efetuar o enleiramento em nível ("cortando"

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as águas) dos restos vegetais que não apresentem valor econômico e que não justifiquem a sua retirada do terreno desmatado.

O preparo do solo deve ser o mínimo possível, apenas o suficiente para a instalaçãoda cultura e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, e sempre executadoem curvas de nível, orientação esta que também deve ser seguida no plantio. Aaração deve ser na profundidade de 40 cm e, 30 dias depois, executadas duasgradagens em sentido cruzado, a segunda em curva de nível, deixando-se o solobem destorroado para ser sulcado e plantado. Nos plantios em fileiras duplas pode-se executar o preparo do solo apenas nas linhas duplas de plantio. No caso depequenos produtores, o preparo do solo manual restringe-se à limpeza da área,coveamento e plantio.

Vale lembrar que o solo deve ser revolvido o mínimo possível: deve-se prepará-lode modo que não fique nem muito úmido, nem muito seco, com umidade suficientepara não levantar poeira nem aderir aos implementos. Além disso, devem seralternardos o tipo de implemento (por exemplo, arado de discos, arado de aivecaetc.) e a profundidade de trabalho, usando-se máquinas e implementos o menospesado possível, e deve-se acompanhar as curvas de nível do terreno, deixando-seo máximo de resíduos vegetais na superfície.

ADUBAÇÃO

A mandioca absorve grandes quantidades de nutrientes e praticamente exportatudo o que foi absorvido, quase nada retornando ao solo sob a forma de resíduosculturais: as raízes tuberosas são destinadas à produção de farinha, fécula e outrosprodutos, bem como para a alimentação humana e animal; a parte aérea (manivase folhas), para novos plantios, alimentação humana e animal. Em média, para umaprodução de 25 toneladas de raízes + parte aérea de mandioca por hectare sãoextraídos 123 kg de N, 27 kg de P, 146 kg de K, 46 kg de Ca e 20 kg de Mg; assim,a ordem decrescente de absorção de nutrientes é a seguinte: K > N > Ca > P >Mg.

Os sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca sãoapresentados na Tabela 7.

Tabela 7. Sintomas de deficiência e de toxidez de nutrientes em mandioca.

Nutrientes Sintomas de deficiência

N crescimento reduzido da planta; em algumas cultivares ocorreamarelecimento uniforme e generalizado das folhas, iniciando nasfolhas inferiores e atingindo toda a planta.

P crescimento reduzido da planta, folhas pequenas, estreitas e compoucos lóbulos, hastes finas; em condições severas ocorre oamarelecimento das folhas inferiores, que se tornam flácidas enecróticas e caem; diferentemente da deficiência de N, as folhassuperiores mantêm sua cor verde escura, mas podem ser pequenase pendentes.

K crescimento e vigor reduzido da planta, entrenós curtos, pecíoloscurtos e folhas pequenas; em deficiência muito severa ocorremmanchas avermelhadas, amarelecimento e necrose dos ápices ebordas das folhas inferiores, que envelhecem prematuramente ecaem; necrose e ranhuras finas nos pecíolos e na parte superior dashastes.

Ca crescimento reduzido da planta; folhas superiores pequenas, comamarelecimento, queima e deformação dos ápices foliares; escassa

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formação de raízes.

Mg clorose inter-nerval marcante nas folhas inferiores, iniciando nosápices ou bordas das folhas e avançando até o centro; emdeficiência severa as margens foliares podem tornar-se necróticas;pequena redução na altura da planta.

S amarelecimento uniforme das folhas superiores, similar ao produzidopela deficiência de N; algumas vezes são observados sintomassimilares nas folhas inferiores.

B altura reduzida da planta, entrenós e pecíolos curtos, folhas jovensverdes escuras, pequenas e disformes, com pecíolos curtos;manchas cinzas, marrons ou avermelhadas nas folhascompletamente desenvolvidas; exsudação gomosa cor de café nashastes e pecíolos; redução do desenvolvimento lateral da raiz.

Cu deformação e clorose uniforme das folhas superiores; ápices foliarestornam-se necróticos e as margens das folhas dobram-se para cimaou para baixo; pecíolos largos e pendentes nas folhascompletamente desenvolvidas; crescimento reduzido da raiz.

Fe clorose uniforme das folhas superiores e dos pecíolos, os quais setornam brancos em deficiência severa; inicialmente as nervuras e ospecíolos permanecem verdes, tornando-se de cor amarela-pálida,quase branca; crescimento reduzido da planta; folhas jovenspequenas, porém em formato normal.

Mn clorose entre as nervuras nas folhas superiores ou intermediáriascompletamente expandidas; clorose uniforme em deficiência severa;crescimento reduzido da planta; folhas jovens pequenas, porém emformato normal.

Zn manchas amarelas ou brancas entre as nervuras nas folhas jovens,as quais com o tempo tornam-se cloróticas, com lóbulos muitopequenos e estreitos, podendo crescer agrupadas em roseta;

manchas necróticas nas folhas inferiores; crescimento reduzido daplanta.

Nutrientes  Sintomas de toxidez

Al redução da altura da planta e do crescimento da raiz;amarelecimento entre as nervuras das folhas velhas sob condiçõesseveras.

B manchas brancas ou marrons nas folhas velhas, especialmente aolongo dos bordos foliares, que posteriormente podem tornar-senecróticas.

Mn amarelecimento das folhas velhas, com manchas pequenas escurasde cor marrom ou avermelhada ao longo das nervuras; as folhas

tornam-se flácidas e pendentes e caem no solo.

A adubação da mandioca prevê a reposição dos principais nutrientes extraídos pelacultura como cálcio, magnésio, nitrogênio, fósforo e potássio. O cálcio e o magnésiosão adicionados em quantidade suficiente com o calcário. Quanto ao nitrogênio, amandioca tem apresentado respostas pequenas a sua aplicação, em solos combaixos teores de matéria orgânica, embora ele seja o segundo nutriente absorvidoem maior quantidade pela planta. Possivelmente, esse fato deve-se à presença debactérias diazotróficas, fixadoras de nitrogênio atmosférico, no solo da rizosfera,nas raízes absorventes, nas raízes tuberosas e nas manivas da mandioca.

Embora o fósforo não seja extraído em grandes quantidades pela mandioca, aresposta da cultura à adubação fosfatada tem sido significativa em solos da Região

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de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, com aumentos expressivos deprodutividade. Deve-se salientar que os solos brasileiros em geral, e em particularos cultivados com mandioca, normalmente classificados como marginais, sãopobres nesse nutriente.

O potássio é o nutriente extraído em maior quantidade pela mandioca, sendo que aresposta da cultura à adubação potássica tem sido baixa nos primeiros cultivos,acentuando-se nos cultivos subseqüentes. Os solos cultivados apresentamnormalmente teores baixos a médios deste nutriente, que vai se esgotando comcultivos sucessivos na mesma área. Quanto aos micronutrientes, foram realizadospoucos estudos com a cultura da mandioca.

A calagem e adubação em mandioca devem ser definidas em função da análisequímica do solo, realizada com antecedência, para que haja tempo suficiente paraaquisição dos insumos e para sua aplicação. Com a utilização de calcário efertilizantes, estima-se a obtenção de um rendimento médio de 20 toneladas deraízes por hectare, sendo que a média nacional é de cerca de 13 t/ha.Adicionalmente, deve-se salientar que a eficiência dos corretivos e fertilizantesutilizados, principalmente dos adubos fosfatados, é incrementada por processosbiológicos naturais como a micorriza arbuscular.

As recomendações para correção e adubação para a cultura da mandioca são feitascom base na análise do solo.

AMOSTRAGEM DE TERRA

Amostra é uma porção ou parte de um todo ou universo, que contém suascaracterísticas ou propriedades, e serve para representá-lo (Ferreira & Cruz, 1988).Amostragem é o processo de se escolher os elementos (partes) de uma amostra,

conforme o acaso (amostragem a esmo) ou segundo um método racional. É o meiopelo qual se obtém a amostra a ser analisada e que representa o todo.

Do ponto de vista da fertilidade, pode-se dividir as amostras em:

Amostra simples ou sub amostra ou fatia: é uma pequena quantidade de terraretirada ao acaso em uma área ou gleba uniforme ou homogênea.

Amostra composta ou amostra: é a reunião de várias amostras simples colhidasao acaso dentro de uma área ou gleba uniforme, devidamente misturadas, com ofim de representá-la.

A amostra composta, formada pela reunião e mistura de várias amostras simples, éque deve possuir as características da área amostrada e que, portanto, seráenviada ao laboratório para análise.

Obtenção de áreas ou glebas uniformes

Os critérios para obtenção de áreas ou glebas uniformes são: topografia oudeclividade, cobertura vegetal ou cultura, cor do solo, tipo do solo ou textura,drenagem e, ainda, histórico de calagem e adubação.

a) Topografia: a situação do terreno exerce efeito nas perdas e acúmulo de terra(erosão) e na drenagem, o que constitui em um elemento de uniformidade ou

desuniformidade do solo. O topo do terreno, em função do tipo de vegetação, ficasujeita a perdas por erosão; a encosta ou rampa é ainda mais susceptível a essas

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perdas; e a baixada é onde pelo menos parte do material carregado é acumulado.Em vista destas diferenças, deve-se dividir a propriedade agrícola em áreas quetenham mais ou menos a mesma posição topográfica.

b) Cobertura vegetal ou cultura: deve-se padronizar o tipo de cobertura vegetalou culturas que tenham sido cultivadas na área, uma vez que as diferentesespécies vegetais apresentam exigências de pH do solo e nutricionais diferentesuma das outras.

c) Cor do solo: existem vários tipos de coloração do solo, passando por váriastonalidades. A cor do solo é determinada basicamente, pelo material de origemcombinado com teores de matéria orgânica e água, diferenciando um tipo de soloao outro. Dessa forma, as áras devem ser separadas segundo a cor queapresentam.

d) Textura: consiste na separação do solo em arenoso, argiloso ou misto.

e) Drenagem: consiste em diferenciar áreas que apresentem teor de umidadeelevada e constante (mal drenadas) daquelas secas (bem drenadas).

f) Histórico de calagem e adubação: deve-se conhecer os antecedentes decultivo da propriedade para então diferenciar áreas que tenham recebido aplicaçãode corretivo e adubação diferentes (no espaço e no tempo) e demarcá-las.

Procedimento de coleta de terra em uma área uniforme

Após divididas as áreas uniformes e a identificação de cada gleba, será feita acoleta da amostra. O caminhamento dentro da gleba deverá ser em zigue-zague deforma a percorrer toda a área (Figura 4). Devem ser coletadas ao acaso porções de

terra de, no mínimo, 12 a 20 locais diferentes, independente do tamanho da área.A terra de cada um desses locais, portanto, uma amostra simples, deverá secolocada em vasilhas limpas. Depois, quando se tiver na mesma vasilha as 12 a 20amostras simples, deverá ser feita a homogeneização para se retirar a amostracomposta e acondicionar em caixas ou sacos plásticos.

Figura 4. Caminhamento tipo zigue-zague em glebas uniformes para amostragem de solo.

Profundidade

A profundidade para a retirada de amostra para a indicação de correção da acidezdo solo e da fertilidade para o cultivo da mandioca é de 0-20cm.

Utensílios para a amostragem

Para se proceder à coleta da terra, podem ser utilizadas várias ferramentas erecipientes: trado de rosca, trado holandês, trado calador, enxadão, pá reta,

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cavadeira, colher de pedreiro, lata, balde de plástico, caixinha de papelão, etc(Figura 5). Dentre os equipamentos para a retirada de solo, os mais recomendadossão os trados pela uniformidade de profundidade e volume de solo amostrado.

Figura 5. Utensílios empregados na amostragem de terra paraanálise química. a - trado holandês; b - trado de rosca; c - trado decaneco; d - martelo de borracha; e - trado calador; f - pá reta; g -enxadão; h - balde de plástico; i - saco plástico.

CALAGEM

No Brasil, de modo geral, não se tem conseguido aumentos acentuados naprodução da mandioca pela aplicação de calcário, confirmando a tolerância dacultura à acidez do solo. No entanto, após vários cultivos na mesma área, a plantapode responder à aplicação de calcário. Outro ponto é que a correção da acidez

permite aumentar a disponibilidade de nutrientes considerados essenciais àsplantas, além de fornecer alguns deles, como o cálcio e magnésio (terceiro e quintonutrientes mais absorvidos pela cultura).

O calcário deve ser aplicado antes da aração e com antecedência de 45-60 dias doplantio. De preferência usar calcário dolomítico que, além do cálcio, contém bonsteores de magnésio.

No Estado de São Paulo e em Mato Grosso do Sul têm sido verificado sintomas dedeficiência de magnésio e zinco. A correção de deficiência de magnésio pode sercorrigida pela aplicação de calcário. Porém, a calagem deve ser feita de maneiramuito criteriosa, especialmente em solos pobres em zinco, pois a disponibilidade

deste se agrava com essa operação. Por essa razão, mesmo que as análises de soloindiquem a necessidade de mais de 2t/ha de calcário, recomenda-se nãoultrapassar essa quantidade. Em geral, uma saturação em bases de 50-60% ésuficiente para a mandioca. Assim, a necessidade de calcário (NC) pode sercalculada pela seguinte fórmula:

NC = T(V2-V1)/100 x f 

Onde:

T = capacidade de troca catiônica (e.mg/100cm3 de T.F.S.A.)V2 = saturação em bases desejada (50 a 60%)

V1 = saturação em bases do solof = 100/PRNT

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ADUBAÇÃO

a) adubação nitrogenada - A mandioca responde bem à aplicação de adubosorgânicos (estercos, tortas, compostos, adubos verdes e outros), que devem serpreferidos como fonte de nitrogênio. Esses adubos devem ser aplicados na cova,sulco ou a lanço, no plantio ou com alguns dias de antecedência para que ocorra asua fermentação, como acontece com a torta de mamona. A adubação mineral érecomendada na dose de 40 kg ha-1 de N, com uréia ou sulfato de amônio. Essaaplicação deve ser efetuada em cobertura ao redor da planta, no período de 30 a60 dias após a brotação das manivas, com o solo úmido.

b) adubação fosfatada e potássica - A recomendação é efetuada de acordo coma disponibilidade de fósforo e potássio mostrados na análise do solo. O método deanálise normalmente utilizado na rotina para determinação desses nutrientes é ométodo de Mehlich 1, e a interpretação dos resultados da análise para fósforo éefetuada de acordo com o teor de argila do solo, conforme sugerido na Tabela 8.

Tabela 8. Interpretação dos resultados da disponibilidade de fósforo e potássio,extraídos pelo método de Mehlich-1. 

Classe de Disponibilidade

Fósforo

Potássio> 60 41-60 21-40 < 20% argila

---------------------- mg/dm3 -----------------------

Muito baixa 0-1 0-3 0–5 0–6 -

Baixa 1.1-2 3.1-6 5.1–10 6.1–12 <25

Média 2.1-3 6.1-8 10.1–14 12.1–18 25–50

Alta >3 >8 >14 >18 >50

Sistema Internacional de Unidades

Recentemente, os laboratórios de solos passaram a adotar o Sistema Internacionalde Unidades para expressar os resultados das análises de solo e tecido foliar. Poressa razão, deve-se atentar para os fatores utilizados na conversão de valoresentre as unidades tradicionais e as do Sistema Internacional, a fim de que não hajaerros na interpretação dos resultados das análises (Tabela 9).

Tabela 9. Fatores de conversão usados para adequação dos valores das análises de solo etecido vegetal, entre as unidades de medida tradicional e do Sistema Internacional. 

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A título de exemplo, caso os resultados da análise de solo sejam expressos, ainda,em meq 100cm-3, os valores devem ser multiplicados pelos fatores 1 ou 10, paratransformação nas unidades cmolc dm-3 e mmolc dm-3, respectivamente. Aconversão de um teor de K no solo expresso em meq 100cm-3 ou cmolc dm-3, parappm ou mg dm-3, deve ser feita pela multiplicação do valor por 391. Na análise detecido vegetal, resultados expressos em % ou ppm devem ser multiplicados por 10e 1, respectivamente, para conversão em g kg-1 e mg kg-1. Os resultados desaturação por bases (V%) e por alumínio (m%) continuam expressos empercentagem (%), porém o cálculo da necessidade de calagem deve levar emconsideração a unidade adotada:

Para a cultura da mandioca recomenda-se a adubação no sulco de plantio conformeas Tabelas 10 e 11. Nessa recomendação não está prevista a adubação corretiva eutiliza-se, portanto, uma adubação de manutenção maior no sulco de plantio. Osuperfosfato simples e o superfosfato triplo são os adubos fosfatados maisutilizados, sendo que o superfosfato simples tem a vantagem de conter tambémcerca de 12% de enxofre na sua composição, que será fornecido paralelamentecomo nutriente. Para adubação potássica utiliza-se o cloreto de potássio.Normalmente utilizam-se formulações que contenham o fósforo e o potássio parasuprimento desses nutrientes, ajustando-se o volume aplicado para que forneça osnutrientes em quantidades próximas às recomendadas.

Tabela 10. Recomendação de adubação fosfatada e potássica no sulco deplantio, de acordo com a disponibilidade dos nutrientes pela análise (Mehlich-1) e,com o teor de argila do solo para o fósforo, utilizado para solos de cerrado.  

Classe deDisponibilidade

P2O5 (kg ha-1)

K2O (kg ha-1)> 60 41 – 60 21 -40 < 20 % argila

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Muito baixa 100 80 70 60 -

Baixa 80 60 50 40 60

Média 60 40 30 30 40

Tabela 11. Recomendação de adubação fosfatada e potássica, no sulco deplantio, de acordo com a disponibilidade de nutrientes pela análise química desolo (resina), utilizadas para solos de São Paulo e Mato Grosso do Sul. 

P resina K trocável – mmolc dm-3

mg dm-3 0-0,7 0,8-1,5 >1,5

N-P2O5-K2O (kg/ha)

0-6 0-80-60 0-80-40 0-80-20

7-15 0-60-60 0-60-40 0-60-20

16-40 0-40-60 0-40-40 0-40-20

>40 0-20-60 0-20-40 0-20-20

Em cobertura, pode-se aplicar de 0 a 40 kg/ha de N, aos 30-60 dias após brotação.Menores aplicações devem ser feitas no caso das plantas apresentarem-se bemverdes, em áreas recém desbravadas ou em pousio.Adubações realizadas no segundo ciclo vegetativo não têm apresentado respostassatisfatórias

Contribuição da micorriza arbuscular no crescimento da mandioca

Um aspecto importante para a nutrição da mandioca é a contribuição da micorriza

arbuscular na eficiência das práticas agronômicas como a calagem e adubação,principalmente da adubação fosfatada. A micorriza é uma associação simbióticanatural entre fungos micorrízicos do solo e as raízes das plantas. O efeito benéficoda micorriza arbuscular ocorre particularmente nas plantas que apresentam umsistema radicular reduzido e pouco ramificado como a mandioca. As hifas externasdo fungo podem extender-se no solo, funcionando como um sistema radicularadicional, e absorver nutrientes de um volume maior de solo transferindo-os paraas raízes colonizadas. Isso é especialmente importante para a absorção denutrientes com baixa mobilidade no solo como o fósforo. A mandioca é altamentedependente da micorriza arbuscular e apresenta alta colonização radicular porfungos micorrízicos arbusculares nativos, como por exemplo a espécie Glomusmanihotis, que se desenvolve melhor em solos ácidos. A aparente baixa

necessidade em fósforo da mandioca cultivada em campo pode ser devido àcontribuição da micorriza na maior absorção desse nutriente.

Quando presentes no solo e na planta, os fungos micorrízicos arbusculares alterama resposta da mandioca a calagem e adubação fosfatada, aumentando a eficiênciadesses insumos no crescimento das plantas. Esses fungos ocorrem naturalmentenos solos e tem sido demonstrado que a rotação de culturas favorece a suamultiplicação e estimula a formação da micorriza. Culturas anuais como feijão,milho e adubos verdes (mucuna, crotalaria, feijão de porco, guandu, girassol,milheto, mamona), assim como forrageiras (estilosantes, andropogon, braquiária)apresentam elevado grau de dependência micorrízica e, quando utilizadas em umsistema de rotação, elas aumentam a população dos fungos micorrízicos

arbusculares e beneficiam os cultivos subseqüentes. Desse modo, o cultivo damandioca de forma consorciada ou em rotação poderá aumentar a população de

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fungos micorrízicos arbusculares e, conseqüentemente, a eficiência dos insumosutilizados para correção da acidez e da fertilidade do solo.

Conservação do solo

Dois aspectos devem ser considerados na conservação do solo para o cultivo damandioca: 1) o solo é pouco protegido contra a erosão, pois o crescimento inicial émuito lento e o espaçamento é amplo, fazendo com que demore a cobrir o solopara protegê-lo das chuvas e enxurradas; e 2) o solo tende ao esgotamento, poisquase tudo que produz (raízes, folhas e manivas) é exportado da área, paraprodução de farinha, na alimentação humana e animal e como sementes paranovos plantios, sendo muito pouco retornando ao solo sob a forma de resíduos.

Primeiramente, deve-se fazer a análise do solo para aplicar o calcário e os adubosde acordo com as recomendações para a cultura, o que permitirá um melhor e ummais rápido desenvolvimento das plantas. O preparo do solo e o plantio devem serfeitos em nível ("cortando" as águas). Se o solo necessitar ficar algum tempo semcultura nenhuma, aguardando a época de plantio mais adequada por exemplo,recomenda-se o semeio, nesse período, de alguma leguminosa como adubaçãoverde, para incorporar matéria orgânica e nutrientes e melhorar a estrutura dosolo. Para evitar ou reduzir o esgotamento dos nutrientes do solo, deve-se procedera rotação da mandioca com outras culturas, principalmente com leguminosas.Quando a mandioca for plantada no sistema de fileiras duplas, utilizaradequadamente a prática de consórcio com culturas como feijão, milho, amendoimetc., pois dessa forma ocorrerá uma melhor cobertura do solo.

Em áreas inclinadas, o consórcio é recomendável para melhorar a cobertura do soloe evitar os efeitos erosivos das chuvas e enxurradas; o plantio de mandioca +milho é mais eficiente do que mandioca + feijão ou mandioca + algodão naproteção contra a erosão. Pode-se também optar pelo plantio em leirão oucamalhões e em nível, pelo excelente controle da erosão que proporciona.

Outras práticas conservacionistas recomendadas em áreas inclinadas são asseguintes:

a) combinar faixas de plantio de mandioca com faixas de outras culturas (milho,feijão, amendoim etc.), ajudando a melhorar a cobertura do solo e a protegê-locontra a erosão;

b) enleirar em nível os restos culturais auxiliando a conter as águas e a reduzir osriscos de erosão;

c) sempre que houver disponibilidade de resíduos vegetais, cobrir o solo comvegetação morta, protegendo o solo contra a erosão, incorporando matériaorgânica e conservando por mais tempo a umidade do solo;

d) usar capinas alternadas, ou seja, capinar uma linha de mandioca e deixar aseguinte sem capinar, até chegar-se ao final da área, para que o solo não fiquedescoberto e desprotegido contra o escoamento das águas; depois de uma ou duassemanas, retorna-se capinando aquelas linhas que ficaram para trás; e

e) utilizar plantas de crescimento denso, como o capim vetiver, por exemplo, paraformar linhas de vegetação cerrada que quebram a velocidade das águas, quando

implantadas em curvas de nível no meio do plantio da mandioca.

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As práticas conservacionistas mencionadas (preparo do solo e plantio em nível,rotação e consorciação, culturas em faixas e em nível, enleiramento em nível dosrestos culturais, capinas alternadas etc.) são eficientes por si só em áreas comdeclividade de até 3%. Daí em diante, além de tais medidas, deve-se recorrer àspráticas mecânicas de conservação do solo (terraços e canais escoadouros), quesão mais onerosas que as anteriores e, por isso, somente utilizadas em condições

extremas de riscos de erosão.

ADUBAÇÃO

a) adubação nitrogenada 

A mandioca responde bem à aplicação de adubos orgânicos (estercos, tortas,compostos, adubos verdes e outros), que devem ser preferidos como fonte denitrogênio. Esses adubos devem ser aplicados na cova, sulco ou a lanço, no plantioou com alguns dias de antecedência para que ocorra a sua fermentação, comoacontece com a torta de mamona. A adubação mineral é recomendada na dose de

40 kg de N/ha, com uréia ou sulfato de amônio. Essa aplicação deve ser efetuadaem cobertura ao redor da planta, no período de 30 a 60 dias após a brotação dasmanivas, com o solo úmido. 

b) adubação fosfatada e potássica 

A recomendação é efetuada de acordo com a disponibilidade de fósforo e potássiomostrados na análise do solo. O método de análise normalmente utilizado na rotinapara determinação desses nutrientes é o método de Mehlich 1, e a interpretaçãodos resultados da análise para fósforo é efetuada de acordo com o teor de argila dosolo, conforme sugerido na Tabela 2.

Para a cultura da mandioca recomenda-se a adubação no sulco de plantio conformea Tabela 3. Nessa recomendação não está prevista a adubação corretiva e utiliza-se, portanto, uma adubação de manutenção maior no sulco de plantio. Osuperfosfato simples e o superfosfato triplo são os adubos fosfatados maisutilizados, sendo que o superfosfato simples tem a vantagem de conter tambémcerca de 12% de enxofre na sua composição, nutriente que será fornecido

 juntamente com o fósforo. Para adubação potássica utiliza-se o cloreto de potássio.Normalmente utilizam-se formulações que contêm o fósforo e o potássio parasuprimento desses nutrientes, ajustando-se o volume aplicado para que forneça osnutrientes em quantidades próximas às recomendadas.

Tabela 2. Interpretação dos resultados da disponibilidade de fósforo e potássio, extraídos pelo

método de Mehlich-1. 

Classe dedisponibilidade

Fósforo Potássio Idade da

folha41-60 21-40 < 20% argila

mg/dm3Muito baixa 0-1 0-3 0-5 0-6 -

Baixa 1,1-2 3,1-6 5,1-10 6,1-12 <25

Média 2,1-3 6,1-8 10,1-14 12,1-18 25-50

Alta >3 >8 >14 >18 >50

Tabela 3. Recomendação de adubação fosfatada e potássica no sulco de plantio, de acordo

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com a disponibilidade dos nutrientes pela análise (Mehlich-1), e com o teor de argila do solopara o fósforo.

Classe dedisponibilidade

P2O5 (kg/ha)K2O (kg/ha)

>60 41-60 21-40 <20% argila

Muito baixa 100 80 70 60 -Baixa 80 60 50 40 60

Média 60 40 30 30 40

c) Micronutrientes – Os dados de resposta da mandioca aos micronutrientesainda são escassos. Como referência para interpretação da análise de solo, sãoapresentados os níveis críticos para culturas anuais na Tabela 4. Para evitarpossíveis prejuízos na produção da mandioca, recomenda-se a aplicação preventivadesses micronutrientes no sulco, juntamente com o fósforo e o potássio. A

recomendação mencionada na Tabela 4 é equivalente à metade da recomendadapara culturas anuais. Nas lavouras com deficiências de zinco e manganêsevidenciadas nas folhas, sugere-se pulverizar com uma solução contendo 2 a 4%de sulfato de zinco e de sulfato de manganês.

Tabela 4. Interpretação dos resultados da análise do solo para disponibilidade de boro (B)extraído por água quente, e cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn), extraídos pelo método deMehlich-1, e recomendação de adubação no solo.

Classe dedisponibilidade

B Cu Mn Zn

mg/dm3

Baixa <0,2 <0,4 <1,9 <1,0

Média 0,3-0,5 0,5-0,8 2,0-5,0 1,1-1,6

Alta >0,5 >0,8 >5,0 >1,6

Recomendação de adubação no sulco (kg/ha)

Baixa 1 1 3 3

Média 0,3 0,3 0,8 0,8

Contribuição da micorriza arbuscular no crescimento da mandioca

Um aspecto importante para a nutrição da mandioca é a contribuição da micorrizaarbuscular na eficiência de práticas agronômicas como a calagem e adubação,principalmente da adubação fosfatada. A micorriza é uma associação simbióticanatural entre fungos micorrízicos do solo e as raízes das plantas. O efeito benéficoda micorriza arbuscular ocorre particularmente nas plantas que apresentam umsistema radicular reduzido e pouco ramificado, como a mandioca. As hifas externasdo fungo podem estender-se no solo, funcionando como um sistema radicularadicional, e absorver nutrientes de um volume maior de solo, transferindo-os paraas raízes colonizadas. Isso é especialmente importante para a absorção denutrientes com baixa mobilidade no solo, como o fósforo. A mandioca é altamentedependente da micorriza arbuscular e apresenta alta colonização radicular por

fungos micorrízicos arbusculares nativos, como por exemplo a espécie Glomusmanihotis, que se desenvolve melhor em solos ácidos. A aparente baixa

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necessidade em fósforo da mandioca cultivada em campo pode ser devido àcontribuição da micorriza na maior absorção desse nutriente.

Quando presentes no solo e na planta, os fungos micorrízicos arbusculares alterama resposta da mandioca à calagem e adubação fosfatada, aumentando a eficiênciadesses insumos no crescimento das plantas. Esses fungos ocorrem naturalmentenos solos e têm sido demonstrado que a rotação de culturas favorece a suamultiplicação e estimula a formação da micorriza. Culturas anuais como feijão,milho e adubos verdes (mucuna, crotalárias, feijão-de-porco, guandu, girassol,milheto, mamona), assim como forrageiras (estilosantes, andropogon, braquiária),apresentam elevado grau de dependência micorrízica; quando utilizadas em umsistema de rotação elas aumentam a população dos fungos micorrízicosarbusculares e beneficiam os cultivos subseqüentes. Desse modo, o cultivo damandioca de forma consorciada ou em rotação poderá aumentar a população defungos micorrízicos arbusculares e, conseqüentemente, a eficiência dos insumosutilizados para correção da acidez e da fertilidade do solo. 

CONSERVAÇÃO DO SOLO

Dois aspectos devem ser considerados na conservação do solo para o cultivo damandioca: 1) o solo é pouco protegido contra a erosão, pois o crescimento inicial émuito lento e o espaçamento é amplo, fazendo com que demore a cobrir o solopara protegê-lo das chuvas e enxurradas; e 2) o solo tende ao esgotamento, poisquase tudo que produz (raízes, folhas e manivas) é exportado da área, paraprodução de farinha, na alimentação humana e animal e como sementes paranovos plantios, sendo muito pouco retornando ao solo sob a forma de resíduos.

Primeiramente, deve-se fazer a análise do solo, para aplicar o calcário e os adubosde acordo com as recomendações para a cultura, o que permitirá melhor e maisrápido desenvolvimento das plantas. O preparo do solo e o plantio devem ser feitosem nível (“cortando” as águas). Se o solo necessitar ficar algum tempo sem culturanenhuma, aguardando a época de plantio mais adequada, por exemplo,recomenda-se o semeio, nesse período, de alguma leguminosa como adubaçãoverde, para incorporar matéria orgânica e nutrientes e melhorar a estrutura dosolo. Para evitar ou reduzir o esgotamento dos nutrientes do solo, deve-se procedera rotação da mandioca com outras culturas, principalmente com leguminosas, comotambém, quando a mandioca for plantada no sistema de fileiras duplas, utilizar aprática de consórcio com culturas adequadamente como feijão, milho, amendoimetc., pois dessa forma ocorrerá uma melhor cobertura do solo.

Em áreas inclinadas, o consórcio é recomendável para melhorar a cobertura do soloe evitar os efeitos erosivos das chuvas e enxurradas; o plantio de mandioca +milho é mais eficiente do que mandioca + feijão ou mandioca + algodão naproteção contra a erosão. Pode-se também optar pelo plantio em leirão oucamalhões e em nível, pelo excelente controle da erosão que proporciona. Outraspráticas conservacionistas recomendadas em áreas inclinadas são as seguintes: a)combinar faixas de plantio de mandioca com faixas de outras culturas (milho,feijão, amendoim etc.), ajudando a melhorar a cobertura do solo e a protegê-locontra a erosão; b) enleirar em nível os restos culturais, auxiliando a conter aságuas e a reduzir os riscos de erosão; c) sempre que houver disponibilidade deresíduos vegetais, cobrir o solo com vegetação morta, que protege o solo contra aerosão, incorpora matéria orgânica e conserva por mais tempo a umidade do solo;d) usar capinas alternadas, ou seja, capinar uma linha de mandioca e deixar aseguinte sem capinar, até chegar-se ao final da área, para que o solo não fique

descoberto e desprotegido contra o escoamento das águas; depois de uma ou duassemanas, retorna-se capinando aquelas linhas que ficaram para trás; e e) utilizar

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plantas de crescimento denso, como o capim vetiver, por exemplo, para formarlinhas de vegetação cerrada que quebram a velocidade das águas, quandoimplantadas em curvas de nível no meio do plantio da mandioca.

As práticas conservacionistas mencionadas (preparo do solo e plantio em nível,rotação e consorciação, culturas em faixas e em nível, enleiramento em nível dosrestos culturais, capinas alternadas etc.) são eficientes por si só em áreas comdeclividade de até 3%. Daí em diante, além de tais medidas, deve-se recorrer àspráticas mecânicas de conservação do solo (terraços e canais escoadouros), quesão mais onerosas que as anteriores e, por isso, somente utilizadas em condiçõesextremas de riscos de erosão. 

CULTIVARES

As cultivares de mandioca são classificadas em: 1) doces ou de "mesa", tambémconhecidas como aipim, macaxeira ou mandioca mansa e normalmente utilizadaspara consumo fresco humano e animal; e 2) amargas ou mandiocas bravas,geralmente usadas nas indústrias. 

Para consumo humano, a principal característica é que as cultivares apresentemmenos de 100 ppm ou 100 mg de ácido cianídrico (HCN) por quilograma de polpacrua de raízes. O teor de HCN varia com a cultivar, com o ambiente e com o estadofisiológico da planta, e é um fator decisivo na escolha da cultivar de aipim. Outroscaracteres de natureza qualitativa também são importantes, como é o caso dotempo de cozimento das raízes, que varia de acordo com a cultivar, condiçõesambientais e estado fisiológico da planta. É comum variedades de aipim oumacaxeira passarem um determinado tempo de seu ciclo "sem cozinhar", o que éum fator crítico para o mercado in natura. Outras características referentes àqualidade, tais como ausência de fibras na massa cozida, resistência à deterioraçãopós-colheita, facilidade de descascamento das raízes, raízes bem conformadas sãotambém importantes para o mercado consumidor de mandioca para mesa e devemser consideradas na escolha da cultivar. Cultivares de mandioca para mesa emgeral devem apresentar um ciclo mais curto (8 a 14 meses) para manter aqualidade do produto final. 

Como o teor de HCN nas raízes é liberado durante o processamento, na indústriapodem ser utilizadas tanto cultivares de mandioca mansas como bravas. Amandioca industrializada pode dar origem a inúmeros produtos e subprodutos,dentre os quais se destacam a farinha e a fécula, também chamada de amido,tapioca ou goma. Nesse caso, as cultivares devem apresentar alta produção equalidade do amido e da farinha. Além disso, é importante que as cultivaresapresentem raízes com polpa de colaração branca ou amarela, córtex branco,ausência de cintas nas raízes, película fina e raízes grossas e bem conformadas, oque facilita o descascamento e garante a qualidade do produto final. 

Toda a planta da mandioca pode ser usada na alimentação de vários animaisdomésticos, como bovinos, aves e suínos. As raízes são fontes de carboidratos; aparte aérea, fornecem carboidratos e proteínas, estas últimas concentradas nasfolhas. Para a alimentação animal, o ideal é que as cultivares apresentem altaprodutividade de raízes, de matéria seca e de parte aérea, com boa retenção foliare altos teores de proteínas nas folhas. O teor de ácido cianídrico deve ser baixo,tanto nas folhas como nas raízes, para evitar intoxicação dos animais. 

As cultivares de mandioca apresentam adaptação específica a determinadas regiõese dificilmente uma mesma cultivar se comporta de forma semelhante em todos osecossistemas. Um dos motivos para isso é o grande número de pragas e doenças

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que afetam o cultivo, restritas a determinados ambientes. Isso justifica, em parte,a grande diversidade de cultivares utilizadas pelos agricultores de mandioca doBrasil. 

Um dos trabalhos pioneiros no Brasil, quanto ao melhoramento genético damandioca, teve início, em São Paulo, com a criação, em 1935, da Seção de Raízes eTubérculos do Instituto Agronômico(IAC). Naquela época, os trabalhos iniciaram-secom a constituição de uma coleção de variedades da região e de outros estados eavaliação desses materiais. A variedade mais difundida era a Vassourinha. Foramdesses trabalhos que surgiu a variedade Branca de Santa Catarina que, a partir dadécada de 40, provocou uma transformação profunda no parque agroindustrialmandioqueiro paulista. Essa variedade aumentou a produtividade agrícola, conferiumaior estabilidade da produção e melhorou a qualidade dos derivados e chegou aseu apogeu com mais de 100 mil dos 120 mil hectares plantados no final da décadade 60. 

Além de desmistificar a crença de uma variedade "milagrosa" que teria boasqualidades culinárias durante todo o ano, introduziu-se o conceito de manejodiferenciado para melhorar a qualidade ao longo do ano. Este fato, guardadas asdevidas proporções, tem certa similaridade com o que aconteceu com a variedadeBranca de Santa Catarina na área industrial de farinhas e fécula. Atualmente, a IAC576, de mesa e polpa amarela, responde por mais de 90% da área cultivada emSão Paulo, com a diferença de que foi possível preservar todo o germoplasmaprimitivo, hoje mantido no IAC. 

Na Região Centro Sul do Brasil, as cultivares de mandioca para indústria (Fotos 1,2, 3, 4, 5, e 6)e para mesa recomendadas estão nas Tabelas 12 e 13,respectivamente. Além dessas cultivares, agricultores da região cultivam outras, decunho local, com bons resultados. 

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