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  • O MITO NA PSICOLOGIA PRIMITIVA

    BRONISLAW MALINOWSKI

    MALINOWSKI, Bronislaw. 'O mito na psicologia primitiva'. In: ____ Magia, cincia e religio. Lisboa: Edies 70. 1984.

  • APRESENTAOConferncia em honra de Sir James Frazer (1925)Festival anual de The Golden BoughO MITO NA PSICOLOGIA PRIMITIVA resultados do trabalho de campo a nvel antropolgico, desenvolvido no Noroeste da MelansiaFrazer no teria dedicado diretamente ateno aos mitos

  • I - A FUNO DO MITO NA VIDAAtravs dos nativos da Melansia e de um estudo das opinies, das tradies e do comportamento destes nativos: mostrar a relao entre tradio sagrada, o mito, entram nas suas atividades e com que intensidade controla o comportamento moral e social. A tese do presente trabalho assenta na existncia de uma estreita ligao entre, por um lado, a palavra, os mitos, os contratos sagrados de uma tribo e, por outro, os seus atos rituais, os seus efeitos morais, a sua organizao social e mesmo as suas atividades prticas.

  • TEORIAS AVANADAS PARA EXPLICAR O MITOESCOLA DE MITOLOGIA DA NATUREZA (Alemanha)Os partidrios desta escola defendem que o homem primitivo se interessa pelos fenmenos naturais, e que o seu interesse predominantemente de carter terico, contemplativo e potico. Para os autores desta escola, cada mito possui como seu cerne ou derradeira realidade algum fenmeno naturalDiria que o homem primitivo tem, em moldes muito restritos, um interesse puramente artstico ou cientfico pela natureza; no existe nas suas ideias e histrias quase nenhum espao para o simbolismo; e na verdade, o mito no uma v rapsdia, no um mero brotar de fantasias frvolas, mas uma fora cultura laboriosa e extremamento importante. Para alm de ignorar a funo cultural do mito, esta teoria atribui ao homem primitivo uma srie de interesses imaginrios, e mistura diversos tipos de histria perfeitamente distintos, o conto de fadas, a lenda, a saga e o conto sagrado ou mito.

  • ESCOLA HISTRICA (Alemanha e Estados Unidos)Teoria que encara um conto sagrado como verdadeiro registro histrico do passado. Escola representada na Inglaterra pelo Dr. Rivers. No se pode negar que a histria, bem como o ambiente natural, deixaram profundas marcas em todas as realizaes culturais, donde, tambm no mito. Mas considerar toda mitologia como mera crnica to incorreto como encar-la ao nvel dos devaneios do naturalismo primitivo.Confere tambm ao homem primitivo uma espcie de impulso cientfico e desejo de conhecimentos. Embora o selvagem tenha na sua massa um pouco de antiqurio e um pouco de naturalista, est acima de tudo, empenhado numa sria de atividades prticas e tem de lutar contra diversas dificuldades; todos os seus interesses esto canalizados para esta perspectiva da pragmtica geral.A mitologia, o saber sagrado da tribo um poderoso meio de auxlio do homem primitivo, permitindo-lhe juntar os dois extremos do seu patrimnio cultural. Os imensos servios servios que o mito presta cultura primitiva se efetuam em associao com o ritual religioso, a influncia moral e o princpio sociolgico. Ora, a religio e moral s em muito pequena escala se aproximam da cincia ou da histria do passado, e, por conseguinte, o mito baseia-se numa atitude mental inteiramente diferente.

  • VISO SOCIOLGICA E RITUAL DO MITO (onde Malinowski se coloca)A estreita ligao entre religio e mito, que muitos estudiosos descuraram, foi por outros reconhecida. Psiclogos como Wundt, socilogos como Durkheim, Hubert e Mauss, antroplogos como Crawley, humanistas como Jane Harrison, todas entenderam a ntima relao entre mito e ritual, entre tradio sagrada e as normas da estrutura social. Todos estes autores foram, em maior ou menor escala, influenciados pela obra de Sir James Frazer.Viso clara da importncia sociolgica e ritual do mito.

  • O ANTROPLOGOMalinowski convida os leitores a deixarem quatro paredes do gabinete terico e virem at ao ar livre do campo antropolgico da Nova Guin.Ali, remando na canoa, vendo os nativos trabalhar na horta sob o sol escaldante, seguindo-os pela selva adentro e nas praias e recifes serpenteantes, ficaremos a conhecer o seu modo de vida.E mas uma vez, observando as suas cerimnias no fresco da tarde ou nas sombras do anoitecer, partilhando as suas refeies ao redor de fogueiras, poderemos ouvir as suas histrias.Pois o antroplogo possui a vantagem nica de ser capaz de se colocar por detrs do selvagem sempre que sente que as suas teorias so aplicveis e se esgotou o fluxo da sua eloquncia argumentativa. O antroplogo no se prende aos escassos restos de cultura, tabuinhas partidas ou inscries fragmentrias. No necessita de preencher enormes lacunas com comentrios extensos conjecturais. O antroplogo tem a mo o criador de mitos. No s pode encher pginas e pginas de texto com todas as suas variantes e control-lo vezes sem conto, como tem tambm toda uma horda de comentadores a quem recorrer, consegue ainda a plenitude da prpria vida da qual nasceu o mito.

  • O MITOO mito no apenas uma histria contada, mas uma realidade vivida. uma realidade viva, que se cr ter acontecido em tempos recuados, e que continua a influenciar o mundo e os destinos humanos.Este mito para o selvagem o mesmo que, para um cristo plenamente crente, a histria da bblica da Criao,da Queda, da Redeno pelo sacrifcio de Cristo na Cruz. Assim como a nossa histria sagrada vive no nosso ritual, na nossa moralidade, assim como orienta a nossa f e controla a nossa conduta, o mesmo se passa com o mito para o selvagem. necessrio regressar mitologia primitiva por forma a ficarmos a conhecer, atravs de um estudo, o segredo da vida de um mito que ainda se mantm vivo. Estudado vivo, o mito, no simblico, mas uma expresso direta de seu contedo; no uma explicao para satisfao de um interesse cientfico, mas uma ressurreio narrativa de uma realidade primitiva, contada em sede de profundas necessidades religiosas, vontades morais, submisses sociais, direitos e mesmo requisitos prticos.

  • FUNO DO MITOO mito desempenha uma funo indispensvel na cultura primitiva: exprime, enaltece e codifica a crena; salvaguarda e impe a moralidade; comprova a eficcia do ritual e contm normas prticas para a orientao do homem.O mito assim, um ingrediente vital da civilizao humana; no conto intil, mas uma fora ativa laboriosa; no uma explicao intelectual ou uma imagem artstica, mas um estatuto pragmtico da f e da moral primitivas.

  • TRS TIPOS DE HISTRIA para os TrobriandesesKUKWANEBU CONTOS DE FADASSo os contos populares no tomado muito a srio, diz ser bom para as novas sementes. O contador, que dono do conto tem que saber emocionar e despertar o riso, que uma das principais finalidades da histria. H contos apenas para homens. importante a referncia sociolgica [contexto] na narrativa. Alm da importncia de como contada tal histria.

    LIBWOGWO RELATOS HISTRICOS Cr-se que so verdadeiros. Os mais velhos fornecem aos mais novos suas prprias experincias sobre combates e expedies, sobre magias famosas e extraordinrios empreendimentos econmicos. Ou lendas sobre os pais, sobre os marinheiros desviados de seu rumo. Referem-se a questes estimulantes para os nativos. Registram de forma singular grandes empreendimentos em todas estas atividades, contribuem para a reputao e algum indivduo e dos seus descendentes ou de todo lema comunidades e da que sejam mantidas vivas pela ambio daqueles cujos antepassados glorificam.

  • LILIU CONTOS SAGRADOS ou MITOSMais importante categoria de contos. para fazer uma afirmao sria e satisfazer a ambio social. Alm de verdadeiras so venerveis e sagradas, e desempenham uma funo altamente cultural. O mito entra em ao quando o rito, a cerimnia ou a norma social ou moral exigem justificao, certificado de antiguidade, realidade e santidade. Consideremos, por exemplo, o festival anual de regresso dos mortos. So efetuados preparativos complicados, em especial grande quantidade de comida. Quando se aproxima esta festa, contam-se histrias sobre a maneira como a morte comeou a castigar o homem e como se perdeu o poder de juventude.Em determinadas pocas de preparao para uma expedio martima, as canoas so inspecionadas e construdas. Por isso existem nas suas frmulas aluses mitolgicas e mesmo os atos sagrados contm elementos que s so compreensveis depois de contada a histria,o ritual e a magia da canoa voadora.A mitologia encontra-se em estreita ligao com as cerimnias comerciais, com as normas, com a magia, mesmo com as rotas geogrficas.

  • O mito tambm uma garantia, um penhor e, muitas vezes mesmo, um guia prtico das atividades com que est relacionado. Por outro lado, nos rituais, nas cerimnias, nos costumes e na organizao social fazem-se, s vezes, referncias diretas ao mito, e so encarados como consequncia do acontecimento mtico.Fato cultural um monumento onde o mito ganha expresso, ao passo que se cr este seja o rito, ou o costume.Assim, estas histrias so parte integrante da culturaGovernam e controlam muitos aspectos culturais, constituem a dogmtica espinha dorsal da civilizao primitiva.Defendo a existncia de uma categoria especial de histrias, consideradas sagradas, personificadas no ritual, na moral e na organizao social, e que so parte integrante e ativa da cultura primitiva. So para os nativos uma manifestao de uma realidade primitiva maior e mais relevante, atravs da qual so determinados a vida, os destinos e as atividades da atual humanidade, cujo conhecimento proporciona ao homem o motivo para aes rituais e morais, assim como indicaes quanto sua execuo.

  • Os mitos no querem 'explicar',tonar 'inteligvel' algo que sucede nos seus ritos muito menos uma ideia abstrata. A diferena entre masculino e feminino no carece de explicao. Surge a necessidade de justific-las, de atestar sua antiguidade e realidade, em suma, de sustentar sua validade. A morte no vaga, ou abstrata, ou de difcil compreenso para qualquer ser humano. s demasiado assustadoramente real, demasiado concreta, demasiado fcil de entender para quem passou pela experincia em relao a parentes chegados de um pressgio pessoal.A ideia de morte est carregada de terror, de um desejo de afastar a sua ameaa com a vaga esperana de que possa ser explicada, mas de modo satisfatrio, tornada irreal e efetivamente negada.

  • MITOS DE MORTE E DE ORIGEMO Mito, ao garantir a crena na imortalidade, na eterna juventude, numa vida para alm da sepultura, no constitui uma reao intelectual de um enigma, mas um ato explcito de f nascido nos recnditos da reao emocional e instintiva ideia mais formidvel e avassaladora.

    Assim como tambm o no so as histrias sobre as origens dos ritos e costumes contadas apenas como a sua explicao. O mito refere-se sempre a uma antecedente que constitui um ideal e um garante da sua continuidade, e por vezes orientaes prticas de procedimento.

  • A natureza intelectual de uma histria extingue-se com o seu texto, mas o aspecto funcional, cultural e pragmtico de qualquer conto nativo manifesta-se tanto na sua aplicao, personificao e relaes contextuais como no texto. mais fcil registrar por escrito uma histria do que observar os processos difusos e complexos atravs dos quais entre na vida, ou estudar a sua funo pela observao das diversas realidades sociais e culturais em que se insere. por isso que temos tantos textos e to poucos conhecimentos sobre a prpria natureza do mito.

  • PS-MALINOWSKIprincipal exemplo: Lvi-StraussLVI-STRAUSS: tambm admite a relao dos mitos com a organizao social e os outros aspectos da cultura do povo que os guarda. E descreve um esquema estrutural do mito:a) A interpretao dos mitos deve estar mais voltada para os seus aspectos cognitivos do que para os emocionais.b) No h verses autnticas ou originais de um mito, uns completam as outras e a anlise deve levar em conta todas elas. c) Alm das unidades lingusticas que podem ser isoladas a partir dos enunciados emitidos em uma lngua fonemas, morfemas, tagmemas , o mito se compe de unidades mais abrangentes, a que Lvi-Strauss deu o nome de mitemas. d) Todo mito, considerado como o conjunto de suas verses, se reduz a uma certa frmula

    Melhor exemplo da anlise estrutural dos mitos a coleo de livros denominada pelo autor de Mythologiques. Nela so encadeados um grande nmero de mitos, a partir de mito bororo at alcanar o noroeste da Amrica do Norte.

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