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95
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI PRÓ‐REITORIA DE PESQUISA E PÓS‐GRADUAÇÃO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS‐GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS‐GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Maisa Laila de Fátima Oliveira E STUDO DE A TERRAMENTOS E LÉTRICOS EM B AIXAS F REQUÊNCIAS U TILIZANDO O M ÉTODO S EM M ALHA Belo Horizonte 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL RE I PRÓ‐REITORIA DE PESQUISA E PÓS‐GRADUAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS D IRETORIA DE PESQUISA E PÓS‐GRADUAÇÃO

PROGRAMADE PÓS ‐GRADUAÇÃO EMENGENHARIA ELÉTRICA

MaisaLailadeFátimaOliveira

ESTUDO DE ATERRAMENTOS ELÉTRICOS EM BAIXAS FREQUÊNCIAS UTILIZANDO O

MÉTODO SEM MALHA

BeloHorizonte

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL RE I PRÓ‐REITORIA DE PESQUISA E PÓS‐GRADUAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS D IRETORIA DE PESQUISA E PÓS‐GRADUAÇÃO

PROGRAMADE PÓS ‐GRADUAÇÃO EMENGENHARIA ELÉTRICA

MaisaLailadeFátimaOliveira

ESTUDO DE ATERRAMENTOS ELÉTRICOS EM BAIXAS FREQUÊNCIAS UTILIZANDO O

MÉTODO SEM MALHA

Dissertação submetida à banca examinadora

designada pelo Programa de Pós‐Graduação em

EngenhariaElétrica‐ASSOCIAÇÃOAMPLAENTRE

AUFSJEOCEFET‐MG,comopartedosrequisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em

EngenhariaElétrica.

ÁreadeConcentração:SistemasElétricos

LinhadePesquisa:EletromagnetismoAplicado

Orientadora:Profa.Dra.ÚrsuladoCarmoResende

Coorientador:Prof.Dr.RafaelSilvaAlípio

BeloHorizonte

2016

Elaboração da ficha catalográfica pela Biblioteca-Campus II / CEFET-MG

Oliveira, Maisa Laila de Fátima048e Estudo de aterramentos elétricos em baixas frequências utilizando o

método sem malha / Maisa Laila de Fátima Oliveira – 2016.xii, 79 f.: il., gráfs, tabs..

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica em associação ampla entre a UFSJ e o CEFET-MG.

Orientadora: Úrsula do Carmo Resende.Coorientador: Rafael Silva Alípio.Banca examinadora: Úrsula do Carmo Resende, Rafael Silva Alípio,

Fernando Henrique Silveira, Ramon Dornelas Soares. Dissertação (mestrado) – Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais.

1. Linhas elétricas subterrâneas – Teses. 2. Métodos de Galerkin – Teses. 3. Interpolação – Teses. 4. Métodos sem malha (Análise numérica) –Teses. 5. Mínimos quadrados – Teses. I. Resende, Úrsula do Carmo. II. Alípio, Rafael Silva. III. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. IV. Universidade Federal de São João del-Rei. V. Título.

CDD 621.31923

Dedicoestetrabalhoaosmeuspaise

aminhairmã,portodooamore

confiança.

AoLucas,pelocompanheirismoe

paciência.

ii

Agradecimentos

AgradeçoprimeiramenteaDeusporpermitiroalcancedemaisumêxitoemminha

vida.

AosmeuspaisJoséeSimone,porseremexemplodeforça,sabedoriaecoragem.Por

transmitirem valores importantes como humildade, união e perseverança. Por me

apoiarem nos momentos mais difíceis e se alegrarem com cada conquista. Agradeço

principalmentepeloamorecarinhoincondicional.

AgradeçoàminhaqueridairmãMarie,pelaamizadeecumplicidade,porpermitir

partilharminhasalegriasemeusanseios.Por tornaraminhacaminhadabemmais leve

atravésdosseusconselhos.

Aomeugrandeamor,Lucas,pelasinúmeraspalavrasdeapoioeincentivoquenão

medeixaramdesistirdeste sonho.Agradeçopelocompanheirismo,pelaconfiançaepela

grandesensibilidadeemmeajudarcomasuacompreensão,reconhecendoaimportância

desta vitória em nossas vidas. Obrigada por ser um grande exemplo de paciência e

dedicação.

Agradeço à Profa. Úrsula do Carmo Resende pelo incentivo ao longo daminha

carreiraacadêmica,portransmitir‐mepartedeseuvaliosoconhecimentoemefortalecer

duranteessacaminhada.Muitoobrigadapelaspalavrassábiasdurantetodaaorientação.

Gostaria de expressarmeus sinceros agradecimentos aoProf.Rafael SilvaAlípio,

meu coorientador, pela sua paciência e disposição em me ajudar, pelos valiosos

ensinamentosepelasgrandescontribuiçõesnotrabalho.

À NSA Consultoria e Informática Ltda., em especial ao Eng.º Elilson Eustáquio

Ribeiropelasvaliosasdiscussões,porserumagrandefontedeinspiraçãoparatodos.

Por fim,agradeçoatodosquenão foramcitados,masquecontribuíramde forma

diretaouindiretamenteparaessaconquista.

iii

Resumo

Estetrabalhoapresentaumacontribuiçãoaoestudodossistemasdeaterramento

em baixas frequências utilizando uma técnica sem malha para a solução da equação

diferencial parcial associada ao problema. O modelo eletromagnético do sistema de

aterramento édesenvolvido apartir das equaçõesdeMaxwell parauma configuração

composta por uma haste vertical. O método sem malha utilizado é o Element‐Free

GalerkinMethodbaseadonoMétododosMínimosQuadradosMóveisInterpolantes.São

propostas duas metodologias para representar a estrutura física da haste de

aterramentoaomodelocomputacional.Aprimeiradelasconsideraumadistribuiçãode

nósrepresentandoasuperfíciedahasteeasegunda,consideraahasterepresentadapor

ummodelofilamentarjuntamentecomoajustedotamanhododomíniodeinfluênciada

função de forma dos nós ao longo da haste. Para a implementação do modelo

eletromagnético foi desenvolvida uma ferramenta computacional utilizando‐se o

ambiente MATLAB. Os resultados de potenciais no solo e resistência de aterramento

para a haste inserida em solo homogêneo, bem como, em solo estratificado em duas

camadas, foramcomparadoscomvaloresobtidosapartirdaaplicaçãodoMétododos

Momentos,demonstrandoavalidadeeaprecisãodatécnicadesenvolvida.

PalavrasChaves:Aterramentoelétrico,IEFGM,MétodosemMalha,MLS.

iv

Abstract

This work presents a contribution to the study of grounding systems at low

frequenciesusingameshlessmethod for the solutionof thepartialdifferentialequation

associated to the problem. The electromagnetic model of the grounding system is

developedfromtheMaxwellequationsforaconfigurationconsistingofaverticalrod.The

meshlessmethod used is the Element‐Free GalerkinMethod based on the Interpolating

MovingLeastSquaresMethod.Twomethodologiesareproposedtorepresentthephysical

structure of the grounding rod into the computationalmodel.The first one considers a

distributionofnodesrepresentingthesurfaceoftherodandthesecondconsiderstherod

representedbyafilamentmodel,alongwiththeadjustmentoftheinfluencedomainsizeof

thenodes shape function along the rod. For the implementation of the electromagnetic

model,acomputationaltoolwasdevelopedusingtheMATLABenvironment.Theresultsof

thepotentialsonthesoilsurfaceandthegroundresistancefortherodinsertedinuniform

soil,aswellasinstratifiedtwo‐layersoilmodel,werecomparedwithvaluesobtainedfrom

theapplicationoftheMethodofMoments,demonstratingthevalidityandprecisionofthe

developedtechnique.

Keywords:Groundingsystem,IEFGM,MeshlessMethod,MLS.

v

Sumário

Resumo...............................................................................................................................................iii

Abstract...............................................................................................................................................iv

Sumário................................................................................................................................................v

ListadeFiguras..............................................................................................................................vii

ListadeTabelas................................................................................................................................ix

ListadeAbreviaturas......................................................................................................................x

Capítulo1............................................................................................................................................1

Introdução..........................................................................................................................................1

1.1.RelevânciadoTema..............................................................................................................................1

1.2.ContextualizaçãodoTrabalho..........................................................................................................3

1.3.Objetivos....................................................................................................................................................4

1.4.Metodologia..............................................................................................................................................4

1.5.OrganizaçãodoTexto...........................................................................................................................5

Capítulo2............................................................................................................................................6

AterramentosElétricosemBaixasFrequências...................................................................6

2.1.Introdução.................................................................................................................................................6

2.2. Aspectos Básicos do Comportamento dos Sistemas de Aterramento em Baixas

Frequências.......................................................................................................................................................7

2.3.ModelagemdoSolo............................................................................................................................10

2.4.FunçõesBásicasdoAterramento.................................................................................................11

2.5.ArranjosTípicosdeAterramento................................................................................................14

2.6.ModeloMatemático............................................................................................................................15

2.6.2.1.MétodosNuméricosIntegrais.....................................................................................................16

2.6.2.2.MétodosNuméricosDiferenciais...............................................................................................18

2.7.ConsideraçõesFinais.........................................................................................................................22

Capítulo3.........................................................................................................................................23

MétodossemMalha......................................................................................................................23

3.1.Introdução..............................................................................................................................................23

vi

3.2.Conceitosbásicos................................................................................................................................23

3.3.OMétodoElement‐FreeGalerkin(EFGM)...............................................................................25

3.3.2.MétododeGalerkin..................................................................................................................................28

3.4.ModelagemMatemáticadoEFGM...............................................................................................30

3.5.IntegraçãoNumérica.........................................................................................................................35

3.6.CritériodeVisibilidade.....................................................................................................................36

3.7.ConsideraçõesFinais.........................................................................................................................36

Capítulo4.........................................................................................................................................38

Resultados........................................................................................................................................38

4.1.Introdução..............................................................................................................................................38

4.2.AplicaçãodoMétodoIEFGMaoSistemadeAterramentoElétrico...............................38

4.2.1.DescriçãodoSistemadeAterramentoElétrico............................................................................38

4.2.2.ParâmetrosdoIEFGM.............................................................................................................................39

4.3.CálculodoErro.....................................................................................................................................41

4.4.ModelagemdoRaiodaHastedeAterramento.......................................................................42

4.5.SistemasdeAterramentoUtilizandoHastesVerticais.......................................................44

4.6.AvaliaçãodoDomínioComputacionaldoProblema...........................................................45

4.6.1.PotencialnaFronteiraΓd......................................................................................................................46

4.7.CálculodaResistênciadeAterramento.....................................................................................51

4.8.AvaliaçãodaDistribuiçãonãoUniformedeNós...................................................................54

4.9.PropostadeRepresentaçãodeHastesConvencionais.......................................................57

4.10.EstudodeCasoSoloHomogêneo..............................................................................................60

4.11.EstudodeCasoSoloHeterogêneo.............................................................................................63

4.12.ConsideraçõesFinais......................................................................................................................67

Capítulo5.........................................................................................................................................69

Conclusões.......................................................................................................................................69

5.1.Introdução..............................................................................................................................................69

5.2.PrincipaisContribuições..................................................................................................................71

5.3.PropostasdeContinuidade.............................................................................................................72

ReferênciasBibliográficas.........................................................................................................73

vii

ListadeFiguras

Figura2‐1‐Circuitoequivalentedeumapequenapartedoaterramentoelétrico–adaptadade[16].............7

Figura 2‐2‐ Simplificação do circuito equivalente de uma pequena parte do aterramento elétrico para

solicitaçõesdefenômenosdebaixafrequência...............................................................................................................8

Figura2‐3‐Soloestratificadoemduascamadashorizontaisderesistividadesdistintas.....................................11

Figura2‐4‐Representaçãodatensãodepasso–adaptadade[16]................................................................................12

Figura2‐5‐Representaçãodatensãodetoque–adaptadade[16]................................................................................13

Figura2‐6‐Representaçãodatensãodetransferência–adaptadade[16]................................................................13

Figura2‐7‐Sistemadeaterramentoconstituídodeumahastedeaterramentoinseridaverticalmenteem

solohomogêneo..........................................................................................................................................................................19

Figura2‐8‐Simplificaçãodoproblemadeaterramento......................................................................................................21

Figura3‐1‐Distribuiçãodenósespalhadossobreumdomínio2D................................................................................24

Figura3‐2‐Domíniosdeinfluênciacircularesdistribuídosportodoodomíniodoproblema..........................25

Figura3‐3‐DomíniodesuporteΩxqdeumpontoxq...........................................................................................................28

Figura3‐4‐ComparaçãoentreasfunçõesjanelautilizadasnoMLSenoIMLS.........................................................35

Figura3‐5‐Demonstraçãodo critério de visibilidade. (a) situaçãoanterior à aplicaçãodo critério e (b)

apósàaplicaçãodocritério...................................................................................................................................................36

Figura4‐1‐Sistemadeaterramentocompostoporumahastevertical........................................................................39

Figura4‐2‐Exemplodedistribuiçãodosnósnodomíniodoproblema.......................................................................40

Figura4‐3‐Exemplodedistribuiçãodospontosdeintegraçãonodomíniodoproblema...................................41

Figura 4‐4‐ Exemplo de distribuição dos nós. (a) Proposta Raio Real (PRR) e (b) Proposta Raio

Equivalente(PRE)......................................................................................................................................................................44

Figura4‐5‐PotenciaisnoníveldosolocalculadoapartirdoIEFGMedoMoM.......................................................45

Figura4‐6‐Erropercentualparaopotencialelétricoaoníveldosoloemfunçãodadistância........................48

Figura4‐7‐Curvasdeequipotenciaisnosoloespaçadasde0,01Vparaahasteencapsuladacomraio0,1

m........................................................................................................................................................................................................49

Figura4‐8‐PotencialaoníveldosolocalculadoapartirdoIEFGMedoMoM.Aproximaçãodopotencial

elétricoemΓd..............................................................................................................................................................................50

Figura 4‐9‐ Processo de busca da equipotencial para o cálculo do campo elétrico . (a) equipotencial

próximaaoaterramentoe(b)equipotencialafastadadoaterramento............................................................53

Figura4‐10‐Distribuiçãonãouniformedenós.......................................................................................................................55

Figura4‐11‐Potenciaisaoníveldosolo......................................................................................................................................61

Figura4‐12‐Distribuiçãodepotenciaisnosolo......................................................................................................................62

Figura4‐13‐Curvasdeequipotenciaisnosoloespaçadasde20V.................................................................................62

viii

Figura4‐14‐Distribuiçãodecampoelétriconosolo.............................................................................................................63

Figura4‐15‐Sistemadeaterramentocompostoporumahasteinseridoemumsoloestratificadoemduas

camadas..........................................................................................................................................................................................64

Figura4‐16‐Potenciaisaoníveldosolo......................................................................................................................................65

Figura4‐17‐Curvasdeequipotenciaisnosoloespaçadasde15V.................................................................................66

Figura4‐18‐EquipotencialparaocálculodacorrenteIparaocasodesoloheterogêneo..................................67

ix

ListadeTabelas

Tabela4‐1–PotencialemΓd............................................................................................................................................................50

Tabela4‐2– e paraopotencialaoníveldosolo–aproximaçãodopotencialelétricoemΓd.51

Tabela4‐3–Resultados–Distribuiçãouniformedenós....................................................................................................54

Tabela4‐4–Resultados–Distribuiçãonãouniformedenósparaahastecomrh 0,05m...........................56

Tabela4‐5–Resultados–Distribuiçãonãouniformedenósparaoutrasconfiguraçõesdeaterramento...56

Tabela4‐6–ResultadosIEFGM–PREparaashastesconvencionais............................................................................59

Tabela4‐7–ResultadosIEFGM–PREparaashastesencapsuladas..............................................................................59

Tabela4‐8–ResultadosIEFGM–Casoreal...............................................................................................................................61

Tabela4‐9–ResultadosIEFGM–Casosoloheterogêneo...................................................................................................66

x

ListadeAbreviaturas

AP AproximaçãoProposta

CEFET CentroFederaldeEducaçãoTecnológicadeMinasGerais

CEMIG CompanhiaEnergéticadeMinasGerais

DEM DiffuseElementMethod–MétododosElementosDifusos

EDP EquaçãoDiferencialParcial

EFGM ElementFree‐GalerkinMethod–MétododeGalerkinsemElemento

FEM FiniteElementMethod–MétododosElementosFinitos

FPM FinitePointMethod–MétododePontoFinito

GEA GrupodeEletromagnetismoAplicado

GPR Groundingpotentialrise–Elevaçãodepotencialdosistemadeaterramento

IEFGM Interpolating Element‐Free Galerkin Method – Método dos Elementos Livres de

GalerkinInterpolantes

IMLS InterpolatingMovingLeastSquares–MínimosQuadradosMóveisInterpolantes

LT LinhadeTransmissão

MATLAB MatrixLaboratory

MLPG MeshlessLocalPetrov‐Galerkin‐MétodoLocaldePetrov‐GalerkinsemMalha

MLS MovingLeastSquares–MínimosQuadradosMóveis

MM MeshlessMethods–MétodossemMalha

MoM MethodofMoments–MétododosMomentos

NBR NormaBrasileira

NN Númerodenós

NPI Númerodepontosdeintegração

PRE PropostaRaioEquivalente

PRR PropostaRaioReal

PVC ProblemasdeValordeContorno

RGN Relaçãoentreonúmerodepontosdeintegraçãoeonúmerodenósnosmétodossem

malha

RKPM ReproducingKernelParticleMethod–MétododePartículacomNúcleoReproduzido

SPH Smoothed Particle Hydrodynamics Method ‐ Método Partícula Hidrodinâmica

Suavizada

UFSJ UniversidadeFederaldeSãoJoãoDelRei

xi

ListadeSímbolos

Basepolinomialcompleta

Campoelétrico

x CoeficientedesconhecidodonóI

x Coeficientesdesconhecidosequedependemdaposiçãodex

VI Coeficientesindeterminados

L Comprimentodahastedeaterramento

σ Condutividadeelétrica

Constanteescalarparaodomíniodeinfluência

r, ϕ, z Coordenadasdosistemacilíndrico

I Correnteelétrica

Densidadedecorrenteelétrica

Distânciaentreosnós

Domíniodoproblema

Domíniodeinfluênciadafunçãojanela

Ω Domíniodoproblema

Ω Domíniofechado

Erromédio

Erromáximo

Errorelativo

Erroresidual

Ω Espaçodefunçõeslinearesdedimensãoinfinita

Ω Espaçodedimensãofinita

Fatordeproporcionalidadeparaotamanhodaregião1paraadistribuiçãodenósnão

uniforme

Fator de proporcionalidade para o espaçamento dos nós na região 2 para a

distribuiçãodenósnãouniforme

Frequênciaangular

Γ FronteiradeNeumann

Γ FronteiradeDirichlet

Γ Fronteiradodomíniodoproblema Γ ∪ Γ

Φ Funçãodeforma

FunçãoJanela

V FunçãoLocal

xii

Funçãodeponderação

Γ Interfaceentremeioshomogêneos

MatrizdoscoeficientesdoIEFGM

M Númerodenósenvolvidosnaaproximação

Númerodetermosdabasepolinomial

Númerodepontosondeasoluçãoéavaliada

N Númerototaldenós

Permissividadeelétrica

V Potencialescalarelétrico

V Potencialelétricodahastedeaterramento

R Raiododomíniodoproblema

r Raiodahastedeaterramento

ρ Resistividadeelétrica

R Resistênciaelétrica

SoluçãoobtidaapartirdoMoM

SoluçãoobtidaapartirdoIEFGM

VetornormalàΓ

1

Capítulo1

Introdução

1.1. RelevânciadoTema

O aterramento elétrico é um elemento de fundamental importância para os

sistemas elétricos, sendo esse, uma ligação intencional a terra com o objetivo de

dispersar as correntes de falta para o solo, semprovocar diferenças de potenciais ou

tensõesinduzidasperigosasparaosseresvivosouquepossamdanificarequipamentos

deinstalaçõeslocalizadasnasproximidades[1].

Os sistemas de aterramento são projetados, na maioria das situações, para

atender a solicitações lentas como, por exemplo, aquelas associadas às correntes de

curto‐circuito. Por isso, é importante analisar o comportamento do aterramento em

baixafrequência.Essaanálisepodeserrealizadaapartirdaresistênciadeaterramentoe

da distribuição de potenciais no solo, que são parâmetros típicos de projetos de

aterramento.

A obtenção desses parâmetros está diretamente relacionada com omodelo do

solo em que os eletrodos estão inseridos, expresso por suas características

eletromagnéticasesuaestratificaçãoemcamadas.Poressarazão,acorretamodelagem

dosoloéumfatorfundamentalemestudosdeaterramento.

Asprimeirassoluçõespropostasparaaobtençãodosparâmetrosresistênciade

aterramento e distribuição de potenciais basearam‐se em técnicas analíticas [2],

permitindoasoluçãoapenasparaconfiguraçõesdeaterramentomaissimples.

Entretanto,comoaumentodacapacidadedeprocessamento, foipossível tratar

problemas de aterramento mais complexos por meio de métodos numéricos

computacionais, capazesdeobtersoluçõescomumgraumaiordeexatidão.Dentreos

métodos computacionais mais utilizados para a solução das equações associadas a

problemasdeaterramentodestacam‐seoMétododosElementosFinitos(FiniteElement

Method–FEM)[3],oMétododosMomentos(MethodofMoments–MoM)[4]eoModelo

2

EletromagnéticoHibrido(HybridElectromagneticModel–HEM)[5].Oprimeirodelesfaz

parte de uma categoria demétodos denominada demétodos diferenciais, enquanto o

MoMeoHEMfazempartedacategoriademétodos integrais.Osmétodosdiferenciais

tem como vantagens a capacidade de tratar naturalmente osmeios heterogêneos e a

geraçãodeumsistemamatricialesparso.Comodesvantagem,destaca‐senecessidadeda

delimitaçãododomínioparaproblemasabertos.Alémdisso,dependendodadimensão

do arranjo de aterramento analisado, a modelagem do domínio do problema pode

implicar alto custo computacional, uma vez que o método requer a geração de uma

malha. Os métodos integrais, por sua vez, são bastante apropriados para análises de

problemas de aterramento por tratarem de forma natural problemas a fronteiras

abertas. Porém, apresentam dificuldade em considerarmeios heterogêneos, como é o

casodesolosreaisemqueoseletrodossãoinseridos.

Em razão dessas limitações, nas últimas décadas foi desenvolvida uma nova

classedemétodosparasoluçãodeEquaçõesDiferenciaisParciais(EDP).Essesmétodos

sãoconhecidoscomoMétodossemMalha(MeshlessMethods–MM)pornãorequerema

utilizaçãodeumamalha[6].Oprincipalobjetivodestetipodeabordageméeliminara

estruturadamalhaeaproximarasoluçãousandoapenasumanuvemdenósespalhados

por toda a região de interesse. Esses nós não estão conectados entre si e não há

nenhumarelaçãopré‐definidaentreeles.Essacaracterística tornaosMMapropriados

paralidarcomgeometriascomplexasecomnão‐homogeneidades.

Entre os MM disponíveis na literatura, o Método de Galerkin sem Elemento

(Element‐Free Galerkin Method – EFGM) [7] é um dos mais investigados, pois é

extremamente robusto, tem boa taxa de convergência e, embora exija o uso de uma

célula de fundo para realizar a integração numérica, o processo de integração não

depende da distribuição de nós. O EFGM acopla o Método dos Mínimos Quadrados

Móveis(MovingLeastSquares–MLS)comaformafracadeGalerkin.Entretanto,oMLS

fornece funções de forma que não satisfazem a propriedade do delta de Kronecker,

assim, são necessárias técnicas adicionais para impor as condições de contorno

essenciais e para tratar as descontinuidades de materiais devido à propriedade não

interpoladoradaaproximação.Parasuperaressarestrição,pode‐seutilizarumafunção

depeso singularnoprocessode construçãoda funçãode forma.Esteprocedimento é

conhecido comoMétodo dos Mínimos Quadrados Móveis Interpolantes (Interpolating

MovingLeast Squares – IMLS). O EFGM utilizando o IMLS é chamado de Método de

3

Galerkin sem Elemento Interpolante (Interpolating Element‐Free Galerkin Method –

IEFGM).

Assim, tendo em vista as vantagens dos MM aqui descritas, tais como, serem

apropriadosparalidarcomgeometriascomplexasecomnão‐homogeneidades,alémda

eficiênciadoIEFGMparatratardiferentestiposdeproblemasenvolvendoEDP[8]‐[14],

neste trabalho é apresentada uma nova aplicação para o IEFGM, que corresponde à

soluçãodeproblemasdeaterramentoelétricoembaixas frequências.Essaaplicaçãoé

inovadora por se tratar de uma abordagem ainda não explorada pelos métodos sem

malha e, portanto, desafiadora no sentido de buscar uma forma de tornar o método

eficienteparaessetipodeproblema.

1.2. ContextualizaçãodoTrabalho

OGrupodeEletromagnetismoAplicado(GEA)doCEFET‐MGtemcomoobjetivo

principal,a investigaçãoeaaplicaçãodemétodosnuméricosvoltadosparaaobtenção

de novas formas de soluções para problemas de eletromagnetismo e projeto de

equipamentos eletromagnéticos. Dentre as principais técnicas investigadas pelo GEA

destacam‐se:MétododosElementosFinitos,MétododasDiferençasFinitasnoDomínio

do Tempo, Métodos dos Momentos e Métodos sem Malha. Este último, é objeto de

estudo desta dissertação, que pretende dar continuidade aos desenvolvimentos

realizados pelo grupo, aplicando o método de forma inédita em problemas de

aterramento.Algunsdos trabalhosdesenvolvidospeloGEAqueutilizaramosmétodos

semmalhasão:

Análise paramétrica do método sem malha Element‐Free Galerkin em

problemaseletrostáticos[9].

Técnicasdecomputaçãoparalelaaplicadasemmétodossemmalha[15].

MétodosemmalhasEFGaplicadoaumespalhamentoeletromagnéticopor

umcilindrodielétricoinfinito[12].

AnalysisofElement‐FreeGalerkin interlopingmoving least squaremethod

inanelectrostaticproblem[11].

AmeshlessapproachusingEFGinterpolatingmovingleast‐squaresmethod

in2‐delectromagneticscatteringanalysis[10].

4

Desenvolvimento dométodo híbrido IEFGM‐MoM aplicado à solução do

espalhamentoeletromagnéticoemduasdimensões[14].

Otimização do método meshless – EFG aplicado a problemas de

espalhamento eletromagnético utilizando algoritmo de evolução

diferencial[13].

1.3. Objetivos

O objetivo principal deste trabalho consiste na modelagem, em baixas

frequências,dosistemadeaterramentocompostoporumahaste inseridaemumsolo

comcaracterísticashomogêneasutilizandooMétodosemMalhaIEFGM.Comoobjetivos

específicospode‐sedestacar:

Desenvolvimento do ferramental teórico, analítico e numérico sobre o

IEFGM;

Estabelecimento de uma modelagem matemática do sistema de

aterramento compostoporumahaste, quando solicitadopor fenômenos

debaixasfrequências;

Desenvolvimento de um código computacional para a modelagem do

sistemadeaterramentoapartirdométodosemmalhaIEFGM;

Desenvolvimentodetécnicasparaconsideraroefeitodoraiodahastede

aterramentoutilizandooIEFGM;

Validação da ferramenta computacional implementada por meio de

comparaçõesdosresultadosobtidoscomaquelesgeradospeloMoM;

VerificaçãodaviabilidadedaaplicaçãodoIEFGMparaaanálisedosistema

deaterramentoinseridoemsolosheterogêneos.

1.4. Metodologia

É desenvolvida uma modelagem matemática, em baixas frequências, para

sistemasdeaterramentoelétricobaseadanasoluçãodiretadasequaçõesdeMaxwell.A

partir dessa formulação é elaborada uma ferramenta computacional em ambiente

5

MATLABcomaimplementaçãodomodeloeletromagnéticodesenvolvido.Asoluçãodo

problemaéentãoobtidaapartirdautilizaçãodatécnicasemmalhaIEFGM.

A ferramenta computacional elaborada é aplicada a sistemas de aterramento

compostoporhastesverticais.Sãoapresentadaspropostasparaarepresentaçãodoraio

da haste de aterramento utilizando‐se o IEFGM e assim são avaliados os principais

parâmetros de projetos de aterramento, tais como a resistência de aterramento e a

distribuição de potenciais no nível do solo considerando a haste cravada em solo

uniforme.OsresultadosobtidossãocomparadoscomaquelesgeradosapartirdoMoM.

Para a análisedo comportamentodehastesde aterramento inseridas emsolos

heterogêneos a partir do IEFGM é apresentado um caso considerando um solo

estratificadoemduascamadashorizontais.Sãoavaliadosospotenciaisdesenvolvidosna

superfíciedosolonaregiãodosistemadeaterramento.

1.5. OrganizaçãodoTexto

O presente texto está organizado em cinco capítulos, incluindo este capítulo

introdutório.

No Capítulo 2 são apresentados os aspectos básicos relacionados ao

comportamentodesistemasdeaterramentoembaixasfrequências.Umbreveestudodo

estado da arte sobre a modelagem matemática de aterramentos elétricos também é

apresentadonestecapítulo.

No Capítulo 3 é feita uma breve introdução sobre a técnica sem malha. É

apresentada amodelagemmatemática do IEFGMdescrevendo os aspectos dométodo

aplicadoaoproblemadeaterramento.

NoCapítulo4o IEFGMéaplicadoaoproblemadeaterramento constituídopor

umahasteinseridaemumsolohomogêneo.Osresultadosobtidossãocomparadoscom

aquelesgeradosapartirdoMoM.Nessecapítulotambéméfeitaumaanálise,paraum

caso,considerandoumsoloestratificadoemduascamadashorizontais.

No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões, ressaltando as principais

contribuições,asdificuldadesencontradaseapresentandoaspropostasdecontinuidade

dotrabalho.

6

Capítulo2

AterramentosElétricosemBaixasFrequências

2.1. Introdução

O tema aterramentos elétricos têm despertado o interesse de muitos

pesquisadoresaolongodosanos.Issosejustificapelaimportânciadesseelementopara

ossistemasdepotência,tantodopontodevistadedesempenhodosistemaquantoda

segurança de seres vivos. Um sistema de aterramento é composto basicamente pelas

conexõeselétricasqueligamosistemaaseraterradoaoseletrodos,peloseletrodosde

aterramentopropriamenteditosepelaterraqueenvolvetaiseletrodos[16].

Oseletrodossãocondutoresmetálicosenterradosnosoloacertaprofundidade.

Sua forma bem como sua disposição geométrica no solo, dá origem às diversas

configurações de sistemas de aterramento. Dentre as configuraçõesmais usuais e de

aplicaçãoprática,destacam‐seashastesdispostasverticalmente,oscaboscontrapesose

asmalhasdeaterramento,ambosdispostoshorizontalmentenosolo.

Paraaavaliaçãodocomportamentodoaterramentofrenteasolicitaçõeselétricas

é importantemodelar omeio em que os eletrodos estão inseridos, ou seja, o solo. A

correta determinação de parâmetros típicos de projeto, tais como resistência de

aterramento e distribuição de potenciais, depende diretamente do modelo de solo

empregado,expressoporsuascaracterísticaseletromagnéticasesuaestratificaçãoem

camadas.

Namaioriadassituaçõesdeprojeto,oaterramentoédimensionadoparaatender

a solicitações lentas como, por exemplo, aquelas associadas às correntes de curto‐

circuito. Nesse sentido, é pertinente analisar o comportamento do aterramento nas

condições particulares de baixa frequência, bem como detalhar alguns conceitos

importantesnessafaixadoespectro.Esteéoobjetivoprincipaldestecapítulo,alémde

apresentar um breve estudo do estado da arte sobre a modelagem matemática de

7

aterramentos elétricos. Ressalta‐se que as informações contidas neste capítulo são

baseadasnareferência[16].

2.2. AspectosBásicosdoComportamentodosSistemasdeAterramentoemBaixasFrequências

Osaterramentos, emgeral, sãomodelados considerando‐seos efeitos resistivo,

indutivo e capacitivo, cada qual influenciando de forma específica a condução de

correnteparaaterra.Essesefeitoscaracterizamaimpedânciadeaterramento,queéum

parâmetroimportanteparaacompreensãodanaturezadosistemadeaterramento.

Aimpedânciadeaterramentopodeserentendidacomoaoposiçãooferecidapelo

aterramentoàdispersãodacorrenteelétricaparao solo.Comoobjetivode ilustraro

conceito de impedância de aterramento, na Figura 2‐1 é apresentado um circuito

elétricoequivalentesimplificadoquerepresentaumapequenapartedeumeletrodode

aterramentoenterradonosolo.Esseelementorepresentativodeumapartedoeletrodo

possui duas fontes de corrente distintas associadas: uma transversal,I , que é

dispersada para o solo e uma longitudinal,I , que é transferida para o restante do

eletrodo.

Figura2‐1‐Circuitoequivalentedeumapequenapartedoaterramentoelétrico–adaptadade[16].

A corrente transversal está associada à dispersão de correntes condutivas e

capacitivas para o solo. Esses efeitos são representados de forma equivalente na

Figura2‐1pormeiodeumacondutânciaGeumacapacitânciaCemparalelo.Acorrente

deconduçãoI éproporcionalàcondutividadeelétricadosolo,σ,estandoemfasecoma

tensão transversalV ,enquanto que a corrente de deslocamento ou capacitivaI é

proporcionalaoprodutodafrequênciaangularassociadaao fenômenosolicitantepela

8

permissividadeelétricadosolo, ,estandodefasadaemrelaçãoàtensãotransversalV

de 90°. Vale mencionar que a relação entre essas correntes, condutiva e de

deslocamento(oucapacitiva),nãodependedascaracterísticasgeométricasdoeletrodo

deaterramentoesimunicamentedaspropriedadesdosoloedafrequência.

Acorrentelongitudinalestáassociadaàsperdasinternasdomaterialcondutore

aosefeitosdenaturezaindutivadevidoaocampomagnéticoproduzidodentroeforado

condutor quando da passagem da correnteI . Na Figura 2‐1, esses efeitos são

representadosdeformaequivalente,respectivamente,porumaresistênciaReporuma

indutânciaemsérieL.

Nocasodesolicitaçõeslentas,algumassimplificaçõespodemserconsideradasno

circuito da Figura 2‐1. Em função do valor reduzido de frequência, a reatância

longitudinal(denaturezaindutiva)easusceptânciatransversal(denaturezacapacitiva)

podemserdesprezadas,umavezquesãoambasproporcionaisà frequência.Também,

pode‐se desconsiderar a resistência longitudinal já que, nessa faixa de frequência, a

queda de tensão ao longo do eletrodo é desprezível. Assim, o aterramento pode ser

basicamenterepresentadoapenasporsuacondutânciatransversal,conformeilustrado

na Figura 2‐2. O inverso dessa condutância corresponde ao difundido conceito de

“resistênciadeaterramento”.ValelembrarquearepresentaçãodocircuitodaFigura2‐2

ésimplificadaeque,emumaavaliaçãomaisrigorosa,oaterramentoseriarepresentado

por uma série de condutâncias em paralelo, assegurando‐se a inclusão dos efeitos

condutivos mútuos entre elas. O inverso do equivalente desse paralelo fornece a

resistênciadeaterramento.

Figura2‐2‐Simplificaçãodocircuitoequivalentedeumapequenapartedoaterramentoelétricoparasolicitaçõesdefenômenosdebaixafrequência.

Combasenoexposto,nacondiçãodebaixasfrequências,oaterramentoelétrico

podeserrepresentado,deformasimplificada,porumaresistênciaenãomaisporuma

impedância complexa. Tal resistência, denominada neste estudo de R, corresponde à

9

razão entre a elevação de potencial no aterramento em relação ao infinito, V, e a

correntequecirculapeloaterramento,I,ouseja:

RVI. (2.1)

Dasconsideraçõesrealizadas,depreende‐setambémqueacorrentequedispersa

paraosolopeloaterramentopossui,nocasodebaixasfrequências,naturezacondutiva.

Tal corrente provoca elevações de potencial no entorno do aterramento, inclusive na

superfície do solo. A determinação da distribuição dos potenciais no solo é de

fundamental importância, uma vez que, dependendo da diferença de potencial entre

doispontosnaregiãopróximaaoaterramento,pode‐secolocaremriscoasegurançados

seres vivos. Além disso, equipamentos podem sofrer danos. Uma descrição mais

detalhadadessespotenciaiséapresentadanaSeção2.4.

A quantificação da resistência de aterramento e da distribuição de potenciais

dependedas característicasdo solo emqueo sistemade aterramento está enterrado,

mais especificamente de sua resistividade elétrica ( = 1/), no caso de solicitações

lentas. Em particular, pode‐se mostrar que, para o caso de um solo homogêneo, a

resistência de aterramento e os potenciais no nível do solo relacionam‐se com a

resistividade do soloρpor meio de um fator de proporcionalidade que depende da

dimensãoedaformadoseletrodosdeaterramento.Nessesentido,acorretamodelagem

dosoloéumatarefafundamentalemprojetosdesistemasdeaterramento.

O solo, em geral, apresenta uma estrutura complexa no que se refere à sua

composição. Na maioria dos casos ele não pode ser considerado homogêneo e é

modeladoporumasériedecamadascomdiferentesresistividades.Fatorestaiscomo,a

umidade,aconcentraçãodesais,atemperaturaeacompactaçãodosoloinfluenciama

resistividade do solo. Dada a importância da modelagem do solo nos cálculos

envolvendo aterramentos elétricos, a Seção 2.3 apresenta, de forma sucinta, alguns

aspectos relevantes relativos a essa modelagem no âmbito de fenômenos de baixas

frequências.

10

2.3. ModelagemdoSolo

Aresistividadedosoloteminfluênciasignificativasobreoprojetodosistemade

aterramento; por isso, é de fundamental importância entender o seu conceito. São

muitos os fatores que influenciam a resistividade do solo. Isso dificulta o

desenvolvimentodeequaçõesqueestabeleçamumvalorparaaresistividade,emfunção

dessesfatores.Asoluçãoparaestaquestãoconsistenarealizaçãodemediçõesnolocal

deinstalaçãodoaterramentoparadeterminaçãoexperimentaldaresistividadedosolo.

Amediçãoderesistividadeéefetuadabasicamentededuasformas:mediçãopor

amostrageme/oumediçãolocal.Aprimeiradelasérealizadaemlaboratório,ensaiando‐

se uma amostra de solo coletada no local cuja resistividade deseja‐se conhecer. Já a

segundaformaérealizadaemcampodetectando‐seospotenciaisestabelecidosnomeio

quando se faz circular uma corrente pelo solo através de eletrodos posicionados

adequadamente nesse meio, sendo comumente utilizados os métodos de Frank

Wenner[17]edeSchlumberger[18].

Em muitos casos, o método de medição por amostragem não apresenta

resultadosprecisos,poisaamostradosolocoletadapodenãorepresentarexatamente

as características predominantes do solo. Mesmo no caso de se ter muitas amostras,

ainda assim, não se pode garantir que tais amostras configurem com fidelidade a

composiçãodosolo,devidoàpropriedadedeanisotropiadomeio.Taisinconvenientes

fazem com que amedição local de resistividade diretamente em condições de campo

sejaamaisempregada.

A partir dos resultados de medição pode ser estabelecido um modelo que

descrevadeterminadascaracterísticasdosolo.Conformemencionadoanteriormente,o

solo éummeio complexo e, raramente, pode ser consideradohomogêneo.Naprática,

recorre‐seaosmodelosdeestratificaçãodosolo,osquaisconsideramsuaconstituição

emdiversas camadas, cadaqual comumvalor específicode resistividade e espessura

definida. A Figura 2‐3 apresenta uma estratificação do solo em duas camadas

horizontais, comumente utilizada em engenharia. Vale ressaltar que, quanto maior o

númerodecamadas,maiscomplexatorna‐seamodelagem.

11

Figura2‐3‐Soloestratificadoemduascamadashorizontaisderesistividadesdistintas.

2.4. FunçõesBásicasdoAterramento

O aterramento pode desempenhar diferentes funções no sistema elétrico. Para

atenderaessasdiversasfunçõeselepodeassumirtopologiasvariadas,considerando‐se

a forma,oposicionamentoeadimensãodoseletrodos.Entretanto,apesardessagama

de aplicações, o projeto de um sistema de aterramento tem sempre como base dois

fatoresfundamentais:

Odesempenhodosistemaaterrado;

Asegurançadeseresvivoseaproteçãodeequipamentos.

Odesempenhodosistemaaterradoestárelacionadodiretamentecomovalorde

suaresistênciaouimpedância,dependendodocaso.Quandodaocorrênciadeumafalta

nosistemaqueenvolvaaterra,essaresistênciaéresponsávelporlimitaracorrenteque

fluiparaaterrae/ouaelevaçãodepotencialresultante.Emalgunscasos,aobtençãode

baixas resistências de aterramento está relacionada com a filosofia de proteção do

sistemaelétrico.Valoresbaixosderesistênciapermitemacirculaçãodealtosvaloresde

correntedecurto‐circuitoresultandoemumaatuaçãomaisrápidadaproteção.Ainda,

tambémédesejávelumaterramentocombaixovalorderesistêncianaquelescasosem

que o solo é empregado como um condutor de retorno, por exemplo, em sistemas

monofásicos com retorno pela terra (MRT) e em linhas de transmissão de corrente

contínuaemoperaçãomonopolar.

Alémdeproverumcaminhodebaixaresistênciaparafaltasnosistemaelétrico

ouparacirculaçãodecorrentesderetorno,outroobjetivoimportantedoaterramentoé

d1

d2 =∞

ρ1

ρ2

Superfíciedosolo

12

odepromoveradistribuiçãoseguradospotenciaisgeradosnosologarantindo,assim,a

segurançadosseresvivos.

Acirculaçãodeumacorrentede falta,I ,atravésdeumsistemadeaterramento

provoca uma elevação de potencial em relação ao terra remoto (grande distância ao

aterramento),dadapeloprodutoda resistênciadoaterramentopelacorrente injetada

nomesmo.Ovalordessaelevaçãodepotencial,GPR1,juntamentecomadistribuiçãode

potenciais no nível do solo são importantes para a determinação dos parâmetros

relacionadoscomoníveldesegurançadoaterramento:tensãodepasso,tensãodetoque

etensãodetransferência.

Atensãodepassorepresentaamáximadiferençadepotencialestabelecidaentre

ospésdeumapessoa,distanciadosdeummetro,quandohápassagemdecorrentepelo

aterramento.AFigura2‐4ilustraesseconceito.

Figura2‐4‐Representaçãodatensãodepasso–adaptadade[16].

Jáatensãodetoqueédefinidacomosendoamáximadiferençadepotencialentre

mãos e pés a que ficaria submetida uma pessoa em contato com uma partemetálica

ligadaaoaterramento,duranteofluxodecorrentepelomesmo.Esseconceitoconsidera

apessoaafastadadeummetrodaestruturatocada,conformeilustradonaFigura2‐5.

1GPR – Grounding Potential Rise. Sigla em inglês bastante utilizada no meio técnico para designar aelevaçãodepotencialdosistemadeaterramentoemrelaçãoaoterraremoto.

If

Vpasso

Perfildepotencialnosolo

1m

13

Figura2‐5‐Representaçãodatensãodetoque–adaptadade[16].

AFigura2‐6ilustraoconceitodetensãodetransferência,quecorrespondeaum

casoextremoemqueapessoaésubmetidaaumadiferençadepotencial igualaoGPR.

Trata‐sedeumcasoespecialdatensãodetoqueemqueapessoaestáposicionadano

terraremotoeentraemcontatocomalgumapartemetálicaconectadaaoseletrodosdo

aterramento, durante o fluxo de corrente pelo mesmo. Nesse caso, o potencial dos

eletrodosétransferidoparaapessoa,queficasubmetidaaumadiferençadepotencial

igualaoGPRdesenvolvidonosistemadeaterramento.

Figura2‐6‐Representaçãodatensãodetransferência–adaptadade[16].

Astensõesdepasso,toqueedetransferênciapromovemofluxodecorrentepelo

corpo do ser humano que, eventualmente, esteja localizado na região próxima ao

sistemadeaterramento,podendoprovocardanosasuasaúde,taiscomolesõesfísicas,

queimaduraseatéamorte.Asconsequênciascausadaspelacirculaçãodecorrenteno

If

Vtoque

Perfildepotencialnosolo

1m

If

VtransferidaPerfildepotencialnosolo

14

corpo estão relacionadas com amagnitude, o tempo de duração e a frequência dessa

corrente [19]. A determinação de patamares seguros para as tensões citadas

correspondeaocritérioprincipaldeprojetodeaterramentoscujafunçãoprimáriasejaa

segurançadeseresvivos.

2.5. ArranjosTípicosdeAterramento

Ossistemasdeaterramentoelétricopodemassumirconfiguraçõesdiversificadas

devidoàamplavariedadedearranjosdeaterramento.Otipodearranjoaserutilizado

depende, dentre outros fatores, da área disponível para a instalação e da função

principal a ser desempenhada pelo aterramento. Dentre as configurações adotadas

destacam‐seasmalhasdeaterramento,oscaboscontrapesoseashastesverticais.

As malhas de aterramento são bastante utilizadas em subestações elétricas,

sendoqueosprincipaisconceitosrelacionadosaoprojetodessetipodeaterramentosão

apresentadosno IEEEStd80‐2000[19]enaABNTNBR15751[20].Apesardeserem

normasdirecionadasparaaterramentosdesubestações,asmesmasfornecemumaideia

amplasobreaterramentoselétricosemgeral.

Os cabos contrapesos,por suavez, sãoutilizados,principalmente, em linhasde

transmissão (LTs)de energia elétrica.O comprimentodos cabos contrapesos a serem

instaladosvariamemfunçãodaresistividade local.Normalmente,essecomprimentoé

selecionado de modo a reduzir a impedância de pé de torre com a finalidade de

minimizarassobretensõesgeradasquandodaincidênciadedescargasatmosféricasem

LTs.

Autilizaçãodehastesdeaterramentoconstituiumadas formasmais simplese

mais empregadas como meio de conexão do sistema elétrico a terra. Esse tipo de

configuraçãoépredominantementeadotadanossistemasdeaterramentodeneutrosde

transformadores de redes de distribuição, em linhas de distribuição localizadas em

áreas urbanas, em aterramentos de sistemas de telecomunicações e em sistemas de

aterramentoresidenciaiseprediais.

15

2.6. ModeloMatemático

Ocálculodaresistênciadeaterramentoedadistribuiçãodepotenciaisnosoloé

muitoimportanteemtermosdeprojeto.Existemváriasformasderealizaressecálculo,

sendoelas,divididasbasicamenteemdoisgrupos,asaber:

Métodosanalíticos;

Métodosnuméricos(integraisediferenciais).

Essesmétodosdiferementresiquantoàformulaçãomatemáticaadotadaparaa

obtenção dos parâmetros do aterramento. Nesta seção é apresentada a modelagem

empregada por cada um deles, explicitando suas características fundamentais. São

descritostambém,osprincipaistrabalhosdaliteraturaqueutilizamcadamétodo.

2.6.1. MétodosAnalíticos

Os primeiros trabalhos envolvendo o cálculo de grandezas associadas a

aterramentos elétricos tais como a resistência de aterramento e os potenciais

desenvolvidos na superfície do solo foram de cunho analítico. Nesta época, que

compreende aprimeirametadedo século20, haviauma considerável restrição em se

lidar com soluções mais elaboradas envolvendo a modelagem de sistemas de

aterramento,umavezqueacapacidadedeprocessamentocomputacionaleralimitada.

Dentre os pesquisadores que contribuíram para o desenvolvimento de métodos

analíticos aplicados a sistemas de aterramento destacam‐se: Dwight [21], Sunde [2],

Gross[22],[23],Tagg[24]eRudenberg[25].

Ostrabalhosdessespesquisadoreslevaramàobtençãodefórmulasmatemáticas

simplificadas para a determinação da resistência de aterramento de arranjos típicos

compostos por hastes e eletrodos horizontais. Além disso, as contribuições desses

pesquisadoresforamimportantesparaaelaboraçãodeprocedimentosenormascomo

[19],[20]queapresentamformulaçõesanalíticassimplificadasparaoprojetodemalhas

deaterramento,quandosubmetidasafenômenosdebaixasfrequências.

Cabe aqui destacar que a aplicação dosmétodos analíticos é limitada, uma vez

queumasériedesimplificaçõessãoassumidasparaseobterexpressõesdecálculode

resistênciadeaterramentoedistribuiçãodepotenciais.Osresultadosobtidosapartirde

16

suautilizaçãoapresentamboaconcordânciaapenasparaconfiguraçõesdeaterramentos

maissimples.Nocasodearranjosdeaterramentosmaiscomplexosouquandosedeseja

uma boa exatidão na determinação da distribuição de potenciais no nível do solo, os

métodos analíticos fornecem apenas uma primeira aproximação e técnicas mais

elaboradas,comoasdescritasnaSubseção2.6.2,devemserempregadas.

2.6.2. MétodosNuméricos

Paraaobtençãodesoluçõescommaiorgraudeexatidãorecorre‐se,emgeral,a

métodosnuméricos,quecorrespondemaumconjuntodeferramentasadotadasparase

determinar de forma aproximada, soluções numéricas de problemas descritos por

equações matemáticas. Os métodos numéricos são classificados de acordo com as

característicasdetaisequações,podendoserdotipointegraloudiferencial.

Aaplicaçãodosmétodosnuméricosparaaavaliaçãodossistemasdeaterramento

começoua ganhar forçana segundametadedadécadade1970e iníciodadécadade

1980,aindaquedeformalenta,emsubstituiçãoaosmétodosanalíticos,tendoemvistao

aumentodacapacidadedeprocessamentodoscomputadores.

2.6.2.1. MétodosNuméricosIntegrais

Naanálisedocomportamentodesistemasdeaterramentoembaixasfrequências,

umadasclassesdemétodosnuméricosutilizadasparaasoluçãodasequaçõesobtidasa

partir da aplicação da teoria eletromagnética são os métodos integrais. Dentre os

métodospertencentesaestacategoria,destaca‐seoMoM[4].

A aplicação do MoM em problemas de aterramento elétrico é realizada

discretizado‐seosistemadeaterramentoemdiversoselementoseainteraçãoentreeles

édeterminadapelaaplicaçãodasequaçõesdoeletromagnetismo.

Aequação integralaserresolvidapeloMoMtema formadaEquação(2.2).Ela

descreve o comportamento eletromagnético de aterramentos elétricos para

configuraçõesgeraisdeaterramentoeconsiderandoaaproximaçãodefiofino.

17

V1

4 σ, (2.2)

em que, V é o potencial ao longo do elemento produzido pela densidade linear de

corrente que deixa o elemento , e são aos comprimentos dos elementos e ,

respectivamente, e corresponde à distância entre cada elemento diferencial ( ) dos

elementos e .

AaplicaçãodoMoMàEquação(2.2)érealizada,basicamente,daseguinteforma:

Em baixas frequências, pode‐se assumir que V é constante ao longo do sistema de

aterramentoeigualaumvalorarbitrário.Nessecaso,aincógnitaconsistenointegrando

daequação,ouseja,acorrente quedispersadoelemento .Aplicando‐seométodo,a

equação integraléreduzidaaumsistemadeequações lineares,cujasolução fornecea

distribuição de corrente ao longo dos eletrodos de aterramento. A partir dessa

distribuição de corrente é possível determinar a resistência de aterramento e a

distribuiçãodepotenciaisnosolo.

Algunstrabalhosqueadotamessaabordagem,emboracompequenasvariações

deumparaooutro,sãoapresentadosem[26]‐[40].

As vantagens em se utilizar o MoM na solução de problemas de aterramento

residemno fatodequeessa técnicaé adequadapara tratarproblemasabertos e éde

fácil aplicação em geometrias simples, como é o caso das configurações típicas de

aterramento.

Por outro lado, ao se utilizar essemétodo tem‐sedificuldade em se considerar

meiosheterogêneos,comoéocasodesolosreaisemqueoseletrodosestãoinseridos.

Embora solos estratificados em camadas horizontais possam ser considerados pela

extensão do Método das Imagens [35], a consideração de meios com mais de duas

camadaslevaaumelevadocustocomputacional,principalmentedependendodoarranjo

de aterramento avaliado. Muitas vezes, adota‐se um solo homogêneo com uma dada

resistividade equivalente, o quenem sempre leva a resultadosprecisos, sobretudono

cálculodadistribuiçãodepotenciaisnoníveldosolo.

18

2.6.2.2. MétodosNuméricosDiferenciais

Outra classe demétodos numéricos empregada namodelagem de sistemas de

aterramento são os métodos diferenciais. Dentre os principais representantes desta

classe, aquele que predomina amplamente no caso de aterramentos elétricos é o

FEM[3].

Na aplicação do FEM, o domínio do problema é dividido em pequenos

subdomínios com formase comprimentosarbitrários,denominadosdeelementos.Em

cada elemento, os valores dos potenciais são aproximados por meio de funções de

interpolação e, utilizando‐se o Método dos Resíduos Ponderados ou o Método

Variacional, a equação diferencial parcial é transformada em uma equação integro‐

diferenciale,emseguidaéconvertidaaumsistemaalgébricodeequações[41].Ocampo

elétrico, calculado através dos valores dos potenciais, é utilizado para a obtenção da

distribuição de corrente no sistema de aterramento. A partir dessa distribuição de

correntedetermina‐searesistênciadoaterramento.

A grande vantagem da utilização do FEM na modelagem de sistemas de

aterramento consiste na facilidade de tratar o solo onde o aterramento está inserido

comosendoummeioheterogêneo.Comodesvantagem,pode‐sedestacaranecessidade

dométododedelimitarodomíniodeproblemasabertos,comoéocasodossistemasde

aterramento, o que pode ter impacto na solução caso não seja realizado de forma

adequada.Outradesvantagemestárelacionadacomotamanhododomíniodoproblema

que,dependendodadimensãodoarranjodeaterramentoanalisado,podeimplicarum

alto custo computacional, uma vez que o método requer a geração de uma malha.

Trabalhosqueutilizamométododoselementosfinitosparaamodelagemdesistemas

deaterramentoembaixasfrequênciassão[42]‐[46].

Neste trabalho é utilizada uma abordagem diferencial para a modelagem de

sistemas de aterramento elétrico. Em particular, é apresentada uma contribuição

inovadora, que corresponde à avaliação da aplicabilidade dos MM à solução de

problemasdeaterramento.Osmétodossemmalhapossuemumhistóricorecenteetêm

sidoutilizadosdeformaeficazparatratarmuitosproblemascomplexos.Aocontráriodo

FEM,osMM,emespecíficooIEFGM,nãorequeremousoexplícitodemalhas.

Assim,neste trabalho,propõe‐seumamodelagemapartirdeumaconfiguração

19

Figura2‐7‐Sistemadeaterramentoconstituídodeumahastedeaterramentoinseridaverticalmenteemsolohomogêneo.

deaterramentocompostaporumahasteenterradaverticalmenteemsolohomogêneo

decondutividadeσ,definidoporumvolumesemiesféricoderaioRD,submetidaauma

correnteestacionáriaqueprovocaumaelevaçãodepotencialV nahaste.Oproblemaé

ilustradonaFigura2‐7.

O problema tridimensional associado à dissipação da corrente estacionária no

solopodesermodeladoapartirdasequaçõesdeMaxwell[47]:

0, 2.3

∙ 0, 2.4

σ , 2.5

emque éocampoelétricoe éadensidadedecorrenteelétrica.

A Equação (2.3) indica que em regime estacionário o campo elétrico é

irrotacional,eassim,deveexistirumpotencialescalarelétricoV,talque:

V. 2.6

Substituindo(2.6)em(2.5)e(2.4)tem‐seoseguinteproblemadecontorno:

. σ V 0 em Ω, 2.7

Solo

Ar z

Haste

r

RD

RD

Vh

Lh

20

V V em Γ , 2.8

∂V∂

0 em Γ , 2.9

emqueΩé odomíniodoproblema,Γ corresponde às fronteirasdeDirichlet, que são

fronteiras onde o potencialVé imposto ou conhecido,Γ corresponde às fronteiras de

Neumann, que são fronteiras onde a derivada do potencial na direção normal é

conhecida,e éovetorunitárionormalexternoàΓ .

Aequaçãodiferencial(2.7)quedescreveofenômeno,correspondeàequaçãode

Laplace, sujeita às condições de contorno de Dirichlet (2.8) emΓ e de Neumann

homogênea(2.9)emΓ .Asoluçãodoproblema formulado forneceopotencialelétrico

emqualquerpontododomínioΩ.Essasequaçõessãoconhecidascomoformafortedo

problema.Paraalgunscasospráticos,comooproblemasobestudo,asoluçãoanalíticaa

partir da forma forte é difícil ou mesmo impossível. Assim, é possível formular o

problemademodoaadmitircondiçõesmaisfracasparaasoluçãoesuasderivadas[42].

Paraaanálisedosistemadeaterramentoemestudo,éconvenienteaadoçãodo

sistemadecoordenadascilíndricas.Assim,aEquação(2.7)podeserreescritacomo:

σ1r∂∂r

r∂V∂r

σ1r∂ V∂ϕ

σ∂ V∂z

0 em Ω. 2.10

Paraseobtera formafracadaEquação(2.10)aplica‐seoMétododosResíduos

Ponderados [3], [48], utilizando como função de ponderação, conforme indicado na

Equação(2.11):

σ1r∂∂r

r∂V∂r

σ1r∂ V∂ϕ

σ∂ V∂z

dΩ 0, 2.11

emquedΩrepresentaodiferencialdevolume,queparaestecasoéigualardrdϕdz.

Devidoàsimetriaaxialdoproblema,épossívelabordá‐lodeformabidimensional.Para

isso, considera‐se a parcela ∂V/ ∂ϕda Equação (2.11), igual a zero, uma vez que o

potencial elétrico não varia na direçãoϕ. Assim, apenas o planorzé considerado,

conformeilustradonaFigura2‐8.

21

Figura2‐8‐Simplificaçãodoproblemadeaterramento.

RearranjandoaEquação(2.11)tem‐se:

σ1r∂∂r

r∂V∂r

σ1r∂∂z

r∂V∂z

rdΩ 0, 2.12

emquedΩrepresenta,nestecaso,odiferencialdeáreaqueéigualadrdz.

SimplificandoaEquação(2.12)chega‐seàseguinteexpressão:

σ∂∂r

r∂V∂r

σ∂∂z

r∂V∂z

dΩ 0. 2.13

DesenvolvendoaEquação(2.13)eefetuando‐seaintegraçãoporpartestem‐sea

formafracadoproblemadadapor:

∂∂r

σ∂V∂r

∂∂z

σ∂V∂z

rdΩ σr∂V∂r

∂V∂z

dΓ 0. 2.14

Considerando ∈ ,ouseja,afunçãodeponderaçãopertencenteaumconjunto

de funções que se anulam emΓ Γ ∪ Γ e cujas derivadas primeiras tenham de

quadradointegrável;eascondiçõesdecontornodeNeumannhomogêneas,otermoda

integralnocontornoΓseanulaeaEquação(2.14)sereduza:

n

n

d

z

Solo

Ar

r

RD

Lh

RD

n

Vh

Haste

22

Vr z

σVz

rdΩ 0. 2.15

Para simplificar a notação utilizada neste estudo, a forma fraca definida pela

Equação(2.15)podeserescritadaseguintemaneira:

B V, 0, 2.16

emqueB V, éaformabilinearsimétricadadapor:

B V,∂∂r

σ∂V∂r

∂∂z

σ∂V∂z

rdΩ. 2.17

2.7. ConsideraçõesFinais

Neste capítulo foram apresentados inicialmente os conceitos básicos

relacionadoscomossistemasdeaterramentoembaixasfrequências.Foimostradoque

existem várias técnicas para calcular as grandezas relacionadas com o aterramento,

sendo uma delas, a partir de métodos numéricos. Dentro desse grupo de métodos

existem osmétodos integrais e diferenciais. Para a classe demétodos diferenciais foi

apresentada uma modelagem matemática para o problema de uma haste de

aterramento inserida em solo homogêneo. Foi obtida a forma fraca do problema

analisadoparasersolucionadapeloMM.

23

Capítulo3

MétodossemMalha

3.1. Introdução

Neste capítulo é apresentada a modelagemmatemática dométodo semmalha

IEFGMqueseráaplicadanoestudodeaterramento.Sãotambémexpostososmétodos

para construção das funções de formausando oMLS e o IMLS. Ao final do capítulo é

apresentadoocritériodevisibilidadeutilizadopeloIEFGMnotratamentodeinterfaces

entreregiõescomdiferentesmateriais.

3.2. ConceitosBásicos

Os fenômenos físicos analisados em engenharia requerem frequentemente a

utilização de ferramentas computacionais para a solução das equações diferenciais

parciais ou integrais que os governam. No caso das equações diferenciais, essas

ferramentas computacionais utilizam métodos numéricos para a obtenção de uma

soluçãoparaoproblemadevalordecontorno.

Ao longo dos anos, osmétodos numéricosmais empregados para este fim têm

sido os métodos baseados em malha. Esses métodos têm como característica, a

discretizaçãododomíniodoproblemautilizando‐seumagrade.Adespeitodessagrande

utilização, os métodos baseados em malha apresentam dificuldades e um gasto

computacionalaltoparagerarmalhasadequadasaproblemascujodomínioapresenta

descontinuidades,fronteirasmóveisoudeformações[10].Essaslimitaçõestêmlevadoa

buscadealternativasaousodetaismétodos.Umadasalternativaspromissorasrefere‐

seàutilizaçãodaclassedemétodossemmalha.

Osmétodos semmalha possuem um histórico recente e tem sido utilizado de

formaeficazpara tratarmuitosproblemas complexosde seremresolvidos apartirde

outros métodos computacionais. A técnica surgiu por volta de 1977 com o Método

24

HidrodinâmicadePartículas Suavizado (SmoothedParticleHydrodynamics–SPH) [49].

Contudo, apenas nos últimos vinte anos essa classe de métodos tem recebido uma

atençãomaior da comunidade científica, o que se reflete na quantidade de trabalhos

propondo métodos que utilizam a técnica. Entre os mais conhecidos e difundidos

destaca‐seoMétododeElementoDifuso(DiffuseElementMethod–DEM)[50],EFGM[7],

Método de Partícula com Núcleo Reproduzido (ReproducingKernelParticleMethod–

RKPM)[51],MétododePontoFinito(FinitePointMethod–FPM)[52],[53]eoMétodo

LocaldePetrov–GalerkinsemMalha(MeshlessLocalPetrov‐Galerkin–MLPG)[54].

Aprincipal característicada técnicaéo fatodenãorequererousoexplícitode

malhas. É necessário apenas uma distribuição de nós sem conectividade pré‐

estabelecidaentreeles,espalhadossobretodoodomíniodeinteressequecontémuma

função desconhecida regida por um Problema de Valor de Contorno (PVC). Essa

distribuição de nós sobre o domínio em conjunto com a descrição das condições de

contorno do problema e a definição das interfaces entre osmeiosmateriais distintos

caracterizamométodo.AFigura3‐1mostraumadistribuiçãodenóssobreumdomínio

deduasdimensõesΩ Ω ∪ Γ,ondecadanóéumponto r, z [6].

Figura3‐1‐Distribuiçãodenósespalhadossobreumdomínio2D.

Éassociadoacadanóumsubdomíniofechadodenominadodomíniodeinfluência

donó,queformaoapoioparaaconstruçãodafunçãodeaproximaçãoaoredordonóI,

denominada de função de forma,Φ . Esses subdomínios podem ter formas variadas e

geralmente são sobrepostos. A única exigência em relação a estamodelagem é que a

união desses subdomínios cubra todo o domínio do problema, conforme ilustrado na

Figura3‐2.

Fronteira

xI

Nós

Ω

25

Figura3‐2‐Domíniosdeinfluênciacircularesdistribuídosportodoodomíniodoproblema.

Osnósdistribuídosaolongododomíniorelacionamentresiatravésdasfunções

deforma.Essarelaçãoéestabelecidaapartirdaaplicaçãodetaisfunçõesempontosde

integraçãodistribuídossobretodoodomíniodoproblema.A escolha do processo de

construçãodafunçãodeformaédefundamentalimportânciaparaaobtençãodebons

resultadosquandoseutilizamétodossemmalha.

Noprocessodeobtençãodasoluçãodasequaçõesdiferenciaisparciaisqueregem

o PVC utilizam‐se métodos diretos ou métodos indiretos. O primeiro deles, também

chamado de métodos de forma forte, se caracteriza por discretizar e resolver o

problemadiretamenteapartirdaEquaçãoDiferencialParcial queo rege.Osmétodos

indiretospor suavez, tambémconhecidoscomométodosde forma fraca, estabelecem

inicialmenteumsistemadeequaçõesalternativobaseadona forma fracadaEDPpara

posteriormente, solucionar o problema. Nosmétodos semmalha, tanto formas fortes

quanto fracas são utilizadas [6]. Os métodos SPH, DEM, EFGM, RKPM e MLPG, por

exemplo,sebaseiamemmétodosdeformafracaenquantooFPMutilizaaformaforte.

Osmétodosdeformafracasãogeralmentemaisrobustos,estáveis,precisoseeficientes,

e,porisso,demaiorimportânciaprática[55].

3.3. OMétodoElement‐FreeGalerkin(EFGM)

Dentreosmétodossemmalha,oEFGMéumdosmaisconhecidoseutilizados[7].

O EFGM é um método sem malha amplamente empregado na área de engenharia

aplicada,principalmentena soluçãodeproblemasdevalorde contorno.Ométodo foi

26

propostoem1994porBelytschko[7]e temcomobaseoMétododoElementoDifuso.

Aplicado inicialmenteaproblemasdemecânica [7], [56],oEFGMteveasuautilização

estendida para diferentes classes de problemas tais como, propagação de onda [57],

acústica[58],[59],fluxodefluidos[60]emodelagemdedispositivoseletromagnéticos

[8].

Nestemétodo,adiscretizaçãodoespaçoeaconstruçãodasfunçõesdeformasão

realizadas utilizando‐se o MLS. As funções de forma são usadas como base para a

construçãodeumsubespaçodedimensãofinitaeaformafracadométododeGalerkiné

utilizada para o desenvolvimento do sistema discreto de equações lineares. Para a

obtenção da solução desse sistema são necessárias células de integração distribuídas

pelodomíniodoproblemaparaarealizaçãodaintegraçãonumérica.

3.3.1. FunçãoJanela

A função janela, , é uma função utilizada para a construção da função de

forma associada a cada nó distribuído no domínio do problema. As diferentes

formulações para os métodos sem malha são caracterizadas principalmente pela

maneiracomoafunçãodeformaassociadaacadanóégeradaapartirdafunçãojanela.

Afunçãojanelaéditadesuportecompacto,ouseja,aregiãodoseudomínioonde

a função possui um valor diferente de zero é limitada. O suporte da função janela,

considerandocomoorigemdodomíniodeinfluênciaumponto r, z ∈ Ω,éaregião

doseudomínioondeafunçãoédiferentedezero.Essesuporteécompactosearegiãoé

limitada[42].Assim,tem‐seafunçãojaneladefinidapor:

0,se 0‖ ‖

1

0, se‖ ‖

1

∀ ∈ Ω, I 1,2, … , N. 3.1

emque éotamanhodosuportedafunção,tambémdenominadoderaiodosuporteou

domíniodeinfluênciaeNéonúmerototaldenósdistribuídosnodomínioΩ.Paraum

ponto deinteresse,adimensãododomíniodeinfluênciaédadapor:

27

. 3.2

emque éumaconstanteparaoajustedotamanhododomíniode influênciaque,em

geral,variaentre1,5e4[7],e éadistâncianodalquedependedadistribuiçãodosnós

consideradanaanálise.

Deacordocom[42],associa‐seàfunçãojaneladuaspropriedades:

Propriedadede translação: permite que a função janela se desloquepor

todoodomínio,característicaesta,quepossibilitaqueosMMdispensemo

usodemalhas;

Propriedadededilatação:utilizadacomoparâmetroderefinamentoeestá

associadacomotamanhodosuportedafunçãojanela.

A função janela fornece pesos diferentes para os nós no domínio de influência.

Quantomaisdistanteonóestádopontodeaproximação,menoréoseupeso.Pormeioda

funçãojanelatambémépossívelfazercomqueosnósabandonemouentremnodomíniode

influênciademaneirasuave[6].Váriasfunçõespodemserutilizadascomofunçãojanela,

entretanto,asmaiscomumenteutilizadassão:Funçãogaussiana,SplinecúbicaeSpline

quadrática[42].

Osdomíniosde influênciapodemserretangulares, circularesououtro formato.

Isso depende da maneira como a função janela é calculada. Uma característica

importantedosdomíniosdeinfluênciaéqueelespodemsesobrepor,dessaforma,dado

umpontox ∈ Ω,devemexistirdiversosnós cujosdomíniosde influência envolvamo

pontox . Esse conjunto de nós define o domínio de suporteΩ do pontox [61]. De

acordo com [6], o domínio de influência está relacionado com os nós enquanto o

domínio de suporte está relacionado com um pontox arbitrário∈ Ω , onde a

aproximaçãolocaléválida.NaFigura3‐3odomíniodesuporteΩ éindicadopelaárea

emcinza.

28

Figura3‐3‐DomíniodesuporteΩ deumpontox .

A função janela possui um papel fundamental nos métodos sem malha, pois

transfereassuascaracterísticas,qualsejam,contínuasecomsuportecompacto,paraa

funçãodeformaduranteasuaconstrução.

3.3.2. MétododeGalerkin

O método de Galerkin faz parte de uma classe de métodos denominados de

MétodosdeResíduosPonderados,quesãoutilizadosparaaconstruçãodaformafraca

discretadoPVC[3].

As funções que satisfazem a forma fraca da equação de Laplace, dada pela

Equação (2.15), pertencem ao espaço Ω , que é um espaço linear de funções cuja

dimensãoéinfinita.Estaúltimacaracterísticatornadifícilabuscaporumasoluçãopara

a forma fraca do problema. Recorre‐se então aoMétodo de Galerkin, que consiste na

busca por uma solução aproximada em um espaço de dimensão finita Ω ,tal que

Ω ⊂ Ω [61].Seja Ω oespaçodetodasascombinaçõeslinearesdotipo:

, 3.3

emque sãofunçõesdeformapertencentesaumafamíliadefunçõesnoespaço Ω

comI 1,2, … , Ne sãoconstantesarbitráriasconsideradasiguala1nestetrabalho.

OmétododeGalerkinconsistenabuscadafunçãoincógnitaVtalqueV Ω .

Essafunçãotambémpodeserdescritaporumacombinaçãolineardotipo:

29

V Φ V , 3.4

emqueΦ sãofunçõesdeformaeV sãocoeficientesaseremdeterminados.

Substituindo(3.3)e(3.4)em(2.16)tem‐se:

B V , 0. 3.5

OmétododeGalerkinconsideraque Φ .Comisto,eutilizandoapropriedade

debilinearidadedeB,aEquação(3.5)éescritacomo:

B V , B Φ V ,Φ 0. 3.6

Assimobtém‐seosistemadeequaçõeslinearesapresentadoaseguir:

V K 0, J 1,2, … , N 3.7

emque

K B Φ ,Φ∂Φ∂r

∂Φ∂r

∂Φ∂z

∂Φ∂z

rdΩ. 3.8

Escrevendosobaformamatricialtem‐se:

. 0, 3.9

Φ Φ ⋯ Φ Φ⋮ ⋱ ⋮

Φ Φ ⋯ Φ Φ, 3.10

e

V , … , V . 3.11

30

3.4. ModelagemMatemáticadoEFGM

NaformulaçãodoEFGM,umconjuntodeNnóséespalhadosobreodomíniodo

problema.Cadanó,I,éumponto r, z ∈ Ω,paraoqualafunçãodeforma,Φ ,é

associada.Então,afunçãodesconhecidaV podeseraproximadapor:

V V Φ , 3.12

emque éocoeficientedesconhecidodonóI.

Paraasoluçãodessaaproximaçãoénecessáriocalcularasfunçõesdeforma.De

acordocom[55],umbommétododeconstruçãodessasfunçõesdeveatenderalgumas

dasseguintespropriedades:

Distribuiçãonodalarbitrária;

Estabilidade;

Suportecompacto;

Eficiência;

Consistência;

Partiçãodaunidade;

PropriedadedodeltadeKronecker;

Compatibilidade;

Independêncialinear.

Existemváriastécnicasparaaconstruçãodasfunçõesdeformaecadaumagera

aproximações que satisfazem um certo conjunto dessas propriedades. Não há, até o

momento,ummétodoqueconsigasatisfazertodasaspropriedades.

NasSubseções3.4.1e3.4.2 sãoapresentadosdoismétodosutilizadosnoEFGM

paraaconstruçãodefunçõesdeforma:MLSeIMLS.

31

3.4.1. MétododosMínimosQuadradoMóveis‐MLS

OMétodo dos Mínimos Quadrados Móveis foi originalmente desenvolvido por

matemáticoscomoobjetivoderealizararegressãodedadoseoajustedesuperfícies

[62].Atualmente,oMLSéamplamenteutilizadoparaaconstruçãodasfunçõesdeforma

dosmétodossemmalha.Étidocomoummétodopopularporconstruirumafunçãode

aproximação contínua e suave em todo o domínio e por ser capaz de gerar uma

aproximaçãocomaordemdeconsistênciadesejada[6].

SejaV uma função contínuadefinidaemumdomínio fechadoΩ.A funçãode

aproximaçãolocaldeV emumponto ΩédenotadaporV , ,ondeoíndice

refere‐seàdiscretização.ParaométodoMLS,essaaproximaçãoédefinidaporumasérie

polinomialfinitadotipo[62]:

V , , 3.13

em que r, z é um ponto fixo arbitrário no domínio do problema analisado,

1, r, z… , é uma base polinomial completa de ordem e

, , … , são os coeficientes polinomiais a serem determinados

dependentesdaposiçãoespacialde .

Para garantir um mínimo de completude na aproximação, utiliza‐se

frequentemente bases polinomiais compostas por monômios de baixa ordem. No

presentetrabalhoutiliza‐seumabaselinearebidimensional,dadapor:

1, r, z . 3.14

OMLSassociacadaerroresidual V , V àfunçãojanela que

dependedadistânciaeuclidiana| |,detalformaqueasomadosquadradosdos

resíduosédadapor:

V V , , 3.15

32

em que é a função janela centrada no nó I,e refere‐se ao número de nós

envolvidosnaaproximaçãolocal.

SubstituindoaEquação(3.13)naEquação(3.15)obtém‐se:

V . 3.16

Idealmente deseja‐se que o erro residual seja zero. Para que isso ocorra é

necessáriodeterminaroscoeficientes ,deformaaresultarnamelhoraproximação

possível,istoé:

0. 3.17

Aminimizaçãode emrelaçãoa conduzàseguinteequação:

, , , 3.18

onde

, , 3.19

, , 3.20

V , V , … , V , 3.21

e

⋮ ⋱ ⋮⋯

, 3.22

⋯ 0

⋮ ⋱ ⋮0 ⋯

. 3.23

Substituindo(3.18)em(3.13),aaproximaçãolocalpodeserdefinidacomo:

33

V Φ , 3.24

emqueΦ éafunçãodeformadoMLSassociadaaonó ,dadapor:

Φ , , . 3.25

OMLS promove uma aproximação suave dos valores das funções entre os nós

espalhadosnodomíniodoproblema.AinfluênciadeumnóIemumponto édadapelo

suporte da função janela que, alémdisso, garante tambémque os nós entrem e

saiamdodomíniodesuportedemaneiragradual.

AfunçãodeformadefinidapelaEquação(3.25)apresentaumsuportecompacto

igual ao suporte da função janela, e ainda, a continuidade da função de forma e suas

derivadas dependem da continuidade da função janela e de suas derivadas [42]. As

derivadasespaciaisdeΦ podemserobtidasdaseguinteforma:

Φ , , , , , 3.26

emqueosubscrito, indicaaderivadaespacialeasnotaçõesreferentesaxea foram

retiradasparaumamelhorleituradaequação,sendoque:

, , , 3.27

e

, , . 3.28

O grau de consistência do MLS é garantido pela ordem da base polinomial

referenteàEquação(3.13)detalformaqueaaproximaçãotemconsistênciaiguala

[63]. Outra característica importante da aproximação pelo MLS é que as funções de

formageradasapartirdessemétodonãosatisfazemodeltadeKroneckerΦ 1,o

que resulta emV V , isto é, os parâmetros nodaisV não são iguais aos

valoresdafunçãoaproximadaV nosnós[6].Assim,a imposiçãodascondiçõesde

34

contornoessenciaissetornadifícil,demandandoautilizaçãodetécnicasadicionaispara

a sua imposição. Essa limitação pode ser solucionada utilizando o IEFGM, em que a

construção da função de forma é realizada pelo método IMLS, o qual atende a

propriedadedodeltadeKronecker[64].

3.4.2. MétododosMínimosQuadradoMóveisInterpolantes‐IMLS

OMétododosMínimosQuadradosMóveisInterpolanteséumaextensãodoMLS

quepermiteaconstruçãodefunçõesdeformaqueatendamaodeltadeKronecker.Para

tanto, o método utiliza funções janelas singulares, transformando a aproximante em

interpolante. Isso permite que as condições de contorno essenciais sejam impostas

diretamente no sistema discreto final. Além disso, em problemas que possuam

descontinuidades,essacaracterísticarepresentaumavantagem,poispermiteamelhoria

nosresultados.

UmexemplodefunçãojanelaquepodeserutilizadanométodoIMLSé[8]:

1

| |,

3.29

emque éumaconstanteparaoajustedaprecisãodosresultadose éumvalorreal

positivosuficientementepequenoparaevitaradivisãoporzero.

De acordo com [8], uma característica importante relacionada com a função

janela utilizada no método IMLS refere‐se ao modo como esta função age sobre a

esparsidade da matriz final. Apesar da função janela possuir um comportamento

assintótico,asfunçõesdeformaquelhessãoassociadaspossuemumsuportecompacto,

uma vez que os domínios de influência de cada nó são limitados, o que garante a

esparcidadedamatriz.

AFigura3‐4apresentaumexemplodefunçãojanela,emumadimensão,utilizada

no IMLS, com 5, 0,3e 1 10 , conformeaEquação (3.29).Para efeitode

comparação, nesta figura é apresentada tambéma função janela do tipo spline cúbica

utilizadanoMLS.Nestacomparaçãoas funçõessãoconsideradascentradasemumnó

posicionadoem 2.

35

Figura3‐4‐ComparaçãoentreasfunçõesjanelautilizadasnoMLSenoIMLS.

Observa‐seque,noponto 2a funçãosplinecúbicapossuiumvalor limitado

enquantoafunçãosingulartendeaoinfinito,essacaracterísticadafunçãoutilizadapelo

IMLSpossibilitaqueafunçãodeformaatendaapropriedadedodeltadeKronecker.Ambas

as funções, tendemazeroempontos localizados foradodomíniode influênciadonó.

Neste trabalho é utilizado o EFGM empregando o IMLS que, por isso, é chamado de

IEFGM.

3.5. IntegraçãoNumérica

Umadasdificuldadesencontradasaoseutilizarosmétodossemmalhabaseados

nométodo de Galerkin é amaneira como resolver numericamente a Equação (2.15).

Para a obtenção da solução dessa equação é necessário realizar uma integração

numéricaaolongodetodoodomíniodoproblema.AtécnicapropostaporBelytscko[7]

e utilizada neste trabalho para avaliar numericamente a forma fraca do problema

consistenaconstruçãodeumamalhaauxiliardenominadademalhadeintegração.Essa

malhadeintegraçãoéindependentedosnósedevecobrirtodoodomíniodoproblema,

incluindo as fronteiras. Para a solução numérica das integrais envolvidas, o presente

estudoutilizaatécnicadeQuadraturaGaussiana.

1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.60

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

Posição x

W (

x)

MLS

IMLS

36

3.6. CritériodeVisibilidade

Osmétodossemmalha,emgeral,promovemumaaproximaçãosuavedosvalores

das funções e suas derivadas, o que é conseguido a partir da continuidade da função

janela. Porém, para problemas com descontinuidades no domínio, essa característica

pode implicar erros na aproximação. Uma maneira de resolver esse problema é

introduzindo descontinuidades na própria função janela através do critério de

visibilidade,propostoporBelytschko[7].Técnicascomoessasãonecessárias,umavez

quenosmétodossemmalhaasregiõesondeaaproximação localéválidasãogeradas

durante o processamento, dificultando a imposição da condição de interface

diretamente.

O critério de visibilidade consiste em introduzir descontinuidades na função

janelaquandoa interfaceentreosmeiosforultrapassadapelosuportedafunção[42].

Por exemplo, seja o nóIlocalizado no Meio 1, com domínio de influência de raiod ,

conformemostradonaFigura3‐5(a).Seoraiod encontraaregiãocinza,odomíniode

influênciadonóIétruncado,eospontoslocalizadosnessaregiãonãosãoincluídosno

domíniodeinfluênciadonó,Figura3‐5(b).Essetruncamentoforçaafunçãojanelaaser

nula nos pontos que são excluídos, introduzindo assim, descontinuidades na função

janelaeconsequentementenafunçãodeforma[7].

Figura3‐5‐Demonstraçãodocritériodevisibilidade.(a)situaçãoanterioràaplicaçãodocritérioe(b)apósàaplicaçãodocritério.

3.7. ConsideraçõesFinais

Nestecapítuloforamapresentadasasprincipaiscaracterísticasdosmétodossem

malha, dando ênfase ao IEFGM. Para este método foi realizado todo o formalismo

NóI

Meio2

Meio1Descontinuidade

NóI

Meio2

Meio1

Meio2

(a) (b)

37

necessárioparaodesenvolvimentomatemáticodoproblemadeaterramentoemestudo.

Verificou‐sequeaimplementaçãodoIEFGMpassapordiversasetapas,quevãodesdea

obtençãodaformafracadiscretizadadoPVC,apartirdoMétododeGalerkin;àcriação

dafunçãodeformaapartirdoIMLS;eporfim,àintegraçãonuméricaparaaobtenção

dospotenciaisnosnósdistribuídosnodomíniodoproblema,utilizando‐seatécnicade

QuadraturaGaussiana.

38

Capítulo4

Resultados

4.1. Introdução

NestecapítulosãoapresentadososresultadosreferentesàaplicaçãodoIEFGMa

sistemas de aterramento elétrico. Para tanto, considera‐se uma configuração de

aterramentocompostaporumahasteverticalinseridaemsoloshomogêneosetambém

solos não homogêneos, estratificados em duas camadas horizontais. São obtidos os

potenciaisgeradosaoníveldosoloearesistênciadeaterramentoparaasconfigurações

consideradas.

Para a comparação dos resultados obtidos a partir do IEFGM é utilizado o

Software comercial SEGround desenvolvido pela NSA Consultoria e Informática Ltda.,

cujométodoimplementadoéoMoM[40].

A ferramenta computacional que implementa o IEFGM foi desenvolvida

utilizando‐se o ambiente MATLAB. Todas as simulações foram realizadas em um

microcomputadorInteli5,3,4GHze8GBdememóriaRAM.

4.2. AplicaçãodoMétodoIEFGMaoSistemadeAterramentoElétrico

4.2.1. DescriçãodoSistemadeAterramentoElétrico

ComoobjetivodeavaliarométodoIEFGMemaplicaçõesenvolvendosistemasde

aterramento considerou‐se inicialmente uma configuração de aterramento composta

por uma haste de comprimento Lh igual a 1 m, inserida verticalmente em um solo

homogêneo comresistividadeρ igual a1Ω.me submetidaauma tensãoVhde1V.O

domínio de simulação é truncado de maneira a assumir a forma de metade de um

semicírculo,comraioRDde10meovalordopotencialimpostonafronteiraΓ éde0V.

39

Figura4‐1‐Sistemadeaterramentocompostoporumahastevertical.

Comooproblemapossuisimetriaaxialodomíniocomputacionalpodesersimplificado,

conformeilustradonaFigura4‐1.

Os valores adotados para alguns parâmetros do sistema de aterramento sob

investigaçãonestetrabalhonãosãovalorespráticos,tipicamenteencontradosnestetipo

deproblema,masforamescolhidoscomoobjetivodesimplificarasanálises.Ressalta‐se

queessasescolhasnãointerferemnaprecisãodosresultadosobtidos,umavezquepara

soloshomogêneos,comoéocasodasconfiguraçõesanalisadas,ospotenciaisgeradosno

solosãodiretamenteproporcionaisàelevaçãodepotencialdosistemadeaterramentoe

aresistênciadeaterramentoédiretamenteproporcionalàresistividadedosolo

4.2.2. ParâmetrosdoIEFGM

Osparâmetros concernentes aométodo IEFGM, tais como,DistribuiçãodeNós,

Número de Nós (NN), Distribuição de Pontos de Integração, Número de pontos de

Integração(NPI),RelaçãoentreNPIeNN(RGN)eotamanhododomíniodeinfluência

dosnós,ajustadopelavariável daEquação(3.2),influenciamdiretamentenaprecisão

dosresultadosobtidos.

Oprimeirodessesparâmetros,distribuiçãodenós, representao localonde são

calculados os potenciais elétricos desconhecidos. A distribuição de nós não requer

n

n

d

Solo

Ar

r

RD =10m

Lh =1m

m RD=10m

n

Vh=1V

Haste

z

40

conectividade entre eles, é necessário apenas que essa distribuição cubra todo o

domínio do problema analisado e suas fronteirasΓ. Além disso, para que o método

consiga ter uma boa aproximação é importante que NN seja suficientemente grande,

capaz de descrever a variação da variável sob análise. A Figura 4‐2 apresenta um

exemplo de distribuição de nós retangular que é adotada para o problema de

aterramentosobestudo.

Figura4‐2‐Exemplodedistribuiçãodosnósnodomíniodoproblema.

Outro parâmetro importante para ométodo IEFGM refere‐se à distribuição de

pontos de integração. Esses pontos, também chamados de pontos de Gauss,

correspondem ao local onde é realizada a integração numérica e são gerados com o

auxílio de um arranjo de células de integração. Esse arranjo deve envolver todo o

domínio do problema e suas células são independentes dos nós distribuídos. A

Figura4‐3apresentaumexemplodemalhadefundoutilizadanoprocessodeintegração

numéricacomumconjuntode2x2pontosdeGaussparacadacélula.Ressalta‐sequeo

tamanho das células, bem como, a quantidade de pontos de Gauss por célula são

parâmetrosquepodemseralterados.

z

r

Nósemn

Nóssobreahaste

Nósemn

Nósemd

NósemΩ

41

Figura4‐3‐Exemplodedistribuiçãodospontosdeintegraçãonodomíniodoproblema.

Arazão(RGN)entreonúmerodepontosdeintegração,NPI,eonúmerodenós,

NN, é muito importante para a convergência do método. De acordo com [6], para

problemas2Dessarazãodevesermaiorque67%,paraqueaprecisãodosresultados

sejamantida.Essaregraéumrequisitonecessáriomasparaalgunscasos,nãoégarantia

de ser suficiente. Por isso, para cada problema, é necessário realizar uma análise da

RGN.

O tamanho do domínio de influência dos nós se relaciona diretamente com a

eficiênciaeaprecisãodométodosemmalha.Esseparâmetroindicaaquantidadedenós

envolvidanadeterminaçãodasoluçãoaproximadaaoredordeumdeterminadonó.Para

Viana[42],odomíniodeinfluênciadevevariarentre1,5a4vezesadistânciaentreos

nós.Aavaliaçãodessesparâmetrosrepresentaumaetapaimportantenabuscaporbons

resultadosebomdesempenhocomputacional.

4.3. CálculodoErro

Para a avaliação da consistência dos resultados obtidos a partir do modelo

desenvolvido utilizando o IEFGM, é realizada uma comparação entre esses resultados

comaquelesobtidoscomoMoM.Nessaavaliaçãoéconsideradooerropercentualmédio

r

z Céluladeintegração

PontodeGauss

42

( ,oerropercentualmáximo( )eoerropercentualrelativo( apartirdas

seguintesexpressões,respectivamente:

. 100%,(4.1)

| |. 100%, (4.2)

| |

. 100%, (4.3)

em que corresponde à solução obtida pelo MoM, à solução obtida pelo

IEFGMe onúmerodepontosondeasoluçãoéavaliada.

4.4. ModelagemdoRaiodaHastedeAterramento

Uma característica importante sobre os métodos numéricos aplicados à

modelagem de sistemas de aterramento refere‐se a forma como o raio do eletrodo é

tratadoemcadaumdeles.Dadaaimportânciadessetema,nestaseçãoéfeitaumabreve

descriçãosobreaabordagemdesseparâmetropelosprincipaismétodosnuméricos.

Ressalta‐se que um mesmo método pode permitir mais de uma forma de se

considerar o raio do eletrodo. O FEM, por exemplo, aborda amodelagemdo raio dos

eletrodos de diversas formas. Uma delas consiste em considerar a discretização do

domínio,apartirdosvárioselementosfinitos,respeitandoasinterfacesentreregiõese

materiais distintos. Para os problemas que são tridimensionais, mas que apresentam

umasimetriaaxial,comoéocasodosistemadeaterramentocompostoporumahaste,o

FEM permite que seja feita uma abordagem bidimensional aplicando um fator de

correçãonaformulaçãonumérica,multiplicandoostermosdosistemadecadaelemento

por2 , emque éadistânciadobaricentrodoelementoaoeixoz.Umexemplode

trabalhoqueutilizaessaabordagempodeservistoem[65].Outraformadetrataroraio

apartirdoFEMconsisteemmodelaroeletrodoporumelemento“linha”,evitandoasua

discretização em elementos finitos. Os trabalhos [43], [44], [66] são alguns exemplos

43

que utilizam essa modelagem. A partir dessa proposta, novos trabalhos vêm sendo

realizadosdeformaaconsiderarascorrentesquefluemradialmentedoseletrodospara

osolo,[45],[67]exemplificamessecaso.

O MoM permite a representação do raio da haste de forma tridimensional,

entretanto, amodelagem émuito complexa, por isso, a representaçãomais adotada é

aquela em que a haste é discretizada em vários segmentos com comprimentosmuito

maiores que o raio, o que permite a aproximação por correntes filamentares. Nessa

modelagem o raio tem papel relevante no cálculo do acoplamento próprio dos

segmentos.Trabalhosqueutilizamessamodelagemsãoapresentadosem[36],[68].

Para a técnica sem malha, não foram encontrados na literatura trabalhos que

tratem da modelagem de hastes de aterramento. Assim, diante da importância da

representação desse elemento, é apresentado neste trabalho duas propostas para a

modelagem das hastes utilizando o IEFGM. A primeira delas é aqui denominada de

PropostaRaioReal (PRR)easegundadePropostaRaioEquivalente (PRE).Aseguiré

apresentada uma descrição de cada uma das referidas propostas que possuem em

comumofatodeseremaplicadasaumarepresentaçãobidimensionaldoproblema,dada

asuasimetriaaxial.

PropostaRaioReal(PRR):

Nestapropostaahastedeaterramentoémodeladaconsiderandosuasdimensões

reais a partir de sua seção transversal. Utilizando o IEFGM, são distribuídos nós

coincidentes com o contorno da haste, conforme indicado na Figura 4‐4 (a). A

distribuição de nós em Ω,Γ eΓ possui um espaçamento igual ao raio da haste de

aterramento,rh.

PropostaRaioEquivalente(PRE):

Estapropostaprevêamodelagemdahaste comoumelemento filamentar, cuja

áreasereduzaumalinhadenós.Nestecaso,paratodososnósdistribuídoséutilizado

umespaçamentomaiorquerh,ajustadode formaaalcançaraprecisãodesejada.Essa

representaçãofiliformedahastedeaterramentoéilustradanaFigura4‐4(b).Maiores

detalhessobreestapropostasãodescritosnaSeção4.9.

44

Figura4‐4‐Exemplodedistribuiçãodosnós.(a)PropostaRaioReal(PRR)e(b)PropostaRaioEquivalente(PRE).

4.5. SistemasdeAterramentoUtilizandoHastesVerticais

Existemumagamadediferentesconfiguraçõesdehastesdeaterramentoquanto

aocomprimento,raioematerialdisponíveisnomercado.Emrelaçãoaocomprimento,

osvaloresmaisutilizadossãoosde2,4me3m.Ashastespodemserdotipocantoneira

oudeseçãocircular.Paraestaúltima,asseçõesmaisutilizadassãode1/2”,5/8”,3/4”e

1”. Em relação aomaterial, as hastes podem ser de aço galvanizadoou aço cobreado.

Ressalta‐sequeasdimensõesdashastes,emgeral,sãolimitadasporquestõesmecânicas

tendoemvistaquequantomaiororaiodahastemaisdifícilsetornaasuacravaçãono

solo. Nas análises realizadas neste trabalho as hastes com diâmetros comerciais são

denominadasdehastesconvencionais.

A partir das hastes convencionais é possível projetar várias configurações de

aterramento.Umadessasconfiguraçõesconsisteemrevestir/encapsularumahastede

aterramento com um material de resistividade inferior à do solo circunvizinho,

formandoumcilindrocravadonosolo.Dopontodevistadereduçãodaresistênciade

aterramento, essa técnicaé tantomais eficazquantomaior for a resistividadedo solo

localequantomenorforaresistividadedomeioencapsulante.Supondoqueessemeio

tenha uma resistividade muito baixa em comparação ao solo circunvizinho pode‐se

z

r

Haste

rh

r

z

Haste

(a) (b)

Nósemn

Nósemn

Nósemd

NósemΩ

rh

rh

rh

Nósemd

NósemΩ

Nósemn

Nósemn>rh

>rh

45

considerarumsistemadeaterramentocujoraioéodocilindroformadopelomeioque

envolveahaste.Otamanhodesseraioévariávelenopresenteestudoconsidera‐seuma

faixadevaloresentre0,04me0,1m.ConfiguraçõescomoessasãoadotadaspelaCEMIG

em redes de distribuição de energia elétrica [69] e representa uma alternativa de

reduçãodaresistênciadeaterramento levando‐seemconsideraçãoosaltosvaloresde

resistividadedosolodoestadodeMinasGeraisearestriçãofísicaparaainstalaçãodo

aterramento.Essetipodeconfiguraçãodeaterramentoédenominadaaolongodotexto

dehastesencapsuladas.

4.6. AvaliaçãodoDomínioComputacionaldoProblema

ParaoproblemadeaterramentodescritonaSeção4.2.1érealizadaacomparação

entre os valores dos potenciais elétricos ao nível do solo obtidos com o IEFGM, com

aqueles obtidos a partir do MoM, ver a Figura 4‐5. Para esta análise o potencial na

fronteiraΓ é fixado em 0 V e na haste, o potencialV é 1 V. Utilizou‐se a PRR

considerando uma haste encapsulada com raio de 5 cm. Para a simulação NN foi de

31920eNPIde125653conduzindoaumaRGNde3,9.

Figura4‐5‐PotenciaisnoníveldosolocalculadoapartirdoIEFGMedoMoM.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

r (m)

Pot

enci

al (

V)

IEFGM

MoM

46

Observa‐sequeacurvadepotencialaoníveldosoloobtidapelométodoIEFGM

apresenta boa concordância com a obtida pelo MoM, na região próxima à haste,

entretanto,amedidaqueseafastadosistemadeaterramentoosvalorescomeçamase

diferenciar. A curva obtida pelo IEFGM apresenta uma taxa de decaimento bemmais

acentuadaqueacurvadoMoM.Adiferençaentreospotenciaspodeserquantificadaem

termosdoerro calculadoapartirdaEquação(4.1),queforneceumvalorbastante

elevadode49,23%.Essecomportamentose justificapelo fatode ter sido impostoum

potencial igual a zerona fronteiraΓ quandodautilizaçãodo IEFGM.Aindaquenesta

regiãoopotencialsejarealmentebaixocomparadocomospotenciaisdesenvolvidosno

entorno do sistema de aterramento, ele ainda não é nulo, o que se reflete

significativamentenosvaloresdoerrodepotencial.

4.6.1. PotencialnaFronteiraΓd

Para a solução de problemas abertos utilizando métodos diferenciais como o

IEFGMénecessáriotruncararegiãodeanálisedoproblemaporumafronteiradeforma

a limitar o tamanho do domínio computacional e impor uma condição de contorno

apropriada nessa fronteira. Essa ação impacta diretamente na precisão da solução do

problema.

Conceitualmente, a resistência de um sistema de aterramento corresponde à

quedade tensãototalnosoloporunidadedecorrente injetadanomesmo,apartirda

superfíciedoseletrodosatéoinfinito,ondeopotencialéefetivamentezero,quandose

fazcircularumacorrenteatravésdessesolo.Issosignificadizerqueafronteiraondeo

potencial é zero deve ter um tamanho infinito. Em termos práticos não é possível

incorporar essa condição em métodos diferenciais. Na realidade considera‐se uma

distânciasuficientementegrandeemrelaçãoaosistemadeaterramentoondepossaser

atribuído o potencial zero à fronteira. No entanto, essa aproximação ainda conduz a

errosnosresultados.

Paramelhoraraprecisãodasoluçãoereduziroserrosdepotenciaisnoníveldo

solosemelevarsobremaneiraocustocomputacionaldasimulaçãodevidoàextensãodo

domínio computacional do problema, neste trabalho propõe‐se uma nova abordagem

47

paraasoluçãodoproblemaapartirdautilizaçãodeumaaproximaçãoparaopotencial

nafronteiraΓ .

Aaproximaçãoérealizadaapartirdopotencialgeradoemumpontonoespaço

devido a uma corrente pontual, em detrimento de se impor um valor igual a zero. É

evidente que este não é o caso para o aterramento analisado, considerando a região

próximaaele;entretanto,quandoseconsideramdistânciasmaiores,essaaproximação

pode ser adotada e os potenciais nessa região podem ser calculados a partir de uma

expressãomatemáticafechada.

A equação que expressa o potencial em um dado ponto em relação ao infinito

devidoaumacorrentepontualédadapor:

Vρ I2 π D

, (4.4)

em queρé a resistividade do solo uniforme, I é a corrente que dispersa pelo

aterramentoeDéadistânciadopontoaosistemadeaterramento.Essaaproximaçãosó

éválidaparapontosdistantesdosistemadeaterramento,ondeasequipotenciaispodem

serassumidascomoaproximadamentehemisféricas, independentementedageometria

doarranjodeaterramento.

UmaformadeaplicaraEquação(4.4)aoproblema,consisteemrealizartambém

umaaproximaçãoparaaobtençãodovalordacorrentedefalta,I.Paratanto,considera‐

seaEquação(4.5)querepresentaaformulaçãoclássicadeSunde[2]paraocálculoda

resistênciadeaterramentodeumahaste.

Rρ2π

2 1 1 /2

21 /2 , (4.5)

emqueléocomprimentodahastedeaterramentoeaéoraiodahaste.

Apartirdaresistênciacalcula‐seacorrenteresultantenoaterramento,dadapela

relaçãoI V /R. De posse do valor da corrente, retorna‐se à Equação (4.4) para a

obtençãodopotencialaproximado.

AFigura4‐6apresentaosvaloresdoerrodepotencialelétricoaoníveldosolo

em função da distância ao aterramento, calculados a partir da Equação (4.3),

considerandoospotenciaisgeradospeloMoMeaquelesobtidoscomaEquação (4.4),

48

ondeDésubstituídoporrqueévariável.Paraessaavaliaçãoforamconsideradashastes

deaterramentode1mdecomprimentoinseridasemsolohomogêneocomasseguintes

configurações:

Hasteconvencionalderaiode0,00635m

Hasteencapsuladaemumcilindrocomraiode0,1m

Figura4‐6‐Erropercentualparaopotencialelétricoaoníveldosoloemfunçãodadistância.

Para ambasas configurações, observa‐sequeexisteuma regiãoondeo errode

potencial decresce rapidamente. Para a haste encapsulada essa região está

compreendida entre 0 e 1,5 m e para a haste convencional entre 0 e 3,9 m. Esse

comportamento decorre do fato dos potenciais calculados a partir da Equação (4.4)

apresentarem valores bem errôneos nas proximidades da haste, isso porque a

aproximação considerada, de fatonão é válidanessa região.A partir dessas regiões o

erroseestabilizaemvaloresinferioresa10%.Paraasduasconfiguraçõesapresentadas,

emdistânciasmaioresque5m,porexemplo,aaproximaçãodopotencialjáéválida.

A Figura 4‐7 apresenta um gráfico com as curvas equipotenciais em um plano

longitudinal ao sistema de aterramento para a haste encapsulada com raio de 0,1m,

obtidaapartirdoIEFGM,considerandoaindaopotencialiguala0VemΓ .

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 2010

-3

10-2

10-1

100

101

102

103

104

r (m)

Er

(%)

Haste convencional (raio = 0,00635 m)

Haste encapsulada (raio = 0,1 m)

49

Figura4‐7‐Curvasdeequipotenciaisnosoloespaçadasde0,01Vparaahasteencapsuladacomraio0,1m.

Observa‐se que as equipotenciais são hemisféricas na região mais afastada da

haste. Esse resultado corrobora com os resultados apresentados na Figura 4‐6, que

indicaqueparaestaconfiguraçãodeaterramento,autilizaçãodaaproximaçãoporuma

correntepontualéadequadaparadistânciasacimade5mdosistemadeaterramento.

Assim, a modelagem adotada neste trabalho considera a aproximação do

potencial emΓ , conforme discutido nesta seção. Para tanto utiliza‐se um domínio

computacional comraioR 10. L .ATabela4‐1apresentaosvaloresdospotenciais

elétricosemΓ calculadosapartirdaaproximaçãopropostanestaseção,chamadanesse

trabalho de Aproximação Proposta (AP), e os potenciais obtidos pelo MoM para as

hastesconvencionaiseencapsuladasdecomprimentoLh=1meraior .

r (m)

z (m

)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

0,01 V

0,02 V

0,03 V

0,04 V

50

Tabela4‐1–PotencialemΓ .

r (m)V(V)MoM

V(V)AP

0,00635 0,019 0,0180,00794 0,019 0,0190,00953 0,020 0,0200,0127 0,021 0,0210,04 0,029 0,0280,05 0,031 0,0290,06 0,033 0,0310,07 0,035 0,0330,08 0,037 0,0340,09 0,038 0,0350,1 0,040 0,037

Observa‐sequeosvaloresdepotencialobtidosapartirdaaproximaçãoproposta

apresentaramboaconcordânciacomosvaloresgeradosapartirdoMoM.

Para o problema de aterramento inicialmente considerado, constituído de uma

haste de 1m de comprimento e raio de 5 cm, inserida em um solo homogêneo com

resistividade 1Ω.m, o potencial aproximado na fronteiraΓ comR 10mé de

0,029V,conformeindicadonaTabela4‐1.Utilizandoessaaproximaçãotem‐seacurva

depotencialaoníveldosoloparaoIEFGMconformeapresentadonaFigura4‐8.Nessa

figuraéapresentadotambémacurvadepotencialobtidopeloMoM.

Figura4‐8‐PotencialaoníveldosolocalculadoapartirdoIEFGMedoMoM.AproximaçãodopotencialelétricoemΓ .

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

r (m)

Pot

enci

al (

V)

IEFGM

MoM

51

AaproximaçãodopotencialnafronteiraΓ permitiuqueascurvasdepotenciais

doIEFGMedoMoMfossempraticamentecoincidentesoqueserefletenosvaloresdos

erros e ,conformeapresentadonaTabela4‐2.Nestatabelasãoapresentados

também os erros percentuais de potencial para outras configurações de haste de

aterramentoadotadasnestetrabalho.

Tabela4‐2– e paraopotencialaoníveldosolo–aproximaçãodopotencialelétricoemΓ .

r (m) % %0,00635 ‐ ‐0,00794 ‐ ‐0,00953 ‐ ‐0,0127 0,78 2,030,04 2,15 4,310,05 2,65 5,070,06 3,34 5,920,07 3,80 6,710,08 4,32 7,430,09 4,65 8,320,1 5,32 8,67

Conforme é discutido na Seção 4.7, para as configurações de aterramento com

hastes comerciais a modelagem adotada utilizando a PRR conduz a um custo

computacionalelevadodificultandoocálculodosparâmetrosdoaterramento.Porisso,

na Tabela 4‐2, não são apresentados os erros para as hastes com raios inferiores a

0,0127m.

4.7. CálculodaResistênciadeAterramento

A modelagem adotada neste trabalho considera o sistema de aterramento

alimentadoportensão;porisso,oqueseconheceinicialmenteéaelevaçãodepotencial

dosistemadeaterramento.Oprocessodeobtençãodovalordaresistênciadosistema

deaterramentopassapelocálculodacorrentequesedispersaparaosolo.Esseprocesso

decálculoérealizadodaseguinteforma:

Passo 1 – Cálculo do potencial nos nós utilizando o IEFGM: A partir da

soluçãodaformafracadoproblema,dadapelaEquação(2.15),obtém‐se

os valores do potencial elétrico nos nós distribuídos pelo domínio do

problema.

52

Passo2–Cálculodopotencialempontos :Nestaetapaédefinidauma

distribuiçãodepontosmaisrefinada.Sãocalculadosospotenciaisnesses

pontos a partir dos potenciais obtidos no Passo 1 utilizando a

Equação(3.4)(V ∑Φ V ).

Passo 3 – Escolha de uma equipotencial: A escolha da equipotencial é

muito importante para a boa convergência do resultado, pois influencia

diretamentenocálculodocampoelétrico.Aequipotencialescolhidadeve

apresentarumraiodecurvaturasuave.

Passo 4 – Definição de pontos de integração ao longo da equipotencial

escolhida.

Passo5–Cálculodomódulodocampoelétriconospontosdeintegração:

Essecálculoérealizadoapartirdaderivadadopotencialelétricoaolongo

daequipotencialescolhida,utilizandoaEquação(2.6).Umavezqueesse

procedimento é realizado a partir da solução numérica do potencial

elétrico, ele pode apresentar instabilidade. Para evitar esse tipo de

problema, o cálculo deve ser feito em uma região do domínio onde as

equipotenciais tem uma curvaturamais suave, o que geralmente ocorre

em uma região mais afastada do sistema de aterramento. A Figura 4‐9

apresenta o processo adotado para a busca de uma equipotencial

apropriada.Observa‐sequeem(a)aequipotencialestámaispróximado

sistemadeaterramento,assim,osvetoresdecampoapresentamnormae

direção bastante diferentes um dos outros. Não se pode dizer omesmo

comaequipotencial indicadaem(b).Devidoà suavidadedessacurvaos

vetores de campo são todos uniformes e ortogonais a ela. Essa

característicaconduzaumamaiorprecisãonocálculo.

Diantedoexposto,éimportantedestacarqueapesardamaiorvariaçãode

potencial ocorrer na região próxima ao sistema de aterramento,

implicando necessidade de uma distribuição de nós mais densa para

caracterizar bem essa variação, a região mais afastada do aterramento

também deve apresentar uma boa densidade de nós para que o cálculo

precisodadensidadedecorrente sejarealizado.

53

Figura4‐9‐Processodebuscadaequipotencialparaocálculodocampoelétrico.(a)equipotencialpróximaaoaterramentoe(b)equipotencialafastadadoaterramento.

Passo6–Cálculodadensidadedecorrente :Depossedocampoelétrico

ao longo da equipotencial escolhida, a densidade de corrente é obtida

diretamentedaaplicaçãodaEquação(2.5).

Passo7–CálculodacorrenteI:Acorrentequedispersapelo sistemade

aterramentoécalculadaapartirdaintegraçãonuméricade nasuperfície

equipotencial,conformeapresentadonaequaçãoaseguir:

I ∙ . (4.6)

Passo 8 – Cálculo da resistência de aterramento R: Finalmente, a

resistênciadosistemadeaterramentoéobtidaapartirda razãoentrea

tensãoaplicadaaoaterramentoeacorrentecalculada.

A Tabela 4‐3 apresenta os resultados do cálculo da corrente dispersa pelo

sistemadeaterramentoparaalgumasconfiguraçõesdehaste,comumcomprimentoLh

iguala1m,inseridaemumsolocomresistividadeuniformede1Ω.m,submetidaauma

elevação de potencial de 1 V e já considerando a aproximação para o potencial na

fronteiraΓ ,descritanaSeção4.6.

0 2 4 6 8 10-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

r (m)

(b)

z (m

)

Nós

Vetor E

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

-1.2

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

r (m)

(a)

z (m

)

Nós

Vetor E

54

Tabela4‐3–Resultados–Distribuiçãouniformedenós.

r (m) I(A)IEFGM

R(Ω)IEFGM

V(V)emΓ

NN NPI Tempode

processamento(s)

R(Ω)MoM

0,0127 1,370 0,730 0,021 488974 1945807 1,5 195826 0,7420,04 1,833 0,546 0,028 49723 196351 1,5 2087 0,5510,05 1,960 0,510 0,029 31920 125653 1,5 760 0,5130,06 2,063 0,485 0,031 22245 87620 1,5 365 0,4830,07 2,184 0,458 0,033 16388 64248 1,5 205 0,4570,08 2,289 0,437 0,034 12587 49091 1,5 112 0,4340,09 2,386 0,419 0,035 9987 38707 1,5 70 0,4140,1 2,484 0,403 0,037 8114 31415 1,5 49 0,397

OsresultadosapresentadosnaTabela4‐3 indicamumaboaconcordânciaentre

osvaloresderesistênciadeaterramentoobtidosapartirdoIEFGMeosvaloresgerados

peloMoM.ParaoscasossimuladosoparâmetroRGNquerepresentaarelaçãoentreo

númerodepontosdeintegraçãoeonúmerodenósédeaproximadamente3,9.

Dentreashastesconvencionais,sãoapresentadososresultadosapenasparaade

raioiguala0,0127m.Comopodeserobservado,paraestecaso,ocustocomputacional

foibastanteelevadooque inviabilizouaanálisedeconfiguraçõesdehastescomraios

inferioresaesse,utilizandoamodelagemPRR.

A utilização de uma distribuição de nós uniforme garante um bom

comportamento do método IEFGM; entretanto, do ponto de vista do custo

computacional,tornaproibitivaaanálisedehastesdeaterramentocomraiospequenos.

Uma alternativa para este problema consiste na análise da utilização de distribuições

nãouniformesdosnós.

4.8. AvaliaçãodaDistribuiçãonãoUniformedeNós

Seguindo a estratégia já adotadapelosmétodos commalha, de se discretizar o

domínio do problema tanto quanto maior for a variação da variável analisada, nesta

seçãoavalia‐seoimpactodautilizaçãodessaestratégiaapartirdométodoIEFGM.

Comautilizaçãodeumadistribuiçãonãouniformedenósespera‐seumaredução

significativanotempocomputacional;noentanto,esseprocedimentonãoégarantiade

obtenção de resultados precisos, uma vez que uma distribuição de nós realizada de

maneirainadequadapodedegradarasoluçãodoproblema.

55

Em métodos diferenciais como o FEM, por exemplo, utilizam‐se malhadores

comerciais para gerar e processar os elementos. No caso dos métodos semmalha, a

utilização de rotinas similares às utilizadas pelos malhadores também é uma prática

usual.Umexemplodautilizaçãodemalhadoresparaageraçãodosnósemmétodossem

malhapodeserencontradoem[8].

O que é realizado neste trabalho é uma avaliação tanto do ponto de vista de

resultado, quanto do ponto de vista do custo computacional, da utilização de

distribuições não uniformes obtidas de maneira simplificada, sem a utilização de

malhadores. Essa avaliação é realizada considerando‐se algumas configurações de

distribuiçãodenósconformeparâmetrosindicadosnaFigura4‐10.

Figura4‐10‐Distribuiçãonãouniformedenós.

O parâmetro representa um fator de proporcionalidade em relação aR que

defineo tamanhodo raioda região1, por sua vez, é um fatordeproporcionalidade

para adeterminaçãodoespaçamentodosnósda região2 em funçãodoespaçamento

dosnósdaregião1.Seja 0,2e 2,porexemplo;essaconfiguração indicaquea

região1possuiumraio0,2vezesoraiododomíniototaldoproblemaeoespaçamento

entreosnósdaregião2éodobrodoespaçamentodosnósdaregião1.Arepresentação

dahasteéfeitaconformeaPRR,assim,naregião1oespaçamentoentreosnóséigualao

raiodahaste,rh.

r

z

RDαRD

Haste

Região2

Região1

βrhrh

RD

56

ATabela4‐4apresentaosresultadosparaumsistemadeaterramentocomposto

porumahastedeaterramentode1mdecomprimentoencapsuladaemumcilindrode

raio de 0,05 m, inserida em um solo homogêneo com resistividade de1Ω.me com

R 10m.

Tabela4‐4–Resultados–Distribuiçãonãouniformedenósparaahastecomr 0,05m.

I(A)IEFGM

R(Ω)IEFGM

V(V)emΓ NN NPI

Tempodeprocessamento

(s)

R(Ω)MoM

0,15 2 1,957 0,511 0,029 8982 125653 2 230 0,5130,20 2 1,958 0,511 0,029 9391 125653 2 232 0,5130,25 2 1,959 0,510 0,029 9917 125653 2 236 0,5130,15 3 1,951 0,513 0,029 4746 125653 3 206 0,5130,20 3 1,952 0,512 0,029 5229 125653 3 215 0,5130,25 3 1,954 0,511 0,029 5846 125653 3 228 0,513

A partir dos resultados obtidos verifica‐se que os valores de resistência de

aterramento de todos os casos avaliados apresentaram boa concordância com aquele

obtido por meio do MoM. Observa‐se ainda, uma redução significativa do tempo de

processamento,deaproximadamente70%,emrelaçãoaotempoobtidoconsiderando‐

seumadistribuiçãouniformedenós,indicadonaTabela4‐3.

Análisesemelhante,relativaàdistribuiçãonãouniformedosnós,érealizadapara

outras configurações de aterramento, conforme apresentado na Tabela 4‐5. Para isso

considera‐se 0,2e 2.

Tabela4‐5–Resultados–Distribuiçãonãouniformedenósparaoutrasconfiguraçõesdeaterramento.

r (m)I(A)IEFGM

R(Ω)IEFGM

V(V)emΓ

NN NPI Tempode

processamento(s)

Reduçãodotempodeprocessamento

(%)

R(Ω)MoM

0,0127 1,354 0,739 0,021 138688 1945807 2,0 58301 70 0,7420,04 1,831 0,546 0,028 14479 196351 2,0 564 73 0,5510,05 1,958 0,511 0,029 9391 125653 2,0 232 67 0,5130,06 2,057 0,486 0,031 6610 87620 2,0 114 69 0,4830,07 2,179 0,459 0,033 4813 64248 2,0 62 70 0,4570,08 2,287 0,437 0,034 3808 49091 2,0 38 66 0,4340,09 2,393 0,418 0,035 3054 38707 2,0 26 64 0,4140,1 2,477 0,404 0,037 2492 31415 2,0 19 61 0,397

Adistribuiçãodenósnãouniformeutilizadaconduziutambémabonsresultados

paraoutrasconfiguraçõesdeaterramentoanalisadas,bemcomo,umareduçãodotempo

computacional bastante expressiva para todos os casos, em comparação com aqueles

57

resultadosquandoseutilizouumadistribuiçãouniformedenós.Entretanto,adespeito

dessa redução, verifica‐se que a análise de hastes convencionais ainda constitui uma

tarefalaboriosa,poisocustocomputacionalaindaassiméelevado.

Como intuitode tornarpossívela análisedehastes convencionaisutilizandoo

IEFGM,éapresentado,naSeção4.9,umaproposta,decaráterinovador,queexploraas

característicasdométodoutilizandoumahastederaioequivalente.

4.9. PropostadeRepresentaçãodeHastesConvencionais

Conformejádiscutido,odomíniodeinfluênciadeumnóconstituiumparâmetro

muitoimportanteparaosmétodossemmalha,umavezqueelerepresentaaregiãona

qual um determinado nó exerce sua influência, sendo, portanto, um parâmetro de

refinamento da solução. Considerando essa característica dos métodos sem malha,

vislumbrou‐se a possibilidade de explorá‐la de uma forma inovadora propondo uma

maneiraderepresentarashastescomraioscomerciaisapartirdoIEFGM.Assim,para

essa análise a haste é modelada como um elemento unidimensional, ou seja,

diferentemente damodelagem adotada até omomento, onde a haste é considerada a

partirdeseuprópriocontorno,nestecasoelaérepresentadaporumfilamento.Oraioé

considerado a partir do ajuste do tamanho do domínio de influência dos nós que

compõemosegmentoquerepresentaahastedeaterramento.

Para estabelecer o tamanho ideal dos domínios de influência dos nós que

representamahasteressalta‐sequenãoésuficienteutilizardomíniosdeinfluênciacom

dimensãoigualaoraiodahastequesedesejasimular.Otamanhodessesdomíniosfoi

estabelecido de forma empírica comparando os resultados obtidos a partir do IEFGM

com os resultados do MoM e foram introduzidos os parâmetros FR e FH conforme

Equações(4.7)e(4.8).

ó . . , 4.7

ó . , 4.8

58

emque correspondeaodomíniodeinfluênciadosnósdahastee ó aodomínio

deinfluênciadosdemaisnós, eFHsãofatoresparaoajustedotamanhodosdomínios

de influência, FRé um fator para a determinação do espaçamento entre os nós e ,

denominada de distância nodal, é consideradanesta proposta como sendoum fator cujo

valor é igual ao raio da configuração de aterramento adotada (haste convencional ou

encapsulada).

A Equação (4.7) representa o domínio de influência de todos os nós, exceto os

localizadosnahastedeaterramento.Paraessesnós,odomíniodeinfluênciaédadopela

Equação (4.8). Um destaque deve ser dado à relação direta entre as duas equações,

quantoaodomíniodeinfluênciaconsideradoatéomomento,tantoparaasdistribuições

denósuniformequantonãouniformes,anovidadeéoparâmetroFRquemultiplicado

por ,cujovaloréigualaoraiodahaste,indicaoespaçamentoentreosnósespalhados

pelodomíniodoproblema.Esseparâmetropodeexcursionarporumaextensafaixade

valores,entretanto,paraqueaabordagemconsigautilizarasuapotencialidade,valores

acima de 3 são preferencialmente adotados, lembrando‐se que, valores altos podem

conduzir a uma degradação da solução devido ao número reduzido de nós para a

solução do problema. Por outro lado, valores pequenos para este parâmetro podem

oneraroprocessamento.

OparâmetroFH,porsuavez,relaciona‐secomodomíniodeinfluênciadosnósda

haste.ConformepodeserobservadopelaEquação(4.8)odomíniodeinfluênciadosnós

dahasteédadoporumafraçãododomíniodeinfluênciadosoutrosnós.

A partir de vários testes verificou‐se que determinadas combinações entre os

parâmetros FReFHconduziam a bons resultados de potenciais no solo e resistência

paraasconfiguraçõesdeaterramentoconsideradas,e,que,otempodeprocessamentoé

bemmenorcomparadocomamodelagemPRRapresentadanestetrabalho.Emespecial,

valedestacarqueparatodasashastesconvencionais,foipossívelrealizarocálculodos

parâmetrostípicosdeprojetodeaterramento.

Salienta‐se que, provavelmente existem várias combinações entre FHeFRque

conduzem a resultados concordantes com o MoM. Entretanto, para tal análise seria

necessário utilizar uma otimização multiobjetivo, que foge do escopo deste trabalho.

Umadascombinaçõesobtidasapartirdostestesqueretornouresultadossatisfatóriose

que por isso, é adotada no estudo é a utilização deFR=10 e FH=0,805. A Tabela 4‐6

59

apresentaosresultadosparaashastesconvencionais,considerandoLh=1m,Vh=1V,

ρ=1Ω.meRD=10m.

Tabela4‐6–ResultadosIEFGM–PREparaashastesconvencionais.

r (m)I(A)IEFGM

R(Ω)IEFGM

FH FR NN NPI Tempode

processamento(s)

R(Ω)MoM

0,00635 1,172 0,853 0,805 10 19885 77917 1,5 290 0,8560,00794 1,224 0,817 0,805 10 12786 49828 1,5 112 0,8200,00953 1,255 0,797 0,805 10 8915 34592 1,5 56 0,7900,0127 1,369 0,730 0,805 10 5069 19473 1,5 20 0,742

Os resultados indicaram erros inferiores a 1,6%, utilizando a Equação (4.3),

comparando‐seosvaloresderesistênciadeaterramentodoIEFGMcomaquelesobtidos

peloMoM.Issorepresentaumaboaconcordânciaentreosmétodos.Alémdisso,destaca‐

seotempodeprocessamentobastantereduzidoobtidocomessamodelagem.

Apesar destamodelagem ter sido proposta para resolver o problema do custo

computacional elevado ao se simular hastes convencionais, ela também pode ser

aplicadaàproblemasdeaterramentocomhastesencapsuladas.

Inicialmente, considerou‐se para as hastes encapsuladas a mesma combinação

paraosparâmetros e adotadosparaashastesconvencionais.Noentanto,ainda

que os resultados tenham sido aceitáveis para fins de aterramento, com erros de até

13% calculados a partir da Equação (4.3), observou‐se uma maior probabilidade de

ocorrência de instabilidadenas respostas, uma vez que a quantidade de nós fica bem

reduzida. Uma alternativa para essa questão foi a de se utilizar uma combinação de

valoresdiferentesparaa configuraçãodehasteencapsulada, comFR=5eFH=1,3.Os

resultadosobtidossãoapresentadosnaTabela4‐7.

Tabela4‐7–ResultadosIEFGM–PREparaashastesencapsuladas.

r (m)I(A)IEFGM

R(Ω)IEFGM FH FR NN NPI

Tempodeprocessamento

(s)

R(Ω)MoM

0,04 1,870 0,535 1,3 5 2090 7859 1,5 4,9 0,5510,05 2,020 0,495 1,3 5 1357 5025 1,5 2,8 0,5130,06 2,164 0,462 1,3 5 963 3495 1,5 1,9 0,4830,07 2,314 0,432 1,3 5 715 2564 1,5 1,7 0,4570,08 2,468 0,405 1,3 5 552 1969 1,5 1,2 0,4340,09 2,655 0,377 1,3 5 450 1549 1,5 0,9 0,4140,1 2,790 0,358 1,3 5 364 1258 1,5 0,8 0,397

60

Os resultados obtidos também foram satisfatórios para os sistemas de

aterramento com haste encapsulada, com erros de resistência, crescente com o

aumentodoraiodahaste,masnãoultrapassando10%,paraosistemadeaterramento

commaiorraio.Essatendênciajáeraesperadadevidoàreduçãodaquantidadedenós

nodomíniodoproblemaàmedidaqueotamanhodoencapsulamentoaumenta.

Para todos os casos considerados nesta seção, a redução do tempo de

processamento só foi possível devido à diminuiçãoda quantidadedenós distribuídos

pelodomíniodoproblema.Entretanto,éimportanteressaltarqueessadiminuiçãodeve

ser feita de forma a manter um compromisso entre o tempo de processamento e a

garantia de uma boa solução.Mesmo que ométodo conseguisse calcular as variáveis

desejadas, apresentandovalores aceitáveisde errodepotencial elétrico, uma redução

significativa dos nós inviabilizaria a construção de uma equipotencial com curvatura

suaveparacalcularacorrentequedispersapelosistemadeaterramento.

4.10. EstudodeCasoSoloHomogêneo

DiantedoobjetivodeapresentarodesempenhodométodoIEFGMaplicadoaos

sistemas de aterramentos inseridos em solos uniformes, foram utilizados até o

momento,algunsparâmetrosmaissimplificadores,taiscomocomprimentodahastede

1 m, tensão aplicada de 1 V e resistividade do solo de 1 Ω.m, que demonstraram a

precisãodoIEFGMparaessetipodeproblema.

Embora, do ponto de vista numérico, a variação da resistividade do solo e da

tensãoaplicadaaosistemadeaterramentonãoimpliquemmudançasnuméricas,nesta

seçãoéapresentadaumaanálisedeumsistemadeaterramentocomparâmetrostípicos

utilizando a proposta de modelagem PRE com 0,805e 10. Para tanto,

considera‐se uma haste de aterramento de comprimento 2,4 m e raio 0,00953 m

(correspondente a seçãode¾”), inseridaemumsolo de resistividadede1000Ω.me

submetidaaumatensãode1kV.

Os resultados numéricos obtidos a partir do IEFGM para esta configuração de

aterramentosãoapresentadosnaTabela4‐8eosresultadosgráficossãoapresentadosa

partirdaFigura4‐11atéaFigura4‐14.

61

Umacomparaçãoentreovalorderesistênciadeaterramentoobtidoapartirdo

IEFGM com aquele obtido pelo MoMmostra boa concordância, caracterizada por um

desvioinferiora1%.

O tempo de simulação pode ser considerado aceitável, uma vez que o domínio

computacional adotado possui um raio RD = 24 m, calculado a partir da expressão

RD=10.Lh,estabelecidanesteestudoparacalcularotamanhododomíniodesimulação

doscasosanalisados.

Tabela4‐8–ResultadosIEFGM–Casoreal.

I(A)IEFGM

R(Ω)IEFGM

V(V)emΓ FH FR NN NPI

Tempodeprocessamento

(s)

R(Ω)MoM

2,593 385,607 16,90 0,805 10 50462 199236 1,5 1673 388,093

Figura4‐11‐Potenciaisaoníveldosolo.

0 5 10 15 20 250

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

r (m)

Pot

enci

al (

V)

IEFGM

MoM

62

Figura4‐12‐Distribuiçãodepotenciaisnosolo.

Figura4‐13‐Curvasdeequipotenciaisnosoloespaçadasde20V.

r (m)

z (m

)

0 5 10 15 20 25-25

-20

-15

-10

-5

0

80 V

60 V

40 V

20 V

63

Figura4‐14‐Distribuiçãodecampoelétriconosolo.

4.11. EstudodeCasoSoloHeterogêneo

O solo no qual fica imerso o sistema de aterramento, normalmente, apresenta

umacaracterísticanãohomogênea,comvariaçõesderesistividadecomaprofundidade.

Por isso, é importante que as análises realizadas a partir do IEFGMpara sistemas de

aterramento inseridos em solos homogêneos sejam estendidas para os solos não

homogêneos.Nestaseçãosãoabordadosaspectosimportantesrelativosàaplicaçãodo

IEFGM ao problema de aterramento elétrico inserido em um solo não uniforme

estratificadoemcamadas.

Para esta análise, considera‐se uma configuração de aterramento conforme

apresentadonaFigura4‐15, compostaporumahastedeaterramento inseridaemum

solo estratificado em duas camadas horizontais. A haste é representada a partir da

proposta PRR considerando‐se uma configuração do tipo encapsulada comr igual ao

raio do cilindro encapsulante e igual a 0,05m. O problema de aterramento analisado

possui as seguintes características: Lh = 1 m, Vh = 1 kV, RD = 10 m,ρ 1000Ω.m,

64

Figura4‐15‐Sistemadeaterramentocompostoporumahasteinseridoemumsoloestratificadoemduascamadas.

ρ 300Ω.m,d1=3m,d2=7m,sujeitasàscondiçõesdecontornonas fronteirasde

Neumann,Γ , e Dirichlet,Γ , e condições de interface emΓ . Para o tratamento da

interfaceentre as camadasdo solo comresistividadesdistintasutiliza‐seo critériode

visibilidade.

Osvaloresadotadosparaosparâmetrosdosistemadeaterramentosobestudo

têmcomoobjetivopromoverumaanálisedaviabilidadedaaplicaçãodoIEFGMtambém

em solos com características não uniformes. Para isso buscou‐se definir uma

configuração de aterramento com valores tipicamente encontrados nesse tipo de

problema.Aestratificaçãodosolo,porexemplo,foiestabelecidadeformaacontemplar

umsolocomcamadasderesistividadebemdistintasentresi.

Na seção 4.6.1 foi desenvolvida uma metodologia baseada em uma análise

analíticaparaocálculodopotencialnafronteiraΓ paraocasodesoloshomogêneos.O

mesmoconjuntodeequaçõesempregadonessasituaçãonãopodeseraplicadonocaso

de solos heterogêneos, uma vez que o potencial ao longo da fronteira varia. A

metodologia adotada deve ser modificada e estendida para esse tipo de problema,

empregandooMétododasImagens.

Para o problema em análise, os potenciais emΓ foram obtidos a partir do

Software SEGround, que indicou uma pequena variação, com 11 V, ao nível do solo,

n

n

d

z

1ª Camada

Ar

r

RD

Lhρ1

RDn

Vh

Haste

2ª Camadaρ2

d1

d2

b

65

chegando a 10 V, no extremo oposto da fronteira. Esse comportamento se altera de

acordo com a estratificação do solo adotada, ou seja, com os valores deρ ,ρ ed

utilizados.Nopresentecaso,paraaavaliaçãodospotenciaisdesenvolvidosaoníveldo

soloapartirdoIEFGM,utilizou‐seumúnicovalordepotencialemΓ ,iguala11V.

A Figura 4‐16 apresenta a curva de potencial ao nível do solo obtida com o

IEFGM. Para comparação, nesta figura é apresentada também a curva de potencial

obtidaapartirdoMoM.Observa‐seumaboaconcordânciaentreascurvasdepotencial

noníveldosolo.Adiferençaentreosvaloresdepotenciais,quantificadaemtermosdo

erro e , é de 0,3% e 1,8%, respectivamente, confirmando‐se assim, a

consonânciaentreosresultados.

Figura4‐16‐Potenciaisaoníveldosolo.

NaFigura4‐17éapresentadoummapeamentodascurvasequipotenciaisnosolo

em um plano longitudinal ao sistema de aterramento em estudo. Com a variação da

resistividadedosolo,adispersãodecorrenteporelesealtera,oquerefletenoformato

das equipotenciais. Conforme pode ser observado nessa figura, o comportamento das

equipotenciaissealteramaomudardecamada.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

r (m)

Pot

enci

al (

V)

IEFGM

MoM

66

Figura4‐17‐Curvasdeequipotenciaisnosoloespaçadasde15V.

A Tabela 4‐9 apresenta os resultados numéricos obtidos a partir do IEFGM.

Comparando‐seovalorderesistênciadeaterramentoobtidoapartirdessemétodocom

aquelegeradopeloMoMverifica‐seumerro, ,significativo,de21,1%.Essadiferença

sedeveaoprocessoutilizadopeloIEFGMparaocálculodacorrentequesedispersapelo

aterramento.ConformepodeserobservadonaFigura4‐18,naregiãodainterfaceentre

as camadasdediferentes resistividades,Γ , a equipotencialnão se comportade forma

suave e os vetores de campo elétrico não são uniformes, características essas que

comprometemocálculodacorrentequedispersaparaosolo.

Tabela4‐9–ResultadosIEFGM–Casosoloheterogêneo.

I(A)IEFGM

R(Ω)IEFGM

V(V)emΓ

NN NPI Tempode

processamento(s)

R(Ω)MoM

2,587 386,488 11,00 31920 125653 1,5 608 489,870

r (m)

z (m

)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

30 V

45 V

15 V

67

Figura4‐18‐EquipotencialparaocálculodacorrenteIparaocasodesoloheterogêneo.

OobjetivodestaseçãofoidemonstraraviabilidadedoIEFGMparaaplicaçãoem

problemasdeaterramento inseridosemsolosnãohomogêneos.Os resultadosobtidos

depotencialeatémesmoderesistênciadeaterramentodemonstraramessaviabilidade.

Paraqueométodosejautilizadonessetipoconfiguraçãodosoloénecessárioampliara

metodologia desenvolvida para o cálculo do potencial elétrico emΓ e aprimorar a

técnicaparaocálculodacorrentequesedispersaparaosolo.

4.12. ConsideraçõesFinais

Nestecapítuloforamapresentadosaspectosparticularesreferentesàanálisedo

sistema de aterramento elétrico utilizando o método IEFGM. Esses aspectos estão

relacionadoscomarepresentaçãodahastedeaterramentoeashipótesesadotadaspara

melhorarasoluçãoereduzirocustocomputacionaldoproblema.Foramapresentados

osresultadosdedistribuiçãodepotencialeresistênciaobtidosapartirdaaplicaçãodo

IEFGMasistemasdeaterramentocompostoporhastesconvencionaiseencapsuladas,

inseridas em solos homogêneos. Os resultados foram comparados com os valores

obtidoscomoMoM.Porfim,foiapresentadaumaanálisedeumahastedeaterramento

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11-11

-10

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

r (m)

z (m

)

Nós

Vetor E

68

inseridaemumsoloestratificadoemduascamadas.Apartirdessaanálise foipossível

obterospotenciaisaoníveldosolo,demonstrandoaviabilidadedousodoIEFGMpara

essetipodeaplicação.

69

Capítulo5

Conclusões

5.1. Introdução

Conforme mencionado no Capítulo 1, os MM aplicados a problemas

eletromagnéticos possuem um histórico recente quando comparado com técnicas já

bastanteestabelecidascomooMoMeoFEM.Apartirdodesenvolvimentodediversos

trabalhosaolongodessesúltimosanos,atécnicasemmalhatemsemostradobastante

apropriada para lidar com geometrias complexas e com não homogeneidades. Essas

características motivaram a sua aplicação, nesta dissertação, a problemas de

aterramento. Destaca‐se que essa proposta foi desafiadora uma vez que não foram

encontradostrabalhosnaliteraturaabordandooassunto.

A escolha do tema aterramento foi realizada devido à sua relevância no

desempenho dos sistemas elétricos. Assim, no Capítulo 2 foi realizado um estudo das

principaiscaracterísticaseparâmetrosrelacionadoscomaterramentos,dentreosquais

sedestacama resistênciadeaterramentoeadistribuiçãodepotenciaisnosolo.Esses

parâmetros foram utilizados para avaliar a precisão do modelo desenvolvido. Foi

apresentada a formulação diferencial para o problema de aterramento elétrico

composto por uma haste, no regime estacionário, com simplificações devido a sua

simetriaaxial.

No Capítulo 3 foi apresentada a modelagem matemática do IEFGM para o

desenvolvimento da ferramenta computacional. Entre as técnicas sem malha

disponíveis, este método foi escolhido para ser utilizado no trabalho devido à sua

robustez,simplicidadeeprecisão.

NoCapítulo4foramapresentadasasanálisesdosistemadeaterramentoapartir

damodelagemdesenvolvida. Para comparaçãodos resultados foi utilizadoo Software

SEGroundqueimplementaumamodelagembaseadanoMoM.Comoprimeiropassona

avaliaçãodocódigodesenvolvido,procedeu‐seumainvestigaçãosobrearepresentação

70

da haste de aterramento na simulação. Realizou‐se uma breve pesquisa bibliográfica

sobre como essa questão é abordada por outros métodos numéricos e, assim, foi

proposto para o IEFGM duas maneiras de representação da geometria da haste de

aterramento: a primeira considerando suasdimensões reais e a outra, a partir de um

modelo filamentar juntamente com o ajuste do tamanho do domínio de influência da

funçãodeformadosnósdistribuídosaolongodahaste.Foramrealizadasanálisespara

configuraçõesdehastesconvencionaisehastesencapsuladas.

Para a avaliação dos potenciais no nível do solo observou‐se que,mesmo com

grandesdomínios computacionais, haviaumadiferençaentreosvaloresdepotenciais

geradospeloIEFGMcomosobtidospeloMoM,quandoeraatribuídoovalordepotencial

elétrico zero na fronteira de truncamento do problema computacional. Assim, foi

propostaumaaproximação,queexploraascaracterísticasdasequipotenciaisgeradasa

umacertadistânciadoaterramento,paraadefiniçãodovalordopotencialelétriconessa

fronteira, permitindo assim a redução do domínio de simulação e a obtenção de

resultadosmaisprecisos.

Entretanto, mesmo com um domínio computacional reduzido, utilizando uma

distribuiçãodenósigualaoraiodahaste,correspondenteàpropostaPRR,amodelagem

ainda se mostrava computacionalmente custosa na obtenção de resultados para as

hastescomraiosconvencionais.Comoalternativabuscou‐seutilizarumadistribuiçãode

nós não uniforme considerando uma densidade de nós maior onde a variação do

potencial elétrico émais acentuada e uma densidademenor no restante do domínio.

Assim, na Seção 4.8, foi realizada uma análise simplificada para a avaliação dos

parâmetros do IEFGM a serem utilizados nas simulações. Os resultados encontrados

apresentaram uma boa precisão, com uma redução significativa do tempo

computacional,emboraparaashastescomraiosconvencionais,amodelagemutilizada

ainda tenha apresentado um grande esforço computacional. Como forma de tornar

possívelaanálisedashastesconvencionaisvislumbrou‐seasuarepresentaçãoapartir

de um modelo filamentar, em que o raio era considerado a partir do domínio de

influênciadosnósquecompõemahaste.Foiestabelecidaumarelaçãoentreodomínio

de influência dos nós da haste e o domínio de influência dos demais nós, para uma

distribuiçãodenósmenosdensanodomíniodoproblema.Comissofoipossívelanalisar

os resultados dos potenciais gerados no solo e de resistência de aterramento para as

configurações de hastes convencionais. Os resultados obtidos apresentaram boa

71

concordânciacomoMoM.Verificou‐se,ainda,queessamodelagemtambémapresentava

bonsresultadosparaashastesencapsuladas.

As análisesdestacadas anteriormente foramrealizadaspara soloshomogêneos.

Como forma de avaliar a potencialidade do modelo também para configurações de

aterramento inseridas em solos não homogêneos, analisou‐se a distribuição de

potenciaisnosologeradosporumaterramentocompostoporumahastecravadaemum

soloestratificadoemduascamadashorizontais.Osresultadosobtidosdemonstrarama

viabilidadedousodométodoparaessetipodeanálise.

Verificou‐sequeosMM,emespecialoIEFGM,possuemumgrandepotencialde

aplicação para problemas de aterramento. No entanto, investigações e

desenvolvimentos relativos à sua implementação ainda são necessários de forma a

torná‐lomaiscompetitivofrenteaosmétodostradicionais.

5.2. PrincipaisContribuições

Julga‐sequeasprincipaiscontribuiçõesdestetrabalhoforam:

Avaliação da viabilidade da utilização de métodos sem malha para

aplicações envolvendo sistemas de aterramento a partir do

desenvolvimentodeummodelomatemáticoecomputacionalbaseadono

IEFGMparaumaconfiguraçãodeaterramentocompostaporumahaste;

UtilizaçãodeumaaproximaçãoparaospotenciaisnafronteiradeDirichlet

ondeodomíniodoproblemafoitruncado,apartirdascaracterísticasdas

equipotenciaisaumadeterminadadistância.Issopermitiuqueodomínio

de simulação fosse reduzido sem perda significativa de precisão de

resultados;

Verificação, ainda que de forma simplificada, que distribuições não

uniformesdenóssãocomputacionalmenteeficienteseprecisas.Essetipo

de representaçãododomínio computacional é umprocedimento já bem

estabelecidoeempregadonastécnicasqueutilizammalhas;

Implementação de uma representação do raio da haste a partir de um

modelo filamentar juntamente com o ajuste do tamanho do domínio de

72

influência da função de forma dos nós colocados ao longo da haste. Por

meiodessarepresentaçãofoipossívelavaliarosprincipaisparâmetrosdo

aterramentoparaumaamplafaixaderaiosdehaste,combaixotempode

processamento;

Demonstração da viabilidade, bem como das potencialidades, do IEFGM

para aplicações envolvendo sistemas de aterramento inseridos em solos

nãohomogêneos.

5.3. PropostasdeContinuidade

Os resultados apresentados neste trabalho demonstraram a potencialidade da

utilização do IEFGM em aplicações relacionadas com sistemas de aterramento. No

entanto, ainda existemmuitas questões quemerecem ser exploradas e aprofundadas,

podendo‐secitar:

Realização de uma otimização multiobjetivo dos parâmetros do IEFGM

para a determinação de uma configuração ótima de distribuição de nós

nãouniformenodomíniodoproblema;

Implementação do código computacional desenvolvido utilizando uma

linguagem de programação que resulte em um menor custo

computacional.Comisso,amodelagempropostaapartirdaconsideração

do raio real da haste poderá ser aplicada também em hastes

convencionais;

Otimização dos parâmetros do IEFGM utilizados na modelagem que

representaoraiodahasteporummodelofilamentar(PRE);

Implementação da aproximação do potencial na fronteira externa de

Dirichlet em problemas de aterramento inseridos em solos não

homogêneos,apartirdoMétododasImagens;

Aprimoraratécnicautilizadaparaocálculodacorrentequedispersapelo

sistema de aterramento quando inseridos em solos estratificados em

camadasdediferentesresistividades;

Modelagem do IEFGM para ser aplicado a outras configurações de

aterramento,taiscomoeletrodoshorizontaisemalhasdeaterramento.

73

ReferênciasBibliográficas

[1] M.A.Mattos,TécnicasdeAterramento,Campinas,Brasil:Okime,2004.

[2] E.D. Sunde,EarthConductionEffectsinTransmissionSystems,NewYork,NY,USA:

Doverpublications,1949.

[3] J.Jin,TheFiniteElementMethodElectromagnetics,NewYork,NY,USA:JohnWiley&

Sons,2002.

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