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Mais um exemplo e as dificuldades inerentes a uma teoria "incompleta" Pense: Qual seria a estrutura de Lewis para a molécula de H 2 SO 3 ? Qual deve ser a geometria desta molécula com base no modelo da máxima separação entre os elétrons de valência? Pense agora na molécula de H 2 SO 4 . Como é possível explicar a ocorrência de 2 moléculas distintas para ácidos oriundos do enxofre? Porque no H 2 SO 4 temos ligações equivalentes se existem elétrons do S vindos de orbitais s e de orbitais p?

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Mais um exemplo e as dificuldades inerentes a uma teoria "incompleta" Pense: Qual seria a estrutura de Lewis para a molécula de H2SO3? Qual deve ser a geometria desta molécula com base no modelo da máxima separação entre os elétrons de valência? Pense agora na molécula de H2SO4. Como é possível explicar a ocorrência de 2 moléculas distintas para ácidos oriundos do enxofre? Porque no H2SO4 temos ligações equivalentes se existem elétrons do S vindos de orbitais s e de orbitais p?

2 Hidrogênios, 3 (ou 4) Oxigênios e 1 Enxofre Distribuição de elétrons no enxofre: TABELA PERIÓDICA indica número atômico 16. Portanto, número atômico 16 <<>> 16 prótons No estado fundamental temos, portanto, 16 elétrons 1s2

2s2 2p6

3s2 3p4 (6 elétrons na camada de valência)

Distribuição de elétrons no oxigênio: 8 elétrons 1s2

2s2 2p4 (6 elétrons na camada de valência)

Considerando a regra do octeto

O S H

: : . . . . : : . O

: : . H . . O :

: : O S H

: : . . . . : : . O

: : . H . . O

:

O

:

: :

: :

Porque o átomo de S assume múltiplas possibilidades de ligação?

No estado fundamental o S apresenta a seguinte distribuição de elétrons: 1s2

2s2 2p6

3s2 3p4 (6 elétrons na camada de valência)

No H2SO3 seria possível assumir que o S formaria um orbital híbrido de ligação, na forma trigonal piramidal, ou sp3 e 2 elétrons não ligados permaneceriam em um orbital sp3 causando alguma deformação no tetraedro

Orbitais híbridos e a teoria de ligação de valência (estrutura dos ácidos em estudo)

note que estamos considerando ligações duplas, mesmo sem orbitais p "livres"

No estado fundamental o S apresenta a seguinte distribuição de elétrons: 1s2

2s2 2p6

3s2 3p4 (6 elétrons na camada de valência)

No H2SO4 seria possível assumir que o S formaria um orbital híbrido de ligação, na forma tetraédrica, ou sp3 e os dois pares de elétrons do S seriam compartilhados com O2 na forma de dupla ligação

note que se a molécula fosse planar, o momento de dipólo seria zero, o que diverge dos dados experimentais

Porque o átomo de S assume múltiplas possibilidades de ligação?

Pense: faça um contraponto com o átomo de O, da mesma família na tabela periódica

S No estado fundamental 1s2

2s2 2p6

3s2 3p4 (6 elétrons na camada de valência)

O No estado fundamental 1s2

2s2 2p4 (6 elétrons na camada de valência)

Uma explicação qualitativa sugere que os elétrons do nível 3 são atraídos menos fortemente pelo núcleo do S, pois estão mais distantes dos prótons.

Pense: quando o átomo de O assume uma situação similar formando mais do que 2 ligações?

Voltando à molécula de água como exemplo

+ H+

orbital híbrido de ligação, na forma tetraédrica, ou sp3

The color blue denotes regions of high electron density and the red in this diagram indicates a node or region of space in which the value of the wave function is zero. A bonding orbital degenerate with the orbital pictured can be formed from pz orbitals.

Densidade eletrônica calculada para os orbitais da molécula de N2

Pense: Como seria a combinação dos orbitais de valência na molécula de N2? Alguém pensou?

A teoria dos orbitais moleculares

Qualitativamente, indica regiões do espaço (entre os átomos que formam uma molécula) nas quais a probabilidade de encontrar os elétrons é máxima. Na mecânica quântica, o orbital molecular é tratado como a combinação linear das funções de onda que descrevem os respectivos orbitais atômicos envolvidos na formação de uma dada molécula

Uma das aproximações comumente feitas nessa teoria é que somente as funções de onda relativas aos elétrons de valência de cada átomo são consideradas na definição dos orbitais de uma dada molécula composta por estes átomos.

EX.: H2 >> os dois orbitais atômicos dão origem a um novo orbital (molecular), cuja função de onda é decorrente da combinação das duas funções de onda originais: = CAA + CBB, onde C seria a contribuição ponderada de cada orbital atômico. Para H2 (e outras moléculas homonucleares) CA = CB, que normalizados = 1 Portanto: = A + B

Esta combinação corresponde ao orbital molecular de menor energia, decorrente da interferência construtiva das duas funções de onda

Quando CA = +1 e CB = -1 >>> = A - B Esta combinação corresponde ao próximo orbital molecular de maior energia, decorrente da interferência destrutiva das duas funções de onda)

= A - B

= A + B

Nota-se que a teoria dos orbitais moleculares prevê, portanto, que uma molécula terá tantos orbitais moleculares "de valência" quantos orbitais atômicos de valência nos átomos de origem No H2 >> 2 orbitais atômicos <<>> 2 orbitais moleculares A distribuição dos elétrons nestes orbitais moleculares é simples, sendo que os 2 elétrons da ligação ocupam o orbital de menor energia, chamado de orbital "ligante" A máxima separação entre os elétrons, continua regendo a estrutura molecular

Em termos qualitativos e relativos, há dois níveis de energia possíveis para os orbitais da molécula de H2

= A - B

= A + B

Uma evidência física da ocorrência de orbitais ligantes e não ligantes é uma absorção de energia na região do espectro ultravioleta em 109 nm que ocorre por ocasião da irradiação do H2 gasoso.

Essa absorção é atribuída a transição de um dos elétrons do orbital ligante para o orbital não ligante, dando origem a uma molécula no estado excitado (menos estável)

Absorção de energia, cor e fluorescência (emissão) uso em microscopia

Orbitais s

Combinações possíveis de orbitais s e p para os elementos do segundo período

Moléculas diatômicas relevantes em química inorgânica de sistemas biológicos

O2 N2

Note que o O2 é um diradical no estado fundamental, enquanto o N2 é uma molécula estável

Pense: Qual seria a distribuição de elétrons no íon superóxi-ânion?

O2

.

O conceito HOMO e LUMO na teoria dos orbitais moleculares HOMO (highest occupied molecular orbital) LUMO (lowest unoccupied molecular orbital)

Orbital molecular de maior energia que foi ocupado por elétrons

Orbital molecular de menor energia ainda não ocupado por elétrons

Simplificadamente, pode-se entender que o HOMO será o orbital que poderá atuar como transferidor de elétrons, enquanto que o LUMO pode ser o orbital que receberá elétrons em muitas reações químicas

Continuaremos a avaliar moléculas importantes em sistemas biológicos de acordo com a teoria dos orbitais moleculares Os conceitos de ácidos e bases revistos, com base no melhor entendimento das ligações químicas. Shriver & Atkins, p.133-162