mainstreaming de género e ações positivas - trabalho

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Mainstreaming de género e ações positivas

Ana Sofia Sanches

RESUMO: Este texto baseia-se numa análise sobre

a temática de Mainstreaming de género e acções

positivas. Inicialmente, o foco do presente texto

será o conceito de mainstreaming e de acções

positivas, sobretudo tendo em conta a questão dos

roteiros temáticos de género e serão referenciados

os objectivos da acção positiva, visto que pretende

ser uma “estratégia para alcançar a Igualdade de

Género, através da promoção de iguais condições e

estatutos a homens e mulheres”. A igualdade, a par

da liberdade, é um dos valores mais elevados nas

sociedades ocidentais.

Introdução

De acordo com a definição do Conselho da Europa, pensar em Mainstreaming

de género é falar de homens/mulheres, necessidades, condições, prioridades e

políticas. Assim, exige-se mudanças no que diz respeito ao estabelecimento de

prioridades, à sua definição, planeamento, implementação e avaliação de políticas ao

nível económico, cultural, educacional, político e saúde.

Neste sentido, esta estratégia passa por vários objectivos, tais como: a

integração sistemática, em todas as políticas, das situações, prioridades e necessidades

de homens e mulheres; a promoção e a identidade entre os sexos, assim como a

mobilização expressa do conjunto das políticas e acções globais para a igualdade e, por

último, a consideração activa e aberta desde a planificação dos efeitos das diversas

políticas nas fases de implementação, controlo e avaliação nas situações respectivas

de homens e de mulheres (Comunic. da Com COM(96) 67 final, de 22/2/1996).

Ao abordar a temática de Mainstreaming de género na sociedade actual, não se

pode deixar de reflectir sobre o seu conceito que, inevitavelmente, condiciona a

igualdade de género. As transformações e necessidades da sociedade moderna

impõem-lhe um novo modo de acção e de organização, baseados na urgência de

encontrar as soluções mais adequadas à formação e desenvolvimento dos homens e

das mulheres, tornando-os capazes de mobilizar saberes e competências que lhes

permitam adaptar-se e responder, de forma eficaz, às situações.

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É nesse sentido que o Conselho da Europa aponta as orientações para incluir e

tornar transversal a dimensão da igualdade entre homens e mulheres, bem como

promover actividades de sensibilização, informação e de preparação dos grupos alvo,

uma vez que as mesmas são facilitadoras do despiste de interesses e da adesão. Os

objectivos da União Europeia (UE), no que concerne à questão da igualdade entre as

mulheres e os homens, consistem em assegurar a paridade de oportunidades e

tratamento entre os dois sexos, por um lado, e em lutar contra toda a discriminação

fundada no sexo, por outro.

1. Conceito de Mainstreaming de género

Por Mainstreaming de género entende-se a mobilização de todas as políticas e

medidas gerais com o fim de realizar a igualdade, na etapa da planificação, da sua

incidência na situação específica das mulheres e dos homens, durante a sua realização,

o seu seguimento e a sua avaliação. Isto é, uma estratégia para atingir a Igualdade de

Género.

Este conceito suplementa as políticas tradicionais, aproveitando as experiências

e ensinamentos que delas decorrem, analisa todas as políticas numa perspectiva de

género e reformula-as, tendo em conta as especificidades, interesses e valores dos

dois sexos. Refere-se, ainda, a todos os sectores e tem em conta as relações sociais

entre mulheres e homens, solicitando conhecimento interdisciplinar dos desequilíbrios

existentes entre os dois géneros, envolvendo Instituições e comprometendo todos os

protagonistas envolvidos na definição e na implementação das políticas.

Na realidade, esta abordagem visa terminar com o isolamento das mulheres,

desmarginalizando-as em projectos pouco dignos para a sua condição laboral, social e

promovendo o seu poder (empowerment). E o acolhimento desta perspectiva tem

algumas implicações importantes a destacar, como por exemplo: a mudança para um

conceito de “igualdade de género”, uma mudança que engloba todas as dimensões das

relações sociais, a inclusão e a participação das mulheres nas instituições e processos

de tomada de decisão, pois segundo a Decisão da Comissão 2000/407, é recomendável

que a participação das mulheres seja pelo menos de 40%, entre outras não menos

importantes.

Assim sendo, é da responsabilidade do Plano para a Igualdade ser o incentivo

da integração da perspectiva da igualdade de género nas estruturas e na gestão de

cada organização, como instrumento capaz de introduzir a coerência e a

sistematicidade necessárias à reforma de qualquer colectivo organizado.

2. Conceito de Acção Positiva

Entende-se por acção positiva, todas as medidas peculiares e temporárias,

tomadas ou determinadas pelo Estado, de forma espontânea ou não, com o intuito de

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eliminar desigualdades, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem

como de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização,

decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de género e outros. Isto é sinónimo

de uma justa igualdade de oportunidades entre os géneros. Portanto, as chamadas

políticas de acção afirmativa (...) “visam oferecer aos grupos discriminados e excluídos

um tratamento diferenciado para compensar as desvantagens devidas à sua situação

de vítimas do racismo e de outras formas de discriminação.” (Munanga, 2003)

Creio que se torna fundamental o desenvolvimento de uma consciência para a

Cidadania e para a Igualdade, que contribua para a sensibilização, mudança de

atitudes e comportamentos discriminatórios face aos outros, através de acções

gratuitas e voluntariosas e de entreajuda, pois a realização deste tipo de acções

permitirá desencadear uma consciência de Empreendedorismo Social, ou seja, a

utilização das ferramentas para combater a desigualdade social, a descriminação

racial, sexual, religiosa, étnica, etc.

Importa salientar o duplo objectivo da Acção Positiva que passa pela

compensação das discriminações passadas e a posição histórica de desvantagem que

afectaram as mulheres e/ou pela prevenção da reprodução de discriminações

sistémicas.

Conclusão

No futuro, pretende-se uma sociedade justa e que se eduque para a

cidadania/igualdade global, visto aspirar-se à promoção de iguais condições e

estatutos a homens e mulheres, em termos de (con) vivência em sociedade e vida

quotidiana.

Acima de tudo, pretende-se que sejam implementadas medidas gratuitas que

beneficiem grupos desfavorecidos, “nomeadamente em função do sexo, capacidade

de trabalho reduzida, deficiência ou doença crónica, nacionalidade ou origem étnica,

com o objectivo de garantir o exercício, em condições de igualdade, dos direitos

previstos na Constituição e de corrigir uma situação factual de desigualdade que

persista na vida social.”

Contudo, diversas questões continuam a exigir reflexão e futura discussão, a

título de exemplo: como poderá ser tudo isto posto em prática, de modo a que haja,

verdadeiramente, igualdade de género? O Conselho da Europa conseguirá criar alguma

alternativa bem definida a este propósito?

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Fontes e/ou endereços na Net

Imagem:

http://fundacionpaxaurea.blogspot.pt/2011/08/transversalidad-de-

genero.html

Leituras:

Bibliografia

A abordagem integrada da igualdade de género mainstreaming. Relatório Final

de Actividades do Grupo de Especialistas para uma Abordagem Integrada da

Igualdade. (1999) Agenda Global N.º 3. Lisboa: Edição Conselho da Europa,

CIDM, Gabinete da Ministra para a Igualdade, Presidência do Conselho de

Ministros.

Lobato, Fátima e Santos, Renato Emerson dos (orgs.). Ações Afirmativas:

políticas públicas contra as desigualdades raciais. Rio de Janeiro, 2003

Munanga, K. Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no

Brasil – um ponto de vista em defesa de cotas. Revista Espaço Académico, mar.

2003, obtido em: http: //www.espacoacademico. com.br/022/22cmunanga.

htm acesso em 26/07/2013

Silva, Alexandra. Guia para o mainstreaming de género cidadania e inclusão

social. elo sa erista coord. , Colecção Bem me quer. 2006

Netgrafia

http://www.igualdade.gov.pt/INDEX_PHP/PT/MAINSTREAMING_DE_GENERO.

HTM

http://www.mondefemmes.org/publications/index.htm