machado, paulo affonso leme. princípio da precaução no direito brasileiro e no direito...

3
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio da precaução no Direito brasileiro e no Direito Internacional comparado. In !A"#LLA, Marcelo Dias$ PLA%IA&, Ana 'l()ia *arros.  Princípio da Precaução. *elo Hori+onte Del "e, -/. p. 001 23erd 4inter diferencia peri5o ambiental de risco ambiental. Di+ 6ue, 7se os peri5os são 5eralmente proibidos, o mesmo não acontece com os riscos. Os riscos não podem ser e8cluídos, por6ue sempre permanece a probabilidade de um dano menor. Os riscos podem ser minimi+ados. 9e a le5islação proíbe aç:es peri5osas, mas possibilita a miti5ação dos riscos, aplica;se o princípio da precaução, o 6ual re6uer a redução da e8tensão, da fre6<=ncia ou da incerte+a do dano>?. 2O princípio da precaução )isa @ durabilidade da sadia 6ualidade de )ida das 5eraç:es umanas e @ continuidade da nature+a e8istente no planeta.? p. 00B 2E a precaução caracteri+a;se pela ação antecipada diante do risco ou do peri5o.? p. 00B;00F 2O mundo da precaução G um mundo onde ( interro5ação, onde os saberes são colocados em 6uestão. o mundo da precaução ( uma dupla fonte de incerte+a o peri5o ele mesmo considerado e a aus=ncia de conecimentos científicos sobre o peri5o. A precaução )isa a 5erir a espera da informação. #la nasce da diferença temporal entre a necessidade imediata de ação e o momento onde nossos conecimentos científicos )ão modificar;se.? apud %"#ICH, icolas$ 3"#MA. Vers une théorie économique de la précaution? - complementar refer=ncia. p. 0/  J notas de rodapG K, K, K1 e KB escorço istNrico das le5islaç:es e tratados internacionais assinados pelo *"E. p. 0/K Apesar do *rasil não fi5urar como parte na Con)ençã o de Paris para a Proteç ão do Meio Marin o do Atl ntico ordeste, firmada em -- de setembro de KFF-, interessante G a conceituação do princípio da precaução por ela tra+ida. !ea;se 2E medidas de pre)en ção de)em ser tomad as 6uando e8istam moti)os ra+o()eis de se in6uietar do fato de a introdução, no meio marino, de substncias ou ener5ia, direta ou indiretamente, poder acarretar riscos para a saQde umana, preuí+o aos recursos biolN5icos e aos ecossistemas marinos, representar atentado contra os )alores de la+er ou entra)ar outras utili+aç:es le5ítimas do mar, mesmo se não e8istam pro)as indicando relação de causalidade entre as causas e os efeitos.?.

Upload: luizhh

Post on 25-Feb-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio Da Precaução No Direito Brasileiro e No Direito Internacional Comparado. in VARELLA, Marcelo Dias_ PLATIAU, Ana Flávia Barros. Princípio

7/25/2019 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio Da Precaução No Direito Brasileiro e No Direito Internacional Comparado…

http://slidepdf.com/reader/full/machado-paulo-affonso-leme-principio-da-precaucao-no-direito-brasileiro 1/3

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio da precaução no Direito brasileiro e no DireitoInternacional comparado. In !A"#LLA, Marcelo Dias$ PLA%IA&, Ana 'l()ia *arros.  Princípio

da Precaução. *elo Hori+onte Del "e, -/.

p. 001

23erd 4inter diferencia peri5o ambiental de risco ambiental. Di+ 6ue, 7se os peri5os são 5eralmenteproibidos, o mesmo não acontece com os riscos. Os riscos não podem ser e8cluídos, por6ue semprepermanece a probabilidade de um dano menor. Os riscos podem ser minimi+ados. 9e a le5islaçãoproíbe aç:es peri5osas, mas possibilita a miti5ação dos riscos, aplica;se o princípio da precaução, o6ual re6uer a redução da e8tensão, da fre6<=ncia ou da incerte+a do dano>?.

2O princípio da precaução )isa @ durabilidade da sadia 6ualidade de )ida das 5eraç:es umanas e @continuidade da nature+a e8istente no planeta.?

p. 00B

2E a precaução caracteri+a;se pela ação antecipada diante do risco ou do peri5o.?

p. 00B;00F

2O mundo da precaução G um mundo onde ( interro5ação, onde os saberes são colocados em6uestão. o mundo da precaução ( uma dupla fonte de incerte+a o peri5o ele mesmo consideradoe a aus=ncia de conecimentos científicos sobre o peri5o. A precaução )isa a 5erir a espera da

informação. #la nasce da diferença temporal entre a necessidade imediata de ação e o momentoonde nossos conecimentos científicos )ão modificar;se.?

apud %"#ICH, icolas$ 3"#MA. Vers une théorie économique de la précaution? - complementarrefer=ncia.

p. 0/

 J notas de rodapG K, K, K1 e KB escorço istNrico das le5islaç:es e tratados internacionaisassinados pelo *"E.

p. 0/K

Apesar do *rasil não fi5urar como parte na Con)enção de Paris para a Proteção do Meio Marinodo Atlntico ordeste, firmada em -- de setembro de KFF-, interessante G a conceituação doprincípio da precaução por ela tra+ida. !ea;se

2E medidas de pre)enção de)em ser tomadas 6uando e8istam moti)os ra+o()eis de se in6uietardo fato de a introdução, no meio marino, de substncias ou ener5ia, direta ou indiretamente, poder

acarretar riscos para a saQde umana, preuí+o aos recursos biolN5icos e aos ecossistemas marinos,representar atentado contra os )alores de la+er ou entra)ar outras utili+aç:es le5ítimas do mar,mesmo se não e8istam pro)as indicando relação de causalidade entre as causas e os efeitos.?.

Page 2: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio Da Precaução No Direito Brasileiro e No Direito Internacional Comparado. in VARELLA, Marcelo Dias_ PLATIAU, Ana Flávia Barros. Princípio

7/25/2019 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio Da Precaução No Direito Brasileiro e No Direito Internacional Comparado…

http://slidepdf.com/reader/full/machado-paulo-affonso-leme-principio-da-precaucao-no-direito-brasileiro 2/3

p. 0/-

29e as no)as descobertas científicas indicarem 6ue as normas fi8adas anteriormente não são maissuficientes, a Administração de)e fi8ar padr:es de precaução mais altos. A in)esti5ação e aponderação dos riscos G tarefa da Administração.?

p. 0/0

2Martine "emond;3ouillod, comentanto a referida decisão, afirma 7Lon5e de paralisar o pro5resso,a precaução disciplina a ino)ação, asse5urando;le um lu5ar le5ítimo em nossa ci)ili+açãotecnolN5ica. A precaução ensina a resistir @ pressão da conuntura imediata, podendo;se e8trair;se dadecisão do Conselo de #stado a se5uinte mensa5em pode ser ur5ente esperar.?

p. 0/

2H( indícios de 6ue o uso dessas farinas pro)o6ue o sur5imento de 7encefalopatia espon5iformebo)ina>, camada )ul5armente de doença da 7)aca louca>. A in5estão pelos seres umanos de carne,oriunda de animal atacado por essa doença, tem pro)ocado o sur5imento da molGstia camada7Creut+feldt;RaSob>. a incerte+a cientifica e, mesmo tendo 6ue fa+er 5randes despesas naapreensão das farinas animais e sua posterior incineração, o 3o)erno franc=s foi le)ado a proceder@ interdição referida, na tentati)a de e)itar a propa5ação da molGstia e a 5enerali+ação do pnico.?.

p. 0/

2A seriedade do dano possí)el G medida pela sua importncia ou 5ra)idade. A irre)ersibilidade dodano potencial pode ser entendida como a impossibilidade de )olta ao estado ou condição anteriorconstatado o dano, não se recupera o bem atin5idoE.?

"#LATUO COM A ADOTUO, P#LO L#3I9LADO" P#AL, DA9 %VCICA9 D#%IPI'ICATUO CO""#9POD#%#9 AO9 C"IM#9 D# P#"I3O A*9%"A%O J !I9A;9# AP"O%#TUO DO *#M ANTES DO DANO.

C', art. --, WKX, inc. !

p. 0/1

2Controlar o risco G não aceitar 6ual6uer risco. H( o risco inaceit()el, como a6uele 6ue coloca emperi5o os )alores constitucionais prote5idos, como o meio ambiente ecolo5icamente e6uilibrado, osprocessos ecolN5icos essenciais, o maneo ecolN5ico das espGcies e ecossistemas, a di)ersidade e ainte5ridade do patrimYnio biolN5ico, incluído o 5enGtico e a função ecolN5ica da fauna e da flora.?

p. 0/B;0/F

2O princípio da precaução, para ser aplicado efeti)amente, tem 6ue suplantar a pressa, aprecipitação, a impro)isação, a rapide+ insensata e a )ontade de resultado imediato. ão G f(cilsuperar esses comportamentos, por6ue eles estão corroendo a sociedade contempornea. Olando;

Page 3: MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio Da Precaução No Direito Brasileiro e No Direito Internacional Comparado. in VARELLA, Marcelo Dias_ PLATIAU, Ana Flávia Barros. Princípio

7/25/2019 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Princípio Da Precaução No Direito Brasileiro e No Direito Internacional Comparado…

http://slidepdf.com/reader/full/machado-paulo-affonso-leme-principio-da-precaucao-no-direito-brasileiro 3/3

se o mundo das *olsas, a6uilata;se o 6uanto a 7cultura do risco> contamina os setores financeiros eos 5o)ernos, o5ando, na maior parte das )e+es, com os bens aleios. O princípio da precaução nãosi5nifica a prostração diante do medo, não elimina a aud(cia saud()el, mas se materiali+a na buscada se5urança do meio ambiente e da continuidade da )ida.?.

p. 0/F

2Contraria a moralidade e a le5alidade administrati)as o adiamento de medidas de precaução 6uede)em ser tomadas imediatamente. !iolam o princípio da publicidade e o da impessoalidadeadministrati)as os acordos eZou licenciamentos em 6ue o crono5rama da e8ecução de proetos ou ae8ecução de obras não são apresentados pre)iamente ao pQblico, possibilitando 6ue os setoresinteressados possam participar do procedimento das decis:es.?

p. 0/F;0

27O princípio da precaução entra no domínio do direito pQblico 6ue se cama 7poder de polícia> daadministração. O #stado 6ue, tradicionalmente, encarre5a;se da salubridade, da tran6uilidade, dase5urança, pode e de)e para este fim tomar medidas 6ue contradi5am, redu+am, limitem,suspendam al5umas 5randes liberdades do omem e do cidadão e8pressão, manifestação,comGrcio, empresa. O princípio da precaução estende este poder de polícia. #m nome desseprincípio, o #stado pode suspender uma 5rande liberdade, ainda mesmo 6ue ele não possa apoiarsua decisão em uma certe+a científica>, afirma 'rançois #[ald.? \ )ide nota de rodapG n. 0Frefer=nciaE.

p. 0

2Ao aplicar o princípio da precaução, 7os 5o)ernos encarre5am;se de or5ani+ar a repartição dacar5a dos riscos tecnolN5icos, tanto no espaço como no tempo. uma sociedade moderna, o #stadoser( ul5ado pela sua capacidade de 5erir os riscos.? \ )ide nota de rodapG n. / refer=nciaE.

p. 0K

"ef. Lei F.ZFB J art. /, W0X \ medidas de precaução.

p. 0- e ss.

O estudo prG)io de impacto ambiental como uma das políticas senão a principalE de implementaçãode medidas precautNrias pelo 5estor pQblico dos riscos em parceria com a6uele 6ue desea inserirum produto, tGcnica ou ser)iço no mercado.