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MAB escola Este material é um convite a você professor para uma reflexão sobre o museu como um espaço de diálogo no trabalho com educação. Vamos apresentar a exposição e propor algumas abordagens sobre o tema curatorial e as obras que estão aqui expostas. Você pode se sentir livre para adaptar as propostas ao seu cotidiano. As ações podem ser realizadas antes da visita, como um preparo para o que será visto, e depois, como uma forma de dar continuidade ao que foi discutido, o material pode reverberar, ainda, em práticas mesmo que o grupo de estudantes não consiga vir à exposição. Acreditamos que a escola e o museu são lugares de produção de conhecimento e, deste modo, podemos desenvolver trabalhos em parceria. Convidamos os professores a agendar uma visita para discutir o material e conhecer a mostra, antes de visitar com o grupo de alunos. Assim poderemos levantar estratégias de ação e alinhar o trabalho feito na escola e no museu. Se houver interesse é possível também agendar uma formação para os professores ou para todos os funcionários da escola. Este encontro poderá tratar de temas que vão além da exposição e podemos refletir sobre conceitos e desafios que são compartilhados no trabalho em ambos espaços. “P/B Acervo MAB” & “A cor não tem fimMarina Caram Loureiro. “Menina pobre, menina rica”, 1954. Uma obra de arte pode ser utilizada como suporte de reflexão multidisciplinar de diversos temas, ajudando assim a aproximar os alunos de novas sensações e entendimentos. A apreciação de uma pintura, por exemplo, se dá muitas vezes por um padrão estético reconhecido como ‘bom’ no senso comum. No entanto, o que fazer quando a obra de arte não expressa algo agradável? Será que a difícil compreensão de uma obra esteticamente provocante pode ser um fator que afasta os alunos do ambiente artístico? Como podemos lidar positivamente com a análise de algo desagradável e assim expandir os conceitos vigentes? O conceito de beleza na história da arte é amplo e continua a ser alterado e discutido por diversos especialistas do campo da Arte. Ao longo da história, nunca foi determinado que a única maneira de qualificar uma obra de arte era através da contemplação estética, uma vez que por estar atrelada a sensações e modos com que agimos em sociedade, expressa também a crise estética e existencial do ser humano. Se uma obra de arte deve ser bela, será então, qualificada de acordo com os gostos de cada pessoa, impossibilitando assim uma unidade estética padrão. Com o surgimento das vanguardas artísticas, novos artistas começaram a se afastar da representação mimética do mundo, dando vazão a uma nova percepção, baseada nas formas e cores. Artistas como Pablo Picasso e Matisse possibilitaram que novos formatos estéticos fossem discutidos. Os novos processos de investigação não procuram um apelo estético necessariamente agradável aos olhos, abrangendo assim uma nova iconografia vasta que percorre territórios angustiantes, desconcertantes e desagradáveis. A leitura da obra de arte se torna mais rica e complexa quando não há apoio estético, embora muitas vezes esse apoio seja utilizado como elemento qualitativo da obra. Quando nos depararmos com uma obra de arte arte que expresse claramente essa angústia, devemos estimular os alunos a investigar tal sensação, contribuindo para a análise desses sentimentos que tanto são evitados. O ‘bonito’ ou ‘feio’ deve deixar de ser um argumento que qualifica ou desqualifica uma obra de arte, servindo assim como mote de exploração de sensações perante a obra. Na exposição “PB Acervo MAB” estão expostas algumas obras cujas características as aproximam do expressionismo, são de autoria de artistas como Marina Caram e Flávio de Carvalho. A obra de Marina possibilita o debate sobre beleza e representação na arte. Devido aos movimentos rápidos e escuros da pincelada e a expressão facial dos modelos retratados pela artista, a obra passa uma sensação distinta que não deve ser ignorada. Para tal leitura, é possível observar a imagem através de outros sentidos como o som e a iluminação. Os movimentos rápidos do pincel podem representar a ação não estática que está na pintura, e assim facilitar a aproximação do aluno com a obra de arte, independente de suas questões estéticas. Discutir tais sensações e o motivo de não serem boas é algo muito importante para a formação sensível do O E X P R E S S I O N I S M O E O B E L O Flávio de Carvalho. “Mulher”, 1967. do aluno. Em casos assim, a análise de tais sensações é vital para que essa experiência não afaste o aluno do universo artístico. Proposta educativa Com base na obra de Marina Caram, propomos duas atividades criativas. As atividades são adaptadas a partir das propostas da educadora dinamarquesa Anna Marie Holm¹. Utilizando o livro ‘Fazer e pensar Arte’ como fundamento. 1- Desenho com garras Proponha aos alunos o desenho de uma nova maneira, utilizando os dedos como lápis. É necessário, carvão e fita crepe. Com uma fita, prenderemos pedaços de carvão nos dedos. A ideia da atividade é pesquisar o gestual e a força da mão, focando na expressão e no movimento do desenho. 2- Cores e sensações Será que é possível desenhar sensações abstratas? Se retomarmos o movimento expressionista poderemos refletir sobre como estes representaram: movimentos e sentimentos, o escuro e o claro, a angústia, a raiva e o medo. Discuta com seus alunos sobre tais sensações e quais os melhores modos de representá-las. ¹ HOLM, Marie Anna. Fazer e Pensar Arte – São Paulo: Museu de Arte Moderna De São Paulo, 2005

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MAB escola Este material é um convite a você professor para uma reflexão sobre o museu como um espaço de diálogo no trabalho com educação. Vamos apresentar a exposição e propor algumas abordagens sobre o tema curatorial e as obras que estão aqui expostas. Você pode se sentir livre para adaptar as propostas ao seu cotidiano. As ações podem ser realizadas antes da visita, como um preparo para o que será visto, e depois, como uma forma de dar continuidade ao que foi discutido, o material pode reverberar, ainda, em práticas mesmo que o grupo de estudantes não consiga vir à exposição.

Acreditamos que a escola e o museu são lugares de produção de conhecimento e, deste modo, podemos desenvolver trabalhos em parceria. Convidamos os professores a agendar uma visita para discutir o material e conhecer a mostra, antes de visitar com o grupo de alunos. Assim poderemos levantar estratégias de ação e alinhar o trabalho feito na escola e no museu.

Se houver interesse é possível também agendar uma formação para os professores ou para todos os funcionários da escola. Este encontro poderá tratar de temas que vão além da exposição e podemos refletir sobre conceitos e desafios que são compartilhados no trabalho em ambos espaços.

“P/B Acervo MAB” & “A cor não tem fim”

Marina C

aram Loureiro. “M

enina pobre, menina rica”, 1954.

Uma obra de arte pode ser utilizada como suporte de reflexão multidisciplinar de diversos temas, ajudando assim a aproximar os alunos de novas sensações e entendimentos. A apreciação de uma pintura, por exemplo, se dá muitas vezes por um padrão estético reconhecido como ‘bom’ no senso comum. No entanto, o que fazer quando a obra de arte não expressa algo agradável? Será que a difícil compreensão de uma obra esteticamente provocante pode ser um fator que afasta os alunos do ambiente artístico? Como podemos lidar positivamente com a análise de algo desagradável e assim expandir os conceitos vigentes? O conceito de beleza na história da arte é amplo e continua a ser alterado e discutido por diversos especialistas do campo da Arte. Ao longo da história, nunca foi determinado que a única maneira de qualificar uma obra de arte era através da contemplação estética, uma vez que por estar atrelada a sensações e modos com que agimos em sociedade, expressa também a crise estética e existencial do ser humano. Se uma obra de arte deve ser bela, será então, qualificada de acordo com os gostos de cada pessoa, impossibilitando assim uma unidade estética padrão. Com o surgimento das vanguardas artísticas, novos artistas começaram a se afastar da representação mimética do mundo, dando vazão a uma nova percepção, baseada nas formas e cores. Artistas como Pablo Picasso e Matisse possibilitaram que novos formatos estéticos fossem discutidos. Os novos processos de investigação não procuram um apelo estético necessariamente agradável aos olhos, abrangendo assim uma nova iconografia vasta que percorre territórios angustiantes, desconcertantes e desagradáveis. A leitura da obra de arte se torna mais rica e complexa quando não há apoio estético, embora muitas vezes esse apoio seja utilizado como elemento qualitativo da obra. Quando nos depararmos com uma obra de arte

arte que expresse claramente essa angústia, devemos estimular os alunos a investigar tal sensação, contribuindo para a análise desses sentimentos que tanto são evitados. O ‘bonito’ ou ‘feio’ deve deixar de ser um argumento que qualifica ou desqualifica uma obra de arte, servindo assim como mote de exploração de sensações perante a obra. Na exposição “PB Acervo MAB” estão expostas algumas obras cujas características as aproximam do expressionismo, são de autoria de artistas como Marina Caram e Flávio de Carvalho. A obra de Marina possibilita o debate sobre beleza e representação na arte. Devido aos movimentos rápidos e escuros da pincelada e a expressão facial dos modelos retratados pela artista, a obra passa uma sensação distinta que não deve ser ignorada. Para tal leitura, é possível observar a imagem através de outros sentidos como o som e a iluminação. Os movimentos rápidos do pincel podem representar a ação não estática que está na pintura, e assim facilitar a aproximação do aluno com a obra de arte, independente de suas questões estéticas. Discutir tais sensações e o motivo de não serem boas é algo muito importante para a formação sensível do

O E X P R E S S I O N I S M O E O B E L O

Flávio de Carvalho. “Mulher”, 1967.

do aluno. Em casos assim, a análise de tais sensações é vital para que essa experiência não afaste o aluno do universo artístico.

Proposta educativa

Com base na obra de Marina Caram, propomos duas atividades criativas. As atividades são adaptadas a partir das propostas da educadora dinamarquesa Anna Marie Holm¹. Utilizando o livro ‘Fazer e pensar Arte’ como fundamento.

1- Desenho com garras

Proponha aos alunos o desenho de uma nova maneira, utilizando os dedos como lápis. É necessário, carvão e fita crepe. Com uma fita, prenderemos pedaços de carvão nos dedos. A ideia da atividade é pesquisar o gestual e a força da mão, focando na expressão e no movimento do desenho.

2- Cores e sensações

Será que é possível desenhar sensações abstratas? Se retomarmos o movimento expressionista poderemos refletir sobre como estes representaram: movimentos e sentimentos, o escuro e o claro, a angústia, a raiva e o medo. Discuta com seus alunos sobre tais sensações e quais os melhores modos de representá-las.

¹ HOLM, Marie Anna. Fazer e Pensar Arte – São Paulo: Museu de Arte Moderna De São Paulo, 2005

Na exposição “A cor não tem fim”, as pinturas e tapeçarias de Jacques Douchez, artista francês radicado no Brasil desde 1947, provocam nossos sentidos: seja pela quantidade e diversidade de cores que aguçam a visão, ou pelas formas geométricas que extrapolam os limites da bidimensionalidade dos quadros e ganham volume e valor escultórico nas tapeçarias, por meio das combinações de fibras, junção de trançados, nós e torções que instigam o tato do visitante.

Mas como transpor essa experiência sensorial para uma atividade igualmente estimulante? É possível trabalhar a coordenação motora e a expressão corporal a partir da observação de uma obra de arte que aguça os sentidos?

O caráter lúdico do estímulo motor é fundamental, já que se trata de um processo sequencial e contínuo, acompanhando as diferentes faixas etárias, pois a cada idade o movimento conquista características específicas, possibilitando a aprendizagem de habilidades diversas e contribuindo para o desenvolvimento intelectual da criança.

Tendo como ponto de partida as obras de Jacques Douchez, é possível realizar algumas atividades:

Dobradura em papel: uma atividade simples que, além de desenvolver a atenção, o foco, a concentração e a paciência, estimula o desenvolvimento da motricidade, destreza manual e a coordenação motora fina, exercitando a diferenciação entre bidimensionalidade e tridimensionalidade através de diferentes tipos de dobraduras, bem como a identificação de formas geométricas.

“Twister do Douchez”: A partir da observação de uma pintura de Douchez, é possível fazer uma transposição para um tecido, através de pintura, utilizando diferentes cores e formas, criando assim um tapete no qual ocorrerá um jogo onde os participantes devem mover as mãos e os pés de acordo com o sorteio de cores em uma roleta. Nesse jogo, é possível exercitar e estimular a coordenação motora global e a expressividade corporal, através de diferentes habilidades como equilíbrio, flexão, lateralidade, apoios, estruturação espacial e orientação temporal.

DOUCHEZ, O ESTÍMULO SENSORIAL E O DESENVOLVIMENTO MOTOR

M O D O S D E T E C E R : o Macramé consiste em uma técnica onde os fios são trançados com os dedos, sem a utilização de maquinárias ou ferramentas específicas (como no crochê ou no tricô). Os desenhos e formas são gerados através de nós e cruzamentos dos fios. Da combinação de formas é possível realizar uma gama enorme de trabalhos, como a confecção de acessórios, como pulseiras e colares. Assim como a dobradura, é uma atividade que estimula a concentração e o desenvolvimento da coordenação motora fina.

CLÓVIS GRACIANO E AS BRINCADEIRAS TRADICIONAIS BRASILEIRAS

Na exposição “P/B – Acervo MAB”, uma das obras de Clóvis Graciano nos chama especial atenção: Sem título (Menino empinando pipa), de 1962. (imagem abaixo)

ATIVIDADE PIPA Pesquisa com os familiares (pais, mães, tios e avós). Quando você era criança e não existiam celulares, de que você brincava? A partir desse levantamento, é possível construir alguns jogos, brinquedos e brincadeiras que eles mesmos trouxerem. O ideal é que além de realizar a confecção, as crianças possam brincar também. Aqui segue como sugestão a construção de uma pipa:

Você vai precisar de: 2 Varetas de bambu ou de palha de coqueiro 1 Fita adesiva colorida 1 Tesoura sem ponta 1 Folha de papel de seda 1 Folha de celofane (para a rabiola) 1 Carretel de linha nº10

Como Fazer? 1) Recorte o papel de seda de acordo com o formato de pipa que foi escolhido. 2) Cole um dos palitos na diagonal. 3) Faça um arco com o outro palito e cole-o cruzando por cima do palito que já está colado. 4) faça dois furinhos no lugar onde as duas varetas se cruzam (um furo de cada lado). 5) passe a linha pelos buracos e, sem cortá-la, dê um nó. Amarre a linha para puxar a pipa a partir do nó (mas deixe um espaço). 6) Por último faça uma rabiola, cortando a folha de celofane em tiras e depois é só amarrar na pipa (na parte de baixo da vareta reta).

Em tempos de evolução tecnológica, onde as crianças estão sempre conectadas aos jogos em seus smartphones e tablets, a simplicidade do desenho em nanquim na obra “Sem título (Menino empinando pipa)”, nos faz viajar para uma época na qual as brincadeiras infantis eram exclusivamente aquelas transmitidas de geração em geração pela sabedoria popular. Brincadeiras essas que não podem deixar de fazer parte do repertório dos pequenos, pelo estímulo motor que elas podem gerar e pelo contato com o lúdico.

Projeto MAB Escola: Tatiana Bo e Wagner Pereira Silva. Conteúdo: Aline Maria Olegário da Silva, Caroline Brunca Spagnol, Cristina Walter, Leonardo Lubatsch Ribeiro, Tatiana Bo e Wagner Pereira Silva. Diagramação: Tatiana Bo

Proposta de criação: Objeto coletivo – Livro de expressões: Peça para que cada aluno escolha uma palavra que defina como está se sentindo naquele momento ou algo que descreva sua personalidade, como: tímido, medroso, alegre, bravo, preguiçoso etc. Entregue uma folha sulfite para cada um deles e proponha que eles formem duplas. Nesta dupla cada um assumirá uma função, na qual um será o retratista e o outro o retratado (as funções devem ser trocadas depois). Dividam e dobrem as folhas em três partes iguais, cada parte da folha deve corresponder a uma parte do rosto da pessoa retratada. Logo, a parte de cima fica reservada ao topo da cabeça e olhos, a parte do meio será ocupada pelo nariz e orelhas, e a parte de baixo, pela a boca e o maxilar. A partir da palavra escolhida pelo modelo e de um exercício de observação, o retratista deve iniciar o seu trabalho. Provoque os alunos para que eles se atentem às escolhas feitas na execução do desenho: que cores estão sendo usadas? Elas correspondem a realidade ou não? Os traços e linhas que formam o desenho: são rápidos, curtos, leves ou firmes? Correspondem ao adjetivo escolhido pelo retratado? Após o término dos desenhos, as folhas podem ser recortadas nas marcações feitas no primeiro momento. Dessa maneira, os desenhos podem se misturar, novas expressões e retratos múltiplos podem ser criados. Vocês podem encadernar ou colocar em um fichário esses registros, e assim, criar um Livro de Expressões. Na parte posterior da folha, os alunos podem escrever a palavra escolhida e os nomes do modelo e do retratista.

RETRATO Bastante usado na pintura e na fotografia, o gênero tem como intenção registrar a representação de uma figura individual ou um grupo. De acordo com a etimologia da palavra, vinda do latim retrahere, que significa copiar, seu primeiro sentido está ligado à idéia de mimese. Na pintura, no século XIV, se firma de maneira autônoma e assume finalidades diversas: comemorativa, religiosa, funerária etc. No final da Idade Média, a prática retratística se torna mais atenta aos aspectos reais e individuais das pessoas, conferindo densidade psicológica aos tipos retratados. Nos séculos XVIII e XIX, figuras de outros segmentos sociais e não apenas

Sobre Anita Malfatti A artista é considerada por alguns críticos o “estopim do modernismo” brasileiro. Nascida em São Paulo em 1889, Anita iniciou seu aprendizado artístico no Brasil. No entanto, entre 1910 e 1916, continuou seus estudos na Alemanha e EUA. As viagens desse período possibilitaram o contato de Anita com movimentos artísticos e mestres que influenciaram profundamente sua produção. Em alguns registros escritos da artista é possível encontrar relatos de surpresa sobre como os artistas modernos registravam a luz, as cores, e misturavam as tintas, com gestos rápidos e inesperados. Na exposição P/B temos um retrato feito por Anita, é um estudo para a pintura “A boba”, feito em carvão. Atente-se à figura retratada: que impressões lhe causam? Como ela está sentada? Para onde olha? Como está a sua roupa? Observe os traços da artista são curtos ou longos, rápidos ou lentos? Como influenciam na construção dessa imagem?

Atividade: Na exposição P/B, temos vários retratos, de períodos diferentes e com influências de algumas escolas e vanguardas artísticas. Para registrarmos alguém, estabelecemos uma série de escolhas. Desde o material e técnica, até o que queremos expor ou afirmar sobre o indivíduo retratado, por meio de suas expressões, roupas, gestos e cenário. Além do modelo, essas escolhas podem ser reforçadas pela ação do artista que o retrata. Em nosso corpo, especialmente no rosto, são evidenciadas e vivificadas as nossas sensações, emoções e estados de espírito que podem caracterizar o que sentimos em um determinado momento ou nossa personalidade.

apenas dos círculos aristocráticos passam a ser registrados. Após o advento da fotografia, as possibilidades de investigação na pintura se alargam; a ruptura com as representações realistas e com os esquemas academicistas ofereceram aos artistas uma liberdade maior tanto no uso dos materiais quanto na maneira como seriam registrados os indivíduos.

Anita Malfatti. “Estudo para a boba”, 1915/16.

Heinz Kühn. “Sem

título”, 1947

Flávio de Carvalho. “Retrato de Stela Davis”, 1941

Ulysses Bôscolo. “Série O

disseia, 2012/13

AS CRIANÇAS E AS OBRAS DE ARTE O ensino da arte faz parte da grade do Ensino Fundamental e representa uma área do conhecimento que compreende as artes visuais, a música, o teatro e a dança. Por ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos, a arte é um patrimônio cultural da humanidade e todo ser humano tem direito ao acesso a esse conhecimento. Para nos apropriarmos de uma linguagem, entender, interpretar e dar sentido a ela é preciso aprender a operar os seus códigos. Do mesmo modo que existe na escola um espaço destinado à alfabetização na linguagem das palavras, é necessário se preocupar também com a alfabetização nas linguagens da arte. O fazer artístico estimula os alunos a desenvolver o seu conhecimento sobre a arte, pesquisando, pensando, percebendo e expressando a sua percepção criativa, podendo provocar transformações cotidianas, compreendendo melhor o mundo que o cerca e o seu eu particular. Este projeto traz uma abordagem não tradicional para falarmos sobre obras de arte com as crianças. Vamos iniciar a abordagem a partir da percepção da criança através da observação da obra, deixando novas sensações reverberar e despertar o seu interesse.

A nossa proposta contém algumas sugestões de como iniciar uma conversa a partir de determinada faixa etária e dos diferentes interesses que cada uma destas idades demonstram. As faixas etárias sugeridas não constituem categorias estanques, mas indicações conforme a maturidade de cada criança. A arte acompanha a criança desde a sua primeira infância, quando começa a rabiscar e se surpreender ao ver que o movimento de sua mão deixa traços no papel. Entre os 5 e 7 anos os movimentos evoluem para formas reconhecíveis como a representação da figura humana, casas, árvores e animais. Nesta idade o que as atraí são as cores vivas e quentes, formas e cores contrastantes, a imitação da textura das coisas que fazem apelo ao sentido do tato (tecidos, cabelo, objetos, etc), representação de lugares familiares como a casa, o campo, um jardim. Entre os 8 e 10 anos a representação passa a ser baseada na realidade percebida pela criança e as suas representações passam a ter a inclusão de mais detalhes. É uma fase de experimentações, exploração e invenção. O que agrada as crianças desta idade são obras com bastante cor e contraste, imagens que dão uma oportunidade de se criar uma história, figuras claramente tipificadas como o bom, o mau, o moço, o velho e imagens da vida cotidiana. Nos pré - adolescentes por volta dos 11 aos 13 anos, o raciocínio os leva a descobrir a profundidade e a tridimensionalidade, trazendo novas possibilidades de representação. O que lhes interessa são a personalidade e a biografia do artista, o porque de determinada obra, o que leva a sua realização, as técnicas de execução usadas, a relação do artista e de sua obra com determinado período da história. O ensino da arte está ligado ao processo de desenvolvimento e liberação da expressão artística da criança e cabe ao professor estimular o seu processo criativo através de vivências e do fazer artístico. Tratar a arte como conhecimento é o ponto fundamental e condição indispensável para dar esse enfoque ao ensino da arte. Ensinar arte significa articular três campos conceituais: a criação (produção), a percepção (análise) e o conhecimento da produção artística e estética da humanidade.

Oficina Tear de Dedo Jacques Douchez. “Fausta” , 1982

Para conhecer mais sobre o projeto: http://faap.br/museu/programacao-mab-escola.asp

Para agendar uma visita ou dúvidas:

11-3662-7200 ou [email protected]

Informamos que os participantes poderão requisitar certificado.

O Material, as visitas e as formações são disponibilizados gratuitamente.