m o poder da identidade cap 3

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  • 5/14/2018 M O Poder Da Identidade Cap 3

    1/22

    Manuel Castells

    o PODER DA IDENTIDADEV olume II

    Traducao: Klauss Brandini Gerhardt

    E BP AZ E TE RR A

  • 5/14/2018 M O Poder Da Identidade Cap 3

    2/22

    Manuel Castclls 1996, The John s Hopkins Unive rsi ty P re ssTraduzido do origina l: '[ /H' p o w er o f i de n ti tf

    ClP-Brasil. Cataloga

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    Sumario

    Figuras ,." ., :.. 9Tabelas ., 1 1Quadros ., 13Agradecimentos , 15Irrtroducao-Nosso munde, nossa vida 17I. Parafsos cornunais: identidade e significado na

    sociedade em rede _._, _ 21A construcao da identidade , 22Os paraisos do Senhor: fundamentalismo religiose e identidade cultural 29

    Umma versus Jahiliya: 0 fundarnentalisrno islamico 30Deus me salve! 0 fundamentalismo cristae norte-americana 37

    Nacoes e nacionalismos na era da globalizacao: comunidadesirnaginadas ou im agens comunais? 44

    As nacoes contra 0 Estado: a dissolucao da Uniao Sovietica e da Comunidadede Estados lmpossfveis (Soju: Nevozmomykh Gosudarstvy 49Nacoes semEstado: a Catalunya , , 60As nacoes da era da informacao ,.., , , , 69

    A desagregacao etnica: raca, classe e identidade nascciedade em rede , 71

    Identidades territoriais: a cornunidade.local 78Conclusao: as comunas culturais da era da inforrnacao , " 842. A o utra fa ce d a T erra : m ov im en to s so ci ais c on tra a n ov a o rd ern g lo ba l . .. . 93

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    6 Sumario

    Globalizacao, [nformacionalizacao e movimentos sociais ". .. .. .. .. .. .. .. .. . 93Os zapatistas do Mexico: 0 primeiro movirnento de guerrilha

    inforrnacional v "" . " . " . " " "" """"" " " " . ," 97Quem sao os zapatistas? """ ".."." ... .."""."" ""... .. ." . .."" ""." "".. ."""... 98A estrutura de valores dos zapatistas: identidade, adversaries e objetivos 101A estra tegia de comunicacao dos zapa tista s: a Interne t e a midia "" " 103A relacao contradit6ria entre movimento social e

    i ns ti tu ic ao p ol it ic a . "" "" ." "" ". " . .. .. .. " " . .. . "" ". " . .. " . .. .. " . . " ". ,, ,, . .. ,,.106As armas contra a nova ordem mundial: a Milfcia Norte-Americana e 0

    Movimento Patri6tico dos anos 90 ".""."""" " ..".,,",, ,,108As milicias e os patriotas: uma rede de inforrnacoes de multiples

    ternas " "." " "" " .."" "." """" 112As bandeiras dos patriotas " " " 118Quem sao os patriotas? "." " ..""" " .." "." .." " ,, 121

    As mil fcia s, os patriotas e a soc iedade norte -americana dos anos 90 " . . 122Os Lamas do Apocalipse: aV erdade Suprema do Japao ..... "" """" 123

    Asahara e 0 surgimento da Verdade Suprema "."."" " "." . . 124Metcdologia e c renc;:asdaVerdade Suprema """" ",, ,, 127A Verdade Suprema e a sociedade japonesa "" .. " .." ... " " .... "" .. " 128o signi ficado das insurreicoes contra a nova ordem globa l ""."." " . .""." 131

    Conclusao: 0desafio a globaliza~ao " " " "" .." " 1363. 0 "verdejar" do ser: 0 movimento ambientalista 141A dissonancia criativa do ambientalismo: uma tipologia .." " " 143o significado do "verdejar": questoes societais e 0 desafio

    dos ecologistas "" .."" ""." " " " " "." " "." "":,, 153o arnbientalismo em acao: fazendo cabecas, domando 0 capital, cortejando 0Estado, dancando con forme a midia 161

    Justice ambiental: a nova fronteira dos ecologistas 1654. 0 fim do patriarcalismo: movimentos sociais, familia e sexualidade

    na era da inforrnacao 169A crise da familia patriarcal 173

    Sumario 7

    As mulheres no mercado de trabalho 191o poder da congregacao feminina: 0Movimento Feminista 210Feminismo americano: uma continuidade descontfnua 212o ferninismo e global? 220Feminismo: um a polifonia instigante 229

    o poder do arnor: rnovimentos de libertacao lesbiano e gay ~ 238Feminismo, lesbianismo e liberacao sexual em Taipe 241Espacos de Iiberdade: a comunidade gay de Sao Francisco 248Resumo: identidade sexual e a familia patriarcal 256

    Familia, sexualidade e personalidade na crise do patriarcalismo 257A familia que encolheu drasticamente 257A reproducao da figura materna em relacao a nao-reproducao dopatriarcalismo 264Identidade corporal: a (rejconstrucao da sexualidade , 27lPersonalidades flexiveis em um mundo pos-patriarcal 275

    Sera 0 fim do patriarcalismo? : 27 75. Urn Estado destitufdo de poder? 287A globalizacao e 0Estado 288o nu cl eo t ra n sna ci ona l das economias nacionais 288

    Avaliacao estatfstica da nova crise fiscal do Estado na economiaglobal 290

    A globalizacao e 0 Estado do bem-estar social 296Redes globais de cornunicacao, audiencias locais, incertezas sobre

    regulamentacces 298Ur n mundo sem lei? 303o Estado-Nacao na era do multilateralismo 306o govemo global e 0 super Estado-Nacao : 311

    Identidades, govemos locais e a desconstrucao do Estado-Nacao , 315A identificacao do Estado 319As crises conternporaneas dos Estados-Nacao: 0 Estado mexicano do PR r e 0

    govemo federal dos EVA nos anos 90 322

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    Surnario

    NAFTA, Chiapas, Tijuana e os estertores do Estado do PRI ,,, ,, ., ,. ,, ,, ,, ,, , 322o povo contra 0 Estado: a perda gradativa da 1egitimidade do governofederal dos EUA ' " .."., ,,,,,,, ,, 334

    Estrutura e processo na crise do Estado 345Estado, Violencia e Vigilancia: do "Grande Irmao" a s "Irmazinhas" 348A crise do Estado-Nacao e a teoria do Estado 352,Conclusao: 0 Rei do Universe, Sun Tzu e a crise da dernocracia " 3566. A pol fti ca informac iona l e a c rise da democracia 365Introducao: a polftica da sociedade 365A mfdia como espaco para a politica na era da inforrnacao 369

    A midia e a polft ica : a conexao dos cidadaos ....... , ......, ",.""", , .. " 369A politica showbiz e 0 marketing politico: 0 modelo

    norte-americano " ,, , , , , " .., ,374E s ta ra a p ol ft ic a e ur op e ia passando por um processo de " am en ca ni za ca o" ? . , 381o populismo e!etr6nico da Bolivia: compadre Palen que e a chegada doJach 'a Uru" ,.."., " " " " " ..386

    A politic a informacional em ar;ao: a politica do escandalo 39 LA cfise da dernocracia " " .. 401Conclusao: a reconstrucao da dernocracia? 409Conclusao: A transforrnacao social na sociedade em rede .417Apendice Metodo16gico 428Resume do Indice dos Volumes I e III 461Bibliografia , , , 463Indice rernissivo 491

    rr

    4,54.6

    4.7

    4.8a4.8b

    4.9II 4.10- I !

    Figuras

    2.1 Distribuicao geografica dos grupos patriotas nos EUA par ruimerode grupos e campos de treinamento paramili tar nos estados nor te-americanos, 1996 , 114Curvas de sobrevivencia dos casamentos na Italia, AlemanhaOcidental-e-Suecia-rnaes nascidas entre 1934-38 e entre 194953 ... .176Evolucao do mimero de primeiros casamentos em paises da UniaoEuropeia a partir de 1960 , , 178Indices brutes de casamentos em palses selecionados 179Proporcilo (%) de mulheres (15 a 34 anos) cujo primeiro f ilho nasceantes do prirneiro casarnento, par rap e etnia, nos Estados Unidos,196089 " 182Sfntese da taxa defertil idade em paises europeus a part ir de 1960 188Indice total de fer ti lidade e mimero de nascimentos nos EstadosUnidos, 1920-90 189Aumen to dos indices de emprego no setor de services e daparticipacao ferninina, 1980-90 ., ., 194Percentua l de mulheres na forca de trabalho par tipo de funcao .. 197Familias nos Estados Unidos em que as esposas par ticiparn daforca de trabalho, 1960-90 ., 198Mulheres com ernpregos de meio expedience, par t ipo de farnflia,em pafses membros da Comunidade Europeia, 1991 .,.. 209I nt er -r el ac ao d o s d if er en t es aspectos da sexualidade voltada parapessoas do mesmo sexo 242

    4.1

    4.2

    4.34.4

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    Manuel Castells

    .0 PODER DA IDENTIDADEV olum e II

    Traduciio: Klauss Brandini Gerhardt

    ffiP AZ E TE RR A

    I)

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    3o "verdejar" do ser: 0 movimento ambientalista

    A politica verde Ii um tipo de celebraiiio. Reconhecemos que cada urnde nos/I.I~parte dos problemas do JIll/lido, e qi: tambem fazemos porte do .\"Ohl~(70.Os per igos e (IS perspect ivas de CIII'({ nd o esuio a p eua s n o m eio que n o scerca. Come(.ClJJlOS atuar exatamente allele estainos. Ndo lui necessidadede espcrar {Ill; 'IIII' (IS ( 'OJJdirr ie.l' se torneni ideals. Podemos simplificar II{)S-.I'CI.I' vidas e viver em harmonia com valores luunanos e ecologicos. Havardme l ho r e s c o n di co e s de vida porque no s p enn itim os c om erw : .. P o r ta n t o p o d e -se diier qu e 0principal objetivo da politica verde e l ima r e vo luc i i o interior;"0 verdejar do ser":

    P et ra K el ly , Pensando Ve rd e I

    S e n os p ro pu se ss ern os a a va li ar o s rn ov im en to s s oc ia is p or su a p ro du ti -v id ad e h is to ri ca , a s ab er, p or se u irn pa ct o e m v al ore s c ul tu ra is e in sti tu ic oe s d ao c ie d ad e , pod er famo s a fi rr na r qu e 0 r n ov imen t o a rnb ie n ta li st a d o u lt imo qu ar tod es te s ec ulo c on qu is to u p os ic ao d e d es ta qu e n o c en ario d a a ve ntu ra h um a na .N os a no s 9 0, 8 0% d os n orte -a rn erica no s e m ais d e d ois te rc os d os euro pe usc on si de ra rn -s e a rn bi en ta li st as ; c an d id at os e p ar ti do s d if ic il rn en te c on se gu er ns e e le ge r s er n " ve rd eja re m" s ua s p la ta fo rrn as ; ta nt o o s g ov ern os c om o a s in s-t it ui co es i nt er na ci on ai s i nc umb er n- se d e mu lt ip li ca r p ro gr am a s, o rg ao s e sp e-c ia is e le gisla co es d estin a do s a p ro tege r a n atu rez a, m elh orar a q ualid ad e d ev id a e , e m u lti ma a na li se , s alv ar 0 p la ne ta a io ng o p ra zo , e n 6s p r6 pri os a c urt op ra zo . G ra nd es e m pre sa s, in cl us iv e a s re sp on sa ve is p or u ma g ra nd e e rn is sa od e p olu en te s, p as sa ra m a i nc lu ir a q ue sra o d o a m bi en ta li sm o e m s ua a ge nd a d ere la co es p ub li ca s, e t am be m em se us n ov os e m a is p ro rn is so re s rn erc ad os . E mrode 0 m un do , a v elh a o po sic ao sim plista en tre o s c on ceito s d e d esen vo lv i-m en to p ara o s p ob re s e p rese rv ac ao p ara o s ric os tem -se tran sfo rm ad o em u md eb at e e m d iv ers os n fv eis a ce rc a d a p os si bil id ad e re al d e d es en vo lv im en tos us te nt ad o p ara c ad a p als , c id ad e o u re gia o, S em s om bra d e d iiv id a, a rn aio riad e n os so s p ro bl em a s a rn bie nta is rn ais e le rn en ra re s a in da p ers ist e, u ma v ez q ue

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    IQ

    seu tratam ento req uer lim a transfcrm acao n os rueio s d e prcdu cao e de con su -m o, b er n c om o d e n os sa o rg an iz ac ao so cia l e d e n oss as v id as pessoais, 0 aq ue-cim ento g lob al paira com o u ma am eaca m ortal, as tlorestas rropicais aindaard em em charnas, substfincias t6xicas ainda estao n o s n f ve is r na is e le rn en ta -re s da cadeia alim entar, urn m ar d e m iseria absoluta ainda n ega 0 direito 3 vidae o s g ov er no s a in da b ri nc ar n COI11 a sau de d as p essoas. co mo evid enciado co ma i rr it ac ao d e M a jo r a d oe nc a d a v ac a l ou ca . C o nt ud o, 0 f ato d e q ue t od as e ssa sq ue sr oe s, e m uita s o ut ra s, e sta o se nd o d eb atid as p ela o pin ia o p ub lic a, e d e q ueu rn a c on sc ie ntiz ac ao c ad a v ez m aie r v er n se e sta bel ec en do a p ar tir d o c ara te rglobal e i nt er de pe nd en te d e t ai s questoes, acaba lancando as bases para suaa bo rd ag em e , ta lv ez .. p ara u ma reo rien taca o d as in stitu ic oe s e p olitica s n o s en -tido de urn s i st ema socioeeon6mico responsavel d o p on to d e v is ta a mb ie nta 1.o m ov im en to a mb ie nt al ista r nu ltif ac eta do q ue s ur giu a p ar tir d o f in al d os a n os60 na rnaior p arte d o m un do , p rincip alm ente n os E stado s U nido s e n orte daE ur op a, e nc on tr a- se , e m g ra nd e rnedida, n o cern e de u rna reversao d rasticad as f or ma s p el a s q ua is pensamos na relacao e nt re e co nom ia , s oc ie da de e natu-reza. p ro pi cia n do a ss im 0 desenvolvirnento de um a nova cu ltu ra . '

    Pa rc cc -m c u rn t an to arbitnirio. c on tu d o, f al ar s ob re 0 mo vi m e nt e nmhic n-ta list a, t en do e m v ista a d iv er sid ad e d e su a co rn po sic ao e fo rm a s d e rn an ife sr a-9 5.0 em cad a p ais e cultura, A s si rn , a nt es d e a va li ar s eu p o te nc ia l t ra ns fo rr na d or ,p ro cu ra re i e st ab el ec er l im a d if er en ci ac ao t ip ol 6g ie a d os v ar ie s e om p on en te sq u e i nt eg ram 0 am bientalism o, valendo-m e de exem plos para cada um dostip os ap resentado s, a fim d e to rn ar a discussao m ais p alp avel. E m seg uid a.p roced erei a u rn a arg urn entacao m ais abran gen te q uan ta a relacao entre o st em a s a bo rd ad os p el os a mb ie nt al is ta s e a s p ri nc ip ai s d ir ne ns oe s e m q ue a t ra ns -f or ma ca o c ult ur al se p ro ce ssa e m n oss a so cie da de , a sa be r, a s c on flito s so breo p ap el da ciencia e da tecn olo gia, sob re 0 controle do tem po e do espaco. eso bre a c on str uc ao d e n ov as id en tid ad es , C on clu fd a a c ara cte riz ac ao d os m o-v im en to s a mb ie nta Ji sta s s ob a o tic a d e s ua d iv er sid ad e so cia l e d e su a c ul tu racornpartilhada, p ro sse gu ire i c om a a na lis e d os m eio s d e a tu ac ao e mp re ga do spo r tais m ov im ento s em relacao a sociedade com o um todo, explorando aq ue sta o d a in sr ir uc io nal iz ac ao d esse s m ov im en to s e d e se u r ela cio na me ntoc om a E st ad o. P or f ir n, s er ao f ei ta s a lg um a s c on si de ra co es a r es pe it o d o v fn cu loc ad a v ez m aie r e ntr e r no vim en to s ar nb ie nta lis ta s e lu ta s so cia is, ta nto e m a m-b it o l oc al c om o g lo ba l, a li ad o a n oc ao p op ula r a mp la me nte d if un di da d e j us ti-c a a rnb ien t al .

    o "vcrdejar" do xer: 0 1ll0V!Ii)CIl[O , < l mb i c r n i d i s t : . l 143

    A dissonancia criativa do ambientalismo: uma tipologia. A s acoes coletivas, poliricas e discursos agrupados sob a eo-ide do

    a mb le ~t. ~lr sm o s ~o . t ao d iv er sif ic ad os q ue s e to rn a p ra tic am en te im ;o ssf ve lcansldel.a-Io ~r n ~In lcom OV111lCn to .o d av ia , s us re n to a te se d e qu e e justamen-t e e s sa d is so na nc ia e nt re t eo ri a e p ra ti ca q ue caracteriza 0 a m bi en ta li sm o c om o~ma n ov ~ f or ma d e m ov im en to so cia l d esc en tra li za do , m ultif or me , o rie nta doa form acao d ~ r~ des e d e alto grau d e pen etracao, A lern disso , pro curarei de-mOll_s tra ra existencia d e a lg un s te ma s f un da me nta is q ue perpassam a rna io r ia ,s e n ao t od as a s a co es c ol et iv as r el ac io na da s a protecao d o m ei o a mb ie nte . P aram .m ~ r c 1 ar ez a, p ar ec e a pr op ria do a na lis ar e sse m ov im en to c om b ase e m umad is ti nc ao e u rn a t ip ol og ia ,

    . A d i. st in ya o s er a e st ab el ec id a entre am bientalism o e ecologia. Porambtentallsmo,. refiro -m e a to das as fo rrn as d e co mpo rtam en to co letiv o qu e,t an to e n ~ seus d lSCu rSOSc omo em s ua pratica, v is am c or ri gi r f o nn a s destrutivasd e r el ac io n ar n en to e nt re 0 h or nem e s eu a rn bi en te n at ur al , c on tr ar ia nd o a l oz i-c a e st ru ru ra l e in st it uc io na l a tu al me nt e p re dom in an te . P ar ecologia , do ponte

    .' ,Q ua dro 3 .1 T ip olo gi a d os m ov im en ro s a mb ie nr al is ta sTipo (exemplo) ,ldentidade Adversdrio Objetivo

    Preservac 5 .0 da A rn an re s d a natureza De se n vo l v ir n en t o V i d a s el v ag er nn a tu re z a ( G T1 I PO n 5 .o - c o nt ro l a d od os D ez , EUA)D e f e sa d o p ro pr io C o rn un id ad e l oc al A g en tc s p o lu id o re s Q ua lid ad e d e v id alespa co (N ao n o saiider ne u Qu i nt a l)Contracultura, o s e r " v er d e" Industrialisrno, "Ecotopia"e c ol og ia p ro fu n da t ec no cr ac ia e(Earth first', patriarcalismnecofeminismo)Save the planet l nt em ac io na lis ta s n a Desenvolvimento Sustentabilidade(Greenpeace) I ut a p el a c au sa g l oba l de s en f re a doecologies" P ol it ic a v e rd e " C id ad Jo s p re oc up ad o s Estabelecirnento O po si ci lo a o p od er(Die Griinen) COIll a p ro te ca o d o m eio politico

    ambientc

    t. .o . . . . . : . :J

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    144 o "verdejar' do ser: 0 movimeruo ambientalista

    d e v ista s oc io lo gic o, e nte nd o 0 co njun to d e cren cas, teo rias e p ro jero s q uecontempla 0 genero humane com o parte de urn ecossistema m ais arn plo , ev is a m a nt er 0 eq uiifbrio d esse sistem a em um a pe rsp ectiv a d in arn ica e ev o-l uc io na ri a. N a m i nh a v is ao , 0 a mbi en ta lis mo e a e co lo gia n a p ra ti ca , e a e co lo -gia e 0 a mbie nta lism o n a te oria ; c on tu do , n as p ag in as a s egu ir res trin gire i 0lISO d o te rm o "eco lo gia" a manifestacoes e xp lf ci ta s e c on sc ie nt es d es sa p er s-pectiva hollstica e evolucionaria.Quanto a tipologia, d evo r ec o rr er rnais um a vez a caracterizacao do sm ov im en to s so cia is e la bo ra da p ar A la in T oura in e, d esc rit a n o c ap itu lo 2 , e sta -b eJ ec en do a distincao e nt re c in co g ra n d es c at eg or ia s d e mo vime nt os arnbien-talistas, conforme manifestados por meio de pr tuicas observadas n as d un su ltim as d ec ad as , e m a mb ito in te rn ac io na l. C re io q ue e ss a tip olo gia d e se r a pli -c ad a d e maneira g er al , mu it o embora a m ai ori a d os e xe mp lo s te nh a s id o e xtra -fd a d a A le ~1 an ha e d a Am eric a d o N orte , p ois a i se e nc on tra m o s rn ov im en to sambientalistas m ai s d ese nv olv id os d o mundo, e porque t iv e ma io r f ac il id a ded e a ce s s o a e ss as m fo rm ac oe s. P or fa vo r aceitem m in ha s d es eu lp as p el as l im i-ta co es in ev ita ve is d e rn in ha o pc ao , e p ar to da s a s t ip olo gi as q ue , e sp ero , s eja mc om pe nsa da s p elo s e xe rn plo s re la cio na do s a os m ov im en to s a tu ais q ue d ara ovida a esta caracterizacao u rn t an to a bs tr at a.P ar a n os a ve nt ur ar mo s n es s a b re ve j or na da p el o c al ei do sc 6p io d o ambi en -ta li sm o s ob a 6 tie a d as tip olo gia s p ro po sta s, ju lg ue i c on ve nie nte fo rn ec er a oleiter urn m apa. 0 quadro 3 .1 cum pre essa fun cao , con tud o re qucr algun sesclarecimenros. Cada urn do s t ipo s np re se n ta d os e defin ido nna li ri camerucpor LIma c omb i n uc il o cspcc(l"ica entre as lr(~s car:.lclcl[Slk,l'; dCl

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    14 6 o "verdejar" do ser: 0 movirnento ambienral is ta

    se engajada na form acao de lobbies e n a a nalise e d ifu sa o d e in fo rm ac oe s.P ra ti ca m rn ui ta s v ez es u ma p oli tic a d e c oa li zo es , t en do 0 cuidado de nao sed eix ar le va r p or c am in ho s q ue o s d es vie rn d a c au sa a m bi en ta lis ta e d es co nfi -ando de ideologias radicais e acoes se nsa cio na listas q ue estejarn emd es co m pa ss o c om a m ai or ia d a o pi ni ao p ub li ca . S eria u rn e rro , p or er n, o po r a sconservacionis tas tradicionais ao s ambi en ta li st as r ad ic ai s, Po r exernplo, urnd os m ais fam oso s Ifd ere s d o Sierra Club, D a vi d B row er , t or no u- se fonte dein sp ira ca o p ara a s a m bi en ta lis ta s ra di ca is . D a m e sm a fo rm a , D av e F ore m an ,d o mo v im e nt o ambi en ta li st a r ad ic al Earth Firstl, fo i m em bra d a d ireto ria d oSierra Club em 1 996. H a um a certa o sm ose nas relaco es entre os con serva-c io ni st as e a s e co lo gi sta s ra di ca ls , p ais a s d ife re nc as id eo lo gi ca s te nd em a s erre le va da s e rn fu n~ ao d os in te re ss es c om un s c on tra a i nc es sa nte destruicao dan at ure za s ob a s m ai s d iv ers as forrnas. Isso acontece a despeito d e c a lo r os a sd is cu ss oe s e p o nt os p ro fu nd am e n te c on tl it an te s d en tr o d e u rn mo v im e n to g ra n-d e e d i ve rs if ic a do ,

    A mobiliraciio das comunidades locais em defesa de seu espaco, contra-ria a introducao d e u so s indesejaveis do meio ambiente, c on stitu i a fo rm a d ea ca o a m bi en ta l q ue m a is r ap id am e nte v er n s e d es en vo lv en do n os u lt irn os t em -p os , e ta lv ez s ej a c ap az d e e st ab ele ce r a re la ca o m a is d ir et a e nt re a s p re oc up a-c ro e s imedi a ta s d a s pesscas a questoes m ais a mp la s d e degradacao ambienral.'FreqUentemente rotulada, c om c eri a rnalfcia, movimento "Niio no meu quin-tal", essa organizacao fo i c ri ad a n os Estados U nido s no ano de 1978, e m p ri n-cip io sob a form a de um m ovim en to con tra substancias tox icas, quan do d oterrivel a cid en te d e Love Canal, em que toneladas d e l ix o i nd us tr ia ! texicoforam despejadas nas Cataratas d o N ia ga ra , [10 estado de N ov a York. LoisG ib bs , a p ro pri eta ri a q ue g an ho u n oto ri ed ad e e m d ec or re nc ia d a l ur a pela sau-d e d e se u filh o, c om o tarn bern c on tra a d esv alo riza ca o d e sua c asa p or ca usad o d es pe jo d e re si du os p olu en te s n a a re a, a ca bo u f un da nd o, e m 1 98 1, a Citizen'sClearinghouse for Hazardous Wastes, urna organizacao de com b a te ao lixot6 xieo . S egu nd o d ad os d a o rga niza ca o, em 1 98 4 h av ia 6 00 gru po s Io cais n osE s ta do s U n id o s l ut an d o c on tr a 0 d esp ejo d e lix o t6 xic o. E m 1 98 8, esse m im e-[0 aurnentou para 4.687. A o l on go d os a no s. a s c om u ni da de s rnobilizararn-setarnbern contra 0 g ra u e xc es si vo d e d es en v ol vim en to , a construcao d e a ut o-estradas e de instalacoes gu e processarn e manipularn subsrfincias toxicas nasproximidades de uas residencia . Embora 0movirnento seja local, nao e ne -c es sa ri ar ne nte l oc al is m. p oi s mu it as v ez es a s s egu ra a os r es id en te s 0 direito itqU;llid;llk dl' vi.I. sl.'ndo lOlllr;irio :I illll'l'l.'SS'Shurocr.irico 0\1 lOl'p"r;lli\\l.,.N,in h.i duvidu tie que a vida em socicdnde ~ lei ta d e c on cc sx oe e nt re ,IS

    o "vcrdejar ' do ser: a rnovimento ambientnlis ta 14 7

    p r6 pr ia s p es so as , n o p ap el d e r no ra do re s, t ra ba lh ad o re s, c o ns ur ni do re s; usua-nos do t r ansporte urbane e viajantes. 0 q ue e q ue st io n ad o p o r e s se s mo v im e nt ose , d e u rn l ad o, a t en de nc ia d e e sc olh a d e a re as h ab it ad as p ar m in ori as e popula-~ o es d e b ai xa r en d a para 0 d e spe jo d e r es fd u os e a p ra ti ca de atividades indese-.javeis do ponte d e v is ta ambiental, e, d e o utro , a fa lt a d e transparencia e depa rt ic i pa c ao no p ro c es 0 d ec is or io s ob re a u ti li za ca o d o e sp ac o. A s sim , o s c id a-d ao s p er te nc en te s a e ss a o rg an iz ac ao r ei vi nd ic am ma ie r d emo cr ae ia l oc al , p la -n ej am e nt o u rb an e r es po n sa ve l e s en s o d e j us ti ca q ua nd o d a d is tr ib ui ca o d o o n usg er ad o p el o d es en vo lv im en to u rb an e/ in du st ri al , a o m e sm o te m po evitando ae xp o si ca o a o l ix o t 6x ic o o u i ns ta la co es q ue p ro ce ss am e ma n ip ul am s ub st an ci asdes sa na tur eza. Conforrne c on clu i E p ste in e m s ua a na li se d o m o vi me nto :

    A r e iv i nd i ca c ao , pO I ' pa r te do movimento, em defesa da justic a arn biental ec on tra ria a su bsta nc ia s ro xic as, d e u rn E sta do c om m aie r auronornia p a ra e st a-b ele ce r r eg ul arn en ta co es a c or po ra co es e q ue p re ste c on ra s a o publico e n ao a sg ra n de s e rn p re sa s p a re ce t or al rn e nt e a de q ua d a e , p o ss iv el rn e nt e, constitui basep ar a u rn a r ei vi nd ic ac ao a in da m a is i mp ort an te , d e q ue 0 p od er d o E st ad o s ob rea s c orp ora co es se ja re afirm ad o e e xp an did o. se nd o e xe rc id o e m fu nc ao d o b em -e sta r s oc ia l e p ri nc ip alr ne nt e d o b em -e st ar d os m ai s v ul ne ra ve is ."

    Em outros c asa s, c om o n os ba irro s d e cla sse. m ed ia m ais a fa sta do s dac id a de , a s mo bi li za cc es o rg an iz ad as p el os r no ra do re s e st iv er am r na is c on ce n-t radas na rnanutencao do status quo contra 0 desenvol v imen t o i n de se j ad o .Entretanto, in de pe nd en tem en te d o ele men to d e cla sse af presente, todas asfo rm as d e protesto e s ta v am vo lt ad a s a o e s ta b el ec imen t o d e c ont ro l es s obr e 0meioambiente e m p ro ! d a c om un id ad e lo ca l e, nesse sentido as rnobirizacoes de -f en si va s l oc ai s c er ta m en te c on st it uem U r n do s p ri nc ip a is co rn po n en rs s. d o mo -vimento arnbientalista n um c on te x to ma is ampl e.o a mb ie nt al is mo f oi t am b er n fo nt e d e inspiracao pa ra a lg umas da s COD-traculturas o rig in ad as d os m ov im en to s d os an os 6 0 e 7 0. E nten do p or c on tra -cu ltura a te nta tiv a d elibe ra da d e v iv er se gu nd o n orm as d iv ersa s e, a te ce rtop on to , c on tr ad it or ia s em r el ac ao a s i n st it uc io n a lr n en t e r ec onh e ci d as pe l a 50-cied ad e, e d e se o por a essas in stituico es co m base em p rincfpios e crencasalternativas, A lg um a s d as mais pod er os a s c o rr en t es da contracultura e m n os-s as s oc ie da de s r na n if es ta rn -s e p ar r ne io d a o be di en ci a, t in ic a e e xc lu si va rn en -te , a s le is d a n at ur ez a. a fir ma nd o a ss im a p rio ri da de p el o re sp eit o a naturezaacima de q ua lq ue r i ns ti tu ic fi o c ri ad a pelo hornem, P o r e ss e motivo, creio qu e.'l'j;1 aproprindo ineorpornr :'t 1l(1\,:lO dt' (IIIT/Ji('lIla/islllf! ('(/111/'(/('/11111/,((( CXpI'CS-SOl'S uparcntcmcntc I Jo d is li nt as q uu nt o a do s a mb ie nta lis ta s r nd ic ais ( ta i s como

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    1 - + 8 o "verdcjar" do scr: n movirucnm al1llW,~nl:ill;o.1iI

    o Earth First! ou 0 Sea Shepherds), 0 mov iment o d e l ib er ta c; :a o . ~ o s a nim~i seo ecofeminisrno.I Ap es a. r d e s ua diversidade e falta de coordenacao, a m a io nadesses movimentos cornpartilha da s ideias d os p en s a d or es da "ecologic pro-f un da ", r ep re se nt ad os , p ar e xe rn p lo , p el o escr ito.r n~ruegu~s. Arne ~aes . ~ eacordo c om A rn e N aess e G eorge Session s, o s prmciptos basicos da ecologiap ro fu nd a" s ao os seguintes:

    (1 ) 0 bem -estar e 0 d esen vo lv im en to d a V id a h um an a e nno-bumanc na Terratern valo r em si m esm os, E stes v a lo r es i n de p en d en t da utilidade d o ~ lu nd .onao-humano para servir ao s propositos do hornem . (2) A riquezu e a diversi-, d ad e d as fo rm as d e v id a co ntribu ern p ara a p ercep ciio d esses v alo res e.ta l.n -bern c on st it ue rn v al or es e m s i m es mo s, (3 ) O s s er es h um an o s na o tern direirod e red uz ir es sa riq uez a e d iv ersid ad e, sa lv o se 0 f iz er er n p ar a s at is fa ze r s ua snecessidades vitais. (4) 0 desellvolvilllenio cia v id a e culru ra h urnanas e COIll-p ativ el co m u ma re du cao substancial d a p op u~ a~ a~ -h um an a. 0 d es en vo lv i-mente da v ida hurnana n ec es si ta d es sa r ed uc ao . ( ) A tu al rn en te 0 g ra u : lein terferen cia h um an s n o mundo nao-humano e e xce ssiv e, e e ssa situacaov er n s e a gr av an do r ap id am en te . (6) Po r essa razao as po llticas de~em serm od ifica das. Ta is p oliric as p ro duz irao efeito n as estru tu ras econonucas,tecnoloaicas e ideol6" ic a s basicas, As condicoes resulrantes desse processoserao p ~ fu ndam e n le d i fe re n te s das presentes no s dias d e h o je . ( 7 : A princi-p al m ud an ca id eo lo gica co nsiste n a v alo riz aca o d a qu alid ad e d e v l~ a (m ora-dia em con dicoes de valo r in eren te) em vez da crenca em urn padrao .~e V idacada vez m i ll s e le v ad o . Haved urna p ro fu nd a c on sc ie mi za 91 io d a d lt er e. n~ aen tre sran de e ex celen te . (8) T od os a qu eles qu e ad erirern ao s po ntes a cirn aJ ne ne ~n ad os e st ar ao c om pr om er id os a t en ta r, d ir et a a u i nd ir et am en te , irnple-m en ta r a s m u da nc as n ec es sa ri as ."

    C om o resp osta a tal com pro metim en to , n o fin al da d ecad ~ d .e 7 0 d iv er-s os e co lo gis t a s ra di ca is l id era dc s p or D av id F ore ma n, LIm e x -f uz il ei ro n a va ln on e- am eric an o tra nsfo rm ad o e m . "g ue rre iro e co lo gic o", fu nd ara m n os e st a-do s d o N ov o M exico e Arizona 0Earth Firstl, urn movirnento extrermsta par-t id ar io d a i ns ll bo rd in a< ;: ao c iv il e a te m e smo d e a to s d e " ec ot ag em " ( sa bo ta geme co l6 gic a) c on tra c on struc oe s d e b arra ge ns, e xtra ca o d e m ad eira e o ut ra s fO l:-m a s d e a gr es sa o a n at ure za , 0 q ue fe z c om q ue se us m ern bro s fo ss ern ~ ro c~ s-s ado s e p re so s. 0mov imen to , j un tamen te . c om u rn a s er ie d e o l~ :r ~s o r~ a ~l za 90 e ss im ila re s, e ra c om ple ta me nte d esc en tra hz ad o, fo rm ad o p or tn bo s J nd ~p en -d en te s q ue c os tu ma va m re un ir- se p eri od ic am en te d e a co ~d oc om o ~ r ~tllm s e o c ale nd ario d os i nd io s n orte -a me ric an o s e to ma r s ua s p ro pn as d ec iso es ~ ob reco mo agir em d efesa do s v alo re s eco l6gicos. A eco lo gia p ro fund a serviu de

    b as e i de ol 6g ic a p ara 0 rnovirnenro, m erecen do d estaque no The Earth First.'Reader, urna publ ic a cao p re fa ci ad a p or D av id F or em a n. ') Ig ua lm e nt e, senaoma is i rnpor ta n te , fo i 0 r omance e sc ri to par Abbey, The Monkey Wrench Gang(A Gangue da Chave Inglesa), uma h ist6 ria sobre urn grupo c ont ra cu lt ur al d e" ec cg ue rr il he ir os ", q ue s e t or na ram mo de lo s d e a tu ac ao p ar a mui to s e co lo gi sr asr ad ic ai s. D e f at e, a " ch av e- in gl es a" t or no u- se s in 6n imo d e " ec o- sa bo ta gem ".o s a no s 90 , 0 mov im en to d e lib erta ca o d os a ni ma ls, c uja p rin cip al c au sa e a

    oposicao i nc on dic io na l a e xp erie nc ia s q ue utilizern anirnais c omo c ob ai as ,parece se r a al a ma is m i li ra nr e do fundamenralismo ecol6gico.o e co fe rn in is mo , p or s ua v ez , e c la ram en te d is ti nt o d as " ta ti ca s r na ch is ta s"d e a lg un s d es se mo vim en to s. A s e co fem in is ta s d ef en dem 0 p ri nc ip io do r es pe it oa bs ol ut o p el a n at ur ez a c omo f un da rn en to d a l ib er ta ca o t an to d o p at ri arc al is rn ocom o do i nd us tr ia li sr no . V e er n a s m ulh ere s c om o v ttirn as d a m esm a v io le nc iapatriarcal infligida a n atu re za . D ess e m od o, a restauracao do s d ire it os na tu rai s ei nd is so ci av el d a l ib er ta ca o d a mul he r. N as p al av ra s d e J ud it h P la nt :

    II'

    Hisroricamenre. a. m ulh ere s n iio ex erc era rn n en hu m tip o de poder real nomundo e xt er io r, n em t iv er am e sp ac o para a tom a da d e d ee is 6e s. A vida inte-lectual, 0 culriv o d o pen sam en to , fo ram ca mpo s trad icio naim en te in ace ssi-veis as mulheres. Em geraJ as rnulheres tem sido passivas, assirn com o an at ur ez a, H oj e e m dia , po rern, a eco lo gia fala em no me d a terra, ern no me d o"outre", na . r el ac oe s h or ne rn /r ne io a mb ie nte , E 0 e co fe rn in is mo , f al an do e mnome do "outro" o ri gi na l, b us ca a ti ng ir as rafzes inter-relacicnadas d e t od o 0tipo de dorninacao, b em co mo pro cura fo rm as d e resistir a mudanca.!?Algumas e co fe rn in is ta s ta rn be rn f or um inspiradas p el a p o le rn ic a recons-

    rruc ao h isto ric a d e C aro ly n M erc ha nt, q ue re rn on ta a so cie da de s p re -h is to ri-c as n at ur ai s l iv re s d a d om in ac ao m a sc ul in a, u ma I da de d e O ur o d o m a tr ia rc ad o,em q ue h av ia h arm on ia en tre a n atureza e a cultura e on de h om ens e m ulh eres,indistintamente. veneravarn a n at ur ez a q ue assurnia a form a de deusa." Houvetambem, principalrnente d urante o s an o s 70, l ima in te r es s an te relacao entreambiental ismo, feminismo e sp ir it ua l e n eo pa ga ni sm o, m ui ra s v ez es e xp re ss o11 0 ecoferninisrno e n a m il it an ci a d ir et a e n ao -a gr es si va de "bruxas" mediantea p ra ti ca d e f ei ti ca ri a, 12

    A ss im , p or d iv ers as f orm a s, d es de t at ic as d e e co gu er ri lh a a re 0 e sp ir it ua -lism o, p as sa nd o p ela e co lo gia p ro fu nd a e 0 e co fe rn in ismo. , o s e co lo gi st as r ad i-c ais e st ab ele ce rn u rn e lo d e lig ac ao e ntre a qa o a rn bie nta l e re vo luc ao c ult ura l,a mp lia nd o a in da m ais 0 e sc op o d e um m ov im en to arnbieritalista a br an ge nt e evisando a c on st ru ca o d a ecotopia .

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    152 o "verdejar" do ser: 0movirnenro arnbierualista

    p eculiares. E m p rim eiro lugar, n ao ha via fo rrn as d e ex pressao p olitica q ued ess em v oz a ti va a os p ro te sro s s oc ia is n a A le ma nh a a le rn d os Ire . p rin cip aisparridos q ue s e haviam altemado n o p od er, ch egan do ate m esm o a form ar um ac oa liza o n os an os 60 : em 1 97 6, m ais d e 99% d os v otes fo rarn d estina do s ao stres partidos (Dernocrata-Cristao, Social-Democrata e L ib er al ). D ia nt e desseq uad ro , h av ia um po ten cial "v oto in satisfeito ", p rin cipa lm en te en tre o s jo -y e ns a zu ar da ndo 0 momen to d e p od er s e m a ni fe st ar . E sc an da lo s f in an ce ir osbna p olitica 'C o c aso F lic k) h av ia m a ba lad o a rep utaca o d e to do s o s p artid osp oli tic os e in sin ua do s ua re la ca o d e dependencia d ia nte d as c on trib uic oe s d ai nd us tr ia . A le rn d is so , 0 q ue o s cie ntistas p olitic os ch am arn d e "q uad ro d eo po rt un id ad e p ol it ic a" a po nt av a p ar a a a do ca o d e L im a e st ra te gi a q ue c on si st iae m forrn ar urn p artid o q ue m an tiv esse a un id ade en tre seus e leitore s: en treo utro s fa to re s, re cu rs os sig nifi ca ti vo s d o g ov ern o fo ra m d es tin ad os a o rn ov i-mente, e a legislacao eleitoral alerna qu e estabelece u rn m in im a d e 5% do t ot ald e v oto s n ac io na is p ara 0 ingresso n o P arlam en to a cabo u reun in do sob um au ni ca b an d ei ra os verdes que, do con tr a ri o , pe rr n anecer iam fragrnenrndos. Amaioria do c lei to radc c ia Par tido Verde era formndu por jovcns, CSllltl:II1ICS.p ro fcx so rc s c m cm bro s d c o utrus ca tcgo riux haSI:IIlIC d is tiu tu s d os dciI(lreSrclncionados ~t producfio industrial, ixto 6. dcscmprcg.uh, (11I;IS ."lIsIVllI;1. Jl ll 'd iaJ lI l' a "pull'l iva ver de ", nil:Griinen cu nso l i dou - se como a e sq ue rd u c oe re nte d u A le ma nh a do till de sieclee a g era ca o re be ld e d os a no sX ) c on se gu iu p re se rv ar a m aio ria d e' s e us v alo re si'l medida qu e cnvclhecia, transmitindo-os uos filhos pcla maneira de viveremas p ro pr ia s v id as . Assim, a partir da experiencia v e rd e . s ur gi u um a AJemanhab as tu ru c d if cr cr uc , t an to d o p on to de vista cultural q uu nt o p ol it ic o. A irnpossi-b il id ad e, p or er n, d e i nt eg ra r p ar ti do e mo vime nt o s em p ro vo ca r 0 aparecimen-t o d o to ta lita ri sm o ( le ni ni srn o) o u d o re fo rm ism o, e m d etri rn en to d o p ro pri om ov irn en to ( de mo cra cia s oc ia l) , te ve m ai s um a c on firm ac ao h ist6 ric a d e q uerealmenre e st a e a le i d e fe rro d a tra nsfo rm ac jio s oc ia l.

    o significado do "verdejar": questoes societais eo desafio dos ecologistas

    A p re se rv ac ao d a n atu re za , a b us ca d e q ua lid ad e a rn bie nt al e L Im a pe rs -p ectiv a d e v id a eco J6gica sa o id eias d o se culo X IX q ue, em term os d e rn an i-f es ta ca o, m a nt iv er ar n- se p or r nu it o t emp o r es tr it as a s e li te s i lu st ra da s d os p ai se sd om in an te s. " Em m uito s c as es ta is e lite s e ra rn fo rm ad as p ar re ma ne sc en te scle lJ r na a ri st oc ra ci a e sm a ga da p el a i nd Ll st ri al iz a~ i' io , c omo s e p od e o bs er va r

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    154 o " ve rd e ] a r " d o s er : 0 mov imen l o arnbicntu lista

    n as o ri ge ns d a A u d ub o n S o ci et y n os E st ad os U nid os , E m o ut ro s. u rn e le me nt oc or nu na l e u t6 pi co e ra 0 n ti cl eo d e e co lo g is ta s p o li ti co s c on s id er ad o s p re co c ~sd o p on to d e v is ta historico, como Kropotkin, responsavel p or t am a r ecologiae a na rq uia d efin it iv am en te in dis so cia ve is , em uma t ra dic ao r ep re se nt ad a n osd in s d e h o je po r Mu rr ay B oo kch in. C on tud o, em to do s esses ca so s, e po r marsd e. u rn s ec ulo , e ss as id eia s p er du ra ra m c om o t en de nc ia in te le ct ua l b as ta nt er es tr it a, in cumbi nd o- se p ri mo rd ia lm e nt e d a t ar ef a d e d es pe rt ar a c on sc ie nc iad e in div id uo s p od ero so s, q ue a ca ba ria m p ro mo ve nd o a c ria ca o d e u ma le gis -lac,:aoconservacionista ou d oa nd o s ua s fo rt un as e m p ro ! d a c au sa d a n atu re za .M e sr no q ua nd o s e f or ja v am a li an ca s s oc ia is ( como, p or e xe rn pl o, e nt re R o be rtM a rs ha ll e C at he rin e B au er n os E st ad os U nid os d os a no s 3 0), s eu s r es ult ad osp olitic os e ra m a tre la do s d e ta l fo rm a q ue a s interesses econ 6m icos e d e b~ m-es ta r s oc ia l e ra m c olo ca do s e m p rirn eiro p la no ." E m bo ra h ou ve ss e pione.rosd e gran de co ra gem e in fluen cia, com o A lice H am ilto n e R ach el C arson . no sE sta dos U nid os, fo i so men te n o fin al do s a nos 60 g ue , n os E st ad os U n id os ,A le ma nh a e E uro pa O cid en ta l s ur giu u rn m ov im en to a mb ie nta lis ta d e m a ss as .en tre a s cla sses p op ula tes e co m b ase n a o pin ia o pu blica , q ue entao s e e sp a-

    . .. . ..7lhou rapidam ente para os quatro cantos do m undo. Por que ISSO aconteceu.Par que as ideias eco1 6gicas repentinam ente se alastraram com o fogo naspra da ria s res sequ ida s d a in sens atez d o p la neta ? P ro po nh o a h ip otese d e qu ee xi st e u rn a r el ac ao d ir et a e nt re o s t er na s a bo rd ad os p elo movirnento ambienta-lis ta e a s p rin cip ais d im en so es d a n ov a e st ru tu ra s oc ia l, a s oc ie da ~e e m re de ,que pas sou a se form ar dos anos 70 em diante: ciencia e tecnolog~a com o osp rin cip ais m eio s e fin s d a ec on or nia e d a s oc ie da de : a t ra ns fn rr na ciio d o e sp a-c o; a t ra ns fo rm ac ao d o te mp o; e a d om in ac ao d a id en tid ad e ~ ultu ra .1 p or ~ ux osg lo ba is a bs tr ato s d e r iq ue za , p od er e in fo rm ac oe s c on st ru in do v irt ua lid ad esre ais p ela s re de s d a m fd ia . N a v er da de , t od os es se s te rn as p od em s er encontra-d os n o un iv ers e ca otico d o a mbien ta lis mo e, a o m esm o tem po , n en hum d elesp od e s er c la ram en te d is ce rn iv el e m c as as e sp ec ff ic os . C o nt ud o, s L~ s~ en toq u. eh :i u rn d is cu rs o e co l6 gico im plic it o e c oe re nt e q ue p erp as sa u ma s en e d e o n-e nta co es p olit ic as e o rig en s s oc ia is in se rid as n o rnovirnento, e q ue fO l: n~ ce ae st ru tu ra s ab re a q ua l d ife re nte s t er na s s ao d is cu tid os e m m em en to s d is tin to se c om p ro po si to s d iv er so s. '? N a tu ra lm e nt e e xi st er n g ra v es c on fl it os e e n o rm e sd es av en ca s e ntr e a s componenres d o mo vi me nt o ambi en ta lis ta . E _ nt re ta n, t~ .t ais d es av en ca s o co rr er n c om ma io r f re qu en oi a em r ela ca o a d ef in ic ao d e t an -c as , p rio rid ad es e tip o d e lin gu ag em d o q ue p ro pria rn en te q ua nta a ideia basi-ca de a sso ciar a d efesa d e am bien tes esp ecffico s a no vos v alo res h um ano s.Ernbora correndo 0 r is co d e um a s im p lif lc ac iio c xc es siv a , f ar ei urnu slntcse

    o "vcrdejnr" do SCI' : a movirnento ambienta l ista 155

    d as p rin cip ais I in ha s d e d is cu rs o p re se nt es n o movi rn e nto a r nb ien t al is ta emt or no d e q ua tr o t em a s p ri nc ip ai s.

    Primeiro, uma relaciio est reita e ao mesmo tempo ambigua com a cien -c ia e a te cn olo gia . N as p ala vr as d e B ra mw ell: "0 d es en vol vi rn en to d e i de ia s'verdes' nasceu d a rev olta d a ciencia c on tr a a p r6 pr ia ciencia que a co n te ce up or v olta d o fin al d o seculo X IX na E uro pa e A merica d o N orte" .20 Es sa r evo l-t a f oi s e in te ns ific an do e p as so u a s er a mp la rn en te d if un did a n a d ec ad a d e 7 0,concomitantemente a r ev ol uc ao d a t ec no lo gi a d a inforrnacao e ao desenvolvi-mente ex tr ao rdinar io d o c on he ci me nt o b io lo gi co v ia bi liz ad o pelos modelosgerad os pa r p ro gra ma s d e co mp uta ca o gra fica q ue se su ced era m. D e fa to, ac ie nc ia e a t ec no lo gi a d es emp en ham u rn p ap el f un dam en ta l, e rn bo ra c on tr ad i-t 6r io , n o mo vim en to a rn bi en ta li st a. Po r urn lado, ha uma p ro fun da descrencanos bcneFfci o s proporcionados pela tecnologia avancada, levando, em a lg un scasas extrernos, ao surgirnento de ideo log ias neo ludd is ta s , como a representa-d a p or K irk pa tric k S ale. P or o ut ro , 0 mo vi rn en to d ep os it a m u it a c on fia nc a n ac ol et a, a na li se , i nt er pr et ac ao e d iv u lg ac ao d e in fo rm a co es c ie nt if ic as s ob re ainteracao e n tr e a rt ef at o s p ro d uz id o s p el o homern e a rneio amb ie nt e, p o r vezescom urn alto grau de sofisticacao, A lgum as das principais organizacoesam bien ta lista s no rm alm en te co nta m co m cientista s em seu s q uad ro s, e nam a io ri a d os parses h a um VIn cu lo b a st a nt e f or te e n tr e c ie nt is ta s , a c ad er ni co s ea ti vi st as am bi en ta is .Segundo, 0 ambientalismo e um movimento com base na cisncia . Po rv ez es ess a e a cien cia ru im , fin gin do sa ber 0 q ue a con tece co m a na turez a ecom as seres hum anos e revelando a verdade oculta sob os interesses doindustrialisrno, capitalisrno, t ec no cr ac ia e b ur oc ra ci a. Emb or a c rit iq uem a d o-rn in ac ao d a v id a p ela c ie nc ia , a s e co lo gis ta s v ale rn -s e d a c ie nc ia p ara fa ze rfrente a esta em nom e da vida. 0 p rin cip io d ef en di do n ao e a negacao doc o nhe cimen to ,"ma s s im 0 c on he cim en to s up er io r: a s ab ed or ia d e L Im a v is aoh olistica , ca pa z d e ir alem de ab ord agen s e estra tegia s d e v isa o restrita s,direcionadas a m era sa tisfa ca o de n ecess id ades b asica s. N esse s en ti d o, 0a r nb ie n ta li smo t em pa r o b je ti vo r ea s su rn ir 0 c on tr ole s oc ia l s ob re o s p ro du to sd a m ente h urn ana a ntes qu e a cien cia e a tecn olo gia a dqu ira rn v ida p ro pria ,c om a s m aq uin as fin al m e nte im po nd o s ua v on ta de s ob re n 6s e s ob re a n at ure -z a: um t er no r a nc es tr al d a h um a nid ad e,

    Terceiro, as c o nf li to s s o br e a t ra n sf o rm a ci io e st ru tu r al sa o s in im i mo s d olu ra p e la r ed e fin ic ao h is to ri ca d a s d ua s e xp re ss oe s [undamentais e m a t er i a isd a so cie da de .. ( ) te mp o e a e spaco , C om efeito , a c o n tr o l e s o b re 0 e sp a co e qenfase /10 localidade e o utr o le ma re co rre nte d os v arie s c om po ne nt es d o m o-

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    156 o "vcrdcjar'' do ser: 0 movnuenro urnbientalrsta

    v irn en to am bien ta lista . N o cap itulo 6 d o v olum e I, sugeri a id eia d e um a o po -sicao fun da men ta l q ue surge n a so cied ad e em red e en tre d uas Jogicas espa-c ia is , a d o e sp ac o d e flu xo s e d o e sp ac o d e lu ga re s. 0 e sp ac o d e f lu xe s o rg an iz aa sim ultan eid ad e d as p raticas so ciais a d istan cia, p or m eio d os sistem as d einformacao e telecornunicacoes. 0 espaco d e luga res p riv ile gia a interacaoso cial e a o rgan iza cao in stitucion al te nd o p or base a co ntiguid ad e ffsica . 0t ra co d is tin tiv o d a n ov a e stru tu ra so cia l, a so cie da de e m re de , e q ue a m ai ori ad os p ro ce ss o s d or ni na nt es , c on ce nt ra nd o p od er , riqueza e in fo r rnacao , e arti-c ul ad a n o espaco de lugares. A maior parte d a e xp er ie nc ia e d os s ig ni fi ca do sh um an os , c on tu do , c on ce ntra -se a in da n o e sp ac o d e lo ca is. A d i sj un c ao e n tr ea s d ua s I6 gic as e sp ac ia is c on si st e e m u m m ec an is me b asi co d e d om in ac ao e mn os sa s s oc ie da de s, p oi s d es lo ca o s p ri nc ip ai s p ro ce ss os e co nom ic os , s im b 6l i-co s e p olitico s d a esfera em q ue 0 sign ificad o so cial p o de se r construido e 0controle politico encontra m eio s d e ser ex ercid o. A ssim , a enfase d ad a p el osecologistas a lo ca lid ad e e a o c on tro le p ra tic ad o p ela s p es so as s ob re s eu s p ro -prios espacos de existencia c on stit ui u m d esa fio a os m ec an is mo s basicos donovo sistem a de poder. M esm o nos casos em que as m anifestacoes sao m aisd efe ns iv as , c om o n as lutas r ot ul ad as d e "Nao no m eu quintal", 0 estabeleci-m en to d a p re va le nc ia d o m od o d e v id a lo ca l s obre o s u so s d e u m d et errn in ad oespaco por "interesses externos", como e 0 c as o d e e mp re sa s q ue p ro cu ra mum lo cal p ara de po sitar se u lix o t6x ico o u aero po rto s q ue q ue iram am plia rs ua s i ns ta la co e s, e n ce rr a 0 s en ti do m a is p ro fu nd o d a n eg ac ao d a p re do rn in an -c ia a bs tra ta d os i nte re ss es t ec ni co s e e co no rn ic os s ob re e xp eri en cia s re ais , d eu so re al , p or p es so as r ea is . 0 l oc al is m o ambi en ta l c on te st a j us tam en te a p er dad a re la ca o e ntre e ss as d ife re nt es fu nc oe s a u in te re ss es , su brn et id as a o princf-p io d e um a r ep re se nt ac ao m e di ad a p el a r ac io na li da de t ec ni ca e a bs tr at a e xe rc id ap Ol ' in te re ss es c om erc ia is d es en fre ad os e t ec no cra cia s s em q ua lq ue r t ip o d ec om p ro mis so o u re sp on sa bili da de . A ssi m, a 1 6g ic a d es se a rg urn en to p od e s ertra du zid a p el o d ese jo d e u rn g ov em o d e m en or p ort e, q ue p ri vile gie a c orn un i-d ad e lo ca l e a p art ic ip ac ao d o c id ad ao : a d emo cr a c ia de b a se s p o p u la r e s Ii0modelo politico implicito na maioria dos movimentos ecologicos. Em a lt er na -t iv as m a is c omp le x a s, 0 c ont ro le s obr e 0 e sp ac o, a afirm aca o d o lo ca l c om ofo nte d e s ig nifi ca do e a p rim az ia d o g ov ern o l oc al s ao e le me nto s v in cu la do sao s id ea is d e auto gesta o d a tra dica o an arq uista, in clusiv e a p ro ducao e m p e-q ue na esca la e a en fase n a auto -sufic ien cia q ue le va a um a austerid ad e assu-mida, a c ntic a a o c on su mi srn o e a s ub st itu ic ao d o v alo r d e tro ca d o d in he iro 'pelo valor de uso da vida. O bviarnente que pessoas que protestarn contra 0deposito de lixo t6xico nos arredores de suas casas nao sao anarquistas, e

    o "vcrdejar' do scr: 0 movirncnto arnbierualivrn 157

    mu it o p ou ca s e st ar ia rn r ea lm e n te p ro nt as p ara t ra ns fo rr na r 0 te or e a n at ure zad e s u~ s v id as . C on tu do , a l6 gic a in te rn a d o a rg um en to , a re la ca o e ntre a d efe sad o p ro prio lo cal c on tra o s imperatives d o e sp ac o d e fl ux es e o fo rta le cirn en tod ~s b ase s p olft ic o- ec on 6m ic as d a lo ca lid ad e, p erm it ern a id en tifi ca

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    IS8 o "verdejnr' do ser: o movimento nmbientnlis:a

    im ed iata d a hum an id ad e e p ara a fren te em direcao a um fu tu ro to ta lrn en te n aoespecificado"." Desenvolvendo lim pou co rnais esse conceito, proponho a ideiade qu e 0 rnovirnento arnbientalista caracteriza-se justarnenre pelo projcto dein tro du ca o d e u ma p ersp ec ti va d e "t em po g la cia l" e rn n oss a t em po ra lid ad e,no s planes da consciencia individual e cia polir ica. 0 pcnsamento ecologicoobscrvu ,I inrcrucao entre t\ld;l~ ;IS fol'llws de maicri ern um .t p cr sp cc ti v. :evolucionar ia, A ideiu de uul izur unica c exclusivamenre recursos renovaveis,c ru ci al p ar a 0 ambi en ta li sm o . e su i j us ti fi cn da p re ci snm cn te p cl a nO ~' i\ od e q uequalquer alteracao no s mecanismos basicos do planeta, e do universe. poder.i.au lougo do tempo, des faze r l im del icado equi I(brio ecologico, t ra ze nd o c on -sequenc ias desa s tr osa s . A nocao holistica de in tegracao en tre sere s hum an os en at ur ez a, c o nf orme sustenrada pe l os d ef en so re s d a "ecologia profunda", n50esta se referin do a um a in genua v en eracao d e p aisagens n aturais intoca da ..m as sirn ao p rin cip io fund am en tal de q ue a un id ade d e ex perien cia m ais rele-vante na o eo individuo au , ainda n e ss e s en ti do , c omun id ad e s d e s ere s b urn a-n os c on sid era da s a p artir d e L Im a p ersp ec ti va h ist oric a. P ara n os i nte gra rrn osao n osso eu co sm ol6gico p recisa rn os p rirn eiram en te tran sfo rm ar n ossa p ro -pria nocao de tem po. sentir a "tem po glacial" passando par nossas vidas, ae ne rgi a d as e stre la s t lu in do e m n os sa s v eia s, p erc eb er o s rio s d e n oss os p en sa -m en to s d es ern bo ca nd o e m urn tlu xo c on tin uo n os o ce an os ilirnitados d a m a te -r ia v iv a mu lt ifo rm e . Em t er rn os b er n o bj et iv os e p es so ai s, v iv er n o t emp o g la ci alsignifica estabelecer as parametres d e n ossas v id as a p artir d a vid a de n osso sfilhos, e dos filhos do s filhos d e n os so s f il ho s. Portanto, a modo de adminis-trarrn os no ssas v id as e i nstituico es em fun cao d eJes, tanto quan ta em n ossapropria causa. nao e um culto a Nova Era, m as sim uma v el ha e c on he ci dafo rm a d e c uid ar d e n oss os d esc en de nte s, fe ito s d e n os sa p ro pria c arn e e n oss op ro pr io s an gu c. A proposu do dcscnvo lv imento sustcnuive: como forma desolidariedade entre geracoes reline urn egofsmo saudrivel e urn pensamentos is tem ic o d en tr o d e uma p ers pe ct iv a e vo lu ci on ar ia , 0 r no vime nt o a nt in uc le ar .u rn a d as rn ais p od ero sa s v erte nte s d o m ov im en to arnbientalista, fundamentas ua c ri ti ca r ad ic a l a e ne rg ia n uc le ar n os e fe ito s d e lo ng o p ra zo d o li xo ra dio a-tiv o, bem co mo n os pro blem as d e seguran ca rn ais ime di at es , c on st ru in do a s-sirn um a po nte pa ra a seguran ca d e n ossas geracoe s d aq ui a m ilh arcs d e '.II1 os.D e c erto m od o, 0 i nt er es se n a p re se rv ac ao d as c ul ru ra s a ut 6c to ne s e n o r es pe i-to a elas estende-se ate 0 pass ado. cornpreenderrdo todas as f o rmas deexlst cn-cia h urnan a de d iferen tes ep ocas e afirm an do q ue n 6s som os eles e eles so mesn os , A c au sa i rn pl fc it a d os d ef en so re s d o mo vime nt o a rn bi en ta li st a, e e xp li ci tad os p ensad ores d a eco lo gic p ro fun da e d o eco fem in ism o, e essa unidade dus

    o "verdejar" do scr: 0 rnovirnento nmbientalisra [59

    especies, seguida da unidade da materia como um todo, e de sua evolu~aoespaco-temporal." A expressao ma te ri al que reune diferentes reivindicacoes et em~ s d ? a n :_bi en ta li smo e j us ta rn e nt e s ua t er npo ra li da d e a lt er na ti va , e xi gi ndodas m stitu rcoes da sociedade l im a p os tu ra qu e assuma COIllO prernissa 0 ritmoICI~ltndn evoluci io d.e nossas especics ern sel l meio ambiente, em urn PI 'OCCSSOInIlll.er['uplo vivenciado p ar n os so s er c osmo1 6g ic o, uma vez qu e 0 universecontll1L~ase expand il~do d~sde 0 memento/local d e s ell principio cornpartilha-d ?. A le rn d a s ~ ro n tem ls l ir nit ad as p el o tempo cronologico s ubjuga do , a in davivido pe.la maior parte dos h ab it an te s d o mundo, a ernbate hist6rico pela novaternporalidade ocorre entre a aniquilacao do conceito de tem po nos fluxosr ec or re nt es d as r ed es d e computadores, e a realizacao d o t emp o g la ci al m e di an tea in co rp oracao co nsc ien te d o n osso eu cosmolozico.

    POI'm eio d es sa s lu ta s fundamentais sobrea aproprracao da ciencia, dotem po e do espaco, os ecologisras inspiram a criacdo de Ulna nova identidadel ima identidade bio16gica, uma cultura da especie humana como component:da naru,:eza. E ss a id en tid ad e s oc io bi o1 6g ic a n ao im plic a a n ega ca o d as c ultu -ra s h is to ri ca s. O s e co lo gi st as t er n p ro fu nd o re sp ei to p el as c ul tu ra s p op ul ar es egra nd e a pre co p ela a ute nti cid ad e c ultu ra l d e d iv ersa s tra dic oe s, C on tu do se uadversario declarado e 0 n ac io na li sm o d o Estado, I ss o po rque 0 Estado-Na-cao, pa r definicao, tende a exercer poder sabre urn determinado territorio.Desse m odo, ~om pe a unidade da especie humana, b em c omo a i nt er -r el ac aoe nt re a s t er nt on os , c omp rom et en do a nocao de . urn ecossistema alobal eom-partilha?o. N~~ p al av ra s d e D av id M cTa gg ar t, lfder hisrorico do GreenpeaceIn te rn atio na l: A maior a rn ea ca q ue t em os d e c orn ba te r e a n ac io na lism o. N op ro xi mo s ec ul o v am o s e nf re nt ar q ue st oe s qu e na o p od em ser a bo rd ad as s im -p lc sm cn tc n o a mb ito nac ional . T e rn o s t en tu do trabalhar no sentido de urnaa ~a o i nt er na ci on al c on ju nt a, a pe sa r d e s ec ul os d e p re co nc ei to nacionalisra"."E mbora a aparente contradicao, as ecologistas s ao , a o m esm o te mp o, lo ca lis-t a s e g loba li st a s: g loba li s ta s na m an eira d e t ra ta r a conceito d e t empo , localistasem term os d e d efesa d o esp aco . 0 p en s a m en to e . a p ol ft ic a e vo lu cio na ri os s 6podem existir me di an te l im a perspectiva global. A relacao d e h arm on ia e ntreas pesso as e seu m eio am bien te corn eca n a co rnun id ad e loc al.

    Essa nova ldentidade como spec ie, que r d iz er , e ss a i de n ti da d e s o ci ob io -! 6~ ic a, pode ser faci lmente superposta a tradicoes hist6ricas e multifacetadas,idiornas e s im bo lo s c ul tu ra is, m as d ifi cilm en te p od era c oe xi stir c om a i de nti -d ad e d ~ ~ sta do n ac io na li ta . A s~ im , ~ e c erta fo rm a, 0 amb ien ta l ismo suplan taa o po slc ;; ao e nt re a c ultu ra d a v irtu ali da de re al, s ub ja ce nt e a os fl ux es z lo ba isd e riq ue za e p od er. e a rn an ife sta ca o d as id en tid ad es c ultu ra is o u re iig io sa s

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    (6 0 o "verdejar" do ser: 0 rnovirncnto arnbientatisra

    fu nd aro en ta li st as . T ra ta -se d a u nic a id en ti da de g lo ba l p ro po st a a t~ do s o s s e-re s h um an os, in dep en den tem en te d e seus v in cu lo s so ciais h ~st6n Ca s o u d eg en er a, o u d e s eu c re do r el ig io so . C o nt ud o , urna vez que a r na io na d as pess~-a s n ao v iv e n o p la no c os mo l6 gi co , e a a ce it ac ao d e n os sa n a~ ~re za c om p a~ l-lhada co m a d os m osq uito s ainda impoe c er to s p rob lema s tancos, a qu es ta od ec is iv a p ar a a i nf lu en ci a d a n ov a c ul tu ra e co lo gi ca c on si st e em s ua c ap ac .l d~ -de de unir os traces de culturas d is ti n ta s em um hipertexto humane, constitut-d o d e d iv er si da de h is t6 ri ca e comunalidade biologics. Chamo-a de culturav erd e (p or q ue m otiv e cu nh ar o utro terrn o q uan do m ilh oes d e p esso as ja a tri-b ue m e ss e n om e a o fe n6 me no ), d efin in do -a n os te rm o s d e P et ra K el ly : " ?e ve -m o s a pre nd er a p en sa r e a a gir c om n oS SO Sc ora co es, a re co nh ec er 0 vinculoe xi st en te e nt re t od as a s c ri at ur as v iv as e a r es pe it ar 0 v alo r d e c ad a um d ~s fio sd a v as ta teia d a v id a. Esta e uma perspectiva espiritual e o p ri nc ip io basico det oda a pol fr ica verde . . . A politica v erd e e xig e q ue renhar nos. a lim s o tempo,tcrnura c xubvcrsfio"." 1\ icrnura dasuovcrsao, ;1subvcrsiio d,l tcrnuru: CSl,llllilS111L1iludi~lalllcs du p L! r~ pc Cl iv a i ll sl rl li li ci ll al is la q ue p rc Li lH lI il lU li dur.uuc : 1 L' r :1in du str ia l, ta nto n o c ap ita lis mo q ua nta n o e sta tis mo . E e st am o s e m c on fro ntodireto com a dissolucao do signifIcado nos fluxes do poder sern rosto quec on stitue m a so cie dad e em red e. A c ultura v erd e, n a fo rm a p ro po sta p or l I L 1 1movimento arnbientalista multifacetado, e 0 antidote a cultura da virtualidadere al q ue ca rac te riza o s p ro cesso s d om in an tes d e n ossa s so cie dad es. " .A ssim , tem os a cien cia d a v id a co ntra a v id a d om in ad a p ela cle ncta; 0c ont ro l e l oc a l s o br e 0 e sp ac o c on tra u rn e sp ac o d e flu xo s in co ntro la ve l; a re ~-liz ac ao d o te mp o g la cia l c on tra a d es tru ic ao d o c on ce it o ~ e t em p o e a ~ sc ra vl -d ao a o t em p o c ro no l6 gic o; a c ultu ra v erd e c on tra a v irtu alid ad e re al . S a~ e ss esa s p r in c ipa is d es af io s d o mo vim en to ambi en ta li sl a a s es tr u tu r as d~mlnan tesd a so cied ad e e m red e. E e p ar isso q ue 0 mov im en to a bo rd a q ue sto es q ue a sp es so as p er ce bem v ag am e nt e c omo o s e lem en to s d7 , qu e s ao f ei ta s s ~a s , ~ ov asexistencias. P erm anece a ideia de que, entre este .ntenso fogo verde e osvalores rnais c aro s a s p es so as , a s e stru tu ra s d a so cie da de m an ~e m- se e ~ suasb as es , f or ca nd o a s ambi en ta li st as a um a l on ga m~ rc ha p el a s . 1 fl ~[ [t ll l~ o es, d~ sq ua is, a e xe mp lo d o q ue o co rre c om q ua lq ue r m ov rm en to s oc ia l. ja ma is sa ira ot o ta lmen te i le s os .

    a "verdejar" do ser: 0 rnovirncnto arnbientalisra 161

    o ambientalismo em acao: fazendo cabecas, domando 0capita], cortejando 0 Estado, dancando confonne a mfdiaB oa parte do sucesso do m ovim en to am bientalista deve-se ao fato de

    q ue , m ais d o q ue q ua lq ue r o utra fo rca so cia l, ele te rn d em on stra do n otav elc ap acid ad e d e a dap taca o a s co nd ic oes d e cornunicacao e m o bi liz ac ao a pre -s en ta da s p elo n ov o p ara dig rn a te cn olo gic o. " Em bo ra b oa p arte d o m o virn en tod ep en da d e o rg an iz ac oe s d e b ase , su as a co es ccorrern em raz ao d e e ven to s q uesejam ap ro priad os p ara a d iv ulgac ao n a m fd ia. A o c ria r e ven to s q ue c ham am aa te nca o d a m id ia , o s a mb ien talista s co nse guem tra nsm itir su a m en sa gema u ma aud ien cia bern m aier q ue a rep re se nta da p or sua s bases d ire tas. A le rnd isso , a p re se nca c on stan te d e rem a s am bie nta is n a m id ia d oto u-Ih es d e um al eg it ir ni da de b er n m aio rq ue a atribuida a o utra s c ausa s. A ac fio v olra da a rnidiallll'll:l-"L cvidcutc 1I0S Cl:-;l)S de movimcntus amhicutulistus :;.I()h;tis como \.(;r\'\'11IW

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    1 62 o " ve rd ej ar ' d o s er : 0 mov imen t o amb ie n t al is t a

    rnuitas vezes distantes da politic a partidaria, abriu cam inho para que a m idiaassum isse a papel de voz do povo, contribuindo para que sua propria Jegitim i-dade se firm asse e fazendo com que os jornalistas se sentisse m bern ao divul-ga r 0 a s s u n to . Alern disso, no s noticiarios lo ca ls , re po rta ge ns s ab re substanciasprejudiciais it satide ou a efeito do com prometim ento do m eio am biente sobreas v idas das pessoas trazern para dentro de casa problem as sistem icos de ummodo muito mais ostensive do que qualquer tipo de discurso tradic ional. Naoraro , os pr6prios ambientalistas a limentam a midia co m im agen s p recio sasque dizem bem mais do que uma enorm e reportagem . Assim , os gruposambientalistas norte-arnericanos distribufrarn cam eras de video a grupos detodo 0 m undo, desde C onnecticut ate a A mazonia , para que fossem registradasviolacoes explicitas d as l ei s ambientais, utilizando a infra-estrutura tecnol6gicad o grup o p ara. editar e difundir imagens incriminatorias.

    Os ambiental is tas tarnbern estao presentes na vanguards das novastecn ologias d e co rn un ica cao , utilizan do -as co mo fe rra me nta s d e orga niz aca oe mobilizacao, principalmente pela Internet." Par exernplo, um a coalizao degrupo s am bie nta is n os E sta do s Unidos, Canada e Chile, formada a p ar ti r desFriends a/the Earth, Sierra Club, Greenpeace, Defenders o/Wildl ife, The Ca-nadian Environment Law Association e m uitos outros, mobilizou-se contra aaprovacao da Associacao N orte-A merican a de L iv re Comercio (NA FTA ) parc aus a d a in suf ic ie nc ia d e d is po sitiv os le ga is d e p ro te ca o a mb ie nta l n o a co rd o. E le susaram a Internet para coordenar acoes e trocar inform acoes, construindo um arede perrnanente que passou a tracar as Iinhas de bata lha da acao am bientaltransnacional nas Americas na M ead a de 90. Os sites da W orld W ide W ebestao se tom ando pontos de encontro para os am bientalistas em todo 0 mundo,com o no caso dos sites criados em 1996 por organizacoes como 0ConservationInternational e a Rainforest Action Network em defesa da causa dos povosindigenas nas florestas trop ica is. A F o o d F ir st , urna organizacao baseada naCalifornia, conectou-se a um a rede de grupos ambientalistas sediados em pa-ises em d esen volv im en to , p ara d isc utir a relaca o en tre as q ue st6e s a mbien ta ise a miseria, Assim, por meio d a I nt er n et , teve condicoes de coordenar suasacoes com a Global South, uma organizacao sediada na Tai l fi nd ia q ue forneccinformacoes a partir da p er sp ec ti va a m bi en ta l d a A si a r ec em -i nd us tr ia li za da .Mediante 0 ace sso a e ssa s red es, gruposlocais em todo 0 mu nd o p as sa ra m ater condicoes de agir de form a global. exatamente no mesmo nivel em quesurgem as principais problem as relativos ao m eio arnbiente . Parece que estasurgindo um a elite com profundos conhecim entos de inform atica com o 0 cen-tro global coordenador dos grupos locais de aC ;ao am bienta lista em todo 0

    o "verdejnr' do ser: 0 rnovirncnto nmbienra.isto 1 63

    m undo, lim fen6m eno nao inteiram ente distin to do papel desernpenhado pel osp 'r il:le ir os e dito r~ s ~ .jo rn alis ta s n os p rim 6rd io s d o m ov ir ne nt o traoalhista, qu etaziam llSO das inform acoes as quais tinharn acesso para orientar as m assasna o alfabetizadas que formavarn a classe operaria da s primeiras decadas daindustriali zacao,o a rnbi en ta li smo nao pode ser considerado meramente urn movimentod e c on sc ie ntiz ac ao . D es de 0 inicio, p ro cu ro u e xe rc er in flu en cia n a le gis la ca oe n as atitud es to mad as p elo s go ve rn os. N a v erd ad e, a s p rinc ipa is o rgan iza coe sam bientalistas (ta is com o as in tegrantes do G rupo dos Dez nos Estados Uni-dos) concentram seus esforcos na formacao de lobbies p ar a o bt er c on qu is ta sna legislacao , e no apoio OU oposicao a candidates a cargos ele tivos com baseem sua postura politica em relacao a determ inadas quest6es. M esmo as orga-n iz ae oe s n ao tr ad ic io na is o rie nta da s a acao, como 0 G reen peace , te rn d ad oatencao cada vez m aior a pressao sobre os governos e instituicoes internacio-nais para obter a aprovacao de leis, decis6es favoraveis e i~ plantacaodasdecis6es tom adas acerca de questoes especfficas. Do m esm o m odo, ern niveislocal e regional. as ambientalistas organizaram cam panhas em defesa de no-vas forrnas de planejamento urbano e regional, m edidas de satide publica ec on tr ol e s ob re 0 d es en vo lv im e nt o d es en fr ea do . E esse p ra grna tism o, e ssa a ti-tud e que p ro cura da r en fa se a reso lucao d e questoes, q ue v e rn p ro p or ci on a nd oao am bienta lisrno um a vantagem em relacao a politica internacional: as p es-seas p erc ebem q ue sa o c apa zes d e e xe rce r in fluen cia sobre d ecis6es im po rtan -te s a qu i e agor~, sem que para isso seja necessario qualquer tip o d e mediacaoall postergacao. Na o h a distincao entre os fins e as meios.

    E m algun s p afses, princ ipa lrn en te n a E urop a, o s am bie nta listas en traramna disputa p or c ar go s politicos. tendo logrado algum sucesso." Os fa tos d e-monstrarn que os partidos verdes tern urn desernpenho bem rnelhor nas ele i-c;oes locais, em que ainda existe urn VInculo direto entre 0 movim ento e seusrepresentantes 'politicos, Obtern resultados bastante positivos em eleicces in-ternacionais, co mo , p or e xern plo , nas e le ic oe s p ar a 0 Parlarnento Europeu,dev ido ao fato de que, por ser um a inst.tuicao que detem urn poder rneram entes ir nb ol i co , ncaba conquistando a sim patia dos cidadiios que se sentem bern emver seus princfpios representados, pra ticarnente sern perda de influencia nosprocesses dec iso rios. No firnbito cia po ll ti ca n a ci on al , os cientistas politicostem dernonstrudo qu e as ch an ces d e vit6ria dos partidos verdes sao menosafetadas pelos conceitos arnbientalistas das pessoas do que por esrruturasinstitucionais espectficas que determ inam as oportunidades de disputa politi-ca ." Em surna . quanto m aier a acessibilidade de ternas relacionados ao rneio

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    1 6 - 1 o "verdejar" do ser: 0movirnenio ambrcntalixta

    a mb ie nte e /o u d e v ot es d e p ro te sto a os p rin cip ais p art id os p olit ic os, m en orc sa s p ossibilid ad es d e v ito ria d os v erd es; e , q ua nta m ajo res as ch an ces .d e um av ota ca o s im b6 li ca , s em rn ai ore s c on se qu en ci as p ara o s c arg os executives emqu e o p od er e e xe rc id o d e fa to , m elh or 0 d es em p en ho d os candidates verdes.N a re alid ad e, p are ce q ue a A le ma nh a fo i a e xc ec ao , e n ao a re gl:a , n o d ese n~ ol-v im en to d a p ol fti ca v erd e, c on fo rm e d isc utid o a nt erio rm en te . E b ern p ro va ve lq ue h aja u ma te nd en cia m un dia l d e " ve rd eja me nt o" d a p olit ic a c om o u rn to do ,em bora em um tom bern pouco acentuado, assim com o de um a autonorm as us te nt ad a d o m ov im en to a mb ie nta lis ta . Q ua nto a o m o vim en to p ro pri am en ted ito , sua re lac ao co m a p olftica tern in co rp orad o c ad a v ez m ais as p ra rica s d elobby, a o rg an iz ac ao d e c arn pa nh as c om o bje tiv os e sp ec ifi co s a fa :,o r o u c Ol~ -tra d et erm in ad os c an did ato s, e a in flu en ci a s ob re o s e le ito re s m ed ia nt e rn ob i-l iz ac oe s em t or no d e q ue st oe s ambi en ta is . L an ca nd o m a o d e t od as e ss as t a~ ic .~ s,o a mb ie nta lis mo v ern s e to rn an do u ma d as m ais im p orta nt es fo rc as d a opirnaop ub li ca , e xi gi nd o r ec on he cim en tc p el os p ar ti do s e ~ an di ~a to s d e d iv er s~ s p ~s es .P Ol' o utro Ia do , a m aio ria d as o rga niz aco es a mbie nta is v ern se mstituciona-lizando, isto e, te rn c on co rd ad o c om a n ec es si da de d e atuar e st an do i ns er id a sn a e strutura d as in stituico es ja estabe le cid as e d e ac ord o c om as n orm as d ep rc ducao e d e um a e co no mia d e m erca do glo ba is. A ssim ,_ aq 6e s c on jun tascom em presas de grande porte tern sido regra e nao e xc ec ao . M uit as v ez ese ss as empr es as f in an ci am uma s er ie d e a ti vi da de s ambi en ta li st as , t or n~ nd o- ~ee xt rem ame nt e c on sc ie nt es d a irnportancia d a d efe sa d as q ue st oe s ambientais,a p on to d e tra nsfo rm ar t ern as re la cio na do s a o m eio a m~ i~ n,te n as p rin cip alsimazens veiculadas em sua p ro pag an da e in fo rm es publicitanos, Entretanto,nem tudo e ma ni pu la ca o. E rn pr es as em t o d o 0mundo t ar nb em tern s ido in f]ue~ -ciadas pelo ambi en t al ismo , b us ca ndo adaptar seus produtos e processos asn ov as le is , p re fe re nc ia s e v alo re s, o bv ia me nt e v isa nd o a o J uc ro a partir dessasa co es. E m d eco rre ncia d o fa te d e a s v erd ad eira s un ~d ad es d e p ro duc ao emn os sa e co no rn ia te re m d eix ad o d e s er e mp re sa s in di vid ua is p ara t ra ns fo rm ar-se em red es transnacionais constituidas de varies c omp on en te s ( ve r v ol um e I,cap itulo 3), a tra nsgre ssa o d as leis am bien tais te rn o co rrid o d e f~ rm a I~ a~ sd es ce nt ra li za da em empr es as d e p eq ue no p or te e no s p af se s r ec er n- in du st ri al i-z ad os , a lt era nd o a ss im a g eo gra fia e a to po lo gia d a a t;a o a mb ie nta li st a n o fu tu -r o p ro x imo .C om 0 a um e nt o e xt ra or di na ri o d a c on sc ie nc ia , i nf lu en ci a e o rg an iz ac aoambi en ta li st a, o mo vim en to t or no u- se , s ob re tu do , c ad a v ez m a is d iv er si fi ca do ,ta nt o d o p on to d e v ist a so cia l q ua nt o t ern atic o, c he ga nd o a s m es as d e re un i6 esd as g ra nd es empr es as , a os r ec on di to s d a c on tr ac ul tu ra e a s p re fe it ur as e a ss er n-

    o "vcrdejur" do ser: 0 movimcnto nrnbienmlisra 165

    b le ia s le gis la tiv as. A o lo ng o d es se p ro ce sso , a s te nia s te rn s ofrid o d is to rc oe s,sen do a s v ez es s ub rn er id os a rnanipulacoes. C o nt ud o , e ss a e a r na rc a d e qu al qu e rmovirnento social relevante. Sem sornbra de duvida, 0 ambi en ta li sr no e urn dosm ai s im po rt an te s m ov irn en to s s oc ia is d e n os so t em p o, p orq ua nt o c om p re en deu ma se rie d e c au sa s s oc ia is s ob a e gid e d a j ust ic a a mb ie nta l,

    Justica ambientaI: a nova fronteira dos ecologistasD es de a decada de 60. 0 a rn bi en ta li sm o n ao t em-se ded icado exc lu s ivamen-

    te a ob se rv a ca o do s pa ss ar os , protecao d as f lo re sr as e d es po lu ic ao d o a r. C amp a-nhas co ntra a d esp ejo d e lix o to xico , em defesa d e d ir ei to s d os c on sum id o re s,p ro te s to s a n ti nu c le a re s, p a ci fi smo , f er ni n ismo e uma serie d e ou tr as c a us as f or amincorporadas a protecao da natureza, situando 0 movirnento em um cenario bas-t an re ampl o d e d ir ei to s e r ei vi nd ic ac oe s, M e smo a s t en de nc ie s d a c on tr ac ul tu ra ,co mo a m ed ita cao d a N ov a E ra eo n eo pag an ism o, ac aba ram se am algarn an do ao utro s c orn po ne nte s d o m ov im en to a mb ie nta li st a d os a no s 7 0 e 8 0.

    N os an os 90 , e mbo ra algum as questoes d e g ra nd e re le va nc ia , t ais c om oos protestos antinucleares e pela paz, tenharn side relegadas a s eg un do p la no ,parte em radio do sucesso dos protestos, parte em funciio d o fim cia G uerraF ria, um a serie d e q ue sto es so cia is p asso u a in tegrar urn m ov im en to cad a v ezrn ais d iv ersifica do .'? A s co mun id ad es d e baix a ren da e a s rninorias etnicasmob il iz a ram- se c ont ra 0 fa te d e s ere m e sc ol hid as c om o a lv o d e d is cri min ac aoambi en ta l, s ub rn et id as com r n ai or f requenci a que a populacao com o um todoil e xp os ic ao a s ub st an ci as t ox ic as , a po lu ic ao , a r na te ri ai s p re ju d ic ia is a saudee a d eg ra da ca o a rn bi en ta l d e s el l e sp ac o. O s t ra ba lh ad or es r eb el ar am - se c on tr aas causas d os ac id en tes n o traba lh o d esd e 0 e nv en en am e nt o p or s ub st an ci asq uim ic as a te o s m ale s o ca sio na do s p elo rrabalho de digitacao no computador,G ru po s fo rrn ad os p or m ul he re s te rn d em o nst ra do q ue , m uita s v ez es n a c on di -9 ao d e a dm in ist ra do ra s d a v id a fa mil ia r d o d ia -a -d ia , sa o a s v fti rn as m ais d ire -ta s d as c on se qu en cia s d a p olu ic ao , d a d ete ri ora ca o d os s erv ic es p ub li co s e d od es en vo lv im e nt o d es en fr ea do . A f al ta d e mo ra di a e urna d as p ri nc ip ai s c au sa sd a q ue da d a q ualid ad e d e v id a urban a. A lern d isso , em to do 0 rn un do , a m ise -ri a p od e s er a po nt ad a c om o u ma d as m ai ore s c au sa s d e d eg ra da ca o a mb ie nra l,desd e a queirna das f lor esta s a p oluica o d os rio s, lago s e o cean os, p assa nd op or ep id em ias gen eralizad as. Se m d uv id a, em m uito s p aises e m p ro ce sso d ei nd us tr ia li za ca o, p ri nc ip al m e nt e n a Amer ic a L at in a, g ru po s ambi en ta li st as t er n-se m ultiplicado, aliando-se a grupos de direitos hurnanos, de m ulheres e a

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    J66 o "verilcjar" do sa: 0 mov imcr u o amh i en t al i st a

    organ iz acoes nao-governamentai s , resultando e m p od ero sa s c oa liz oe s q ue su -p la nt ar n a p ol it ic a i ns ti tu ci on al , s em c on tu da i gn or a- la .'?

    Portanto. 0 c on ce it o d e j us tic a a rn bie nt al, c om o n oc ao a rn pla q ue re afir-rna a valor da vida em todas a s s ua s rn an ife sta co es, c on tra o s in re re ss es d er iquczu, podcr e tccno logia, vern conqu is tundo grudat ivamente as mentes e aspoliticas, a m ed id a q ue 0 movi rn en to ambi en ta li st a i ng re ss a em urn novo e st a-g io d e d e se n vo lv ir n en to .; \ pr imci r.t vixtu. ICIII -Se u illlprc;,s,lu de estun uo x d i.uuc d e U1tiC,lS upor-tunistas. D:.Ici

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    168 o "verdcjar" do ser: 0 rnovirncruo arnbicnmlista

    26. Bartz (1996).2 7, P og un tk e (1993); Dalton (1994); Diani (1995); R ic ha rd so n e ROOICS (1995).28. R i ch a rd s on e R oo te s (1995).29. Got tl ieb ( ]993: 207320). Szasz (1994); Epste in (1995); Bnt ll c (1996).3 ~. A th an as io u ( 19 96 ); B o rj a e C as ie ll s (1996).

    4o fim do patriarcalismo:

    movimentos sociais, familia esexualidade na era da informacao

    Sc todos os que me imploraramI\j ll ' /I I IJ( 'SI,' nnnuln,Todos ().\'\ugrut!(J,\ int ncntr.r:.\/IU,\'fI.\ ,d'/lIrlll'lIdus, , t/(' I jndn.\.l'risionein; suicit/,LI' -Se todos Inc tivessem dado Ulli kopeck,Tetia me tornado "tnais ricaDo que todo (J t : :! : Ii 1 0 , . . .. . .Eles. porem, tuio me deram nenhum kopeck,Mas companilharaui coniigo sua [orca, assim nada no mundo maisfor te do que eu.E posso suportar tudo, ale mesmo isto.

    Anna Akhmatova, Selected Poems I

    o patriarcalisrno e um a das esrruturas sabre as quais se assentarn todasas sociedades conternporaneas. C aracteriza-se pela autoridade, impostainstirucio nalm en te, do h om em sabre rnulher e filhos no am bito fam iliar. Paraque essa autor idade possa ser exercida, e necessaria que 0 patriarcalismoperrneie toda a organizacao da sociedade, da producao e d o c on sum o a polfti-ca , a legisla cao e a c ultu ra . O s re la cio na rn en to s in te rp es so ais e , c on se que nte -m ente , a personalidade, ta rnbern sao rnarcados pela dorninacao e violenciaqu e rem sua orige m ria cultura e in stituicoe s d o pa rria rcalism o. E essencial,porern , tanto do ponto de vista analitico quanta politico , nao esquecer 0en ra izarn en to d o patriarcalisrno na estrutura ram i liar e na reproducao socio-bio lo gic a d a e sp ec ie , contextualizados historica e cultural m ente. N ao fosse afamflia patriarcal, 0 p at ri ar ca li sm o f ic ar ia exposto como dorninacao pura eacabaria esmagado pela re vo lta d a "outra rnetade do paraiso", historicamenternantida em s ub rn is sa o .