lulu

20

Upload: erico-peretta

Post on 17-Mar-2016

223 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

LULU de Frank Wedekind direção, cenário e iluminação Robert Wilson música e canções Lou Reedcom Berliner Ensemble

TRANSCRIPT

Page 1: LULU
Page 2: LULU

de 14 a 18 de novembro de 2012

Teatro Paulo Autran - Sesc Pinheiros

Page 3: LULU

de FRANK WEDEKIND

direção, cenário e iluminação ROBERT WILSON

música e canções LOU REED

com BERLINER ENSEMBLE

Page 4: LULU
Page 5: LULU

RIGOROSA LIBERDADE

Na fruição de uma expressão artística o que parece se desejar é que ela se dê quase de forma natural, sem a necessidade de explicações adjacentes, sem ruídos críticos que nos espantem e/ou nos afastem, sem uma barreira que se possa divisar no caminho que se percorre. Talvez o que se possa querer é estar consigo, numa solidão ancestral que só ao indivíduo é permitido penetrar, numa relação íntima em que os repertórios de cada espectador é que darão valores à obra. Conseguir tal efeito – uma intensa liberdade que tomamos para nossas vidas por alguns instantes, uma efemeridade tão verdadeira que, por mais que estejamos mergulhados numa fantasia delirante (fixos e sem ações em meio à agitação do intelecto no furor da criatividade), participamos com nossas experiências únicas – não é tarefa fácil. Também não é pressuposto do fazer artístico. No entanto, é anseio de quem desfruta perder-se na utopia e na atemporalidade: uma fuga para nos reconhecermos ainda mais humanos. Paradoxalmente, expressar (ou incitar) a liberdade exige rigor. A busca austera pela leveza, pelo tom que nos conduzirá através de um encanto à beira do onírico – um sonho que nos suspende para além de nós mesmos – requer um pulso firme para ruir as barreiras que, como um fardo, levamos em nossos espíritos. Nesta contradição, na doce incoerência das musas, chegamos a esquecer a árdua e severa tarefa que um artista exerce para que o público possa levitar em catarses e epifanias contidas pelas grades das realidades. O trabalho do encenador norte-americano Robert Wilson denota este rigor que a liberdade roga para ser despida em palco. Minúcias de movimentos, sons e cenários escondem das percepções mais desatentas um bom tanto da construção dos sonhos que vão se construindo cena a cena. As tintas dos rostos pintam momentos que marcam as memórias como se o ato fosse protagonizado por quem o assiste. E é com esta força que ele merecidamente recolhe as láureas que o ovacionam em silenciosas lágrimas, já que o que se derrama só se expõe com a alma. Depois da apresentação de A última gravação de Krapp, realizada na Unidade Belenzinho, a parceria Sesc, Change Performing Arts e Watermill Center dá prosseguimento ao projeto trienal (2012 – 2014) dedicado a Robert Wilson ao trazer a São Paulo, na Unidade Pinheiros, as montagens das peças Lulu, fruto da reunião de duas obras do alemão Frank Wedekind, e Ópera de três vinténs, de Bertolt Brecht, com a consagrada companhia alemã Berliner Ensemble. Para o Sesc, a importância de tal trabalho em conjunto extrapola o sentido meramente operacional ao oportunizar o contato com um fazer artístico que, mais do que nos emocionar com a fantasia disposta à marcante luz dos holofotes, nos faz carregar reflexões e sentimentos prontos a perdurarem por longo tempo em nossas lembranças.

DANILO SANTOS DE MIRANDA Diretor Regional do Sesc São Paulo

Page 6: LULU
Page 7: LULU

“... Algo ocupa lugar no tempo, uma voz aponta para o antes e para o que vem depois: silêncio. O silêncio, então, é tanto uma pré-condição do discurso como o resultado ou objetivo do discurso corretamente dirigido ou direcionado. A partir desse modelo, a atividade do artista passa a ser a criação ou o estabelecimento do silêncio; a trabalho de arte eficaz deixa o silêncio acontecer... Mesmo que o meio do artista sejam palavras, ele pode contribuir nessa tarefa: a linguagem pode ser empregada para questionar a própria linguagem, para expressar a mudez, para expressar o silêncio.”

SUSAN SONTAG em A estética do silêncio

Page 8: LULU

Em torno da personagem Lulu, o dramaturgo alemão Frank Wedekind (1864-1918) escreveu duas peças. No título de ambas pode-se ouvir algo do mito da origem da mulher, tal como se encontra no relato teogonico de Hesíodo. Tanto o “Espírito Telúrico” (Erdgeist, 1898) como “A Caixa de Pandora” (Die Büchse der Pandora, 1904) apresentam uma Lulu conhecida à semelhança da Mulher Original grega, que foi modelada da terra pelo coxo Hefesco segundo a vontade de Zeus. Só que a beleza dessa criação – de um ser “ser em tudo parecido a uma casta virgem”- não alivia o efeito de suas ações: “Criou mulheres que, por toda parte fazem obras de angústia e deu aos homens, em lugar de um bem, um mal.”A Lulu de Wedekind é também um mal belo e originário. Seu caráter típico deve tanto aos atributos da tradição clássica (a inconstância, a fragilidade, a mobilidade e vaidade do desejo feminino) como a tradição modernista que, nascendo à época da peça, passaria a adotar o projeto estético de “expressar no palco os estados da alma...” Lulu representa uma amoralidade do Desejo. É apresentada como uma “fera selvagem”. Traduz um idealismo invertido em que as matrizes não se localizam mais no plano transcendental, porém no inconsciente.

SÉRGIO DE CARVALHO

Page 9: LULU

“A imobilidade cerimonial e ritual do teatro de Wilson revela um nexo entre teatro e fotografia... O caráter melancólico do teatro de Wilson, que a partir do pouco de ação e movimento continuamente quer se reconverter em quietude escrita com luz-associada à melancolia... é o tempo armazenado que confere à fotografia a sua melancolia. O teatro de Wilson também gera a impressão do tempo armazenado nos corpos que se movem em camêra lenta. A lentidão deixa ver o curso temporal dos gestos, intensificando assim a sensação de cada movimento vivido.”

HANS-THIES LEHMANNem Teatro pós-dramático

Page 10: LULU
Page 11: LULU
Page 12: LULU

“...O teatro de Bob Wilson tem um jogo parecido com um Verfrendungseffect brechtiano ao contrário: ao invés de parar o sonho, a ficção, com a repetitiva intrusão de um elemento de conexão racional, isto é, o elo imediato ente o evento ficcional com a realidade que o precede, Wilson boicota a intrusão de todo e qualquer pensamento racional possível com a finalidade de cristalizar a ficção num estágio quase absoluto, tornando o sonho contínuo. O que permanece é uma cadeia de essências, o público estimulado a descartar mais do que absorver, preenchendo o vazio deixado com sua própria imaginação...”

LUIZ ROBERTO GALIZIAem Os processos criativos de Bob Wilson

Page 13: LULU

BERLINER ENSEMBLE

O Berliner Ensemble é uma companhia de teatro alemã fundada pelo dramaturgo Bertolt Brecht e por sua mulher a atriz Helene Weigel em janeiro de 1949. As primeiras produções do Berliner foram apresentadas no Deutsches Theater, e somente em 1954 o Berliner Ensemble conseguiu um teatro próprio, ocupando o Theater am Schiffbauerdamm. Este teatro foi um dos mais importantes da cena cultural alemã pré-nazista pela qualidade de seu repertório e principalmente pelas produções de Max Reinhardt seu diretor entre 1903 e 1906. Foi neste teatro que Brecht fez as estreias de importantes peças do início de sua carreira como Ópera de Três Vinténs (Die Dreigroschenoper), em 31 de agosto de 1928, Happy End, musical em co-autoria com Kurt Weill e Elisabeth Hauptmann, em setembro

de 1929, e A Mãe (Die Mutter), em 17 de Janeiro de 1932. O Theater am Schiffbauerdamm está situado às margens do rio Spree, no distrito de Mitte, parte central de Berlim. A praça onde está situado tem hoje o nome de Bertolt-Brecht-Platz.Depois da morte de Brecht, em 1956, Helene Weigel continuou dirigindo o Berliner Ensemble até seu falecimento em 1971. Assumiram depois os diretores Manfred Wekwerth e Ruth Berghaus.Em 1992, depois da queda do Muro de Berlim, são indicados cinco diretores gerais: Matthias Langhoff, Fritz Marquardt, Peter Palitzsch, Peter Zadek e Heiner Müller.Desde 1999 é dirigido por Claus Peymann que, com sua postura vigorosa, fez o Berliner Ensemble ser reconhecida como uma das companhias de repertório mais inovadoras e prestigiadas no mundo.

Page 14: LULU

BENJAMIN FRANKLIN WEDEKIND (Hanover, 24 de julho, 1864 – Munique, 9 de março, 1918) Ator, dramaturgo e romancista. É um dos precursores do movimento expressionista. É autor de O Despertar da Primavera (1891), sua peça teatral mais conhecida. Bertolt Brecht o cita como uma das grandes influências em seu trabalho, tendo escrito um ensaio sobre Wedekind quando da sua morte, em 1918 e participado das cerimônias de funeral em Munique. Brecht o considera “um dos grandes educadores da Europa moderna”, como Tolstoi e Strindberg. Willet considera que a obra de Wedekind antecipa o teatro épico de Brecht e a aponta para o que se veio a se chamar teatro do absurdo. Textos: Mine-Haha: The Corporal Education Of Young Girls (1888), O Despertar da Primavera (1891), O Espírito da Terra (1895), A Cantora da Corte (1899), O Marquês de Keith (1901), Rei Nicolo (1902), A Caixa de Pandora (1904), Música (1907), A Dança da Morte (1908), O Castelo Wetterstein (1910), Franziska (1910), Bismark (1916) e Heracles (1917).

LOU REED Lou Reed nasceu em Nova Iorque em 2 de março de 1942. Cantor, guitarrista e compositor é considerado por críticos musicais o pai da música alternativa e um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Foi um dos vocalistas do grupo The Velvet Underground, influenciando Iggy Pop e David Bowie e toda a cena pós-punk inglesa. Em parceria com Robert Wilson ele criou em 2007 o espetáculo Time Rocker und Poetry, baseado no romance de H. G. Wells A máquina do tempo. Em 2011 retoma a parceria com Robert Wilson compondo as canções deste espetáculo com o texto de Franz Wedekind para a companhia Berliner Ensemble.

Page 15: LULU

Dorothy and Lillian Gish Prize (1996), o Prêmio Europa do Taormina Arte (1997), a eleição para a Academia Americana de Artes e Letras (2000), e o prêmio Commandeur des arts et des lettres (2002), entre outros.Com o compositor Philip Glass, ele criou a ópera Einstein on the Beach. Nas produções como Deafman Glance, KA MOUTain and GUARDenia Terrace, Life and Times of Sigmund Freud, CIVIL warS, Death Destruction & Detroit e Letter for Queen Victoria, ele redefiniu e expandiu o teatro. Os colaboradores e parceiros de Wilson incluem diversos escritores e músicos como Susan Sontag, Lou Reed, Heiner Müller, Jessye Norman, David Byrne, Tom Waits e Rufus Wainwright. Wilson também encenou versões para obras primas, como A Flauta Mágica (Wagner), O ciclo do Anel do Nibelungo (Wagner), Madame Butterfly (Puccini), Dreamplay (Strindberg), Peer Gynt e a Dama do Mar (Ibsen), Pelléas et Mélisande (Debussy), A Última Gravação de Krapp e Happy Days (Beckett), A Mulher sem Sombra (Richard Strauss), Orfeu (Monteverdi) e Os Sonetos de Shakespeare.

ROBERT WILSON Descrito pelo The New York Times como “uma imponente figura no mundo do teatro experimental e um explorador nos usos do tempo e espaço no palco”, Robert Wilson, desde os anos 60, tem influenciado decisivamente o cenário do teatro e da ópera com as suas produções. Por meio de sua assinatura no uso da luz, suas investigações sobre a estrutura de um simples movimento e o clássico rigor de sua cenografia, Wilson tem continuamente articulado a força e a originalidade de sua visão. Nascido em 1941, em Waco, no Texas, Wilson está entre os principais artistas teatrais e visuais do mundo. Seu trabalho no palco integra, de forma não convencional, uma grande variedade de linguagens artísticas, incluindo dança, movimento, luz, escultura, música e texto. Suas imagens são esteticamente marcantes e emocionalmente carregadas e suas produções têm sido consagradas por plateias e críticos no mundo inteiro. Entre os prêmios e homenagens recebidos por Wilson estão dois Guggenheim Fellowship Awards (1971 e 1980), a nomeação para o Prêmio Pulitzer em Drama (1986), o Golden Lion para escultura na Bienal de Veneza (1983), o

Page 16: LULU
Page 17: LULU
Page 18: LULU

de Frank Wedekind

direção, cenário e iluminação Robert Wilson

música e canções Lou Reed

Lulu Angela Winkler

Martha Condessa de Geschwitz Anke Engelsmann

Schigolch Jürgen Holtz

Médico honorário Dr. Goll, Georgios Tsivanoglou

Eduard Schwarz Ulrich Brandhoff

Dr. Franz Schöning Martin Schneider

Alwa Schöning Markus Gertken

Rodrigo Quast, artista Georgios Tsivanoglou

Ferdinand Marko Schmidt

Mr. Hopkins Alexander Ebeert

Kungu Poti Boris Jacoby

Dr. Hilti Jörg Thieme

Jack Andy Klinger

Ruth Anna Graenzer

e os músicos Stefan Rager (bateria e inserções musicais),

Ulf Borgwardt (teclado e violoncelo), Dominic Bouffard (guitarra),

Friedrich Paravicini (corneta, violoncelo e gaita), Ofer Wetzler (baixo),

Joe Bauer (efeitos sonoros)

figurinos: Jacques Reynaud

co-direção: Ann-Christin Rommen

versão do texto, dramaturgismo: Jutta Ferbers

colaborador para desenho de cenário: Serge von Arx

colaborador para figurinos: Yashi Tabassomi

director musical: Stefan Rager

colaboradores para música: Hal Willner

Ulrich Maiss

Sarth Calhoun

iluminação: Ulrich Eh

uma produção de Berliner Ensemble

em colaboração com Change Performing Arts

Estreia no BE: 12 de abril de 2011

Page 19: LULU

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Administração Regional no Estado de São Paulo

Presidente do Conselho Regional

Abram Szajman

Diretor do Departamento Regional

Danilo Santos de Miranda

Superintendentes

Técnico Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Paulo Giannini

Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessor Técnico de Planejamento

Sergio Battistelli

Gerentes

Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunta Flávia Andrea Carvalho Assistentes

Sérgio Luis V. Oliveira e Sidnei C. Martins Artes Gráficas Hélcio Magalhães

Adjunta Karina C. L. Musumeci Difusão e Promoção Marcos Carvalho Adjunto

Fernando Fialho Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone Adjunta Andréa

de Araújo Nogueira Sesc Pinheiros Cristina Riscalla Madi Adjunto Ricardo de

Oliveira Silva Programação Cristiane Ferrari Artes Cênicas Armando Fernandes

Realização em São Paulo Sesc - Serviço Social do Comércio Produção prod.art.br Direção de Produção Carminha Gongora, Matthias Pees e Ricardo Muniz Fernandes Direção Técnica Júlio Cesarini Coordenação Técnica Ana Cristina Irias, André Lucena e Ivan Andrade Produtores Executivos Alexandra Roehr, Carlos da Silva Pinto, Daniel Cordova e Ricardo Frayha Programa - Direção de arte e seleção de textos Ricardo Muniz Fernandes Tradução de críticas George Bernard Sperber Fotos © Lesley Leslie-Spinks Ilustrações © Robert Wilson Design Gráfico Érico Peretta

Page 20: LULU

realização

uma produção de

em colaboração com

Sesc Pinheiros R. Paes Leme, 195CEP 05424-150 São Paulo - SPtel.: +55 11 3095 9400

Estação Faria Lima [email protected] sescsp.org.br