lúcio costa e o modernismo

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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Disciplina HH793 – História da Arquitetura e Urbanismo IV Lucio Costa e o Modernismo Beatriz Martins Arruda RA: 072834 Julia Franco Llanos RA: 061842

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monografia de história da arquitetura

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Page 1: Lúcio Costa e o Modernismo

Universidade Estadual de CampinasFaculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

Disciplina HH793 – História da Arquitetura e Urbanismo IV

Lucio Costa e o Modernismo

Beatriz Martins Arruda RA: 072834Julia Franco Llanos RA: 061842

Campinas2007

Page 2: Lúcio Costa e o Modernismo

Alunas: Beatriz Martins Arruda RA: 072834; Julia Franco Llanos RA: 061842.

Título: Lucio Costa e o Modernismo

Natureza: Monografia

Nome do Professor responsável pela Disciplina: Prof. Dr. Rodrigo Faria

Local: Campinas, São Paulo

Ano: 2007

Objetivo: Analisar uma obra de Lucio Costa, compreendendo os aspectos do modernismo brasileiro e europeu em sua obra.

Instituição: Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.

Data de aprovação:

Assinatura:

_____________________________________________Prof. Dr. Rodrigo Faria

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Page 3: Lúcio Costa e o Modernismo

Índice:

1. Breve Biografia de Lucio Costa pág. 04

2. Contexto Histórico de sua obra pág. 06

3. Arquitetura Moderna e seus principais aspectos pág. 08

4. Panorama Geral da Obra de Lucio Costa pág. 11

5. Obra de Lucio Costa: Park Hotel São Clemente pág. 15

6. Análise da Obra pág. 16

7. Referências Bibliográficas pág. 18

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Page 4: Lúcio Costa e o Modernismo

BREVE BIOGRAFIA DE LÚCIO COSTA

Lúcio Costa nasceu em Toulon, França, no ano de 1902, ao dia 27 de fevereiro, filho

do almirante Joaquim Ribeiro da Costa, a serviço no exterior. Estudou em na Royal Grammar

School de Newcastle no Reino Unido, no Collége National em Montreux, Suíça e pintura e

arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, que ainda aplicava um programa neoclássico

de ensino e onde se formou em 1924, começando a trabalhar ainda estudante. Neste mesmo

ano conhece Diamantina, Sabará, Ouro Preto e Mariana, tendo seu primeiro contato direto

com o colonial autêntico.

Casa-se com Julieta Guimarães seis anos depois, instalando-se depois em Correias, na

casa de veraneio dos pais da esposa, que ele projetara em 1928. Em 1930 é nomeado Diretor

da Escola Nacional de Belas Artes, introduzindo mudanças com a introdução de arquitetura

moderna no sistema de ensino. Entre seus alunos estava Oscar Niemeyer. Em 1931 organiza a

38ª Exposição de Belas-Artes, ou “Salão Revolucionário”, com ampla participação de artistas

e arquitetos modernos como Di Cavalcanti, Portinari, Anita Malfatti, Flávio de Carvalho,

Gregori Warchavchik, ele próprio e outros, dando visibilidade e legitimidade aos modernistas

de 22.

Entre 1931 e 1933, associado a Warchavchik, constrói seus primeiros edifícios de

orientação moderna e entra em contato com idéias de Gropius, Mies van der Rohe e Le

Corbusier. Em 1935, forma grupo com arquitetos modernos para elaborar o projeto do

edifício encomendado do Ministério de Educação e Saúde e no ano seguinte articula viagem

de Le Corbusier ao Brasil para avaliar este projeto. Em 1937 inicia a colaboração com

Rodrigo M.F. de Andrade no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN,

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Page 5: Lúcio Costa e o Modernismo

com viagem às missões jesuítas no  Rio Grande do Sul. Em 1938 projeta o pavilhão brasileiro

da New York World’s Fair, junto com Oscar Niemeyer.

O edifício do Ministério de Educação e Saúde é concluído entre 1944 e 1945 e o

SPHAN se instala no 8° andar do edifício. Na década de 1950, Lúcio Costa e a esposa sofrem

um acidente de carro e Julieta falece. Ao final da década, vence o concurso nacional para a

elaboração do Plano Piloto de Brasília.

Recebe o título de professor honoris causa da Universidade de Harvard nos Estados

Unidos e em 1961 apresenta a tese “O Novo Humanismo Científico e Tecnológico” ao

Massachussets Institute of Technology - M.I.T.. É chamado para chefiar a equipe que

projetou a recuperação da cidade de Florença, Itália, atingida por uma inundação em 1964 e

em 1969 elabora o Plano Diretor da Barra da Tijuca no Rio.

Aposenta-se do SPHAN em 1972. Em 76, é convidado a participar dos escritórios

Nervi e Lotti de Roma, participa da concorrência da nova capital da Nigéria, no entanto a

proposta não progrediu.

Em 1987, pede, através da apresentação do trabalho “Brasília Revisitada” que se

respeitem as quatro escalas que foram utilizadas na concepção da cidade, tais como

monumental, residencial, gregária e bucólica.

Em comemoração aos seus noventa anos, Oscar Niemeyer sugere, em 1992, uma

homenagem com a construção do “Espaço Lúcio Costa” na Praça dos Três Poderes em

Brasília. Falece em 1998 no Rio de Janeiro, em sua casa no Leblon. Em 13 de maio de 2000,

é criada a Casa de Lúcio Costa: “sociedade civil sem fins lucrativos, teve origem na intenção

de cuidar da profusão de papéis que permaneceram no apartamento onde morou desde 1940”¹

___________________________________________________________________________

1. Casa de Lúcio Costa – A Casa. In: [Online] URL: http://www.casadeluciocosta.org/index2.html.

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Page 6: Lúcio Costa e o Modernismo

CONTEXTO HISTÓRICO DE SUA OBRA

O arquiteto começou a trabalhar ainda estudante. Sua primeira obra data de 1921 a

1922. Este período da história brasileira foi marcado pela derrocada da República Velha, por

graves crises econômicas decorrentes da quebra da bolsa de Nova York em 1926, pela

eclosão de levantes militares, pela divisão política das oligarquias, caracterizada pela política

café-com-leite, na qual predominavam as oligarquias de São Paulo, representado pelo café, e

as de Minas Gerais, representadas pelo leite, além de movimentos sociais e culturais.

No âmbito artístico, o fato mais marcante foi a Semana de 22, que ocorreu entre 13 e

17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. A proposta de Semana de Arte de

22 era quebrar os padrões artísticos tradicionais aclamados pela burguesia da cidade e mesmo

do Brasil. Dela participaram Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Tarsila do

Amaral, entre outros.

Seus participantes, além de buscarem romper com os padrões tradicionais, desejavam

conferir um caráter mais nacional à arte produzida no Brasil, ou seja, extrair os conceitos que

acreditavam serem bons dos movimentos artísticos internacionais - especialmente europeus –

e juntá-los às características nacionais, valores brasileiros, e, principalmente, à cultura

nacional, à cultura do povo brasileiro.

Neste ponto, a obra de Lúcio Costa se aproxima muito do que preconizavam os

modernistas da Semana de 22. Segundo Abílio Guerra, arquiteto e historiador cuja tese de

doutorado demonstrou esta relação, Lúcio Costa constrói um discurso sobre a arquitetura

moderna brasileira semelhante ao da Semana. "O discurso de Costa era mais culturalista do

que arquitetônico (...) o que ele fez, de maneira inteligente, foi dar um caráter nacional à

nossa arquitetura moderna, que nada mais era do que uma arquitetura internacionalizante".

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Page 7: Lúcio Costa e o Modernismo

Ademais, algumas atitudes dos modernistas de 22 influenciaram indiretamente a

formação da arquitetura moderna brasileira, que foi propagada por Costa. O grupo promoveu

visitas de europeus ao Brasil como o artista futurista Marinetti e o poeta Blaise Cendrars, que

escreveu a Le Corbusier relatando a intenção do governo de construir Brasília.

O arquiteto suíço veio, posteriormente, em 1929, a convite de Paulo Prado, principal

patrocinador da Semana de Arte Moderna. Retornou depois ao Brasil novamente, para

auxiliar Lúcio Costa e Oscar Niemeyer com o projeto do Ministério de Educação e Saúde, em

1936 e depois, em uma terceira viagem, visitar Brasília.

A obra de Costa ainda se estendeu pelas décadas de 1930 a 1970. Este período foi

marcado por diversos movimentos culturais e sociais. Durante a década de 50, o Brasil se

industrializou e um novo parâmetro para a arquitetura teve que ser adotado. O número de

automóveis cresceu e os veículos estavam mais modernizados. Uma nova maneira de viver

foi adotada pela população brasileira, se inspirando no american way of life. Com o governo

de Juscelino Kubitschek, deu-se início ao processo de criação de Brasília, cuja idéia já vinha

sendo ponderada desde o final do século XIX, apesar de ainda não possuir este nome.

Juscelino promoveu o concurso para escolher o Plano Piloto da capital, no qual a

proposta de Lúcio Costa ficou em primeiro lugar, cumprindo com simplicidade o requisito

básico de ser uma cidade-sede do poder do Estado. Seguindo princípios da Carta de Atenas

(1933), o projeto de inspiração modernista previa estruturas que permitissem a ampliação da

cidade, à medida que ela se desenvolvesse. O maior destaque em relação aos concorrentes foi

o equilíbrio entre a esfera residencial e administrativa, representado pelos dois eixos que se

cruzam. Ao lado dos projetos de edificação de Oscar Niemeyer, o Plano Piloto marca a

produção arquitetônica brasileira e a partir de então a profissão de arquiteto atinge grande

visibilidade e importância no país. Entre Brasília e o fim de sua carreira, Costa desenvolve

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Page 8: Lúcio Costa e o Modernismo

uma série de propostas urbanísticas para diferentes escalas e locais, principalmente entre 1967

e 1985. O arquiteto recebe muitas homenagens e títulos que confirmam sua importância não

apenas no Brasil, como o Grau de Comendador pela Legião de Honra da Franca, em 1971, a

Grande Medalha de Ouro da Academia de Arquitetura da França, em 1982, o prêmio UIA por

sua atuação na área de urbanismo e planejamento, em 1984, sua nomeação a Patrono do XIII

Congresso Brasileiro de Arquitetura de 1991, o Espaço Lucio Costa, em 1992 e, por fim, a

exposição “A Presença de Lucio Costa” inaugurada no Paço Imperial no ano de 2002.

PROJETO PILOTO DE BRASÍLIA LUCIO COSTA E JUSCELINO KUBITSCHEK DECIDINDO

LOCAL DE IMPLANTAÇÃO DA NOVA CAPITAL

ARQUITETURA MODERNA E SEUS PRINCIPAIS ASPECTOS

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Page 9: Lúcio Costa e o Modernismo

A arquitetura moderna tem vários conceitos importantes, que foram criados conforme

a produção dos arquitetos foi seguindo. Vários destes aspectos surgiram com Le Corbusier,

um dos principais arquitetos modernistas e principal expoente da arquitetura moderna

européia.

Surge principalmente, opondo-se aos estilos históricos, principalmente por sua

ornamentação às vezes exagerada. Seu objetivo era a criação de espaços e objetos

geométricos e mínimos, influenciados pelas idéias de industrialização, economia e progresso.

Os edifícios deveriam ser limpos e úteis, simples e funcionais. Como síntese do ideário

moderno, há duas máximas que o representam bem:

“Menos é Mais”, de Mies Van der Rohe

e “A forma segue a função”, de Louis Sullivan.

De uma forma geral, o Modernismo possui diferentes estilos, ou sub-estilos,

dividindo-se de acordo com ideais diferentes:

- Expressionismo:

Sinteticamente, era caracterizado por:

- Expressão

- Instabilidade

- Antropomorfismo

Suas formas normalmente eram curvas e os arquitetos que mais se destacaram

foram Bruno Taut, Erich Mendelsohn, Peter Behrens, Hans Poelzig, Fritz Höger e

Pieter Kramer.

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Page 10: Lúcio Costa e o Modernismo

- Construtivismo:

Foi mais comum na União Soviética, e suas formas eram basicamente

formadas por estruturas metálicas nuas. Sintetizada pelos seguintes conceitos:

- Radicalismo

- Experiência

- Renovável

Destacaram-se arquitetos da União Soviética, principalmente: Vladimir Tatlin,

Leonid Viktor & Alexander Vesnin.

- Purismo:

Através de Le Corbusier, o Purismo tornou-se praticamente um sinônimo de

arquitetura moderna. Foi a forma mais comum do estilo modernista, através do qual se

tornou um estilo universal.

- Volume

- Forma

- Espaço

- Luz

- Pureza de formas e cores

Le Corbusier foi seu principal expoente, mas teve outros destaques como

Berthold Lubetkin e André Lurçat.

- Racionalismo

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Page 11: Lúcio Costa e o Modernismo

O Racionalismo foi uma conseqüência da aproximação entre o avanço

tecnológico com o compromisso social.

- Produção Industrial

- Plano Racional

- Estrutura

Destacaram-se Walter Gropius, Ludwig Mies Van der Rohe, também Le

Corbusier, Ernst May e Hannes Meyer.

- Funcionalismo

Considerava que as formas podiam ser desenvolvidas para se adaptarem às suas

funções.

- Função

- Forma

- Processo

- Industrial

Destaques: Louis Sullivan, Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, James Stirling.

PANORAMA GERAL DA OBRA DE LÚCIO COSTA

Lúcio Costa nos deixou não só o Plano Piloto de Brasília e parte da autoria do edifício

do Ministério da Educação e Saúde (1937), no Rio, mas também inúmeros conceitos

arquitetônicos e textos sobre a cultura nacional. Durante sua carreira, construiu uma ligação

com os modernistas de 22 tanto no discurso (muitas vezes mais culturalista do que

arquitetônico) quanto em suas obras, conferindo caráter nacional à arquitetura brasileira.

Porém, seu contato com os preceitos modernos ocorreu um pouco tardiamente, após ter uma

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Page 12: Lúcio Costa e o Modernismo

decepção com o neoclassicismo, que não dava conta de revigorar os valores da arquitetura

colonial. Assim como os modernistas brasileiros, que tinham valores passadistas na cultura

indígena e sertaneja, por exemplo, Costa desejava vincular a arquitetura moderna aos padrões

coloniais. Um exemplo dessa ligação foi o incentivo ao avivamento da obra de Aleijadinho

enquanto era membro técnico do SPHAN, sendo o arquiteto e escultor mineiro até então

desconhecido da cultura nacional, exceto por um texto de Mário de Andrade escrito sobre ele

nos anos 20.

Abaixo segue cronologia de suas principais obras arquitetônicas.

Projetos Neocoloniais

-1921: Casa Rodolfo Chamberland

-1922: Participação nos projetos para a Exposição Internacional do Centenário da

Independência e para o Pavilhão das Grandes indústrias

-1923: Projeto vencedor do concurso Solar Brasileiro

-1924: Casa Raul Pedrosa (atual sede da Rio Arte, no Rio de Janeiro)

-1928: Casa de Correias

- 1930: Casa Ernesto Gomes Fontes, sua última manifestação de sentido eclético-

acadêmico

Projetos Modernos

- 1931 a 1933: Conjunto Residencial para Operários da Gamboa e casa Alfredo

Schwartz (1932)

- 1934: Projeto para concurso da Vila Operária em Monlevade

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- 1932 a 1935: Anos chômage, ricos em estudos e reflexões sobre arquitetura: “casas

sem dono” e “projetos esquecidos”

- 1935 a 1937: Ministério da Educação e Saúde Pública (construção finalizada em 45)

- 1937: Projeto para Museu das Missões, no Rio Grande do Sul

- 1938: Casa Marinho de Azevedo Filho

- 1939: Pavilhão Brasileiro para a Feira Mundial de Nova Iorque

- 1942: Casa Barão de Saavedra em Petrópolis e casa Hungria Machado (atual

consulado da Rússia, no Rio de Janeiro)

- 1943: Plano de urbanização para o Parque Guinle

- 1944: Park Hotel São Clemente e casa Paes Carvalho

- 1948: Edifício Nova Cintra

- 1950: Edifício Bristol

- 1953: Casa do Brasil, em Paris

- 1954: Edifício Caledônia

- 1955: Altar para o 35º Congresso Eucarístico Internacional

- 1956: Edifício do Banco Aliança e a Sede do Jockey Club do Brasil

- 1957: Projeto vencedor do concurso para o Plano Piloto de Brasília

- 1958: Torre Radiotransmissora e a Rodoviária, ambas em Brasília

- 1959: Recuperação da Igreja do Outeiro da Glória no Rio de Janeiro

- 1961: Plano Piloto para a Universidade de Brasília

- 1963: Apartamento para sua filha Maria Elisa Costa Sobral

- 1964: Pavilhão do Brasil na XIII Trienal de Milão

- 1967: Projeto de Expansão para Florença, apresentado no Congresso Internacional

de Urbanistas

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- 1969: Plano de Urbanização da Barra da Tijuca

- 1970: Caixa D’água para a SUDEBAR

- 1972: Proposta para Região dos Alagados em Salvador

- 1973: Monumento Estácio de Sá

- 1976: Plano para a Nova Capital da Nigéria

- 1978: Casa Thiago de mello

- 1980: Novo Pólo Urbano de São Luís do Maranhão

- 1980 a 1981: Estudo para Casablanca

- 1982: Casa para sua filha Helena Costa

- Espaço Cultural Thiago de Mello

- 1985: Projeto de Adensamento e Expansão do Plano Piloto de Brasília e casa Edgar

Duvivier

É de grande importância ressaltar que o edifício do Park Hotel São Clemente, o

Conjunto Residencial do Parque Guinle e o Conjunto Urbanístico de Brasília foram tombados

oficialmente nos anos 1985, 1986 e 1990, respectivamente. Em 1987, Brasília passou a fazer

parte da lista do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da UNESCO.

Uma outra parte da obra de Lucio Costa se refere aos textos e artigos publicados em

vida, nos quais imprime reflexões e divulga os preceitos da arquitetura moderna e de sua

vertente brasileira.

1- “A Situação do Ensino de Belas-Artes” (1930), escrito em meio às reformas que

propôs à ENBA, rompendo publicamente com o movimento neocolonial.

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2- “Razões da Nova Arquitetura” (1939), programa elaborado para um curso de

pós-graduação no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, fundada em

1935.

3- “Depoimento de um Arquiteto Carioca” (1951)

4- “Considerações sobre o Ensino da Arquitetura” (1945)

5- “O Arquiteto e a Sociedade Contemporânea” (1952), apresentado na

Conferência da UNESCO em Veneza

6- “Desencontro” (1953), no qual rebate críticas à arquitetura moderna brasileira

7- “O Novo Humanismo Científico e Tecnológico” (1961), apresentado nas

comemorações do centenário do MIT

8- “Lucio Costa: Sobre Arquitetura”

9- “Registro de uma Vivência. São Paulo: Empresa das Artes”

Finalizando este panorama geral, vale ainda ressaltar que durante seus 35 anos

trabalhando como diretor da Divisão de Estudos e Tombamentos no SPHAN criou critérios e

normas para classificação, análise e tombamento de edifícios no Brasil e desenvolveu projetos

para a instituição (museu em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, e as rampas do

outeiro da Glória, no Rio de Janeiro), abrindo, dessa forma, caminho para profissionais que se

dividem entre o trabalho de arquiteto e a atuação em órgãos do patrimônio atualmente.

OBRA DE LÚCIO COSTA: PARK HOTEL SÃO CLEMENTE

Este projeto mescla diversos preceitos da arquitetura moderna com a busca pela

identidade local, sendo um exemplo claro da maturidade da obra de Lucio Costa.

Encomendado pela família Guinle, o Park Hotel São Clemente localiza-se em Nova Friburgo,

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região serrana do Rio de Janeiro, e foi projetado em 1944. Segundo Maria Elisa Costa Sobral,

filha do arquiteto, a idéia inicial era construir uma pequena pousada para hospedar possíveis

loteadores do Parque São Clemente, porém Costa entusiasmou-se e o projeto inicialmente

simples resultou em uma pequena obra-prima. Além disso, os móveis e a decoração interna

foram também totalmente desenhados por ele.

Atualmente, o Park Hotel enfrenta dificuldades de manutenção, assim como a vila

operária da Gamboa e o projeto urbanístico da Barra da Tijuca, outras duas obras do

arquiteto. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, desde 2003, por causa de fortes

chuvas, o hotel está fechado. Parte dos estragos aparentemente já foi consertada, mas um

projeto inscrito na Lei Rouanet busca recursos para fazer a restauração completa.

ANÁLISE DA OBRA

O hotel possui uma concepção rústica que utiliza materiais locais. A estrutura é de

eucaliptos aparentes, inclusive no interior dos 10 quartos, e os fechamentos são em alvenaria,

madeira e pedra. Há uso também de extensos planos de vidro na fachada inferior e, no

segundo andar, predomina uma varanda contínua e brise-soleil, servindo todos os quartos.

Uma das características mais marcantes do projeto refere-se a interpenetrabilidade dos

espaços, resultado da independência da estrutura de madeira em relação aos vedos. Outro

destaque é a forma trapezoidal do edifício como um todo, possibilitando a iluminação dos

banheiros sobre a galeria de circulação.

Este projeto se esquiva das lajes planas, comuns em grande parte dos projetos de

inspiração moderna, que compõem uma solução mais compositiva do que estrutural, já que as

telhas conferem melhor desempenho térmico e escoamento das águas das chuvas. Este é

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apenas um exemplo do refinamento dessa obra, que não só alia telhados tradicionais a

preceitos de arquitetura moderna, como também resgata a simplicidade de uma cabana na

montanha.

PARK HOTEL SÃO CLEMENTE

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros

MELVIN, Jeremy. ...Ismos – Entender a Arquitectura. Lisma: Editorial Turner, 2006.

GUERRA NETO, Abílio. Lucio Costa, Modernidade e Tradição – Montagem Discursiva

da Arquitetura Moderna Brasileira. Campinas: Editora UNICAMP, 2002.

WISNIK, Guilherme. Lucio Costa. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2001.

BRAGA, Andréa de C., FALCÃO, Fernando A. R. Guia de Urbanismo, Arquitetura e

Arte de Brasília. Brasília: Fundação Athos Bulcão, 1997.

Sites

http://www.casadeluciocosta.org/index2.html

http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura237.asp

http://www.infobrasilia.com.br/lucio.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%BAcio_Costa

http://www.ocaiw.com/catalog/index.php?lang=pt&catalog=arch&author=11

http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura237.asp

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u46573.shtml

http://palazzo.arq.br/index.php?option=com_content&task=view&id=46&Itemid=26

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