lucas soares dos santos ramalho · no alto-mar eu vejo uma ilha eu levo em falsa-segurança a nossa...
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
1ª Edição
Câmara Brasileira de Jovens Escritores
Espiral Poética
Lucas Soares dos Santos Ramalho
Copyright©Lucas Soares dos Santos Ramalho
Câmara Brasileira de Jovens EscritoresRua Marquês de Muritiba 865, sala 201
Cep 21910-280Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 3393-2163
Dezembro de 2009
Primeira Edição
Coordenação editorial: Gláucia HelenaEditor: Georges Martins
Produção gráfica: Alexandre CamposRevisão: do autor
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, porqualquer meio e para qualquer fim, sem a autorização
prévia, por escrito, do autor.Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais
Rio de Janeiro - Brasil
Dezembro de 2009
Espiral Poética
Lucas Soares dos Santos Ramalho
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Espiral Poética
DEDICATÓRIA
À Energia Transformadora.Não sei realmente o que ela é.
Mas sei que ela é realmente.
Índice
Parte 1
Um Brinde a Satã. . . . . . . .9Luz. . . . . . . .12Odin. . . . . . . .15Meu Velho. . . . . . . .17Cruz Amarela. . . . . . . .18Realeviatã. . . . . . . .20Solidão. . . . . . . .21Prazer Material. . . . . . . .22Forasteiro. . . . . . . .23Lona de Madeira. . . . . . . .24Pela Metade. . . . . . . .25Manhãs de Semana. . . . . . . .27Mudança de Comportamento. . . . . . . .28Nós. . . . . . . .29Aparências. . . . . . . .30Miudezas. . . . . . . .31Chuva de Cidade. . . . . . . .33Morte do Homem Sem Atitude. . . . . . . .34Homem Profundo. . . . . . . .25Noite Póstuma. . . . . . . .26Setembro. . . . . . . .37Primavera. . . . . . . .38
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
Parte 2
Três forças. . . . . . . .39Amplidão. . . . . . . .41Oceânico. . . . . . . .42Campo etéreo. . . . . . . .43Sutileza. . . . . . . .45Embriaguês. . . . . . . .46Antúria. . . . . . . .47Supremo. . . . . . . .48Marcha oculta. . . . . . . .49Caminhos do Ego. . . . . . . .50Obra-prima. . . . . . . .51
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Espiral Poética
UM BRINDE A SATÃ
Num brinde a Satã tudo começaDa chama que sustenta tua glória
Da força-mor contida em teus planosNo teu domínio humano por toda história
Vamos logo ao que interessaAs cartas quase todas sobre a mesa
Você jogando sujo como sempreÓ eterno rei das profundezas
Tua voz tão doce e fingidaTentando seduzir-me com enganos
Oferecendo o melhor da vidaOstentada nos teus pés mundanos
Eu corro para a sala, pego a lançaVocê batendo a porta da varanda
A luz da casa agora apagadaVocê me dando tudo eu quero nada
Você num sonho à noite me visitaA janela do quarto entreaberta
O coração acelerado alguém gritaEu me escondo e tu me encoberta
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
Você me dá o mundo eu o rejeitoMe oferece toda glória eu a recusoMe dá a perfeição eu imperfeito
Em ti, Rei da escuridão, eu me reluzo
A tristeza de repente me despontaEu caio em depressão tão mais profunda
Quanto mais tu me oferece a alegriaEu sinto em você a luz do dia
Num jantar regado a champanhaMe oferecendo pratos requintados
Eu ardo em mim me mata a dita fomeQue para sempre tu me acompanha
Eu entro no seu carro esportivoGanho correntes, ouro, diamante
Eu me esqueço, não estou mais vivoVivo apenas como nova amante
Num instante surge o anel do casamentoO altar-mor ao longe decoradoO tapete vermelho desenrolado
Todo especial este momento
Eu decido de uma vez pra eternidadeSe vale a pena caminhar em liberdadeOu prender-me ao mundo dos desejos
No tão suave e esperado beijo
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Espiral Poética
Viajamos na noite seguinteMe arrasta a correnteza deste mundo
No alto-mar eu vejo uma ilhaEu levo em falsa-segurança a nossa filha
Você me abandona eu sozinhoO choro me desnuda em sobressaltoPorque fui logo escolher este caminho
Olhando em frente sem olhar pro alto?
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Prova 01CBJE
LUZ
Numa espiral de luzQue me tocou o coraçãoNum vórtice de energia
Que acendeu meu corpo inteiroEu vi por entre as geraçõesO planeta e as constelações
No espaço verdadeiro
Esta luz envolvia tudoCrianças, árvores, praças e monumentos
Nada lhe escapava o teu domínioQualquer que for o pensamentoBem e mal juntos são apenas
Vibrações energéticas que causamAs transformações materiais
Meu coração engrandeceu em seu vibrarO cansaço, o tempo, nada me fazia parar
Somente via a luz e dela queria falar
Tudo era mais claro em minha frenteA criança brincando com a serpente
Eram parte da mesma história de viverTudo que precisávamos saber era luz
Agradecermos a luz que alimenta e protege e conduz
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Espiral Poética
Homem grato por ser luz inteiraMulher grata por ser luz inteira
E discernir as freqüências vibratóriasE selecionar as que mais nos são afins
E sintonizar com aquelas que são melhoresPois mais alto voamos e livres do peso da matéria
E para qualquer lugar chegamos sorrindo e com luzVista por todos, era confortável, atraente, luz que acende pessoas,
Que mostra caminhos nunca dantes vistosLuz que sorri e agradece
Luz de AmorAbsoluta
Nunca se apagaSempre ilumina mais
Mesmo que não se queiraNinguém vive sem luz pois que
A existência não pode ser trilhada no escuro
A quem hoje iluminaste ?Quem te iluminou, agradeceste?
Um sorriso, uma gratidão, um aperto de mão mais apertadoEnfim uma alegria compartilhada e a necessidade de cumprirmosA nossa parte nesta parte infinitamente pequena deste universo
Parte tão vigiada por todos, mas ninguém sabe olhar profundamenteEnxergar uma luz interior em cada ser em cada objeto
Tudo são aparências e ilusõesPensamentos perdidos no vazio do que se foi ou do que virá
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
Pois que o tempo é ilusão, não nos acomodemosO passado que se foi que está em nósO futuro que virá que está em nós
Nós estamos no presente que está em nós e em todosE vivamos e agradeçamos e abençoemos
Pois que agora é para sempre e tudo se transforma em Luz
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Espiral Poética
ODIN
Quero dizer-te algo que conhecesQue sabes muito bem o tratado
Em se passando o fato em si tu esquecesMas logo volta à lembrança ao derrotado
Se esperas grandeza na vidaAlgum sentido especial de viver
Se tua fraqueza sempre sai fortalecidaÉ por não saber o que não quer saber
Sonhar é esquecer o mundoSenhor de mil castelos
Mas tem que abri-los profundoSe realmente quer conhecê-los
Homem não conseguidoO que queres imediato desvanece
De cor branca, encardidoO suor lhe escapa da face
E se não o tens num instanteO som lhe escapa da boca
As mãos uma a outra distanteA vontade é muito pouca
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Prova 01CBJE
Se não entender o que faloNão sabes o que passei
Tudo que tinha a revelá-loJá lhe revelei
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Espiral Poética
MEU VELHO
Toda minha vidaFoi guiada por um velho que dizia
Que isto é arriscado, que aquilo eu não podia
O tempo passava e o velho não morriaA vida passava e o velho continuava
Mesmo quando eu queriaO velho não morria
Quando eu o expulsei de casaEle voltou no outro dia, cínico, cheio de graça
Querendo companhia
Quanto mais ele ficava, mais eu envelheciaTão velho quanto ele com a mesma covardia
Que eu detestava
E quando eu fiquei velho e dele já não precisavaFinalmente o velho morria
E junto me levava eternamente
Só então eu percebia que o velho só existiaDentro de mim, numa disputa
Entre o homem que queria e o homem que faziaEle era o juiz, ele era uma desculpa
Quando alguém me perguntavaPor que eu não era feliz.
24/12/2006
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Prova 01CBJE
CRUZ AMARELA
Você que caminha pelas ruasSem saber o que procura
Atravessando entre as duasPistas da mesma loucura
Já não vai junto contigoOs ventos leves da vidaSomente o correr antigo
De água escura e poluída
Quero mostrar-te um segredoPor entre a janela
Um homem com medoCom uma cruz amarela
Andando em silêncioCom os olhos fechadosEsperando o momento
De ser enterrado
Com sua cruz amarelaE toda vergonhaEle que sonha
Em nunca mais vê-la
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Espiral Poética
A vida que gritaE mostra o caminhoNa sua voz aflita
No seu jeito certinho
Ele se escondeEntre as paredes
Num lugar distanteLonge de gente
Andando em círculosEsperando chegar
Em algum lugar ridículo
Mas ele não largaDa cruz amarela
Sonhando de noite com a noite mais bela
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Prova 01CBJE
REALEVIATÃ
Faz um tempo reclamaste não é mesmo?Que te queres? Por que não me deixas? Este era o seu desejo
Pois tu caíste morro abaixo não é mesmo?Teu sorriso brilhante agora é muito raroE teu rosto tão alegre parece tão frágil
Na maré te acorrentaste não é mesmo?Mas tu foste arrastado para as profundezas
A correnteza era muito forte, não era este teu anseio?
Então, agora, por que suplicas consolo?Soubeste agora a dor do abandono, mas parece tão sereno,
Acostumou-se com a miséria, ser pequeno?Tua cara esta tão séria
Eis o teu veneno
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Espiral Poética
SOLIDÃO
O meu amor é solidãoMais tímida do que carente
Mais fria do que quenteMais mente, menos gente
Solidão que machuca quem senteFaz mais falta em quem mente
Que exalta e alertaQue desperta a procura
Revolta no cansaçoMadura sem laço
Não faz embaraço e nem caçoE nem caço e nem caço
Mas solidão pra não desistirDesafio de se abrir no inverno
Mergulhar no infernoE florir
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
PRAZER MATERIAL
Eu não tenho prazeresEles é que me tem
E não comando mais minha vidaDesse crime eu fui refém
Dos meus pecados estou livreVou mostrar meu atestado de loucuraNão preciso mais usar essas correntes
Que me prendem à minha própria cura
Eu vou sonegar meu plano de saúdeMeus remédios são feitos de atitudesQue me libertam desse vício social
Esse modelo que engana e corrompeDesse padrão que trata nossos sonhos
Como nota de um real
Seus prazeres vão ser apreendidosE suas idéias foram todas vendidasVai passar na propaganda eleitoral
Seu amor virou comercial de televisão
O que sobra de você é guardado num caixãoUm colar, uma flor, uma vela e uma oraçãoE seu nome é inscrito numa placa de latãoE noutrodia te esquecem, chuva de verão
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Espiral Poética
FORASTEIRO
Agora em teus olhosNão vejo mais aquela ânsia de viver
Curtir cada momentoPara não se arrepender
A tua moral está naufragadaNesses oceanos de padrõesO teu moral está perdidoNesse mundo de ilusões
Hoje o que importas mesmo é teu mundoSua vida se resume a ficar lendo poesiaMas se esquece que narciso virou florE a vida é um forasteiro tão perfeito
Que nunca errou a pontaria
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
LONA DE MADEIRA
Ouço meus passos caminhando em destinos incertosE a voz que vem de dentro só me fala por metáforas
E os sinais da vida são reais, mas inaceitáveis!Prefiro não ver a luz, uma lona de madeira me cobre
Mas não me livra da cruz - me livre da cruz
Eu não precisava comprar os números da minha sorte!Era só querer e a vida se curvaria diante da morte!Mas acabei pagando o preço da cópia. Eu só queria
Errar como meus ídolos. Preferia não ver a luz.Me cobriria com uma lona de madeira e me livraria da cruz.
Essa dor é tão boa, mas é fora da leiRegras de homens comuns, preconceitos
Sempre foram normais
Eu não posso mais proteger, nem os santosSó os loucos. Me confiar é suicídio
Mas minha alma ainda está caminhandoCom os outros!
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Espiral Poética
PELA METADE
Dezoito anos de vidaJá me sinto moribundoNum boa noite querida
Alguém acabou com meu mundo
Meus erros são tantosMinha vida um desastreMas quando eu acerto
E só pela metade
Eu queria possuirA fórmula do esquecimento
Pra que eu pudesse rirNo próximo lamento
Se tudo é perfeitoDo sonho eu desperto
Meu único defeitoÉ quando chego mais perto
Do grande milagre da vidaDesta fossa caleidoscópica
Caiu minha carruagem perdidaO fim do dia do outro é cópia
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
E assim eu vou sonhandoE assim eu vou errando
São dezoito anos e as horas vão passandoSão dezoito horas e os anos vão passando
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Espiral Poética
MANHÃS DE SEMANA
Traz feliz sorriso o sol nascenteEsperanças vem com o novo diaAté mesmo aquele que sofria
Hás de sentir o perfume aparente
Mas olhando no espelho dessa genteNada se vê além da cobardia
Transformando em triste melodiaA imagem que o torna atraente
E seu brilho que enegrece a primaveraLiberta dos demônios o seu inferno
Assim fazendo nova lei que o impera
Crendo que seu temor seja eternoprefere a mudar o que fizera
Sentir o gelo frio do seu inverno
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
O mundo gira em muitas voltasSol a pino, dia calmo, noite fria, sem revolta
A vida vira a morte-viva em uma vida
O mundo giraGira o mundo num segundo
Volta e meia, meia-volta, meio-dia, todo mundo
O mundo muda todo mundo
O mundo roda a roda-vivaDia morto, lua cheia, dia novo, gente sofrida
Volta o vai-e-vem e vem o vai e volta
É só o comportamento de uma mudança de comportamento
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Espiral Poética
NÓS
Em cada instante cada hora apareciaDuma forma dum jeito diferente
Quem de você era você eu não sabiaNesta gangorra mutante inconsequente
Da neblina ao fogo que incendeiaDos calmos ribeirões à mor-tormenta
Do sol nascente à lua cheiaQuem era tu que em cada hora se apresenta
Em meio à confusão eu percebiaQue em tua mudança eu transformavaA minha vida e então não conseguia
Saber quem era tu, nem eu de mim, o que restava
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
APARÊNCIAS
Quero uma roupa bonitaPra que eu saia noite afora
Alguém me desacreditaÀ face oculta que aflora
Como posso revelar-meNa madrugada friorentaalgo que não me desarme
Mas algo que me arrebenta
E na força da aparênciaVivo pedindo perdão
Porque falta minha essênciaDói mais fundo o coração
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Espiral Poética
MIUDEZAS
Mui distante estou do que há de serNada mais pode me remediar
Nos braços do primeiro que aparecerMeu coração vou entregar
Mui longe estou do que há de veroQue me mantém senão as aparências?
Nesta mentira eu jogo sinceroNestes cuidados estão minhas imprudências
Eu tenho rasa as minhas profundezasNum mergulho vou até o fundo
Vem à tona as minhas miudezasSalta aos olhos de todo mundo
Eu choro que nem criançaEu grito de desespero
Me sobe a face da desesperançaMe sinto falso ante o verdadeiro
Eu olho sem ver a saídaEscuto sem ouvir a verdadeMe arrependo por toda vidaEis que tudo era vaidade
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
Acabo tudo num mergulhoQue me levem as correntezasAfogado no próprio orgulho
Nas pequenas miudezas
Vou ao fundo do abismoCriado pelo egoísmoE ressurjo triunfante
No que é mais importanteNeste ar que me respiroNo tempo de um suspiroNa flor que desabrocha
Antes grão hoje sou rochaNa rua antes deserta
Hoje sou uma casa aberta
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Espiral Poética
CHUVA DE CIDADE
Chove a cidade se escondePor trás das bancas telhados
Correm os outros aondeNão fiquem desabrigados
Que o céu cinzento desejaQue sintam todos espera
Que esteja onde não estejaQue inverno antes primavera
Chuva que represa a dorvai banhando o calçadãoÁgua que para onde forVai junto meu coração
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
A MORTE DO HOMEM SEM ATITUDE
Um homem caminhando pela praiaManhãzinha cedo e o tempo geladoAs pegadas na areia se desfazem
Com o vento frioCaminha sem qualquer caminho
Anda sem qualquer rumoTalvez pra dentro do mar
As pegadas desfazem o seu caminharAs lágrimas juntam-se às do mar
E ele continua a caminhar
Seus pés gelam pela água friaAs ondas batem nas suas pernas
A espuma embranquece a sua barrigaFica roxo o peito pela água fria
O gosto de sal na boca pelas ondasO cabelo branco pela espumaE mais um minuto de vida
Agora é o branco do flashbackUm filme veloz contando os dias
Mais uma história vaziaDo homem que chorava
Enquanto não agiaA água traz seu corpo gelado para a beira
As ondas anunciam sua morteAs espumas encobrem sua sorte
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Espiral Poética
HOMEM PROFUNDO
Caminhando pela chuvaOuvindo as vozes do ventoEscrevo a noite se curvaNum rápido pensamento
Água que vai devagarVai levando minha vidaDepressa vai para o marDepressa vem me convida
E lá nas águas profundasDe tão imenso oceano
E nas costas já corcundasDum pequeno ser humano
Ecoa a voz triunfanteDe vitória e de esperança
E num brilho num instanteDe toda a gloria que alcança
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
NOITE PÓSTUMA
O sol se põe na cidade anoiteceAs crianças nos bancos da praça
Brincavam como se não o houvesseO tempo perene não passa
A noite apresenta saudadeDas moças, minhas namoradas
Olhares de cumplicidadeAndávamos de mãos dadas
Os momentos ficam gravadosO que acontece há de acontecer
Que importam caminhos passadosEternamente o sol há de nascer
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Espiral Poética
SETEMBRO
Noite... Setembro me assombraA flor renasce do sal
Vendo minha própria sombraSob os domínios do mal
Levo minh’alma despidaEm cada instante floresceQuero viver minha vida
E a vida sempre me esquece
Sonho no sonho descubroO que não podia prever
Chegando ao fim em outubroA vida é mesmo viver
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
PRIMAVERA
A lágrima que escorre brilha augustaDo olhar lacrimejante a um pobre cego
Do passado socorre a que era justaUma espiral constante a mim delego
Presente que não morre que me assustaPrisão agonizante em fogo e pregoAcorrentado à torre tanto custa
Choro feito um infante e sempre nego
Quero me conformar não me conformoA flor que desencanta da semente
O arco-íris derradeiro em mim chovendo
Pois logo o ser inteiro vai nascendoNa luz que brilha e canta o som ausenteA voz faz transformar eu me transformo
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Espiral Poética
TRÊS FORÇAS
Olhar atento à noite que aproximaO vento frio que traz a madrugadaE se escrevo com cuidado esta rima
É que a neblina ofusca mais a luz quase apagada
Pois que ainda vejo as três forças existentesUma a uma se apresenta à claridadeE como que por encanto de repente
Lhe cai a máscara, vêm sem falsidade
A primeira à beira dos ribeirosDas represas, terras, montes e penhascos
Não atingem o homem verdadeiroFaz dele marionete o vil carrasco
Solta como o vento vai passandoQue inunda o coração de incertezasPois que se apega não se apegandoNos mares, rios, nas correntezas
A segunda que provem do infinitoColossal espaço desconhecido
E se reúne e harmoniza sem conflitoEm torno do planeta embevecido
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
Sintonia que ilumina a senda escuraNos trilhos e caminhos do universo
Que lhe chamam, sem errar, boa venturaQue de tua tinta à pena escrevo imerso
Por fim glorificada força santaQue habita o homem dos pés à cabeça
Que está na voz que escapa da gargantaE maravilha faz em quem tem pressa
Tão logo o dia nasce tu sublimeDespertas do leito o ser esplendorosoQue passo a passo na arte do crimeSai vitoriosa esmaga o ser trevoso
Tu existes sem contrapartidaCausa sem efeito e solução
Tu crias e destróis a própria vidaTuas garras envolvem o coração
E quem dela necessita agradeceÉs pai e mãe e filho verdadeiro
O mundo construído em sua preceA prece que protege o corpo inteiro
E sem desprezar a origem primitivaDas profundezas do ser celestialEu olho para dentro a força viva
Que tudo em mim transforma em brilho natural
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Espiral Poética
AMPLIDÃO
Pude sentir num segundo de eternidadeComo um clarão na noite de tempestade
Tudo se mostrava em profundidade
As coisas criadas pela humanidadeTão pequenas face o universo
Eu em mar profundo estava imerso
Que mesmo o canto mais belo do planetaNão poderia traduzir em sua letra
A grandiosidade da Luz incandescente
Mais forte que o astro conhecidoPermeava o que estava embrutecidoE até as forças mais sutis existentes
De serena paz, amplidão indescritívelCriadora, eterna indiscutível
A Luz que também se move em oração
E nas correntes do infinito ao Teu redorMergulhando e sentindo o Teu AmorPor toda a vida devotando gratidão
27/07/2009
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
OCEÂNICO
Das profundezas do ser celestialReina absoluta a certezaForça-motriz existencialA divindade em sutileza
Das dimensões que permeiam o universoAs vivências que vão se integrando
Cada uma em cada frase cada versoA forma oculta vai se revelando
Na grandeza da vida oceânicaQue abriga em toda tua essênciaQue une com extrema harmoniaO divino, o corpo e a consciência
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Espiral Poética
CAMPO ETÉREO
Num campo etéreo ampliadonas formas eternas originárias
Eu olhava extasiadoAo mesmo tempo várias
Num sorriso simples gesto de alegriaA alma em paz consigo mesma
nas curvas altas baixas percorriaDia após dia, forte e resma
Num dado momento se guardavaLogo era radiante entre os planos
Pois o fim da madrugada aproximavaA luz que vivifica e nos faz humanos
E homem inteiro feito eraPois que os três em harmonia conviviam
E a luz que recebera a todos deraE as sortes que eram tuas a todos iam
E mesmo o tempo era simples convençãoQuanta bondade cabe numa semanaQuantas vezes se ligava pelo coração
A outra alma bela e humana
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
E aquele que pediu uma doaçãoNem era real, centavo, apenas um abraçoEmbrutecido cimento armado fecha a mão
E guarda para si próprio fracasso
Uma palavra apenas uma oraçãoSeria luz água no teu deserto
Quem não perdoa não recebe perdãoQuem não erra não pode estar certo
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Espiral Poética
SUTILEZA
À noite escrivaninha à luz acesaOs goles de café vão se entornando
tentando descrever com sutilezaOs caminhos que a vida vai corando
Num ato de coragem e belezaQue a vida pouco a pouco foi vibrando
Sintetiza os mistérios da naturezaSutilmente nas páginas virando
Mas logo apaga a luz amanhecendoFindo o café tão doce e saboroso
Lhe cai das mãos a pena num espanto
Pois vendo iluminado alvorecendoTeme haja ante tal lume grandiosomui delgadas estrofes em teu canto
28/08/2009
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
EMBRIAGUÊS
Na sala lamparina um rádio velhoA senhora de idade se embriagaA moça sorridente num espelho
Vê do passado mão que não se afaga
De copo em copo segue num conselhoA imagem da outra moça que se apagaEm teus olhos de outrora hoje centelho
No mar da juventude velha vaga
A música na sala vai tocandoA lamparina acesa iluminando
Na mão o último gole de saudade
Na velha a vida vai se renovandoUm novo espelho d’água vai brotandoNo eterno caminhar da humanidade
06/09/2009
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Espiral Poética
ANTÚRIA
A sinfonia, em pausa, interrompeO velho divagar da filosofiaA miúda ciência de todo dia
Os trabalhadores em arritmia
É que por um segundo que irrompeA olhar pro céu Antúria estrela
Tão imensa quanto belaFogo flamejante, luz que péla
A Todo e qualquer pensamento corrompeO que era realmente tão imensoTudo que eu pensei e agora penso
Hoje estou tão leve, antes tão denso
E a vida é realmente tão mistérioQue a olhar pro céu nada descobreCom este ar semblante todo sério
Ajude, pelo Amor de Deus, este humano pobre
Que esquece todo instante a essênciaA intuição que lhe fora concedida
Lei natural impressa em consciênciaQue para todo o sempre seja tu em minha vida
08/09/2009
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
SONETO SUPREMO
Olhando ao meu redor gaguejo e tremoBatendo o coração acelerado
O sangue sobe ao rosto acaloradoFraquejando ante o ser maior supremo
Insistindo erro vou frente ao extremoAssumo a carga-mor penalizado
Eu que venci ontem hoje derrotadoEnfrento face a face o filho demo
E se por um acaso a bancarrotaCruzando meu destino tentadoraVisita minha vida num segundo
Eu rogo para o céu num tom profundoMe dê neste minuto de pandoraO gosto da pior e vil derrota
12/09/2009
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Espiral Poética
A MARCHA OCULTA
O solo em que tu pisas solo santoTeus passos deixam marcas pela vida
Em cada esquina encontra em cada cantoA força te conduz te consolida
Não leve caminhando cada prantoNem pise forte a terra mui floridaQue a vida nunca perde tão encantoQue a morte sempre não é despedida
E se para um momento contemplar-teCorrendo espera ainda caminhando
Descobrir o segredo de tal arte
A marcha oculta o vento vai passandoAperta o passo a vida logo parte
E renasce ninguém sabe até quando
15/09/2009
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Lucas Soares dos Santos Ramalho
Prova 01CBJE
CAMINHOS DO EGO
Olho por entre a vidraçaA vista que me escurece
Não sei se tudo que passaUma vez mais permanece
O caminho que me levaTão igual ao que me traz
Qualquer gesto que me atrevaSempre falta um gesto a mais
Vontade de libertarTudo aquilo que prender
Luz que brilha sem brilharNão ser mais do que não ser
19/09/09
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Espiral Poética
OBRA-PRIMA
Ecoam vozes pelo corredorEm palavras confusas e distantesPorém tão perto estou de toda dor
Que nem eu mesmo sou quem era dantes
Eu ando em círculos, vou para onde forOs sons espiralados recortantes
Enceno em muitos passos feito atorDos jogos teatrais de tempos antes
O fim da peça logo se aproximaO som vibrante vai silenciandoA luz que era tão forte desfalece
Apenas a harmonia estabeleceNova composição que vai formando
Espero Deus que seja uma obra-prima
24/09/2009
Livro produzido pelaCâmara Brasileira de Jovens Escritores
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