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Londres

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Londres

ÉRICA LOPES

Londres

Do amor nascia a incerteza

1º edição

SÃO PAULO, 2011

Saiba mais em: http://ericaplopes.blogspot.com Contato: [email protected]

Título: Londres – Do amor nascia a incerteza Copyright@ 2011 por Érica Lopes Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desse livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito do autor e/ou editores.

ISBN: 978—85 —913079—0—6

Capa Adriana Brazil

Revisão Márcia Rios

Para minha avó pelo seu imenso e generoso amor, te amo incondicionalmente. E a Mylla, primeira pessoa

a conhecer essa história e apostar nela junto comigo.

AGRADECIMENTOS

Obrigada primeiramente á Deus, por ser fiel

e nunca me abandonar nos momentos difíceis! Minha imensa gratidão, a minha avó, por

sempre acreditar em mim! Simplesmente amo você!

Com amor a minha família, minha mãe e

irmã Juliana. Jú você é uma irmã maravilhosa. Minhas tias, tios e primos, amo cada um de vocês.

Obrigada á todos os meus amigos. Andréia

Rodrigues, Ana Carolina, Anderson Barros, Adriana Brazil, Carolina Irwin, Cristiane Nunes, Jéssica Morais, Patrícia Diniz, Thiago Silvestre, Karoline Guimarães e Vanessa Alves. Obrigada á todos vocês, pelo apoio, carinho, palavras motivadoras e principalmente pela amizade.

Agradeço á mais nova amiga Aione Simões, pelas dicas, atenção e motivação.

Um grande e especial agradecimento aos

meus fiéis amigos:

Mylla Sandri, pelo simples fato ser minha amiga e aceitar-me do jeito que sou. Thiago Silvestre, pelas dicas, sugestões, elas foram muito importantes para o crescimento do livro. Vanessa Alves, pelo incentivo e entusiasmo, serei eternamente grata pelo que fez por Londres. Adriana Brazil, seu carinho e companheirismo foram essenciais. Um Obrigado mais do que especial pela linda capa que me presenteou. Vocês são pessoas iluminadas, agradeço á Deus por tê-los em minha vida, amo muito vocês!

Duvida da luz dos astros,

De que o sol tenha calor, Duvida até da verdade,

Mas confia em meu amor. - William Shakespeare (Hamlet - Ato II, Cena II)

PRÓLOGO Eu nunca pensei muito sobre o amor, nem

na forma que ele viria até mim. Aquele era apenas mais um dia chuvoso. Tudo parecia tão calmo, mas, ao fitar seus olhos comecei a entender o significado da palavra amor, e tocá-lo foi como sentir um pedaçinho do paraíso. Eu não sabia a grandiosidade de um beijo e muito menos a força que tinha e ao beijá-lo algo me dizia que estava correndo perigo, mas eu queria mais.

Um simples beijo pode virar sua vida de

cabeça para baixo... Os dias foram passando e juntos

construímos o que se chama amor em nenhum momento eu pensei em ser feliz, a felicidade foi consequência. E com ela trouxe algumas imperfeições, tais como: Pressa, medo e indecisão. Tínhamos pressa. Talvez porque já imaginávamos o que estava por vir. E em certos momentos tivemos medo. Medo de perder um ao outro. E esse medo transformou-se em indecisão. Eu tinha duas escolhas: Continuar ao

seu lado, mesmo sabendo que haveria dificuldades, ou passar o resto da minha vida condenada pela culpa.

Uma escolha errada muda toda a história...

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O AMOR é encontrar alguém para compartilhar,

dividir e somar, pois o verdadeiro amor nos deixa melhor do que somos. Mas não pense, que tudo são rosas. Lembre-se, a mais bela rosa, têm espinhos. É preciso saber que existem desafios e diversidades. Costumo dizer, que o amor está acima de qualquer entendimento. E é inútil tentar entende-lo, existem sentimentos que não precisa ser compreendidos.

Se quiser saber o que é o amor,

Sinta.

Só tome cuidado, porque ele é imprevisível, e de uma forma inesperada, eu encontrei o meu.

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1. Destino ou coincidência?

A vida nos ensinou que o amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim olhar juntos para fora

na mesma direção. - Antoine Saint- Exupéry

Eu tinha esperança que no final do dia o

sol pudesse abraçar um pouco a cidade. Ainda não me acostumei com clima gelado de Londres, o céu a maior parte do tempo está coberto por nuvens. Eu amava o calor, amava o Brasil, mas aqui seria minha segunda casa, ou melhor, será minha casa durante algum tempo. E terei que me acostumar. O que não é difícil, Londres é uma cidade simplesmente fascinante. Moro com Sofia, no apartamento que era de seu pai. Além de ser minha amiga de infância ela é minha grande companheira e confidente. Ganhamos uma bolsa de estudos para pós

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graduação e viemos parar aqui, não pensem que foi fácil chegar onde estamos. Foram anos consecutivos de muito estudo e muito esforço. Mas uma coisa tenho certeza, vir para Londres não foi mera coincidência – foi destino!

Era aproximadamente seis da manhã

quando o relógio despertou, senti a mão de Sofia me sacudir.

—Clara, acorde. É hora de irmos.

—Hein? Eu gemi. Que horas são? Perguntei

reprimindo um bocejo.

—Hora de irmos!

—Por favor, Só mais cinco minutos - disse

cobrindo minha cabeça com o cobertor.

Uma das coisas que eu mais odiava era

acordar cedo e, chegar atrasada — dois desejos

impossíveis de conciliar. Escutei Sofia bater a

porta e então me vesti rapidamente, arrumei

minhas coisas, peguei minha pasta de trabalhos

e sai apressada. E ainda se não bastasse o

atraso, os elevadores aquele dia estavam em

manutenção e, eu não tinha me dando conta.

—Vamos elevador! Eu exclamava sozinha.

—Senhorita Giombelly? Chamou Edward,

(mais conhecido como Eddie) o nosso vizinho.

— Sim Eddie?

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—Os elevadores estão em manutenção, ele

disse com um risinho.

—Droga! Pensei alto.

Sabe aquele dia que tudo parece dar errado? No início eu pensei assim, mas depois meu pensamento foi outro. A verdade era que aqueles cincos minutos mudaram completamente minha vida. O que parecia ser mais um dia rotineiro, tornou-se cheio de surpresas. Desci as escadas com pressa, (como se tivesse outra opção). Ofegante descia degrau por degrau, parei duas ou três para respirar e continuei. O que eu não imaginava era que perto dali, alguém tinha voltado para Londres. O que seria isso? Obra do destino ou apenas coincidência? Eu, Clara, tenho uma tese sobre destino e coincidência. Destino é quando alguém especial cruza o nosso caminho e a partir desse encontro descobrimos o real significado da palavra amor. Coincidência é estar na hora certa e no mesmo lugar que alguém e a partir daquele momento o destino é que vai dizer se aquela pessoa irá permanecer na sua vida. Se for destino ou coincidência estava prestes a descobrir. Desesperada descia as escadas e naquele exato momento ele acabara de colocar os pés no prédio. Por causa da pressa, acabei pisando em falso no último degrau e por conta disso, acabamos nos esbarrando. Todos os meus papéis voaram pelo ar, abaixamos ao mesmo tempo para apanhá-los e nossos olhares se

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cruzaram – senti meu corpo estremecer, meu coração palpitava, minha respiração acelerava. Por que estava sentindo aquela sensação de plenitude? Não conseguia pensar em nada, naquele momento só tinha olhos para ele. Ele é incrivelmente lindo para ser verdade, alto, pele branca, olhos e cabelos escuros, lábios graciosamente lindo e um sorriso... Um sorriso que me tirava o chão.

—Você está bem? Perguntou preocupado.

—S-sim, gaguejei, me desculpe, por ser tão

desastrada, disse sem graça.

—Que isso, não foi nada, disse ele dando

aquele sorriso que tirava o fôlego. Você está

realmente bem? Machucou-se? Perguntou

paternalmente.

—Estou bem, muito obrigada! Agora

preciso ir, disse levantando.

—Ei! Acho que isso é seu...

Sai sem olhar para trás, na verdade não era minha vontade – estava mais do que atrasada. Queria continuar ali, perguntar seu nome, seu telefone, ou somente ficar olhando-o sem dizer nada. Como alguém que mal conhecia conseguia tirava minha concentração? Quem era ele? Pensei, Já dentro do metrô e outra realidade me esperava. Cheguei quase no fim

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da aula de psicologia social, tentei passar despercebida, mas o senhor James fez questão de lembrar que estava atrasada, sorri sem graça e tentei aproveitar alguns segundos que ainda restavam da aula. Porém, era inútil – relutei com todas as minhas forças para prestar atenção, porém só conseguia pensar naquele sorriso. Por duas ou três vez, não lembro muito bem, o senhor James chamou minha atenção. Eu não via à hora de me encontrar com Sofia para dizer como minha manhã tinha sido animada.

Finalmente, a aula havia acabado. —Estão dispensados por hoje, por favor,

coloquem suas análises em cima de minha mesa. Disse o senhor James.

Análise? Onde será que estava a minha? Na

tentativa de encontra – lá revirei minha pasta, bolsa, e nada. Sem graça, confessei ao senhor James que havia deixado em casa. Compreensivo, deixo-me em entregar na próxima aula. Além daquele sorriso, algo martelava minha cabeça. Onde teria deixado minha análise? Eu jurava que ela estava na minha pasta. Terei que passar algumas horas na frente do computador analisando a teoria de Ivan Petrovich, mais conhecido como Pavlov. Eu tentei fazer a experiência que ele fez com seu cachorro, como o meu cachorro Peter, mas, não deu muito certo. Faltou um pouco de paciência

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da minha parte. Esperei Sofia na cantina da universidade, animada assim que me viu sorriu.

—Chegou muito atrasada moçinha? Ela

perguntou.

—Nem me fala, cheguei quase no final da

aula. Na verdade, eu adoraria me atrasar todos

os dias... Confessei com sorriso largo no rosto.

— O que aconteceu? Ela perguntou curiosa.

—Esbarrei literalmente em um cara

incrivelmente lindo essa manhã, suspirei.

—Que manhã agitada, cuidado para não se

apaixonar, avisou.

—Sofia, não o conheço, lembrei.

—É, isso é verdade. Concordou. Mudando

de assunto, hoje à noite vou jantar na casa do

meu pai. Vamos? Convidou. Assim ficamos

juntas e eu não tenho que aturar a mulher dele

sozinha. Meu pai vai gostar de vê-la, ele te

adora.

—Não posso, tenho que fazer minha

análise, não vai ser tão difícil assim aturá-la!

Estimulei.

—Por favor? Implorou ela.

—Desculpe-me Sofi, mas realmente não vai

dar.

Entrando em nosso prédio encontramos

Eddie e sua esposa Teresa. Eddie é um senhor

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de cinquenta anos, alto, cabelos grisalhos, pele corada e lindos olhos azuis. Ele e sua esposa são amigos de Otávio, pai de Sofia e Ruth sua madrasta. Quando o pai de Sofia, não estava por perto, ele e Teresa nos ajudavam no que fosse preciso. Moramos no mesmo andar, e isso facilitava as coisas. Sofia percebendo minha empolgação com o cara do sorriso bonito, perguntou a Eddie se tínhamos moradores novos no prédio. E ele confirmou nossas suspeitas, pois nunca vi aquele sorriso passeando pelos corredores. Descobrimos que eles eram nossos vizinhos. Eles. Isso mesmo, no plural. Antes de descer do elevador testei meu hálito, olhei no espelho para me certificar se estava bonita, na esperança de revê-lo, porém, foi inútil. Entrei no nosso apartamento, nem sei se é certo, usar o pronome ―nosso‖. Afinal, o apartamento era de Sofia. Ela fazia questão de dizer que era nosso. Que seja, entrei frustrada, realmente acreditava que poderia vê-lo novamente. Vendo-o, ou não, a vida tinha que continuar. E que tal começar procurando minha análise comportamental? O problema era que tinha revirado o apartamento de cabeça pra baixo e nada, já não sabia o que fazer. Sem animo, sentei-me na frente do computador e comecei a escrever algumas linhas. Sofia prestou sua solidariedade me desejando boa sorte.

—Então, como estou? Perguntou antes de

sair.

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—Vai jantar mesmo com seu pai?

—Vou por quê? Hesitou ela.

—Você está uma gata, observei.

—Quem sabe no caminho não encontro

meu príncipe encantado?

E antes de abrir a porta alfinetou. —Levanta

desde sofá e vai tomar um banho você está

horrível!

—Obrigada! A sinceridade de Sofia é

indiscutível.

—Beijos... Têm comida na geladeira,

tchauzinho!

—Boa sorte!

Sofia é do tipo perua, claro no bom sentido.

Adora vestir-se bem, está sempre ligada na moda e nas ―tendências‖, palavra que usa muito. Ela não pode ver um sapato alto ou uma bolsa que fica enlouquecida. Eu faço a linha, básica. Uso pouca maquiagem e não ligo muito para moda, aliás, costumo dizer, faço minha própria moda. Quando preciso, peço algumas dicas. Seguindo seu conselho, resolvi tomar um banho para relaxar. Enchi a banheira com água quente e fiquei deitada no meio da espuma cantarolando uma musiquinha que tinha ouvido um dia desses no rádio, quando finalmente, estava conseguindo relaxar a

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campainha tocou. Quem poderia estragar meu banho de espuma? Enrolei-me na toalha e fui ver quem era. Eu não tenho costume de olhar no olho mágico antes de abrir a porta. Sofia vive dizendo que qualquer dia desses seremos assaltadas. Abrir a porta foi à melhor coisa que fiz nos últimos tempos, meu coração deu algumas cambalhotas, depois caiu no chão. Ele olhou de baixo para cima, como se estivesse analisando cada parte do meu corpo. Totalmente sem graça, eu disse ―Oi‖ meio sem jeito. Extremamente educado ele desculpou-se envergonhado.

— Desculpe-me, eu não sabia...

— Eu que lhe devo desculpas - interrompi.

Ficamos nos olhando por um tempo, até

que ele quebrou o silêncio.

—Acho que isso é seu, disse entregando um

envelope.

—Não acredito! Exclamei colocando minhas

mãos sobre meus lábios. Estava procurando isso

que nem louca!

—Pela manhã você saiu correndo e deixou

cair no chão tentei chamá-la...

—Me desculpe, eu estava atrasada,

confessei.

—Tudo bem, tranqüilizou-me abrindo

novamente aquele sorriso que tirava o fôlego

—Nem sei como agradecer, seu nome é...

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—Oh claro! Nem me apresentei Adam

Phillip, prazer em conhecê-la! Ele estendeu a

mão.

—Clara Giombelly, prazer em conhecê-lo

também, disse apertando sua mão macia.

Adam Phillip, nome de príncipe. E tudo

que queria era ser a princesa do castelo dele. Ao tocar sua mão, senti um arrepio dos pés a cabeça. Não conseguia descrever exatamente o que estava sentindo, uma mistura de sentimento passava como uma descarga elétrica pelo meu corpo. Por falar em corpo, não ficava bem uma moça conversar com seu vizinho na porta de seu apartamento apenas de toalha, não é mesmo? Se bem, que passaria horas e mais horas, somente olhando para aquele sorriso, sem me preocupar com que os outros iriam falar. Mas o bom senso obrigava a me despedir.

—Preciso entrar, não é legal ficar

conversando com você de toalha, o que nossos

vizinhos irão pensar? Disse envergonhada.

Adam, muito obrigada mais uma vez, dei um

sorriso

—Só obrigado? Brincou

(na verdade, ele merecia um beijo daqueles

de cinema, pensei comigo mesma).

—Eu salvei sua vida Clara! Brincou

novamente.

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—Realmente tenho que confessar que

salvou, admiti com um risinho.

—Janta comigo amanhã? Ele pediu

—Amanhã? Perguntei surpresa, queria

dizer sim, mas o deixei insistir.

—Por favor? Implorou ele

—Está bem, dei um sorriso sem graça.

—Passo aqui as oito para pega-la. Boa noite!

E não acorde atrasada! Lembrou, sorrimos

simultaneamente.

Fechei a porta e pulei no sofá como uma

criança de seis anos que acabara de ganhar uma Barbie de presente de Natal. Terminei de tomar meu banho, sentei no sofá para esperar por Sofia. Porque ele conseguia tirar todo o ar que me rodeava? Há coisas na vida difíceis de explicar, umas delas é o amor. Eu falei amor? Meu Deus! Devo está enlouquecendo. Já passava das dez, esperava por Sofia ansiosamente, da janela vi o carro de seu pai deixá-la na frente do prédio. Esperar o elevador para Sofia nunca foi tão divertido aquele dia.

Love is the air... Distraída aguardando o elevador seus olhos

fixaram como um zoom os dois pares de olhos azuis que pareciam um oceano profundo, com as mãos no bolso o rapaz aproximou-se:

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—Boa noite! Ela pensara que anjos só

existissem no céu e porque ele estava ali?

Às vezes, os anjos fazem uma visitinha na

terra...

—Boa noite! Ela disse com risinho

convidativo.

—Você mora aqui? Perguntou o rapaz

dentro do elevador.

—E-eu? Ela gaguejou. Moro e você? Oh

meu Deus! Exclamou ela. — Que pergunta

idiota não é? Desculpe-me. Ela achara-se uma

perfeita estúpida, por fazer uma pergunta tão

óbvia.

Ele muito educado respondeu — Não foi

idiota sua pergunta e, se eu tivesse passado

aqui para visitar um amigo? Ele sorriu e ela

sentiu uma onda de alívio.

—Eu já morei aqui com um amigo, ficamos

um tempo fora e agora resolvemos voltar. Disse

o rapaz.

Os dois pares de olhos azuis fitavam com

interesse os dois pares de amêndoas. Com um sorriso no rosto, eles entraram nos seus respectivos apartamentos.

Destino ou coincidência?

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Sofia abriu a porta e veio logo perguntando

por que ainda estava acordada, extremamente empolgada confessei que precisava contar algo, ela também parecia empolgada, foi logo dizendo que acabara de encontrar um príncipe perdido no elevador.

—Sofia, escute! Pedi.

—O que foi? Ela parou de tagarelar.

—Sabe quem esteve aqui?

—O cara que te deixou assim? Como cara

de boba?

Será que estava transparecendo demais

minha empolgação?

—O nome dele é Adam! Corrigi.

—Já falou que quer fazer amor com ele?

Zombou ela.

—Claro que não, eu não quero, quer dizer...

Não sei... Disse confusa.

—Amanhã tenho um encontro com ele!

Confessei animada.

—Que rápida! Brincou novamente, isso é

porque não quer, imagina se quisesse... Ela deu

um sorriso malicioso.

Caímos na risada que nem duas

adolescentes que acabavam de ser convidadas para sair com os garotos mais lindos da escola. Eu não sei o que estava acontecendo comigo, no

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fundo estava gostando. Adam! Esse é seu nome; ele é diferente de tudo que vi até agora. Talvez porque seja único.

“O que nos faz se apaixonar por alguém?

Um sorriso, o calor dos beijos... Um abraço apertado, o

toque das mãos... A paixão não tem uma forma exata,

simplesmente nos apaixonamos. E quando percebemos

não temos como escapar. Apaixonar-se é algo fantástico

e muitas vezes perigoso.”

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2. Primeiro encontro

Aquele não era simplesmente um dia

qualquer era o dia do meu encontro com Adam. Às horas pareciam não passar, fazendo-me ficar ansiosa e aflita. Tinha medo que me achasse uma garota fútil, ou quando olhasse de perto percebesse o quanto era pálida. Acho-me branca até demais, já Sofia, é uma típica brasileira. Pele bronzeada, cabelo cacheado em um tom castanho médio, um par de olhos amendoados lindos. Talvez eu tivesse nascido no país errado, parecia mais americana, do que brasileira. Os olhos azuis tinha herdado da minha mãe, tínhamos certa semelhança. A diferença é que ela tem cabelos dourados e curtos e, eu cabelos longos e escuros. Minha mãe é descendente de italiano, minha avó materna era italiana, talvez viesse daí a minha cara pálida. No verão, nos bronzeávamos nas praias de Angra dos Reis,

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nosso lugar favorito. Eram raros os finais de semana que não íamos. Por isso sentíamos tanta dificuldade em nos adaptar com o clima de Londres, agora já nos acostumamos com as nuvens cinza e os dias chuvosos, aliás, chove apenas todos os dias. Nossos primeiros dias aqui foram inesquecíveis, lembro como se fosse hoje. Fomos recebidas, pelo pai de Sofia e Ruth que nos esperavam no aeroporto Heathrow, passamos dois dias na casa deles. Para Sofia, foi um tormento. O apartamento que iríamos morar estava terminando de ser reformado.

No nosso primeiro final de semana, o senhor Otavio, Ruth e os irmãos de Sofia nos levaram para conhecer a cidade. Sofia tem dois irmãos mais novos do segundo casamento de seu Pai. Passamos uma tarde muito agradável conhecendo os pontos turísticos da cidade e a noite fomos ao teatro assistir a peça o Fantasma da Ópera. Tínhamos a sensação de viver em outra época, era como se tivéssemos voltado na história. Tudo era muito novo. Porém, não era fácil deixar aqueles que amamos... A rotina que estávamos acostumadas, viver uma outra cultura... Largar tudo e começar do zero. É ninguém falou que seria fácil. Somos novas temos uma vida inteira nos esperando. Tenho vinte e três anos. Sofia vinte e cinco, quando recebemos a notícia que iríamos fazer pós-graduação em Londres, tudo a nossa volta começou a rodar. Levaram alguns dias para nossa ―ficha cair‖ como diz o ditado. A mãe de

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Sofia foi a primeira a expressar sua opinião, dizia que iria trocar o certo – seu emprego no jornal de uma grande emissora de TV - pelo duvidoso. Já seu pai, sempre lhe apoiou. Com minha mãe, eu não tive problemas. Mesmo com o coração partido ela e minha irmã Dine, foram às maiores incentivadoras. Dine é minha irmã mais velha, advogada como minha mãe, as duas tem um escritório de advocacia, no centro de São Paulo. Dine é muito diferente de mim, ponderada, centrada e equilibrada. Está de casamento marcado com um veterinário chamado Pedro. Somos apaixonados por cachorros, ela irá se casar com a pessoa certa.

~ ~ Sabe o que é melhor em Londres? Está em Londres! Porque não aproveitar cada pedacinho

daquela cidade fabulosa? Que tal começar pelo primeiro dia de aula? Então, ele chegou. Estávamos nervosas, parecia nosso primeiro dia na escola. Acordamos mais cedo para nos arrumar, e seguimos para universidade. Era difícil descrever o quanto aquele lugar era grande e incrivelmente bonito, para minha sorte Sofia ia estudar no mesmo bloco. Fomos até a

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secretaria para pegamos os horários e onde seriam as aulas. Disse tchau a Sofia e entrei na minha sala, fiz amizade com uma garota chamada Karen, loira, olhos azuis, cabelos cumpridos, magra, seios fartos, que pareciam mais serem siliconados; ela é de Nova York. Na universidade havia pessoas de todo o lugar do mundo. Na sala de Sofia, uma brasileira chamada Fernanda, esse mundo é muito pequeno. Quando a aula terminou, Fernanda nos levou para conhecer Oxford, fomos de trem, amamos – o lugar é lindo. Conhecemos uma loja brasileira ótima, tinha de tudo e tudo muito gostoso. Comi pão de queijo o que me deixou ainda mais com saudades do Brasil, saímos da loja, nos olhamos com olhos cheios de lágrimas. Fernanda sentiu-se frustrada por nos levar até lá, garantimos a ela que estávamos bem, aquilo tinha sido apenas um flerte e daqui pouco passava e passou mesmo. Terminamos a noite em um pub no centro da cidade, bem badalado. O segundo dia de aula foi calmo, a universidade não parecia tão assustadora. À tarde, conhecemos Tower Bridge, uma ponte que fica sobre rio Tâmisa, para subirmos tivemos que enfrentar várias escadas, valeu muito a pena, a visão é fabulosa. Ao lado do Rio Tâmisa fica Tower of London, não é só uma torre, são várias. O lugar é interessantíssimo. Na semana passada fomos conhecer o Museu Victoria & Albert, Sofia quase enfartou. Segundo ela, esse museu é super importante para os fashionistas do mundo todo, lá tem um

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enorme acervo de roupas. Claro, toda perua que se preze deve estar ―ligada na tendência‖, nada contra. Eu sei que bem lá fundo existe uma perua em mim.

~ ~ Assim que saímos da universidade fomos

fazer compras. Escolher roupa é algo extremamente delicado para mim, ser básica não significa ser objetiva, quando o assunto é roupa, fico confusa e um pouco enjoada. Depois de tanto andarmos, finalmente encontrei um vestido que agradava, um pretinho básico, aliás, a cor preta é minha favorita. Ele é decotado, não muito, mas é. Curto e colado ao corpo, comprei também uma sandália que combinasse. Para variar a noite estava bem gelada, joguei um casaco por cima da roupa. Prendi o cabelo em forma de coque deixando alguns fios soltos, usei um pouco de maquiagem para dar cor a minha cara pálida. E claro, que não podia faltar o perfume. Que Sofia fez questão espirrar na minha coxa. Segundo ela tinha que está preparada para tudo. Esperei ansiosamente a campaninha tocar e quando isso aconteceu, não quis abrir a porta. Para me encorajar Sofia zombou:

—Vai logo, se não vou dizer que quer

transar com ele.

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Era melhor ir logo, antes que ela falasse

alguma besteira, pensei.

Respirei fundo e abri a porta.

—Uau!

Essa foi à expressão que ele usou quando

me viu. ―Você está linda‖, acrescentou. Agradeci sem graça e senti meu rosto corar. Na porta do prédio havia um táxi a nossa espera, Adam fez questão de abrir à porta para que entrasse – um perfeito cavalheiro!

—Você gosta de comida Italiana?

Perguntou já dentro do táxi. Será que lia pensamentos? Adorava comida

italiana, será influência da minha avó? Chegamos ao restaurante o lugar era

agradável e aconchegante, nos sentamos e o garçom trouxe o cardápio e depois de alguns minutos serviu o vinho.

—Um brinde ao amor, Adam disse

levantando sua taça.

—Ao amor, eu disse sorrindo, brindamos.

—Estou em dúvida entre espaguete ao

molho de champignon ou capelletti à toscana,

Adam disse com risinho enquanto olhava o

cardápio.

—Eu quero capelletti à toscana.

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Ele abriu novamente aquele sorriso que me

tirava o chão e chamou o garçom:

—Dois capelletti à toscana, por favor. – Fale

mais de você Clara, pediu.

— De mim? Disse dando um gole no vinho.

Falar sobre mim me deixava nervosa.

Respirei fundo, tomei mais um gole de

vinho e tentei falar um pouco sem ser estúpida.

—Meu nome é Clara Giombelly, tenho 23

anos. Sou psicóloga...

—Tão nova é já psicóloga, interrompeu

admirado.

—Pois é... Sorri e continuei, sou brasileira...

—Brasileira? Interrompeu novamente.

—Você tem alguma coisa contra? Brinquei

sorrindo.

—Não, nada contra, garantiu, e o que uma

brasileira está fazendo em Londres?

—Ia chegar nessa parte, disse sorrindo

novamente.

—Com licença, pediu o garçom trazendo

nossa refeição.

—Obrigada, o cheiro está maravilhoso.

—Experimente, Adam pediu.

—Humm, está uma delicia! Minha avó

fazia um capelletti melhor ou igual a esse.

—Ela era italiana?

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—Sim, por quê?

—Minha avó era italiana, fazia o melhor

capelletti do mundo. Ele deu um risinho.

—Que coincidência nossas avós serem

italianas, eu sorri e ele sorriu de volta olhando

profundamente como se estivesse analisando

meu rosto.

—Bom, agora é sua vez. Falar de mim não

tinha graça, pensei.

—Ainda não, primeiro você precisa dizer o

que veio fazer aqui?

—Estudar, minha amiga e eu ganhamos

uma bolsa de estudos.

—Então agora é minha vez? Ele questionou

- assenti.

—Meu nome é Adam Phillip, tenho 28

anos...

Adam nasceu em Nova York, é filho único. Passou a maior parte da sua infância sendo criado por seu pai e sua avó paterna em um vilarejo no condado de Wiltshire, uma típica cidadezinha do interior da Inglaterra. Sua mãe o deixou quando tinha seis anos. Um pouco antes de ir à escola, ela o beijou – pediu perdão e se foi. O pai de Adam amou aquela mulher como ninguém – depois que ela se foi, sua saúde nunca mais foi a mesma, vivia caído pelos cantos com uma garrafa de uísque na mão lamentando-se por não ter dado uma condição

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de vida melhor para eles. Foi então que Adam encontrou na música, uma esperança, uma alegria. A música supria, mesmo que por alguns instantes a falta de sua mãe. Aos dezoitos anos, indignado, querendo explicações, decidiu voltar à Nova York a sua procura, frustrado por não encontrá-la entrou em um restaurante para comer alguma coisa e conheceu Josh, que coincidentemente tocava com sua banda naquela noite. Admirado com o show, fez amizade com os garotos da banda e Josh informou que estavam precisando de um vocalista, o deles mudara-se para Los Angeles. Adam sem hesitar aceitou o convite, e a partir dali a música é como o ar que respira. Muito dedicado, Adam realizou seu grande sonho – ter seu próprio estúdio, e lá busca inspiração para compor suas canções.

Entre olhares, começamos a nos conhecer,

parecia um sonho! Ele é incrivelmente inteligente, educado, romântico, um homem com sorriso de menino que me fazia viajar. Passamos horas conversando, demos boas risadas e, depois de apreciar a última taça de vinho, voltamos para casa.

—Chegamos! Eu disse um tanto eufórica,

ficar ao seu lado me deixava meio boba. Quer

entrar? Convidei quebrando o silêncio.

—Não vou incomodar?

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Incomodar? Ele nem tinha ideia do bem que proporcionava, nem fez 72 duas horas que nos conhecemos e já me fazia flutuar, as borboletas no meu estômago davam cambalhotas de alegria. Oferecei algo para beber, educadamente recusou. Sentamos no sofá, ele com lindo sorriso agradeceu pela noite maravilhosa que tinha passado ao meu lado. Quando na verdade eu deveria agradecer, pela companhia daquela criatura divina. Adam se aproximou e acariciou meu cabelo, timidamente abaixei a cabeça – estava nervosa e então novamente lhe ofereci algo para beber. Ele abriu um sorriso espontâneo, me encarou analisando meu rosto.

—O que foi? Perguntei sem graça.

—Por onde você andava?

Essa pergunta eu deveria fazer, nem nos

meus sonhos mais inspiradores encontrei um sorriso tão magnífico como o dele.

—Eu sou problema, complicada demais!

Está em tempo de desistir, avisei.

—Desistir de você? Só eu estivesse maluco,

afinal já estou maluco! Confessou.

O silêncio novamente apareceu não sabia mais o que fazer, era muito difícil formular qualquer tipo de pergunta coerente sentindo seu cheiro agradabilíssimo. Ele segurou meu rosto a apenas alguns centímetros do seu, com

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sutileza encaixou seus lábios aos meus numa combinação perfeita. Meu coração estrondou, tremeu, e depois voltou a bater cinco vezes mais rápido. Tocar seus lábios foi uma sensação única, ninguém nunca tinha me beijado daquela forma. Nossos olhos se abriram devagar e um sorriso de ambas as partes apareceu. O que estava acontecendo comigo? Pensei comigo mesma, será que tinha nome o que estava sentindo? Não queria pensar muito sobre isso no momento, queria apenas olhar sem dizer nada. Mas ele realmente estava interessado em me conhecer melhor. Assim como ele a música tinha uma grande importância para mim, não era nenhum sacrifício escutá-lo falar com empolgação sobre seu estúdio, do CD que lançariam - tudo aquilo me inspirava.

Quando pequena estudei em uma escola de música - meu pai foi o maior incentivador, já minha mãe, nunca apoiou. Meu pai percebendo minha aptidão para música presenteou-me com um piano - minha maior frustração até hoje foi nunca ter tocando uma canção para ele. Aos quatro anos de idade, ele nos deixou... Só me recordo que uma ambulância chegou às pressas em nossa casa, sem saber o quê estava acontecendo perguntava a Dine ‖Pra onde estão levando o papai?" Um dia antes de falecer queixava-se de dores no peito e um formigamento no braço. Às seis da tarde de uma quarta-feira cinzenta um traiçoeiro infarto o levara embora. Adam e eu tínhamos algumas coisas em comum.

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Ele confessou-me que tinha voltado para

Londres, não só pela música e sim para cuidar

de seu pai que estava muito doente,

rapidamente preferiu mudar de assunto, aceitei

sem fazer questionamentos.

— Clara, porque sua mãe nunca lhe apoiou com

a música?

— Ela acha que música é algo para pessoas

preguiçosas e por causa das nossas infinitas

brigas - então resolvi desistir de vez da música e

estudar.

— Nunca devemos desistir de algo por alguém!

Por mais que seja pelas pessoas que amamos,

aconselhou.

Pensativa, caminhei em direção a janela, Adam

aproximou-se

— Não pense que estou lhe recriminando,

lembrou ele.

— Eu sei que fui fraca, uma covarde! Confessei.

—Não diga isso, pediu. - Na vida precisamos

tomar decisões e isso faz parte, por favor, não

fique assim, implorou. - Agora quero lhe fazer

uma proposta...

— Proposta? Hesitei com um risinho.

—O que vai fazer no final de semana?

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— Acho que nada, por quê?

— Quer conhecer meu estúdio em Nova York?

— Você está falando sério? Disse animada.

— Seriíssimo! Garantiu

— Claro! Exclamei eufórica

— Agora preciso ir, amanhã você tem aula e,

não quero ser responsável pelo seu atraso.

Levei-o até porta e tentei agradecer mais uma

vez pela maravilhosa noite que tínhamos

passado juntos.

—Adam, obrigada mais uma vez pe...

Ele silenciou-me com um beijo e selamos

naquela noite o início de uma paixão.

“Os lábios se encaixam, os corações batem fortes como se

fossem sair pela boca, começamos a ver um céu cheio de

estrelas, um arco-íris rodeado das cores mais perfeitas e

incríveis jamais vistas.

Beijo.

Se é que posso dar nome a essa mistura de sentimentos.”

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3. Perdendo o controle

Lembro-me como se fosse hoje, meu

primeiro dia na faculdade, minha mãe estava radiante de felicidade, ainda consigo ouvi-la ―Estou orgulha de você filha! Sabia que você não iria me decepcionar‖. Foram estas palavras que ouvi antes de sair de casa aquele dia. Nessa época Sofia estava no quinto semestre de jornalismo. Ela adorava o que fazia enquanto eu... Gostava do curso que tinha escolhido, adoraria fazer o que meu coração vibrava.

―Com passar do tempo aprendemos a gostar do

desconhecido.‖

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Dine certa vez me disse ―Você não precisa desistir da música, só porque entrou na universidade. Estudar Clara também é muito importante. Eu imagino o quanto esteja magoada, mas não faça disso um obstáculo para não seguir em frente". Ela sorriu para mim, sorri de volta da maneira mais convincente possível. As palavras de Dine me encorajaram a gostar do desconhecido. No início tudo foi muito difícil - estava muito ligada a música e o meu elo com ela era quase impossível de ser quebrado. Aliás, ele nunca quebrou apenas o deixei de lado para explorar outros horizontes. Amo o que faço e digo isso com orgulho. Escolhi ser psicóloga por que de alguma forma poderei ajudar as pessoas, e me esforçarei o máximo para isso. Nesse mesmo dia quando cheguei a minha casa minha mãe disparou fazendo todos os tipos de perguntas possíveis: ―Me conta como foi?‖, ―Gostou da universidade?‖, ―O curso é o que você esperava?‖ Minha mãe é muito engraçada, mas às vezes me sufocava.

Vir para Londres trouxe uma liberdade desejada por mim há muito tempo. Tenho a liberdade de escolher quem eu quero beijar, o que quero fazer e onde quero ir. Por falar em beijo, eu mal acordei e, o meu primeiro pensamento...

Alguém arrisca um palpite? Adam?

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Sim. Ele foi à primeira coisa que pensei ao abrir

os olhos essa manhã. Pisando em ovos levantei-me da cama, abri um sorriso enorme para Sofia e ela começou a me bombardear de perguntas.

—Bom dia! Me conta como foi o encontro?

Perguntou eufórica.

—Melhor impossível! Confessei com um

risinho.

—Ele é tudo que você imaginava?

—Tudo e mais um pouco! Dei um risinho e

ela sorriu de volta. – Posso saber onde a

moçinha estava ontem? Perguntei.

—Fui dar uma volta por aí... Ela disse meio

desanimada.

—Hein, o que foi? Quis saber

—Está tudo bem agora, ela confessou sem

animo.

—Não gosto que saia sozinha à noite,

lembrei.

—Pode deixar, não vou fazer mais isso!

Garantiu. Me fala mais do seu encontro?

—Foi simplesmente incrível! Disse

suspirando.

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—Clara, só se apaixone por ele quando tiver

certeza que ele está apaixonado também. No

jogo do amor alguém sempre sai machucado.

—Se existisse uma bula dizendo a contra-

indicação do amor nunca ninguém iria se

magoar. Se fosse assim seria perfeito demais. O

amor nos pega de surpresa.

—Olha, pode parecer chato da minha parte

todo esse cuidado, mas só não quero vê-la

sofrendo por causa de alguém.

—Sofia, se um dia sofremos por causa do

amor, não quer dizer que iremos passar a vida

inteira sofrendo.

Ela baixou o olhar e disse

—Você está certa! Admitiu sem jeito.

Chateada ela saiu batendo a porta, Sofia

não foi muito feliz nos seus relacionamentos amorosos. Namorou um cafajeste durante quarto anos ele a deixou completamente cega de paixão, fazia de tudo para agradá-lo e ele só a humilhava – fazia dela seu brinquedo favorito, até que um dia sem mais nem menos ele a largou como quem larga uma peça de roupa suja na máquina de lavar. No dia que me contou esse episódio eu a consolei, mas depois confessei que estava feliz pelo fim de seu relacionamento – o imbecil de seu ex tinha lhe feito um bem enorme. Eu entendo sua preocupação comigo e sou agradecida por isso,

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queria que ela desse uma oportunidade a si mesma de ser feliz – e não generalizar que todos os homens são iguais, porque não são. Ainda existe uma laranja boa na cesta de frutas. Por mais que demore a achá-la um dia encontramos.

Corri atrás dela e pedi desculpas. —Sofia, espere, por favor! Sof... Eu disse

entrando no elevador. – Sofia não quis ser

grossa, sei que você sofreu uma grande

decepção amorosa, porém não precisa passar a

vida inteira se martirizando por isso. Se dê a

oportunidade de amar de novo. Com ou sem

amor um dia iremos sofrer de qualquer jeito. O

sofrimento infelizmente faz parte da vida,

lembrei.

—Você tem razão. Ela admitiu com um

risinho triste. – Desculpe-me, fico feliz por você

voltar a sorrir!

—Não precisa se desculpar. Eu que

agradeço sua preocupação comigo. Amigas?

Perguntei.

—Sempre! Ela exclamou.

No caminho para universidade informei

que iríamos viajar para Manhattan essa noite e sua reação foi ―Você está louca?‖ Sofia é muito certinha e medrosa, eu sou um pouco maluca. Adoro fazer coisas que não estão programadas

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– Amo viver! E quando tenho oportunidade vivo cada minuto intensamente. Quando me ouviu dizer na possibilidade de encontrar seu príncipe encantado, começou a mudar de ideia sobre a viagem. ―Até que viajar para Manhattan, não é má ideia!‖ – confessou com um risinho. Mesmo estando nervosa com a viagem, estava feliz e muito empolgada afinal, eu iria conhecer Nova York! Sofia só fazia pensar nos sapatos maravilhosos que existiam nas butiques de grifes, nas bolsas... Eu só pensava como seria encantador passar o final de semana junto com Adam. Pontualmente, às seis horas ele tocou a campaninha. ―Está pronta?‖, ele perguntou lançando aquele sorriso gracioso para mim. ―Adam, Sofia, Sofia esse é Adam.‖ Eles se cumprimentaram com aperto de mão, o que Sofia não esperava era encontrar os dois pares de olhos azuis que tinha visto no elevador – ele estava guardando as malas no táxi.

—Acho que nós nos conhecemos? O bonitão perguntou. O que não sabíamos era que Josh, o bonitão era amigo de Adam.

No avião Sofia e Josh pareciam empolgados com a conversa, pelo menos ela não iria ficar a viagem toda sozinha, teria alguém para diverti-la e Josh era engraçadíssimo. Ainda estarrecida tentava entender o que estava acontecendo, acabamos de nos conhecer e eu estou indo para Nova York – não deveria estar no meu estado normal, por incrível que pareça, ás vezes tento ser normal. Eu não entendia muito bem porque Adam quis me levar para conhecer seu estúdio,

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estamos indo depressa demais, não sei até que ponto isso é bom, melhor não pensar nisso agora.

A resposta dele foi bem sucinta. —Quando você me falou que gostava de

música, pensei que iria gostar de conhecer meu

estúdio. Lembro-me como se fosse hoje à

primeira vez, que meu pai me levou para

conhecer o estúdio de um amigo e fiquei

deslumbrado olhando tudo como um bobo.

—A música faz isso com as pessoas, ela nos

deixa deslumbrados. Adam me encarou,

confusa quis saber se tinha falado alguma

bobagem.

—Não, você está certa!

—E porque você está me olhando assim?

Perguntei sem graça.

—Eu não consigo entender porque você

mexe tanto comigo! Declarou ele acariciando

meu rosto. Ouvir suas palavras me deixou

aliviada, ele também estava gostando de mim.

—Quando a olhei pela primeira vez, pensei:

―Que garota maluca!‖ e depois daquele dia não

consegui tira-la da cabeça. Sorri timidamente e

retribui suas palavras com um beijo.

Já era madrugada quando chegamos à

Nova York, recolhemos nossas bagagens e em

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seguida encontramos um táxi para nos levar até

o hotel. Chegamos exaustos – Adam dormiria

com Josh, eu com Sofia. Parados ali olhando um

para o outro senti novamente aquela descarga

elétrica passar pelo meu corpo, olhando-o não

acreditava que tinha tanta sorte. Antes de abri a

porta do quarto, Adam segurou meu braço.

—Estou muito feliz por estar aqui, ele

declarou sorrindo e antes mesmo que pudesse

responder me encostou casualmente na parede

e me beijou calorosamente.

—Ad... Adam é melhor entramos... Disse

com risinho.

—Está bem, disse ele desprendendo-se dos

meus lábios. Virei-me para abrir a porta e ele

segurou novamente no meu braço.

—Espere...

Ele aproximou-se a um centímetro de

distância do meu corpo e tocou meus lábios novamente com um beijo convidativo. Só paramos de nos beijar quando o gerente do hotel interrompeu nos questionando se estávamos precisando de alguma coisa – a única coisa que eu precisava era Adam ao meu lado e mais nada. Sorrimos timidamente e achando graça da situação entrei no quarto suspirando e Sofia empolgadíssima com a presença de Josh me abraçou e nós duas sorrimos como duas crianças. Aquela viagem estava prestes a se

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tornar inesquecível. Tudo era novo e curioso para mim, não sabia ao certo o que poderia acontecer, mas estava vivendo intensamente aquele momento como, se fosse o último da minha vida. Cada minuto ao lado de Adam era como estar no paraíso, mesmo sem conhecê-lo. Mas acho que agora já posso dizer que conheço.

Pela manhã um pouco antes de sairmos

para conhecer a cidade fui surpreendida com a ligação da minha mãe. Olhei para Sofia desesperada.

—Sofi é a minha mãe! O que eu faço?

Sussurrei.

—Não diga que estamos em Nova York,

pelo amor de Deus! Ela implorou.

—Alô?

—Filha? Está tudo bem?

—Sim, tudo bem, concordei.

—Porque não me ligou mais? Ela reclamou.

—Ando meio ocupada... Mãe, preciso

desligar agora – depois nos falamos, está bem?

Ah, Sofia está lhe mandando um beijo.

Desliguei o telefone antes que começasse suas infinitas perguntas, o dia estava apenas começando e estou em Nova York, quero me divertir! E tudo que fizemos aquele dia com certeza iria ficar guardado na minha memória pelo resto da minha

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vida! Fomos encontrar com Adam e Josh no restaurante do hotel. Ele estendeu a mão para mim. Eu a peguei entusiasmada. Seu rosto lindo, sua pele e seu cheiro me incendiaram. Ele segurou meus dedos com delicadeza. Nos olhamos, ele sorriu e beijou meus lábios como um selo. —E então, podemos ir? Perguntou.

—E para onde vamos? Sofia perguntou.

—Conhecer nosso estúdio, Josh respondeu

cordialmente e ela sorriu entusiasmada.

Aquele estúdio para Adam tinha uma importância significativa, apesar, de o lugar ser pequeno – ele o adorava. Ali era o refúgio onde se escondia de seus problemas. Assim que entramos fiquei extremamente feliz ao ver o piano que parecia sorrir pra mim.

—Que lindo piano! Declarei empolgada.

—Você sabe tocar? Perguntou Josh.

—Acho que ainda sei, eu disse com olhos

vidrados no piano. – Ganhei um tão lindo

quanto esse do meu pai antes dele falecer.

—Ganhei esse do meu pai também, Adam

disse. – Vamos lá? Toque uma canção para nós!

Ele pediu.

Como não podia escapar sentei-me e toquei

uma canção, meus olhos iam e vinha de

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encontro com os dele, ele me olhou admirado, sorriu e sorri de volta retribuindo. Sofia fez o favor de revelar que gostava de cantar, mas isso não. De jeito nenhum. Cantar publicamente me deixava muito envergonhada, se fosse seguir essa profissão teria problemas. Conhecemos todo o estúdio, voltamos para o hotel, pois à noite iríamos jantar fora, no restaurante do pai de Josh. O lugar era um dos mais requisitado da cidade, por ser romântico aconchegante e tocar Blues nos finais de semana. Sofia e eu ficamos encantadas com o lugar, tinha um magnetismo incrível – luzes baixas velas nas mesas —, tudo muito romântico.

—Eu já disse que você está linda?

—Acho que não, eu dei um risinho.

—Você está linda! Adam disse me

conduzindo até a mesa.

O garçom trouxe o vinho, e nos serviu.

—À essa noite, Josh disse levantando a taça,

brindamos.

Jantar fora não estava nos meus planos, pensei que comeríamos uma pizza com refrigerante no restaurante do hotel conversando sobre qualquer assunto, mas não. Adam parecia querer gastar seu dinheiro comigo, não me importaria em comer qualquer besteira, ele fazia tudo ao seu redor ser maravilhoso – até mesmo um simples cachorro quente. Apesar de minha mãe ter me dado uma

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condição de vida confortável, isso nunca fez diferença. Ela soube criar muito bem suas filhas, sempre nos falava da importância do nosso bem estar, porém, nos avisava que na mesma proporção que o dinheiro era bom — era também muito perigoso. Dine e eu lidamos muito bem com isso, nunca deixamos o dinheiro interferir em nossas personalidades.

A noite estava apenas começando e mesmo assim eu desejei que ela durasse eternamente, dando-me o braço Adam sussurrou no meu ouvido ―Senhorita me conceda essa dança?‖. Nem se quisesse, recusaria um pedido dele. Ao som de Etta James, as luzes baixas... A batida do meu coração pulsava como se fosse sair pela boca...

Ele aproximou-se encostando seu rosto ao meu e cantarolou baixinho em meu ouvido...

Fool that I am, For falling in love with you. And a, fool that I am, For thinking you loved me, too.

Por um momento, achei que estivesse

vivendo um sonho. Olhei em seus olhos, acariciei seu rosto com sutileza e sussurrei...

You took my heart, Then played the part of little coquette. And, all my dreams just disappeared...

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Abrindo aquele sorriso que me tirava o

chão, ele segurou em meus dedos,

—Preciso lhe mostrar um lugar! Venha!

Puxou-me.

O que eu não imaginava era que Adam tinha preparado tudo para aquela noite. Atrás do restaurante, tinha uma varanda, com vista para a cidade com algumas almofadas grandes e coloridas; velas e pétalas de rosas vermelhas espalhadas por todo o ambiente. Era um lugar a parte do restaurante que apenas Josh e Adam conheciam, era lá que Josh fugia do trabalho duro do restaurante para ensaiar com a banda.

—Porque me trouxe aqui? Hesitei.

—Quando descobrisse o sentido da vida,

viria aqui. —Minha vida começou a ter sentido

no dia que conheci você! Ele disse sorrindo,

tremi por dentro, o frio colaborou para isso.

Pegando o coberto que estava perto das

almofadas – me cobriu, segurando minhas mãos

que pareciam duas pedras de gelo, e depois

enlaçou-me em seus braços para me aquecer.

Sentamos sobre as almofadas para apreciar a

paisagem.

—A vista da cidade daqui é simplesmente

fantástica! Disse impressionada olhando para

luzes.

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—Sim. Adoro vir aqui, passo horas olhando

essas luzes, oh meu Deus você está tremendo?

Sua pergunta foi retórica.

Rapidamente Adam levantou-se

—Vamos embora? Voltamos outro dia...

Não tem problema.

Levantei-me deixando cair o cobertor sob as

mãos.

Acariciando seu rosto sussurrei,

—Não Adam, por favor, fique! Implorei.

O vento soprava meus cabelos deixando o

perfume se espalhar pelo ar, Adam delicadamente deslizava suas mãos em meu vestido preto, acariciando com leveza meus cabelos, senti um arrepio quando ele tocou meu ombro. Sutilmente deixei minhas mãos escorregar pelo seu corpo e, em meio às carícias e os beijos calorosos ele me convidava para o amor.

Olhando-me como um bobo, ele me amava...

Tinha-me em seus braços com ternura,

Com calor...

Com amor.

As mãos que pareciam duas pedras de gelo, agora

Estavam aquecidas

Os corações que batiam sozinhos agora batem

juntos

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A vida sem graça e vazia, começou a ter sentido

A alma solitária que vagava pela noite, estava em

seus braços

E a paixão

Nos tornava um só.

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4. Parque

Às vezes um pouco de insanidade nos torna maluco por completo.

Minhas pernas tremiam fazia muito frio

naquela manhã —, o dia estava amanhecendo. Tínhamos adormecido ali mesmo, ele dormia como um anjo em meus braços – conseguia ouvir sua respiração descompassada, seu coração pulsando com força. Se eu pudesse passaria horas e mais horas ao seu lado, mesmo fazendo o frio que fazia, não me importava — estava perdidamente apaixonada!

Apaixonada. Foi isso mesmo que falei, não posso mais

me enganar – estava completamente prisioneira

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daquele sorriso. Apaixonar-se é como pular de Bunge Jump, mesmo com medo, você quer pular só para saber qual é a sensação. Mesmo insegura com tudo acontecendo depressa demais – quero pular de corpo e alma.

Ele abriu os olhos devagar e meu olhar foi

de encontro ao seu, não existe melhor coisa do mundo que ganhar um beijo de bom dia.

—O dia já está amanhecendo, ele observou

decepcionado.

—Como assim já? Nós passamos a noite

inteira aqui! Lembrei.

—Precisamos voltar, ele observou.

—Não, por favor, fique mais um pouco do

meu lado! Implorei desesperadamente.

—Só mais um pouco, está muito frio e eu

não quero que fique doente!

—Não importa! Sabe por quê? Você está ao meu lado! Declarei lhe dando um beijo.

Deitado sobre mim ele me olhava

intensamente, explorando meus lábios, suas mãos macias passeavam pelo meu corpo. Acabamos nos amando novamente e subitamente nos demos conta que precisávamos sair dali, o sol apareceu, logo iríamos ser surpreendidos por alguém. Saímos pelos fundos do restaurante. Sofia devia estar preocupada, talvez não, estava na companhia

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de Josh. Aliás, ele fazia seu tipo, 27 anos, 1,85, cabelos dourados e um belo par de olhos azuis. Às sete da manhã, entrei no quarto na ponta dos pés para que não acordasse, todo meu esforço tinha indo por água abaixo, quando esbarrei na poltrona deixando algumas coisas que estavam em cima dela cair no chão, fazendo um barulhão.

—Clara? Ela perguntou assustada.

—Não queria lhe acordar, por favor, volte a

dormir, pedi maternalmente.

—Não tem problema. Que horas são? Ela

disse reprimindo um bocejo.

—Quase sete e meia da manhã.

—Precisamos arrumar as coisas, quero volta

para casa! Ela disse triste.

—Hein, o que acontecendo? Porque está

triste? Pensei que ia encontrá-la radiante.

—Foi um fracasso o meu encontro com

Josh, acho que ele não gostou de mim!

—Porque ele não iria gostar? Você é uma

gatona! – Não me diga que ele é gay? Perguntei

assustada e ela achou graça.

—Seria muito desperdício um cara como ele

ser gay, disse com risinho malicioso. Ontem dei

boas risadas, ele é muito engraçado – me contou

algumas piadas, sorriu com a lembrança.

Estávamos indo embora, e na porta do

restaurante tinha uma moça acompanhada por

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um cara, muito bonita por sinal. Ele a encarou

com certa intensidade e então eu perguntei:

―Você a conhece?‖, ele respondeu ―Sim, ela é

minha ex-namorada.‖

A tristeza no olhar de Sofia era evidente –

Josh conseguiu mesmo mexer com ela. Abracei-

a, um abraço era sempre bem-vindo nessas

horas. Eu sou a favor da felicidade, deixei claro,

se o que sentia fosse realmente forte – não

desistisse, lutasse por ele. E se não desse certo,

pelo menos teria lutado. A pior coisa que existe

na vida é o ―se‖.

Com os olhos brilhantes ela declarou

—Não posso lutar por alguém que ama

outra pessoa...

—Não sabemos o que aconteceu Sofi, talvez

ele não a ame. Você até pouco tempo era louca

pelo idiota que namorou, lembra? E ela

assentiu.

—Se for para ficarem juntos, isso vai

acontecer.

—Ele foi maravilhoso, me fez dar risada...

Foi atencioso...

—Calma! Pedi – Vocês terão tempo para se

conhecerem, ele é amigo de Adam. Ele não vai

fugir, observei e ela sorriu.

Sofia sonha com um grande amor e parece

que Josh não fica atrás. Adam chegou a

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comentar sobre a ex-namorada dele – ela o trocou por outro cara, fazendo-o pensar em desistir da carreira de músico. Josh e Sofia só encontraram pessoas erradas, porém agora o destino fez com que se encontrassem e assim quem sabe se amarem.

O dia estava bonito, era domingo – Adam

me levou para conhece o Central Park que ficava próximo ao hotel que estávamos hospedados, Sofia preferiu ficar. Compramos algumas frutas para fazer um piquenique e sentamos em baixo de uma árvore bem grande de frente para o lago. Forramos uma toalha na grama onde colocamos a cesta de frutas. Enquanto me acomodava, Adam me surpreendeu com um beijo. Deitado no meu colo perguntei o que iríamos fazer quando chegasse à hora de eu voltar para o Brasil.

—Você não vai embora, nós iremos nos

casar! Ele exclamou.

—Estou falando sério Adam!

—Eu também estou! Declarou ele com um

risinho.

—É sério, precisarei voltar para casa, insisti.

—Antes disso a senhorita será uma cidadã

nova-iorquina! Ele disse tocando na ponta do

meu nariz.

—Onde iremos morar?

—Londres! Ele declarou com êxito

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—Está bem, concordei.

—Sou suspeito para falar de Londres, amo

aquela cidade! Moramos em Nova York, e

passamos nossa lua de mel em Londres, o que

acha?

—Acho ótimo Sr. Phillip!

Adorava o jeito que ele me olhava, era intenso...

Paramos de rir e nos olhamos por alguns

instantes, ele acariciou meus cabelos, olhei para seus olhos castanho-escuros e por um minuto achei que o mundo tivesse parado... Suavemente ele tocou meus lábios, nos olhamos mais uma vez e nos beijamos com intensidade. O sol desapareceu e as nuvens cinzentas rodeavam o céu, de repente fomos surpreendidos com os pingos de chuva que começaram cair.

—Ad... Adam... Acho que vai chover!

Assim que disse a última palavra os pingos fortes d’água começaram a cair sobre nossas cabeças. —O que você disse? Ele perguntou e nós

dois caímos na risada – estávamos

completamente molhados.

Adam abriu os braços e gritou,

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—Meu amor, estamos aqui neste lindo

parque em Nova York, na nossa frente este lago

maravilhoso, no céu a chuva que banha o nosso

amor... Senhoras e senhores eu amo essa mulher

estou completamente apaixonada por ela!

—O que você disse? Eu não ouvi! Disse

gargalhando.

Ele se aproximou, segurou meu rosto em

suas mãos e declarou.

—Eu amo você Clara!

—Também amo você! Admiti sem medo.

—O quê?

—Eu amo você!

—O que foi que disse? Perguntou sorrindo.

—Eu amo você Adam! Disse mais alto

Adam me pegou no colo e começamos a

rodopiar parecendo crianças brincando com a

chuva, caímos na grama molhada e disparamos

a rir como dois tolos.

—Como você é lindo meu amor, disse

segurando em seu rosto.

—Seus lábios estão trêmulos! Ele percebeu.

—É acho que sim, admiti sorrindo.

—Vamos embora? Sugeriu.

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—Não, por favor, vamos ficar mais um

pouco! Implorei.

—Você está tremendo! Irá ficar doente,

venha! Disse me puxando pela mão.

—Vamos ficar! Por favor! Insisti

—É hora de voltarmos! Venha! Pediu Adam.

Fechei a cara, ele andou em direção ao carro que tínhamos alugado, me deixando para trás, chamei seu nome - ele ignorou. Meu sangue subiu mais depressa do que imaginava. Gritei mais alto que pude para chamar sua atenção. Ele virou-se e veio caminhando em minha direção. Encarei-lhe sem conseguir me mover – sua expressão era séria. Fitou-me sem dizer uma palavra e virando as costas continuou andando em direção ao carro. Fiquei furiosa! Queria que falasse, discutisse! ―Hei!‖ chamei e nada ―Estou falando com você!‖ disse empurrando-o, ele sem reação continuou caminhando sem sequer olhar para trás. Já perto do carro, empurrei-o novamente, ―Estou falando com você!‖ – Com um olhar firme segurando meus dois braços, encostou-me no carro (conclusão nunca empurre um homem, eles ficam furiosos!)

—Você está louca? Ele perguntou olhando

dentro dos meus olhos. Fiquei estática, muda e assim que ele soltou

meus braços achei graça da sua cara de bad boy.

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Já tinha deixado-o bravo o suficiente, antes de entramos no carro tentei segurar em seu braço, mas foi em vão, ele nem se importou.

—Ad... Adam espere, supliquei.

—O que foi? Vai me empurrar de novo?

Perguntou bravo.

—Ad... Adam, o abracei e me inclinei para

beijá-lo, ele continuou imóvel.

—O que deu em você Clara? Perguntou com

uma expressão séria no rosto.

— Desculpe meu amor, eu fui impulsiva!

Por favor! Abrace-me, implorei. O abraçava

com força ele me abraçou apenas com um braço

– indiferente.

—Nunca mais faça isso Clara! Avisou.

—Tudo bem, prometi.

Pegando seu casaco que estava dentro do

carro me cobriu – abrindo a porta do passageiro

para eu entrar.

—Venha! Entre no carro, ordenou.

~ ~ A campaninha tocava desesperadamente, Sofia entretida com o livro que lia correu para abrir a porta:

—Posso entrar? Perguntou Josh.