locação de coisas

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resumo sobre locação de coisas - Direito Civil

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CAPTULO V - DA LOCAO

Conceito:

A locao o contrato pelo qual uma das partes, mediante remunerao que a outra paga, se compromete a fornecer-lhe, durante certo lapso de tempo, ou o uso e gozo de uma coisa infungvel (locao de coisas); ou a prestao de um servio (locao de servios); ou a execuo de algum trabalho determinado (empreitada).

Natureza Jurdica:Trata-se de contrato bilateral, oneroso consensual, comutativo e no solene.

Bilateral, porque envolve prestaes recprocas de cada uma das partes.

Oneroso, dado o seu propsito especulativo.

Consensual, porque independe da entrega da coisa para seu aperfeioamento, opondo-se, assim, aos contratos reais onde a tradio elemento constitutivo do contrato.

Comutativo, porque cada uma das partes pode antever e avaliar a prestao que lhe ser fornecida.

No solene, porque a lei no impe forma determinada.

Elementos:Na definio acima representada se destacam trs elementos, ou seja, o tempo, o preo e o objeto do negcio, isso sem mencionar as partes - o locador e o locatrio. Trata-se de negcio de durao varivel, podendo ser convencionado por tempo determinado ou indeterminado.

Os contratos fixados por tempo determinado cessam de pleno direito (afora legislao excepcional) quando finda o prazo estipulado, independente de notificao ou aviso, enquanto, se o prazo for indeterminado, a locao cessar por deliberao de qualquer das partes. Notificada a outra, com a antecedncia prevista na lei.

A locao pode ter por objeto uma coisa, servios ou ainda o fornecimento de uma coisa acrescida de servios, como no caso de empreitada de trabalho e materiais.

A locao de coisas pode recair em bens mveis e imveis. Todavia, se tratar de locao de bens mveis, estes devem ser infungveis, pois se a coisa cujo uso se concede fungvel, o contrato degenera em mtuo.

A locao de servios pode ter por objeto um trabalho fsico ou intelectual, ou ainda a empreitada de uma obra onde o locador promete fornecer apenas seu trabalho, ou seu trabalho e materiais.

O preo, chamado renda ou aluguel na locao da coisa, salrio ou soldada na locao de servios, no precisa ser necessariamente em dinheiro, podendo consistir em bens de outra espcie. Da locao de coisas. Definio

O contrato de locao de coisas aquele em que uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou no, o uso e gozo de coisa no fungvel, mediante certa retribuio (CC, art. 1188). Obrigaes do locador

O locador obrigado a entregar ao locatrio a coisa alugada, com suas pertenas e em estado de servir ao uso a que se destina, bem como a mant-la nesse estado. ainda obrigado a garantir ao locatrio o uso pacfico da coisa.

I. Desse resulta para o locador no s a obrigao de entregar a coisa, mas de entreg-la em estado de servir ao uso a que se destina.

II. Ademais, compre ao locador manter a coisa em estado de servir ao uso a que se destina

A lei defere ao locatrio, em caso de deteriorao da coisa alugada, a seguinte prerrogativa: ou rescindir o contrato (se a deteriorao for de tal vulto que frustre sua utilizao) ou pedir reduo proporcional do aluguel. No fala, entretanto, em dinheiro de exigir se proceda s reparaes necessrias.

Se o locador se recusa a reparar a coisa julgada, compete ao locatrio:

a) Reclamar a resciso do contrato, com perdas e danos, nos termos do art. 1092, pargrafo nico do CC;

b) Recorrer ao competente, com fundamento no artigo 632 e s. Do CPC; em tal ao poder pleitear autorizao para mandar executar as reparaes s expensas do locador, nos termos da 1 parte do art. 881 do cc e 634 do CPC. III. Cumpre ainda, ao locador, garantir ao locatrio o uso pacfico da coisa. Essa obrigao se desdobra em duas:

a) Abster-se o locador da prtica de qualquer ato que possa afetar ou comprometer o uso e gozo da coisa locada;

b) Garantir ao locatrio contra perturbaes emanadas de terceiros.

Obrigaes do locatrio

I. O locatrio obrigado a zelar pela coisa alugada como se fosse sua, de modo que, se a no conserva como um homem prudente, pode o locador promover a resciso da relao ex locato, ou reclamar indenizao do prejuzo.

II. obrigado a servir-se da coisa locada para os usos convencionais ou para aqueles que decorrem de sua natureza, no podendo alter-los sem anuncia do locador, sob pena de resciso do contrato.

III. Cumpre ainda ao locatrio pagar o aluguel no prazo legal ou no ajustado, pois esta prestao por ele devida que constitui a causa das prestaes fornecidas pelo locador.

IV. Finda a locao, deve o locador restituir a coisa, no estado em que a recebeu, salvo as deterioraes naturais ao seu uso regular. Portanto, duas obrigaes contidas num s enunciado. Com efeito, finda a relao ex locato, no tem mais o locatrio qualidade para conservar a coisa, devendo, por conseguinte, devolv-la.

Do termo final da locao

A locao de coisas pode se ajustar por prazo determinado ou indeterminado.

Na hiptese de se haver fixado tempo determinado de durao a relao ex locato cessa de pleno direito com o advento do termo, independente de notificao ou aviso (CC, art. 1194), impondo-se, portanto, ao locatrio, e como acima foi visto, o dever de devolver a coisa.

Se tal devoluo no se perfaz, o locador deve reclam-la atravs de notificao judicial dirigida ao locatrio, a fim de coloc-la em mora, pois, caso contrrio, seu silncio poder ser interpretado como concordncia com a prorrogao do contrato, por igual aluguel, mas sem prazo determinado.

Se, notificado, o locatrio no restituir a coisa, sua mora poder provocar dupla sano:

a) Pagar o aluguel que o locador, na prxima notificao, arbitrar. Aqui se propicia ao senhorio um meio compulsrio para forar o locatrio a cumprir sua obrigao;

b) Responder pelo dano que a coisa venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito.

Por outro lado, entretanto, antes do vencimento do prazo, no poder o locado reaver a coisa alugada, seno ressarcindo aos locatrios os prejuzos resultantes, nem o locatrio a poder devolver, a menos que pague os aluguis por tempo que faltar.

O direito defluente do contrato de locao um direito pessoal, vinculando as partes e semente elas.

A locao por tempo indeterminado cessar desde que qualquer das partes resolva d-la por finda. Se se tratar de locao de prdio, tem o locatrio o prazo de um ms para o desocupar se for urbano e, se rstico, o de seis meses.

Direito de reteno do locatrio O direito de reteno '' a faculdade, concedida pela lei ao credor, de conservar em seu poder a coisa alheia que j detenha legitimamente, alm do momento em que a deveria restituir, em garantia de um crdito que tenha contra o credo e decorrente de despesas feitas ou perdas sofridas em razo da coisa.

Trata-se de um meio direito de defesa, concedido ao credor de determinadas prestaes, com o escopo de lhe proporcionar um meio compulsivo de maior eficcia, contra o devedor relapso.

A LEI n 8245 DE 18 DE OUTUBRO DE 1991

A lei vigente disciplinou com maior mincia toda a locao de imveis urbanos, e uma de suas mais importantes inovaes foi a expressa revogao da velha Lei de luvas. Chama-se denncia vazia a prerrogativa, concedida ao locador, de rescindir o contrato por prazo indeterminado, a seu alvedrio, portanto sem dar motivao.

Do incndio do prdio locado O art. 1208 do CC determina que responder o locatrio pelo incndio do prdio, se no provar caso fortuito ou fora maior, vcio de construo ou prorrogao de fogo originado em outro prdio.

Portanto, adotou o legislador, aqui, o princpio da presuno de culpa do locatrio, que responde pelos danos derivados do incndio. A idia se funda no argumento de que o incndio em geral decorre de culpa do locatrio. Incendia plerumque fiunt culpa inhabitantium. Todavia, tal presuno vencvel por prova de que o sinistro teve, como causa, uma daquelas trs excludentes mencionadas na lei: caso fortuito, defeito de construo, ou propagao de fogo de prdio vizinho.Lei de locao: 8.245/91Tem por objeto locao de bens imveis urbanos. Cdigo civil: rege a locao dos bens mveis.Tipos de locao regidos pela lei do inquilinato: Residencial: destina-se residncia.No pode ter nenhum cunho comercial.

a) Espcies de locao residencial: Prazo de at 30 meses:Vantagens:termina mais rpido.

Desvantagens: Se o contrato celebrado com este prazo for prorrogado e tornar-se contratopor prazoindeterminado, o locador s poder retomar o imvelnas hipteses previstas no artigo 47 da lei delocao, ou seja atravs da denncia cheia (locador deve ter algum motivo). Nestas locaes, o locador s poder retomar o imveldentro daqueles motivos no artigo 47. Ex:uso prprio (exceto shopping center).

Quando a locao passa a ter prazo indeterminado?Findo o prazo do contrato,se o locador no manifestar a inteno deretomar o imvel em at 30 dias aps o trminodo contrato, ele passa a ter prazo indeterminado. Prazo igual ou superior a 30 mesesDesvantagens:locador vai ter que conviver mais tempo com locatrio.

Vantagem: findo o prazo do contrato, mesmo que o locador no pea o imvel, pode fazer a qualquer momento. No precisa de motivo.Basta demonstrar o lapso temporal do contrato. a chamada denncia vazia, sem motivo.

Locao no residencial: aquela no destinada residncia.Locao comercial espcie, mas existem outrasformas. Por ex: locao visando a prestao servios.A preocupao do legislador neste tipo de locao na proteo ao chamadofundo de comrcio. Fundode comrcionada mais do que o prprio investimento que olocatrio fez naquele comrcio, negcio. A falta de segurana inibe o investimento. Se no houve este mecanismo, aquele que monta um negcio ficaria sempre vulnervel perante o locador que poderia pedir o imvel aqualquer tempo.

Para ter direito renovao do contrato, o locatrio tem que observar determinadosrequisitospresentes noartigo 51 da lei de locaes c/ccom artigo 71:a) Preciso de um contrato por escrito. Verbal no possvel.

b) Prazo mnimo de 5 anos. Admitem-se vrios contratos somados.

Ex: cinco contratos de um ano, no ininterruptos.

c) Contrato no pode ser por prazo indeterminado. O prazodeve ser determinado.

d) Contrato rigidamente cumprido. No pode ter nada em atraso.

Ex: aluguel, encargos.

e) Locatrio precisa exercer nos ltimos dois anos a mesma atividade.

O mecanismo que a lei de locao oferece ao locatriopara exercer o direito de renovao a chamada aorenovatria.Prazo:decadencial de 1 ano a 6 meses antes do trminodo contrato. Se no promov-la neste perodo, ele perde o direito ocontrato. Locao para temporada:Caractersticas:Destinam-se ao lazer, cultos religiosos. No pode ser residencial.

Prazo:no mximo 90 dias. Ultrapassado este prazo,se o locador no se manifestar, converte-se em locao residencial.

O aluguel pago de forma antecipada. Deve ser feito por escrito porque pode caracterizar locao residencial e aretomada do bem fica muito mais difcil.Como termina um contrato de locao?Artigo 9 da lei de locao traz hipteses de resciso. Nem sempre o locatrio devolve o imvel aps o trmino do contrato.Uma hiptese o no pagamento.No s o inadimplemento do aluguel, mas tambm dos acessrios (encargos, condomnio).Locatrio fica sujeito a ao de despejo. Outra hiptese a infrao contratual, descumprimento de algum termo do contrato.Lei delocao d tratamento diferenciado falta de pagamento, todavia, no so a falta de pagamento que infrao contratual.

Se for outra infrao tambm causa de resciso, mas a viaprocessual no o despejo por falta de pagamento e sim uma ao de despejo comum, uma ao de despejopelo rito ordinrio.Terceira via de resciso: o mtuo acordo entre locador e locatrio.Ambos decidem rescindir o contrato e chegam a acordo. importante que este acordo seja redigido.O fiador deve assinar.

Garantias do contrato de locao: Fianaseguro fiana

Cauo: aplicvel a locaes de menor valor.

Locador deve devolver o valor da cauo ao final do contrato e os rendimentos devem ser atribudos ao locatrio. Se locador levantar cauo vai ter que responder, tem que devolver.Seguro fiana: uma das garantias previstas no artigo 37. um contrato feito pelo locatrio em favor do locador. Visa proteger o locador. A seguradora exige do locatrio uma srie de garantias. Geralmente mais fcil comprar o imvel do que apresentar todos os documentos exigidos. Se o locatrio no pagar o aluguel, a seguradora vai se sub-rogar nos direitos do locador. A seguradora passa a ser credora.

Para as locaes no residenciais funciona melhor porque o locatrio tem um podereconmico melhor.Fiana locatcia: bens do fiador direito de impenhorabilidade dos bens defamliadalei 8009?No. Fiador no tem direito a proteo da lei ao bem de famlia.Contrato verbal: vlido?Sim. vlido porque produz seus efeitos, mas no tema mesma consistncia do contrato escrito. A melhor forma de se demonstrar a existncia destes contratos com os recibos de pagamento. Se ele no cumprir as obrigaes, cabe ao de despejo, resciso do contrato. Contrato de locao comercial verbal no d direito ao locatrio de requerer a sua renovao. Contrato verbal residencial equipara-se ao contrato escrito pactuado com prazo de 30 meses. S rescindido atravs de denncia cheia.Direito de preferncia:Noconfundir com clusula de vigncia! A clusula de vigncia est prevista no contrato e estabelece que o locatrio permanece no imvel se o locador vender o imvel.Direito depreferncia: est prevista na lei do inquilinato.Locatrio deve ser comunicado/notificado do desejo do locador de vender do imvel.

Melhor forma de notificao: carta.

Locador indica valor da proposta. Deve ser valorde mercado.Se no tiver clusula de vigncia, o imvel ser alienado e o locatrio dever sairdo imvel.

Registro no cartrio de ttulos e documentos uma garantia.No direito de preferncia, de fundamental importncia.

Se no for dado direito de preferncia, o locatrio tem direito de entrar com ao judicial eperdas e danos.

CAPTULO VI - DA EMPREITADA

Conceito

Atravs do contrato de empreitada, uma das partes - o empreiteiro - se compromete a executar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros, em troca de certa remunerao fixa a ser paga pelo outro contraente - dono da obra -, de acordo com instrues deste e sem relao de subordinao. Trata-se de uma espcie do gnero locao de servios e dele difere por alguns traos distintos, dos quais destaco os dois principais: a) Na locao de servios o objeto do contrato apenas a atividade do locador. Sua remunerao proporcional ao tempo que dedicou ao trabalho, independente do sucesso do empreendimento. Na empreitada, ao contrrio, o objeto da prestao no o esforo ou a atividade do locador, mas a obra em si. De modo que a remunerao do empreiteiro continua a mesma, quer a execuo da obra ocupe mais ou menos tempo, e s ser devida se o empreendimento prometido for alcanado.

b) Os elementos distintivos bsicos entre os contratos de prestao de servios e o de empreitada, porm, dizem respeito aos riscos e relao de subordinao das partes.

Na locao de servios o patro assume os riscos do negcio. Na empreitada o empreiteiro assume os riscos da produo e, na qualidade de empresrio, no est subordinado ao dono da obra, nem a ningum. Natureza jurdica

A empreitada contrato bilateral, consensual, comutativo, oneroso e no solene. Bilateral, porque envolve prestao de ambas as partes. Consensual, em oposio aos contratos reais, porque a empreitada negcio que se aperfeioa pela mera juno de consentimentos. Comutativo, porque qualquer deles tem elementos, desde logo, para antever o montante da prestao que receber. Oneroso, em virtude de seu propsito especulativo, envolvendo em sacrifcio patrimonial para ambas as partes. No solene, porque no daqueles contratos a que a lei impe forma determinada. Propsito de segurana almejado no contrato O PROBLEMA DA VARIAO DO PREO DOS SALRIOS E DO MATERIAL

Art. 1246. O arquiteto, ou construtor, que, por empreitada, se incumbir de executar uma obra segundo plano aceito por quem a encomenda, no ter direito a exigir acrscimos no preo, ainda que o dos salrios, ou do material, encarea.

Os riscos da alta ou baixa so assumidos pelo empreiteiro, ficando o dono da obra, por fora do contrato, ao abrigo de quaisquer perigos. O legislador afasta expressamente a incidncia da clusula rebus sic stantibus.

AUMENTO DA OBRA APS O CONTRATO

O legislador determina que o empreiteiro no pode cobrar as importncias devidas por aumentos da obra, salvo se aumentou, ou alterou, por instrues escritas de outro contratante e exibidas pelo empreiteiro.

Espcies de empreitada

A empreitada pode ser apenas de mo de obra - empreitada de lavor -, ou pode o empreiteiro contribuir para a obra com seu trabalho e com os materiais - empreitada mista. Efeitos da distino

A distino relevante porque diferentes so os efeitos no que diz respeito aos riscos, conforme se trate de uma ou de outra espcie de negcio. Se a empreitada unicamente de lavor, e a coisa, sem culpa do empreiteiro, perecer antes da entrega, quem sofre o prejuzo pelo seu perecimento o dono da obra, pois os riscos correm por conta desse ltimo (art. 1239). Se o empreiteiro, ao contrrio, fornece tambm os materiais, correm por conta deste ltimo (art. 1238). Res perit domino. O empreiteiro perder seu salrio, a menos que prove Ter a perda resultado de defeito dos materiais e que ele, empreiteiro, em tempo reclamou contra sua qualidade ou quantidade. Resumindo as hipteses acima figuradas, em que a coisa perece sem culpa de qualquer das partes, temos: a) Se a empreitada for de lavor, o dono da obra sofre o prejuzo pelo seu perecimento e o empreiteiro perde os salrios;

b) Se a empreitada for de lavor e de materiais, os prejuzos so sofridos pelo empreiteiro, exceto no caso de mora do dono da obra, em que os mesmos se repartem.

Obrigaes do empreiteiro

RESPONSABILIDADE DO EMPREITEIRO PELA SOLIDEZ E SEGURANA DA OBRA A obrigao bsica do empreiteiro de entregar a coisa no tempo e na forma ajustados. Se o no fizer, fia sujeito obrigao genrica de reparar o prejuzo, de acordo com a regra geral do art. 1056 do CC. A lei abre ao dono da obra uma alternativa. Pode ele enjeit-la sem qualquer outra justificativa; ou pode, se preferir, receb-la com abatimento de preo Outra obrigao subsidiria do empreiteiro a de pagar os materiais que recebeu, se por impercia os inutilizar. Aqui se encontra outra aplicao da regra geral que impe ao contratante inadimplente, se culpado, o dever de indenizar. A impercia elemento caracterizador de culpa. "Art. 1245. Nos contratos de empreitada de edifcios ou outras construes considerveis, o empreiteiro de materiais e execuo responder, durante cinco anos, pela solidez e segurana do trabalho, assim em razo dos materiais, como do solo, exceto, quando a este, se no o achando firme, preveniu em tempo o dono da obra". Obrigaes do dono da obra

A obrigao fundamental do dono da obra, como bvio, a do pagamento da dvida. O empreiteiro tem direito de reteno para se garantir pelo pagamento da prestao que lhe devida. A Segunda importante obrigao do dono da obra a de receber a coisa, se de acordo com suas instrues ou com as regras tcnicas peculiares a trabalhos de tal natureza. A entrega pode ser parcial se a obra constar de partes distintas, se assim se ajustou ou se for daquelas que se determinam por medida. A recusa injustificada do dono da obra em receb-la caracteriza sua mora, ficando ele responsvel por todos os efeitos dela decorrentes, inclusive a responsabilidade pelo seu perecimento fortuito. E o empreiteiro pode, com sucesso, requerer o depsito judicial da coisa. Finalmente, responde o dono da obra, como bvio, pela resciso unilateral do contrato, exceto nas hipteses dos incisos I, V e VI do art. 1229.CAPTULO IX - DO MANDATO

Conceito

O art. 1288 do CC define o mandato, dizendo que ele se opera quando algum recebe de outrem poderes para, em ser nome, praticar atos, ou administrar interesses. A circunstncia de o mandatrio receber poderes para agir em nome de outrem, ou seja, a idia de representao, mais do que qualquer outra, distingue o contrato de mandato dos outros contratos, principalmente do de locao de servios. A representao constitui tambm, o elemento divisrio entre o mandato e a comisso mercantil. Na comisso o comissrio no representa o comitente, posto que age em nome prprio, de modo que sua atividade comercial vincula a ele, , comissrio, e no ao comitente. Aqui no h representao, enquanto no mandato esse o elemento subjacente, pois o mandatrio, como disse, age em nome e no lugar do mandante. Da idia de representao decorrem algumas conseqncias fundamentais que convm desde logo ter em vista: a) Os atos do mandatrio vinculam a mandante, se dentro dos poderes constantes da procurao, ainda que contravenham suas instrues;

b) Se o mandatrio obrar em seu prprio nome, no vinculam o mandante; c) Os atos praticados alm dos poderes conferidos no mandato no vinculam o mandante, se por ele no forem ratificados;

d) Os atos do mandatrio, praticados aps a extino do mandato, so incapazes de vincular o mandante. Casos que no admitem representao

Em regra todos os atos podem ser realizados por meio de procurador. Todavia, uns poucos h em que a lei veda o exerccio do mandatrio. O testamento, por exemplo, como tambm no pode nomear procurador para em seu nome exercer cargo pblico, ou em seu lugar prestar servio militar, porque se trata de atos em que a lei exige a interveno direta da pessoa. Representao fora do mandato

Casos h de representao sem que haja mandato, como na hiptese do representante legal ou judicial. O representante legal atua em nome do representado e eventualmente o vincula ao negcio, por assim determinar a lei. O representante judicial pratica ato jurdico por delegao que emana do juiz e no do representado. Natureza jurdica do mandato

O mandato contrato consensual, no solene, intuito personae, em regra gratuito e unilateral. contrato porque implica a conjuno de duas vontades: a do mandante que outorga a procurao e a do mandatrio que a aceita. De fato, para que o negcio se aperfeioe, indispensvel se faz a aceitao. Mas tal aceitao no precisa ser expressa, nem se quer seja simultnea da outorga da procurao. Com efeito, em regra, a aceitao tcita e se mostra atravs de incio de execuo por parte do mandatrio. Presume-se gratuito, exceto se o objeto do mandato for daqueles que o mandatrio trata por ofcio ou profisso. Instrumento do mandato. A procurao. O substabelecimento

A procurao o instrumento do mandato, mas, como a lei admite tanto o mandato tcito, quanto o verbal, aquela dispensvel para o aperfeioamento do negcio. Nota-se, entretanto, que o mandato verbal s admissvel naqueles atos que dispensam instrumento pblico ou particular. (CC, art. 1291). A procurao poder ser outorgada tanto por instrumento pblico, quanto por instrumento particular. O instrumento particular valer desde que assinado pelo outorgante. O substabelecimento o ato pelo qual o mandatrio transfere, ao substabelecido, os poderes que lhe foram conferidos pelo mandante. Pode ser efetuado reservando-se o procurador os mesmos poderes para si, ou sem referida reserva. Questo relevante a da fixao da responsabilidade por atos praticados pelo substabelecido e de quem resultem prejuzos para o mandante. a) Na primeira hiptese - em que o procurador tem poderes para substabelecer a procurao - no responde pelos danos causados pelo substabelecido, a no ser que o mandante prove que a escolha recaiu em pessoa notoriamente incapaz, ou notoriamente insolvente (era. 1300., 2). b) Na hiptese de o procurador substabelecer a procurao a despeito de no haver sido autorizado a faz-lo, sua responsabilidade aumenta, pois responde pelos prejuzos que o mandante experimentar em virtude do comportamento negligente do substabelecido. c) A terceira hiptese, pelas mesmas razes acima expostas, ainda de maior raridade. Ela se caracteriza quando, a despeito de proibio do mandante, seu procurador substabelece a procurao. Neste caso, o mandatrio desobediente responde ao seu constituinte pelos prejuzos ocorridos sob a gerncia de seu substituto, e responde no s pelos derivados de culpa ou dolo do substabelecido como at mesmo pelos oriundos do fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que ano tivesse havido substabelecimento. Poderes conferidos ao mandato

O mandato pode ser especial a um ou mais negcio, determinadamente, ou geral a todos os negcios do mandante. Todavia, quando o mandato for em termos gerais, impe o legislador uma exegese restritiva da clusula, determinando que atravs dela s poderes de administrao foram conferidos (art. 1295). Obrigaes do mandatrio

A obrigao do mandatrio, e que decorre da prpria natureza deste contrato, a de agir em nome do mandante, com o necessrio zelo e diligncia, transferindo-lhes as vantagens que em seu lugar auferir, prestando-lhe, a final, contas de sua gesto. Desdobro os vrios deveres a consignados: a) O mandatrio age em nome do constituinte, dentro dos poderes conferidos na procurao. Se exorbita, no vincula o mandante, pois, em vez de agir como procurador, atua como mero gestor de negcios A lei distingue duas hipteses de atos praticados com exorbitncia de poderes e lhes atribui conseqncias diversas: De um lado figura a hiptese em que o mandatrio apenas no apresenta o instrumento do mandato, cujo contedo fica ignorado pelo terceiro, que negligencia em verificar a extenso dos poderes da pessoa com quem contrata. Neste caso, embora o mandante no fique vinculado avena, o terceiro conserva ao contra o mandatrio (art. 1305). De outro lado, figura o legislador a hiptese de o terceiro, a despeito de ciente da escassez de poderes do procurador, insistir em com ele negociar. Nesse caso, como o risco assumido pelo terceiro maior e consciente, no s o mandante no se vincula ao ajuste, como nem sequer contra o mandatrio confere a lei ao ao terceiro. Este sofre sem apelo o prejuzo. b) Cumpre ao mandatrio agir com o zelo necessrio e a diligncia habitual na defesa dos interesses do mandante, respondendo pelos prejuzos que este experimentar, quando esses prejuzos resultarem de culpa do representante. A culpa do mandatrio, pelo qual fica sujeito a indenizar o mandante, se afere pelos padres ordinrios. c) Ademais, deve o mandatrio transferir ao mandante todas as vantagens granjeadas no negcio. Com efeito, ao mandatrio cumpre levar a efeito o negcio. Com efeito, ao mandatrio cumpre levar a efeito o negcio em nome do mandante. Se o mandatrio dolosamente descumpriu contrato, a lei apenas o sujeita s perdas e danos. Portanto, se o mandatrio adquiriu para si a coisa que foi encarregado de adquirir para o mandante, evidente que no cumpriu o mandato, devendo reparar o prejuzo experimentado pelo credor. a regra do art. 1056 do CC. d) Cumpre ainda ao mandatrio prestar contas de sua gerncia ao mandante. Aqui apenas consigna o legislador uma aplicao especfica do princpio geral que impe, a quem quer que zele por interesses alheios, o dever de apresentar contas de sua gesto. evidente que no pode o mandatrio compensar os prejuzos a que deu causa com os proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte (CC, art. 1302), pois, enquanto estes estavam na expectativa normal do negcio, aqueles no estavam. e) Finalmente, cumpre ao mandatrio, mesmo depois da extino do mandato por morte, interdio ou mudana de estado do constituinte, prosseguir no exerccio do mandato, at concluir o negcio j comeado ou at ser substitudo, se da sua inao puder advir prejuzo para o mandante ou seus herdeiros (CC, art. 1308). Obrigaes do mandante

As obrigaes do mandante so de duas naturezas diversas. Uma diz respeito ao dever de honrar as obrigaes assumidas pelo mandatrio, dentro dos poderes conferidos no mandato. A outra estritamente uma obrigao de carter patrimonial: consiste no mister de reembolsar as despesas efetuadas pelo mandatrio, de indeniz-lo dos prejuzos experimentados na execuo do mandado e de pagar-lhe a remunerao, se assim se ajustou. a) como o procurador age em nome de constituinte, este, e no aquele, quem se vincula. De modo que ao mandante cabe honrar os compromissos em seu nome assumidos, sob pena de sofrer ao direta que contra ele podem promover os terceiros, com quem seu procurador contratou. b) As demais obrigaes do mandante so de carter pecunirio. Incumbe-lhe adiantar as importncias necessrias ao cumprimento do mandato ou reembolsar o mandatrio, com os juros porventura devidos pelo atraso, das somas por ele adiantadas para a execuo do mandato. Para assegurar o recebimento dessas importncias, confere a lei ao mandatrio o direito de reteno. Deve ainda o mandante indenizar o mandatrio pelos prejuzos por este experimentados com a execuo do mandato. Finalmente, se o mandato no for gratuito, incumbe ao mandante pagar a remunerao ajustada, ou a que for arbitrada judicialmente, quando no se fixou o montante da honorria. Da irrevogabilidade do mandato

O mandato, negcio baseado na confiana, s pode durar enquanto esta persiste. De modo que, em princpio, cabe ao mandante, a qualquer tempo e sem que precise justificar seu ato, a prerrogativa de revogar a procurao. Art. 1317. irrevogvel o mandato: a) Quando se tiver convencionado que o mandato no possa revog-lo, ou for em causa prpria a procurao dada. b) Nos casos, em geral, em que for condio de um contrato bilateral, ou meio de cumprir uma obrigao contratada, como , nas letras e ordens, o mandato de pag-las. c) Quando conferido ao scio, como administrador ou liquidante da sociedade, por disposio do contrato social, salvo se diversamente se dispuser nos estatutos, ou em texto especial da lei. A irrevogabilidade convencional, via de regra, emerge de uma relao jurdica bilateral, em que, atravs do mandato, se busca guarnecer outro interesse, que no o do mandante. E nisso que a hiptese em apreo diverge do mandato ordinrio. No contrato de mandato, o interesse que habitualmente se procura proteger o do mandante. Por isso ele revogvel ad nutum, ou seja, ao inteiro arbtrio do constituinte. Ora, se, ao contrrio, se procura assegurar outro interesse que no o do mandante, desnaturando, dessa maneira, o contrato de mandato, justo que se estipule a irrevogabilidade do mandato. A procurao em causa prpria aquela outorgada no interesse exclusivo do mandatrio. Por isso negcio de natureza diversa do mandato ordinrio, que visa atender interesse do mandante. Assim, ao contrrio do mandato ordinrio, negcio irrevogvel, isenta o mandatrio do mister de prestar contas e compreende todos e quaisquer poderes necessrios para alcanar os fins constantes do mandato. Da extino do mandato

O art. 1316 do CC relaciona as causas de extino do mandato, a saber: a) A revogao e a renncia. Ao contrrio dos demais contratos, o mandato um negcio que se resolve, em regra, pela vontade unilateral de qualquer das partes. Se a manifestao da vontade provier do mandante, h revogao. Se partir do mandatrio, h renncia. Tratando-se de negcio que se baseia na fidcia, nada mais justo de que permitir ao representado interromper a representao, quando o representante no mais inspire confiana A revogao pode ser expressa ou tcita. No primeiro caso ela se faz por declarao do mandante; no segundo, por atos que revelem tal propsito (nomeao de outro mandatrio). O procurador no pode desvencilhar das obrigaes assumidas por seu representante, em face de terceiros de boa f que com este contrataram, alegando somente que a procurao j fora revogada b) A morte ou a interdio de uma das partes. Se, como vimos o mandato um negcio intuito personae, a morte ou a incapacidade de uma das partes o deve extinguir. Todavia, os atos praticados pelo mandatrio, ainda incidente da morte do mandante, so vlidos e obrigam os herdeiros deste ltimo (CC art. 1321). Tambm a interdio do mandante ou do mandatrio, mudando o estado de capacidade de qualquer dos contratantes, extingue o mandato. Entretanto, embora ciente da morte, interdio ou mudana de estado do mandante, deve o mandatrio concluir o negcio j comeado, se houver perigo na demora (CC, art. 1308). Se a morte ou interdio for do mandatrio, seus herdeiros avisaro o mandante e providenciaro a bem dele, conforme exijam as circunstncias. Sua atividade, entretanto, deve se limitar s medidas conservatriasc) A mudana de estado. No precisa mais a mulher de autorizao para aceitar mandato, sua mudana de estado no mais revoga a procurao que lhe foi conferida. d) A terminao do prazo, ou a concluso do negcio. Muitas procuraes so dadas com data certa de vigncia, figurando no prprio instrumento de mandato. Certas procuraes so dadas para um negcio certo. Neste caso, praticado o ato, o mandato se exaure e, por conseguinte se extingue. Do mandato judicial

O mandato judicial aquele conferido para patrocnio, em juzo, de interesses do mandante. Trata-se de matria que se situa na fronteira entre o direito civil e o processual, talvez mais dentro das lides deste, do que daquele ramo da ordenao jurdica.

O mandatrio judicial no s representa o constituinte, como presta servios profissionais, no patrocnio de seus interesses. O mandato judicial s pode ser exercido por quem possa procurar em juzo, sito , por aquelas pessoas que alei considera habilitadas, como, por exemplo, o advogado regularmente inscrito. Todavia, mesmo habilitados, no podem ser procuradores judiciais: I. Os menores de 21, no emancipados ou no declarados maiores; II. Os juzes em exerccio; III. Os escrives ou outros funcionrios judiciais, correndo pleito nos juzos onde servirem, e no procurando eles em causa prpria. IV. Os inibidos por sentena de procurar em juzo, ou de exercer ofcio pblico; V. Os ascendentes, descendentes, ou irmos do juiz da causa; VI. Os ascendentes ou descendentes da parte adversa, exceto em causa prpria. Se outorgou ao mandatrio poderes da clusula ad juditia, este poder praticar todos os atos do processo, exceto receber citao inicial, confessar, transgredir, desistir, receber, dar quitao, bem como firmar compromisso. Se no mandato ordinrio relevante o elemento confiana, no judicial ainda mais importante se revela o intuito personae, porque emerge de qualidades intelectuais que o mandante reconhece no procurador. Finalmente, no mandato judicial, que remunerado, diferentemente do mandato ordinrio em que gratuito, o mandatrio que aceitar a procuratura s se poder escusar por motivo justo. E mesmo nessas hipteses dever avisar em tempo o constituinte, a fim de que este lhe nomeie sucessor. Sob pena de ficar obrigado a reparar o prejuzo que se sua renncia, intempestiva e injusta, resultar.CAPTULO XVI - DO CONTRATO DE SEGURO

Conceito

O art. 1432 do Cdigo Civil oferece uma definio do contrato de seguro, adequada se considerar apenas o seguro das coisas. Art. 1432. Considera-se contrato de seguro aquele pelo qual uma das partes se obriga para com a outra, mediante a paga de um prmio, a indeniz-la do prejuzo resultante de riscos futuros, previstos no contrato. Assim, aparecem no contrato, em anlise, duas partes: o segurador e o segurado. Este fornece quele uma contribuio peridica e moderada chamada prmio, em troca do risco que o segurador assume de, em caso de sinistro, indenizar o segurado dos prejuzos por ele experimentados. O objeto do negcio o risco, que o segurado transfere ai segurador. Atravs daquele desembolso limitado, o segurado adquire a tranqilidade resultante da persuaso de que o sinistro no o conduzir runa, pois os prejuzos, que porventura lhe advierem, sero cobertos pelo segurador. Convm distinguir risco de sinistro. Aquele existe sempre, enquanto este pode, ou no, ocorrer. Trata-se de contrato aleatrio no s por no haver equivalncia entre as prestaes, como por no poder o segurado antever, desde logo, aquilo que receber em troca da prestao que oferece. No caso de incorrer o sinistro, o segurador recebe o prmio sem efetuar nenhum reembolso, obtendo, assim, um enriquecimento sem qualquer co respectivo material. Mecanismo do contrato de seguro

No contrato de seguro encontram-se sempre dois elementos que explicam o seu mecanismo e demonstram o alto interesse social desse negcio. Tais elementos so: a) a mutualidade dos segurados; b) o clculo de probabilidades. A) A MUTUALIDADE DOS SEGURADOS - sociedades de seguros mtuos, pois nelas os associados dividem entre si os prejuzos que a qualquer deles advenham, dos riscos por todos enfrentados. B) O CLCULO DAS PROBABILIDADES - o clculo das probabilidades o elemento a que recorre o segurador para fixa, de antemo, o prmio que ser pago pelo segurado.Espcies de seguro

O extraordinrio desenvolvimento dos seguros propiciou o surgimento de infinitas modalidades de negcios. Poder-se-ia, de incio, separar os seguros sociais, dos seguros privados. Estes visam ao interesse dos indivduos ut singoli e so, em regra, facultativos. Aqueles, em geral, obrigatrios, visam proteger determinadas categorias de pessoas contra a velhice, invalidez, acidentes, etc. Diviso tradicional separa os seguros privados em seguros terrestres e seguros martimos. Poderse-ia incluir, como ramos paralelos ao seguro martimo, o seguro fluvial e o aeronutico. Dentro dos seguros terrestres poderamos distinguir o seguro de coisas e o seguro de pessoas. O seguro de coisas, por sua vez, se desdobra, de um alado, em seguro de coisas prprias, onde se inclui, por exemplo, o seguro contra incndio, o seguro de transportes terrestres, etc.; e, de outro, em seguro de responsabilidade, em que o segurado se garante contra indenizaes que deve pagar a terceiros, resultantes de atos por que deve responder. O seguro de pessoas pode ser desdobrado em seguro de vida e seguros contra acidentes pessoais. O primeiro tem pouca semelhana com o contrato tradicional de seguro, conforme se ver em lugar apropriado. O segundo aquele contrato em que o segurador ajusta uma indenizao para o caso de ser vitimado por acidente. Natureza jurdica e elementos do contrato de seguro

O contrato de seguro contrato bilateral, oneroso, aleatrio e solene. Bilateral. O segurador assume o risco que lhe transfere o segurado, porque deseja o prmio. O segurado para o prmio, porque visa livrar-se do risco que o preocupa. Analisando os elementos do contrato de seguro, poderemos, talvez melhor compreend-lo. Tais elementos so o segurador, o segurado, o risco, o prmio e o instrumento no negcio, isto , a aplice. a. O segurador contratante que, assumido o risco, prope-se a indenizar o segurado dos danos sofridos, na hiptese de sinistro.

b. O segurado o contratante que mediante o pagamento de um prmio obtm a transferncia do risco para o segurador.

c. O risco o elemento medular do seguro, pois constitui o seu prprio objeto. acontecimento futuro e incerto, quer tanto sua realizao, quer quanto ao momento em que ocorrer.

O fato que se receia, e cujos efeitos se quer evitar, chama-se sinistro. Determina ainda a lei a nulidade do seguro quando o risco, de que se ocupa o contrato, se filiar a atos ilcitos do segurado, do beneficirio pelo seguro, ou dos representantes e prepostos, quer de um, quer de outro.

d. O prmio a contraprestao devida pelo segurado, ao segurador, em troca do risco por aquele assumido. O prmio fixo e, em geral, vem determinado n contrato. Quem o estabelece o segurador, sob a vigilncia do Estado, tendo em vista a extenso do risco que assume. Entretanto, uma vez fixado, no ter o segurador direito de aument-lo, embora os riscos se hajam agravado alm do que era possvel antever no contrato, a no ser que haja clusula expressa a respeito. Isso tambm em virtude de tratar-se de um contrato aleatrio.

e. A aplice o instrumento do contrato. O art. 1434 determina os seus requisitos. Deve consignar os riscos assumidos, o valor do objeto do seguro, o prmio devido ou pago pelo segurado e quaisquer outras estipulaes que no contrato se firmem. Devem, alm disso, ser explcita sobre durao do contrato, declarando por ano, ms, dia e hora o comeo e o fim dos riscos.As aplices em geral, so nominativas, mas, exceto as de seguro de vida, a lei no impede de serem ordem ou ao portador. Quando forem nominativas mencionaro o nome do segurador, do segurado ou de ser representante e do terceiro em cujo nome se faz o seguro.Condies do contrato

O contrato de seguro negcio que tem por objeto uma indenizao e no um lucro. Por conseguinte, no se pode segurar uma coisa por mais do que valha, nem pelo seu todo mais de uma vez. Com a proibio constante do art. 1437, o mximo que pode almejar o segurado sair indene do negcio. Se o valor do seguro exceder ao da coisa, pode o segurador, mesmo depois de entregue a aplice, exigir sua reduo ao valor real, restituindo ao segurado o excesso do prmio. Por outro lado, quando a coisa for segurada por todo o seu valor mais de uma vez, pode o contrato ser anulado, ficando ainda o segundo segurador, que ignorava o primeiro contrato, com o direito de receber o pagamento do objeto do seguro, ainda que no tenha reclamado contra o contrato antes do sinistro. A Segunda condio do negcio de seguro diz respeito boa f das partes. Obrigaes do segurado

Acabamos de analisar uma das obrigaes do segurado, ou seja, o dever da veracidade. Trs so as obrigaes do segurado. a) A obrigao de pagar o prmio o primeiro dever do segurado, pois, nesse ajuste bilateral, essa a prestao do segurado que justifica a prestao do segurador. b) A obrigao de no agravar os riscos do contrato representa apenas a aplicao, no caso particular do seguro, da regra geral que domina todas as convenes, segundo a qual elas no podem ser alteradas por vontade unilateral de uma das partes. Se o segurado. De qualquer modo, agrava os riscos ou procede de maneira contrria ao estipulado no contrato, isso equivale a inserir no negcio um elemento de desequilbrio, donde lhe resulta a perda do direito ao seguro. c) A obrigao de comunicar ao segurador todo incidente que de qualquer modo agrave o risco, bem como a de comunicar-lhe in continentio sinistro, so os derradeiros deveres do segurado. Essas obrigaes se apoiam em propsitos diversos, mas ambas so absolutamente justificveis. Obrigaes do segurador

A obrigao bsica do segurador, digamos mesmo sua obrigao exclusiva, a de pagar os prejuzos decorrentes do risco assumido. O preceito vai mais longe e fala em pagamento em dinheiro, o que pode no ocorrer, se da aplice constar o contrrio, como no raro acontece. Da transmissibilidade do direito indenizao

O direito indenizao, no seguro das coisas, constitui uma vantagem que ordinariamente se prende a elas, na qualidade de acessrio, acompanhando-as quando alienadas. Assim, vendida uma coisa segurada, o direito indenizao por sinistro que a venha destruir se transmite ao adquirente, a menos que o contrato expressamente vede tal transmisso. A transmisso do direito indenizao no pode implicar prejuzo para o segurador, cuja situao no deve ser por ela agravada. Do seguro mtuo

O seguro mtuo aquele levado a efeito pelos prprios segurados que pem em comum os prejuzos que qualquer deles experimente e defluentes de risco por todos ocorrido.As sociedades de seguros mtuos se constituem pela reunio de certo nmero de pessoas , que pem em comum determinado prejuzo, para que a repercusso do mesmo se atenue pela disperso. Seu fim no o lucro. Em teses, o segurado, em vez de contribuir com o prmio, contribui com as quotas necessrias para atender s despesas de administrao, constituio de reserva e s indenizaes pagas.Do seguro de vida

A lei permite que a vida humana seja objeto de seguro contra os riscos da morte involuntria. Este seguro pode se apresentar sob vrias modalidades: a. O seguro de vida tradicional, tambm chamado seguro de vida propriamente dito, aquele em que, mediante um prmio anual, se obriga o segurador ao pagamento de certa soma, por morte do segurado, a pessoa ou pessoas por este indicados no contrato. Trata-se de negcio de previdncia, em que o segurado, desejando assegurar a sobrevivncia e o bem estar de sua famlia ou de outras pessoas que lhe so caras, estipula, que por ocasio de sua morte o segurador fornecer, a seus beneficirios, uma soma em dinheiro desde logo fixada no contrato, pagando ele, segurado, a partir de ento, um prmio peridico, anual ou mensal. O seguro de vida difere do seguro tradicional por sua natureza. Pois, enquanto naquele o problema de indenizar um prejuzo, no seguro de vida no se trata de reparao de danos, porque no se pode medir em dinheiro o alcance do prejuzo representado pela perda de uma existncia. b. O seguro de vida em caso de sobrevivncia aquele em que se estipula que o benefcio deve ser pago ao prprio segurado, ao fim de certo tempo. o caso, por exemplo, do seguro dotal. c. O seguro misto, o mais comum, nos dias atuais, o que concilia os dois primeiros. O segurador se compromete, mediante um prmio fixo e anual devido pelo segurado, a pagar-lhe ao fim de certo prazo (vinte ou trinta anos), uma determinada importncia. Em caso de morte do segurado antes do vencimento desse prazo, referida importncia ser paga a pessoas por ele designadas na aplice, sem que sejam devidos os prmios ainda no pagos. d. Esse carter aleatrio se torna extremamente ntido no chamado seguro temporrio, contemplado no art. 1476 do CC, em que o segurado, que comea desde logo a pagar o prmio, s ter direito ao seguro se chegar a certa idade, ou for vivo a certo tempo. Do seguro de vida em grupo

O seguro de vida em grupo o negcio que se estabelece entre o estipulante e a seguradora atravs do qual aquele se obriga ao pagamento de um prmio global e aquela se obriga ao pagamento de um prmio global e aquele se obriga a indenizar pessoas pertencentes a um grupo determinado, denominado grupo segurvel, pessoas essas ligadas por um interesse comum e cuja relao, varivel de momento a momento confiada a seguradora. Concluses sobre o contrato de seguro

Representa o contrato de seguro negcio no s de interesse particular das partes, como igualmente da maior importncia social. Isso porque, atravs da mutualidade que implica, o seguro tem por efeito distribuir, por toda a comunidade, os prejuzos que o acaso impes de seus membros.CAPTULO XVIII - DA FIANAConceito

A fiana uma espcie do gnero garantia. A garantia pode ser real, e ela o quando o devedor fornece um bem mvel ou imvel para responder, preferencialmente, pelo resgate da dvida, como na hiptese do penhor ou da hipoteca, ou pode ser pessoal, como quando terceira pessoa se prope a pagar a dvida do devedor, se este o no fizer. Art. 1481. D-se o contrato de fiana, quando uma pessoa se obriga por outra, para com o seu credor, a satisfazer a obrigao, caso o devedor no a cumpra. Como elemento de garantia a fiana, vem aumentar as possibilidades, com que conta o credor, de receber a dvida. Espcies de fiana

Alm da fiana resultante do contrato e chamada convencional, existe a fiana judicial, determinada pelo juiz, e a fiana legal, imposta pela lei. Natureza jurdica

A fiana convencional contrato acessrio, unilateral, solene e, no geral, gratuito. Trata-se de negcio no mais das vezes gratuito, porque o fiador, atravs da fiana, nada procura receber em troca. De fato, em regra, o fiador se inspira no propsito de ajudar o afianado, pessoa em quem confia e que, espera, no faltar ao compromisso assumido. Nada impede, entretanto. Que o fiador reclame, em troca da garantia eu oferece, determinada remunerao. A fiana e a outorga uxria

Tratando-se de negcio em geral gratuito, no qual o fiador arrisca seus bens, pois, se o devedor principal no pagar a dvida, o fiador deve faz-lo, impede o legislador que o homem casado preste fiana, sem o consentimento de sua mulher. Da pessoa do fiador

Muito freqentemente compete ao devedor, ou por ordem judicial, ou por determinao legal, ou ainda como conseqncia do contrato apresentar fiador que lhe garanta as obrigaes. Antes do contrato pode o credor recusar o fiador indicado, devendo o devedor provar a idoneidade do mesmo, se quiser obter que o juiz ordene sua aceitao. Aps o contrato, pode o credor demandar a substituio do fiador, mas ter que provar que o mesmo se tornou incapaz ou insolvente. O nus da prova varia, conforme o caso. Dos efeitos da fiana

BENEFCIO DE ORDEM O benefcio de ordem consiste na prerrogativa, conferida ao fiador, de exigir que os bens do devedor principal sejam excutidos antes dos seus. Tal benefcio se funda na idia de que a obrigao do fiador subsidiria, pois que no passa de uma garantia da dvida principal. No havendo tal clusula, o fiador tem direito ao benefcio de ordem, uma vez que se apresentem os seguintes pressupostos: I. Deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo municpio, livre e desembaraados, e quantos bastem para solver o dbito;

II. Deve reclamar o benefcio at a contestao da lide, na ao que lhe move o credor para cobrana da dvida principal.

Acolhida a exceo representada pelo benefcio de ordem, o juiz suspender a execuo contra o fiador, ordenando que se penhorem e executem os bens do devedor principal, daquele modo apontados. SOLIDARIEDADE DOS CO-FIADORES

Se a fiana for prestada por dois ou mais fiadores, sem se especificar a parte da dvida que cada qual garante, determina a lei sua solidariedade. Assim, se houver a especificao acima aludida, cada fiador s responde pela parte que afianou. Se no houver, pode o credor, em caso de inadimplncia do devedor principal, exigir de um, de alguns, ou de todos os fiadores o total da dvida. I. O fiador que pagar integralmente a dvida fica sub-rogado nos direitos do credor, podendo demandar de cada um dos co-fiadores a quota respectiva;

II. Divide-se por todos os fiadores solidrios a quota do insolvente, se houver.Obrigaes impostas e direitos deferidos ao fiador

A obrigao bsica do fiador a de pagar a dvida do devedor, se este o no fizer no tempo e na forma devidos. Tal obrigao, ademais, se transmite a seus herdeiros. A responsabilidade do fiador se estende aos juros da mora, a partir de sua interpretao, e s despesas judiciais, a partir do momento em que foi citado. A lei, entretanto, confere-lhe alguns meios para atenuar os efeitos da fiana, naquilo em que o prejudica. Ei-os: a. Sendo compelido a pagar a dvida, fica o fiador com ao regressiva contra o afianado, para dele reclamar no apenas a importncia que desembolsou, como tambm todas as perdas e danos que houver pago e ainda os prejuzos que sofrer em razo da garantia prestada.

b. Vencida a dvida, pode o fiador exigir que o devedor satisfaa a obrigao para com o credor, ou de qualquer modo o exonere de sua responsabilidade (art. 1499). Trata-se de um meio de defesa concedido ao fiador, que consegue, desse modo, vencer a inrcia do credor.

c. Finalmente, tem o fiador o direito de se exonerar da fiana assinada sem limitao de tempo, ficando obrigado apenas aos efeitos anteriores ao ato amigvel, ou sentena que o exonerar (art. 1500). A fiana por prazo determinado extingue-se com o advento do termo.Da extino da fiana

A fiana, contrato acessrio que , extingue-se cada vez que o contrato principal encontra o seu termo. A lei consigna, ademais, quatro hipteses em que a fiana se extingue atravs da liberao do fiador, por motivos inerentes sua prpria natureza, so elas: a) A moratria concedida ao devedor, sem o consentimento do fiador. No se deve confundir a moratria, que a concesso expressa de prazo ao devedor, com a mera tolerncia do credor. Como atravs da concesso de moratria fica o fiador provado desse meio de defesa, pois a dvida se torna inexigvel, a lei o libera de sua responsabilidade.

b) O ato do credor que torne impossvel a sub rogao do fiador em seus direitos e preferncias. O fiador, ao aceitar a fiana, no ignora a possibilidade de ser compelido a pagar a dvida afianada. Mas, ao examinar essa perspectiva, decerto antev a hiptese de se sub rogar nos direitos do credor, fato que naturalmente representa uma adequada possibilidade de reembolso. Ora, se por ato do credor essa possibilidade se frustra, tornando impossvel ou incua a sub rogao, o fiador se desonera da obrigao e a fiana se extingue.

c) A dao em pagamento, consentida pelo credor, pe termo dvida, extinguindo, portanto, a fiana, que constitui obrigao acessria. Ao cuidar da dao em pagamento, encara o legislador o problema da evico e determina que se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelece-se a obrigao primitiva, ficando sem efeito a quitao dada. De modo que, ocorrendo tal evico, a obrigao primitiva volta vida, mas sua ressurreio no provoca o ressurgimento da fiana. d) O retardamento do credor na execuo, quando, em hiptese em que se alegou o benefcio de ordem, de tal retardamento resultar a impossibilidade de se cobrar do devedor a dvida. Se o fiador provar que os bens indicados eram, ao tempo da indicao, suficientes para a soluo da dvida afianada, libera-se de suas obrigaes, extinguindo-se a fiana.