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ii

SILVA, CORBINIANO

Mapeamento na Área de Influência em

Refinaria de Petróleo Apoiado em Sistemas

de Informação Geográfica como Suporte ao

Planejamento de Ação em Emergências [Rio

de Janeiro] 2007

XIII, 97p. 29,7cm (COPPE/UFRJ,

M.Sc., Engenharia Civil, 2007)

Dissertação – Universidade Federal do

Rio de Janeiro, COPPE

1. Acidentes Industriais

2. Sistemas de Resposta

3. Tomada de Decisão

I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

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iii

Em memória de minha vó EVERALDINA e de

meus pais adotivos JOAQUIM e DIONÍSIA,

exemplos de luta pela vida e seres humanos

brilhantes. À minha mãe EUZA, pela luta e o apoio

de sempre. À minha querida esposa, FABIANA,

pelo carinho, atenção e companheirismo desde

sempre,

DEDICO.

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iv

“O único lugar no mundo onde a palavra sucesso vem antes de trabalho é no

dicionário.”

(Albert Einstein)

“O homem é um ser histórico que vive em determinada época e assimila as idéias que

predominam durante o período de sua vida, bem como os que o antecedem, pois ao

nascer, ele se torna herdeiro de todo o patrimônio cultural da humanidade. Diante da

impossibilidade de desvincular o homem de seu contexto, é preciso salientar que

atualmente ele atravessa uma fase de transição histórica, no qual todos os seus valores

são questionados, delineando-se uma perspectiva de reencontro do homem nele mesmo.

Por outro lado, a inquietação do homem de nossos dias é a inquietação de uma época de

transformações que se aprofundam na medida em que este toma consciência do seu

papel de ator de diretor da própria existência”.

(Vladimir Gomide)

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v

AGRADECIMENTOS Ao DEUS que nos dá sabedoria e inteligência para sermos pessoas cada vez melhores. Ao Professor Luiz Landau, pelo brilhantismo e simplicidade e a grande disposição de ensinar e conviver com os alunos e as pessoas em geral. Ao Professor Gerson Cunha, por sua sabedoria e inteligência no trato com os alunos e principalmente pelo apoio, estímulo e incentivo para entrar no mestrado e concluí-lo. Ao Professor Nelson Ebecken, por ter aceitado o convite de participar da banca. Ao Professor e amigo Gilberto Pessanha, pela convivência e contribuições que colaboraram para que este trabalho se concretizasse e tivesse êxito. Aos meus familiares, pela estima e consideração que une a nossa família. Em especial ao amigo Ednaldo Oliveira dos Santos, principalmente pela amizade, sabedoria e humildade, além de todas as informações que contribuíram para concretização deste trabalho. Ao amigo Luiz Chaves, pelas preciosas discussões e estímulo sobre o tema, cujas contribuições enriqueceram o trabalho e deram ao assunto uma importância definitiva. Ao meu camarada Victor César, pelas valiosas contribuições e ajuda nos mapas. Aos profissionais que fazem parte do GARTA/COPPE, especialmente Luiz Chaves, Victor César, Leonardo Cardoso, Guilherme Duarte e Moacyr Duarte, pela amizade e a luta do dia a dia. Ao Moacyr Duarte, coordenador do GARTA/COPPE, pela oportunidade de confiar-me a coordenação do mapeamento de áreas de interesse para planejamento de emergência, cujos trabalhos realizados motivaram o desenvolvimento desta dissertação. Aos colegas de pós-graduação, do corpo técnico e aos funcionários do PEC/COPPE, especialmente Beth, Jairo e Raul, pela convivência e auxílio. Aos meus amigos Renan Finamori e Rafael Vieira, pela força, diversão e amizade durante todo o curso e até os dias de hoje. Ao José Antonio Sena, que desde o início na ELETROBRÁS vêm dando força para o crescimento de nosso aprendizado acadêmico e profissional. Aos meus queridos amigos Cláudio Martins da UFF, e Márcio Giovani da ELETROBRÁS, pelo apoio de sempre e a convivência ao longo dos anos. A CAPES, que através da concessão da bolsa, possibilitou a realização do Curso de Mestrado e conseqüentemente a finalização da Tese. A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.

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vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

MAPEAMENTO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA EM REFINARIA DE PETRÓLEO

APOIADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA COMO SUPORTE

AO PLANEJAMENTO DE AÇÃO EM EMERGÊNCIAS

Corbiniano Silva

Abril/2007

Orientadores: Luiz Landau

Gerson Gomes Cunha

Programa: Engenharia Civil

O planejamento de ações em emergência constitui-se num poderoso instrumento

para gerência de acidentes industriais na indústria química em geral, especialmente em

refinarias de petróleo. Essas atividades caracterizam-se como empreendimentos que se

localizam em área com grande densidade populacional à sua volta, o que torna essas

populações vulneráveis à ocorrência de acidentes, em função dos riscos que as

atividades industriais desenvolvidas podem acarretar. A elaboração de planos de ação

em emergência para áreas externas às refinarias compõe sistemas de resposta para

acidentes que, através do mapeamento do conjunto de elementos que fazem parte do seu

entorno, caracterizam-se como ferramentas de apoio e suporte à tomada de decisões.

Assim, a incorporação de tecnologias de geoprocessamento, caracterizadas pelos

Sistemas de Informação Geográfica - SIG constitui um item a mais no planejamento de

emergências, por sua capacidade de armazenar e manipular dados geograficamente

referenciados e apresentar potencialidades de análises espaciais integradas. Os

resultados alcançados foram obtidos a partir de mapeamento sistemático que permitiu a

construção de um banco de dados com informações de áreas externas à uma refinaria.

Tais dados compõem um sistema que poderá auxiliar ao planejamento das ações

externas de emergências na área de abrangência, associados a informações

demográficas, sócio-econômica e ambiental.

Palavras Chaves: Acidentes industriais, Sistemas de Resposta, Tomada de Decisão.

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vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

MAPPING IN THE INFLUENCE AREA IN PETROLEUM REFINERY SUSTAINED

IN GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS AS SUPPORT TO THE

EMERGENCY ACTION PLAN

Corbiniano Silva

April/2007

Advisors: Luiz Landau

Gerson Gomes Cunha

Department: Civil Engineering

In general, emergency action plans constitutes a powerful tool for industrial

accidents in the chemical industry, mainly in petroleum refineries. Those activities are

characterized as enterprises that possess high population density to its turn, doing with

that those populations are vulnerable to the occurrence of accidents in function of risks

that developed industrial activities can cause. The elaboration of emergency plans,

especially for external areas of enterprise in refineries composes answer systems for

accidents which are characterized as support tools and aid in the decision making

processes, obtained through mapping of a set of elements that are part of its

environment. This way, the incorporation of geoprocessing technologies, characterized

by Geographic Information Systems (GIS), constitutes an additional item in the

emergency plans due its capacity in store and manipulate geographically referenced data

and in presenting potentialities of space analyses integrated. The reached results were

obtained starting from systematic mapping that it allowed the construction of a

referenced database with information of the external areas to the refinery enterprise. The

incorporation of these data in the GIS environment composes a system that can aid in

the management and planning of the emergency external actions in the inclusion area,

associated with information demographic, socioeconomic and environmental.

Keywords: Industrial Accidents, Support Tools, Decision Making.

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viii

SUMÁRIO

Página

DEDICATÓRIA iii

AGRADECIMENTOS v

RESUMO vi

ABSTRACT vii

Lista de Figuras xi

Lista de Tabelas xii

Lista de Abreviaturas xiii

INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO 1 - PLANEJAMENTO DE AÇÃO EM EMERGÊNCIAS 5

1.1 Considerações Gerais 5

1.2 Conceito de Acidente 6

1.3 Outros Conceitos Importantes 7

1.4 Acidentes Industriais 7

1.5 Análise de Risco 9

1.6 Contexto Histórico 11

1.7 O Planejamento para Controle de Emergências 12

1.8 Aspectos Legais 14

1.9 Banco de Dados e Vulnerabilidade das Populações Expostas aos Acidentes

Industriais

16

1.10 Tipos de Ações em Acidentes Industriais 19

1.10.1 Ações de Proteção ao Público 20

1.11 Sistemas de Respostas como Suporte à Tomada de Decisão em Acidentes

Industriais

20

CAPÍTULO 2 - GEOPROCESSAMENTO E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

GEOGRÁFICA

26

2.1 Generalidades 26

2.2 Processo de Evolução 27

2.3 Conceitos 29

2.3.1 Uma Visão Geral 29

2.3.2 Definição de SIG 30

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ix

2.4 Característica Geral dos Dados Geográficos 32

2.5 Estrutura dos Dados Espaciais 32

2.6. Estrutura dos Dados Geográficos 33

2.7 Principais Técnicas de Aquisição dos Dados 35

2.8 Estrutura Funcional de um SIG 36

2.8.1 Entrada de Dados 37

2.8.2 Conversão de Dados 38

2.8.3 Armazenamento e Recuperação de Dados 38

2.8.4 Consulta e Atualização de Dados 39

2.8.5 Visualização e Análise de Dados 40

2.8.6 Geração de Resultados 40

2.9 Os Componentes de um SIG 40

2.9.1 Software 41

2.9.2 Hardware 42

2.9.3 Banco de Dados 43

2.9.4 Recursos Humanos 44

2.9.5 Métodos 44

2.10 Aplicações de SIG 45

2.10.1 Aplicações de SIG no Planejamento de Ações em Emergências 46

CAPÍTULO 3 - ETAPAS DE IMPLEMENTAÇAO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

48

3.1 Características das Refinarias no Brasil 48

3.2 Material e Métodos 50

3.3 Etapas do Mapeamento 52

3.3.1 Mapeamento na Área de Influência de Refinaria 52

3.3.1.1 Levantamentos de Campo 52

3.3.1.2 Coleta dos Dados 54

3.3.2 Composição do Sistema de Informação 56

3.3.2.1 Escala de Abrangência do Sistema 56

3.3.2.2 Entrada dos Dados e Sistema Utilizado 57

3.4 Estudo de Caso: Refinaria de Duque de Caxias - REDUC 60

3.4.1 O Processo APELL- CAMPOS ELÍSEOS 61

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 69

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x

4.1 Implantação do Sistema de Informação Geográfica 69

4.2 O Mapeamento como Instrumento de Planejamento em Ações de Emergência

70

4.2.1 Equipamentos existentes na Área de Influência 71

4.2.2 Áreas Localizadas Fora do Alcance de Acidentes 80

4.2.3 Atributos Complementares ao Planejamento das Ações de Emergências 82

4.2.3.1 Vias de Acesso 83

4.2.3.2 Sistemas de Transporte 84

4.2.3.2.1 Linhas de Ônibus 85

4.3 Vantagens do Mapeamento e Implantação de SIG em Áreas de

Influência em Refinarias

85

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 91

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xi

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1 Esquema de Análise de Risco para Acidentes Industriais 10 1b Total de acidentes químicos ampliados registrados no mundo entre

1974 – 1987

17 2a Características funcionais de um SIG 36 2b Esquema simplificado das funções básicas do SIG 37 2c Estrutura de entrada e saída de dados num SIG 38 2d Componentes de um SIG 41 2e Arquitetura de um SIG 43 2f Exemplo de dados que compõe um SIG 46 3a Mapa de localização das principais refinarias do Brasil 49 3b Processos decorrentes de atividades industriais em refinarias de

petróleo 50

3c Processos em ambientes sob influência de acidentes industriais em refinarias de petróleo

51

3d Imagem da área de abrangência da REDUC 53 3e Interface do programa Arcgis 9.1., através do aplicativo Arcmap 58 3f Mapa de localização da REDUC 60 3g Estrutura do Processo APELL 62 3h Comunidades integrantes do Processo APELL-CE 64 3i Comunidades situadas dentro e fora do espaço vulnerável 64 3j Pontos de abrigo e rotas de fuga 65 3k Empresas do Pólo Industrial de Campos Elíseos 66 3l Espaço Vulnerável definido a partir dos cenários de acidentes 67 4a Recorte espacial da área de abrangência do estudo 71 4b Mapa do total de pontos notáveis identificados no mapeamento 72 4c Mapa dos pontos notáveis de creche 73 4d Mapa dos pontos notáveis de escola 73 4e Mapa dos pontos notáveis de áreas comerciais 74 4f Mapa dos pontos notáveis de residências 74 4g Mapa dos pontos notáveis de igrejas 75 4h Mapa dos pontos notáveis de instituições 75 4i Mapa dos pontos notáveis de hospitais e postos de saúde 76 4j Mapa do Perímetro de 1000 m, considerado o espaço crítico de

acidentes 77

4k Mapa do conjunto de edificações existentes no perímetro de 500 m 78 4l Mapa do conjunto de edificações existentes no perímetro de 1000 m 79 4m Mapa do conjunto de edificações existentes no perímetro de 1500 m 79 4n Mapa das Principais áreas receptoras 81 4o Mapa dos equipamentos localizados fora do perímetro de 1000 m 82 4p Mapa da malha viária existente na área de estudo 83 4q Mapa dos principais sistemas de transporte existentes na área de

estudo 84

4r Mapa das Linhas de ônibus que trafegam na área de estudo 85

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xii

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1a Acidentes envolvendo substâncias perigosas 16 2a Tipos de Feições dos dados geográficos 34 2b Visão geral das áreas de aplicação dos SIG 45 3a Principais Refinarias do Brasil 48 3b Informações coletadas junto às creches 54 3c Informações coletadas junto às escolas 54 3d Informações coletadas junto às instituições 55 3e Informações coletadas junto às instituições de saúde 55 3f Informações coletadas sobre as linhas de ônibus 56 3g Informações coletadas sobre os arruamentos 56 3h Conjunto de empresas que atualmente constituem o pólo industrial

de Campos Elíseos 66

4a Relação dos atributos mapeados na REDUC 72 4b Equipamentos no perímetro de 500 m 77 4c Equipamentos no perímetro de 1000 m 77 4d Equipamentos no perímetro de 1500 m 78 4e Áreas de Triagem (áreas para onde a população evacuada se

desloca) 81

4f Equipamentos existentes fora do perímetro de 1000 m 82

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xiii

LISTA DE ABREVIATURAS

ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química APELL Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level

APELL-CE Alerta e Preparação para Comunidades em Nível Local – Campos Elíseos

APP Análise Preliminar de Perigos APR Análise Preliminar de Riscos CAD Computer Aided Design

CAMEO Principais Refinarias do Brasil CAMEO Computer-Aided Management of Emergency Operations CARAT Chemical Accident Risk Assessment Thesaurus COPPE Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia

ELETRONUCLEAR Eletrobrás Termonuclear S.A. EPA Environmental Protection Agency

EPCRA Emergency Planning and Community Right-to-know Act ERG 2000 Emergency Response Guidebook 2000

ESRI Environmental Systems Research Institute FEMA Federal Emergency Management Agency

GARTA Grupo de Análise de Risco Tecnológico Ambiental GPS Global Positioning System ICS Incident Command System

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ISDR International Strategy for Disaster Reduction

MAHB Major Accident Hazards Bureau MARS Major Accident Reporting System NCGIA National Center for Geographical Informations and Analysis NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos

OIT Organização Internacional do Trabalho PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A

RADIUS Risk Assessment Tools for Diagnosis of Urban Areas Against Seismic Disasters

REDUC Refinaria Duque de Caxias REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas

SCT Secretaria de Comunicações e Transporte do México SGBD Sistema Gerenciador de Banco de Dados

SIG Sistemas de Informação Geográfica SIX Unidade de Negócio da Industrialização do Xisto SMS Segurança, Meio Ambiente e Saúde SOP Standard Operating Procedures

TRANSPETRO Petrobras Transporte S/A UNEP United Nations Environment Programme

UNEP-DTIE Divisão de Tecnologia, Indústria e Economia do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

UNEP-OCHA Centro para a Coordenação de Casos Humanitários ZPE Zona de Proteção Especial

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1

INTRODUÇÃO

A ocorrência de acidentes cujas conseqüências sejam significativamente danosas

para as pessoas, os bens em geral e o meio ambiente integram o panorama de risco das

organizações que lidam com produtos perigosos. Extraindo, processando, transportando,

armazenando ou utilizando tais produtos, as atividades a eles relacionadas trazem

consigo uma grande probabilidade de acidente, associada a conseqüências graves, caso

esta se concretize. Neste sentido, podemos dizer que se tratam sempre de atividades que

possuem um elevado grau de risco.

Ao longo do tempo, organizações privadas e o poder público têm buscado

reduzir os riscos que são inerentes às atividades industriais, através da identificação e

implementação de medidas, tanto para a redução da probabilidade e magnitude dos

acidentes, como da vulnerabilidade dos cenários que os mesmos apresentam. As

corporações que lidam com estes produtos, em especial com o petróleo e seus

derivados, têm desenvolvido a capacidade de monitorar seus processos produtivos e

intervir rapidamente na tentativa de reduzir a possibilidade de acidentes.

Sobretudo pela sua abrangência geográfica, aliada à complexidade das áreas

localizadas no entorno desses empreendimentos, em particular as refinarias de petróleo,

essas atividades cada vez mais necessitam adotar filosofias que envolvem um conjunto

de medidas visando a sua coordenação, comando e controle, concretizados a partir de

metodologias específicas no combate a eventos e situações de emergência.

No caso brasileiro, áreas localizadas nas proximidades de refinarias possuem,

em sua maioria, uma alta densidade populacional, fato que chama à atenção aos riscos

que tais populações são diariamente expostas. Tais questões se fundamentam a partir da

desigualdade social existente, fazendo com que essas áreas sejam frutos do

parcelamento do solo e instrumento político, o que facilita a sua ocupação, de maneira

desordenada, sem haver uma preocupação por parte dos órgãos públicos com o tipo de

indústria ali localizada, o que chama à atenção para questões relacionadas ao

planejamento urbano.

Tal problemática, no entanto, aponta para os perigos que as indústrias,

especialmente as refinarias, a partir do desenvolvimento de atividades de processo e

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2

refino de produtos químicos, colocam para as populações habitantes de áreas que estão

localizadas em suas proximidades. Deste modo e de acordo com as conseqüências que

empreendimentos desta natureza apresentam, devem-se observar soluções alternativas

no sentido de prever e mitigar a ocorrência de acidentes que possam afetar efetivamente

essas áreas.

Nas últimas décadas, em decorrência das atividades industriais, foi registrado

um grande número de acidentes, cujas conseqüências apresentaram-se danosas às

populações situadas nas proximidades dos empreendimentos. Estes acidentes ganharam

visibilidade devido aos impactos negativos apresentados, ocasionados pela perda de

vidas e danos ao meio ambiente. Esta situação gerou diversos desdobramentos, entre

eles a elaboração e adoção de medidas e regulamentações legais que procuraram

combater os efeitos e a ocorrência de acidentes indústrias, motivados principalmente

por movimentos organizados.

No Brasil, tal preocupação também foi impulsionada pela ocorrência de

desastres envolvendo produtos químicos, atribuídos principalmente ao setor petrolífero.

As experiências com os acidentes industriais e a implementação de normas e

regulamentações legais estimularam a preocupação com a elaboração de ações de

combate, através da sua organização e controle, conhecidas como planejamento de

ações em emergências, especialmente para áreas externas aos empreendimentos que,

baseadas em conhecimentos existentes, têm sido amplamente divulgadas e difundidas

em eventos nacionais e internacionais, no tocante aos riscos ocasionados por atividades

industriais.

No contexto dessas atividades, a adoção de sistemas de resposta a emergências

tem se caracterizado como importante instrumento de tomada de decisão no seu

planejamento. Diversos exemplos têm se destacado, principalmente para áreas externas,

entre eles o sistema APELL, implementado pela UNEP em várias partes do mundo, e

adotado no Brasil a partir da experiência de Cubatão, bem como na região que abrange

a refinaria de Duque de Caxias – REDUC, cuja contribuição corroborou para a

organização de um sistema de resposta específico para aquela área.

Os sistemas de resposta, em geral, têm incorporado ferramentas que auxiliam a

análise espacial e tomada de decisão por parte de seus organizadores e planejadores em

planos de emergência. Integrados a outros aplicativos que incluem desde base de dados

e informações, além de documentos específicos sobre eventos relacionados, existem os

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3

Sistemas de Informação Geográfica - SIG, que têm se constituído como ferramentas

fundamentais, por apresentarem potencialidades em análises espaciais complexas,

sobretudo para o tema em questão.

A realidade brasileira, no âmbito da exploração e produção de petróleo,

caracteriza-se bastante abrangente em todo o território nacional. Possui um parque de

refino considerável e que é responsável pela geração de riquezas que contribuem para o

desenvolvimento econômico das áreas onde as refinarias encontram-se implantadas. Por

outro lado, embora existam os benefícios ocasionados pela expansão do setor petrolífero

a partir da indústria de refino, devem ser enfatizados os riscos que este tipo de

empreendimento geralmente acarreta, com a possibilidade da ocorrência de acidentes.

Em todo o país existem 10 refinarias do sistema PETROBRAS, onde cada uma

apresenta características próprias e diferentes níveis de complexidade, desde a sua

localização nas proximidades de áreas urbanas densamente povoadas até o tipo de

planta industrial. Tal fator chama a atenção para a existência de planejamentos de

emergências que possam auxiliar no controle de possíveis acidentes industriais gerados

que possam afetar as áreas localizadas no entorno desses empreendimentos.

Neste trabalho será tratada a questão dos planejamentos de emergência e

especificamente os Sistemas de Informação Geográfica – SIG, como suporte e apoio na

tomada de decisão para situações de emergência. Esta componente vem a algum tempo

potencializando análises espaciais no âmbito do assunto e tem sido largamente utilizado

na elaboração de sistemas de resposta para emergências em áreas externas aos

empreendimentos industriais, especialmente em refinarias.

Nesta perspectiva, este trabalho tem como finalidade demonstrar os sistemas de

informação geográfica como ferramentas de apoio à tomada de decisão para o

planejamento de emergências em áreas externas às refinarias de petróleo. Tal

contribuição está baseada na geração de um banco de dados georreferenciados para dar

suporte às análises no âmbito do problema relacionado aos acidentes industriais.

O desenvolvimento desta pesquisa foi feito a partir de participação do autor em

projetos desenvolvidos pela equipe do Grupo de Análise de Risco Tecnológico

Ambiental – GARTA, desde 2001 e no período atual, em diversas áreas industriais de

refinarias de petróleo. Formado desde o inicio dos anos 90, o grupo têm trabalhado com

atividades de análise de risco e elaboração de planos de emergência para

empreendimentos industriais e desenvolveu, ao longo desses anos, vários projetos

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4

característicos deste tipo de abordagem, o que deu aos profissionais envolvidos, larga

experiência no tema em questão. O mapeamento de áreas externas às refinarias foi

realizado em algumas unidades de refino existentes no país e coordenado pelo autor,

que teve participação direta na coleta das informações e criação do Sistema de

Informação Geográfica.

Em função do grau de complexidade do contexto local, que engloba todos os

problemas das demais unidades, além de possuir um sistema de resposta implantado e

consolidado, o estudo de caso a ser apresentado será a REDUC, basicamente por

também obter um sistema de emergência – o APELL – que tem como característica

importante a incorporação de SIG. Espera-se que este trabalho possa servir de base e

subsídio na implementação de sistemas semelhantes em planejamentos de emergência

para contextos onde sejam encontradas características que guardem as mesmas

similaridades.

O trabalho possui 4 partes. O capítulo 1 expõe a problemática dos acidentes

industriais. A contextualização de seus antecedentes enfatiza a construção de

mecanismos legais que, a partir da visibilidade que grandes acidentes tiveram no

decorrer do tempo, vieram alertar para a elaboração de normas e regulamentações que

contribuíram para o estabelecimento de planejamento de emergências e sistemas de

respostas que possam auxiliar no combate e controle de acidentes.

O Capítulo 2 apresenta os fundamentos de tecnologias digitais de

geoprocessamento e seus principais desenvolvimentos, entre elas os Sistemas de

Informação Geográfica - SIG, retratando suas contribuições e potencializando análises

espaciais, sendo encarados como ferramenta de apoio e suporte à tomada de decisão.

No Capitulo 3 são demonstrados os caminhos metodológicos que permearam o

desenvolvimento do trabalho e o estudo de caso, desenvolvido na região da REDUC,

em Duque de Caxias-RJ, baseado na experiência desenvolvida e aplicada pelo Processo

APELL-CE.

O capítulo 4 exibe os resultados e análises referentes ao mapeamento e a

elaboração do sistema de informação na área de estudo.

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5

1. PLANEJAMENTO DE AÇÃO EM EMERGÊNCIAS

Neste capítulo será apresentada uma discussão sobre a importância de

planejamento de emergências em decorrência de acidentes industriais.

Inicialmente, é exposta uma caracterização geral sobre acidentes industriais e

seu contexto nas questões referentes ao setor petrolífero, bem como os desdobramentos

no que se refere aos planos de emergências e suas principais aplicações.

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O longo período de crescimento da economia mundial no pós-guerra

caracterizou o crescimento e desenvolvimento de vários ramos da atividade econômica,

especialmente a indústria química.

O rápido desenvolvimento deste tipo de indústria e suas tecnologias foi

sustentado pelo conhecimento científico que, acumulado pelas diversas áreas que a

complementam: química, biologia e bioquímica foi fortemente impulsionado durante a

2a Guerra. Não somente pela necessidade de produtos para fins bélicos, este período

demandou um volume de outros produtos: medicamentos, materiais e combustíveis,

incapazes de serem supridos por matérias-primas naturais (HAGUENAUER, 1986). A

disponibilidade de petróleo a um baixo custo, aliados a grandes investimentos em

refinarias viabilizou o ritmo acelerado de surgimento de novos produtos.

SOUZA JÚNIOR (2002) chama atenção para a contribuição que o

desenvolvimento da indústria química e petroquímica trouxe para a melhoria da

qualidade de vida da sociedade em geral, o que faz pensar sobre a existência da

sociedade moderna sem as benesses proporcionadas pelo uso dos produtos por elas

originados. Por outro lado, todos os benefícios gerados, principalmente sociais, vieram

acompanhados de custos que ao longo do tempo se manifestaram de diversas formas,

desde a fabricação até o seu uso final.

Não podemos deixar de destacar os custos ambientais que, com a degradação

que tais produtos geram, produzem malefícios à sociedade moderna. Problemas de

poluição pela queima de combustíveis fósseis, os efeitos de fertilizantes e defensivos

químicos, entre outros, são exemplos típicos.

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O desenvolvimento industrial possui conseqüências inerentes aos problemas

que, em geral, a eles são associados, como a degradação ambiental, o surgimento de

doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho. Neste sentido, existe atualmente a

necessidade imediata de associar a produção de atividades industriais a uma série de

cuidados que evite a degradação de áreas urbanas, o desperdício de materiais investidos

e o uso inadequado de energia, verificando acima de tudo, o controle da poluição e os

desdobramentos que eventos provenientes da atividade industrial produzem, em seus

vários níveis e estágios.

PEREIRA (1998) expõe que os progressos técnicos, o desenvolvimento de

certas atividades, os avanços científicos e o crescimento industrial vieram, no último

século e com maior intensidade nos últimos tempos, criar situações danosas graves e de

conseqüências, até certo ponto, imprevisíveis. Tal afirmação se explica devido aos

vários acontecimentos ocorridos na área industrial, especialmente nas indústrias que

trabalham com produtos perigosos, com a ocorrência de diversos acidentes que

ocasionaram impactos negativos.

As causas, escalas e severidade das conseqüências de acidentes no planeta são

extremamente variáveis, e dependem de uma combinação concreta de fatores (PATIN,

1999).

1. 2. CONCEITO DE ACIDENTE

O conceito de acidente é apresentado por SOUZA JÚNIOR (2002) como um

evento indesejável e fortuito que, efetivamente, causa danos à integridade física e/ou

mental das pessoas, ao meio ambiente, à propriedade ou mais de um desses elementos,

simultaneamente. Este conceito está alinhado à conservação do meio ambiente de forma

ampla e, portanto, é considerada oportuna a adoção de procedimentos que levem na

direção de identificar onde estão as fontes de acidentes, em todas as fases de atividades

de um determinado empreendimento.

Ainda segundo o autor, um acidente pode ser medido, em sua intensidade,

através da quantificação de perdas e danos. Nesta perspectiva, a administração de

empreendimentos em tempos modernos, considerando os aspectos de risco, passa pela

percepção e pela identificação de como os eventos acidentais podem ocorrer.

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Conseqüentemente, as informações das tipologias de um acidente são as fontes para

reduzir a probabilidade de sua ocorrência e, no conceito mais amplo, possibilitar o seu

controle, depois de ocorrido o evento, com ações de mitigação.

1.3. OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES

Alguns conceitos são pertinentes e fazem parte da temática em foco. Entre eles

destacam-se:

Emergência - planejamento de um conjunto de eventos que ponha em perigo ou

afete adversamente povos, propriedades ou o ambiente. (JONHSON, 2000). É uma

situação fora de controle que se apresenta pelo impacto de um desastre. (WIKIPÉDIA,

2007).

Desastres - fato natural ou provocado pelo homem que afeta negativamente à

vida, ao sustento ou indústria, desembocando com freqüência em mudanças

permanentes às sociedades humanas, ecossistemas e o meio ambiente. (WIKIPÉDIA,

2007).

Risco - probabilidade versus a conseqüência de um evento perigoso possa causar

dano ou lesão. (WIKIPÉDIA, 2007).

Perigo - fonte ou situação que pode causar dano (materiais, máquinas, equipamentos

e meio ambiente) ou lesão (pessoas). (WIKIPÉDIA, 2007).

1.4. ACIDENTES INDUSTRIAIS

O desenvolvimento industrial moderno, apesar do incremento econômico e

tecnológico, apresenta outros aspectos. LAGADEC (1981) aponta o aumento do

potencial de gravidade dos acidentes, decorrentes de falhas na operação de sistemas

industriais, de transporte, sistemas energéticos, entre outros. Para FREITAS (1996), tais

acidentes resultam de vários fatores, entre falhas tecnológicas, humanas e

principalmente gerenciais e organizacionais que permeiam as relações sociais no

trabalho e o modo de operação dos sistemas tecnológicos.

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Na visão de (PERROW, 1984), em alguns destes sistemas, uma seqüência de

pequenas falhas imprevisíveis podem levar, por meio de caminhos imprevistos, a

eventos catastróficos. Tal situação está associada à relação desses sistemas serem

comum à ligação de uma tecnologia complexa com práticas gerenciais complexas, o que

torna a possibilidade de acidentes um fato aparentemente normal.

Alguns fatores, em particular nas indústrias químicas e petroquímicas,

contribuíram fortemente no aumento do potencial dos acidentes a partir dos anos 60.

Destacam-se as condições operacionais de pressão e temperatura, que se tornaram mais

severas, o que representou um maior acúmulo de energia nos processos que,

conseqüentemente, tornaram-se também mais complexos. Relaciona-se a isso a

utilização de novos materiais e substâncias como matérias-primas, produtos,

subprodutos e resíduos, além do aumento de escala das plantas de processo que, por

razoes econômicas, durante algumas décadas foi bastante acentuado. (LEES, 1980;

QUARANTELLI, 1992; PARKER, 1992).

Apesar do aperfeiçoamento tecnológico e o desenvolvimento e ampliação de

técnicas de gerenciamento de risco, o mundo assistiu à ocorrência de grandes acidentes,

alguns com conseqüências catastróficas.

Os acidentes industriais, de acordo com LEES (1980) e FAWCETT (1981) estão

normalmente associados à perda de contenção de um ou mais produtos perigosos,

resultando em incêndios, explosões ou liberações tóxicas.

Tais formas em que os acidentes industriais se manifestam, resultam em diversos

efeitos, como danos à integridade das pessoas expostas aos seus efeitos físicos (SOUZA

JÚNIOR, 2002), entre os quais se destacam:

Radiação térmica, no caso de incêndios;

Ondas de choque, no caso de explosões e;

Concentração atmosférica de substâncias tóxicas, no caso de liberações

tóxicas.

Demais efeitos, como os de natureza psicológica e psiquiátrica, estão

relacionados a acidentes industriais. METHA

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uma comunidade a um acidente ferroviário envolvendo substâncias químicas

descreveram a manifestação de efeitos psicossociais decorrentes de um acidente

tecnológico.

Outras conseqüências que os acidentes industriais podem originar destacaram-se

por causar importantes danos ao meio ambiente, como os derramamentos de petróleo do

Exxon Valdez, no Alasca em 1989 e a contaminação do rio Reno, a partir do incêndio

em depósito de produtos químicos, em Basel-Suíça, em 1986.

Uma importante conseqüência provocada por acidentes industriais são os efeitos

econômicos, relacionados a prejuízos diretos, quando causa danos a instalações e

propriedades, e indiretos, com impactos na atividade econômica e no valor das

propriedades, indenizações e a elevação dos custos de responsabilidades e seguro, como

afirmou SOUZA JÚNIOR (2002).

KARSPERSON et al. (1988) enfatizam outros efeitos atribuídos aos acidentes

industriais, que originam desdobramentos de caráter social:

Desordem social, quando causa protestos, distúrbios, sabotagem e

terrorismo;

Formação de percepções mentais, atitudes e opiniões, quando ocasiona

posicionamentos contrários à tecnologia, alienação e apatia social;

Mudanças no monitoramento e regulamentação de atividades de risco;

Pressão política e social, quando gera demandas políticas, mudança no

contexto e na cultura política;

Repercussão em outras tecnologias, quando há um nível menor de aceitação

publica e, em instituições sociais, quando ocorre a diminuição da

confiabilidade pública.

1.5. ANÁLISE DE RISCO

Pela legislação, os empreendimentos industriais devem possuir métodos que

projetam a análise dos riscos que poderão impactar o ambiente localizado no entorno da

instalação industrial.

Constitui-se em um conjunto de métodos e técnicas que aplicados a uma

atividade proposta ou existente, identificam e avaliam qualitativa e quantitativamente os

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riscos que essa atividade representa para a população vizinha, ao meio ambiente e à

própria empresa. Os principais resultados de uma análise de riscos são a identificação

de cenários de acidentes, suas freqüências esperadas de ocorrência e a magnitude das

possíveis conseqüências. (FEPAM, 2001).

Os principais métodos de análise de riscos industriais são: análise preliminar de

riscos; análise de falha humana; análise de falhas e efeitos.

Os mais conhecidos e aplicados são a Análise Preliminar de Riscos (APR),

também conhecida como Análise Preliminar de Perigos (APP), que é uma técnica

qualitativa para identificação de possíveis cenários de acidentes em uma dada

instalação. A Análise Preliminar de Riscos (APR) consiste do estudo, durante a fase de

concepção ou desenvolvimento preliminar de um novo projeto ou sistema, com a

finalidade de se determinar os possíveis riscos que poderão ocorrer na sua fase

operacional. (WIKIPÉDIA, 2007).

O quadro abaixo (figura 1a) demonstra um esquema que explica o processo de

como é feita a análise de risco para empreendimentos industriais específicos.

Figura 1a. Esquema de análise de risco para empreendimentos industriais. Elaborado

por Luiz Chaves, Pesquisador do GARTA, 2007.

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1.6. CONTEXTO HISTÓRICO

Nas décadas de setenta e oitenta do último século ocorreram acidentes no mundo

em grandes proporções, com a perda de várias vidas humanas e de patrimônio, além de

provocar impactos diretos no ecossistema, produzindo danos irreparáveis para

sociedade. Estes acidentes promoveram uma reflexão criteriosa sobre os riscos, os

próprios eventos que os causaram e as ações operacionais nas indústrias em geral,

permitindo uma análise sobre o controle de atividades humanas perigosas nos diferentes

tipos de empreendimentos da indústria de processo (KNEGTERING, 2002).

Por outro lado, a partir dos anos 90, a proteção do meio ambiente como um todo

se tornou objeto de grande preocupação para as indústrias, governantes e legisladores.

Influenciados pela opinião pública e por pressões de grupos ambientalistas, governos de

diferentes países e agências internacionais passaram a rever suas políticas para o meio

ambiente (TIGRE, 1994).

Para o setor petrolífero, na qual o risco ambiental é inerente e tem se instalado

em grandes proporções, pode-se considerar que o gerenciamento dos processos é uma

das ferramentas necessárias para a Gestão Ambiental, constituindo um dos principais

itens de aprovação decisório sobre o empreendimento (CHAVES, 2004).

Nos últimos anos, as áreas de prevenção de acidentes e de planejamento de

resposta a emergências se tornaram pontos polêmicos, devido à ocorrência de grandes

acidentes com distribuição espacial variável. No Brasil, a poluição do meio ambiente

passou a ser especialmente questionada pela sociedade brasileira, a partir dos graves

acidentes de poluição por óleo que atingiu as águas do interior da baía de Guanabara, no

Rio de Janeiro, e o rio Iguaçu, em Araucária - Paraná, no ano de 2000 (HUET, 2003).

CHAVES (2004) aponta que a experiência e o aprendizado decorrido dos

grandes acidentes apoiaram a transformação e o aprimoramento do conceito de

gerenciamento do risco. Ao invés de ser exclusivamente realizado em empreendimentos

já instalados, este trabalho passou a ser enxergado como variável de grande importância

na fase de planejamento do projeto. As próprias técnicas de análise de risco vêm sendo

também revistas, abrindo espaço para abordagens holísticas, considerando a

sensibilidade ambiental da região em estudo. Assim, podem ser aplicadas metodologias

na avaliação do risco ambiental, sendo bastante úteis para o gerenciamento de riscos de

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empreendimentos que apresentam o potencial de ocorrência de acidentes em grandes

proporções, como o setor de petróleo.

SOUZA JÚNIOR (1996) ressalta que a elaboração e a implementação de

planejamentos de emergências, para acidentes que podem afetar a área externa de um

determinado empreendimento, permaneceram, até a década de 70, praticamente restritas

às instalações nucleares. Sua recomendação técnica e definição legal, feitas em alguns

paises, só ocorreram após grandes catástrofes tecnológicas das décadas de 70 e 80.

Entre os acidentes industriais mais graves que determinaram a elaboração de

recomendações, destacam-se:

Vazamento de dioxina, em Seveso-Itália, 1976;

Vazamento de isocianato de metila, em Bhopal-Índia, 1984 e

Incêndio e carga de águas contaminadas no rio Reno, em Basel–Suíça, 1986.

A ocorrência desses acidentes motivou organizações internacionais a elaborarem

diretrizes, recomendações e determinações legais para os planejamentos de controle de

emergências em indústrias químicas.

Os acidentes contribuíram para que as indústrias do mundo procurassem

mecanismos eficientes para melhorar, diminuir as freqüências de falhas e atenuar os

danos, identificando os problemas antes da deflagração de um grande evento acidental,

assim como dar atenção maior para o planejamento para ações futuras de resposta

(SOUZA JÚNIOR, 2002).

1.7. O PLANEJAMENTO PARA CONTROLE DE EMERGÊNCIAS

O planejamento das ações para controle de emergências, de acordo com SOUZA

JÚNIOR (1996), constitui-se numa das atividades da segurança industrial, que até a

década de 70, considerando a estruturação e a prática das organizações para controle de

emergência, eram baseadas em fundamentos empíricos. A ocorrência de acidentes e o

seu posterior estudo eram praticamente a única fonte de informações que poderia ser

analisada para elaboração de procedimentos e técnicas. Muitas das normas técnicas e

procedimentos padronizados foram formulados a partir de ocorrências trágicas.

Atualmente o planejamento das atividades de segurança na indústria química e

refinarias de petróleo, de acordo com SOUZA JÚNIOR (1996), está fundamentado nas

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análises da engenharia de confiabilidade. A maior parte das metodologias desenvolvidas

para estas análises teve origem nas indústrias aeronáutica, militar e nuclear, e consistem

na aplicação de técnicas de associação, lógica e sistemática, de eventos e ações

operacionais, que permitem avaliar o desempenho dos sistemas. As hipóteses

formuladas sobre as condições de operação normal e possíveis desvios, podem ser

quantificadas através de cálculos de probabilidade.

Refinarias de petróleo e indústrias de estocagem e transferência de

hidrocarbonetos, segundo SOUZA JÚNIOR (2002), enquadram-se no grupo em que o

planejamento é necessário. Essas instalações constituem o tipo de planta mais comum

em todo o mundo. Praticamente todos os países continentais e os mais importantes

países insulares dispõem desse tipo de instalação.

CHAVES (2004) destaca que o plano de emergência constitui um instrumento

legal utilizado no processo de licenciamento das atividades de exploração e produção de

petróleo, a fim de garantir o melhor resultado no controle ambiental no que diz respeito

à prevenção e a mitigação de acidentes.

No que diz respeito à análise do risco em refinarias, é absolutamente necessária

a avaliação da vulnerabilidade de áreas periféricas, a qual exige a consideração de

variáveis diferenciadas, tais como dados de população, levantamento da infra-estrutura

existente, sistema de transporte, avaliação sócio-econômica, dentre outras. Esse

conjunto de informações permite um entendimento amplo da região em estudo e um

conjunto de dados para realizar uma análise de risco muito mais acurada,

proporcionando um planejamento mais eficiente no que diz respeito ao gerenciamento

do risco e às ações de resposta à emergência (FREITAS E GOMES, 2003).

Considerando as características da evolução espacial e temporal dos acidentes na

indústria química, a redução da população exposta é o objetivo das ações

implementadas pelo sistema de resposta. Neste caso, a organização do espaço sócio-

econômico, as particularidades culturais da população exposta, a qualidade de alguns

serviços públicos e o nível de investimento em infra-estrutura urbana são fatores

interferentes que devem ser observados (SOUZA JÚNIOR, 1996).

Dentro deste contexto a organização de sistemas de resposta para emergências

aparece como medida mitigadora. O planejamento das atividades para diminuir os

efeitos dos acidentes de grande porte tem o objetivo de reduzir o impacto sobre um

maior número de pessoas, atenuando desta forma o risco.

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Nesta perspectiva, nota-se que é necessário um grande número de informações

para a construção de um plano de emergência, o qual deve contemplar uma estrutura

para orientar o desenvolvimento de ações e uma estrutura de resposta para combater

acidentes em refinarias e sua abrangência em áreas situadas no seu entorno.

SOUZA JÚNIOR (1996) ressalta que os planejamentos para o controle de

emergências são em geral divididos em duas partes: planejamento interno de controle de

acidentes e planejamento externo, em áreas localizadas fora do empreendimento. Neste

trabalho trataremos apenas do planejamento às ações de emergências externas, isto é,

áreas situadas fora dos limites do empreendimento, neste caso, de refinaria de petróleo.

1.8. ASPECTOS LEGAIS

Os aspectos legais que fundamentaram a elaboração de planejamentos de

emergências foram baseados na ocorrência dos acidentes de grande porte ao longo da

história, conforme anteriormente explicitado, onde SOUZA JÚNIOR (1996) afirma que

tais acontecimentos motivaram organizações internacionais a elaborarem diretrizes para

os planejamentos de controle de emergências em indústrias químicas, principalmente

para áreas externas aos empreendimentos. (CASTLEMAN e NAVARRO, 1987;

GALLIOT, 1988) enfatizam que a visibilidade social dos riscos industriais ocasionada

por tais acidentes levou vários países e organismos internacionais a reverem suas

estratégias de intervenção no sentido de estabelecer ações em prol dos trabalhadores,

populações e o meio ambiente, oferecendo-lhes maior proteção. Nesta perspectiva, o

surgimento de regulamentações que estabeleceram maior controle sobre as atividades

industriais, seja através da elaboração de novas leis ou a modernização e harmonização

daquelas já existentes, foi uma conseqüência importante deste processo.

SOUZA JÚNIOR (1996) e SOUZA JÚNIOR (2002) destacam como principais

diretrizes e regulamentações importantes:

A Diretriz de Seveso, da Comunidade Européia, que resultou da repercussão

e do aprendizado decorrente de uma série de acidentes ocorridos na Europa

na década de 70, entre eles, o de Flixborough-Inglaterra, em 1974, e o de

Seveso-Itália, em 1976. Os acidentes tiveram em comum o desconhecimento

das autoridades locais de quantidades e as substâncias químicas envolvidas,

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bem como a falta de planejamento de emergência. A diretriz foi formulada

com o objetivo de gerar e transmitir informações como base para a

prevenção de acidentes e o gerenciamento de risco entre os países membros

da Comunidade Européia;

O Emergency Planning and Community Right-to-know Act (EPCRA), dos

EUA, resultante de uma série de eventos políticos e sociais envolvendo

acidentes químicos e seus efeitos sobre a saúde humana e o meio ambiente.

Neste sentido, diversas leis, a partir da década de 70, determinaram a criação

de programas voltados para o controle da poluição e posteriormente, a

segurança operacional de instalações industriais e o risco de explosão às

substâncias químicas empregadas. O EPCRA estabeleceu a criação, em nível

local e estadual, de uma infra-estrutura para o planejamento de resposta para

emergências;

A Convenção OIT 174, regulamentada em 1993, estabelece a adoção de

medidas preventivas aos acidentes industriais que envolvem substâncias

perigosas, cujas conseqüências resultem na exposição de trabalhadores,

populações e meio ambiente a riscos imediatos ou de médio e longo prazo.

O APELL - Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais

(Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level), da UNEP,

desenvolvido em 1988. É um processo de ação cooperativa local, que visa

intensificar a conscientização e a preparação da comunidade para situações

de emergência. O eixo central deste processo é o grupo coordenador

constituído por autoridades locais, líderes da comunidade, dirigentes

industriais e outras entidades interessadas.

Essas experiências contribuíram para o estabelecimento de normas e leis

específicas que hoje atuam como reguladoras de atividades industriais, a partir da

implementação de sistemas de resposta, através do planejamento de ações em caso de

emergência, no tocante aos acidentes associados a produtos perigosos.

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1.9. BANCO DE DADOS E VULNERABILIDADE DAS POPULAÇÕES

EXPOSTAS AOS ACIDENTES INDUSTRIAIS

A UNEP (United Nations Environment Programme) constituiu um banco de

dados que registra a ocorrência de acidentes em suas diversas fontes, envolvendo

substâncias perigosas e cujo potencial é considerado grave. A tabela 1a apresenta os

acidentes cujas conseqüências geraram um grande número de mortes, ao mesmo tempo

em que mostra o total de pessoas evacuadas. Tais informações podem ainda ser

consultadas em http://www.unepie.org/pc/apell/disasters/disasters.html.

Tabela 1a. Acidentes envolvendo substâncias perigosas.

TOTAL ANO LOCAL/PAÍS TIPO M F EV.

1984 Bhopal, Índia Vazamento de isocianato de metila 2.800 50.000 200.000

1989 Acha Ufa, URSS Vazamento e explosão em tubulação de gás 575 623 ..

1984 St. J. Ixhuatepec, México Explosão em tanque de estocagem de GLP > 500 2.500 > 200.000

1993 Remeios, Colômbia Vazamento de petróleo 430

1983 Rio Nilo, Egito Explosão durante transporte de GLP 317 44 -

1979 Novosibirsk, URSS Planta de processo 300 .. ..

1978 San Carlos, Espanha Transporte rodoviário de propileno 216 200 -

1992 Guadalajara, México

Explosão de hidrocarbonetos na rede pluvial > 206 > 1.500 500

1994 Drowka Durunka, Egito Óleo em chamas > 200

1982 Tacoa, Venezuela Explosão em tanque de óleo combustível > 153 500 40.000

1991 Livorno, Itália Transporte de nafta 141 140 > 10.000

1995 Taegu, Coréia do Sul

Vazamento e explosão de GLP em construção de metrô 101

1978 Xilatopec, México Explosão em transporte rodoviário de gás 100 2.500 > 200.000

1984 Romênia Fábrica de produtos químicos 100 100 .. 1990 Patna, Índia Vazamento de gás durante transporte 100 100 1995 Madras, Índia Transporte de combustível inflamável ~100 23

1998 Yaounde, Camarões Transporte de produtos de petróleo 220 130

1988 Mar do Norte, Reino Unido

Explosão e incêndio em plataforma de petróleo 167 - -

1979 Mississauga, Canadá

Explosão em transporte ferroviário de gás e cloro - - 226.000

1988 Tours, França Incêndio de produtos químicos - 3 200 000 M – Mortos; F – Feridos; EV – Evacuados.

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Figura 1b. Total de acidentes químicos ampliados registrados no mundo entre 1974 –

1987 com mais de 50 óbitos, ou mais de 100 lesionados, ou mais de U$ 50

milhões em prejuízos (excluindo os prejuízos internos às indústrias). Fonte:

WHO (1992).

A observação da tabela e da figura 1b apresenta algumas características

importantes, analisadas a partir de (SOUZA JÚNIOR, 2002):

Observa-se um número elevado de acidentes nos países considerados de

industrialização recente;

Em relação ao número de mortes, observa-se que elas se concentram nos

países situados na periferia do capitalismo, que ocupam o topo da lista,

caracterizando uma distribuição desigual em comparação com aqueles

considerados desenvolvidos;

Outra observação importante diz respeito ao número de evacuados que, nos

paises desenvolvidos, manteve-se alto, sem, porém, ocorrer vítimas. No

entanto, nos países em desenvolvimento, apesar do número de evacuação

alto em alguns casos, a quantidade de vítimas foi grande, o que demonstra, a

princípio, maior preparo e aplicação de planos de ação em emergências nos

países desenvolvidos.

Quanto à concentração desproporcional em relação aos acidentes industriais

demonstrados na tabela bem como na figura, ZEBALLOS (1993) faz algumas

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considerações que explicam e atribui aos países em desenvolvimento tais

características:

A flexibilidade desses países para atrair investimentos;

A falta de políticas sérias de regulamentação relativas a segurança industrial

e proteção ao meio ambiente;

A negligência na operação de plantas industriais;

O uso de tecnologias ultrapassadas;

A falta de normas e sistemas apropriados para o estabelecimento de

populações próximas às plantas industriais.

FREITAS et al. (1995) afirmam que tal problemática é sustentada pela ausência

e fragilidade de restrições legais e controle social sobre os riscos químicos nos países

em desenvolvimento, que são agravados pela maior vulnerabilidade social das

populações expostas. Em relação a essa vulnerabilidade, QUARENTELLI (1992)

aponta alguns fatores contribuintes:

Crescente concentração urbana e conseqüente aumento da densidade

populacional próximo a áreas de risco;

Diversos problemas e carências cotidianas enfrentadas pela maior parte da

população que reside nestas áreas;

Baixo padrão sócio-econômico, a diversidade de padrões familiares e estilos

de vida, e a distribuição demográfica, predominantemente infantil e de

idosos;

Todas essas razões se traduzem na realidade brasileira, onde se percebe, devido

à falta de um planejamento urbano e territorial, políticas públicas e controle social, uma

desordenada ocupação nas proximidades de áreas industriais de risco, fator que torna as

comunidades ali localizadas, vulneráveis e expostas à ocorrência de acidentes.

1.10. TIPOS DE AÇÕES EM ACIDENTES INDUSTRIAIS

A ocorrência de determinados tipos de acidentes ganharam visibilidade, pois

tiveram como características principais a severidade e extensão de suas conseqüências

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para além dos limites de suas instalações e cujos efeitos se propagaram no espaço e no

tempo. Tais conseqüências reforçaram a preocupação quanto aos riscos industriais,

gerando diversas ações no sentido de maior controle social, entre elas, as pressões de

grupos organizados e a elaboração de legislações específicas (SOUZA JÚNIOR, 2002).

O mesmo autor considera, entre as ações que podem ser implementadas, a

aplicação de ações preventivas, que visam reduzir a probabilidade de ocorrência de

acidentes relacionados às instalações industriais, as quais, segundo (OSHA, 1992)

incluem, entre outros aspectos:

A padronização de procedimentos operacionais seguros;

O fornecimento periódico de treinamento adequado aos funcionários sobre

aspectos operacionais e de segurança da instalação.

E ações de resposta, que objetivam a redução das conseqüências danosas de

eventos acidentais decorrentes da falha ou insuficiência das ações preventivas, uma vez

que a adoção desse tipo de medidas não é, na maioria dos casos, suficiente para a

eliminação do risco.

Ações de respostas estão relacionadas a um planejamento prévio que deve ser

aplicado no caso de algum tipo de emergência. Dois exemplos de como as ações de

respostas em acidentes industriais demonstram a sua necessidade pode ser

exemplificado a seguir.

De acordo com (PARKER, 1992; HENRY, 1980), um acidente de grandes

proporções ocorreu no Canadá, próximo à cidade de Mississauga, em 1979, quando um

trem que transportava produtos perigosos descarrilou. A existência de um plano de

emergência e sua adoção possibilitou a evacuação de aproximadamente 226 mil

pessoas, não sendo registrados mortes ou danos maiores.

SOUZA JÚNIOR (2002) analisa que em Bhopal – Índia, em 1984, apesar da

proximidade das instalações industriais a áreas residenciais, não existia nenhum

planejamento e plano de evacuação que pudesse salvar as 2.800 pessoas que vieram a

ser vitimadas com a ocorrência do acidente.

Tais fatos chamam a atenção para a importância da existência de sistemas de

respostas à ocorrência de acidentes, incorporados a um planejamento de ações em

emergência.

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1.10.1. AÇÕES DE PROTEÇÃO AO PÚBLICO

A ocorrência de eventos acidentais que afetam áreas externas exige que sejam

tomadas providências, baseadas no plano de emergência, de ações que possam proteger

o público exposto. De acordo com (SOUZA JÚNIOR, 2002), as ações de proteção

geralmente empregadas são de abrigagem e evacuação, respectivamente caracterizadas:

Abrigagem – ingresso e permanência das pessoas em locais que ofereçam

isolamento do ambiente crítico de acidentes, o qual poderá impedir ou

reduzir a exposição das pessoas;

Evacuação – consiste no deslocamento das pessoas para áreas consideradas

seguras, situadas fora do perímetro crítico de acidentes, considerado um

espaço vulnerável.

Essas ações integram o planejamento de emergência e compõem o sistema de

resposta. Neste sentido, o sistema de informação a ser elaborado através de SIG deve

conter dados que abrangem as áreas que localizam os pontos de abrigo e rotas de fuga

para evacuação.

1.11. SISTEMAS DE RESPOSTAS COMO SUPORTE À TOMADA DE

DECISÃO EM ACIDENTES INDUSTRIAIS

Uma dos objetivos principais num sistema de resposta é a tomada de decisão,

que se coloca como instrumento de auxílio na solução do problema. PANDEY e

BOWONDER (1993) estabelecem alguns itens que constituem a tomada de decisão:

Capacidade de reação dos tomadores de decisão ao estresse induzido pela

situação de crise;

Capacidade dos indivíduos responsáveis pela tomada de decisão;

Quantidade e qualidade de informações disponíveis;

Tempo disponível para tomada e implementação das decisões;

Entre outros.

Atualmente, alguns recursos com forte base computacional têm sido utilizados

como suporte e apoio na tomada de decisões para o planejamento de emergências. Nos

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últimos anos surgiram sistemas de aplicação de programas que integram uma

diversificada base de dados e informações relacionadas a acidentes. Muitos possuem

acesso gratuito na internet e estão disponíveis para download. Entre estes sistemas,

destacam-se:

CAMEO (Computer-Aided Management of Emergency Operations). Foi

desenvolvido pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric

Administration) e EPA (Environmental Protection Agency) nos Estados

Unidos em 1986 para auxiliar os tomadores de decisão responsáveis pelo

planejamento e resposta a acidentes industriais. O sistema é formado por

diferentes bases de dados e aplicativos de programas que permitem acessar,

estocar e avaliar informações para o desenvolvimento de planos de

emergência e inclui, entre outros recursos:

Uma base de dados com informações e recomendações de resposta a

emergência para mais de 6000 produtos perigosos;

Um modelo de dispersão atmosférica para avaliação de cenários de

liberação de substâncias perigosas;

Uma aplicação gráfica que possibilita a visualização de informações

espaciais, baseada em Sistema de Informação Geográfica, que permite a

construção de mapas para simulações e análises.

RADIUS (Risk Assessment Tools for Diagnosis of Urban Areas Against

Seismic Disasters). É um software lançado em 1996 pelo ISDR -

International Strategy for Disaster Reduction, órgão das Nações Unidas, para

promover atividades mundiais visando a redução de desastres sísmicos em

áreas urbanas. O software oferece ferramentas práticas que faz estimativas

sobre danos causados por terremotos;

CARAT (Chemical Accident Risk Assessment Thesaurus). É uma base de

dados via Internet, contendo análises de leis, regulamentos, políticas,

definições e estudos de caso relacionados à avaliação de risco no contexto da

prevenção, preparação e resposta a acidentes químicos. O seu objetivo é

facilitar a compreensão e comunicação a respeito da avaliação de risco,

fornecendo meios para esclarecer as diferenças de termos e metodologias

existentes entre os países;

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International Directory of Emergency Response Centers. É uma publicação

comum de três organizações: a OCDE (Organização para a Cooperação e o

Desenvolvimento Econômicos); a UNEP-DTIE (Divisão de Tecnologia,

Indústria e Economia do Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente); e a UNEP/OCHA (Centro para a Coordenação de Casos

Humanitários). Operando desde 1991, tem como objetivo facilitar o acesso à

informação e o auxílio fornecido pelos centros de resposta situados em todo

o mundo. Tais centros podem ainda fornecer informação e diretrizes de

preparação para acidentes químicos, a fim de estabelecer programas ou

centros de emergência que sirvam de auxílio na resposta;

Emergency Response Guidebook 2000 - ERG 2000. É um documento

desenvolvido conjuntamente pelo departamento de transporte dos EUA e

Canadá com a Secretaria de Comunicações e Transporte do México (SCT)

para ser usado por bombeiros, polícias e pessoal de serviços de emergência.

Caracteriza-se como um dos primeiros guia de resposta que permite (1)

identificar rapidamente a classificação específica ou genérica do material(s)

envolvido no acidente, e (2) proteger o público em geral durante a fase

inicial de resposta ao acidente;

L-3 CRISIS Command and Control System. Desenvolvido pela Ship

Analytics, é um sistema computacional comercial considerado padrão. Ele

auxilia os coordenadores das ações de contingência, funcionando como a

espinha dorsal durante a resposta a desastres e como ferramenta educativa

em treinamentos para situações de emergência. Ele traz ainda simulações

computacionais que permitem avaliar respostas alternativas, um sistema de

planejamento para gestão de riscos e mitigação de danos ambientais, e um

sistema de contabilidade para administrar ativos alternativos. Oferece

também às equipes de gestão um Sistema de Informações Geográficas e SOP

(Standard Operating Procedures – Procedimentos Padrão de Operação) para

facilitar a reação a diferentes tipos de desastres, como enchentes, vendavais,

vazamento de gases tóxicos, etc.

ICS (Incident Command System). Criado nos Estados Unidos na década de

70 para coordenação de operações em incêndios florestais, veio sendo

progressivamente adotado para outras emergências, sendo padronizado em

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2004 pela Federal Emergency Management Agency (FEMA) e Homeland

Security, como obrigatório para o uso em desastres naturais e provocados

pelo homem, incluindo terrorismo e emergências com produtos perigosos

(hazardous material emergency). Este sistema proporciona uma resposta

coordenada às situações de emergência, recorrendo a apoios logísticos,

operacionais, de pessoal e de informações. Constitui-se numa ferramenta

utilizada para modelar comandos, controles e a coordenação de respostas,

desenvolvida em torno de cinco atividades principais de gestão relativas a

um incidente: comando, operações, planejamento, logística e

finanças/administração;

MARS (Major Accident Reporting System). É um sistema de informação

oficial da União Européia para os acidentes industriais que envolvem

materiais perigosos. Consiste numa rede de informação distribuída que inclui

15 bases de dados locais em plataforma Windows para cada estado-membro

da união européia e possui uma central UNIX, baseada num sistema de

análise administrado pela Comissão do Centro de Pesquisa Integrado

Europeu para acidentes (MAHB-Major Accident Hazards Bureau).

Programa APELL (Awareness and Preparedness for Emergencies at Local

Level). Conjunto de diretrizes formuladas pelo Departamento de Indústria e

Meio Ambiente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(UNEP), em cooperação com a Associação das Indústrias Químicas dos

Estados Unidos e o Conselho Europeu das Federações da Indústria Química,

com dois objetivos básicos:

Criar e/ou aumentar a conscientização da comunidade quanto aos

possíveis perigos existentes na fabricação, manuseio e utilização de

materiais perigosos e quanto às medidas tomadas pelas autoridades e

indústria no sentido de proteger a comunidade local;

Desenvolver, com base nessas informações, e em cooperação com as

comunidades locais, planos de atendimento para situações de emergência

que possam ameaçar a segurança da coletividade.

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O Programa APELL tem sido utilizado por diversos países, quase todos em

industrialização, como base para implantação de sistemas de preparação e

resposta para emergências.

Os sistemas de resposta possuem características comuns, conforme observou

RUSSO (2006), das quais se destacam:

Funcionam em geral como ferramentas de gestão, treinamento e

planejamento de acidentes;

Possuem grande capacidade de integração, não somente com bancos de

dados e sistemas internos, como também com sistemas públicos de gestão de

emergências;

Possuem uma arquitetura flexível em termos de integração com redes e

software, integrando-se com um ou mais simuladores relacionados com o

tipo de desastre que está sendo abordado;

Normalmente integram-se a um sistema gráfico, como um Sistemas de

Informação Geográfica (SIG);

São capazes de registrar e rastrear atividades e recursos, o que é importante

não somente durante uma emergência real mas também como ferramenta

para fins de treinamento;

A maioria dos sistemas de emergência utiliza listas de verificação como um

método eficiente e rápido para abordar os múltiplos requisitos simultâneos

presentes em um cenário de emergência. A capacidade de oferecer meios de

automatizar o máximo possível a função de lista de verificação pode ser um

fator determinante na resolução rápida e segura de uma situação de

emergência.

Como visto, muitos desses sistemas de resposta têm incorporado a aplicação de

sistemas computacionais de geoprocessamento, caracterizados pelos SIG – Sistemas de

Informação Geográfica, cuja contribuição tem demonstrado grande potencial como

ferramenta de apoio e suporte na tomada de decisão, especialmente no tocante ao tema

acidentes industriais e emergências. Tal ferramenta constitui o objeto deste trabalho e os

seus fundamentos serão apresentados no capítulo a seguir.

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2. GEOPROCESSAMENTO E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

GEOGRÁFICA

Serão expostos, a seguir, os principais desenvolvimentos em Sistemas de

Informação, a fim de demonstrar o processo de evolução tecnológica dos SIG até

chegarem aos seus desafios atuais, com um breve histórico do seu aperfeiçoamento ao

longo do tempo. Alguns dos seus conceitos básicos são apresentados, enfatizando o uso

desta tecnologia com forte base computacional, através dos inúmeros aplicativos

existentes nos mais diferentes campos. Finalmente, é apresentado um modelo de

estrutura de um SIG genérico, destacando seus componentes estruturais e o

detalhamento das suas funcionalidades.

2.1. GENERALIDADES

A coleta de informações e desenvolvimento de estudos sobre a distribuição

geográfica de vários aspectos da natureza e do homem era feita até então apenas em

documentos e mapas em papel, o que dificultava uma análise complexa que combinasse

diversas informações. Com o desenvolvimento, na segunda metade do século XX, da

tecnologia de Informática, tornou-se possível armazenar, representar, recuperar e

apresentar tais informações em ambiente computacional, abrindo espaço para o

surgimento do vocábulo Geoprocessamento (CÂMARA, 1996).

Entendido como uma área do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e

computacionais para o tratamento da informação geográfica (no domínio do tempo e do

espaço), o Geoprocessamento vem influenciando de maneira crescente áreas de Análise

de Recursos Naturais, Comunicações, Cartografia, Energia, Planejamento Urbano e

Regional, Transportes, dentre outras. Suas ferramentas computacionais, denominadas

Sistemas de Informação Geográfica (SIG), permitem realizar análises complexas, ao

integrar dados de diversas fontes e com o suporte fundamental de um banco de dados

georreferenciados.

Os SIG fazem parte desta área de conhecimento – o Geoprocessamento - que, de

acordo com RIBEIRO (2005), pode ser entendido como um conjunto de tecnologias

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Depois, um segundo sistema foi desenvolvido em Chicago, com o objetivo de controlar

o tráfico em algumas vias de circulação da cidade.

Na década de 60, surgiu no Canadá, como parte de um plano estratégico

governamental de longo prazo um SIG para criar um inventário de recursos naturais

automatizados (Canadá Land Inventory). É desta época o estudo de pesquisadores dos

Estados Unidos, no sentido de lidar com modelos de grande escala, com especial

atenção aos modelos de transporte que manipulavam diferentes tipos de dados e grandes

arquivos. O objetivo era fornecer soluções aos problemas do transporte através da

análise de rotas, distribuição da população e outras informações espaciais.

Nos anos 70 foram desenvolvidos fundamentos matemáticos voltados à

Cartografia, o que proporcionou o surgimento da chamada topologia aplicada,

permitindo a análise espacial entre elementos cartográficos. É também desta década o

surgimento dos primeiros sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design) e o

aumento considerável na capacidade de armazenamento e na velocidade de

processamento dos computadores (CÂMARA et al, 1996).

A década de 80 seguiu com o crescimento vertiginoso de novos recursos de

hardware e software, seguidos pela redução gradual dos custos, o que favoreceu as

pesquisas na área de desenvolvimento e aperfeiçoamento de SIG. É considerada a

década da popularização das estações de trabalhos RISC, dos Sistemas Gerenciadores

de Banco de Dados Relacionais, e do aparecimento e da rápida evolução dos

microcomputadores. Surge ainda nos Estados Unidos o NCGIA (National Center for

Geographical Informations and Analysis), formado a partir da criação de centros de

pesquisa, marcando o estabelecimento do geoprocessamento como disciplina científica

independente. Com o incentivo do Dr. Roger Tomlinson, apontado como criador do

nosso primeiro SIG, em meados de 1982, surgiram no Brasil vários pesquisadores

interessados na nova tecnologia, e com eles, instituições e centros de pesquisas

importantes como o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Centro de

Pesquisa e Desenvolvimento da TELEBRAS e Laboratório de Geoprocessamento do

Departamento de Geografia da UFRJ.

Após a primeira geração de SIG baseados em CAD cartográfico, chega no início

dos anos 90 a segunda geração, baseada em Banco de Dados Geográficos e concebida

para uso em ambiente cliente-servidor, acoplada a SGBD Relacionais e com pacotes

adicionais para processamento de imagens (CÂMARA, 1995). Inúmeros pesquisadores,

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entre eles (PATEL et al, 1997) buscaram desenvolver padrões de estruturas e SGBD

para banco de dados geoespaciais. Devido às características espaciais dos SIG, parte das

pesquisas apresentava modelos de dados orientados a objetos (KIM et al, 1995). A

década de 90 termina com o aparecimento da terceira geração de SIG, com custos ainda

mais reduzidos e voltada para ambientes multiplataformas com interfaces em janelas,

gerenciando grandes bases de dados geográficas distribuídas e compartilhadas com

diversas instituições.

No início deste século, novos desafios estimularam ainda mais o crescimento

dos SIG. A integração de diversas bases de dados e a disponibilização dos dados via

Internet exigiram soluções melhores e mais rápidas. Dominando cerca de 80% do

mercado de software para manipulação, análise e visualização de dados espaciais, a

ESRI, com o produto ARCVIEW (www.esri.com/software/arcview), tornou-se líder

mundial e inovadora na fabricação de sistemas de geoprocessamento. A SISGRAPH,

sua maior concorrente, oferece ao mercado o GEOMEDIA

(http://www.intergraph.com/geomedia/). Outros produtos, como o SPRING e o

TerraView (desenvolvidos pelo INPE: http://www.dpi.inpe.br/spring/), o ERDAS

(http://gi.leica-geosystems.com/LGISub1x33x0.aspx), o ENVI

(http://www.envi.com.br/), o ERMAPPER (http://www.ermapper.com/), o MAPINFO

(http://www.mapinfo.com/location/integration) e o IDRISI (http://www.idrisi.com.br/),

são alguns dos programas que permeiam este mercado extremamente efervescente.

Com a necessidade de melhorias no desempenho dos SIG para processar grande

volume de dados complexos, na década de 90 atenções foram dadas em pesquisas na

área de computação paralela e interoperabilidade entre sistemas distribuídos associados

a bases de dados heterogêneas.

2.3. CONCEITOS

2.3.1 UMA VISÃO GERAL

Uma confusão recorrente quando se trata de SIG é referir-se somente ao

software em lugar da tecnologia como um todo. Freqüentemente são percebidas

dificuldades de comunicação entre profissionais que se utilizam da mesma

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nomenclatura para se referir aos diferentes conceitos adotados no desenvolvimento dos

SIG.

Os conceitos de SIG podem variar de acordo com a perspectiva particular de

cada autor, ainda assim, convergem para a mesma idéia de integração de várias

tecnologias, da multidisciplinaridade de usos e da variedade de tipos de usuários. O

conceito de SIG é ampliado, à medida que novas tecnologias e conhecimentos são

incorporados, seja em métodos, dados, hardware, software ou perfis de usuários.

2.3.2. DEFINIÇÃO DE SIG

Os Sistemas de Informação Geográfica podem ser definidos como ferramentas

de armazenamento, manipulação e análise de fenômenos geográficos. Embora pareça

um único sistema informatizado, um SIG é na verdade um conjunto de tecnologias

integradas que busca coletar, tratar, visualizar e gerenciar informações

georreferenciadas (SCHIMIGUEL et al, 2000) de diversas áreas do conhecimento, de

natureza ambiental (botânica, geografia, agronomia, geologia, meteorologia, etc.) ou

sócio-econômica (administração, saúde, segurança, uso e ocupação do solo, etc.). O

georreferenciamento permite que certo objeto contido na superfície terrestre possa ser

localizado espacialmente, utilizando um determinado sistema de coordenadas, por

exemplo, geográficas.

Através da gestão combinada de diversas bases de dados emergiu o conceito de

sistema informatizado capaz de garantir a sua síntese, gestão, carga em um banco de

dados, armazenamento, consulta e atualização, dentre diversas outras funções. Além

disso, um SIG possui ainda duas particularidades:

A capacidade de gerir e tratar as relações espaciais entre objetos ou

fenômenos no espaço terrestre, implicando a existência de funções de análise

espacial e de síntese no apoio à tomada de decisão;

A capacidade de tratamento das propriedades dos objetos geográficos

(informações geográficas) e seus aspectos geométricos e topológicos;

A representação do espaço e suas componentes, sob a forma de carta, mapa

ou planta, o que implica a disponibilidade de funções de mapeamento e

produção cartográfica.

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Na visão de PEUQUET e MARBLE (1990), um SIG possui funções de

integração que admite:

Um subsistema para a entrada dos dados, que realiza a aquisição dos dados

espaciais provenientes de mapas existentes, sensores remotos, etc;

Um subsistema de armazenamento e recuperação que organiza e estrutura os

dados espaciais de forma a poderem ser extraídos por quem o utiliza para

subseqüente análise, permitindo atualizações e correções de forma rápida e

rigorosa;

Um subsistema de manipulação e análise que realiza várias tarefas

simultaneamente, como alterar a forma dos dados de acordo com regras

definidas pelo usuário, ou produzir estimativas de parâmetros para modelos

de simulação ou otimização do espaço-tempo; e

Um subsistema de apresentação da informação, capaz de apresentar a

totalidade ou parte da base de dados, e ainda os resultados de modelos de

análise espacial em forma de tabela ou mapa.

Tais definições evidenciam faces importantes do SIG: as suas funcionalidades e

o atendimento aos requisitos das aplicações e a sua efetiva aplicação junto ao usuário.

Assim, um SIG deve ser capaz de responder de forma eficiente às necessidades dos

diversos profissionais que o utilizam.

Uma definição que incorpora e integra o SIG é a da informação geográfica,

entendida pelo autor como sendo uma propriedade de um objeto geográfico, possuindo

aspectos posicionais e temporais. Segundo a AGI (1991), a informação geográfica está

relacionada a uma localização na Terra, acerca de fenômenos naturais, culturais e

recursos humanos. RIBEIRO (2005) define como qualquer propriedade de um

determinado objeto geográfico, que também pode ser composto por outros objetos

geográficos. QUODVERTE (1994) define como a representação de um objeto ou

fenômeno real, localizado no espaço em determinado momento. Tal definição

estabelece uma dimensão temporal ao tema, ou seja, o mundo não é um local estático. A

informação geográfica possui características diversas, assim a coleção, compilação e

análise dão origem a problemas únicos: a realidade por ela representada é

freqüentemente contínua e sempre muito complexa, levando a necessidade de

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discretizar, abstrair, generalizar ou interpretar para o seu posterior tratamento e análise

(KEMP, GOODCHILD e DODSON, 1992).

Um Sistema de Informação Geográfica tem muitas aplicações em planejamento

em ações de emergência e especialmente para o estudo em foco. É uma ferramenta

computacional de análise que permite a representação dos objetos geográficos (vias,

limites de municípios, edificações, etc.) da superfície terrestre de maneira simplificada

por meio da utilização de formas geométricas (pontos, linhas e polígonos). Neste

sentido, um SIG armazena a geometria e os atributos dos dados em um ou mais banco

de dados georreferenciados.

2.4. CARACTERÍSTICA GERAL DOS DADOS GEOGRÁFICOS

RIBEIRO (2005) afirma que os objetos geográficos possuem aspectos espaciais

e temporais, pois apresentam uma localização geográfica e extensão temporal que, ao

longo do tempo, vão transformando e mudando o seu estado. Por esta razão, os dados

geográficos são freqüentemente incertos e possuem características próprias quanto aos

seus formatos e eficientes formas de armazenamento em um ambiente computacional.

2.5. ESTRUTURA DOS DADOS ESPACIAIS

O mundo geográfico pode ser representado através das visões de modelagem de

campo e de objetos. A modelagem de campo vê o mundo como uma superfície

contínua, sobre a qual os fenômenos geográficos são observados segundo diferentes

distribuições. Os campos são geralmente representados por estruturas vetoriais ou

matriciais (estrutura raster), (CÂMARA et al, 1996). A modelagem de objetos

representa o mundo como uma superfície ocupada por objetos identificáveis, cujas

representações, segundo SILBERSCHATZ et al. (1996), podem ser resumidas nas

seguintes estruturas básicas: ponto, linha e polígono. Com estas três entidades podemos

representar os variados objetos associados aos fenômenos geográficos (estrutura

vetorial).

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Os Sistemas de Informação Geográfica trabalham fundamentalmente com o

modelo vetorial e o modelo matricial. No modelo vetorial, as informações sobre pontos,

linhas e polígonos são codificadas e armazenadas como uma coleção de coordenadas

(por exemplo: x, y, z). A localização de um ponto, por exemplo, um buraco, pode ser

descrita por um único par de coordenadas x, y. Informações lineares, tais como rodovias

e rios, podem ser armazenadas como uma coleção de coordenadas de pontos. Polígonos,

tais como territórios à venda, podem ser armazenados como uma seqüência fechada de

pontos com suas coordenadas.

O modelo vetorial é extremamente útil na descrição de informações discretas e

depende da escala de mapeamento na apresentação dos resultados gráficos. Já os

objetos geográficos quando armazenados têm o apoio das coordenadas que configuram

a sua forma.

No modelo matricial as características contínuas encontram-se envolvidas. Uma

imagem sensorial comprime uma coleção de células de grade como um mapa ou figura.

Ambos os modelos para armazenar dados geográficos têm vantagens e desvantagens

próprias. Os SIG modernos possuem capacidade de lidar com ambos os modelos.

2.6. ESTRUTURA DOS DADOS GEOGRÁFICOS

Os dados geográficos, também denominados georreferenciados, servem para

representar gráfica, física, quantitativa e qualitativamente os elementos existentes na

superfície terrestre. Estes dados são constituídos da relação entre aspectos gráficos

(espaciais) e aspectos tabulares (não-espaciais). Os dados gráficos possuem

propriedades que descrevem a sua localização geográfica no espaço e sua forma de

representação, sendo esta última denominada feição ou objeto.

As feições representam uma simplificação dos fenômenos geográficos do mundo

real e são organizados em mapas temáticos, também denominados temas, camadas,

layers ou planos de informação.

Cada feição contida em um determinado tema está associada a um único

identificador numérico, sendo representada por uma coordenada geográfica e

armazenada em tabelas.

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Este identificador assegura uma correspondência um para um entre os dados

gráficos e tabulares.

Um mapa temático representa uma característica de uma determinada região e só

pode ser representado por um tipo de feição.

Na tabela 2a são apresentados os tipos de feições existentes e suas respectivas

representações.

Tabela 2a. Tipos de Feições dos dados geográficos. Adaptado de (MARTINS, 2005).

Tipos de Feições (Representações)

Pontos Feições Pontuais. Única posição (x,y)

Arcos ou linhas Feições Lineares. Conjunto de posições {(x,y)}

Nós Única posição (x,y) ocorrendo na interseção de arcos

Polígonos ou áreas Feições poligonais. Áreas homogêneas com fronteiras

Anotações Textos descritivos associados a outras feições

Os dados tabulares também denominados descritivos ajudam descrever

detalhadamente as feições. A estrutura deste tipo de dado é representada por um banco

de dados, no qual está inserido um conjunto de tabelas que armazenam dados,

procedimentos, formulários para entrada e edição de dados. O banco de dados é um

sistema com capacidade de tratar a coleção de dados inter-relacionados, logicamente

coerentes e com algum significado inerente. É projetado, construído e povoado com

dados para uma determinada finalidade já que visa atender a certo grupo de usuários

com objetivos pré-estabelecidos.

A utilização de um banco de dados apresenta diversas vantagens, dentre as quais

se destacam o controle centralizado dos dados, a supressão de redundâncias e

inconsistências, o aumento da padronização, a possibilidade de compartilhamento de

dados e o aumento da segurança e da integridade das informações.

Na seleção dos dados devem ser considerados os critérios descritos a seguir:

Relevância: apenas os dados que possuam influência direta com as saídas

desejáveis do sistema devem ser armazenados.

Conveniência: o volume dos dados coletados, assim como sua freqüência de

coleta e o nível de detalhe requerido são fatores muito influentes nos custos

do projeto e, portanto devem ser cuidadosa e precisamente projetados.

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Integridade: a confiabilidade dos dados armazenados é requisito de

reconhecida importância e persistência.

Capacidade de recursos: o volume e a qualidade dos dados devem ser

proporcionais aos recursos materiais e humanos disponíveis.

2.7. PRINCIPAIS TÉCNICAS DE AQUISIÇÃO DOS DADOS

Diversas técnicas de suporte foram desenvolvidas na área de coleta de dados

geográficos. Como exemplo, podemos citar a coleta de dados posicionais através do

sistema GPS (Global Positioning System), de mesas digitalizadoras, por imagens de

satélites, por câmaras fotográficas aerotransportadas, por radares ou sonares e outras

aplicadas à extração de dados de mapas. Técnicas para coleta buscam reduzir os custos

na implementação de aplicações em um SIG, podendo permitir melhorias diretas na

qualidade dos dados.

O mapa é o mais tradicional produto que contém informações geográficas. Um

mapa apresenta, basicamente, três informações sobre os fenômenos que são

representados pelos objetos geográficos:

Localização, distribuição e extensão (Onde o fenômeno acontece?);

Características ou atributos (O que é o fenômeno?);

Relacionamentos com outros fenômenos (Como ou porque o fenômeno

acontece?).

Outra tecnologia associada a um SIG que se ocupa com o armazenamento de

informação é o banco de dados, que possui como serviços básicos consultas e

atualizações, onde são encontradas as funcionalidades de um SIG no que se refere aos

aspectos de armazenamento de dados e recuperação de informações. De acordo com

SILBERSCHATZ et al. (1996) um banco de dados espacial é aquele que armazena

informações relativas à localização espacial dos objetos, e prover um suporte para

consulta e indexação eficientes, baseado na localização espacial. Na visão de

ELMASRI e NAVATHE (2000), os bancos de dados espaciais são aqueles que

fornecem conceitos para o controle de objetos em um espaço multidimensional.

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O tratamento e a análise da informação espacial exigem de um SIG operações

(geometria e topologia) específicas que permitam e otimizem a manipulação e

transformação de dados por meio dos relacionamentos espaciais entre os objetos

geográficos. Em geral, estas operações são traduzidas em funções de suporte à

manipulação dos dados, preparando-os para a fase de análise e funções de análise com o

objetivo de produzir respostas, que vão de simples consultas a mapas complexos a

outras envolvendo inúmeros relacionamentos entre os objetos envolvidos.

2.8. ESTRUTURA FUNCIONAL DE UM SIG

O grande objetivo do SIG é a geração de informações espaciais em forma de

mapas, tabelas, relatórios, estatísticas e gráficos para auxiliar aos profissionais na

tomada de decisões. Diante disso, este tipo de sistema deve apresentar uma estrutura

que possui características funcionais, de acordo com as figura 2a e 2b.

Figura 2a. Características funcionais de um SIG. Adaptado de MARTINS (2005).

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REALIDADEPERCEBIDA

USUÁRIO

Mensuração dosDados no Modelo

Componentes espaciais(localização, geometria)

Componentes nãoespaciais, atributos

Retificação dos dadosSeleção dos dados

Exploração Confirmação

Apresentação

Manipulação

ENTRADA DOS DADOS

ARMAZENAMENTOE RECUPERAÇÃODOS DADOS

ANÁLISE

PRODUTOS

Figura 2b. Esquema simplificado das funções básicas do SIG. Adaptado de ANSELIN e

GETIS, 1992.

2.8.1. ENTRADA DE DADOS

Estas tarefas podem ser feitas digitalmente com a importação de arquivos de

dados, com os levantamentos de campo ou de forma convencional (analógica) a partir

de mapas, fotografias aéreas e imagens de satélite, de acordo com a figura 2c.

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Figura 2c. Estrutura de entrada e saída de dados num SIG. Fonte (LABGIS-UERJ,

2007).

2.8.2. CONVERSÃO DE DADOS

Antes que os dados geográficos possam ser utilizados por um SIG, ele deve ser

convertido em um formato digital. Este processo de conversão de um mapa em papel

para o computador é chamado de digitalização. Os dados podem ser convertidos através

de scanners, onde são armazenados em um formato matricial, ou através de mesas

digitalizadoras, onde é transformado para o formato vetorial. Atualmente existem vários

tipos de dados geográficos em formatos compatíveis com muitos softwares de SIG, os

quais podem ser obtidos em empresas que comercializam estes dados e carregados

diretamente no sistema. O SIG também é alimentado com dados alfanuméricos,

representando os atributos dos objetos geográficos. Estas informações podem ser

carregadas no sistema através de tabelas, planilhas, imagens, textos, dentre outros.

2.8.3. ARMAZENAMENTO E RECUPERAÇÃO DE DADOS

Atualmente, a arquitetura mais empregada na construção dos SIG é a que utiliza

um sistema dual, onde o SIG é composto de um Sistema Gerenciador de Banco de

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Dados, responsável pela gerência dos dados tabulares, acoplado a um Sistema

Gerenciador de Informações Geográficas, responsável pelo gerenciamento dos dados

gráficos.

O gerenciador das informações geográficas descreve as características

geográficas dos objetos que compõem a superfície do terreno (forma e posição),

armazenando os dados geográficos utilizando-se de uma estrutura de dados topológica,

o que facilita a sua manipulação. Este tipo de estrutura define a localização e as relações

espaciais entre as feições. O gerenciador do banco de dados descreve as informações

referentes a essas características. Tais sistemas permitem o armazenamento e a

recuperação de grande quantidade de informações.

2.84. CONSULTA E ATUALIZAÇÃO DE DADOS

A essência de um SIG está baseada em tarefas de consulta e atualização de

dados geográficos. Tais operações utilizam os atributos espaciais e não espaciais das

entidades gráficas armazenadas na base de dados espaciais, buscando simular os

fenômenos do mundo real, seus aspectos ou parâmetros (CANDEIAS, 1998). Estas

tarefas possibilitam que os dados geográficos sejam selecionados segundo algum

critério, classificados e combinados de várias maneiras.

É comum que seja necessário transformar ou manipular os dados para um

projeto de SIG, de modo a torná-los compatíveis com o sistema utilizado. Por exemplo,

uma informação geográfica pode estar disponível em diferentes escalas (arquivos com

eixos de logradouros bem detalhados, arquivos com o tipo de uso do solo, menos

detalhados e arquivos que contém os códigos postais - CEP - bem menos detalhados).

Antes que essas informações possam ser integradas no sistema, elas devem ser

convertidas para uma escala com mesmo grau de detalhes e precisão. Esta pode ser uma

transformação temporária, apenas para propósitos de visualização, ou permanente,

quando se necessita realizar alguma análise com tais dados. A tecnologia existente num

SIG oferece diversos recursos que permitem manipular os dados espaciais e eliminar

dados redundantes ou desnecessários.

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2.8.5. VISUALIZAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

A tecnologia do SIG permite a visualização e a análise dos dados geográficos

em diversos cenários por meio da sobreposição de mapas.

Um diferencial do SIG em relação aos sistemas convencionais de mapeamento é

a capacidade de efetuar análises espaciais por meio de consultas condicionadas,

sobreposições e modelagens.

Este sistema apresenta as seguintes funções de análise: medições, transformação

de coordenadas, geração e seleção de feições, modificação de atributos, dissolução /

junção de entidades, generalização, cálculos estatísticos, sobreposição topológica,

operação com superfícies, análises de redes e gerenciamento de banco de dados.

2.8.6. GERAÇÃO DE RESULTADOS

Como objetivo principal o SIG possui recursos relacionados às maneiras em que

os resultados da análise dos dados são exibidos aos usuários. Por meio deste tipo de

sistema é possível a geração de mapas, tabelas, estatísticas, relatórios, dentre outras

saídas, de acordo com o exposto na figura 2c.

2.9. OS COMPONENTES DE UM SIG

Na visão de NYERGES (1993) um SIG integra basicamente cinco componentes:

hardware, software, dados espaciais e não-espaciais, recursos humanos e métodos. A

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sistema. O emprego de métodos e técnicas adequados auxilia na definição do modelo

que melhor possa representar as práticas e processos de trabalho.

Estes componentes devem ser especificados e adquiridos em número e tipo

compatível com a qualidade e quantidade de informações espaciais exigidas pelos

tomadores de decisão.

Figura 2d. Componentes de um SIG. (CYSNE, 2004).

2.9.1. SOFTWARE

Os sistemas aplicativos como camadas de um SIG são formados por um

conjunto de subsistemas cuja finalidade básica é coletar, armazenar, processar e analisar

dados geográficos. Contempla basicamente cinco módulos:

1) Coleta, padronização, entrada e validação de dados;

2) Armazenamento e recuperação de dados;

3) Transformação ou processamento de dados;

4) Análise e geração de informação;

5) Saída e apresentação de resultados.

De modo geral, cada software foi originalmente projetado para resolver um

conjunto específico de problemas, no entanto, ele não limita, propriamente, seu escopo

de aplicação, sendo importante avaliar as vantagens e limitações para cada um deles.

Algumas características devem ser levantadas para testar sua adequação às necessidades

do projeto, dentre as quais se destacam:

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Possibilidades de customização da interface com o usuário;

Flexibilidade de modelagem de dados;

Existência ou não de linguagem de programação para desenvolvimento de

aplicativos;

Armazenamento dos dados em base de dados geográfica contínua ou

necessidade de fracionamento em mapas.

Existência ou não de sistemas para recuperação rápida de informações

gráficas;

Disponibilidade de aplicações prontas na área de interesse do projeto;

Capacidades de importação e exportação de dados;

Possibilidades de utilização simultânea de equipamentos de diversos

fabricantes diferentes;

Capacidades de produção de mapas, cartas, mapas temáticos, gráficos,

relatórios e outros;

Recursos para conversão de dados;

Capacidades de operação simultânea por diversos usuários;

Aderência a padrões, principalmente nas áreas de bancos de dados e

intercâmbio de informações;

Recursos de gerenciamento de backup e recuperação de dados;

Existência ou não de linguagem de consulta à base gráfica / alfa-numérica;

Recursos de manipulação de propriedades gráficas;

Recursos de detecção e correção de falhas nos dados gráficos;

Variedade de tipos de dispositivos de saída e de entrada;

Confiabilidade comercial e técnica do representante e sua equipe de suporte.

2.9.2. HARDWARE

Os equipamentos (hardware) são representados pelos diversos componentes do

computador (Figura 2e). A instalação de um SIG é composta por dispositivos de

entrada, armazenamento e saída de dados para o que são necessários:

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Computadores, elementos de hardware como CPU (central processing unit),

disquete, zipdrive, CD - ROM, DVD e discos ópticos (para armazenamento e

processamento de dados);

Mesas digitalizadoras, scanners, teclados, GPS (Global Positioning System),

mapas analógicos, teodolitos, níveis e Internet (para captura e entrada de dados);

Plotters, impressoras, Internet e redes de comunicação (para saída de dados).

Figura 2e. Arquitetura de um SIG.

2.9.3. BANCO DE DADOS

O banco de dados de um SIG contém dados referentes às características de uma

determinada região ou área do globo terrestre e pode ser dividido em duas partes: um

banco de dados geoespacial, descrevendo a posição e a forma dos elementos da

superfície em estudo e um banco de dados contendo os atributos desses elementos. A

grande diferença encontrada em um SIG é o valor adicionado aos dados pelo

georreferenciamento associado a eles.

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2.9.4. RECURSOS HUMANOS

O uso efetivo de um SIG envolve procedimentos complexos, requerendo assim

pessoal treinado e experiente em vários campos de forma a projetar, manter e usar o

sistema corretamente.

A equipe de recursos humanos deve ser selecionada e treinada conforme o tema

a ser gerenciado e composto basicamente por 2 (dois) tipos de profissionais:

Profissionais altamente capacitados, responsáveis pela operação de

computadores e programas que geram, manipulam e analisam grandes bancos de

dados geográficos; elaboram metodologias e realizam a construção de

aplicativos; além de serem responsáveis pela capacitação e suporte outros

profissionais da instituição;

Profissionais comuns, com pouco conhecimento a respeito de SIG e utilizam os

banco de dados e os aplicativos desenvolvidos pelos profissionais anteriormente

descritos para a geração de informações geográficas na forma de mapas,

relatórios, tabelas e estatísticas armazenadas em meio analógico e digital.

2.9.5. MÉTODOS

A fim de que se consiga um maior desempenho do SIG, é necessário definir

métodos e procedimentos de entrada, processamento e saída de dados, de tal forma que:

Os dados inseridos na base de dados atendam aos padrões previamente

estabelecidos;

Que seja evitada a redundância de informações;

Que o uso dos equipamentos seja otimizado;

Que a segurança seja garantida;

Que os trabalhos apresentem organização interna e;

Que os produtos que conterão as informações decorrentes do processo sejam

condizentes com as necessidades de informação dos usuários, isto é, atendam

aos requisitos da aplicação geográfica a ser atendida.

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2.10. APLICAÇÕES DE SIG

A grande variedade de aplicações (tabela 2c e figura 2f) tem levado a diferentes

formas de caracterização de um SIG. O tipo de tarefa (inventário, avaliação,

gerenciamento, etc.), a área ou domínio da aplicação (ambiental, sócio-econômicas,

etc.), o nível de decisão (tático, gerencial ou operacional), o tamanho e escala da área

estudada (pequena, média ou grande), além do tipo de organização (pública, privada ou

filantrópica) podem ser usados para categorizar um SIG.

Tabela 2c. Visão geral das áreas de aplicação dos SIG. (adaptada de RIBEIRO, 2005).

CLASSES SUBCLASSES

Ocupação Humana

Planejamento e Gerenciamento Urbano e Regional Educação, Ação Social e Análises Sócio-Econômicas Saúde Transportes Turismo, Cultura, Lazer e Desporto

Atividades Econômicas Marketing Indústrias

Uso da Terra Agroindústria Irrigação e Drenagem Cadastro Urbano e Rural

Uso dos Recursos Naturais

Extrativismo Vegetal Extrativismo Mineral Energia Recursos Hídricos Oceanografia

Meio Ambiente

Ecologia Climatologia Gerenciamento Florestal Poluição

Geociências Geodésia e Cartografia Científica Geologia Geografia

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Figura 2f. Exemplo de dados que compõe um SIG.

2.10.1. APLICAÇÕES DE SIG NO PLANEJAMENTO DE AÇÕES EM EMERGÊNCIAS Muito tem sido feito com o emprego das tecnologias de geoprocessamento no

planejamento de emergências. Aplicações de SIG têm se destacado em diversas áreas

que trabalham com sistemas para o planejamento de emergências, onde foram

desenvolvidos trabalhos junto à Defesa Civil, com simulações complexas em ambientes diversos. Alguns trabalhos dessa natureza foram também aplicados para regiões costeiras, como suporte aos sistemas de emergências e evacuação em catástrofes

naturais, conforme demonstram os trabalhos de (BURROUGH, 2001) e (JOHNSON,

2000), os quais ressaltam atividades de simulação, evacuação e gerenciamento com o

uso de Sistemas de Informação Geográfica.

Um sistema de resposta apoiado em SIG foi constituído em 2001/2002 para a ELETRONUCLEAR em Angra dos Reis. Elaborado pela equipe do GARTA - Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental, da COPPE, este trabalho foi desenvolvido como parte do planejamento de emergências para as áreas externas ao complexo de usinas Angra I e II, na área que abrange as ZPE’s 5 e 7. O mesmo grupo, nos anos de 2003 e 2004, participou da elaboração de planos de

ação em emergência com suporte de SIG em áreas externas de unidades da

PETROBRÁS, na REPAR, em Curitiba - PR; na SIX, em São Mateus do Sul - PR; no

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terminal da TRANSPETRO em Itajaí-SC e na faixa de dutos do Complexo Ilha

Redonda - REDUC, na Baía de Guanabara - RJ.

Outro trabalho com referência neste tipo de abordagem e pelo qual esta pesquisa

se fundamenta, foi desenvolvido pelo Processo APELL a partir dos anos 90 para a

localidade de Campos Elíseos, no município de Duque de Caxias, a fim de atender ao

planejamento de emergência nas comunidades vizinhas à REDUC e demais empresas

do complexo industrial local. Também apoiado em SIG, implantado em 2001, o sistema

constituído para esta área apresentou-se eficiente nas suas funções de resposta às ações

de emergências locais, oferecendo um conjunto de instrumentos que servem como

modelo para implementação de planos de emergência em área correlatas, conforme

explicitaremos no capítulo seguinte.

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3. ETAPAS DE IMPLEMENTAÇAO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO

GEOGRÁFICA

O presente capítulo consiste na apresentação das etapas que constituíram a

elaboração do sistema de informação geográfica e os caminhos percorridos para

alcançar os resultados. É destacado o mapeamento e suas características principais que

determinaram os meios utilizados na composição do sistema e o estudo de caso,

realizado na refinaria de Duque de Caxias – REDUC, onde é apresentada uma

caracterização de seu histórico e implantação e a experiência de adoção de um plano de

ação em emergência instituído, denominado Processo APELL-CE.

Tendo em vista os fundamentos teóricos e a importância das atividades em

refinarias, são apresentadas inicialmente algumas características particulares do parque

de refino brasileiro.

3.1. CARACTERÍSTICAS DAS REFINARIAS NO BRASIL

A produção de derivados de petróleo no Brasil está baseada em uma empresa

estatal, a PETROBRÁS, cujo parque de refino atual é composto por dez plantas

distribuídas estrategicamente pelo território brasileiro. A tabela 3a demonstra as

refinarias atualmente em operação.

Tabela 3a. Principais Refinarias do Brasil.

REFINARIA SIGLA MUNICÍPIO ESTADO

Duque de Caxias REDUC Duque de Caxias RJ

Henrique Lage REVAP São José dos Campos SP

Gabriel Passos REGAP Betim MG

Landulfo Alves RLAM São Francisco do Conde BA

Presidente Bernardes RPBC Cubatão SP

Refinaria de Capuava RECAP Mauá SP

Refinaria de Paulínia REPLAN Paulínia SP

Presidente Getúlio Vargas REPAR Araucária PR

Refinaria de Manaus REMAN Manaus AM

Alberto Pasqualini REFAP Canoas RS

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A distribuição geográfica das refinarias no território nacional é apresentada no

mapa a seguir (figura 3a).

Figura 3a. Mapa de localização das principais refinarias do Brasil.

A distribuição geográfica das refinarias ao longo do território evidencia a sua

relação com o modelo de desenvolvimento regional brasileiro. Observa-se maior

concentração das unidades no eixo sul-sudeste, principal pólo de desenvolvimento

econômico nacional, e que corresponde às concentrações do mercado consumidor e da

atividade industrial. O planejamento centralizado da atividade de refino, conseqüência

do controle estatal sobre a cadeia produtiva de petróleo e seus derivados, imprimiu uma

característica comum a todas as unidades. Ou seja, as refinarias foram implantadas em

posições estratégicas favoráveis e em sincronia com a atividade econômica.

Dentro do processo de evolução das refinarias de petróleo brasileiras, alguns

aspectos podem comprometer a eficiência das organizações para controle de

emergência. Esses aspectos se referem às modificações ocorridas nas características

físicas e organizacionais das unidades que determinaram, ao longo do tempo, uma

defasagem no planejamento e na possibilidade de implementação das medidas de

controle e mitigação dos acidentes (SOUZA JÚNIOR, 1996).

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3.2. MATERIAIS E MÉTODOS

O uso de materiais associados às geotecnologias tem-se comprovado como

importante instrumento na avaliação de sistemas ambientais, dado a sua aplicação e

resultados favoráveis no auxílio à tomada de decisões. Neste sentido, a utilização do

geoprocessamento se constitui como ferramenta que viabiliza a análise de geossistemas,

principalmente na modelagem de cenários. Além disso, o uso de fotografias aéreas e

imagens de satélite constituem-se também como fundamentais no processo de análise

ambiental que, associada à bases cartográficas adequadas, complementam-se a outros

recursos importantes pertinentes a medições locais, com o uso do GPS e de cartas

topográficas. Tais recursos permitem a mensuração e análise dos fenômenos

relacionados à dinâmica de ambientes sujeitos aos impactos acidentais, especialmente

de refinarias de petróleo, contribuindo para a geração de dados, enfatizando-se aqueles

referentes à vulnerabilidade da área específica, principalmente em relação às

populações situadas nas proximidades destes empreendimentos.

Os principais métodos adotados referem-se:

Levantamento e análise da bibliografia relacionada ao tema;

Mapeamento sistemático com o apoio de imagem de satélite;

Coleta de dados e informações sobre o conjunto de equipamentos integrantes

das áreas localizadas no entorno do empreendimento;

Breve diagnóstico, de forma a obter-se uma visão do quadro estrutural e

dinâmico da área de estudo;

Estudos de práticas existentes correlatas ao tema e à área específica de

sistemas de resposta implantado e consolidado.

Figura 3b. Processos decorrentes de atividades industriais em refinarias de petróleo.

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Figura 3c. Processos em ambientes sob influência de acidentes industriais em refinarias

de petróleo.

A Estrutura Força Motriz - Pressão - Situação - Impacto - Resposta (FMPSIR)

adotado pela OCDE, proporciona um mecanismo geral para analisar problemas

ambientais, envolvendo o tema e o ambiente em questão. Neste sentido, adotando o

exemplo à metodologia, podemos adaptá-lo da seguinte maneira:

Forças Motrizes, como as atividades indústrias desenvolvidas em refinarias,

produzem;

Pressões sobre o ambiente que, com o desdobramento de um conjunto de ações,

acarretam uma;

Situação que, através da ocorrência de acidentes, gera;

Impacto nos ecossistemas e no meio socioeconômico de áreas externas ao

empreendimento, levando a sociedade a;

Responder com diferentes medidas, como o Planejamento, Análise de Risco, PAE,

Diretrizes Geoambientais, Planejamento Urbano, que podem ser dirigidas a qualquer

outra parte do sistema.

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3.3. ETAPAS DO MAPEAMENTO

O mapeamento realizado consistiu de várias etapas e considerou desde os

trabalhos de campo até a composição do SIG. Todas as etapas abrangeram o conjunto

de refinarias e suas respectivas unidades. No entanto, o estudo a ser apresentado neste

trabalho compreende apenas a refinaria de Duque de Caxias – REDUC.

3.3.1. MAPEAMENTO NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA REFINARIA

3.3.1.1. LEVANTAMENTOS DE CAMPO

Os levantamentos de campo incluíram a área de influência externa à REDUC e

abrangeu as informações relacionadas à infra-estrutura dos equipamentos urbanos

existentes, a partir de sua identificação e georreferenciamento. Entre os atributos

mapeados no levantamento incluem-se a malha viária e de apoio, a obtenção de dados

sobre as comunidades populacionais, o meio ambiente, a infra-estrutura de saúde,

creches, escolas, igrejas, instituições, áreas residenciais, comércio e indústria.

Neste sentido, o mapeamento dos pontos notáveis que fazem parte dos atributos

que incorporaram o sistema de informação foi composto pelos seguintes temas:

Arruamentos

Comunidades

Creches

Escolas

Igrejas

Instituições

Linhas de ônibus

Saúde

O levantamento desses atributos está referenciado em SOUZA JÚNIOR (1996 e

2002), cuja contribuição ressalta a necessidade deste tipo de mapeamento em áreas

externas aos empreendimentos desta natureza, tendo como base a elaboração do

planejamento de emergência para essas áreas, os quais devem considerar:

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Os aspectos de organização do espaço sócio-econômico nas vizinhanças da

instalação industrial;

A relação das unidades hospitalares de apoio, com suas respectivas

localizações, vias de acesso e especialidades;

A relação de escolas, creches e demais instituições, no tocante a escolha

como locais de abrigos e integrantes no sistema de comunicações em caso de

evacuação;

A descrição dos ecossistemas locais;

A malha viária existente, a fim de que possam ser traçadas as rotas de fuga e

principais pontos de reunião, que servem também para exercício em

treinamento de simulados para o controle de emergências.

A identificação de cada um dos atributos foi feita a partir de mapeamento

sistemático, através do percurso de rua por rua nas áreas visitadas, a fim de localizar os

pontos de interesse. Tal localização foi apoiada em imagem de satélite de alta resolução

(figura 3d), que serviu de base para o georreferenciamento dos atributos.

Figura 3d. Imagem da área de abrangência da REDUC. Fonte: Google Earth, 2006.

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3.3.1.2. COLETA DOS DADOS

Georreferenciados todos os atributos no perímetro mapeado, a etapa seguinte

consistiu na coleta dos dados para compor as informações que seriam incorporadas ao

banco de dados do sistema.

Para os atributos de creche, escola, instituições e saúde, as informações foram

adquiridas in loco, através de pesquisas feitas junto a essas instituições. Para cada uma

delas foi elaborada uma relação específica de informações a serem incluídas no banco

de dados, conforme demonstram as tabelas 3b, 3c, 3d e 3e.

Tabela 3b. Informações coletadas junto às creches.

Nome Endereço Cep BairroTelefones Email Responsável

Salas Banheiros Outros Cômodos Total Funcionamento

Manhã Tarde Noite TotalTurnos

Quantidade de Turmas

Quantidade de Crianças

Faixa Etária

Quantidade de Funcionários

Observações

Tabela 3c. Informações coletadas junto às escolas.

Nome Endereço Cep Bairro Telefones Email Responsável

Salas Banheiros Outros Cômodos Total Funcionamento

Manhã Tarde Noite Total Turnos

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Quantidade de Turmas

Quantidade de Alunos

Faixa Etária

Quantidade de Funcionários

Observações

Tabela 3d. Informações coletadas junto às instituições.

Nome Endereço Cep Bairro Telefones Email Responsável Numero Salas e/ou Cômodos

Funcionamento Dia Semana Mês Ano Quantidade de

Pessoas que Frequentam Quantidade de Funcionários Observações

Tabela 3e. Informações coletadas junto às instituições de saúde.

Nome

Endereço

Cep Bairro Telefones Email Responsável Numero Leitos Números de Salas Funcionamento

Dia Semana Mês Ano Quantidade de Pacientes Atendidos

Quantidade de Funcionários Especialidades Atendidas (Ambulatórios)

Observações

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Para o atributo de linhas de ônibus, os trajetos foram identificados através de

visitas às empresas responsáveis pelo percurso da linha, do qual foram obtidos os

itinerários e demais características, conforme tabela 3f.

Tabela 3f. Informações coletadas sobre as linhas de ônibus.

Nome da Linha Número da Linha Empresa

Ida Volta Itinerário

Para o atributo arruamento, o mesmo foi traçado através da imagem de satélite e

identificado a partir do levantamento em campo, através do qual foi feito também uma

relação de características a serem incorporadas no banco de dados (tabela 3g).

Tabela 3g. Informações coletadas sobre os arruamentos.

Nome Tipo de Pavimento Iluminação Sistema de Esgoto Extensão Largura

3.3.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Esta etapa consistiu no refinamento dos dados, a fim de serem processados no

ambiente de composição do SIG. As informações coletadas e mapeadas foram

vinculadas a cada um dos seus atributos e incluídas no sistema.

3.3.2.1. ESCALA DE ABRANGÊNCIA DO SISTEMA

A implantação dos planos de informação considerou dois níveis de escala: local

e regional.

A escala local (1:60.000) abrange todos os atributos mapeados na área de

influência da refinaria, conforme demonstrado anteriormente. No nível regional

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(1:300.000), foram incorporados planos de informação que servem de auxílio para a

identificação e localização de possíveis cenários de acidentes ocorridos e que poderão

ser sobrepostos com as demais camadas, a fim de acompanhar o comportamento e a

abrangência do mesmo.

3.3.2.2. ENTRADA DOS DADOS E SISTEMA UTILIZADO

O mapeamento foi feito com base na imagem do sistema orbital Quickbird,

disponível e adquirida através do programa Google Earth, cujas características são

apresentadas abaixo:

Sistema de projeção UTM;

Datum SAD 69 South America;

Zona 23

Extensão Tiff

Consulta e aquisição em 05 de outubro de 2006.

Considerando o sistema de projeção da imagem, mosaicada e georreferenciada

através dos parâmetros acima, todos os atributos foram plotados.

O software utilizado na pesquisa e que gerou os resultados obtidos foi o

ARCGIS, versão 9.1., da empresa ESRI (www.esri.com/software/arcview)

Caracterizado como um sistema de geoprocessamento, possui um conjunto de

ferramentas voltadas para coleta e tratamento de informações espaciais, com a geração

dos resultados na forma de mapas, relatórios, arquivos digitais, entre outros. Integra

funcionalidades conjugadas ao armazenamento, gerenciamento, manipulação e análise

de dados. O ARCGIS incorpora, de maneira eficiente, as funções de um SIG, o que o

torna líder no mercado mundial.

O ARCGIS é composto por três aplicativos diferentes: o ArcMap, o ArcCatalog

e o ArcToolbox, cujas características são demonstradas a seguir:

ARCMAP: aplicativo que desempenha funções diversas, entre elas

transformações dos dados, manipulação de imagens, gerador de mapas, etc;

ARCCATALOG: responsável pela administração das propriedades de dados.

ARCTOOLBOX: conjunto de ferramentas para conversão de dados.

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Essa ferramenta, contudo, representa uma perspectiva multidisciplinar em sua

utilização, pois permite:

A Integração, numa única base de dados, de informações provenientes de

dados cartográficos, dados de censo e cadastro urbano e rural, imagens de

satélites, redes e modelos numéricos de terreno; e

Oferecer mecanismos para combinar as várias informações, através de

algoritmos de manipulação e análise, além de ferramentas para consultar,

recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados geocodificados.

O ARCGIS (figura 3h) demonstrou enorme eficiência na montagem do sistema,

pois além dos atributos mapeados e incluídos no SIG, outras feições foram

incorporadas, sem prejudicar o seu desempenho, proporcionando uma visão mais

abrangente do sistema de informação, o que evidenciou sua grande importância no

planejamento em questão.

Figura 3e. Interface do programa Arcgis 9.1., através do aplicativo Arcmap.

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A entrada dos dados foi feita com a composição dos planos de informação

integrados no SIG, respeitando suas respectivas escalas, local e regional, pelas quais

foram incluídos os temas característicos de cada nível, de acordo com a configuração

abaixo:

SIG

Planos de Informação

Escala Local (1:60.000)

o Creche

o Corpos D’água

o Escola

o Estabelecimentos

o Comercial

o Residencial

o Igreja

o Instituições

o Linhas de ônibus

o Malha viária

o Arruamentos

o Estação Ferroviária

o Ferrovia

o Rodovia

o Processo APELL-CE

o Comunidades

o Comunidades vulneráveis

o Empresas do Pólo Industrial de Campos Elíseos

o Perímetro de 1000 m

o Áreas Vulneráveis

o Perímetro de Áreas Vulneráveis

o Perímetro de Áreas Vulneráveis da REDUC

o Rota Início

o Rota Fim

o Rota Itinerário

o Imagem Quickbird

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Escala Regional (1:300.000)

o Limites Municipais

o Sedes Municipais

o Imagem Landsat RJ

3.4. ESTUDO DE CASO: REFINARIA DE DUQUE DE CAXIAS - REDUC

A REDUC está localizada no município de Duque de Caxias, região

metropolitana do estado do Rio de Janeiro (figura 3f). Sua área de influência abrange os

municípios de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, São João de Meriti, Belford Roxo,

Nova Iguaçu e Magé, cuja população compreende um total de 8.397,119 milhões de

habitantes. A área total da refinaria é de 13.583,720 m2, com capacidade instalada em

torno de 242 mil barris/dia, contribuindo em impostos na ordem de R$ 1,2 bilhão/ano.

Figura 3f. Mapa de localização da REDUC.

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municípios que, além de Duque de Caxias, inclui Cubatão, Suzano, Camaçari,

Guaratinguetá, São Sebastião e Maceió, onde foi incorporado à legislação estadual.

A implantação de um sistema APELL em Campos Elíseos foi uma iniciativa da

REDUC. SOUZA JÚNIOR (1996) explica que a decisão foi motivada pela ocorrência

de um acidente em uma pequena indústria de recuperação de solventes, localizada nas

proximidades da refinaria. Durante este evento diversos tambores do produto

explodiram, sendo projetados para dentro do parque de estocagem de combustíveis da

refinaria. A atuação das brigadas internas impediu a propagação do acidente.

Num processo de investigação posterior considerou-se a hipótese de que o

acidente pudesse atingir também as comunidades vizinhas. Desta avaliação surgiu a

proposta de elaboração de um plano para emergências externas, sendo adotado o

modelo do APELL. Ao mesmo tempo decidiu-se convocar as demais empresas do pólo

para uma ação conjunta, com o objetivo de melhorar as condições gerais de segurança.

Figura 3g. Estrutura do Processo APELL. (UNEP-DTIE, 2007).

Sua estrutura contou com uma organização que abrange vários aspectos que

servem de auxilio no planejamento de emergências externas. A seguir é apresentada

uma caracterização das principais atividades realizadas, que segundo SOUZA JÚNIOR

(1996) integrou:

a) Fase de Aproximação

Contatos pessoais;

Investimentos diretos em infra-estrutura local;

Programação de visitas à refinaria;

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Reuniões com as empresas do pólo industrial;

Reuniões com grupos de lideranças comunitárias;

Reuniões com órgãos públicos de apoio;

Reuniões com representantes da prefeitura.

b) Estudos Locais

Pesquisa do perfil das comunidades e características das localidades;

Estudos para identificação da tipologia de acidentes e definição da área sob

impacto potencial;

Identificação das rotas de fuga e pontos de abrigo para as comunidades;

Definição do tipo e da localização do sistema de aviso para as comunidades;

Realização de experiência com um sistema de atendimento a reclamações;

Preparação da cartilha informativa básica.

c) Difusão das Informações

Reuniões com grupos comunitários;

Distribuição das cartilhas nos pontos de referência;

Realização de simulados de emergência entre as empresas, com a participação

do Corpo de Bombeiros;

Programação de visitas da comunidade em todas as empresas do pólo industrial;

Atividades de divulgação nas escolas locais.

d) Treinamentos

Consolidação da estratégia com os órgãos públicos de apoio;

Curso de informação para agentes multiplicadores;

Curso de preparação do grupo de voluntários (80 pessoas das 14 localidades);

Simulados internos e entre empresas, assistidos pela comunidade.

O modelo adotado pelo APELL-CE considerou ainda as características da área

de abrangência, cuja população estimada à época contava com cerca de 150 mil

habitantes, além das comunidades atingidas e determinadas através dos cenários de

acidentes projetados, de acordo com (SOUZA JÚNIOR, 1996), definidas como espaço

vulnerável, (figuras 3h e 3i), bem como os locais que servem de abrigagem e as rotas de

fuga para as comunidades ali situadas (figura 3j).

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Figura 3h. Comunidades integrantes do Processo APELL-CE. (APELL-CE, 2007).

Figura 3i. Comunidades situadas dentro e fora do espaço vulnerável. (SOUZA JÚNIOR,

1996).

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Figura 3j. Pontos de abrigo e rotas de fuga. (APELL-CE, 2007).

O modelo incorporou ainda o quadro das empresas que integram o pólo

industrial de Campos Elíseos (figura 3k e tabela 3h), bem como o cenário de acidentes

na área sob impacto potencial, denominado espaço vulnerável (figura 3l).

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Figura 3k. Empresas do Pólo Industrial de Campos Elíseos. (APELL-CE, 2007).

Tabela 3h. Conjunto de empresas que atualmente constituem o pólo industrial de

Campos Elíseos. (APELL-CE, 2007).

EMPRESASAmerican Lub RealMinasBR-GEI REDUCBR-TEDUC Rio PolímerosButano ShellCopagaz SupergasbrasEsso TermoRioIpiranga TexacoMinas Gás TranspetroNitriflex WALPetroflex White MartinsPolibrasil

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1. Marilândia 3. Centro Campos Elíseos 5. Ana Clara 7. Parque Império 9. Bom Retiro 2. Pilar 4. Saraiva 6. Vila Serafim 8. Nosso Bar 10. Parque

Figura 3l. Espaço Vulnerável definido a partir dos cenários de acidentes. (APELL-CE,

2007).

No caso da REDUC, este espaço foi definido com base na identificação da

tipologia de acidentes, através de APP e APR, realizadas pela equipe do

GARTA/COPPE. Os acidentes foram modelados através da análise de vulnerabilidade.

As demais empresas apresentaram análise de risco, realizadas por consultorias privadas,

conforme destacou SOUZA JÚNIOR (1996).

Atualmente o Processo APELL encontra-se em fase de monitoramento, com a

realização de simulados anuais nas áreas de sua abrangência. Até o momento, desde

quando foi implementado, ocorreram 7 simulados.

O mapeamento executado e que serviu de base para a elaboração desta pesquisa

se complementa com o modelo de estrutura adotado pelo Processo APELL-CE, cujos

atributos implementados foram incorporados ao sistema de informação aqui

apresentado, conforme estrutura mostrada no item 3.3.3.2. Algumas das características

implantadas no sistema APELL são apresentadas no nosso estudo, de maneira a

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atualizar os dados para efeito de uma análise que se aproxime da realidade atual, o que

dá ao SIG um caráter dinâmico e serão expostos no capítulo a seguir.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um dos primeiros resultados alcançados, de acordo com os objetivos propostos

neste trabalho, foi a geração de um banco de dados georreferenciados com as

informações das áreas externas à refinaria REDUC. Esses dados compõem um sistema

que poderá auxiliar no gerenciamento e planejamento das ações externas de

emergências na área de abrangência, uma vez que eles deverão estar associados a outros

tipos de informações, sejam elas de natureza demográfica, sócio-econômica e

ambiental, a fim de que se possa obter uma visão mais completa de todas as áreas

periféricas envolvidas e o acompanhamento da dinâmica espacial e temporal do

crescimento e desenvolvimento dessas áreas. Os demais resultados derivados e

respectivas análises interpretativas são apresentados a seguir.

4.1. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

O estudo de caso aplicado à REDUC foi baseado em atividades executadas na

área, já explicitadas na proposta metodológica e apresentou resultados que evidenciam o

SIG como instrumento de apoio e suporte essencial na tomada de decisão para situações

de emergências, comprovando a sua importância efetiva em conjunturas desta natureza,

e principalmente sua potencialização em análises espaciais complexas, no âmbito da

problemática que envolve risco industrial e planos de ação em emergências.

O sistema foi concebido considerando características principais da análise de

risco para o empreendimento da refinaria e sua abrangência nas diversas áreas

localizadas no seu entorno e que representam os cenários críticos do problema,

apresentados anteriormente a partir do Processo APELL-CE. Tais áreas são tratadas no

contexto do planejamento e controle de emergências, com o propósito oferecer

instrumento possa auxiliar a tomada de decisões acerca de um possível plano de

evacuação em situações de risco, associado a um provável acidente.

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70

4.2. O MAPEAMENTO COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO EM

AÇÕES DE EMERGÊNCIA

O mapeamento executado na área de estudo considerou uma extensão que

abrange um raio aproximado de 3 km no entorno da refinaria, isto é, um recorte espacial

onde há comunidades localizadas na área externa do empreendimento, de acordo com a

figura 4a. Tal abrangência, baseado em experiências anteriores e em estudos

desenvolvidos pela equipe do GARTA/COPPE, constitui o cenário que delimita áreas

importantes num plano de emergência e que deve compor informações técnicas de

segurança, de acordo com SOUZA JÚNIOR (2002). Estas áreas correspondem ao

perímetro crítico dos acidentes e áreas receptoras, conforme veremos a seguir:

a) Perímetro Crítico de Acidentes - Corresponde à área caracterizada sob impacto

potencial em função dos cenários de acidentes, constituindo-se no espaço

vulnerável, por situar-se nas proximidades do empreendimento e, por esta razão,

apresenta um nível maior de exposição à ocorrência de desastres. Sua

delimitação abrange o perímetro que, de acordo com os cenários do Processo

APELL, vai do empreendimento até a distância de 1000 m. Geralmente esta

avaliação depende da análise de risco e vulnerabilidade que apontam os cenários

dos acidentes de acordo com as instalações do empreendimento e suas

respectivas avaliações.

b) Áreas de Segurança - Corresponde à delimitação situada a partir do limite do

perímetro crítico, neste caso, de 1000 m. São caracterizadas como locais

propícios para o deslocamento das populações situadas no perímetro crítico de

acidente e constituem-se como áreas receptoras destas populações em situações

de perigo.

Para os perímetros das respectivas áreas foram incorporados no SIG os atributos

e suas características, contempladas no banco de dados, as quais permitem identificar

um conjunto de informações acerca de cada um dos atributos mapeados, de acordo com

a proposta metodológica. Tal procedimento demonstra a interatividade que o SIG

apresentou para a situação estudada, caracterizando um instrumento de consulta

poderoso, podendo agregar dados de diversas naturezas, já mencionados anteriormente.

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71

Figura 4a. Recorte espacial da área de abrangência do estudo.

4.2.1. EQUIPAMENTOS EXISTENTES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA

A complexidade do espaço social e o seu arranjo territorial, como área

localizada próxima a um empreendimento de tais proporções e características, enfatiza a

necessidade de planejamentos desta natureza em áreas semelhantes. Neste sentido, a

identificação dos equipamentos existentes na área estudada demonstrou a importância

do mapeamento e o levantamento dos dados na composição do sistema de informação.

O levantamento dos atributos apresentou os equipamentos identificados no

contexto mapeado e que integram o conjunto de informações que serviram de base para

a montagem do sistema de informação. A tabela 4a exibe a relação dos pontos notáveis

mapeados, cuja distribuição é apresentada nos mapas a seguir (figuras 4b, 4c, 4d, 4e, 4f,

4g, 4h e 4i).

Tabela 4a. Relação dos atributos mapeados na REDUC.

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AtributoCrecheEscolaComercialResidencialIgrejaInstituiçõesSaúde

Figura 4b. Mapa do total de pontos notáveis identificados.

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Figura 4c. Mapa dos pontos notáveis de creche.

Figura 4d. Mapa dos pontos notáveis de escolas.

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74

Figura 4e. Mapa dos pontos notáveis de áreas comerciais.

Figura 4f. Mapa dos pontos notáveis de residências.

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Figura 4g. Mapa dos pontos notáveis de igrejas.

Figura 4h. Mapa dos pontos notáveis de instituições.

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76

Figura 4i. Mapa dos pontos notáveis de hospitais e postos de saúde.

Através do SIG foram determinados diferentes cenários a partir dos limites da

REDUC, até a extensão de 1000 m, considerado o espaço vulnerável, justificado pelas

diversas características e pelo conjunto de equipamentos que as áreas localizadas no

entorno demonstram (Figura 4j). Este espaço foi definido com base na identificação da

tipologia de acidentes, modelados através da análise de risco e de vulnerabilidade, de

acordo com informações já apresentadas a partir do Processo APELL-CE.

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Figura 4j. Mapa do Perímetro de 1000 m, considerado o espaço crítico de acidentes.

Os resultados foram obtidos através da interpolação dos atributos e seus

respectivos dados com o raio delimitado, conseguindo-se a representação do cenário

específico. As tabelas (4b, 4c e 4d) e as figuras (4k, 4l e 4m) demonstram os principais

cenários para o perímetro estabelecido.

Tabela 4b. Equipamentos no perímetro de 500 m.

Atributo TotalEstabelecimento Comercial 50Estabelecimento Residencial 336Igreja 2Instituição 2

Tabela 4c. Equipamentos no perímetro de 1000 m.

ATRIBUTO TOTAL

Creche 1

Estabelecimento Comercial 505

Estabelecimento Residencial 6.524

Igreja 58

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78

Escola 16

Instituição 11

Saúde 2

Tabela 4d. Equipamentos no perímetro de 1500 m.

ATRIBUTO TOTAL

Creche 2

Estabelecimento Comercial 903

Estabelecimento Residencial 11.737

Igreja 96

Escola 29

Instituição 14

Saúde 2

Figura 4k. Mapa do conjunto de edificações existentes no perímetro de 500 m.

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Figura 4l. Mapa do conjunto de edificações existentes no perímetro de 1000 m.

Figura 4m. Mapa do conjunto de edificações existentes no perímetro de 1500 m..

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As informações geradas pelo SIG e a abrangência das áreas mapeadas a partir da

delimitação de cenários específicos permite no planejamento da emergência estimar, de

acordo com o alcance do acidente, a sua abrangência, identificando o quantitativo de

equipamentos existentes no raio analisado. Tal informação, cruzada com outros dados,

entre eles demográficos, poderá permitir, por exemplo, radiografar a situação do raio

abrangido em termos de população e o conjunto de equipamentos existentes, e com isso,

auxiliar na ação do sistema de evacuação da área específica.

A aplicação do SIG contribuiu para a aquisição e incorporação do quantitativo

das edificações existentes no espaço vulnerável. Esta abrangência possibilitou a

delimitação de áreas distintas até o limite de 1000 m, constituindo diversos cenários a

partir de limites específicos. Tal diversidade demonstrou a visão dinâmica e integrada

que o sistema permitiu para este tipo de análise, evidenciando características que

analisam espacialmente o comportamento dos perímetros estabelecidos e que poderão

auxiliar no planejamento das ações de emergências.

Por outro lado, as potencialidades apresentadas pelo sistema de informação

poderão permitir ao tomador de decisão, fazer projeções em relação aos eventos de

acidentes e, também com base nas informações do SIG, colocar em prática um plano de

evacuação para as áreas afetadas, seja em situações críticas ou em exercícios de

simulações de acidentes.

4.2.2. ÁREAS LOCALIZADAS FORA DO ALCANCE DE ACIDENTES

As áreas de segurança, neste caso, foram delimitadas a partir do perímetro de

1000 m (Figura 4n). Constitui os principais pontos localizados fora do raio considerado

crítico, caracterizando-se como favoráveis para o deslocamento das populações situadas

sob impacto potencial. Ao mesmo tempo em que são áreas de segurança, também se

caracterizam como áreas receptoras.

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Figura 4n. Mapa das Principais áreas receptoras.

Essas áreas (tabela 4e) expressaram um conjunto de equipamentos identificados

no levantamento, expostos na tabela 4f e figura 4o. A utilização do SIG possibilitou a

geração de informações que identifica essas comunidades como locais de abrigo e rotas

de fuga, o que as caracteriza como áreas de segurança.

As potencialidades que o SIG apresenta em relação à identificação dessas áreas,

através da interpolação e cruzamento dos dados, demonstram as suas características e

fornece a infra-estrutura nelas existente, o que dá o devido suporte ao planejamento e à

ação de emergência, uma vez que, identificados os pontos notáveis de interesse e as

principais rotas que chegam até elas, a ação poderá ser mais bem planejada.

Tabela 4e. Áreas de Triagem (áreas para onde a população evacuada se desloca).

Áreas Receptoras CanguloCidade dos MeninosFigueiraPraça do RotaryJardim PrimaveraSaracurunaVila Maria Helena

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Tabela 4f. Equipamentos existentes fora do perímetro de 1000 m.

ATRIBUTO TOTAL

Creche 2

Estabelecimento Comercial 903

Estabelecimento Residencial 11.737

Igreja 96

Escola 29

Instituição 14

Saúde 2

Figura 4o. Mapa dos equipamentos localizados fora do perímetro de 1000 m.

4.2.3. ATRIBUTOS COMPLEMENTARES AO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES

DE EMERGÊNCIAS

Como parte das áreas de abrangência identificadas, existem outros atributos

associados e que compõem os cenários mapeados, cuja importância para o mapeamento

em questão, apresenta-se como fundamental, uma vez que integram as informações para

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um planejamento de emergências. São as vias de acesso e os sistemas de transporte.

Tais atributos são responsáveis pela circulação no território e a sua identificação auxilia

no planejamento de emergências, através da análise de vias, com o estabelecimento de

rotas de fuga, indicações para a interrupção de locais de tráfego intenso e o melhor

caminho em direção a locais de abrigagem. Neste sentido, a tomada de decisão a partir

da execução de um possível plano de evacuação necessita desse tipo de informação, na

qual sua identificação é imprescindível.

4.2.3.1. VIAS DE ACESSO

A malha viária existente é constituída por vários acessos que conectam a região

metropolitana do Rio de Janeiro e demais à área de abrangência da REDUC. As

principais vias apresentam-se pavimentadas e com trânsito intenso, destacando-se as

rodovias Washington Luiz e Presidente Kennedy. As áreas periféricas, principalmente

ao norte e nordeste da REDUC, demonstram em sua maioria, pavimentação de leito

natural, sobretudo em função do relevo acidentado. A figura 4p expõe a malha viária

existente no espaço em questão.

Figura 4p. Mapa da malha viária existente na área de estudo.

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A malha rodoviária atual é responsável pela integração da área de estudo com a

região metropolitana do Rio de Janeiro e demais regiões, dentro e fora do estado. Possui

um intenso tráfego de veículos ao longo de toda a área de abrangência, destacando-se as

rodovias Washington Luiz e Presidente Kennedy.

A malha ferroviária está integrada ao sistema de transporte de passageiros e de

cargas, existente no nível regional e atravessa toda a área de estudo. A importância de

sua identificação está associada ao fluxo de passageiros que circulam nas estações

incluídas nas áreas de abrangência e no perímetro crítico de acidentes, principalmente

na estação de Campos Elíseos, considerada uma importante área de concentração de

pessoas.

4.2.3.2. SISTEMA DE TRANSPORTE

A região é amplamente atendida por uma imensa rede de transporte rodoviário,

responsável pelo tráfego nas principais vias de acesso, sobretudo na rodovia

Washington Luiz, onde trafega diariamente um grande fluxo de veículos e linhas de

ônibus. O sistema ainda é composto pelo transporte ferroviário, de carga e de

passageiros. Tais atributos são exibidos na figura 4q.

Figura 4q. Mapa dos principais sistemas de transporte existentes na área de estudo.

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4.2.3.2.1. LINHAS DE ÔNIBUS

O transporte público de passageiros realizado por intermédio de ônibus possui

densidade com alto índice de circulação de veículos, especialmente por situar-se numa

área que interliga diversos acessos municipais, intermunicipais e interestaduais,

caracterizando um grande fluxo de linhas, figura 4r.

Figura 4r. Mapa das Linhas de ônibus que trafegam na área de estudo.

4.3. VANTAGENS DO MAPEAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE SIG EM

ÁREAS DE INFLUÊNCIA EM REFINARIAS

O mapeamento de áreas periféricas localizadas no entorno de empreendimentos

de refinarias demonstrou diversas vantagens que, a partir da utilização de SIG,

propiciou a elaboração de um banco de dados georreferenciado que evidencia a

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1. O SIG serviu de base para a implementação de metodologia de avaliação de

risco nas áreas de abrangência do empreendimento;

2. Demonstrou-se como ferramenta fundamental para identificação de áreas de

risco e áreas vulneráveis, o que pode auxiliar na definição de estratégias de

mobilização de meios e recursos;

3. A base de dados elaborada disponibiliza às autoridades competentes e

tomadoras de decisão, informações sobre os cenários mais críticos da área do

empreendimento, o que permite adequar meios e recursos para a

minimização de possíveis danos;

4. A implantação de um sistema de resposta, integrando os diversos setores da

sociedade local;

5. O aumento da eficiência em simulados, com ênfase na prevenção, diante do

conhecimento adequado das variáveis do problema: pontos críticos, pontos

de abrigagem, rotas de fuga, atuação nas excepcionalidades, definição das

áreas prioritárias em emergências, determinação das prioridades de

atendimento e evacuação, etc.;

6. O provimento das informações necessárias ao deslocamento imediato de

tropas militares, a fim de realizar ações e operações para interdição de ruas

numa possível evacuação;

7. O enquadramento geográfico da área de abrangência poderá auxiliar e

melhorar as relações com órgãos públicos e privados em situações de

evacuação;

8. O compartilhamento da tecnologia de informações com sistemas de dados

existentes no âmbito do empreendimento e outros sistemas de resposta;

9. A produção de informações estatísticas do sistema de resposta local,

utilizando a base de dados integrada;

10. Apoio técnico para operações de evacuação durante a evolução de eventos

acidentais.

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5. CONCLUSÕES

Os programas de gerenciamento e planejamento de emergências em áreas

externas são desenvolvidos e executados com a análise da informação. A maior parte

dessas informações é espacial e pode ser traçada através do seu levantamento e

mapeamento. Uma vez que a informação é traçada e os dados estão ligados a um mapa,

o planejamento ganha um suporte de análise espacial, com a combinação de diversos

atributos com os cenários específicos de perigo, a partir dos quais os responsáveis

podem começar a formular ações de mitigação, preparação, resposta e recuperação, de

acordo com as necessidades do programa de emergência específico.

A implantação de sistemas de respostas no universo dos acidentes industriais

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parcelamento e uso do solo existente nestas áreas, o que as torna vulneráveis

à ocorrência de acidentes;

Os sistemas de resposta que incorporam SIG permitem analisar a abrangência do

espaço local e até mesmo regional para a determinação dos cenários de acidentes de

empreendimento de refinarias. Essa abrangência caracteriza a necessidade da

quantidade de dados e informações necessárias para compor, de forma representativa e

qualitativa, o panorama de alcance desses empreendimentos. Desta forma, o

mapeamento das áreas que constituem proximidade com as refinarias, apresenta-se

como objeto de grande importância a fim de mensurar, quantificar e classificar espaços

característicos, potencializando a compreensão e análise para efeitos de planejamento

de emergência.

Observando a realidade brasileira, percebe-se que ainda são bastante incipientes

as iniciativas de planejamento de emergência e a aplicação de sistemas de resposta para

áreas externas aos empreendimentos industriais, principalmente para aqueles de grande

porte. Isso vai de contrapartida aos aspectos legais existentes, definidos principalmente

pela Convenção OIT 174 e baseados nas experiências americanas e européias. Neste

sentido, SOUZA JÚNIOR (2002) destaca a necessidade do estabelecimento de uma

política federal que contemple o planejamento de emergência e o gerenciamento do

risco de atividades industriais no Brasil.

Por outro lado, é importante observar as dificuldades encontradas para efetivar

ações de planejamento em áreas externas às indústrias químicas em geral,

principalmente devido ao elevado grau de precariedade das condições de vida das

pessoas que residem próximo a esses empreendimentos. Isso reflete as carências

encontradas pela população, cujas condições encontram-se balizadas nas desigualdades

sociais existentes.

O mapeamento de infra-estruturas existentes no entorno das refinarias poderá

subsidiar aspectos voltados ao planejamento urbano dessas áreas, a fim de delimitá-las

espacialmente e defini-las quanto às fragilidades potenciais no contexto dos acidentes

industriais.

As tecnologias de geoprocessamento baseadas em SIG e caracterizadas como

sistemas de suporte a decisão são instrumentos eficientes para auxiliar a gestão e o

planejamento de emergências. O fato deste sistema estar integrado a um sistema

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georreferenciado melhora o acesso, a manipulação dos dados e a visualização espacial

dos mesmos, tornando-o mais ilustrativo e dinâmico, facilitando a sua análise e a

compreensão dos resultados. Destacam-se a interatividade e as funções de simulação

que o SIG proporciona em aplicações relativas ao tema em questão. A metodologia

apresentada foi desenvolvida pelo GARTA e utilizada no desenvolvimento de sistemas

semelhantes para o planejamento de emergências da REPAR, do Complexo Ilha

Redonda – REDUC e das ZPE 5 e 7, na Central Nuclear de Angra dos Reis, além de

outros projetos realizados. O sistema tem sido amplamente utilizado e testado pelos

usuários responsáveis, mostrando sua funcionalidade e eficiência em situações

específicas de emergência.

O uso desses sistemas poderá auxiliar os setores de SMS (Segurança, Meio

Ambiente e Saúde) que empresas corporativas como a Petrobras possuem, com intuito

de administrar políticas de segurança e prevenção de acidentes. As contribuições de

sistemas característicos vão de encontro com ações de simulações e modelagens que

poderão subsidiar o planejamento de emergência para empreendimentos correlatos.

O desenvolvimento do geoprocessamento como conjunto de ferramentas

tecnológicas no atual contexto da globalização e a boa inserção do país no

desenvolvimento científico-tecnológico no plano internacional demonstra os avanços

das geotecnologias ao longo do tempo. Percebe-se que num espaço de

aproximadamente 10 anos houve uma consolidação do uso de SIG no mercado

brasileiro. Tal incremento impulsionou o desenvolvimento da tecnologia e o

aperfeiçoamento de novos programas e sistemas específicos. Isso deu ao

geoprocessamento um caráter mais abrangente, a ponto de alguns autores, entre eles

SAITO (2006), afirmarem que ele deva ser tratado mais como procedimento

metodológico e menos como ferramenta tecnológica.

Da mesma forma que os SIG era há cerca de 10 anos uma novidade e

apresentava-se como ferramenta potencial para dar suporte às questões aqui

apresentadas, atualmente existe um outro tipo de aplicação, cujo potencial têm se

complementado com as tecnologias de geoprocessamento. No entanto, suas

potencialidades abrem caminhos para uma visão mais completa do cenário específico de

estudo. Estamos falando do uso das técnicas de realidade virtual.

A construção de ambientes virtuais, principalmente para a indústria de petróleo,

tem se constituído numa demanda cada vez mais intensa. Há um grande número de

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processos e atividades envolvidas, embora a construção desses ambientes para cada

aplicação potencial ainda seja uma tarefa cara e demorada. Neste sentido, torna-se

importante que as pesquisas em RV abram caminho para a criação de arquiteturas de

software flexíveis e reconfiguráveis, para que esses ambientes possam ser mais

facilmente montados.

Contudo, a perspectiva do uso de técnicas de realidade virtual para

planejamentos de ação em emergências poderá potencializar ainda mais as análises e

ações voltadas para o controle de acidentes, a partir da construção de ambientes virtuais

que retratem áreas específicas aos empreendimentos de refinarias e os possíveis

impactos que tal problemática poderá ocasionar. Esse é um desdobramento que poderá

ter uma perspectiva futura de pesquisa e desenvolvimento para ambientes correlatos e

de mesma abordagem, no qual pretende-se dar seguimento.

Outros desdobramentos pertinentes ao tema estão relacionados:

Ao processo de explorar grandes quantidades de dados na procura de

padrões consistentes, como regras de associação ou seqüências temporais, a

fim de detectar relacionamentos sistemáticos entre variáveis, localizando

assim novos subconjuntos de dados. Tal procedimento refere-se à mineração

de dados, conhecido como Data Mining;

A criação de um ambiente de tomada de decisões, que integra simuladores,

centros de visualização e vários especialistas para situações de emergência.

Neste caso, a simulação poderá permitir que a repetição de tarefas e

procedimentos tenha baixo custo, impacto ambiental nulo e controle quase

total das variáveis. A simulação, embora não pretenda reproduzir a realidade

em sua totalidade, poderá servir como uma preparação para o enfrentamento

da mesma.

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