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2020 4 ª Edição revista atualizada ampliada DIREITOS HUMANOS Rafael Soares Leite 41 Coleção LEIS ESPECIAIS para concursos Dicas para realização de provas com questões de concursos e jurisprudência do STF e STJ inseridas artigo por artigo Coordenação: LEONARDO GARCIA

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2020

4ªEdição

revistaatualizadaampliada

DIREITOS HUMANOS

Rafael Soares Leite

41Coleção

LEIS ESPECIAIS para concursos

Dicas para realização de provas com questões de concursose jurisprudência do STF e STJ inseridas artigo por artigo

Coordenação: LEONARDO GARCIA

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PARTE I

Noções de Direitos Humanos

1. NOÇÕES SOBRE O CONTEÚDO E SIGNIFICADO DOS DIREITOS HUMANOS

1.1. Antecedentes históricos e gênese

1.1.1. A juridicização dos direitos humanos no plano internacional cons-titui-se como um ponto de maturidade de um processo histórico de rei-vindicação de direitos, com o objetivo de limitar o poder estatal e garantir condições materiais de sobrevivência ao ser humano.1 Embora o seu mar-co seja a Declaração Universal dos Direitos Humanos (doravante DUDH) de 1948, a ela precedem concepções oferecidas desde a filosofia clássica até a moderna, bem como diversos textos legais, originados de distintos paí-ses, visando assegurar garantias para cidadãos contra os abusos, omissões e excessos dos governantes.

   Aplicação em concurso:

• VUNESP – TJM/SP/Juiz/2007

O objetivo último dos direitos humanos é conter práticas abusivas

A) do poder estatal.

B) do poder estatal e dos indivíduos.

C) dos indivíduos.

D) das ONG’s.

E) de grupos de indivíduos.

Resposta: Letra A.

1. WEIS, Carlos. Direitos humanos contemporâneos. 2 ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 26.

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DIREITOS HUMANOS – Rafael Soares Leite

► Obs.: Como vimos, a função precípua dos direitos humanos é garantir e prote-ger os direitos dos indivíduos em face do Estado.

1.1.2. Teóricos da filosofia política: Podemos remontar os reclames de se proteger a dignidade humana contra a tirania do poder a ideias articula-das no berço da civilização ocidental: a Grécia e a Roma da Antiguidade. Na peça teatral “Antígona”, de Sófocles, dramaturgo expoente da Grécia Antiga, a protagonista Antígona se vê proibida por Creonte – seu tio e rei de Tebas –, de enterrar seu irmão. Creonte considera o irmão de Antígona um inimigo, e, ao impedir o seu enterro como determina a religião, Creonte nega a ele o acesso ao mundo dos mortos. Antígona desafia as determina-ções de Creonte, representante da lei dos homens, invocando, para isso, a existência de “leis divinas, nunca escritas, porém irrevogáveis”. É essa a semente no pensamento ocidental que depois seria acolhida pela corrente moderna do direito natural e dos contratualistas, cujos maiores expoentes são Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Hugo Grócio2.

Os adeptos modernos do direito natural – ou jusnaturalistas – reconhe-ciam a existência de direitos naturais inerentes aos indivíduos (cujo con-teúdo variava de acordo com as concepções do filósofo que o elaborava), inalienáveis e imprescritíveis, oponíveis ao Estado. A existência desses direitos decorreria da qualidade de se nascer humano e cidadão, e inde-penderia da condição de súdito. Isto é, não seriam apenas concessões, beneplácitos ou graças reais, mas inerentes aos indivíduos, num cenário que esses autores reconheciam como o estado de natureza.

Também havia a necessidade de se limitar o poder estatal. Nesse sentido, tanto o filósofo inglês John Locke como o francês Montesquieu “sugeri-ram o enquadramento teórico para uma organização constitucional con-creta das liberdades”.3 Montesquieu destacou-se pela divisão dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário, garantindo a este último uma auto-nomia das ingerências políticas.

Esse viés filosófico influenciou a elaboração da DUDH, quando ela invo-ca, na primeira linha de seu preâmbulo, “o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de [que] seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.

2. Para uma exposição mais aprofundada do pensamento político desses teóricos, sugerimos STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luiz Bolzan de. Ciência política e teoria do estado. 6. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.

3. SILVEIRA, Vladmir Oliveira da; ROCASOLANO, Maria Mendez. Direitos humanos: conceitos, significados e funções. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 76.

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Noções de Direitos Humanos

1.1.3. Antecedentes no Direito Constitucional: O texto legal tido como marco das liberdades fundamentais é a Carta Magna, de 1215, extraída do Rei João Sem-terra pelos barões revoltados com as arbitrariedades de seu soberano.4 Ressalte-se, porém, que alguns autores indicam ainda outra antecessora, a Declaração das Cortes de Leão, em 1188, no Reino de Espanha.5 Contudo, deve-se apontar que essa identificação da Carta Magna inglesa de 1215 como o marco inicial de um processo histórico de afirmação dos direitos fundamentais é contestada por parte da doutrina, ao argumento de que se tratava precipuamente de um acordo entre o rei da Inglaterra e os barões para garantir a esses últimos algumas garan-tias contra a arbitrariedade real. Nesse sentido, não haveria a intenção da Magna Carta conceder direitos também aos demais súditos. Portanto, não passaria de um pacto entre a realeza e a nobreza inglesas, com pouca repercussão política e jurídica na vida das camadas mais desprivilegiadas da Inglaterra.

Ademais, a ideia de direitos subjetivos, quanto mais de caráter individual, seria uma invenção da modernidade, embora embebida do pensamento escolástico desenvolvido na Idade Média. Dessa forma, não poderia se conceber que o propósito desses documentos medievais seria conferir a indivíduos direitos, na acepção moderna que hoje os entendemos. Contu-do, a importância da Magna Carta compõe ainda fortemente o imaginário jurídico. E continua sendo percebida como marco dos direitos fundamen-tais. Veja-se, por exemplo, questão no Exame de Ordem da OAB:

   Aplicação em concurso:

• Exame de Ordem Unificado – OAB – 2013 – XI – Tipo 1 – Branca

“Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado dos seus bens, costumes e liberdades, senão em virtude de julgamento de seus pares, segundo as leis do país.” O texto transcrito é um trecho da Magna Carta, proclamada na In-glaterra, no ano de 1215. Esse importante documento é apontado como um marco na afirmação histórica dos direitos humanos, dentre outras razões, porque

A) consolida os direitos civis e políticos e os econômicos e sociais.B) é origem daquilo que na modernidade ficou conhecido como devido pro-

cesso legal.

4. Para uma análise mais detalhada da Magna Carta, de suas circunstâncias históricas e seus protagonistas, v. CASTILHO, Ricardo. Direitos humanos: processo histórico – evolução do mundo, direitos fundamentais: constitucionalismo contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 28-36.

5. SILVEIRA & ROCASOLANO, op. cit., p. 117.

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DIREITOS HUMANOS – Rafael Soares Leite

C) representa um marco jurídico político que estabeleceu uma nova or-dem social na Inglaterra, tendo sido respeitada por todos os governos seguintes.

D) institui e oficializa o direito ao habeas corpus.Resposta: Letra B.

Outros documentos do direito inglês também considerados importantes nessa historicidade jurídica são a Petição de Direitos de 1628 (Petition of Rights), o Habeas Corpus Act (1679) e a Declaração de Direitos de 1689 (Bill of Rights), todos elaborados em uma Inglaterra que transitava do feu-dalismo para a Idade Moderna.

No direito norte-americano, são precursoras a Declaração do Bom Povo da Virgínia, de 1776, que contém “o mandamento de que o poder de-ve repousar sobre o consentimento dos governados”6 e depois a própria Constituição norte-americana, escrita na Filadélfia em 1787. Nesse pon-to, relembre-se que os direitos fundamentais não constaram inicialmen-te da Constituição norte-americana, sendo incorporados posteriormente por meio das dez primeiras emendas que instituíram o denominado Bill of Rights em 1791.7

No direito francês, inspirado nos movimentos revolucionários dos Estados Unidos, fulgura a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Também importante é a declaração de direitos da Constituição fran-cesa de 1791, pioneira na elaboração dos direitos sociais.8

No campo dos direitos sociais, merecem especial atenção a Constituição mexicana de 1917 e a Constituição a República de Weimar, na Alemanha, em 1919. Em consequência da Revolução Soviética, cite-se ainda a Decla-ração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, de 1918.

Essas são as principais referências legais no âmbito do direito constitucio-nal que precederam a DUDH.

   Aplicação em concurso:

• VUNESP – DPE/MS/Defensor/2008

Quando se fala em Direitos Humanos, considerando sua historicidade, é cor-reto dizer que

6. CASTILHO, op. cit., p. 57.7. SILVEIRA & ROCASOLANO, op. cit., p. 136.8. Ibid., p. 140.

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Noções de Direitos Humanos

A) somente passam a existir com as Declarações de Direitos elaboradas a partir da Revolução Gloriosa Inglesa de 1688.

B) foram estabelecidos, pela primeira vez, por meio da Carta Magna de 1215, que é a expressão maior da proteção dos Direitos do Homem em âmbito universal.

C) a concepção contemporânea de Direitos Humanos foi introduzida, em 1789, pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, fruto da Re-volução Francesa.

D) a internacionalização dos Direitos Humanos surge a partir do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades cometidas durante o nazismo.

Resposta: Letra D.

► Obs.: A Carta Magna não possui caráter universal, restringindo-se à declara-ção dos direitos de determinados súditos ingleses perante o Rei da Inglater-ra. Da mesma forma, não se pode dizer que a concepção contemporânea foi introduzida pela Declaração francesa, pois existiram declarações inglesas e americanas que limitaram o poder estatal e declararam diversas liberdades e garantias dos cidadãos perante o Estado.

Contudo, pode-se afirmar que a internacionalização dos direitos humanos, ma-nifestada pela elaboração da DUDH, decorreu de uma resposta às atrocidades cometidas durante a vigência dos regimes totalitários, em especial o nazismo, razão pela qual é correto o item D da questão.

• FCC – AL/SP/Procurador/2010

I. O primeiro reconhecimento normativo da igualdade essencial da condi-ção humana remonta a 1776 e 1789, com a proclamação das liberdades individuais e da igualdade perante a lei, nos Estados Unidos e na França revolucionária.

Resposta: A banca considerou este item correto.

► Obs.: Nesse caso, a banca examinadora entendeu como marco de igualdade perante a lei e proclamação das liberdades fundamentais a Declaração da Virgínia de 1776 e Declaração Francesa de 1789. Como vimos, identificar o primeiro texto legal que introduziu os direitos humanos é tema ainda contro-verso, embora parte da doutrina entenda que a Magna Carta inglesa, de 1215, seja o texto inaugural das liberdades fundamentais (ou, ao menos, de algumas delas).

• FCC – DPE/SP/Defensor/2007

As Constituições Mexicana (1917) e Alemã (1919) são historicamente rele-vantes para os direitos humanos porque

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DIREITOS HUMANOS – Rafael Soares Leite

A) incorporaram ao direito interno as normas da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

B) restabeleceram o paradigma da dignidade humana, abalado pelos even-tos da Segunda Guerra Mundial.

C) enfatizaram a prevalência dos direitos individuais sobre os coletivos.D) elevaram os direitos trabalhistas e previdenciários ao nível de direitos

fundamentais.E) inspiraram a elaboração da Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador

e Explorado.Resposta: Letra D.

► Obs.: A principal relevância das Constituições Mexicana de 1917 e Alemã de 1919 é a inserção de direitos sociais – entre os quais se destacam os direitos trabalhistas e previdenciários – no rol dos direitos e garantias fundamentais.

1.1.4. Antecedentes no Direito internacional: Embora os direitos huma-nos encontrem sua base filosófica nos teóricos mencionados e possua sua inspiração na evolução da doutrina dos direitos fundamentais no plano constitucional, a sua afirmação também está estreitamente relacionada a determinados progressos no campo do Direito Internacional Público (do-ravante Direito Internacional). Antes da aprovação da DUDH em 1948, o Direito Internacional havia se aventurado em algumas áreas relacionadas à proteção da pessoa humana. Em especial, pode-se mencionar a inter-venção humanitária, a responsabilidade internacional do Estado pelo tratamento de estrangeiros, a proteção das minorias, os Sistemas de Mandatos e de Minorias da extinta Liga das Nações e o progresso do direito internacional humanitário9:

a) Intervenção humanitária: A doutrina da intervenção humanitária foi desenvolvida ainda no Direito Internacional clássico, inclusive por Hugo Grócio, um dos seus fundadores, no século XVII. De acordo com ela, justi-ficava-se o uso da força para impedir o uso excessivo da violência por um Estado contra os seus nacionais, quando a conduta do Estado fosse tão violenta e sistemática a ponto de chocar o sentimento da comunidade das nações.

Conquanto de base humanitária, essa doutrina era criticada em razão do abuso de sua aplicação, pois passaria a servir como pretexto para o ata-que de Estados fortes aos mais fracos. Apesar disso, foi um dos primeiros

9. V. BUERGENTHAL, Thomas; SHELTON, Dinah; STEWART, David P. International Human Rights in a Nutshell. 4 ed. St. Paul: West Publishing Co., 2009. p. 1-20.

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Noções de Direitos Humanos

experimentos do Direito Internacional com o objetivo de limitar o poder dos Estados sobre os seus nacionais. A doutrina da intervenção humani-tária ressurgiu na década de 90 para legitimar a ação da Organização das Nações Unidas (ONU) e alguns organismos internacionais de segurança em determinadas regiões (como, por exemplo, o Kosovo e a Somália). O estabelecimento de tribunais ad hoc, isto é, constituídos para julgar con-dutas criminosas ocorridas em determinados países e em períodos espe-cíficos, pode ser considerado como um desdobramento da doutrina da intervenção humanitária em resposta às violações sistemáticas de direitos humanos (ver o item 2.3 a respeito desses Tribunais e do Tribunal Penal Internacional).

b) Precedentes no Século XIX: Durante o século XIX, foram celebrados alguns tratados que tiveram como finalidade a proteção de indivíduos e/ou gru-pos em relação ao Estado em que se encontravam. Pode-se mencionar o Tratado de Paris de 1856 e o Tratado de Berlim de 1878, visando, respec-tivamente, ao banimento do tráfico de escravos e a proteção de minorias cristãs no Império Otomano. A relevância desses tratados encontra-se no fato de iniciarem o processo de internacionalização de questões antes re-legadas ao plano interno dos Estados, quais sejam, a forma do tratamento de indivíduos que se encontram sob sua jurisdição.

c) A Liga das Nações e o processo de internacionalização: A Liga das Nações, organismo internacional criado em 1920 e que antecedeu a Organização das Nações Unidas, desenvolveu um interessante regime normativo para proteção das minorias após a 1ª Guerra Mundial. Além do regime das mi-norias, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), fruto do Tratado de Versalhes que pôs fim a essa guerra, exerceu um importante papel. A OIT foi constituída contemporaneamente à Liga das Nações, mas, ao contrá-rio dessa, sobreviveu à 2ª Guerra e passou a integrar o Sistema ONU na qualidade de agência especializada. No entre guerras, a OIT estabeleceu parâmetros normativos fundamentais para a proteção de determinados direitos sociais relacionados ao trabalho (International Labor Standards).

Regime de minorias da Liga das Nações: Inicialmente, o Pacto que cons-tituiu a Liga das Nações não previa a competência desse organismo inter-nacional para proteção das minorias. Essa competência surgiu a partir de tratados firmados após a 1ª Guerra Mundial. A proteção de minorias surge como uma exigência das nações vencedoras da 1ª Guerra a determinados Estados que acabavam de recuperar ou obter sua independência, como Polônia, Albânia e Romênia. Seu fundamento é que, com a independên-cia reconhecida, esses novos Estados poderiam ameaçar a sobrevivência cultural de minorias existentes em seus territórios, daí a necessidade de

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DIREITOS HUMANOS – Rafael Soares Leite

se estabelecer garantias legais, dispostas em tratados internacionais, para sua proteção, em troca do reconhecimento da independência.

Para cada novo Estado que dispunha de uma minoria a ser protegida, es-tabelecia-se a disciplina jurídica a respeito de sua proteção em um tratado específico. Assim, embora construído a partir de tratados internacionais, era feito sob uma base ad hoc, particular com cada Estado, e não por meio de um tratado geral.

O primeiro tratado que estabeleceu o regime de proteção de minorias foi celebrado em Versalhes, entre os países vencedores e a Polônia, em 1919. Esse tratado foi utilizado como modelo para outros tratados celebrados com outros Estados. Sob esse regime de proteção, a Liga das Nações pas-sou a receber petições a respeito de violações dos direitos das minorias (um sistema que posteriormente seria utilizado para lidar com denúncias a respeito de violações de direitos humanos), e, em determinadas situa-ções, provocava a Corte Permanente de Justiça Internacional (antecessora da atual Corte Internacional de Justiça) para emitir opiniões consultivas.

O sistema de proteção de minorias encerrou-se com o fim da Liga das Na-ções, embora tenha construído instrumentos que seriam posteriormente apropriados pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos, como, por exemplo, o recebimento e processamento de petições alegando violações aos direitos.

Convenções da OIT: As Convenções da OIT (por vezes também nominadas “Convênios”) estabelecem um regramento mínimo de proteção ao traba-lhador, a ser observado pelo Estados-membros. As Convenções variam quanto a temas específicos, normalmente relacionados a características particulares do trabalhador. Cada Convenção da OIT constitui-se como um tratado próprio (ver item 3.1.2.1 abaixo a respeito dos Tratados). Assim, para que seja aplicada a determinado Estado-membro, esse deverá ter ratificado a Convenção específica.

Além da proteção das minorias e do desenvolvimento normativo no âmbi-to da OIT, tem-se identificado também o sistema de Mandatos como um importante predecessor do Direito Internacional dos Direitos Humanos.

d) Responsabilidade internacional pelos danos cometidos contra estrangei-ros: O direito internacional clássico impunha aos Estados uma obrigação de tratar os estrangeiros de uma forma minimamente aceitável, conforme padrões civilizados e de justiça. Quando ocorria uma violação desses pa-drões mínimos, o Estado com que o indivíduo possuía um vínculo de na-cionalidade poderia adotar medidas diplomáticas ou acionar o Estado vio-lador em foros arbitrais ou judiciais internacionais para obter a reparação.

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Noções de Direitos Humanos

É importante destacar que o Estado não atuava em representação ao indi-víduo. Portanto, ainda que o Estado em que ele se encontrasse vinculado obtivesse a reparação em face do Estado violador, não havia a obrigação de o Estado indenizar o seu nacional. A atuação do Estado nesses casos baseava na ficção admitida pelo Direito Internacional de que os danos so-fridos por um nacional seu em território estrangeiro era um dano direcio-nado ao próprio Estado. Essa ficção resguardava a concepção do direito internacional clássico de que somente os Estados são sujeitos de direito no direito internacional.

Por depender do vínculo de nacionalidade entre o indivíduo e o Estado, esse regime de responsabilidade internacional não atendia aos indivíduos apátridas e nem àqueles que se encontravam nacionalmente vinculados ao Estado violador.

Em sua formação, o Direito Internacional dos Direitos Humanos lançou mão de diversos conceitos e doutrinas relacionados à responsabilidade internacional do Estado pelos danos cometidos contra estrangeiros e, por sua vez, também contribui com suas normas para demandas fundadas em danos contra nacionais. O direito da responsabilidade estatal por danos cometidos contra estrangeiros continua ainda hoje presente, sendo fre-quentemente invocado perante tribunais internacionais, como a Corte In-ternacional de Justiça (CIJ).10

São esses os principais precedentes no Direito Internacional que influen-ciariam o regime internacional dos Direitos Humanos. Contudo, é impor-tante destacar que o principal marco reconhecido para a universalização dos direitos humanos continua sendo a Declaração Universal dos Direi-tos Humanos.

   Aplicação em concurso:

• Ministério Público do Trabalho – 17º Concurso Público – 2012

Leia e analise os itens a seguir:

I. A internacionalização dos direitos humanos iniciou-se na segunda metade do século XIX, no processo de luta contra a escravidão e na regulação dos direitos do trabalhador assalariado, especialmente a partir da criação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919.

II. Embora seja amplamente difundida na doutrina jurídica, a concepção de gerações de direitos humanos remete à noção de superação no decurso

10. V. o caso Ahmadou Sadio Diallo (Republic of Guinea v. Democratic Republic of the Congo), Merits, Judgment, I.C.J. Reports 2010, p. 639.

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Noções de Direitos Humanos

Os direitos humanos são aqueles previstos nas declarações e nos trata-dos internacionais de direitos humanos, isto é, “direitos positivados pela comunidade internacional”16.

Em síntese, enquanto os direitos fundamentais são aqueles consagrados na Constituição, os direitos humanos são aqueles consagrados no direito internacional (tratados e costumes internacionais).

Direitos Humanos

Direitos fundamentais

Direito Internacional (Tratados e Costumes)

Constituição

É importante observar que uma definição tão rígida nesses termos tem perdido cada vez mais o sentido, diante do visível imbricamento entre o direito internacional e constitucional. Contudo, permanece ainda co-mo um referencial para se distinguir entre direitos humanos e direitos fundamentais.

   Aplicação em concurso:

• MPE-SP – Promotor de Justiça/2019

Em relação aos direitos humanos, é correto afirmar:

A) São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais.

B) São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito in-terno ou no direito internacional.

C) São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais.

D) São aqueles protegidos pela ordem internacional.E) Podem sofrer limitações em razão de interesse dos Estados.Resposta: Letra D.

16. Idem.

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1.3. Características dos direitos humanos

As principais características dos direitos humanos normalmente reconhe-cidas são:

a) Inalienabilidade Os direitos humanos não podem ser transferidos nem renunciados por seu titular. Do mesmo modo, não podem ser suprimidos pelos Estados, a partir do momento em que os reconhece.

b) Imprescritibilidade Os direitos humanos podem ser exigidos a qualquer tempo e não estão sujeitos à prescrição. Dito de outro modo, o decurso do tempo não é motivo para que um Estado possa violá-los ou deixar de reparar sua violação. Contudo, é importante destacar que nem todos os tipos de violações de direitos sujeitam-se à imprescritibilidade quanto à possibilidade de reclamá-los judicialmente. Em geral, tem-se reconhecido a imprescritibilidade principalmente para violações de direitos humanos consideradas graves, como, por exemplo, tortura, desaparecimentos for-çados e execução extrajudicial.

Jurisprudência do STJ:

No direito brasileiro, temos um exemplo recente da aplicação da im-prescritibilidade dos direitos humanos. Atualmente, está pacificado na jurisprudência do STJ que o direito à reparação das violações de-correntes de crimes cometidos durante a ditadura militar é imprescri-tível e, portanto, o direito à indenização por essas violações pode ser exigido a qualquer tempo:

“São imprescritíveis as ações de reparação de dano ajuizadas em decor-rência de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, durante o Regime Militar. Assim, desnecessária a discussão em torno do termo inicial da contagem do prazo prescricional.” (AgRg no Ag 1337260/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 13/09/2011)

Outros precedentes no mesmo sentido, por diferentes Relatores: REsp 1165986/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 04/02/2011; EREsp 845.228/RJ, Rel. Ministro HUMBER-TO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/09/2010, DJe 16/09/2010; REsp 1104731/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/03/2009, DJe 05/11/2009; AgRg no Ag 970.753/MG, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2008, DJe 12/11/2008.

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Noções de Direitos Humanos

► Atenção! Cumpre noticiar que nem sempre foi essa a posição do STJ, que pos-sui julgado admitindo a prescrição vintenária dessa pretensão material, sob a ótica do Código Civil de 1916. Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. REGIME MILITAR. PERSEGUIÇÃO, PRISÃO E TORTURA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRA-ZO PRESCRICIONAL VINTENÁRIO. CC/16. TERMO A QUO. CONSTITUIÇÃO FE-DERAL DE 1988. NÃO-OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO NA ESPÉCIE. (...) (REsp 462.840/PR, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/09/2004, DJ 13/12/2004, p. 283)

A Imprescritibilidade das graves violações de direitos humanos em maté-ria penal é reconhecida no âmbito do Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Confira-se o seguinte comentário da CorteIDH:

“A este respeito, esta Corte tem destacado que, em matéria penal, a prescrição determina a extinção da pretensão punitiva pelo transcurso do tempo, e geralmente limita o poder punitivo do Estado para perse-guir a conduta ilícita e sancionar a seus autores. Entretanto, o Tribunal especificou em sua jurisprudência a inaplicabilidade da prescrição pe-nal em determinados casos quando se trata de graves violações aos direitos humanos, nos quais mantém-se, portanto, o poder punitivo sobre condutas cuja repressão resulta imperativa (...) e que “em certas circunstâncias o Direito Internacional considera inadmissível e inapli-cável a prescrição[,] assim como as disposições de anistia e o estabele-cimento de causas excludentes de responsabilidade, a fim de manter vigente no tempo o poder punitivo do Estado sobre condutas cuja gra-vidade faz necessária sua repressão para evitar que voltem a ser come-tidas” (Corte IDH. Caso Escher e outros vs. Brasil. Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas. Sentença de 6 de julho de 2009. Série C No. 200). Confira-se também: Caso Albán Cornejo e outros Vs. Equador. Mérito, Reparações e Custas (2007), Caso Ibsen Cárdenas e Ibsen Peña Vs. Bolivia (2010).

► FIQUE ATENTO! A 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça apreciou recente-mente se crimes contra humanidade são ou não penalmente imprescritíveis. O relator do caso, Ministro Rogerio Schietti Cruz, votou no sentido de con-siderar que a tentativa de atentado a bomba no Riocentro, em 1981, confi-gurou crime contra a humanidade e, portanto, é imprescritível. O voto do Ministro relator faz uma imersão na jurisprudência da Corte IDH e, portanto, é de grande interesse sobre a questão da imprescritibilidade penal de graves violações de direitos humanos. Contudo, ele foi vencido e o e. STJ decidiu por manter a prescrição do crime no caso (REsp 1798903/RJ, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/09/2019, DJe 30/10/2019).

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DIREITOS HUMANOS – Rafael Soares Leite

DIREITOS HUMANOS

INDIVISÍVEIS E INTERDEPEN-

DENTES

INALIENÁVEIS: não podem ser

transferidos nem renunciados

INERENTES TRANSNA- CIONAIS

UNIVERSAIS

HISTÓRICOS E NÃO TAXATIVOS

IMPRESCRITÍVEIS

   Aplicação em concurso:

• FCC – DPE/MA/Defensor/2009

Ao introduzir a concepção contemporânea de direitos humanos, a Declara-ção Universal de Direitos Humanos de 1948 afirma que

A) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependência dos direitos humanos, conferindo primazia ao valor da solidariedade, como condição ao exercício dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.

B) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos direitos hu-manos, conferindo paridade hierárquica entre direitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais.

C) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos direitos hu-manos, conferindo primazia aos direitos civis e políticos, como condição ao exercício dos direitos econômicos, sociais e culturais.

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53

Noções de Direitos Humanos

a) a não correspondência entre as gerações e o processo histórico de nascimento e desenvolvimento de direitos humanos;

b) a terminologia seria inadequada, pois não se trata de gerações que sucedem umas às outras, mas de um processo de cumulação, uma vez que os novos direitos coexistem com seus criadores e vão se man-ter com outras regras que surjam no futuro. Assim, “há uma verda-deira interação e, mesmo, fusão dos direitos humanos já consagrados com os trazidos mais recentemente.”33 Isso poderia conduzir à ideia de que os direitos humanos seriam divisíveis, o que atenta contra toda a principiologia de uma dignidade humana integral. Em razão disso, Paulo Bonavides sugere a substituição do termo “geração de direitos” por “dimensão de direitos”.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À NATUREZA

• Direitos Civis e Políticos

• Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS GERAÇÕES

1ª Geração Direitos civis e políticos, direitos de liberdade

2ª Geração Direitos econômicos, sociais e culturais, direitos prestacionais

3ª Geração Direitos de solidariedade, direitos globais

4ª Geração Direito à democracia, direito à informação, direito ao pluralismo

   Aplicação em concurso:

• OAB Nacional 2011.1 (IV Exame de Ordem Unificado – Branco) – FGV

Com relação aos chamados “direitos econômicos, sociais e culturais”, é cor-reto afirmar que

A) são direitos humanos de segunda geração, o que significa que não são ju-ridicamente exigíveis, diferentemente do que ocorre com os direitos civis e políticos.

B) são previstos, no âmbito do sistema interamericano, no texto original da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Cos-ta Rica).

33. WEIS, op. cit., p. 53. Para toda a análise crítica, v. p. 50-54.

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252

DIREITOS HUMANOS – Rafael Soares Leite

Tratado Data de aprovação

Início de vigência

Data de ratificação pelo Brasil

Decretoexecutivo

PIDCP16 dezembro

196623 março

197624 janeiro

1992Decreto n. 592,

6 julho 1992

Primeiro Protocolo ao PIDCP

16 dezembro 1966

23 março 1976

25 setembro 2009

(Não identifi-cado)

Segundo Protocolo ao PIDCP

15 dezembro 1989

11 julho 1991

25 setembro 2009

(Não identifi-cado)

PIDESC16 dezembro

19663 janeiro

197624 janeiro

1992Decreto n. 591,

6 julho 1992

Protocolo ao PIDESC10 dezembro

20085 maio 2013

Não rati-ficou nem

assinou----

Convenção sobre Eliminação da

Discriminação Racial

21 dezembro 1965

4 janeiro 1969

27 março 1968

Decreto n. 65.810,

8 dezembro 1969

Convenção sobre Eliminação de

Discriminação contra as Mulheres

18 dezembro 1979

3 setembro 1981

1 fevereiro 1984

Decreto n. 4.377,

13 setembro 2002

Protocolo à Convenção sobre Eliminação de Discriminação contra

as Mulheres

6 outubro 1999

22 dezembro 2000

28 junho 2002

Decreto n. 4.316,

30 julho 2002

Convenção contra a tortura

10 dezembro 1984

26 junho 1987

28 setembro 1989

Decreto n. 40, de 15 fevereiro

1991

Protocolo à Convenção contra a tortura

18 dezembro 2002

22 junho 2006

12 janeiro 2007

Decreto n. 6.085,

19 abril 2007

Convenção sobre Direitos da Criança

20 novembro 1989

2 setembro 1990

24 setembro 1990

Decreto n. 99.710,

21 novembro 1990

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253

O Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos

Tratado Data de aprovação

Início de vigência

Data de ratificação pelo Brasil

Decretoexecutivo

Dois primeiros protocolos à

Convenção sobre Direitos da Criança

25 maio 2000

18 de janeiro de

2002 (venda, prostituição e pornogra-fia infantil) e 12 fevereiro 2002 (confli-to armado)

27 janeiro 2004

Decretos ns. 5.006 e 5.007,

8 março 2004

Protocolo à Convenção sobre Direitos da

Criança quanto ao procedimento de

comunicação

19 dezembro2011

14 abril 201429 setembro

2017

Decreto legislativo 87/2017

Convenção sobre trabalhadores

migrantes

18 dezembro 1990

1 julho 2003Não rati-

ficou nem assinou

----

Convenção sobre Direitos da Pessoa com

deficiência

13 dezembro 2006

3 maio 20081 Agosto

2008

Decreto n. 6.949,

25 agosto 2009

Protocolo à Convenção sobre Direitos da

Pessoa com deficiência

13 dezembro 2006

3 maio 20081 agosto

2008

Decreto n. 6.949,

25 agosto 2009

Convenção para proteção contra o Desaparecimento

forçado

20 dezembro 2006

23 dezembro 2010

29 novem-bro 2010

Decreto nº 8.767,

e 11 de maio de 2016

   Aplicação em concurso:

• FCC – 2013 – DPE –SP – Defensor Público

A respeito dos Comitês de monitoramento, órgãos criados por tratados inter-nacionais de direitos humanos do sistema da ONU, é correto afirmar:

A) O Brasil ainda não reconheceu a competência do Comitê para a Elimina-ção de Todas as Formas de Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de indivíduos ou grupo de indivíduos contra as violações de direitos elencados na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, conforme previsto na Declaração Facultativa do artigo 14 da mesma Convenção.