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CADERNO DE APOIO AO PROFESSOR Proposta de anualização do 3. o Ciclo Dicionário Terminológico − principais alterações Acordo Ortográfico − por Paulo Feytor Pinto Leitura de imagens ANA SANTIAGO • SOFIA PAIXÃO – 7. o ANO Português

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CADERNODE APOIO

AO PROFESSORProposta de anualizaçãodo 3.o Ciclo

Dicionário Terminológico −principais alterações

Acordo Ortográfico −por Paulo Feytor Pinto

Leitura de imagens

ANA SANTIAGO • SOFIA PAIXÃO

– 7.o ANOPortuguês

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• Apresentação do projeto ............................................................................................................... 2

• Recursos Multimédia .................................................................................................................... 3

• Metas Curriculares de Português � leitura comparativa ................................................................. 4

• Lista de obras e textos para a Educação literária no 3.o Ciclo .......................................................... 27

• Dicionário Terminológico � principais alterações ........................................................................... 29

• Áudios � transcrições do manual .................................................................................................... 49

• Atividades a partir de imagens ...................................................................................................... 67

Nota: Este Caderno de apoio ao professor foi redigido conforme o novo Acordo Ortográfico.

1

Índice

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2

O projeto P propõe­se a dar resposta aos desafios impostos pela entrada em vigor do Programa dePortuguês e das Metas Curriculares do Ensino Básico, a partir de uma análise atenta dos funda­mentosque nortearam a distribuição de conteúdos, objetivos e respetivos descritores de desempe­nho, ao longodo 3.° Ciclo.

Trata­se de um projeto que pretende ser rigoroso, funcional e facilitador das aprendizagens. Para tal,com o objetivo de promover práticas de ensino de qualidade e aprendizagens significativas, o projeto Ppropõe: o desenvolvimento equilibrado e integrado dos cinco domínios de referência (Ora­lidade, Leitura,Escrita, Gramática e Educação Literária); abordagens que assegurem o princípio da progressão (no ciclo,interciclos e ao longo do ano letivo); sequências de aprendizagem, caracteriza­das pela diversidade tex­tual, que garantam a construção de conhecimento, o treino, a consolidação e avaliação.

Estas propostas concretizam­se nos elementos que integram o projeto:

ManualAposta numa organização por Unidades e Percursos, com uma identificação clara dos conheci­mentos

e das capacidades em desenvolvimento e propostas de resolução das atividades.

Livro de TestesTestes de avaliação, estruturados por domínios, a partir dos testes intermédios e da Prova de Final de

Ciclo, que incluem a avaliação da oralidade.

Testes de compreensão oral para a avaliação da oralidade.

Recursos multimédiaÁudios, vídeos, imagens e gramática interativa, disponíveis na Aula Digital e no CD áudio (no caso par­

ticular dos recursos áudio).

Caderno de Apoio ao ProfessorLeitura comparada das metas curriculares, lista das obras obrigatórias para a Educação Literária em

cada ano de escolaridade dos 2.° e 3.° ciclos, principais alterações do Dicionário Terminológico, atividadesa partir de imagens e transcrições dos recursos áudio do Manual.

Caderno de AtividadesExercícios de gramática, organizados por conteúdo, com propostas de trabalho diversificadas para trei­

no e consolidação das aprendizagens.

Apresentação do projeto

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3

(CD­ROM e online em www.p7.te.pt)

Este recurso multimédia permite ao professor uma fácil exploração do projeto P7, utilizando as novastecnologias em sala de aula com total integração entre os recursos digitais de apoio e o manual.

Inclui:

• Manual multimédia

• Animações

• Vídeos

• Apresentações em PowerPoint

• Jogos

• Links internet

• Testes interativos

• Testes em formato editável

A permite­lhe preparar as suas aulas em pouco tempo, podendo:

• planificar as suas aulas de acordo com as características de cada turma;

• utilizar as sequências de recursos digitais, que o apoiarão nas suas aulas;

• personalizar os conteúdos com recursos do projeto ou com os seus próprios materiais.

A permite­lhe avaliar os seus alunos de uma forma fácil, podendo:

• utilizar os testes predefinidos ou criá­los à medida da sua turma, a partir de uma base de mais de200 questões;

• imprimir os testes para distribuir, projetá­los em sala de aula ou enviá­los aos seus alunos com corre­ção automática;

• acompanhar o progresso dos alunos através de relatórios de avaliação detalhados.

Recursos multimédia

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4

Metas Curriculares de Português ______________________________

Leitura comparativa dos objetivos e descritores de desempenho dos 2.o

e 3.o ciclos

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5

INTRODUÇÃO ______________________________ O presente documento visa estabelecer as ligações possíveis entre os diversos objetivos e descritores de desempenho definidos nas Metas Curriculares de Português, Ensino Básico — 1.o, 2.o e 3.o Ciclos, homologadas em 10 de agosto de 2012, no que respeita aos anos de escolaridade que constituem os 2.o e 3.o Ciclos. Pretende, assim, agilizar a leitura comparativa desses objetivos e descritores de desempenho, distribuindo-os em tabelas respeitantes a cada um dos domínios de referência, segundo uma lógica de progressão na aprendizagem dos alunos desses ciclos de ensino. O documento é constituído por uma primeira parte, da qual constam as tabelas respeitantes aos 5.o e 6.o anos, e por uma segunda parte, em que se apresentam as tabelas referentes aos 7.o, 8.o e 9.o anos. Ana Santiago Sofia Paixão

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6

2.o Ciclo Domínios de referência _________________________________________

Oralidade Leitura e escrita Educação literária Gramática

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7

ORALIDADE 5.o ano 6.o ano

Interpretar discursos orais breves. Indicar a intenção do locutor.

Referir o tema. Explicitar o assunto. Distinguir o essencial do acessório. Distinguir facto de opinião.

Distinguir a informação explícita da informação implícita.

Fazer deduções. Fazer deduções e inferências.

Explicitar o significado de expressões de sentido figurado.

Manifestar a reação pessoal ao texto ouvido.

Manifestar, justificando, a reação pessoal ao texto ouvido.

Reformular enunciados ouvidos com recurso ao re-conto ou à paráfrase. Sistematizar enunciados ouvidos.

Utilizar procedimentos para registar e reter a informação.

Preencher grelhas de registo. Tomar notas. Tomar notas e registar tópicos.

Pedir informações ou explicações complementares.

Produzir discursos orais com diferentes finalidades e com coerência.

Usar oportunamente a palavra, de modo audível, com boa dicção e olhando para o interlocutor. Informar, explicar.

Planificar um discurso oral definindo alguns tópicos de suporte a essa comunicação.

Planificar um discurso oral, definindo alguns tópicos de suporte a essa comunicação e hierarquizando a informação essencial.

Fazer uma apresentação oral (máximo de 3 minutos) sobre um tema, com recurso eventual a tecnologias de informação.

Fazer uma apresentação oral (máximo de 4 minutos) sobre um tema, distinguindo introdução e fecho, com recurso eventual a tecnologias de informação.

Captar e manter a atenção de diferentes audiências (com adequação de movimentos, gestos e expres-são facial, do tom de voz, das pausas, da entoação e do ritmo).

Fazer perguntas sobre a apresentação de um traba-lho de colegas.

Respeitar princípios reguladores da interação dis-cursiva, na produção de enunciados de resposta e na colocação de perguntas.

Respeitar princípios reguladores da interação dis-cursiva, na formulação de pedidos (com uso apro-priado dos modos imperativo, indicativo e conjun-tivo), na apresentação de factos e opiniões.

Usar um vocabulário adequado ao assunto.

Tratar um assunto com vocabulário diversificado e adequado.

Controlar as estruturas gramaticais correntes: concordâncias, adequação de tempos verbais e expressões adverbiais de tempo.

Controlar as estruturas gramaticais correntes e algumas estruturas gramaticais complexas (prono-minalizações; uso de marcadores discursivos).

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ORALIDADE (cont.) 5.o ano 6.o ano

Apresentar argumentos. Compreender e apresentar argumentos.

Identificar argumentos que fundamentam uma opinião. Justificar pontos de vista.

Construir uma argumentação simples (por exemplo, em 2 a 3 minutos, breve exposição de razões para uma opinião ou atitude).

Construir uma argumentação em defesa de uma posição e outra argumentação em defesa do seu contrário (dois argumentos para cada posição) sobre um mesmo tema, proposto pelo professor.

Enunciar argumentos em defesa de duas opiniões con-trárias (dois argumentos para cada posição) sobre um mesmo tema, proposto pelo professor.

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9

LEITURA E ESCRITA 5.o .6ona o ano

Ler em voz alta palavras e textos.

Ler corretamente, por minuto, um mínimo de 110 palavras, de uma lista de palavras de um texto, apresentadas quase aleatoriamente.

Ler corretamente, por minuto, um mínimo de 120 palavras, de uma lista de palavras de um texto, apresentadas quase aleatoriamente.

Ler um texto com ação e entoação corretas e uma velocidade de leitura de, no mínimo, 140 palavras por minuto.

Ler um texto com ação e entoação corretas e uma velocidade de leitura de, no mínimo, 150 palavras por minuto.

Ler textos diversos.

Ler textos narr descri vos, retratos, cartas, textos de enciclopédias e de dicionários, no cias, entrevistas, roteiros, sumários e texto publicitário.

Compreender o sen do dos textos.

Realizar, ao longo da leitura de textos longos, sínteses parciais (de parágrafos ou secções), formular questões intermédias e enunciar expecta vas e direções possíveis.

Detetar o foco da pergunta ou instrução em textos que contêm instruções para concre ção de tarefas.

Detetar e dis nguir entre informação essencial e acessória, tomando notas.

Detetar informação relevante, factual e não factual, tomando notas (usar tulos intermédios, colocar perguntas, re rar conclusões).

Fazer inferências a da informação co no texto.

Fazer inferências a da informação prévia ou con no texto.

Antecipar o assunto, mobilizando conhecimentos prévios com base em elementos paratextuais (por exemplo, deteção de tulo, sub tulo, autor, ilustrador, capítulos, con guração da página, imagens).

r pela estrutura interna o se de pala-vras, expressões ou fraseologias desconhecidas, incluindo provérbios.

r, pelo contexto e pela estrutura interna, o de palavras, expressões ou fraseologias

desconhecidas, incluindo provérbios e expressões idiomá cas.

Pôr em relação duas informações para inferir delas uma terceira.

Pôr em evidência relações intratextuais de semelhança ou de oposição entre acontecimentos e entre sen mentos.

Extrair o pressuposto de um enunciado.

Organizar a informação con da no texto.

Procurar, recolher, selecionar e organizar informação, com vista à construção de conhecimento (de acordo com obje vos prede idos e com supervisão do professor).

Parafrasear períodos de textos lidos. Parafrasear períodos ou parágrafos de um texto.

Relacionar a estrutura do texto com a intenção e o conteúdo do mesmo.

Dis guir relações intratextuais de causa-efeito e de parte-todo.

Indicar os aspetos nucleares do texto, respeitando a ar culação dos factos ou das ideias, assim como o

do texto.

Indicar os aspetos nucleares do texto de maneira rigorosa, respeitando a ar culação dos factos ou das ideias, assim como o sen do do texto e as intenções do autor.

Indicar a intenção do autor, jus cando a par r de elementos do texto.

Explicitar, de maneira sinté ca, o sen do global de um texto.

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LEITURA E ESCRITA (cont.) 5.o ano 6.o ano

Avaliar criticamente textos. Exprimir uma opinião crítica a respeito de ações das personagens ou de outras informações que possam ser objeto de juízos de valor.

Exprimir uma opinião crítica a respeito de açõesdas personagens ou de outras informações que possam ser objeto de juízos de valor.

Fazer apreciações críticas sobre os textos lidos (por exemplo, se o tema e o assunto são interes-santes e porquê; se a conclusão é lógica; se concorda com o desenlace ou discorda e porquê; que alternativa sugere).

Exprimir uma breve opinião crítica a respeito de um texto e compará-lo com outros já lidos ou conhecidos.

Exprimir uma opinião crítica a respeito de um texto e compará-lo com outros já lidos ou conhecidos.

Desenvolver o conhecimento da ortografia.

Desenvolver e aperfeiçoar uma caligrafia legível. Escrever sem erros de ortografia.

Explicitar e aplicar as regras de ortografia e acentuação.

Planificar a escrita de textos.

Estabelecer objetivos para o que se pretende escrever.

Organizar informação segundo a tipologia do texto.

Registar ideias relacionadas com o tema, hierarquizá-las e articulá-las devidamente. Registar ideias, organizá-las e desenvolvê-las.

Redigir corretamente.

Respeitar as regras de ortografia e de acentuação. Respeitar as regras de ortografia, de acentuação, de pontuação e os sinais auxiliares de escrita.

Aplicar regras de uso de sinais de pontuação para representar tipos de frase e movimentos sintáticos básicos (enumeração, delimitação do vocativo, encaixe, separação de orações).

Utilizar e marcar adequadamente parágrafos.

Controlar as estruturas gramaticais correntes: concordâncias, adequação de tempos verbais e expressões adverbiais de tempo.

Controlar e mobilizar as estruturas gramaticais mais adequadas.

Construir dispositivos de encadeamento (crono)lógico, de retoma e de substituição que assegurem a coesão e a continuidade de sentido: a) repetições; b) substituições por pronomes pessoais; c) substituições por sinónimos e expressões equivalentes; d) referência por possessivos; e) uso de conectores adequados.

Construir dispositivos de encadeamento lógico, de retoma e de substituição que assegurem a coesão e a continuidade de sentido: a) substituições por pronomes (pessoais,

demonstrativos); b) ordenação correlativa dos tempos verbais; c) uso de conectores adequados.

Utilizar unidades linguísticas com diferentes funções na cadeia discursiva: ordenação, explicitação e reti-ficação, reforço argumentativo e concretização.

Utilizar vocabulário específico do assunto que está a ser tratado.

Usar vocabulário específico do assunto que está a ser tratado, tendo em atenção a riqueza voca-bular, campos lexicais e semânticos.

Cuidar da apresentação final do texto.

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LEITURA E ESCRITA (cont.) 5.o ano 6.o ano

Escrever textos narrativos.

Escrever pequenas narrativas, integrando os elementos quem, quando, onde, o quê, como, porquê e respeitando uma sequência que contemple: apresentação do cenário (tempo e lugar) e das personagens; acontecimento desencadeador da ação; ação; conclusão; emoções ou sentimentos provocados pelo desfecho da narrativa.

Escrever textos narrativos, integrando os seus elementos numa sequência lógica, com nexos causais, e usando o diálogo e a descrição.

Escrever textos informativos.

Escrever pequenos textos informativos com uma introdução ao tópico; o desenvolvimento deste, com a informação agrupada em parágrafos; e uma conclusão.

Escrever pequenos textos informativos com uma introdução ao tópico; o desenvolvimento deste, com a informação agrupada em parágrafos, apresentando factos, definições e exemplos; e uma conclusão.

Escrever textos descritivos.

Escrever descrições de pessoas, objetos ou paisagens, referindo características essenciais e encadeando logicamente os elementos selecionados.

Escrever textos de opinião.

Escrever um texto de opinião com a tomada de uma posição e apresentando, pelo menos, duas razões que a justifiquem e uma conclusão coerente.

Escrever um texto de opinião com a tomada de uma posição, e apresentação de, pelo menos, três razões que a justifiquem, com uma explicação dessas razões, e uma conclusão coerente.

Escrever textos diversos.

Escrever textos biográficos.

Escrever convites e cartas. Escrever cartas.

Escrever o guião de uma entrevista.

Fazer sumários.

Fazer relatórios.

Resumir textos informativos e narrativos.

Escrever textos escritos.

Verificar se o texto respeita o tema proposto. Verificar se o texto respeita o tema, a tipologia e as ideias previstas na planificação.

Verificar se o texto obedece à tipologia indicada.

Verificar se os textos escritos contêm as ideias previstas na planificação.

Verificar se os textos escritos incluem as partes neces- sárias e se estas estão devidamente ordenadas.

Verificar se os textos escritos incluem as partes necessárias, se estas estão devidamente orde- nadas, e se a informação do texto avança.

Verificar se há repetições que possam ser evitadas.

Corrigir o que se revelar necessário, suprimindo ou mudando de sítio o que estiver incorreto.

Corrigir o que, no texto escrito, se revelar ne-cessário, condensando, suprimindo, reordenando e reescrevendo o que estiver incorreto.

Verificar a correção linguística.

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA 5.o ano 6.o ano

Ler e interpreter textos literários.

Ler e ouvir ler textos da literatura para crianças e jo- vens, da tradição popular, e adaptações de clássicos.

Ler textos da literatura para crianças e jovens, da tradição popular, e adaptações de clássicos.

Identificar marcas formais do texto poético: estrofe (terceto, quadra, quintilha) e verso (rimado e livre).

Identificar marcas formais do texto poético; estrofe, rima (toante e consoante) e esquema rimático (rima emparelhada, cruzada, interpo-lada).

Distinguir sílaba métrica de sílaba gramatical e segmentar versos por sílaba métrica, reconhecendo o contributo desta para a construção do ritmo do verso.

Identificar temas dominantes do texto poético.

Reconhecer a estrutura e elementos constitutivos do texto narrativo: personagens (principal e secundárias); narrador; contextos temporal e espacial; ação (situação inicial, desenvolvimento da ação — peripécias, proble- mas e sua resolução).

Compreender relações entre personagens e entre acontecimentos.

Relacionar partes do texto (modos narrativo e lírico) com a sua estrutura global.

Reconhecer, na organização estrutural do texto dramático, ato, cena e fala.

Expor o sentido global de um texto dramático.

Fazer inferências.

Aperceber-se de recursos utilizados na construção dos textos literários (linguagem figurada; recursos expres- sivos — onomatopeia, enumeração, personificação, comparação) e justificar a sua utilização.

Aperceber-se de recursos expressivos utilizados na construção dos textos literários (anáfora, pe-rífrase, metáfora) e justificar a sua utilização.

Manifestar-se em relação a aspetos da lingua-gem que conferem a um texto qualidade literária (por exemplo, vocabulário, conotações, estrutura).

Distinguir, a partir de critérios dados, os seguintes géneros: fábula e lenda.

Distinguir os seguintes géneros: conto, poema (lírico e narrativo).

Comparar versões de um texto e explanar diferenças.

Responder, de forma completa, a questões sobre os textos.

Tomar consciência do modo como os temas, as experiências e os valores são representados nos textos literários.

Identificar relações, formais ou de sentido, entre vários textos, estabelecendo semelhanças ou contrastes.

Identificar os contextos a que o texto se repor-tar, designadamente os diferentes contextos históricos, e a representação de mundos ima-ginários.

Relacionar a literatura com outras formas de ficção (cinema, teatro).

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA (cont.) 5.o ano 6.o ano

Ler e escrever para função estética.

Ler e ouvir ler textos da literatura para crianças e jo- vens, da tradição popular, e adaptações de clássicos.

Ler textos da literatura para crianças e jovens, da tradição popular, e adaptações de clássicos.

Ler, memorizar e recitar poemas, com ritmo e entoação adequados.

Fazer leitura dramatizada de textos literários.

Expressar sentimentos, ideias e pontos de vista provo-cados pela leitura do texto literário.

Expressar, oralmente ou por escrito, ideias e sentimentos provocados pela leitura do texto literário.

Selecionar e fazer leitura autónoma de obras, por iniciativa própria.

Reescrever um texto, mudando de pessoa (narração de 1.a para 3.a pessoa e vice-versa) ou escolhendo as dife-rentes perspetivas das personagens.

Compor textos (por exemplo, poemas, histórias), por imitação criativa, para expressar sensibilidade e imaginação.

Fazer uma breve apresentação oral (máximo de 3 minutos) de um texto lido.

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GRAMÁTICA 5.o .6 ona o ano

Explicitar aspetos fundamentais da morfologia.

Deduzir o sig de v dos o i e .

ssos de ção de por ção ão e su o .

Dis nguir regr de de por o posição (de p s e de r

Dis guir deri o de o posição.

e i i is dos verbos res.

r e os s e de ver-bos e de verbos de uso fre-quen :

ni — indi (prese , pr per- pre o pr

e e b for s não ni s — in ni vo (i pesso e p r ípio.

r e os s e is:

ni — ondi e j vo (presen e, p i o i perfei o e fu uro

s não — in e e gerúndio.

Reconhecer e conhecer classes de palavras. Conhecer classes de palavras.

r ses que per en no próprio e o u e vo dje vo: qu vo e nu verbo: pri i e r (dos pos o po os d bio: res s n os — de n o, de r-

, de qu e e u, de odo, de e de funções — in o vo

de e: o (d nido e in d posses

prono pesso , d on vo, possessivo qu dor preposição.

r ses que per en-:

verbo: i e vo e (dos pos o pos os e

v d in n in o vo e in o in .

Analisar e estruturar unidades cas.

A s de u ção do prono pesso ndo e os prono-

s onos f ses s e n s.

A s de u ção do prono pesso n o ndo-o e

n seguin si u ões: fr que onu p n e ini i d por d in n e d bios in o vos.

Iden r seguin funções sin sujei o (si e pos vo pr do, p di-o, o e en o indi o.

Iden r seguin funções sin pre-di vo do sujei p ob quo,

ssiv , e r.

uir o o e o indire o pe pr es rresponde es.

T nsfo fr p i e vi -vers .

di o e indie quer no o quer no odo

Dis guir o de si es.

Reconhecer propriedades das palavras e formas de organização do texto.

r e es r de enp sinoní i e n oní i .

Iden r e or i de .

14

Page 17: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

15

3.o Ciclo Domínios de referência _________________________________________

Oralidade Leitura Escrita Educação literária Gramática

Page 18: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

16

ORALIDADE 7.o ano 8.o ano 9.o ano

Interpretar discursos orais com diferentes graus de formalidade e complexidade.

Identificar o tema e explicitar o assunto.

Identificar os tópicos.

Distinguir o essencial do acessório. Distinguir informação objetiva e informação subjetiva.

Fazer deduções e inferências.

Distinguir diferentes intencionali-dades comunicativas (informar, narrar, descrever, exprimir sem-timentos, persuadir).

Distinguir diferentes intencionali-dades comunicativas em diversas sequências textuais (informar, narrar, descrever, explicar e per-suadir).

Manifestar ideias e pontos de vista pertinentes relativamente aos discursos ouvidos.

Registar, tratar e reter a informação. Consolidar processos de registo e tratamento de informação.

Identificar ideias-chave.

Tomar notas. Tomar notas, organizando-as.

Reproduzir o material ouvido, recorrendo à síntese.

Participar oportuna e construtivamente em situações de interação oral.

Respeitar as convenções que regu-lam a interação verbal.

Pedir e dar informações, explica-ções, esclarecimentos.

Retomar, precisar ou resumir ideias, para facilitar a interação.

Solicitar informação complemen-tar.

Estabelecer relações com outros conhecimentos.

Apresentar propostas e sugestões. Debater e justificar ideias e opiniões.

Considerar pontos de vista con-trários e reformular posições.

Produzir textos orais corretos, usando vocabulário e estruturas gramaticais diversificados e re- correndo a mecanismos de coe- são discursiva.

Produzir textos orais corretos, usando vocabulário e estruturas gramaticais diversificados e recorrendo a mecanismos de organização e de coesão discursiva.

Planificar o texto oral a apresen-tar, elaborando tópicos.

Planificar o texto oral a apresentar, elaborando tópicos a seguir na apresentação.

Utilizar informação pertinente, mobilizando conhecimentos pes-soais ou dados obtidos em dife-rentes fontes, com a supervisão do professor.

Utilizar informação pertinente, mobilizando conhecimentos pes-soais ou dados obtidos em dife-rentes fontes, com a supervisão do professor, citando-as.

Utilizar informação pertinente, mobilizando conhecimentos pes-soais ou dados obtidos em dife-rentes fontes, citando-as.

Page 19: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

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ORALIDADE (cont.) 7.o ano 8.o ano 9.o ano

Usar a palavra com fluência e cor-reção, utilizando recursos verbais e não verbais com um grau de complexidade adequado às situa-ções de comunicação.

Usar a palavra com fluência e correção, utilizando recursos verbais e não verbais com um grau de complexidade adequado ao tema e às situações de comunicação.

Diversificar o vocabulário e as estruturas utilizadas no discurso.

Utilizar pontualmente ferramentas tecnológicas como suporte adequado de intervenções orais.

Utilizar ferramentas tecnológicas com adequação e pertinência como suporte adequado de inter-venções orais.

Produzir textos orais de diferentes tipos e com diferentes finalidades.

(4 minutos) (5 minutos)

Narrar. Informar, explicar.

Fazer a apresentação oral de um tema. Fazer a apresentação oral de um tema, justificando pontos de vista.

Apresentar e defender ideias, comportamentos, valores, justifi-cando pontos de vista.

Apresentar e defender ideais, com-portamentos, valores, argumen-tando e justificando pontos de vista.

Argumentar, no sentido de per-suadir os interlocutores.

Fazer apreciações críticas.

Reconhecer a variação da língua.

Identificar, em textos orais, a variação nos planos fonológico, lexical e sintático.

Distinguir contextos geográficos em que ocorrem diferentes variedades do português.

Page 20: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

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LEITURA

7.o .8 ona o .9 ona o ano

Ler em voz alta.

Ler expressivamente em voz alta textos variados, após preparação da leitura.

Ler textos diversos.

Ler textos narra vos, textos bio- retratos e autorretratos,

textos informa textos expo- textos de opinião,

reportagens, entrevistas, roteiros, texto publi itário.

Ler textos narra vos, textos bio-, páginas de um diário e

de memórias, textos exposi vos, textos de opinião, mentários, s de apresentação, urr ulos, repor-tagens, entrevistas, roteiros.

Ler textos narr textos ex-posi vos, textos de opinião, tex-tos argumenta textos i

r de livros, omentários, entrevistas.

Interpretar textos de diferentes tipologias e graus de complexidade.

Formular hipóteses sobre os tex-tos e mprová-las a respe-

leitura.

onhe e usar em ontexto

s espe- e vo abulário diferen-

da esfera da es

r temas e ideias prinpais.

r temas e ideias prinpais, ando.

Expli itar temas e ideias prin i-pais, ando.

Iden ar pontos de vista e uni-versos de refer . Iden ar pontos de vista e universos de referên ia, jus ando.

r ausas e efeitos.

Fazer deduç es e inferên ias. Fazer deduç es e inferên ias, jus-

Dis guir o de opinião.

onhe elementos de persuasão.

onhe a forma o texto está estruturado (diferentes par-tes).

onhe a forma o texto está estruturado (diferentes par-tes e subpartes).

onhe a forma o texto está estruturado, atribuindo los a partes e subpartes.

Iden r relaç es intratextuais: semelhança, oposição, parte-todo,

- equ e genéri o- -esp o.

Analisar relaç es intratextuais: semelhança, oposição, parte-todo,

- equ e genéri o-

a estruturação do tex-

to a onstrução da signi -ão e a intenção do autor.

Detetar elementos do texto que ontribuem para a nstrução da

nuidade e da progressão e que nferem erên-

e ao texto: a) repeb) su iç es por pronomes (pessoais, demonstra vos e pos-sessivos)

subs tuiç por sinónimos e expre es equivalentesd) referên ia por possessivoe) ef) ordenação de tem-pos verbais.

Page 21: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

19

LEITURA (cont.) 7.o .8 ona o .9 ona o ano

Explicitar o sen global texto. Explicitar o sen global texto,

ed tos adequados à an ação e t ata nto fo ação.

Tomar notas e registar tópicos. Tomar notas, organiza

r i

Organizar em tópicos a informção texto.

L pa a ap textos va .

Expressar, forma fun en a e susten , pontos ista e apreciações crí cas suscita s pelos textos em suportes.

Reco ecer o papel entes suportes (papel, l, espaços circulação (jornal, internet na estruturação e receção os textos.

Reconh a va ç ua.

r, em textos escritos, a nos planos lexical e .

r, em textos escritos, a s planos fonológico,

lexical e sintá co.

Dis guir contextos tóricos e geogr cos em que ocorrem rentes variedades português.

Page 22: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

20

ESCRITA 7.o ano 8.o ano 9.o ano

Planificar a escrita de textos.

Utilizar, com progressiva autono-mia, estratégias de planificação (por exemplo, recolha de informa-ção e discussão em grupo).

Fazer planos: estabelecer objetivos para o que se pretende escrever, registar ideias e organizá-las; or-ganizar a informação segundo a ti-pologia do texto.

Consolidar os procedimentos de planificação de texto já adquiridos.

Estabelecer objetivos para o que pretende escrever e registar ideias.

Organizar a informação segundo a tipologia do texto.

Redigir textos com coerência e correção linguística.

Utilizar uma caligrafia legível.

Ordenar e hierarquizar a informação tendo em vista a continuidade de sentido, a progressão temática e a coerência global do texto.

Organizar a informação, estabe-lecendo e fazendo a marcação de parágrafos.

Dar ao texto a estrutura e o formato adequados, respeitando convenções tipológicas e (orto)gráficas estabelecidas.

Adequar os textos a públicos e a finalidades comunicativas diferenciados.

Diversificar o vocabulário e as estruturas sintáticas utilizadas nos textos.

Utilizar adequadamente os sinais auxiliares da escrita e os seguin-tes sinais de pontuação: o ponto final, o ponto de interrogação, o ponto de exclamação, os dois pontos (em introdução do discur-so direto e de enumerações) e a vírgula (em enumerações, datas, deslocação de constituintes e uso do vocativo).

Utilizar adequadamente os se-guintes sinais de pontuação: os dois pontos (em introdução de ci-tações e de uma síntese ou con-sequência do anteriormente enun-ciado) e o ponto e vírgula.

Consolidar as regras de uso de si-nais de pontuação para delimitar constituintes de frase e para vei-cular valores discursivos.

Respeitar os princípios do traba-lho intelectual: identificação das fontes utilizadas.

Respeitar os princípios do traba-lho intelectual: normas para cita-ção.

Respeitar os princípios do traba-lho intelectual: produção de bi-bliografia.

Utilizar, com progressiva auto-nomia, estratégias de revisão e aperfeiçoamento de texto, no de-curso da redação.

Utilizar com critério as potencialidades das tecnologias da informação e comunicação na produção, na revisão e na edição de texto.

Escrever para expressar conhecimentos.

Responder por escrito, de forma completa, a questões sobre um texto.

Responder com eficácia e corre-ção a instruções de trabalho.

Responder com eficácia e correção a instruções de trabalho, detetando rigorosamente o foco da pergunta.

Elaborar resumos e sínteses de textos informativos.

Elaborar planos, resumos e sínte-ses de textos informativos e expositivos.

Elaborar planos, resumos e sín-teses de textos expositivos e argumentativos.

Page 23: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

21

ESCRITA (cont.) 7.o ano 8.o ano 9.o ano

Escrever textos informativos.

Escrever textos informativos com- templando o seguinte: uma introdu-ção ao tópico; o desenvolvimento deste, com a informação agrupada em parágrafos e apresentando fac-tos, definições, pormenores e exem-plos; e uma conclusão.

Escrever textos expositivos.

Escrever textos expositivos sobre questões objetivas propostas pe-lo professor, respeitando: a) o predomínio da função in-formativa; b) a estrutura interna: introdu-ção ao tema; desenvolvimento expositivo, sequencialmente en-cadeado e corroborado por evidências; conclusão; c) o uso predominante da frase declarativa.

Escrever textos expositivos sobre questões objetivas propostas pelo professor, respeitando: a) o predomínio da função infor-mativa documentada; b) a estrutura interna: introdução ao tema; desenvolvimento exposi-tivo, sequencialmente encadeado e corroborado por evidências; conclusão; c) o raciocínio lógico; d) o uso predominante da frase declarativa.

Escrever textos argumentativos.

Escrever textos argumentativos com a tomada de uma posição; a apre-sentação de razões que a justifi-quem; e uma conclusão coerente.

Escrever textos argumentativos com a tomada de uma posição; a apre-sentação de razões que a justifiquem, com argumentos que diminuam a força das ideias contrárias; e uma conclusão coerente.

Escrever textos de argumentação contrária a outros propostos pelo profes-sor.

Escrever textos diversos.

Fazer um guião para uma dra-matização ou filme.

Escrever textos narrativos.

Escrever textos biográficos.

Escrever páginas de um diário e de memórias.

Fazer retratos e autorretratos.

Escrever comentários. Escrever comentários subordinados a tópicos fornecidos.

Escrever cartas. Escrever cartas de apresentação.

Fazer roteiros.

Escrever o guião de uma entrevista.

Fazer relatórios

Rever os textos escritos.

Avaliar a correção e a adequação do texto escrito.

Avaliar a correção e a adequação do texto e proceder a todas as reformulações necessárias.

Reformular o texto de forma adequada, mobilizando os conhe-cimentos de revisão de texto já adquiridos.

Reformular o texto escrito, suprimindo, mudando de sítio e reescrevendo o que estiver in-correto.

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22

EDUCAÇÃO LITERÁRIA 7. o .8ona o .9ona o ano

Ler e interpretar textos literários.

Ler textos literários, portugueses e estrangeiros, de diferentes épocas e de géneros diversos.

r temas, ideias principais, pontos de vista e universos de referência, jus cando.

Explicitar o sen global do texto.

Sistema r elementos cons tu-vos da poesia lírica (estrofe, ver-

so, refrão, rima, esquema rimá-co).

Sistema r elementos cons u- (ato, ce-

na, fala e indicação cénica).

Reconhecer e caract le-mentos co tu da narra(estrutura; ação e episódios; per-sonagens, narrador da 1.a e 3.a pessoa; contextos espacial e tem-poral).

Dis guir diálogos, monólogos e apartes.

Analisar o ponto de vista de dife-rentes personagens.

Analisar o ponto de vista de dife-rentes personagens.

Detetar a forma como o texto es-tá estruturado (diferentes par-tes).

Detetar a forma como o texto es-tá estruturado (diferentes partes e subpartes).

Reconhecer a forma como o texto está estruturado, atribuindo los a partes e a subpartes.

r processos da constru-ção ccional re à ordem cronológica dos factos narrados e à sua ordenação na

r e reconhecer o valor dos seguintes recursos expressi-vos: enumeração, per cação, comparação, anáfora, perífrase, metáfora, aliteração, pleonasmo e hipérbole.

r e reconhecer o valor dos recursos expressivos já estu-dados e, ainda, dos seguintes: an-

perífrase, eufemismo, ironia.

r e reconhecer o valor dos recursos expressivos já estu-dados e, ainda, dos seguintes: anáfora, símbolo, alegoria e siné-doque.

Reconhecer o uso de sinais de pontuação para veicular valores discursivos.

Comparar textos de diferentes géneros, estabelecendo diferen-ças e semelhanças (temas e for-mas).

Reconhecer e caract extos de diferentes géneros (epopeia, romance, conto, crónica, soneto, texto dramá co).

a novidade de um texto em relação a outro(s).

Estabelecer relações de intertex-tualidade.

Page 25: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

23

EDUCAÇÃO LITERÁRIA (cont.) 7. o ano 8. o ano 9.o ano

Apreciar textos literários.

Ler textos literários, portugueses e estrangeiros, de diferentes épocas e de géneros diversos.

Ler textos literários, portugueses e estrangeiros, de géneros varia-dos.

Reconhecer valores culturais pre-sentes nos textos.

Reconhecer valores culturais e éticos presentes nos textos.

Reconhecer valores culturais, éti-cos, estéticos, políticos e religio-sos manifestados nos textos.

Exprimir, oralmente e por escrito, ideias pessoais sobre os textos li-dos ou ouvidos.

Exprimir opiniões e problematizar sentidos, oralmente e por escrito, como reação pessoal à audição ou leitura de um texto ou de uma obra.

Expressar, oralmente e por escri-to, e de forma fundamentada, pontos de vista e apreciações crí-ticas suscitados pelos textos lidos.

Escrever um pequeno comentário (cerca de 100 palavras) a um tex-to lido.

Escrever um pequeno comentário crítico (cerca de 120 palavras) a um texto lido.

Escrever um pequeno comentário crítico (cerca de 140 palavras) a um texto lido.

Situar obras literárias em função de grandes marcos históricos e culturais.

Reconhecer relações que as obras estabelecem com o contexto so-cial, histórico e cultural no qual foram escritas.

Comparar ideias e valores expres-sos em diferentes textos de auto-res contemporâneos com os de textos de outras épocas e cultu-ras.

Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no plano do imaginário individual e coletivo.

Ler e escrever para fruição estética.

Ler por iniciativa e gosto pessoal, aumentando progressivamente a extensão e complexidade dos textos se-lecionados.

Fazer leitura oral (individualmente ou em grupo), recitação e dramati-zação de textos lidos.

Analisar recriações de obras lite-rárias com recurso a diferentes linguagens (por exemplo: música, teatro, cinema, adaptações a sé-ries de TV).

Escrever, por iniciativa e gosto pessoal, textos diversos.

Mobilizar a reflexão sobre textos literários e sobre as suas especifi-cidades, para escrever textos va-riados, por iniciativa e gosto pessoal, de forma autónoma e fluente.

Desenvolver projetos e circuitos de comunicação escrita.

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GRAMÁTICA 7. o ano 8. o ano 9.o ano

Explicitar aspetos da fonologia do português. Identificar processos fonológicos de inserção (prótese, epêntese e para-goge), supressão (aférese, síncope e apócope) e alteração de segmen-tos (redução vocálica, assimilação, dissimilação, metátese).

Explicitar aspetos fundamentais da morfologia.

Identificar e conjugar verbos em todos os tempos (simples e com-postos) e modos.

Sistematizar paradigmas flexionais dos verbos regulares da 1.a, da 2.a e da 3.a conjugação.

Identificar as formas dos verbos ir-regulares e dos verbos defetivos (impessoais e unipessoais).

Sistematizar padrões de formação de palavras complexas: derivação (afixal e não-afixal) e composição (por palavras e por radicais).

Formar o plural de palavras com-postas.

Explicitar o significado de palavras complexas a partir do valor do ra-dical e de prefixos e sufixos nomi-nais, adjetivais e verbais do português.

Reconhecer e conhecer classes de palavras Conhecer classes de palavras.

Integrar as palavras nas classes a que pertencem: a) nome: próprio e comum (coleti-vo); b) adjetivo: qualificativo e numeral; c) verbo principal (intransitivo, transitivo direto, transitivo indire-to, transitivo direto e indireto), copulativo e auxiliar (dos tempos compostos e da passiva); d) advérbio: valores semânticos — de negação, de afirmação, de quantidade e grau, de modo, de tempo, de lugar, de inclusão e de exclusão; funções — interrogativo e conectivo; e) determinante: artigo (definido e indefinido), demonstrativo, pos-sessivo, indefinido, relativo, inter-rogativo; f) pronome: pessoal, demonstrati-vo, possessivo, indefinido, relativo; g) quantificador numeral. h) preposição;

Integrar as palavras nas classes a que pertencem: a) conjunção subordinativa: condi-cional, final, comparativa, conse-cutiva, concessiva e completiva; b) locução conjuncional.

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GRAMÁTICA (cont.) 7. o ano 8. o ano 9.o ano

Reconhecer e conhecer classes de palavras (cont.)

i) conjunção coordenativa: copula-tiva, adversativa, disjuntiva, con-clusiva e explicativa; j) conjunção subordinativa: causal e temporal; k) locução: prepositiva e adverbial; l) interjeição. Analisar e estruturar unidades sintáticas. Explicitar aspetos fundamentais da sintaxe do português.

Aplicar regras de utilização do pronome pessoal em adjacência verbal: em frases afirmativas; em frases que contêm uma palavra negativa; em frases iniciadas por pronomes e advérbios interrogati-vos; com verbos antecedidos de certos advérbios (bem, mal, ainda, já, sempre, só, talvez…).

Aplicar as regras de utilização do pronome pessoal em adjacência verbal: em orações subordinadas; na conjugação do futuro e do con-dicional.

Sistematizar as regras de utilização do pronome pessoal em adjacên-cia verbal em todas as situações.

Consolidar o conhecimento sobre as funções sintáticas estudadas no ciclo anterior: sujeito, vocativo, predicado, complemento direto, complemento indireto, comple-mento oblíquo, complemento agente da passiva, predicativo do sujeito, modificador.

Identificar as funções sintáticas de modificador do nome restritivo e apositivo.

Consolidar o conhecimento de to-das as funções sintáticas.

Identificar o sujeito subentendido e o sujeito indeterminado.

Transformar frases ativas em fra-ses passivas e vice-versa (consoli-dação).

Transformar discurso direto em indireto e vice-versa (todas as si-tuações).

Identificar processos de coordena-ção entre orações: orações coor-denadas copulativas (sindéticas e assindéticas), adversativas, disjun-tivas, conclusivas e explicativas.

Identificar processos de subordi-nação entre orações: a) subordinadas adverbiais causais e temporais; b) subordinadas adjetivas relati-vas.

Identificar processos de subordi-nação entre orações: a) subordinadas adverbiais condi-cionais, finais, comparativas, con-secutivas e concessivas; b) subordinadas substantivas com-pletivas (função de complemento direto).

Identificar orações substantivas re-lativas.

Identificar oração subordinante.

Estabelecer relações de subordi-nação entre orações, identificando os elementos de que dependem as orações subordinadas.

Dividir e classificar orações.

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GRAMÁTICA (cont.) 7.o ano 8. o ano 9.o ano

Reconhecer propriedades das palavras e formas de organização do léxico.

Identificar neologismos.

Identificar neologismos e arcaís-mos.

Identificar palavras polissémicas e seus significados.

Distinguir palavras polissémicas de monossémicas.

Determinar os significados que dada palavra pode ter em função do seu contexto de ocorrência; campo semântico.

Reconhecer e estabelecer as se-guintes relações semânticas: sino-nímia, antonímia, hiperonímia e holonímia.

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Lista de obras e textos para a Educação Literária no 3.o Ciclo

Nota: Esta lista de obras articula-se com os dois primeiros objetivos da Educação Literária e respetivos descritores de desem-penho. Outros esclarecimentos podem ser consultados em http://www.dgidc.min-edu.pt/ (documento com respostas a perguntas frequentes sobre as Metas Curriculares de Português).

7.o Ano Obs. Confrontar referenciais constantes do Programa. Escolher um mínimo de: 3 narrativas de autores portugueses

Alexandre Herculano «O Castelo de Faria» in Lendas e Narrativas

Raul Brandão «A pesca da baleia» in As Ilhas Desconhecidas

Miguel Torga «Miúra» ou «Ladino» in Bichos

Manuel da Fonseca «Mestre Finezas» in Aldeia Nova

Teolinda Gersão «Avó e neto contra vento e areia» in A Mulher que Prendeu a Chuva e outras Histórias

Luísa Costa Gomes A Pirata

1 conto tradicional

Teófilo Braga Contos Tradicionais do Povo Português

Trindade Coelho «As três maçãzinhas de oiro» ou «A parábola dos 7 vimes» in Os meus Amores

1 texto dramático de autor português

Alice Vieira Leandro, Rei da Helíria

Maria Alberta Menéres À Beira do Lago dos Encantos

1 conto (a selecionar) de autor de país de língua oficial portuguesa

José Eduardo Agualusa A Substância do Amor e outras Crónicas

1 narrativa de autor estrangeiro Luís Sepúlveda História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar (trad. Pedro Tamen)

Robert Louis Stevenson A Ilha do Tesouro (adapt. António Pescada)

Michel Tournier Sexta-Feira ou a Vida Selvagem

2 textos de literatura juvenil

Irene Lisboa Uma Mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma

Sophia de Mello Breyner Andresen O Cavaleiro da Dinamarca

Agustina Bessa-Luís Dentes de Rato

Odisseia Contada a Jovens por Frederico Lourenço

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Escolher 16 poemas de pelo menos 10 autores diferentes

Florbela Espanca «Eu quero amar, amar perdidamente!»; «Ser poeta» in Sonetos

José Régio «Cântico negro» in Poemas de Deus e do Diabo; «O Papão» in As Encruzilhadas de Deus; «Tenho ao cimo da escada, de maneira» in Mas Deus É Grande

Vitorino Nemésio «A concha», «Five o’clock tea» in O Bicho Harmonioso; «Meu coração é como um peixe ce-go» in Eu, Comovido a Oeste

António Ramos Rosa «Não posso adiar o amor»; «Para um amigo tenho sempre um relógio» in Viagem atra-vés duma Nebulosa

António Gedeão «Impressão digital»; «Pedra filosofal»; «Lágrima de preta»; «Poema do fecho éclair» in Obra Completa

Miguel Torga «História antiga», «Ariane» in Diário I; «Segredo» in Diário VIII; «A espera» in Poemas Ibéricos

Manuel da Fonseca «O vagabundo do mar»; «Maria Campaniça»; «Mataram a tuna» in Obra Poética

Eugénio de Andrade «As palavras»; «Canção»; «É urgente o amor»

Sebastião da Gama «O sonho» in Pelo sonho é que vamos; «O papagaio» in Itinerário Paralelo

Ruy Cinatti «Meninos tomaram coragem», «Quando eu partir, quando eu partir de novo» in Nós não Somos deste Mundo; «Linha de rumo» in O Livro do Nómada Meu Amigo; «Morte em Timor», «Análise» in Uma Se-quência Timorense

Alexandre O’Neill «Amigo»; «Gaivota»; «Autorretrato» in Poesias Completas

David Mourão-Ferreira «Barco negro»; «Maria Lisboa»; «Capital»; «E por vezes» in Obra Poética

Percy B. Shelley «Correm as fontes ao rio [Love’s Philosophy]» (trad. Luís Cardim) in Horas de Fuga

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DICIONÁRIO TERMINOLÓGICO – PRINCIPAIS ALTERAÇÕES

Da nomenclatura gramatical portuguesa ao Dicionário Terminológico

A Nomenclatura Gramatical Portuguesa (NGP) foi publicada em 1967 e revogada em 2004 com a publicaçãoda Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS).

Ambas surgem como uma lista de termos a utilizar em contextos de ensino, de acordo com as orientaçõescurriculares. Antes, como agora, uma lista de termos não é, por si só, ensinável, cabendo aos programas a defini-ção clara dos conteúdos a trabalhar e/ou das competências a desenvolver.

As conclusões da experiência pedagógica da TLEBS e os pareceres de especialistas motivaram a sua suspen-são e consequente revisão, que se veio a concretizar no Dicionário Terminológico (DT), disponível emhttp://dt.dgidc.min-edu.pt/, instrumento a usar por professores dos ensinos básico e secundário, «com uma fun-ção reguladora de termos e conceitos sobre funcionamento da língua de forma a acabar com a deriva terminoló-gica»1.

O Dicionário Terminológico, resultante da revisão da TLEBS, por um lado, eliminou termos redundantes, ina-dequados ou pouco relevantes; por outro lado, acrescentou termos nos domínios da análise do discurso e da retó-rica.

O novo Programa de Português do Ensino Básico (PPEB) recorre aos termos do DT nas listas de conteúdos detodas as competências. Nas tabelas de descritores de desempenho e de conteúdos do Conhecimento Explícito daLíngua, a lógica de organização baseia-se no DT, mas não se limita a uma colagem, uma vez que alguns domíniosse entrecruzam (é, por exemplo, o caso do domínio da Lexicologia, que surge integrado no Plano da Língua,Variação e Mudança).

Assim, entender o DT e a tipologia das alterações não é, por si só, suficiente para uma real implementação donovo PPEB, mas ajudará a lidar com as novas abordagens e desafios.

Os domínios do Dicionário Terminológico

A. Língua, comunidade linguística, variação e mudançaA.1. Língua e comunidade linguísticaA.2. Variação e normalização linguísticaA.3. Contacto de línguasA.4. Mudança linguística

1 RELATÓRIO – Terminologia linguística: revisão e consulta pública, in http://www.dgidc.min-edu.pt/linguaportuguesa/Paginas/RELATORIOTLEBS.aspx

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B. Linguística descritivaB.1. Fonética e FonologiaB.2. MorfologiaB.3. Classes de palavrasB.4. SintaxeB.5. LexicologiaB.6. Semântica

C. Análise do discurso, retórica, pragmática e linguística textualC.1. Análise do discurso e áreas disciplinares correlatas

D. LexicografiaD.1. Obras lexicográficasD.2. Informação lexicográfica

E. Representação gráficaE.1. GrafiaE.2. Pontuação e sinais auxiliares de escritaE.3. Configuração gráficaE.4. Convenções e regras para a representação gráficaE.5. Relações entre palavras escritas e entre grafia e fonia

Tipologia das alterações

Mais do que comparar a NGP com o DT, importa referir o tipo de alterações terminológicas em contexto deensino do português. No fundo, trata-se de conhecer as diferenças entre a terminologia usada até agora, a quechamaremos tradição gramatical, por nem sempre corresponder a termos da NGP, e a que passará a figurar emtodos os programas de Português, a partir de 2011/2012.

Assim, podemos verificar quatro tipologias de alterações:

– Os termos mudam e/ou estabilizam-se, mas os conceitos mantêm-se: por exemplo, nome e substantivo sãosinónimos, mas o DT fixa o termo nome;

– os termos mantêm-se, mas o conceito muda: por exemplo, o predicativo do sujeito continua a chamar-sepredicativo do sujeito, mas a sua definição inclui constituintes que a tradição gramatical consideravacomplementos circunstanciais, como na frase: A Maria está em Lisboa;

– o Dicionário Terminológico apresenta novos termos que não faziam parte dos programas, nem da tradiçãogramatical, sobretudo nas áreas da semântica, da semântica lexical e da análise do discurso, retórica, prag-mática e linguística lexical;

– mudam os termos e os conceitos: por exemplo, o numeral ordinal dá lugar ao adjetivo numeral, por se consi-derar que possui características dessa classe de palavras.

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Procederemos, em seguida, à apresentação e exemplificação das principais diferenças entre a tradição gra-matical e o Dicionário Terminológico. Serão abordadas algumas áreas que sofreram alterações e apresentadosnovos termos e conceitos linguísticos que não faziam parte da tradição gramatical.

Os domínios e os termos comparados foram selecionados pela sua importância ao longo dos três ciclos doensino básico, mas nem sempre reproduzem aqueles que figuram no novo PPEB nem estão distribuídos por anosde escolaridade.

Para além disso, muitos dos termos apresentados não serão explicitados ao aluno, em contexto de sala deaula. Considerámos, no entanto, importante a sua integração, mas lembramos que os conteúdos doConhecimento da Língua são os definidos pelo texto programático.

Níveis de língua e variedades do português

Os termos relativos à Língua, Variação e Mudança não sofreram grandes alterações, destacam-se, no entanto,alguns termos que se encontram fortemente enraizados na metalinguagem da disciplina de Língua Portuguesa /Português e que sofreram alterações ou passaram a ser abordados de outra forma.

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

Distinguia-se:

• geografia da língua portuguesa / domínio atual dalíngua portuguesa;

• níveis/ registos de língua:– língua cuidada– língua familiar– língua popular– calão– gíria– regionalismos– língua literária

• história da língua portuguesa/ diacronia/ sincronia

O termo variação inclui:

• variedades geográficas: correspondem às variaçõesque a língua apresenta ao longo do seu território. As variedades do português são: a variedade europeia,a variedade brasileira e as variedades africanas.

• variedades situacionais: resultantes da capacidade deos falantes adaptarem o estilo de linguagem à situaçãode comunicação.

• variedades sociais: também chamadas «socioletos» ou«dialetos sociais», usadas por falantes que pertencem àmesma classe social e ambiente socioeconómico oueducacional.

• variedades históricas: resultantes da mudança linguís-tica. Consistem no contraste entre a gramática antiga ea gramática posterior da língua.

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Formação de palavras

O que mudou…

Processos morfológicos de formação de palavras

Nos processos de formação regular de palavras, as alterações mais importantes relacionam-se com a com-posição.

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

Derivação (processo de formação de novas palavras a par-tir de uma palavra primitiva):

• prefixação (associação de um prefixo a uma forma debase) – impossível;

• sufixação (associação de um sufixo a uma forma debase) – possibilidade;

• prefixação e sufixação (associação de um prefixo e deum sufixo) – impossibilidade;

• parassíntese (associação simultânea de um prefixo ede um sufixo a uma forma de base) – amanhecer;

• derivação imprópria (integração da palavra numa novaclasse de palavras, sem que se verifique qualquer alte-ração na forma);

• derivação regressiva (criação de nomes a partir de ver-bos).

Composição (processo de formação de novas palavras apartir de mais do que um radical ou palavra):

• justaposição (formação de uma palavra a partir deduas ou mais palavras, que mantêm a acentuação) –obra-prima, vice-diretor.

• aglutinação (formação de uma palavra a partir daunião de palavras primitivas ou de radicais, em que ape-nas um mantém a acentuação) – girassol, multinacio-nal.

Derivação (processo morfológico de formação de pala-vras que consiste, tipicamente, na associação de um afixoderivacional a uma forma de base):

• prefixação (sem alteração) – refazer, invisível, infeliz,descrente;

• sufixação (sem alteração) – simplesmente, ventoso;

• prefixação e sufixação (sem alteração) – imparcial-mente;

• parassíntese (sem alteração) – renovar, aprofundar,enlouquecer;

• conversão (corresponde à derivação imprópria da tradi-ção gramatical) – (o) olhar, (o) saber, (o) comer;

• derivação não afixal (corresponde à derivação regres-siva da tradição gramatical) – apelo (do verbo apelar);desabafo (do verbo desabafar).

Composição (processo de formação de novas palavras apartir da união de duas formas de base):

• morfológica ( formação de uma palavra a partir de umradical e uma palavra ou de dois radicais) – agricultura,psicologia;

• morfossintática (formação de uma palavra a partir deduas ou mais palavras) – couve-flor, guarda-chuva.

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O que há de novo…

Processos irregulares de formação de palavras

Estes processos são relativamente recentes no âmbito do ensino do português. Apenas o termo estrangeiris-mo, agora empréstimo, surge na NGP, ainda que outros, como sigla e acrónimo, façam parte da tradição gramati-cal. No DT surgem no domínio da Lexicologia.

Mais exemplos:

Exemplos Tradição gramatical Dicionário Terminológico

Facilitar Derivação por sufixação Derivação por sufixação

Amanhecer Derivação por parassíntese Derivação por parassíntese

Infelizmente Derivação por prefixação e sufixação Derivação por prefixação e sufixação

(o) comer Derivação imprópria Derivação por conversão

Guarda-roupa Composição por justaposição Composição morfossintática

Biblioteca Composição erudita (aglutinação) Composição morfológica

Arranha-céus Composição por justaposição Composição morfossintática

Ortografia Composição erudita (aglutinação) Composição morfológica

(a) pesca Derivação regressiva Derivação não afixal

Água-de-colónia Composição por justaposição Composição morfossintática

Democracia Composição erudita (aglutinação) Composição morfológica

Terminologia Explicação Exemplos

Empréstimo (antes estrangeirismo)

Transferência de uma palavra de uma língua paraoutra.

Futebol, scanner, surf

Extensão semântica Alargamento do significado de uma palavra. Navegar na internet, portal

Amálgama Criação de uma palavra a partir da junção de partesde duas ou mais palavras.

Informática (informação automática)

Truncação Criação de uma palavra a partir do apagamento deuma parte da palavra de que deriva.

Moto(cicleta) Foto(grafia)

Sigla Termo formado pelas iniciais das palavras que lhederam origem que se pronuncia letra a letra

IRS (Imposto sobre oRendimento Singular)

Acrónimo Termo formado pela junção de sílabas ou letras ini-ciais. Lê-se como se fosse uma palavra.

IVA (Imposto sobre o ValorAcrescentado)

Page 36: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

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Classes e subclasses de palavras

O que mudou…

As classes e subclasses de palavras são um subdomínio da Morfologia. Podem ser abertas, quando possuemum número ilimitado de palavras (nome, adjetivo, verbo, advérbio, interjeição), ou fechadas, quando possuem umnúmero limitado de palavras (determinante, pronome, quantificadores, preposição e conjunção).

Nome

Os nomes deixaram de ser classificados como concretos e abstratos e incluem uma nova subclasse, a dosnomes contáveis, que podem ser enumerados (um ovo, dois ovos) e não contáveis, que não podem ser enumera-dos (*uma saudade / *duas saudades; *um açúcar / *dois açúcares).

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

Substantivo ou nome • próprio• comum • concreto e abstrato • coletivo

Nome • próprio• comum:

– coletivo– contável/não contável1

Dicionário Terminológico

Adjetivo

• qualificativo: exprime uma qualidade, ou seja, atribui uma qualidade ao nome, pode variar em grau e pode surgirantes ou depois do nome, ainda que com alteração de sentido: amigo rico/rico amigo.

• numeral: tradicionalmente chamado numeral ordinal, este adjetivo estabelece uma ordem (primeiro mês, segundomês, terceiro mês) e surge antes do nome, habitualmente, acompanhado por um determinante (o primeiro mês).

• relacional: adjetivo que deriva de um nome, não ocorre em posição pré-nominal nem varia em grau: os jornais diários;as aves aquáticas; a crosta terrestre.

1 Os nomes coletivos podem ser contáveis (uma turma, duas turmas), ou não contáveis (*uma flora, *duas floras).

Adjetivo

Ao contrário do que acontecia tradicionalmente, os adjetivos distribuem-se agora por três subclasses eincluem a antiga classe dos numerais ordinais.

Page 37: Livro_do_prof_port_7ºano.pdf

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Dicionário Terminológico

Verbo principal

Verbo que, numa frase, determina a existência de sujeito e/ou de complemento(s): Os rapazesdescobriram uma passagem secreta.

Os verbos principais dividem-se em classes, em função da ausência ou presença de alguns com-plementos:

• Intransitivo: verbo sem complementos (A criança adormeceu.).

• Transitivo direto: verbo com complemento direto (A criança comeu a sopa.).

• Transitivo indireto: verbo com complemento indireto (O filho telefonou ao pai.), ou comple-mento oblíquo (O Pedro foi para Lisboa.).

• Transitivo direto e indireto: verbo com complemento direto e indireto (A professora leu umahistória aos alunos), ou complemento direto e complemento oblíquo (O Rui pôs o saco no chão.).

• Transitivo-predicativo: verbo com complemento direto e predicativo do complemento direto (O professor considera o João muito responsável.).

Verbo copulativo

Verbo que precisa de um predicativo do sujeito para que a frase tenha sentido completo.Consideram-se, habitualmente, como copulativos os verbos: ser, estar, permanecer; ficar; pare-cer; continuar (A Rita continua triste.).

Verbo auxiliar

Verbo que surge antes de um verbo principal ou copulativo, formando um complexo verbal (A Marta nunca tinha visto o mar.). Na mesma frase, pode haver mais do que um verbo auxiliar (A história poderia ter sido contadade outra forma).

Verbo

Enquanto classe de palavras, o verbo surge no DT com classificações muito próximas da tradição gramatical.Destaca-se, porém, o facto de serem consideradas as classes do verbo determinadas em função dos seus comple-mentos. As questões relacionadas com a flexão do verbo encontram-se no domínio da Morfologia e não sofreramalterações significativas.

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36

Advérbio

A classificação das subclasses do advérbio deixou de estar dependente de critérios meramente semânticos.Na maioria dos casos, o advérbio passou a ser classificado tendo em conta a relação que estabelece com osoutros elementos da frase.

Uma análise da tabela permite concluir que os tradicionais advérbios de tempo, lugar, modo, dúvida e desig-nação estão distribuídos pelos advérbios de predicado, de frase e conectivo.

Note-se que os advérbios continuam a possuir diferentes valores semânticos (tempo, modo, etc.), mas estesdeixaram de ser contemplados na sua classificação, ainda que essa distinção seja importante em contextos didá-ticos.

Determinante

O determinante surge sempre antes do nome com o qual concorda em género e número. O DicionárioTerminológico mantém as subclasses já existentes (artigo definido e indefinido, possessivo, demonstrativo, indefi-nido interrogativo) e acrescenta a dos determinantes relativos:

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

Advérbio

• tempo

• lugar

• modo

• dúvida

• designação

• negação

• afirmação

• intensidade ou quantidade

• exclusão

• inclusão

• interrogativo

Advérbio

• advérbio de predicado: pertence ao grupo verbal e pode ter vários valoressemânticos (lugar, tempo, modo, etc.) – A Rita está aqui.

• advérbio de frase: modifica toda a frase, ao contrário do advérbio de pre-dicado – Infelizmente, estou constipado.

• conectivo: estabelece relações entre frases ou constituintes da frase – Tupensas que tens razão, contudo, estás enganado.

• negação (sem alterações) – Eles não conseguiram chegar a tempo.

• afirmação (sem alterações) – Não gosto deste livro, mas sim daquele.

• quantidade e grau: – Pode intensificar o sentido de outros advérbios(Sinto-me muito mal.), de adjetivos (Estou muito satisfeito.), ou de gruposverbais (Ela trabalhou muito.).

• exclusão (sem alterações) – Só eu sabia a resposta.

• Inclusão (sem alterações) – Até eu sabia a resposta.

• interrogativo (sem alterações) – Quando partes?

• relativo: introduz uma oração relativa – Esta é a escola onde estudo.

Dicionário Terminológico

Determinante

• relativo: acompanha um nome no início de uma oração relativa (Aquela é a Mariana cuja prima se chama Diana.).

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37

Quantificador

Esta classe é nova na terminologia linguística do português. O quantificador serve para indicar o número, aquantidade; surge, habitualmente, antes de um grupo nominal e distribui-se por várias subclasses.

Conjunção

Esta classe não sofreu alterações significativas. Referimos, apenas, que as conjunções (subordinativas) inte-grantes são agora designadas por conjunções (subordinativas) completivas (O Pedro disse-me que hoje não vinha)e que as tradicionais conjunções coordenativas adversativas porém, todavia e contudo são, como já vimos,advérbios conectivos.

Pronomes

Os pronomes permitem evitar repetições e têm um papel importante na coesão textual. Mantém-se as subclasses tradicionais (pessoal, possessivo, demonstrativo, indefinido, relativo, interrogativo).

Destacamos, apenas, algumas particularidades dos pronomes indefinidos e relativos.

Dicionário Terminológico

Quantificador

• numeral: refere-se a um número preciso (numeral cardinal: dois carros, três carros).

• universal: refere-se a todos os elementos de um conjunto (todo, todos, toda, todas, ambos, cada, qualquer, nenhum,nenhuns, nenhuma, nenhumas) – todos os dias.

• existencial: não se refere à totalidade dos elementos de um conjunto (algum, alguns, alguma, algumas, bastante,bastantes, muito, muitos, muita, muitas, pouco, poucos, pouca, poucos, tanto, tanta, tantos, tantas, vários, várias) –poucas vezes; algumas vezes.

Dicionário Terminológico

• Indefinido: corresponde ao uso pronominal dos quantificadores e dos determinantes indefinidos (Gostei de tudo;Estás à espera de alguém?).

• Relativo: os pronomes relativos, além de evitarem a repetição de um nome, também servem para juntar orações (Dá-me o livro. / O livro está em cima da mesa. = Dá-me o livro que está em cima da mesa). Note-se que cujo, cuja,cujos, cujas são determinantes relativos; quanto, quanta, quantos, quantas são quantificadores relativos; onde é umadvérbio relativo.

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38

Exemplos de classificação das palavras destacadas nas frases:

Exemplo Tradição gramatical Dicionário Terminológico

A Mariana já bebeu o leite.Nome/substantivo comum,concreto

Nome comum, não contável

A Rita tem quatro anos. Numeral cardinal Quantificador numeral

O Pedro está a estudar num horário noturno. Adjetivo Adjetivo relacional

Todos os alunos realizaram a tarefa. Determinante indefinido Quantificador (universal)

O homem estava sentado no degrau da entrada.Nome/substantivo comum,concreto

Nome comum, contável

Já é a terceira vez que vou a Paris. Numeral ordinal Adjetivo numeral

Esta é a escola cujo diretor apresentou a demissão. Pronome relativo Determinante relativo

Enviei a carta ontem. Advérbio de tempo Advérbio de predicado

Poucas pessoas assistiram ao espetáculo. Determinante indefinido Quantificador (existencial)

Esta é a casa onde eu moro. Pronome relativo Advérbio relativo

A Marta respondeu sinceramente. Advérbio de modo Advérbio de predicado

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39

Funções sintáticas

O que mudou…

Funções sintáticas ao nível da frase1

Mantêm-se as funções nucleares da frase, registando-se alterações apenas nos tipos de sujeito e nos comple-mentos circunstanciais que passaram a chamar-se modificadores (de frase):

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

Sujeito:

– simples

– composto

– subentendido

– indeterminado

– inexistente

• Predicado

• Complemento circunstancial

• Vocativo

Sujeito:

• Simples (sem alterações).

• Composto (sem alterações).

• Nulo (não surge na frase):

– subentendido: apesar de não aparecer na frase, a fle-xão verbal permite-nos identificar o seu referente:Estou cansado = [Eu] estou cansado;

– indeterminado: não aparece na frase, porque não sabe-mos quem é, ou o que é, mas pode ser identificado atra-vés do teste de substituição por pronomes como alguém,quem: Dizem que a vida está difícil: – Alguém diz;

– expletivo: tradicionalmente chamado sujeito inexis-tente; surge, habitualmente, com verbos meteorológi-cos (Nevou, choveu, trovejou) e em algumas frasescom o verbo haver (Há muito tempo que não te via.).

• Predicado: é constituído pelo verbo ou complexo verbal,ou por um verbo e pelos seus complementos e/ou modi-ficadores (A Marta fez hoje um teste de Biologia).

• Modificador (de frase): elemento acessório, que modifi-ca o sentido da frase (Infelizmente , está a chovermuito.).

• Vocativo (sem alterações).

1 A distribuição das funções sintáticas apresentada – ao nível da frase e dos grupos verbal, nominal, adjetival e adverbial – é utilizada no DicionárioTerminológico. Por uma questão de organização, optámos por fazer a sua adaptação aos termos da tradição gramatical.

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40

Funções sintáticas internas ao predicado / grupo verbal

Funções sintáticas internas ao grupo nominal

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

• Complemento direto

• Complemento indireto

• Complemento agente da passiva

• Predicativo do sujeito

• Predicativo do complementodireto

• Complemento circunstancial

• Complemento direto (sem alterações).

• Complemento indireto (sem alterações).

• Complemento oblíquo: tal como os complementos direto e indireto, o com-plemento oblíquo é selecionado pelo verbo e, habitualmente, sem ele a frasenão faz sentido (A Maria gosta de sopa.). Não pode ser substituído pelos pro-nomes pessoais o, a, os, as, como o direto, nem pelos pronomes lhe, lhes,como o indireto. O complemento oblíquo pode ter várias formas:

– grupo preposicional: A Marta mora em Almada.

– grupo adverbial: A Marta mora ali.

• Complemento agente da passiva (sem alterações).

• Predicativo do sujeito: elemento da frase selecionado, apenas, por verboscopulativos como ser, estar, continuar, parecer, permanecer, ficar. O pre-dicativo do sujeito pode ter várias formas:

– grupo nominal: O António é meu filho.

– grupo adjetival: O António parece feliz.

– grupo preposicional: O António está em Sintra.

– grupo adverbial: O António está cá.

• Predicativo do complemento direto (sem alterações).

• Modificador do grupo verbal / predicado: elemento acessório, que modificao sentido do predicado. Pode ter várias formas e surgir em várias posições:

– grupo preposicional: A Marta viajou de madrugada.

– grupo adverbial: A Marta viaja amanhã.

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

• Complemento determinativo

• Atributo

• Aposto

• Complemento do nome: surge à direita do nome e é selecionado por ele. Pedem complemento:

– os nomes deverbais (relacionados com verbos) como destruição [da floresta]:substituição [do professor]; invasão [do território];

– os nomes relacionais como pai [da Maria], mãe [do João], irmã [da Ana], filho[do José];

– nomes epistémicos como certeza [de que consigo], hipótese [de começar denovo], ideia [de terminar os estudos], necessidade [de fazer este trabalho];

– nomes icónicos como fotografia [de turma], retrato [de família].

• Modificador do nome restritivo: elemento acessório, que modifica e restringe o nomea que se refere (O livro azul é meu. / O homem do chapéu não me deixa ver nada.).

• Modificador do nome apositivo: elemento acessório, que modifica, mas não res-tringe, o nome a que se refere (D. Manuel, o Venturoso, mandou construir o mos-teiro dos Jerónimos.).

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41

Em resumo, aqui ficam algumas respostas rápidas a perguntas frequentes sobre o que se alterou nas funçõessintáticas:

1. O que aconteceu ao sujeito?

• O sujeito deixou de ser identificado como «aquele que pratica a ação», uma vez que em frases como «O Joãolevou uma bofetada.» tal não se verificava.

• O sujeito não realizado chama-se sujeito nulo: subentendido (Estou atrasado.), indeterminado (Assaltaram aourivesaria.) ou expletivo (em vez de inexistente – Choveu muito.).

2. O que aconteceu aos complementos circunstanciais?

O tradicional complemento circunstancial pode ser classificado como:

• Predicativo do sujeito – O Luís está em Lisboa. / O Luís está aqui.

• Complemento oblíquo – O Luís mora em Lisboa. / O Luís mora aqui.

• Modificador – O Luís estuda em Lisboa. / O Luís estuda aqui.

3. O que aconteceu aos complementos determinativos?

De um modo geral, os complementos determinativos são modificadores (restritivos) do grupo nominal – O rapaz de calções está à minha frente. Podem igualmente, nos casos já referidos anteriormente, ser comple-mentos do nome – O pai da Marta.

4. O que aconteceu ao atributo?

O tradicional atributo é um modificador (restritivo) do grupo nominal – A saia azul é bonita.

5. O que aconteceu ao aposto?

O aposto é um modificador (apositivo) do grupo nominal – O Pedro, meu primo, chegou ontem.

Exemplos de identificação das funções sintáticas

1. A Maria foi para a escola de autocarro.

Tradiçao gramatical

Sujeito: A Maria

Predicado: foi para a escola de autocarro

Complemento circunstancial de lugar: para a escola

Complemento circunstancial de meio: de autocarro

Dicionário Terminológico

Sujeito: A Maria

Predicado: foi para a escola de autocarro

Complemento oblíquo: para a escola

Modificador (do grupo verbal): de autocarro

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42

Tradição gramatical

Sujeito: O Pedro

Predicado: está em Lisboa

Complemento circunstancial de lugar: em Lisboa

Dicionário Terminológico

Sujeito: O Pedro

Predicado: está em Lisboa

Predicativo do sujeito: em Lisboa.

2. O Pedro está em Lisboa.

Tradição gramatical

Sujeito: A Sofia

Predicado: adoeceu durante a noite

Complemento circunstancial de tempo: durante a noite

Dicionário Terminológico

Sujeito: A Sofia

Predicado: adoeceu durante a noite

Modificador (do grupo verbal): durante a noite

3. A Sofia adoeceu durante a noite.

Tradição gramatical

Sujeito: A Maria

Predicado: colocou o lenço azul na mala

Complemento direto: o lenço azul

Atributo: azul

Complemento circunstancial de lugar: na mala

Dicionário Terminológico

Sujeito: A Maria

Predicado: colocou o lenço azul na mala

Complemento direto: o lenço azul

Modificador (restritivo do nome): azul

Complemento oblíquo: na mala

4. A Maria colocou o lenço azul na mala.

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43

Relações entre palavras

O que mudou…

Família de palavras, campo lexical e campo semântico

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

• O conceito família de palavras surge associado à parteda gramática que se ocupa da «classe, estrutura e for-mação de palavras»1.

• São usados os termos campo lexical e campo semânti-co, mas existe alguma instabilidade na sua definição emgramáticas escolares.

• O conceito família de palavras surge no domínio daLexicologia, no subdomínio Léxico e vocabulário. O conceito não apresenta alterações.Entende-se por família de palavras o conjunto das pala-vras formadas por derivação ou composição a partir deum radical comum.

Exemplos: mar, maremoto, amarar, marinheiro, mari-nha, marinho, maré...

• Surge o novo domínio Semântica lexical: significação erelações semânticas entre as palavras.

• Estes termos são definidos no subdomínio Relaçõessemânticas entre palavras, em Estrutura lexical:

– campo lexical: conjunto de palavras que, pelo seu sig-nificado, fazem parte de um determinada realidade eque podem pertencer a diferentes classes.

Exemplos: âncora, vela, atracar, ré... fazem parte docampo lexical de navio.

– campo semântico: conjunto dos significados que umapalavra pode ter nos diferentes contextos em que seencontra.

Exemplos: campo semântico de peça – peça de auto-móvel, peça de teatro, peça de bronze, peça de carne,és uma boa peça, etc.

1 Vd. Celso Cunha e Lindley Cintra, Breve Gramática do Português Contemporâneo.

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44

Relações entre as palavras – Relações de hierarquia e relaçoes de parte-todo

O que há de novo…

No novo domínio Semântica lexical: significação e relações semânticas entre as palavras, o subdomínioRelações de semelhança/ oposição refere-se à sinonímia e antonímia, não havendo alterações no entendimentodestes conceitos.

Ainda neste domínio, mas em Relações de hierarquia, surgem como novos conceitos os termos hiperonímiae hiponímia.

O termo jogo, por exemplo, é uma designação genérica de certas atividades cuja natureza ou finalidade érecreativa – de diversão, entretenimento, brincadeira. Assim, a palavra «jogo» é hiperónimo de «xadrez», «gamão»,«damas»...

Um hiperónimo é, portanto, um termo mais genérico que abrange vários termos específicos que dependemdele semanticamente.

Exemplos: Talher é um hiperónimo de faca, garfo e colher.Escritor é hiperónimo de António Torrado, Cecília Meireles, José Saramago...

Um hipónimo, ao invés, é uma palavra de sentido mais restrito em relação a outra de sentido mais geral.

Exemplos: Morangos e bananas são hipónimos de fruta.Livro, revista, jornal são hipónimos de publicações.

Ainda no subdomínio Relações semânticas entre as palavras, em Relações parte-todo, surgem outros doisnovos conceitos: os de holonímia e de meronímia, referentes às relações semânticas entre palavras que repre-sentam o todo pela parte ou a parte relativamente ao todo.

Assim, um holónimo é uma palavra que se refere a um todo, refletindo uma relação de hierarquia semânticaem relação a outra, já que o seu significado refere o todo do qual a outra palavra (designada merónimo) é a parte.

Exemplos: Casa é holónimo de quarto, sala, cozinha.Avião é holónimo de cockpit.

Um merónimo é uma palavra que se refere uma parte, refletindo uma relação de hierarquia semântica emrelação a outra, já que o seu significado remete para a parte constituinte (designada holónimo).

Exemplos: Volante é merónimo de carro.Pétala é merónimo de flor.

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45

Sintaxe e Semântica

O que mudou e o que há de novo...

Tradição gramatical Dicionário Terminológico

• Tipos e formas de frase

– frase declarativa;

– frase exclamativa;

– frase imperativa;

– frase interrogativa.

• Forma afirmativa e negativa

• O dicionário terminológico refere a existência dos mes-mos tipos de frase. Os tipos de frase são estudados noâmbito da Sintaxe.

• Polaridade afirmativa e polaridade negativaA polaridade é estudada no âmbito da Semântica e doConteúdo proposicional.O termo polaridade refere-se ao valor afirmativo ounegativo de um enunciado.A negação e a afirmação não são propriedades ineren-tes à frase; são valores que podem afetar o predicado ouapenas um sintagma. A polaridade negativa pode ser expressa através doadvérbio de negação ou de outras palavras ou expres-sões com valor negativo, como não, nenhum, ninguém,nem, sem, nada.

Exemplo: A Tânia gosta de gelados.

A afirmação não exige a presença de nenhum operadorespecífico. Diz-se então que a frase tem polaridade afir-mativa.

Exemplo: Ela nunca comeu gelados.

Princípios reguladores da interação discursiva

O que há de novo...

Na sequência das abordagens propostas pela Análise de Discurso, da Pragmática e da Linguística Textual, osprincípios da cooperação, da cortesia e da pertinência surgem, juntamente com as máximas conversacionaise as formas de tratamento, como regras fundamentais que devem caracterizar a interação convencional.

O princípio da cooperação baseia-se em máximas que os interlocutores deverão respeitar. Alguns compor-tamentos práticos a ter em conta na interação verbal e de acordo com as máximas expostas são os seguintes1:

1 Inês Duarte, Língua Portuguesa – Instrumentos de Análise, Universidade Aberta, Lisboa, 2000, p. 357.

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46

a) o discurso produzido deve conter a informação necessária (Máxima de quantidade ):

• Tornar a contribuição tão informativa quanto requerido (para o propósito em causa);

• Não tornar contribuição mais informativa do que requerido (os enunciados repetitivos não respeitam estamáxima).

b) o discurso não deve afirmar o que o locutor crê ser falso, nem o que carece de provas (Máxima de qualidade):

• Tentar que a contribuição seja verdadeira;

• Não dizer o que crê ser falso;

• Não dizer aquilo de que não se tem provas.

c) o discurso deve ser pertinente ou relevante (Máxima de relação):

• Ser relevante.

d) o discurso deve ser claro, breve e ordenado (Máxima de modo ou de modalidade):

• Ser claro(a);

• Evitar a obscuridade da expressão;

• Evita ambiguidades;

• Ser breve (evitar falar/ escrever mais do que o necessário);

• Ser metódico(a).

O princípio da cortesia relaciona-se com o facto de usarmos diferentes estratégias para levar o nosso inter-locutor a comportar-se de certa maneira, respeitando normas de comportamento social e linguístico no desenro-lar da interação comunicativa. Algumas máximas a respeitar;

– evitar o silêncio ostensivo;

– não interromper o interlocutor;

– não manifestar falta de atenção;

– não proferir insultos, injúrias, acusações gratuitas, etc.

O princípio da pertinência (ou da relevância) explica como os interlocutores interpretam os enunciadosnum ato de comunicação: através do reconhecimento do universo de referência, pela partilha dos saberes impli-cados no ato de linguagem – saberes sobre o mundo, sobre valores psicológicos e sociais, sobre comportamentosetc., que conferem aos parceiros credibilidade. De acordo com este princípio, os atos de linguagem devem serapropriados ao seu contexto e à sua finalidade, contribuindo para o aspeto contratual da interação.

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47

Texto

O que há de novo e o que mudou...

Tipologias textuais

No plano literário, mantém-se a tripartição de géneros, com as alterações e as inovações resultantes da evo-lução histórica da própria literatura: o género lírico, o género épico ou narrativo e o género dramático. Cadaum compreende diversos subgéneros.

Mas a maioria dos textos é constituída por numerosas sequências, que podem incluir diferentes tipologiastextuais – num mesmo texto há sequências de diferentes tipos (por exemplo, num texto narrativo, é habitualhaver sequências de tipo descritivo e de tipo conversacional). Cada tipologia textual possui determinadas carac-terísticas.

Vejamos algumas das mais comuns:

Textos conversacionais

Caracterizam-se por ter funções lúdicas, de intercâmbio de ideias, de comentário de acon-tecimentos, de agradecimento.Exemplo: conversa, entrevista...

Textos narrativos

Relatam eventos ou cadeias de eventos; apresentam verbos que indicam ações e temposverbais como o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito. Têm abundância de advérbioscom valor temporal ou locativo.Exemplo: conto, romance, novela…

Textos argumentativos

Têm como funções persuadir, refutar, comprovar, debater uma causa, etc., estabelecendorelações entre factos, hipóteses, provas e refutações. Têm abundância de conectores dis-cursivos, que articulam com rigor as partes do texto. O tempo dominante é o presente.Exemplo: publicidade, debates…

Textos descritivos

Caracterizam espaços, objetos, pessoas. Predominam o verbo ser e outros verbos caracte-rizadores de propriedades e qualidades de seres e coisas. Os tempos verbais dominantessão o presente e o pretérito imperfeito. Têm abundância de adjetivos qualificativos e deadvérbios com valor locativo.Exemplo: descrição de paisagens, pessoas…

Textos expositivos

Apresentam a análise ou síntese de ideias, conceitos e teorias, com uma estrutura verbalem que predomina o verbo ser com um predicativo do sujeito nominal ou o verbo ter comcomplemento direto. Usam como tempo peculiar o presente.Exemplo: manuais escolares, relatos…

Textos instrucionais

Têm como função ensinar ou indicar como fazer algo, enumerando e caracterizando assucessivas operações. A estrutura verbal dominante é o imperativo.Exemplo: regras, instruções, avisos, comunicados…

O termo paratexto é introduzido pelo dicionário terminológico e relaciona-se com o facto de os textos (obrasliterárias, obras científicas, etc.) surgirem sempre acompanhados de outros elementos textuais, de extensãovariável, que enquadram o texto principal e que têm como função apresentá-lo, garantindo uma receção adequa-da. Esses elementos textuais ou textos secundários chamam-se paratextos.

Exemplos: nome do autor, do editor, da coleção, título e subtítulo, desenho da capa, dedicatória(s), prefácio eposfácios, epígrafes, notas marginais, de rodapé e finais, bibliografia, índices, informações fornecidas nas badanase na contracapa do livro, ilustrações, etc.

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48

Obras lexicográficas

O que há de novo...

Um novo domínio do dicionário terminológico é o da lexicografia, apresentada como a disciplina que seocupa da realização de dicionários, léxicos e terminologias, bem como da análise da sua estrutura e dos métodospara a sua elaboração. É no seu âmbito que são elencadas as obras lexicográficas.

Para além do termo dicionário, i.e., a obra que apresenta o conjunto de palavras de uma língua, geralmenteorganizadas por ordem alfabética e acompanhadas de informações, são especificados:

• Os tipos de dicionários (alguns exemplos):

Os dicionários podem ser:

– monolingues (listagem e significados das palavras de uma língua);

– bilingues (listagem e tradução das palavras de uma língua numa outra língua);

– de aprendizagem (para o ensino do vocabulário da língua geral ou das línguas especializadas, com umaforte componente didática baseada em descrições, exemplos, exercícios de língua e imagens);

– de sinónimos/antónimos.

• Outras obras lexicográficas:

– enciclopédia: lista estruturada de palavras ou expressões, nem sempre organizada por ordem alfabética,contendo informação geral sobre cada entrada, como por exemplo o estado da arte do conhecimento de umtema ou conceito.

– glossário: dicionário com palavras ou expressões pouco conhecidas ou raras e respetivos significados, outraduções;

– terminologia: lista organizada de termos de um determinado domínio (por exemplo, termos de informática,de medicina);

– thesaurus :1. dicionário alfabético que procura apresentar com exaustividade as palavras de uma língua; 2. conjunto de termos normalizados, organizados em função de uma classificação documental da informa-

ção.

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49

ÁUDIOS � TRANSCRIÇÕES DO MANUAL

FAIXA 1 � IntroduçãoP7 – Texto Editores

PONTO DE PARTIDA

FAIXA 2 Página 16

Meteorologia (excerto radiofónico)Espera­se a ocorrência de precipitação forte, ao longo de todo o dia de hoje, domingo, essencialmente

nas regiões norte e centro, portanto, com precipitação forte. Relativamente a vento, também se espera,nas regiões mais elevadas, mais montanhosas do território do continente, rajadas que poderão atingir os100 quilómetros hora; e também, no litoral, rajadas que poderão atingir 80 quilómetros por hora, isto nolitoral oeste. Prevê­se também agitação marítima forte, na costa ocidental, com ondas que poderão atingiros 5,5 metros, ondas de oeste.

Estas condições meteorológicas que afetam o continente e também a Madeira deverão continuar a per­sistir amanhã, segunda­feira, dia 16, embora, gradualmente, a partir do fim do dia de amanhã, se prevejaque as condições vão desanuviando, de certa forma; portanto, será uma situação que deverá persistirhoje, domingo e amanhã, segunda­feira.

NARRATIVA 1

FAIXA 2 Página 32

Leonor TelesD. Leonor Teles nasceu na região de Trás­os­Montes por volta de 1350 e foi rainha de Portugal entre

1372 e 1383.Muito jovem, casou com João Lourenço da Cunha, de quem teve um filho. No entanto, mais tarde, tornar­se­á rainha de Portugal ao casar com o monarca D. Fernando, após anu­

lação do seu primeiro matrimónio. Quando se tornou público o casamento de D. Fernando com D. Leonor,a oposição popular foi enérgica e veemente; em Lisboa rebentou uma revolução, que obrigou o monarca afugir para Santarém, mas que foi cruelmente castigada, sendo os chefes presos e condenados à morte. Umano depois do matrimónio, Leonor Teles dava à luz D. Beatriz, herdeira do trono português, que casariamais tarde com o rei D. João I de Castela.

Em 1382, muito doente desde o final da guerra com Castela, D. Fernando só viveu um ano mais.Segundo parece foi testemunha sentida e silenciosa dos amores entre Leonor Teles e o Conde de Andeiro,um fidalgo castelhano. Após a morte de D. Fernando, em 1383, Leonor Teles assumiu a regência e passou aviver com o Conde, que o povo acusava de ser seu amante já em vida do rei português.

Entretanto, Leonor Teles acedeu ao pedido do rei de Castela, seu genro, e mandou proceder à aclama­ção de D. Beatriz e do marido como rei de Portugal. Na sequência desta atitude, reacenderam­se os tumul­tos populares em várias cidades portuguesas. Estes movimentos eram apoiados por parte da nobreza e daburguesia, que se dividia entre os partidários de Leonor Teles­Conde Andeiro e os defensores do Mestrede Avis, futuro D. João I. Esta revolta resultou no assassínio do Conde Andeiro em 1383 e na fuga de

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50

Leonor Teles para Castela. Entretanto, o monarca castelhano já tinha avançado rumo a Lisboa, cercando acidade. Este cerco só foi levantado em 1384, quando o exército castelhano foi dizimado pela peste, o querepresentou uma vitória para a causa do Mestre de Avis.

Leonor Teles acabou por ser mandada internar no Mosteiro de Tordesilhas, pelo monarca espanhol.

FAIXA 4 Página 40

A uva salamanaEra uma vez um rei que tinha uma filha única, de grande beleza e em idade de se casar. O rei de um reino ao

lado tinha três filhos, todos rapazes novos, e apaixonaram�se os três por esta princesa. O pai da princesa disse:– Para mim sois os três iguais e não posso ter preferências por um ou por outro. Mas não queria que

nascessem desavenças entre vós. Por isso fazei assim: ide�vos em viagem pelo mundo, e àquele de vós quedaqui a seis meses voltar com o presente mais belo, escolhê­lo­ei para meu genro.

Os três irmãos partiram, e num ponto em que a estrada real se dividia em três caminhos diferentes,seguiram cada qual por seu caminho.

O irmão mais velho passou três meses, quatro, cinco e ainda não tinha encontrado uma coisa quemerecesse ser levada como presente. Uma manhã do sexto mês, estava numa cidade remota quando porbaixo da janela da estalagem ouviu uma voz:

– Tapetes! Tapetes finos! – Veio ver e o tapeceiro perguntou­lhe:– Quer comprar um belo tapete?Ele disse:– Era só tapetes que me faltavam! No meu palácio está tudo cheio de tapetes, até na cozinha.E o tapeceiro:– Mas um tapete com a virtude deste, de certeza que não o tem.– E qual será essa virtude?– É um tapete – disse o tapeceiro –, que quando pomos os pés em cima dele, faz cem milhas por dia.O príncipe fez estalar os dedos:– É mesmo o presente que me convém! Quanto quereis por ele, cavalheiro?– Cem escudos certos, nem um a mais nem um a menos – disse o tapeceiro.– Negócio fechado – disse o príncipe, e contou­lhe os cem escudos.Mal pôs os pés no tapete, o tapete voou sobre montes e vales e chegou à estalagem onde tinha combi­

nado encontrar­se com os irmãos ao fim dos seis meses. Os outros ainda não tinham chegado.O irmão do meio também tinha andado por toda a parte até aos últimos dias sem encontrar nenhum

presente que lhe agradasse. Até que a certa altura encontrou um mercador ambulante que gritava:– Óculos! Óculos perfeitos! Meu senhor, quer um óculo?– O que hei de fazer dele? – disse o príncipe. – Em minha casa está tudo cheio de óculos, e todos das

melhores fábricas.– Apostamos que óculos com as virtudes destes, nunca os viu? – disse o oculeiro.– Quais virtudes?– Estes óculos veem até cem milhas de distância, e não só ao ar livre, mas também através das paredes.Exclamou o príncipe:– Então é mesmo do que eu preciso! Quanto vos dou?– Cem escudos certos.– Aqui tendes os cem escudos, dai­me um. – E assim que recebeu o óculo, partiu de volta para a estala­

gem. Foi lá encontrar o irmão mais velho, e juntos ficaram à espera do mais novo dos três.

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O mais novo dos três até à véspera de expirarem os seis meses ainda não tinha encontrado o presentee já desesperava de achá­lo quando, já no caminho de volta, encontrou um vendedor de fruta, que gritava:

– Uva salamana! Quem quer? Comprai uvas salamanas!O príncipe, que nunca tinha ouvido falar de uvas salamanas porque no seu país não se davam, perguntou:– Como são essas uvas que vendeis?– Chamam­se salamanas – disse o vendedor de fruta. – São as uvas mais saborosas que existem, e estas

ainda por cima têm uma virtude especial.– E em que consiste essa virtude?– Metendo um bago na boca de uma pessoa em fim de vida, fá­la ficar logo de saúde.– Não pode ser! – fez o príncipe. – Então compro­as já. A quanto as vendeis?– Eh, vende­se aos bagos. Faço­lhe cem escudos certos cada bago, por ser para si.Trezentos escudos no bolso tinha o príncipe, e só pôde comprar três bagos de uva salamana. Meteu­os

numa caixinha bem conservados dentro de algodão em rama e foi ter com os irmãos.Quando se juntaram os três na estalagem, perguntaram uns aos outros o que tinham comprado.– Eu? Um tapetinho… – fez o mais velho.– Bem, eu um oculinho… – fez o do meio.– Um bocadinho de fruta e nada mais – disse o terceiro.– Sabe­se lá o que estará a acontecer em nossa casa! E no palácio da princesa? – disse um deles.E o do meio, assim como quem não quer a coisa, fazendo de conta que não era nada de especial, apon­

tou o óculo para a capital do reino deles. Estava tudo como de costume. A seguir apontou o óculo para oreino do lado, onde ficava o palácio da sua apaixonada, e deu um grito.

– O que há? – disseram os irmãos.– Sabeis o que estou a ver? – disse o irmão. – No palácio da nossa apaixonada há um vaivém de carrua­

gens, de gente a chorar e a arrancar os cabelos. E lá dentro… Lá dentro vejo um médico e um padre deestola, a cabeceira de uma cama, sim, a cama da princesa, deitada e pálida como uma morta. Depressa,meus irmãos, corramos, se quisermos chegar ainda a tempo… Está a morrer!

– O que fazemos? São mais de cinquenta milhas!– Não vos aflijais – disse o irmão mais velho –, que vamos chegar a tempo. Depressa, vinde todos para

o meu tapete.E o tapete voou até ao quarto da princesa, entrou pela janela e foi pousar­se aos pés da cama como um

capacho qualquer, com os três irmãos em cima.O irmão mais novo já tinha tirado do algodão em rama os três bagos de uva salamana, e meteu um nos

pálidos lábios da princesa. Ela engoliu e imediatamente abriu os olhos, e logo o príncipe lhe meteu outrobago entre os lábios, que de repente ganharam cor. Fê­la engolir também o terceiro bago, e ela respirou elevantou os braços: estava curada. Levantou­se da cama e pediu às criadas que lhe trouxessem as suasroupas mais belas para se vestir.

No meio da alegria geral, disse o irmão mais novo:– Então a vitória é minha e a princesa é a minha noiva. Sem a uva salamana, a esta hora já estava morta.– Não, meu irmão – protestou o do meio –, se eu não tivesse o óculo e não vos dissesse que a princesa

estava em fim de vida, os teus bagos de uva não serviriam de nada. Por isso, com a princesa caso­me eu.– Tenho muita pena, meu irmão – interrompeu­o o mais velho. – A princesa é minha e ninguém pode

tirar­ma. As vossas razões não valem nada comparadas com o meu tapete, porque para chegarmos cá atempo, só o meu tapete podia servir, e não o vosso óculo ou a vossa uva salamana.

Assim, a disputa que o rei queria evitar rebentou mais áspera que antes, e o rei para acabar com eladecidiu casar a filha com um quarto pretendente, que viera de mãos a abanar.

Italo Calvino, Fábulas e Contos, vol II, Lisboa, Editorial Teorema, 2000

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FAIXA 5 Página 70

Conto do rato e da doninhaEra uma vez, ó rei, uma mulher cujo ofício era o de descascar sésamo. Ora, certo dia, trouxeram­lhe

uma medida de sésamo da melhor qualidade, e disseram­lhe: «O médico receitou a um doente uma dietaexclusiva de sésamo. Aqui to trazemos, para tu o limpares e descascares.» A mulher pegou nele, pôs­se aotrabalho e, no fim do dia, tinha­o limpo e descascado. Dava gosto ver aquele sésamo branco, descascado eapetitoso.

Por isso, uma doninha que andava perto sentiu tão forte tentação que, ao anoitecer, deu­se ao trabalhode o transportar todo da bandeja para o seu buraquinho. E tão bem o fez que, de manhã, a quantidade desésamo existente na bandeja era mínima.

Escondida no seu buraco, pôde então a doninha apreciar a surpresa e a fúria da mulher, ao ver a ban­deja quase vazia. E ouviu­a a gritar: «Ah! Se eu apanhasse o ladrão! Só podem ser os malditos dos ratosque me infestam a casa, desde que o gato morreu. Se apanho algum, há de pagar a malvadez dos outrostodos.»

Ao ouvir tais palavras, disse a doninha para os seus botões: «Faz­se mister que, para me ver absoluta­mente livre dos ressentimentos da mulher, eu confirme as suspeitas dela contra o rato. Porque ela é bemcapaz de me partir a espinha.»

E foi ter com o rato e disse­lhe: «Ó rato, todo o vizinho é amigo do seu vizinho! Nada mais repugnanteque um vizinho egoísta, que é pouco delicado para com os que moram ao seu lado, que, nas ocasiões festi­vas, lhe não manda algumas das iguarias que as donas de casa cozinharam ou os doces e pastéis prepara­dos para as festanças!»

E o rato respondeu: «Não tenhas dúvida, minha amiga! Quanto eu me felicito pela tua vizinhança epelas tuas boas intenções, muito embora tenha vindo para esta casa há poucos dias! Oxalá todas as vizi­nhas sejam boas e tão afáveis como tu! Que novas me trazes afinal?»

Respondeu a doninha: «A dona da casa recebeu um presente de sésamo fresco e apetitoso. Ela e osfilhos têm­no comido e só deixaram um punhado ou dois. Venho avisar­te, porque prefiro que, em vez dosglutões dos filhos, sejas tu a comer aqueles sobejos.»

Ficou o rato muito contente com esta notícia e começou logo a dar pulos e a dar ao rabo. Em vez derefletir e reparar no semblante hipócrita da doninha, em vez de dar atenção à mulher que, silenciosa, oespreitava, sem sequer pôr a questão do motivo que levava a doninha a tamanha generosidade, correupressuroso para o meio da bandeja onde o sésamo luzidio e descascado brilhava.

Esfomeado como estava, atafulhou a boca. Mas, naquele momento, a mulher saiu de trás da porta e,com um pau, partiu a cabeça ao rato.

Foi assim que, pela sua imprudente confiança, o rato pagou com a vida o mal feito por outrem.A tais palavras, disse o rei Schahriar: «Ó Xerazade, que lição de prudência não nos dá este conto! Se eu

o tivesse conhecido antes, não teria confiado ilimitadamente na minha esposa, a desavergonhada quematei com as minhas próprias mãos, nem nos pérfidos eunucos negros que a ajudaram a trair­me!… Masnão terás porventura uma história sobre a amizade fiel, que possas agora contar­me?»

As Mil e Uma Noites, tradução de Manuel João Gomes,

Lisboa, Temas e Debates, 2000

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FAIXA 6 Página 75

Anúncio radiofónico Era uma vez uma formiguinha que trabalhava, trabalhava, enquanto a cigarra cantava, cantava.Quando o inverno chegou, a formiguinha comia, comia; e a cigarra cantava, cantava. Quando a formi­

guinha já estava bem gordinha, a cigarra comeu a formiguinha.Seguro + Vida da Generali. Para garantir o futuro, não basta poupar. É preciso um seguro de leão que

lhe dá mais coberturas, mais flexibilidade.Generali + Vida. Quando o inesperado bate à porta…Generali. Na companhia do leão.

NARRATIVA 2

FAIXA 7 Página 108

A fonte da paciênciaQuando o carro entrou na ladeira que leva à praia, a algazarra deles cessou. Silêncio de gato a farejar

rato. Mas ali o rato era a expetativa dos quinze dias de férias que tinham à frente. O automóvel desciadevagar, engatado em segunda, à direita o mar do portinho ali em baixo no abismo talhado a pique, àesquerda a mata espessa da Arrábida. Cheiro a maresia e resinas perfumadas do arvoredo. Estacionam nolargo à sombra das palmeiras. Um de setembro, nove da manhã, ainda não havia chegado a força dosnovos veraneantes e os de agosto já tinham partido. O arrumador, barba e cabelos brancos, pele tisnadado sal e do sol, calções curtos, pés descalços, apita a indicar o lugar, bonezinho de pala preta, camisa axa­drezada, um velho lobo­do­mar.

Abrem­se as portas e a vozearia. Já vinham em fato de banho desde Lisboa. Os rapazes correm logo atéà beira do cais a ver a água. Ondinhas mansas, chape­chape no casco dos barcos de recreio e de pesca, flo­resta de mastros, cores berrantes a refletirem­se na ondulação.

«Vá!» diz a mãe. «Cada um com as suas coisas».A tralha é muita, a do costume quando se vai viver quase como Robinson Crusoe numa barraca de

madeira a meio do monte. O que vale é que eles são seis. Uma escadinha, como na fotografia: a Né, a Bibi,a Náná, o Nando, o Tuta e a Filó, por ordem de idades. Mais os pais.

E a aventura principia. Para encontrar a barraca, que lhes fora emprestada por um amigo, só têm umpapel com um desenho tosco, que o pai, ajoujado com uma mala ao ombro e uma data de objetos debaixodo braço, segura na mão livre:

«Por aqui».Deixam o cais, a sombra, as mesinhas cheias de conchas raras, recordações de, seguem por detrás dos

restaurantes que sobre estacaria estendem as esplanadas pelo mar, e metem por uma senda de terra bati­da entre a água e uma série de casinhas baixas de aluguer, sobe­lhes por ali arriba a montanha coberta deárvores e arbustos. No meio das alfarrobeiras, zimbros e carvalhos, aqui e ali pequenas barracas de madei­ra que ostentam gradeamentos de ripas com pretensões a balaústres de palacete.

Parar, consultar o mapa do tesouro, olhar ao alto. Há ali à esquerda um trilho estreito com vagosdegraus cavados na terra dura entre murta e aderno…

«Deve ser por aqui.»A subida é custosa, às curvas no túnel de zambujeiros e folhados. Um patamar! Ufa! Uma abertura des­

venda­lhes o primeiro deslumbramento: o areal em baixo, toldos alinhados, areias limpas, as ondinhas a

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marulhar­lhes espuma pela borda fora até lá ao fundo, além a pedra da Anicha, muito ao longe a linha dacosta a esfumar­se num traço de anil… nas narinas o respiro forte das algas e da serra… Os tagarelas nemfalam…

Um esforço mais e de repente a barraquinha aparece na clareira a meio da encosta, assentada em qua­tro grossos barrotes no terrado abobadado de pinheiros mansos que se vergam e abrem como janela góti­ca virada ao mar. Pousar de malas e embrulhos, correrias, desaparecer no bosque, gritaria:

«Aqui! Aqui!»A mãe e o pai que arrumem, claro!Três corpos: um central, que servia de cozinha, sala de jantar e sala de estar; os laterais cada um com

dois beliches e uma cama. Cá fora, uma tábua comprida faz de mesa servida por dois bancos corridos.Todos sonham com saborear ao ar livre a sardinhada com pimentos assados, jantar à noitinha ao luar

sob o miosótis das estrelas, porque lá dentro na cozinha mal cabem à volta da mesinha redonda. Não faltanada? pergunta a mãe. Botija de gás para fogão, candeeiro de petromax, abastecimento para esse dia… Semeletricidade não há frigorífico e é preciso ir quase todos os dias de carro ao mercado de Setúbal… Não, nãofalta nada. Televisão, viste­la. Mas perdoa­se algum desconforto pelo bem que sabe aquela vida primitiva.

«Mãe, quero ir ao quarto de banho!» grita a mais pequena.Que problema! Como é que os outros, os donos da barraca o tinham resolvido? Mas a malta mais cres­

cida já batera o campo e achara a secreta: um assento de madeira com tejadilho sobre uma fossa cavadana terra, tudo muito bem escondidinho lá para trás da mata entre a folhagem dos aroeiros e o mosquedo.Mais tarde comprou­se cal viva para combater aquela pestilência.

«Aprendamos», sentencia o pai, «que a idade das cavernas está mais próxima de nós do que pensa­mos.»

Passam a tarde na praia, no mar, estirados ao sol na areia. À tardinha regressam. A noite caía. Lá dentrovoejava uma borboleta em redor do candeeiro.

«É uma bruxa que te vem comer, Filó!»«Ó mãe, olhe a Náná!»Ao jantar, cá fora, são convidados os moscardos e as vespas. Os miúdos dão­se sapatadas uns aos

outros a pretexto e riem perdidos.«Preciso de água para lavar os pratos» diz a mãe depois da ceia. «Esqueceu encher o bidão de plástico…»«Eu vou por ela» levanta­se o pai.Eu também, eu também, eu também…«Se pensam que eu fico aqui sozinha, estão muito enganados», desaperta a senhora o avental.Acabam por descer todos. No bar de um restaurante, enquanto se bebe o café, refrescos, gelados, per­

guntam onde poderão encher o depósito de água.«Há uma bica aí atrás, a fonte da paciência…»«Da paciência?»Riu­se o empregado com um sorriso sorna:«Lá verão porquê» e indica­lhes o caminho.Atravessam o parque de estacionamento mal iluminado e metem pela escuridão de uma vereda por

trás das casas. O luar coava pela ramaria alta dos medronheiros e uma réstia de luz alumiava a fonte. Umabica encravada na rocha pingava lenta para a pia de pedra… ping… ping… ping… Colocam o bidão a jeito eo pingo de água soa diferente no fundo vazio… plac… plac… plac…

«Por este andar nunca mais daqui saímos» diz a Né.«Ó pai, conte uma história» pede oTuta.… plec… plec… plec…«Já sei porque se chama fonte da paciência» atira o Nando.

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Ouve­se lá no fundo uma coruja piar.«E se vem aí o Medo?» diz a Náná tentando amedrontar os irmãos.«Deixa­o comigo, que eu lhe digo» afirma decidida a Bibi.… plic… plic… plic…«Por cada gota uma história» quer a Filó.«Não dá tempo, apesar de lentas.»«Por cada noite que a gente venha à água…»«As quinze e uma noites!» exclama a Bibi satisfeita com a descoberta.«Para fonte da paciência só uma história de tartarugas» sai­se a Né.«Conhecem a história daquela tartaruga que venceu na corrida Aquiles o homem mais rápido do mundo?»«Conte, conte!»… plof… plic… plec… plof… plic… plec… plof…«Era uma vez…»

Fernando Campos, in Memórias da Infância. Boletim Cultural

da Fundação Calouste Gulbenkian, VIII série n.O 1, dezembro de 1994

FAIXA 8 Página 120

Limpar PortugalA ideia surgiu há três anos durante uma conversa telefónica entre dois amigos, queriam ver as florestas

da Estónia sem lixo. Um ano depois, mais de 50 000 pessoas limparam 10 000 pequenas lixeiras, um traba­lho que custaria ao Estado 22 milhões de euros. A iniciativa ultrapassou depois as fronteiras, e o ano pas­sado os cidadãos da Letónia e da Lituânia puseram também as mãos ao trabalho.

Agora, chegou a vez de Portugal. Nos últimos meses, foram já limpos cerca de 200 locais em experiên­cias piloto. Um desses locais foi Arouca, no distrito de Aveiro; a repórter Rute Fonseca visitou um local queno início do mês foi limpo por 25 voluntários.

Há duas semanas, o som era bem diferente. Não era possível caminhar sobre as folhas secas sem trope­çar em colchões, pedaços de tijolos, baldes de tinta vazios, sacos de roupa e calçado velho ou até numaarca frigorífica. A floresta na freguesia de Santa Eulália, no concelho de Arouca, onde se realizou uma dasexperiências piloto do projeto Limpar Portugal, escondia uma lixeira com cerca de 60 metros quadrados.Jorge Amorim, um dos organizadores, diz que as expetativas foram superadas.

«Detetámos muito mais lixo, neste caso foi mais do dobro daquilo que tinha inicialmente sido previsto;digamos que, numa limpeza onde tinha sido ponderado que uma pick‐up fizesse o serviço de carga e des­carga duas vezes, foram sete cargas e descargas.»

Foram ainda retirados 80 kg de metal, dezenas de medicamentos fora do prazo de validade, mas sobre­tudo restos de construção civil.

«Latas de tinta com… os baldes usados para fazer massas, sacos de cimento­cola, mas não só, mas tam­bém havia lixo doméstico, havia colchões, havia muitas garrafas, apanhámos oito sacos de garrafas de vidro.»

Para este sábado, só no concelho de Arouca, estão sinalizadas 95 lixeiras que irão ser limpas por 300adultos e 200 jovens. Já estão preparados mais de 2000 sacos com capacidade para 250 litros e quase 700kg de cordas. Toda a ajuda é bem­vinda.

«As pessoas devem voluntariar­se e trabalhar, e de facto não ficar em casa. O comodismo do sofápodem ficar os outros 51 sábados do ano. Neste aqui vamos sair do comodismo e dar um bocadinho denós à sociedade.»

Fórum TSF

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O tombo da LuaUma ocasião, quando desapareceu a Lua, eu estava lá e sei contar tudo. Não me lembro da idade que

então tinha e já na altura me não lembrava. Certo é que a noite estava muito quente e repassada de azul,assim de tinta – sói dizer­se – e a Lua tinha­se quieta, redonda e branca, brilhante como lhe competia.Provavelmente, o Zé Metade cantava o fado, postado à soleira da porta, enquanto acabava um saquitel detremoços. O Zé Metade é assim chamado desde que lhe aconteceu aquela infelicidade: quis separar oManecas Canteiro do Mota Cavaleiro quando eles se envolveram à facada na Esquina dos Eléctricos, porcausa de uma questão, segundo uns política, segundo outros de saias. Ambos usavam grandes navalhassevilhanas e o Zé caiu­lhes mesmo a meio dos volteios. Ali ficou cortado em dois, sem conserto, busto paraum lado, o resto para outro. Daí para diante ficou conhecido por Zé Metade, arrasta­se num caixote demadeira com rodinhas e deu­lhe para cantar todas as noites um fado melancólico e muito sentido: Ai aprofunda desgraça/ Em que me viste ó’nha mãiiii…

Pois foi nessa altura, com tudo assim quieto e a fazer olho para dormir, que o Andrade da Mula se chegouà janela e disse: «lá a calari…» e depois remirou em volta a ver se alguém lhe ligava, o que não aconteceu.

Após, olhou para o céu e bocejou um destes bocejos do tamanho duma casa, escancarando muito abocarra que era considerada uma das mais competitivas da zona oriental. E então aconteceu aquilo daLua.

Deslocou­se um bocadinho, assim como quem se desequilibrou, entrou a descer devagar, ressaltounuma ponta de nuvem que por ali pairava feita parva, e foi enfiar­se inteirinha na boca do Andrade que sófez «gulp» e esbugalhou os olhos muito. No sítio da Lua, lá no astro, ficou um vinco esbranquiçado comodobra em papel de seda que logo se apagou e o céu tornou­se bem liso e escorreito. O Beco ficou umtudo­nada mais escuro e um gato passou a correr, pardo, da cor dos outros.

Diz o Zé Metade, no fim duma estrofe:– Ina cum caraças!Vai o Andrade lá de cima e atira o maior arroto que jamais se ouviu naquele Beco.Era o Zé Metade a berrar para dentro: «’nha mãe, venha cá, senhora, co Andrade engoliu a Lua!» e o

Andrade a olhar para nós, limpando a boca com as costas da mão, um ar azamboado.Seguiu­se o alvoroço costumeiro sempre que havia novidade. Ia um corrupio de pessoal na rua a falar

alto e um ror de gente em casa do Andrade que estava sentado numa cadeira, pernas muito afastadas,pedindo muita água e queixando­se de que sentia a barriga um bocado pesada.

– Ele não teve culpa, tadinho, que ela é que se lhe veio enfiar pela boca dentro – comentava a mulherdo Andrade, torcendo a ponta do avental.

– Mas se foi ele que a desafiou… – gritava a mãe do Zé dando punhadas de uma mão na palma daoutra. – Pôr­se ali na janela aos bocejos, olha a farronca! Agora vem esta a querer baralhar género huma­no com Manuel Germano. O meu Zé viu tudo, óvistes?

Não tardou, estava o presidente da Junta, muito hirto, no seu casaco de pijama com flores.– Isto o meu amigo o que fazia melhor era regurgitar a Lua, ou o Beco ainda fica malvisto – observou

com gravidade e voz de papo.E o Andrade, moita, ali embasbacado, com os olhos no vago.Deram­lhe azeite para o homem vomitar, mas nada. Limitou­se a produzir uns sons equívocos e a esbo­

çar um ar de enjoada repugnância.– O pior é que se ela sai pelo outro lado nos parte a sanita nova – abespinhava­se a filha do Andrade,

toda de mão na anca. – Que coisa mais escanifobética…

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– É levarem­no já para o hospital – gritava o Zé Metade da rua, ansioso por se ver acompanhado na suadesgraça de vítima do escalpelo cirúrgico.

Mas o presidente da Junta considerou: Então e depois a Lua onde é que a punham? Quem lhes garantiaque ela voltava ao sítio? E se os médicos quisessem ficar com ela lá no hospital e a prantassem dentro dumfrasco com álcool? Que é que aquela gente ganhava com isso? Hã? E em faltando a Lua, quais eram osinconvenientes? Hã?

– Acabam­se as marés – disse o Paulinho Marujo.– Coisa de pouca monta – afirmou uma mulher. – As marés nunca deram de comer a ninguém. E quan­

to à luz, depois da eletricidade…– Então como é que o amigo se sente? – perguntava o presidente ao Andrade.– Menos mal, muito obrigado. Vai um pedacinho melhor…– Então ficamos antes assim – recomendou o presidente. – Vossemecê agora toma um bicarbonatozi­

nho, um leitinho, e ala para a cama que amanhã é dia de trabalho. E vocês todos, andor, para casa, emordem, e não se pensa mais em tal semelhante!

E assim foram fazendo, aos poucos e poucos.No dia seguinte, a Humanidade toda estranhou muito o desaparecimento da Lua e deu­se a grandes

especulações.Era com algum orgulho que a população do Beco via passar o Andrade. Sempre gaiteiro, apenas um

pouco mais gordo.Mário de Carvalho, Casos do Beco das Sardinheiras,

Lisboa, Editorial Caminho, 2004

FAIXA 10 Página 164

Lágrima de pretaEncontrei uma preta que estava a chorar, pedi­lhe uma lágrima para a analisar.

Recolhi a lágrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado.

Olhei­a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente.

Mandei vir os ácidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais.

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Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu­me o que é costume:

nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio.

António Gedeão, in Obra Completa

FAIXA 11 Página 166

Informação de trânsito radiofónica – TSFNesta altura, na zona de Lisboa, trânsito pouco intenso na A2 para a ponte 25 de Abril, no IC19, zona de

Queluz de Baixo, em Pina Manique para a Segunda Circular, também pouco intenso na Segunda Circularnos dois sentidos e na A5, na zona do Estádio Nacional.

Está condicionado o trânsito na A1, no sentido Lisboa­Porto, por causa de um acidente na zona deVialonga, e em Lisboa, na cidade, trânsito condicionado na Avenida de Berlim, Avenida Infante DomHenrique e Avenida do Índico devido a obras.

No Porto, trânsito para já pouco intenso nos principais acessos ao centro da cidade.

POESIA

FAIXA 12 Página 177

Azul Arazul mais azul que todo o azul do marazul mais azul que todo o azul do mundoque azul tão azul tinhaali o azul do céupara onde azulou o passarinho meu

Alexandre O’ Neill, Anos 70, poemas dispersos, Assírio & Alvim

FAIXA 13 Página 180

ArianeAriane é um navio.Tem mastros, velas e bandeira à proa,E chegou num dia branco, frio,A este rio Tejo de Lisboa.Carregado de Sonho, fundeouDentro da claridade destas grades...

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Cisne de todos, que se foi, voltouSó para os olhos de quem tem saudades...Foram duas fragatas ver quem eraUm tal milagre assim: era um navioQue se balança ali à minha esperaEntre gaivotas que se dão no rio.Mas eu é que não pude ainda por meus passosSair desta prisão em corpo inteiro,E levantar a âncora, e cair nos braçosDe Ariane, o veleiro.

Miguel Torga, Poesia completa, Lisboa, D. Quixote, 2000, p. 119

FAIXA 14 Página 181

Pelo sonho é que vamosPelo Sonho é que vamos, comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? Haja ou não haja frutos, pelo Sonho é que vamos. Basta a fé no que temos. Basta a esperança naquilo que talvez não teremos. Basta que a alma dêmos, com a mesma alegria, ao que desconhecemos e ao que é do dia­a­dia. Chegamos? Não chegamos? – Partimos. Vamos. Somos.

In Pelo Sonho É que Vamos

FAIXA 15 Página 184

História Trágico‐MarítimaEra a segunda vez que se fazia ao mar. Era a segunda vez que uma traineira o recolhia a dois quilóme­

tros da costa. O cisne é um palmípede que vive na água doce. Vem nos livros. Por que havia um cisne de sefazer ao mar? O seu lugar era a água doce. Um lago qualquer, com meninos de calção e mamãs a dizerem:– Olha um cisne! Era a segunda vez que se fazia ao mar… O guarda do parque foi ameaçado de despedi­mento. Caso a sua fuga se concretizasse, constituiria um lamentável precedente… Era a segunda vez quese fazia ao mar. Era a segunda vez que uma traineira o recolhia a dois quilómetros da costa.

Jorge de Sousa Braga, O Poeta Nu, Assírio & Alvim

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FAIXA 16 Página 184

FormigasAs formigas que vão e vêm pelo caminho por debaixo da erva com as suas imensas cargas solitárias a sua vontade construtora a sua disciplina cega

não se perguntam para que nasceram qual é o objetivo dos seus trabalhos a justificação da sua fadiga

são livres porque não têm ou carecem de ambições individuais e pouco lhes importa o peso do tempo

sabem que estão aqui porque sempre houve formigas e devem continuar o seu caminho contra o veneno e contra as pisadelas com o único objetivo de que este mundo não se torne outro lugar deserto e sem formigas

José Emilio Pacheco, trad. Jorge Sousa Braga,

Animal Animal – um bestiário poético, Assírio e Alvim

FAIXA 17 Página 187

Formiga Bossa NovaMinuciosa formiganão tem que se lhe diga:leva a sua palhinhaasinha, asinha.Assim devera eu sere não esta cigarraque se põe a cantare me deita a perder.Assim devera eu ser:de patinhas no chão,formiguinha ao trabalhoe ao tostão.Assim devera eu serse não foranão querer.(– Obrigado, formiga!Mas a palha não cabeonde você sabe…)

Alexandre O’Neill, Feira Cabisbaixa,

Livraria Sá da Costa

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Xácara das 10 meninas

Era hua vez dez meninasde hua aldeya muito probe.Deu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão nove.

Era hua vez nove meninasque só comeam biscoito.Deu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão oito.

Era hua vez oito meninasem terras de dom EspàgueteDeu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão sete.

Era hua vez sete meninaslindas como outras não veis.Deu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão seis.Era hua vez seis meninasem landas de Charles Quinto.Deu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão cinco.

Era hua vez cinco meninasem um trianglo equilatro.Deu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão quatro.

Era hua vez quatro meninasqu’avondavam só ao mês.Deu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão três.Era hua vez três meninasem o paço de dom Fuas.Deu o tranglomanglo nelasnão ficaram senão duas.

Era hua vez duas meninasante hu home todo espuma.Deu o tranglomanglo nelastransformaram­se em só hua.

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Era hua vez hua meninaterrada em coval muy fundo.Deu o tranglomanglo nelavoltaram as dez ao mundo.

Mário Cesariny, Uma Grande Razão

– Os Poemas Maiores, Assírio & Alvim

FAIXA 19 Página 193

Porquinho‐da‐índiaQuando eu tinha seis anosGanhei um porquinho­da­índia.Que dor de coração eu tinhaPorque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!Levava ele pra salaPra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,Ele não se importava:Queria era estar debaixo do fogão.Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…– O meu porquinho­da­índia foi a minha primeira namorada.

Manuel Bandeira, Antologia, Relógio d’Água

FAIXA 20 Página 206

«Sexto‐andar», ClãUma canção passou no rádioE quando o seu sentidoSe parecia apagarNos ponteiros do relógioEncontrou num sexto andarAlguém que julgouQue era para siEm particularQue a canção estava a falar

E quando a canção morreuNa frágil onda do arNinguém soube que ela deuO que ninguémEstava lá para dar

Um sopro um calafrioRaio de sol num refrãoUm nexo enchendo o vazioTudo isso veioNuma simples canção

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TEATRO

FAIXA 21 Página 216

Leandro, Rei de Helíria – cena XRei Leandro, Bobo, Felizardo, Simplício, Reginaldo, Violeta, Hortênsia, Amarílis, Conselheiro(Sala do banquete. Todos sentados à mesa. No lugar de honra da mesa, o rei, que se levanta para fazer

um discurso)Rei Tive um sonho esta noite…Bobo Eu sabia… Ficou com aquela encasquetada na cabeça, que hei de eu fazer…Rei Um sonho estranho, muito estranho…Príncipe Felizardo Ora, ora, sonhos são tretas. Eu cá nunca sonho.Rei (zangado) Que ninguém me interrompa quando eu estiver a falar dos meus sonhos!Príncipe Felizardo Pronto, pronto, já cá não está quem falou…Rei No meu sonho faziam­se terríveis premonições…(Nesta altura Violeta levanta‐se da mesa, e fica de pé, muito séria, a olhar para o rei durante todo o seu

discurso)Príncipe Felizardo (para Simplício) Pré… quê? (Simplício encolhe os ombros)Rei … vi o meu manto levado pelo vento, a minha coroa arrastada pela fúria das águas…Príncipe Felizardo Que vendaval, caramba!Rei … o meu cetro arrancado por forças invisíveis…Príncipe Felizardo Fantasmas é que não! Com isso é que eu não brinco!Príncipe Simplício Tiraste­me as palavras da boca!Rei … durante o dia de hoje não consegui pensar noutra coisa… Eu sabia que este sonho queria dizer ­

­me qualquer coisa. Os sonhos são recados que os deuses nos mandam, e os deuses estavam decerto aquerer dizer­me alguma coisa muito importante.

Príncipe Felizardo Esta agora! E eu a pensar que a gente tinha sonhos destes quando comia de mais aojantar, e se esquecia de tomar bicarbonato de sódio…

Rei … Foi então que percebi. Foi então que tudo se fez claro no meu espírito: os deuses querem que eudeixe de reinar.

Violeta (dá um grito e cai de joelhos diante do pai) Não pode ser… esse sonho, meu pai… esse sonho…Não pode ser…

Bobo (dando um salto e ficando diante do rei) Senhor, uma história dessas nem eu seria capaz de inven­tar!

Rei Não é história inventada, meu pobre tonto… É um aviso dos deuses, e os deuses devem…Bobo … estar loucos!Rei Cala­te, que não se pode ofender os deuses! Os deuses devem saber melhor do que nós o que tem

de ser feito.Hortênsia Mas afinal que querem os deuses que façais, meu pai?Rei Que entregue as rédeas do meu reino a quem melhor do que eu o puder agora governar. Os deuses

devem pensar que estou velho de mais. E têm razão… Há manhãs em que já me custa levantar cedo – eum rei tem de estar a velar pelos seus súbditos desde o nascer ao pôr­do­sol…

Príncipe Felizardo Ena, que exagero!…Rei Há momentos do dia em que me apetece deixar tudo, manto, coroa, cetro, conselheiro, e ir por aí

como qualquer vulgar habitante do meu reino, e sentir o sabor a sal da espuma das ondas, e o cheiro a

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maçãs e a folhas secas que traz o Outono, e pisar a areia da praia, e adormecer ao sol como os lagartos… Sim,os deuses devem ter razão. Já trabalhei tempo suficiente. Durante anos e anos lutei por este reino, aumentei ­­lhe a riqueza, alarguei­lhe as fronteiras, sempre a pensar no futuro das minhas filhas. Por elas trabalhei estesanos todos. Por elas suportei noites de insónias a resolver problemas. Elas foram sempre a minha única razãode viver. Por isso acho que mereço descansar, e gozar em paz os anos de vida que me restam.

Amarílis E que todos esperamos que ainda sejam muitos!Príncipe Felizardo Muitos e bons, e a gente a ver! Cá vai à vossa.(Bebe)Príncipe Simplício (fazendo o mesmo) Tiraste­me as palavras da boca!Rei Foi então que, depois de pensar muito e de me aconselhar com quem mais sabe (o conselheiro sorri

e baixa a cabeça a fingir de envergonhado), decidi tomar uma decisão histórica…Bobo (aparte) Aconselhou­se com aquele cretino, vai sair asneira pela certa…Rei Tivesse eu um filho varão, e não haveria problema; segundo as nossas leis, dele seria este reino, e

do filho que ele um dia tivesse.Mas os deuses, em vez de um filho varão deram­me três filhas (pausa), três filhas que são o meu maior

tesouro, e a quem quero com todas as forças do meu coração. Escolher uma delas para me suceder nachefia do reino é coisa que não consigo fazer. Todas têm sido para mim filhas dedicadas e extremosas…

Príncipe Felizardo (para Simplício): Filhas quê?(Simplício encolhe os ombros)Rei … todas têm mostrado serem dignas do meu amor, todas seriam dignas de me suceder.Príncipe Felizardo (dando uma cotovelada a Simplício) Ó sócio, não me digas que ainda vamos ser reis

disto?!Rei … Decidi então, depois de ouvir o meu conselheiro…Bobo (aparte) Mas por que não me ouviu ele antes a mim?!Rei … que o amor tem de ser recompensado: darei o meu reino à filha que demonstrar ter mais amor

por mim.Hortênsia e Amarílis (levantam‐se ao mesmo tempo e dizem em coro)Sou eu quem mais vos ama, senhor! (Olham uma para a outra, e voltam a sentar‐se)Rei Com calma, vamos com calma e sem precipitações!Príncipe Felizardo A isto chamo eu organização, sim senhor!Príncipe Simplício Tiraste­me as palavras da boca.Rei Vinde até aqui, Amarílis, minha filha primogénita…Príncipe Felizardo (para Simplício) Primo… quê?(Simplício encolhe os ombros)Rei … e dizei­me de vosso amor por mim!Amarílis (ajoelha diante do rei) Meu senhor, o meu coração é pequeno de mais para conter todo o

amor que vos tenho. Quero­vos muito mais do que ao Sol que me alumia, muito mais que à luz dos meuspróprios olhos, muito mais que ao marido que vou desposar…

Príncipe Felizardo (para Simplício) Aquilo é comigo, ó sócio?(Simplício diz que não com a cabeça, o outro fica mais sossegado)Rei Vinde até aqui, Hortênsia, minha filha do meio, e dizei­me de vosso amor.Hortênsia Senhor, as palavras são poucas para vos falar de tão grande amor. Seria necessário inventar

palavras novas para com rigor eu poder definir o que o meu coração sente por vós. Pedi­me que morra porvós, e eu alegremente o farei, pedi­me que vos dê meus olhos, meus braços, fígado ou coração, e tudo vosdarei. O meu amor por vós não tem fim, é maior que a imensidão das águas e dos céus. Quero­vos mais doque a mim própria, muito mais do que ao ar que respiro, mais do que ao sangue que corre nas minhas veias.

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Príncipe Felizardo (para Simplício): Não será exagero?(O outro diz que não com a cabeça)Rei Vinde até aqui, Violeta, minha filha mais nova, e dizei­me de vosso amor por mim!Violeta Meu senhor, não sei falar como minhas irmãs. Sei apenas que sou vossa filha, e que todas as

filhas devem amar seus pais. Sei como é difícil para mim pensar no dia em que irei viver longe de vós.Quando eu era muito pequenina e tinha pesadelos, vós estáveis sempre à beira do meu leito. Pelo inverno,quando o vento soprava e as febres atacavam o meu corpo frágil, éreis vós, senhor, que eu via a meu ladoaté conseguir acalmar. De tudo me lembro, e tudo o meu coração guarda com a gratidão que todas asfilhas devem sentir pelos pais.

Mais não consigo dizer.Rei Mas Amarílis disse que me quer mais do que ao Sol, Hortênsia disse que me quer mais do que ao ar…

e vós? Qual é a medida do vosso amor por mim?Violeta Não sei, senhor. O que não tem fim não se pode medir.É difícil encontrar medida para o amor.Rei (zangado) Elas encontraram! Tereis de a encontrar também!Violeta Preciso muito de vós, senhor!Rei (zangado) Não chega!Violeta Preciso de vós como…Rei … como?Violeta … como… como a comida precisa do sal.(Vozes de espanto)Rei (muito zangado) Estais a querer dizer que me quereis…Violeta Como a comida quer ao sal.Rei (apoplético) O sal?! Como a comida…Violeta … quer ao sal.Rei Estareis louca? Ou serei eu que, de repente, terei enlouquecido?Ousais comparar­me… ao sal?!Violeta Mas, senhor…Rei É essa a paga de todos estes anos de amor? É essa a paga das muitas horas que perdi junto ao

vosso leito, acalmando os vossos pesadelos?…Oh, deuses, isto é que é um pesadelo, um verdadeiro pesadelo!Violeta Mas o sal é um bem precioso, senhor, sem ele não podemos viver…Rei Calai­vos! Nem mais uma palavra! Nunca mais quero ver o vosso rosto, nunca mais quero ouvir nem

o mais leve som dos vossos passos! Vou esquecer que um dia tive uma filha com o vosso nome!(Levanta‐se, cambaleando, e chama:) Escrivão!

Alice Vieira, Leandro, Rei de Helíria, Editorial Caminho

FAIXA 22 Página 228

Entrevista radiofónica: Pessoal… e Transmissível – TSF– O que é que gostaria de ser se não fosse ator, Miguel Guilherme?– Se não fosse ator, provavelmente gostaria de ser ou fotógrafo ou licenciado em História de Arte.

Quando era miúdo queria ser talhante.

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– Miguel Guilherme, 51 anos, ator… Acredita que a sua profissão, Miguel Guilherme, influenciou dealgum modo aquilo que é hoje a sua maneira de ser?

– Absolutamente! Eu nunca fui outra coisa na vida, nunca tive outra profissão senão ator…– E em que sentido é que isso o tornou o homem que é hoje?– Sob vários pontos de vista, sob o ponto de vista das personagens, algumas delas marcantes e com a

qual um ator acaba por aprender sobre a vida, não tanto só porque tem de pesquisar sobre a personagem,mas porque a própria personagem permite, através da imaginação, entrar em mundos que não são…nunca serão os nossos. Por outro lado, as próprias vicissitudes da profissão, as próprias vitórias, as…

– … as particularidades daquilo que é a vida de um ator…– … um ator, tudo o que tem a ver com sucessos, com falhanços, quer falhanços pessoais quer falhan­

ços… mesmo falhanços…– Isso está muito presente, a ideia de sucessos, falhanços…?– Absolutamente! Eu acho que um ator é sempre uma pessoa que está todos os dias sempre a ser julgado.– E a julgar­se a si próprio também?– Isso é fatal. Mas o excesso de autocrítica destrói um ator completamente… o excesso de medo… o

ator é uma pessoa que tem medo, medo do julgamento dos outros, e é natural que o tenha…– Com os anos, isso não se domestica?– Depende de ator para ator. Eu, no meu caso, fui perdendo o medo, no sentido que, se quando eu

tinha 25, 30 anos para mim ser ator eram os 100 metros barreiras, hoje em dia eu percebo que é mais umacorrida de fundo, como a maratona, e nesse sentido podemos voltar a falar na experiência de vida e naqui­lo que a profissão traz, na aprendizagem, e aquilo que a vida dá também à profissão…

– É capaz de imaginar em que é que não seria o Miguel Guilherme que é se o seu trabalho não fosse ode representar?

– Não! Não consigo imaginar.

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ATIVIDADES A PARTIR DE IMAGENS

Atividade «Ponto de partida» – Pré-leitura e escrita1

Ilustração de António Jorge Gonçalves para a capa do manual

1 Atividade com base nos GIP – Leitura e Escrita (DGIDC).

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Pistas de Leitura

Antes da escrita

1. A partir da imagem da capa do manual vais construir um conto.

2. Antes de iniciares a atividade de escrita, observa com o teu colega do lado a imagem.

3. Deves seguir as perguntas, de forma a estruturares a observação:

• A imagem está dividida?

• Quais as cores que se destacam? São semelhantes ou contrastam entre si? O que significarão?

• Que personagens se encontram na imagem? Quem serão?

• Que espaços se encontram representados?

• Que outros elementos sobressaem no cenário?

Pistas de Escrita

4. Agora, em trabalho de pares, preencham o quadro que se segue:

No conto que vais escrever…

PersonagensQuem são as personagens?

Quais as suas características?

AmbienteEm que espaço/ambiente se desenvolve a história?

Como se caracteriza esse espaço?

Ação

O que acontece às personagens? Com que conflitos se deparam?

Quais os objetivos dos protagonistas?

Que obstáculos têm de superar?

Final Qual o desenlace da história?

Moral da história Que lição nos transmite?

5. Com base nas informações que registaram, escrevam agora o vosso conto.

Após a escrita

6. Agrupem-se com outro par, de modo a reverem o texto.Releiam o texto e discutam se:

• a história foi escrita de forma a chamar a atenção do leitor? O início é cativante? O final fica na memória?

• a narrativa está completa, tem princípio, meio e fim?

• foram incluídos elementos que permitam a caracterização do espaço e do ambiente?

• as personagens foram caracterizadas de forma a despertar simpatia ou antipatia no leitor?

• foram introduzidos diálogos entre as personagens?

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• a história está organizada em parágrafos, que estruturam os vários momentos da ação?

• foram incluídos adjetivos, comparações e metáforas adequados?

• foram respeitadas as regras de escrita?

• tem título?

7. Registem as vossas conclusões.

Tabela de registo – Expressão escrita

Aspetos positivos Aspetos a melhorarSugestões para resolver

os problemas identificados

8. Rescrevam o texto a partir dos elementos assinalados.

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Atividade 1 – Oficina de escrita

Ilustração de António Jorge Gonçalves – páginas 22 e 23 do manual

Antes da escrita

Observa atentamente a paisagem noturna, iluminada pela Lua. Também tu te encontras escondido atrás deuma árvore a observar o movimento de todos os seres que circulam à tua volta. Ouvem-se sons indecifráveis eassustadores. Discretamente, deslocam-se personagens bem conhecidas, que povoam o teu imaginário.

Também tu és um dos habitantes desse mundo encantado: uma bruxa, uma fada, um duende, um gnomo, umlobisomem, uma menina com poderes especiais…

Já viveste muitos anos e resolves escrever a história da tua vida. Quando terminares o teu relato, regres-sarás à floresta e continuarás a maravilhar-nos com as tuas aventuras.

Segue as pistas de escrita.

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Pistas de Escrita

1. Escreve a história na 1.a pessoa.

2. Inicia a ação no espaço presente na imagem.

3. Planifica a história: título, introdução, desenvolvimento, conclusão.

4. Introduz uma descrição da personagem que escolheste ou/e do espaço onde habita.

5. Relê a história e verifica se:

• tem título;

• é uma história completa, com princípio, meio e fim;

• usaste alguns adjetivos, comparações e metáforas adequados;

• respeitaste as regras de escrita.

Descrição da atividade

• Esta atividade pode ser desenvolvida em trabalho cooperativo (grupos de quatro):

Material

• Cartões de cores diferentes, com símbolos distintos.

• Aula Digital: projeção da Atividade a partir de imagens, n.o 1.

Desenvolvimento da atividade

• Projeção da atividade através da Aula Digital.

• Divisão da turma em grupos de quatro, de acordo com as diversas cores dos cartões.

• Desenvolvimento da atividade projetada por cada um dos grupos de trabalho.

• Cada um dos elementos do grupo deve registar o trabalho numa folha à parte.

• Após a conclusão do trabalho de escrita, deverão formar-se novos grupos, agora, através dos símbolos pre-sentes nos cartões.

• Cada elemento do novo grupo lerá o texto realizado pelo seu primeiro grupo, garantindo-se assim a partilhadas histórias.

• Criação de um espaço de partilha através de uma cartolina colada na parede. Os alunos registam num post-it a opinião anónima sobre a atividade (gostei porque…), que será colado nesse espaço.

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Atividade 2 – Antecipação da leitura

Ilustração de Daniel Lima«Conto do rato e da doninha», páginas 70-73 do manual

Imagem A

Imagem B

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Pistas de Leitura

1. Lê o título do texto das páginas 70 e 71 do manual.

2. Observa a imagem A:

• Que personagens estão representadas na imagem?

• O que fazem as personagens?

• As personagens estão paradas ou em movimento? Por que razões?

3. Observa a imagem B:

• Quem será a personagem que ocupa toda a imagem?

• De quem é o rosto que está representado no garfo?

• O que simbolizará a expressão do rosto espelhado?

4. Imagina que terias de divulgar este conto.Em trabalho de grupo, a partir das imagens imaginem o conto.

5. Preparem um parágrafo de apresentação onde resumam o conto, de forma a aliciar um grupo de leitores.

6. O porta-voz do grupo deve ler o parágrafo que construíram em voz alta.

Descrição da atividade

Antes da leitura – Antecipar o assunto de um texto

• Apresentação do título do texto das páginas 70 e 71, «Conto do rato e da doninha», chamando a atenção paraas personagens referidas.

• Análise das duas imagens que ilustram o conto, partindo das questões presentes nas pistas.

• Discussão oral a partir das diversas opiniões.

• Depois da leitura das imagens, os alunos poderão antecipar o que vai acontecer no conto.

• Em seguida, os alunos listam cinco acontecimentos que poderiam fazer parte da ação do conto ilustrado.

• Os alunos, divididos em grupos, preparam um parágrafo de apresentação do que poderia ser uma pequenasinopse do conto.

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Atividade 3 – Pré-leitura e escrita

Ilustração de Daniel Lima«O tombo da Lua», Mário de Carvalho, páginas 130-132 do manual

Pistas de Leitura

Antes da leitura – Antecipar o assunto de um texto

1. Observa atentamente a imagem, e detém-te nos diversos pormenores.

2. Diz qual será a relação da imagem com o texto de Mário de Carvalho, tendo em conta que este se intitula«O tombo da Lua».

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Pistas de Escrita

Após a leitura

Agora que já conheces o conto «O tombo da lua», vais desenvolver a seguinte atividade de escrita.

1. Imagina que és uma das personagens que habita no Beco das Sardinheiras (Zé Metade; mulher do Andrade;mãe do Zé Metade; presidente da Junta; filha do Andrade) e presenciaste a discussão desenvolvida a partirde tão estranho acontecimento: o Andrade engolira a Lua.

2. Face ao insólito acontecimento, decides escrever uma carta familiar dirigida a um amigo que trabalha nojornal da associação do bairro, onde contas o sucedido. O teu principal objetivo é convencer o teu amigo acolocar a notícia na primeira página da próxima edição do jornal.

3. Recorda o modelo da carta familiar e observa os exemplos:

• Local/Data (Marte, 20 de outubro de 2005 )

• Fórmula de saudação (Estimados terráqueos / Querido pai / Caro amigo)

• Corpo da carta:

– introdução (objetivo da carta)

– desenvolvimento (narração dos diversos assuntos)

– conclusão (encerramento da carta)

• Fórmula de despedida (O teu sincero amigo / Com um abraço / Com cumprimentos à família)

• Assinatura

4. Escreve uma carta dirigida ao teu amigo jornalista, onde:

• contes o episódio insólito que levou o Andrade a engolir a Lua;

• refiras as diversas peripécias derivadas deste acontecimento;

• solicites que a notícia seja primeira página da próxima edição do jornal.

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Atividade 4 – Leitura e Escrita

Ilustração de António Jorge Gonçalves, páginas 170-171 do manual

Pistas de Escrita

1. Regista, sem preocupação, tudo o que vês, «ouves» e «cheiras» na paisagem luminosa que observas.

2. Nesta primeira fase, não te preocupes se as palavras estiverem desorganizadas.

3. Lê o excerto do poema «Saudades da terra» de António Gedeão, na página seguinte.Repara que este poema se constrói a partir da enumeração de frases que descrevem tudo o que o poetaobserva e lhe deixa saudades.

4. Volta ao teu caderno e faz, agora, a enumeração dos elementos que registaste, enriquecendo-os com adje-tivos, verbos, dando-lhes cor, brilho, som, cheiro...Dessa enumeração resultará o teu poema descritivo ou o teu texto em prosa poética.

5. Revê o teu texto.

6. Treina a leitura em voz alta e apresenta o teu poema à turma e ao professor.

És um poeta-pintor e estás sentado em frente à janela do teu quarto, aberta de par em par. Tens um caderno em branco nocolo e, à tua frente, a paisagem que observas na imagem. Sem te preocupares com a organização dos elementos, escreve fra-ses soltas no caderno, como se estivesses a pintar um quadro, descrevendo tudo o que vês.

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77

Saudades da terra

(…)Gostei muito da luz. Gostei de vê-la de todas as maneiras, da luz do pirilampo à fria luz da estrela, do fogo dos incêndios à chama das fogueiras. Gostei muito de a ver quando cintila na face de um cristal, quando trespassa, em lâmina tranquila, a poeirenta névoa de um pinhal, quando salta, nas águas, em contorções de cobra, desfeita em pedrarias de lapidado cetro, quando incide num prisma e se desdobra nas sete cores do espetro.

Também gostei do mar. Gostei de vê-lo em fúria quando galga lambendo o dorso dos navios, quando afaga em blandícias de cândida luxúria a pele morna da areia toda eriçada de calafrios.

E também gostei muito do Jardim da Estrela com os velhos sentados nos bancos ao sol e a mãe da pequenita a aconchegá-la no carrinho e a adormecê-la e as meninas a correrem atrás das pombas e os meninos a jogarem ao futebol.

A porta do Jardim, no inverno, ao entardecer,à hora em que as árvores começam a tomar formas estranhas, gostei muito de ver erguer-se a névoa azul do fumo das castanhas.

Também gostei de ver, na rua, os pares de namorados que se julgam sozinhos no meio de toda a gente, e se amam com os dedos aflitos, entre cruzados, de olhos postos nos olhos, angustiadamente.

E gostei de ver as laranjas em montes, nos mercados, e as mulheres a depenarem galinhas e a proferirem palavras grosseiras, e os homens a aguentarem e a travarem os grandes camiões pesados, e os gatos a miarem e a roçarem-se nas pernas das peixeiras.

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Mas ... saudade, saudade propriamente, essa tenaz que aperta o coração e deixa na garganta um travo adstringente, essa, não.

Saudade, se a tivesse, só de Aquela que nas flores se anunciou, se uma saudade alguém pudesse tê-la do que não se passou. De Aquela que morreu antes de eu ter nascido,ou estará por nascer – quem sabe? – ou talvez andenalgum atalho deste mundo grandepara lá dos confins do horizonte perdido.Triste de quem não tem, na hora que se esfuma, saudades de ninguémnem de coisa nenhuma.

António Gedeão, Obra Completa, Relógio d’Água

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Atividade 5 – 1. Leitura e escrita

Ilustração de António Jorge Gonçalves«História trágico-marítima», Jorge Sousa Braga, página 184 do manual

História trágico-marítima

Era a segunda vez que se fazia ao mar. Era a segunda vez que uma traineira o recolhia a dois quilómetros dacosta. O cisne é um palmípede que vive na água doce. Vem nos livros. Porque havia um cisne de se fazer ao mar? O seu lugar era a água doce. Um lago qualquer, com meninos de calção e mamãs a dizerem: – Olha um cisne! Eraa segunda vez que se fazia ao mar… O guarda do parque foi ameaçado de despedimento. Caso a sua fuga se con-cretizasse, constituiria um lamentável precedente… Era a segunda vez que se fazia ao mar. Era a segunda vez queuma traineira o recolhia a dois quilómetros da costa.

Jorge Sousa Braga, O poeta nu, Assírio & Alvim

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Pistas de Escrita

1. Observa atentamente a ilustração, reparando:

• nas cores;

• no movimento e forma das linhas;

• nos elementos representados.

2. Lê o texto em prosa poética novamente.

Era a segunda vez que se fazia ao mar e era recolhido por uma traineira, a quilómetros da costa. Não será, cer-tamente, a última vez que o cisne, um palmípede que vive na água doce, se aventurará nas ondas salgadas.

Dá continuidade ao texto em prosa poética, começando-o por «Era a segunda vez…» e narra as novasaventuras deste cisne que queria viver muito para além das margens do lago.

3. Revê o texto e prepara numa leitura expressiva para apresentares à turma.

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Atividade 5 – 2. Escrita

Ilustração de António Jorge Gonçalves«Formigas», Jorge Sousa Braga, página 185 do manual

Pistas de escrita

1. Observa atentamente a ilustração.

2. Repara no símbolo formado pelo movimento das formigas, semelhante a um número teu conhecido. A par-tir desta pista, procura saber qual o significado desse símbolo

3. Em seguida, imagina que és um poeta e vais escrever um haiku a partir da imagem e da realidade que ela trans-mite.

4. Observa atentamente a informação sobre esta forma de poesia e escreve o teu próprio poema.

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O haiku é uma forma de poesia tradicional japonesa:

• É escrito no presente do indicativo, como se o poeta presenciasse naquele momento a cena que descreve.

• A temática mais recorrente destes poemas é a natureza (as plantas, os animais, a chuva, o sol, a lua, os jardins…).

• Tem apenas uma estrofe, composta por três versos.

• Os versos devem ter no seu conjunto 17 sílabas, distribuídas do seguinte modo:– cinco sílabas no primeiro verso;– sete sílabas no segundo verso;– cinco sílabas no terceiro verso.

• Matsuo Bashô é um dos mais conhecidos poetas do haiku japonês. Para te inspirares, observa alguns dos seus poe-mas traduzidos pelo poeta português Herberto Helder.

Primeira neve:Bastante para vergar as folhasDos junquilhos.

Festa das flores.Acompanhando a mãe,Uma criança cega.

Monte de Higashi.Como o corpoSob um lençol.

Ah, o passado.O tempo onde se acumularamOs dias lentos.

5. Apresenta o teu haiku à turma.

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Atividade 6 – Escrita e Oralidade

Ilustração de António Jorge Gonçalves, páginas 208-209 do manual

Pistas de Leitura

1. Observa atentamente a ilustração onde «habitam» inúmeras caricaturas de personagens que fazem parteda realidade que nos envolve.

2. Em grupo, escolham quatro personagens presentes na imagem.

3. Em conjunto, imaginem a caracterização de cada uma das personagens que escolheram (quem são, traçosfísicos e psicológicos, profissão…).

4. A partir das personagens construídas, escrevam duas cenas de um texto dramático. No vosso texto devemincluir:

• as personagens que escolheram e caracterizaram;

• uma indicação cénica inicial que introduza o espaço e as personagens;

• pelo menos três indicações cénicas no corpo do texto.

5. Após a escrita, cada um dos elementos do grupo deve encenar um dos papéis e apresentar as cenas imagi-nadas à turma.

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Pistas de leitura

1. Observa atentamente a ilustração.

2. Tu és o Rei de pé ao centro da mesa e encontras-te perante umaassembleia constituída pelos teus súbditos, conselheiros e amigos.Todos aguardam ansiosamente que tomes a palavra.

3. Imagina que vais fazer o discurso mais importante do teu reinado, doqual depende a estabilidade do reino e dos seus habitantes.

4. Escreve esse discurso de uma forma organizada, a partir dos passosseguintes:

• lança no papel as principais ideias que queres transmitir ao auditório;

• organiza as ideias, numerando-as segundo a ordem de importância;

• escreve um parágrafo inicial de forma a prenderes a atenção doauditório;

• escreve o corpo do teu discurso, apresentando três argumentos paraconvenceres os ouvintes;

• conclui o texto, iniciando o parágrafo com uma expressão conclusiva(Em suma; Em conclusão; Por fim…).

5. Prepara a leitura encenada do teu discurso.

6. Apresenta o discurso à turma.

7. Procedam à eleição do melhor discurso.

Atividade 7 – Oralidade

Ilustração de António Jorge Gonçalves, páginas 216-220 do manual«Leandro, Rei de Helíria», Alice Vieira

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