livro - solo substrato da vida

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  • solo: substrato da vida

    Editor TcnicoJos Franscisco Bezerra

  • Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Recursos Genticos e Biotecnologia

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    solo: substrato da vida

    Editor TcnicoJos Franscisco Bezerra Mendona

    Embrapa Recursos Genticos e BiotecnologiaBraslia, DF

    2006

  • Exemplares desta edio podem ser adquiridos na

    Embrapa Recursos Genticos e BiotecnologiaServio de Atendimento ao CidadoParque Estao Biolgica, Av. W/5 Norte (Final) Braslia, DF CEP 70770-900 Caixa Postal 02372 PABX: (61) 448-4600 Fax: (61) 340-3624http://www.cenargen.embrapa.bre.mail:[email protected]

    Comit de PublicaesPresidente: Sergio Mauro FolleSecretrio-Executivo: Maria da Graa Simes Pires NegroMembros: Arthur da Silva Mariante Maria de Ftima Batista Maurcio Machain Franco Regina Maria Dechechi Carneiro Sueli Correa Marques de Mello Vera Tavares de Campos CarneiroSupervisor editorial: Maria da Graa Simes Pires NegroNormalizao Bibliogrfi ca: Maria Iara Pereira MachadoEditorao eletrnica: Maria da Graa Simes Pires Negro Andressa Vargas Ermel

    1 edio1 impresso (2006): 300

    Todos os direitos reservadosA reproduo no autorizada desta pulicao, no todo ou em parte,

    constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.160).

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP).Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia

    M 539 Mendona, Jos Francisco Bezerra. Solo: substrato da vida. / Jos Francisco Bezerra Mendona. Braslia: Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, 2006. 156 p.

    ISBN: 978-85-87697-42-4

    1. Solo. I. Ttulo.

    631.4 CDD 21.

  • Autor

    Jos Franscisco Bezerra Mendona - Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia - CENARGEN - rea de Negcios para Transferncia de Tecnologia - ANT. E-mail - [email protected]

  • APRESENTAO

    Com uma rea de 8.547.403,5 Km2 o Brasil ( IBGE, 1998 ) o quinto maior pas do globo em superfcie terrestre, sendo superado apenas pela Rssia, Canad, Repblica Popular da China e Estados Unidos da Amrica. Por apresentar ampla diversidade edafo-climtica, oferece excelentes condies para a produo de culturas tropicais e subtropicais. Segundo levantamento da CONAB (Outubro / 2006) apenas a rea cultivada com gros relativa safra 2005/06 foi superior a 47 milhes de hectares. Possui entre 105 e 115 milhes de hectares de pastagens cultivadas e mais ou menos 80 milhes de hectares de pastagens nativas. Sem considerar as reas ocupadas pelas demais culturas como a cana-de-acar, as espcies fl orestais exticas, entre outras, estima-se que o Pas dispe de pelo menos mais 300 milhes de hectares aptos sua expanso agrcola.

    A idia precpua desta publicao foi a de reunir numa nica fonte noes bsicas sobre solos, incluindo conceitos, defi nies, terminologias, frmulas, caractersticas qumicas, manejo, fertilidade e classifi cao, objetivando atingir um nicho de leitores compreendido no por especialistas ou pedlogos, mas por profi ssionais da rea biolgica como agrnomos, engenheiros fl orestais, bilogos, zootecnistas e estudantes, que no tiveram a oportunidade de uma reciclagem sobre estes temas. Trata-se de uma compilao resumida e cuidadosa de vrias fontes consideradas de alto cunho tcnico-cientfi co e ao mesmo tempo prtico capaz de transmitir fundamentos sobre solos ao pblico alvo.

    Nesta publicao sero feitas duas abordagens quanto ao Sistema Brasileiro de Classifi cao de Solos, ou sejam, com relao ao antigo utilizado pelo Projeto RADAMBRASIL nas dcadas de 70/80 e com relao ao mais recente editado pela EMBRAPA Solos (2006). Isto possibilitar ao leitor perceber as diferenas e similaridades entre nomenclaturas de classes de solos, conceitos, defi nies, terminologias, atributos, frmulas e unidades para expressar resultados de anlises fsicas e qumicas de solos. A opo pelas citaes do RADAMBRASIL justifi cada por ser esta uma das fontes mais ricas em informaes sobre levantamento, classifi cao e mapeamento de solos do Brasil, com uma abrangncia territorial de alta magnitude que contempla reas signifi cativas dos biomas Amaznia, Cerrados, Pantanal, Caatinga e Mata Atlntica, sendo ainda hoje uma fonte substancial de referncia para consultas.

  • SUMRIO

    CAPTULO I

    SOLO.....................................................................................................................16

    1. DEFINIO...................................................................................................... 16 1.1 PERFIL............................................................................................................171.2 CARACTERISTICAS MINERALGICAS.......................................................17 1.2.1 ARGILAS......................................................................................................18 1.3 ADSORSO E TROCA DE CTIONS NO SOLO...........................................211.3.1 ORIGEM DAS CARGAS NEGATIVAS NO SOLO........................................221.3.2 TIPOS DE CTC.............................................................................................24 1.4. CALAGEM E SUAS FINALIDADES...............................................................29 1.4.1 POTENCIAL DE CALCRIOS......................................................................31 1.4.2 PODER RELATIVO DE NEUTRALIZAO TOTAL (PRNT).......................311.5 GESSO AGRCOLA NO SOLO.......................................................................32 1.6 MACRO e MICRONUTRIENTES NO SOLO E NA PLANTA...........................341.6.1 NITROGNIO................................................................................................34 1.6.2 FSFORO.....................................................................................................35 1.6.3 POTSSIO....................................................................................................36 1.6.4 CLCIO, MAGNSIO E ENXOFRE.............................................................38 1.6.5 MICRONUTRIENTES...................................................................................39

    CAPTULO II

    SOLOS DO BRASIL.............................................................................................42

    2.1 FRMULAS E CONCEITOS...........................................................................422.2 ATRIBUTOS DIAGNSTICOS........................................................................43 2.3 OUTROS ATRIBUTOS....................................................................................48 2.4 HORIZONTES DIAGNSTICOS SUPERFICIAIS E SUBSUPERFICIAIS.....502.4 1 HORIZONTES DIAGNSTICOS SUPERFICIAIS........................................50 2.4 2 HORIZONTES DIAGNSTICOS SUBSUPERFICIAIS................................52

  • CAPTULO III

    CLASSES DE SOLOS...........................................................................................62

    3.1 EXEMPLOS DE CLASSES DE SOLOS E RESPECTIVAS UNIDADES DE MAPEAMENTO...............................................................................................62 3.1.1 LATOSSOLO VERMELHO ESCURO.......................................................62 3.1.2 LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO.......................................................67 3.1.3 LATASSOLO ROXO.....................................................................................723.1.4 TERRA ROXA ESTRUTURADA SIMILAR...................................................76 3.1.5 PODZLICO VERMELHO-AMARELO EUTRFICO..................................823.1.6 BRUNIZM AVERMELHADO.......................................................................873.1.7 PODZOL HIDROMRFICO..........................................................................92 3.1.8 BRUNO NO CLCICO.............................................................................. 96 3.1.9 PLANOSSOLO EUTRFICO.......................................................................99 3.1.10 PLANOSSOLO SOLDICO.....................................................................100 3.1.11 SOLONETZ SOLODIZADO......................................................................103 3.1.12 SOLONCHAK SDICO............................................................................106 3.1.13 CAMBISSOLO EUTRFICO....................................................................108 3.1.14 VERTISSOLO...........................................................................................112 3.1.15 LATERITA HIDROMRFICA....................................................................117 3.1.16 GLEI HUMICO..........................................................................................121 3.1.17 SOLOS LITOLICOS.................................................................................125

    CAPTULO IV

    CONCEITOS E DEFINIES DAS CLASSES DE SOLOS...............................130

    4.1 ARGISSOLOS...............................................................................................1304.2 CAMBISSOLOS.............................................................................................131 4.3 CHERNOSSOLOS.........................................................................................132 4.4 ESPODOSSOLOS.........................................................................................133 4.5 GLEISSOLOS................................................................................................134 4.6 LATOSSOLOS...............................................................................................135 4.7 LUVISSOLOS................................................................................................137 4.8 NEOSSOLOS................................................................................................138 4.9 NITOSSOLOS................................................................................................139 4.10 ORGANOSSOLOS......................................................................................140 4.11 PLANOSSOLOS..........................................................................................141 4.12 PLINTOSSOLOS.........................................................................................142 4.13 VERTISSOLOS............................................................................................143

  • ndice de Figuras

    Figura 1. O Solo como um sistema aberto. .....................................................16Figura 2. Esquema estrutural da argila do grupo Caulinita ...........................18Figura 3. Esquema estrutural da argila Montmorilonita...................................19Figura 4: Perfi l de LATOSSOLO VERMELHO ESCURO Eutrfi co A Moderado

    Textura Argilosa Relevo Plano..........................................................................68Figura 5: Perfi l de LATOSSOLO VERMELHO AMARELO lico A Moderado Textura Mdia Relevo Plano..................................................................................71Figura 6: Perfi l de LATOSSOLO ROXO Distrfi co A moderado

    Textura Argilosa Fase Floresta Tropical Pereniflia Relevo Suave Ondulado............................................................................................................75

    Figura 7: Perfi l de TERRA ROXA ESTRUTURADA SIMILAR Eutrfi ca A Chernozmico Textura Argilosa Relevo Plano...............................................81

    Figura 8: Perfi l de PODZLICO VERMELHO AMARELO Eutrfi co Argila de Atividade Baixa A Moderado Textura Mdia/ Argilosa...................................86

    Figura 9a: Perfi l de BRUNIZM AVERMELHADO Textura Mdia Argilosa Relevo Ondulado...............................................................................................90

    Figura 9b: Perfi l de BRUNIZM AVERMELHADO ..............................................91Figura 10a: Perfi l de PODZOL HIDROMRFICO ...............................................94Figura 10b: Perfi l de PODZOL A FRACO Textura Arenosa Relevo Plano....95Figura 11: Perfi l de BRUNO NO CLCICO Textura Mdia / Argilosa ............98Figura 12: Perfi l PLANOSSOLO SOLDICO Textura Arenosa/Argilosa .......102Figura 13: Perfi l de SOLONETZ SOLODIZADO Textura Arenosa/Argilosa ...105Figura 14a: Perfi l de CAMBISSOLO EUTRFICO Argila de Atividade

    Alta A Moderado Textura Argilosa Relevo Ondulado Substrato Calcrio.............................................................................................................110

    Figura 14b: Perfi l de CAMBISSOLO LICO Epiconcrecionrio A Moderado Textura Argilosa Relevo Suave Ondulado Vegetao de Savana.............................................................................................................. 111

    Figura 15a: Perfi l de VERTISSOLO A Chernozmico Textura Argilosa.............................................................................................................115

  • Figura 15b: Perfi l de VERTISSOLO A Chernozmico Relevo Suave Ondulado...........................................................................................................116

    Figura 16: Perfi l de LATERITA HIDROMRFICA lica Argila de Atividade Baixa, Epiconcrecionria com B Incipiente A Moderado Textura Mdia Relevo Suave Ondulado...............................................................................................120

    Figura 17: Perfi l de GLEI HMICO lico Argila de Atividade Baixa Textura Mdia Relevo Plano....................................................................................................124

    Figura 18: Perfi l de SOLO LITLICO lico Pedregoso A Fraco Textura Mdia Relevo Ondulado Vegetao Savana Arbustiva Aberta Substrato Siltito.................................................................................................................127

    FIGURA 19: PERFIL DE ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Altico Abrptico..........................................................................................................146

    Figura 20: PERFIL de ARGISSOLO VERMELHO - Distrfi co Abrptico ........147Figura 21: PERFIL de ARGISSOLO AMARELO - Distrfi co Abrbtico .........148Figura 22: PERFIL de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrfi co

    Abrptico..........................................................................................................149Figura 23: PERFIL de CAMBISSOLO HPLICO Carbontico Vrtico Saproltico............................................................................................................150Figura 24: PERFIL de CAMBISSOLO HPLICO Ta Eutrfi co Vrtico.............151Figura 25: PERFIL de CHERNOSSOLO ARGILVICO rtico Tpico ............152Figura 26: PERFIL de CHERNOSSOLO RENDZICO Saproltico Tpico.........153Figura 27: PERFIL de NITOSSOLO HPLICO Eutrfi co Tpico.......................154

  • ndice de Tabelas

    Tabela 1. CTC (meq/100g) de Alguns Compostos ................................................24Tabela 2. Interpretao de Anlise de Solo Quanto a Saturao por Alumnio .....26Tabela 3. Interpretao de Anlise de Solo quanto a Saturao por Bases ..........26Tabela 4: Equivalente em CaCO3 de alguns materiais corretivos...........................31

    ndice de Quadros

    Quadro 1. Teores de Nitrognio mnimos adequados em folhas, na planta inteira e na parte colhida de algumas culturas .................................................................35

    Quadro 2. Teores de Fsforo mnimos adequados em folhas, na planta Inteira e na parte colhida, de algumas culturas .....................................................................35

    Quadro 3. Interpretao de resultados da anlise de solo quanto ao teor de fsforo na profundidade de 0 20 cm, extrado pelo mtodo Mehlich 1, para uma faixa de exigncia de diversas culturas, inclusive a soja .................................................36

    Quadro 4. Recomendao de adubao fosfatada corretiva, a lano, de acordo com a classe de disponibilidade de P e o teor de argila do solo ...............................36

    Quadro 5. Teores de Potssio mnimos adequados em folhas, na planta inteira e na parte colhida, de algumas culturas .....................................................................37

    Quadro 6. Interpretao da anlise de solo quanto ao teor de Potssio Trocvel 37Quadro 7. Recomendao de Adubao Potssica para pastagens consorciada e

    solteira em funo da anlise de solo................................................................. 37Quadro 8. Formas de absoro e principais funes dos micronutrientes nas plantas ...................................................................................................................39Quadro 9. Interpretao de anlise de solo para recomendao de micronutrientes

    pelo mtodo Mehlich 1...................................................................................... 40Quadro 10. Converso das Unidades Antigas para as Novas Unidades do Sistema Internacional..........................................................................................................42

  • CAPTULO 1

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    16

    CAPTULO I

    SOLO

    1. DEFINIO

    O solo um sistema dinmico constitudo por componentes slidos, lquidos e gasosos de natureza mineral e orgnica, que ocupa a maior parte das superfcies continentais do planeta Terra. estruturado em camadas denominadas horizontes, sujeitas a constantes transformaes entrpicas, atravs de processos de adio, remoo, translocao de natureza qumica, fsica e biolgica. Em resumo, o solo resultado das interaes envolvendo a atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera, conforme Figura 1.

    Figura 1. O solo como um sistema aberto.Fonte: GHEYI et al., 1997, p. 2

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    17

    1.1 PERFIL

    Qualquer solo, alterado ou no, possui uma caracterstica peculiar, ou seja, um perfi l o qual pode ser visualizado atravs de cortes verticais em profundidade mediante abertura de uma trincheira. Em solos inalterados em sua integridade estrutural de origem, um perfi l tpico pode ser dividido em trs camadas distintas denominadas de horizontes A, B e C, podendo ainda conter uma camada superfi cial pouco espessa de resduos orgnicos em decomposio, denominada de horizonte 0. O horizonte A, camada superior de um perfi l, em geral de textura leve (arenosa), a regio que concentra maiores propores de razes, microorganismos e matria orgnica, podendo expressar alto grau de lixiviao. O horizonte B, subsuperfi cial, possui uma zona de iluviao onde parte dos sais lixiviados e argilas pode ser acumulada. Subjacente ao horizonte B tem inicio uma camada de acmulo de xidos de ferro e de alumnio, argilas, carbonatos e minerais primrios parcialmente intemperizados, denominada horizonte C que por sua vez repousa diretamente sobre saprolitos da rocha matriz do solo.

    Essas camadas ou horizontes, bem como as suas transies, subdivises, contedos mineral e orgnico, e espessuras, coadjuvados por padres de textura, estrutura, matizes, teor de argila, tipo de argila, contedo de matria orgnica, composio qumica, reaes qumicas, pH, grau de intemperismo, material de origem, profundidade, formao geolgica, clima, vegetao, relevo, drenagem entre outros, auxiliam na diferenciao, classifi cao, mapeamento e utilizao dos solos.

    1.2 CARACTERISTICAS MINERALGICAS

    A composio mineralgica do solo bastante varivel e depende da composio do material de origem, ou seja, da rocha matriz. A maioria dos minerais que compem as rochas so silicatos e xidos que contm silcio (Si), alumnio (Al), ferro (Fe), clcio (Ca), magnsio (Mg), sdio (Na) e potssio (K). Alm deste, outros minerais podem estar presentes no solo como o quartzo, sesquixidos, talco, sulfetos, sulfatos e fosfatos.

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    18

    1.2.1 ARGILAS

    As argilas pertencem a dois grandes grupos, o dos silicatos e o dos xidos. As argilas do primeiro grupo predominam em solos de regies de clima rido e semi-rido sujeitas ao menor grau de intemperismo, enquanto as do segundo grupo so mais freqentes em locais onde os fatores de intemperizao so de maior intensidade.

    Na maioria das argilas esto presentes duas unidades estruturais. Uma consiste do arranjo dos tomos de silcio com o oxignio em forma de tetraedro, resultando numa lamina de slica. A outra unidade consiste do arranjo de tomos de alumnio, ferro ou magnsio com hidroxilas em forma de octaedro, constituindo uma lamina de alumina (Shainberg & Lety 1984, citados por Gheyi et al., 1997, p. 114).

    De acordo com o numero de laminas tetradricas de slica e octadricas de alumina presentes no arranjo estrutural cristalogrfi co, as argilas so classifi cadas em 1:1 (Caulinita) 2:1 (Smectita, Micas Hidratadas e Vermiculita) e 2:1: 2 (Clorita). Ao subgrupo das smectitas pertence a argila do tipo 2:1 (Montmorilonita ).

    Argilas do tipo 1:1, como a caulinita, so constitudas pela combinao entre uma lamina de slica e outra de alumina, unidas por tomos de oxignio compartilhados entre si, formando uma camada de argila. Essas camadas, por sua vez, so unidas entre si por pontes de hidrognio de coeso muito forte, impedindo a separao das mesmas pela penetrao de gua ( Figura 2 ).

    Figura 2. Esquema estrutural da argila do grupo caulinita (adaptado de BOHN et al., 1979).Fonte: GHEYI et al., 1997, p. 115.

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    19

    Argilas do tipo 2:1, como a montmorilonita, so formadas por uma lmina de alumina entre duas de slica, ligadas por tomos de oxignio das lminas de slica que tambm so compartilhados pela lmina central de alumina. Os tomos de oxignio, externos das camadas formadas, oferecem ligaes fracas no espao interlamelar permitindo a expanso da argila pela entrada de gua. Ao contrrio, durante a seca, o dfi cit hdrico provoca a contrao dessas argilas que manifestam visvel fendilhamento ( Figura 3 ).

    Quanto ao tamanho, as argilas so as menores partculas das fraes minerais que compem um solo, apresentando um dimetro igual ou inferior a 0,002 mm (2), as quais so denominadas de colides ou micelas. Os colides presentes no solo podem ser minerais ou orgnicos.

    Figura 3. Esquema estrutural da argila montmorilonita (adaptado de BOHN et al., 1979)Fonte: GHEYI et al., 1997, p. 115

    As propriedades coloidais das argilas dependem da superfcie especfi ca (metros quadrados por grama ) que por sua vez depende do tamanho e estrutura da argila ( GHEYI et al., 1997 ). Assim, enquanto a caulinita apresenta uma superfcie especfi ca de 30 m2/g, a montmorilonita possui cerca de 800 m2/g o que signifi ca

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

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    maior capacidade de adsoro de molculas polares (ctions trocveis). Colides orgnicos tambm possuem elevada superfcie especifi ca, podendo alcanar 700 m2/g.

    Segundo Wutke & Camargo (1975), a troca inica um processo reversvel atravs do qual ons retidos na superfcie de uma fase slida so substitudos por quantidade equivalente de outros ons, quer estejam estes em soluo numa fase lquida, quer estejam ligados a outra fase slida, em contato com a primeira. Os ons envolvidos na troca inica ligam-se fase slida eletrostaticamente ou por covalncia e, em ambos os casos, esse tipo de unio denominado adsoro inica. A fora inica o mais importante dos fenmenos que ocorrem no solo, principalmente pela sua relevncia nos processos de nutrio vegetal.

    Em geral, as partculas coloidais do solo apresentam a carga eltrica negativa. Todavia, isto no invalida a existncia de colides eletro positivo. As reaes de troca inica no solo so devidas, quase exclusivamente aos minerais de argila (partculas < 2), ao silte (partculas entre 2 e 20 ) e aos colides orgnicos.

    Por apresentarem cargas negativas e positivas, as partculas coloidais dos solos podem adsorver tanto ctions quanto nions. Nos minerais de argila a carga negativa pode se originar da substituio isomrfi ca de ons na malha cristalina ou da ionizao de grupos hidroxilas, ligados a silcio de lminas tetradricas fraturadas, ou seja:

    Si OH + H2O SiO - + H3O

    +

    Na matria orgnica decomposta, as cargas negativas se originam da dissociao de radicais como COOH e OH.

    As cargas positivas se originam nos hidrxidos de ferro, alumnio e mangans. Estas cargas tambm esto associadas a grupos octadricos expostos os quais reagem como bases aceitando prtons da soluo do solo.

    Os ctions de maior importncia nos solos so: Ca 2+, Mg 2+ , H+ , K+ , Na+ e NH4

    +. Entre os nions, destacam-se: SO4

    2 -

    Cl - , NO3

    -, H2PO4- , HPO4

    2 - , HCO3 - e

    nions de cidos hmicos.

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    21

    1.3 ADSORSO E TROCA DE CTIONS NO SOLO

    O fenmeno da troca catinica consiste em substituio de um ction adsorvido na superfcie de troca (partculas coloidais) por outro proveniente da soluo do solo ou de outra parte slida, inclusive da superfcie de um plo radicular, que se aproxime da rea de adsoro. Este processo de permuta extremamente rpido e a atrao instantnea quando o ction originalmente adsorvido se encontra na superfcie externa das partculas coloidais (WUTKE e CAMARGO, 1975).

    Outro conceito de troca catinica o seguinte: Processo reversvel, pelo qual as partculas slidas do solo adsorvem ctions da fase aquosa, e liberam ao mesmo tempo quantidades equivalentes de outros ctions, estabelecendo o equilbrio entre ambas as fases (CURSO..., 2001, p. 3).

    Por serem permutveis, os ctions adsorvidos, a capacidade do solo de adsorv-los usualmente denominada por Capacidade de Troca de Ctions ou CTC. Anteriormente expressa em meq/100g de solo ou argila, a CTC hoje representada, segundo o Sistema Internacional, em cmolc / dm

    3 ou cmolc / Kg.

    ESQUEMA DE TROCAS CATINICAS

    A soma de ctions trocveis (Al3 + Ca2 + Mg2 + K + Na) ao pH natural do solo defi nida como Capacidade de Troca de Ctions Efetiva (CTCe) (CURSO..., 2001, p. 3 )

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    22

    1.3.1 ORIGEM DAS CARGAS NEGATIVAS NO SOLO (CU RSO..., 2001, p.4)

    A condio para que haja reteno de ctions (ons positivos) na superfcie das partculas do solo, que a mesma contenha cargas negativas. Estas cargas so formadas predominantemente das seguintes maneiras:

    a) Substituio Isomrfi ca

    Durante o processo de intemperizao, e em virtude dos ons apresentarem raios inicos similares, o Si4 pode ser substitudo pelo Al3 nos tetraedros de silcio, assim como o Al3 por Mg2 ou Fe2 nos octaedros de alumnio, gerando cargas negativas permanentes, conforme o seguinte esquema:

    -Si 4+ + Al 3+ Si4 O8 Al Si3 O

    -8

    -2 Si 4+ + 2 Al 3+ Si4 O8 Al2 Si2 O8

    2-

    Durante este processo no ocorre alterao na estrutura do mineral e, por

    isto, recebe a denominao de substituio isomrfi ca. As cargas geradas iro contribuir para a CTC efetiva e independem do pH do solo.

    b) Cargas Dependentes de pH

    Cargas dependentes de pH se referem quelas que se originam quando se varia o pH do meio em relao ao ponto de carga zero ( PCZ ). O PCZ aquele que est relacionado a um determinado valor de pH no qual a carga eltrica lquida nula. Em solos tropicais estas cargas so formadas principalmente nos hidrxidos de Al e Fe, e na matria orgnica.

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    23

    c) Nos Hidrxidos de Al e Fe

    A representao esquemtica da formao de cargas (positivas e negativas) nos hidrxidos de alumnio e ferro assim exemplifi cada:

    d) Na Matria Orgnica

    Depois de submetida aos processos de decomposio e mineralizao, a matria orgnica do solo libera cidos orgnicos (principalmente os cidos carboxlicos), compostos fenlicos e alcoois os quais podem dissociar-se em funo do pH, gerando cargas negativas.

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    24

    A magnitude das cargas negativas geradas crescer medida que o valor do pH tambm se eleve. Estas cargas resultantes contribuiro para a CTC do solo.

    Os dados da tabela 1 mostram que a Capacidade de Trocas Catinicas diretamente proporcional superfcie especfi ca e a densidade de carga de um composto.

    Tabela 1. CTC (meq/100g) de alguns compostos (Schuffelen, 1972, citado em CURSO..., 2001, p. 6).

    Composto (800 1 3.10-7 100 300

    1.3.2 TIPOS DE CTC

    A Capacidade de Troca Catinica pode ser classifi cada em trs tipos: efetiva, varivel e total. A CTC efetiva devida principalmente carga permanente, sendo representada pela soma dos ctions trocveis do solo, determinados ao pH do solo (Curso....2001,p.7).

    A CTC varivel devida carga varivel (dependente de pH), presente especialmente na matria orgnica, sesquixidos de ferro e alumnio, compostos amorfos de ferro e alumnio, e nas arestas das argilas 1:1 (Curso....2001,p.7).

    A CTC total a pH 7,0 = CTCe + CTCv , conforme a seguinte ilustrao :

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    25

    Fonte: Curso..., 2001, p. 7.

    Onde: CTC efetiva = Al3+ + Ca2 + + Mg2+ + K+ + Na+

    CTC total a pH = 7,0 = (H + Al3+ ) + Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+

    Soma de Bases (S) = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+

    Em solos altamente intemperizados onde so baixos os teores de Na, este elemento no considerado no clculo da soma de bases.

    Saturao por Al (m %) = Al X 100 / CTC efetiva

    Saturao por Bases (V %) = S X 100 / CTC total a pH = 7,0

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    26

    Tabela 2. Interpretao de anlise de solo quanto a saturao por Alumnio (Comisso de Fertilidade do Solo de Gois, 1988).

    Classe Saturao por Al (m%)

    Baixa < 10Mdia 11 29Alta 30 50Muito Alta > 50

    Fonte: Curso..., 2001, p.8

    Tabela 3. Interpretao de anlise de solo quanto a Saturao por Bases (Comisso de Fertilidade do Solo de Gois, 1988)

    Classe Saturao por bases (V%)

    Baixa < 20Mdia 21 39Alta 40 60Muito Alta > 60

    Fonte: Curso..., 2001, p.8

    - FATORES DE ACIDEZ DO SOLO (Curso..., 2001, p. 13 e 14)

    Os fatores de maior infl uncia na gerao de acidez do solo so os seguintes:

    1 - ABSORO DE NUTRIENTES PELAS PLANTAS - Durante o processo de absoro de nutrientes, as plantas liberam H+ a fi m de manter o balano de cargas na soluo do solo.

    2 - LIXIVIAO DE BASES - A lixiviao de bases provoca aumento na concentrao de Al+++ nas camadas superfi ciais do solo, que por sua vez promover reduo do pH conforme a seguinte ilustrao:

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    27

    3 - ALUMNIO - Existem trs mecanismos por meio dos quais o aumento na concentrao do alumnio provoca elevao da acidez do solo:

    a) Deslocamento de H+

    H +

    H + + A l 3+ A l 3+ + 3H +

    H +

    b) Hidrlise da gua

    Al3+ + H2O Al( OH )2 + H+

    Al3+ + 2H2O Al( OH )2 + H+

    Al3+ + 3H2O Al( OH )30 + H+

    2Al3+ + 2H2O Al2( OH )24 + 2H+

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    28

    c) Polimerizao dos Monmeros de Alumnio

    OH

    OH

    AlAl

    O

    O

    AlAl = 2H+

    2+

    2Al (OH)2+

    4 - MATRIA ORGNICA - A matria orgnica tambm promove a acidez do solo atravs da dissociao dos hidrognios cidos (H ligado a O) dos cidos orgnicos, principalmente os cidos carboxlicos, compostos fenlicos, lcoois tercirios, etc, conforme ilustrado no item 1.3.1:

    OBS: Salienta-se, todavia, que na fase fi nal da decomposio da matria orgnica, devido a grande quantidade de eltrons liberados, ocorrer aumento do pH, a exemplo do que acontece em locais com grande acmulo deste material cujo pH se apresenta ligeiramente alcalino, como explicam as seguintes reaes:.

    O2 + H2O + 4e- 4OH-

    OH- + H+ H2O

    O2 + 4H+ + 4e

    - 2H2O

    5 - FERTILIZANTES - Alguns fertilizantes quando aplicados em grandes quantidades ou muito localizados podem promover aumento da acidez do solo.

    a) Amoniacais - No processo de oxidao do NH4 para NO2- (nitritao)

    ocorre a formao de H+.

    2NH4+ + 3,5 O2 2NO2

    - + 2H+ + 3H2O

    2NO2- + O2 2NO3

    -

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    29

    b) Fosfatados

    Ca ( H2 PO4 ) . H2O Ca2+ + H2 PO4

    - + H2O

    H2 PO4- HPO4

    2- + H+

    1.4. CALAGEM E SUAS FINALIDADES

    a) Corrigir a Acidez do Solo - O Calcrio, quando aplicado ao solo, sofre as seguintes reaes:

    CaCO3 + H2O Ca2+ + CO3

    2- CO3

    2- + H2O HCO3 - + OH-

    OH- + H+ H2O

    Nesta reao, o nion CO32- (base forte) o principal responsvel pela

    hidrlise da gua e gerao de OH- que neutralizar a acidez ativa (H+) do solo. Vale salientar que o nion SO4

    2- por ser uma base fraca praticamente no capaz de hidrolizar a gua e produzir hidroxila. Por esta razo, o gesso (CaSO4.2H2O) no corretivo de acidez mas sim de toxidez de alumnio.

    b) Neutralizar a Toxidez do Alumnio e Mangans atravs de precipitados sob a forma de hidrxidos Al(OH)3 e Mn(OH)2 conforme as seguintes reaes:

    Al3+ + OH- Al( OH )2+ Al(OH)2+ + OH- Al( OH )2

    + Al(OH)2

    + + OH- Al( OH )3

    Mn2+ + OH- Mn( OH )+

    Mn(OH)+ + OH- Mn( OH )2

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    30

    c) Disponibilizar Clcio e Magnsio para as Plantas, pois a maioria dos corretivos contm estes elementos.

    d) Gerar Cargas Negativas no Solo, e consequentemente aumentar a reteno de ctions.

    e) Aumentar a Atividade Biolgica do Solo, essencialmente com relao fi xao biolgica de nitrognio, proliferao de micorrizas e elevar o nvel de mineralizao da matria orgnica, disponibilizando nutrientes s plantas.

    Um dos mtodos utilizados para o clculo da necessidade de calagem do solo o da SATURAO POR BASES cujas vantagens so as seguintes:

    a) baseado na correlao entre pH e saturao por bases, o que implica em ser mais adequado para os solos brasileiros;

    b) Permite o clculo da calagem em funo das exigncias e respostas das culturas;

    c) Por operar com saturao por bases no intervalo entre 40 e 70 %, evita o risco de se aplicar calcrio em excesso.

    Frmula proposta por Raij e Quaggio (1982) citado em Curso..., 2001, p. 20

    CTCt (V2 V1) NC (t/ha) = , PRNT = 100% 100

    Onde:

    CTCt = H + Al + K + Ca + Mg, em cmolc / dm3

    V1 = Saturao por Bases atual do solo, em %

    V2 = Saturao por Bases desejada (entre 40 e 70 %), dependendo da atividade da frao argila e da necessidade da cultura.

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    31

    1.4.1 POTENCIAL DE CALCRIOS

    A neutralizao da acidez do solo pode ser obtida pela utilizao de compostos que possuam em comum a peculiaridade de liberar OH- e ou HCO3

    - . O corretivo padro de acidez do solo o CaCO3 ao qual atribudo o ndice 100 (mol de carga igual a 50). A equivalncia de outros compostos em CaCO3 obtida pela relao entre os respectivos pesos do mol de carga. O Ca (OH)2, por exemplo, tem peso do mol de carga 37. A relao , portanto 50/37 = 1, 35, signifi cando que 100 kg de Ca (OH)2 possuem o mesmo poder corretivo da acidez que 135 kg de CaCO3 para elevar o pH at 6,0 (Curso.... 2001, p.21).

    Tabela 4: Equivalente em CaCO3 de alguns materiais corretivos (Gianello et al, 1995)

    Substncia Multiplicar porCaCO3 (Calcita) 1,00MgCO3 (Magnesita) 1,19CaCO3 , Mg CO3 (Dolomita) 1,19Ca (OH)2 (Hidrxido de Clcio) 1,35Co (xido de Clcio) 1,79MgO (xido de Magnsio) 2,48

    Fonte: Curso ..., 2001, p.21

    1.4.2 PODER RELATIVO DE NEUTRALIZAO TOTAL (PRNT)

    O PRNT um indicador de qualidade e efi cincia dos calcrios, cujo valor permite a comparao entre corretivos. Sua frmula assim expressa: PRNT = PN x ER / 100, onde:

    PN = Poder de Neutralizao. Em geral o poder corretivo dos calcrios expresso em termos de seu teor equivalente em carbonatos o qual obtido analiticamente pela reao entre o material e um cido.

    A anlise do corretivo, a qual constitui a garantia do produto, indica os teores de Ca e Mg nas formas de CaO e MgO que permitem calcular o PN do material, utilizando-se os valores de equivalente em CaCO3 (Tabela 4) atravs da seguinte equao: PN = (% CaO x 1,79) + (% MgO x 2,48).

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    32

    ER = Efi cincia relativa. Depende do dimetro das partculas do corretivo em diferentes classes de granulometria fracionadas em quatro partes pelo uso de peneiras nmero 10, 20 e 50 cujos dimetros dos orifcios so de 2,0, 0,84 e 0,3 mm, respectivamente. Como o calcrio possui baixa solubilidade, quanto menor for o dimetro de suas particulas maior ser a superfcie de contato entre o corretivo e o solo e, por conseguinte, maior a reatividade. A efi cincia das fraes retidas nas malhas dessas peneiras de 0%, 20%, 60% e 100% respectivamente, comparadas com o CaCO3 pulverizado, considerando-se um tempo de 2 a 3 anos de reao no solo.

    Exemplifi cando, se no fracionamento de uma amostra de 100g de calcrio 2g fi carem retidas na peneira 10, 14g na peneira 20 e 25g na peneira 50, a reatividade ser:

    Material retido na peneira 10 2g x 0,0% = 0,0

    Material retido na peneira 20 14g x 20,0% = 2,8

    Material retido na peneira 50 25g x 60,0% = 15,0

    Material que passa na peneira 50 59g x 100,0% = 59

    Efi cincia Relativa (ER, %) = 76,8

    Tendo em vista que as recomendaes de calagem feitas pelos laboratrios so para PRNT 100 (peculiar ao CaCO3 puro que passa integralmente na peneira 50), deve-se proceder a ajustes utilizando o seguinte fator de correo: f = 100 / PRNT.

    1.5 GESSO AGRCOLA NO SOLO

    O gesso agrcola (CaSO4. 2H2O) utilizado atualmente no apenas como fornecedor de clcio trocvel, mas principalmente como redutor da saturao por alumnio em camadas subsuperfi ciais cidas dos solos.

    A solubilidade do gesso em gua de 2,05 g/l, ou seja, 146 vezes maior que a do CaCO3 com 0,014 g/l. Ao ser aplicado no solo e aps sua dissoluo, o gesso desloca-se para camadas inferiores, acompanhado por ctions, em especial pelo

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    33

    clcio. Com esse deslocamento, os teores de clcio e magnsio aumentam enquanto a toxidez do alumnio diminui, o que propicia melhores condies ao desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular nas camadas subsuperfi ciais do solo, permitindo s plantas desfrutar um volume maior de gua e assim superar curtos perodos de estiagem (veranicos).

    O gesso agrcola neutraliza a toxidez do alumnio no solo atravs de quatro mecanismos (Sousa et al., 1992, citado por Sousa e Lobato, 1996):

    a) EFEITO DA AUTO-CALAGEM - Permuta do OH- por SO42- nas superfcies de sesquixidos seguida de hidrlise e precipitao do Al, conforme a seguinte reao:

    2[Fe,Al]OH [Fe,Al] + Ca2+ + SO42 2[Fe, Al]SO4

    2 [Fe,Al] + Ca (OH)2

    OH

    OH

    2Al3+ + 3Ca (OH)2 2Al (OH)3 + 3Ca2+

    b) PRECIPITAO DE FASES SLIDAS - Precipitao de sulfatos bsicos de Al, os quais so muito estveis em solos cidos ( pH < 4,5 )

    Al ( OH )3 + CaSO4 AlOHSO4 + Ca( OH )2

    Al2 Si2O5 (OH)4 + Ca SO4 + 5 H2O 2 AlOHSO4 + H2 SiO4 +

    2 Ca (OH)2

    2 Al3+ + 3Ca (OH) 2 Al (OH)3

    c) CO-ADSORO de SO42- e de Al3+ - Quando o on SO42- adsorvido especifi camente sobre a superfcie sesquioxdica, a densidade de carga superfi cial negativa aumenta, o que levaria a uma adsoro preferencial do Al3+, diminuindo a sua atividade na soluo do solo.

    d) FORMAO DE PARES INICOS - O SO42- reage com o Al3+ formando um par inico o qual no txico para as plantas, de acordo com a seguinte reao:

    Al3+ + SO42- AlSO4

    -

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    34

    De acordo com Sousa et al. ( 1992 ), este ltimo mecanismo mais efmero do que os apresentados em (a) e (b) .

    Segundo Sousa et al. (2000) se a saturao por alumnio for maior que 20%, ou o teor de clcio for menor que 0,5 me / 100 cm3 , existe probabilidade de resposta das culturas ao gesso. A quantidade de gesso (D. G.) a ser aplicada depende do teor de argila no solo e calculada para melhorar as propriedades qumicas do perfi l do solo, at a profundidade de pelo menos 60 cm para culturas anuais e 80 cm para culturas perenes, segundo as seguintes equaes:

    Culturas Anuais: D. G. (Kg / ha) = 50 X Argila (%)

    Culturas Perenes: D. G. (Kg / ha) = 75 X Argila (%)

    1.6 MACRO e MICRONUTRIENTES NO SOLO E NA PLANTA

    1.6.1 NITROGNIO

    As formas preferenciais de absoro de N pelas plantas so os ons Amnio (NH4

    -) e Nitrato ( NO3- ) (Curso......., 2001, p.49).

    Apenas uma pequena parte do nitrognio total do solo encontra-se nas formas minerais de amnio, nitrato e nitrito (NO2

    -). Essas so as formas assimilveis pelas plantas e, portanto, de maior importncia para a nutrio vegetal (Curso..., 2001, p. 50).

    Transformaes de N orgnico antes de se tornar disponvel:

    N Orgnico NH4 - NO2

    - NO3

    Matria Orgnica como Indicador de Disponibilidade de Nitrognio:

    N (%) = MO (%) / 20

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    35

    Quadro 1. Teores de Nitrognio mnimos adequados em folhas, na planta inteira e na parte colhida de algumas culturas (Curso..., 2001, p. 49).

    Cultura

    Teor de N (%)

    Folha Planta Inteira Parte Colhida

    Arroz 3,0 0,3 0,5Trigo - 1,6 2,5Milho 3,0 1,1 2,3Feijo 3,0 3,4 3,7Soja 4,5 3,3 6,7Amendoim 4,0 3,8 6,7

    1.6.2 FSFORO

    Os contedos de fsforo na planta integral e na parte normalmente exportada pelas colheitas raramente excedem 0,5 % e, quando isso acontece se restringe ao caso em que as sementes constituem o produto relevante da colheita.

    Quadro 2. Teores de Fsforo mnimos adequados em folhas, na planta Inteira e na parte colhida, de algumas culturas (Curso..., 2001, p 57)

    Cultura

    Teor de P (%)Folha Planta Inteira Parte Colhida

    Trigo 0,20 0,28 0,50Milho 0,22 0,23 0,56Feijo 0,30 0,30 0,40Soja 0,25 0,44 0,57Amendoim 0,20 0,34 0,53

    O fsforo encontra-se na soluo do solo como ons ortofosfato, forma derivada do cido ortofosfrico, H3 PO4 . Em soluo, dissocia-se do seguinte modo: H3 PO4 H

    + + H2 PO4

    H2 PO4

    - H+ + H PO4 2-

    H PO4 2- H+ + H PO4

    3 _

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    36

    A absoro de fsforo pelas plantas depende principalmente da difuso do elemento na soluo do solo em torno das razes.

    Quadro 3. Interpretao de resultados da anlise de solo quanto ao teor de fsforo na profundidade de 0 20 cm, extrado pelo mtodo Mehlich 1, para uma faixa de exigncia de diversas culturas, inclusive a soja.

    Teor de Argila Disponibilidade de Fsforo (mg / dm 3)(%) Muito Baixa Baixa Mdia Adequada

    > 60 0 --- 1,0 1,1 2,5 2,6 3,0 > 3,041 - 60 0 --- 3,0 3,1 6,0 6,1 8,0 > 8,0

    21 - 40 0 --- 5,0 5,1 10,010,1

    14,0> 14,0

    < 20 0 --- 6,0 6,1 - 12,012,1

    18,0> 18,0

    Fonte: SOUSA & LOBATO (1996)

    Quadro 4. Recomendao de adubao fosfatada corretiva, a lano, de acordo com a classe de disponibilidade de P e o teor de argila do solo.

    Teor de Argila Adubao Corretiva Total (Kg de P2 O5 / ha)(%) P muito baixo P baixo P mdio

    61 - 80 240 120 6041 - 60 180 90 4521 - 40 120 60 30

    < 20 100 50 25

    Fonte: SOUSA et al. (1987).

    1.6.3 POTSSIO

    O potssio absorvido pelas plantas como o on K+ e o nutriente ocorre no solo sob a forma de ction trocvel e na soluo do solo, sempre como, on K+ . A absoro depende principalmente da difuso do elemento, atravs da soluo do solo e, em menor proporo, por fl uxo de massa. (Curso..., 2001, p. 62-64).

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    37

    As principais fontes de potssio so os minerais primrios como os feldspatos e as micas encontrados em rochas gneas. Outras fontes so os minerais secundrios como as argilas do tipo 2:1 (montmorilonita).

    Quadro 5. Teores de Potssio mnimos adequados em folhas, na planta inteira e na parte colhida, de algumas culturas (Curso..., 2001, p. 63)

    CulturaTeor de K (%)

    Folha Planta Inteira Parte ColhidaArroz 2,0 0,18 0,23Trigo 2,3 1,15 0,40Milho 2,0 1,16 0,70Feijo 2,0 3,10 2,20Soja 1,7 1,28 1,60Amendoim 1,5 1,89 4,67

    Quadro 6. Interpretao da anlise de solo quanto ao teor de Potssio Trocvel (EMBRAPA CPAC, 1987, citado em Curso..., 2001, p.47).

    Teor de K Trocvel ( ppm ) Nvel< 25 Baixo

    25 - 50 Mdio> 50 Alto

    Quadro 7. Recomendao de Adubao Potssica para pastagens consorciada e solteira em funo da anlise de solo (VILELA et al., 2000).

    Teor de K no solo Doses de Potssio (Kg de K2O / ha)(mg / dm3) Pastagem Consorciada Pastagem Solteira

    < 25 60 4025 - 50 40 20

    > 50 20 0

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    38

    1.6.4 CLCIO, MAGNSIO E ENXOFRE

    Clcio, magnsio e enxofre so conhecidos como macronutrientes secundrios.

    O clcio, em diversas culturas, absorvido na faixa de 10 a 200 Kg / ha do nutriente. Os teores, entre diferentes espcies, variam desde menos de 0,4 % at 4 %. Trata-se de um elemento no-mvel nas plantas, no sendo transportado pelo fl oema. A defi cincia deste nutriente, na parte area da planta, manifestada pela reduo de crescimento de tecidos meristemticos. Atrofi amento, deformidades e clorose nas extremidades e folhas novas, so sintomas. A aplicao de calcrio proporciona, em geral, sufi cincia do nutriente ao solo.

    O magnsio exigido pelas culturas, em geral, varia de 10 a 40 Kg / ha do nutriente. Seu teor nas folhas de plantas, oscila entre 0,2 % a 0,4 %. Como elemento central da molcula de clorofi la exerce importante funo no processo da fotossntese. mvel na planta e sua defi cincia provoca clorose internervural nas folhas. Comumente o suprimento deste nutriente feito atravs do uso de calcrio dolomtico ou magnesiano.

    A relao Ca e Mg no solo, em cmolc / dm3, deve situar-se no intervalo

    de 1:1 at o mximo de 10:1, atentando-se para o fato de que o teor mnimo de magnsio de 0,5 cmolc / dm

    3.

    O enxofre nos tecidos das plantas est presente, em sua maior parte, compondo as molculas de protenas. Os teores, na matria seca dos vegetais, variam de 0,2 % a 0,5 %.

    Como integrante da estrutura molecular dos aminocidos essenciais cistina e metionina, a sua defi cincia interrompe a sntese de protenas. Plantas defi cientes em enxofre apresentam clorose uniforme, sintoma semelhante ao da defi cincia de nitrognio. Este nutriente apresenta a particularidade de no ser translocado das folhas velhas para as jovens.

    Entre vrias fontes de enxofre sobressaem os adubos superfosfato simples e sulfato de amnio, como tambm o gesso agrcola ou o enxofre elementar. Recomenda-se, em geral, de 10 a 30 Kg / ha do elemento como adubao.

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 1

    39

    1.6.5 MICRONUTRIENTES

    As quantidades de micronutrientes absorvidos pelas plantas so baixas, conforme os seguintes limites de exigncias das principais culturas (Curso..., 2001, p. 68).

    Elemento g / haBoro 11,0 - 300,00Molibidnio 0,01 4,8Cobre 1,0 - 181,00Zinco 2,0 - 544,00Ferro 15,0 - 3.400,00Mangans 2,0 - 767,00

    Quadro 8. Formas de absoro e principais funes dos micronutrientes nas plantas (GIANELLO et al. 1995).

    Micronutriente Formas de Absoro Funes

    Boro

    H3 BO3 H4 BO4

    B4 O7 ( OH )4 2-

    Formao de paredes celulares

    Translocao de aucares

    Cloro Cl - FotossntesePresso osmtica das clulasCobre Cu 2+ Fotossntese e EnzimasFerro Fe 2+ CloroplastosMangans Mn 2+ Fotossntese e EnzimasMolibidnio H MoO4

    -

    MoO42-

    Fixao Biolgica de NReduo de NO3

    -

    Zinco Zn2+ Enzimas

    Fonte: Curso... 2001, p. 69

  • captulo 2

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 2

    41

    CAPTULO II

    SOLOS DO BRASIL

    Neste captulo sero feitas duas abordagens quanto ao Sistema Brasileiro de Classifi cao de Solos, ou seja, o antigo utilizado pelo Projeto RADAMBRASIL nas dcadas de 70/80 e o mais recente editado pela EMBRAPA Solos em 2006. Isto possibilitar ao leitor perceber as diferenas e similaridades entre nomenclaturas de classes de solos, conceitos, defi nies, terminologias, atributos, frmulas e unidades para expressar resultados de anlises fsicas e qumicas. A opo pelas citaes do RADAMBRASIL justifi cada por ser esta uma das fontes mais ricas em informaes sobre levantamento, classifi cao e mapeamento de solos do Brasil, com uma abrangncia territorial de alta magnitude que contempla reas signifi cativas dos biomas Amaznia, Cerrados, Pantanal, Caatinga e Mata Atlntica, sendo ainda hoje uma fonte substancial de referncia para consultas. Para orientar a interpretao dos exemplos de classes de solos no sistema antigo (Projeto RADAMBRASIL) e atual (EMBRAPA Solos 2006), sero apresentados abaixo alguns conceitos, frmulas e defi nies de horizontes ou camadas do solo.

    2.1 FRMULAS E CONCEITOS

    - Complexo Sortivo (Obtido atravs da Anlise Qumica do Solo)

    ----------------------------------------------------------Ca++ Mg++ K+ Na+ S H+ Al+++ T

    ---------------------------------------------------------- Onde:

    - S (Soma de Bases Trocveis) = Ca++ + Mg++ + K+ + Na+ . Anteriormente expressa em meq / 100g de Argila, hoje apresentada em Cmolc / Kg de Argila;

    - T (Capacidade de Troca de Ctions ou CTC) = S + H+ + Al+++. Anteriormente expressa em meq / 100g de Argila, hoje apresentada em Cmolc / Kg de Argila;

    - V (Saturao por Bases, em %) = 100 x S / T;- Saturao por Alumnio Trocvel (Al+++) % Al+++ = 100 x Al+++ / Al+++ + S- Percentagem de Saturao por Na+ % Na+ = 100 x Na+ / T;

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 2

    42

    - Ki = Relao Molecular SiO2 / Al2O3 . Indica o grau de intemperizao do material de origem do solo. Quando esta Relao Molecular na frao argila menor que 2, indica alto grau de intemperizao do solo.

    - Kr = Relao Molecular SiO2 / (Al2O3 + Fe) . usada para separar solos Caulinticos e Oxdicos, conforme as seguintes especifi caes: Solos Caulinticos: Kr > 0,75; Solos Oxdicos: Kr igual ou menor que 0,75.

    - Gradiente Textural = Mdia das % de Argila Horizonte B (-B3) / Mdia das % de Argila no Horizonte A. Expressa o Grau de Mobilizao da Argila ao longo do Perfi l do Solo, ou seja, a Translocao por Eluviao;

    - Grau de Floculao da Argila = (Argila Total Argila Dispersa em H2O) X 100 / Argila Total;

    - Solos Eutrfi cos: So aqueles que apresentam Saturao por Bases (V) > 50 %;

    - Solos Distrfi cos: So os que apresentam Saturao por Bases (V) < 50 % ;

    - Solo lico: aquele que apresenta elevado Teor de Al+++ nos primeiros 120 cm de profundidade ou em algum horizonte at esta profundidade. Convencionou-se que um Solo lico aquele que apresenta Saturao por Alumnio Superior a 50 %;

    - Argila de Atividade Alta: aquela cuja CTC (aps correo do carbono) Superior a 24meq / 100g de Argila (Conceito Antigo, utilizado pelo Projeto RADAMBRASIL);

    - Argila de Atividade Baixa: aquela que apresenta CTC Menor que 24meq / 100g de Argila (Conceito Antigo, utilizado pelo Projeto RADAMBRASIL);

    2.2 ATRIBUTOS DIAGNSTICOS

    Novos conceitos, segundo o Sistema Brasileiro de Classifi cao de Solos (Embrapa, 2006).

    - Atividade da Frao Argila (Valor T) Est relacionada Capacidade de Troca de Ctions (CTC ou Valor T) referente frao argila, calculada pela expresso: T x 1000 / g.Kg-1 ;

  • SOLO: SUBSTRATO DA VIDA Captulo 2

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    - Argila de Atividade Alta (Ta) Indica valor igual ou superior a 27 Cmolc / Kg de Argila, sem correo para carbono;

    - Argila de Atividade Baixa (T b) Indica valor inferior a 27 Cmolc / Kg de Argila, sem correo para carbono;

    - Saturao por Bases (V %) Refere-se Proporo de Ctions Bsicos Trocveis em Relao Capacidade de Troca de Ctions (CTC) determinada a pH 7. V (%) = 100 x S / T. Alta Saturao por Bases: V (%) Igual ou Superior a 50 % (Eutrfi co); Baixa Saturao por Bases: V (%) Inferior a 50 % (Distrfi co).

    - Carter crico Refere-se soma de bases trocveis (Ca2+ , Mg2+ , K+ e Na+) mais alumnio extravel por KCl 1mol. L-1 ( Al3+ ) em quantidade igual ou inferior a 1,5 cmolc / Kg de argila e que preencha pelo menos uma das seguintes condies:

    a) pH KCl 1 mol. L-1 igual ou superior a 5,0 ou

    b) DpH positivo ou nulo (DpH = PH KCl pH H2O . Critrio derivado de FAO (1994) e Estados Unidos (1994).

    - Carter Alumnico Refere-se condio em que o solo se encontra em estado dessaturado e caracteizado por um Teor de Alumnio Extravel maior ou Igual a 4 cmolc / Kg de Solo associado atividade de argila < 20 cmolc / Kg de argila, alm de apresentar Saturao por Alumnio ( 100Al+++ / S + Al+++ ) maior ou igual a 50 % e/ou Saturao por Bases (V % = 100 S / T ) < 50 %.

    - Carter Altico - Refere-se condio em que o solo se encontra dessaturado e apresenta teor de Alumnio Extravel maior ou igual a 4 cmolc / Kg de solo, associada atividade de argila maior ou igual a 20 cmolc / Kg de argila e Saturao por Alumnio 50% e/ou Saturao por Bases < 50%;

    - Carter utrico usado para distinguir solos que apresentam pH ( em H2O ) maior ou igual a 5,7, conjugado com valor S ( soma de bases ) maior ou igual a 2,0 cmolc / Kg de solo dentro da seo de controle que defi na a classe .

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    - Carter Sdico Este termo usado para distinguir horizontes ou camadas que apresentem Saturao por Sdio (100 x Na+ / T) Maior ou Igual a 15 % em alguma parte da seo de controle que defi ne a Classe de Solo. OBS: Critrio derivado dos EUA (1954);

    - Carter Soldico Este termo usado para distinguir horizontes ou camadas que apresentem saturao por Sdio variando de 6 % a < 15 % em alguma parte da seo de controle que defi na a Classe de Solo. Critrio derivado da FAO (1974);

    - Carter Salino Propriedade referente presena de sais mais solveis em gua fria que o sulfato de clcio (Gesso), em quantidade que interfere no desenvolvimento da maioria das culturas, expressa por Condutividade Eltrica do extrato de saturao igual ou maior que 4dS / m e menor que 7dS / m (a25o C), em alguma poca do ano. Critrio derivado dos EUA (1951; 1954);

    - Carter Slico Propriedade referente presena de sais mais solveis em gua fria que o sulfato de clcio (Gesso), em quantidade txica maioria das culturas, expressa por condutividade eltrica do extrato de saturao maior ou igual a 7dS / m (a 25o C), em alguma poca do ano.

    - Carter Carbontico Propriedade referente presena de 150g/Kg de solo ou mais de CaCO3 equivalente sob qualquer forma de segregao, inclusive concrees, desde que no satisfaa os requisitos estabelecidos para horizonte clcico. Critrio derivado dos EUA (1975).

    - Mudana Textural Abrupta Consiste em um considervel aumento no teor de argila dentro de pequena distncia na zona de transio entre o horizonte A ou E e o horizonte subjacente B. Quando o horizonte A ou E possuir menos que 200g de argila / Kg de solo, o teor de argila do horizonte B, determinado em uma distncia vertical menor ou igual a 7,5cm, deve ser pelo menos o dobro do contedo do horizonte A ou E. Quando o horizonte A ou E apresentar 200g / Kg de solo ou mais de argila, o incremento de argila no horizonte B, determinado em uma distncia vertical menor ou igual a 7,5cm, deve ser pelo menos de 200g / Kg a mais em valor absoluto na frao terra fi na. Critrio derivado da FAO (1974).

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    - Carter com carbonato Propriedade referente presena de CaCO3 equivalente sob qualquer forma de segregao, inclusive concrees, igual ou superior a 50g/Kg de solo e inferior a 150g/Kg de solo; esta propriedade discrimina solos sem carter carbontico, mas que possuem CaCo3 em algum horizonte. Critrio conforme o suplemento do Soil Survey Manual (EUA, 1951).

    - Plintita uma formao constituda de mistura de argila, pobre em carbono orgnico e rica em Ferro, ou Ferro e Alumnio, com gros de quartzo e outros minerais. Ocorre comumente sob a forma de Mosqueados Vermelhos, Vermelho Amarelados e Vermelho-Escuros, com padres usualmente laminares, poligonais ou reticulados. Quanto gnese, a Plintita se forma em ambiente mido pela segregao de Ferro, importando em mobilizao, transporte e concentrao fi nal dos compostos de ferro, que pode se processar em qualquer solo onde o teor de ferro for sufi ciente para permitir a segregao do mesmo, sob a forma de manchas vermelhas brandas. A Plintita no endurece irreversivelmente como resultado de um nico ciclo de umedecimento e secagem. A plintita pode ocorrer em forma laminar, nodular, esferoidal ou irregular.

    - Petroplintita Material normalmente proveniente da plintita, que sob efeito de ciclos repetitivos de umedecimento seguidos de ressecamento acentuado, sofre consolidao vigorosa dando origem formao de ndulos ou de concrees ferruginosas (ironstone, concrees laterticas, canga, tapanhoacanga) de dimenses e formas variadas individualizadas ou aglomeradas.

    - Carter Plntico Usado para distinguir solos que apresentam plintita em quantidade ou espessura insufi cientes para caracterizar horizonte plntico, em um ou mais horizontes, em alguma parte da seo de controle que defi na a classe. requerida plintita em quantidade mnima de 5% por volume.

    - Carter Concrecionrio Termo usado para defi nir solos que apresentam petroplintita na forma de ndulos ou concrees em um ou mais horizontes dentro da seo de controle que defi na a classe em quantidade e/ou com espessura insufi cientes para caracterizar horizonte concrecionrio. requerida petroplintita em quantidade mnima de 5% por volume.

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    - Carter Argilvico usado para distinguir solos que tm concentrao de argila no horizonte B, expressa por gradiente textural (B/A) igual ou maior que 1,4 e/ou iluviao de argila evidenciada pela presena de cerosidade moderada ou forte e/ou presena no sequum de horizonte E sobrejacente a horizonte B (no espdico), dentro da seo de controle que defi na a classe.

    - Carter Plnico usado para distinguir solos intermedirios com Planossolos, ou seja, com horizonte adensado e permeabilidade lenta ou muito lenta, cores acinzentadas ou escurecidas, neutras ou prximo delas, ou com mosqueados de reduo, que no satisfazem os requisitos para horizonte plnico e que ocorrem em toda a extenso do horizonte, excluindo-se horizonte com carter plntico.

    - Carter Vrtico Presena de slickensides (superfcies de frico), fendas, ou estrutura cuneiforme e, ou, paralepipdica, em quantidade e expresso insufi cientes para caracterizar horizonte vrtico.

    - Superfcie de Frico SLICKENSIDES Superfcies Alisadas e Lustrosas, apresentando na maioria das vezes estriamento marcante, produzido pelo deslizamento e atrito da massa do solo causados por movimentao devido forte expansividade do material argiloso por umedecimento. So superfcies tipicamente inclinadas, em relao ao prumo dos perfi s. Comum aos solos Vertissolos.

    - Contato Ltico Refere-se presena de material mineral extremamente resistente subjacente ao solo (exclusive horizontes petroclcico, litoplntico, concrecionrio, durip e fragip), cuja consistncia de tal ordem que mesmo quando molhado torna a escavao com a p reta impraticvel ou muito difcil impedindo o livre crescimento do sistema radicular e circulao da gua, que limitado s fraturas e diaclases que possam ocorrer. Estes materiais so representados pela rocha s ou por rochas muito fracamente alteradas (R), que podem ser de qualquer natureza (gneas, metamrfi cas ou sedimentares), ou por rochas fraca a moderadamente alteradas (RCr, CrR).

    - Contato Ltico Fragmentrio Refere-se a um tipo de contato ltico em que o material endurecido subjacente ao solo encontra-se fragmentado, normalmente, em razo de fraturas naturais, favorecendo a penetrao de razes e a livre circulao da gua.

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    - Carter Epiquico - Este carter ocorre em solos que apresentam lenol fretico superfi cial temporrio resultante da m drenagem da gua apresentada por alguns horizontes do solo. Esta condio de saturao com gua permite que ocorram os processos de reduo e segregao de ferro nos horizontes que antecedem ao B e, ou, no topo deste.

    - Carter Ebnico Diz respeito dominncia de cores escuras, quase pretas, na maior parte do horizonte diagnstico subsuperfi cial.

    2.3 OUTROS ATRIBUTOS

    Novos conceitos, segundo o Sistema Brasileiro de Classifi cao de Solos (EMBRAPA, 2006).

    Estes atributos, por si s, no diferenciam classes de solos, mas so caractersticas importantes que auxiliam na defi nio das mesmas.

    - Cerosidade a concentrao de material inorgnico, preenchendo poros ou revestindo unidades estruturais (agregados ou peds) ou partculas de fraes grosseiras como gros de areia, que se apresentam em nvel macromorfolgico com aspecto lustroso e brilho graxo, similar cera derretida e escorrida. Pode ser resultante do revestimento por material inorgnico, frequentemente argila e/ou do re-arranjamento de partculas nas superfcies das unidades estruturais causado pela variao do volume da massa do solo em decorrncia das fl utuaes na umidade entre perodos secos e midos. Tal caracterstica observada e descrita no levantamento de campo pode ser tambm visualizada micromorfologicamente, como revestimentos de argilas iluviais ou argilas de estresse.

    Incluem-se nesta condio, todas as ocorrncias em suas variadas formas de expresso (clay skins , shiny peds, cutans, etc.) e tambm feies mais ou menos brilhantes, verifi cadas na superfcie dos agregados, que no constituem revestimentos.

    - Superfcie de Compresso So superfcies alisadas, virtualmente sem estriamento, provenientes de compresso na massa do solo em decorrncia de expanso do material, podendo apresentar certo brilho quando midas ou molhadas.

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    Esta caracterstica mais comum em solos de textura argilosa ou muito argilosa, cujo elevado teor de argila gera certa expansibilidade por ao de hidratao.

    - Gilgai o microrrelevo tpico de solos argilosos que tm um alto coefi ciente de expanso com aumento no teor de umidade. Consiste em salincias convexas distribudas em reas quase planas ou confi guram feio topogrfi ca de sucesso de pequenas depresses e elevaes. Critrio conforme Estados Unidos da Amrica ( 1975 ).

    - Autogranulao (Self-Mulching) Propriedade inerente a alguns materiais argilosos expressa pela formao de camada superfi cial de agregados geralmente granulares e soltos, fortemente desenvolvidos, resultantes de umedecimento e secagem. Quando destrudos pelo uso de implementos agrcolas, os agregados se recompem normalmente pela ao de um nico ciclo de umedecimento e secagem. Critrio conforme EUA (1975).

    - Relao Silte/Argila Esta relao calculada dividindo-se os teores de silte pelos de argila, oriundos da anlise granulomtrica do solo. A relao silte/argila serve como parmetro para avaliar o estdio de intemperismo presente em solos de regies tropicais. empregada em solos de textura franco arenosa ou mais fi na. Quando apresenta, na maior parte do horizonte B, valor inferior a 0,7 nos solos de textura mdia ou inferior a 0,6 nos solos de textura argilosa ou muito argilosa, indica baixos teores de silte e, por conseqncia, alto grau de intemperismo. tambm utilizada para diferenar horizonte B latosslico de B incipiente, quando eles apresentam caractersticas morfolgicas semelhantes, principalmente para solos cujo material de origem derivado de rochas cristolafi lianas, como as granticas e gnissicas.

    - Minerais Alterveis So aqueles instveis em clima mido, em comparao com outros minerais, tais como quartzo e argilas do grupo das caulinitas, e que, ao se intemperizarem, liberam nutrientes para as plantas e/ou ferro ou alumnio. Os minerais aqui includos como facilmente alterveis so os seguintes:

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    * minerais encontrados na frao menor que 0,002mm (minerais da frao argila): inclui todas as argilas do tipo 2:1, exceto a clorita aluminosa interestratifi cada; a sepiolita, o talco e a glauconita tambm so includos neste grupo de minerais alterveis, embora nem sempre pertencentes frao argila;

    * minerais encontrados na frao entre 0,002 a 2mm (minerais da frao silte e areia): feldspatos, feldspatides, minerais ferromagnesianos, vidros vulcnicos, fragmentos de conchas, zeolitos, apatitas e micas, que inclui a muscovita que resiste por algum tempo intemperizao, mas que termina, tambm, desaparecendo.

    Critrio derivado da FAO (1990) e dos EUA (1994).

    2.4 HORIZONTES DIAGNSTICOS SUPERFICIAIS E SUBSUPERFICIAIS (Novos conceitos segundo o Sistema Brasileiro de Classifi cao de Solos, Embrapa,2006)

    2.4.1 HORIZONTES DIAGNSTICOS SUPERFICIAIS

    - Horizonte Hstico - um tipo de horizonte constitudo predominantemente de material orgnico, contendo 80g/Kg ou mais de carbono orgnico, resultante de acumulaes de resduos vegetais depositados superfi cialmente, ainda que, na ocasio, apresente-se recoberto por horizontes ou depsitos minerais ou por camadas orgnicas mais recentes. Mesmo tendo sido revolvido, por mecanizao, em sua parte superfi cial, os teores de matria orgnica, aps mesclagem com material mineral, ainda mantm-se elevados.

    Caracteriza-se por abranger materiais depositados nos solos sob condies de excesso de gua (horizonte H), por longos perodos ou durante o ano todo, ainda que no presente tenham sido artifi cialmente drenados, e materiais acumulados em condies de drenagem livre (horizonte O), sem estagnao de gua, em funo do clima mido, como em ambiente altimontano.

    - Horizonte A Chernozmico um horizonte mineral superfi cial,

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    relativamente espesso, de cor escura, com alta saturao por bases. A Saturao por Bases (V %) de 65 % ou mais, com predomnio do on Clcio e/ou Magnsio. Apresenta estrutura do solo sufi cientemente desenvolvida, com agregao e grau de desenvolvimento moderado ou forte, no sendo admitida, ao mesmo tempo, estrurura macia e consistncia dura ou muito dura quando seco. O limite superior do teor de carbono orgnico, para caracterizar o horizonte A chernozmico, o limite inferior excludente do horizonte hstico.

    - Horizonte A Proeminente As caractersticas deste tipo de horizonte so comparveis quelas do A Chernozmico, no que se refere a cor, teor de carbono orgnico, consistncia, estrutura e espessura, diferindo, essencialmente, por apresentar saturao por bases inferior a 65 %.

    - Horizonte A Hmico um horizonte mineral superfi cial de cor escura com valor e croma (cor do solo mido) igual ou inferior a 4,0 e saturao por bases inferior a 65 %, devendo apresentar espessura mnima como a preconizada para o horizonte A chernozmico e teor de carbono orgnico inferior ao limite mnimo para caracterizar o Horizonte Hstico.

    - Horizonte A Antrpico - um horizonte formado ou modifi cado pelo uso contnuo do solo, pela ao do homem, como lugar de moradia ou cultivo, por perodos prolongados, com adies de material orgnico em mistura ou no com material mineral, ocorrendo s vezes, fragmentos de cermicas e restos de ossos e conchas. Assemelha-se aos horizontes A chernozmico ou A hmico e difere destes por apresentar teor de P2O5 solvel em cido ctrico mais elevado que na parte inferior do solum, ou a presena no horizonte A de artefatos lticos e, ou, cermicas, que caracterizam a ao antrpica.

    - Horizonte A Fraco um horizonte mineral superfi cial fracamente desenvolvido, seja pelo reduzido teor de colides minerais ou orgnicos ou por condies externas de clima e vegetao, como as que ocorrem na zona semi-rida com vegetao de Caatinga Hiperxerfi la. Apresenta como caractersticas estrutura em gros simples, macia ou com grau fraco de desenvolvimento; teor de carbono orgnico inferior a 6g / Kg ; ou espessura menor que 5 cm ( todo horizonte superfi cial com menos de 5 cm de espessura fraco ).

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    - Horizonte A Moderado Em geral o horizonte A moderado difere dos horizontes A chernozmico, proeminente e hmico pela espessura e/ou cor e do A fraco pelo teor de carbono orgnico e estrutura, no apresentando ainda os requisitos para caracteriz-lo como horizonte hstico ou o A antrpico. So includos nesta categoria os horizontes que no se enquadram no conjunto das defi nies para os demais horizontes diagnsticos superfi ciais.

    2.4.2 HORIZONTES DIAGNSTICOS SUBSUPERFICIAIS

    - Horizonte B Latosslico - um horizonte mineral subsuperfi cial, cujos constituintes evidenciam avanado estgio de intemperizao, explcita pela alterao quase completa dos minerais primrios menos resistentes ao intemperismo e/ou de minerais de argila 2:1, seguida de intensa dessilicifi cao, lixiviao de bases e concentrao residual de sesquixidos, argila do tipo 1:1 e minerais primrios resistentes ao intemperismo. Em geral constitudo por quantidades variveis de xidos de ferro e de alumnio, minerais de argila 1:1, quartzo e outros minerais mais resistentes ao intemperismo, podendo haver a predominncia de quaisquer desses materiais. O horizonte B latosslico deve apresentar, entre outras, as seguintes caractersticas:

    - Espessura mnima de 50 cm, textura franco arenosa ou mais fi na e baixos teores de silte, de modo que a relao silte/argila seja inferior a 0,7 nos solos de textura mdia e inferior a 0,6 nos solos de textura argilosa, na maioria dos subhorizontes do B at a profundidade de 200 cm (ou 300 cm se o horizonte A exceder a 150 cm de espessura).

    A CTC no horizonte B Latosslico deve ser menor do que 17 Cmolc / Kg de Argila, sem correo para carbono;

    - A Relao Molecular SiO2 / Al2O3 ( Ki ) no horizonte B latosslico menor do que 2,2 , sendo normalmente inferior a 2,0 .

    - O Horizonte B Latosslico apresenta diferenciao muito pouco ntida entre os seus subhorizontes, com transio, de maneira geral, difusa.

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    - Sua estrutura pode ser fortemente desenvolvida, quando os elementos estruturais forem granulares, de tamanho muito pequeno e pequeno, ou fraca e mais raramente de desenvolvimento moderado, quando se tratar de estrutura em blocos subangulares;

    - A consistncia do material em B, quando seco, varia de macia a muito dura e fi rme a muito frivel quando mido.

    - Horizonte B Textural - um horizonte mineral subsuperfi cial com textura franco arenosa ou mais fi na onde houve incremento de argila ( frao < 0,002 mm ), orientada ou no, desde que no exclusivamente por descontinuidade de material originrio, resultante de acumulao ou concentrao absoluta ou relativa decorrente de processos de Iluviao e/ou formao in situ e/ou herdada do material de origem e/ou infi ltrao de argila ou argila mais silte, com ou sem matria orgnica e/ou destruio de argila no horizonte A e/ou perda de argila no horizonte A por eroso diferencial. O contedo de argila do horizonte B textural maior que o do horizonte A ou E e pode, ou no, ser maior que o do horizonte C.

    A natureza coloidal da argila a torna suscetvel de mobilidade com a gua no solo se a percolao relevante. Na deposio em meio aquoso, as partculas de argilominerais usualmente lamelares, tendem a repousar aplanadas no local de apoio. Transportadas pela gua, as argilas translocadas tendem a formar pelculas, com orientao paralela s superfcies que revestem, ao contrrio das argilas formadas in situ, que apresentam orientao desordenada. A cerosidade levada em conta na identifi cao do B textural constituda por revestimentos de materiais coloidais minerais que, se bem desenvolvidos, so facilmente perceptveis pelo aspecto lustroso e brilho graxo preenchendo poros e revestindo unidades estruturais ( agregados ou peds ). Apesar da importncia da cerosidade na identifi cao de campo da maioria dos horizontes B texturais, sua simples ocorrncia pode no ser sufi ciente para caracterizar o B textural, sendo necessrio conjuga-la com outros critrios auxiliares.

    - Horizonte B Incipiente Trata-se de horizonte subsuperfi cial, subjacente ao A, Ap ou AB, que sofreu alterao fsica e qumica em grau no muito avanado, porm sufi ciente para o desenvolvimento de cor ou de unidades estruturais, e no

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    qual mais da metade do volume de todos os subhorizontes no deve consistir em estrutura da rocha original.

    - Horizonte B Espdico um horizonte mineral subsuperfi cial, com espessuramnima de 2,5cm, que apresenta Acumulao iluvial de Matria Orgnica, associada a complexos de slica-alumnio ou hmus-alumnio, com presena ou no de ferro. Ocorre, normalmente, sob qualquer tipo de horizonte A ou sob um horizonte E (lbico ou no) que pode ser precedido de horizonte A ou horizonte hstico.

    De um modo geral, o horizonte B espdico no apresenta organizao estrutural defi nida, possuindo tipos de estrutura na forma de gros simples ou macia, podendo, eventualmente, ocorrer outros tipos de estrutura com fraco grau de desenvolvimento. Neste horizonte podem ocorrer partculas de areia e silte, com revestimentos parciais de matria orgnica, material amorfo e sesquixidos livres, ou preenchimento de poros por esses materiais, bem como grnulos de matria orgnica e sesquixidos de dimetro entre 20 e 50mm .

    - ORTSTEIN um horizonte B Espdico, contnuo ou praticamente contnuo, cimentado por Matria Orgnica e Alumnio, com ou sem Ferro (Bhm, Bhsm ou Bsm), ocupando 50 % ou mais da rea do horizonte e com 2,5 cm ou mais de espessura.

    - Horizonte Plntico Caracteriza-se pela presena de Plintita em quantidade igual ou superior a 15 % (por volume) e espessura de pelo menos 15 cm. um horizonte mineral B e/ou C que apresenta um arranjamento de cores vermelhas e acinzentadas ou brancas, com ou sem cores amareladas ou brunadas, formando um padro reticulado, poligonal ou laminar. A colorao usualmente variegada, com predominncia de cores avermelhadas, bruno-amareladas, amarelo-brunadas, acinzentadas e esbranquiadas ( menos frequentemente amarelo-claras). Muitos horizontes plnticos possuem matiz acinzentada ou esbranquiada, com mosqueados abundantes de cores vermelho, vermelho-amarelada e vermelho-escuro, ocorrendo, tambm, mosqueados com tonalidade amarelada.

    A textura franco arenosa ou mais fi na. A estrutura varivel, podendo ser macia, ou com forma de blocos fraca ou moderadamente desenvolvida, ocorrendo

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    tambm estrutura prismtica composta de blocos, sobretudo nos solos com argila de atividade alta. Comumente possui argila de atividade baixa, com relao molecular Ki entre 1,20 e 2,20, entretanto tem sido constatada tambm argila de atividade alta neste horizonte.

    O horizonte plntico se forma em terrenos com lenol fretico alto ou que pelo menos manifeste restrio temporria percolao da gua. Regies de clima quente e mido, com relevo plano a suave ondulado de reas baixas, favorecem o desenvolvimento deste tipo de horizonte, por permitir que o terreno se mantenha saturado com gua durante parte do ano e submetido a fl utuaes do nvel do lenol fretico.

    - Horizonte Concrecionrio - um horizonte mineral constitudo de 50% ou mais, por volume, de material grosseiro com predomnio de petroplintita, do tipo ndulos ou concrees de ferro ou de ferro e alumnio, numa matriz terrosa de textura variada ou matriz de material mais grosseiro. Pode apresentar qualquer um dos seguintes horizontes: Ac, Ec, Bc ou Cc. Para ser diagnstico deve ter no mnimo 30cm de espessura.

    - Horizonte Litoplntico - um horizonte constitudo por petroplintita contnua ou praticamente contnua. Este pode englobar uma seo do perfi l muito fraturada contudo exista predomnio de blocos de petroplintita com tamanho mnimo de 20cm, ou as fendas que aparecem sejam poucas e separadas umas das outras por 10cm ou mais.

    Para ser diagnstico, o horizonte litoplntico deve possuir uma espessura de 10cm ou mais. Este horizonte constitui um srio obstculo penetrao das razes e ao livre fl uxo da gua. Ele difere de um horizonte B espdico cimentado ( ortstein) por conter pouca ou nada de matria orgnica.

    - Horizonte GLEI um horizonte mineral subsuperfi cial ou eventualmente superfi cial, com espessura de 15 cm ou mais, com menos de 15% de plintita, caracterizado por reduo de ferro e prevalncia do estado reduzido, no todo ou em parte, devido principalmente gua estagnada, como evidenciado por cores neutras ou prximas de neutras na matriz do horizonte, com ou sem mosqueados de

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    cores mais vivas. Trata-se de horizonte fortemente infl uenciado pelo lenol fretico e regime de umidade redutor, virtualmente livre de oxignio dissolvido em razo da saturao por gua durante o ano todo, ou pelo menos por um longo perodo, associado demanda de oxignio pela atividade biolgica.

    Esse horizonte pode ser constitudo por material de qualquer classe textural e suas cores so de cromas bastante baixos, prximas de neutras ou mesmo neutras, tornando-se, porm, mais brunadas ou amareladas por exposio do material ao ar. Quando apresenta estrutura com agregao, as faces dos elementos estruturais manifestam cor acinzentada ou azulada ou ainda esverdeada ou neutra com uma fase contnua podendo ter mosqueamento de cores mais vivas. Quando inexistem elementos estruturais, a matriz do horizonte ( fundo ) tipicamente apresenta croma 1 ou menor, com ou sem mosqueados. O horizonte Glei pode ser um horizonte C, B, E ou hstico ou A, exceto o fraco.

    - Horizonte E lbico um horizonte mineral comumente subsuperfi cial, no qual a remoo ou segregao de material coloidal mineral e orgnico progrediu a tal ponto que a cor do horizonte determinada principalmente pela cor das partculas primrias de areia e silte e no por revestimento nessas partculas. Possui no mnimo 1,0 cm de espessura.

    - FRAGIP um horizonte mineral subsuperfi cial, endurecido quando seco, contnuo ou presente em 50% ou mais do volume de outro horizonte, usualmente de textura mdia, que pode estar subjacente a um horizonte B espdico, B textural ou horizonte lbico. Tem contedo de matria orgnica muito baixo, a densidade do solo maior que a dos horizontes sobrejacentes e aparentemente cimentado quando seco, tendo portanto consistncia dura, muito dura ou extremamente dura.

    Quando mido, o fragip torna-se quebradio em grau varivel de fraco a moderado e seus elementos estruturais ou fragmentos manifestam tendncias de rompimento sbito, quando sob presso, em vez de sofrerem uma deformao lenta. Quando imerso em gua, um fragmento seco torna-se menos resistente, podendo desenvolver fraturas com ou sem desprendimento de pedaos, desagregando-se em curto espao de tempo (aproximadamente 2 horas). usualmente mosqueado e pouco ou muito pouco permevel gua. Quando sua textura mdia ou argilosa,

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    o fragip normalmente apresenta partes esbranquiadas (ambiente de reduo) em torno de poliedros ou prismas, os quais se distanciam de 10cm, ou mais, no sentido horizontal, formando um arranjo poligonal grosseiro. O fragip apresenta restries penetrao das razes e ao fl uxo da gua no horizonte em que ocorre.

    - DURIP um horizonte mineral subsuperfi cial, cimentado, contnuo ou presente em 50% ou mais do volume de outro horizonte com grau varivel de cimentao por slica, podendo ainda conter xido de ferro e carbonato de clcio. Apresentam consistncia, quando midos, muito fi rme ou extremamente fi rme e so sempre quebradios, mesmo aps prolongado umedecimento. As razes e a gua no penetram na parte cimentada, a no ser ao longo de fraturas verticais que se distanciam de 10 cm ou mais. Corresponde parte de conceito de indurated pans (EUA, 1951; 1994).

    - Horizonte Clcico um horizonte formado pela acumulao de carbonato de clcio. Esta acumulao normalmente est no horizonte C, mas pode ocorrer no horizonte B ou A. Consiste em uma camada com espessura de 15 cm ou mais, enriquecida com carbonato de clcio secundrio contendo 150g / Kg ou mais de carbonato de clcio equivalente e tendo no mnimo 50g / Kg a mais de carbonato que o horizonte ou camada subjacente. Se tal horizonte clcico est sobre mrmore, marga ou outros materiais altamente calcticos (400g / Kg ou mais de CaCO3 equivalente), a percentagem de carbonatos no necessita decrescer em profundidade. Conforme calcic horizon (EUA, 1975).

    - Horizonte Petroclcico um horizonte contnuo, resultante da consolidao e cimentao de um horizonte clcico enriquecido por carbonato de clcio, ou, em alguns locais, com carbonato de magnsio. Progressivamente torna-se endurecido e macio passando a ser reconhecido como horizonte petroclcico. macio ou de estrutura laminar, muito duro ou extremamente duro quando seco e muito fi rme a extremamente fi rme quando mido. Os poros no capilares esto obstrudos e o horizonte no permite a penetrao das razes, a no ser atravs de fraturas verticais, que se distanciam de 10cm ou mais. Apresenta espessura mnima superior a 10cm, exceto no caso de horizonte laminar sobre rocha consolidada, que nesta circunstncia ser considerado um horizonte petroclcico se possuir espessura igual ou superior a 1,0cm. Conforme petrocalcic horizon (EUA, 1994 ).

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    - Horizonte Sulfrico - Este tipo de horizonte tem 15cm ou mais de espessura e composto de material mineral ou orgnico cujo pH em gua ( 1:2,5 ; solo/gua ) de 3,5 ou menor, evidenciando a presena de cido sulfrico. Alm disso, deve possuir uma ou mais das seguintes caractersticas: a) concentrao de jarosita; ou b) materiais sulfdricos imediatamente subjacentes ao horizonte; ou c) 0,05% ou mais de sulfato solvel em gua.

    Quanto cor da jarosita no h especifi cao, podendo ter croma 3 ou maior, no sendo necessariamente requerida a presena deste mineral. Horizontes sulfricos sem jarosita so encontrados em materiais com alto teor de matria orgnica, ou em materiais minerais de um perodo geolgico anterior expostos superfcie.

    A formao de um horizonte sulfrico da-se pela oxidao de materiais minerais ou orgnicos ricos em sulfetos, como conseqncia da drenagem, mais comumente artifi cial. Tal horizonte apresenta condies de acidez altamente txicas para a maioria das plantas. Tambm pode formar-se em locais onde materiais sulfdricos tenham sido expostos como resultado da minerao de superfcie, construo de estradas, dragagem ou outras operaes de movimento de terra. Critrio derivado de EUA (1994) e de Bissani et al (1995).

    - Horizonte Vrtico um horizonte mineral subsuperfi cial que, devido expanso e contrao das argilas, apresenta feies pedolgicas tpicas, que so as superfcies de frico (slickensides) em quantidade no mnimo comum e/ou a presena de unidades estruturais cuneiformes e/ou paraleleppedicas, cujo eixo longitudinal est inclinado de 10o ou mais em relao horizontal, e fendas em algum perodo mais seco do ano com pelo menos 1 cm de largura. A sua textura mais freqentemente varia de argilosa a muito argilosa, admitindo-se na faixa de textura mdia um mnimo de 300g/Kg de argila. O horizonte vrtico pode coincidir com horizonte AC, B (Bi ou Bt) ou C, e apresentar cores escuras, acinzentadas, amareladas ou avermelhadas. Para ser diagnstico, este horizonte deve apresentar uma espessura mnima de 20 cm.

    Em reas irrigadas ou mal drenadas ( sem fendas aparentes ), o coefi ciente de expanso linear (COLE) deve ser 0,06 ou maior, ou a expansibilidade linear de

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    6cm ou mais. O horizonte vrtico tem precedncia diagnstica sobre os horizontes B incipiente, B ntico e glei.

    - Horizonte B Plnico um tipo especial de horizonte B Textural, com ou sem carter sdico, subjacente a horizonte A ou E, apresentando transio abrupta para os horizontes suprajacentes, normalmente associada a mudana textural abrupta. Apresenta estrutura prismtica, ou colunar, ou em blocos angulares e subangulares grandes ou mdios, e s vezes macios, permeabilidade lenta ou muito lenta e cores acinzentadas ou escurecidas, podendo ou no possuir cores neutras de reduo, com ou sem mosqueados. Este horizonte adensado, com teores elevados de argila dispersa e pode ser responsvel pela formao de lenol de gua suspenso, de existncia temporria.

    - Horizonte B Ntico Horizonte mineral subsuperfi cial, no hidromrfi co, textura argilosa ou muito argilosa, sem incremento de argila do horizonte A para B ou com pequeno incremento, traduzido em relao textural B/A sempre inferior a 1,5. Comumente apresentam argila de atividade baixa ou carter altico. Estrutura de grau moderado ou forte em blocos subangulares e, ou, angulares, ou prismtica, com superfcies reluzentes dos agregados, caracterstica esta descrita a campo como cerosidade de quantidade e grau de desenvolvimento no mnimo comum e moderada. Apresentam transio gradual ou difusa entre os subhorizontes do Horizonte B.

    Foi utilizada a avaliao de caractersticas de perfi s do Podzlico Vermelho-Escuro, Terra Roxa Estruturada, Terra Roxa Estruturada Similar, Terra Bruna Estruturada, Terra Bruna Estruturada Similar e Rubrozm, descritos em levantamentos de solos de diferentes estados brasileiros. Com informao complementar do conceito de propriedade Ntica (FAO, 1990) e Kandic Horizon (EUA, 1994).

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    CAPTULO III