livro quando eu me amar cap 1
DESCRIPTION
Primeiro capítulo do romance Quando eu me amar da escritora Natalia Moreno, 2013.TRANSCRIPT
Quando
eu
me amar
Natalia Moreno
Aos meus pais, com amor, e ao meu marido
pelo apoio, sem ele essa história não estaria
no papel.
QUANDO EU ME AMAR
6
Prefácio
A fluidez dos amores e dos tempos
atuais, Natalia tenta conflui-los em sua
linguagem necessária a amores fugazes, ou ao
que quase sempre se possa pensar que sejam
amores.
A mesma dinâmica que move as
personagens, trazendo-as desde muito
distante para perto do universo do leitor, é a
mesma de sua narração: a vontade de ir
sempre em frente.
Amores contrariados são das
matérias que mais agradam os leitores,
porque são, de certo, como o que é a vida, o
desejo e a desilusão - e novamente o desejo -,
parte de uma equação que compõe
propriamente o que é humano.
É impossível não reconhecer as
personagens fora da ficção, muito pela
atualidade do tema e pela sensibilidade da
autora por esse tempo.
Bruno Henrique Coelho, formado em Letras
- CEUNSP, especialista em Teorias
Linguísticas e Ensino pela FCLAr - UNESP
QUANDO EU ME AMAR
8
la se arrumou como se não
tivesse medo de estar
iludida. Sonhou por
semanas com aquele momento, ajeitou-se
mais uma vez. Deu uma última olhada
para o espelho e aprovou o reflexo.
Enfim, havia conseguido perder os quilos
indesejáveis e criado coragem de usar
aquele vestido verde que ressaltava suas
curvas e a pele bronzeada. “Tudo isto é
para você” – disse para si mesma,
pensando nele.
Entrou em seu carro e seguiu o
caminho pelo qual esperava encontrar a
sua felicidade. No rádio tocava uma
música agitada que acompanhava as
batidas do seu coração.
Ele esperava-a na entrada do bar e,
para a sua surpresa, Bernardo abriu a
E
QUANDO EU ME AMAR
9
porta do carro, abraçou-a com calor,
beijou-lhe a face, ofereceu lhe o braço e
seguiram, os dois juntos, como há tempos
não ficavam, para a mesa reservada. Sofia
não conseguia esconder a emoção, a
alegria que sentia ao reencontrá-lo.
Uma moça com uma voz grave enchia
o salão com uma canção dos Los
Hermanos: “Paz, eu quero paz. Já me cansei de
ser a última a saber de ti. Se todo mundo sabe
quem te faz chegar mais tarde. Eu já cansei de
imaginar você com ela, diz pra mim se vale a
pena amor...”
Alguns casais se embalaram com o
som e não demonstravam a menor
timidez em dançar em um lugar que não
tinha a escuridão a favor dos dançarinos
de fim de semana.
Bernardo e Sofia eram só sorrisos,
cada um com seu motivo. Jogaram
conversa fora e lembraram de um passado
não tão distante.
Você se lembra quando
brincávamos com os seus primos de caçar
borboletas? E em uma tarde que
QUANDO EU ME AMAR
10
corríamos pelo parque te chamei para ir
por outro caminho?
É claro! Nós éramos impossíveis
juntos...
Pois é, quando você se negou a ir
comigo eu fiquei decepcionado! Deixei
minha timidez de lado para fazer aquele
convite... e poder te dar um beijo.
“Se fosse hoje não teria recusado”,
pensou Sofia arrependida com uma
saudade quase tocável daquela época.
Entres outros assuntos em que
conversaram sobre os planos, os sonhos,
este foi o único diálogo em que falaram
deles juntos, mas não juntos como um só.
Sofia se desapontou um pouco com
o rumo da conversa, parecia que ele não
havia reparado o quanto ela mudara da
menina dentuça de cabelos embaraçados.
Parecia que ele não via nada mais do que
uma amiga sentada a sua frente. Seu
coração trincou, mas não iria desistir
daquele homem que ela amava desde
menina.
E como está a sua vida amorosa,
QUANDO EU ME AMAR
11
Bernardo? O que te fez voltar para esta
cidade que você mesmo dizia não ter nada
que lhe interessasse?
Ele a olhou nos olhos e por um
segundo ela parecia ter razão em sonhar
com um relacionamento.
Tirei uma folga do restaurante,
tenho funcionários nos quais confio para
poder me ausentar, eu precisava de novos
ares, ou melhor, dos velhos ares. - disse
fitando Sofia.
“Não era essa a resposta que eu
esperava, mas Bernardo voltou e agora é a
minha chance de conquistar o homem dos
meus sonhos. Não será esta noite, mas aos
poucos eu vou conseguir alcançar o
coração dele”, pensou.
Ela sabia que não podia perder
nenhuma oportunidade de estar com ele,
então, antes de se despedirem
prometeram se encontrar.
Passeavam de mãos dadas, às vezes
ele colocava o braço em volta dela e ela se
sentia como uma princesa sendo guiada
por um príncipe medieval, livre de todos
QUANDO EU ME AMAR
12
os perigos. Tinha o corpo e o coração
amparados por um homem que ela estava
conseguindo cativar e, se tudo desse certo,
ficaria para sempre ao seu lado. Sofia
interrompeu este pensamento e concluiu
que precisava ser mais realista, por mais
que quisesse, não era bem assim que as
coisas estavam acontecendo, Bernardo
estava mais para um soldado cumprindo
seu dever.
Passaram um mês entre encontros,
risos e abraços. Sofia vivia do pouco que
ele lhe oferecia e se perguntava o que
faltava nela para ele olhá-la como uma
mulher. Tinha essa mania de sempre achar
que o errado estava em si mesma, mesmo
quando não havia nada. Ele simplesmente
não a queria, pelo menos não
demonstrava, e assim como qualquer
pessoa, tinha o direito de se apaixonar por
quem bem entendesse. Uma coisa Sofia
sabia: no coração a gente não manda.
Em um dos passeios, Bernardo
parecia querer dizer algo, seus olhos
demonstravam um pensamento confuso,
uma vontade de traduzir em palavras o
QUANDO EU ME AMAR
13
que ele sentia, mas Bernardo não disse
nada, apenas sorriu e Sofia acreditou ter
imaginado coisas. E quando ele,
finalmente, falou não era o que ela queria
ouvir:
Vou voltar para meu
apartamento. Não posso deixar meus
negócios por tanto tempo. Retorno
amanhã e ficarei esperando uma visita sua.
Sério? Mas e aquele papo que
estava cansado de tudo? Não fui uma boa
companhia?
Que mania essa sua de se
menosprezar... Nem merece uma
resposta... Eu já disse, preciso voltar, por
enquanto não sei fazer dinheiro cair do
céu.
Sofia retribuiu o sorriso, o abraçou
como se pudesse guardar para sempre
aquele momento, o cheiro e o desejo de
seu amor ser retribuído. Ele foi embora
fazer as malas e ela seguiu para sua casa
com o coração apertado e a promessa de
que Bernardo passaria mais tarde por lá.
Sentou na sala e com um copo de Martini
esperou ansiosamente por aquela noite
QUANDO EU ME AMAR
14
que poderia ser a sua chance de conquistá-
lo. Sofia se vestiu de alegria e esperança,
estampou-se de azul, deu brilho ao cabelo
negro e começou a folhear algumas
revistas como se a velocidade em que as
páginas eram viradas pudesse afetar o
ponteiro do relógio.
QUANDO EU ME AMAR
88
Sobre a autora:
Natalia Moreno vive em terceira pessoa,
procura um lugar ao mundo, gosta de
animais, música, dançar, ler e escrever. Gosta
da sensação de poder ser ela. Ri com
facilidade e chora mais fácil ainda. É
impulsiva e compulsiva. Escreve por hobby,
tenta colocar em palavras escritas
sentimentos e sensações que não consegue
transmitir em palavras faladas. É paisagista e
estuda Letras. Tem o defeito de querer
colocar tudo em ordem, desde um quadro
torto até o mundo e se desespera por este
último estar fora do seu alcance.
QUANDO EU ME AMAR
89
Copyright -Todos os Direitos Reservados
www.editorarosarose.com.br