livro pt4

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k,ry [r, ,i ':lir:j'.:r:,''r t:';i,:1:itt .'i.ti, tr , Tal como outros templos gregos, o Pãrtenon era decorado com cores vivas - vermelhos, azuis e dourados -, pois não podemos esquecer que foram conce- bidos para serem admirados do exterior, acolher e inspirar grandes e colori- das cerimónias. Para a construção do Pãrtenonforam utilizadas zz mil toneladas de mármore, trazidas do monte Pentélico, situado a alguns quilómetros de Atenas. O már- more aí existente era compacto mas suave e com um grão delicado de cor branca que, com o tempo, adquiria um suave tom dourado. Neste templo foram aplicadas todas as sofisticações técnicas da arquitetura dos Gregos que frzeramdele o paradigma do virtuoso perfeccionismo da sua aÍte. A decoração esculpida é muito variada e rica tematicamente. Assim, no friso exterior, dórico, estão representadas quatro lendas bélicas: as lutas dos deuses contra os gigantes, na fachada oriental; as lutas dos Cen- tauros contra os Lápitas na fachada meridional; a dos Gregos contra as Ama- zonas, na fachada ocidental; e a tomada de Troia, na setentrional. Estes QUâ-. .n*"r i i : !ri..i1ì1í:ï,r,1 tro temas simbolizam a vitória da ordem e da civilização contra a barbárie Ï *=-, :., .$* I ou o caos, que era o mesmo que dizer da Grécia contia a Ásia. No frontão i Ï*idlr-.. ly este, exposto ao sol nascente, foi representado o nascimento de Atena, saindo Ìiitçr"| ]i.;Ç{ da cabeça de seu pai, Zeus; no oeste, exposto ao poente, está representada a disputa da Ática por Atena e Poseídon. No friso interior, jónico e contínuo, está representada a procissão das Grandes Panateneiasna qual todos os Atenienses participavam, homenageando a deusa sua pÍotetora por ocasião do seu aniversário. Esta grande cena humana era representada por 4oo personagens e 2oo animais, organizados em desfile de duas filas paralelas, que começava no ângulo sudoeste do edifício e decorria à volta do mesmo, terminando na fachada leste. se encontravam reunidos os deuses para receber o novo peplo tecido pelas donzelas e por elas ofertado à Virgem. Desta marchafaziam parte, solene e hierarquicamente organizados, os magistrados, os sacrificadores de animais, os portadores de oferendas e o cortejo de jovens cavaleiros, que constituía um dos seus pontos altos. Este friso pleno de vida e de liberdade Íepresenta homens e animais numa grande variedade de atitudes. O modelado dos corpos é animado pelo jogo dos drapeados. O seu autoÍ, Fídias, soube conjugar a força, a energia e a sobriedade do estilo dórico com a graciosidade e elegância do estilo jónico. As noções de harmonia e de ritmo, tão caros aos Gregos, unem-se, neste edifí- cio, com um refinamento extremo. Simultaneamente solene e despreocupada, a escultura combina-se magis- tralmente com a arquitetura, completando-se num todo único, que na época resplandecia ao SoI mediterrânico. O Pdrtenon é a sacralização dos fundamentos da sociedade e cultura gïegas. A sua estrutura pode ser lida como uma representação simbólica dos pilares da sociedade que correspondiam a partes do templo da seguinte maneira: o povo era as colunas que rodeavam o edifício e se aglomeravam à volta de Atena, que se encontravano coração do Rírtenon;o tear, símbolo de todos os lares gregos, estava representado pelo coniunto dos pórticos de entrada, enci- mados pelos frontões, os quais, colocados paralelamente, funcionavam como os órgãos do tear; o barco, símbolo do poder económico e bélico de Atenas, é sugerido pelo engrossamento das colunas provocado pela entasís e pelo abau- lamento do frontão que, visualmente, sugerem as velas insufladas pelo vento. í o Friso jónico do Pártenon, aqui represen- tado por cenas do desfile dos cavaleiros O movimento progressivo culmina no centro do lado Este com um cavalo que se empina. Fídias, o seu autor, foi o primeiro escultor a conseguir esta leveza de representação e esta vivacidade. O desen no Pártc '-,'i. ' -'- Estes do Cena do l. Aqui estão

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Page 1: Livro pt4

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Tal como outros templos gregos, o Pãrtenon era decorado com cores vivas -vermelhos, azuis e dourados -, pois não podemos esquecer que foram conce-bidos para serem admirados do exterior, acolher e inspirar grandes e colori-das cerimónias.

Para a construção do Pãrtenonforam utilizadas zz mil toneladas de mármore,trazidas do monte Pentélico, situado a alguns quilómetros de Atenas. O már-more aí existente era compacto mas suave e com um grão delicado de corbranca que, com o tempo, adquiria um suave tom dourado. Neste temploforam aplicadas todas as sofisticações técnicas da arquitetura dos Gregos que

frzeramdele o paradigma do virtuoso perfeccionismo da sua aÍte.

A decoração esculpida é muito variada e rica tematicamente.

Assim, no friso exterior, dórico, estão representadas quatro lendas bélicas:as lutas dos deuses contra os gigantes, na fachada oriental; as lutas dos Cen-tauros contra os Lápitas na fachada meridional; a dos Gregos contra as Ama-zonas, na fachada ocidental; e a tomada de Troia, na setentrional. Estes QUâ-. .n*"r i i : !ri..i1ì1í:ï,r,1

tro temas simbolizam a vitória da ordem e da civilização contra a barbárie Ï *=-, :., .$* I

ou o caos, que era o mesmo que dizer da Grécia contia a Ásia. No frontão i Ï*idlr-.. lyeste, exposto ao sol nascente, foi representado o nascimento de Atena, saindo Ìiitçr"| ]i.;Ç{da cabeça de seu pai, Zeus; no oeste, exposto ao poente, está representada a

disputa da Ática por Atena e Poseídon.

No friso interior, jónico e contínuo, está representada a procissão das Grandes

Panateneiasna qual todos os Atenienses participavam, homenageando a deusasua pÍotetora por ocasião do seu aniversário. Esta grande cena humana erarepresentada por 4oo personagens e 2oo animais, organizados em desfile de

duas filas paralelas, que começava no ângulo sudoeste do edifício e decorria à

volta do mesmo, terminando na fachada leste. Aí se encontravam reunidos os

deuses para receber o novo peplo tecido pelas donzelas e por elas ofertado àVirgem. Desta marchafaziam parte, solene e hierarquicamente organizados,os magistrados, os sacrificadores de animais, os portadores de oferendas e o

cortejo de jovens cavaleiros, que constituía um dos seus pontos altos.

Este friso pleno de vida e de liberdade Íepresenta homens e animais numagrande variedade de atitudes. O modelado dos corpos é animado pelo jogodos drapeados. O seu autoÍ, Fídias, soube conjugar a força, a energia e asobriedade do estilo dórico com a graciosidade e elegância do estilo jónico.As noções de harmonia e de ritmo, tão caros aos Gregos, unem-se, neste edifí-cio, com um refinamento extremo.

Simultaneamente solene e despreocupada, a escultura combina-se magis-tralmente com a arquitetura, completando-se num todo único, que na épocaresplandecia ao SoI mediterrânico.

O Pdrtenon é a sacralização dos fundamentos da sociedade e cultura gïegas.A sua estrutura pode ser lida como uma representação simbólica dos pilaresda sociedade que correspondiam a partes do templo da seguinte maneira: opovo era as colunas que rodeavam o edifício e se aglomeravam à volta deAtena, que se encontravano coração do Rírtenon;o tear, símbolo de todos os

lares gregos, estava representado pelo coniunto dos pórticos de entrada, enci-mados pelos frontões, os quais, colocados paralelamente, funcionavam comoos órgãos do tear; o barco, símbolo do poder económico e bélico de Atenas, ésugerido pelo engrossamento das colunas provocado pela entasís e pelo abau-lamento do frontão que, visualmente, sugerem as velas insufladas pelo vento.

ío

Friso jónico do Pártenon, aqui represen-tado por cenas do desfile dos cavaleiros

O movimento progressivo culmina no centrodo lado Este com um cavalo que se empina.Fídias, o seu autor, foi o primeiro escultor aconseguir esta leveza de representação eesta vivacidade.

O desenno Pártc

'-,'i. ' -'-

Estes do

Cena do l.Aqui estão

Page 2: Livro pt4

H srón r ln CuttuRl i us ARrrs 75

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I desenho mostra, a sombÍeado, a distribuição da decoração esculpida- o Pártenon

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Cena do lado este do friso onde culmina o corteio da Grandes Panateneias

{qui estão representados Poseídon, Apolo e Artemisa

Detalhe da parte superior do templo, mostrando a inserção do relevo

no trontão e nas métopas

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Luta enlre centauro e lápita procedente de uma dasmétopas do grande templo

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Page 3: Livro pt4

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0 Templo de Atena Nike

{.} templo de Atena líikáou Niká Áptera - que signifi ca vitória sem asas (háquem diga que lhas roubaram poÍ serem de ouro) - é um hino à deusa Mkáeà feminilidade que a ordem jónica simboliza.

Edificado entre 432 e 42o a. C., na acrópole de Atenas, este templo ergue-seno bastião oriental da muralha da acrópole e seguiu o plano do arquitetoCalícrates, colaborador de íctino no Partínon Era rodeado por uma balaus-trada de r,o5 metros de altura, mais tardia que o templo, que teve por obje-tivo proteger os peregrinos do precipício a que se elevava o bastião.

Conta-se que este edifício foi erigido onde anteriormente, na época micénica,teria existido uma torre, o único local da acrópole do qual se podia contem-piar toda a região até ao mar. Era neste local estratégico que o rei, que a man-dara construir, prescrutava o horizonte, esperando o seu filho Teseu, que. r

deveria chegar de uma perigosa viagem à ilha de Creta.

Localizado na entrada da acrópole, este pequeno templo está enquadradoobliquamente em relação aos Propileus, o que o faz sobressair desta constru-

ção e lhe atribui uma identidade singular.

O Templo de Atena Nikápossui uma extrema simplicidade. Construído emmármore pantélico sobre um envasamento de 8,26 x 5,64 metros, é um tem-plo anfi.próstíIo, com quatïo colunas nas fachadas principal e posterior.Devido ao reduzido espaço paÍa a sua construção, o templo contém apenasuma pequen a cella, sem opistó domo s.

A sua requintada decoração, concentrada no friso, encontïa-se, hoje, na suamaioria, distribuída pelos museus Britânico e da Acrópole, e é obra do escul-tor Agorácrito. O friso é uma faixa contínua com cerca de 30 metros de com-primento. A este apaÍecem, de pé ou sentados, os deuses do Olimpo queseguiam atentamente as batalhas dos cavaleiros Gregos e Persas; nos outroslados, estão representadas lutas entre hoplitas (soldados) gregos e persas.Decorando a balaustrada do ternplo, aparecia uma série de vitórias aladas(nikã1, em atitudes graciosas e de grande finura de proporções, erguendo tro-féus e celebrando sacrifícios.

Nos frontões, a decoração esculpida representava uma temática diferente:a dos gigantes, a este, e a das amazonas, a oeste.

A decoração esculpida presente neste templo é um verdadeiro hino à beleza.Um dos seus mais famosos relevos é a "Nikí desapertando a sand.ália". Eslasfigurações, plenas de graça, não são apenas corpos estruturais envolvidos emvestuário, mas formas femininas moldadas por drapeados flutuantes e tÍans-paÍentes, dos quais sobressai uma sensualidade subtil, que pïessagia a artedo século IV a. C.

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Niké desapertando a sandália, relevo doTemplo de Atena Nìké

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wffi-c'f,-Planta eaos ProI

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Capitel de esquina da coluna jónica

Page 4: Livro pt4

HrsróRn ol CurruRn r o,qs Anms 77

í. Pinacoteca2. Propileus3. Templo de Atena Niké

Planta e corte do Templo de Atena /Vrkée sua implantação luntoaos Propileus

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lüu"ì*e1i-,---'.'. -"---,.-r!--;:.,..!--:-,- -,..'.-r:

VisÌa Írontal do templo de Atena Niké

Enquadramento do templo de Atena Nikénos Propileus

Page 5: Livro pt4

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tr 0s Persas, de Esquilo. 0 estádio e 0 teatro.

Atragédia e a comédia

0 estádio

ï,Lii estádio e o teatro eram duas das mais importantes instituições sociocul-turais da cidade grega, porque neÌes se celebravam inúmeros e programadosconcursos e festivais que faziam parte do culto cívico-religioso. O estádiosatisfazia o gosto pelo exercício físico que os Helenos, desde os tempos maisantigos, cultivavam; e o teatro contribuía para a formação cívica, cultural e

religiosa dos Gregos.

Os maiores santuários integravam também, na sua área, os teatros e estádios,a par de templos, tesouÍos, oráculos, hipódromos e acomodações para sacer-

dotes e peregrinos. Em todos havia celebrações de festivais que se realizavamna data de aniversário do deus a que eram dedicados. Destes festivais faziamparte: cerimónias religiosas, concursos ginasiais, hípicos e atléticos, concur-sos líricos e musicais, de tragédia e de comédia e, por vezes, concursos de

beleza e de "conformação física e garbo", só entre mulheres e só entrehomens, tudo com o fim de homenagear os deuses.

As festas mais relevantes em Atenas eÍam as Grandes Panateneias fver r." caso

prátìcol e as Dionisíacas; os y'ogos desportivos mais conhecidos em toda a Gréciaeram os jogos Pan-Helénicos (que abrangiam todos os Gregos).

Os estádios eram, entre os Gregos, construções destinadas à prática dosjogos. A formação escolar grega incluía aprender a ler, escrever, contar, tocarum instrumento, cantar, recitar, dançar e praticar exercício físico nos giná-sios, a fim de se prepararem para a gueffa e para os jogos.

Nos jogos só podiam competir os cidadãos gregos que, segundo os historia-dores, fossem membros da boa sociedade e tivessem boa consciêncía para com os

homens e para com os deuses; por isso os atletas não eram profissionais. Os

melhores recebiam, única e simbolicamente, coroas de oliveira ou de lou-reiro e a admiração e estima dos seus compatriotas, pois, tendo ultrapassadoos seus próprios limites na procura da excelência (aretê), atingiam o

supremo valor do espírito grego. Além disso, eram imortalizados pelos poe-

tas nos seus cantos de vitória e pelos escultores nas suas estátuag.

Os estádios mais conhecidos são: o de Olímpia, o mais antigo; o de Delfos, doséculo V a. C.; o do Epidauro, dos sécs. V e IV a. C.; e o de Priene, já do períodoheìenístico.

No século IV a. C., por razões várias, as competições desportivas decaíram e

os participantes passaram a seÍ profissionais. Em 3% d.C., todos os jogosforam proibidos pelo imperador Teodósio que os considerava pagãos.

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Atores preparando-se para entrar emcena (ilustração de um vaso cerâmico doséculo lV a. C.)

Pista do Estádio de DelÍos

Page 6: Livro pt4

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prindipal

2. Hemiciclo dos reis de Argos3. Tesouro de Sicion4. Tesouro de SiÍnos

5. Tesouro dos Atenienses6. Buleutério7. Pórtico dos Atenienses8. Tesouro de Corìnto9. Templo de Apolo

10. ïrípode de PlaÌeo

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Santuário de DelÍos, reconstituição da panorâmica geral (em: Guia de Aterndr Acento)

Hrsrónrn on CurruRn r ons Anrrs ì 79

Planta e cofte do teatro de Epidauro

"ii;:1$;ïji,i;çoj+r*

11. Pórtico de Alalo

12. Pórtico Oeste'13. Teatro

14. Leské de Cnido

15. Estádio

'w.

16. Templo novo de Atena Pronaia Ë17. Templo arcaico de Atena Pro- $

naia rï18. Tholos ï;19. Santuário de Atena Pronaia .5:

20. cinásio .-r

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Teatro de Dionísio

Teatro de Dionísio, na vertenle da acrópole de Atenas (reconsliluição) I " palco; 2. parodos; 3, orquestra; {, bancadas ou cávea

Page 7: Livro pt4

llloo ËA$ü! pnAïffitt i.:Í;Li,i ili.,' ,' ., GA$0 pHAnffi i;ri;:lll liì;ii':itij üA$m pmAffiffim

0 teatro: a tragédia e a comédia

A orig.* obscura do teatro está vinculada aos rituais do culto ao deus Dionísio,prestado poLaltura das suas festas, entre janeiro e setembro.

Desse culto fazia parte a declamação de ìliürambos.A partir do século VII a. C., os enre-doscomplicaram-seepaSSaramasere@aSpeçasoratinham conteúdos dramáticos (tragédia), ora satirizantes (comédia).

No século VI a. C., nos grandes festivais - as Dionisíacas Rurais, as Leneias e as Gran-des Dionisíacas Urbanas -, eram apresentados espetáculos dramáticos. Em Ater-ras,foi o tirano Pisístrato que organizou os primeiros concursos dramáticos em 534 a. C.,onde foram apresentadas

No século V a. C., Péricles foi onkon fver Biografia].

Os concursos estavam a cargo de um grupo de altos magistrados e cidadãos ricos (o core-gia) que escolhia as peças, nomeava os atores - primeiramente simples cidadãos e

depois profissionais bem pagos - e financiava o espetáculo. Eram atribuídos três pré-mios: um ao dramaturgo, outro ao protagonista e o último ao corego, estes consistiamem coroas de hera; os dois primeiros recebiam também honorários.

Os atores, ou hipúcritas, eram sempre homens e interpretavam na mesma peça váriospapéis; daí a grande utilidade dos trajes, dos coturnos (sapatos de salto alto) e, especial-mente, das máscaras que caracterizavam a personagem a interpretar. Havia também ocoÍo constituído inicialmente por 50, e depois por 12, coreutas, que dançavam e canta-vam ao som do oboé, pois poesia, dança e música estão sempre interligadas.

As representações prolongavam-se por quatro dias seguidos e durante elas não haviaentreatos nem intervalos; tinham uma assistência muito concorrida, atenta e partici-pativa, que interagia com os atores ao mesmo tempo que comia, bebia, aplaudia eassobiava.

Os primeiros teatros, até aos do tempo de Ésquilo, eram construções simples:a orquestra ficava no ponto mais baixo, em terra batida; as bancadas de madeira, oucávea, eram dispostas em hemiciclo nas vertentes naturais; e o palco, ou cena, eÍauma espécie de estrado com uma tenda que servia de cenário e camarim para os ato-res. Os teatros de pedra surgiram no final do século V a. C., nas cidades e nos santuá-rios, construídos no declive das colinas (pois a depressão topográfica do terreno pro-piciava boas condições acústicas e a visão total do espaço) e virados para o maÍ oupaÍa a montanha, pois a paisagem integrava o cenário.

Composição poélica e musical

religiosa entoada e dançada por

coristas (elementos do coro,

homens ou rapazes), disÍar-

çados de sátiros (semideuses

com pés de bode) nas Íestas

em honra de Dionísio. lni-cialmente estas eram uma ceri-

mónia "primitiva" com sacriÍÊ

cios humanos e gritos rituais à

volta do altar do deus, acompa-

nhados de vinho, provocando

estados próximos do transe.Mas como nos ditirambos eram

contadas pequenas histórias da

vida dos deuses e episódìosmísticos, alguns escritoresdesenvolveram esses conteú-

dos e transÍormaram-nos emgéneros literários, como fize-

ram na poesia PÍndaro e no tea-

tro Ésquilo, SóÍocles, Eurípedes

e AristóÍanes.

Três peças trágicas unidas por

uma pers0nagem 0u p0r um

tema unificador (a história de

um acontecimento ou de umapersonagem).

Três peças trágicas e um dra-

ma satírico submetidos ao

mesmo tema.

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Conteúdos e t€çnicãs em Os Fersa s d.e EsquiloTema: o castigo dos deuses pela soberba e arrogância humanas, aqui personifcadas por Xerxes, reí dos Persas.

Assunto: a Batalha de Salamina ganha pelos Gregos deuido ao apoío dos deuses.

Personagens: o coro de nobres anciãos constituído por r z clreutas; a rainha Atossq mãe d.e Xerxes; a alma de Dario I, pai de Xerxese esposo de Atossa, que aparece representado por uma sombra; o Mensageiro ou correío que anuncia o desastre da batalha e a destntí-

ção dafrota; o jovem rei Xerxes; o corifeu, que é ator e chefe do coro e que dialoga com os outros atores.

LocaL a capital do reino persa, Susa, na praça do palício, perto do nmulo de Dario I.Resumo: num longo monólogo, o Corifeu (o prológo) inquieta-se pela ausência de notícias do grande exército persa que partíra parainuadiraGrécia.Nopírodo,ocorodescreueapassagemdoexárcitodaÁsiaparaaGréciaeodesejodeXerxesemconquistaromund.opor teffa e mar. Aos poucls, pressente-se a desgraça reforçada pelo mau augúrio da rainha. Chega o mensageiro que informà das muitasbaixas que o exército persa jí sofrera. Entretantl, a rainha ora e consegue que a alma de Darío lhe apareça e revele o termo dessas des-

venturas: o reí critica o f.lho pela sua ínsensatez de mortal ao julgar poder vencer todos os deuses e em especial Poseídon; e prevê uma sáriede calamidades. Porfm,Xerxes, abatido, entra em cena-êxodo - e, dirigindo-se a.0 coro,nummelodramapesado, culpabiliza-se.

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Entre os muitos teatros gregos, salientamos: o de Dionísio, em Atenas, o mais antigo; o dg,Epidauro, o melhor conservado, o maior e o mais perfeito; o de MìIeto, que abrigava25 ooo pessoas que viam também o mar e o porto; o de Pérgamo e o de Priene.

A tragédia é o género mais antigo e teve o seu apogeu no tempo de Péricles, pois, paraele, o teatro era uma verdadeira instituição pública com fins cívicos e religiosos.Escdlaemge$o. o seu conteúdo está geralmente ligado às antigas histórias religiosas,representando a vida dos deuses e o desvario dos homens,"numa luta constante entreas forças humanas e as forças do destino que, devido ao fatalismo e à maldição, se

impõem. O enredo, descrito em tensão crescente, prende o espectador que vai pressen-tindo a iminência da catástrofe.

A sua estrutuxa consta de prólogo, párodo ou discurso de entrada do coro, de três ou qua-tro episódios (as cenas) e do êxodo. Era representada por 3 atores, que faziam várias per-sonagens e recitavam, dançavam, cantavam e "replicavam" com o coro.

Os principais representantes são:

Ésquilo (SzS-+56 a. C.) - tido como o verdadeiro criador da tragédia grega, com osseus heróis malditos;

Sófocles (+gS-+oS a. C.) - foi o autor mais premiado. Obras como Ajax, O rei Édipo e

Antígona descrevem o homem comum, com carácter, sentimentos (amor filial e

noção do dever), numa construção perfeita, de grandioso sentido dramático e onde osusp ens e esïá sempre presente;

Eurípedes (+85-+o6 a.C.) - escreveu cerca de roo peças. Em Medeíae Electrarealçouo papel da mulher, questionou a religião e a tradição e incentivou e provocou noespectador a admiração e o respeito pelo cidadão e pelo camponês humilde e dignoque, numa atitude revolucionária, lutam, não só contra o destino, mas também con-tra os ricos (representados pelo poder instituído), pela defesa da igualdade política e

pela justiça social. Foi amigo de Sócrates.

fR comédia é mais tardia que a tragédia e menos duradoira; tinha porf,r s assun-

I tos ao quotidiano, do sociil e da pãlítica, vícios, modas, niuito, àtffit a. potíticos,

I de escritores e de filósofos e até de deuses eram ridicularizados com grande espírito crí-

I tico, com grande liberdade, usando mesmo expressões rudes, indecorosas e maldizen-

I tes; no resto era igual à tragédia, excetuando os atoresque, com máscaras e aÌ grotesco,

!e vestiam de sátiros.

Aristófanes (++S-l8S a. C.) - foi o comediógrafo mais conhecido pelas suas cerca de

4o obras, das quais só se conservam rr, nomeadamente As Rãs, As Moscas na Figueira"A Assembleia das Mulheres, As Nuvens e Os Cavaleiros. Com a sua fecunda inspiração,virtuosismo verbal, liberdade de linguagem, veia cómica e impiedosa sátira, questio-nava a atualidade política e social e elogiava a excelência dos costumes antigos. Em quedeve ser admirado um poeta? No facto de tornarmos melhores os homens na cidade - esta Íes-posta já dá a ideia da função da comédia para Aristófanes.-

Cornentrírios:Nesta peça (representada pela primeira uez em 47 2 a. C., tendo sido Píric.les o corego), Esquilo mostrou compaixão pelos vencidos e

valorizoü a vitóría dos Gregos; tambám ensinou a moderaçã0, a ética, o humanismo e o pacif.smo, não só aos Gregos do seu tempomas tamb ëm à Humaníd ad e.

Cumprindo o principio da tragédia grega, não fez um relatl fa.ctual do acontecimento mas levou as personq.gens e o público a interro-garem-sesobre:osentidodaexístênciaedodestinodoHomem,opoderdosdeusessobreavontadeealíberdadehumanaseaatitudede uingança dos deuses sobre quem tenta fugir ao seu destino. Ásslm mithos, religião ou sagrado, estí interligado e, na obra de

Esquilo, submetido, aologos, razã.0 ou humano.

Esquílo melhorou o ge'nero dramítÌco na estrutura, valoizando 0 mlmento e a tensão da entrada do coro, mas reduzindo o seu papelapresentando uma parte falada pelo coifeu; realçou a música, executada por flautistas rìcamente vesüdos, e a dança que era tida como

umamantÍesïação externa e clamorosa de dor (...) que traduz em gestos e movimentos rítmicos o que está subjacente

[ao texto](em Aires RodeíaPereirq ADançanaTragédia Grega). Na cenografqutílizou cenírios e maquinismosrudimentares.A linguagem teatral de Ésquilo é simples (para ser bem entendida pelo pouo) e desenuolue a ação sem grandes surpresa.s, m6s numaatmlsfera carregada de fatalismo e ensinamentos, cumpríndo assim o carícter religioso e cíuico do teatro.

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