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Livro FACESP 50 anos - DC

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2 FACESP. 50 ANOS. 2013

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4 FACESP. 50 ANOS. 2013

Conselho Editorial

Pre s i d e nteRogério Pinto Coelho Amato

Superintendente da FACESPNatanael Miranda dos Anjos

Assessor de Relações Institucionais da FACESPJosé Olival Moreira de Almeida Júnior

Superintendente de Produtos e OperaçõesGiovanni Guerra

Coordenador Estadual de Projetos e Desenvolvimento deFi l i a d a s

Nelson Andujar de Oliveira

Superintendente do Instituto de Economia Gastão Vidigal – ACSPMarcel Solimeo

Diretor de Redação do Diário do ComércioMoisés Rabinovici

Editor-chefe do Diário do ComércioJosé Guilherme Rodrigues Ferreira

Tex toPaulo de Assunção e Vilma Pavani,

Pe s q u i s aPaulo de Assunção,

Agliberto Lima e Luciana Costa,bibliotecária da ACSP

D iagramaçãoSidnei Silva Dourado

R ev i s ã oJosafá Crisóstomo

Tratamento de ImagemRonaldo Santanielli

Ar tesPaulo Zilberman e Max

Gerente de OperaçõesValter Pereira de Souza

Impressão e acabamentoLog & Print Gráfica e Logística S.A.

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6 FACESP. 50 ANOS. 2013 Agliberto Lima/DC

Patrimônioinstitucional:atas das reuniõesdas ACs comofonte da históriada FACESP

7FACESP. 50 ANOS. 2013

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8 FACESP. 50 ANOS. 2013 9 FACESP. 50 ANOS. 2013

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10FACESP. 50 ANOS. 2013

Esta publicação foi adaptada de original dohistoriador e professor Paulo de Assunção. Ele utilizou como

referência atas de reuniões da FACESP/ACSP, desde osdocumentos que registram as discussões preliminares que

culminaram na criação da entidade. O trabalho, em sua íntegra,pode ser consultado no site www.facesp.com.br.

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11 FACESP. 50 ANOS. 2013

ÍNDICEMEIO SÉCULO DE LUTAS Pág.13

CAMINHANDO COM O PAÍS Pág. 19

ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS: PERCURSO HISTÓRICO Pág. 20

O NASCIMENTO DA FACESP Pág. 37

A CONSTRUÇÃO DA REDE DE ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS Pág. 49

ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS E SUAS CIDADES. Pág. 68

PELA PARTICIPAÇÃO ATIVA DO EMPRESARIADO Pág. 71

A LUTA PELA LIVRE-INICIATIVA DO EMPREENDEDOR Pág. 78

UNIÃO NA VALORIZAÇÃO DO EMPREENDEDORISMO Pág. 97

CONSOLIDANDO O MOVIMENTO DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS Pág. 123

PRESIDENTES DA FACESP Pág. 141

DE OLHO NO FUTURO: NOSSA FORÇA PODE MAIS Pág. 143

DESAFIOS À VELOCIDADE DAS MUDANÇAS. Pág. 161

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12 FACESP. 50 ANOS. 2013

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13FACESP. 50 ANOS. 2013

MEIO SÉCULO DE LUTAS

Federação das Associações Comerciaisdo Estado de São Paulo – FACESP - nasceu em 19 de se-tembro de 1963. Seu ideal, a harmonia e solidariedadeentre os órgãos representativos das classes empresariaisdo Estado. Sua missão, sustentar, defender e reivindi-car, perante os poderes públicos, os interesses e as aspi-rações coletivas das filiadas à entidade e desenvolverum sistema econômico, político, social e cultural pauta-do na liberdade individual e na livre-iniciativa. A orga-nização mais estruturada permitiu a atuação alinhada eunida das associações comerciais, diante das necessida-des da vida econômica, política e social do Estado de SãoPaulo e do Brasil.

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14 FACESP. 50 ANOS. 2013

No decorrer de 50 anos de existência, a FACESP foi pro-tagonista de movimentos importantes para o empresa-riado comercial e industrial e para o bem comum. Agre-gando as Associações Comerciais paulistas nesse tem-po, a entidade possibilitou o compartilhamento de pro-blemas comuns e ações estratégicas conjuntas,participando e contribuindo para ações decisórias im-portantes no âmbito federal, estadual e municipal, embenefício do empresário brasileiro. Em vários momen-tos da nossa história, teve papel pioneiro e de protago-nista na construção de mudanças que visavam a ummundo melhor, assumindo posições importantes em de-fesa das micro e pequenas empresas, da livre-iniciativa,da democracia, da simplificação do sistema fiscal, dasreformas tributárias, da responsabilidade fiscal, do re-púdio à corrupção, entre outras.

Ao olhar para esses cinquenta anos, é possível perceberque passado e presente norteiam o futuro, sendo, portan-to, de extrema importância acompanhar sua trajetória ecompreender o seu papel de agente propulsor. Claro queresgatar o passado de uma instituição implica escolhercertos acontecimentos, personagens e fatos em detrimen-to de outros. Organizar a memória coletiva de uma enti-dade é uma tarefa difícil e repleta de armadilhas, mas esseresgate permite um “novo acontecer”, contribuindo nacompreensão do que fomos e do que somos. Passado e

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15FACESP. 50 ANOS. 2013

Rogério Amato

Presidente da Associação Comercial de

São Paulo e da Federação das Associações

Comerciais do Estado de São Paulo.

presente estão juntos na construção da identidade e daconsciência coletiva, num movimento contínuo de desco-brir-se e de se reinventar.

Este trabalho teve como principal missão resgatar os re-gistros históricos e as narrativas de gestores que atuaramna constituição e no processo de atuação das associaçõescomerciais do Estado de São Paulo. Procuramos apresen-tar as principais atuações da entidade e os seus significa-dos no processo de desenvolvimento da sociedade paulis-ta e brasileira. Estivemos atentos para o processo de uniãodas associações comerciais, assumindo responsabilida-des e estabelecendo parcerias e relações salutares para onosso caminhar.

A sociedade contemporânea tem passado nos últimosanos por um processo abrupto de transformação material,mostrando suas feições racionais e pragmáticas. Novas tec-nologias e recursos estão cada vez mais disponíveis para asdiferentes sociedades. Concomitantemente, acontece ummovimento de transformação dos aspectos culturais quenão podem ser dissociados do sistema como um todo. Umaentidade como a FACESP sobreviverá quanto mais manti-ver consciência da sua atividade nesse contexto.

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16 FACESP. 50 ANOS. 2013 17FACESP. 50 ANOS. 2013Paulo Pampolin/Hype

Amato na aberturado 12º Congresso daFACESP, em Santos:Hora de Agir.

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18 FACESP. 50 ANOS. 2013

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19FACESP. 50 ANOS. 2013

CAMINHANDO COM O PAÍS

os últimos 50 anos, o Brasil progrediu muito e estáentre as maiores economias do mundo, com um Produto Interno Bru-to (PIB) superior a R$ 4,5 trilhões, cerca de 200 milhões de habitantese renda per capita na casa dos US$ 12 mil – ainda baixa em compa-ração a dos países desenvolvidos, mas maior do que o dobro da re-gistrada em 1963, ano do nascimento da FACESP.

A FACESP, portanto, surge praticamente no período de moderni-zação das instituições do Brasil e de estabilização monetária, ocorri-das a partir de 1964, que somadas a um cenário internacional favo-rável e uma política de estímulo às exportações, produziu o chamado“milagre econômico”, de 1968 a 1973, quando o País registrou expan-são anual média do PIB de 11,2%. Isso ao mesmo tempo em que con-vivia com um processo inflacionário galopante, com várias interven-ções governamentais para buscar debelá-lo, em vão.

Até chegar à tão desejada estabilização o Brasil conviveu com oitomoedas e sete planos econômicos- Cruzado 1 e 2, Bresser, Verão, e osplanos Collor 1 e 2, envolvendo congelamento de preços, controle desalários, tablitas e até o bloqueio de recursos financeiros das empresas edos cidadãos. Finalmente, com o Plano Real, em 1994, o país conseguiua estabilização monetária, sem congelamentos e com a desindexação daeconomia. Entretanto, até hoje convivemos com problemas de ajustefiscal e com promessas não cumpridas de cortes de despesas públicas,carga tributária elevadíssima e denúncias constantes de corrupção.

Nesse cenário, a FACESP conseguiu crescer e se adequar às mudançasdos tempos, comprovando a força do empreendedorismo e a capaci-dade de união em busca de objetivos comuns. Estamos certos de que osempresários, em conjunto com a sociedade, saberão conduzir o Brasil aum novo patamar de desenvolvimento econômico e social.

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ASSOCIAÇÕESCOMERCIAIS:PERCURSO HISTÓRICO

s Associações Comerciais surgiram no contex-to brasileiro a partir da abertura dos portos, em 1808, com a vindada família real para o Brasil. A designação Associa-ção Comercial passou a abarcar um conjunto amplode atividade do setor econômico, que incluía o co-mércio, a agricultura, a pecuária, as atividades libe-rais e a indústria.

A presença da família real portuguesa no Brasil sig-nificou a transferência do centro do poder de Lisboapara o Rio de Janeiro, exigindo adequações para di-

Reprodução

AssociaçãoComercial daBahia: amais antiga.

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namizar a atividade comercial do Brasil. A abertura dos portos àsnações amigas, feita por D. João VI é um marco histórico para aabertura comercial brasileira e seu paulatino crescimento econô-mico. Logo após sua chegada, o monarca concedeu alvará para aconstrução da Praça do Comércio no Rio de Janeiro, sendo emi-tidos outros nos anos seguintes.

Em 15 de julho de 1811, era fundada na cidade de Salvador a As-sociação Comercial Brasileira, construída na Praça do Comércio.Inaugurada em 1817, passou a ser responsável pela dinâmica do co-mércio na região de Salvador. Em breve surgiriam outras Praças deComércio com a constituição de Associações Comerciais, como é o ca-so do Pará e de Pernambuco, ambas fundadas em 1819. A criação dasassociações comerciais na capital do reino e depois do império bra-sileiro, bem como as demais, que surgiram na primeira metade do sé-culo XIX, apontava para a dinâmica intensa da atividade comercialdas áreas da Bahia, Pernambuco e Pará com a Europa.

No decorrer da terceira década do século XIX, as plantações decafé ganharam espaço na região do Rio de Janeiro, avançando emdireção a São Paulo. A partir da segunda metade do século XIX, ocafé se transformaria numa economia importante para a nação bra-sileira. Contudo, o Brasil possuía inúmeras debilidades, principal-mente no que dizia respeito ao desenvolvimento da infraestrutura

Reprodução

Documentooficial daAberturados Portos.

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necessária para o escoamento da produção. Assim, com o cresci-mento da produção cafeeira, estradas de ferro foram construídasno Rio de Janeiro e em São Paulo, promovendo grande impacto nadinâmica da sociedade imperial, permitindo a ampliação das áreasagricultáveis, ao mesmo tempo em que se facilitava o escoamentoda produção para os principais portos da nação.

Fruto do desenvolvimento da economia cafeeira em São Paulo,cria-se em 22 de dezembro de 1870 a Associação Comercial de San-tos, no litoral paulista, primeira do Estado. Isso fez com que a ci-dade passasse a receber melhorias na infraestrutura, principal-

mente na área portuária, para atender ao fluxo de mercadoriase de pessoas que se intensificava.

No cenário nacional, as críticas ao governo imperialeram intensas. D. Pedro II não conseguia atender aosanseios das diversas camadas que compunham a so-ciedade. Os embates em relação à questão escravaeram intensos e o fim da escravidão era discutidocom ânimos inflamados, principalmente por aquelessenhores do café que não tinham empreendido a mu-dança para a mão de obra livre. Eles queriam ser in-denizados pelo governo, que não queria fazê-lo, até

por pressão dos setores da sociedade que não preten-diam arcar com o ônus da falta de iniciativa de uma oli-

garquia cafeeira com mentalidade retrógrada.É nesse ambiente turbulento que surge a Associação Comer-

cial e Agrícola de São Paulo, em 1884, congregando empresáriosdispostos a defender os interesses da agricultura, do comércio e daindústria. À frente do processo estava Antonio da Silva Prado, jun-tamente como Antonio Proost Rodovalho, Manoel Lopes de Oli-veira, Eduardo Prates, entre outros. A ideia era dar continuidade àsatividades produtivas, a despeito dos problemas políticos que in-terferiam no caminhar da economia e das dificuldades sociais domomento.

Nos primeiros meses de 1888, era grande a turbulência causadapelos debates e pela inação do governo quanto à mão de obra es-

Rodovalho:e m p re e n d e d o re fundador daAssociaçãoC o m e rc i a l .

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23FACESP. 50 ANOS. 2013

crava. O fim do sistema escravocrata era iminente e, de fato, a li-bertação dos escravos chegaria no dia 13 de maio de 1888 com a as-sinatura da Lei Áurea pelas mãos da Princesa Isabel. O documento,além de por fim à escravidão, acenava para os derradeiros momen-tos da monarquia, que não resistiria aos embates seguintes entreconservadores e republicanos.

Em 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, um movimentomilitar no Campo de Santana, liderado pelo Marechal Deodoroda Fonseca, encerrava o governo de D. Pedro II. Nos dias seguin-tes, a notícia se espalhou pela cidade e pelo território nacional. ARepública surgia sobre as cinzas da monarquia e nasceu em meioa divergências e embates, que marcaram os governos do Mare-chal Deodoro da Fonseca e de Floriano Peixoto. Mas, em 15 de no-vembro de 1894, com a posse do terceiro presidente do país, Pru-dente José de Moraes e Barros, um novo momento político seabria para a nação brasileira. No mês seguinte, em 7 de dezembrode 1894, por incentivo de Antônio Proost Rodovalho, foi criada aAssociação Comercial de São Paulo, com o objetivo de atender àsnecessidades comuns dos grupos empreendedores que compu-nham a sociedade. Formavam a nova entidade associativa fazen-deiros de café, empresários e homens ligados a todo tipo de ati-vidades comerciais. A ideia era a de fazer uma aliança para cons-truir novas relações no âmbito econômico no recém instauradogoverno republicano.

A atividade cafeeira e os desdobramentos que a mesma gerava fa-voreceu a diversificação do capital dos fazendeiros do café. A dinâ-mica da exportação levou muitos deles a se envolver na formação deempresas ligadas ao ramo e a atuar junto às instituições financeirasligadas às transações que faziam. Isso diversificou e ampliou as opor-tunidades de trabalho, tornando São Paulo uma cidade atraente parainvestimentos estrangeiros. O crescimento da exploração cafeeiratambém fez com que regiões do interior paulista se desenvolvessem econstituíssem associações comerciais para defender seus direitos. Foio caso da Associação Comercial de Ribeirão Preto, em 1904.

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24 FACESP. 50 ANOS. 2013 Arquivo/Time Life

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Mas os reveses da economia mundial impactaram a economiabrasileira, num momento em que ocorria uma grande produçãode café, que ficou sem compradores. Em 1906 , o Convênio de Tau-baté foi realizado com o objetivo de discutir uma política de va-lorização do café, num contexto mundial marcado por instabili-dades. E se, entre 1910 e 1914, a produção cafeeira conseguiu es-tabelecer um equilíbrio, favorecendo o desenvolvimento de no-vas áreas produtivas no Estado de São Paulo, o deflagrar da IGuerra Mundial (1914-1918), no entanto, não apenas chocaria ahumanidade, como seus efeitos se fizeram sentir no Brasil. Mes-mo em meio às incertezas da guerra, foi fundada a Associação Co-mercial de Lorena, em 1917.

A primeira Guerra Mundial causou o desabastecimento do mer-cado interno brasileiro, que dependia sensivelmente dos produtosvindos da Europa. Por outro lado, o conflito favoreceu o desenvol-vimento econômico em algumas cidades brasileiras. Novas indús-trias surgiram, com a intenção de fornecer gêneros básicos para omercado interno e para outros países latinos americanos. A indústriapaulista foi uma das que mais cresceu no período, marcada por umadiversidade de empreendimentos.

O movimento em direção ao desenvolvimento industrial gerounovas oportunidades e exigiu que o sistema financeiro fosse re-modelado, bem como criadas condições para proteger à agricul-tura, o comércio e a indústria. Tal quadro fomentou novo ânimono espírito associativo e no decorrer da década de 1920 foramfundadas as Associações comerciais de São José do Rio Preto(1920), Mogi das Cruzes (1920), Campinas (1920), Sorocaba(1922), Rio Claro (1922), Jaú (1922), Jundiaí (1923), Araras (1923),Bariri (1924), Botucatu (1924), Presidente Prudente (1927), Ara-çatuba (1929), São Miguel (1929), Catanduva (1930) e Mirassol(1930).

Logo uma nova crise abalaria o mundo, em 1929, com os insu-cessos da bolsa de Nova York, que arrasou a economia americanae levou consigo parte do sistema econômico mundial. O Brasil,que cambaleava ainda na sua economia agrária e exportadora,sofreu um golpe mortal. O café, carro chefe das exportações, dei-

Na página aolado,e m b a rq u edo caféMade in Brazil,no Porto deSantos.

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xaria de ter seu papel de destaque. A cotação do produto desabouno mercado internacional, levando os senhores do café ao deses-pero. No campo político, as tensões se acirraram. Nas eleições de1° de março de 1930, enfrentaram-se a chapa oficial, cujo candi-dato a presidente era Júlio Prestes, tendo como vice Vital Soares,e a coligação designada Aliança Liberal, que tinha como candi-dato a presidente Getúlio Vargas e João Pessoa como vice. A vi-tória de Júlio Prestes não serenou os ânimos, até porque as elei-ções do período da República Velha eram marcadas por mecanis-mos fraudulentos de todas as partes.

Em 24 de outubro de 1930, militares de alta patente atuaram paradepor o presidente Washington Luís, que não fez oposição. Foiconstituída uma Junta Pacificadora e, em 3 de novembro daqueleano, Getúlio Vargas foi escolhido presidente provisório do Brasil.Para reforçar o seu poder, Getúlio intensificou as medidas de con-trole sobre as forças de esquerda, que contavam com a participaçãooperária. E criou o Ministério do Trabalho, como o intuito de esta-belecer uma política sindical para regular as relações entre o traba-lho e o capital. Um decreto de 1931 estabelecia que as federações econfederações só poderiam ser constituídas e funcionar desde queseus estatutos fossem aprovados pelo ministro do Trabalho, Indús-tria e Comércio. Na prática, de forma sorrateira, Getúlio Vargas es-vaziava a liberdade e o poder das associações comerciais, forçandoque estas se constituíssem como sindicatos, que passavam a ficarsob a égide do Estado.

O ano de 1931 seria marcado por ações duras de Getúlio Vargas. Anomeação de interventores para os governos estaduais desagra-dou parte da população dos Estados brasileiros, que começaram asentir a falta de liberdade e o peso dos mecanismos de restrição po-lítica. Ao mesmo tempo, surgiam no interior paulista as associaçõescomerciais de São Carlos e Bauru.

As intransigências de Vargas fizeram a população de São Paulose manifestar. Em 23 de maio de 1932, quando um grupo de pes-soas invadiu a sede da “Legião Revolucionária”, tropa que apoia-

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Arquivo/Time Life

GetúlioVa rg a s :intervençãonosEstados efalta del i b e rd a d e .

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va o governo getulista no Estado. Osconflitos levaram à morte os estudan-tes Martins, Miragaia, Dráusio e Ca-margo e uniu a população em torno deum ideal comum. Em 9 de julho de1932, foi deflagrado o movimento quepassaria para a história como Revolu-ção de 1932.

Apesar da coragem e do brio paulista,as tropas federais, superiores em arma-mentos e recursos, foram vitoriosas. Oslíderes constitucionalistas e combatentesrendidos foram presos. No decorrer domovimento, a Associação Comercial deSão Paulo e entidades congêneres tive-ram papel importantíssimo no processode condução da guerra e na captação derecursos e de infraestrutura para os com-batentes. Carlos de Souza Nazareth, en-tão presidente da ACSP, esteve à frentedessas ações.

A década de 1930 foi marcada pelo crescimento acen-tuado do espírito associativista. Novas associações co-merciais surgem no interior paulista: em Jaboticabal(1932), Ourinhos (1933), Assis (1933), Piracicaba (1933),Itapetininga (1933), Avaré (1933), Limeira (1933), Tauba-té (1934), Bebedouro (1934), Araraquara (1934), Marília(1934), Bragança Paulista (1934), Matão (1935), Lins(1935), São José dos Campos (1935), Brotas (1935), Barre-tos (1936), Cruzeiro (1936), Tatuí (1936), Birigui (1937),Guararapes (1938), Pirassununga (1938), São Caetano doSul (1938), Igarapava (1939), Guaratinguetá (1939), Jaca-reí (1939), Ibitinga (1939) e Olímpia (1940).

A paz, porém, durou pouco. A subida de Hitler ao poderna Alemanha culminou, em 1939, na II Guerra Mundial.No Brasil, Getúlio Vargas negociou tanto com os alemães

Arquivo/DC

SouzaN a z a re t h :ativo naRevoluçãode 32, àfrente dacaptaçãodere c u r s o s .

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como com os norte-americanos. Vargas, na época, queria viabilizar ainstalação de uma indústria siderúrgica nacional e o reequipamentodas Forças Armadas Brasileiras. Sua estratégia obteve êxito e o pre-sidente americano, Franklin Delano Roosevelt, passou a atender àssuas solicitações – ou exigências. Sem dúvida, as benesses americanasforam importantes na definição da entrada do Brasil na II GuerraMundial ao lado dos aliados, em agosto de 1942.

Em 24 de outubro de 1943, era publicado o “Manifesto Mineiro”que defendia a volta da normalidade constitucional, questionan-do a ditadura Vargas e o Golpe de Estado de 1937. Em diferentespontos do território nacional eclodiram manifestações de oposi-ção ao governo getulista. Trabalhadores e intelectuais se articu-lavam para externar suas insatisfações, pleiteando maiores liber-dades. A onda pela redemocratização era forte e Vargas permitiua constituição de novos partidos políticos. Mesmo assim, pairavano ar o receio de que Vargas, caso fosse derrotado nas eleições,não entregasse o poder ao seu sucessor. Em parte, esta suspeita sefundamentava no movimento queremista (“Queremos Getú-lio”) que propunha o adiamento das eleições e a permanência deVargas no poder. Era indiscutível o apoio popular ao governante,que em seu governo estabeleceu medidas em favor dos trabalha-dores, a fim de conquistar respaldo para se manter no poder.

O fim da II Guerra Mundial, em 1945, não pôs fim aos problemaseconômicos mundiais. Em diferentes partes havia falta de gêneros ali-mentícios, inclusive em São Paulo. A tensão política aumentava e asações de Vargas eram questionadas. A nomeação do irmão do ditador,Benjamin Vargas, como chefe da polícia do Distrito Federal, deflagroua articulação dos chefes militares para depor Getúlio, em 29 de ou-tubro de 1945. Assumia o poder o presidente do Supremo TribunalFederal, José Linhares, incumbido de acompanhar a transição de po-der até as eleições de 2 de dezembro de 1945.

Getúlio Vargas, contudo, tinha alta popularidade junto aos traba-lhadores, e continuou a ter atuação intensa na vida política nacional.O pleito deu vitória ao marechal Eurico Gaspar Dutra, candidato doPSD, apoiado por Vargas. Após a posse de Dutra, tiveram início ostrabalhos da Assembleia Constituinte: abria-se um novo momento

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da história da democracia brasileira e em 18 de setembro de 1946 erapromulgada a quinta constituição do Brasil.O governo de Dutra re-presentou a retomada da liberdade dos direitos dos cidadãos.

No contexto econômico, o conflito mundial favoreceu a que oBrasil passasse a fornecer produtos manufaturados para os envol-vidos na guerra. As exportações cresceram, estimulando a aberturacomercial e a diminuição da intervenção estatal na dinâmica eco-nômica. Mas a liberação da economia fez com que as importaçõestambém crescessem e o país consumisse parte das suas reservascambiais na compra de bens duráveis estrangeiros. Assim, o gover-no criou mecanismos para resguardar as reservas cambiais, reo-rientando o discurso liberal.

A Conferência de Araxá, em março de 1949, foi importante paramostrar a concentração de esforços das associações em apresentarum memorial de sugestões de alternativas que contribuíssem parao desenvolvimento do país. O documento elaborado no encontrofoi entregue ao governador de São Paulo, Adhemar de Barros. Umdos pontos de consenso era o da defesa da livre-iniciativa. A novaconjuntura mundial apontava para os efeitos nefastos da políticade dirigismo econômico que vinha do período do Estado Novo. Oempresariado tinha ciência de que a livre concorrência regulava omercado e estimulava o investidor.

A eleição presidencial seguinte deu-se em meio a um quadro deforças políticas complexo e fragmentado. O candidato pela UDN eraEduardo Gomes; o PSB apresentou a candidatura de Cristiano Ma-chado; o Partido Socialista Brasileiro indicou João Mangabeira e a co-ligação do PTB como o PSP apresentou o nome de Getúlio Vargas.Este, desde 1947, articulava alianças políticas com vistas a retornar àPresidência. Sua plataforma de governo propunha a realização deprogramas sociais que beneficiassem o trabalhador e defendia o na-cionalismo. Em foco estava o petróleo e a defesa da soberania nacio-nal em relação às riquezas do subsolo. Vargas conseguiu aliar os in-teresses de trabalhadores e empresários e venceu as eleições.

Na conturbada década de 1940, o crescimento econômico do in-terior paulista foi expressivo, sendo formadas as associações co-merciais de Piraju (1941), Casa Branca (1943), Valparaíso (1943), São

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João da Boa Vista (1943), Andradina (1943), Pereira Barreto (1943),Garça (1944), Capivari (1944), Paraguaçu Paulista (1944), Franca(1944), São Bernardo do Campo (1944), Presidente Venceslau(1944), Pirajuí (1944), Penápolis (1945), Itápolis (1946), Tupã (1946),Votuporanga (1946), São Roque (1948), Campos do Jordão (1948),Atibaia (1948), São Vicente (1949), Caçapava (1949), São José dosCampos (1949) e Bastos (1950).

Getúlio Vargas foi diplomado em janeiro de 1950, mas os ânimosnão se acalmaram. Havia falta de gêneros alimentícios, congela-mento e tabelamento de preços e falta de mecanismos institucio-nais de financiamento à produção. Era preciso remodelar o país pa-ra que ele tivesse maior expressão no conjunto das nações mundiaise, para isso, era preciso garantir a livre-iniciativa de forma a pos-sibilitar a exploração das riquezas naturais do país e melhorar ascondições de vida da população.

No debate sobre as fontes de energia que poderiam dar impulso aodesenvolvimento nacional estava a questão do petróleo. Uma corren-te defendia a exploração do produto por meio do monopólio estatal,e a outra pregava que isso fosse feito pela iniciativa privada, com acontribuição do capital estrangeiro. O governo federal, no ano de1951, elaborou o projeto de criação da Petrobras, defendida pelo gru-po político nacionalista, em favor do monopólio estatal.

Os partidos com ideário socialista e comunista conquistavam es-paço, graças ao incremento das classes médias urbanas, que ansia-vam por maior participação política. O ideário conservador se apre-sentava reticente e desconfiado, como também os militares. O perío-do era de poucas certezas, graças ao estabelecimento da Guerra Fria,e o debate se concentrava em relação à defesa dos interesses nacionaise frente à influência dos Estados Unidos nos assuntos internos bra-s i l e i ro s .

Vargas, ciente do quadro de crise econômica e de dissensões polí-ticas que se apresentava, optou por ter cautela, fazendo uma série decoligações, evitando desafetos. Enquanto a cidade de São Paulo co-memorava o seu quarto centenário de existência, em meio ao progres-so acentuado do Estado nas últimas décadas, o Brasil atravessava no-vas turbulências. Getúlio Vargas, para favorecer os trabalhadores e

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ampliar a sua popularidade, empreendeu uma política de elevaçãodo salário mínimo que colocava em risco a economia nacional. O pre-sidente procurou aproximar-se do Partido Trabalhista Brasileiro(PTB), nomeando João Goulart, que usufruía de uma boa relação comos trabalhadores, para o Ministério do Trabalho. Foram concedidasmais liberdades aos sindicatos.

O jornalista Carlos Lacerda, representante da UDN, fez oposi-ção sistemática a Vargas, insatisfação compartilhada por outrossetores da sociedade, em especial por alguns líderes militares.Lacerda acusava Getúlio de realizar ações que alimentavam a in-flação e comprometiam a base financeira da nação brasileira. Ogoverno passava por um processo de desgaste, sendo discutida apossibilidade de o Congresso Nacional pedir o impedimento deVargas, à frente do poder executivo.

A pressão sobre Getúlio Vargas paraabandonar o cargo conduziu-o ao suicí-dio, em 24 de agosto de 1954. Assumiu opoder João Fernandes Campos Café Fi-lho, responsável pela finalização domandato e a transição do poder para onovo presidente a ser eleito. Em 1955, eraeleito Juscelino Kubitschek, que prome-tia promover o aceleramento do desen-volvimento da nação brasileira. A tensãopolítica era evidente, principalmenteapós o afastamento do presidente emexercício Café Filho, que deixou o poderpor motivos de saúde. Assumiu em no-vembro de 1955, Carlos Luz, enquantoconchavos políticos eram articulados.Ele acabou deposto, assumindo NereuRamos, que exerceu o mandato até a pos-se de Juscelino.

Juscelino Kubitschek tinha como

Ao lado, linha demontagem nos anos 40.Impulso da Indústria deautomóveis foi dadocom Juscelino.

Fotos: Arquivo/Time Life

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projeto encaminhar uma política desenvolvimentista. O seu“Plano de Metas”, que ficaria conhecido como “o progresso decinquenta anos em cinco”, propunha uma mudança estrutural dopaís. O “Plano de Metas” estabeleceu cinco pontos estratégicos aserem trabalhados: energia, transporte, indústrias de base, edu-cação e alimentação. Ele estimulou a entrada de multinacionaisno Brasil, principalmente da indústria automobilística, que se fi-xou na região de Santo André, São Bernardo do Campo e São Cae-tano do Sul. O objetivo era criar uma quantidade maior de empre-go e permitir o acesso da população a produtos, que, devido àstaxas de exportação, não eram consumidos.

Assim, na década de 1950, com a abertura da economia brasileirapara os investimentos internacionais, ocorreu a implantação de novasfábricas e o apelo ao consumo de bens, que poderiam ser adquiridosem uma ou mais parcelas. As vendas crescentes a prazo levaram à cria-ção do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), pois era fun-damental, para os empresários que atuavam na área do comércio devarejo, possuir informações sobre seus clientes de maneira precisa.

Mas o processo de desenvolvimento forçado pelo governo Ku-bitschek agravou os problemas econômicos nacionais. As obrasconduzidas pelo governo aumentaram o deficit público. O endivi-damento externo aumentou, como também a inflação. Ficou claroque havia um descontrole financeiro acentuado e que a política de-senvolvimentista fora feita com recursos externos. A euforia docrescimento não gerou uma melhor distribuição de renda e as di-ferenças ficaram mais evidentes entre o meio urbano e o meio rural.Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, ainda com parte docomplexo de edifícios em obras. A cidade, de estrutura e traços mo-dernistas permitiu que o país afirmasse uma imagem jovem e deprogresso, mas a realidade do povo brasileiro era bem diferente.

A década de 1950 fora marcada por um movimento de aceleração daeconomia nacional, enquanto a economia mundial se reorganizava eganhava novo fôlego após os traumas da II Guerra Mundial. A pers-pectiva de um cenário econômico mais favorável promoveu o desen-volvimento do Estado de São Paulo, que se afirmou como mola pro-pulsora da economia nacional. No interior paulista, novas associa-

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ções surgiram: Amparo (1951), São José do Rio Pardo (1953), Palmital(1953), Mococa (1953), Pederneiras (1954), Mauá (1956), Rancharia(1957), Itu (1957), Adamantina (1957), Mogi-Guaçu (1958), PresidenteBernardes (1959), Santa Fé do Sul (1959), Dracena (1959), Ribeirão Pi-res (1960), Osvaldo Cruz (1960) e Guarujá (1960).

Na década de 1960, a sucessão presidencial foi feita em meio a umagrande agitação popular, insatisfeita com o aumento do custo de vida.Jânio Quadros, apoiado por diferentes forças políticas, vinha de umacarreira política meteórica, tendo sido prefeito da cidade de São Paulo(1953) e governador do Estado de São Paulo (1955); sua figura pito-resca monopolizou o cenário e ele foi eleito presidente com 48% dosvotos. Jânio assumiu com apoio popular maciço e com a proposta decombate à corrupção. Contudo, outros problemas precisavam ser re-solvidos, como a alta inflação e as debilidades de infraestrutura. Ospartidos que o apoiavam foram se afastando e Jânio ficou sem sus-tentação política. O presidente governou por pouco mais de seis me-ses, vindo a renunciar em 25 de agosto de 1961. Instaurava-se uma cri-se política que se prolongaria pelos anos seguintes.

O vice-presidente João Goulart, na época da renúncia, estava em vi-sita oficial à China e o presidente da Câmara dos Deputados, RanieriMazzilli assumiu o cargo. Os chefes das Forças Armadas não viam demodo favorável a ascensão de Goulart, considerado demasiado pró-ximo do ideário socialista. Mas outras lideranças políticas se manifes-taram a favor de sua posse. A crise levaria a uma série de negociaçõesentre os segmentos políticos e militares, que culminou com a implan-tação do sistema parlamentarista de governo, em setembro de 1961,com Goulart na Presidência. O sistema vigorou até janeiro de 1963,quando por meio de um plebiscito foi definida a volta do sistema pre-sidencialista, passando João Goulart a presidente.

A renúncia de Jânio Quadros e as oscilações políticas que se su-cederam geraram um clima de expectativa na sociedade, principal-mente entre o empresariado paulista. O momento era de contem-porizar e aguardar como evoluiria o quadro político brasileiro. Noano de 1961, mais três associações comerciais surgiam no Estado deSão Paulo: a de Americana, Monte Alto e Fernandópolis.

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O NASCIMENTODA FACESP

aulo de Almeida Barbosa assumiu a direção da ACSP,em 1962, em meio a incertezas políticas. Seu foco era dar maior di-nâmica à entidade num momento de cenário nebuloso. Os antago-nismos sociais existentes no Brasil se intensificavam à medida quea economia dava cada vez mais demonstrações negativas. A moedabrasileira estava desvalorizada, a inflação crescia e faltava créditopara irrigar o funcionamento do mercado. A falta de segurança noâmbito político agravava os problemas. Mesmo assim, o movimen-to associativista do Estado de São Paulo ganhava mais duas enti-dades que passariam a fazer parte da rede da luta pela livre-inicia-tiva: as associações comerciais de Tietê e de Osasco.

A volta ao sistema presidencialista, em 1963, não resolvia um dospontos mais frágeis do governo Goulart, que era a crise econômica e

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financeira. Se a alteração permitiu a concentração do poder nas mãosde Goulart, também acirrou os ânimos dos oposicionistas. Entre os mi-litares a insatisfação era grande e defendia-se uma intervenção ime-diata. O ambiente era marcado por greves, debates acirrados entre na-cionalistas e suas diferenças em relação ao crescimento da participa-ção do capital estrangeiro, bem como à remessa do lucro das multi-nacionais para o exterior.

Goulart apoiava os trabalhadores e ressaltava a importância de refor-mas de base. Ele não escondia sua predileção por um ideário de esquer-da, o que o antagonizava com as alas mais conservadoras. Além disso,a desordem econômica causava temor em diferentes setores da socie-dade, principalmente em função da perda de vitalidade do crédito.

No âmbito da política externa, em plena Guerra Fria, a situação ga-nhava contornos mais intensos. A Revolução Cubana, em 1959, e a crisedos mísseis, em outubro de 1962, fizeram com que o governo dos Es-tados Unidos convidasse o Brasil a se aliar aos americanos contra Cubae União Soviética em nome da defesa da paz mundial. A resposta dopresidente brasileiro não foi a que o presidente americano John F. Ken-nedy esperava. Goulart desaprovava as sanções impostas ao governocubano e os procedimentos adotados pela Organização dos EstadosAmericanos (OEA), que, segundo ele, era um bloco ideológico intran-sigente. Afirmava que o Brasil era um país democrático, que condena-va o comunismo internacional e também as ações reacionárias de go-vernos cujo interesse era defender privilégios econômicos, os quaisnem sempre eram de interesse dos países latino americanos.

Goulart estabeleceu o “Plano Trienal” (1963-1965), que tinha comoobjetivo definir medidas para a economia brasileira. O alvo principalera reduzir progressivamente a pressão inflacionária e criar condi-ções para que os frutos do desenvolvimento fossem distribuídos demaneira mais ampla pela população. Um dos pontos importantesera o controle do deficit público, que vinha aumentando. Além disso,era preciso captar novos recursos para que fossem feitas as “reformasde base” necessárias. Essas ações pressupunham uma maior inter-venção do Estado na economia e a que gerou maior comoção foi aproposta da reforma agrária.

Em 15 de fevereiro de 1963, Paulo de Almeida Barbosa, em palestra

Ao lado,John Kennedye Fidel Castro,

em temposde Guerra

Fria.

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39FACESP. 50 ANOS. 2013Arquivo Time Life

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no Rotary Club de São Paulo, disse que era dever da entidade ma-nifestar sua opinião, bem como fazer advertências. Ele defendia queos conflitos não eram adequados para o desenvolvimento da nação,pois só com o consenso nacional, em torno de empreendimentos ur-gentes seria possível a reconquista do equilíbrio econômico. A naçãobrasileira, defendia, não precisava de lutas de classes, mas sim deações que reunissem esforços em prol de um bem comum.

E foi em meio a esse quadro conturbado que surgiu a FACESP. Na11ª Reunião Mensal do Conselho de Associações Comerciais do Es-tado de São Paulo, realizada em 19 de agosto de 1963, foi tratada atransformação da Federação das Associações Comerciais do Brasilem Confederação das Associações Comerciais do Brasil. O tema fo-ra objeto de discussão na VI Conferência de Comércio Exterior, rea-lizada em Belo Horizonte, que reuniu membros de associações co-merciais de todo o Brasil. O estatuto aprovado para a constituiçãoda Confederação previa que a condução da mesma seria feita porum órgão colegiado, composto de oito vice-presidentes, além dopresidente, os quais seriam eleitos entre os presidentes das Fede-rações estaduais e Associações de capitais. A diretoria deveria sereunir pelo menos a cada três meses, no Rio de Janeiro, para traçaras diretrizes mais importantes para a classe que representava.

Paulo Barbosa lembrou que ainda não havia uma entidade que re-presentasse o interesse dos comerciantes no Estado – a ACSP tinha li-derado até então a representação dos interesses, mas suas ações se cir-cunscreviam ao município de São Paulo. Era importante a formaçãode uma federação paulista, a exemplo das existentes em outros Esta-dos. Assim, convidou os representantes das associações presentes a semanifestarem de forma democrática para constituir a Federação, naConvenção seguinte das Associações Comerciais de São Paulo.

A ideia de uma Federação paulista era há alguns anos acalentadae debatida nas reuniões da ACSP. Os presentes manifestaram-se afavor da ideia, destacando que era importante garantir que o pre-sidente da ACSP fosse o “presidente nato” da futura Federação, pa-ra evitar possíveis dissensões internas, além de ser conveniente quea sede fosse na capital do Estado. Decidiu-se também que a Fede-ração não se constituiria como entidade totalmente separada, pois

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não contaria com grandes receitas ou despesas, o que poderia afu-gentar associados. Ficou estabelecido que a ACSP seria responsávelpelo custeio das atividades da Federação.

Na 12ª Reunião Mensal do Conselho das Associações paulistas,em 16 de setembro de 1963, foi aprovado o estatuto da Federaçãodas Associações Comerciais do Estado de São Paulo. O documentodefinia que a mesma tinha sido criada para:

1- defender precipuamente os superiores interesses da economiado Estado e do País e em particular os direitos e aspirações das clas-ses que as entidades representam.

2- promover a mais perfeita união entre todos os órgãos represen-tativos do comércio e de produção do Estado.

3- organizar ou patrocinar convenções e congressos de Associa-ções Comerciais do Estado ou do País.

4- resolver, por arbitramento, as questões que surgirem entre fi-liadas ou entre praças comerciais do Estado.

5- pugnar pelas medidas necessárias ao desenvolvimento da eco-nomia nacional, respeitados, porém, de forma integral, os princí-pios da liberdade e da livre-iniciativa.

6- prestigiar e promover a fundação de novas entidades da classeno Estado.

7- pugnar pelo desenvolvimento da classe que representa e peloestreitamento das relações entre as entidades congêneres do País.

8- manifestar-se sobre atos e medidas dos Poderes Legislativos eExecutivo, considerados prejudiciais aos interesses da classe que re-p re s e n t a .

Pelo estatuto, a FACESP passaria a ser dirigida pelas assembleiasgerais, pelos conselhos de associações filiadas e pela diretoria. Eradestacado o papel do Conselho, como órgão consultivo da diretoria, ecujo foco era estudar os problemas de interesse do comércio e da pro-dução, propondo medidas que julgasse conveniente. Era ele tambémo responsável por emitir parecer sobre projetos de lei e atos do poderexecutivo relacionados ao âmbito de interesse da FACESP. Foi enfa-tizado que haveria equidade entre as associações comerciais e que afederação teria na sua diretoria representantes de diferentes regiõesdo Estado de São Paulo (neste mesmo ano foram constituídas as as-

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sociações de Franco da Rocha, Guarulhos e Porto Feliz).A primeira diretoria da FACESP, com mandato até 30 de abril de

1964, era assim composta: Paulo de Almeida Barbosa, José Ulpianode Almeida Prado, Paulo Egydio Martins e Júlio de Azevedo e Sáque foram escolhidos pela ACSP. Compunham a vice-presidência:Amin Antônio Calil (Ribeirão Preto), Waldemar Verdi (São José doRio Preto), Hussein Gemha (Barretos), Clemente Pedro MagalhãesTurner (Guaratinguetá), Antônio Garcia (Bauru), Ruy Rodriguez(Campinas), José Norberto Macedo (Sorocaba) e Mário Graccho(Presidente Prudente). Na sequência foram escolhidos os demaismembros da entidade, tendo Paulo Egydio Martins como secretá-rio e José Júlio de Azevedo e Sá, como tesoureiro. O Conselho dasAssociações do Estado de São Paulo existiu até 1990.

A segunda metade de 1963 transcorreu em meio a manifestaçõespúblicas promovidas pelos setores mais conservadores, que seopunham ao governo vigente. Algumas novas lideranças esta-duais se manifestaram contrárias às propostas de intervenção dopresidente. Os militares acompanhavam o processo atentamente.

A população sofria com o custo de vida elevado, e o conjunto demedidas do “Plano Trienal” era tímido perante as necessidades doPaís. A penúria da nação podia ser constatada na falta de estrutura dosistema educacional, de saúde, de habitação popular, além da ausên-cia de infraestrutura para promover o salto econômico tão desejado.Em outubro de 1963, uma greve geral de operários paulistas conquis-tou 80% de aumento salarial, causando tumulto entre os empregado-res, que não contavam com uma elevação tão alta da folha de paga-mentos. Ao mesmo tempo, os estudantes, articulados na União Na-cional dos Estudantes (UNE), saíram às ruas pleiteando mudanças noensino e na sociedade, e questionando a política externa dos EUA. Asempresas estrangeiras também eram afetadas pela conturbação sin-dical e pela iminência de uma política de nacionalização.

Na reunião da FACESP de outubro de 1963, discutiu-se, entre ou-tras coisas, o imposto de vendas e consignação. Os presentes à reu-nião ressaltavam a imprudência de se elevar o imposto de 4,8% pa-ra 6%. Os membros da FACESP entendiam que o governo deveriater transparência no que se referia à arrecadação, lembrando que

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era preciso haver “ordem nas finanças, boas finanças, boa arreca-dação, combate à sonegação” – ponto que a entidade defendia e queredundaria na necessidade da diminuição da carga dos impostos.Outro dos pontos em pauta foi o da solicitação do estado de sítio,por “recomendação esdrúxula dos três ministros militares”, comoconsta da ata da entidade.

A FACESP se manifestou publicamente a esse respeito, mandandoum telegrama ao Congresso, dizendo que os poderes da Repúblicadeveriam manter a tranquilidade e a segurança nacional e que as agi-tações ocorridas não interpretavam nem o pensamento, nem a von-tade da maioria dos trabalhadores. Defendia ainda o diálogo entre osgrupos que compunham a sociedade e via “com estranheza” a im-posição do “silêncio de um estado de sítio, na hora em que é precisofalar com lucidez e bom senso. Não é sufocando todas as vozes que sefarão ouvir aquelas que devem ser ouvidas”. Solicitava que os con-gressistas trabalhassem para haver leis dentro do regime de liberda-de, lembrando que “o diálogo democrático, extremamente ásperomuitas vezes, só pode molestar as almas totalitárias que estreitam aoportunidade para amordaçar a nação”. Dizia, contudo, que era pre-ciso inibir os movimentos grevistas que agiam com piquetes e coa-giam quem desejava trabalhar e afirmou que denunciaria todas asteorias falsas do marxismo, que pela “repetição despudorada enga-nam a juventude brasileira, os intelectuais, e querem enganar os as-salariados, que rejeitam, liminarmente, as teorias deles”. Esta reuniãomostra a lucidez dos seus participantes em relação à situação políticado país, considerando também “inadmissível” que a Assembleia Le-gislativa encaminhasse projeto de lei que concedia aos políticos umaumento na verba pessoal, a qual custaria aos cofres públicos apro-ximadamente 50 milhões de cruzeiros.

Entre 6 e 8 de novembro realizou-se o I Congresso do Comércio Pau-lista. O presidente da FACESP/ACSP, em seu discurso, alertou que omomento conturbado exigia ação, pois a desordem poderia conduzirao totalitarismo. Era preciso tomar cuidado com os discursos dema-gógicos e pouco fundamentados, afirmou, manifestando sua desa-provação ao ideário do marxismo dialético, que, segundo ele, não eraa via adequada para a solução dos problemas brasileiros. Durante o

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Congresso, discutiu-se, além do aspecto político, as relações entre ocrédito e o comércio e a Comissão de Economia e Finanças. Para com-bater a inflação e regular o fluxo monetário, apresentou-se algumasrecomendações, como a criação de Bancos de Crédito Cooperativo deâmbito local como forma de suprir a lacuna da falta de recursos paranovos empreendimentos. No que tangia à inflação era aconselhadoque o Conselho Nacional de Economia tivesse critérios mais objetivospara o cálculo dos coeficientes de reavaliação dos bens do ativo imo-bilizado, abandonando o método das médias móveis, que deprecia-vam os coeficientes. Em relação aos aspectos sociais da economia, su-geria-se que a sociedade iniciasse o seu desenvolvimento econômicocom liberdade, estimulando-se a empresa privada para aumentar aprodutividade do país. A livre-iniciativa era ponto sine qua non parapromover a melhor distribuição da riqueza, o que permitiria o bem-estar social.

Propostas práticas para melhorar as condições para os comercian-tes também foram apresentadas. O Congresso do Comércio Paulistaconsiderava que o serviço de bondes era um “sistema antiquado co-mo meio de transporte coletivo, não trazendo para o usuário nenhumproveito por não ser mais econômico e por não oferecer comodida-de”, sugerindo a supressão do serviço de imediato nas avenidas SãoJoão, Celso Garcia e Rangel Pestana.

Estes eventos, que contaram com uma participação massiva decomerciantes e dos empresários do interior do Estado de São Pau-lo, mostravam o espírito coletivo de interesses das associações co-merciais e o trabalho em busca de soluções para o desenvolvimen-to paulista e nacional. As enti-dades manifestaram seu re-p ú d i o à s e n c a m p a ç õ e spretendidas pelo governo,vistos como sinais de uma di-tadura. Em especial era criti-cada a encampação da refina-ria de Capuava, por parte dogoverno federal. Ficava evi-dente a importância do co-

Estadão Conteúdo/13/4/1959

Jango aom i c ro f o n e :combustívelda oposição.

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Estadão Conteúdo

"Marcha daFamília comDeus pelaLiberdade", noViaduto doChá, em SãoPaulo, e emSantos (fotomenor):"Constituiçãoé intocável".

Folh

apre

ss

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mércio pela luta cívica e em favor da livre empresa, uma luta quedeveria ser abraçada por todas as associações comerciais.

Em 16 de dezembro de 1963, a FACESP se reunia para fazer umaavaliação sobre o I Congresso do Comércio Paulista. A questão doaumento dos impostos gerou novos debates, considerando que opoder público fazia gastos exorbitantes com os recursos da popu-lação. Entendiam os congressistas que o governo deveria “apertaros cintos”, pois este queria que os comerciantes apertassem os delesem benefício do alargamento dos recursos do governo. Era discu-tida a pertinência de que cada associação comercial do interior fi-zesse campanha, na sua região, contra a iniquidade do aumento dosimpostos e a impossibilidade de aceitá-lo. A FACESP entendia queeste tipo de procedimento seria importante, para não se configurarque eram apenas os membros da diretoria que se manifestavam.

O pensamento comum era o de que o Brasil deveria ser um país ex-portador de produtos industriais, como também de produtos agro-pecuários e que não era justo que prevalecesse qualquer tipo de pre-ferência para um ou outro segmento. Um dos desafios do país era o derealizar a recuperação do preço do produto agrícola nacional. A agri-cultura era a fonte de riqueza da nação brasileira e deveria ser esti-mulada, tanto quanto como ocorria com a indústria naquele momen-to. Algumas medidas do governo iam em sentido contrário a isso.

Mudanças bruscas aconteceram em 1964, período de forte agitaçãono Brasil. As ações de João Goulart e a intransigência da oposição fi-zeram com que posicionamentos radicais emergissem. O comício de13 de março, organizado por João Goulart, junto à Estação do Brasil,no Rio de Janeiro, conhecido como Comício da Central, serviu de com-bustível para que setores insatisfeitos se manifestassem contra as pro-postas do presidente. No evento estiveram presentes aproximada-mente 150 mil pessoas, que representavam diferentes entidades. Otom dos pronunciamentos era exaltado. Na ocasião João Goulartanunciou que faria reformas para ampliar o direito de voto, conformedeterminava a Constituição de 1946. E comunicou que tinha assinadoum decreto de lei que definia a encampação das refinarias de petróleoprivadas, e outro que estabelecia a desapropriação das terras às mar-gens de ferrovias e rodovias federais.

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A polêmica instaurou-se e o tom provocador do discurso contribuíapara que a instabilidade fosse maior. Em resposta à propositiva deJoão Goulart realizou-se em São Paulo, em 19 de março, a “Marcha daFamília com Deus pela Liberdade”. O movimento contou com a ade-são dos mais diferentes setores da sociedade e teve o apoio de mem-bros da FACESP/ACSP. Temia-se a radicalização do discurso e o pos-sível avanço do comunismo no Brasil. Alguns setores militares, comoos marinheiros e fuzileiros, aproveitaram para reivindicar melhoriasdas condições de trabalho, questionando também a necessidade deliberdade dos militares de se organizarem, inclusive para participarlivremente das manifestações políticas. O Ministro da Marinha, SílvioMota, ordenou a prisão dos líderes do levante, o que acabou por exa-cerbar os ânimos. As diferenças entre a posição do presidente e a doministro fizeram que este pedisse demissão.

Os dias seguintes foram de agitação, mostrando as muitas fissurasque havia no edifício do governo. Em 30 de março, visitando o Au-tomóvel Club, no Rio de Janeiro, Goulart falou novamente de maneirainflamada, sinalizando que a crise vigente se dava em boa parte de-vido aos interesses de uma camada privilegiada. Nesse mesmo dia,Paulo de Almeida Barbosa era reeleito presidente da FACESP/ACSP.E no dia seguinte, militares liderados pelo general Olímpio MourãoFilho saíram de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, realizandoo golpe que retirou João Goulart do poder e inaugurando um novomomento político para a nação brasileira.

Num hábil jogo político, o Congresso Nacional acabou por eleger,em 11 de abril de 1964, com 361 votos, o Marechal Humberto de Alen-car Castelo Branco, como presidente. Em 15 de abril de 1964, ele re-cebia a faixa presidencial. O desejo da maioria da população era a vol-ta ao retorno da democracia, mas isso estava longe de acontecer.

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A CONSTRUÇÃO DAREDE DE ASSOCIAÇÕESCOMERCIAIS

m 20 de abril de 1964, era realizada a primeirareunião da Federação das Associações Comerciais do Estado deSão Paulo e das Associações Filiadas. O destaque era acomposição da diretoria, pois a equipe formada em setembro de1963 tinha mandato provisório, até 30 de abril de 1964. Foi eleitopara a presidência Paulo de Almeida Barbosa, tendo como vicepresidentes: José Ulpiano de Almeida Prado, Amin AntônioCalil, Valdemar Verdi, Husseim Gemha, Oswaldo Abirached,Antônio Garcia, Ruy Rodriguez, José Norberto Macedo e FuadA. Barhum.

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Entrevistado por jornalistas estrangeiros sobre os aconte-cimentos no País, o presidente eleito da FACESP disse que oBrasil tinha uma peculiaridade sobre todas as outras nações,que era “a absoluta sensibilidade democrática das ForçasArmadas. Apesar dos 400 anos, não se constituíram elas numacasta alheia aos interesses do povo e presa aos própriosinteresses”. Para ele, o que ocorrera fora “uma revolução feitanas ruas, nas praças, pelas mulheres, pelos homens e tivemosoportunidade de dar demonstração de respeito ao Direito, àsinstituições”. A agitação causada pelas greves justificava emparte a ação, disse, mas lembrava também que nos últimos 30anos o Brasil passara por “um processo político irresponsável, egrande parte desse tempo num processo político de corrupção”.Era preciso lutar pela legalidade e por uma estrutura políticamenos corrupta em todos os segmentos do poder. Todos tinhamresponsabilidade sobre esta questão e as “entidades de classeexistem para proteger os interesses das maiorias. Cumpreacabar com a roubalheira, tanto a que vem de cima, como a queestá embaixo, porque do contrário seremos entregues a todasorte de miséria e se não formos à batalha da limpeza, nósvamos perder a guerra”.

Nessa reunião, um assunto de destaque foi o tabelamento depreços alimentíciospela Superinten-dência Nacional deA b a s t e c i m e n t o(SUNAB), o que ge-rava preocupação,pela forma arbitrá-ria como era feito.O assunto voltou àtona na reunião se-guinte: a entidademanifestava sua in-satisfação em rela-ção à intervenção

Estadão Conteúdo/1/5/1964

CasteloBranco:promessa derespeito àConstituição.

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do governo federal no domínio econômico. Mas o controlecontinuou, e o reclamo das entidades do interior era geral.

As ações adotadas pelos militares implicaram na cassação demandatos de direitos políticos de deputados, senadores, go-vernadores, prefeitos, entre outros que se opuseram à investidamilitar. Em 9 de abril, foi estabelecido o Ato Institucional nº 1,pelo qual o Supremo Comando Revolucionário passava a gozarde todos os atributos de Poder Constituinte, podendo retirar osdireitos políticos dos opositores. Além disso, o Senado e aCâmara dos Deputados teriam a obrigatoriedade de analisar aspropostas do governo federal em no máximo trinta dias, emcada uma das respectivas casas.

Castelo Branco assumiu o poder pregando o respeito àConstituição de 1946, a defesa da democracia e a realização dereformas para o bem-estar social, apoiando uma política de-senvolvimentista. Roberto Campos assumiu a pasta do Pla-nejamento e Otávio Gouveia de Bulhões, a da Fazenda. Apolítica de modernização econômica previa que os inves-timentos do governo federal fossem realizados em áreas es-tratégicas, contando com o apoio do capital estrangeiro. Mas, asmedidas não foram suficientes para estancar a grande pressãodos trabalhadores, premidos pela inflação. Várias ideias de-fendidas pela FACESP nessa época foram postas em prática; etemas como inflação, reforma tributária, imposto de renda e deconsumo foram alvo das reflexões dos estudiosos do InstitutoJurídico e do Instituto de Economia da instituição.

Medidas foram tomadas pelo governo para abrir a economiabrasileira ao capital estrangeiro. Havia um vívido interesse docapital estrangeiro no Brasil, mas as grandes empresas in-ternacionais exigiam alterações no regime trabalhista brasileiro.Tal desejo foi atendido, em parte, pela Lei de Greve, que proibiaas paralisações de qualquer tipo, inclusive do funcionalismopúblico. Concomitantemente foram empreendidas ações paramodernizar as relações com os trabalhadores, como o fim daestabilidade do trabalho. Em contrapartida, foi criado o Fundode Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que, além disso,

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atendia também aos interesses dos empregadores e aos dogoverno, uma vez que o Banco Nacional de Habitação (BNH)recebia recursos daquele fundo para financiar a construção deimóveis.

Outra ação que afetou sensivelmente aos trabalhadores foi oarrocho salarial: os reajustes ficaram submetidos às formulasconstituídas a partir de indicadores econômicos pouco claros edesfavoráveis aos trabalhadores. De qualquer modo, na prática,os aumentos salariais eram irrisórios, em face de uma inflaçãoque crescia e tinha taxas maquiadas. O objetivo principal eracontrolar a crise econômica e financeira. Os jornais mostravamas preocupações dos empresários com as novas medidas tri-butárias. Seria preciso muito trabalho e esforço para equalizaros interesses das diferentes forças que compunham a so-ciedade.

No dia 19 de outubro, os representantes das associaçõescomerciais do Estado de São Paulo se reuniram. A questão dofinanciamento da lavoura preocupava, porque somente o Bancodo Brasil atuava para atender às necessidades dos lavradores. Etambém se discutiram questões específicas, como o carre-gamento e a descarga de veículos no período noturno. Velhoshábitos teriam de mudar, como, por exemplo, o fato de que ofabrico de pão e jornais era feito à noite, o reparo de ruastambém deveria ser feito neste período, evitando assim com-prometer a circulação de veículos durante o dia.

Tramitavam no Congresso Nacional projetos referentes àsvendas a prazo ao consumidor. Na ocasião, Rui Pinto da Silva,representando a entidade, escreveu dizendo que os projetos emdebate no Congresso não empreendiam uma análise profundasobre o assunto. Era preciso detalhar melhor algumas situaçõese acompanhar as mudanças nos hábitos dos consumidores.Naqueles tempos, a maioria das lojas que vendiam a prazocolocava nas vitrinas os preços à vista e a prazo, para que ocliente soubesse os encargos a que estavam sujeitos. Entendia aFACESP que as práticas entre o vendedor e o comprador nãodeveriam ser feitas por meio de medidas intervencionistas, e

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que as vendas a crédito eram uma das vias pelas quais as classesmenos favorecidas poderiam ter acesso a produtos.

No final do ano de 1964, marcado pela intervenção militar, arede de filiadas da FACESP aumentava, com a criação dasassociações comerciais de Bauru, Itanhaém, Salto, Cafelândia eJales. No alvorecer de 1965, mais uma vez, os debates naentidade se voltaram para a questão do cooperativismo. Al-gumas falsas cooperativas tinham como objetivo fraudar osimpostos, e tal prática precisava ser combatida. A falta dedinheiro em circulação preocupava os comerciantes, pois es-tagnava o mercado. A mudança na quantidade de prestaçõespara venda a crédito era também preocupante. No passado, ocidadão podia fazer suas compras e pagar em 20 meses. Nomomento, o comprador era obrigado apagar em 10 meses. Pordecorrência, o pagamento das parcelas era maior e com issoreduziam-se os meios de sustentação da família.

Em março de 1965, foi registrado que os reclamos de linhas definanciamento para a agricultura, feitos há tempos, estavampara ser liberado por Severo Gomes, diretor do Banco do Brasil.Contudo, a situação na capital paulista não era nada auspiciosa.O protesto de títulos aumentava, como também o número defalências. A produção das fábricas diminuía, causando de-missões e agravando a crise econômica. A população con-trolava seus gastos, parando de comprar, e muitas empresastinham estoques elevados. Era preciso ampliar as exportaçõespara minimizar os efeitos da crise, pois as providênciastomadas pelo governo vinham sempre em atraso.

Os associados da entidade sabiam que atravessavam umafase de transição, em que se adequava uma economia in-flacionária e cheia de maus hábitos e desperdícios a umaeconomia de estabilização. Contudo, era preciso colaborar comas autoridades monetárias para corrigir as coisas. A questão dosimpostos estava em evidência, por conta da verdadeira guerrafiscal entre os Estados brasileiros e a FACESP entendia que areforma tributária era um dos pontos que o governo deveriaexaminar com maior profundidade.

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A tensão política crescia, o jornal O Estado de São Paulosofreu um atentado terrorista e a FACESP manifestou in-dignação contra o episódio, ressaltando a importância de umasociedade democrática contar com a opinião livre e lembrandoque o jornal era defensor da iniciativa privada.

A indignação com os problemas de infraestrutura era umaconstante nos debates da diretoria da FACESP. O sistema detelefonia estava aquém das necessidades dos comerciantes, ficandolongos períodos sem funcionar, o que atrapalhava a atividadecomercial e a população em geral. A Eletrobrás justificava aslimitações afirmando que o governo era obrigado a investir emvários setores, e, por isso, defendia a ideia de o capital privadoparticipar do processo de expansão energética do país.

Para a FACESP, o deficit da União era uma das questões maispolêmicas e o Ministério da Viação era considerado responsável

por uma grande parcela dele.Além disso, para cumprir seuscompromissos, o governo cria-va mais taxas, sobrecarregandoa população e seu apoio aosmilitares ia aos poucos “per-dendo o entusiasmo”. Os pro-blemas sociais eram cada vezmais citados pelos dirigentesdas associações comerciais.Numa reunião, registrou-seque o comandante do 1º Ba-talhão de Carros Leves deCombate de Campinas, ao re-ceber novos recrutas, notaraque alguns tinham “sintomasde estarem maconhados”. Na-quela cidade, haviam sido fe-chadas algumas farmácias quevendiam, sem receita médica,excitantes comprados por ado-

Estadão Conteúdo

RobertoCampos:pressão daFACESP pelanor malizaçãoda vidaeconômica.

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lescentes. Os programas de televisão já abordavam o problema,alertando para o alastramento do consumo de maconha, ópio ecocaína, que se alastraria de forma gritante nos anos seguintes.

Uma carta da FACESP, em julho de 1965, foi encaminhada aRoberto Campos, Ministro do Planejamento e da CoordenaçãoEconômica, no sentido de colaborar com a normalização da vidaeconômica nacional. A carta falava do abastecimento dosgrandes centros urbanos, onde o crescimento da populaçãoexigia adaptações para suprir a demanda. O investimento naárea rural, por seu lado, não poderia mais esperar, cabendo aogoverno criar condições de estímulo para as atividades do setoragrário-exportador. Dentre eles, citava a concessão de créditospara investimentos a prazo médio e longo e juros baixos. Eramnecessárias ainda medidas para garantir preços mínimos para osprodutos agropecuários, uma política de armazenamento ade-quada, estímulo à produção de fertilizantes e inseticidas epromover a eletrificação rural, e de que era fundamental que olavrador recuperasse a confiança no governo federal. Esse, porsua vez, precisava estar atento aos estoques reguladores, que sedestinavam a garantir o abastecimento de diferentes regiões. AFACESP ainda entendia que não eram convenientes as in-tervenções dos órgãos governamentais no setor da comer-cialização de alimentos.

Na reunião de 20 de setembro de 1965, registrava-se oingresso da nova Associação Comercial e Industrial de Tietê,que comparecia pela primeira vez ao encontro da FACESP.Discutiu-se a regulamentação das feiras livres, pois nascidascom o objetivo de vender produtos hortifrutigranjeiros, com odecorrer dos anos, as bancas passaram a oferecer todo o tipo deproduto e algumas eram verdadeiras lojas. A regulamentaçãovisava evitar a concorrência desleal com os comerciantesestabelecidos e que pagavam impostos elevados. Abordou-se aatividade do SCPC, e foi destacado que naquele ano a médiadiária chegava já a 5.000 consultas. O sistema contava com maisde 800 lojistas e outras firmas, o que era um indicador doaperfeiçoamento do comércio de São Paulo, que tinha crescido

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SCPC nos anos60: retrato doaper feiçoamentodo comérciode São Paulo:5.000 consultasdiárias, jáem 1965, comparticipação de800 lojistas eoutras firmas.

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rapidamente nas últimas décadas e dava sinais claros deampliação.

A reforma tributária continuava ocupando espaço na FA-CESP: na reunião de 22 de novembro de 1965, as filiadas,representando sua cidade ou região, debateram os problemasadvindos dos impostos elevados e das práticas indevidas devenda sem nota fiscal, a fim de fugir do fisco. Discutia-se que aprodução pertencia ao governo federal e a circulação dasmercadorias aos estados e municípios. Assim, dever-se-iaminimizar a carga tributária, desonerando os comerciantes dasnumerosas taxas, que acabavam incorporadas no preço finaldas mercadorias. A FACESP lutava contra os abusos fiscais dogoverno estadual e municipal, até porque havia várias taxasentre os Estados, que causavam uma série de transtornos naprática comercial.

Uma das medidas controversas do governo Castelo Branco foia desvalorização em 300% do cruzeiro em relação ao dólar. Oconjunto de intervenções realizadas fez com que a economiabrasileira reagisse de maneira favorável. A FACESP contribuiucom estudos e debates sobre alguns dos temas mais im-portantes, sugerindo medidas para minimizar a crise. A en-tidade questionava o aumento dos tributos municipais edefendia a criação de uma nova moeda: o cruzeiro novo, quecontribuiria para a estabilização monetária do país. E mais trêsnovas associações surgiam naquele ano. As Associações Co-merciais de Araraquara, Caraguatatuba e Botucatu, ampliandoainda mais a rede de filiadas.

As eleições diretas para governador, em onze estados, emoutubro de 1965, mostraram a fragilidade do poder dosmilitares. A oposição elegeu seus representantes e a derrota dogoverno militar fez com que o presidente Castelo Brancobaixasse o Ato Institucional nº 2, em 27 de outubro de 1965, queextinguia os partidos políticos em vigor naquele momento edefinia a suspensão dos direitos constitucionais, favorecendo ascassações políticas e a decretação de estado de sítio. Tambémdeterminava a impossibilidade de reeleição do presidente, para

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garantir a alternância no poder executivo. Por meio de atoscomplementares, realizados no final de 1964 e no decorrer de1965, foram restringidas as funções dos partidos políticos,sendo estabelecido o bipartidarismo, composto pela AliançaRenovadora Nacional (ARENA), que expressava os interessesgovernistas, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), quecongregava os elementos que se opunham ao governo militar.Em 5 de fevereiro de 1966 veio o Ato Institucional nº 3, queprevia a eleição indireta para os cargos de governadores e vicegovernadores, por meio de um colégio eleitoral estadual. Osprefeitos das capitais e das cidades, consideradas de segurançanacional, também não seriam mais eleitos. A indicação e escolhaseriam feitas pelos governadores. Essas ações contribuíam parao aquecimento das forças de oposição ao governo na so-ciedade.

Na reunião de março de 1966, as associações comerciaisreforçaram sua posição contra a demagogia e a corrupção,registrando seu apoio ao governo do Marechal Castelo Branco.Um fato que não poderia passar em branco, porém, era de que ogoverno tinha pressionado de forma exagerada os produtores.A FACESP afirmava a sua independência em relação aospartidos políticos e confirmava a sua opção pela neutralidade,sobretudo, para evitar antagonismos na sociedade. O momentoera de transição na entidade, pois o presidente, Paulo deAlmeida Barbosa, passaria em breve o cargo ao seu sucessor. Aposição consensual era a de não tomar nenhum partido eesperar até que o quadro político ficasse mais claro.

Nesse mesmo ano, Daniel Machado de Campos assumiu adiretoria da FACESP. Era um defensor da livre empresa e dabusca de um sistema de produção mais eficiente e competitivo,mais de acordo com os novos padrões mundiais. Em seudiscurso, defendeu a necessidade de mais investimentos dogoverno federal e disse que o empresariado deveria assumirresponsabilidades e riscos.

A debilidade do sistema de correios e telégrafos foi debatidamais de uma vez nas reuniões da entidade. As associaçõescriticavam a demora na entrega das correspondências, o ex-

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travio de cartas, a existência de malotes não entregues peladistribuição, a falta de pessoal para a distribuição de cor-respondência, na capital e em diversas partes do Estado de SãoPaulo. A FACESP reconhecia que boa parte dos problemasenfrentados advinha da precariedade dos meios de transporte,em especial o ferroviário, que não reunia as mínimas condiçõespara atender à demanda em geral. Além disso, a AgênciaCentral da Capital, como de outras localidades, era extre-mamente precária, funcionando com estrutura obsoleta. Essasituação fazia com que as informações não circulassem, tra-vando o sistema produtivo. Além disso, perdiam-se gênerosperecíveis nos pontos de desembarque por não chegarem emordem e em tempo hábil. Esses fatos levavam as empresas aorganizar um sistema próprio de comunicações para suprir asdeficiências existentes, o que acabava acarretando em elevaçãodos custos.

Tal pauta de assuntos foi comunicada ao Ministro da Viação eObras Públicas, Juarez Távora, para que esse tivesse co-nhecimento sobre a posição da FACESP no que dizia respeito aoDepartamento de Correios e Telégrafos, bem como sobre osproblemas ligados a sua pasta que impediam o desenvol-vimento econômico paulista. O documento destacava as açõesdo governo em conter o deficit público, mas entendia que oaumento de tarifas de energia elétrica, transportes e telefonia,contribuíam para descapitalizar o setor produtivo. Sugeria-seque fossem criadas “agências padrão” que tivessem serviços derecebimento, remessa e entrega de correspondência, muito bemplanejada e destacava que era importante a criação de um“Centro de Triagem” na capital, o que reduziria o tempo deseparação da correspondência recebida na Agência Central edemais agências e que seriam destinadas ao interior.

Uma discussão importante no período foi a da instalação dedelegacias regionais da Junta Comercial. O debate estava emconsonância com a nova lei que facultava a descentralizaçãodos serviços de registro do comércio no interior do Estado deSão Paulo. Urgia que o assunto fosse encaminhado, tendo em

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conta que, até aquele momento, não fora instalada a maioria dasjuntas comerciais. As primeiras ações já haviam sido tomadaspara a instalação da Junta Comercial do Estado de São Paulo,que deveria passar por aprovação da Assembleia Legislativa.

A situação dos empregados menores de idade no âmbito dotrabalho também foi alvo de reflexões. Entendia-se que osistema imposto pelo governo federal não era o mais con-veniente. As firmas deixavam de oferecer serviços aos menores,pois como eram obrigadas a pagar o salário mínimo integral,davam preferência aos adultos, que poderiam realizar diversasatividades, com mais responsabilidade e produtividade. Comisso, contribuía-se para o aumento da delinquência infan-tojuvenil. Sugeria-se que o Ministério do Trabalho apresentasseuma relação de ofícios que pudessem ser desempenhados pormenores, entre 14 e 16 anos, que receberiam o pagamento demeio salário mínimo. Uma alternativa à proposta era o em-pregado entrar na empresa aos 14 anos, com meio salário, comremuneração crescente e gradativa, até atingir o salário mínimoao completar 18 anos.

Além disso, a FACESP contribuiu com o governo federalfazendo uma série de ponderações que reviam a forma como seprocessaria a cobrança dos tributos, em especial a que tratava doimposto de circulação de mercadoria e a parte que caberia aomunicípio. A matéria era complexa e o anteprojeto já sofriamodificações antes de entrar em vigor. A entidade era favorávelà introdução de um sistema que eliminasse a integração verticaldas empresas, o que vinha sendo discutido há anos.

Dentre as novidades da época, estava a criação pelo SESI dossupermercados tipo “Peg-Pag” e que gerou controvérsias, poiso novo modelo era uma mudança de paradigma no setor.Desejava-se, inclusive, que nestes estabelecimentos o governosó permitisse a venda de produtos, nestes estabelecimentos, aosque efetivamente estivessem ligados aos Institutos de Apo-sentadoria e Pensões.

Já na ordem do dia da reunião de 18 de outubro estavam asconsiderações sobre a importância das leis penais e fiscais e as

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medidas de proteção contra o cheque sem fundos. Era precisomoralizar o cheque, cabendo ao Banco Central fechar as contasdesonestamente movimentadas. E os bancos deviam melhoraros critérios na abertura de contas, o que contribuiria paracorrigir as condutas inadequadas. O governo devia interessar-se pela questão como um fator de segurança para a economianacional, pois tais práticas poderiam comprometer, em muito,as transações comerciais feitas com cheque.

Continuavam os debates sobre a reforma tributária e ascooperativas na nova conjuntura. Numa reunião, após debatedos associados com técnicos da Secretaria da Fazenda e que aliestavam para esclarecer aspectos da reforma tributária, opresidente Daniel Camposreforçou a tese de que a re-forma tributária traria desen-volvimento à economia na-cional e com isso maior ri-queza à nação, além de es-t í m u l o s p a r a c o i b i r aproliferação da fraude fiscal.

O tema cheque sem fundostambém voltava à pauta, eforam apresentadas medidaspara conter tal prática. Umasugestão era que a emissão decheques sem fundos fosseconsiderada um ato crimino-so, como em outros países, eque se o emissor não regu-larizasse a situação em 24horas, fosse sujeito a pena deseis meses a dois anos deprisão. A repercussão do as-sunto conquistou espaço nosjornais, contribuindo na dis-cussão do tema e forçando o

Estadão Conteúdo/14/11/1968

DeputadoMárcio MoreiraAlves: discursoinflamadocontra militareslevou ao AI 5 eà censura.

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Estadão Conteúdo/Arquivo

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governo a tomar medidas mais enérgicas sobre a questão.Por outro lado, um novo conceito de comércio nascia em 1966,

com a construção do primeiro shopping center do Estado de SãoPaulo, que ficaria conhecido como Shopping Iguatemi, naavenida Brigadeiro Faria Lima, na Capital. A inauguraçãoocorreu em 28 de novembro, momento em que a atividadevarejista ganhava mais vigor. Outra novidade: as lojas doMappin ampliavam o seu horário de atendimento, oferecendoserviços aos clientes até a meia-noite, permitindo que a po-pulação pudesse fazer suas compras fora do horário co-m e rc i a l .

Esperava-se que o ano de 1967 fosse mais promissor do queaquele que findava. Na sua avaliação de fim de ano, a FACESPjulgava ter sido ouvida pelo governo federal a fim de evitar queerros fossem cometidos, como nas instruções do Banco Centrale em outras portarias do governo. Questões como o FGTS, oICM, o Conselho Nacional do Comércio (CONCEX) tinham sidoobjeto de estudos exaustivos pela entidade. Além disso, muitasforam as contribuições dadas para que se processasse o au-mento das exportações.

Em 24 de janeiro de 1967, pelo Ato Institucional nº 4 erapromulgada a nova Constituição. O documento acenava comalterações sobre a reforma agrária, dentro de moldes que nãocomprometiam o direito privado e os objetivos e interessesnacionais. Em meio a uma série de questionamentos e agitaçõesforam realizadas eleições indiretas. Um colégio eleitoral indicouo nome do Marechal Arthur da Costa e Silva para a presidênciada República e ele tomou posse em 15 de março de 1967 . Doisdias antes tinha entrado em vigor a nova Lei de SegurançaNacional, que passou a ser um instrumento de cassação dosdireitos individuais e políticos.

Costa e Silva defendia a ideia de que o desenvolvimentodeveria ser um processo contínuo e autossustentado, acre-ditando no êxito de uma proposta de nacionalismo econômico.Mas, o quadro econômico era crítico: o custo de vida au-mentava, e problemas correlatos à educação, à saúde, à ha-

Q u a d roeconômicocrítico levaestudantes etrabalhadores àsruas. Ânimos seacendem com aa morte deestudante emjunho de 1968.

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bitação e à reforma agrária caminhavam a passo lento. Apopulação se via sobrecarregada com os impostos altos e com aquestão salarial, ambos temas serviam de combustível im-portante para os setores políticos de oposição.

Daniel de Campos Machado foi reeleito para um novomandato na FACESP/ACSP, quando a ACSP estava prestes acompletar 75 anos de existência. Nesse mesmo ano, passaram afazer parte da FACESP duas novas associações comerciais:Embu e Praia Grande.

As manifestações de protesto de trabalhadores e estudantescomeçavam a ser mais frequentes em diversas partes do país. AUnião Nacional dos Estudantes (UNE), apesar de extintaoficialmente, continuou organizando manifestações. As re-pressões feitas pelos militares acenderam mais os ânimos ecriaram um ambiente tenso. Em 28 de março de 1968, oestudante secundarista Edson Luís de Lima Souto foi morto porum policial enquanto participava de uma manifestação no Riode Janeiro.

Naqueles idos, o mundo vivia agitações profundas. NaEuropa os estudantes discutiam o sistema de ensino e aconstrução de um projeto para o futuro. Questionava-se opoder, as proibições, as ideologias conservadoras, o papel dasnovas mídias e a liberação sexual. No Brasil, nos dias seguintesà morte de Edson Luís de Lima Souto, foram realizadas novasmanifestações, reprimidas pelos militares. Em junho de 1968,em novas manifestações estudantis no Rio de Janeiro, mor-reram mais quatro jovens, acendendo mais os ânimos. Osprotestos atingiam também outras cidades.

Em setembro de 1968, o deputado Márcio Moreira Alves, doMDB da Guanabara, fez um discurso inflamado contra osmilitares, conclamando a população a boicotar a parada militarde 7 de setembro. Os militares pediram ao Congresso Nacionala licença do deputado, para que este fosse punido pela ofensa àsForças Armadas, o que foi negado em nome da imunidadeparlamentar. A resposta do governo não tardaria.

Em novembro, ocorreu um grande movimento de greve dos

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trabalhadores em Osasco e a repressão foi imediata, com aintervenção da sede do sindicato e a perseguição dos seusmembros, que passaram à clandestinidade. Em 13 de dezembrode 1968, era decretado o Ato Institucional nº 5, que dava aopresidente da República poderes quase absolutos. Ele podiafechar o Congresso Nacional, assembleias estaduais e câmarasmunicipais, cassar mandatos de parlamentares e direitos po-líticos de qualquer pessoa. Podia demitir, remover, aposentar oupor em disponibilidade qualquer funcionário federal, estaduale municipal, bem como juízes, inclusive suspendendo as ga-rantias do poder judiciário. Acrescia-se a isso a possibilidade dedecretar estado de sítio; confiscar bens como uma forma depunição por corrupção; suspender qualquer habeas corpus emcrimes contra a segurança nacional; julgar crimes políticos portribunais militares e legislar por decreto. A censura foi ins-taurada.

Mesmo assim, os protestos continuavam e os mais exaltadosfaziam oposição ostensiva, desafiando o poder dos militares. Arepressão foi mais intensa a partir daquele momento, aden-trando a década de 1970. Em meio a este cenário conturbadoforam criadas as associações comerciais de Tanabi, SantoAnastácio, Águas de Lindóia, Tambaú e Suzano.

No que dizia respeito à economia nacional foram esta-belecidas as Diretrizes de Governo seu Programa Estratégico deDesenvolvimento, que tinha como uma das principais metas ocombate à inflação. Essa crescia, enquanto o salário mínimo realera cada vez mais baixo. Em um contexto de economia instável,a quantidade de falências e concordatas aumentou de formae x p re s s i v a .

Em abril de 1969, acontecia em Campinas a XIII Convençãodas Associações Comerciais do Estado de São Paulo, presididapor Daniel Machado de Campos, como parte das comemoraçõesdo Ano Jubilar (75º aniversário) da ACSP. Em debate estavam:“A tolerância do Fisco em prol do Contribuinte”, “Estudo deDesenvolvimento Agro-Industrial”, e assuntos correlatos àtributação. Ao final do evento, foram apresentadas as re-

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comendações dos representantes do comércio ao governo fe-deral, como a necessidade da regionalização dos estudoseconômicos e financeiros, que compreendessem a realidadegeográfica e regional; a adoção de uma política uniforme eflexível de preços, que possibilitasse a total liberação dosmesmos; a extensão ao comércio das vantagens e benefícios àsexportações; a revisão das alíquotas do imposto sobre produtosindustrializados etc.

Em agosto de 1969, o presidente Arthur da Costa e Silva, apósuma trombose e sem condições de governar, foi substituído poruma Junta Militar, que baixou a Emenda Constitucional nº 1para evitar que o vice-presidente Pedro Aleixo assumisse opoder. Em 30 de outubro assumia o poder o general EmílioGarrastazu Médici. Apesar de algumas medidas econômicasentão tomadas, elas não mitigaram o desemprego e a pobrezaem que boa parte da população vivia. Por outro lado, no fimdaquele ano, a FACESP registrava mais de uma centena deassociações comerciais, com o ingresso das filiadas de: Ser-tãozinho, São Joaquim da Barra, Sumaré, Itatiba e Cosmó-polis.

O discurso desenvolvimentista invadiu a década de 1970. Erao período do “milagre econômico brasileiro”. A repressãoaumentava, tendo em vista que os grupos oposicionistas ar-mados intensificaram suas ações, promovendo sequestro dehomens públicos e de embaixadores para conseguir a libertaçãode companheiros detidos.

Em meio aos reveses do período, em 31 de março de 1970,Daniel de Campos Machado foi eleito para um novo mandato naFACESP. Sua atuação na condução da entidade foi importantequando a sociedade brasileira atravessava momentos tão di-fíceis. O crescimento da rede de associações era notório e novasentidades foram fundadas em Promissão, Registro, Itapeva,Indaiatuba, Ferraz de Vasconcelos, Jaboticabal e Alto Alegre.

Em ofício enviado ao ministro Delfim Neto, ministro daFazenda, em 1971, a FACESP propunha a modificação doCódigo Tributário Nacional. A proposta referia-se à mudança

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Estadão Conteúdo

Delfim Neto:destinatáriode ofício daFACESP, afavor dosc o m e rc i a n t e s .

na forma do direito da Fazenda deconstituir o crédito tributário, entreoutras correções que favoreciam aoscomerciantes . Também pediu ao BancoCentral que exigisse a “personalizaçãode todos os cheques, contendo o nú-mero da cédula de identidade e o nú-mero do CIC”.

A intensificação da repressão políticafoi acompanhada de ações na área eco-nômica para garantir a produtividade.Na época do "milagre econômico" hou-ve crescimento da produção e esta-bilidade monetária, reduzindo assim osefeitos negativos da inflação. O cres-cimento do parque industrial , contudo,estava longe de promover a distribui-ção de renda de maneira igualitária.

Daniel Machado, ao fim de seu man-dato, publicou dois textos referentes àsd u a s g e s t õ e s à f r e n t e d a FA-CESP/ACSP. Essa obra recebeu o títulode “Escola de Civismo”, na qual apresenta as linhas mestras desua administração e alguns princípios para melhorar a condiçãode vida da Nação. Ao findar 1972, novas associações comerciaisforam constituídas: Conchal, Jundiaí, Espírito Santo do Pinhal,Ubatuba, Valinhos, Porto Ferreira, Leme e Diadema.

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ASSOCIAÇÕES COMERCIAISE SUAS CIDADES

damantina, Adolfo, Aguaí, Águas de Lindóia, Águas deSanta Bárbara, Águas de São Pedro, Agudos, Altair, Altinópolis, Alto Alegre, Alu-mínio, Álvares Florence, Álvares Machado, Americana, Américo Brasiliense,Américo de Campos, Amparo, Analândia, Andradina, Angatuba, Aparecida, Apa-recida d’Oeste, Apiaí, Araçariguama, Araçatuba, Araçoiaba da Serra, Aramina,Araraquara, Araras, Artur Nogueira, Arujá, Assis, Atibaia, Auriflama, Avanhan -dava, Avaré, Bady Bassit, Bananal, Bariri, Barra Bonita, Barretos, Barrinha, Ba-rueri, Bastos, Batatais, Bauru, Bebedouro, Bernardino de Campos, Bertioga, Bilac,Birigui, Biritiba-Mirim, Boa Esperança do Sul, Bocaina, Boituva, Bom Jesus dosPerdões, Borborema, Botucatu, Bragança Paulista, Braúna, Brodowski, Brotas,Buri, Buritama, Buritizal, Cabreúva, Caçapava, Cachoeira Paulista, Caconde, Ca-felândia, Caieiras, Cajamar, Cajati, Cajuru, Campinas, Campo Limpo Paulist a ,Campos do Jordão, Cananéia, Cândido Mota, Capão Bonito, Capivari, Caragua-tatuba, Carapicuíba, Cardoso, Casa Branca, Castilho, Catanduva, Cerqueira César,Cerquilho, Cesário Lange, Chavantes, Clementina, Colina, Conchal, Concha s,Cordeirópolis, Coronel Macedo, Corumbataí, Cosmópolis, Cotia, Cravinhos, Cru-zeiro, Cubatão, Descalvado, Diadema, Divinolândia, Dois Córregos, Dourado,Dracena, Duartina, Echaporâ, Embu, Embu-Guaçu, Engenheiro Coelho, EspíritoSanto do Pinhal, Estrela d’Oeste, Euclides da Cunha Paulista, Fartura, Fernan -dópolis, Ferraz de Vasconcelos, Flórida Paulista, Franca, Francisco Morato, Francoda Rocha, Gália, Garça, General Salgado, Getulina, Glicério, Guaiçara, Guaír a,Guapiaçu, Guapiara, Guará, Guaraçaí, Guararapes, Guararema, Guaratinguetá,Guareí, Guariba, Guarujá, Guarulhos, Holambra, Hortolândia, Iacanga, Ibaté, Ibi-rá, Ibitinga, Ibiúna, Icém, Igarapava, Iguape, Ilhabela, Ilha Comprida, Ilha Solteira,Indaiatuba, Indiaporã, Ipaussu, Ipuã, Iracemópolis, Irapuru, Itaberá, Itaí, Ita-nhaém, Itapecerica da Serra, Itapetininga, Itapeva, Itapevi, Itapira, Itápolis, Itapo-ranga, Itapuí, Itaquaquecetuba, Itararé, Itatiba, Itatinga, Itirapina, Itu, Itupeva,Ituverava, Jaboticabal, Jacareí, Jacupiranga, Jaguariúna, Jales, Jandira, Jardinópo-

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lis, Jarinu, Jaú, Joanópolis, João Ramalho, José Bonifácio, Jundiaí, Junqu e i ró p o l i s ,Juquiá, Laranjal Paulista, Lavínia, Leme, Lençóis Paulista, Limeira, Lins, Lorena,Louveira, Lucélia, Luís Antônio, Luiziânia, Macatuba, Macaubal, Mairinque,Mairiporã, Manduri, Maracaí, Marília, Martinópolis, Matão, Mauá, Miguelópo -lis, Mineiros do Tietê, Miracatu, Mirandópolis, Mirante do Paranapanema, Mi -rassol, Mococa, Mogi das Cruzes, Mogi-Mirim, Mogi Guaçu, Mongaguá, MonteAlto, Monte Aprazível, Monte Azul Paulista, Monte Mor, Morro Agudo, Morun-gaba, Nazaré Paulista, Nhandeara, Nova Europa, Nova Granada, Nova Odessa,Novo Horizonte, Nuporanga, Olímpia, Orindiúva, Orlândia, Osasco, OsvaldoCruz, Ourinhos, Ouro Verde, Ouroeste, Pacaembu, Palestina, Palmeira d’Oeste,Palmital, Panorama, Paraguaçu Paulista, Paraibuna, Paranapanema, Parapuã,Paraquera Açú, Paulicéia, Paulínia, Paulo de Faria, Pederneiras, Pedregulho, Pe-dreira, Pedro de Toledo, Penápolis, Pereira Barreto, Peruíbe, Piedade, Pilar do Sul,Pindamonhangaba, Piquete, Piracaia, Piracicaba, Piraju, Pirajuí, Pirangi, Pira-pozinho, Pirassununga, Pitangueiras, Poá, Poloni, Pompéia, Pontal, Porto Feliz,Porto Ferreira, Potirendaba, Pradópolis, Praia Grande, Presidente Bernarde s,Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Primavera,Promissão, Quatá, Rancharia, Regente Feijó, Registro, Ribeirão Bonito, RibeirãoBranco, Ribeirão Pires, Ribeirão Preto, Rincão, Rinópolis, Rio Claro, Rio das Pe-dras, Rio Grande da Serra, Riolândia, Riversul, Sales, Sales Oliveira, Salesópolis,Salto, Salto de Pirapora, Salto Grande, Santa Adélia, Santa Albertina, Santa Bár-bara d’Oeste, Santa Branca, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Cruz do Rio Pardo,Santa Fé do Sul, Santa Gertrudes, Santa Isabel, Santa Maria da Serra, SantaMercedes, Santa Rita do Passa Quatro, Santa Rosa de Viterbo, Santana de Par-naíba, Santo Anastácio, Santo André, Santo Antônio da Alegria, Santo Antôniode Posse, Santo Antônio do Jardim, Santo Antônio do Pinhal, Santos, São Bentodo Sapucaí, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Carlos, São João daBoa Vista, São Joaquim da Barra, São José da Bela Vista, São José do Rio Pardo, SãoJosé do Rio Preto, São José dos Campos, São Lourenço da Serra, São Luiz do Pa-raitinga, São Manuel, São Miguel Arcanjo, São Paulo, São Pedro, São Roque, SãoSebastião, São Sebastião da Grama, São Vicente, Sarapuí, Sebastianópolis do Sul,Serra Negra, Serrana, Sertãozinho, Sete Barras, Severínia, Socorro, Sorocaba,Sud Mennucci, Sumaré, Suzano, Tabapuã, Tabatinga, Taboão da Serra, Tambaú,Tanabi, Tapiraí, Tapiratiba, Taquaritinga, Taquarituba, Tarumã, Tatuí, Ta u b a t é ,Teodoro Sampaio, Tietê, Torrinha, Tremembé, Tupã, Tupi Paulista, Ubatuba,Uchoa, Urânia, Urupês, Valentim Gentil, Valinhos, Valparaíso, Vargem Grandedo Sul, Vargem Grande Paulista, Várzea Paulista, Vinhedo, Viradouro, VistaAlegre do Alto, Votorantim, Votuporanga.

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PELA PARTICIPAÇÃOATIVA DOEMPRESARIADO

oaventura Farina foi o terceiro presidente daFacesp, eleito em março de 1973, para suceder Daniel Machadode Campos. Tinha uma longa trajetória na entidade, tendo ocu-pado a direção do Instituto Jurídico, além de cargos em diferen-tes órgãos públicos. Um defensor da livre iniciativa, escreveu“O primado da Livre Empresa”, conjunto de artigos que ex-pressava seu pensamento sobre questões nacionais e os cami-nhos do desenvolvimento nacional. Sua gestão ocorreu sob umperíodo tenso, mas estimulado pelo êxito econômico da políticaempreendida pelos governos militares. O desenvolvimentoeconômico do interior e a necessidade de os empreendedores se

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reunirem em torno de interesses comuns fizeram, nesse ano, surgiremvárias associações comerciais: Pitangueiras, Pontal, Votorantim, Pi-quete, José Bonifácio, Santa Cruz do Rio Pardo, Lençóis Paulista,Monte Aprazível, Taquaritinga e Ribeirão Bonito.

No ano seguinte assumia a presidência da República o GeneralErnesto Geisel, eleito por voto indireto. O novo presidente defendiaum processo de desenvolvimento acelerado, pautado pela estabi-lidade econômica e política e por um diálogo com as forças que com-punham a sociedade. Geisel sinalizava para a possibilidade de umprocesso de retomada da liberdade política, empreendendo esfor-ços para que segmentos da oposição obtivessem, de forma ordeira,a participação na vida política do país. Apesar da intenção de pau-latina abertura, a repressão continuava rigorosa, pois os militaresqueriam manter o poder e para isso tinham de combater as forçasoposicionistas radicais e controlar o crescimento da insatisfação po-lítica. O quadro econômico havia se complicado com a crise mun-dial do petróleo, que passou a ser mais um problema a ser equacio-nado pelo governo federal. A dívida externa brasileira crescera, de-vido, em parte, às grandes obras estatais, o que acabou para con-tribuir para índices de inflação elevados.

Em 1974, Geisel divulgou o II Plano Nacional de Desenvolvimen-to (II PND), para o período de 1975-1979. O documento entendiaque o Brasil estava prestes a alcançar o status de potência interna-cional e era premente tomar ações para enfrentar os desdobramen-tos da crise mundial. Objetivos antigos eram mantidos, como me-lhoria da distribuição de renda, criação de novos empregos e redu-ção da inflação. As ações governamentais mostravam um compor-tamento intervencionista, com traços fortes estatizantes.

No mesmo ano, em outubro, houve um encontro promovidopela Confederação das Associações Comerciais do Brasil, queelaborou o documento que ficaria conhecido como a “Carta dePorto Alegre”. O texto apresentava o fruto das reflexões do em-presariado brasileiro, com algumas sugestões para o desenvolvi-mento da nação, tocando em questões como impostos – de renda,sobre produto industrializados, sobre circulação de mercadorias–, comércio exterior, desenvolvimento tecnológico, capacitação

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da mão de obra e infraestrutura viária. dentre outros itens. O mo-vimento associativista crescia e no ano de 1974 novas associaçõescomerciais surgiam em Cravinhos, Piedade, Cubatão, Pompéia eTupi Paulista.

Na reunião da Confederação das Associações Comerciais do Bra-sil, em maio do ano seguinte, em Salvador, foi apresentada a “Cartada Bahia” que reafirmava as prepositivas da “Carta de Porto Ale-gre”, ressaltando a necessidade da participação mais ativa e diretado empresariado junto ao poder público. E reforçava a ideia que osórgãos públicos federais, estaduais e municipais não poderiam ne-gligenciar a contribuição que as associações comerciais poderiamprestar ao país. Em julho,a FACESP apresentou ao governo a suges-tão da criação de um conselho formado por membros de órgãos dogoverno, instituições universi-tárias e pela livre empresa, pararealização de estudos sobre te-mas nacionais. O objetivo era“conter o ritmo do crescimentoda participação do setor públicona economia”.

Havia um processo acelera-do de desenvolvimento de di-ferentes regiões do Estado deSão Paulo, que ganhavam no-va dinâmica comercial e in-dustrial. Surgiam associaçõescomerciais em Junqueirópolis,Dois Córregos, Florida Paulis-ta, São Sebastião, Pacaembu eGuairá.

Para suceder Boaventura Fa-rina na presidência da FACESPfoi escolhido Paulo Salim Ma-luf, que tomou posse em marçode 1976. Sua passagem pela en-

Estadão Conteúdo

Er nestoGeisel:defesa dodesenvolvimentoacelerado eum difícilinício deaberturapolítica.

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tidade foi breve, pois foi con-vidado a assumir atribuiçõesna administração pública,sendo substituído por MárioJorge Germanos.

Em março de 1977, o gover-no fechou o Congresso Na-cional, alegando a necessida-de de aprovação da reformado Poder Judiciário. A remo-delação previa a criação deum Conselho de Magistratura capaz de disciplinar e controlar asatuações dos juízes e também um foro específico para os policiaismilitares, que passavam a partir de então a ser julgados pelos tri-bunais militares. As alterações também se estendiam às questõespolíticas, como a manutenção das eleições indiretas para gover-nador de Estado e o estabelecimento da proporcionalidade da re-presentação, conforme o número da população total do Estado,nas cadeiras da Câmara dos Deputados. Foi estabelecido, tam-bém, que um terço dos senadores não seria eleito por voto popu-lar, além de outras mudanças que em última instância, amplia-vam os poderes do governo federal. As medidas foram tomadaspor conta do crescimento do MDB nas eleições de 1976. Apesardisso, partido teve votação expressiva para a Câmara de Deputa-dos, em 1978. A Arena continuava maioria mas o governo tinhatons menos sombrios, na medida em que reformas eram empre-endidas e atendiam algumas das carências da população.

O foco da FACESP continuava na defesa da livre-iniciativa e dodebate aberto e plural sobre os problemas brasileiros. Nos anos de1976 e 1977, novas associações comerciais foram criadas em Poá,Paulínia, Irapuru, Ilha Solteira, Rinópolis, Nova Odessa, São Pe-dro, Presidente Epitácio e Caieiras. Temas importantes eram exa-minados na entidade, como a proteção de pequenas e médias em-presas, a nova lei de acidentes do trabalho, estabilidade da gestanteno emprego e outros. Mário Jorge Germanos deu encaminhamentoà instalação e funcionamento do Conselho de Desenvolvimento

Folhapress/Arquivo

Posse deF i g u e i re d o :novidadecom AurelianoChaves, umcivil, comov i c e - p re s i d e n t e .

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das Pequenas e Médias Empresas, criado em 1978, um marco para omovimento empreendedor.

Uma novidade no governo aconteceu com a chegada do GeneralJoão Baptista Figueiredo ao poder central, em 1979: a presença deum civil, Aureliano Chaves, que fora governador indireto do Esta-do de Minas Gerais e se tornou vice-presidente da República. O dis-curso presidencial apontava para a criação de condições que con-duzissem à abertura política, ansiada pela população. Mas o gover-no agia com cautela.

Na Facesp, Calim Eid foi eleito para o período de 1979 a 1981, masfoi uma passagem relâmpago, já que logo em seguida à sua posse foiconvidado e se tornou chefe da Casa Civil do Estado de São Paulo, nogoverno de Paulo Salim Maluf. Passam a compor o quadro da enti-dade, no período, as associações comerciais de : Itaquaquecetuba,Nhandeara, Santa Isabel, Batatais, Colina, Laranjal Paulista, ArturNogueira, Novo Horizonte, Mineiros do Tietê, Bilac, Vinhedo, Mi-randópolis, Santa Cruz das Palmeiras e Mogi Mirim. Entre 1979 e1980 a presidência da FACESP foi exercida por Alberto Figueiredo,época em que aconteceu o I Congresso Brasileiro das Pequenas e Mé-dias Empresas. Após análise interna, a diretoria e filiadas deliberamque este Conselho deveria passar a integrar a entidade, tendo em vis-ta a importância do segmento para a economia nacional.

Apesar dos esforços para reduzir as dificuldades do povo brasileiro,as mesmas estavam longe de serem sanadas. A inflação e o custo devida subiam. O impasse continuava em torno da reforma agrária e daposse da terra. O Centro de Estudos Sociais e Políticos da ACSP ana-lisou o documento produzido pelos bispos brasileiro na ConferênciaNacional dos Bispos do Brasil, que naquele ano tinha como tema: a“Igreja e os Problemas da Terra”. O estudo aprofundado do documen-to fez que a ACSP publicasse o pronunciamento “Empresários e Pro-blemas da Terra”. A entidade marcava presença no debate de questõesimportantes para a vida do país, que foi endossado pela FACESP.

Na medida em que a atividade de comércio exterior crescia, o es-treitamento das relações econômicas do Brasil e São Paulo com di-ferentes nações se intensificava. Membros da FACESP participa-ram de missões oficiais do governo federal e estadual a países que

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poderiam ser parceiros mais ativos nas trocas comerciais, como Ja-pão, Arábia Saudita, México, Estados Unidos, Peru e outros. En-quanto se alinhavam acordos internacionais, no contexto do Estadode São Paulo a expansão das associações comerciais continuavacom a fundação das entidades em Descalvado, Serra Negra, Auri-flama, Cajamar, Nova Granada e Santo André.

Em 1981, Romeu Trussardi Filho assumiu a FACESP. Tendo em con-ta que os patamares de desemprego eram expressivos e as taxas dejuros elevadas, a FACESP/ACSP decidiu discutir estes temas commaior intensidade. Foi organizado um painel de debates, designado“Taxas de Juros – Perspectivas e Alternativas”, do qual participavamespecialistas da área que contribuíram com abordagens e propostasde solução para a questão.

Enquanto isso, o presidente Figueiredo, promovia reformas par-tidárias que visavam a reordenar o quadro políticos dentro demoldes pré-estabelecidos. As reformas conduziram à formaçãodo PDS, formado por muitos integrantes da antiga Arena, e oPMDB, formado pelos integrantes do MDB.

A propagação da importância do associativismo para o fortale-cimento da livre iniciativa e do empreendedorismo, favoreceu nes-sa época a formação de novas associações comerciais em Barueri,Rio das Pedras, Jaguariúna, Peruíbe, São Sebastião da Grama, Ilha-bela, Macatuba, Ibiúna, Ibate, Tapiratiba, Orlândia e Fartura.

Em março de 1982 assumiu a presidência da FACESP/ACSP Gui-lherme Afif Domingos. A ACSP chegava perto dos noventa anos deexistência, fortalecida pela coesão dos seus associados e pela con-vicção que era por meio de uma posição independente e crítica quepoderia se construir uma nação. A democracia era tão necessáriaquanto a livre-iniciativa.

Em 22 de março realizava-se o I Encontro das Associações Comer-ciais de São Paulo, realizado no Centro de Convenções do ParqueAnhembi, em São Paulo. Era intuito, segundo Afif Domingos, pro-mover melhor entrosamento das associações comerciais. Era pontocomum que somente com ações organizadas seria possível corrigiras distorções locais. O evento teve grande adesão e marcou outro mo-mento importante na vida da FACESP.

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A LUTA PELALIVRE-INICIATIVADO EMPREENDEDOR

maxidesvalorização do cruzeiro foi adotadaem 1983, como uma das formas de conter os problemas causadospela inflação. E, pela primeira vez após a revolução de 64, tomaramposse, no dia 15 de março, os primeiros 22 governadores eleitos di-retamente pelo povo. Em São Paulo, André Franco Montoro iniciouseu governo dando início à descentralização da administração e àsreformulações no âmbito da educação. A inflação continuava alta evárias categorias promoviam paralisações contra a política econô-mica do governo. Em 28 de agosto, foi aprovada, no 1º CongressoNacional da Classe Trabalhadora, a criação da Central Única dos

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Trabalhadores, que passaria a atuar de forma intensa na vida po-lítica do país.

A defesa da livre-iniciativa, a partir de um governo democrático, foia tônica do discurso da FACESP naquele ano. A entidade procuroumanter uma voz ativa que expressasse os desejos do empresariadonacional, como na realização do encontro de Mobilização Empresa-rial (FACESP/ACSP), em 6 de outubro de 1983, que redundou no“Manifesto à Nação”, documento em que os micro, pequenos e mé-dios empresários paulistas transmitiram sua posição sobre o quadronacional e sua insatisfação com a falta de espaço de participação nogoverno, não contando com nenhum tipo de apoio ou subsídio – em-bora arcassem com o ônus da crise, causada em parte pelo governo,“incapaz de reduzir os seus gastos” e tendo como única solução o au-mento de impostos, sem avaliar devidamente os seus impactos. Nãoera mais possível suportar o desrespeito à propriedade privada, a le-gislação confusa, as multas exorbitantes e outras práticas que até en-tão vigoravam. Como afirmava o manifesto:

Estadão Conteúdo/5/4/1983

Insatisfaçãopopular:d e s e m p re g a d o sderrubamgrade doPalácio dosBandeirantes,em São Paulo,em 1983.

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“Queremos dizer um NÃO ao Governo Federal, insensível aosproblemas e necessidades dos que produzem, beneficiando comisto os que especulam no mercado financeiro e punindo com maistributos e altas taxas de juros os que geram riquezas e empregos.Queremos dizer um NÃO ao Governo Estadual que anuncia me-didas para desburocratizar, ao mesmo tempo em que eleva, deforma insuportável, as estimativas de ICM para as micro e peque-nas empresas e reduz de forma drástica o prazo de recolhimentodas médias empresas. Queremos dizer NÃO ao Governo Muni-cipal que aumentou violentamente taxas e impostos sobre as mi-cro e pequenas empresas estabelecidas, ao mesmo tempo em quepermite a concorrência desleal por parte dos não estabelecidos.

Queremos acabar com este estado de coisas, pois, além desses pe-sados ônus, ainda enfrentamos a desordem e a insegurança.

Queremos tranquilidade para trabalhar. Queremos segurançapara nosso patrimônio e, principalmente, para nossa família, por-

Afif Domingos emreunião deassociaçõesc o m e rc i a i s :defesa da livre-iniciativa.

Arquivo DC

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que as micro, pequenas e médias empresas ainda são fundadas notrabalho familiar”.

Paralelamente, os movimentos grevistas, que vinham crescendodesde o final da década de 1970, ganharam intensidade. Em abril de1983, a fúria dos manifestantes levou ao saque de estabelecimentoscomerciais, e inevitáveis confrontos com a polícia. O fato era que oEstado brasileiro precisava rever alguns paradigmas, dentre eles alegislação excessiva e o poder desmesurado das estatais.

No decorrer de 1982 e 1983, fruto de um trabalho árduo de atuaçãono interior, novas associações foram constituídas, arregimentandomais batalhadores para a causa da livre-iniciativa. Surgiram as as-sociações comerciais de Buritama, Bragança Paulista, Monte AzulPaulista, Maracai, Torrinha, Primavera, Cachoeira Paulista, Candi-do Mota, Louveira, Cerquilho, Quatá, São Miguel Arcanjo, Estrelad’Oeste, Parapuã, Vargem Grande Paulista, Martinopólis e Ituve-rava. O número de filiadas da FACESP superava 200, conferindo àentidade expressão importante entre as federações de associaçõescomerciais do Brasil.

As atas da reunião da FACESP de 15 de fevereiro de 1984, reve-lam que a principal preocupação do comerciante, então, era so-breviver em meio ao caos. O setor imobiliário passava por difi-culdades, devido ao número elevado de desempregados. A faltade emprego, agravada pelas dificuldades de uma inflação galo-pante, de mais de 200% ao ano, estimulava as greves e, por vezes,os saques. Muitas empresas fecharam suas portas, pedindo con-cordata ou falência, reduzindo consequentemente o poder dasassociações comerciais. Além disso, crescia o comércio ilegal, fei-to pelos “marreteiros”.

A possibilidade de eleições diretas para presidente da Repúbli-ca era vista como uma forma de alterar rotas e dar novos horizon-tes para o destino da nação. O problema da inflação, que afligia atodos, tinha um foco gerador, que era a forma como o governo rea-lizava seus gastos. O descontrole das contas públicas era absur-do. O discurso inflamado de alguns setores políticos não incluía anecessidade de produzir mais e gerar mais riquezas, mencionan-do apenas as condições mínimas que deveriam ser oferecidas aos

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trabalhadores. A miopia era grande e, portanto, não ficava claroque essas condições adviriam do estímulo à produção. Era refor-çada a ideia de que o governo deveria atuar como governo e nãocomo empresa.

Em 21 de março de 1984, a Secretaria do Planejamento do Estadode São Paulo anunciava a criação de uma nova empresa estatal, aCEAGESP-Alimentos S.A., criada com o intuito de dar maior fle-xibilidade na área de comercialização de alimentos e permitir o de-senvolvimento do projeto Sacolões, sistema que reduzia sensivel-mente o preço dos alimentos frescos. A empresa, explicavam os di-rigentes, tinha por intuito aperfeiçoar o sistema e não estabelecerc o n c o r rê n c i a .

Era evidente que a estrutura de abastecimento precisava passarpor revisões profundas, que deveriam ser debatidas com todos osenvolvidos. As intervenções feitas pelos filiados mostravam queera preciso valorizar quem produzia. Era preciso oferecer produtosbaratos, mas com valor justo tanto para o produtor, como para o co-merciante e comprador final. A FACESP reforçava ser favorável auma política que viesse ao encontro da solução dos problemas daperiferia e no que dizia respeito às questões de abastecimento. Eramomento de conjugar esforços, entre a iniciativa privada e o Estado,a fim de que se obtivesse lucros e fosse garantido o funcionamentodo sistema.

No movimento de reconstrução democrática, o deputado Dantede Oliveira, de Mato Grosso, apresentou emenda constitucional,prevendo o reestabelecimento das eleições diretas para presidenteem 1985. Manifestações e comícios reuniam milhares de pessoas,em várias capitais, em favor do movimento que ficou conhecido co-mo “Diretas já.”

Mas a emenda não foi aprovada no Congresso, frustrando a na-ção. Assim, o pleito para presidente seria por meio de eleições in-diretas. Pelo PDS, candidatou-se Paulo de Maluf, e pela coligaçãoPMDB/PFL, saiu candidato Tancredo Neves, ex-primeiro minis-tro do governo João Goulart. Em 26 de abril do mesmo ano, nareunião da FACESP, em uma avaliação do momento econômicoconstava que as vendas do comércio estavam caindo e que osanúncios do governo de recuperação econômica não condiziam

Diretas Já:movimentoreuniu milharesde brasileirosem defesado votodireto parapresidente daRepública.

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com a realidade do mercado interno. O dado positivo era a re-cuperação das regiões agrícolas, que cresciam em função da de-manda externa e do crescimento da população. Na ótica da en-tidade, era imperativo estimular o consumo do mercado interno,para que se pudesse retomar o desenvolvimento econômico embases aceitáveis.

Guilherme Afif Domingos, que presidia a sessão, colocou empauta a questão do apoio aos pequenos empreendedores. Afir-mava que “uma microempresa” era uma “macrofamília”. Segun-do ele, esse princípio precisava ser bem entendido, uma vez quehavia uma série de barreiras, sobretudo, de legislação fiscal, tri-butária, previdenciária, trabalhista, no relacionamento entre pa-trão e empregado. Por conseguinte, era preciso levar ao Congres-so Nacional as necessidades desse segmento, combatendo os em-pregos clandestinos e as empresas que atuavam na ilegalidade.

Foi marcante a reunião da FACESP de 15 de junho, quando se dis-cutiu e se aprovou o Estatuto da Microempresa, atendendo assimaos abandonados pelas políticas públicas, que não criavam formasde favorecer o desenvolvimento dos empreendedores. Mais umavez, a entidade marcava um posicionamento firme face aos proble-mas que borbulhavam na so-ciedade. O resultado do en-contro foi apresentado ao go-verno federal, por meio deum documento, com umalerta sobre a crescente dre-nagem fiscal, que estava le-vando à redução do poderaquisitivo da população e,por decorrência, à retraçãodas vendas do comércio. Pa-ra reverter o quadro, a FA-CESP defendia a revisão dapolítica salarial, com a ado-ção da livre negociação entreas partes. Meses depois, em

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Ta n c re d oNeves e JoséSarney forameleitosi n d i re t a m e n t e ,pelo colégioeleitoral, em1985. Passoimportante doprocesso deaceleraçãodemocrática.

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novembro, o IV Congresso Brasileiro da Pequena e Média Empresaconcluiu que a abertura econômica estava intimamente ligada àabertura política, e que era preciso mostrar ao Poder Legislativo apremência de uma legislação que favorecesse o pequeno e médioempresário, descentralizando atividades, desburocratizando ecriando estímulos ao empreendedorismo nesse segmento. Ao finaldo evento, foi gerado o documento “Ideologia da Libertação”, comrecomendações ao Poder Executivo, a serem rapidamente implan-tadas, para atender às dificuldades das classes empresariais. Essaatuação foi importante para a conquista da aprovação do Estatutoda Microempresa, que ocorreria em breve.

Em 1984, a ACSP completou 90 anos, ocasião em que realizou umasérie de eventos para manifestar a necessidade da continuidade daluta pela defesa da livre-iniciativa. Enquanto isso, formavam-se no-vas associações comerciais em Capão Bonito, Iracemápolis, Cordei-rópolis, Aparecida, Sud Mennucci, Pilar do Sul, Santo Antônio dePosse e Socorro. O quadro econômico do país era dramático e aque-cia os ânimos dos oposicionistas. A inflação batia recorde e o desem-prego era elevado.

A nova eleição presidencial foi feita por meio do colégio elei-toral e o resultado no pleito indireto, em janeiro de 1985, foi fa-vorável a Tancredo Neves. A vitória de Tancredo foi um passo im-portante para o processo de aceleração da abertura política e de-mocrática, apontando para uma nova fase, em que se previammudanças estruturais.

Contudo, em 14 de março de 1985, um dia antes da posse ofi-cial, Tancredo Neves foi hospitalizado para realizar uma cirur-gia, vindo a falecer em 21 de abril. No mesmo dia, em meio a fortecomoção, tomou posse o vice-presidente, José Sarney, que per-tencia a uma ala conservadora e que, aliás, votara contra a emen-da Dante de Oliveira. O momento era de desconfiança e indefi-nições.

O novo momento político do Brasil e de outros países da Amé-rica Latina levaram à Declaração de Iguaçu, assinada em novem-bro de 1985, pelos presidentes José Sarney e Raúl Alfonsin , da

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Argentina, e que apresentava a proposta de integração econômi-ca e política do Cone Sul. Tinham início as conversações que con-duziriam à formação do Mercosul. No decorrer do ano, foramcriadas no Estado de São Paulo as associações comerciais de Itaí,Jardinópolis, Itapevi, Iguape, Arujá, Itaporanga e Guará.

Uma das primeiras ações do governo Sarney foi o estabelecimen-to do “Plano Cruzado”, em fevereiro de 1986, que promovia umchoque heterodoxo na economia, com congelamento de preços debens e serviços e da taxa de câmbio pelo período de um ano. O sis-tema monetário foi reformado: a nova moeda passava a ser o cru-zado, cujo valor correspondia a mil unidades de cruzeiro. Os salá-rios foram congelados. Estabeleceu-se uma nova tabela de conver-são para pagamento das dívidas, foi criado o seguro-desemprego eos reajustes salariais agora eram feitos por meio do chamado “ga-tilho salarial”, com reajuste automático quando a inflação atingisse20%.

O congelamento de preços estacionou a inflação, mas causou logoum desequilíbrio entre a oferta e a procura, devido a prática de ágiona compra de produtos, e queda das exportações, em parte geradaspor um grupo de produtores insatisfeitos com as medidas. O Con-gresso Nacional aprovara o Plano de Estabilização Econômica, de-signado de “Plano Cruzado”, em 16 de abril daquele ano, mas a me-dida paliativa apenas camuflou os problemas decorrentes da falta decontenção das despesas públicas.

Era evidente a continuidade do dirigismo e intervencionismo es-tatal, sem que as medidas radicais adotadas surtissem o efeito de-sejado. As associações comerciais reforçaram a importância de o go-verno federal priorizar a produtividade, sem desperdícios, deixan-do que o mercado regulasse o funcionamento do sistema. Ao findardo ano, tinham sido estabelecidas as associações comerciais de:Cerqueira César, Palmeira d’Oeste, Jandira, Pirapozinho, CampoLimpo Paulista, Agudos, General Salgado, Américo Brasiliense,Barrinha, Angatuba e Chavantes.

O processo de redemocratização deu mais um passo importante,com a definição das eleições diretas para governadores, senadores,deputados federais e estaduais, mas alguns meses após o “Plano

Na página aolado, faixaparabenizapolêmicocongelamentode preçosde Sarney,contra asre m a rc a ç õ e s .

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Estadão Conteúdo/Joveci de Freitas

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Cruzado”, agravou-se a situação econômica. A escassez de produ-tos era grande, a exportação havia caído e as importações aumen-tavam, criando dificuldades para a balança comercial brasileira.

Após as eleições, o governo federal implementou o “Plano Cru-zado II”, que tinha como objetivo principal corrigir as distorçõesestabelecidas até aquele momento. A nova medida do governo pre-via o reajuste dos aluguéis, a liberação dos preços dos produtos eserviços, o aumento de impostos sobre tarifas de serviços públicose da carga fiscal, aumento de impostos sobre bebidas e cigarros,reindexação da economia e alteração do cálculo da inflação. As no-vas orientações estavam longe de agradar à população, e houvemanifestações violentas contra o governo.

Com a eleição dos novos representantes do povo, escolhidos pelovoto direto, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, em1º de fevereiro de 1987, tendo à frente José Carlos Moreira Alves,presidente do Tribunal Federal. Tinha início um amplo debate so-bre a futura carta magna brasileira, que seria finalizada no ano se-guinte.

As medidas introduzidas com o “Plano Cruzado II” não obtive-ram o êxito esperado. Os problemas em relação ao balanço de pa-gamentos e à taxa de câmbio, a qual favorecia as importações, seagravaram. O governo suspendeu o pagamento da dívida externaaos bancos privados. E assumiu a moratória.

Eleito em 1987 como novo presidente da FACESP, Romeu Trus-sardi Filho, em reunião na entidade logo após sua posse, aprovou aproposta de se criar um mecanismo de renegociação das dívidas dosetor privado, como uma das maneiras de atenuar os problemas en-frentados por diversas empresas devido aos “Planos Cruzados”.

O malogro do “Plano Cruzado II” fez com que Dilson Funaro fos-se destituído do cargo do Ministro da Fazenda, sendo nomeado pa-ra o cargo Luís Carlos Bresser Pereira, em abril de 1987. A inflaçãocrescia e ultrapassara os 20% ao mês. Além disso, o governo nãoconseguia fazer o controle sobre as contas públicas, o que fazia quea previsão de deficit fosse de 7% do PIB. O novo ministro estabeleceunovas ações para conter os desajustes da economia brasileira, pormeio do “Plano Bresser”. Eram medidas rígidas. Para controlar a

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inflação foram definidos o congelamento dos salários, dos aluguéise da Unidade de Referência de Preço (URP); a eliminação do sub-sídio ao trigo; o adiamento das grandes obras nacionais; o aumentodos impostos e controle do consumo da população, bem como acontenção dos gastos públicos. Trussardi, pela FACESP, defendeu acriação de uma linha de crédito a custo mínimo, com prazo de pa-gamento dilatado, a fim que de que as empresas conseguissem serecompor das novas medidas do governo. As reinvindicações fo-ram acolhidas, com a aprovação de novos prazos para o pagamentodos tributos.

As associações comerciais reforçaram o seu discurso contra o di-rigismo e intervencionismo no mercado econômico. As ações dogoverno não tinham surtido os efeitos desejados e a inflação cresciaa passos largos. As taxas de juros elevadas contribuíam para inibiro consumo e a produção, a qual estava desaquecida em função doclima de incertezas. Muitas empresas não conseguiram sobrevivera uma situação econômica instável, vindo a sucumbir. As entidadesse manifestaram contrárias ao congelamento de preços e aos juroselevados, medidas inócuas frente ao crescimento da dívida internae externa brasileira, o crescimento da inflação e a redução do poderaquisitivo da população. Em 1987, foi criado o Departamento deOrientação Empresarial e Treinamento (DOET) que entre outrasatividades, operaciobnalizava o convênio Jucesp-FACESP e nomesmo ano eram criadas as associações comerciais de Itararé, Ta-quarituba, Lucélia, Cotia, Joanópolis, Cabreúva e Palestina.

Na reunião da Assembleia Geral Extraordinária da FACESP, de25 de março daquele ano, foi discutida a aprovação de contas daentidade e a modificação dos estatutos, tendo em vista a descen-tralização de suas atividades. O Conselho das Associações Co-merciais, um órgão consultivo da Diretoria, passava a ser com-posto por representantes das entidades filiadas, com as atribui-ções de estudar e debater as questões relativas às finalidades daFACESP, propondo à diretoria as medidas consideradas conve-nientes e a instituição de conselhos regionais para integrar as di-visões administrativas do Estado de São Paulo. Os conselhos re-gionais se reuniriam mensalmente, conforme convocação, sendo

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previsto que os mesmos adotassem o sistema de representativi-dade em suas deliberações.

Em 23 de junho de 1988, a FACESP fez uma reunião conjunta doseu conselho, na qual os dirigentes das entidades do interior deba-teram o novo tratamento dado às microempresas, em nível esta-dual. No encontro a FACESP chegou a conclusão de que as dívidascontraídas pelos pequenos empresários, durante o “Plano Cruza-do”, não deveriam ser tratadas pelo Congresso Constituinte. A en-tidade era contra a anistia, e defendia que deveria ser feito estudoindividual de cada caso, a partir de estímulo oficial aos empresáriosque desejassem pagar seus débitos.

Nesse ano, a FACESP comemorou vinte e cinco anos de funda-ção. Romeu Trussardi Filho fez uma avaliação sobre a importânciada entidade até aquele momento, lembrando que a formação daentidade se devia à “necessidade de concentrar todo o empresa-riado do Interior num só órgão associativo de âmbito estadual,identificado ideologicamente na defesa da liberdade da livre- ini-ciativa, de democracia liberal e do desenvolvimento”.

A união das Associações Comerciais do Estado de São Paulo per-mitiu que o corpo de empresários participasse de maneira ativa noprocesso econômico, político e social brasileiro. A coligação permi-tiu que esforços fossem concentrados e com determinação muitasconquistas foram empreendidas. Os vinte e cinco anos de existên-cia permitiam afirmar que era preciso continuar a luta juntos, fo-cados na defesa da livre empresa e no desenvolvimento econômicoe social.

Neste mesmo dia, a Assembleia Nacional Constituinte aprovavao texto definitivo da nova Constituição brasileira, promulgada nodia 5 de outubro de 1988. Havia a consciência de que essa era apenasuma das etapas fundamentais à reconstrução do país, sendo aindanecessário que alguns pontos estabelecidos pela Carta Magna fos-sem postos em prática. A nova Constituição consolidava o processode abertura política, confirmando a independência dos poderes. Opluripartidarismo era mantido, garantida a liberdade de expressãodos sindicatos e imprensa.

Nesse ano tão marcante para a história do Brasil, a FACESP se or-

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Estadão Conteúdo/Arquivo

Debateacirrado entreos candidatosLula e Collorde Melo.

gulhava de ter participado ativamente no processo de construçãonacional. E sua rede aumentou ainda mais, com a constituição dasassociações comerciais de Águas de Santa Bárbara, Santa Rosa deViterbo, Bertioga, Echaporã, Cardoso, Álvares Florence, ÁlvaresMachado, Santo Antonio do Jardim, Castilho e Caconde.

Para as eleições presidenciais de 1989, novas composições po-líticas surgiram, devido à reorganização partidária e as dissensõesinternas dos partidos. Concorriam Fernando Collor de Mello(PRN), Mário Covas (PSDB), Leonel Brizola (PDT), Luís Inácio Lu-la da Silva (PT), Guilherme Afif Domingos (PL), Roberto Freire(PCB), Ulysses Guimarães (PMDB), entre outros. O país vivia ummomento crítico. A sucessão de pacotes econômicos aumentara adesesperança da sociedade. O presidente José Sarney implantouum novo plano, por meio do ministro da Fazenda, Maílson da Nó-brega: o Plano Verão, de janeiro de 1989. Este plano previa a des-valorização da moeda em vigor, o “cruzado”, substituída pelo“cruzado novo”. Estabeleceu-se a paridade com o dólar e a extin-ção da OTN (Obrigação do Tesouro Nacional). Apesar de o planoprever o corte nos gastos públicos e a extinção de estatais, tais me-didas não foram efetivadas.

Como sempre reiteravam as associações comerciais em suas reu-niões, continuava a falta de controle sobre os gastos públicos. No de-correr dos últimosanos, o poder aquisiti-vo da população dimi-n u i a , m o v i m e n t oacompanhado de de-senfreada especulaçãofinanceira. Portanto, oBrasil encontrava-seem uma encruzilhadaque os diferentes pla-nos econômicos não ti-nham conseguidoe q u a c i o n a r.

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Ao findar a sua gestão na FACESP, Romeu Trussardi Filho des-tacou a importância da defesa do crédito para as microempresas,a legislação tributária, os novos horários bancários e a nova re-gulamentação do ICM para as microempresas, além da discussãosobre a anistia dos débitos aos microempresários, previstos pelaConstituição Federal de 1988. Na reunião de 27 de abril de 1989,foi externada a satisfação da FACESP em ter contribuído, de ma-neira positiva, para a definição de novas medidas a serem intro-duzidas pelo governo federal. Isso era importante para o proces-so de fortalecimento e reconhecimento oficial da sua existência.O encontro também tratou de questões referentes à regularizaçãoda FACESP e sua declaração de entidade de utilidade pública fe-deral, estadual e municipal. No V Congresso Nacional das Asso-ciações Comerciais , em junho do mesmo ano, no Rio de Janeiro, oempresariado brasileiro discutiu a saída para crise, defendendoa necessidade de reformulação do Estado brasileiro, para umadistribuição mais igualitária da renda, o que exigia que o país seadequasse à nova realidade do mercado internacional, estimu-lando a captação de capital estrangeiro e a exploração dos recur-sos nacionais.

Na primeiras das eleições gerais diretas, desde 1960, FernandoCollor de Mello foi eleito presidente da República com 49% dos vo-tos, contra 44% obtidos por Luiz Inácio Lula da Silva. Embora o pre-sidente eleito fosse oriundo dos segmentos mais conservadores dapolítica nacional, a imagem vigorosa de um político jovem foi vistacomo representando um novo momento para o Brasil. Sua propos-ta de governo fora pautada pela tolerância zero contra os “marajás”do funcionalismo público, e por um plano de aceleramento da mo-dernização da nação brasileira. Nesse mesmo ano foram criadas asassociações comerciais de: Analândia, Tapiraí, Itapira, Santa Ritado Passa Quatro, Carapicuíba e Santo Grande, ampliando a rede deentidades ligadas à FACESP.

Mas, a política econômica implantada por Collor foi traumáti-ca: a proposta do “Plano Brasil Novo”, que ficou conhecido como“Plano Collor” ou “Plano Cruzeiro”, impôs à sociedade medidasrígidas. A moeda em vigor, o cruzado novo, foi substituída pelo

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cruzeiro. Foram confiscadas as contas-correntes e aplicações fi-nanceiras em cruzados novos, de valores superiores a Cr$ 50,00,por dezoito meses, de todas as pessoas físicas e jurídicas. Foi es-tabelecido o controle dos preços, extintos alguns órgãos públicos,e estatais foram fechadas para passar por um processo de priva-tização. Era criado o imposto sobre as operações financeiras e eli-minados os incentivos fiscais para as importações e exportações.Definiu-se também pelo aumento de preços dos serviços públi-cos, como energia elétrica, gás, e serviços postais etc. Com tais me-didas, acreditava-se, seria possível fomentar o desenvolvimentoda economia. Um ponto de consenso era a medida salutar de aber-tura da economia para o capital estrangeiro, bem como a elimi-nação de entraves à importação de bens de consumo, ambas ini-ciativas tiveram o apoio da FACESP.

A abertura econômica e a privatização de empresas públicas tam-bém eram medidas acalentadas há anos e consideradas importan-tes para o processo de modernização do Estado e para reposicionaro Brasil em melhores condições no mercado internacional. Era pre-ciso criar empresas competitivas, o que implicava em correr riscos eremodelar o sistema produtivo e de gestão, promovendo o cresci-mento nacional. Contudo, a definição por um plano econômico he-terodoxo causou turbulências na sociedade brasileira. O confiscodas aplicações financeiras foi traumático e ainda não conseguiu re-solver os problemas econômicos da nação.

As associações comerciais, de pronto, externaram sua desaprova-ção em relação a algumas medidas, ressaltando que faltava uma po-lítica de contenção de gastos e de moralização do setor público. Fi-cou evidente que as medidas adotadas dificultariam a vida de mi-cro e pequenas empresas. Concomitantemente, o presidente ado-tou medidas consideradas neoliberais, que previam a diminuiçãodo papel do Estado na economia, tendo em conta a nova dinâmicaque sinalizava para uma economia mundial globalizada. Endos-sando as medidas presidenciais, em 03 de abril, o Congresso Nacio-nal aprovou as medidas impostas pelo “Plano Collor”.

Em 23 de maio de 1990, a diretoria da FACESP se reuniu, chegan-do às seguintes propostas: redução da carga tributária e revisão dos

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prazos de recolhimento dos tributos das contribuições previden-ciárias. A ideia era que a FACESP realizasse estudos e encaminhasseas solicitações necessárias ao governo.

No âmbito internacional avançavam as negociações entre o Brasile a Argentina, visando à integração econômica. Em 06 de julho de1990, os dois países assinaram a Ata de Buenos Aires, com o objetivoprincipal de realizar a integração alfandegária entre as duas nações.Foi criado um grupo de trabalho, com especialistas brasileiros e ar-gentinos, para delinear a criação do mercado comum de integração.O projeto atraiu o interesse do Paraguai e Uruguai, que logo em se-guida expressaram o seu desejo de participar desse processo.

Na reunião da diretoria da FACESP, de 30 de agosto de 1990, eraregistrada a contribuição expressiva das filiadas, que atingira apro-ximadamente 80% dos pagamentos das contribuições, o que con-figurava uma excelente colaboração. Essa situação mostrava oquanto era importante para a entidade a reunião de várias filiadasque tinham planos estratégicos em comum e acreditavam na pro-posta defendida pela FACESP.

O crescimento da economia e o aumento da consciência dos con-sumidores em relação ao próprio consumo exigiram novas práticase, em 11 de setembro desse ano, foi criado um conjunto de normasque tinham como objetivo principal proteger os direitos do consu-midor, o que ficaria conhecido como Código Brasileiro de Defesa doConsumidor. O documento passava a disciplinar de maneira maisostensiva as responsabilidades entre o fornecedor de um produtoou serviço e o consumidor final. Em longo prazo, o código foi re-cebendo revisões e passou a ser um elemento importante no nor-teamento das relações fornecedor/consumidor, favorecendo quese desenvolvesse uma política de qualidade na fabricação de pro-dutos e na prestação de serviços.

Em 24 de outubro de 1990, a diretoria da FACESP analisava as-suntos concernentes à dinâmica das associações comerciais. Eradestacada a reformulação da Confederação das Associações Co-merciais Brasileiras (CACB). Estava em curso a discussão sobre apossível alteração de nome das federações, que passariam a de-nominar-se Conselhos Estaduais. Era um momento de revisão

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dos papéis das entidades. As associações comerciais discutiam asmelhores estruturas e rumos a seguir, o que inevitavelmente le-varia à revisão dos estatutos das federações, que deveriam seadaptar à nova situação. A meta era alcançar novos objetivos,com consciência e responsabilidade que pudessem fortalecer asfederações, legitimando cada vez mais a sua representatividade.A FACESP previa novas alterações para o biênio seguinte, queocorreriam a partir de 1991.

A questão da redução da carga tributária ainda era um dos pon-tos centrais dos debates da entidade. Era preciso que ações maisenérgicas fossem tomadas, pois os entraves eram muitos. Em 1ºde dezembro de 1990, as associações comerciais do Estado de SãoPaulo manifestavam sua posição no encontro organizado pelaFACESP com o intuito de debater a economia brasileira. Foraconstatada a queda generalizada dos níveis de atividades dos di-ferentes setores, em regiões distintas do Estado de São Paulo. Oquadro que se apresentava era o de decréscimo das vendas e au-mento da inadimplência e insolvência. Faltava crédito e as taxasde juros elevadas causavam dificuldades ao capital de giro paraas empresas e reduziam as vendas a crédito. As associações co-merciais manifestaram o seu apoio ao ajuste econômico do gover-no de Fernando Collor, fazendo ressalvas às restrições de natu-reza ética no que dizia respeito ao bloqueio dos ativos financeiros.Contudo, outras medidas se faziam necessárias para combater ainflação. A entidade externava o seu inconformismo com as ele-vadas taxas de juros a que estavam sujeitos os diferentes segmen-tos do setor privado. Tal situação causava desajustes no sistemaprodutivo e a desestabilização financeira das empresas. As asso-ciações comerciais eram favoráveis ao objetivo de se manter a es-tabilização econômica, modernizando o país ao mesmo tempoem que se favorecia a livre iniciativa. Perto do final de 1990, sur-giram novas associações comerciais em Panorama, Teodoro Sam-paio, Valentim Gentil, Tabatinga, São Bento do Sapucaí, Indiapo-ra, Salto de Pirapora, Itapecerica da Serra e Taboão da Serra.

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UNIÃO NAVALORIZAÇÃO DOEMPREENDEDORISMO

o começo de 1991, tinha início o “Plano CollorII”, que estabeleceu novo congelamento de preços para promover aqueda da inflação em curto prazo. Porém, as causas da doença nãoforam combatidas. Nesse mesmo ano, foi eleito Lincoln da CunhaPereira para presidir a FACESP/ACSP, sendo reeleito, em 1993, pa-ra o biênio seguinte. Com ele começou uma remodelação da ACSP,dando início ao processo de modernização do Serviço de Proteçãoao Crédito - SCPC.

Em 26 de março de 1991, era assinado o Tratado de Assunção pelospresidentes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que estabele-

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Arquivo/DC

Protesto deentidadescontra ac a rg atributária, nagestão deLincoln daCunhaPereira Filho.

cia uma zona de livre comércio entre os quatro países, designada deMercado Comum do Sul, e que passou a ser conhecida como Mer-cosul. O acordo foi importante por eliminar barreiras e restrições co-merciais, ao mesmo tempo em que se definia uma política integra-dora, que acompanhava o movimento da economia mundial.

Na reunião da diretoria da FACESP, de 07 de maio de 1991, um dosassuntos examinados foi a realização do Congresso Nacional dasAssociações Comerciais, que seria realizado em Salvador, na Bahia,em junho do mesmo ano. Definiu-se que seriam apresentados es-tudos sobre a reforma tributária, objeto de interesse coletivo, sobre-tudo, enfatizando-se a questão da redução da carga tributária e dasimplificação do atual sistema, eliminando portanto, a maioria dostributos, taxas, contribuições, etc., e que eram praticados pelos go-vernos federal, estadual e municipal. Também se falou na reestru-turação da FACESP, com a preocupação em adotar uma adminis-tração profissional, visando que ela viesse a atuar como uma ver-dadeira empresa.

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A participação ativa das associações comerciais do interior de SãoPaulo permitiu uma verdadeira renovação do espírito da entidade.Compreendia-se que era preciso agir e ousar num cenário econômiconovo e que se apresentava extremamente promissor. A caminhadada nação brasileira precisava ter o passo acelerado, a fim de acom-panhar o que em outras nações já havia sido conquistado. Além dis-so, novos desafios surgiriam com a chegada do século XXI.

Os debates eram muitos, na sociedade e na entidade. Questionava-se a necessidade de uma revisão constitucional, bem como da reali-zação de um plebiscito que definisse a forma de governo, entre o pre-sidencialismo e o parlamentarismo. As indagações sobre os impostos,o modelo produtivo brasileiro e o estímulo à produção e ao comércio,eram recorrentes dentro da entidade, bem como na imprensa. Nesseano, quinze novas associações comerciais eram criadas: Taruma, Mi-guelópolis, Aguaí, Guapiacu, Urânia, Santa Albertina, Morro Agudo,Altinópolis, Mirante do Paranapanema, Duartina, Brodowski, Bana-nal, Vargem Grande do Sul, Parapanema e Itatinga.

Em janeiro de 1992, os membros da diretoria da FACESP se mani-festaram contra a criação de novos impostos ou taxas pelo governofederal. Foi elaborado um manifesto, que apresentava o repúdio a talmedida. Em 23 de janeiro, Lincoln da Cunha Pereira lançou o “Mo-vimento de Retomada do Desenvolvimento do País”, tendo comopreocupação estabelecer, entre as associações comerciais, um debatepara se encontrar alternativas para a crise do setor, o que inevitavel-mente passava pela análise de propostas de reforma tributária, cons-titucional e previdenciária e que deveriam ser enviadas ao Congres-so Nacional e ao Senado Federal. Em algumas cidades do interior, oscomerciantes fecharam as portas dos estabelecimentos para mostrarsua desaprovação à política econômica do governo.

Havia uma vulnerabilidade externa da economia brasileira com oprocesso de globalização. O país não possuía recursos e necessitavade financiamento externo para viabilizar o seu desenvolvimento.Por conseguinte, era fundamental que a política econômica conse-guisse minimizar o problema e criar as condições adequadas para odesenvolvimento em bases sustentáveis.

Era anseio comum que o governo fosse sensível à proposta de de-

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senvolvimento proposto pelo empresariado. Para tanto, era condi-ção sine qua non que fosse feita uma reforma tributária objetiva, “vi-sando a diminuição dos impostos, o peso de sua incidência, a sim-plificação de sua aplicação e reformulação da estrutura”.

Em abril de 1992, foi realizado em São Paulo pela FACESP/ACSP,em conjunto com a Federação das Indústrias do Estado de São Pau-lo e a Federação do Comércio do Estado de São Paulo, o Semináriosobre promoções de negócios entre pequenas e médias empresasdo Mercosul. Com o quadro de globalização e as mudanças rápidasna economia mundial era preciso ter políticas econômicas consis-tentes e ações conjuntas para se consolidar a inserção do Brasil nomercado mundial. Para tanto, era preciso ter um bloco econômicoforte, capaz de acelerar as mudanças estruturais que precisavamser empreendidas.

No encontro anual do SCPC de 1992, que contou com a partici-pação da FACESP, foram discutidas as adaptações necessárias doórgão à nova Lei do Consumidor. Nesse mesmo dia, ocorreu a reu-nião da diretoria da FACESP, e um dos principais assuntos ali tra-tados foi o momento político conturbado. Defendia-se que cadavez mais era preciso a união das entidades e a mobilização perma-nente dos empresários, “para pressionar o Governo e o CongressoNacional para a aprovação da reforma fiscal e a adoção de medidasque visem o combate à inflação, sem recessão e a retomada do de-senvolvimento”.

Em meados de 1992, a sociedade brasileira manifestou sua repro-vação ao modo como estava sendo conduzida a vida política bra-sileira, por conta de denúncias de corrupção no governo Collor, en-volvendo desvios de verbas públicas e envio ilegal de recursos parao exterior. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito identificou oenvolvimento do presidente em atos de pouca lisura. Em diferentespontos da nação, surgiram movimentos pedindo a renúncia do pre-sidente. Estudantes saíram às ruas, em um movimento que ficouconhecido como o dos “caras pintadas”, pois no rosto traziam ascores nacionais, como uma forma de demonstrar sua reprovação.

O Movimento pela Ética na Política ganhou força e também con-tou com a participação das associações comerciais paulistas. O pre-

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sidente da entidade, Lincoln da Cunha Pereira, discursou em co-mício na Praça da Sé, defendendo que a melhor solução para o Bra-sil era a renúncia de Collor de Melo. Em 29 de setembro, o Congres-so Nacional aprovou a abertura do processo de im pea chm ent dopresidente em 2 de outubro, quando assumiu interinamente o go-verno o vice-presidente, Itamar Franco.

Em 29 de dezembro, enquanto o Senado ainda estava em proces-so de discussão sobre o impeachment, Collor decidiu renunciar aocargo, ficando efetivamente Itamar Franco como o novo presiden-te. Esse contou com o apoio de uma frente partidária que lhe per-mitiu dar continuidade ao governo, sem aprofundamento da crisepolítica, ao mesmo tempo em que se conseguiu manter a ordemconstitucional. A nova diretriz de Itamar Franco foi a do incentivoà indústria nacional, por meio da renúncia fiscal, que estimulou al-guns segmentos da produção, isentando-os de impostos. Nesseano, foram constituídas as associações comerciais de: Bernardinode Campos, Serrana, Ipaussu, Macaubal, Embu-Guaçu, Ilha Com-prida, Hortolândia e Santo Antônio do Pinhal.

Com o processo de globalização, as relações comerciais com di-ferentes países se intensificaram. Novas visitas e acordos bilateraiseram constituídos desenhando-se um novo cenário para a econo-mia brasileira. Pela sede da FACESP passaram comissões de co-mércio exterior de diferentes países, com o intuito de estabelecervínculos mais estreitos com o Brasil.

Um dos velhos temas que acompanhou a trajetória da FACESPvoltou a ter destaque com a intensificação das atividades comer-ciais: o da modernização dos portos brasileiros. A FACESP, repre-sentando os interesses dos seus filiados, realizou o “I Seminário deModernização dos Portos”, que teve como efeito importante a for-mação do Comitê dos Usuários dos Portos do Estado de São Paulo(Comus). O processo de globalização da economia exigia que o Bra-sil adaptasse a sua infraestrutura portuária às novas determina-ções do mercado.

A FACESP, se manifestou contrária, por outro lado, à implanta-ção do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira(IPMF), em fevereiro de 1992. Era preciso repudiar a ideia de au-

Nas próximaspáginas,estudantes emmarcha peloimpeachmentdo presidenteCollor deMelo. E aclássica cenade Collor e amulherdeixando oPlanalto.

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EC/Sílvio Ribeiro

Itamar Francodá posseao "homemdo real",Fer nandoHenriqueC a rd o s o .

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mentar os impostos, tendo em conta que o governo brasileiro tinhaum dos maiores níveis de cobrança de impostos do mundo. Os con-tribuintes já estavam sobrecarregados de impostos e taxas, situaçãoque era grave num contexto recessivo, onde tanto o empresariadocomo os trabalhadores já não possuíam mais recursos para oferecerao governo. As exportações tinham ficado inviáveis, como tambémas operações do mercado financeiro, com as ações tomadas pelo go-verno. Previa-se um crescimento do processo inflacionário.

Com o intuito de encontrar soluções para a economia do país, opresidente Itamar Franco nomeou para ministro da Fazenda Fer-nando Henrique Cardoso, que assumiu o cargo com a incumbên-cia de encontrar alternativas para a inflação. Fernando Henrique, em agosto de 1993, alterou a moeda brasileira de “cruzeiro” para“cruzeiro real”, que equivalia a “mil cruzeiros”. O ajuste de va-lores visava adequar a moeda às operações financeiras. Em 1993,apesar de a conjuntura econômica ser ainda temerária, o governodeu continuidade ao processo de privatização das empresas es-tatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional. Nesse mesmoano, surgiam as associações comerciais de Viradouro, Américode Campos, Várzea Paulista, Severina, Santa Gertrudes, Sarapuí,Pradópolis, Holambra, Regente Feijó, Borborema, Cananéia, Ibi-rá e Jarinú.

No início de 1994, a diretoria da FACESP era informada que a Con-federação das Associações Comerciais do Brasil havia desvinculadoos departamentos dos Serviços de Proteção ao Crédito (SPCs), man-tidos pelas associações comerciais, da Confederação Nacional dosDiretores Lojistas (CNDL). A desvinculação não alteraria o funcio-namento do sistema, já que o regulamento dos SPCs continuaria vi-gorando, e também seriam mantidas todas as normas em vigor, pordeterminação da CNDL. Caberia às entidades envolvidas encontrarum novo caminho para a continuidade desse sistema.

Em 27 de fevereiro de 1994, Fernando Henrique anunciava o “Pla-no Real”, sempre com o intuito de conter o galopante processo in-flacionário. Entre as medidas, constavam a substituição da moedacruzeiro pelo real (R= 1,00 = US$ 1,00), o aumento da taxa de juros, aprivatização de empresas estatais e a reforma estatal, com diminui-

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ção dos gastos públicos. Tinha início a desindexação da economia ea criação de mecanismos para controlar os gastos públicos.

Apesar da descrença inicial, o plano conseguiu uma estabilidadeeconômica que permitiria ao país organizar as bases produtivas.Um dos pontos positivos do plano era que se procurava conter ainflação sem confiscos, sem arrocho salarial e sem congelamento depreços. As privatizações em curso contribuíram para que o gover-no saneasse as contas públicas, ao mesmo tempo em que ocorreu oestímulo ao crescimento econômico. Paulatinamente, aconteceuum processo de equilíbrio das contas públicas e a redução das des-pesas da União, ideais há décadas almejado pela FACESP. A adoçãode reformas estruturais, como a privatização de setores estatais, acriação de agências reguladoras, a lei de responsabilidade fiscal, amaior abertura comercial, a renegociação das dívidas de estados emunicípios em bases mais rígidas, dentre outras medidas, permi-tiram que a economia brasileira reagisse e retomasse o seu desen-volvimento. Em março de 1994, Fernando Henrique Cardoso dei-xou o Ministério da Fazenda para ser candidato à presidente da Re-pública, sendo substituído por Rubens Ricupero.

Continuava em discussão na FACESP e no país acerca da questão dareforma tributária. Era consenso que a carga tributária precisava serreduzida, tendo em conta a quantidade abusiva do número de impos-tos. A questão da desvinculação do SPCs do CNDL foi novamenteanalisada. Os departamentos de associações comerciais passaram aser coordenados pela CACB, que criou o Centro Nacional de Coorde-nação e Atendimento (CNCA), que, por sua vez, era o responsável pe-los serviços de proteção ao crédito e de informações. Foi apresentada anova estrutura destes departamentos e seus futuros responsáveis.

Na reunião da diretoria da FACESP, em maio, um dos assuntosera o boletim criado pela CACB, com ampla difusão, intitulado“Olho Vivo Cidadão”, que registrava a participação de cada depu-tado federal no Congresso. As reformas mais importantes, vitaispara o país, não tinham ocorrido. A ideia era acompanhar as elei-ções gerais em curso, e cobrar compromissos dos candidatos comos seus eleitores, regra que valia também para o segmento empre-sarial. Era importante que a sociedade fosse informada, de maneira

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adequada, sobre a vida política do país, cabendo também às asso-ciações comerciais contribuir nesse processo. A união das filiadasera fundamental, pois só com coesão as reivindicações da entidadepoderiam ser conquistadas.

No encontro dos diretores da FACESP, em agosto, foi discutidoo Congresso das Associações Comerciais do Brasil, que seria pro-movido pela CACB, nos dois primeiros dias de setembro. O even-to merecia atenção, pois contariam com a participação dos can-didatos à presidência da república: Fernando Henrique Cardosoe Luís Inácio Lula da Silva. Era o momento para compreenderquais os projetos de governo de cada candidato para a área eco-nômica, e se os mesmos atenderiam aos anseios do empresaria-do. Quando as eleições se realizaram, em outubro, FernandoHenrique foi o vitorioso.

Uma boa notícia para a FACESP foi divulgada na reunião de ou-tubro: o deferimento da inscrição no Cadastro Geral dos Contri-buintes do Ministério da Fazenda. As filiadas tinham se envolvidode maneira intensa em todo o processo e na reunião seguinte dis-cutiram-se as propostas de estruturação da entidade, constante dasnovas exigências de orçamento, que visavam a dotar a FACESP deplena autonomia. Isso permitiria que a entidade aumentasse o seuconceito perante as filiadas. Quanto ao problema entre a CACB e aCNDL, no que tangia ao serviço de proteção ao crédito, foi escla-recido que as alterações eram definitivas e que os serviços oferecidopelas associações comerciais filiadas seria o SCPC, marca associadaà Associação Comercial de São Paulo, que autorizara a Confede-ração das Associações Comerciais do Brasil a utilizá-la para todasas associações comerciais, por meio de suas federações. Nesse mes-mo ano, passaram a funcionar as associações comerciais de: SantaBarbara d’Oeste, Nuporanga, Icem, Paulo de Faria, Santa Adélia,Buri e Urupês.

A reestruturação da economia brasileira, por meio de um progra-ma neoliberal – que incluía o controle do câmbio, a privatização deempresas estatais, o estabelecimento da livre negociação salarialentre patrões e empregados, o estreitamento das relações econômi-cas com outros países da América Latina e a abertura da Bolsa ao

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capital externo – favoreceu a construção da imagem de um país quecrescia em bases mais sólidas. O aumento da produção e o controleda economia permitiram que a população usufruísse de um melhornível de renda, tendo início uma nova fase para a nação brasileira.

Quando, em 1995, assumiu o novo presidente da ACSP/FACESP,Elvio Aliprandi, o aumento da inadimplência e as altas taxas de ju-ros eram as grandes preocupações da entidade. Em mais uma reu-nião da diretoria, Aliprandi registrou os encontros com autorida-des econômicas, a fim de transmitir o quadro aflitivo dos empre-sários. Para ele, o tema deveria ser objeto de atenção dos governosfederal, estadual e municipal, uma vez que desse modo ficava in-viável qualquer tipo de investimento, por parte das empresas.

A reforma tributária estava sendo debatida no Congresso, envol-vendo várias entidades, entre as quais se destacava a FACESP, co-mo a grande representante da classe empresarial. O apoio ao “Pla-no Real” era indiscutível, mas pedia-se a adoção de medidas deajuste com urgência, para que o país retomasse o caminho do seudesenvolvimento. Em novembro de 1995, foi apresentado o projeto“FACESP em Ação – PME”, que consistia basicamente na realiza-ção de eventos em diversas cidades, com palestras, feiras de servi-ços etc., esclarecendo a respeito das características e oportunidadesda pequena e média empresa.

O processo de globalização e a abertura do mercado brasileiro fi-zeram que novos negócios viessem a ser estabelecidos. A FACESP,atenta à dinâmica de modificações no cenário internacional, atuoupara receber missões de diferentes nações, as quais tinham comoobjetivo promover o comércio exterior de seus países. Em 1995, fo-ram recebidas comitivas da China, Polônia, Bélgica, Inglaterra, en-tre outros contatos realizadosno exterior. Tais ações foramimportantes para os associa-dos, que puderam conhecermelhor a dinâmica dos negó-cios em escala mundial.

A Associação Comercial eIndustrial de Ribeirão Preto,

Arquivo/DC

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em conjunto com a FACESP, lançou um banco de dados sobre a eco-nomia da região, em outubro desse ano. O sistema reunia informa-ções sobre as principais atividades econômicas, produção e presta-ção de serviços regionais e era parte de um movimento estratégicopara facilitar as operações realizadas pelos empresários da área. Onúmero de associações comerciais crescia com a constituição de en-tidades nas cidades de: Ipuã, Orindiúva, Rio Grande da Serra, Man-duri, Ribeirão Branco, Miracatu, Clementina, Altair, Glicério, Ava-nhandava, Euclides da Cunha Paulista, Divinolândia e Apiaí.

As questões regionais do Estado de São Paulo foram constantesnas reuniões da FACESP, podendo ser destacada a dificuldade dosmicroempresários em renegociar suas dívidas, além de não conse-guirem crédito para capital de giro em condições favoráveis. Era,portanto, preciso que o governo dilatasse os prazos para o recolhi-mento dos tributos e que ainda parcelasse em melhores condiçõesos débitos em atraso. Considerava-se que a multa e os juros eramimpeditivos, inviabilizando qualquer tipo de negociação. Outro fa-to relevante foi o convênio firmado com entidades comerciais por-tuguesas, definindo regras para o intercâmbio entre empresáriosbrasileiros e portugueses, que tinha como objetivo estreitar as re-lações entre as duas nações ligadas pelo seu passado histórico. Em12 de agosto de 1996, a reunião da diretoria da entidade contou como apoio do recurso de videoconferência, o que permitia maior in-teração, sem que muitos membros tivessem de se deslocar até sededa FACESP.

Um dos temas principais nessa ocasião foi a importância da in-ternacionalização da empresa brasileira, o qual conduzia à discus-são sobre a modernização dos portos. Nos últimos tempos, a FA-CESP vinha promovendo es-tudos e eventos que coloca-vam em debate a legislaçãosobre o comércio exterior,bem como a necessidade deuma reforma ampla do siste-ma portuário brasi le iro .Constituiu-se ainda uma

Arq

uivo

/DC

Elvio Aliprandiem Brasília, nodebate sobreo estatuto dasmicro epequenase m p re s a s .

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equipe de trabalho para visitar os parlamentares em Brasília a fimde que fosse aprovado urgentemente o “Estatuto da Microempre-sa” pela Câmara dos Deputados.

Durante anos, foi defendida a viabilidade da criação de um novoregime tributário para microempresas e empresas de pequeno por-te, afinal, as que geravam mais empregos e que garantiam a circu-lação de bens. Era indispensável que o Brasil seguisse o exemplo deoutros países, olhando com mais carinho para esse segmento. Frutodeste trabalho, foi a aprovação da Lei 9.317, de 5 de dezembro de1996, que dispunha sobre o regime tributário das microempresas edas empresas de pequeno porte, instituindo o sistema integrado depagamento de impostos e contribuições das microempresas e dasempresas de pequeno porte, conhecido como SIMPLES. Esse sis-tema pretendia desburocratizar e reduzir a carga tributária sobre amicro e pequena empresa, com o intuito de gerar empregos para opaís, contribuindo para o aumento da arrecadação de impostos.

O processo de globalização e a abertura do mercado brasileirofizeram que vários debates fossem empreendidos para avaliar asnecessidades de realinhamento da infraestrutura nacional paraatender às novas exigências do mercado mundial, em especial doprocesso de modernização e racionalização dos portos brasilei-ros. Os estudos apontaram para os graves prejuízos causados porpolíticas que não privilegiaram o investimento na área portuária,que era essencial para os negócios de importação e exportação.Era preciso rever as cobranças tarifárias, bem como analisar novasestratégias de adequação do transporte multimodal. Esse temaganhou relevo tendo em conta o crescimento das missões estran-geiras no Brasil e sua potencialidade em alavancar o crescimentonacional. Naquele mesmo ano, missões comerciais importantesvisitaram a sede da entidade, visando a estabelecer laços econô-micos mais estreitos com o Brasil, vindas da China, França, Suíça,Índia, Estados Unidos, Argentina, Rússia, Escócia, Bélgica e Por-tugal. Em 1996, surgiram as associações comerciais de Guaracai,Aparecida d’Oeste, Cesário Lange, Itaupi, Getulina, Boituva, Ia-canga, Bocaina, Mongaguá, Potirendaba, Bom Jesus dos Perdões,Guariba, Pirangi e Braúna.

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Elvio Aliprandi deu início ao seu segundo mandato à frente daFACESP em 1997. O momento apresentava-se promissor, com a es-tabilidade monetária há tanto tempo acalentada. Contudo, era pre-ciso realizar reformas estruturais que permitissem o saneamentofinanceiro do Estado. A velocidade das reformas estava aquém dasnecessidades que o mercado mundial exigia. Mudanças eram im-portantes para garantir o processo de crescimento nacional em ba-ses sólidas. Caso essas importantes ações não fossem tomadas, odesenvolvimento brasileiro continuaria retardado e isso inviabili-zaria a competição interna e externa, bem como a expansão de di-versas atividades.

Com o intuito de aprimorar o funcionamento da entidade, foiconstituída uma equipe que visitaria as associações filiadas, a fimde levantar dados que permitissem elaborar um diagnóstico dasoportunidades de cada uma das filiadas. Essa ação tinha como ob-jetivo montar um plano estratégico de marketing, visando à am-pliação do número de associados. Na avaliação de Aliprandi, a FA-CESP, a cada ano, conseguia maior projeção no cenário político eeconômico nacional. As propostas da entidade eram bem acolhidaspelos diferentes órgãos do governo federal, estadual e municipal.Exemplo disso era a possibilidade da adoção dos cheques pré-da-tados como garantia de empréstimos, o que poderia promover a re-dução de juros, beneficiando assim, os micro e pequenos negócios.Outra ideia foi a redução da multa pelo não pagamento do ICMS,fixada em 5%, quando o débito fosse recolhido no dia seguinte dovencimento, e, em 20%, se inscrito na dívida ativa.

Se por um lado as propostas da FACESP obtinham êxito, por ou-tro, as ações do governo continuavam a se mostrar ineficazes. Acriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financei-ra (CPMF) não resolvera o problema da saúde, conforme era a metainicial do governo. Na prática, o tributo somou-se a outras taxas eimpostos que o empresário e a população brasileira foram obriga-dos a pagar, elevando assim, o custo Brasil.

Na reunião de 19 de março daquele ano, a reunião de diretoria tra-tou da reforma dos estatutos, que previa a construção de subsecre-tarias a serem instaladas em nove regiões sedes dos Conselhos Re-

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gionais. Nesse mesmo dia, na Assembleia Legislativa do Estado,Guilherme Afif Domingos, pela CACB, deu início ao movimentopró-adesão ao SIMPLES . A campanha tinha como slogan “Empregoé Simples”, pois entendia-se que o sistema, se adotado pelos estadose municípios, poderia gerar novos empregos, minimizando a crise.O intuito era sensibilizar o governador e os prefeitos a aderirem aosistema, que também permitiria que milhares de novos contribuin-tes saíssem da situação irregular em que se encontravam, devido àdinâmica da cobrança de taxas e impostos vigente até então e queempurrava muitos para a informalidade. Com o novo sistema ha-veria mais vantagens em ter as atividades formalizadas, o que pordecorrência, alavancaria o desenvolvimento do país.

No seu II Congresso Estadual das Associações Comerciais, a FA-CESP deu destaque à questão da aquisição de novas tecnologias pa-ra os negócios, visando a adequação aos desafios do futuro. E, sem-pre de olho na reforma tributária, foram iniciadas as providênciaspara a realização de um movimento contra o aumento de impostos,como o slogan “Participe ou pague”. O evento, em 25 de setembro,teve uma adesão expressiva. O auditório Elis Regina, em São Paulo,recebeu mais de dois mil empresários, que ali externaram sua in-satisfação. Era impossível arcar a cada ano com novos tributos. Osempresários lembravam que o dinheiro arrecadado com a CPMFtinha se esgotado sem resolver o problema da saúde, que continua-va crítico. O movimento foi visto como um alento à deliberação to-mada em seguida pelo Senado, deliberando que a contribuiçãoprovisória continuaria apenas até 22 de abril de 1998.

O momento foi utilizado também para analisar a nova medidaprovisória, divulgada pela presidência da República, que estabe-lecia a abertura do comércio aos domingos. A proximidade deum novo milênio e a dinâmica econômica fazia os empreendedo-res desenvolverem novas estratégias para atuarem no mercado.Novos paradigmas deveriam ser criados e novos desafios deve-riam ser perseguidos.

Ao findar o ano de 1997, era notório o esforço da entidade paraestabelecer a rede nacional de informações e serviços das associa-ções comerciais. Paulatinamente, o serviço foi oferecido a todo o

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Brasil, promovendo a integração nacional no que tange à consultado serviço de crédito. Nesse movimento ascendente, foram funda-das as associações comerciais de: Guararema, Sales Oliveira, Co-rumbataí, Guareí, São Luiz do Paraitinga, Nazaré Paulista, SantoAntônio da Alegria, Ouroeste, Conchas, Guaiçara, Buritizal, San-tana do Parnaíba e Gália.

Em agosto de 1988, o prefeito paulistano, Celso Pitta, assinou aadesão da prefeitura ao Simples. Essa ação permitiu que os micro epequenos empresários usufruíssem das vantagens das leis, fazen-do com que muitas empresas deixassem a informalidade. A reu-nião do XXV ISBC - Congresso Internacional da Pequena e MédiaEmpresa –, no mês seguinte, reuniu cerca de 250 pessoas, dentreelas renomados estudiosos das áreas econômicas e sociais de 63países diferentes, como Japão, Inglaterra, Portugal, Estados Uni-dos, entre outros. O evento contaria com presença do presidenteFernando Henrique Cardoso e do vice- presidente Marco Maciel. Aparticipação de membros da FACESP no processo de realização doevento evidenciava o reconhecimento internacional da entidade.

Ganhou destaque nesse período a assinatura do decreto que ins-tituía o “SIMPLES PAULISTA”, em 19 de novembro, fruto do tra-balho árduo da FACESP junto aos órgãos competentes. Mais umpasso para alcançar a reforma tributária e fiscal eradado. O importante, confirmou-se, era manter amobilização das entidades para que novas con-quistas também fossem feitas junto aos congres-sistas e ao governo federal. Nesse ano, passaram afazer parte do cenário do associativismo, as asso-ciações comerciais de Santa Maria da Serra, Mo-rungaba, Bertioga, Águas de São Pedro, Rincão,Pariquera-Açu e Adolfo.

Foi empossado, em março de 1999, o novo presi-dente da entidade, Alencar Burti. Uma das discus-sões levantadas nas reuniões dessa época era aquestão da inconstitucionalidade do CPMF. A en-tidade entendia que era importante modificar pa-radigmas. A sociedade brasileira necessitava de

Arquivo/DC

Cartilha doSimples: árduotrabalho daFacesp embuscada reformatributária e fiscal.

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Beto Barata/Estadão Conteúdo

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uma reforma judiciária urgente, a fim de atender aos novos modelosde gestão pública. Entre os projetos concebidos pelo presidente Alen-car Burti estava a celebração de convênios com a Receita Federal, Es-tadual, SEBRAE e outras entidades, de forma que fosse possível ofe-recer serviços para as pequenas entidades sem nenhum custo. Na-quele ano, constituíram-se as associações comerciais de FranciscoMorato, Juquiá, Itupeva e Ouro Verde.

A diretoria da entidade se manteve atenta para analisar a situa-ção do mercado, em especial no que dizia respeito ao surgimentode empresas que passavam a atuar no mesmo segmento que a FA-CESP. Era vital que a entidade reavaliasse suas estratégias paraatuar de maneira mais intensa, aproveitando as oportunidadesque o crescimento econômico permitia. Passos importantes já ti-nham sido tomados, como a integração do sistema entre as filia-das, o que permitia à entidade ter grande capilaridade. A criaçãode novos serviços pela FACESP permitiria, além do fortalecimen-

Estadão Conteúdo/Beto Barata

"Xô CPMF":milhares deassinaturaschegam àBrasília.

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to da entidade, a conquista de ainda mais associados o que ge-raria, em última instância, mais receitas.

Alencar Burti, em diferentes ocasiões, afirmou que a entidade eraindependente e que tinha construído uma identidade própria que lhepermitia caminhar de forma autônoma. O processo de integração deinformação estava na sua fase final de consolidação e reforçava a im-portância de uma federação de associações comerciais forte. Entre-tanto, desafios precisavam ser enfrentados, como a constituição deuma estrutura financeira que pudesse sustentar uma estrutura pro-fissional, os alvos do trabalho do presidente e vice-presidentes regio-nais. O século findava e mais uma nova associação comercial surgiaem Engenheiro Coelho. O novo milênio apresentava-se promissor enovas associações comerciais seriam constituídas.

A dinâmica do comércio se alterava com o impacto da tecnologia eo perfil e a forma de consumo também passaria por remodelações. Asvendas a crédito eram sempre um risco para os empresários, o queexigia cada vez mais ter seletividade no ato da venda, efetuando con-sultas no sistema de informações, a fim de inibir a ação de maus pa-gadores. Outro problema sério naquela época foi a crise energética,que levou ao racionamento de energia, evento traumático para mui-tos setores que precisavam do serviço para continuar a produzir.

Em 18 de junho de 2001, estava em estudo e em discussão a re-forma estatutária que previa a unificação da ACE - Associação Co-mercial Empresarial – para todas as entidades filiadas à FACESP. Aintenção era dar maior homogeneidade às filiadas. Esse movimen-to mobilizou as associações comerciais de diferentes regiões admi-nistrativas do Estado. O projeto UNAFACESP estava em estágioavançado de pesquisa. As numerosas visitas a regiões diferentes le-varam a quase trezentas novas filiações. Dessa maneira, o projetoobtinha o êxito de somar e fazer o crescimento da rede de associa-ções. Todavia, era preciso manter o contínuo aperfeiçoamento dosistema, identificar a melhora da qualidade dos serviços prestadospela entidade, dando mais consistência e credibilidade à FACESP.Vale dizer que, em julho de 2002, o movimento do UNAFACESP,que tinha sido articulado com o apoio dos vice-presidentes, apre-sentou o resultado de 5.700 novos associados para as associações

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comercias. O êxito deste trabalho mostrava a importância do sis-tema de rede para o desenvolvimento da entidade.

O Projeto Mobilização foi criado para apoiar a legislação, recéminstituída, em que o doador poderia pagar os impostos normal-mente (COFINS, PIS, CPMF e etc.) ao fazer doações em favor de en-tidades assistenciais. Neste contexto foi criada a Rede Brasileira deEntidades Assistenciais Filantrópicas (REBRAF). Concomitante-mente, foi lançado o Projeto “Pé na Estrada”, cujo objetivo era com-provar a existência de vínculos fortes entre o segundo setor (em-presas que lidam com o lucro) e o terceiro setor (que lida com os de-veres). As investigações realizadas pela entidade apontavam parao fato de que milhares de diretores das associações comerciais e in-dustriais também militavam em diferentes entidades, filantrópicasou não, comprovando que o empresário brasileiro, além do espíritoempreendedor, tinha o desejo de mudar a realidade brasileira pormeio de ações beneméritas.

Humberto Castro/Virtual Photo

Em Campinas,Rogério Amatodiscursa emdefesa doMovimentoDegrau.

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Em 2001, foi criado o Centro de Atendimento ao Associado (CAA),com o objetivode facilitar a realização de serviços junto à Receita Fe-deral. No mesmo ano, foi criada a Unidade de Negócios de NovosAssociados, tendo por meta aumentar o quadro de associados da en-tidade, por meio da divulgação dos produtos das associações comer-ciais do Estado de São Paulo, exceto da capital. No alvorecer do novomilênio, novas associações comerciais são formadas no Estado deSão Paulo, sendo elas: Pedro de Toledo, Itaberá, Riolândia, Boa Es-perança do Sul, Luís Antônio, Sales, Mairinque e Guariba. A rede defiliadas crescia e a FACESP se fortalecia.

Em março de 2002, na reunião dos diretores da FACESP, foi apre-sentado, por Rogério Pinto Coelho Amato e Guilherme Afif Do-mingos, o Programa Degrau, que reunia esforços da FACESP,ACSP E REBRAF, que seria criado com o intuito de construir solu-ções para os desafios da agenda econômica e social do Brasil. O pro-grama visava a aperfeiçoar os recursos, já existentes nestas institui-ções, e colocá-los a serviço da sociedade civil para ações de respon-sabilidade social e corresponsabilidade. A primeira iniciativa era oProjeto Convivência e Aprendizado no Trabalho, que se propunhaa enfrentar o desafio da educação profissionalizante e a inclusão so-cial do adolescente de 14 a 18 anos incompletos.

Numa primeira etapa, foram estabelecidas parcerias estratégicasentre técnicos do Ministério do Trabalho e Emprego, do SES-CON/SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de Asses-soramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de SãoPaulo) e da ABRH (Associação Brasileira de Profissionais de Recur-sos Humanos), que seriam facilitadores no processo de implanta-ção, monitoramento e avaliação do programa. Na etapa seguinte,estava prevista a adesão ao programa, quando seria feita a divul-gação ampla sobre a proposta do mesmo.

Essa orientação profissional, além de atender às demandas sociaisde um país que tinha inúmeras dívidas com os jovens, procuravapropiciar uma educação orientada para o empreendedorismo e parao voluntariado, gerando efeitos benéficos no corpo social. O Progra-ma Degrau se propõe fazer uma profunda transformação humanís-tica dentro das empresas, pela qual os funcionários mais experientes

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orientem as novas gerações no caminho do trabalho. A previsão eraque este projeto, que envolveu um caudaloso grupo de parceiros, fos-se iniciado em 150 municípios, sendo posteriormente estendido a ou-tros. A FACESP possuía naquele momento 392 associações comer-ciais filiadas e que poderiam criar uma grande rede.

O Convênio FACESP-SEBRAE , por seu lado, iria consolidar aspotencialidades das micro e pequenas empresas. O Projeto Empre-ender teve início em julho de 2002 e tinha como objetivo desenvol-ver soluções específicas a partir de estudos das demandas e neces-sidades das micro e pequenas empresas. Ele era importante, porqueos dados levantados revelavam alto índice de fechamento de em-presas, numa média de 50%, logo no primeiro ano de existência. Is-so ocorria devido à gestão deficiente, falta de formação do empre-sário e de seus funcionários, uso de tecnologia desatualizada, baixaqualidade dos produtos e serviços oferecidos, e dificuldade de ob-ter crédito, dentre outros fatores.

A parceria da FACESP com o SEBRAE-São Paulo, atingiria dife-rentes municípios, por meio de planos de capacitação de executivosdas associações comerciais, consultores dos projetos, seleção dossegmentos econômicos, criação de núcleos setoriais, desenvolvi-mento de atividades e acompanhamento periódico do processo quepoderia render bons resultados para o desenvolvimento e vigor damicro e pequena empresa.

Outra ação de grande destaque nesse período foi o Movimento doJovem Empresário, que, segundo o presidente da FACESP, deveriaser interiorizado, difundindo a importância de preparar jovens em-presários empreendedores, que promovessem debates e discutis-sem problemas sociais, políticos e econômicos, sob o ponto de vistada nova geração de líderes da livre-iniciativa.

O III Congresso Estadual da FACESP, em novembro, teve comofoco o desenvolvimento da classe empreendedora. Na ocasião, osmembros da diretoria reunidos discorreram sobre a importância doempresário contribuir para o crescimento do país, bem como para oavanço da justiça social. A estabilidade monetária estimulava umcenário favorável para a nação brasileira, que se destacava no con-texto do comércio internacional.

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Nesse contexto, aconteceram as eleições para a presidência da Re-pública, que levaram ao poder Luís Inácio Lula da Silva, que obtevea vitória graças às coligações partidárias. A eleição do ex-metalúr-gico da região do ABC paulista representou uma nova fase para apolítica brasileira.

Ao finalizar a gestão de Alencar Burti, a FACESP possuía 17 Re-giões Administrativas:

RA 1 – Município de São PauloRA 2 – Metropolitana ABCRA 3 – Metropolitana Alto TietêRA 4 – Metropolitana OesteRA 5 – Litoral PaulistaRA 6 – Vale do ParaíbaRA 7 – CampinasRA 8 – JundiaíRA 9 – Sorocaba

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RA 10 – Vale do ParanapanemaRA 11 – Ribeirão PretoRA 12 – BauruRA 13 – AraçatubaRA 14 – São José do Rio PretoRA 15 – MaríliaRA 16 – Baixa MogianaRA 17 – Presidente PrudenteEstava previsto a criação de mais uma região administrativa a

partir do desmembramento da RA 11 de Ribeirão Preto. Em 2002,surgiram as associações comerciais de: Pedregulho, Cajuru, NovaEuropa e São João da Bela Vista, que passaram a fazer partes dasregiões administrativas.

Evandro Monteiro/Hype/Arquivo

Alencar Burtiem encontrocom jovens doMovimentoDegrau, nooitavoaniversário dop ro g r a m a .

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CONSOLIDANDOO MOVIMENTODAS ASSOCIAÇÕESCOMERCIAIS

novo presidente da FACESP, Guilherme Afif Domingos,que assumiu em 2003, desejava expandir o Projeto Empreender,que tinha obtido êxito nas associações comerciais em que fora im-plantado. A missão da FACESP, disse ele, era “trabalhar em rede”,visando a “congregar os empresários, representá-los, defender aeconomia de mercado e lutar pelo desenvolvimento social”. O pre-sidente ainda destacava a importância do Projeto Degrau e o pro-cesso de conscientização dos jovens sobre as regras do convívio so-cial saudável.

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Nesse ano, para revigorar a entidade e dar-lhe uma identidademais atual, foi criado um programa de comunicação visual para to-das as filiadas. Uma nova logomarca foi concebida.

Uma das primeiras ações nessa época foi o combate à Medida Pro-visória 107, que estava em votação no Senado. Essa medida preju-dicava os prestadores de serviços, que tinham o benefício do lucropresumido, assim como facilidades no pagamento, e representava,segundo a FACESP, “um convite para a informalidade”.

O Congresso da FACESP daquele ano foi um grande evento deempreendedores do Estado, e ocorreu juntamente com o II Encon-tro Estadual do Empreender, estimando-se a participação de 200municípios. Registrava-se ainda a formação de novas associaçõescomerciais em Biritiba Mirim, Guapiara e Sete Barras.

No cenário nacional, em 2003, pesquisas apontavam uma pioraem relação ao ano anterior. As avaliações sobre a política econômicaimplantadas pelo governo federal eram negativas, sendo que mui-tas empresas, em especial micro e pequenas, enfrentavam proble-mas. A questão tributária era o maior deles e os empresários evi-tavam realizar movimentos ousados.

Em 17 de maio de 2004, era registrada a criação do EmpreendedorPessoa Física, que seria encaminhado ao presidente da República.O projeto desenvolvido pela FACESP/ACSP defendia a constitui-ção de uma nova categoria de empresa, a de pessoa física. Ele tinhaquatro pontos estruturantes, a saber: “1) uma única inscrição, na Se-cretaria Municipal de Finanças; 2) recolhimento ao INSS, com alí-quota inferior aos atuais 20%; 3) recolhimento de imposto de rendapelo Carnê-Leão, a uma alíquota de 1,5% e 4) direitos básicos para osempregados (adicional de férias, 13º salário e aviso-prévio)”. Aideia era inserir esse empreendedor no sistema de pessoa física ur-bano. O assunto merecia estudos mais detalhados que foram feitos,levando-se em consideração o novo Código Civil.

O presidente da FACESP, Guilherme Afif Domingos, foi a públicodestacar que o Brasil tinha um grande potencial de empreendedo-rismo, ameaçado pelo excesso de burocracia. A legislação exigiauma enormidade de documentos para abertura de empresa, a qualficava sujeita a uma elevada carga tributária. Isso estimulava a que

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Feirão do Impostopercorreu 26municípios,mostrando o pesodos impostos emcada produto. Aolado, Afif leva aLula anteprojetoque simplifica atributação paraos pequenosnegócios.

Evandro Monteiro/Arquivo DC

Adriano Machado/Arquivo DC

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126 FACESP. 50 ANOS. 2013Masao Goto Filho/DC/Arquivo

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muitos trabalhassem como autônomos ou na informalidade, o quecausava prejuízo a todo o sistema. Era preciso uma estrutura queatendesse aos empreendedores de pequeno porte, garantindo -lhescondições favoráveis para a formalização de suas atividades. Afifdefendia a criação de uma nova categoria, a do microempreende-dor individual, com menos exigências, desde que o faturamentoanual não ultrapasse o valor de R$ 60 mil anuais. Dependia de von-tade política para que isso se efetivasse, afinal, tal iniciativa trariapara o INSS um número expressivo de contribuintes. Além disso,era preciso fomentar uma cultura de estímulo para novas iniciati-vas e adequar a política de cobrança de impostos a esta realidadebrasileira.

Uma ação importante da FACESP e ACSP, em 2004, foi a organi-zação, no Pátio do Colégio, centro de São Paulo, do “Feirão do im-posto”. A ideia era informar o consumidor a respeito do volume detributos que ele pagava nos bens e serviços. Essa campanha, queaconteceria também em outras partes do país, tinha como objetivofinal a criação de uma lei federal que permitisse à população ser in-formada sobre os impostos que pagava. Na feira ficava claro, porexemplo, que 56% do valor de uma cerveja eram de impostos, e estessignificavam 35% do valor de um pacote de macarrão espaguete.Além disso, o contribuinte precisava ter consciência de que ao pa-gar o imposto deveria exigir a contrapartida do governo, em saúde,educação, habitação social etc. Afinal, quem acabava pagando osimpostos eram sempre as pessoas físicas. Lembrava Guilherme AfifDomingos que na “medida em que a população tomar consciênciade sua condição de contribuinte, poderá passar a exigir seus direi-tos, exercendo sua cidadania”. A adesão da população foi impor-tante, demonstrando inclusive um ávido interesse em conhecer co-mo eram aplicados os recursos advindos de tantos impostos.

No ano seguinte, o “Feirão de Imposto” passou por 26 municípiosbrasileiros, fazendo com que a população dessas cidades tambémtivesse conhecimento sobre a taxação praticada pelo governo fede-ral. O Brasil era um dos países cujos impostos eram mais elevados,chegando a 42% sobre os salários dos empregados.

Também nesse ano foi implantado o cartão FACESP – ACCredito,

Solturade balões noPátio do Colégiocelebra final de2005, comlançamento dacampanha "DeOlho noImposto".

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um cartão de gestão de benefícios que proporcionava vantagensreais aos usuários, empresas credenciadas e empregadores associa-dos a uma associação comercial. Além dos benefícios aos filiados, ocartão reforçava a imagem da entidade, ao mesmo tempo em queincentivava a atividade comercial das cidades que a ele aderiram. Ocartão permitia ainda obter informações do consumidor final quepoderiam ser utilizadas no “Cadastro Positivo”, assim que este fos-se permitido pela legislação.

Em março de 2005, definiu-se que o cartão ACCredito levaria amarca da associação comercial local e a própria rede credenciadaseria responsável pelo pagamento do crédito, sem um banco finan-ciando por trás. O cartão não teria cobrança de juros, porque 100%das compras realizadas seriam descontadas em folha de pagamen-to, um benefício para quem aderisse ao cartão. A parte administra-tiva do cartão ACCredito seria de responsabilidade da FACESP e oprocesso de operação seria feito pelas associações comerciais. Erauma iniciativa importante, pois marcava uma nova forma de ver asassociações comerciais, que, paulatinamente, passavam a ser vistascomo fornecedoras de soluções e não apenas como vendedoras deinformações.

Outra constatação importante se dava com os resultados do Pro-jeto Empreender, que crescia entre os municípios. As pequenas em-presas, a partir do momento que entravam no Empreender, melho-ravam a sua capacidade de gestão, com elevação do faturamento,aumento da rentabilidade e ampliação do quadro de funcionários.O impacto positivo poderia também ser visto no desenvolvimentoorganizacional das associações comerciais, na ampliação dos ser-viços e no aumento do número de associados.

Nos idos de abril de 2005, foi apresentado o Projeto Exporta SãoPaulo, fruto do acordo de cooperação entre o Governo do Estado deSão Paulo e a São Paulo Chamber of Commerce. O objetivo do acor-do era fomentar as exportações de empresas de pequeno porte doEstado. Para dar encaminhamento ao projeto, seria feito um levan-tamento do perfil do produtor, tanto da pessoa jurídica como dapessoa física, que contaria com o apoio das associações comerciais edas prefeituras. Era um momento importante, pois conquistas ex-

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pressivas foram feitas. A CACB conseguiu consolidar o sistema dasassociações comerciais com abrangência nacional. Membros da en-tidade participariam em breve da Missão comercial na Polônia, eestavam previstas missões para Israel e Índia. Estas investidas fa-ziam parte do projeto “FACESP-Negócios Internacionais”, que vi-sava estreitar os laços comerciais do Brasil, com aqueles países.

Mais de 1.500 pessoas participaram do VI Congresso Estadual daFACESP, do 34º Seminário dos SCPCs, do III Encontro do Empre-ender e da II Feira de Empreendedores Sociais – Desenvolve, em ou-tubro de 2005. As discussões reforçaram a importância do trabalhoconstante para que a micro e pequena empresa se desenvolvessem.Era reforçada a ideia do incremento das parcerias para o desenvol-vimento econômico sustentável, assim como da cultura empreen-dedora. A redução da carga tributária e dos juros e os novos cami-nhos para o crescimento estiveram em pauta.

No mês seguinte, a FACESP começava a esboçar o “MovimentoQuero Mais Brasil”, conduzido por Guilherme Afif Domingos,dando mais ênfase ao movimento “De Olho no Imposto”. A metaera conseguir 1.250.000 assinaturas em todo o país, sendo 1.000.000no Estado de São Paulo, visando à apresentação de um projeto po-pular que seria encaminhado ao Congresso Nacional, para a regu-lamentação do artigo 150 - parágrafo 5º da Constituição Federal,exigindo a discriminação, nas notas fiscais, dos valores de impostosembutidos nas mercadorias. Essa luta seria árdua, e somente alcan-çaria-se tal conquista com a efetivação da lei em junho de 2013.

A diretoria, nos seus encontros, deu continuidade às discussõessobre as medidas de modernização da entidade, destacando-se acriação de novos produtos e o estímulo à produção das micro e pe-quenas empresas, dando ênfase na ideia que era preciso que expor-tassem para crescerem. Concomitantemente, era preciso desenvol-ver um processo de capacitação de desenvolvimento de competên-cias das empresas para acompanhar a exigências do mercado. Essemovimento contribuia com a nova imagem da FACESP, no lugar de"vendedora de informação" consolidava-se seu papel de "fornece-dora de soluções".

Ainda em 2005, foi criada a Rede Nacional de Informações Co-

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merciais (RENIC), em substituição à Rede de Informação e Proteçãoao Crédito (RIPC), fruto do trabalho da ACSP, que nos idos de 1955tinha dado início à constituição do SCPC, com o intuito de protegero sistema de venda a crédito. A rede estabelecia a interligação deinformações referentes ao crédito de diferentes áreas geográficas doBrasil, permitindo que o comerciante e a sociedade se protegessemdos maus pagadores. O quadro da economia mundial sinalizavapara o fato de que o Brasil precisava melhorar sua infraestrutura pa-ra estimular a produção a custos compatíveis com a capacidadecontributiva do empresariado e da sociedade brasileira. Nesse ano,constituíram-se as associações comerciais paulistas de Cajati, Dou-rado, Vista Alegre do Alto e Itirapina.

Ao findar 2005, o governo brasileiro contabilizava um prejuízopolítico elevado. Nunca na história do país um escândalo econômi-co tinha conquistado tanta repercussão: políticos denunciaramseus pares, acusando-os de receberem recursos para compor a basede sustentação do governo, em especial por ocasião das votações daCâmara e do Senado de questões importantes para o governo fede-ral. O escândalo ficou conhecido como Mensalão, sendo denuncia-dos alguns membros do primeiro escalão do governo. Apesar doterremoto que abalou a política, o presidente Luís Inácio Lula da Sil-va conseguiu atravessar a crise, pois no campo econômico haviauma política equilibrada e conservadora que permitia um ajuste fi-nanceiro e fiscal das contas do governo.

A FACESP, em março de 2006, fez um balanço do resultado do mo-vimento “De Olho no Imposto”, que tinha visitado várias cidadesdo interior paulista e obtido o número de assinaturas necessário pa-ra encaminhar o projeto popular ao Congresso Nacional, pedindo aregulamentação do parágrafo 5º do artigo 150 da Constituição Fe-deral. Era a maior campanha de mobilização realizada nos últimosanos no Estado de São Paulo, e que mereceu o devido destaque namídia.

Naquele mês, ocorreu na cidade de São Paulo o X Congresso deJovens Empreendedores, liderado pela ONU, com a participação

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de 250 empresários de diferentes países para realizar negócios. Oobjetivo da ONU era fomentar, nos países emergentes, o comérciodas pequenas e médias empresas no mercado internacional. No fo-co dos debates, o fato de que a sociedade passava por transforma-ções irreversíveis e as entidades precisavam acompanhar esse mo-vimento. Destacava-se que o empreendedor deveria usufruir dosresultados da sua iniciativa, como uma contrapartida do risco queassumiu ao desenvolver o seu projeto. Em específico, era precisoquebrar com a ideia de assistencialismo, perpetuada durante anos,e difundir a importância do empreender como uma proposta viávelao desenvolvimento coletivo. O presidente da FACESP propôs aosparticipantes do Congresso que se elaborasse uma Carta Universaldos Direitos dos Empreendedores, como um dos elementos que au-xiliaria no processo de inclusão social de muitos indivíduos.

A realização de seminário com foco nas exportações facultou apossibilidade de troca de experiências entre as empresas comerciaisexportadoras e importadoras, bem como outras prestadoras de ser-viços de comércio internacional. O diálogo direto permitiria na prá-tica acelerar a concretização de negócios de exportação, bem comoreduzir custos de prospecção de nova oportunidade e de acesso amercados no exterior.

A prospecção feita permitiu que se constituísse um cadastro deempresas que atuavam com comércio exterior, sendo possível co-nhecer as características de cada uma. Essa temática fez parte do IVEncontro do Empreender, que ocorreria simultaneamente com oVII Congresso da FACESP, em novembro.

Esse evento teve como tema “Liberdade para empreender”, cujoobjetivo principal foi o de debater alternativas e disseminar concei-tos que possibilitassem a ampliação econômica e da classe empre-sarial, apoiando a sustentabilidade da comunidade empreendedo-ra e da sociedade como um todo. O estímulo ao associativismo mar-cou os debates.

Em âmbito nacional, as eleições presidenciais de 2006 reelegeramLuís Inácio Lula da Silva, apesar dos traumas que seu governo so-frera com o Mensalão. A economia paulista continuava pujante eseu crescimento fez que fossem criadas associações comerciais em

Nas páginasseguintes: Afifem Brasíliapara aentrega deassinaturas doMovimento"De Olho noImposto".

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132 FACESP. 50 ANOS. 2013 133FACESP. 50 ANOS. 2013Sérgio Amaral/Agência Pixel

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Paraíbuna, Coronel Macedo, Aramina, Tremembé, Uchoa, Salesó-polis e Jacupiranga. Também a FACESP vivia um bom momento,tanto no âmbito político como no econômico, com o decorrente for-talecimento das associações comerciais. As perspectivas eram po-sitivas com a assinatura do Decreto número 51.467 de 2 de janeiro de2007, que criava o Programa Estadual de Desburocratização, tendoà frente do mesmo Guilherme Afif Domingos. O objetivo principaldo programa era o de aperfeiçoar os procedimentos e aperfeiçoar aprestação de serviços públicos aos cidadãos paulistas, simplifican-do a relação entre empresas e os usuários de serviços públicos es-taduais.

Em 2007, Alençar Burti era reconduzido à presidência da FA-CESP-ACSP. Em abril desse ano, despontou o projeto de parceriaentre a FACESP e a CACB com o intuito de buscar integrar todas asassociações comerciais em uma única malha de comunicação. Issoera um objetivo a ser alcançado por meio de reuniões e de encontrosque fariam um levantamento dos anseios das associações. O Pro-grama da CACB chamaria “A Associação que o Brasil Deseja”, quetinha o intuito de fortalecer o espírito associativista, fortalecendo aentidade, ao mesmo tempo em que pretendia realizar parcerias comos órgãos governamentais. Nessa ocasião, foi aprovado o ingressona FACESP das Associações Comerciais de Salesópolis e Vista Ale-gre do Alto.

Alterações estruturais estavam em curso. O SEBRAE/São Paulo eFACESP terminavam a primeira fase de difusão da Lei Geral da Mi-cro e Pequena Empresa. A lei seria regulamentada em Brasília, paraem seguida ser aprovada nos Estados e posteriormente nos muni-cípios. A ideia, que tinha conquistado muitos adeptos, previa a exis-tência de uma única guia para a micro e pequena empresa, pela qualseria recolhido o percentual do faturamento da empresa, determi-nado pela lei em questão. A efetivação da lei seria a consagração deum trabalho árduo da entidade e que foi reconhecido por toda a so-ciedade.

Em 23 de junho de 2007, realizou-se, na cidade de Serra Negra, o ISeminário FACESP/ACSP, que tinha como objetivo apresentar da-dos históricos, a estrutura organizacional e atividades desenvolvi-

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das pela Base Operadora – RENIC. O foco era destacar a importân-cia da Rede RENIC, que estava preparada para enfrentar a concor-rência com novos produtos que agregassem inteligência e novastecnologias. Novas associações comerciais constituíram-se nesseano, em Piracaia, Riversul, Luziânia, Mairiporã e Alumínio.

Em 18 de fevereiro de 2008, Guilherme Afif Domingos, que naocasião ocupava o cargo de Secretário de Emprego e Relações doTrabalho de São Paulo, manifestou-se na reunião da diretoria, pre-sidida por Alencar Burti, destacando o trabalho exaustivo da FA-CESP para a regulamentação do MEI – Microempreendedor Indi-vidual – que era a consagração da luta pela formalização das ativi-dades dos pequenos empreendedores. A conquista do SIMPLES foiuma vitória importante, na medida em que permitia a unificaçãodos recolhimentos, criando um padrão de legislação nas esferas fe-deral, estadual e municipal. Além disso, permitia que fosse feita aunificação dos procedimentos das empresas, via internet, o que ace-lerava todo o processo. A sincronia e unificação da Fazenda, JuntaComercial, Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros e Vigilância Sani-tária facilitaram ainda a consolidação de um cadastro único. Semdúvida, esses eram marcos importantes para a FACESP , que fora ageradora da ideia e acompanhara a sua implantação.

Além disso, naquele momento, a Assembleia Legislativa do Es-tado de São Paulo, por meio da “Frente Parlamentar de Apoio a Mi-cro e Pequena Empresa dos Municípios”, estava discutindo umajuste da alíquota para que as micro e pequenas empresas não pa-gassem mais ICMS do que as demais empresas. O estímulo à microe pequena empresa passara assim a fazer parte da pauta dos assun-tos políticos do Brasil, graças à perseverança da FACESP.

Os novos recursos informáticos existentes levaram a estudos so-bre a certificação digital, um documento que identificasse as pes-soas eletronicamente. A certificação digital seria similar a outrosdocumentos e conteria informações mais precisas do portador, ofe-recendo autenticidade ao mesmo. Esse sistema, que seria analisadoem pormenor, a fim de ser implantado no sistema FACESP e CACB,constituindo um diferencial de seus produtos. Era mais um passodado em direção ao futuro.

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Em agosto de 2008, foi realizado o lançamento do SIAEXP - Sis-tema de Informações de Apoio às Exportações do Estado de SãoPaulo, que contava com cerca de 3.400 perfis de produtores com po-tencial de exportação e alguns exportadores ativos em vendas aoexterior, projeto que tivera origem no seio da FACESP. Era tambémgratificante a aprovação do Projeto Lei de Complementar – 02/07 –MEI – Microempresa Individual, que tinha sido aprovado em vo-tação na Câmara dos Deputados e que agora seguia para a aprova-ção do Senado.

O IX Congresso FACESP, o 37º Seminário dos SCPCs, o VI Encon-tro Estadual do Empreender e a V Feira de Empreendedores Eco-nômicos e Sociais aconteceu em novembro, sob o tema “Sustenta-bilidade é o desafio”. O presidente Alencar Burti destacou o papelda entidade em oferecer aos empreendedores as ferramentas neces-sárias para que pudessem desenvolver os seus negócios.

No evento, foi discutida a questão do descompasso entre o desen-volvimento acelerado que estava em curso e a infraestrutura neces-sária para conduzir esse processo. As previsões para o cenário fu-turo apresentavam um quadro otimista, embora fosse importanteaprofundar a discussão sobre a sustentabilidade, tanto do meio am-biente, como do sistema econômico para o desenvolvimento nacio-nal e mundial. Alencar Burti destacou que o sistema das associaçõescomerciais tinha a obrigação de participar de forma participativa econstrutiva nas administrações municipais. A experiência dos seusmembros era de suma importância para a uma gestão mais eficaz,tendo em vista a concentração de esforços que eram necessários pa-ra o desenvolvimento da vida pública.

A FACESP desenvolveu uma pesquisa de diagnóstico dentro doseu Plano de Desenvolvimento Organizacional. De acordo com Na-tanel Miranda dos Anjos, que organizou o plano em conjunto com asua equipe, era preciso ter uma radiografia da entidade para iden-tificar os pontos fortes e fracos da mesma. A visita às associaçõescomerciais, de diferentes áreas administrativas, contribuiu paracompreender por que determinadas iniciativas deram certo em al-gumas cidades e em outras não. Um relatório final seria enviado acada vice-presidente, para que esse pudesse analisar e retransmitir

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os resultados aos companheiros de sua região, procurando melho-rar os trabalhos oferecidos.

As ideias nascidas na FACESP geravam frutos. Avançava o idealCadastro Positivo, pois o governo federal, após uma análise exaus-tiva, identificou que para aumentar a circulação da moeda era pre-ciso apoiar o projeto, porque desta maneira se cobraria menos jurosdaqueles que pagavam bem. Os estudos apontavam para a possi-bilidade de se diminuir o risco entre 35% e 40%, além de tal iniciativacontribuir para ativar as vendas.

Em 2009, percebeu-se que o desempenho agressivo dos concor-rentes, realizando investimentos cada vez maiores, exigia uma ace-leração das estratégias da FACESP. A união permitia reunir a forçanecessária para o crescimento. Investimentos contínuos deveriamser realizados para acompanhar os movimentos de uma sociedadee economia mais dinâmicas. As alterações promovidas pelos recur-sos da informática tinham contribuído para informar o comerciantesobre o grau de endividamento do consumidor.

A entidade preparava o evento de lançamento, em 1º de julho de2009, da Lei Complementar 128 (artigo 18), que criava o MEI. No dia30 de junho, ocorreria a última caravana no Palácio dos Bandeiran-tes para apoiar a medida.

Em setembro, a reunião da diretoria abordou a Proposta de Emen-da Constitucional - PEC 231, que tratava da redução da jornada detrabalho, questão controversa. Era reportado o andamento dos pro-gramas que estavam sendo desenvolvidos pela FACESP, em espe-cial o PROE - Programa de Orientação Educacional e o Projeto Em-p re e n d e r.

Em novembro de 2009, foi apresentado o Programa “Excelência eIntegração FACESP 2010”, com quatro pilares básicos: gerenciar in-formações das associações comerciais, empresas, empresários e in-dicadores de gestão; padronizar serviços, funções e layout; capaci-tar todos os colaboradores da entidade e parceiros e promover ser-viços com foco nos associados e nas filiadas. Esse programa teriaações específicas como: o credenciamento e a certificação de empre-sas prestadoras de serviços, que receberiam um “selo” nas váriascategorias, e conforme seu desempenho; criação de um fundo fi-

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nanceiro para apoio ao desenvolvimento das associações comer-ciais; criação de uma unidade que seria designada de central de ser-viços compartilhados e que proveria serviços de interesse comumdas entidades filiadas; padronização dos serviços da FACESP, deterceiros e das próprias entidades para que fossem mais facilmentereproduzidos e controlados; criação de um banco de dados empre-sarial com informações de 250.000 empresários do Estado de SãoPaulo; realização de parcerias com o o sistema financeiro, objetivan-do reduzir custos para os associados e obter ganhos para o sistema;dentre outras ações.

Alencar Burti, enquanto presidente, estimulou que a ACSP par-ticipasse do debate sobre os novos caminhos para a nação brasileira.Fomentou o trabalho de 38 especialistas de renome, coordenadopor Roberto Macedo, que analisaram diversas questões importan-tes para o Brasil, e fez publicar o texto "Propostas para o PróximoPresidente". Esse trabalho, composto de estudos inéditos, faziamuma análise microscópica dos problemas brasileiros, que deveriamser sanados a curto, médio e longo prazo. Além disso, era apresen-tado um documento contendo as propostas que a ACSP apoiava,fruto de discussões internas, envolvendo seus órgãos consultivos edecisórios. O objetivo foi o de contribuir com o processo eleitoral,evidenciando temas relevantes para o desenvolvimento do país,sendo esse texto entregue a todos os candidatos à presidência doBrasil.

Preocupado com a manutenção da entidade na sua luta em defesado direito de propriedade e da liberdade de empreender, Burti criouum grupo de trabalho para propor medidas nesse sentido. Consi-derava que era fundamental para a entidade continuar a preservara sua independência financeira, que era garantida com a prestaçãode serviços, principalmente no campo das informações, e que, pro-gressivamente, enfrentava riscos com as mudanças do mercado.

As transformações na economia, com a evolução da tecnologia deinformática e de comunicações, de um lado, e as mudanças no mer-cado de informações, de outro, apresentavam não apenas fortes de-safios, mas também sérias ameaças para a ACSP e para as associa-ções comerciais em geral. Esses desafios mostravam que o imobi-

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lismo poderia resultar em ameaças à sobrevivência do sistema, oque exigia não apenas reação imediata, como também mudançasprofundas. Muitas entidades já vinham sentindo forte queda deseus resultados, em decorrência do novo cenário e da agressividadeda concorrência.

Para superar esses desafios e as ameaças, garantindo a continui-dade de sua atuação, a ACSP dedicou mais de dois anos a estudos,pesquisas, contatos e discussões internas e externas, na busca de so-luções que pudessem atender às premissas básicas de preservar aimagem da entidade, de assegurar a competitividade do seu siste-ma de informações e de respeitar a posição da rede de associaçõescomerciais e de demais parceiros. A solução encontrada foi a trans-formação do seu Setor de Informações Cadastrais, do qual o SCPCera o carro chefe, em empresa independente, para dar-lhe maior fle-xibilidade e agilidade operacional. Para tanto, foi buscada a parti-cipação de um Fundo de Investimentos para administrar esse ser-viço de forma competitiva, mantendo-se inalterada a situação dasassociações comerciais e demais parceiros da rede.

Assim, em julho de 2010, foi constituída a Boa Vista Serviços, queincorporou os bancos de dados, equipamentos e pessoal técnico daACSP e passou a operar no mercado de informações cadastrais co-mo uma empresa privada, controlada pela entidade, mas com totalautonomia administrativa, para com isso ter a flexibilidade neces-sária para enfrentar a concorrência. Essa decisão, aprovada pela Di-retoria e Conselhos, que a consideraram a melhor alternativa para ofuturo da ACSP.

Em agosto de 2010 foi feita a apresentação e o lançamento do pro-grama Empreender Competitivo do Estado de São Paulo, com o ob-jetivo de promover o aumento da competitividade das empresasparticipantes do Programa Empreender do Estado de São Paulo. Is-so seria feito por meio do apoio para a execução de planos de açõesapresentados por núcleos setoriais, ligados às associações comer-ciais do sistema FACESP. O projeto tinha como diretrizes desenvol-ver parcerias com fornecedores; melhorar a abordagem junto aosconsumidores; melhorar a tecnologia e técnicas de gestão; aumen-tar o valor agregado dos produtos e serviços oferecidos e aumentar

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o fluxo de consumidores nas empresas.A expectativa era o aumento dos postos de trabalho e do fatura-

mento. A meta do programa era atender, no mínimo, 800 microem-presas e empresas de pequeno porte, espalhadas em 35 núcleos se-toriais, e contaria com as diretrizes do SEBRAE e as estratégias daFACESP. O resultado foi o recebimento de 57 pré-projetos, envol-vendo 43 associações comerciais, em 23 segmentos diferentes e 65núcleos setoriais. Foram classificados 37 pré-projetos, envolvendo33 associações comerciais, 15 segmentos e 48 núcleos setoriais, que,conforme a liberação de recursos, beneficiaria 806 empresas.

Entre 27 e 29 de outubro, foi realizado o XI Congresso Estadual daFACESP na cidade de Águas de Lindóia, que teve como tema “Ex-celência e Integração”. Entre os assuntos em debate, constavam osserviços FACESP com base digital, gestão de benefícios ACCredito,os desafios do varejo, o projeto FACESP 2010 - Excelência e Integra-ção, bem como questões relativas ao MEI- Microempreendedor In-dividual.

Ainda nesse ano, a FACESP- ACSP elegeu seu novo presidente, oempresário Rogério Amato, que assumiria o cargo em março do anoseguinte.

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PRESIDENTES DA FACESP

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DE OLHO NO FUTURO:NOSSA FORÇA PODE MAIS

m 2011, a FACESP entrava em nova fase. Assumia a pre-sidência da entidade o empresário Rogério Amato, em meio a umcenário econômico cheio de incertezas. Era inevitável a participa-ção da entidade nos debates sobre a crise financeira internacional,que vinha desde 2008, e sobre seus desdobramentos para a econo-mia brasileira. Os países europeus e os EUA enfrentavam proble-mas econômicos graves, tendo de recorrer a fundos de empréstimospara saldar as suas dívidas. O Brasil, em meio à agitação dos mer-cados, manteve certa estabilidade.

Em janeiro de 2011, tomava posse a primeira mulher eleita para apresidência da República do Brasil, Dilma Rousseff, do PT, herdeirapolítica de Lula, que governara o país de janeiro de 2003 a dezembrode 2010. Apesar da estabilidade econômica nesse período, o quadromundial tornava as projeções para o Brasil menos otimistas e qual-

Nas próximaspáginas,Amatocomandaapitaço cívico,quandoI m p o s t ô m e t robateu emR$ 1 trilhão

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quer previsão para as empresas tendia a ser conservadora. A FA-CESP tinha ciência dessa situação e atuava para que os impactos pa-ra os empreendedores fossem os menores possíveis.

Amato tinha entre suas principais tarefas coordenar as mudançasna própria entidade, para que esta não só sobrevivesse aos novostempos, mas mantivesse sua representatividade. Tinha ainda a ta-refa de levar adiante a grande luta do empreendedor em defesa dalivre-iniciativa, da redução da carga tributária – uma bandeira sem-pre empunhada pela entidade – e pelo uso mais justo dos recursosarrecadados nos três níveis de poder.

A criação da BVS traria o difícil desafio de uma mudança cultural.Grande parte da energia das nossas entidades era centrada no SCPC -a ponto de se confundir o serviço com a própria instituição. Nas pa-lavras de Alencar Burti, as entidades com as quais acostumávamos so-breviver, terão de se reinventar. Pois já estão diferentes.

Os trabalhos de remodelação institucional tiveram início em 2011,com o objetivo de fortalecer a entidade e as associações comerciais. AFACESP só seria forte se as associações comerciais também fossemfortes, afirmava Amato. Ao longo de sua gestão, já fez 42 viagens acidades do interior de São Paulo, totalizando cerca de 40 mil quilô-metros rodados. Em cada um desses encontros, afirmava: "Nadasubstitui um abraço. E é com olho no olho que se conhece melhor asrealidades locais. As estratégias dos encontros regionais criou opor-tunidades de esclarecer as razões e a importância da Boa Vista Ser-viços e suas consequências". Nesses encontros com associados, ex-punha as estratégias fundamentais para unir as associações comer-ciais em torno de objetivos comuns.

Entre 2010 e 2011, novas associações comerciais foram criadas emPoloni, Boituva, Sebastianópolis do Sul e Tabapuã, que passaram aintegrar a rede de mais de quatrocentas associações comerciais quecompõem a FACESP até esse Jubileu de Ouro.

Nesse esforço de organização, foram importantes as reuniões nasquais estiveram presentes autoridades como a presidente da Repú-blica, ministros, candidatos a cargos eletivos, secretários de Gover-no, empresários etc. Os debates podiam ser acompanhados via WebTV, ao vivo.

Destaque-se ainda o Impostômetro, idealizado por Guilherme Afif

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Domingos, em 2005, que transfor-mou-se em um instrumento de estí-mulo ao engajamento dos empresá-rios reunidos na FACESP. O painel,instalado em frente à sede central daACSP, à rua Boa Vista, foi atualizado.E sua nova base tecnológica permiteque as ACs acessem seus resultadossimultaneamente. O Impostômetromostra, segundo a segundo, o mon-tante de impostos arrecadados pelosgovernos municipal, estadual e fede-ral. O painel transformou-se em pon-to de referência na cidade, tornandovisível o crescimento da carga tributá-ria ano a ano. Com a marca de R$ 1 tri-lhão de arrecadação estimada paraacontecer em setembro de 2011, Ama-to lançou o Movimento Hora de Agir.A finalidade era envolver a popula-ção na campanha contra o avançodescontrolado da carga tributária no Brasil. Isso porque o governo dapresidente Dilma Rousseff prosseguia a sanha arrecadatória de seusa n t e c e s s o re s .

Como alertava o presidente da entidade, embora os indicadoreseconômicos apontassem para a entrada cada vez maior de recursosnos cofres públicos, não havia a correspondente aceleração do desen-volvimento social. Assim, sob o comando de Amato, e dentro dos ob-jetivos do Hora de Agir, que envolveu representantes da capital e dointerior, nos preparamos todos para a "virada do trilhão". Amato de-senvolveu um trabalho de comunicação envolvendo as associaçõescomerciais do interior, de forma a que todos "passassem a falar a mes-ma língua", alcançando de maneira ordenada os holofotes da mídia,principalmente com o discurso crítico em relação à arrecadação e aosgastos públicos. Um caminhão - uma espécie de "impostômetro am-bulante" - circulou por várias cidades, mostrando o montante de re-cursos destinados anualmente aos cofres públicos. Paralelamente, a

Arquivo/Facesp

O Impostômetrono caminhão:adaptaçãoultratecnológica.Abaixo, AlfredoMaffei Neto, daAssociaçãoComercial eIndustrial deSão Carlos, falaà imprensasobre oI m p o s t ô m e t ro .

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Arquivo/Facesp

Núcleo deJovensE m p re e n d e d o re sda ACIRP de SãoJosé do Rio Pretoparticipa doFeirão doImposto.

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ACSP promoveu na capital paulista mais um Feirão do Imposto, noPátio do Colégio. Organizou também, em setembro desse ano, umgrande "apitaço" diante do Impostômetro, no momento da Virada doTrilhão, que ocorreu simultaneamente nas principais cidades do in-terior de São Paulo.

Os cidadãos também foram convidados a deixar um vídeo oumensagem de protesto no site www.horadeagir.com.br. Estimulou-se ainda o envio de e-mails aos deputados para a aprovação da Lein° 1.472, que obriga a discriminação, nas notas fiscais, de todos osimpostos incidentes nos produtos, para tornar mais transparente opeso da tributação nos preços finais.

Em âmbito nacional, continuavam repercutindo os escândalos decorrupção na área política. O caso, chamado de Mensalão, havia es-tourado em 2005-2006 e envolvia compra de votos de parlamenta-res no Congresso. Entre os protagonistas, integrantes do governodo presidente Lula (e, posteriormente, de Dilma) e que foram objetoda Ação Penal 470, movida pelo Ministério Público no Supremo Tri-bunal Federal.

Em julho de 2012, promovemos uma ação judicial que bateu àsportas do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema penhoraon-line. Trata-se de uma Arguição de Descumprimento de Precei-to Fundamental (ADPF), elaborada por advogados da FA-CESP/ACSP, após estudos profundos sobre as distorções quevêm ocorrendo com o uso indiscriminado do instrumento. A açãofoi ajuizada pela Confederação das Associações Comerciais eEmpresariais do Brasil (CACB). Amato explica que as entidadesnão se opõem à penhora on-line, que veio para tornar mais rápi-dos os processos de execução, mas é imperioso que o STF faça umanova interpretação dos dispositivos que regulam esse instrumen-to para que não ultrapassem, como vem ocorrendo, os limitesconstitucionais permitidos. "Não podemos continuar admitindoabusos, como a penhora de várias contas e de valores acima dodevido, sem falar no bloqueio das contas de sócios sem relaçãocom as dívidas", diz Amato.

O ano seguinte registrava um trabalho de impulso ao empreende-dorismo, culminando com a Feira do Empreendedor, realizada entre25 e 28 de outubro de 2012 no pavilhão de exposições “Expo Center

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Te l a sdo novosite daFACESP, doACConectae do Movimentodas AssociaçõesC o m e rc i a i s .

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Norte”, em São Paulo. A feira foi uma mostra importante da dimensãodos projetos criados e estimulados pela fundamental parceria FA-CESP-SEBRAE-SP. A parceria entre as duas entidades já tem um his-tórico de vários anos. Amato assinou muitos convênios com o SE-BRAE-SP, visando principalmente o fortalecimento do empreendedo-rismo, por intermédio das Associações Comerciais do Estado de SãoPaulo. Os convênios contemplaram o atendimento a mais de 25.000MPEs , levando conhecimento e promovendo o acesso ao mercado pormeio de oficinas, palestras, circuitos de varejo, Empretec, Missão NRF,missões técnicas e subsídios a feiras e encontros regionais de integra-ção. Da mesma forma, os convênios contemplaram o engajamento dasAssociações Comerciais no Empreender Básico e Competitivo, queprevê a criação e o apoio a atividades de núcleos setoriais dentro dasAssociações Comerciais. O objetivo da ação é promover o aumento dacompetitividade das empresas beneficiadas, por meio do fortaleci-mento do associativismo e aprimoramento de técnicas de gestão.

Profundas alterações organizacionais foram necessárias a fim de seconseguir reunir os melhores recursos humanos da ACSP com a FA-CESP, para que se pudesse criar a base de lançamento de novos pro-dutos e serviços, bem como Gestão de RH, Finanças, TI etc. A criaçãode novos produtos foi valorizada entre 2012 e 2013. Dada a relevânciado tema, criou-se a Superintendência de Produtos e Operações, que,somente durante o ano de 2012, repassou mais de R$ 3 milhões para asAssociações Comerciais que participaram da implantação operaçãodos produtos ACCredito e Certificação Digital. Em 2013, destaca-se,na área de Certificação Digital, a migração para a Autoridade Certi-ficadora BVS/Valid, o que aumentou a sinergia entre os produtos daBVS com a oferta dos certificados digitais, além de possibilitar um ga-nho real na rentabilidade de cadacertificado validado pelos PAs(pontos de atendimento) da ARFA C E S P.

No sistema de gestão de bene-fícios ACCredito, a migração doprocessamento para plataformade mercado foi finalizada, comcertificação em padrões de segu-

Paulo Pampolin/Hype

Marcelo Tas,ares jovensno 13ºC o n g re s s oda FACESP,em Camposdo Jordão.

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rança de classe mundial e com maiores possibilidades na oferta denovos cartões, além da flexibilidade na capacidade de atendimentoe futuras expansões.

FACESP, Secretaria da Justiça e Superintendência do IPEM-SP(Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo) assinaram,em junho de 2012, um Termo de Cooperação Técnica, visando a rea-lização de 42 encontros regionais, com o intuito de disseminar a ca-pacitação e orientação aos empreendedores estaduais. Palestras ecartilhas, ajudaram a ressaltar os necessários cuidados com o cum-primento da legislação, nos aspectos de metrologia legal e qualida-de industrial, de modo a evitar multas ou outras penalidades e, tam-bém, promover a tão desejada proteção do consumidor.

Nesse período, novos produtos passaram por análise técnica e ju-rídica mais rigorosa. Consultorias externas na pesquisa de mercado eidentificação de parceiros adequados também foram importantes pa-ra a ampliação do portfólio. O foco foi dado aos produtos com reta-guarda tecnológica de alto nível, mas com facilidade de operação pelasAssociações Comerciais e seus associados, usuários finais da solução.O ACCredito Saúde, lançado agora, é um exemplo claro dessa novageração: operado pela maior administradora de planos empresariaisdo País, permite o acesso das micro e pequenas empresas a planos eseguros de saúde em condições competitivas, por meio de um pool decontratação. A comercialização feita por corretores filiados ao SIN-COR permite uma atuação em sintonia com as Associações Comer-ciais em cada município.

Outra novidade é o ACCelular, lançamento que acompanha um Bra-sil com número recorde de smartphones. Mais do que um celular, trata-se de uma plataforma digital que irá possibilitar a criação de vínculosentre empresas, empresários, executivos e dirigentes do sistema FA-CESP, formando uma rede conectada de troca de informações de inte-resse do grupo. A fase 1 foi concluída na cidade de São Paulo, e começaseu processo de implantação nas demais Associações do Estado.

Já o ACConecta é uma plataforma de mídia social que possibilita acriação de um ambiente colaborativo, tornando único e mais eficientetodo o processo de comunicação institucional entre as Associações Co-merciais do Estado de São Paulo. Sua tecnologia permite conexões einterações, em tempo real, com todos os usuários da rede, disponibi-lizando funcionalidades e recursos de compartilhamento e colabora-

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ção, como: textos, artigos, formulários, imagens, áudio, vídeos, calen-dário de eventos, enquetes, discussões e arquivos de documentos devários formatos. Seu objetivo é construir coletivamente o conhecimen-to, a troca de ideias e as melhores práticas locais de cada AssociaçãoComercial, em um ambiente amigável, prático, eficiente e interativo.

A evolução também está sendo registrada, nesses 50 anos de ani-versário da FACESP, com o novo site do Movimento das Associa-ções Comerciais, que trará um conteúdo mais moderno, dinâmico einterativo, facilitando e ampliando a comunicação com as associa-ções de todo o Estado.

Ainda como consequência da criação da Boa Vista Serviços, foi ne-cessário resgatar os valores básicos das Associações Comerciais. As-sim, ao longo de sua primeira gestão, Amato colheu subsídios "em bus-ca do verdadeiro sentido da entidade, do que ela representava e deveriaser". Uma pesquisa elaborada pelo Grupo Troiano de Branding, que en-globou todas as associações filiadas, levou a uma palavra-chave e quedefinia o DNA da FACESP/ACSP: credibilidade. O Congresso da FA-CESP realizado em Campos do Jordão, em 2012, explorou esse tema. Oencontro “Mapeando nosso DNA - Construindo Resultados", commais de 1.600 participantes, ajudou a definir os novos rumos das as-sociações comerciais paulistas. Foi divulgado na ocasião um Manifes-to, lido pelo ator Paulo Goulart, que começa afirmando:

“O espírito empreendedor está em nós e acreditamos que é em

Paulo Pampolin/Hype

Posse deRogérioAmatop re s t i g i a d apor Dilma,Temer eAlckmin.

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conjunto que se alcança mais. Somando força, podemos reverter cri-ses, organizar ações e explorar melhor as oportunidades.

É por isso que somos associação: para integrar e unir e, assim, re-presentar e desenvolver. Nossa força vem de cada um dos nossosassociados, independente do seu porte e setor. Ela vem do compro-misso dos nossos colaboradores e voluntários em mais de 400 as-sociações que cobrem nosso Estado.

Com muita ética e transparência, construímos, ajudamos a cres-cer, representamos, informamos e formamos. Fazemos acontecer.Temos uma longa história de realizações. Juntos, já fizemos muitopara nossas cidades, e ainda vamos fazer muito mais. Somos a As-sociação Comercial de São Paulo, e nossa força é ser...

A alma paulista/Fonte de inspiração/voz que representa e lu-ta/justa/livre,/ que constrói o futuro.”

A partir daí, em todas as atividades institucionais de todas asACs, um filme de 1min10s tem sido veiculado a fim de reafirmarnosso valores básicos.

Nesse congresso, Amato defendeu mais uma vez a importância daorganização das entidades para a sobrevivência e avanço da própriaentidade. Além de comemorar os resultados alcançados em 2012,Amato lembrou o lançamento do projeto de cidadania batizado deLeão Amigo, criado para que pessoas físicas e jurídicas possam des-tinar parte do IR devido a projetos de entidades sociais que estejamcadastradas no FUMCAD - Fundo Municipal dos Direitos da Criançae do Adolescente de cada município. Na ocasião, também foi anun-ciada pela Boa Vista Serviços a criação, em parceria com o Centro Uni-versitário Eurípedes de Marília, do primeiro centro de pesquisas einovações tecnológicas. “Esse foi um ano muito importante para anossa história. Considero 2012 o fim de um ciclo. Partiremos agora pa-ra uma nova etapa, também de crescimento, capacitação e novos pro-dutos”, resumia Amato. E isso com base em três vertentes fundamen-tais: Institucional (Bandeiras e Causas), Sustentabilidade (EquilíbrioFinanceiro) e Gestão Interna (Indicadores, Metas e Revisão de Proces-sos). A FACESP/ACSP atuando como holding incubadora de novosnegócios e serviços; traçando constantemente a gestão de excelênciainterna com planejamentos completos, pelo menos doze meses à fren-te (1+12); e apresentando-se para o mercado como uma marca aspi-

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racional reconhecida por todas as gerações.O presidente da FACESP também empenhou-se fortemente em

ações de defesa da chamada Lei de Olho no Imposto. “A campanhapela transparência tributária não é solitária. É uma luta antiga, comvárias associações”, dizia Amato. A lei 12.741/2012 foi finalmentesancionada em dezembro de 2012 e entrou em vigor em 10 de junho.Diante da dificuldade de algumas empresas em cumprir a norma, ogoverno ampliou para um ano o prazo para aplicação de sanções epenalidades. Como a entidade que efetivamente viabilizou o pro-jeto e fez pressão sobre o Congresso, a FACESP orgulha-se de suacontribuição para que o cidadão brasileiro conheça o peso dos im-postos no seu dia a dia.

Amato iniciou, em março de 2013, seu segundo mandato à frenteda FACESP/ACSP. Na solenidade de posse, que foi muito concor-rida, estavam presentes, entre outras autoridades, a presidente Dil-ma Rousseff , que, em seu discurso, anunciou oficialmente a reduçãodos juros de 8% para 5% ao ano no programa de crédito destinado aosmicro e pequenos empreendedores. Estavam presentes também o vi-ce-presidente da República, Michel Temer, o governador de São Pau-lo, Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.Cerca de 1.300 empresários, políticos e representantes das associa-ções comerciais de todo o Estado e das 15 distritais de São Paulo tam-bém prestigiaram a posse festiva de Rogério Amato.

Na ocasião, Amato agradeceu a Dilma Rousseff pela coragem de nãoter vetado a lei 'De Olho no Imposto' e entregou à presidente o Pro-grama de Simplificação e Racionalização do Sistema Tributário Nacio-nal. O documento, segundo explicou Amato, é o resultado de doisanos de trabalho conjunto das mais expressivas entidades como FA-CESP, ACSP, Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo doEstado de São Paulo – FECOMERCIO, Instituto Brasileiro de ÉticaConcorrencial – ETCO e Sindicato das Empresas de Serviços Contá-beis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pes-quisas no Estado de São Paulo - SESCON-SP , sendo presidido pelo Dr.Luís Eduardo Schoueri, coordenado pelo Roberto Mateus Ordine eapoiado pelo Dr. Everardo Maciel, além de outros tributaristas. O pro-grama é composto de anteprojeto de lei complementar, ordinário, e deemenda constitucional, elaborado ao longo de muitas reuniões e dis-

Nas próximaspáginas, trechodo manifestoque mostra o"DNA daFA C E S P / A C S P " .As palavrasestão hojeestampadas nohall de entradada Rua BoaVista, "visto" pelobusto deRodovalho.

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cussões realizadas na ACSP com autoridades da Receita Federal, Se-cretaria da Fazenda e Secretaria de Finanças do Estado, especialistastributários etc. “Creio que chegamos a uma solução muito completa.Não é a salvação do mundo, mas é um trabalho feito pelas melhorescabeças do Estado no assunto, voluntariamente. Nós conseguimosjuntar vários estudos já existentes e tudo foi consolidado em um únicotrabalho e feito de modo a não gerar inconstitucionalidades. A pro-posta é facilitar a vida dos contribuintes e do próprio governo, ema-ranhado em meio a uma confusão de regras. Também vamos ajudarpara que todo esse trabalho seja implementado usando de aglutina-ção de forças que a entidade tem para aprovar os projetos apresen-tados", afirmou Amato.

Outra vitória da FACESP/ACSP em 2013, após vários anos de luta,foi a regulamentação do Cadastro Positivo, que entrou em vigor emagosto desse ano. O sistema, a princípio, valerá para os bancos, os pri-meiros a alimentar o banco de dados que vai nortear as instituiçõesfinanceiras na concessão de crédito, com o objetivo de garantir, parabons pagadores, juros menores e condições mais facilitadas. Paraconstar do cadastro, será necessário que a pessoa física ou jurídica au-torize o acesso às suas informações.

Outra ação idealizada na gestão de Amato, o Prêmio AC Mais foiinstituído pela FACESP com o objetivo de destacar e reconhecer asAssociações Comerciais pelas melhores práticas e resultados, aten-dendo às necessidades de suas partes interessadas: associados, co-laboradores, sociedade e outras entidades. O prêmio está divididoem três categorias.

Categorias Gestão: concorrem as ACs que responderam à pesquisade desenvolvimento organizacional (PDO 2013), considerando ositens Gestão de RH, Marketing, Finanças e Situação Financeira, Ro-tinas Administrativas, Patrimônio/Infraestrutura e Planejamento;

Categoria - Desenvolvimento Local: concorrem as ACs que res-ponderam à PDO-2013, considerando sua participação na socieda-de, cultura da cooperação, apoio e execução de projetos sociais, cul-turais e de desenvolvimento empresarial;

Categoria - Produtos e Serviços: concorrem as ACs que operam osserviços Cartão ACCredito e Certificação digital, considerandometas e processos;

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Categoria - Melhores Práticas BVS: concorrem as ACs que inova-ram na utilização de portfólio e de estratégias de implementação dassoluções e serviços disponibilizados pela Boa Vista Serviços – BVS.

Vale destacar ainda que o ano de 2013 foi emblemático em vá-rios sentidos. Ele marca o início da recuperação econômica ame-ricana, a busca de estabilização dos países europeus, fortementeatingidos pela crise econômica, e do euro em particular, além dosdesafios criados para o crescimento dos Brics, o grupo de paísescom mercados emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e Áfricado Sul). Em âmbito nacional, o julgamento do Mensalão ocupavalugar de destaque, assim como a política econômica, que enfren-tava ameaças como a elevação da inflação. As preocupações coma economia e os problemas políticos levaram a gigantescas ma-nifestações de rua, em especial no mês de junho, que começaramcom protestos estudantis contra o aumento das tarifas de ônibusem São Paulo e se espalharam Brasil afora. Embora nem semprede forma organizada, os protestos mostram a insatisfação popu-lar com a maneira como o Governo trata seus gastos e conduz suaspolíticas. Apoiamos os direitos dos manifestantes, mas condena-mos a violência com a qual alguns grupos deixaram seu rastro dedestruição e vandalismo. Manifestamos de todas as formas nossaposição. Entendemos que é nosso dever contribuir para os rumosdo Brasil e do seu desenvolvimento, cobrando, quando necessá-rio, e colaborando, quando houver justeza de propostas, venhamdo setor público ou privado.

Nestes cinquenta anos de existência, pautamos nossa ação peladisciplina e ordenação das associações comerciais do Estado de SãoPaulo. Estimulou-se o debate aberto, objetivo e direto entre os pa-res, entendendo que a pluralidade de pensamento demonstra a vi-talidade de uma instituição. A crítica saudável estimula o cresci-mento e tem como objetivo representar os anseios coletivos dos di-ferentes segmentos econômicos da sociedade paulista.

Construímos uma herança moral ao longo de nossa história que me-rece ser reconhecida e reverenciada. Nossa filosofia norteadora é quea defesa da iniciativa privada é instrumento fundamental para o de-

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senvolvimento econômico brasileiro, e se baseia na união das forças.Agir de maneira consciente, mobilizando e criando condições paraum futuro melhor para todos os brasileiros é uma prioridade, que fezdela uma personalidade institucional respeitada, reconhecida peran-te a sociedade, filiadas e governo. Acreditamos que o empreendedoré aquele que leva o país para frente, com patriotismo e perseverança.Sempre atentos aos assuntos de caráter nacional e local, acreditamosque a comunicação é uma ferramenta fundamental para integrar, mo-bilizar e difundir as boas ideias, que são necessárias para a mobiliza-ção da sociedade e a construção de um Brasil melhor.

Este livro conta uma parte importante dessa trajetória, que sem dú-vida está longe do seu final. Afinal, nossa proposta é caminhar lado alado com o país, de maneira ao mesmo tempo colaborativa e crítica,para fazer do Brasil uma nação maior, mais rica e mais justa.

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DESAFIOS À VELOCIDADEDAS MUDANÇAS

atriotismo, em seu sentido lato, significa “o sentir pertencerà terra do pai”, ou à terra onde nasceu. Tem, no entanto, um significadomais amplo que é o do “sentimento de pertencer a uma família, ou a umgrupo que se mantém unido por valores, cultura, história e objetivos”.Esse é o sentido que empresto a esse termo, e que justifica o orgulho quesinto de pertencer ao Movimento das Associações Comerciais.

Desde sua fundação por Antonio Proost Rodovalho, em 7 de dezembrode 1894, até a gestão de Alencar Burti, que ora se encerra, cada presidenteda ACSP incorporou sua personalidade e suas idéias na atuação da en-tidade. Manteve sempre, contudo, a linha mestra representada pela tra-dição e valores que foram sendo transmitidos a cada diretoria.

A história registra episódios marcantes da atuação da entidade, como,por exemplo, o envolvimento da Associação na Revolução Constitucio-nalista de 1932, quando, além da mobilização dos empresários, organi-

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zou a logística de suprimentos das tropas paulistas, e administrou a cam-panha do “Ouro para o Bem de São Paulo”. Desse envolvimento, resultoua prisão e o exílio de seu então presidente, Carlos de Souza Nazareth.

Esse exemplo visa apenas demonstrar que a atuação da entidade nãose limitou à defesa apenas retórica de seus valores – liberdade de em-preender, respeito ao direito de propriedade e aos contratos, a contri-buição para o desenvolvimento econômico e social do país e pela igual-dade de oportunidade. As ações da entidade tomaram diferentes for-mas em função da diversidade dos desafios, mas sempre mantendo acoerência dos princípios.

Para citar apenas alguns exemplos mais recentes, poderia lembrar a lu-ta da Associação durante a Constituinte, para procurar defender a livreiniciativa, o apoio à aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, a mo-bilização contra a aprovação da MP 232 e a prorrogação da CPMF, a cria-ção do Impostômetro e a atuação constante contra a excessiva carga tri-butária e a burocracia exagerada.

Nossa missão primordial, portanto, é a de dar continuidade à essa he-rança moral.

Charles Darwin, em sua genialidade, afirmou que a adaptação às mu-danças é o que perpetua as espécies. Não temo afirmar que este conceitose aplica igualmente às organizações. Neste sentido, os 117 anos de exis-tência da ACSP mostra que temos sido um exemplo raro de sucesso naadaptação às mudanças socioeconômicas e políticas ocorridas no Brasilnesse período.

Pesquisa da IBM, realizada a cada dois anos junto a mil dirigentes glo-bais de múltiplos segmentos, para avaliar os cenários que se descortinampara as empresas e organizações, mostrou, em 2008, que o maior desafioapontado, foi a frequência e velocidade das mudanças, e as dificuldadespara as organizações se ajustarem aos novos cenários. Na última pesqui-sa, a de 2010, portanto bastante recente, se soma a preocupação com acomplexidade crescente da atuação no novo ambiente corporativo. Per-mito-me adicionar um terceiro desafio, que é o de revitalizar nossa orga-nização para torná-la atraente para as novas gerações, que têm pressa.

A esses três desafios – mudanças, complexidade e revitalização – de-ve-se adicionar a agilidade. Não basta adaptar-se. Será fundamentaladaptar-se rapidamente. Se antigamente dizia-se que “os grandesiriam engolir os pequenos “, agora, se pode afirmar que “os ágeis irãoengolir os lentos”.

Precisamos entender as associações comerciais sob duas óticas dis-

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tintas: a de prestadores de serviços e geradora de receitas, e a institu-cional, como catalisadora (defensora) dos interesses de um segmentoimportante e representativo da economia e da sociedade brasileira, aclasse empresarial.

Na prestação de serviços, revelamos nossa capacidade de enfrentar esuperar os desafios e as mudanças mencionadas com grande sucesso. Osserviços de informações prestados há décadas pela entidade sempre fo-ram de grande valor para os associados. Mais do que isso. Nos garantiuuma posição que deve ser preservada a todo custo. A autonomia finan-ceira. Embora os serviços sejam meio, e não fim, devemos lembrar o queafirma com senso de humor o sempre presidente Guilherme Afif Domin-gos. “Quem não tem a verba, não tem o verbo”.

A entrada da maior empresa mundial da área de informações no mer-cado brasileiro, obrigou-nos a agir rapidamente para enfrentar esse de-safio, o que foi feito com a transformação de nossos serviços em umaempresa, a Boa Vista Serviços, que incorporou capital, tecnologia, no-vos produtos e novos modelos de negócios. Orgulho-me de afirmarque estamos preparados não apenas para enfrentar a concorrência,mas, sobretudo, para atender às novas necessidades dos associados, edos empresários em geral, com tecnologia de ponta e capital humanode altíssima qualidade. Podemos garantir a continuidade desse pro-cesso, com agilidade e eficiência.

Sob a ótica institucional, a de representar a classe empresarial, que éa razão da existência das associações comerciais, concentraremos nos-sa atuação. Permitam-me reapresentar o que realmente somos. A pa-lavra comercial de nosso nome, não reflete a realidade. As AssociaçõesComerciais congregam todos os setores da economia: comércio, indús-tria, serviços, agronegócio e instituições financeiras. Contamos comempresas de todos os portes em nossos quadros: grandes corporações,médios empreendimentos, pequenas e microempresas e profissionaisliberais ligados às atividades econômicas. Com um detalhe. Todos comadesão voluntária.

Colocando em números, a ACSP possui cerca de 30 mil associados, di-vididos por suas 15 sedes distritais, que são verdadeiras entidades locais,atuantes nas diversas regiões da na Capital. A FACESP reúne mais de 420associações comerciais no Estado, que, no seu conjunto representam maisde 100 mil empresas do Estado de São Paulo. Integramos a CACB – Con-federação das Associações Comerciais do Brasil, que conta com cerca de 2milhões de empresas participantes das mais de 2000 associações comer-ciais que integram as 27 federações estaduais.

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Nosso desafio é mobilizar essa imensa comunidade de associações co-merciais utilizando os modernos recursos da área da comunicação. Nãobasta, contudo, apenas o contato virtual. É preciso que haja a contato pes-soal, o diálogo “olho no olho”, para criar a confiança e a cumplicidade nabusca dos objetivos comuns.

Devemos considerar, ainda, que os diretores e conselheiros das asso-ciações comerciais participam de diversas entidades, inclusive do tercei-ro setor, que, por sua vez, se constituem em redes, com as quais queremoscolaborar, até porque enfrentamos muitos problemas comuns (na esferaburocrática e fiscal) .

Queremos destacar nosso propósito em atuar em conjunto com as de-mais entidades empresariais, sempre que essa união possa contribuir pa-ra fortalecer a posição da classe empresarial ou da sociedade, sem pre-juízo da ação individual de cada uma.

Desejamos ser parceiros e não competidores na representação empre-sarial.

Vamos procurar desenvolver uma agenda de debates sobre os grandestemas nacionais e, também, sobre as questões mais específicas que afetamos empresários.

Isto porque o relatório da ACSP de 1924, chamava a atenção da neces-sidade de atender aos interesses dos associados, para poder defenderseus ideais. Assim, não basta termos uma forte atuação defendendo po-sições institucionais, e não dar a atenção devida aos problemas especí-ficos enfrentados pelos empresários. Assuntos que podem parecer poucoimportantes quando comparados aos grandes desafios institucionais oumacroeconômicos, para o empresário, no entanto, especialmente para osde menor porte, pode representar a diferença entre a sobrevivência ou ofim da empresa.

Seja o crescente intervencionismo estatal, como a atuação da ANVISAlegislando sobre tudo. O aumento da burocracia, como a recente pérolada obrigatoriedade do relógio de ponto com o uso de papel, com claroretrocesso tecnológico e ambiental. O fiscalismo e o arbítrio, como a “pe-nhora on-line”, que não apenas afeta as empresas, mas, muitas vezes, in-vade a esfera individual e familiar.

Seja a instabilidade, complexidade e insegurança jurídica, porexemplo, quando a empresa depende de vários órgãos públicos, quenão atuam de forma coordenada, como ocorre em relação ao meio am-biente.

Tudo isso afeta a empresa, e especialmente o empresário de micro e pe-

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queno porte que se sente solitário, abandonado e, muitas vezes, acuado.Precisamos demonstrar que ele faz parte de uma comunidade que sepreocupa com seus problemas, que vai apoiá-lo, orientá-lo, e procuraroferecer serviços que possam ajudá-lo a superar suas dificuldades. É pre-ciso reforçar o sentimento e o orgulho de pertencer a uma associação co-mercial, o que fará com que sua voz que, isolada, nada significa, passe aser ouvida quando somada a milhares de outras que convivem com osmesmos problemas.

“Mexeu com um, mexeu com todos”.Não se trata da retórica da indignação, que se esgota em si mesma, mas

podemos garantir que não faremos parte de uma “conspiração do silên-cio”, em que o resultado positivo da economia faz com que os problemasexistentes sejam ignorados.

O Brasil está vivendo um período de grandes oportunidades e de-safios. Entre as opor-ameaças, como as chama o professor Adizes, po-demos destacar a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, nopaís. A exploração do Pré-Sal. A compatibilização do crescimento coma preservação do meio ambiente. A disseminação da responsabilidadesocial das empresas sem perda de sua eficiência e função primordial degerar lucros e criar empregos. A melhora qualitativa da educação e oaumento da inovação. A ampliação da infraestrutura e, não menos im-portante, a modernização institucional, com a realização das reformasnecessárias e urgentes para permitir ao Brasil o avanço que suas po-tencialidades permitem.

São tarefas que cabem não apenas ao governo, mas a toda sociedade.Queremos fazer a nossa parte.Para encerrar: Tive o privilégio de estudar no colégio de São Bento.

Aprendi que na organização do mosteiro, a comunidade delega ao aba-de, a autoridade máxima. Ao mesmo tempo ele serve a mesa para osmonges idosos.

Ter grandeza não é ser o maior. O sentido é que aquele que detém o car-go hierarquicamente mais elevado tem o dever de ser o maior servidor.Este é o sentido desta nossa empreitada.

E, assim sendo, quero agradecer a todos os vice-presidentes, diretores,conselheiros, membros de comissões e a todos os colaboradores pela dis-ponibilidade e comprometimento.

Discurso de Rogério Amato, em 2011, ao tomar posse na sua primeira gestão.

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