livro de artista 2011

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Livro de artista relativo ao ano 2010/2011

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D i a n a T e i x e i r a 2011

- V -

O limite/restrição surge-nos como a condição para a

nossa liberdade, tanto pessoal como criativa.

Somos constantemente “obrigados” a aceitar o limite

de um espaço, condicionador da nossa acção e do

nosso movimento, criando assim pequenos fragmentos

e pequenos espaços de e para cada um.

Esta ideia de limite (conceito bastante ab-

stracto, mas ao mesmo tempo bastante presente no

nosso dia a dia) é-nos dada através do limitar de

movimentos , do alcance-limite do nosso corpo, de

espaços, e também no sentido verbal, é como que uma

condição estereotipada da sociedade, uma ideia-pa-

drão. Sabemos que temos o nosso ponto de inicio e

fim de algo. É baseado nesta ideia de restrição, de

“obrigatoriedade”, de padrões, que a exposição nos

remete, aludindo-nos à nossa percepção e à nossa

- VI -

falta de controle sobre os limites que nos são im-

postos, do nós individual, e de espaço.

Ela própria restringe-nos nos seus limites.

No percorrer da exposição apercebe-mo-nos da

nossa presença lá, como seres individuais numa ex-

periência não só individual mas também colectiva,

onde o que percepcionamos é momentaneamente o nosso

espaço e limite, vemos e ouvimos o que a exposição

nos deixa ver e ouvir. É aqui que se encaixa o sím-

bolo da exposição.

Um quadrado, uma forma estereotipada, um delim-

itador, um conjunto de linhas que criam uma forma

padronizada, ideia de enquadramento da visão do es-

pectador.

Nós, somos o ponto no meio do quadrado.

Diana Teixeira

- VII -

I m e r s ã o

- IX -

- X -

- XI -

“A arte trabalhou e pensou centralmente a questão

do espaço mostrando plena consciência do quanto isso

transformava, por sua vez, a experiência da obra.”

Maria Teresa Cruz, 2007

O espectador é parte fundamental da obra; a obra só ex-

iste na sua interacção com este. As obras só se comple-

tam com a experiência.

Com a cada vez mais difícil explicação/definição de

arte, foi preciso inventar outros “rótulos” para a pod-

er justificar, a categorizarão é para muitos uma parte

fundamental embora, muitas vezes ao catalogar as coisas

estamos a destruí-las. É aqui que entra a Instalação,

uma nova definição de tudo aquilo que não é pintura, nem

escultura; esta surge com o intuito de provocar sensa-

ções, simular ambientes ou coisas.

A junção da arquitectura à prática artística re-

sulta na vasta possibilidade da criação de novas reali-

dades, de pequenos “mundos artificiais”.

- XII -

Diana Teixeira: Imersão, 2011

- XIII -

É aqui que a instalação absorve e constrói o espaço à

sua volta ao mesmo tempo que o desconstrói.

Uma forma diferente, com uma nova maneira, “per-

spectiva” de ver e de se relacionar com o conteúdo de

um espaço desconhecido (mas que ao mesmo tempo nos é

familiar). A obra Imersão possibilita a conjugação de

dois espaços ao mesmo tempo, faz a mobilização de um

espaço (natural) para outro (arquitectónico), através

dos elementos visuais e sonoros que compõem essa re-

alidade “provisória”. Essa ideia de transporte de um

local, esse espaço artificial é criado a partir de frag-

mentos dum espaço real transposto para outro.

O espectador, Imerso pela “quantidade” visual de

formas padronizadas, com a mesma distância entre elas

de forma a incomodar e controlar/dar liberdade ao es-

pectador pela área ocupada dessas formas.

- XIV -

- XV -

- XVI -

E i d o s

- XVII -

Os dispositivos ópticos surgiram como novas formas

para ver e observar o mundo, com o intuito de nos pro-

porcionarem a visão e o registo de coisas e momentos.

O caleidoscópio, como o próprio nome indica, do

“grego kalos (=belo), eidos (=imagem) e scopéo (=vejo)”

(vejo lindas imagens) fornece-nos imagens simétricas

resultantes da interacção dos espelhos existentes no

dispositivo. Os dispositivos ópticos eram tidos até aos

séculos XVIII/XIX como enganadores.

O espelho, protótipo da maioria dos dispositivos

ópticos, que nos dá uma visão invertida da esquerda para

a direita, e a ideia de duplo que este nos confere torna

por vezes a sua experiência algo de fantasmagórica. É

neste sentido que a obra “eidos” surge. Esta tem para-

doxalmente duas ideias subjacentes; enquanto experiên-

cia individual e delimitador do espaço (não só visual

mas também do movimento) causa ao espectador o senti-

- XVIII -

mento de estranheza, de desconforto e ao mesmo tempo de

curiosidade devido à realidade que o interior da obra

revela (desde aquilo que mostra, ao som que produz), e

pelas imagens/padrões que cria com o conjunto de es-

pelhos.

A interacção do espectador com os espelhos e com

o efeito de luzes e fragmentação da imagem criada pelo

caleidoscópio causa uma sensação de “encontro” e “afas-

tamento” com ele mesmo. O observador é quase como que

absorvido pelos efeitos de luzes e padrões. É como se o

espectador se encontrasse e se descobrisse através das

imagens distorcidas mas ao mesmo tempo se estranhasse

e não se identificasse com a(s) imagem(s) reflectidas.

Reflexão não só visual mas também sonora.

O dispositivo é interactivo e envolve-se com o meio

em que é exposto. Ele, permite-nos ter uma visão que só

com o olhar não conseguíamos ver, enquanto que a combi-

nação com o som natural da obra nos transporta para uma

outra realidade, um a espécie de “inconsciente óptico”.

- XIX -

Diana Teixeira: Eidos, 2011

- XX -

Diana Teixeira: Eidos, 2011

- XXI -

- XXII -

- XXIII -

- XXIV -

ElectroniConspiracy

- XXV -

- XXVI -

- XXVII -

O estranho, o desconhecido cerca-nos de uma bar-

reira de medo e desconforto, já o que nos é familiar

conforta. Por outro lado, o que acontece quando levamos

o que conhecemos e nos é familiar ao extremo?

Electronic Conspiracy resulta desse mesmo extremo.

O som electronicamente alienígena envolve-nos numa at-

mosfera desconhecida; a imagem completamente conhecida

para nós, o corpo, mas mostrado ao pormenor um ambiente

muito renascentista e enigmático torna a apreensão da

imagem bastante ambígua. A junção destes dois elementos

resultam num terceiro.

Liberta no espectador uma vontade de querer domi-

nar a câmera para conseguir perceber o que não lhe é

assim tão estranho. Tal como o próprio conceito da ex-

posição também esta obra restringe, é o limitar do que

é mostrado; partes de um corpo, texturas.

- XXVIII -

- XXIX -

Diana Teixeira: Electronic Conspiracy, 2011

- XXX -

Diana Teixeira: Electronic Conspiracy, 2011

- XXXI -

- XXXII -

N a r r a t i v a

- XXXIII -

Três origens sonoras

Três registos diferentes

Três atmosferas diferentes

Um centro

- XXXIV -

“Sempre a direito, nunca à esquerda nem à direita”

Nós, enquanto seres integrantes de uma sociedade

vivemos rodeados dos mais variados sons, vindos de

variados sítios, sitios esses compostos por variedades

de sons.

É certo que a escuridão e a consequente falta de

visão apela aos outros sentidos, apurando quase in-

stintivamente a nossa audição. A obra “narrativa”,

narra exactamente esses sítios, temos noção da nossa

percepção. Três origens sonoras diferentes em tempos

iguais resultam numa Unidade.

O foco de luz ao centro funciona como ponto ponto cen-

tral para o espectador envolto num ambiente escuro.

Fora desse “limite” dado pela luz o espectador deambu-

la entre as várias atmosferas propostas. O som, a luz/

escuridão limita o nosso movimento, não se tem muita

noção do que está/não está à nossa volta, o espectador

imerge.

- XXXV -

Diana Teixeira: Narrativa, 2011

- XXXVI -

- XXXVII -

Diana Teixeira: Narrativa, 2011

- XXXVIII -

J a n e l A b e r t a

- XXXIX -

- XL -

- XLI -

O cinema veio trazer a possibilidade de não só

“fixar o momento” (fotografia) mas também o movimento.

Também reprodutibilidade técnica favoreceu a quanti-

dade de imagens como do seus suportes.

A Janela Aberta funciona como um ecrã em tempo

real, com dimensão, onde tal como uma tela de cinema o

movimento acontece, a única diferença é que esta nun-

ca é gravada. Por outro lado, e resultante da mudança

lumínica ao longo do dia a obra vai-se alterando,

resultando não num mas em dois ecrãs (um vertical e

outro horizontal).

As pessoas são elementos cruciais na obra, tanto

“dentro” do limite da tela como enquanto observadores

e o ponto de vista pode ser alterado de acordo com a

posição de cada um.

A obra torna-se mutável pois ultrapassa os limit-

es da tela.

- XLII -

- XLIII -

Diana Teixeira: Janela Aberta, 2011

- XLIV -

- XLV -

- XLVI -

- XLVII -

- XLVIII -