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  • 8/14/2019 Livro Branco sobre a Segurana dos Alimentos - Comisso das Comunidades Europeias - QUALI.PT

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    COMISSO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

    Bruxelas, 12.1.2000COM (1999) 719 final

    LIVRO BRANCO SOBRE A SEGURANA DOS ALIMENTOS

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    NDICE

    RESUMO .............................................................................................................................. 3

    CAPTULO 1: INTRODUO ............................................................................................. 6

    CAPTULO 2: PRINCPIOS DE SEGURANA DOS ALIMENTOS................................... 9

    CAPTULO 3: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA POLTICA DE SEGURANA DOSALIMENTOS: RECOLHA E ANLISE DE INFORMAES - PARECERESCIENTFICOS..................................................................................................................... 11

    CAPTULO 4: CRIAO DE UMA AUTORIDADE ALIMENTAR EUROPEIA ............. 16

    CAPTULO 5: ASPECTOS REGULAMENTARES............................................................ 25

    CAPTULO 6: CONTROLOS ............................................................................................. 33

    CAPTULO 7: INFORMAO AO CONSUMIDOR ......................................................... 36

    CAPTULO 8: DIMENSO INTERNACIONAL................................................................ 40

    CAPTULO 9: CONCLUSES ........................................................................................... 42

    ANEXO ............................................................................................................................... 44

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    RESUMO

    Garantir os mais elevados padres de segurana dos alimentos na UE constitui umadas principais prioridades polticas da Comisso. O presente Livro Branco reflecteessa prioridade e prope uma abordagem radicalmente nova. Este processo motivado pela necessidade de garantir um nvel elevado de segurana dos alimentos.

    Autoridade Alimentar Europeia

    A Comisso considera que a criao de uma Autoridade Alimentar Europeiaindependente constitui a resposta mais adequada necessidade de garantir um nvelelevado de segurana dos alimentos. Esta Autoridade seria incumbida de um certonmero de tarefas fundamentais que englobariam a formulao de parecerescientficos independentes sobre todos os aspectos relacionados com a segurana dosalimentos, a gesto de sistemas de alerta rpido, a comunicao e o dilogo com osconsumidores sobre questes de segurana dos alimentos e de sade, bem como aconstituio de redes com as agncias nacionais e os organismos cientficos. AAutoridade Alimentar Europeia fornecer Comisso a anlise necessria.Competir Comisso decidir da resposta adequada a dar a essa anlise. AAutoridade Alimentar Europeia poderia iniciar a sua actividade em 2002, aps aadopo da legislao necessria. Antes de ultimar a nossas propostas, convidamostodas as partes interessadas a transmitir-nos os seus pareceres at final de Abril. AComisso apresentaria ento uma proposta legislativa definitiva.

    Legislao em matria de segurana dos alimentosA criao de uma Autoridade independente deve ser acompanhada por uma amplasrie de outras medidas destinadas a melhorar e tornar coerente o corpo de legislaoque abrange todos os aspectos associados aos produtos alimentares "da exploraoagrcola at mesa".

    A Comisso identificou j uma ampla srie de medidas necessrias para melhorar os

    padres de segurana dos alimentos. O Livro Branco apresenta mais de 80 acesdistintas previstas para os prximos anos.

    Ao longo das ltimas dcadas assistiu-se a uma evoluo notvel, tanto nos mtodosde produo e processamento dos alimentos como nos controlos necessrios paraassegurar a observncia de normas de segurana aceitveis. Torna-se evidente que a

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    resposta a emergncias sanitrias em toda a cadeia alimentar ser um elementoessencial.

    Sero apresentadas propostas relativas ao sector da alimentao animal, com vista agarantir que s sejam utilizados materiais adequados para a sua produo e que autilizao de aditivos seja controlada com maior eficcia. Abordar-se-o certasquestes em matria de qualidade alimentar, designadamente os aditivos earomatizantes alimentares e as afirmaes ligadas sade. Os controlos dos novosalimentos sero melhorados.

    Os riscos associados contaminao dos alimentos foram postos em destaque pelarecente crise das dioxinas. Sero tomadas medidas nos domnios em que a legislaoem vigor deve ser melhorada para garantir uma proteco adequada.

    Controlo da segurana dos alimentos

    A experincia adquirida pelo servio de inspeco da Comisso, que realizaregularmente visitas de inspeco nos Estados-Membros, demonstrou que as

    modalidades de implementao e execuo da legislao comunitria so muitovariadas. Tal significa que os consumidores no podem ter a certeza de beneficiar domesmo nvel de proteco em toda a Comunidade e que difcil avaliar a eficciadas medidas tomadas pelas autoridades nacionais. Por essa razo, prope-se definir,em cooperao com os Estados-Membros, um quadro comunitrio para odesenvolvimento e a gesto dos sistemas de controlo nacionais, que dever ter emconta as melhores prticas existentes e a experincia dos servios de inspeco daComisso. Esse quadro comunitrio basear-se- em critrios comuns de desempenho

    dos sistemas e conduzir a orientaes claras sobre o seu funcionamento.

    Para apoiar os controlos realizados a nvel comunitrio, sero desenvolvidosprocedimentos de execuo mais rpidos e fceis de utilizar, em complemento dosactuais processos por infraco.

    Os controlos das importaes nas fronteiras da Comunidade sero alargados porforma a abranger todos os produtos destinados alimentao animal e humana e

    sero tomadas medidas para melhorar a coordenao entre os postos de inspeco.

    Informao dos consumidores

    Para que os consumidores considerem que a aco proposta no presente LivroBranco conduz a uma verdadeira melhoria dos padres de segurana dos alimentos,

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    uma alimentao equilibrada e o seu impacto sobre a sade sero explicados aosconsumidores.

    Dimenso internacional

    A Comunidade o maior importador/exportador mundial de produtos alimentares.As aces propostas no Livro Branco devem ser cabalmente apresentadas eexplicadas aos nossos parceiros comerciais. A Comisso dever desempenhar umpapel activo nos organismos internacionais, para poder explicar a evoluo europeiaem matria de segurana dos alimentos.

    Concluses

    A aplicao de todas as medidas propostas no Livro Branco permitir organizar asegurana dos alimentos de forma mais coordenada e integrada, no intuito de atingiro nvel de proteco da sade mais elevado possvel.

    A legislao ser revista e alterada, se necessrio, com o objectivo de a tornar maiscoerente, completa e actualizada. A sua aplicao a todos os nveis ser encorajada.

    A Comisso considera que a criao de uma nova Autoridade, que passar aconstituir a referncia cientfica em toda a Unio, contribuir para assegurar um nvelelevado de proteco da sade dos consumidores e permitir restaurar e manter aconfiana dos consumidores.

    O xito das medidas propostas no presente Livro Branco est intrinsecamente ligado

    ao apoio do Parlamento Europeu e do Conselho. A sua aplicao depender doempenhamento dos Estados-Membros. O presente Livro Branco preconizaigualmente uma forte participao dos operadores, principais responsveis pelaaplicao quotidiana das exigncias de segurana dos alimentos.

    Uma maior transparncia a todos os nveis da poltica de segurana dos alimentosconstitui o fio condutor do Livro Branco e ir contribuir fundamentalmente paraaumentar a confiana dos consumidores na poltica de segurana dos alimentos da

    UE.

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    CAPTULO 1: INTRODUO

    1. A poltica alimentar da Unio Europeia deve ter por base padres elevados desegurana dos alimentos, que permitam proteger e promover a sade dosconsumidores. A produo e o consumo de alimentos fundamental em qualquersociedade e tem consequncias econmicas, sociais e, em muitos casos, ambientais.Embora a proteco da sade seja sempre prioritria, estas questes devem

    igualmente ser tomadas em considerao no mbito da poltica alimentar. Alm domais, o estado e a qualidade do ambiente, designadamente dos ecossistemas, podemafectar diversas fases da cadeia alimentar. A poltica ambiental desempenha, pois,um papel importante quando se trata de garantir ao consumidor a segurana dosalimentos.

    2. O sector agro-alimentar reveste-se de importncia fundamental para a economiaeuropeia. A indstria alimentar e das bebidas um dos principais sectores industriaisna UE, com uma produo anual de quase 600 mil milhes de euros, ou seja, cercade 15% da produo total da indstria transformadora. No plano mundial, a UE omaior produtor neste sector. A indstria alimentar e das bebidas o terceiro maiorempregador da Unio Europeia no sector industrial, com mais de 2,6 milhes detrabalhadores, 30% dos quais em pequenas e mdias empresas. Por outro lado, aproduo anual do sector agrcola ascende a cerca de 220 mil milhes de euros,assegurando o equivalente a 7,5 milhes de empregos a tempo inteiro. As

    exportaes de produtos agrcolas e alimentares atingem cerca de 50 mil milhes deeuros por ano. A importncia econmica e a omnipresena dos alimentos na nossavida implicam que a segurana dos alimentos deve ser um dos principais interessesda sociedade em geral e, em particular, das autoridades pblicas e dos produtores.

    3. Deve ser oferecida aos consumidores uma vasta gama de produtos seguros e deelevada qualidade provenientes de todos os Estados-Membros. este o papelessencial do mercado interno. A cadeia de produo alimentar torna-se cada vez mais

    complexa. Para assegurar uma proteco adequada da sade dos consumidores, todosos elos desta cadeia devem ser igualmente slidos. Este princpio deve aplicar-sequer os alimentos sejam produzidos dentro da Comunidade Europeia, quer sejamimportados de pases terceiros. Uma poltica de segurana dos alimentos eficaz devereconhecer as interconexes que caracterizam a produo alimentar. Tal polticaimplica a avaliao e o controlo dos riscos que apresentam para a sade do

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    ao final de 2002 um conjunto coerente e actualizado de legislao alimentar, apoiadopor uma nova Autoridade Alimentar Europeia. A Comisso espera poder contar coma plena cooperao do Parlamento e do Conselho na aplicao deste programa

    ambicioso.

    No seguimento do Livro Verde sobre os princpios gerais da legislao alimentar daUnio Europeia (COM (97) 176 final) tiveram j lugar amplas consultas e debatessobre a melhoria da legislao alimentar da UE. O presente Livro Branco indica asmodificaes propostas pela Comisso neste domnio. Todavia, a Comisso previgualmente a criao de uma Autoridade Alimentar Europeia, como medida

    complementar. Relativamente a esta proposta, a Comisso pretende suscitar umdebate pblico, recolher observaes informadas e lanar uma ampla consulta. Osinteressados so, pois, convidados a apresentar as suas observaes sobre o Captulo4 do presente Livro Branco at ao final de Abril de 2000.

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    CAPTULO 2: PRINCPIOS DE SEGURANA DOSALIMENTOS

    O presente Livro Branco apresenta propostas que transformaro a poltica alimentarda UE num instrumento prospectivo, dinmico, coerente e global com vista aassegurar um nvel elevado de proteco da sade humana e de proteco dosconsumidores.

    8. O princpio orientador do presente Livro Branco que a poltica de segurana dosalimentos deve basear-se numa abordagem global e integrada, ou seja, ao longo detoda a cadeia alimentar1 (da explorao agrcola at mesa), em todos os sectoresalimentares, entre os Estados-Membros, nas fronteiras externas da UE e dentro daUE, em instncias de deciso internacionais e comunitrias e em todas as etapas dociclo de elaborao de polticas. As bases da segurana dos alimentos previstas nopresente Livro Branco (pareceres cientficos, recolha e anlise de dados,regulamentao e controlo, informao dos consumidores) devem articular-se num

    conjunto harmonioso que permita concretizar esta abordagem integrada.

    9. Importa definir com clareza os papis de todos os intervenientes na cadeia alimentar(produtores de alimentos para animais, agricultores e produtores/operadores dealimentos para consumo humano, autoridades competentes dos Estados-Membros epases terceiros, Comisso, consumidores). Os produtores de alimentos para animais,os agricultores e os operadores do sector alimentar so os principais responsveisem matria de segurana dos alimentos; as autoridades competentes controlam egarantem a observncia desta responsabilidade atravs dos sistemas nacionais devigilncia e controlo; a Comisso avalia, atravs de auditorias e inspeces a nvelnacional, a capacidade das autoridades competentes de gerir estes sistemas. Osconsumidores devem tambm reconhecer que lhes compete armazenar, manipular epreparar adequadamente os alimentos. Desta forma, a poltica da exploraoagrcola at mesa, que abrange todos os sectores da cadeia alimentar, incluindo aproduo de alimentos para animais, a produo primria, o processamento dos

    alimentos, a armazenagem, o transporte e o comrcio retalhista, ser aplicadasistematicamente e de forma coerente.

    10. Uma poltica alimentar eficaz implica a rastreabilidade dos alimentos para consumohumano e dos alimentos para animais, bem como dos respectivos ingredientes. necessrio introduzir procedimentos adequados para facilitar a rastreabilidade. Entre

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    11. Esta abordagem global e integrada conduzir a uma poltica alimentar mais coerente,eficaz e dinmica, que dever colmatar as lacunas decorrentes da actual abordagemsectorial rgida, que tem limitado a capacidade de responder com rapidez e

    flexibilidade aos riscos para a sade humana. Esta poltica deve ser objecto de umaanlise permanente e, quando necessrio, deve ser adaptada para poder suprir asdeficincias, responder aos novos riscos e ter em conta a evoluo da cadeia deproduo. Simultaneamente, esta abordagem deve ser transparente, incentivar aparticipao de todos os intervenientes e permitir que estes contribuam de formaeficaz para os novos desenvolvimentos. O nvel de transparncia j atingido ao tornarpblicos os pareceres cientficos e os relatrios de inspeco deve ser alargado a

    outros domnios relacionados com a segurana dos alimentos.12. A anlise dos riscos deve constituir a base da poltica de segurana dos alimentos. A

    UE deve basear a sua poltica alimentar na aplicao das trs componentes da anlisedos riscos: avaliao dos riscos (pareceres cientficos e anlise das informaes),gesto dos riscos (regulamentao e controlo) e comunicao dos riscos.

    13. Na elaborao das suas medidas de segurana dos alimento a Comisso continuar a

    utilizar os melhores conhecimentos cientficos disponveis. A organizao depareceres cientficos independentes e o papel de uma nova Autoridade AlimentarEuropeia na formulao desses pareceres sero abordados no Captulo 4. AComisso reconhece que os consumidores e a indstria alimentar devem ter a certezade que estes pareceres cientficos respondem s mais rigorosas exigncias deindependncia, excelncia e transparncia.

    14. Se necessrio, as decises em matria de gesto dos riscos tero em conta o

    princpio da precauo. A Comisso tenciona apresentar uma comunicao sobreesta questo.

    15. O processo de deciso na UE pode igualmente ter em conta outros factoreslegtimos pertinentes para a proteco da sade dos consumidores e para a promoodas prticas seguidas no comrcio de produtos alimentares. A definio do mbitodesses factores actualmente objecto de estudo a nvel internacional,designadamente no quadro do Codex Alimentarius. A ttulo de exemplo de outrosfactores legtimos so de referir as consideraes ambientais, o bem-estar dosanimais, a agricultura sustentvel e as expectativas dos consumidores no que respeita qualidade dos produtos, informao correcta e definio das caractersticasessenciais dos produtos e dos mtodos de processamento e produo.

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    CAPTULO 3: ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA POLTICADE SEGURANA DOS ALIMENTOS: RECOLHA E ANLISE

    DE INFORMAES - PARECERES CIENTFICOS

    A recolha e a anlise de informaes so elementos fundamentais da poltica desegurana dos alimentos, revestindo-se de particular importncia para a identificaode perigos potenciais para a alimentao humana e animal.

    16. Os mtodos e indicadores utilizados para identificar problemas so variados. Podemincluir dados provenientes de controlos realizados ao longo da cadeia alimentarhumana e animal, das redes de vigilncia de doenas, de investigaesepidemiolgicas e de anlises laboratoriais. Uma anlise correcta dos dados facilitaro estudo da evoluo dos perigos alimentares conhecidos, bem como a identificaode novos perigos. Seria, assim, possvel definir e adaptar de forma mais adequada apoltica de segurana dos alimentos em funo das necessidades. O papel dosEstados-Membros na recolha de informaes fundamental e deve sercuidadosamente definido.

    Controlo e vigilncia

    17. A Comisso recebe um grande volume de informaes sobre questes relacionadascom a segurana dos alimentos. As principais fontes de informao so as redes decontrolo e vigilncia da sade pblica (em particular os sistemas de notificao dedoenas transmissveis previstos na Deciso n 2119/98), os planos de vigilncia daszoonoses e dos resduos, os sistemas de alerta rpido, os sistemas de informao nosector agrcola, as actividades de investigao e controlo da radioactividade noambiente e as redes de investigao associadas. Todavia, os sistemas existentesforam desenvolvidos independentemente, pelo que a coordenao das diversas fontesde informao nem sempre assegurada. Alm do mais, uma grande parte dainformao disponvel no integralmente explorada. A integrao dos sistemas derecolha de dados e a anlise dos dados devem constituir os dois princpios de

    orientao neste domnio, a fim de explorar o melhor possvel os actuais sistemas derecolha de dados. A Comunidade necessita de um sistema global e eficaz de controloe vigilncia da segurana dos alimentos, que integre todas as fontes de informaoacima referidas. A experincia do Centro Comum de Investigao da Comissopoder proporcionar um apoio til neste domnio.

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    como as doenas transmissveis nos seres humanos e nos animais, os produtosanimais apreendidos nas fronteiras externas da UE, a circulao de animais vivos e osistema ECURIE em caso de emergncia radiolgica. Mas tambm neste caso a

    utilizao integrada das informaes difcil, dada a diversidade dos objectivos e dombito desses sistemas. Alm do mais, alguns domnios como, por exemplo, aalimentao animal, no so abrangidos.

    necessrio criar um quadro jurdico global e harmonizado a fim de alargar ombito do actual Sistema de Alerta Rpido a todos os produtos alimentaresdestinados ao consumo humano e animal. Esse quadro dever prever o alargamentodas obrigaes dos operadores econmicos de notificar as emergncias em matriade segurana dos alimentos e de garantir a informao adequada dos consumidores edas organizaes profissionais. Deve igualmente ser assegurada uma ligaoadequada com outros sistemas de informao rpida. Este sistema deve abrangertambm os pases terceiros no que respeita s informaes recebidas e fornecidas.

    Investigao

    19. A excelncia cientfica pressupe investimentos em investigao e desenvolvimento,a fim de alargar a base dos conhecimentos cientficos em matria de segurana dosalimentos. No mbito do 5 Programa-Quadro de Investigao so realizadosprojectos comunitrios de I&D sobre segurana dos alimentos, com base emprogramas de trabalho plurianuais. Estes programas incluem aces indirectas(aces a custos repartidos) e aces directas realizadas pelo Centro Comum deInvestigao da Comisso. Os seus objectivos esto, na maior parte dos casos,direccionados para a melhoria dos conhecimentos cientficos e a criao de uma base

    cientfica slida tendo em vista a regulamentao e a definio de polticas. O 5Programa-Quadro foi orientado para uma abordagem de resoluo de problemas,centrada nos cidados e nas suas necessidades. As aces de investigao a realizarincidiro, designadamente, nos seguintes domnios: tecnologias alimentaresavanadas, mtodos de produo e distribuio alimentar mais seguros, novosmtodos de avaliao em matria de contaminao, riscos qumicos e exposies aprodutos qumicos, o papel da alimentao na promoo da sade e os sistemasharmonizados de anlise dos produtos alimentares.

    Todavia, em casos especficos de deteco de um problema potencial para a sadehumana, frequentemente necessrio iniciar uma investigao ad hoc imediata. Nomomento presente, estas necessidades poderiam ser parcialmente cobertas peloCentro Comum de Investigao da Comisso, mas o sistema em vigor deve serd d d fl ibilid d l b l d fi i d d d

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    europeia s foi assegurada num nmero limitado de domnios, quando em muitoscasos precisamente esta dimenso europeia que falta para fornecer as informaesnecessrias a uma avaliao dos riscos ao nvel da UE. A definio de prioridades

    para a recolha de informaes cientficas deve ser melhorada e coordenada com oprograma de trabalho do(s) Comit(s) Cientfico(s). Devem igualmente ser adoptadasiniciativas de cooperao cientfica em pases terceiros, se for o caso.

    Apoio analtico

    21. Para os produtos de origem animal foi estabelecido um sistema de LaboratriosComunitrios de Referncia, a fim de prestar apoio analtico especializado Comisso e aos laboratrios dos Estados-Membros. Esses laboratrios desenvolvemmtodos de deteco e prestam assistncia aos laboratrios dos Estados-Membros naaplicao desses mtodos. necessrio assegurar uma gesto central eficaz a fim degarantir que os laboratrios de referncia passem a constituir uma verdadeira rede delaboratrios comunitrios ao servio da poltica da UE. Tendo em conta ascapacidades e infra-estruturas cientficas do Centro Comum de Investigao, estatarefa poderia ser-lhe confiada. Deve igualmente ser analisada a possibilidade de

    criar laboratrios comunitrios de referncia para novos domnios.

    A informao cientfica constitui a base da poltica de segurana dos alimentos. bvio que os pareceres cientficos sobre a segurana dos alimentos devem ser damais elevada qualidade. Alm disso, devem ser fornecidos atempadamente e deforma fivel aos responsveis pela tomada de decises em matria de proteco dasade dos consumidores.

    Sistema de aconselhamento cientfico actual

    22. O sistema de aconselhamento cientfico da Comisso foi completamentereorganizado em 1997 com base nos princpios fundamentais de excelncia,transparncia e independncia. Actualmente os pareceres cientficos so formuladospor oito Comits Cientficos sectoriais2, cinco dos quais abrangem, directa ouindirectamente, os domnios da alimentao humana e animal. Foi tambm criado umComit Cientfico Director que formula pareceres sobre as questespluridisciplinares, a BSE, os procedimentos harmonizados de avaliao dos riscos e acoordenao das questes para as quais so competentes diversos comits sectoriais(por exemplo a resistncia antimicrobiana). Esta tarefa de coordenao especialmente importante, uma vez que as questes de segurana dos alimentos socada vez mais abordadas numa perspectiva de continuidade desde a explorao

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    No mbito do artigo 31 do Tratado Euratom foram criados grupos especficos deperitos cientficos no domnio da contaminao radioactiva dos alimentos paraconsumo humano e animal.

    Natureza das questes apresentadas aos Comits

    23. Muitas das questes relacionam-se com a avaliao de dossiers apresentados pelaindstria para a obteno de autorizao comunitria (pesticidas, novos alimentos,aditivos dos alimentos para consumo humano e dos alimentos para animais). Outrasquestes dizem respeito a problemas de sade especficos, como os contaminantes ouos riscos microbiolgicos, por exemplo. Uma terceira categoria diz respeito aavaliaes de riscos mais vastos, como no caso da resistncia antimicrobiana.

    Consulta obrigatria dos Comits

    24. Alguns textos legislativos em matria de segurana dos alimentos impem Comisso a obrigao de consultar um Comit Cientfico antes de apresentarpropostas susceptveis de afectar a sade pblica. Esta situao no se reflectesistematicamente noutros diplomas do sector da segurana dos alimentos, pelo quedever ser revista a fim de assegurar que toda a legislao em matria de seguranados alimentos se baseie em pareceres cientficos independentes.

    Limitaes do sistema em vigor

    25. Desde a reforma, os Comits formularam aproximadamente 256 pareceres, muitosdos quais incluem avaliaes de um grande nmero de substncias especficas.

    Tornou-se evidente que as capacidades do sistema em vigor so insuficientes, sendodifcil responder s solicitaes crescentes de que alvo. Alm do mais, s foipossvel gerir a recente crise das dioxinas pelo adiamento dos trabalhos noutrosdomnios, tendo ficado demonstrada a necessidade de um sistema que permitaresponder com rapidez e flexibilidade. Esta falta de capacidade deu origem a atrasosque tm repercusses tanto ao nvel dos programas legislativos da Comisso, econsequentemente da sua capacidade de resposta aos problemas de sade dosconsumidores, como ao nvel da indstria, quando esto em jogo interesses

    comerciais. Esta situao ser agravada pelas exigncias crescentes a que serosujeitos os Comits cientficos, por exemplo na sequncia do programa de reforma dalegislao alimentar proposto, referido mais adiante no presente Livro Branco.

    Necessidade de dispor sistematicamente de dados para a avaliao dos riscos

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    27. Em muitos domnios, a falta de capacidade acima referida poderia ser solucionadaatravs da diminuio do volume de trabalhos preparatrios morosos exigidos aosmembros dos Comits e aos peritos externos.

    As avaliaes de riscos realizadas a nvel comunitrio para os pesticidas, biocidas eprodutos qumicos baseiam-se j no trabalho realizado por redes de institutos dosEstados-Membros, estabelecidas ao abrigo de legislao sectorial, o que conduziu auma melhoria significativa do trabalho e da eficincia dos comits cientficos emquesto. Torna-se, assim, possvel pr em prtica um sistema eficaz de avaliao porentidades homlogas e utilizar optimamente a experincia dos Estados-Membros semprejudicar a independncia dos comits. As redes apresentam igualmente grandespotencialidades de recolha de dados. necessrio alargar esta abordagem e estudaras possibilidades de uma melhor explorao das redes existentes.

    Concluses

    28. As lacunas descritas no presente Captulo tornam patente a necessidade de sistemasreforados para responder ao objectivo global de melhoria da proteco da sade dos

    consumidores e de restabelecimento da confiana na poltica de segurana dosalimentos da UE. Sero, consequentemente, introduzidas melhorias nos domnios davigilncia e controlo, do sistema de alerta rpido, da investigao em matria desegurana dos alimentos, da cooperao cientfica, do apoio analtico e daformulao de pareceres cientficos. No captulo seguinte abordada a criao deuma Autoridade Alimentar Europeia responsvel por estes domnios, entre outros. Orelatrio dos professores Pascal, James e Kemper sobre o futuro do aconselhamentocientfico na UE ser tomado em considerao no mbito da criao da Autoridade e

    da melhoria do actual sistema na fase de transio.

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    CAPTULO 4: CRIAO DE UMA AUTORIDADEALIMENTAR EUROPEIA

    A Comisso prev a criao de uma Autoridade Alimentar Europeia independente,responsvel, em particular, pela avaliao e comunicao dos riscos no domnio dasegurana dos alimentos.

    29. No entender da Comisso, a adopo de medidas eficazes para garantir um nvelelevado de proteco dos consumidores que permita restabelecer e manter aconfiana dos consumidores constitui uma prioridade fundamental. Esta tarefa multifacetada. Em primeiro lugar, coloca-se a questo da confiana propriamentedita como poder ser alcanada? Em segundo lugar, necessrio no s garantirque a confiana seja restabelecida mas tambm, e sobretudo, preserv-la. Ou seja, osistema posto em prtica para restaurar a confiana deve ser suficientementeduradouro e flexvel para garantir que a confiana dos consumidores se mantenha demodo permanente.

    Para alm das medidas propostas no presente Livro Branco, a Comisso consideraigualmente necessrio criar uma Autoridade Alimentar Europeia. O presente captuloexpe os critrios fundamentais para a criao desse organismo. A Comisso entendeque so necessrias grandes reformas estruturais no que respeita ao tratamento dasquestes de segurana dos alimentos, tendo em conta a experincia adquirida aolongo destes ltimos anos e a necessidade geralmente reconhecida de estabeleceruma separao funcional entre a avaliao dos riscos e a sua gesto. A criao de

    uma nova Autoridade proporcionar o instrumento mais eficaz para concretizar astransformaes necessrias tendo em vista proteger a sade pblica e restabelecer aconfiana dos consumidores. portanto evidente que a aco desta Autoridade secentrar, antes de mais, no interesse pblico.

    O presente Captulo destina-se a suscitar o debate pblico e observaesfundamentadas. A Comisso pretende realizar uma ampla consulta sobre a criao deuma Autoridade Alimentar Europeia. Os interessados so, pois, convidados aapresentar as suas observaes at ao final de Abril de 2000.

    mbito de actuao potencial da Autoridade

    30. O papel de uma Autoridade deve ser definido no contexto do processo de anlise dosi b li i d i

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    Comisso no mbito das competncias que lhe so conferidas. A legislao implicauma deciso poltica e pressupe pareceres baseados no s nos conhecimentoscientficos, mas tambm numa apreciao mais ampla dos desejos e das necessidades

    da sociedade. Deve existir uma separao ntida entre a gesto dos riscos e aavaliao dos riscos.

    A Comisso, enquanto guardi do Tratado, deve assegurar que a legislaocomunitria seja devidamente transposta para o direito nacional e correctamenteaplicada pelas autoridades nacionais nos Estados-Membros. A funo de controlo exercida pelo Servio Alimentar e Veterinrio (SAV) da Comisso, que apresentarelatrios sobre as sua constataes e formula recomendaes. Os relatrios do SAVso elementos fundamentais no mbito das decises da Comisso quanto eventualadopo de medidas de salvaguarda dentro da Comunidade ou relativamente aimportaes de pases terceiros, ou quanto adopo de procedimentos por infracocontra Estados-Membros. Alm do mais, quando celebra com pases terceirosacordos que reconhecem a equivalncia dos controlos de segurana dos alimentos, nombito do acordo sobre a aplicao de medidas sanitrias e fitossanitrias da OMC(acordo SPS), a Comisso confia ao SAV a tarefa de avaliar a situao sanitria nos

    pases terceiros em questo.33. A incluso da gesto de riscos no mandato da Autoridade colocaria trs problemas

    importantes.

    Em primeiro lugar, a transferncia de competncias de regulamentao para umaAutoridade independente poderia conduzir a uma diluio injustificada daresponsabilidade democrtica. O processo de deciso em vigor assegura um grau

    elevado de responsabilidade e transparncia, que poderia ser difcil de reproduzirnuma estrutura descentralizada.

    Em segundo lugar, a funo de controlo deve estar no mago do processo de gestodos riscos pela Comisso, para que esta possa actuar com eficcia em prol dosconsumidores, designadamente tendo em vista garantir que as recomendaes deaco resultantes do controlo sejam devidamente aplicadas. A Comisso deveconservar as suas competncias tanto em matria de regulamentao como decontrolo para poder cumprir as obrigaes que lhe so cometidas pelos Tratados.

    Em terceiro lugar, no quadro institucional actual da Unio Europeia no seriapossvel criar uma Autoridade com competncias de regulamentao. Para tal serianecessrio alterar as disposies do Tratado CE em vigor.

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    Vantagens de uma Autoridade

    Para garantir a eficcia, adequao e rapidez das medidas tomadas, fundamental

    uma ampla aceitao da avaliao cientfica dos riscos.

    35. A Autoridade ser responsvel pela preparao e apresentao de parecerescientficos, pela recolha e anlise das informaes necessrias para sustentar essespareceres e os processos de deciso da Comunidade, pelo controlo e vigilncia dasquestes de segurana dos alimentos e pela comunicao das suas concluses a todosos interessados.

    No desempenho das suas funes a Autoridade dever demonstrar o mximo grau deindependncia, excelncia cientfica e transparncia. Deste modo, estar em posiode se afirmar rapidamente como um ponto de referncia autorizado para osconsumidores, a indstria alimentar e as autoridades dos Estados-Membros, bemcomo a nvel mundial.

    36. Uma Autoridade desta natureza estaria na posio ideal para dar a resposta rpida e

    flexvel que os novos desafios impem. Proporcionaria um ponto de contacto nico,dotado de grande visibilidade, para todos os interessados. No actuaria apenas comocentro de excelncia cientfica mas tambm como instncia de aconselhamento eorientao dos consumidores sobre as evolues importantes em matria desegurana dos alimentos. Realizaria aces de informao tendo em vista garantirque os consumidores possam fazer escolhas informadas e assegurar uma melhorinformao dos mesmos em matria de questes de segurana dos alimentos.

    37. A Autoridade deve trabalhar em estreita cooperao com as agncias e instituiescientficas nacionais competentes em matria de segurana dos alimentos. A criaode uma rede de contactos cientficos em toda a Europa e no exterior, centrada nestaAutoridade, dever assegurar que todos os intervenientes sejam associados aoprocesso de anlise e possam compreender mais claramente e aceitar melhor as basesdos pareceres formulados.

    A Comisso e as outras instituies da UE tero um papel fundamental a

    desempenhar, atravs do apoio Autoridade e ao assegurar que esta disponha derecursos humanos e materiais suficientes, bem como ao tomar plenamente em contaos pareceres emitidos pela Autoridade.

    Objectivos de uma Autoridade Alimentar Europeia

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    basear-se nos melhores conhecimentos cientficos,

    ser independente de interesses industriais e polticos,

    estar aberta a um exame pblico rigoroso,

    ser uma referncia cientfica reconhecida

    trabalhar em estreita colaborao com os organismos cientficos nacionais.

    39. O presente Livro Branco tem por base a experincia da Comisso em matria de

    aconselhamento cientfico, bem como uma anlise de diversos modelos j existentes,como a Agncia Europeia de Avaliao dos Medicamentos (AEAM) e a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos. Foi tambm tomado emconsiderao o relatrio dos Professores James, Kemper e Pascal sobre o futuro doaconselhamento cientfico na UE.

    A Comisso considera que uma Autoridade Alimentar Europeia dever ter existnciae personalidade jurdicas autnomas em relao s actuais instituies da UE, paracumprir com toda a independncia o seu papel de avaliao e de comunicao dosriscos, a fim de maximizar o seu impacto em termos de proteco da sade erestabelecimento da confiana dos consumidores.

    40. Como anteriormente indicado, as disposies do Tratado em vigor impem restriess actividades que podem ser atribudas Autoridade, mas tal no exclui apossibilidade de uma eventual extenso futura das suas competncias. Essa extenso

    deveria ser analisada unicamente luz da experincia do funcionamento daAutoridade e da confiana que esta tenha conquistado, incluindo a eventualnecessidade de modificar o Tratado.

    41. Independncia: actualmente os cientistas envolvidos na formulao de pareceres soobrigados a respeitar regras rigorosas em matria de independncia. Esta obrigaodeve manter-se no mbito da nova Autoridade. Para restabelecer a confiana dosconsumidores, a Autoridade dever no s actuar independentemente de presses

    externas mas tambm assegurar que essa independncia seja reconhecida por todas aspartes interessadas. No entanto, a Autoridade dever ser representativa e responsvel.A Comisso examinar todas as opes no sentido de garantir que a Autoridadeconsiga um equilbrio adequado em termos de independncia e responsabilidade,tendo em conta os pareceres das outras instituies e das partes interessadas. Sernecessrio prestar especial ateno seleco do seu Director

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    mundial de excelncia cientfica, com a flexibilidade necessria para responderrapidamente a situaes em evoluo.

    47. A Autoridade deve manter-se a par dos conhecimentos cientficos mais recentes eidentificar as lacunas nas investigaes em curso ou os temas relativamente aos quaisconsidere ser necessrio efectuar rapidamente trabalhos especficos. A Autoridadedever disporia do seu prprio oramento para encomendar investigaes ad hocimediatas e especficas em resposta a urgncias sanitrias inesperadas, em ligaocom o Centro Comum de Investigao da Comisso, as agncias cientficas nacionaise organizaes internacionais. Ser igualmente necessrio ter em conta o trabalho dasredes estabelecidas atravs dos programas comunitrios de investigao e criarmecanismos que permitam promover uma interaco recproca entre estes programase a Autoridade.

    48. O Comit ou os Comits Cientficos deve(m) poder centrar a ateno na tarefafundamental de preparao dos pareceres cientficos. Contaro com o apoio de umsecretariado cientfico, que ser responsvel pelo interface entre os comits e osresponsveis pela gesto dos riscos. Ser igualmente necessrio criar um dispositivo

    de apoio cientfico interno que realizar a maior parte dos trabalhos preparatriosdo(s) Comit(s).

    49. Recolha e anlise de informaes: urgente identificar e utilizar as informaesactualmente disponveis na Comunidade e a nvel mundial sobre questes desegurana dos alimentos. Isto representar uma tarefa central da Autoridade,tratando-se de um domnio onde existem amplas possibilidades de melhoria. Se fordevidamente explorada, esta informao pode constituir um elemento importante no

    sentido de garantir que os problemas potenciais sejam identificados com a maiorbrevidade possvel e que os pareceres cientficos abordem as questes de sade emgeral.

    50. A Autoridade dever assumir um papel de antecipao na criao e aplicao deprogramas de controlo e vigilncia em matria de segurana dos alimentos. Para taldever estabelecer uma rede de contactos com agncias anlogas, laboratrios egrupos de consumidores em toda a Unio Europeia e em pases terceiros.

    A Autoridade deve poder assegurar a avaliao e resposta em tempo real aosresultados dos programas, garantindo a rpida identificao dos perigos reais oupotenciais. Deve igualmente desenvolver um sistema de previso que permitaidentificar precocemente os novos perigos, a fim de evitar sempre que possvel asit d i

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    informaes adequadas sobre estas questes, no quadro da sua misso derestabelecimento da confiana dos consumidores. evidente que a Comissocontinuar a ser responsvel pela comunicao das decises em matria de gesto

    dos riscos.

    Resposta a situaes de crise

    52. Sempre que ocorra uma situao de urgncia no domnio da segurana dos alimentos,a Autoridade recolher, analisar e transmitir Comisso e aos Estados-Membrosas informaes pertinentes, devendo igualmente mobilizar os recursos cientficosnecessrios a fim de fornecer os melhores pareceres cientficos. A Autoridade dever

    reagir rapidamente e com eficcia a situaes de crise e assumir um papel central deapoio resposta da UE a essas situaes. Ser, assim, possvel promover uma melhorplanificao e gesto das situaes de crise a nvel europeu e demonstrar aosconsumidores que os problemas so abordados numa perspectiva de antecipao.

    53. A Autoridade ir gerir o Sistema de Alerta Rpido, que permite a identificao erpida notificao de problemas urgentes em matria de segurana dos alimentos. AComisso far parte da rede, pelo que ser informada em tempo real. Em funo danatureza de uma eventual situao de crise, a Autoridade poder ser instada a realizartarefas de acompanhamento, incluindo o controlo e a vigilncia epidemiolgica.

    Trabalho em rede com agncias e organismos cientficos nacionais

    54. A Autoridade Alimentar Europeia deve ser uma estrutura de valor acrescentado: devetrabalhar em estreita colaborao com agncias e institutos cientficos nacionais

    competentes no domnio da segurana dos alimentos e basear-se nos conhecimentosespecializados destes organismos. Essa colaborao conduzir criao de uma rededestinada a assegurar uma explorao ptima das estruturas e recursos existentes.Uma das funes da Autoridade Alimentar Europeia consistir, assim, em interligaros centros de excelncia, permitindo ao seu prprio pessoal cientfico beneficiar dosconhecimentos cientficos de vanguarda, na Unio Europeia e a nvel internacional,em todas as disciplinas pertinentes. Da mesma forma, os organismos nacionaispodero ter acesso a uma base cientfica do mais elevado nvel. Atravs deste

    intercmbio dinmico, o papel da Autoridade ser progressivamente valorizado e estaadquirir, ao longo do tempo, o estatuto de fonte de conhecimentos mais autorizadaem matria de segurana dos alimentos na Unio Europeia.

    55. No mbito da rede deve assegurar-se a melhor utilizao possvel das capacidades einfra estruturas tcnicas e cientficas do Centro Comum de Investigao (CCI) da

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    actividades. Simultaneamente, a Autoridade poder responder mais adequadamentes necessidades dos servios da Comisso. Evidentemente, este interface no deveinduzir qualquer confuso quanto ao papel especfico atribudo Autoridade.

    Recursos

    57. Importa no subestimar as implicaes em termos de recursos que decorrem dacriao e do funcionamento de sistemas de aconselhamento cientfico, da recolha eanlise de informaes e da gesto de redes eficazes de organismos cientficos nosEstados-Membros. Para alm das tarefas cientficas e de comunicao, a Autoridadedever realizar um volume de trabalho importante em termos de gesto

    administrativa e financeira. A Autoridade utilizar amplamente as tecnologias dainformao e da comunicao e promover a sua utilizao pelas agncias einstitutos nacionais competentes em matria de segurana dos alimentos. A eficciada Autoridade depender, em ltima anlise, da adequao, tanto em termos dedimenso como de qualidade, dos recursos humanos, financeiros e fsicos que lheforem atribudos. S ser possvel definir os recursos necessrios luz das decisestomadas na sequncia do processo de consulta e dos estudos de viabilidade

    aprofundados. Os dados quantitativos circunstanciados referentes aos recursos seroapresentados com a proposta definitiva da Comisso para a criao da Autoridade etero em conta os futuros debates da Comisso sobre as prioridades polticas e aconsequente atribuio dos recursos humanos e operacionais.

    Sede da Autoridade

    58. A Autoridade dever desenvolver relaes de trabalho muito estreitas com os

    servios da Comisso competentes em matria de questes de segurana dosalimentos, bem como com as outras instituies da UE, para poder desempenhar comeficcia as suas funes e estar acessvel para consulta rpida em situaes de crise.A Autoridade deve igualmente ser facilmente acessvel, no s pelos cientistaschamados a elaborar os pareceres cientficos, mas tambm por parte de todos osoutros interessados que precisam de conhecer os pontos de vista da Autoridade. Isto importante para assegurar o mximo aproveitamento dos recursos, mas tambmpara demonstrar a abertura e disponibilidade da Autoridade, principalmente no

    contexto da sua funo de comunicao. Tendo em conta estes factores, a Comissoconsidera que a Autoridade deve estar sediada num local de fcil acesso.

    Pases candidatos adeso

    59 Os pases candidatos adeso sero associados aos trabalhos da Autoridade em

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    60. Est previsto o seguinte calendrio para a criao oficial da nova Autoridade:

    Publicao do Livro Branco: Janeiro de 2000

    Perodo de consulta: final de Abril de 2000

    Proposta da Comisso: Setembro de 2000

    Legislao de aplicao: Dezembro de 2001

    Incio das actividades da Autoridade: 2002

    61. Embora o calendrio definido seja ambicioso, principalmente dada a dimenso datarefa a realizar, a Comisso considera que exequvel, tendo em conta a suaexperincia na criao da AEAM. Ser necessrio no s adoptar um calendrio paraa rpida criao da nova Autoridade, mas tambm, paralelamente, melhorar ofuncionamento do sistema existente. A Comisso ir reunir uma equipaespecificamente incumbida de assegurar que sejam rapidamente tomadas medidassobre o conjunto das questes identificadas no presente Captulo do Livro Branco.

    62. O reforo do actual sistema de avaliao e comunicao dos riscos constituir umelemento fundamental do conjunto de medidas necessrias para garantir que aAutoridade possa verdadeiramente entrar em funcionamento dentro de dois anos. Emfuno da disponibilidade de recursos ao longo dos prximos dois anos, a Comissoavaliar a possibilidade de reforar as estruturas existentes de apoio eaconselhamento cientfico na fase que preceder a criao da Autoridade.

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    CAPTULO 5: ASPECTOS REGULAMENTARES

    63. No Captulo 4 a Comisso destacou os motivos pelos quais a gesto dos riscos deveser confiada a uma estrutura institucional plenamente responsvel no plano poltico.Sem prejuzo da criao proposta de uma Autoridade Alimentar Europeia, a redacoe adopo da legislao continuaro a ser da competncia da Comisso, doParlamento e do Conselho.

    64. A Unio Europeia dispe de um amplo conjunto de textos legislativos que abrangem

    a produo primria dos produtos agrcolas e a produo industrial dos alimentosprocessados. A legislao tem evoludo ao longo dos ltimos 30 anos, reflectindouma diversidade de influncias cientficas, sociais, polticas e econmicas,principalmente no quadro da realizao do mercado interno, mas esta evoluo noobedece a uma coerncia global. Por esta razo, o Livro Verde sobre os PrincpiosGerais da Legislao Alimentar da UE (COM(97) 176 final) previa j uma revisoaprofundada da legislao alimentar.

    65. A produo alimentar extremamente complexa. Os produtos de origem animal evegetal apresentam riscos intrnsecos, ligados contaminao microbiolgica equmica. No obstante, o quadro legal e a estrutura operacional actuais tm, de ummodo geral, proporcionado aos consumidores da UE um nvel elevado de protecoda sade. O verdadeiro problema no se deve necessariamente falta deinstrumentos jurdicos, mas sim grande disparidade dos meios disponveis pararesponder a situaes em sectores especficos, ou multiplicidade de aces que necessrio iniciar sempre que um problema se repercute de um sector para outro.Uma das principais falhas do sistema reside na falta de um empenhamento claro detodas as partes interessadas em lanar o alerta precoce relativamente a um riscopotencial, a fim de que as medidas de avaliao cientfica e de proteco possam sertomadas com a rapidez suficiente para assegurar uma resposta de antecipao, e noreactiva, ao nvel da UE.

    O Anexo apresenta todas as medidas propostas, com a indicao das prioridades e do

    calendrio previsvel. Todavia, a finalizao de certas iniciativas pode ser afectadapor condicionalismos ao nvel dos recursos.

    Novo quadro jurdico para a segurana dos alimentos

    Importa criar um conjunto coerente e transparente de regras em matria de segurana

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    referidos no Captulo 2. As propostas sero objecto da mais ampla consulta a todosos grupos interessados, a realizar durante as primeiras etapas do seudesenvolvimento, sendo igualmente efectuada uma anlise do impacto das propostas

    legislativas, se for o caso. Os textos legislativos devem ser claros, simples ecompreensveis a fim de facilitar a sua aplicao por todos os operadores. Devemigualmente estabelecer-se estreitas relaes de colaborao com as autoridadescompetentes aos nveis adequados nos Estados-Membros, a fim de garantir umaobservncia e execuo adequadas e coerentes e evitar procedimentosadministrativos desnecessrios.

    68. As propostas fornecero ainda o quadro geral para os domnios no abrangidos por

    regras harmonizadas especficas, mas nos quais o funcionamento do mercado interno assegurado atravs do reconhecimento mtuo, em conformidade com a jurisprudncia estabelecida pelo Tribunal de Justia no acrdo "Cassis de Dijon".De acordo com este princpio, na ausncia de harmonizao comunitria, osEstados-Membros s podem restringir a colocao no mercado de produtoscomercializados legalmente noutro Estado-Membro quando e na medida em que talse justifique por um interesse legtimo, como a proteco da sade pblica, e se as

    medidas tomadas forem proporcionais. Neste contexto, a Comunidade continuar autilizar todos os meios ao seu dispor, formais (processos por infraco) ou informais(redes de representantes de Estados-Membros, reunies, etc.), a fim de solucionar oslitgios em matria de entraves ao comrcio. Ser prevista a adopo de medidas anvel comunitrio sempre que uma barreira s trocas comerciais for consideradajustificada por razes de segurana dos alimentos.

    Novo quadro jurdico para a alimentao animal

    A segurana dos produtos alimentares de origem animal comea com a segurana daalimentao animal

    69. Embora a legislao no possa evitar todos os incidentes que afectam a cadeiaalimentar humana e animal, pode estabelecer exigncias e controlos adequados quepermitam a deteco precoce dos problemas e a rpida adopo de medidascorrectivas. Neste contexto, as medidas necessrias no sector da alimentao animalso ilustrativas. Os princpios de segurana dos alimentos referidos no Captulo 2devem tornar-se aplicveis ao sector da alimentao animal, designadamente paraclarificar as responsabilidades dos produtores de alimentos para animais eestabelecer uma clusula de salvaguarda global. Em termos mais especficos, importadefinir com clareza os materiais que podem ou no ser utilizados na produo de

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    Ser apresentada uma proposta legislativa tendo em vista a avaliao, autorizao erotulagem de novos alimentos para animais, principalmente os organismosgeneticamente modificados e os alimentos para animais deles derivados.

    necessrio distinguir claramente as diferentes categorias de produtos utilizados naalimentao animal (aditivos, medicamentos, complementos), a fim de evitar zonasde sombra e especificar que exigncias so aplicveis a cada caso. A Comisso terigualmente como objectivo proibir ou suprimir progressivamente a utilizao deantibiticos como factores de crescimento na UE, dependendo da sua utilizaopotencial na medicina humana e veterinria, no contexto da sua estratgia global decontrolo da resistncia aos antibiticos.

    Agora que as origens e as consequncias da crise das dioxinas so mais claras,tornou-se evidente que a indstria de produo de alimentos para animais deve serobjecto dos mesmos requisitos e controlos rigorosos que o sector da alimentao paraconsumo humano. A ausncia de controlos internos (boas prticas de fabrico,autocontrolos, planos de emergncia) e a falta de mecanismos que assegurem arastreabilidade permitiram que a crise das dioxinas evolusse e se estendesse a toda acadeia alimentar. Tendo em vista colmatar estas lacunas, ser proposta legislao queabranger, designadamente, a aprovao oficial de todas as instalaes de produode alimentos para animais, bem como os controlos oficiais a nvel nacional ecomunitrio. Para alinhar o quadro do sector da alimentao animal com o do sectoralimentar, ser integrado no sistema de alerta rpido para a alimentao humana umsistema de alerta rpido para a alimentao animal.

    Sade e bem-estar dos animais

    A sade e o bem-estar dos animais destinados produo alimentar fundamentalpara a sade pblica e a proteco dos consumidores

    70. A sade animal constitui igualmente um factor importante no mbito da seguranados alimentos. Algumas doenas, chamadas zoonoses, como a tuberculose, asalmonelose e a listeriose, podem ser transmitidas aos seres humanos atravs dealimentos contaminados. Estas doenas podem ser particularmente graves para certas

    categorias da populao. A listeriose pode provocar encefalite e abortos espontneos.A salmonelose est a transformar-se num problema de sade pblica. Dispor de umapanormica correcta da situao representa um requisito fundamental para a aco. consequentemente necessrio um controlo comunitrio das doenas de origemalimentar e das zoonoses, pelo que importa introduzir exigncias harmonizadas em

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    O presente Livro Branco apresenta propostas especificamente concebidas parapromover a sade e o bem-estar dos animais apenas na medida em que a poltica desegurana dos alimentos seja directamente afectada. A Comisso reconhece que as

    questes de sade e bem-estar dos animais num contexto mais vasto so importantes.No contexto do presente Livro Branco, considera-se que as questes de bem-estardos animais devem ser integradas de modo mais completo no contexto da polticaalimentar. Em particular, necessrio que o impacto sobre a qualidade e a seguranados produtos de origem animal destinados ao consumo humano seja reflectido nalegislao.

    71. Grande parte da legislao relativa BSE e s EET foi adoptada sob a forma de

    medidas de salvaguarda, aplicveis a casos especficos. Por definio, a adopodestas medidas no implica a participao de todas as instituies comunitrias.Alm do mais, as medidas no garantem uma abordagem plenamente coerente. Paraobviar a este problema a Comisso apresentou ao Conselho e ao Parlamento Europeuuma proposta global baseada no artigo 152 do Tratado, que abrange todas asmedidas de controlo da BSE e de outras encefalopatias espongiformes transmissveis(EET). Enquanto essa proposta no for adoptada sero tomadas medidas de urgncia

    a fim de assegurar um nvel elevado de proteco durante um perodo de transio.As medidas mais importantes consistiro em disposies relativas excluso dematrias de risco especificadas, associadas a uma classificao provisria em funoda situao em matria de BSE, ao reforo do sistema de vigilncia epidemiolgicacom base em testes a certos animais de maior risco (animais encontrados mortos,animais abatidos de urgncia), e actualizao da proibio de certos alimentos paraanimais e dos embargos luz dos pareceres cientficos mais recentes.

    Alm do mais, na opinio da Comisso desejvel prosseguir os testes a fim deverificar a incidncia da BSE na Unio. Tal depender, evidentemente, dadisponibilidade de testes post mortem adequados. A Comisso continuar aacompanhar activamente esta questo e apresentar propostas para um programa deensaios adequado tendo em conta a evoluo da situao.

    Higiene

    Uma abordagem coordenada e holstica da higiene um elemento fundamental dasegurana dos alimentos

    72. Ao longo do tempo, a Comunidade elaborou um vasto conjunto de disposies emmatria de higiene dos produtos alimentares, que abrangem mais de vinte textos

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    da cadeia alimentar, devem garantir essa segurana. A Comisso ir estudar amelhor forma de apoiar as pequenas e mdias empresas na aplicao destasdisposies, particularmente atravs do apoio elaborao de documentos de

    orientao. Alm disso, ser introduzido um procedimento para a definio decritrios microbiolgicos e, se for o caso, de objectivos de segurana dos alimentos.

    Contaminantes e resduos

    Importa estabelecer e controlar valores-limite para os contaminantes e os resduos

    73. O termo "contaminantes" abrange habitualmente substncias que no so

    adicionadas intencionalmente aos alimentos. Podem resultar de contaminaoambiental, mas podem tambm resultar de prticas agrcolas, da produo,processamento, armazenagem, embalagem e transporte ou de prticas fraudulentas.Existem disposies comunitrias especficas apenas para alguns contaminantes,embora estejam em vigor diversas medidas a nvel nacional. Esta situao d origema disparidades no mbito da proteco da sade dos consumidores em toda a UE ecoloca tambm dificuldades prticas s autoridades de controlo e indstria. A

    gravidade desta lacuna ficou demonstrada durante a crise das dioxinas, no mbito daqual foram estabelecidos limites ad hoc, apenas aplicveis aos produtos de origembelga, no quadro de uma medida de salvaguarda. manifestamente necessriodefinir normas para os contaminantes em toda a cadeia que conduz da alimentaoanimal alimentao humana. O exame das bases cientficas para a fixao desteslimites prioritrio.

    74. A presena de algumas substncias nos produtos alimentares resulta de uma

    utilizao intencional. Trata-se dos resduos de pesticidas nos alimentos de origemanimal e vegetal e dos medicamentos veterinrios nos produtos alimentares deorigem animal. A legislao comunitria estabeleceu regras para a fixao de limitesmximos de resduos destas substncias nos produtos alimentares e agrcolas. OsEstados-Membros so obrigados a controlar a observncia destes limites, mas noexistem requisitos harmonizados e h divergncias entre os Estados-Membros no querespeita s actividades de controlo. Alm do mais, o nmero de laboratriosautorizados para a realizao do controlo nos Estados-Membros limitado. No que

    respeita aos pesticidas, a Comisso pretende fixar progressivamente limites paratodas as combinaes de produtos/pesticidas. Sero tomadas medidas para sanar aslacunas no que respeita ao controlo e aos ensaios laboratoriais.

    Existe actualmente no mercado um grande nmero de pesticidas que no foram

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    fundamental para a avaliao dos riscos de quaisquer outros contaminantes, aditivos,etc.

    75. A legislao em matria de contaminao radioactiva dos alimentos para consumohumano e dos alimentos para animais adoptada com base no artigo 31 do TratadoEuratom e, no caso das importaes, com base no artigo 133 do Tratado. Nestecontexto, a legislao adoptada aps o acidente nuclear de Chernobil ser objecto deanlise permanente.

    Novos alimentos

    As disposies comunitrias que regulam os novos alimentos devem ser reforadas eracionalizadas.

    76. necessrio clarificar e tornar mais transparente o procedimento de autorizao dacolocao no mercado de novos alimentos (ou seja, alimentos e ingredientesalimentares que ainda no tenham sido utilizados para consumo humano,principalmente os que contenham ou sejam produzidos a partir de organismosgeneticamente modificados). Importa igualmente rever as derrogaes a estasdisposies. Assim, a Comisso adoptar um regulamento de execuo destinado aclarificar os procedimentos previstos no Regulamento (CE) n 258/97 relativo aosnovos alimentos e apresentar tambm, em devido tempo, uma proposta com vista amelhorar este regulamento, de acordo com o quadro regulamentar revisto aplicvel libertao deliberada de OGM no mbito da Directiva 90/220/CEE. Ser igualmentenecessrio completar e harmonizar as disposies em matria de rotulagem.

    Aditivos, aromatizantes, embalagem e irradiao necessrio actualizar e completar a legislao comunitria em vigor relativa aaditivos, aromatizantes, embalagem e irradiao.

    77. As disposies relativas aos aditivos e aromatizantes alimentares devem seralteradas em vrios aspectos. Em primeiro lugar, devem ser conferidas Comissocompetncias de execuo tendo em vista a manuteno de listas comunitrias de

    aditivos autorizados e necessrio clarificar o estatuto das enzimas. Em segundolugar, as listas comunitrias de corantes, edulcorantes e outros aditivos devem seractualizadas. Em terceiro lugar, importa modificar os critrios de pureza dosedulcorantes, corantes e outros aditivos e estabelecer critrios de pureza adequadospara os aditivos alimentares fabricados a partir de novos materiais de base. A

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    melhoradas e considerar-se- a possibilidade de tornar estas disposies extensivasaos revestimentos de superfcie. No que respeita aos materiais ainda noharmonizados (papel, borracha, metais, madeira, cortia), a Comisso continuar a

    colaborar com os outros organismos europeus que actuam neste domnio (CEN,Conselho da Europa).

    79. A Comisso ir propor uma directiva tendo em vista completar a lista de produtosalimentares que podem ser tratados por irradiao e publicar a lista de instalaesde irradiao que operam nos Estados-Membros, bem como uma lista das instalaesde pases terceiros aprovadas consideradas equivalentes. Elaborar igualmente umadirectiva sobre os constituintes das guas minerais naturais e as condies para o

    tratamento de algumas guas minerais com ar enriquecido em ozono.

    Medidas de urgncia

    A possibilidade de tomar medidas de salvaguarda constitui um instrumentofundamental para a gesto das situaes de urgncias em matria de segurana dosalimentos.

    80. A crise das dioxinas demonstrou a falta de coerncia do actual quadro de adopo demedidas de salvaguarda em resposta a um risco para a sade dos consumidores quetenha sido identificado. A Comisso no dispe actualmente de um instrumento legalque permita adoptar uma medida de salvaguarda por iniciativa prpria, quer para aalimentao animal quer para um produto alimentar de origem no animalproveniente de um dos Estados-Membros. Os mecanismos de adopo de medidas desalvaguarda so diferentes em funo dos sectores. A adopo de um procedimento

    nico de urgncia aplicvel a todos os tipos de alimentos para consumo humano e dealimentos para animais, independentemente da sua origem geogrfica, constitui anica forma de eliminar as disparidades e colmatar as lacunas. A Comissoapresentar uma proposta legislativa global com este objectivo.

    Processo de deciso

    O processo de deciso deve ser racionalizado e simplificado para assegurar a

    eficcia, transparncia e rapidez.

    81. A legislao comunitria em matria de alimentao pode basear-se em diversasdisposies do Tratado CE: o artigo 95 no caso das medidas que tenham por objectoo estabelecimento e o funcionamento do mercado interno (baseando-se num nvel

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    receber atravs da alterao da legislao adequada ou da adopo das decisesnecessrias. Contudo, em certos casos (particularmente para os aditivos alimentares)no foram ainda atribudas Comisso competncias de execuo, pelo que a

    actualizao das listas positivas de substncias autorizadas (quer esta seja necessriapara autorizar uma nova substncia, para proibir a utilizao de uma substnciaautorizada ou para modificar as condies de utilizao de uma substnciaautorizada) pode demorar vrios anos aps a formulao do parecer cientfico.

    82. Nos casos em que foram j atribudas competncias de execuo Comisso(aromatizantes, solventes de extraco, contaminantes, resduos de pesticidas,materiais em contacto com alimentos, alimentos dietticos, alimentos irradiados ou

    ultracongelados, por exemplo), o actual processo de deciso destinado a converter ospareceres cientficos em legislao ou decises nem sempre satisfatrio: osprocedimentos aplicveis apresentam divergncias e so complexos, estoenvolvidos diferentes comits, so aplicveis modalidades diferentes, os recursos soescassos e esto dispersos.

    83. necessrio rever todos os procedimentos de execuo e adaptao ao progressotcnico e cientfico estabelecidos pela legislao alimentar comunitria. Nestecontexto, importa reduzir e racionalizar o nmero de comits que se ocupam dalegislao secundria e da adopo das diversas decises. Importa introduzir umamelhor coordenao para assegurar que as questes de segurana dos alimentossejam abordadas numa perspectiva de continuidade desde a explorao agrcola at mesa, atravs da aplicao de um procedimento regulamentar nico para a legislaosecundria, um procedimento de gesto nico para a adopo de decises especficase um procedimento de urgncia para todas as questes urgentes em matria de

    segurana dos alimentos. Os novos procedimentos devem estar em conformidadecom a recente deciso em matria de comitologia.

    84. necessrio fixar prazos claros e rigorosos para a elaborao de uma alterao oudeciso pela Comisso, para a formulao de um parecer pelo Comit Permanente oupara a ultimao de alteraes ou decises pela Comisso. Importa igualmenteassegurar uma maior transparncia em todas etapas do processo regulamentar. Astecnologias de informao e comunicao devem ser amplamente utilizadas a fim de

    automatizar a elaborao e o seguimento das alteraes e decises e acelerar a suatransmisso a todas as partes interessadas.

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    CAPTULO 6: CONTROLOS

    Ser proposto um texto legislativo exaustivo a fim de reformular as diversasdisposies em matria de controlo. Esse texto ter em conta o princpio geral de quetodos os elementos da cadeia de produo alimentar devem ser objecto de controlosoficiais.

    Evoluo da legislao comunitria

    85. Ao longo de mais de trinta anos foram estabelecidas, em diversos actos legislativoscomunitrios, disposies legislativas em matria de controlos oficiais tanto a nvelnacional como a nvel da UE. Embora esses actos legislativos tenham o mesmoobjectivo, a sua abordagem do funcionamento dos controlos diferente. Alm dissoapresentam anomalias, pelo que a base jurdica para a realizao dos controlosoficiais nos Estados-Membros e em pases terceiros incompleta. necessrioclarificar e actualizar a legislao em vigor em matria de controlo alimentar eassegurar que esta abranja todas as etapas da produo. Importa igualmente rever

    certas exigncias circunstanciadas relativas inspeco da carne, uma vez que j nocorrespondem s prticas modernas de gesto da segurana dos alimentos.

    86. A legislao em vigor prev um sistema pelo qual os Estados-Membros podemproceder cobrana de taxas para financiar os controlos dos produtos de origemanimal. Os Estados-Membros podem cobrar taxas aos importadores para o controloda observncia da legislao ps-Chernobil relativamente a determinados produtosde origem animal e no animal. O nvel das taxas cobradas varia entre osEstados-Membros e dentro dos Estados-Membros. Alm disso, no existe uma base jurdica para a aplicao de um sistema idntico aos controlos dos alimentos deorigem no animal destinados ao consumo humano e alimentao animal.

    87. Esta reviso legislativa abordar a falta de uniformidade na fixao e cobrana detaxas de controlo e o alargamento deste princpio a domnios ainda no abrangidos.Devem tambm ser fixados objectivos comuns ao nvel da UE no que respeita aos

    recursos em pessoal e equipamento e necessrio introduzir garantias no sentido deassegurar que as taxas cobradas sejam exclusivamente utilizadas para financiar oscontrolos.

    Controlo da aplicao da legislao comunitria

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    Veterinrio (SAV). Estes controlos avaliam a capacidade das autoridades nacionaisde aplicar sistemas de controlo eficazes, sendo apoiados por visitas a instalaes, afim de verificar se so efectivamente observadas normas aceitveis.

    90. As recentes crises no domnio da segurana dos alimentos puseram em destaque aslacunas dos sistemas nacionais de controlo. A falta de uma abordagem comunitriaharmonizada para a concepo e o desenvolvimento de sistemas de controlonacionais constitui o cerne do problema.

    91. Por conseguinte, manifestamente necessrio definir um quadro comunitrio paraos sistemas nacionais de controlo, que melhorar a qualidade dos controlos

    efectuados a nvel comunitrio e, consequentemente, permitir aumentar os padresde segurana dos alimentos em toda a Unio Europeia. A gesto dos sistemas decontrolo continuar a ser da competncia das instncias nacionais. Este quadrocomunitrio deve comportar trs elementos centrais.

    O primeiro consistir em critrios operacionais definidos a nvelcomunitrio, que as autoridades nacionais devero respeitar. Estes critriosconstituiriam os principais pontos de referncia com base nos quais asautoridades competentes seriam controladas pelo SAV, permitindo assim aeste servio desenvolver uma abordagem coerente e completa de auditoria dossistemas nacionais.

    O segundo elemento consistir na formulao de orientaes comunitriasem matria de controlo. Tais orientaes permitiriam promover estratgiasnacionais coerentes, definir as prioridades em funo dos riscos e identificar

    os procedimentos de controlo mais eficazes. Uma estratgia comunitriabasear-se-ia numa abordagem global e integrada da aplicao dos controlos.Estas orientaes proporcionariam igualmente aconselhamento em matria deconcepo de sistemas de registo da eficcia e dos resultados das aces decontrolo e definiriam indicadores comunitrios de desempenho.

    O terceiro elemento consistir na melhoria da cooperao administrativa nombito da concepo e gesto dos sistemas de controlo. A dimenso

    comunitria do intercmbio de boas prticas entre as autoridades nacionaisseria reforada. Este elemento incluir a promoo da assistncia mtua entreos Estados-Membros atravs da integrao e aperfeioamento do quadrojurdico existente. Seriam igualmente abrangidos aspectos como a formao, ointercmbio de informaes e a definio de estratgias a longo prazo a nvel

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    realizados nas fronteiras. A base jurdica dos controlos fronteirios deve abrangertodos os produtos e definir um sistema de controlo a nvel comunitrio mais eficaz.

    94. necessrio analisar a eventual necessidade de conferir Comisso competnciasadicionais, em apoio dos processos por infraco j existentes, quando os controlosrevelarem casos importantes de incumprimento das regras comunitrias. Essascompetncias devem, designadamente, permitir uma aco rpida face a riscosimediatos para a sade do consumidor, baseando-se num seguimento eficaz etransparente dos relatrios de inspeco do SAV. Se necessrio, deveria igualmenteser possvel suspender o apoio financeiro comunitrio ou recuperar verbas jatribudas.

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    CAPTULO 7: INFORMAO DOS CONSUMIDORES

    Comunicao dos riscos

    A comunicao dos riscos no deve consistir numa transmisso passiva deinformaes mas sim ser interactiva, implicando um dilogo e uma resposta por partede todos os intervenientes.

    95. A comunicao dos riscos um intercmbio de informaes entre as partes

    interessadas sobre a natureza dos riscos e as medidas tomadas para os controlar.Constitui uma responsabilidade fundamental das autoridades pblicas no mbito dagesto dos riscos para a sade pblica. Essa comunicao s pode funcionarcorrectamente se as avaliaes dos riscos e as decises em matria de gesto dessesriscos forem transparentes e pblicas. A partir de 1997, a Comisso adoptou umanova abordagem destinada a assegurar a transparncia ao pr disposio do pblicotodas as informaes sobre os pareceres cientficos e as inspeces e controlosrealizados. Esta poltica constitui um elemento-chave da comunicao dos riscos e da

    confiana do pblico, pelo que deve ser activamente prosseguida.

    96. fundamental que o consumidor seja reconhecido como interveniente de plenodireito em todos os aspectos relacionados com a segurana dos alimentos e que assuas preocupaes sejam tomadas em conta, o que implica

    consultar o pblico sobre todos os aspectos da segurana dos alimentos;

    fornecer um quadro de debate (consultas pblicas) entre os peritos cientficos e osconsumidores;

    promover o dilogo transnacional entre os consumidores, a nvel europeu emundial.

    97. importante que todas as fases do processo de tomada de deciso sejam totalmentetransparentes. Independentemente da qualidade de um novo sistema, sem estatransparncia os consumidores no podero acompanhar a evoluo das novasmedidas e apreciar plenamente as melhorias que elas proporcionam. A transparnciapropiciar a vigilncia necessria dos cidados e assegurar o controlo democrtico ea responsabilidade perante o pblico.

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    composio, armazenagem e utilizao - que determinem a sua escolha. Osoperadores devem ter a possibilidade de fornecer mais informaes no rtulo, desdeque essas informaes sejam correctas e no enganosas.

    No quadro da OMC, a rotulagem tornou-se uma questo de poltica comercial emdiversos domnios, incluindo a segurana dos alimentos, relacionados com o acordosobre os entraves tcnicos ao comrcio e o acordo sobre medidas sanitrias efitossanitrias. A Comunidade indicou, por conseguinte, que promover a adopo dedirectrizes multilaterais em matria de rotulagem, as quais devero permitir evitarlitgios desnecessrios. Esta questo reveste-se de particular interesse para aComunidade, tendo em conta a sua posio no que respeita ao direito de informao

    do consumidor.

    100. No mbito da actual codificao da directiva relativa rotulagem, a Comissotenciona propor uma nova alterao a fim suprimir a actual possibilidade de noindicar os componentes de ingredientes compostos que representem menos de 25%do produto final. A rotulagem de todos os ingredientes assegurar no s umainformao ptima do consumidor sobre a composio de um produto alimentar, masfornecer tambm as informaes necessrias aos consumidores que, por razes desade ou por motivos ticos, devem ou querem evitar certos ingredientes. Nestecontexto, o problema da transferncia de aditivos deve ainda ser analisado. Alm domais, no caso dos ingredientes que so alergenos conhecidos, mas para os quais s obrigatrio mencionar o nome da categoria, ser prevista uma indicao da presenados alergenos em questo, para permitir aos consumidores sensveis evitar essesprodutos.

    101. A Directiva relativa rotulagem probe que se atribua a qualquer gnero alimentciopropriedades de preveno, tratamento e cura de doenas humanas ou que semencionem tais propriedades. A Comisso continua a defender o ponto de vista deque a rotulagem e a publicidade de um gnero alimentcio no devem conter este tipode afirmaes sobre aspectos de sade. Com efeito, embora seja verdade que umregime alimentar equilibrado uma condio essencial de boa sade, afirmar que aingesto de um alimento pode prevenir, tratar ou curar uma doena pode, com efeito,induzir os consumidores a efectuar escolhas dietticas desequilibradas. A Comisso

    ir, no entanto, examinar a pertinncia de introduzir no direito comunitriodisposies especficas que regulem as "afirmaes funcionais" (por exemplo,afirmaes relacionadas com os efeitos benficos de um nutriente sobre certasfunes corporais normais) e as "afirmaes nutricionais" (que descrevem, porexemplo, a presena, ausncia, ou nvel de um nutriente, conforme o caso, contido

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    103. A Comisso analisar igualmente a possibilidade de rever ou introduzir disposiesespecficas em matria de rotulagem para determinadas categorias de alimentos.Algumas regras especficas, como a indicao obrigatria do local de origem das

    frutas frescas, que permitem uma melhor informao dos consumidores sobre estesprodutos, no esto em contradio com as regras gerais. A Comisso ir igualmenteclarificar as disposies que regulam a rotulagem dos novos alimentos, emparticular dos produtos derivados de organismos geneticamente modificados, eadoptar uma iniciativa no que respeita rotulagem dos aditivos produzidos porengenharia gentica e rotulagem dos alimentos e ingredientes alimentaresproduzidos sem recorrer engenharia gentica (os chamados alimentos "semOGM").

    Nutrio

    patente o interesse crescente dos consumidores pelo valor nutritivo dos alimentosque adquirem e torna-se cada vez mais necessrio fornecer-lhes informaescorrectas sobre os alimentos que consomem.

    104. A proteco da sade pblica no se limita segurana qumica, biolgica e fsicados alimentos. Deve igualmente ter por objectivo assegurar a ingesto de nutrientesessenciais, limitando a ingesto de outros elementos a fim de evitar efeitos negativospara a sade, incluindo efeitos anti-nutricionais. Os dados cientficos demonstraramque um regime alimentar adaptado e variado um factor fundamental para manter asade e o bem-estar geral. Isto pode ser particularmente pertinente na actualidade,com o aparecimento no mercado de novos produtos com valor nutritivo modificado,que podem ter uma influncia favorvel ou desfavorvel sobre o comportamento e o

    bem-estar dos consumidores. Alm disso, as informaes que permitiriam aosconsumidores efectuar escolhas correctas no esto sistematicamente disponveis deforma clara e acessvel.

    105. No que respeita aos alimentos dietticos (ou seja, alimentos destinados a satisfazeras necessidades nutricionais especiais de grupos especficos da populao), aComisso elaborar uma directiva especfica relativa aos alimentos destinados aresponder s necessidades resultantes de esforos musculares intensos. Elaborar

    tambm um relatrio sobre os alimentos destinados s pessoas que sofrem dediabetes e definir as condies em que podem ser utilizadas as afirmaes "pobreem sdio" ou "sem sdio" e "sem glten". A Comisso apresentar igualmente aoConselho e ao Parlamento duas propostas de directivas sobre complementosalimentares (ou seja, fontes concentradas de nutrientes, como vitaminas e sais

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    107. Diversos aspectos j evocados no presente Livro Branco so tambm pertinentes noque respeita definio de uma poltica neste domnio. O xito de uma polticanutricional pressupe, em particular, a existncia de procedimentos eficazes de

    controlo e de recolha e anlise de dados. Assim, os sistemas nacionais e comunitriosde recolha de dados devem incluir informaes sobre a ingesto de alimentos, osregimes alimentares e a situao nutricional. Por outro lado, importa promover ainvestigao e a realizao de estudos em matria de nutrio, solicitar activamentepareceres cientficos e divulgar os seus resultados com a maior transparncia. Ainformao eficaz e correcta dos consumidores constitui outro aspecto essencial deuma poltica nutricional. A Directiva relativa rotulagem nutricional desempenhaum papel importante neste sentido. necessrio envidar esforos especiais no

    sentido de criar instrumentos de informao adequados, incluindo a rotulagemnutricional mas tambm campanhas de informao. Sero propostas recomendaesdo Conselho relativas a orientaes em matria de regime alimentar. Ser necessrioassegurar uma comunicao adequada aos consumidores.

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    CAPTULO 8: DIMENSO INTERNACIONAL

    O princpio essencial para os gneros alimentcios e os alimentos para animaisimportados consiste em que estes devem satisfazer exigncias sanitrias pelo menosequivalentes s definidas pela comunidade para a sua produo interna.

    108. A Comunidade o maior importador/exportador mundial de produtos alimentares erealiza trocas comerciais com pases do mundo inteiro numa diversidade crescente deprodutos alimentares. Tendo em conta o volume das trocas de produtos alimentares,

    a segurana dos alimentos no pode ser vista unicamente como uma questo depoltica interna. As preocupaes relativas s zoonoses, aos contaminantes e a outrosaspectos so exactamente as mesmas para os produtos alimentares no quadro docomrcio internacional, quer estes sejam importados para a Comunidade ouexportados a partir da Comunidade. Para garantir que estas exigncias sejamrespeitadas, as nossas obrigaes no quadro da OMC impem que baseemos estasmedidas em normas internacionais ou, quando tal no acontece, que essas medidassejam fundamentadas nos conhecimentos cientficos. Quando os dados cientficos

    forem insuficientes, podem ser adoptadas medidas provisrias com base nasinformaes pertinentes disponveis.

    109. O Quadro internacional em matria de segurana dos alimentos desenvolveu-sesignificativamente graas ao reforo do papel de certas organizaes internacionais,como o Codex Alimentarius e o Gabinete Internacional das Epizootias (OIE) noquadro do acordo da OMC sobre Medidas Sanitrias e Fitossanitrias (Acordo SPS),a Organizao Mundial de Sade (OMS) e a Organizao das Naes Unidas para aAlimentao e Agricultura (FAO).

    110. A Comunidade desempenha um papel activo no Comit SPS e noutros Comits daOMC, para assegurar que o quadro internacional promova e defenda os direitos dospases a manter nveis elevados de sade pblica em matria de segurana dosalimentos. Neste contexto, a Comunidade tem por objectivo clarificar e reforar oquadro da OMC em vigor no que respeita aplicao do princpio de precauo no

    domnio da segurana dos alimentos, principalmente tendo em vista estabelecer umametodologia concertada sobre o mbito de aco a ttulo desse princpio. A adopode uma abordagem global da segurana dos alimentos tal como definida nopresente Livro Branco contribuir para reforar o papel da Comunidade na OMC.

    Alguns pases terceiros apresentam argumentos sanitrios e fitossanitrios

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    da Comunidade. O nvel de segurana dos alimentos exigido para os produtosexportados da Comunidade deve, por conseguinte, ser pelo menos idntico ao que exigido para os produtos colocados no mercado dentro da Comunidade. Ser

    analisada a necessidade de definir modalidades de certificao das exportaescomunitrias a fim de atingir este objectivo.

    113. A Comunidade j negociou um certo nmero de acordos internacionais bilateraissobre medidas sanitrias, que prevem o reconhecimento da equivalncia dasmedidas sanitrias aplicadas por pases terceiros. Estudar-se- a possibilidade denegociar outros acordos, assim como a necessidade de cooperao tcnica e emmatria de IDT com os pases terceiros. Para satisfazer as obrigaes previstas no

    acordo SPS, a Comunidade deve assegurar que toda a legislao relativa a medidassanitrias e fitossanitrias preveja igualmente a possibilidade de reconhecer aequivalncia caso a caso.

    114. Prosseguir-se- o processo de negociao de acordos com pases e territriosvizinhos, como a Noruega, a Sua e Andorra, no mbito dos quais estes pases eterritrios aceitam o acervo comunitrio em matria de segurana dos alimentos eoutras disposies sanitrias e fitossanitrias.

    115. No que respeita ao futuro alargamento da Comunidade, essencial que os pasescandidatos tenham aplicado os princpios bsicos do Tratado, a legislao em matriade segurana dos alimentos e sistemas de controlo equivalentes aos que existem naComunidade. Isto representa um desafio significativo para esses pases, tanto emtermos da melhoria das instalaes de produo e processamento como no querespeita aplicao da legislao necessria e das medidas de controlo. O quadro deassistncia comunitria em vigor ajudar os pases candidatos a adoptar a legislaonecessria, designadamente no que respeita criao das instituies competentespara a implementao e execuo dessa legislao, em conformidade com asprioridades definidas nas parcerias de adeso.

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    CAPTULO 9: CONCLUSES

    116. A aplicao de todas as medidas propostas no presente Livro Branco permitirorganizar a segurana dos alimentos de forma mais coordenada e integrada, tendo emvista atingir o nvel de proteco da sade mais elevado possvel.

    A legislao ser revista e alterada, se necessrio, com o objectivo de a tornar maiscoerente, completa e actualizada. A sua aplicao a todos os nveis ser encorajada.

    A Comisso considera que a criao de uma nova Autoridade, que passar aconstituir o centro de referncia cientfica para toda a Unio, contribuir paraassegurar um nvel elevado de proteco da sade dos consumidores e,consequentemente, contribuir para restaurar a confiana dos consumidores.

    117. O xito das medidas propostas no presente Livro Branco est intrinsecamente ligadoao apoio do Parlamento Europeu e do Conselho. A sua aplicao depender doempenhamento dos Estados-Membros. O presente Livro Branco preconiza

    igualmente uma forte participao dos operadores, principais responsveis pelaaplicao quotidiana das exigncias em matria de segurana dos alimentos.

    A maior transparncia a todos os nveis da poltica de segurana dos alimentosconstitui o fio condutor do Livro Branco e representa um contributo fundamentalpara promover a confiana dos consumidores na poltica conduzida pela UE emmatria de segurana dos alimentos.

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    ANEXO

    Plano de Aco em matria de Segurana dos alimentos3

    NO Medida Objectivo REF.LIVRO

    BRANCO

    Adopo pelaComisso

    Adopo peloConselho/

    Parlamento

    I. Medidas prioritrias

    1. Proposta de criao de uma Autoridade

    Alimentar Europeia

    Criar uma Autoridade Alimentar Europeia independente. 29 Setembro 2000 Dezembro 2001

    2. Proposta de definio de

    procedimentos em matria de

    segurana dos alimentos

    Introduzir uma medida de salvaguarda global que abranja

    toda a cadeia alimentar, incluindo a alimentao animal.

    Estabelecer um Sistema de Alerta Rpido geral que se

    aplique a emergncias relativas a gneros alimentcios ealimentos para animais, com exigncias e procedimentos

    harmonizados, incluindo os pases terceiros numa base de

    reciprocidade.

    80

    18

    Setembro 2000 Dezembro 2001

    3. Proposta de Directiva que estabelece

    um quadro geral em matria de

    legislao alimentar

    Consagrar a segurana dos alimentos como objectivo

    principal da legislao comunitria em matria de

    alimentao.